PROJETO FINAL - MANUTENCAO PREDITIVA BBAS TRANSF PETRÓLEO-Textuais_REV pela esposa kelly
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14
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTO
Em uma plataforma de petróleo (figura 1) a logística para alocação de mão-
de-obra e peças de reposição, assim como envio de equipamento para manutenção
em terra tem as suas complexidades. O meio de transporte é via barco rebocador,
sendo que o tempo de transporte da plataforma para Macaé leva cerca de 12 (doze)
horas, mas dependendo das condições metereológicas, poderá levar um tempo
ainda maior.
Figura 1 – Plataforma de petróleo fixa
Para garantir a segurança das instalações, pessoas e meio ambiente, os
equipamentos monitorados utilizam limites de alarmes que são baseados em
normas internacionais, sendo classificados pela severidade dos eventos. Em
Manutenção Preditiva o alarme um (alerta) significa que o equipamento está em
condição de operar por um período limitado de tempo, até que uma intervenção seja
15
factível, sendo acompanhado com intervalos mais curtos de monitoramento. No caso
de alarme dois (perigo), o equipamento opera em condições perigosas e sujeito a
danos, deve-se parar o equipamento e providenciar reparo, principalmente quando
este ponto foi atingido rapidamente. Neste nível, a operação torna-se perigosa, para
o equipamento, segurança e meio ambiente, podendo elevar o custo de reparo
expressivamente.
Após análise dos gráficos de tendência e “feedback” do pessoal offshore
sobre as intervenções efetuadas nas bombas de transferência de petróleo,
percebeu-se que os níveis de alarmes vibracionais para estes equipamentos não
estavam adequados à realidade dos mesmos. Havia uma necessidade de reajustá-
los, evitando intervenções e conseqüentemente custos desnecessários.
1.2 OBJETIVO
Este estudo tem o objetivo de apresentar como reduzir a quantidade de
intervenções de manutenção nas bombas de transferência de óleo cru em uma
plataforma de petróleo, e consequentemente, minimizar os custos envolvidos na
manutenção, através de técnica preditiva.
1.3 OBJETIVO ESPECÍFICO
Reduzir em 50% do custo da média gasta de 2006 a 2009, através de uma
revisão nos níveis vibracionais estabelecidos para estes equipamentos, boas
práticas e treinamento, proporcionando otimização das manutenções e a atuação
assertiva no início da falha, fornecendo o retorno das condições normais de
funcionamento antes de uma falha catastrófica, representando um maior custo e
necessidade de manutenção em terra.
16
1.4 JUSTIFICATIVA
Ao avaliar o histórico de intervenções do SAP R3, foi observado que o
número de intervenções era elevado e frequente quando comparados às outras
bombas, gerando elevados custos de manutenção, apesar dos equipamentos
estarem no ciclo de vida normal da curva da banheira (figura 3). Estas intervenções
causavam grandes desgastes para a equipe de manutenção e exposição do
mantenedor às condições insalubres da atividade.
Assim sendo, reduzir o número de intervenções implica em ganhos tangíveis
e intangíveis, que deve ser o objetivo principal de uma equipe de engenharia de
manutenção.
17
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO
A manutenção é uma ferramenta utilizada desde os tempos remotos, sendo
citada em livros históricos e religiosos. O betume, por exemplo, era utilizado para
impermeabilizar casco de barcos (Gênesis 6:14 – “Faze uma arca de tábuas de
cipreste; nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por
fora.”) [1]. Para resolver problemas de abastecimento de água, através de
bombeamento, os egípcios desenvolveram a Picota por volta de 1500 a.C. (figura
2a) e os chineses posteriormente inventaram a esteira com pés (figura 2b).
Figura 2 - Exemplos de engenharia de bombas na antiguidade
Fonte: Extraído do livro Mecânica das Bombas [2].
Com o grande salto da industrialização e da necessidade de produção em
massa, o homem de manutenção passou a exercer um papel importantíssimo e ser
cada vez mais exigido.
