Projeto Final CRM

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FACULDADES BOM JESUS FAE BUSINESS SCHOOL A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO CRM COMO FERRAMENTA DE RELACIONAMENTO NO MERCADO B2B DE ELETROELETRÔNICOS

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FACULDADES BOM JESUS

FAE BUSINESS SCHOOL

A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO CRM COMO FERRAMENTA

DE RELACIONAMENTO NO MERCADO B2B DE ELETROELETRÔNICOS

CURITIBA

MARÇO 2004

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ÂNGELA SMANIOTTO

ELIANE CRISTINE FRANCISCO

LUIZ PEDRO G. PICAVEA

VALDECI FERREIRA RUIZ

A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO CRM COMO FERRAMENTA

DE RELACIONAMENTO NO MERCADO B2B DE ELETROELETRÔNICOS

Trabalho de pós-graduação apresentado à

Disciplina de Projeto de Curso das Faculdades

Bom Jesus - FAE Business School.

Prof. Ricardo Pimentel

CURITIBA

MARÇO 2004

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DEDICATÓRIA

A nós, pela união e dedicação do grupo...

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Page 4: Projeto Final CRM

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida e do conhecimento.

Ao professor Ricardo Pimentel pela dedicação e pelo privilégio de tê-lo como

orientador do nosso projeto.

À Electrolux do Brasil S.A pelo incentivo e permissão para a utilização de suas

informações e conhecimentos como base para nossa pesquisa.

Aos funcionários da Electrolux entrevistados que dedicaram atenção e tempo

contribuindo para com a qualidade e conclusão do projeto, sendo eles, Ricardo

Alberto Cons, Paulo Petroy, Erich J. Scwitzner e Waldir Lopes.

Aos que amamos cuja presença fortaleceu e incentivou-nos a acreditar na realização

deste projeto.

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EPÍGRAFE

“Os relacionamentos com fornecedores e varejistas devem ser considerados tão importantes quanto os relacionamentos com funcionários. Assim como os funcionários, os varejistas e revendedores geralmente são vistos como representantes da empresa aos olhos do cliente”. (BARNES, 2002 p.339)

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LISTA DE GRÁFICOS

Figura 1 - A EVOLUÇÃO DO MARKETING....................................................... 11

Figura 2 - MUDANÇA DO MARKETING............................................................ 14

Figura 3 - ORGANIZAÇÃO DO MARKETING................................................... 19

Figura 4 - SISTEMA SIMPLES DE ANÁLISE ................................................... 21

Figura 5 - SISTEMA NEURAL DE ANÁLISE .................................................... 21

Figura 6 - ESTÁGIO DE MATURAÇÃO DO DSS/DW CRM ............................. 24

Figura 7 - FLUXO DE INFORMAÇÃO .............................................................. 25

Figura 8 - DW ESCALÁVEL .............................................................................. 26

Figura 9 - PONTOS DE ENTRADA NO DW ..................................................... 28

Figura 10 - ESTRUTURA DE VALOR ................................................................. 32

Gráfico 1 - BALANÇA COMERCIAL DE PROD. ELETROELETRÔNICOS ....... 37

Gráfico 2 - EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES 2003 ........................................ 38

Gráfico 3 - ESCALA DE VALOR ........................................................................ 49

Gráfico 4 - RESULTADOS ESPERADOS .......................................................... 54

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LISTA DE SIGLAS

CRM - Customer Relationship Management

(Gerência de Relacionamento com Cliente)

B2C - Business to Consumer

(Relacionamento comercial com cliente final)

B2B - Business to Business

(Relacionamento comercial com outras empresas)

DW - Data Warehouse

(Banco de Dados)

ROI - Return on Investment

(Retorno de Investimento)

GED - Gerenciamento Eletrônico de Documentos

TI - Tecnologia da Informação

DSS - Sistema de Suporte de Decisão

EC - Diretiva Européia

OCDE (USA)- Organização Para Cooperação de Desenvolvimento Econômico

GE - General Electric

EVA´s - Ponto de Valor Econômico Adicionado

RH - Recursos Humanos

ABINEE - Associação Brasileira da Industria Elétrica e Eletrônica

FCT - Fabrica Curitiba

FSC - Fabrica São Carlos

FCIC - Fabrica CIC

FAM - Fabrica Amazônica

DISC - Divisão Interna de Serviço ao Consumidor

CUCA - Customer Care

(Cuidado com o Cliente)

ERP - Enterprise Requirement Planing

(Sistema de Administração de Empresa)

SAC - Serviço de Atendimento ao Consumido

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Page 8: Projeto Final CRM

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 011.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................... 051.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 051.3 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 071.3.1 Objetivos Específicos .................................................................................. 072. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA .................................................... 082.1 ANÁLISE DO AMBIENTE ............................................................................... 082.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO .......................................................... 102.2.1 Vantagens do Marketing de Relacionamento .............................................. 142.3 CRM – CUSTOMER RELATIONSHIP MANAGEMENT ………………………. 152.3.1 Vantagens do CRM ..................................................................................... 172.3.2 Quem é responsável pelo CRM ................................................................... 182.3.3 Requisitos e Pesquisa em DW (Data Warehouse) ...................................... 192.3.4 Estágios e Tipos de CRM ............................................................................ 222.3.5 Fatores Críticos de Sucesso ........................................................................ 282.3.6 Tecnologia da Informação no CRM ............................................................. 292.3.7 Valor Econômico do CRM ........................................................................... 292.3.7.1 Construindo o Valor do Cliente ................................................................. 332.3.7.2 Mensurando o Valor do Cliente ................................................................ 342.3.8 O CRM como Estratégia .............................................................................. 353. METODOLOGIA ............................................................................................... 373.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................... 373.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................... 383.2.1 População e Amostra .................................................................................. 383.2.2 Dados: tipo de coleta e tratamento .............................................................. 384. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.................................................. 394.1 O MERCADO DE ELETROELETRÔNICOS .................................................. 394.2. O CRM EM QUESTÃO: O CASO DA EMPRESA ELECTROLUX ................ 414.2.1 Histórico da Empresa.......... ........................................................................ 514.2.2 Divisão de Produtos na Electrolux do Brasil S.A ......................................... 524.2.3 Alguns Números sobre a Electrolux do Brasil S.A........................................ 525. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 536. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 55APENDICEANEXO

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INTRODUÇÃO

Considerando o momento de extrema competitividade, a diferenciação dos

produtos e serviços se torna cada vez mais importante. O consumidor exige

qualidade, prazo e vantagens que pressionam as empresas a estarem sempre se

desenvolvendo e criando estratégias de melhorias nos produtos e serviços. Segundo

pesquisa publicada na HSM Management de março/abril de 2003, nos EUA 80% dos

novos produtos fracassam. Deste número, Roger Blackwell (2003) descreve as

etapas do processo de decisão de compra afirmando que em todas elas, o foco deve

estar voltado ao consumidor, ou seja, é ele quem “dita” as regras, e, se a empresa

quiser conquistá-lo e se manter no mercado, além de atender as necessidades, ela

deve superar as expectativas.

Neste contexto, todos os segmentos da empresa devem estar trabalhando

para atender da melhor forma este agente mantenedor da empresa. Luis Carlos de

Assis (editor do anuário de call center e CRM 2002) afirma que se retomou um

momento em que o conceito de CRM deve estar presente na cultura da empresa.

“A satisfação do cliente está na base dos mais modernos enfoques de

administração” (MAXIMIANO, 2000, p. 381). Em análise sobre o pensamento

sistêmico1 de administração, Maximiano relaciona na estrutura de ambientes –

imediato e macroambientes – focos de atenção para o administrador. São eles:

Ambiente imediato – Mercado e Clientes, Concorrência, Fornecedores,

Distribuidores, Concessionárias, Sindicatos, Empregados e Associações de classe;

Macroambiente – Tecnologia, Ambiente, Legislação e Instituições, Economia,

Demografia e Sociedade.

Este enfoque oferece subsídios para se compreender a importância de

valorizar relacionamentos no ambiente imediato, visto que ele é composto por itens

vitais a qualquer organização.

Estudar mercado e clientes (relações B2C), fornecedores e distribuidores

(relações B2B) e as relações ou tipos de relacionamentos que podem ser

melhorados, ampliam a atuação e posicionamento de uma empresa no mercado.

1 “a idéia de sistema-elemento que interagem e se influenciam, agregados em conjunto ou todos complexos – é a essência do enfoque sistêmico. É a idéia simples, mas de grande influencia da formação intelectual do dirigente e de todos os tipos de profissionais do mundo moderno. O enfoque sistêmico oferece ao administrador uma visão integrada das organizações e do processo administrativo, e uma ferramenta para organizar sistemas que produzam resultados” (MAXIMIANO, 2000 p. 369)

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Page 10: Projeto Final CRM

Considerando ainda a competitividade de mercado, faz-se cada vez mais

importante e desejável a qualquer empresa relacionamentos duradouros com

clientes, fornecedores e distribuidores para sua longevidade.

No entanto, REICHHELD (1996), quando fala em estratégia da lealdade,

menciona que relacionamentos com clientes são muito questionados sob o ponto de

vista da real eficiência e resultados. A exemplo de empresas estadunidenses, o

autor retrata que em média, há uma perda de metade dos clientes em cinco anos,

rotatividade/perda de metade dos funcionários em quatro anos e metade dos

investidores em um ano.

Em breve análise deste exemplo, proporcionar a devida atenção aos

clientes/fornecedores é uma questão estratégica e sistêmica, se todos os elementos

que podem intervir em resultados forem analisados. Depende da visão de curto,

médio e longo prazo da organização em questão. Uma relação oportunista e

especulativa pode se encaixar em situações em curto prazo, mas tais atitudes se

tornam barreiras para outras possíveis ações duradouras.

O sistema de valor, pode ser compreendido, ainda segundo REICHHELD

(1996) em três dimensões: a lealdade do cliente, a lealdade do funcionário e a

lealdade do investidor:

A criação de valor para os clientes constitui o alicerce de qualquer sistema de negócios bem sucedido. A criação de valor para o cliente gera lealdade e essa, por sua vez, gera crescimento, lucros e mais valor. (...) o lucro obviamente, é indispensável, mas é uma conseqüência da criação de valor que, junto com a lealdade, compõe a verdadeira essência de qualquer instituição comercial duradoura e bem sucedida. (REICHHELD, 1996, p.3).

O autor ainda comenta que a chave para diminuir baixas no estoque e

aumentar os lucros, é gerenciar um sistema virtuoso de lealdade, aprendizado e

criação de valor.

O foco deste estudo – CRM (Customer Relationship Management), pertence a

este contexto considerando que ele é um processo estratégico para os sistemas de

satisfação de clientes e lucratividade.

A preocupação do relacionamento com clientes e conseqüentemente no

sistema de cadeia de valor têm-se intensificado entre empresas de médio e grande

porte, segundo pesquisa realizada no Brasil no primeiro semestre de 2003 pelo

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Instituto Peppers and Roggers Group, e divulgada na HSM Management número 38

em 2003.

Em busca por diferenciais como satisfação, preferência, lealdade e aumento

de receita, muitas empresas brasileiras estão se preocupando em investir em

relacionamento, ou mais especificamente, em CRM.

Segundo a pesquisa mencionada, cerca de 72% das (106 empresas

analisadas por processo aleatório), mencionaram o CRM como estratégia/filosofia, e

apenas 14% relacionaram este processo à lucratividade, retorno ou rentabilidade.

Outro dado relevante é que entre 33% das empresas que não souberam definir

claramente o conceito de CRM, 13% afirmaram posteriormente que utilizam um

programa formal de relacionamento com clientes.

Esta pesquisa revelou ainda que as empresas de maior porte, tem iniciado ou

tem interesse em iniciar um programa de CRM entre o período de 2003 a 2005. As

empresas de serviço destacam a adoção do sistema em 42% dos casos, o

comércio/varejo 25% e setor atacadista 6%. Os dados afirmam a preocupação em

oferecer subsídios para cada vez melhorar o atendimento e o relacionamento da

empresa e contratos duradouros. A proporção por foco comercial (B2B e B2C),

demonstrou interesse e importância em ambos tipos de comércio, apresentando

uma inclinação maior para o B2C.

A afirmação acima revela que “ainda se observa uma concepção equivocada

de que o CRM é especialmente indicado para lidar com o consumidor final. Em

geral, empresas B2B possuem clientes em menor quantidade – não se fala em

número de clientes na casa dos milhões como empresas de telefonia, por exemplo –

e isso, as leva a acreditar que já possuem relações próximas com eles,

principalmente na área de vendas técnicas” (HSM Management nº38 p.51)

No entanto, o instituto Peppers and Rogers Group afirma que, considerando

valores transacionados, a complexidade dos contatos e níveis de personalização

exigidos de clientes para funcionários da empresa e fornecedores, claramente

justifica a adoção de programas mais formais de relacionamento. E ainda,

comparando com pesquisa semelhante em 2001, é perceptível o amadurecimento

deste mercado.

Entre os pesquisados, as informações são realizadas prioritariamente por call

centers (54%), canais de venda (48%) e vendas diretas (44%). Eventos e

comunicações por e-mail/site também foram mencionados.

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A profundidade das informações em 74% dos casos ainda diz respeito a

vendas (e segundo SWIFT se encontram nos primeiros estágios do DW CRM), mas

a tendência em ampliar estas informações em médio prazo (3 anos, segundo a

pesquisa), é visível.

O objetivo mais apontado do CRM foi à busca da satisfação dos clientes,

seguido de lucratividade por cliente, participação no cliente e retenção de clientes.

Entretanto, das empresas que possuem um programa formal, em 50% não é medido

o resultado do investimento.

Este fato é um fator crítico na implantação deste sistema. Afinal, num primeiro

momento, deve haver na empresa consciência, valores e cultura organizacional

voltada à importância do cliente. Depois, suporte à tecnologia e treinamentos

(investimentos). Ao final, o ROI2 (Return On Investment) deve aparecer como bens

tangíveis. O relacionamento por se tratar de um bem intangível, dificulta a

mensuração do retorno, mas para o sucesso do sistema deve haver equilíbrio e

atenção ao se analisar os resultados como será comentado neste estudo.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

2 Retorno sobre investimento

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Considerando os benefícios apontados pela teoria do CRM (Customer

Relationship Management), quais os resultados esperados pelo fabricante do ramo

de eletroeletrônicos de Curitiba – Electrolux, ao implantar a referida ferramenta?

1.2 JUSTIFICATIVA

O relacionamento no mercado B2B fortalece a empresa sob o aspecto da

qualidade, integridade e imagem (entre outros) de produtos e serviços. Certamente o

Mc Donald´s não teria se emancipado tanto nos diversos países em que está

presente se em cada pedido, a batata frita viesse diferente (umas mais crocantes,

outras murchas, etc) e se em cada vez que o consumidor comprasse na loja um

hambúrguer, ele viesse com o sabor e consistência diferentes. Os consumidores

sabem o que querem e aonde encontrar.

Neste simplificado exemplo já é possível compreender a importância do

relacionamento B2B para a empresa. “Apenas empresas centradas nos

consumidores são adeptas em criar consumidores e não apenas produtos. São

habilitadas em engenharia de mercado, não engenharia de produto.” (KOTLER,

1998, p.50)

O CRM oferece subsídios para a empresa orientar seu foco no consumidor e

através dele buscar soluções que o satisfaça. Desta forma, todo esforço para

conquistar o cliente e mantê-lo encontra-se no valor que a empresa oferece e o

cliente percebe.

