PROJETO E IMPLEMENTAC¸AO DE UM CANAL DE UM˜ MIXER...

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UNIVERSIDADE TECNOL ´ OGICA FEDERAL DO PARAN ´ A DEPARTAMENTO ACAD ˆ EMICO DE EL ´ ETRICA CURSO DE ENGENHARIA EL ´ ETRICA DIOGO EZEQUIEL BEBER PROJETO E IMPLEMENTAC ¸ ˜ AO DE UM CANAL DE UM MIXER ANAL ´ OGICO TRABALHO DE CONCLUS ˜ AO DE CURSO PATO BRANCO 2018

Transcript of PROJETO E IMPLEMENTAC¸AO DE UM CANAL DE UM˜ MIXER...

  • UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

    DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELÉTRICA

    CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

    DIOGO EZEQUIEL BEBER

    PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM CANAL DE UM

    MIXER ANALÓGICO

    TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

    PATO BRANCO

    2018

  • DIOGO EZEQUIEL BEBER

    PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM CANAL DE UM

    MIXER ANALÓGICO

    Trabalho de Conclusão de Curso degraduação, apresentado à disciplina deTrabalho de Conclusão de Curso 2, doCurso de Engenharia Elétrica do Depar-tamento Acadêmico de Elétrica – DAELE– da Universidade Tecnológica Federal doParaná – UTFPR, Câmpus Pato Branco,como requisito parcial para obtenção dotı́tulo de Engenheiro Eletricista.

    Orientador: Prof. Me. Everton Luiz deAguiar

    PATO BRANCO

    2018

  • TERMO DE APROVAÇÃO

    O Trabalho de Conclusão de Curso intitulado PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO

    DE UM CANAL DE UM MIXER ANALÓGICO do acadêmico Diogo Ezequiel Beber

    foi considerado APROVADO de acordo com a ata da banca examinadora N◦ 213 de

    2018.

    Fizeram parte da banca examinadora os professores:

    Everton Luiz de Aguiar

    Kleiton de Morais Souza

    Ricardo Bernardi

    A Ata de Defesa assinada encontra-se na Coordenação do Curso de Engenharia

    Elétrica

  • Dedico este trabalho à minha famı́lia e meus amigos.

  • ”The joy of life comes from our encounters with new

    experiences, and hence there is no greater joy than

    to have an endlessly changing horizon, for each day

    to have a new and different sun.”

    ”A alegria da vida vem de nossos encontros com no-

    vas experiências e, portanto, não há alegria maior

    do que ter um horizonte que se altera infinitamente,

    para que cada dia tenha um novo e diferente sol.”

    Christopher Johnson McCandless

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço à minha famı́lia por todo o apoio durante todos os momentos.

    Aos meus amigos, que com certeza ajudaram de maneira direta ou indireta. Ao meu

    orientador Everton Luiz de Aguiar, que além de me orientar passou a ser um grande

    amigo. Ao Célio Degaraes e todos os estagiários da sala de apoio, que também me

    ajudaram durante o processo.

    Meu agradecimento se estende à universidade e demais professores por

    oferecerem suporte ao projeto e me dar a base necessária para a conclusão deste

    trabalho, e também para meu caminho em busca do bacharelado em engenharia

    elétrica.

  • RESUMO

    BEBER, Diogo Ezequiel. Projeto e implementação de um canal de um mixeranalógico. 2018. 67 f. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica,Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2018.

    Neste trabalho é apresentado um projeto de um canal de um misturadoranalógico e sua implementação. Ele contempla as etapas de pré-amplificação, equa-lizador, inserção, fader e panpot. Cada uma das etapas é apresentada separada-mente e feito um estudo de suas topologias presentes na bibliografia utilizada comoreferência. Uma topologia é selecionada, com seus critérios de escolha descritos,para ser implementada e os cálculos para obtenção do modelo são apresentados nodecorrer do trabalho.

    Na etapa de pré-amplificação, por se tratar de uma das principais tarefas docanal e possuir grande influência na qualidade sonora final é feito um estudo aprofun-dado sobre seus componentes. O equalizador, foi estudado com base nas topologiasdos livros citados e nos equalizadores presentes no mercado, bem como as seguintesetapas. O resultado final foi satisfatório pois atingiu um nı́vel de distorção harmônicaextremamente baixo, de aproximadamente 0,04%, em relação aos primeiros testesrealizados que foi acima de 1%. Cada etapa é funcional com suas caracterı́sticasdetalhadas ao longo do texto. Também são mostrados os resultados coletados, queforam se aproximaram das caracterı́sticas de produtos comerciais, juntamente com asplacas de circuito impresso.

    Palavras-chave: Amp-op, amplificador, canal de áudio, equalizador, mesa de som,panpot, pré-amplificador, transistor.

  • ABSTRACT

    BEBER, Diogo Ezequiel. Project and implementation of an analog channelstrip. 2018. 67 p. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica, Universi-dade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2018.

    This thesis presents a project of an analog channel strip and it’s implemen-tation. It is composed by a pre-amplifier, equalizer, insert, fader and panpot. Eachstage has it’s own section and is shown a range of possible topologies based on thereference literature. After the analysis of the topologies, one of them is chosen byit’s reasons that are explained along the text, including the implementation and themathematical modeling of the project.

    In the stage of the pre-amplifier, for it’s importance as one of the main func-tions and it’s influence in the results, has a deep study for each of it’s components. Theequalizer is based on topologies suggested by books and equalizers in the market, asthe following stages. The final result was satisfactory because of it’s low level of totalharmonic distortion, approximately 0,04%, compared to the fist tests that were over1%. Every stage is functional and has it’s technical features detailed. Also the results,that reached values near to the commercial products, are shown with the pictures ofthe printed circuit boards.

    Keywords: Amplifier, channel strip, equalizer, mixing console, op-amp, panpot, pre-amplifier, transistor.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Microfone dinâmico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    Figura 2: Cabos de entrada para o canal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    Figura 3: a) Sinal original. b) Sinal com polaridade invertida. . . . . . . . 18

    Figura 4: Misturador de 8 canais e suas seções . . . . . . . . . . . . . . . 18

    Figura 5: Canal de um misturador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    Figura 6: Funcionamento do Pré-Amplificador . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    Figura 7: Funcionamento do amplificador diferencial. . . . . . . . . . . . . 22

    Figura 8: Transistor npn representado com suas camadas. . . . . . . . . 22

    Figura 9: Análise por reta de carga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    Figura 10: Modelo re. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    Figura 11: Topologias de amplificadores com transistores. . . . . . . . . . . 25

    Figura 12: Amplificador diferencial ideal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    Figura 13: Amplificador diferencial com uma entrada aterrada. . . . . . . . 27

    Figura 14: Equivalente CA do amplificador diferencial. . . . . . . . . . . . . 27

    Figura 15: Circuito derivado do equivalente CA. . . . . . . . . . . . . . . . 28

    Figura 16: Amplificador diferencial com RE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

    Figura 17: Amplificador diferencial com fonte de corrente. . . . . . . . . . . 29

    Figura 18: Amplificador diferencial com espelho de corrente para polarização. 30

    Figura 19: Fonte de corrente de Widlar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    Figura 20: Amp-op com multiplicador de ganho constante e seu equiva-

    lente ca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    Figura 21: Exemplos de resposta de filtros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    Figura 22: Topologia Baxandall com 3 bandas. . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    Figura 23: Circuito de controle do médio baxandall. . . . . . . . . . . . . . 34

    Figura 24: Circuito ressonante, RLC série. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

  • Figura 25: Circuito ressonante com circuito equivalente do indutor. . . . . . 35

    Figura 26: Topologias de panpot. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    Figura 27: Determinando Zi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    Figura 28: Pré-Amplificador com todos os elementos definidos. . . . . . . . 42

    Figura 29: Circuito subtrator. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Figura 30: Fonte de corrente modificada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Figura 31: a) Tensão de entrada e de saı́da b) Resposta em frequência do

    pré-amplificador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    Figura 32: Topologia Baxandall para controle tonal de 2 bandas. . . . . . . 45

    Figura 33: Relação das frequências e os ganhos. . . . . . . . . . . . . . . 46

    Figura 34: Filtro shelving passa-baixa e passa-alta com seus elementos

    definidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Figura 35: Topologias equivalente do indutor. . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    Figura 36: Resposta em frequência do equalizador bass com seu ganho

    ajustado no máximo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

    Figura 37: Equalizador gráfico com seus componentes definidos. . . . . . 50

    Figura 38: Resposta em frequência do equalizador. . . . . . . . . . . . . . 51

    Figura 39: Circuito amplificador inversor do fader. . . . . . . . . . . . . . . 52

    Figura 40: Relacionando o potenciômetro deslizante com sua porcentagem. 53

    Figura 41: Circuito amplificador inversor do fader com seus componentes. 53

    Figura 42: Entrada e saı́da do fader com máximo ganho. . . . . . . . . . . 54

    Figura 43: Resultados do panpot no software LTspice. . . . . . . . . . . . . 55

    Figura 44: Placa de circuito impresso. a) Pré-amplificador. b) Equalizador.

    c) Fader e Panpot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    Figura 45: Tensão de saı́da do pré-amplificador . . . . . . . . . . . . . . . 59

    Figura 46: Transformada de Fourier para 16,5 dB. . . . . . . . . . . . . . . 59

    Figura 47: Resposta em frequência do equalizador bass. . . . . . . . . . . 60

    Figura 48: Resposta em frequência do equalizador treble. . . . . . . . . . . 61

    Figura 49: Resposta em frequência do equalizador middle. . . . . . . . . . 62

    Figura 50: Resultado de implementação do fader. . . . . . . . . . . . . . . 62

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Tabela de comparação de THD por variação da resistência RC. . 41

    Tabela 2: Tabela de comparação entre posição do potenciômetro deslizante

    e o ganho final do fader. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Amp-Op Amplificador operacional.

    CA Corrente alternada.

    CC Corrente contı́nua.

    CMRR Common Mode Rejection Ratio.

    HF High-Frequency (agudo).

    LF Low-Frequency (grave).

    MID Middle-Frequency (médio).

    TBJ Transistor bipolar de junção.

    THD Total Harmonic Distortion (distorção harmônica total).