No início, a manutenção era ditada pela máquina, onde toda intervenção era
corretiva não-programada, gerando perda de produção e altos custos. No entanto,
com o desenvolvimento tecnológico dos equipamentos, principalmente após a 2ª
grande guerra mundial e a crescente procura por produtos industrializados, a
indústria passa a cobrar mais disponibilidade e confiabilidade das instalações
industriais, pois este fato já impactava na produtividade e qualidade de seus
(a) (b)
18
produtos. A exigência por produtos de qualidade e com entrega no prazo
estabelecido promoveu o desenvolvimento de uma manutenção que não mais
poderia aceitar a falha do equipamento. Assim, surge uma nova modalidade de
manutenção que prometeria a garantia da continuidade operacional, a Manutenção
Preventiva. [3]
A manutenção preventiva se baseia na teoria da curva da banheira mostrada
na figura 3, com isso procura-se efetuar as trocas antes do período onde
estatisticamente ocorrem as quebras. É a manutenção baseada no tempo.
Figura 3 – Curva de taxa de falha com aspecto de “banheira”
Fonte: www.fontem.com/documentos/descargar/218.html
Contudo, as exigências do mercado continuaram crescendo, assim como a
competitividade. A manutenção passou a ser vista como fator decisivo para a
redução do custo e garantia de produtos de qualidade, devendo-se garantir maior
disponibilidade e eficiência operacional com menos intervenções nos equipamentos,
menor contingente de pessoal, maior qualidade dos produtos, maior produtividade.
Inicia-se também a conscientização com saúde, meio-ambiente e saúde (SMS).
Desta forma, além da Manutenção Preventiva, surge a necessidade de saber a
condição real da máquina, ou seja, a sua saúde. Sendo assim, a Manutenção
Mortalidade infantil
Falhas aleatórias
Falhas por desgaste
h (t)
(t)
19
Preditiva estabelece-se com o intuito de maximizar a vida dos equipamentos através
de intervenções programadas, baseadas em sua condição real, restabelecendo a
vida da máquina, conforme figura 4.
Figura 4 – Gráfico Ilustrativo da Manutenção Preditiva
Fonte: www.dee.ufrn.br/~joao/manut/05%20-%20Cap%EDtulo%203.pdf
O mercado permanece ditando a regra do jogo e mudanças continuam
acontecendo. Cada vez mais as tecnologias avançam desenvolvendo equipamentos
mais compactos e complicados. Certamente esta tecnologia avançada tem sido
benéfica ao homem de manutenção que tem seus sentidos desenvolvidos por
equipamentos processadores de dados.
Nesta busca por excelência, todos são importantes e já não há espaço para
operadores que só operem as máquinas. Neste contexto torna-se imprescindível a
utilização da Manutenção Autônoma, um dos pilares da TPM. Capacitando os
operadores para perceberem irregularidades iniciais e tomarem pequenas ações no
sentido de impedir o avanço de falhas e degradação das máquinas. [4]
Des
empe
nho
Tempo de planejamento da intervenção
Manutenção corretiva planejada
Nível admissível procurado Nível de alarme
Performance esperada
tempo
Acompanhamento Preditivo
t1 t2 t3 t0
20
2.2 MANUTENÇÃO CORRETIVA
São tarefas efetuadas após a ocorrência de uma falha, destinadas a recolocar
um item num estado no qual pode executar sua função requerida. É efetiva quando
nenhuma manutenção preventiva for efetiva (eficiente + eficaz), quando o custo da
falha é menor que o custo da MP para evitar a falha ou quando a função é de muito
baixa importância. [5]
2.3 MANUTENÇÃO PREVENTIVA
São tarefas efetuadas a intervalos predeterminados conforme critérios
prescritos e planejados, destinadas a reduzir a probabilidade de falha ou a
degradação do desempenho de um item.
De acordo com Lafraia [5], as tarefas de MANUTENÇÃO PREVENTIVA são
divididas em:
a) Baseada no Tempo – Destinada à prevenção ou postergação da falha.