No exemplo citado, o Mc Donalds apresenta uma preocupação especial com

seus clientes ao garantir a integridade dos produtos a serem oferecido.

Segundo KOTLER (1998) a premissa para um cliente (tanto para o mercado

B2B como B2C) é a de que: valor entregue ao consumidor é a diferença entre o

valor total esperado e o custo total do consumidor. Valor total para o consumidor é o

conjunto de benefícios esperados por determinado produto/serviço. Custo total do

consumidor é o conjunto de custos esperados na avaliação, obtenção e uso do

produto/serviço.

Num exemplo citado pelo autor, supostamente um comprador que deseja

adquirir um caminhão, dirige-se a duas empresas: Caterpillar e Komatsu. Avalia

tecnicamente ambas em termos de confiabiliadade, durabilidade e desempenho. Em

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Page 14: Projeto Final CRM

princípio as marcas apresentam produtos semelhantes. A diferença percebida foca-

se no atendimento obtido, e ao final soma valores de quatro fontes para fazer sua

decisão: produto, serviço, funcionário e imagem. Ao final o cliente percebe qual

oferece ‘maior valor total ao consumidor’ e o ‘custo total do consumidor’. “O preço

real de algo envolve o esforço de sua aquisição” (SMITH, Adam apud KOTLER,

1995, p.53)

Oferecer produtos com qualidade, atendimento diferenciado, ambiente

preparado, entre outros, buscam a satisfação3 do consumidor. A alta satisfação ou o

encantamento cria afinidade emocional e não apenas preferência racional.

Embora o assunto não tenha a pretensão de se estender em satisfação, é

importante ressaltar que a implantação do programa de Satisfação Total do

Consumidor, é criar uma cultura empresarial em que todas as pessoas da empresa

estejam dispostas a encantar o consumidor. Essa cultura é o desafio do CRM.

As ferramentas comumente utilizadas para rastrear e mensurar a satisfação

do consumidor foram: sistemas de reclamação de reclamação e sugestão,

levantamento dos níveis de satisfação, compra fantasma (chek up do atendimento) e

análise de consumidores perdidos (quantidade, perfil, motivo da experiência

negativa).

A proposta base do CRM é disponibilizar estes dados de forma integrada,

inteligente, formando histórico e previsões de compra.

No mercado B2B, além das relações de negócios entre empresas, torna-se

cada vez mais evidente que na ponta do processo deve estar o consumidor final, de

forma que a relação B2B deva caminhar para uma Rede de entrega de Valor.

Segundo KOTLER (1998) para uma empresa ser bem sucedida ela também

precisa examinar as vantagens competitivas além de suas próprias operações nas

cadeias de valor dos seus fornecedores, distribuidores e consumidores. A exemplo

segue o modelo da Levi Strauss:

Du Pont (fibras) – Milliken (tecido) –Levi´s (roupas) – Scors (varejo) – Consumidor

Neste modelo a Levi´s agrega valor em seus produtos por assegurar na

cadeia produtiva matéria-prima de qualidade e distribuição adequada.

3 Entenda-se satisfação pelo “sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado do produto em relação às expectativas da pessoa/empresa.” (KOTLER, 1998, p.53)

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Segundo Ronald Swift (2001), os benefícios do CRM podem ser classificados

em seis principais fatores: 1. Menores custos de recrutamento de clientes; 2. Manter

negócios; 3. Menor custo de vendas/propaganda para captação de novos clientes; 4.

Maior lucratividade por cliente; 5. Retenção de lealdade e 6. Avaliação da

lucratividade por cliente.

Este estudo pretende observar nos conceitos e aplicações do CRM, como o

empresário percebe sua necessidade e utilidade nas melhorias de negócios para a

sobrevivência de sua empresa. Para isto, será pesquisada uma fabricante do ramo

de eletroeletrônico em Curitiba – a Electrolux - a fim de descobrir, na prática, quais

são os resultados esperados por esta ferramenta.

1.3 OBJETIVO GERAL

Relacionar os benefícios apontados pela teoria de CRM (Customer

Relationship Management), com os resultados esperados por um fabricante do ramo

de eletroeletrônico de Curitiba – a Electrolux.

1.3.1 Objetivos Específicos

a) Conceituar o Marketing de Relacionamento;

b) Identificar os benefícios do Marketing de Relacionamento;

c) Conceituar CRM sob o ponto de vista teórico;

d) Estabelecer os benefícios de implantação do CRM;

e) Descrever o processo de implantação do CRM;

f) Apontar conceitos de ROI (Retorno sobre Investimento)

g) Conhecer a postura de um fabricante do ramo de eletroeletrônico de Curitiba

frente aos conceitos e aplicabilidades do CRM;

h) Conceituar o Valor do Cliente

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

2.1 ANÁLISE DE AMBIENTE

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A informação é uma ferramenta chave para a tomada de decisão em marketing. Investir em informação é obter conhecimento. E o conhecimento é a base para o sucesso no mundo dos negócios. (COBRA, 2003, p.58)

Numa economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva. No entanto, poucos gerentes compreendem a verdadeira natureza da empresa que cria conhecimentos – e muito menos sabem gerenciá-los. (NONAKA, 2000, p.27)

A informação e o conhecimento, segundo COBRA(2003) e NONAKA (2000)

são essenciais ao mundo dos negócios. Neste contexto, além do conhecimento

formal e sistemático, onde somente dados quantificáveis são considerados, ele

também pode ser obtido de outras formas, como a experiência, a pesquisa (e

conseqüente análise), entre outros.

A gestão do conhecimento pode ser compreendida como o processo de criar,

armazenar, disseminar e utilizar eficazmente o conhecimento na organização. “A

empresa criadora de conhecimento envolve tanto idéias quanto ideais.” (NONAKA,

2000, p.31)

Segundo este autor, há duas formas de dividir e compreender o

conhecimento: tácita ou explícita. A primeira confere características mais técnicas,

práticas. A segunda, características de análise e percepção.

Este tipo de gestão oferece troca, criação e continuidade no conhecimento

gerado pela empresa. Não há limites para esta abordagem. Todas as informações

(técnicas, de pessoal, tecnológica, cultural, etc) são válidas e devem ser analisadas

com a preocupação de busca de melhorias e crescimento.

O conhecimento é um processo dialético. Deve ser estimulado e cultivado no

ambiente organizacional com objetivo de inovações gerenciais e comerciais. Dos

vários exemplos citados por Nonaka (2000), como a Cânon, melhorias tácitas, são

citadas em maior quantidade, e se a empresa deseja crescer de forma sistêmica

(como um todo), deve dar atenção ao conhecimento de seu micro-ambiente

(mercado, clientes, concorrentes, fornecedores, etc).

A dimensão tecnológica neste ambiente de conhecimento constitui o centro

das questões da empresa em um momento dinâmico e interativo. “É importante

considerar que a tecnologia deve ser aplicada de forma integrada e sistêmica à

organização.” (ANGELONI, 2002, p.155)

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Page 17: Projeto Final CRM

As variáveis consideradas para a engenharia do conhecimento são: redes de

computadores (Internet, intranet e extranet), GED (Gerenciamento eletrônico de

documentos), workflow4 e data warehouse.

O conhecimento é fonte de vantagem competitiva, “não pode ser copiado da

forma como outros ativos materiais e físicos podem”. (PEREIRA apud ANGELONI,

2002, p.157) No entanto, o uso de tecnologia e recursos tecnológicos em geral não

garante resultados eficazes. “As pessoas são consideradas fundamentais à

consecução dos objetivos empresariais relacionados à gestão do conhecimento e ao

uso de tecnologias para este fim”. (PEREIRA apud ANGELONI, 2002, p.158)

Quando se fala em micro-ambiente, e mais especificamente, em clientes,

Pereira afirma que “a capacidade de conexão da empresa com seus diversos

públicos tem influenciado de forma direta o desempenho e o sucesso das

organizações, sejam elas públicas ou privadas”. (PEREIRA apud ANGELONI, 2002,

p.167).

Essa capacidade de relacionamento é uma base segura de informações para

a criação e modificação de novos produtos/serviços, suporte à venda, e

conseqüentemente ao crescimento e lucratividade da empresa.

O apoio para a interação entre empresa x cliente (B2B ou B2C), ocorre

tecnicamente pelo DW (Data Warehouse), que é conceituado por Pereira como um

banco de dados que armazena informações (extraída de diversas fontes) sobre

operações (vendas, compras, etc.) da empresa e que oferece enfoque histórico

como suporte à tomada de decisão.

É importante segundo este autor, que este sistema permita flexibilidade ao

usuário no cruzamento de dados, e cobertura/abrangência por toda a empresa. A

interação oferecida pelo DW “permite uma visão sistêmica, contemplando a

organização toda” (PEREIRA apud ANGELONI, 2002, p.174).

Este autor ainda afirma que a implantação de um DW e formas de interpretá-

lo necessita de algumas mudanças e/ou adaptações nas estruturas organizacionais,

como cultura (valorização do conhecimento), treinamentos (preparação dos

usuários) e desenvolvimento de softwares/sistemas (personalizados).

4 “workflow é a tecnologia que possibilita automatizar processos, racionalizando-os e potencializando-os por meio de dois componentes: organização e tecnologia. Dessa forma permite à organização sistematizar o fluxo de documentos, tornando acessível aos colaboradores o conhecimento de uma rotina”. (“PEREIRA” in. ANGELONI, 2002, p.166)

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Page 18: Projeto Final CRM

Neste contexto de mudanças, tendências, informação e conhecimento, o

CRM se faz necessário nas organizações no momento em que elas buscam

diferenciação, competitividade, melhorias e satisfação dos clientes. É relevante

lembrar que no Brasil, segundo a pesquisa do instituto Pepper and Rogers group,

das empresas pesquisadas a diferenciação através da satisfação, conseqüente

conquista de clientes e aumento de receita, foi o item mais citado como meta de

seus investimentos em 2003 e nos próximos anos.

Este dado, sob o ponto de vista administrativo, pode ser compreendido como

investimento em conhecimento, informação, análise e interpretação do micro-

ambiente, personalização de produtos/serviços e longevidade organizacional. É uma

análise sistêmica que permite a empresa identificar os pontos que merecem maior

atenção, para atingir um equilíbrio de conhecimento e reconhecimento no mercado.

2.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO

  

Conhecimento, informação e Relacionamento. Estas palavras devem

caminhar sempre juntas no mundo organizacional. A evolução do marketing em

direção ao relacionamento tem-se mostrado em franco desenvolvimento como um

dos mais eficientes recursos de consolidação de marcas. 

Essa nova visão do marketing mostra que a orientação para vendas já não

terá um futuro tão próspero quanto se imaginava alguns anos atrás, apesar de ainda

existirem muitas empresas voltadas para venda. O marketing voltado ao cliente,

aparece como um desafio na ‘nova forma de vender’, muito mais preocupada em

reter do que simplesmente efetuar a compra, mostrando o quanto essa empresa

está preocupada com o consumidor, com o que ele gosta, assim fazendo com que

ele volte sempre e se torne muito mais rentável.

Denise Von Poser em citação na obra Customer Realtionship Management -

CRM, Conceitos e Estratégias, explica que a excelência em produtos aliada aos

melhores preços não é mais diferencial competitivo no mercado mundial,

considerando a enorme concorrência em serviços e produtos, ainda afirma que o

consumidor não quer mais ser um número. Desde os anos 90 essa tendência voltou

com muita força, e agora o consumidor moderno procura saber também qual o papel

social, ecológico, cultural, entre outros na empresa.

Essa evolução do marketing pode ser vista no gráfico:

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Figura 1 Fonte: BARNES, 2002, p.14

Segundo BARNES (2002), o conceito de relacionamento não é algo recente,

mas está sendo resgatado atualmente:

O Marketing de relacionamento não é novo. Os princípios que lhe servem de base representam a essência do marketing, cujo foco reside em conceitos como confiança e compromisso. É algo anterior à visão de meados do século XX, segundo a qual o marketing é um conjunto de ferramentas relacionadas a produto, preço, distribuição e promoção. Se aceitarmos o principio de que a meta principal das atividades de marketing é a satisfação do cliente, e que essa satisfação é alcançada através da criação de valor para o cliente, muitas pequenas empresas, então, vêm praticando o marketing de relacionamento há séculos, sem perceber o que, de fato, estão fazendo. (BARNES, 2002, p.3)

Dessa forma entramos numa nova forma de ver nossos clientes/fornecedores

onde novos conceitos são necessários para melhorar a mensuração desses

‘clientes’ e os resultados desse processo.

Neste contexto, alguns termos vão aparecendo na literatura definindo a

importância das ações voltadas ao consumidor no Marketing de Relacionamento,

como o Lifetime Value do consumidor5.

No passado, os profissionais de marketing procuravam compreender em

análises às compras do consumidor, qual é a receita e o efeito no lucro de cada

compra realizada.

O novo modelo exige que se olhe o consumidor –atual e potencial – com base

em todas as compras que se espera que ele realize durante a sua vida. Um viajante

a negócios, por exemplo, pode gastar mais que 500 mil dólares em compras de

5 Lifetime value – Valor do tempo de vida ‘útil’ do consumidor x empresa

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Page 20: Projeto Final CRM

passagens durante a sua vida. Essa perspectiva de longo prazo é fortemente

responsável pela ênfase nova no "relacionamento".

Outro conceito importante é o de Custo de retenção versus Custo de

aquisição. Este é o princípio de se estreitar relações nas relações B2B por exemplo,

onde a perda de um cliente/fornecedor pode significar falência à empresa.

No marketing de relacionamento uma relação percebida com muita evidência

é demonstrada pela Lei de Pareto. Essa lei segundo KOTLER (1998) assegura que

80% (ou alguma desproporcionalmente alta percentagem) de um dado efeito é

causado por meramente 20% (ou alguma desproporcionalmente baixa percentagem)

de variáveis relevantes. Em termos de marketing, a Lei dos 80-20 significa que 80%

das receitas de uma empresa são geradas provavelmente por apena 20% dos seus

consumidores. O marketing de relacionamento permite identificar essa "elite" e

recompensá-los com reconhecimento e benefícios compatíveis com a contribuição

que dão para a receita.

Alguns consumidores se dispõem a enfrentar congestionamento, ir mais longe

e até pagar mais caro por um produto ou serviço só porque uma pessoa do seu

relacionamento recomendou.

Ao invés de gastar milhões em mídia, é muito mais eficiente quando um

cliente que tem uma boa lembrança da empresa, faz uma recomendação. Esta

atitude promove a pelo prospect6, onde segundo Barnes :

Eles fazem uma propaganda positiva boca a boca. Os clientes antigos e fiéis são uma fonte de propaganda gratuita. Eles passam a ser embaixadores da empresa, ou o que alguns autores chamam - marketeiros em regime de meio expediente. As referencias de amigos e familiares são poderosos avais para o produto e serviço de uma empresa, em geral, levados mais a sério e dignos de maior credibilidade do que as comunicações pagas transmitidas pela empresa. À medida que os clientes recomendam uma empresa para outras pessoas, a empresa conquista um novo potencial de ganhos e oportunidades para formar novos relacionamentos com seus clientes. (BARNES, 2002, p.41)

As empresas estão descobrindo e valorizando o fato de que investir numa

comunicação mais direcionada ao diálogo aproxima o cliente, diminui os custos com

mídias excessivas de massa, contribui de forma efetiva para a concepção e

aprimoramento de produtos e serviços, além do fato que Clientes podem atrair com

muito mais eficiência outros Clientes.