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    1.2 MOTIVAÇÃO DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    1.3 OBJETIVOS E METAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    1.3.1 Objetivos Especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    2.1 TRANSFORMANDO O SOM EM SINAL ELÉTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    2.2 MISTURADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    2.3 PRÉ-AMPLIFICADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    2.4 TRANSISTORES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.5 AMPLIFICADOR DIFERENCIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    2.6 FONTE DE CORRENTE CONTÍNUA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

    2.7 AMPLIFICADOR OPERACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    2.8 INSERÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    2.9 EQUALIZADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    2.10 FADER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    2.11 PANPOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    3 PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    3.1 PRÉ-AMPLIFICADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    3.2 EQUALIZADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    3.3 FADER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    3.4 PANPOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    4 IMPLEMENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    4.1 PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

  • 4.2 RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    5 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

  • 13

    1 INTRODUÇÃO

    O processamento de áudio é amplamente utilizado em estúdios de gravação,

    estúdios caseiros, sistemas de sonorização ao vivo e para ensino de música. Em

    tais aplicações é preciso utilizar por meio do processamento, a equalização e ajustes

    que são explicados neste trabalho com o intuito de obter o resultado desejado de:

    masterização no caso de estúdios, equalização para evitar microfonias no caso de

    som ao vivo ou de adequar o timbre ao gosto do músico no caso do estudo da música.

    Esse processamento é feito no sinal elétrico, proveniente da transformação das ondas

    sonoras mecânicas.

    O som, ou ondas sonoras, são variações de pressão transmitidas através

    de um meio. Transdutores são utilizados para transformar as ondas sonoras, ou

    variações de campo magnético, em sinal elétrico. Os transdutores comumente co-

    nhecidos: microfones e captadores. A onda convertida em sinal elétrico é recebida

    por meio de equipamentos denominados mixers, ou misturadores.

    A mesa de som pode possuir diversos canais. Cada canal consiste em uma

    entrada de sinal proveniente de um instrumento musical ou microfone. Esses canais

    são os encarregados pela edição de som com seus equalizadores e a possibilidade

    de incluir efeitos oriundos de equipamentos externos.

    1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

    Atualmente as mesas de som podem ser analógicas ou digitais. Cada uma

    delas possui suas peculiaridades, mas ambas têm o mesmo objetivo: misturar e editar

    todos os sinais provenientes dos instrumentos musicais. Neste trabalho é projetado

    um canal de uma mesa de som analógica. É dado o nome de analógica pois o sinal

    na sua saı́da é análogo ao som criado pelo instrumento ou pela voz. Ou seja, o sinal

    não passa por nenhum processo de amostragem para em seguida ser reconstruı́do,

    como acontece nas mesas digitais.

  • 1.2 Motivação do Trabalho 14

    Uma mesa de som pode ser caracterizada como um conjunto de canais e

    um equipamento para a soma dos sinais. Deste modo, cada canal pode ser cons-

    truı́do de maneira independente. A qualidade dos componentes canal é de suma im-

    portância pois esta relacionada diretamente com a qualidade do som que será repro-

    duzido. A qualidade do som pode ser expressada por meio da baixa taxa de distorção

    harmônica, e da alta relação sinal/ruı́do.

    Levando em consideração a qualidade e definindo o objetivo de ter relação

    com os demais produtos do mercado, as etapas do projeto são estudadas de maneira

    independentes porém se baseando em modelos comerciais. Devido à variedade de

    produtos existentes, apenas algumas marcas e modelos foram selecionados como

    base de projeto.

    1.2 MOTIVAÇÃO DO TRABALHO

    Ao realizar uma pesquisa na literatura atual é difı́cil encontrar material sobre

    mesas de som e seus componentes. Assim, esse trabalho procura unir as fontes

    disponı́veis e sobretudo disponibilizar as informações em português (uma vez que a

    maioria das referências são estrangeiras).

    O protótipo de canal de mesa de som proposto nesse trabalho tem a pos-

    sibilidade de tornar-se um produto de mercado, pois segue os padrões adotados pela

    indústria. Uma utilidade para um canal separado de uma mesa de som pode ser em

    estúdios caseiros (do inglês home-studios).

    O presente trabalho também pode servir como embasamento para futuros

    projetos na área de engenharia de áudio realizados pelas universidades ou entusias-

    tas apaixonados pelo mundo da música e eletrônica.

    1.3 OBJETIVOS E METAS

    O objetivo geral deste trabalho é projetar e implementar um canal de uma

    mesa de som que seja capaz de equalizar e adicionar efeitos ao sinal proveniente de

    uma fonte sonora. Este equipamento será compatı́vel com placas de som, canais e

    computadores do mercado.

  • 1.3 Objetivos e Metas 15

    1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    Neste trabalho se procurou obter informações a respeito de cada etapa do

    canal de um misturador analógico, com os objetivos:

    • Realizar uma pesquisa de modelos de mesas e observar suas caracterı́sticasem comum;

    • Estudo para melhor compreendimento sobre transdutores;

    • Analisar cada etapa de um canal e suas funcionalidades;

    • Pesquisa de variadas topologias das etapas;

    • Projeto das etapas, que inclui selecionar a melhor topologia e adequá-la ao tra-balho com seus nı́veis de entrada e saı́da;

    • Simulação das etapas no software LTspice e obtenção dos resultados;

    • Implementação do canal e obtenção dos resultados;

    • Comparação dos resultados.

  • 16

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    Neste capı́tulo são abordados os temas referentes ao projeto, desde a con-

    versão de onda sonora para sinal, até a etapa de saı́da do canal de uma mesa de

    som. As seções foram ordenadas conforme o caminho que o sinal percorre dentro do

    canal.

    2.1 TRANSFORMANDO O SOM EM SINAL ELÉTRICO

    Os microfones possuem uma membrana que vibra conforme as ondas so-

    noras a atingem. Esta vibração move uma bobina, no caso do microfone dinâmico,

    e por conta do campo magnético de um imã transforma essas vibrações em corrente

    alternada, criando assim o sinal elétrico (Figura 1). Já no caso do microfone con-

    densador, o espaço entre as placas altera conforme as ondas atingem o diafragma.

    Isso causa uma variação na capacitância, que implica em uma variação de corrente

    (RUMSEY; MCCORMICK, 2009).

    Ondas sonoras

    mecânicas

    Membrana Bobina

    Figura 1: Microfone dinâmico.Fonte: Autoria própria

    Captadores funcionam de forma similar ao microfone dinâmico, porém, con-

    forme a vibração das cordas do instrumento musical o campo magnético também vibra

    na mesma frequência e então produz uma corrente elétrica alternada (LEMME, 2009).

    Em Davis e Patronis (2014) são classificados os tipos de sinais elétricos de áudio,

    conforme sua intensidade, dada por tensão eficaz:

    • Nı́vel de Microfone - É o nı́vel mais baixo de todos, o qual pode ser produzido pormicrofones (com exceção do microfone condensador). Ele se situa entre 0,1 mV

    e 100 mV.

  • 2.1 Transformando o som em sinal elétrico 17

    • Nı́vel de Linha - Esse nı́vel é normalmente utilizado nos equipamentos profissio-nais de áudio tais como as mesas de som, gravadores e amplificadores de alta

    fidelidade (ANDERTON, 2003). O microfone condensador e os captadores de ins-

    trumentos elétricos também trabalham nesse nı́vel de sinal. É considerado nı́vel

    de linha um sinal entre 100 mV e 1,58 V.

    • Nı́vel de Alto-Falante - É utilizado na saı́da de amplificadores, é este sinal quefaz com que grandes alto-falantes produzam o som. Este nı́vel pode atingir 10 V

    ou mais.

    É possı́vel perceber que os nı́veis de microfones e de captadores são bai-

    xos em relação ao nı́vel de linha. Isso implica na facilidade de haver interferências,

    especialmente quando é preciso levar o sinal a um lugar distante do instrumento. Du-

    rante um evento, por exemplo, a mesa de som e o controle de praticamente todo o

    sistema sonoro está afastado do palco são utilizados sinais balanceados. Os cabos

    utilizados para levar estes sinais são o XLR (Figura 2a) e o cabo TRS (Figura 2b).

    Nele passam três vias, dois sinais (hot (quente) e cold (frio)) e também o terra. Uma

    das vias transmite o sinal original (hot), na outra via é transmitido o sinal original com

    polaridade invertida conforme a Figura 3

    (a) XLR

    (b) TRS

    Figura 2: Cabos de entrada para o canal.Fontes: (a) Adaptado de commons.wikimedia.org(b) Adaptado de commons.wikimedia.org

  • 2.2 Misturadores 18

    a)

    b) Tempo (s)

    Tensão(V

    )Figura 3: a) Sinal original. b) Sinal com polaridade invertida.Fonte: Autoria própria

    2.2 MISTURADORES

    Muitos estúdios são conhecidos por conta de suas mesas de som. Existem

    até mesmo documentários contando as histórias dos estúdios e seus equipamentos,

    como é o caso do documentário Sound City (2013). No referido documentário utiliza-

    se uma mesa analógica Neve 8028, na qual artistas e bandas, tais como Nirvana, Red

    Hot Chili Peppers, Neil Young, Rage Against The Machine e Slipknot, gravaram.

    Os misturadores são equipamentos que utilizam por padrão o sinal em nı́vel

    de linha em suas etapas de edição. Apesar dos diversos modelos, quase todos se-

    guem um padrão muito parecido. Eles podem ser divididos em duas seções: canais e

    mestre, como é visto na Figura 4.

    Canais Mestre

    Figura 4: Misturador de 8 canais e suas seçõesFonte: Adaptado de clker.com

  • 2.2 Misturadores 19

    A seção dos canais é separada por faixas. Cada faixa é chamada de canal,

    cada qual é utilizada como entrada de um sinal de áudio proveniente de um instru-

    mento musical ou microfone. Já a seção mestre é responsável pelo controle da soma

    dos sinais elétricos de todos os canais e a edição da música como um todo. Os mistu-

    radores se dividem em duas classes; os analógicos possuem até 96 canais, enquanto

    os digitais podem suportar mais de 500 sinais de entrada (IZHAKI, 2013). A diferença

    entre os misturadores analógicos e os digitais vai além da quantidade de canais.

    • Digital: Os sinais dos instrumentos são amostrados por conversores analógico/digital(A/D), e então o sinal digital resultante é editado utilizando-se processamento

    digital de sinais. A vantagem desse tipo de dispositivo é a portabilidade, a possi-

    bilidade de haver pré-definições, automação, memória, etc. Já as desvantagens

    são os erros de quantização, a limitada taxa de amostragem, a fidelidade do

    áudio e a dificuldade de manutenção corretiva (WATKINSON, 2001).