Pode incluir: Substituição, Restauração ou Inspeção.
b) Baseada na Condição – Destinada à detecção do início da falha ou do
sintoma da falha.
c) Teste para Descobrir a Falha – Destinada a revelar falhas ocultas antes
de uma falha operacional.
2.4 MANUTENÇÃO PREDITIVA
É a manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço desejada,
com base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se meios de
supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção
preventiva e diminuir a manutenção corretiva [6]. A tabela 1 apresenta um exemplo
de benefícios da Manutenção Preditiva.
21
Tabela 1 – Benefícios da Manutenção Preditiva [7]
Benefício Percentual
Redução de custos de manutenção 50% a 80%
Redução de falhas em máquinas 50% a 60%
Redução do estoque de sobressalentes 20% a 30%
Redução de horas extras para manutenção 20% a 50%
Redução do tempo de parada de máquinas 50% a 80%
Aumento da vida útil das máquinas 20% a 40%
Aumento da produtividade 20% a 30%
Aumento do lucro 25% a 60%
Fonte: http://www.mtaev.com.br/download/mnt2.pdf
2.5 MANUTENÇÃO DETECTIVA
É a atuação realizada em sistemas de proteção buscando detectar falhas
ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de operação e manutenção. [8]
2.6 ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO
Possibilita, através de metodologia, efetuar reparos mais rápidos, tornar as
equipes mais eficientes, de melhores métodos de trabalho em manutenção, de
quantidade adequada de sobressalentes, de melhoria de locais de trabalho e das
características das falhas e suas repetições [9].
2.7 MTP ou TPM
É a metodologia que promove a integração homem e máquina, onde ocorre a
condução autônoma das instalações pelos agentes de produção. Essa metodologia
objetiva o zero defeito e a zero perda dos ativos de produção. Busca a melhoria
permanente do desempenho dos equipamentos pelo envolvimento contínuo de
todas as pessoas [10].
22
2.8 TÉCNICA DE MANUTENÇÃO PREDITIVA POR ANÁLISE DE VIBRAÇÃO
A técnica de manutenção preditiva por análise de vibração é uma ferramenta
poderosa na identificação de falhas prematuras em equipamentos rotativos [11].
Pequenas ações, com custos reduzidos evitam que uma falha torne-se catastrófica.
Porém, o ciclo do PDCA deve ser verificado sempre para que as intervenções
ocorram no melhor momento possível, sem riscos desnecessários à produção, meio-
ambiente e saúde dos trabalhadores e com custos baixos [12].
Neste estudo foram utilizados os analisadores de vibração CMVA 55, 60 e 65
Microlog (figura 5), GX-70 e o software PRISM4 do fabricante SKF.
Figura 5 - Foto do Analisador CMVA 65 Microlog
Fonte: Fotografia realizada por Anderson José Soares.
2.9 ANÁLISE DE VIBRAÇÃO
A máquina vibra em várias frequências e estas vibrações se propagam por
23
toda a máquina e estruturas próximas. O movimento vibratório é a resposta de uma
máquina às forças dinâmicas que a excitam. [11]
Uma alteração nos sinais de vibração da máquina pode indicar problemas
com componentes da máquina ou desajustes de montagem. Vibrações severas
induzem fadiga e desgaste resultando em quebras definitivas dos equipamentos.
2.9.1 ANÁLISE NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
A análise das freqüências é uma ferramenta eficiente para a identificação de
defeitos em máquinas. É feita, basicamente, através do sinal de espectro de
frequências coletado por um transdutor, processado em tempo real por meio das
transformadas rápidas de Fourier (FFT).
É fundamental o conhecimento completo do projeto da máquina para que
possamos calcular e determinar as freqüências de defeitos prováveis que estarão
presentes no espectro, e assim, definir o seu “range” de freqüência. [11]
2.9.2 ANÁLISE DO NÍVEL DE VIBRAÇÃO
Os níveis de vibração globais são utilizados para determinar o nível de
criticidade vibracional da máquina. Esta amplitude é quantificada através dos
movimentos mecânicos de deslocamento, velocidade ou aceleração. Além disso,
cada um dos três parâmetros também é quantificado pelas formas tradicionais de
quantificação de sinais dinâmicos, ou seja, zero a pico, pico a pico, valor médio e
valor eficaz (RMS). [13]
As normas mais utilizadas para determinar as faixas de severidade de
vibração são a norma ISO 10816 e ISO 2372.