6 prospect – clientes potenciais para uma empresa

20

Page 21: Projeto Final CRM

O Marketing de Relacionamento oferece cinco passos estratégicos para se

iniciar, manter e renovar relacionamentos. São eles: Inscrição; Ativação do Cliente;

Retenção do Cliente; Maximização do Share of Customer e Recuperação do cliente.

A inscrição é o início lógico e cronológico de qualquer programa de

relacionamento porque resulta na criação de um arquivo de cliente para o

fundamento de todas as futuras atividades de fidelização: acompanhamento,

análise, comunicação e ofertas dirigidas.

Tendo inscrito um consumidor potencial em um programa de fidelização, o

próximo passo é estabelecer comunicações regulares (newsletters, extratos e malas

diretas), desenhadas para aumentar o ‘awareness’ (reconhecimento da marca) e,

em última instância, induzir à experimentação. Ativação é um marco importante no

relacionamento consumidor-empresa porque os ganhos (pontos, milhas, selos) da

primeira compra podem ser suplementados com ganhos de compras futuras de

forma a alcançar os prêmios estabelecidos pelo programa.

A Retenção de clientes (terceiro passo) é a meta principal do marketing de

relacionamento, considerando que seja menos dispendioso reter um cliente atual do

que desenvolver um novo. Dessa forma se um programa de fidelização é bem

sucedido em proteger uma porção importante da base de clientes de uma empresa,

terá feito uma real contribuição para a produção de receitas com excelente custo-

benefício.

Em seguida, aponta-se a maximização do share of customer, pela mesma

lógica da eficiência que rege as estratégias de retenção: o marketing de

relacionamento procura aumentar a fatia que o consumidor dedica à empresa em

sua categoria.

O quinto passo considera que o banco de dados dos clientes por estar na

base de um programa de relacionamento, permite não apenas identificar os clientes

ativos mas também aqueles que pararam de usar ou diminuíram significativamente o

uso dos produtos e serviços de uma empresa. O passo ‘recuperação de clientes’

tem por meta reativar e recuperar, ou ao menos identificar os motivos da mudança e

prevenir próximas decisões.

Estes passos oferecem subsídios ilustrativos para se iniciar um processo de

CRM, desde que a empresa no ambiente da cultura organizacional esteja preparada.

2.2.1 Vantagens do Marketing de Relacionamento

21

Page 22: Projeto Final CRM

As empresas que estão investindo no Marketing de Relacionamento sabem

que em cada contato com o Cliente é possível conhecê-lo melhor, a fim de

desenvolver ações que façam com ele sinta-se especial, transformando

desconhecidos em consumidores, consumidores em Clientes, e Clientes em amigos

que recomendam para outros amigos.

A excelente relação custo x benefício dos investimentos direcionados a

Marketing de Relacionamento é comprovada por empresas de diversos segmentos.

A tese é simples e direta: é duas vezes mais barato manter o cliente conquistado do

que investir na abertura de novos mercados.

Um histórico de relação entre fornecedor e empresa é muito importante.

Saber o quanto e em que se investe/compra, como essa compra é efetuada, entre

outras questões relevantes ao cliente, ao negócio e a empresa, segundo VAVRA

(1993) é estabelecer um banco de dados que valorize o vínculo do pós-marketing

pelo reconhecimento e pela relevância. Desta forma tem-se segundo o autor a

seguinte divisão:

Figura 2 fonte: VAVRA, 1993, p. 57

Porém ainda assim, segundo Barnes, o banco de dados não garante um

relacionamento real. Certamente este processo disponibiliza grandes ferramentas

aos funcionários das empresas, tais como padrão de gastos e o estilo de

vida/negócio de cada cliente, além de informações úteis para que se inicie e se

mantenha contato com os clientes, oferecendo uma grande contribuição para

satisfação do cliente:

...o gerenciamento de relacionamento com clientes a partir de uma visão e de uma abordagem adeptas de banco de dados fica aquém de nossa meta de estabelecer relacionamentos genuínos. A manutenção de um banco de dados de clientes, em si e por si só, não torna um relacionamento com o cliente artificial ou falso, mas

22

Page 23: Projeto Final CRM

certamente garante a formação de um relacionamento genuíno. (BARNES, 2002, p.179)

Na busca pelo relacionamento com o cliente surge o processo de CRM -

Customer Relationship Management que busca integrar tecnologia de informação ao

relacionamento, pela facilidade de cruzamentos e obtenção de dados.

2.3 CRM – CUSTOMER RELATIONSHIP MANAGEMENT

O atendimento ao cliente é fator crucial para manter uma empresa competitiva

em seu mercado. As corporações procuram maneiras diferentes de reter seus

clientes com o objetivo de gerar lealdade e na esperança de aumentar ainda mais

sua carteira de clientes por indicações e referências positivas.

As centrais de atendimento abriram caminho para uma nova geração de

canais de acesso chamados de ‘centrais de atendimento’, onde os clientes escolhem

o canal que querem usar para falar com a empresa – telefone, e-mail ou Web sites.

Porém, segundo BRATZKE, (2000, p. 24), mesmo quando a empresa faz o

atendimento e registra os dados sobre um contato telefônico, dificilmente essas

informações são usadas no próximo contato com o cliente.

O que freqüentemente acontece é que a equipe de atendimento ao cliente

nem sempre é treinada de forma adequada para ser suficientemente rápida. Como

os funcionários representam 70% dos custos, a maior parte das empresas vê a

central de atendimento como despesa e não como investimento.

Com ferramentas efetivas para treinamento de agentes, e novas técnicas de

monitoração, torna-se mais fácil para as empresas garantirem um atendimento de

qualidade ao cliente  em seus centros de contatos. Implementando tecnologias

eficientes de monitoração, é possível gravar interações feitas através de vários

canais de comunicação, avaliar a qualidade do atendimento ao cliente e estabelecer

padrões de qualidade que satisfaçam o mais exigente dos consumidores. No

mercado B2B pode-se acrescentar ainda que o histórico das negociações (políticas

23

Page 24: Projeto Final CRM

praticadas em preços, descontos, sistemas de qualidade, entre outros) são bases

para o sucesso de intervenções futuras.

Assim sendo “a tecnologia de CRM oferece a infra-estrutura, pois Customer

Relationship Management ou Gerenciamento do Relacionamento com os Clientes,

como o próprio nome indica, é a integração entre o marketing e a tecnologia da

informação”, (BRATZKE, 2000, pág. 29).  

O trabalho de SWIFT (2001) inicia buscando definir o entendimento e a

classificação que se faz sobre cliente. O objetivo é compreender quem são e como

manter um relacionamento sadio, e conseqüentemente, um negócio rentável e

durável.

O autor divide os clientes em quatro grandes grupos: 1. Clientes: “cliente de

varejo que compra o produto ou serviço final. Normalmente um indivíduo ou família”

(SWIFT, 2001, pg 3); 2. Empresas para empresas: O comprador usa seu produto em

um outro produto para vender; 3. Canal distribuidor ou franquia; 4. Cliente interno:

pessoa ou unidade de negócio dentro da empresa que precisa do seu

produto/serviço para obter sucesso nos próprios objetivos do negócio.

Esta divisão possibilita a percepção da necessidade de entender quem é o

cliente, o que ele busca e como quer e deve ser atendido. O CRM, portanto, “baseia-

se na premissa, atualmente bem conhecida, que custa menos manter os clientes

atuais do que obter novos – na realidade, cinco vezes menos.” (SWIFT, 2001, pg.8)

A gerencia de relacionamento com Clientes pode ser compreendida como

uma abordagem empresarial que objetiva entender e influenciar o comportamento

dos clientes, por meio de informações que valorizem e auxiliem na comunicação,

melhorando e otimizando compras, retenção, lealdade e lucratividade. O autor

afirma que não existe um conceito único para CRM. Cada empresa deveria ter o

seu, considerando que a premissa é gerir voltando-se ao cliente, buscando

satisfação, melhoria e lealdade.

A ‘chave’ deste conceito portanto, está no relacionamento, na forma como a

empresa estabelece com o cliente uma via de mão dupla. SWIFT afirma que sem

dados históricos, transações detalhadas, comunicações focalizadas e categorizadas

dos clientes, um relacionamento não pode ser efetivamente mantido.

Segundo o autor, o CRM engloba a capacidade de uma organização em

descobrir e conhecer clientes, manter comunicação com eles, assegurar que eles

recebam o que desejam (produto, atendimento), verificar se houve satisfação (se o

24

Page 25: Projeto Final CRM

cliente recebeu o pedido e como recebeu) e assegurar que as vendas prosperaram

(o cliente foi mantido e continua comprando).

Ao entender os tipos de clientes, o CRM também auxilia a ‘calibrar o tiro’ dos

esforços de comunicação, buscando identificar e valorizar os clientes mais

lucrativos. “A gerência bem sucedida no relacionamento com os clientes, significa

aprender os hábitos e as necessidades deles, antecipando futuros padrões de

compra e descobrindo novas oportunidades para fazer negócios” (SWIFT, 2001, pg

25).

2.3.1 Vantagens do CRM

O CRM, segundo SWIFT (2001) oferece seis principais vantagens, no sistema

de gestão voltada ao cliente: 1. Menores custos de recrutamento de clientes; 2.

Manutenção de negócios; 3. Redução de custo de vendas/propaganda para

captação de novos clientes; 4. Aumento da lucratividade por cliente; 5. Retenção de

lealdade, e 6. Avaliação da lucratividade por cliente.

Neste contexto, Barnes alerta para algumas questões no uso da tecnologia:

“(...) falta um pedaço desse quebra cabeça: A CRM [sic] é orientada para dados e

produtos e pode ser utilizada basicamente para nos ajudar a compreender o

comportamento do cliente, não o elo emocional entre clientes e empresa”. (BARNES

2002, p. 179). Dessa forma não basta apenas conseguir os dados, mas trabalhá-los

de forma correta e coerente, juntamente com um atendimento eficiente e amigável,

assim tentando criar um relacionamento real e recíproco com o cliente.

As vantagens são ainda citadas por KOTLER (1998) no sentido de

aprendizado:

...Banco de dados de clientes é um conjunto de aprendizado de dados abrangentes sobre clientes atuais e potenciais, atualizado, acessível e acionável para os propósitos de marketing como geração e qualificação de interessados, venda de um produto ou serviço ou manutenção de relacionamento. (KOTLER, 1998, p. 626)

No mercado B2B o perfil do cliente de um vendedor deve conter os produtos

e/ou serviços que ele compra, volume de compra e preços praticados, nomes dos

contatos-chave (idade, datas de aniversários, hobbies, pratos favoritos, etc.),

situação dos pedidos em andamento (histórico dos pedidos passados), valor

25

Page 26: Projeto Final CRM

estimado em compras para o próximo ano entre outros dados que sejam relevantes

a uma empresa em especial, lembrando que “um banco de dados bem desenvolvido

é um ativo que pode dar à empresa uma vantagem competitiva.”(KOTLER, 1998,

p.626)

O CRM pode ser aplicável em empresas de diversos portes e áreas de

atuação. Em cada caso o uso de informações sobre clientes mostrará à empresa o

rumo de ações de comunicação e melhoramentos nos produtos/serviços

aumentando posteriormente à própria rentabilidade da empresa.

2.3.2 Quem é responsável pelo CRM

O gerente de marketing é sem dúvida uma peça chave da utilização do CRM,

mas como diz o ditado popular: ‘uma andorinha não faz verão’. O CRM deve estar

intrínseco na cultura da empresa, e deve ser entendido como um processo e não

apenas como um projeto. Servir ao cliente, é estar em sintonia com todos os

indivíduos da empresa, fornecedores e outros terceiros que exerçam influencia no

produto final. É um processo de sinergia:

No varejo, isso pode significar que são os comerciantes que decidem como os produtos devem ser exibidos nas lojas. Nos serviços financeiros, podem ser os administradores financeiros responsáveis pela produção, em tempo, de demonstrativos de ofertas e produtos. Na indústria manufatureira, podem ser os controladores de estoque que efetuem a reposição mais rapidamente e ma maior disponibilidade de produtos. Nas empresas aéreas, podem ser os manipuladores de bagagem, que não trabalham para a empresa, mas que tem importante função no atendimento ao cliente. Em qualquer empresa, isso pode começar com algo aparentemente sem importância – a recepcionista que atende à primeira ligação telefônica, até a pessoa que presta um serviço ou conserto. (SWIFT, 2001, pg. 15)

A estrutura para organização e gerenciamento do CRM em uma empresa,

conta em princípio com quatro equipes/pessoas chave no processo, referentes às

estratégias táticas de CRM: 1. Analista de mercado – Responsável pela descoberta

do conhecimento; 2. Gerente de campanha – Responsável pelo relacionamento com

o cliente/produto; 3. Gerente de Segmento – Responsável pela interação

(comunicação/diálogo com cliente/consumidor/canal e organização) e 4. Gerente de

Canal – Responsável pela conexão (canais adequados para a comunicação). Há

sobre esta estrutura o chamado ‘vice-presidente de CRM’ que coordena todas as

funções.

26

Page 27: Projeto Final CRM

Segundo o estudo de SWIFT (2001) no diagrama apresentado na figura 3,

está um modelo de estrutura a ser organizada no processo de CRM. O autor ainda

oferece uma série de descrições de tarefas justificando cada papel.

FIGURA 3 – ORGANIZAÇÃO DO MARKETING

FONTE: SWIFT, 2001

A divisão destas funções permite o fluxo de informação esperado no ambiente

em que há CRM: O cliente certo, no momento e canais certos. É evidente que esta

situação não acontece da noite para o dia, mas todo o processo caminha para este

objetivo. Por isso se deve a importância da integração de toda a empresa para estar

voltada ao e para o cliente.

2.3.3 Requisitos e Pesquisa em DW (Data Warehouse)

O DW é resultado de uma série de previsões anteriores de como, porque e

quem irá usar. Sem estes itens estarem claramente definidos, não há um DW, mas

um simples (e talvez não útil) ‘banco de dados’.

Segundo SWIFT (2001), os requisitos para viabilizar um DW voltado ao CRM,

são necessárias seis premissas básicas: 1. Conter grande quantidade de dados

detalhados (transação de negócios, ligações, contas, reclamações, entre outros); 2.

Atualização diária; 3. Uso do DW por toda a empresa; 4. Não tendenciar dados do

banco; 5. Deve ser escalável (crescer com a empresa, afinal não existe um sistema

100% pronto e acabado) e 6. Fornecer proteção/sigilo dos dados.

27

Page 28: Projeto Final CRM

As informações esperadas ao seguir estas premissas e estruturar o ambiente

organizacional para receber esta estrutura, são de frases como ‘como se compara o

último mês de compra com os anteriores?’, ‘Como se compara o consumo de

produto x entre as regiões sul e norte?’, ‘Quais são os 10 clientes mais lucrativos?’,

entre outras. O DW é uma infra-estrutura de apoio a decisão gerencial.