    • Analógico: Os misturadores analógicos podem ser construı́dos com transistores,válvulas, amplificadores operacionais e elementos passivos. Quando bem proje-

    tados, eles possuem maior fidelidade de áudio e mais facilidade de manutenção.

    Em contrapartida apresentam as desvantagens de serem pesados e grandes,

    além de relativamente caros (IZHAKI, 2013).

    Apesar das diferenças, o exterior de ambos os misturadores são semelhan-

    tes. Ambos os cabos mostrados na Figura 2 são aceitos como entrada nos canais. Os

    canais possuem, geralmente, as mesmas funções e também o mesmo nı́vel de saı́da.

    Nos canais do misturador, visto na Figura 4, a intensidade do sinal de áudio

    utilizada é em nı́vel de linha, e isso implica que ao receber um sinal em nı́vel de

    microfone é preciso amplificá-lo. Este aumento de intensidade é feito por meio de um

    pré-amplificador. Depois do pré-amplificador existe a etapa na qual um sinal de efeito

    pode ser adicionado, chamada de insert (do inglês ”inserção”).

    Após a pré-amplificação encontra-se a etapa de entrada/saı́da auxiliar que

    possibilita o músico ouvir o som de seu instrumento através de uma caixa de som.

    Posteriormente existe a equalização, que permite o ajuste de amplitude de faixas de

    frequência. Em seguida vem o fader um controle de volume com potenciômetro desli-

    zante.

    Por fim, o circuito panpot (panoramic potentiometer, potenciômetro panorâmico)

    no qual existe o ajuste de estéreo. O circuito panpot duplica o sinal proveniente do

  • 2.2 Misturadores 20

    equalizador e o distribui aos dois canais de saı́da, habitualmente chamados de direita

    e esquerda pois referem-se aos ouvidos (IZHAKI, 2013). O fluxo do sinal pode ser visto

    na Figura 5.

    Entradas {{

    Equalizador {Inserção {

    {

    Fader {

    Entrada Inserção {

    Pré-Amplificador

    Potenciômetro Panorâmico

    Pré-Amplificador Equalizador Insert Fader Panpot

    Figura 5: Canal de um misturador.Fonte: Adaptado de clker.com

    As caracterı́sticas, tais como ganhos, distorção harmônica total (THD, Total

    Harmonic Distortion), frequências, necessitam de um parâmetro comercial para se-

    rem validadas. Para obter estes parâmetros de comparação foram utilizadas como

    referência as mesas:

    • Mackie 1402-VLZ4;

    • Behringer Xenyx 502;

    • Behringer Xenyx x1204USB.

  • 2.3 Pré-Amplificador 21

    2.3 PRÉ-AMPLIFICADOR

    Os microfones dinâmicos, por exemplo, produzem o sinal no nı́vel de mi-

    crofone, como todas as etapas da mesa são calculadas para trabalhar no nı́vel de

    linha é necessário a amplificação do sinal (RUMSEY; MCCORMICK, 2009). Os pré-

    amplificadores são utilizados para estes casos. Com um ganho regulável, nos canais

    esta etapa é chamada de gain (ganho) ou trim (aparar), pois também é utilizada para

    diminuir o nı́vel do sinal em casos nos quais o sinal de entrada está muito elevado.

    Pré-Amp

    Nível de Microfone Nível de Linha

    Figura 6: Funcionamento do Pré-AmplificadorFonte: Autoria própria

    Os pré-amplificadores possuem algumas singularidades em relação a ou-

    tros amplificadores, como o fato de sua distorção harmônica total, ser extremamente

    baixa em relação à dos amplificadores. No caso da Mackie 1402-VLZ4 a THD é de

    0,0007%, na mesa Xenyx 502 é de 0,005% e na x1204USB também é de 0,005%.

    É comum utilizar a distorção harmônica total na condição de parâmetro

    de qualidade de um amplificador. Existem dois métodos para calculá-la. Um dos

    métodos é utilizar a norma IHF A 202, na qual a distorção harmônica total é dada

    pela razão entre o valor RMS de todas as componentes harmônicas e o valor RMS da

    fundamental, conforme a Equação 1,

    THD =

    √∑ni=2 A

    2if

    Af=

    √A22f + A

    23f + . . . + A

    2nf

    Af. (1)

    Outro é utilizar a norma IEC 268-3, na qual a THD é obtida pela razão entre

    o valor RMS de todas as componentes harmônicas e o valor RMS da fundamental

    somada às componentes harmônicas, conforme pode ser visto na Equação 2,

    THD =

    √∑ni=2 A

    2if∑n

    i=1 A2if

    =

    √A22f + A

    23f + . . . + A

    2nf√

    A2f + A22f + A

    23f + . . . + A

    2nf

    . (2)

    Ambas expressões resultam em valores próximos para THD menores ou

    iguais a 10%. Como a maioria dos equipamentos possuem distorções harmônicas

    totais de aproximadamente 1%, qualquer uma das expressões é válida para o cálculo

    (BORTONI, 2002).

  • 2.4 Transistores 22

    Outra caracterı́stica dos pré-amplificadores, é em relação ao sinal balance-

    ado. Os pré-amplificadores, geralmente, possuem um amplificador diferencial. Este

    amplificador diferencial, que recebe o sinal original e o com a polaridade invertida

    (mostrados na Figura 3), pode amplificar ambos os sinais e possui uma alta relação

    de rejeição de modo comum, conhecida como CMRR, isso significa que, como o ruı́do

    é o mesmo para ambos os sinais, ele diminui substancialmente o ruı́do de modo co-

    mum, como mostra na Figura 7.

    +

    -

    a

    -a

    2a

    Figura 7: Funcionamento do amplificador dife-rencial.Fonte: Adaptação de BORTONI (2002).

    2.4 TRANSISTORES

    O primeiro transistor foi apresentado em 1947 na Bell Telephone Labora-

    tories, criado para substituir as válvulas pois são menores, mais leves e não neces-

    sitam de aquecimento, isso leva a uma maior eficiência (BOYLESTAD; LOUIS, 2004). A

    construção interna dos transistores é feita a partir de dois materiais semicondutores

    dopados, um deles criando regiões com cargas negativas (n) e outro com cargas po-

    sitivas (p). A partir destes materiais são construı́dos os transistores npn e o pnp, o

    primeiro com duas camadas n e entre elas uma camada p, o segundo com duas ca-

    madas p e a outra n. É chamado de transistor bipolar de junção (TBJ) justamente por

    possuir os materiais com polarização oposta (BOGART, 2001).

    pC

    CB

    E

    E

    B

    VCCVEE

    IC

    IC

    IBIB

    IE

    IE

    Figura 8: Transistor npn representado com suas camadas.Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

  • 2.4 Transistores 23

    A Figura 8 mostra a construção interna do transistor de um transistor npn.

    Pela Lei das Correntes de Kirchhoff, a corrente do terminal coletor (IC) é somada com

    a corrente do terminal base (IB), a soma resulta na corrente do terminal emissor (IE),

    IE = IC + IB. (3)

    Aplicando a Lei de Kirchhoff das tensões, obtem-se

    VCE = VCB + VBE, (4)

    na qual VCE representa a tensão entre coletor e emissor; VCB a tensão en-

    tre coletor e a base e VBE a tensão entre a base e o emissor.

    O transistor funciona como um amplificador de pequenos sinais em corrente

    alternada. Assim, para qualquer projeto de amplificador eletrônico, é necessário com-

    preender a ação do transistor. Essa compreensão ocorre por meio das respostas em

    corrente contı́nua (CC) e em corrente alternada (CA). Isso é possı́vel pois o teorema

    da superposição é aplicável, ou seja, a análise CC e a análise CA, podem ser feitas

    separadamente para o entendimento do circuito por completo. Apesar das análises

    das respostas do circuito poderem ser feitas separadamente, uma das componentes

    necessárias para a análise CA depende da análise CC (BOYLESTAD; LOUIS, 2004).

    Com as tensões CC fixas é definido o ponto de operação, também chamado

    de ponto quiescente, que indica as correntes CC e tensões CC no transistor, elas

    devem ser suficientes para polarizar o transistor, ou seja, atingir um nı́vel mı́nimo e

    que não ultrapassar o nı́vel máximo, entrando na saturação do componente (BOGART,

    2001). Cada transistor possui seus nı́veis definidos em sua folha de dados (também

    conhecido como datasheet).

    Um método utilizado para encontrar o ponto quiescente do circuito, é a

    análise por reta de carga. Esta análise implica em sobrepor dois gráficos, um que

    relaciona as curvas caracterı́sticas do dispositivo (IC e VCE para diferentes valores

    de IB); outro que leva em consideração a equação da tensão de saı́da para quando

    IC = 0 e para VCE = 0. Um gráfico exemplar pode ser observado na Figura 9b, no qual

    o circuito na configuração polarização fixa da Figura 9a é analisado e sua equação de

    saı́da levando em consideração RC como resistor de carga é

    VCE = VCC – ICRC. (5)

  • 2.4 Transistores 24

    VCC

    VCE

    +

    _

    RC

    IC

    IB

    RB

    (a) Circuito na

    configuração polarização

    fixa.

    VCE

    IBQ

    Ponto Q

    VCC0

    VCCRC

    IC

    Reta de carga

    (b) Gráfico para a análise por reta de

    carga.

    Figura 9: Análise por reta de carga.Fonte: Adaptado de Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Para que a análise CA de um transistor TBJ seja feita, é necessário pri-

    meiramente encontrar um modelo para pequenos sinais deste componente. Como

    foi descrito em Boylestad e Louis (2004), o modelo é uma combinação de elementos

    que se aproximam ao máximo do funcionamento real do componente semicondutor

    sob condições especı́ficas de operação. Existem três modelos, o modelo re, modelo

    hı́brido equivalente e o modelo π hı́brido. O mais utilizado atualmente é o modelo reque será apresentado a seguir.

    No modelo re seus fatores são estabelecidos pelas condições reais de

    operação. É dado este nome pois um dos fatores importantes no transistor é a re-

    sistência entre o emissor e a base (chamada de re). Entre o emissor e a base de

    um transistor se considera um diodo polarizado diretamente, ou seja, a análise para

    encontrar a resistência re é a mesma feita para se obter a resistência dinâmica de um

    diodo (BOGART, 2001). Deste modo, o valor aproximado de re, a 27oC, é re ≈ 0,026IE .