A tabela 2, apresenta o exemplo de utilização de faixas de severidades tiradas
da norma ISO 2372.
24
Tabela 2 - Faixas de severidade retirada da ISO 2372 [14]
CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
CLASSE I
até 15kw (20CV)
CLASSE II
15 a 75kw (20-100CV)
CLASSE III acima de 75kw (base rígida)
CLASSE IV acima de 75kw (base flexível)
NÍVEL
VALORES RMS DA VELOCIDADE DE VIBRAÇÃO (mm/s)
A-Bom Até 0,71 Até 1,12 Até 1,80 Até 2,80
B-Satisfatório 0,71 a 1,80 1,12 a 2,80 1,80 a 4,50 2,80 a 7,10
C-Insatisfatório 1,80 a 4,50 2,80 a 7,10 4,50 a 11,20 7,10 a 18,00
D-Inaceitável Acima de 4,50 Acima de 7,10 Acima de 11,2 Acima de 18,0
Fonte: Norma ISO 2372
- Zona A (bom): As vibrações de uma máquina nova comissionada deveria
normalmente cair dentro dessa zona.
- Zona B (satisfatório): Máquinas com vibrações dentro dessa zona são normalmente
consideradas aceitáveis para um longo tempo de operação aceitável.
- Zona C (insatisfatório): Máquinas com vibrações dentro dessa zona são
normalmente consideradas não satisfatórias para operações contínuas de longo
tempo. Geralmente, a máquina pode ser operada por um tempo limitado nessa
condição até que apareça uma oportunidade adequada para uma ação remediada.
- Zona D (inaceitável): Os valores da vibração nessa zona são normalmente
consideradas suficientemente severo para se causar um dano em uma máquina.
A tabela 3 é um exemplo de utilização de faixas de severidades retiradas da
norma ISO 10816.
Tabela 3 - Classificação das zonas de severidade de vibração para máquinas do
Grupo 4: bombas com rotor multiestágio e com um difusor integrado - centrifugo,
fluxo misturado ou fluxo no eixo - com energia acima de 15 KW. [15]
25
Classe do suporte Limite da zona Deslocamento em µ r.m.s.
Velocidade em mm/s r.m.s.
A/B 18 2,3
B/C 36 4,5 Rígido
C/D 56 7,1
A/B 28 3,5
B/C 56 7,1 Flexível
C/D 90 11
Fonte: Norma ISO 10816.
As normas ISO 10816 e a ISO 2372 apresentam sugestões para o início de
um monitoramento preditivo por análise de vibração, porém os níveis de vibração de
cada equipamento devem ser revisados periodicamente através da análise da
tendência vibracional de cada ponto monitorado, pois equipamentos do mesmo
modelo são montados em bases diferentes e montados com tolerâncias diferentes,
gerando níveis de vibração diferentes. O nível de vibração que pode ser normal em
um equipamento montado numa base mais flexível, mas pode não ser tolerado em
uma base com maior rigidez. Portanto, avaliar o histórico de intervenções e suas
reais necessidades, comparando com seus gráficos de tendência vibracionais são
de suma importância para um programa de manutenção preditiva eficiente. A figura
6 mostra um exemplo de gráfico de tendência de análise de vibração global em
mm/s rms de uma bomba centrífuga num período de 5 anos, antes e após uma
intervenção, retirados do software PRISM4 da SKF.
26
Figura 6 – Gráfico de tendência de análise de vibração global em mm/s rms
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
2.10 IDENTIFICAÇÃO DAS FALHAS NAS MOTOBOMBAS ESTUDA DAS
Pode-se associar cada defeito de uma máquina com uma frequência de falha
de um espectro de frequência de vibração. Os defeitos mais comuns são:
a) DESBALANCEAMENTO
A vibração causada pelo desbalanceamento ocorre em uma frequência de
1xrpm (uma vez a rotação do eixo da máquina), conforme figura 7. Contudo, nem
toda frequência de 1xrpm é desbalanceamento.