As informações a serem armazenadas, bem como as respostas a serem

obtidas no processo são variáveis em cada empresa. O conceito que deve ser

comum a qualquer organização, é a utilização dos 4C´s: 1. Clientes em suas

necessidades e desejos; 2. Custo para o cliente; 3. Conveniência; 4. Comunicação.

Ou seja, todo esforço em equipar um DW e voltar-se ao CRM é o aumento da

preocupação com a satisfação do cliente, e conseqüentemente, sua retenção.

Os DW são resultado da aplicação de TI no tipo de gestão da empresa.

SWIFT lembra em seu estudo que:

Um data warehouse eficaz não é uma solução pronta. Você precisa definir claramente os problemas do negócio que espera resolver e trabalhar com um fornecedor que possa prover a infra-estrutura de tecnologia, os serviços e a experiência que é crítica para o sucesso. (SWIFT, 2001, p.85)

Nesta afirmação, o autor enfatiza a necessidade de cada empresa que se

julga apta a utilizar um DW, que mantenha clara duas considerações: A empresa

precisa manter o foco de onde quer chegar, e a empresa que não tem estrutura de

TI, deve utilizar outra que tenha experiência, para não comprometer os dados.

A utilização dos dados inicia-se num processo de descoberta do

conhecimento, intitulada de ‘mineração de dados’. “A mineração de dados é um

processo de análise detalhada de dados, para extrair e apresentar informações

recentes, implícitas e que possam ser utilizadas para resolver um problema de

negócios”. (SWIFT, 2001, pg.107). A mineração pode ser orientada para a

verificação ou para a descoberta.

Uma concepção errada muito difundida sobre a mineração de dados, em grande parte alimentada pela imprensa, é que ela é executada de forma mágica pelo software que draga o banco de dados e descobre automaticamente informações interessantes, devolvendo-as para o usuário dizendo: você conhece isso?. O atual estado da arte está muito longe. (SWIFT, 2001, pg.109)

28

Page 29: Projeto Final CRM

A descoberta pode ser realizada segundo a predição, que tem por objetivo

cruzar e analisar dados num sistema simples ou num sistema neural dependendo da

complexidade do resultado esperado, conforme ilustra a figura 4 e 5.

FIGURA 4 – SISTEMA SIMPLES DE ANÁLISE

FONTE: SWIFT, 2001 pg.112

FIGURA 5 – SISTEMA NEURAL DE ANÁLISE

FONTE: SWIFT, 2001, pg 13.

As respostas a serem obtidas no exemplo da figura 4, podem ser

interpretadas mais pontualmente como ‘sim, o cliente apresenta bom risco de

crédito’ ou ‘não, o cliente apresenta mau risco de crédito’. O modelo da figura 5

responde por um modelo classificado quanto à probabilidade.

Existem ainda outras formas de análise de dados: Descrição – esse sistema

está envolvido na caracterização de dados que não possuam resultados conhecidos;

Visualização de dados – exibição de dados, por exemplo histogramas, gráficos de

dispersão entre outros; Agrupamento – Os dados podem sugerir formas de

agrupamentos de clientes (por dados demográficos, psicológicos, entre outros);

Associação ou afinidade – agrupamento com grande nível de detalhe ou Associação

seqüencial – os registros indicam ao longo do tempo situações em que uma atitude

pode levar a outra.

As tecnologias para mineração de dados são baseadas na interação homem x

máquina e correspondem a seis níveis a serem usados respectivamente e

gradativamente com maior influencia do computador: linguagens de consulta,

processamento analítico, visualização, estatística, indução e redes neurais.

Ao utilizar o sistema de mineração de dados e a modelagem para problemas

de negócios, é possível destacar várias áreas que podem se beneficiar dos dados:

marketing dirigido, retenção de clientes, detecção de fraudes, análise de compras,

segmentação de clientes, pontuação de crédito, avaliação de riscos de crédito,

gerenciamento de carteira, gerenciamento de títulos, análise de lucratividade de

29

Page 30: Projeto Final CRM

clientes/fornecedores, gerenciamento de recursos, automação de recursos aos

clientes, análise de lucratividade, previsão de vendas/receitas/demanda, vendas

cruzadas/atualização de vendas, gerenciamento de campanha, análise de

reclamação de seguro, suporte a produto/solução de problemas, gerenciamento de

capacidade, análise de desempenho de canal de distribuição, análise do

desempenho de loja/filial, seleção de local de loja/filial, controle de estoques,

controle de processos de qualidade, análise de falhas de equipamentos, entre

outros.

2.3.4 Estágios e Tipos de CRM

Iniciar um processo de CRM demonstra na empresa além da preocupação

dos negócios estar focada no cliente, a busca por questões que aparecem na

organização principalmente nos ambientes de estratégia e controle. Segundo SWIFT

(2001), as questões demonstram seis principais passos a serem descritos abaixo:

1. Início (o que aconteceu?)

2. Crescimento (o que aconteceu?)

3. Controle (por que aconteceu?)

4. Integração (por que aconteceu?)

5. Distribuição (o que irá acontecer?)

6. Estratégia/Maturidade (o que irá acontecer?)

A teoria dos estágios, assim definida por Richard L. Nolan e Cyrus Gibson

(1974), contava apenas com os itens 1,2,3 e 6. O objetivo inicial era o de posicionar

o empresário de sua situação atual e determinar onde e como chegar na situação

desejada. Estes estágios servem também de suporte de decisão gerencial e com o

tempo aumentou, na escala, mais dois itens.

Os DSS (sistema de suporte de decisão) são fornecidos no estudo de SWIFT

(2001) segundo duas percepções: as características de utilização e questões feitas

em diferentes estágios de maturação. Os tipos de DSS podem ser intitulados

respectivamente:

1. Relatórios: São caracterizados por consulta pré-definidas, tendo como

questões mais comuns por exemplo: Quem são os clientes? (idade, renda, sexo,

grupo), Onde moram? (região, dados econômicos, estilos etc.), O que eles

compraram no passado? (visões históricas), Como eles compraram? (informações

30

Page 31: Projeto Final CRM

sobre transações financeiras), Quais são mais lucrativos? (margens conhecidas),

Quantas vezes contatamos cada um deles? Quando os contatamos (ciclo,

cronograma, evento)? Quais as respostas positivas ou negativas? Qual é o custo de

dar suporte aos mesmos por meio dos canais que eles escolheram? Qual é a renda

do cliente médio? Qual a taxa anual de rotatividade dos clientes? Qual é a renda por

produto, cliente e canal? Entre outras.

O DW em fase inicial articula com dados pontuais, diretos, como: Quais os

totais de receitas, vendas, despesas, volume ou produto produzidos? Onde ocorrem

a maioria das vendas, receitas, entregas ou serviços? Quais são as semelhanças ou

diferenças em relação a períodos passados? Quais são nossos recursos mais ou

menos produtivos (financeiros, transporte, pessoas, etc.)?

Neste momento, segundo SWIFT (2001), os dados acima constituem uma

‘simples’ base de dados a ser consultada. O CRM inicia quando junto a esta base,

outros dados detalhados dos hábitos do cliente começam a surgir, como: Quem são

os clientes? (idade, renda, sexo, grupo); Onde moram? (região, dados econômicos,

estilos, etc.); O que eles compraram no ano passado? (visões históricas); Como eles

compraram? (informações sobre transações financeiras); Quais são os mais

lucrativos? Quantas vezes eles foram contatados? Qual é o custo para dar suporte

aos mesmos por meio dos canais que eles escolheram? Que grupos de clientes

compram produtos similares? Qual é a renda do cliente médio? Qual é a taxa anual

de rotatividade dos clientes? Entre outras.

2. Análise: É um processo organizacional de entendimento nas questões:

‘Por que aconteceu?’ (Por que os volumes são tão baixos? Onde obtemos nosso

melhor ROI? Entre outras).

Este segundo tipo, ou melhor, esta evolução do primeiro, além de armazenar

dados mais detalhados, oferece na sua estrutura a possibilidade de pesquisa

cruzada. Neste tipo de organização, o DSS/DW oferece subsídios para respostas

como: Por que a equipe não excede suas previsões ou objetivos?; O que causou

resultados mais positivos ou maiores margens?; Onde se obtém o melhor ROI?,

entre outras.

Neste ‘segundo’ estágio de CRM também segue-se a lógica dos demais

dados e se oferecem informações para análise de situação e comportamento do

cliente, como: Por que a renda do cliente médio diminui?; Por que a campanha não

alcançou a margem desejada?; Por que a venda do produto não alcançou a margem

31

Page 32: Projeto Final CRM

desejada?; Por que o índice de respostas diminuiu?; Por que o custo de aquisição

aumentou para esse canal?, entre outras.

3. Predição do futuro: É um sistema que se caracteriza por um estágio de

maior maturidade e se destina a responder perguntas baseadas em históricos e

situações de previsão, como: Que clientes estão sob o risco de despertar? Que

produtos ou serviços os clientes irão comprar? Como um novo produto irá vender?

(demanda) Que segmentos tem potencial para crescer/declinar?, entre outras.

Neste estágio, os dados a serem registrados constituem uma ampla rede de

informação. Este momento de maturação oferece a resposta de segmentação de

mercado, otimização dos canais de comunicação, previsão da demanda, entre

outros.

Os dados que caracterizam o CRM se encontram na fase intitulada ‘pensando

com os clientes’, onde as respostas encontradas com o cruzamento das informações

elucidam decisões sobre: Que clientes irão embora com maior probabilidade? Que

clientes comprarão com maior probabilidade? Qual é o impacto sobre os lucros

quando eu altero os preços? Qual é o melhor canal para eu atingir um cliente

específico? Qual é a demanda projetada por área? Que segmentos tem potencial

para crescer/declinar? O que os melhores clientes desejam comprar no futuro? É

provável que eles comprem novamente?

Estes sistemas de decisão delineiam o perfil e o objetivo do processo de CRM

na empresa.

A figura 6 ilustra as migrações para uma info-estrutura com base no

conhecimento, ou seja, o estágio de maturação entre o DSS/DW CRM tipo 1 ao 3.

FIGURA 6 – ESTÁGIO DE MATURAÇÃO DO DSS/DW CRM

32

Page 33: Projeto Final CRM

FONTE: SWIFT, 2001, p.144

Este crescimento também se deve ao tipo de fluxo de informação existente

entre coleta de dados, armazenamento e disponibilidade para usuários. Segundo o

autor, “o fluxo de informação de uma empresa madura inicia-se com o entendimento

do ambiente completo de info-estrutura do DW de todas as tecnologias associadas

de suporte à decisão e de relacionamento.” (SWIFT, 2001, p.152)

Na figura 7 é possível visualizar a estrutura ideal do fluxo de informação para

sustentar o crescimento do DSS/DW CRM.

FIGURA 7 – FLUXO DE INFORMAÇÃO

FONTE: SWIFT, 2001, P.143

A exemplo da aplicação do diagrama acima, é possível citar empresas como

3M. Anthem Blue Cross, entre outras. As ferramentas de acesso à informação

podem ser simples como linguagem de consulta, acesso a planilhas, suporte à

decisão, entre outros.

O DW pode ainda ser escalável, ou seja, o banco de dados é projetado

considerando seu crescimento/ampliação segundo a necessidade e conseqüente

aumento de tamanho de dados e tipos de consulta.

Este sistema permite a utilização dos dados com características de foco na

empresa com informações integradas, áreas de assunto de crescimento,

transformação, modelo de negócio único com múltiplas organizações, rápida coleta

e inserção de dados, aplicações interdepartamentais, ampla disponibilidade, entre

outros.

SWIFT mostra em seu estudo, os níveis de aplicações de um DW CRM em

organizações que passaram a estar centradas no cliente. Neste momento, ocorrem

33

Page 34: Projeto Final CRM

significativas mudanças de pensamento, utilização de dados e oportunidades de se

ter vantagem competitiva e conhecimento interativo, conforme figura 8.

FIGURA 8 – DW Escalável

FONTE : SWIFT, 2001

Segundo SWIFT, a criação e implantação técnica de um DSS/DW CRM

ocorre em três fases: planejamento, implementação e utilização/suporte de

melhorias, a serem detalhadas a seguir:

1. planejamento:

- Descoberta de negócio: priorização de questões-chave / identificação de

benefícios quantificáveis.

- Descoberta de informação: exigências de informações necessárias;

- Processo de projeto de modelo lógico de dados: modelo de criação de

dados;

- Processo de projeto de arquitetura: localização do DW (centralizado,

virtual, distribuída), requisitos de rede, tipos de acesso, etc.

2. Implementação:

- Avaliação de tecnologia: entrevistas, estudos com empresas de TI,

ambiente disponível e necessário de hardware, software e segurança.

- Avaliação de dados e funções: identifica os processos de tecnologia e de

negócios, e se o sistema atenderá as necessidades.

- Avaliação de rapidez para mudança: como as pessoas afetadas pelo DW

CRM reagirão – Análise de Cultura e Treinamento;

- Avaliação de educação e suporte – Treinamento e preparo dos usuários

para oferecer suporte;

34

Page 35: Projeto Final CRM

- Desenvolvimento do modelo de descoberta do conhecimento: análise da

tecnologia na obtenção de dados;

- Mineração de dados e aplicação analítica: seleciona as melhores

ferramentas para o negócio.

- Processo de aplicação cliente/servidor: fornece aplicações específicas e a

interface de consulta necessária (protótipos),

- Processo de desenvolvimento e aplicação: implementação da interface e

consulta para uma solução de DW;

- Processo do projeto do banco de dados físico do DW: este processo utiliza

um plano de projeto; um modelo lógico de dados e um plano de projeto de

arquitetura de DW;

- Processo de transformação de dados: permite que o banco de dados do

DW seja carregado e mantido. Localiza, extrai, condiciona, limpa e carrega

dados no DW.

- Processo de gerenciamento do DW: manutenção para atualizar, carregar,

fazer cópias de segurança, arquivar, administrar, restaurtar e recuperar

dados.

3. Utilização, suporte e melhorias.

- Suporte do sistema na empresa.

- Revisão do modelo lógico de dados.

- Revisão e validação do projeto físico.

- Ajuste do DW: problemas de desempenho;

- Planejamento de capacidade;

- Auditoria de DW (melhorias – flexibilidade e extensibilidade; riqueza de

metadados, consistência e acesso de clientes).

Esta metodologia não é estática. Se a empresa já possuir algum tipo de banco

de dados ou algum sistema de DW mais simplificado e deseja aumentar, é possível

aplicar em diversas entradas (ver figura 9). O ponto chave da entrada é saber avaliar

a condição atual da empresa.

35

Page 36: Projeto Final CRM

FIGURA 9 – PONTOS DE ENTRADA NO DW

FONTE: SWIFT, 2001, P.170

As vantagens deste sistema escalável são: velocidade de inserção e consulta

de dados, número de usuários utilizando simultaneamente, complexidade do modelo

de dados, grau de suporte necessário.

O tempo de projeto, implantação e suporte não têm prazo a ser seguido. Pode

ser um projeto de 100 dias como a experiência de Marcel Bhend (registradas na

obra de SWIFT), até o tempo que a empresa julgar necessário em calendário.