    Este modelo também apresenta uma fonte de corrente no coletor controlada

    pela corrente na base com um ganho de β. O β de cada transistor é dado em sua folha

    de dados, ele representa o ganho da corrente IC em relação à corrente IB. Assim

    como o β, o valor da resistência ro também esta na folha de dados do transistor, ele

    se refere à resistência de saı́da. A resistência ro também pode ser obtida dada pela

    inclinação das curvas representadas no gráfico da Figura 9b, ou seja, ro =ΔVCEΔIC

    .

    Como geralmente ro é muito grande é considerado como circuito aberto e em alguns

    projetos não é levado em consideração.

  • 2.4 Transistores 25

    βre βIb ro

    b c

    e

    Figura 10: Modelo re.Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Existem diversas topologias para utilizar o transistor como amplificador, al-

    gumas delas são mostradas na Figura 11.

    Vcc

    Polarização por divisor de tensão

    Vcc

    Vcc

    Vcc

    Vcc

    Polarização fixa Seguidor de emissor

    Realimentação do coletor

    Base-comumPolarização com emissor sem desvio

    Vcc

    VEE

    Figura 11: Topologias de amplificadores comtransistores.Fonte: Adaptação de BOGART (2001).

  • 2.5 Amplificador Diferencial 26

    2.5 AMPLIFICADOR DIFERENCIAL

    O amplificador diferencial amplifica dois sinais de tensão igualmente e pos-

    sui duas saı́das, uma para cada sinal, ou seja, possui uma entrada dupla e uma saı́da

    dupla. É utilizado em modo especial em equipamentos de áudio por conta de sua

    caracterı́stica de alta CMRR. Este circuito amplifica o sinal diferencial e rejeita o que

    há de comum em ambas as entradas. Como o ruı́do é comum para os dois sinais de

    entrada ele acaba não sendo amplificado como o sinal principal (BOYLESTAD; LOUIS,

    2004).

    A versão ideal do amplificador diferencial (Figura 12) é construı́do com

    dois transistores e uma fonte de corrente contı́nua, cada transistor está em uma

    configuração que lembra emissor-comum, com a entrada em sua base e a saı́da pelo

    coletor. Para que o amplificador diferencial funcione idealmente, os dois transistores

    possuem parâmetros idênticos (β, re, etc.), também é chamado de par casado. Além

    disso, a fonte de corrente contı́nua ideal é considerada um circuito aberto para o sinal

    CA.Vcc

    Vi1 Vi2

    Vo1 Vo2

    RCRC

    Q1 Q2

    fonte de

    corrente

    constante

    Figura 12: Amplificador diferencial ideal.Fonte: Adaptação de BOGART (2001).

    O teorema de superposição pode ser aplicado ao amplificador diferencial,

    deste modo, é possı́vel observar a tensão de saı́da com apenas uma das entradas,

    como mostra a Figura 13 (BOGART, 2001). Considerando Q1 em configuração emissor

    comum, então a sua tensão de saı́da (vo1) é a tensão de entrada (vi1) amplificada e

    com polaridade invertida. Existe também uma tensão (ve1) no emissor de Q1 ocasio-

    nada pelo fato da tensão do emissor seguir as variações da tensão da base.

  • 2.5 Amplificador Diferencial 27

    Vcc

    Vi1

    Vo1 Vo2

    RCRC

    Q1 Q2

    fonte de

    corrente

    constante

    Ve1

    Figura 13: Amplificador diferencial com uma en-trada aterrada.Fonte: Adaptação de BORTONI (2002).

    A tensão de emissor é a mesma para Q1 e Q2, porém, como a base de Q2é aterrada, quando a tensão ve1 é positiva a tensão base-emissor de Q2 fica negativa.

    Com essa tensão de base de Q2 é possı́vel afirmar que existe uma tensão de saı́da

    vo2 de mesma amplitude (com polaridade invertida) da tensão vo1. O que indica ser

    possı́vel seu uso para amplificação mesmo em casos de sinais não balanceados.

    Para calcular o ganho de um amplificador diferencial é necessário usar mo-

    delos de transistores como visto na seção anterior, a seguir será calculado o ganho

    para um amplificador diferencial com uma entrada simples.

    β1re1 β1Ib1

    B1 C1

    E1

    RC

    Vo1

    Vi1 β2re2β2Ib2

    B2C2

    E2

    RC

    Vo2

    Vi2 = 0V

    Ib1 Ib2

    IC2IC1

    Figura 14: Equivalente CA do amplificador diferencial.Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Uma vez que a fonte de corrente contı́nua ideal pode ser considerada como

    uma resistência infinita (BOYLESTAD; LOUIS, 2004), se pode obter o circuito da Figura

    15

  • 2.5 Amplificador Diferencial 28

    β2re2

    β1re1

    Vi1

    Ib

    Figura 15: Circuito derivado do equivalente CA.Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Como os transistores são ideais e casados, é possı́vel obter as equações

    do circuito da Figura 15,Vi1 = Vi,

    re1 = re2 = re,

    β1 = β2 = β,

    Ib =Vi

    2βre,

    IC = βIb = βVi

    2β× re=

    Vi2re

    .

    Como Vo = ICRC,

    Vo =RC2re× Vi. (6)

    Assim, a equação do ganho de tensão de um amplificador diferencial com

    uma entrada simples é dado pela equação:

    Av =VoVi

    =RC2re

    . (7)

    Analisando desta mesma forma para um circuito com entrada dupla:

    Av =VoVi

    =RCre

    . (8)

    Apesar de ser possı́vel obter transistores casados, não é garantido que

    eles tenham a mesma resposta para as diversas variações de temperatura. As res-

    postas diferentes podem fazer com que o amplificador funcione de uma maneira não

    desejável, o ganho de um lado seja diferente do outro, isso significa que o amplificador

    está desbalanceado. Como o ganho depende da resistência re e ela se altera com a

    temperatura, é plausı́vel a ideia de adiciona resistores entre o emissor e a fonte de

    corrente contı́nua, como é mostrado na Figura 16, para que o ganho não dependa

  • 2.6 Fonte de Corrente Contı́nua 29

    somente de re (BOGART, 2001).Vcc

    Vi1 Vi2

    Vo1 Vo2

    RCRC

    Q1 Q2

    fonte de

    corrente

    constante

    RE RE

    Figura 16: Amplificador diferencial com RE.Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Dado que uma fonte de corrente contı́nua ideal não existe, na seção 2.6 são

    apresentados alguns modelos para substituı́-la e servirem como circuitos de polarização.

    2.6 FONTE DE CORRENTE CONTÍNUA

    Atualmente são utilizados transistores como fontes de corrente contı́nua em

    amplificadores diferenciais. Um exemplo de modelo é mostrado na Figura 17.Vcc

    Vi1 Vi2

    Vo1 Vo2

    RCRC

    Q1 Q2

    -VEE

    Q3

    R3R1

    R2

    Figura 17: Amplificador diferencial com fonte de corrente.Fonte: Adaptação de BOGART (2001).

  • 2.6 Fonte de Corrente Contı́nua 30

    O cálculo para determinar a corrente da fonte de corrente da Figura 17 é

    feito pela equação

    VB3 = –VEE

    (R2

    R1 + R2

    ). (9)

    No caso do transistor de silı́cio:

    VE3 = VB3 – 0, 7, (10)

    IE3 =|VEE| – |VE3|

    R3. (11)

    Um método comum de polarização aplicada em circuitos integrados é apre-

    sentado na Figura 18. Na figura, Q1 e Q2 formam um espelho de corrente (BOGART,

    2001). Considerando que os parâmetros β1 e β2 dos transistores da fonte de corrente

    possuem valores acima de 100 e casados, a corrente constante I é aproximadamente

    IX,

    IX =VCC + |VEE| – 0, 7

    RB. (12)

    Vcc

    Vi1 Vi2

    Vo1 Vo2

    RCRC

    Q1 Q2

    -VEE

    Q4

    RB

    Vcc

    IX I

    Q3

    Figura 18: Amplificador diferencial com espelho de corrente parapolarização.Fonte: Adaptação de BOGART (2001).

  • 2.7 Amplificador Operacional 31

    Outro modelo popular em circuitos integrados é a chamada fonte de cor-

    rente de Widlar, mostrado Figura 19. Neste modelo, a corrente I é uma fração de IX,

    determinada pelo resistor R. Comparado com a fonte de corrente anterior é como se

    apenas trocasse o resistor de lugar, porém, este método tem a vantagem de utilizar

    um resistor menor para fornecer a mesma corrente. A corrente neste caso é

    I=IXe–IRVT . (13)

    Q2Q1

    R

    IX I

    -VEE

    0,7 V

    +

    -

    IB

    Figura 19: Fonte de corrente de Widlar.Fonte: Adaptação de BOGART (2001).

    2.7 AMPLIFICADOR OPERACIONAL

    O amplificador operacional (ou Amp-Op) possui esse nome pelo fato de

    que com ele é possı́vel fazer operações matemáticas do sinal de entrada, como soma,

    subtração, integração e derivação da tensão. Segundo BOGART (2001), existem al-

    gumas caracterı́sticas para ser um amplificador operacional, tais como:

    • CMRR muito alta;

    • ganho de tensão muito alto;

    • impedância de entrada muito alta;

    • impedância de saı́da muito baixa.

  • 2.8 Inserção 32

    A entrada de todo amp-op é um amplificador diferencial, contudo, como a

    impedância de cada entrada deve ser alta, esse amplificador diferencial é construı́do

    com dispositivos FETs ou então um circuito de alta impedância de entrada deve ser

    colocado antes dele, como um seguidor de emissor.

    O fato do amplificador operacional obter um ganho de tensão elevado é

    dado por meio de múltiplos estágios de amplificação em que um deles é o amplificador

    diferencial e um dos estágios seguintes é um amplificador com saı́da simples (BOGART,

    2001).

    Vi

    R1

    +

    -

    Rf

    Vo

    (a) Amp-op com multiplicador de ganho

    constante.

    AvVi

    RoVo

    RiVi

    R1Vi

    Rf

    (b) Circuito equivalente ca do amp-op com

    multiplicador de ganho constante.

    Figura 20: Amp-op com multiplicador de ganho constante e seu equivalente ca.Fonte: Adaptado de Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Como o resistor Ri é muito grande, pode ser considerado infinito em razão

    disso o amplificador operacional possui uma caracterı́stica chamada de terra virtual

    (ou curto virtual). Quando o ganho global (VoV1 ) é 1, significa que Vi é tão pequeno que

    pode ser considerado 0 V, apesar disso, não existe corrente entre a entrada e o terra,

    por este motivo é chamado de terra virtual (BOYLESTAD; LOUIS, 2004).