2.3.5 CFS (Critical Sucess Factors) – Fatores críticos de sucesso

Segundo SWIFT (2001) é ideal nunca aceitar que afirmações de fornecedores

são verdades absolutas. É necessário tentar confirma-las se possível com outras

fontes. E, se tratando de marketing de relacionamento, é imprescindível manter

conversas atuais com fornecedores, usuários, entre outros.

O sigilo no sistema DW CRM merece especial atenção. Este item diz respeito

a: especificação da finalidade de armazenas dados, limitação da coleta, qualidade

dos dados, sinceridade, acesso, responsabilidade, segurança e anonimato (em caso

de dados pessoais).

Os itens mencionados acima são protegidos pela diretiva européia 95/46/EC e

97/66/EC (proteção individual em relação ao processamento de dados pessoais e

36

Page 37: Projeto Final CRM

processamento de dados pessoais e a proteção de privacidade no setor de

telecomunicações, respectivamente) e pela OCDE (EUA) – Organização para

cooperação de desenvolvimento econômico.

Portanto a empresa deve manter a integridade, fidelidade e sigilo fazendo uso

apenas para melhorias internas, ou ainda utilizando em estatísticas e comunicação

com o consentimento do cliente.

2.3.6 Tecnologia da Informação no CRM

O responsável por TI no CRM deve buscar suprir aos questionamentos sobre

o tamanho do sistema, a quantidade de detalhes que os dados de usuário tem no

sistema, o espaço para índice há no sistema, a forma como os dados serão

duplicados para recuperação, quem e quantos serão os usuários, como ocorrerá a

inserção e retirada de dados e quanto tempo é necessário de treinamento.

Não existe um pacote pronto e acabado de CRM. Cada empresa deveria

desenvolver o seu processo segundo a necessidade de informação e recursos

disponíveis.

2.3.7 Valor econômico do CRM

O CRM, pela própria definição do nome, tem por objetivo conquistar, cativar

enfim, reter clientes. O valor econômico pode ser calculado através do custo de

consumidores perdidos.

Segundo Kotler, este cálculo se aplica diretamente ao mercado B2C, mas

pode ser estendido ao B2B visto a importância da fidelidade dos clientes. Podem ser

exemplos diretos uma revista, onde é realizada ou não a renovação; uma escola,

onde é realizada ou não a re-matrícula.

No mercado B2B o custo se dá pela confiabilidade, segurança, qualidade do

produto/serviço que será reavaliado em caso de abandono ou rompimento de

contrato. É importante selecionar empresas que diminuem ou extinguem relações

por maus serviços, produtos, preços ou outras questões.

É necessário à empresa estimar o volume do lucro não contabilizado com o

desligamento de determinado cliente. Quando se trata de um mercado B2C o valor é

37

Page 38: Projeto Final CRM

estimado pelo volume potencial de compra em ‘x’ (1 a 5 anos). A exemplo citado por

Kotler:

Uma transportadora estimou o lucro não obtido da seguinte forma:* a empresa possuía 64000 clientes;* perdeu 5% por mau serviço em 1 ano;* cada cliente perdido significa ao final do período $40000 perdidos no faturamento;* Sua margem de lucro era de 10% sobre o faturamento = seu prejuízo se aproxima a $ 128.000.000. (KOTLER, 1998, p 59)

Kotler traduz a importância do marketing de relacionamento considerando o

processo de níveis de relacionamento. Nestes, são classificáveis segundo o autor 5

(cinco) níveis: 1. marketing básico: o vendedor simplesmente vende o produto; 2.

marketing reativo: o vendedor vende e estimula o consumidor a telefonar se tiver

dúvidas, comentários ou reclamações; 3. marketing responsável: O vendedor vende,

e posteriormente telefona para saber se o produto está atendendo as expectativas,

ele solicita sugestões para o desenvolvimento de melhores produtos; 4. marketing

pró-ativo: sugere novos produtos; e 5. marketing de parceria: auxilia o cliente para o

melhor custo x benefício exemplo: (a GE mantém engenheiros de plantão na Praxair

para ajudar a melhorar sua produtividade).

A criação de valor neste contexto pode ser obtida no cruzamento de três

itens: benefícios financeiros, sociais e estruturais. Os benefícios financeiros podem

ser visualizados no marketing de freqüência como por exemplo, descontos por

volume/potencial de compra em empresas como American Airlines, Hotéis Marriotti –

programa hóspedes honorários, entre outros. Os benefícios sociais se concentram

em transformar consumidores em clientes. Este tipo de ação se caracteriza por pró-

atividade em ligar para clientes, sinceridade na linguagem, antecipar problemas,

aceitar responsabilidade, entre outros. Os estruturais podem ser compreendidos na

percepção de tecnologia e dinamismo oferecido pela empresa.

Entretanto, é importante relevar que o fornecedor e todo o mercado B2B em

questão deve ser competitivo e oferecer bom custo x benefício, afinal, vive-se a era

da competitividade.

É importante para a empresa desenvolver critérios que permitam a verificação

e a identificação dos clientes (B2B e B2C) que correspondem os 80/20, ou seja, a

Lei de Pareto.

38

Page 39: Projeto Final CRM

O marketing de relacionamento segundo Kotler (1998) também pode ser

encarado como uma premissa de que os clientes precisam receber atenção

contínua. Desta forma, torna-se necessário ter condições de identificar e focar a

ação de marketing.

Além de poder citar a oportunidade da velocidade competitiva, a agilidade na

tomada de decisão, nas melhorias de serviço e lançamentos de produtos e foco no

cliente, o CRM pode ser avaliado sob o ponto de vista do investimento para

implantação, treinamento, compilação de dados e relacionamento.

Segundo Kotler (1998), o lucro pode ser estimado pela diminuição de custos

da receita gerada por um produto, e desta forma tem-se que: L = R-C (Lucro =

Receita menos Custos).

O autor confere ainda os seguintes valores:

R = P´Q (R- Receita / P´- preço líquido do produto / Q – quantidades vendidas)

P´= P-K (P´- preço líquido do produto / P – preço de lista / K – qualquer abatimento

por unidade).

Onde:

C – custo variável de produção (mão de obra, entrega,...)

Q – quantidades vendidas

F – Custos fixos (salários, aluguel,...)

M – Custos de Marketing (CRM)

O valor do cliente também pode ser avaliado e mensurado segundo RUST

(2001) com a seguinte perspectiva: “compreender um cliente é mais que ouvi-lo. É

mais que criar um banco de dados para acompanhar seus históricos de compras e

atendimento (...) compreender o cliente requer entendimento dos fatores que o

levam a começar a fazer negócios com uma empresa e continuar a faze-lo por muito

tempo.” (RUST, 2001, p.61)

Esta afirmação reforça a idéia de estabelecer no sistema de CRM dados e

interpretações que ultrapassem a faze inicial de ‘coleta de dados’, ou como

chamamos neste es estudo segundo SWIFT (2000) por ‘relatórios’.

39

Page 40: Projeto Final CRM

Os elementos construtivos do valor do cliente relacionados por RUST são:

valor do valor, valor da marca e valor de retenção.

Neste contexto, a construção do valor do cliente inicia com a atratividade da

empresa, a compra em si e as conexões/relacionamentos construídos através de

programas formais de relação/retenção, ou relacionamentos mais específicos

(dependendo do porte da empresa, produtos comercializados e tipo de relação

comercial), conforme o gráfico abaixo:

FIGURA 10 – ESTRUTURA DE VALOR

FONTE: RUST, 2001 P.64

O valor do valor corresponde às avaliações objetivas feitas pelo cliente em

relação às ofertas da empresa. O valor da marca pode ser compreendido como a

percepção e a visão subjetiva do cliente em relação à marca, e o valor de retenção

é representado pela força da relação do cliente na empresa.

Segundo o princípio do CRM, o valor do cliente para RUST é representador por:

Um modo inteiramente diferente de ver a lucratividade da organização, e portanto, de ver os clientes, o marketing, o gerenciamento de informação e a estratégia. Ele se afasta da visão ultrapassada de examinar somente a lucratividade do produto ou o valor de marca e reconhece que os clientes são os centros de negócios da empresa. (RUST, 2001, p.65)

Esta estrutura torna-se eficiente quando são relevados três pontos

importantes: itens de relevância para o cliente, correta segmentação de clientes

(regulares, novos, lucrativos, entre outros) e dinamicidade de recursos para área de

maior impacto.

2.3.7.1 Construindo o valor do Cliente

O Valor do Valor

40

Page 41: Projeto Final CRM

O primeiro passo neste processo é compreender o relacionamento do cliente

com a empresa, avaliando o peso do valor, da marca e de retenção. Para clientes

novos, por exemplo, dar atenção à marca e ao valor com foco no longo prazo na

retenção segundo RUST é mais indicado.

Na seqüência deve-se identificar os itens de maior importância, ou seja,

aquelas em que o cliente atribui maior valor. Em terceiro é indicado o benchmark

com concorrentes e por fim o investimento na área certa de valor.

A relação valor do valor inicia com as expectativas do cliente sobre o

produto/serviço e é fortalecido com a superação destas. Para isto, além dos passos

já citados é imprescindível conhecer as exigências de qualidade, preço e

conveniência.

O princípio da qualidade pode ser composto pelo produto físico, pela

assistência técnica, prestação do serviço e ambiente do serviço. Estes pontos

podem ser devidamente detectados no sistema de CRM, mapeando a qualidade em

dois níveis: a qualidade que satisfaz e a qualidade que encanta. No primeiro nível a

empresa pode estar no estágio de resolver problemas e ter até ‘zero defeitos’ em

seus produtos e serviços. No segundo, este conceito vai além. O encantamento é a

certeza do cliente estar investindo no produto e na marca corretos.

O preço é sem dúvida um importante fator a ser considerado. Afinal valores

altos ou baixos (segundo a estimativa de mercado) não garantem qualidade e

encantamento. Este item é conseqüência da construção de valor (objetivo e

subjetivo) e políticas adotadas na empresa que justifiquem ao cliente.

A conveniência pode ser avaliada pela localização, facilidade de uso e

disponibilidade, sendo este último o responsável pelo sac das empresas, pelo tempo

destinado a atender prontamente o cliente.

Para se detectar o perfil e a percepção do cliente sobre estes fatores, torna-se

fundamental a utilização de pesquisa de mercado.

41

Page 42: Projeto Final CRM

Valor da Marca (Brand Equity)

O valor da marca representa a avaliação subjetiva e intangível da marca pelo

cliente, além e acima do seu valor percebido objetivamente. (RUST, 2001, p.87)

A marca possui três papéis fundamentais no desenvolvimento do valor para o

cliente: consciência e atração, conexão emocional e ‘recompensas’.

Segundo o autor, o valor subjetivo (positivo) do cliente em relação à marca

influencia sua atitude de forma favorável a empresa diminuindo a probabilidade de

compra de produtos concorrentes e aumentando a recomendação para outras

pessoas. Para isto a relação pode ocorrer de diferentes formas como: forte parceria

(relação leal e exclusiva), contatos esporádicos (curiosidade), casos secretos (prazer

ocasional), relações por repercussão (reação contra outra marca/produto),

casamento arranjado (mudança de hábito por influencia de outra pessoa),

casamento por conveniência (uso do produto ocasionalmente), sanção social

(indicação), companheiros de infância (memória sentimental), amigos por

conveniência (ofertas), escravização (poucas opções) ou ainda amizade localizada

(uso local do produto/serviço).

Os fatores acionáveis do valor da marca que podem desencadear as relações

citadas acima são: consciência da marca (mix de comunicação, mídia e mensagem),

atitude em relação à marca e percepção da ética da marca.

Valor de Retenção

(...) É a tendência do cliente de se apegar à marca, além e acima de avaliações

objetivas e subjetivas da mesma. (RUST, 2001, p.99)

A experiência que o cliente tem com a marca deve possibilitar

relacionamentos de longo prazo. Neste caso obviamente, a empresa garante uma

situação confortável perante os concorrentes.

2.3.7.2 Mensurando o Valor do Cliente

A empresa voltada ao cliente deve buscar entrar em sintonia com o mesmo,

criando compromissos para valorizar e manter a relação. Deve haver clareza entre a

pesquisa dos maiores concorrentes segundo a perspectiva do cliente e diferenciais

oferecidos.

42

Page 43: Projeto Final CRM

Um passo importante é personalizar os fatores potencias de influencia do

Valor do Valor, Valor da Marca e Valor de Retenção, através de pesquisa

contratada ou realizada internamente com grupos de foco. Os métodos a serem

utilizados podem ser: Delphi (grupos especializados no assunto/área internos ou não

à empresa), Brainstorming (pessoas de áreas “chave” na empresa), Escada

(entrevistas em profundidade com pessoas internas e externas à empresa), ZMET

(Zaltman Evocação de Metáforas – idéias inter-relacionadas do consumidor a

respeito de um mercado ou uma experiência de consumo), entre outras.

O objetivo é determinar um processo para a exploração e identificação dos

aspectos potenciais de cada fator na Estrutura de Valor para verificar

constantemente as estratégias e decisões a serem tomadas. O CRM permite o

acompanhamento destes fatores. É a busca do encantamento.

A sugestão de pesquisa segundo o autor é listar segundo a Lei de Pareto os

clientes mais lucrativos e os que poderiam ser, definindo o foco dos investimentos e

a expectativa de retorno. Detectar que aspectos da estrutura de valor são relevantes

e se estão alinhados com o objetivo da empresa é fundamental no processo para

perceber a relação custo x benefício dos investimentos realizados.

“(...) o pensamento financeiro moderno afirma que gastos para melhorar devem ser vistos como investimento de capital, com o esforço de melhorar, sendo considerado lucrativo somente se o retorno sobre o investimento excede o custo do capital”. (RUST, 2001, p.137)

O valor do cliente é um conceito financeiro de longo prazo. Detectar os pontos

de valor para o cliente, ou seja os EVA´s (pontos de Valor Econômico Adicionado)

norteia o sentido dos investimentos e possibilita decisões mais pontuais de

estratégias.

2.3.8 O CRM como Estratégia

O CRM além de estar presente na cultura da empresa e fornecer dados numa

visão sistêmica de gestão do conhecimento, também pode (e deve) ser

compreendido como estratégia, ou melhor, segundo Porter (1999), vantagem

competitiva.

43

Page 44: Projeto Final CRM

A teoria de Porter sobre as forças competitivas: 1. poder de negociação dos

compradores; 2. poder de negociação dos fornecedores; 3. ameaça de novos

concorrentes; 4. Ameaça de substitutos; 5. Intensidade da rivalidade, pode ser

interferido segundo os princípios do CRM. Ou seja, este processo desde que seja

implantado com a devida seriedade e importância, pode minimizar a ação de

negociação de compradores e fornecedores, fortalecer laços e impedir a entrada de

concorrentes e/ou substitutos e ainda oferecer maiores subsídeos/informações para

que as demais ações de marketing sejam mais eficazes.

As diversidades estratégicas se situam nas peculiaridades das empresas no exercício das atividades (como a maneira que executam o processamento de pedidos, as montagens, o desenho dos produtos, o treinamento, entre outros). (PORTER, 1999, p.10)

Segundo este autor um conceito importante que acentua o papel da TI e da

gestão do conhecimento na competição, é a cadeia de valor.