    2.8 INSERÇÃO

    Apesar dos misturadores possuı́rem componentes e etapas projetadas para

    a melhor qualidade, muitas vezes se deseja adicionar efeitos ou equalização de fontes

    externas. Por essa razão existe a etapa de inserção, que serve como ponto de saı́da

    e de entrada do sinal.

    Essa etapa do canal, quando conectado um equipamento externo, inter-

    rompe o caminho do sinal para envia-lo ao equipamento, em seguida o equipamento

    retorna com o sinal processado para seguir pelas etapas seguintes do canal. Algu-

    mas mesas possuem um botão em que é selecionado o destino do sinal provindo do

    equipamento externo, geralmente antes ou depois do equalizador.

  • 2.9 Equalizador 33

    2.9 EQUALIZADOR

    Os equalizadores são equipamentos construı́dos com filtros shelving passa-

    alta, passa-baixa e filtros gráficos, que permitem alterar o sinal provindo do pré amplifi-

    cador. No equalizador há faixas de frequências distintas. Existem faixas de frequências

    responsáveis pelos graves, médios e agudos(WALKER, 2018).

    Passa-baixa Passa-alta Passa-banda Rejeita-banda

    Frequência

    Resposta

    Figura 21: Exemplos de resposta de filtros.Fonte: Everest (2001).

    A diferença dos filtros shelving para os filtros convencionais é que com ele

    é possı́vel aumentar ou diminuir a amplitude do sinal para cada faixa de frequência, ou

    banda. Tem também a caracterı́stica de não afetar as demais frequências fora da faixa.

    O filtro gráfico possui a mesma caracterı́stica de aumentar ou diminuir a amplitude do

    sinal, porém funciona como um passa-banda, realizando isso entre uma determinada

    faixa de frequência. Assim o equalizador possui maior controle sobre as bandas, com

    maiores possibilidades de equalização (WALKER, 2018).

    Existem equipamentos especı́ficos para equalização de alta fidelidade que

    são geralmente utilizados para correção de acústicas do ambiente, balanço tonal da

    fonte, dentre outros motivos. Já os equalizadores empregados às mesas, ou aos

    canais delas, são mais para o uso criativo do que corretivo (SELF, 2014).

    O músico, ou quem esteja controlando a mesa, consegue alterar certas

    caracterı́sticas do som do instrumento deixando-o mais único. É possı́vel fazer com

    que o instrumento seja ouvido nitidamente e mais definido. Em uma mesa, é utilizado

    também com o intuito de unir adequadamente todos os instrumentos (OWSINSKI, 2013).

    Nos canais das mesas, são tipicamente empregados equalizadores de 3

    bandas, responsáveis pelo grave, médio e agudo, também são denominados como

    Low-Frequency (LF), Middle-Frequency (MID) e High-Frequency (HF), respectivamente.

    Algumas mesas mais sofisticadas possuem também o ajuste da frequência média,

    ou seja, altera a frequência central do filtro passa-banda. Segundo Walker (2018) as

    frequências pertencentes à banda grave são abaixo de 250 Hz, as frequências médias

    são entre 250 Hz e 4 kHz, já as frequências acima de 4 Khz são chamadas de agudo.

  • 2.9 Equalizador 34

    Uma das topologias mais conhecidas no áudio para equalizadores é a de

    Baxandall. A primeira vez que publicou o seu trabalho, em 1952 na revista Wire-

    less World, ele era extremamente complexo e era possı́vel controlar o grave e agudo,

    porém, com o tempo, adaptações foram feitas pois alguns componentes eram difı́ceis

    de serem encontrados, até mesmo para a indústria (SELF, 2014).

    R1 R2

    R3 R4

    R5

    RPot1

    RPot2

    C1

    C2

    Vi Vo

    R6 R7

    RPot3

    C3

    C4

    Figura 22: Topologia Baxandall com 3 bandas.Fonte: Adaptação de Giles e Bohn (1980).

    Muitas vezes, o filtro gráfico, Figura 23, é incluı́do ao circuito Baxandall,

    criando um equalizador de três bandas (Figura 22). Apesar de ser econômico, pois

    utiliza apenas um amplificador operacional para as três bandas, seu equacionamento

    é muito complexo (GILES; BOHN, 1980). Por este motivo, se procurou outras topologias.

    Uma das topologias é baseada no controle tonal de frequências médias aplicado ao

    equalizador de três bandas. Outra topologia, é a RLC série, ou circuito ressonante

    (Figura 24). Essa topologia, segundo Greiner e Schoessow (1983), é uma das mais

    utilizadas em equalizadores gráficos do mercado.

    RpotC1

    C2

    R2

    R1

    R4

    R3

    Vi

    Vout

    Figura 23: Circuito de controle do médio baxandall.Fonte: Adaptação de Self (2014).

  • 2.9 Equalizador 35

    Vi

    R

    R

    Vo

    R

    C

    L

    RPot

    Figura 24: Circuito ressonante, RLC série.Fonte: Adaptação de Greiner e Schoessow (1983).

    O circuito RLC é usualmente substituı́do pelo circuito RC, no qual o indutor

    é trocado pelo equivalente RC ativo (GREINER; SCHOESSOW, 1983). O circuito com o

    projeto equivalente do indutor é mostrado na Figura 25.

    Vi

    R1

    R2

    Vo

    R4

    C2

    RPot

    C1

    R3

    Figura 25: Circuito ressonante com circuito equivalente do indutor.Fonte: Adaptação de Carter (2001).

  • 2.10 Fader 36

    2.10 FADER

    A etapa do fader, diferente das anteriores que utilizavam um potenciômetro

    rotativo, é composta por um potenciômetro deslizante. Tem como objetivo aumentar ou

    diminuir a amplitude do sinal de saı́da simplesmente deslizando o botão. Isso permite

    o ajuste de volume de saı́da do instrumento ligado neste canal.

    Nesta etapa do canal é possı́vel utilizar diversas topologias para amplificar

    o sinal. Geralmente se escolhe um ajuste de volume ativo por possuir a vantagem

    de não se preocupar com quanto de ganho será necessário antes e depois do ajuste.

    O fader usualmente possui um ganho de até 10dB. Outra função do amplificador do

    fader é isola-lo da carga do panpot (SELF, 2014).

    Apesar do canal mostrar o fader depois da etapa panpot, no circuito ele

    esta entre o equalizador e o panpot. Pois na etapa seguinte o sinal se divide em dois,

    com o fader antes é necessário apenas um amplificador, economizando no projeto e

    facilitando o ajuste.

    2.11 PANPOT

    O panpot, ou potenciômetro panorâmico, é um circuito que distribui na

    proporção escolhida pelo usuário a amplitude do sinal de determinado canal para o

    canal direito ou esquerdo. Como consequência, é o elemento na mesa responsável

    por agregar à musica a sensação de espacialidade (IZHAKI, 2013). Essa espaciali-

    dade é essencial para gravações, nas quais quem esta controlando a mesa quer que

    o ouvinte tenha a sensação de estar de frente para a banda, sabendo localizar onde

    estão situados cada instrumento. Nas mesas, normalmente, são utilizados topologias

    de panpots passivas, ou seja, sem amp-op, mas existem também panpots ativos. Eles

    auxiliam na redução de ruı́dos nos misturadores da mesa (SELF, 2014).

    Na Figura 26 são apresentadas algumas topologias utilizadas nos canais.

    Em mesas mais sofisticadas é encontrado também um buffer (amplificador de ganho

    unitário) para reduzir a impedância de saı́da e, por consequência, diminuir os ruı́dos

    quando todos os canais são somados pelo misturador (SELF, 2014).

  • 2.11 Panpot 37

    Vi

    R1

    RPot

    VR

    VL

    R2

    R3

    R4

    a) Topologia panpot com um potenciômetro.

    Vi

    RPota

    VR

    VL

    RPotb

    R

    R

    b) Topologia panpot com potenciômetro duplo.

    Figura 26: Topologias de panpot.Fonte: Adaptação de Self (2014).

  • 38

    3 PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO

    Neste capı́tulo são selecionadas a topologias para as etapas do canal, jun-

    tamento com o cálculo para a obtenção do projeto, simulações e implementação. Os

    resultados da implementação são mostrados no final do capı́tulo.

    3.1 PRÉ-AMPLIFICADOR

    Tomando como base os estudos do capı́tulo anterior, entre as topologias

    apresentadas, a que mais se aproxima dos resultados desejadosp ara o pré-amplificador

    é do amplificador diferencial apresentada em BOGART (2001) (Figura 18). Como a

    fonte de corrente para a polarização do circuito, a topologia de espelho de corrente,

    apresenta alta impedância não é necessário o resistor RE para que o ganho não se

    altere com a temperatura.Para variar o ganho do pré-amplificador, um potenciômetro

    duplo como divisor resistivo é colocado na entrada do sinal. Com o ganho fixo do am-

    plificador diferencial a amplitude do sinal de entrada varia e assim se obtém um sinal

    de saı́da com o ganho desejado.

    O primeiro parâmetro a se definir ao projetar qualquer amplificador é seu

    ganho. Consultando os canais tomados como referências para esse projeto, chegou-

    se à conclusão de que um amplificador com ganho entre 40dB a 45dB no pré amplifi-

    cador é o padrão e por isso foi o adotado. Outro parâmetro é a resistência de entrada,

    que como sugere Self (2014) deve ser entre 1 kΩ a 2 kΩ.

    Realizando os cálculos para se chegar a um ganho que relacione a tensão

    de entrada e de saı́da,

    A(dB) = 20× log10(

    VoutVin

    ). (14)

    Como A = VoutVin , em que Vout é a tensão de saı́da e Vin é a tensão de

    entrada, utilizando a Equação 14 com o valor de A(dB) = 45,

    A = 177, 83.

  • 3.1 Pré-Amplificador 39

    Para obter os valores dos resistores necessários para a topologia utilizada,

    é requerido os dados do transistor utilizado. Foi escolhido o transistor 2n2222 e seus

    parâmetros estão descritos na folha de dados do dispositivo (FAIRCHILD SEMICONDUC-

    TOR, ). Além disso, é necessário obter os transistores do circuito diferencial com an-

    tecedência, uma vez que estes transistores pode ter parâmetro β diferentes. Foram

    selecionados dois transistores com β de aproximadamente 172.

    Quanto à polarização, uma corrente com o valor muito baixo não é o ideal

    para o pré-amplificador por conta dos resistores que acabam tendo valores muito gran-

    des devido suas equações, tanto do espelho de corrente quanto do amplificador dife-

    rencial, na faixa de alguns mega ohms (os cálculos utilizados são mostrados a seguir).

    O problema de resistores com grandes valores, como aponta Self (2014), é que pro-

    duzem ruı́do no sinal.

    Com o intuito de melhorar o projeto, a corrente escolhida foi de 1 mA. Para

    obter tal corrente na topologia de espelho de corrente, segundo a Equação 12, em

    que IX ≈ I, o resistor é dado por

    RB =VCC + |VEE| – 0, 7

    IX. (15)

    Para essa equação é necessário também definir os valores das tensões CC

    do amplificador diferencial. Como o amp-op selecionado é o NE5532, que é apresen-

    tado ao decorrer desta seção, e suas tensões de alimentação são de +15V e de -15V,

    então estas foram selecionadas como tensões do amplificador diferencial, facilitando o

    projeto que necessitará de apenas uma fonte simétrica para o funcionamento. Assim,

    o cálculo do resistor é feito utilizando a Equação 15 e adotando VCC = 15, VEE = –15

    e IX = 1× 10–3, obtendo assim o valor de

    RB = 29300 Ω.

    O resistor disponı́vel mais próximo desse valor é de 33 kΩ. Por conta do

    aumento no resistor, a corrente diminui para aproximadamente 0, 8879 mA. Como

    mostra a Equação 8, o ganho no amplificador diferencial com duas saı́das é dado pela

    divisão de RC por re. Calcula-se então o re,

  • 3.1 Pré-Amplificador 40

    re =0, 026

    IE, (16)

    como a corrente que passa pelo emissor do transistor é a metade da fonte

    de corrente,

    IE =0, 8879

    2.

    Com a Equação 16 e IE, o valor de re é obtido,

    re ≈ 58, 56.

    Para obter o ganho desejado de 177,83, e tendo o valor de re ≈ 58, 56, oresistor RC é obtido por meio da Equação 8,

    RC = 10413, 72 Ω.

    Como é considerado um amplificador diferencial com duas saı́das, uma

    com o sinal amplificado e outra com o sinal amplificado e polaridade invertida, é ne-

    cessário um circuito subtrator para que atinja o ganho calculado anteriormente. O

    circuito utilizado é um subtrator simples com um amp-op, o diferencial deste circuito é

    o amplificador operacional que foi selecionado, um NE5532. Este amp-op é especı́fico

    para áudio pois possui baixo ruı́do, pouca distorção e uma alta velocidade de varredura

    (conhecida como slew rate) (TEXAS INSTRUMENTS, 2015).

    A norma 60268-3 (ABNT, 2010), que normatiza equipamentos de sistemas

    de som na classe dos amplificadores, explica que um sinal com um THD abaixo de 1%

    o ouvido humano não é capaz de diferenciar daquele sem distorção. Apesar disso,

    como citado anteriormente, os pré-amplificadores de mesas de áudio, possuem um

    THD extremamente baixo. Por esse motivo, se buscou uma melhoria no projeto.

    Por meio das simulações, é possı́vel observar que a variação da resistência

    RC afeta o THD do pré-amplificador. Em buscar de um valor ótimo para esta aplicação,

    vários testes foram feitos e se chega ao valor de 27 kΩ. Com esse valor é possı́vel

    obter um ganho máximo próximo a 45dB e ainda possuir um THD baixo.

  • 3.1 Pré-Amplificador 41

    RC (kΩ) THD

    5 0,368070%

    10 0,110731%

    15 0,053150%

    20 0,042440%

    25 0,040062%

    30 0,039463%

    35 0,074105%

    Tabela 1: Tabela de comparação de THD por variação da resistência RC.Fonte: Autoria própria

    Também na simulação é feita a medição da impedância de entrada. Como

    existe o divisor resistivo na entrada, é possı́vel escolher o resistor que fica em paralelo

    com o circuito. O valor escolhido foi de 1, 5 kΩ. A medição da impedância de entrada

    é feita para o pior cenário, quando o ganho é máximo, ou seja, curto-circuitando o

    potenciômetro de entrada.

    Vs Vi

    Zi

    I

    R

    Sistema

    de duas

    entradas

    Figura 27: Determinando Zi.Fonte: Adaptação de Boylestad e Louis (2004).

    Para medir a impedância de entrada, coloca-se um resistor de valor co-

    nhecido em uma das entradas e a outra é aterrada. A seguir um sinal senoidal, de

    amplitude conhecida, é aplicado à entrada com o resistor e a tensão pico-a-pico é

    medida depois do resistor (BOYLESTAD; LOUIS, 2004).

  • 3.1 Pré-Amplificador 42

    Seguindo a lei de Ohm,

    Vi =Zi × VsZi + R

    , (17)

    Zi = –Vi × RVi – Vs

    . (18)

    Com um sinal de entrada de 20 mVpp e um resistor de 1 kΩ, a tensão pico-

    a-pico medida depois do resistor foi de aproximadamente 11, 2 mVpp. Sendo assim,

    com a Equação 18, obtém-se uma impedância de entrada Zi = 1272, 73 Ω.

    Levando e consideração que o sinal em nı́vel de microfone varia entre

    0, 1 mVrms e 100 mVrms, o sinal de entrada considerado como padrão do projeto é

    de 75 mVrms com a entrada balanceada, o que equivale a 150 mVrms em casos com

    uma única entrada. O ganho foi ajustado em 16.5 dB para que a amplitude do sinal

    de saı́da seja de 1 Vrms pois é o valor utilizado em amplificadores de potência (SELF,

    2014).+15 V

    Vi1 Vi2

    Vo1 Vo2

    27 k�

    Q1 Q2

    -15 V

    Q4

    33 k�

    +15 V

    Q3

    27 k�

    15 k�15 k�

    Pot. Duplo Pot. Duplo

    Figura 28: Pré-Amplificador com todos os elementos definidos.Fonte: Autoria própria.

    As flechas do potenciômetro duplo da Figura 28 indicam um sentido de giro.

  • 3.1 Pré-Amplificador 43

    Vout

    Vo1

    Vo2

    10 kΩ

    10 kΩ

    10 kΩ

    10 kΩ

    Figura 29: Circuito subtrator.Fonte: Autoria própria.

    Entre as saı́das do amplificador diferencial e as entradas do circuito subtra-

    tor é colocado um circuito buffer. O buffer serve para que as impedâncias do subtrator

    não afetem o funcionamento do amplificador diferencial.

    Esta topologia, na prática, apresentou uma variação muito grande no va-

    lor da corrente da fonte de corrente conforme a mudança de temperatura. Levando

    em consideração o motivo e a solução, apresentados no Seção 2.5, são colocados

    resistores no emissor de cada transistor da fonte de corrente. Estes resistores não

    resultam numa diminuição de corrente significativa.

    -15 V

    Q4

    33 k�

    +15 V

    Q3 1,5 k�

    1,5 k�

    Amp. Diferencial

    Figura 30: Fonte de corrente modificada.Fonte: Autoria própria.

  • 3.2 Equalizador 44

    Com essas caracterı́sticas, na simulação, foram obtidos os seguintes resul-

    tados: a)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4

    Tempo (s) ×10-3

    -1.5

    -1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    Tensão (

    V)

    Entrada

    Saída

    b)

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    106

    Frequência (Hz)

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    Magnitude (

    dB

    )

    -120

    -100

    -80

    -60

    -40

    -20

    0

    Fase (

    º)

    Resposta em Frequência

    Figura 31: a) Tensão de entrada e de saı́dab) Resposta em frequência do pré-amplificador.Fonte: Autoria própria.

    A Figura 31a mostra a tensão de entrada, Vin, de 150 mVrms e a saı́da

    do pré-amplificador diferencial, Vout, de 1 Vrms. Este ganho de tensão é mostrado na

    Figura 31b, sendo equivalente a 16,5 dB. Na Figura 31b é possı́vel observar a resposta

    em frequência do pré-amplificador diferencial, que possui um ganho constante até um

    valor de frequência além da frequência audı́vel.

    3.2 EQUALIZADOR

    Por meio da análise entre as opções de topologias de equalizadores estu-

    dadas, a topologia Baxandall é selecionada como sendo a melhor opção por ser muito

    utilizada em outros canais do mercado. Devido à complexidade de análise da topolo-

    gia com três bandas, é decidido utilizar a topologia Baxandall para os filtros shelving

    passa-alta e passa-baixa.

  • 3.2 Equalizador 45

    R2

    C1

    Vi

    R1 R1

    R4 R3R3

    C2

    R5

    Vout

    Figura 32: Topologia Baxandall para controle tonal de 2 bandas.Fonte: Adaptação de Giles e Bohn (1980).

    Em frequências baixas, os graves, a impedância dos capacitores é muito

    elevada, assim eles são considerados circuito aberto. Já em altas frequências a im-

    pedância é pequena suficiente para ser considerada como curto circuitos. Os ganhos

    são controlados pelos potenciômetros R2 e R4 (SELF, 2014).

    O livro de Giles e Bohn (1980) sugere as seguintes equações para o projeto

    do filtro shelving passa-baixa:

    fL =1

    2π× R2 × C1, (19)

    fLB =1

    2π× R1 × C1, (20)

    AVB = 1 +R2R1

    , (21)

    considerando AVB positivo.

    Para o filtro shelving passa-alta, as equações são:

    fH =1

    2π× R3 × C2, (22)

    fHB =1

    2π× (R1 + R3 + 2R5)× C2, (23)

  • 3.2 Equalizador 46

    AVT = 1 +R1 + 2R5

    R3, (24)

    considerando R4 > R1 + R3 + 2R5.

    -3

    +3

    0

    fLB fHBfL fH

    AVB

    -AVB

    AVT

    -AVT

    Frequência (Hz)

    Ganho (

    dB)

    Figura 33: Relação das frequências e os ganhos.Fonte: Adaptação de Giles e Bohn (1980).

    Em que fL é a frequência escolhida para o grave em que o ganho será±AVBquando o potenciômetro estiver em um dos extremos. Já fLB, é a frequência na qual o

    ganho, quando estiver no máximo, será ±3 dB. O mesmo vale para as variáveis comrelação às frequências para o agudo.