As atividades de valor que a empresa pode desenvolver se enquadram em

nove categorias: infra-estrutura da empresa, gestão de RH, desenvolvimento de TI,

compras de bens e serviços, logística de entrada, operações, logística de saída,

marketing de vendas e serviços.

Cada uma destas por sua vez, merecia o devido aprofundamento, entretanto

o mérito da questão está em compreender onde o CRM está nesta cadeia e como

contribui para mantê-la mais competitiva na empresa, considerando o mercado B2B.

O autor acredita que cada atividade corresponde a um elo de integração e

otimização e fazem com que os diferenciais na organização aumentem, afinal, há

dificuldade nos concorrentes em perceber e tentar interromper esta ação.

O processo de cadeia de valor acontece dentro da própria empresa, e esta

por sua vez, integra o ‘sistema de valores’. Esse sistema inclui a cadeia de valores

dos fornecedores, que fazem insumos (matéria prima, componentes, entre outros) e

à dos distribuidores (por exemplo). Todo este processo intenciona um objetivo: a

satisfação, ou melhor, o encantamento dos consumidores.

A TI ao otimizar as informações na cadeia e no sistema de valores da

empresa proporciona o aumento de flexibilidade e relacionamentos nos negócios.

44

Page 45: Projeto Final CRM

Difunde-se os sistemas que conectam compradores e fornecedores. A Xerox transmite eletronicamente aos fornecedores dados sobre o seu processo de fabricação, de modo a facilitar-lhes a entrega de materiais. Para acelerar a entrega dos pedidos, a Westinghouse Eletric Supply Company e a American Hospital Supply ofereceram terminais aos clientes. Entre outras contribuições, muitos sistemas aumentam os custos de mudança para um novo parceiro, em razão das necessidades de rompimento e novo treinamento. Esses sistemas tendem a vincular de forma mais estreita empresas, compradores e fornecedores. (PORTER, 1999, p.96)

A TI possibilita a personalização de produtos e serviços. Neste contexto

pode-se perceber a importância do uso (correto) do CRM, ou seja, é a cultura

organizacional voltada à informação que otimiza, cria vínculos, personaliza e satisfaz

as necessidades dos consumidores. É a percepção da vantagem competitiva.

2.4 O MERCADO DE ELETROELETRÔNICOS

Segundo os dados disponíveis na ABINEE (da Associação Brasileira da

Indústria Elétrica e Eletrônica), nos primeiros oito meses do ano de 2003, a balança

comercial dos produtos do setor eletroeletrônico apresentou déficit de US$ 3,14

bilhões, 23,6% abaixo do registrado em igual período de 2002 (US$ 4,11 bilhões).

A redução do déficit foi conseqüência do crescimento de 5,9% das

exportações, que apontaram incremento em quase todas as áreas, com exceção de

GTD - Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica - (queda de 1,5%), e

da retração de 11,6% nas importações.

Gráfico 1 – BALANÇA COMERCIAL DE PRODUTOS ELETROELETRÔNICOS

Fonte: Abinee Setembro / 2003

45

Page 46: Projeto Final CRM

A Associação também aponta que as exportações de produtos

eletroeletrônicos cresceram 4,8% no mês de agosto em relação ao mesmo mês do

ano passado. Informática (+58,7%) e Utilidades Domésticas (+35,8%) foram as

áreas que mais colaboraram com esse resultado. No primeiro caso, destacaram-se

os crescimentos de 119% nas vendas externas de periféricos e de 113% de

máquinas de processamento de dados, que contaram com a recuperação do

mercado argentino. Já para Utilidades Domésticas, o destaque ficou para o

incremento de 166% dos refrigeradores, que ampliaram suas vendas para as

diversas regiões do mundo.

Gráfico 2 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES

Fonte: Abinee Setembro / 2003

Para este ano, as perspectivas de faturamento do setor eletroeletrônico

deverão alcançar R$ 62,5 bilhões, com crescimento de 11% em relação a 2002.

As exportações deverão crescer 4%, em função da retomada de crescimento

de algumas economias do mundo, especialmente Estados Unidos, e da melhora da

situação econômica da Argentina.

As importações deverão crescer 7%, devendo atingir US$ 11 bilhões em

virtude da retomada da atividade econômica interna.

O número de empregos deverá se estabilizar nos níveis de 2002, em torno de

123 mil trabalhadores.

Destes dados, é possível perceber que o setor está em fase de expansão de

mercado, sendo necessária e evidente a implantação de sistemas de fidelização do

cliente através de ferramentas como o CRM.

46

Page 47: Projeto Final CRM

Segundo declarações na entrevista com a equipe interna da Electrolux,

somente 20% dos lares brasileiros contemplam produtos como aspirador de pó,

sendo este fato mais um indicador da importância de se preparar e construir

relacionamento com clientes.

47

Page 48: Projeto Final CRM

3. ELECTROLUX

O trabalho proposto está focado na Divisão Floor Care & Light Appliances da

empresa Electrolux do Brasil S/A.

3.1 HISTÓRICO DA EMPRESA

ELETROLUX no Mundo

A origem do grupo Electrolux remonta ao início do século XX, quando em 1901

foi fundada na Suécia a "AB Lux". Seu primeiro produto fabricado foi a lâmpada LUX.

Em 1910 estabeleceu-se também na Suécia a empresa "Elektromekaniska", e dois

anos depois, em 1912 a LUX lança no mercado o primeiro aspirador de pó.

Em 1919 ambas as empresas se fundem, dando origem à “AB Electrolux” e em

1925 a empresa lança no mercado o primeiro refrigerador de absorção, conhecido

como "geladeira D".

Em 1956, há o lançamento na Europa do primeiro freezer horizontal e o

primeiro refrigerador operado por compressor. Principalmente nos últimos dez anos

a empresa mostrou-se preocupada com a questão ambiental, e em 1993 a

Electrolux apresenta ao mundo o primeiro refrigerador totalmente livre de CFC.

A empresa mundialmente conta com 82.000 funcionários.

No Brasil

Chegando ao Brasil em 1926, a Electrolux estabeleceu-se em São Paulo onde

iniciou suas atividades operando o sistema de vendas diretas.

Em janeiro de 1996, a Refrigeração Paraná S/A, cuja atividade principal era a

indústria e comércio de refrigeração em geral e a Oberdorfer S/A, cuja atividade

principal era a indústria e comércio de aspiradores e lavadoras de alta pressão,

passam a ser controladas pela Electrolux Ltda, com sede em Estocolmo - Suécia.

Em 4 de março de 1997 ocorre a mudança da razão social da empresa,

passando para Electrolux do Brasil S/A, assumindo assim o seu papel de

organização moderna e dinâmica.

Em setembro do mesmo ano, entrega ao consumidor brasileiro o primeiro

refrigerador livre de CFC produzido no país, gerando deste modo, uma mudança

cultural no mercado da chamada "linha branca", além de obter a certificação NBR

48

Page 49: Projeto Final CRM

ISO 9001 de suas unidades de Curitiba - PR (FCT) e de São Carlos - SP (FSC) e

NBR ISO 9002 de sua Divisão de Serviços ao Consumidor - DISC.

Em 1998 sua outra unidade de Curitiba – PR (FCIC) – Divisão Floor Care e, em

1999, a unidade de Manaus – AM (FAM), encerram o ciclo de certificações dos

Sistemas de Gestão da Qualidade.

3.1.1 Divisão de Produtos na Electrolux do Brasil S.A.

A Electrolux é uma empresa única dividida, no Brasil, em 4 grandes divisões,

que denominamos de Unidades de Negócios, a saber:

1. Divisão Floor Care & Light Appliances – composta pelos produtos de uso

doméstico e profissional nas linhas de aspiradores de pó, lavadores de alta

pressão, enceradeiras, e produtos portáteis como, liquidificador, batedeira,

cafeteira, extrator de sucos, ferro de passar, ventilador, entre outros. Além

destes produtos esta divisão trabalha com alguns acessórios, entre eles os

sacos descartáveis para uso nos aspiradores de pó.

2. Divisão White Goods – composta pelos produtos denominados no mercado

de “Linha Branca”, entre eles, refrigerador, freezer, lavadora de roupa e de

louça, ar condicionado, forno de microonda.

3. Divisão Outdoor Consumer – composta pelos produtos de floresta e jardim

de uso doméstico tais como, motosserra, cortador de grama, roçadeiras,

tratores para corte de grama e acessórios em geral para estes produtos.

4. Divisão Outdoor Professional - composta pelos produtos de floresta e

jardim de uso doméstico tais como, motosserra, cortador de grama,

roçadeiras, tratores para corte de grama e acessórios em geral para estes

produtos.

Os produtos de floresta e jardim mencionados nos itens 3 e 4 acima são

utilizados em trabalhos que não agridem a natureza, sendo a venda destes produtos

controlados pelo governo federal, concordando com a intenção da empresa em

contribuir para a preservação do meio ambiente.

49

Page 50: Projeto Final CRM

3.1.2 Outras informações sobre a Electrolux do Brasil S.A.

A Electrolux é uma empresa líder no ramo de eletrodoméstico, com uma

participação média em Aspiradores de pó de mais de 60% tendo como principal

concorrente a Arno que juntas possuem mais de 95% deste mercado, nas outras

linhas de produtos a participação varia entre 15% e 60%.

Esta importante participação resulta em um volume médio de vendas anual de

aproximadamente um milhão de unidades, dos quais 60% são produzidos

internamente.

No Brasil a empresa atende, além do mercado interno, a exportação para todos

os paises da América do Sul, sendo ela responsável perante a matriz pela

consolidação dos resultados desta região. A carteira de clientes é composta por

pessoa física ou jurídica que adquire seus produtos para uso próprio, chamado de

“consumidor final” e também todas as empresas revendedoras deste segmento que

adquirem seus produtos para revenda, chamado de “varejo”.

Preocupada em prestar bons serviços ao Consumidor, no ano de 2003, a

Electrolux do Brasil S/A - Unidade FCIC – Divisão Floor Care & Light Appliances,

passa a contar com uma área de pós-venda específica para a sua linha de produtos

(aspiradores de pó, lavadoras de alta pressão, enceradeiras e portáteis),

denominada CUCA - Customer Care (Cuidado com o Cliente).

A carteira de fornecedores da Electrolux é composta na sua maioria por

empresas do mercado interno, sendo a matéria-prima o maior volume de compras,

visto que a maior parte dos produtos comercializados são produzidos na própria

fábrica, localizada na Cidade industrial de Curitiba, existem também fornecedores

internacionais, dos quais são comprados, além de uma parte da matéria-prima,

alguns produtos acabados que complementam a atual linha de produtos.

50

Page 51: Projeto Final CRM

4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para desenvolver a pesquisa de campo para este

projeto, buscou resultados quanto à especificação do problema existente na

fundamentação teórico-empírica.

4.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Muitos empresários conhecem os benefícios do CRM (Customer Relationship

Management), porém poucos realmente sabem como utilizá-los de forma eficaz. O

motivo desta situação pode ser compreendido pela falta de compreensão do

significado e da profundidade da aplicação do CRM na empresa. Para investigar

esta situação na prática foi realizada uma pesquisa de campo com o objetivo de

descobrir os resultados esperados pelos fabricantes da área de eletrodomésticos de

Curitiba, mais especificamente da Electrolux, quanto ao CRM, respondendo às

seguintes questões:

- A Electrolux realmente utiliza o processo de CRM, dentro dos padrões

teóricos?

- Qual o retorno que os empresários esperam com esse processo?

- Como funciona este processo dentro da Electrolux?

- Em que o CRM pode alterar o dia-a-dia da empresa?

4.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Para o desenvolvimento desse projeto, foi escolhido método de estudo de

caso, com abordagem descritivo-analítica e de caráter qualitativo utilizando o contato

direto com os entrevistados e roteiro semi-estruturado, para que seja possível uma

abordagem em profundidade do assunto, e por este ser o melhor método de

obtenção das informações necessárias. A pesquisa foi do tipo seccional com

avaliação longitudinal.

Segundo MAANEN, (1979, p. 520), a pesquisa qualitativa compreende um

conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar

os componentes de um sistema complexo de significados. “Em sua maioria, os

estudos qualitativos são feitos no local de origem dos dados. O trabalho de

51

Page 52: Projeto Final CRM

descrição tem caráter fundamental em um estudo qualitativo, pois é por meio dele

que dados são coletados”. (MANNING, 1979, p. 668).

Ainda sobre a pesquisa qualitativa, PIORE (1979, p. 560) afirma que o

emprego de métodos qualitativos pode conferir redirecionamento da investigação,

com vantagens em relação ao planejamento integral e prévio de todos os passos da

pesquisa.

4.2.1 População e amostra

Pelo modo como a pesquisa foi realizada, foram entrevistados os chefes de

cada seção de relevância do assunto dentro da Electrolux, para assim focarmos

melhor o tema a partir da percepção de cargos distintos.

Dentro da divisão de Floor Care & Light Appliances, os entrevistados são:

- Diretor da Unidade de Negócios na América Latina

- Gerente de Marketing

- Gerente de Pós Venda

- Gerente de Tecnologia da Informação

- Supervisor de Atendimento ao Cliente

4.2.2 Dados: tipo de coleta e tratamento

Foram coletados dados primários e secundários. Os dados primários form

adquiridos por meio das entrevistas de caráter qualitativo com roteiro semi-

estruturado com os executivos da Electrolux, com o objetivo de captar melhor as

percepções dos entrevistados quanto ao tema. Para obtenção dos dados

secundários foi utilizado todo o material disponibilizado pela empresa, livros e

material obtido na internet.

O tratamento da pesquisa foi de caráter analítico descritivo de forma a

complementar o processo de obtenção de dados e assim conseguir tirar as

conclusões sobre o assunto.

Os dados primários foram analisados mediante a utilização da técnica de

análise de conteúdo, que segundo BARDIN é:

52

Page 53: Projeto Final CRM

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores, quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN 1979, p. 42)

Os dados secundários foram analisados por meio do emprego da técnica de

análise documental, definida por BARDIN (1979, p. 45) como “uma operação ou um

conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma

forma diferente da original, a fim de facilitar, num estudo ulterior, a sua consulta e

referenciação”.

4.3 ANÁLISE DA PESQUISA

Questões 1-4

Segundo SWIFT o CRM é um sistema de gestão voltado ao cliente. Já

BARNES comenta que esta é uma ferramenta orientada para dados e produtos e

pode ser utilizada basicamente para nos ajudar a compreender o comportamento do

cliente, não o elo emocional entre o cliente e a empresa.

Os entendimentos dos entrevistados a respeito do que é CRM, na maioria das

respostas convergiram ao afirmarem que se trata de um sistema de gestão que

permite a integração de informações entre clientes e empresa.

O Gerente de Tecnologia de Informação (TI) vai mais além e afirma que o que

está sendo feito hoje na Electrolux, “é um movimento muito mais em termos de criar

um novo conceito para vender esta nova ferramenta de tecnologia do que em si um

novo conceito mercadológico”.

É importante perceber que quase todos têm uma visão bastante abrangente

de todo o processo que envolve a implantação do sistema, pois foi comum em suas

respostas a citação de várias áreas da empresa que estão direta ou indiretamente

ligadas a este processo de gestão.