    Seguindo como referências os canais selecionados a frequência para o

    grave (fL) utilizada é 80 Hz com um ganho de ±15 dB que, por meio da Equação 14,é equivalente a aproximadamente 5,62 . Primeiramente, o capacitor C1 é escolhido

    com valor de 100 nF, aplicado à Equação 19,

    R2 ≈ 20000 Ω.

    Assim, para que o ganho AVB seja igual a 5,62, o valor de R1 é obtido

    utilizando a Equação 21

    R1 ≈ 4300 Ω.

  • 3.2 Equalizador 47

    Após o cálculo do equalizador para frequências baixas, são calculados os

    resistores para o shelving passa-alta. Considerando um capacitor C2 = 2, 2 nF e

    adotando como frequência fH o padrão do mercado para o passa-alta, 12 kHz, se

    utiliza a Equação 22. Deste modo é possı́vel encontrar o valor para o resistor R3,

    R3 ≈ 6000 Ω.

    Com o valor de R1, R3 e sabendo que o ganho deve ser de aproximada-

    mente 5,62, a Equação 24 é manipulada para se obter o valor de R5,

    R5 ≈ 12000 Ω.

    20 k�

    Vi

    Vout

    4,3 k� 4,3 k�

    100 nF

    3 k�3 k� 50 k�

    12 k�

    2,2 nF

    Figura 34: Filtro shelving passa-baixa e passa-alta com seus ele-mentos definidos.Fonte: Autoria própria.

    Para o controle de frequências médias é escolhido a topologia RLC, circuito

    ressonante, com o indutor emulado por meio de seu circuito equivalente. Não haver

    necessidade de utilizar indutor significa obter um protótipo mais barato e mais fácil de

    construir.

  • 3.2 Equalizador 48

    L

    C

    R

    (a)

    C2

    C1

    R5

    R4

    (b)

    Figura 35: Topologias equivalente do indutor.Fonte: Adaptação de Greiner e Schoessow (1983).

    Como apresentado em Carter (2001), a equação para da indutância para o

    circuito equivalente é dada por

    L = (R5 – R4)× R4 × C1. (25)

    Para melhor compreensão dos efeitos e seu funcionamento, é feita a análise

    matemática do circuito e então obtida a função transferência. Assim, com o auxı́lio do

    software Matlab é possı́vel observar a atuação do equalizador, idealizando seus com-

    ponentes, diferentemente da análise por meio de simulações que tenta se aproximar

    ao máximo do resultado real.

    A função transferência que representa o ganho(

    VoVi

    )para o sistema é

    H = (C2×L×RB–C2×L×RA)s2+(C2×R×RA+C2×RA×RB–C2×RA×R4+C2×RB×R4)s+RB–RA

    (C2×L×RB–C2×L×RA)s2+(C2×R×RB+C2×RA×RB–C2×RA×R4+C2×RB×R4)s+RB–RA.

    (26)

    Na Equação 26, RA e RB representam o potenciômetro.

    Como se tem a equação de transformação para o indutor e o seu equiva-

    lente, é possı́vel analisar o circuito sendo um RLC ressonante. Com isso, algumas

    referências demonstram métodos para seu equacionamento. Dentre eles a equação

    para a frequência central de ressonância (ω0), apresentado em Rice (2015):

    ω0 =1√

    L×C2. (27)

  • 3.2 Equalizador 49

    Como ω0 = 2π×f0,

    f0 =1

    2π×√

    L×C2. (28)

    Sendo um padrão da indústria, a frequência média do equalizador MID é

    2500 Hz. São selecionados os valores para C1, C2 e R5, seguindo o procedimento

    apresentado no artigo de Carter (2001) e no livro de Grainger e Stevenson (1994), os

    valores serão 1, 5 nF, 100 nF e 100 kΩ, respectivamente.

    Com a Equação 28, obtém-se L = 40 mH. Quando substituı́do na Equação

    25, o valor de R4 é dado por uma equação de segundo grau, sendo assim, possui

    duas respostas

    R4 =

    (–100269, 74

    269, 74

    ). (29)

    Como não é possı́vel um resistor negativo, a única resposta coerente é

    R4 = 269, 74 Ω. Com estes valores, é possı́vel ver sua resposta no MATLAB para

    conferir o ganho total do equalizador.

    -20

    -10

    0

    10

    20

    Magnitude (

    dB

    )

    101 102 103 104 105 106-90

    -45

    0

    45

    90

    Fase (

    deg)

    Diagrama de Bode

    Frequência (Hz)

    Figura 36: Resposta em frequência do equalizador bass com seuganho ajustado no máximo.Fonte: Autoria própria.

  • 3.2 Equalizador 50

    Como o ganho apresentado na Figura 36 esta acima do necessário, dois

    resistores de mesmo valor são adicionados (150 Ω), um em cada terminal externo do

    potenciômetro. Eles operam criando o efeito de que o potenciômetro não atinge seu

    valor mı́nimo e máximo, assim é possı́vel colocar um limite no ganho do equalizador

    para que fique dentro do padrão de 15 dB.

    Vi Vo

    3 k�

    3 k�

    10 k�

    300 �

    100 k�

    1,5 nF

    100 nF

    Figura 37: Equalizador gráfico com seus componentes definidos.Fonte: Autoria própria.

    Uma caracterı́stica apresentada pela topologia da Figura 37 é a inversão de

    fase. Esta caracterı́stica não necessariamente é um problema, porém, para conservar

    a polaridade absoluta do sinal é importante utilizar um circuito inversor (SELF, 2014).

    Neste trabalho para a inversão será utilizado um circuito apresentado na Seção 3.3 .

    Os resultados deste circuito no software LTspice são apresentados na Fi-

    guras 38.a)

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    106

    Frequência (Hz)

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    Magnitude (

    dB

    )

    Resposta em Frequência

    Frequência: 81.28

    Magnitude: 11.88

    Frequência: 81.28

    Magnitude: -11.88

  • 3.3 Fader 51

    b)

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    106

    Frequência (Hz)

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    Magnitude (

    dB

    )

    Resposta em Frequência

    Frequência: 1.202e+04

    Magnitude: 11.38

    Frequência: 1.202e+04

    Magnitude: -11.37

    c)

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    106

    Frequência (Hz)

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    Ma

    gnitu

    de

    (d

    B)

    Resposta em Frequência

    Frequência: 2512

    Magnitude: 16.63

    Frequência: 2512

    Magnitude: -16.62

    Figura 38: Resposta em frequência do equalizador.Fonte: Autoria própria.

    As frequências escolhidas também se situam na faixa desejada. Nas Figu-

    ras 38a e 38b é possı́vel observar um ganho 20% abaixo do esperado. Na 38c, mostra

    o ganho do equalizador mid 11% maior que o calculado.

    3.3 FADER

    Apesar de não parecer quando se observa externamente a arquitetura de

    um canal, a etapa do fader é anterior ao panpot. Isso porque é muito mais fácil e

    barato ter apenas um amplificador para o sinal proveniente do equalizador, do que

    dois para os sinais posteriores ao panpot.

  • 3.3 Fader 52

    Como descrito na Seção 3.2, nesta etapa é necessário inverter o sinal. Com

    isso em mente, as topologias sugeridas por Self (2014) para o ganho, não são viáveis

    pois seriam necessários dois amp-ops um deles com a função de amplificar o sinal e

    outro para inverter-lo.

    O circuito escolhido para esta etapa do canal é uma topologia que muitos

    livros de eletrônica demonstram, sendo um deles (BOYLESTAD; LOUIS, 2004), um ampli-

    ficador inversor. Além de ser utilizado em algumas mesas para fazer a soma de sinais

    segundo Self (2014), o que já traz uma confiança em sua eficácia, esta topologia

    também serviu como opção por apresentar uma THD muito baixa.

    Vout

    Vi

    R1

    R2

    Figura 39: Circuito amplificador inversor do fader.Fonte: Autoria própria.

    A equação do ganho do amplificador inversor é dada por

    VoVi

    = –R2R1

    , (30)

    o sinal negativo indica a inversão da polaridade doa entrada.

    Para obter o ganho de 10 dB, VoVi = 3, 16, assim é fácil equacionar os resis-

    tores pois R2 = 3, 16 × R1. São selecionados os valores R1 = 1 kΩ e R2 = 3 kΩ, poissão valores comerciais. O ganho passa a ser de aproximadamente 9,6 dB, levando a

    uma diferença de 0,4 dB em comparação ao estipulado, porém esta variação não é

    tão significativa na prática.

    Com o amplificador do fader já calculado é possı́vel escolher o potenciômetro

    deslizante. Para calcular o valor do potenciômetro deslizante exato, seria necessário

    obter todos os valores de impedâncias dos estágios anteriores e posteriores para en-

    contrar, assim, é decidido o valor de 20 kΩ e feito testes no simulador LTspice. No

    teste, foi possı́vel obter a seguinte tabela de valores, na qual a porcentagem é dada

    conforme a posição do potenciômetro deslizante em relação ao referencial, como mos-

    tra a Figura 40.

  • 3.3 Fader 53

    100%

    0%

    Figura 40: Relacionando o potenciômetro deslizante com sua por-centagem.Fonte: Autoria própria.

    Posição (%) Ganho (dB)

    100 9,56

    90 -0,3

    80 -4,9

    60 -10,2

    10 -19,43

    0 –∞

    Tabela 2: Tabela de comparação entre posição do potenciômetro deslizante e o ganhofinal do fader.Fonte: Autoria própria

    Entre o potenciômetro deslizante e o circuito amplificador inversor é colo-

    cado um filtro passa alta com frequência de corte em 0,0226 Hz e na saı́da desta

    etapa um capacitor de 47 μF. Ambos têm o intuito de evitar nı́vel CC na saı́da do

    canal.

    Vout

    Vi1 k�

    3 k�

    20 k�

    47 uF

    150 k�

    47 uF

    Figura 41: Circuito amplificador inversor do fader com seus com-ponentes.Fonte: Autoria própria.

  • 3.4 Panpot 54

    O resultado da simulação do fader com seu máximo ganho é apresentado

    na Figura 42

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4

    Tempo (s) ×10-3

    -5

    -4

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    5T

    en

    o (

    V)

    Entrada

    Saída

    Figura 42: Entrada e saı́da do fader com máximo ganho.Fonte: Autoria própria.