A questão sobre a existência ou não de um sistema de CRM implantado na

Electrolux, foi a que gerou maior divergência entre as respostas. Dois dos

entrevistados afirmaram que a Electrolux possui um sistema de CRM implantado,

enquanto que os outros dois responderam que não.

53

Page 54: Projeto Final CRM

O Gerente de TI afirma que a empresa está em fase de implantação do

sistema, pois “possui as quatro grandes estruturas (Marketing, Vendas, Pós-Vendas,

Financeiro) assistidas por algum tipo de sistema, mas ainda não temos isso

absolutamente integrado”. Ele ainda afirma: “pode-se dizer que a Electrolux tem um

sistema com procedimentos conceituais exatamente como o CRM define. O que nós

não temos é uma ferramenta específica de CRM”.

Fica clara a necessidade de integração entre as áreas no que se refere à

política de implantação de novos sistemas e conceitos internos na Electrolux para

que todos os funcionários saibam quais são as estratégias, planos e ações adotadas

pela empresa e trabalhem com objetivos em comum.

Sobre a intenção ou não de implantação de uma ferramenta de CRM na

Electrolux, as respostas dos entrevistados foram bastante divergentes, apesar do

Diretor da Unidade de Negócios deixar claro que existe a previsão de que em

aproximadamente dois anos o sistema de CRM esteja efetivamente implantado. Ele

ainda aponta a existência de um programa de base de dados que está em fase de

implantação (ERP – Enterprise Requirement Planing).

Sobre o Marketing de Relacionamento a teoria diz que um novo desafio é

“mudar a forma de vender”. Na Electrolux, os entrevistados deixaram evidentes em

suas respostas que o direcionamento seguido pela empresa é o de se aproximar de

seus consumidores, entendendo seus anseios, necessidades, ações,

comportamento e decisões de compra.

O Diretor da Unidade de Negócios chegou a citar uma das iniciativas que já

está sendo praticada para aprimorar o Marketing de Relacionamento, que é a Escola

Comercial Electrolux, destinada a preparar especificamente o pessoal de vendas

para entender o relacionamento com o cliente de forma mais abrangente.

Questões 5-8

Segundo SWIFT iniciar um processo de CRM demonstra na empresa além da

preocupação de focar os negócios no cliente, a busca por questões que aparecem

na organização principalmente nos ambientes de estratégias e controles.

Quando os entrevistados foram questionados sobre os pontos relevantes que

levaram a Electrolux a decidir pela implantação do CRM, foram apresentadas três

respostas distintas: necessidade de ter e organizar informações para potencializar

54

Page 55: Projeto Final CRM

as vendas; necessidade de obter informações sobre o consumidor final sem a

presença de um intermediário; e a necessidade de um novo sistema para suprir a

obsolescência dos modelos atuais que apresentam problemas de sinergia/interação

e dificuldade de atualização/dinamicidade no processo de absorção, retenção e

cruzamento de informações.

As informações relevantes a constarem no banco de dados também foi

respondida com uma grande diversidade de possibilidades entre informações de

“visão geral do sistema” e “visão focada no cliente”. Houve similaridade nas

respostas dos Gerentes de TI e do Marketing sobre o consumidor final. Foram

citados como itens importantes a identificação de “perfil, hábitos e necessidades do

consumidor”. Já segundo o Gerente de Pós-Venda e o Diretor da Unidade de

Negócios a visão da importância de informações sobre o B2B apareceram com

destaque, como: “Conhecer o sistema logístico, a programação de pedidos, o

leadtime, volume de compra, mix de produtos, perspectivas de venda e ciclo de vida

de produto”.

Essa diversidade de respostas, tendo em vista as áreas de competência de

cada entrevistado demonstra uma necessidade de intensificar o foco, o objetivo e a

usabilidade do sistema que está sendo implantado. Nota-se que o entendimento

entre as áreas não é comum, isto pode ser prejudicial no momento da definição do

modelo de banco de dados a ser implantado resultando na sub-utilização do

potencial que o sistema oferece.

No estudo de SWIFT o tipo e a intensidade das informações a constarem no

banco de dados pode ser separada em três níveis: Relatório, Análise e Predição do

Futuro. No primeiro tipo as informações são caracterizadas por consultas pré-

definidas, no segundo que é uma evolução do primeiro, além de armazenar dados

mais detalhados oferece na sua estrutura a possibilidade de pesquisa cruzada. Já o

terceiro é um nível que se caracteriza por um estágio de maior maturidade, e se

destina a responder perguntas baseadas em históricos e situações de previsão.

Segundo o Diretor da Unidade de Negócios a situação ideal do CRM e do

banco de a ser sustentada é: “um produto foi vendido na ponta pelo cliente (venda

ao consumidor final). Essa informação deve estar quase em tempo real dentro da

fábrica, e em conseqüência nos fornecedores, para que toda a cadeia logística rode

em função das vendas”, ou seja o terceiro nível de CRM.

55

Page 56: Projeto Final CRM

Sobre o comprometimento e a participação dos entrevistados e suas

respectivas equipes de trabalho no processo de implantação do sistema, é unânime

a necessidade de sinergia. Assim que o sistema estiver disponibilizado serão

realizados treinamentos com o objetivo de extrair o máximo do sistema, e manter a

equipe focada no cliente/consumidor final, considerando cada área de atuação

fundamental para o processo. As ações realizadas atualmente estão presentes

desde controle e atenção ao atendimento no 0800, assistência técnica, facilitar

peças de reposição, entre outros. Esta integração é citada na obra de SWIFT e de

ZENONE como fatores críticos de sucesso do sistema.

O processo de implanta do CRM exige maior comprometimento de toda a

equipe de forma que isto passe a fazer parte da cultura da organização, sobre isto

os entrevistados comentam que as áreas de negócio contam com profissionais aptos

a mesclar mercado e tecnologia, sendo que esta última é considerada como meio e

não como fim. Essa postura está alinhada com a teoria do CRM que considera o

sistema, antes de tudo, uma filosofia, um elemento presente na cultura

organizacional. Atualmente todas as áreas de serviço da empresa que são

terceirizadas são avaliadas segundo controle de satisfação.

Questões 9-12

Todos os entrevistados falaram claramente sobre como todo esse processo

deve ser conduzido, como a Electrolux utiliza seus serviços de SAC, 0800, porém

esses serviços só são utilizados quando o consumidor tem algum problema o que

diminui as possibilidades de um contato inicial mais amigável (base do marketing de

relacionamento). Mas os processos de SAC e 0800, ainda mostram uma importante

parte do processo de qualidade do cliente que é o retorno de informações sobre os

serviços autorizados que são o contato com o consumidor e que pode ajudar ou em

outros casos manchar a imagem da empresa quando mal feito como disse o Diretor

da Unidade de Negócios “Os consultores repassam à equipe os problemas

encontrados nos serviços autorizados. Um dado importante que o CRM pode trazer

é o FEEDBACK DO SERVIÇO AUTORIZADO, considerando que a imagem da

marca está muito associada à qualidade prestada em um posto de Assistência

Técnica, sendo que este se encontra fora do dia-a-dia da empresa.”

Porém existem outros processos relatados pelos entrevistados, como clínicas

feitas com o consumidor (pesquisa) e também um processo que está sendo ativado

56

Page 57: Projeto Final CRM

agora que consiste em uma troca de informação com o varejista, conforme comenta

o Gerente de Marketing “(...) o que temos feito é começado algumas conversas com

os principais varejistas do nosso mercado que nós entendemos muita coisa dos

consumidores que é os mesmos do varejo, ou seja, estamos tentando mostrar para

o varejo que nós conhecemos melhor o consumidor que compra o nosso produto na

loja dele muito melhor que muitos deles”. Essa iniciativa é um importante como

passo para a implantação do CRM, pois a troca de informação sobre o consumidor é

um dos pilares do marketing de relacionamento.

Além desses pontos ainda pode-se notar uma grande preocupação com o

consumidor final, o Gerente de Pós-Venda conta como a preocupação com o

consumidor vem mudando a forma de desenvolvimento do produto, a preparação da

equipe de promotoras no ponto de vendas, passando a ser feito de acordo com suas

necessidades e criando no produto um diferencial importante.

Durante a realização das entrevistas fizemos uma avaliação de vários itens,

onde procuramos identificar, na opinião deles, o que é mais importante e o que é

menos importante para o sucesso desta nova metodologia chamada CRM.

Nessa questão podemos notar claramente uma maior preocupação com os

itens relativos ao envolvimento de toda a equipe/empresa, sendo estes os pontos

considerados de maior importância, como podem ser vistas pelos gráficos abaixo:

Gráfico 3 – Escala de Valor

Fonte: Pesquisa de Campo

Já a preocupação com o sistema operacional e com o investimento em

tecnologia apresenta scores menores, o que não deixa de ser considerado

importante, mas sim, como foi dito pelo Gerente de TI “(...) tecnologia é apenas um

57

Page 58: Projeto Final CRM

suporte para as áreas administrativas”. O que realmente está correto quando

falamos em como podemos ter muitas informações e mesmo assim não termos um

relacionamento real com o cliente como diz BARNES (2002 p.179, p 15 deste

trabalho).

Sobre o ponto considerado mais crítico ou de maior dificuldade no processo

de implantação de CRM, encontramos opiniões bem diferentes entre os

entrevistados, mas todas focadas no cliente. Quanto a essa disparidade de opiniões

vemos claramente que cada entrevistado entra nas dificuldades de sua área. Como

podemos avaliar na entrevista com o Diretor da Unidade de Negócios, ele conta

como o “mapeamento do processo” pode causar muitos problemas durante a

implantação, já o Gerente de TI diz que o ponto mais crítico é a coleta e a

interpretação de dados, pois esse é um dos pontos mais importantes na implantação

do CRM como um todo, enquanto que os demais entrevistados falam da

conscientização, porém sempre focando suas respectivas áreas.

Uma preocupação observada em todos os entrevistados, é a respeito da

conscientização dessa nova forma de trabalhar, com os funcionário e clientes,

mostrar como se deve trabalhar com as informações, como utilizá-las melhor, etc...,

Como podemos notar na entrevista do Gerente de Pós-Venda quando ele diz: “É, eu

vejo o seguinte, que é muito importante, e eu daria até pela experiência que eu

estou vivendo agora, nesse 1 ano e meio onde tivemos que estruturar uma área que

é chave nesse processo de relacionamento com o cliente, é a conscientização das

pessoas (...)”. Ainda falando em conscientização das equipes o Diretor da Unidade

de Negócios tem a seguinte opinião: “As pessoas têm que entender o porquê do

novo sistema, e utilizar o que pode ser proporcionado. A tendência das pessoas é

manter o comportamento anterior, e neste momento pode-se se ter um recurso sub-

utilizado”. Já o Gerente de Marketing diz que a principal barreira seria conseguir

abertura do varejo e dos parceiros para começar a discutir com eles sobre essa

troca de informações e como isso virá a mudar toda a forma de trabalhar em

conjunto.

Outro ponto questionado durante as entrevistas foi sobre quando podemos

considerar que uma ferramenta de CRM esta totalmente implantada e finalizada,

notamos que todos os entrevistados tem uma noção clara de que o CRM é um

processo contínuo que não terá um fim, mas sim, estará sempre se adaptando ao

58

Page 59: Projeto Final CRM

consumidor e a sua nova realidade com o passar do tempo. E verificamos essa

resposta claramente quando o Diretor da Unidade de Negócios diz: “Não existe um

fim. É uma ferramenta que exige melhoria contínua”.

Porém, a ferramenta de CRM só poderá ser considerada implantada, na

opinião deles, quando puder se ter toda informação sobre a compra de determinado

produto no exato momento em que a transação esta acontecendo, como se pode

notar no comentário do Diretor da Unidade de Negócios: “(...) enxergar a compra do

consumidor final, e isso se refletir no menor espaço de tempo até o fornecedor da

matéria-prima mais básica. Responder uma necessidade na ponta da cadeia e fazer

com que isso rode todo o processo (...)”.

Esse entendimento mostrado pelos entrevistados ajudará muito durante o

processo de implantação, é claro que ainda existem outros requisitos para se

considerar uma ferramenta de CRM totalmente implantada, como a parte técnica,

onde entra o sistema e sua integração, além da parte de treinamento de funcionários

onde todos devem aprender a lidar com o cliente e com as informações adquiridas

durante o processo.

Questões 13-16

Sobre a questão de ferramentas de relacionamento e banco de dados que

consta no item 2.3 sobre CRM, os autores focam na questão das centrais de

atendimento que chamam de “canais de acesso”, porém comentam da dificuldade

que as empresas tem em agrupar e guardar estas informações de maneira a serem

úteis no próximo contato com aquele cliente/consumidor reforçando bastante a

questão do treinamento das equipes, especialmente as de atendimento ao cliente. O

motivo desta dificuldade é que a maior parte das empresas vê a central de

atendimento como despesa e não como investimento, ou seja, tem que se mudar a

cultura das empresas através das pessoas e promover uma integração entre

marketing e tecnologia da informação. Sem esta sinergia é difícil implantar os

conceitos de CRM de forma a trazer resultados positivos.

Dentro da Electrolux, conforme as entrevistas realizadas, nota-se que existe

uma linha comum de entendimento sobre as ferramentas existentes ou que poderão

ser implantadas. Todos comentam sobre a importância da central de atendimento e

da equipe de “trade” (equipe de vendas, promotoras, atendimento, etc). Mesmo

59

Page 60: Projeto Final CRM

sendo uma empresa única, o que chama atenção é a grande diferença entre o que

se tem na linha Branca e na linha Floor Care, e nota-se que a estratégia de

implantação de CRM esta longe de ser uma linha comum de entendimento entre as

divisões.

Os entrevistados apontaram a falta de uma ferramenta de compilação de

informações claras e históricos de clientes que possam ser utilizadas. Existe uma

série de canais de entrada, como, equipe de ponto de vendas (“trade”), clínicas com

grupos de consumidores, pesquisas feitas por empresas especializadas, programas

de relacionamento, áreas de pós-venda, etc., mas isto acaba sendo subutilizado, se

perdendo no tempo e deixando de ser um banco de dados de relacionamento -

CRM.

Comenta-se também a questão das constantes alterações ocorridas nas

equipes, especificamente em pós-venda e marketing da divisão Floor Care, que

afeta a questão da manutenção dos históricos, justamente pela falta de uma

ferramenta que consiga compilar e guardar isto independente da equipe que esteja

atuando no momento.

Na floor care existe um projeto para implantação de novas ferramentas de

pesquisa e uma outra, aparentemente bastante interessante, chamada de “painel de

acompanhamento” onde a idéia é manter constantemente um grupo de

aproximadamente 100 consumidores finais que vão sendo monitorados através de

contatos por diversos canais, utilizando isto internamente no gerenciamento dos

atuais e novos projetos. Esta ação está alinhada com a criação de uma área de pós-

venda focada nesta divisão, sendo este um dos principais meios de entrada de

informações e de relacionamento com os clientes/consumidores, conforme

comentam os entrevistados.

Sobre a questão da troca de informações entre clientes e fornecedores a

teoria diz que a “chave” deste conceito, portanto, está no relacionamento, na forma

como a empresa estabelece com o cliente uma via de mão dupla. SWIFT afirma que

sem dados históricos, transações detalhadas, comunicações focalizadas e

categorizadas dos clientes, um relacionamento não pode ser efetivamente mantido.