    Considerando a entrada do fader de 1,41 Vrms, a Figura 42 mostra que o

    ganho máximo é de 9,54 dB.

    3.4 PANPOT

    Das topologias mostradas na seção 2.11 a que mais se mostra interessante

    é a 26b por possuir menor número de resistores. Apesar do potenciômetro duplo

    ocasionar diminuição na amplitude do sinal quando este não está em seus extremos

    (todo o sinal passando para apenas um dos canais de saı́da). Esta diminuição da

    amplitude é de -6 dB, ela não é contabilizada no final do canal, porém, pode ser

    compensada com o uso da etapa anterior.

    O valor do potenciômetro duplo é independente pois sua funcionalidade

    esta ligada à sua proporcionalidade entre os dois potenciômetros. Sendo assim, é

    escolhido um potenciômetro duplo de 20 kΩ. Os resultados apresentados no software

    de simulação LTspice são mostrados na Figura 43.

  • 3.4 Panpot 55

    a)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4

    Tempo (s) ×10-3

    -0.8

    -0.6

    -0.4

    -0.2

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    Te

    nsã

    o (

    V)

    Saída Direita

    Saída Esquerda

    b)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4

    Tempo (s) ×10-3

    -1.5

    -1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    Te

    nsã

    o (

    V)

    Saída Direita

    Saída Esquerda

    c)

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4

    Tempo (s) ×10-3

    -1.5

    -1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    Tensão (

    V)

    Saída Direita

    Saída Esquerda

    Figura 43: Resultados do panpot no software LTspice.Fonte: Autoria própria.

    Na Figura 43a, o potenciômetro é posicionado ao centro, tornando as re-

    sistências iguais, ambos os sinais possuem a mesma amplitude. O giro do potenciômetro

    até seu extremo esquerdo (giro anti-horário) é observado na Figura 43b, na qual é

    possı́vel observar o aumento da amplitude no sinal da saı́da esquerda e a diminuição

    da amplitude no sinal da saı́da direita. O contrário ocorre ao girar o potenciômetro no

    sentido horário, como é observado na Figura 43c.

  • 56

    4 IMPLEMENTAÇÃO

    Neste capı́tulo são apresentados os resultados obtidos por uma plataforma

    experimental que é composta por uma fonte CC simétrica de bancada Instrutherm

    FA 3030, um gerador de função Rigol DG1022 e um osciloscópio Tektronix TDS 2012C.

    As placas de circuito impresso apresentadas na Seção 4.1 são de fenolite e o método

    utilizado para a impressão foi térmico.

    As imagens apresentadas neste capı́tulo foram obtidas com o osciloscópio.

    A função para gravar os dados possui um número limitado de pontos, a maioria das

    imagens apresentadas aqui foi de 2500 pontos.

    4.1 PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO

    Nesta seção são apresentadas fotos das placas de circuito impresso. Ape-

    sar do canal ser apenas um componente, foi escolhido a implementação em módulos

    para facilitar a obtenção dos resultados e em casos de modificação de um circuito, não

    haver a necessidade de alterar todas as etapas.

    a)

    +15 V

    GND

    -15V

    Entradas

    e GND

    Sa das

    Ajuste de ganho

  • 4.1 Placas de circuito impresso 57

    b)

    +15 V e -15V

    Entrada

    e GND

    Bass

    Sa das

    Treble

    Mid

    c)

    +15V

    -15V

    Sa das

    Fader

    Panpot

    Entrada

    GND

    Figura 44: Placa de circuito impresso. a) Pré-amplificador. b) Equa-lizador. c) Fader e PanpotFonte: Autoria própria.

  • 4.2 Resultados da implementação 58

    Os potenciômetros vistos na Figura 44 não são ideais para a utilização

    em equipamentos de áudio por conta de sua qualidade de construção e por conta

    disso sendo uma possı́vel causa de ruı́dos. A Figura 44a mostra o módulo de pré-

    amplificação, a Figura 44b o módulo de equalização e, por fim, a 44c apresenta o

    fader e a etapa de saı́da panpot.

    Na Figura 44a é possı́vel observar um cabo jack macho de 3,5 mm, utili-

    zado para testes com músicas. Por ser construı́do em módulos, a conexão do sinal,

    bem como a de alimentação, é feita por meio de cabos fêmea-fêmea para as etapas

    demonstradas nas Figuras 44b e 44c.

    4.2 RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO

    Com exceção dos resultados do equalizador, os quais necessitam a variação

    de frequência, os demais foram feitos seguindo a norma NBR 60268-3 ABNT (2010).

    Essa norma indica como referência de frequência o valor de 1 kHz.

    Os resultados do pré-amplificador são mostrados na Figura 45. As imagens

    apresentadas mostram os resultados para diferentes ganhos.

    a)

    Tempo (s) ×10-3

    -1.5

    -1

    -0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    Tensão (

    V)

    0 0.5 1 1.5 2

  • 4.2 Resultados da implementação 59

    b)

    -4

    -2

    0

    2

    4

    Tensão (

    V)

    Tempo (s) ×10-30 0.5 1 1.5 2 2.5

    Figura 45: Tensão de saı́da do pré-amplificadorFonte: Autoria própria.

    A Figura 45a mostra a saı́da do pré-amplificador com uma entrada de 150

    mVrms e o ganho ajustado para o valor de referência de saı́da do projeto, 1 Vrms,

    apresentado na Seção Em uma entrada do pré-amplificador é colocado um sinal de

    0,150 Vrms por meio de um gerador de função. O ganho do pré-amplificador para este

    caso é de 16,5 dB.

    Para obter a resposta da Figura 45b, o ganho é posicionado no máximo

    com uma entrada de 20 mVrms. O ganho máximo atingido pelo pré-amplificador im-

    plementado é de 52 dB. Devido à falta de equipamentos especı́ficos para este tipo

    de medição, não foi possı́vel obter o THD do circuito pré-amplificador para o ganho

    adotado no projeto de 16,5 dB. Analisando a transformada de Fourier (FFT - fast fou-

    rier transform), obtida com o osciloscópio, não é observável nenhuma componente

    harmônica que possa ser considerada como distorção, como pode ser visto na Figura

    46.

    0 1000 2000 3000 4000 5000

    Frequência (Hz)

    -50

    -40

    -30

    -20

    -10

    0

    10

    20

    Magnitude (

    dB

    )

    Resposta em Frequência

    Figura 46: Transformada de Fourier para 16,5 dB.Fonte: Autoria própria.

  • 4.2 Resultados da implementação 60

    Como não é possı́vel realizar a resposta em frequência como as apresen-

    tadas na Seção 3.4, se varia a frequência no gerador de função e é observada a

    variação de amplitude do sinal por meio de um osciloscópio. O resultado é anotado e

    adicionado a uma tabela. Essa tabela em seguida é transformada em um gráfico para

    melhor visualização.a)

    101

    102

    103

    104

    105

    Frequência (Hz)

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    Ma

    gn

    itu

    de

    (d

    B)

    Resposta em Frequência

    Frequência: 80

    Magnitude: 6.6

    b)

    101

    102

    103

    104

    105

    Frequência (Hz)

    -25

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    Ma

    gn

    itu

    de

    (d

    B)

    Resposta em Frequência

    Frequência: 80

    Magnitude: -14

    Figura 47: Resposta em frequência do equalizador bass.Fonte: Autoria própria.

    A Figura 47a mostra a resposta em frequência para o equalizador bass em

    seu ganho máximo. Atingindo o ganho de 6.6 dB em 80 Hz. Quando ajustado para

    seu menor valor, a magnitude do sinal é de -14 dB, o que equivale a 93% do resultado

    calculado.

  • 4.2 Resultados da implementação 61

    a)

    101

    102

    103

    104

    105

    Frequência (Hz)

    0

    5

    10

    15

    Magnitude (

    dB

    )

    Resposta em Frequência

    Frequência: 1.2e+04

    Magnitude: 12.9

    b)

    101

    102

    103

    104

    105

    Frequência (Hz)

    -15

    -10

    -5

    0

    Magnitude (

    dB

    )

    Resposta em Frequência

    Frequência: 1.2e+04

    Magnitude: -11.4

    Figura 48: Resposta em frequência do equalizador treble.Fonte: Autoria própria.

    Na Figura 48a é apresentado o resultado do equalizador treble com seu

    ganho máximo, atingindo 12,9 dB na frequência de 12 kHz, 86% do valor calculado e

    obtido na simulação. Quanto ao valor mı́nimo, se deu em -11,4 dB para a frequência

    de 12 kHZ.

    Apesar do filtro Baxandall não atingir os valores calculados e simulados,

    seu efeito é perceptı́vel aos ouvidos quando colocado um sinal de áudio. Além disso,

    os resultados mostram que as faixas de frequência estão dentro das esperadas para

    esta etapa de equalização.

  • 4.2 Resultados da implementação 62

    a)

    101

    102

    103

    104

    105

    Frequência (Hz)

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Ma

    gn

    itu

    de

    (d

    B)

    Resposta em Frequência

    Frequência: 2500

    Magnitude: 14

    b)

    101

    102

    103

    104

    105

    Frequência (Hz)

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    Ma

    gn

    itu

    de

    (d

    B)

    Resposta em Frequência

    Frequência: 2500

    Magnitude: -17.7

    Figura 49: Resposta em frequência do equalizador middle.Fonte: Autoria própria.

    A equalização de frequências médias funcionou dentro do esperado, como

    mostrado na Figura 49. O ganho máximo ficou apenas 6,7% abaixo do seu valor

    calculado e em sua maior atenuação ficou 18% acima do valor calculado.

    0 1 2 3

    Tempo (s) ×10-3

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    Tensão (

    V)

    Entrada

    Saída

    4 5

    Figura 50: Resultado de implementação do fader.Fonte: Autoria própria.

  • 4.2 Resultados da implementação 63

    O resultado da implementação do fader é observado na Figura 50. Para a

    obtenção da imagem o fader foi posicionado em seu maior ganho, referente ao 100%

    da Figura 40. A prática se mostrou coerente à simulação. O ganho final do fader

    é de 9,56 dB. A Figura 50 também apresenta a inversão de polaridade referente ao

    amplificador selecionado na Seção 3.3.

  • 64

    5 CONCLUSÕES

    A Seção 2.1 evidencia os diferentes nı́veis de amplitude dos sinais elétricos

    conforme a sua etapa no sistema sonoro. Essa amplitude é levada em consideração

    quando o objetivo é o processamento do áudio, seja por meio de equalizadores, am-