Ainda segundo o autor o CRM engloba a capacidade de uma organização em

descobrir, conhecer e principalmente manter uma comunicação com eles, assegurar

que eles recebam o que desejam, estejam satisfeitos com isto, assegurando que

aquele cliente continuará comprando o seu produto.

60

Page 61: Projeto Final CRM

Como afirmado neste estudo, não existe uma “fórmula mágica” ou uma

estratégia definida para todo tipo de empresa, o que significa dizer que cada uma

terá que aprender os hábitos e as necessidades de seus clientes, antecipando

futuros padrões de compra, descobrindo e oferecendo novas oportunidades de

satisfação de algum desejo ou de se fazer um bom negócio para ambos os lados,

com isto acredita-se que sempre haverá interesse do cliente em compartilhar

informações com seus fornecedores.

O entendimento da Electrolux neste ponto é que “esta é uma tarefa inglória”

comenta um dos entrevistados. Todos acham que aquela “fórmula mágica”

realmente não existe e que a empresa tem que ser muito criativa oferecendo

oportunidades de ganho sempre, conforme comenta outro entrevistado, “Só é

possível conseguir interagir com esse cliente quando você consegue provar para ele

os benefícios que continua tendo no mercado”, ou seja, a criação de uma relação

ganha-ganha.

Novamente voltamos na questão do investimento na formação e treinamento

das equipes de atendimento, de maneira que todas estejam absolutamente

preparadas e imbuídas na cultura da Electrolux, com todas as informações

necessárias sobre o cliente, o que acontece no mercado, para que este contato seja

sempre o mais proveitoso possível.

O que se tem é uma forte concentração das ações na criação de planos de

incentivo, através da concessão de uma recompensa por esta troca de informações,

o problema aqui é que se nota uma falta de controle de como este “incentivo” esta

sendo utilizado pelo varejo, na maioria das vezes não se tem o retorno de quando,

como e onde seu dinheiro foi utilizado e qual o resultado alcançado.

O que chama atenção positivamente na nossa opinião que isto é um

problema conhecido pela empresa e o mais importante estão preocupados em achar

uma maneira de minimizar isto, fazendo com que através da profissionalização e

treinamento da equipe como um todo, especialmente venda, trade e atendimento,

isto trará resultados positivos no futuro.

O que se concluí neste ponto, baseado na teoria e nas entrevistas realizadas,

é que ambos entendem que cada empresa terá que achar o melhor caminho para a

criação de um relacionamento que permita esta troca de informações, aqui esta a

chave do sucesso e sairá na frente que for mais criativo e mais rápido na

implantação destas ações e estratégias.

61

Page 62: Projeto Final CRM

Quando falamos em expectativas de mudanças na postura de relacionamento

a partir do momento que o nível e a qualidade de informações sobre cada cliente for

aumentando, os autores tratam isto como um processo de mudança na forma de

relacionamento, ou seja, o CRM é uma ferramenta orientada para dados e produtos

e pode ser utilizada basicamente ou principalmente para nos ajudar a “compreender”

o comportamento do cliente e não criar elo “emocional” entre cliente e empresa.

BARNES afirma que não basta apenas conseguir ou criar um banco de dados dos

clientes, o que tem que fazer, além disto, é achar uma maneira de trabalhar estes

dados de forma correta e coerente, novamente isto aliado com um atendimento

eficiente e amigável tentar criar um relacionamento real e recíproco com o cliente.

As vantagens são ainda citadas por KOTLER como um processo contínuo de

aprendizado.

Segundo SWIFT o CRM oferece seis principais vantagens na utilização da

gestão voltada ao cliente: 1. Menores custos de recrutamento de clientes; 2.

Manutenção de negócios; 3. Redução de custo de vendas e propaganda para

captação de novos clientes; 4. Aumento da lucratividade por cliente; 5. Retenção de

lealdade, e 6. Avaliação da lucratividade por cliente.

Entre as expectativas verificadas nas entrevistas destacamos a nova forma de

concepção de produto passando a ser focado na satisfação de um desejo sinalizado

pelo consumidor e não na boa intenção da empresa, outro ponto é a forma de se

comunicar com ele, através de lançamento de produtos e mensagem da marca,

“entendendo quem ele é, onde ele está, sua percepção, é que conseguimos focar o

nosso programa de comunicação com o consumidor” comenta o Gerente de TI em

relação a questão de mudança na estratégia e forma de relacionamento com os

clientes através da utilização do banco de dados criados no CRM.

Outro entendimento da empresa é sobre a expectativa de poder assumir o

papel de um consultor de negócios para o revendedor, onde baseado na informação

de comportamento de compra do consumidor dentro do ponto de vendas sugerir um

plano de negócio mais alinhado e lucrativo para ambas as partes. Com este

entendimento segundo o Diretor da Unidade de Negócios é possível sugerir um

melhor negócio para o revendedor, em termos de mix de produtos, entre outros.

Outro ponto citado, exatamente na mesma linha da teoria, é a questão de

transformar a relação hoje chamada de “comercial” em uma “parceria”, estando com

62

Page 63: Projeto Final CRM

isto muito mais próximo do atingimento de um relacionamento de ganha-a-ganha

citado anteriormente. “O varejo espera que alguém traga a solução pronta (...) o

varejo hoje entende de comprar e vender o produto, a melhor forma de vender a

indústria pode sinalizar” complementa ele.

Uma das preocupações citada foi o risco existente na administração de todas

estas informações conseguidas e guardadas em um banco de dados, o que fazer

com elas, sendo que ela é volátil. “O que você sabe hoje sobre seu cliente, não é

perene, porque os hábitos estão mudando, por isso eu acho que os sistemas de

informação ainda não estejam preparados para essa dinâmica de mudança de

comportamento do consumidor” comenta o Gerente de Pós-Venda salientando ainda

que na maioria das vezes estas informações terão que ser interpretadas de maneira

a não oferecer um produto para realizar um desejo existente hoje e sim algo que o

consumidor vai querer amanhã ou daqui a 5 ou 10 anos.

Um dos entrevistados comenta que não teria uma resposta precisa sobre isto,

pois esta é uma questão complexa, pois está mudando cultura e hábitos e de

repente acontecem situações no cenário macro econômico que mudam e o

consumidor terá outra postura, como guerras entre nações que afetam todos os

paises, ou quebra da economia de um país específico o qual a empresa esta

localizada ou para o qual exporta seus produtos, “essa complexidade é muito

grande, de ter um sistema, um processo que consiga gerenciar o que você faria com

informação do cliente sendo que em pouco tempo ela já não vale mais nada, como

você descobre que ela já não vale mais nada” conclui o Gerente de Pós-Venda.

A conclusão do grupo aqui é que a empresa esta em linha com as

expectativas existentes na teoria, onde se espera através do melhor conhecimento

de cada cliente/consumidor conseguir oferecer soluções inteligentes de negócio e

produto que possa satisfazer suas necessidades e desejos, ambos entendem que a

dificuldade maior não é a de conseguir as informações e sim administrá-las de forma

inteligente gerando melhores resultados para ambas as partes.

A mensuração de resultados alcançados com a utilização do CRM é chamado

na teoria de “Valor econômico do CRM” onde a própria definição do nome, tem por

objetivo conquistar, cativar e reter clientes, podendo este “valor” ser calculado

através do custo de consumidores perdidos, como os exemplos diretos de uma

revista onde a renovação de assinatura foi ou não realizada, ou ainda em uma

escola onde a realização da re-matricula é o ponto a ser analisado.

63

Page 64: Projeto Final CRM

Segundo KOTLER este cálculo se aplica diretamente ao mercado B2C

(Business to Consumer), mas pode e deve ser estendido ao B2B (Business to

Business) visto à importância da fidelidade dos clientes. O importante é a empresa

estimar o volume do lucro não contabilizado com o desligamento de determinado

cliente.

Na Electrolux todos são unânimes em dizer que não existe uma forma exata

de medir, isto porque o processo ainda não está totalmente implantado, e comentam

ainda não saber como isto será feito. “Acho que a eficácia dele é a satisfação do

cliente, não temos certeza porque ainda não discutimos internamente, tudo esta na

intenção. Uma coisa importante, a saber, é qual o resultado que o CRM esta

trazendo para nós, não sabemos ainda como fazer isto” comenta o Gerente de

Marketing.

O que diverge bastante da teoria neste ponto é que em momento algum

nenhum dos entrevistados comenta a importância ou intenção de medir perdas

financeiras, o foco maior é a intenção de medir a satisfação ou não do consumidor e

revendedor através de ferramentas principalmente de pesquisas.

Questão 17

O Gráfico abaixo mostra, baseado nas entrevistas realizadas, quais os resultados

mais relevantes esperados pela Electrolux após a implantação do CRM:

(Incluir Gráfico - Luiz)

Essa questão mostra todos os possíveis resultados e vantagens geradas pelo

CRM segundo SWIFT. E vemos claramente uma grande preocupação com a

“fidelização” dos clientes, sendo esse o ponto considerado mais importante por

todos os entrevistados, e que realmente é a base para um processo de

relacionamento. Quando perguntado que outros fatores poderia ter sido colocados

nessa questão, foi salientado pelo Gerente de IT e o Diretor da Unidade de Negócios

64

Page 65: Projeto Final CRM

o aumento do Marketing Share que realmente é um resultado importante e

expressivo na mensuração do processo de CRM.

Porém ainda notamos uma certa inconsistência nas respostas quando se fala

em manter clientes, pois apesar de alguns dos entrevistados terem colocado como

possível resultado, ainda tem a mentalidade de que o CRM é feito para aumentar os

clientes e não para mantê-los. Esse é um ponto que chama atenção nas respostas

pois a base do marketing de relacionamento é não só criar novas possibilidades de

mercado, mas consolidar e manter a fidelidade do cliente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta análise aprofundada do contexto em que a Electrolux se

apresenta, hoje, no que se refere à importância da aplicação do CRM como

ferramenta de relacionamento no mercado B2B de eletreoeletrônicos, pode-se

afirmar que a empresa se encontra em um processo de implantação da devida

ferramenta, o que requer planejamento, organização, tempo, comprometimento dos

funcionários e uma série de outros elementos de extrema importância para o seu

sucesso, já citados anteriormente.

Dentre os funcionários entrevistados, ficou evidente o comprometimento

profissional para que esta ferramenta seja utilizada da maneira mais adequada e

eficiente possível, embora ainda esteja em processo de implantação.

Ao que tudo indica, o estabelecimento efetivo desta ferramenta ainda tomará

algum tempo, pois se trata de um processo de longo prazo, que requer envolvimento

por parte de todo o quadro de funcionários, com a finalidade de que os objetivos

sejam alcançados de maneira mais eficiente e que vá de encontro com os reais

motivos de sua implantação.

Porém, seria mais interessante que todo o quadro de funcionários estivesse a

par das mudanças decorrentes desde processo, para que não haja divergência de

objetivos e maior comprometimento profissional.

Vale ressaltar que a quantidade, a qualidade e o gerenciamento do fluxo de

informações aos quais uma ferramenta de CRM está destinada a obter requerem

uma mudança significativa na estrutura organizacional da empresa e, por

65

Page 66: Projeto Final CRM

conseqüência, uma transformação profunda na forma de trabalho e no modo como

as operações, sejam elas oriundas de qualquer departamento da Electrolux, são

conduzidas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 69: Projeto Final CRM

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Page 70: Projeto Final CRM

ANEXOS

ANEXO 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA

IDENTIFICAÇÃO

Escolaridade/área de conhecimento: MBAFormação profissional: Administração / Especialização em Marketing e Finanças pela UFPR / MBA Gestão de Equipes FGV / Graduação Estratégica de Compras pelo Instituto Europeu de Compras (França)Cargo atual: Diretor da Unidade de NegóciosTempo de serviço no cargo atual: 7 mesesCargo anterior: Gerente Industrial (Supervisor de Compras / Gerente de Compras)Tempo de serviço na instituição: 7 anos

PERGUNTAS

1. O que você entende por CRM?

2. A Electrolux possui um sistema implantado de CRM?( ) Sim ( ) Não

3. Em caso de resposta negativa, existe a intenção de implantação?( ) Sim ( ) Não

4. A teoria do Marketing de Relacionamento diz que um novo desafio é “mudar a forma de vender”, como você entende esta afirmação? Como a Electrolux esta tratando este novo conceito?

5. Quais os pontos relevantes que levaram a Electrolux a iniciar a implantação do CRM?

6. Quais as principais informações que devem constar no Banco de Dados do sistema de CRM? Quais já estão disponíveis e sendo utilizadas?

6.1 Quais as principais informações que devem constar no Banco de Dados do sistema de CRM?6.2 Quais já estão disponíveis e sendo utilizadas?

7. Qual a sua participação e da sua equipe no processo de implantação do CRM?

8. No processo de implantação do CRM quais são as medidas a serem adotadas para que haja maior comprometimento de toda a equipe de forma que isto passe a fazer parte da cultura da organização?

9. Considerando que a Electrolux esta no segmento industrial e não no “Varejo”, quais as estratégias adotadas que possibilitam o contato e a aproximação com o consumidor final?

10. Na escala de 1 (Nada importante) a 7 (Muito importante) qual a sua avaliação de cada item abaixo para o sucesso desta nova metodologia?- ( ) Envolvimento dos funcionários,

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Page 71: Projeto Final CRM

- ( ) Sistema operacional,- ( ) Envolvimento dos Clientes- ( ) Envolvimento dos Fornecedores- ( ) Envolvimento da alta administração da empresa- ( ) Treinamento dos funcionários- ( ) Investimento em tecnologia

11. Qual o ponto considerado mais crítico (maior dificuldade) no processo de implantação desta ferramenta?

12. Quando podemos considerar que uma ferramenta de CRM esta implantada e finalizada?

13. O que existe na Electrolux em termos de ferramenta de relacionamento e banco de dados que serão utilizados para o gerenciamento e desenvolvimento do CRM? O que esta em implantação ou será implantado? (Entender qual a relação entre a criação da área de Pós-venda com o CRM)

14. Considerando que a “chave” de sucesso do CRM é a troca de informações entre cliente e fornecedor, através do estabelecimento de uma via de “mão dupla”, quais as alternativas ou estratégias a serem adotadas caso o cliente não seja receptivo a esta nova forma de negócio?

15. A partir do momento em que o nível de informações sobre cada “cliente” vai aumentando, quais as expectativas de mudanças na postura de relacionamento com cada um deles?

16. Considerando a complexidade do processo de CRM, como a Empresa pretende mensurar os resultados alcançados?

17. Dos itens abaixo, qual ou quais você considera que são possíveis resultados decorrentes da implantação do CRM na Electrolux?

( ) Menores custos de recrutamento de clientes( ) Melhorar negócios( ) Menor custo de vendas/propaganda para captação de novos clientes (Redução de toda cadeia logística)( ) Maior lucratividade por cliente( ) Retenção de lealdade (mais importante – ponto de partida)( ) Avaliação da lucratividade por cliente( ) Satisfação( ) Redução dramática de devolução (relatório de acompanhamento de transportadora)

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Page 72: Projeto Final CRM

ANEXO 2

1

Ilustração de Produtos da Divisão Floor Care e Light Appliances da Electrolux

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