O desbalanceamento mostrado na figura 7, retirado do software PRISM4 da
SKF, ocorre quando há uma desigualdade na distribuição de massa em relação à
linha de centro de um eixo. Este desbalanceamento pode ser residual ou conforme a
alta amplitude vibracional, ser realmente um problema. [13]
Após intervenção
27
Figura 7 - Espectro de frequência do desbalanceamento (O pico predominante do
espectro coincidiu com a rotação da máquina que é de 3570 rpm, ou seja, 1xrpm,
desbalanceamento).
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
b) DESALINHAMENTO
Ocorre com frequência em máquinas rotativas, principalmente devido à
montagem incorreta. Existem três tipos de desalinhamento: angular, paralelo
(OFFSET) e combinado.
Mesmo utilizando acoplamentos flexíveis, com desalinhamento dentro das
tolerâncias de flexibilidade, ocorrem duas forças, axial e radial.
A frequência característica desta falha ocorre em 1 x rpm nas direções radial
e axial dos mancais do lado acoplado da máquina. Quando o desalinhamento é
severo, predomina a segunda ordem (2 x rpm), podendo apresentar a terceira ordem
também, conforme mostrado na figura 8, retirada do software PRISM4 da SKF. No
caso de um eixo empenado, os sintomas são semelhantes. [11]
Frequência de desbalanceamento (1 x rpm)
28
Figura 8 - Espectro de frequência do desalinhamento (O pico predominante do
espectro coincidiu com duas vezes a rotação da máquina que é de 3600 rpm – esta
máquina roda a 1800rpm, ou seja, 2xrpm, desalinhamento).
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
c) FOLGAS MECÂNICAS
Podem ocorrer folgas rotacionais que são caracterizadas por um espaço
excessivo entre a parte estacionária, como o suporte e a parte rotativa. Sua
característica é a produção de frequência característica de 1 x rpm, podendo
produzir harmônicos até a décima ordem, conforme figura 9, retirada do software
PRISM4 da SKF. Quando a folga está excessiva, pode aparecer 0,5 x rpm.
As folgas estruturais ocorrem entre o pé do suporte e sua base estrutural,
Geram frequências em 1 x rpm, principalmente na direção de menor rigidez,
podendo excitar outros harmônicos, como no caso anterior. [11]
Frequências de desalinhamento (2 x rpm) do mancal LA de gerador (mancal de deslizamento)
29
Figura 9 - Espectro de folgas acentuadas em mancal de rolamento (predominam
vários picos múltiplos da rotação, representando as folgas)
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
d) PROBLEMAS HIDRODINÂMICOS
No caso de frequência de passagem de pás diretrizes ou estacionárias,
raramente são problemas sérios, a não ser que excitem outras frequências
estruturais de carcaça, tubulações, pás, pois podem gerar inconvenientes como
trincas, afrouxamentos de parafusos e quebras. Pode ser resultado de um projeto
inadequado entre rotor-estator-pás ou tubulação do sistema. Por exemplo, se uma
bomba tem nove pás diretrizes apresentar-se-á, como no espectro de freqüência da
figura 10, retirada do software PRISM4 da SKF, uma frequência de 9 x rpm. [11]
Frequências de Folgas (1 a 15 x rpm) do mancal LA de uma bomba vertical
30
Figura 10 - Espectro de frequência de passagem de pás (o pico predominante do
espectro é de 534 Hz, ou seja, 9 vezes a rotação da bomba, que roda 59,3Hz).
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
Também pode ocorrer cavitação, recirculação e turbulência do fluxo. Sua
característica é não possuir um espectro de frequência determinística. No caso da
cavitação, apresenta um ruído característico. Estas implosões aleatórias geram um
sinal também aleatório numa região de alta frequência.
e) ROÇAMENTO
O roçamento ocorre entre as partes rotativas e estacionárias aumentando os
níveis de vibração da máquina. Seu sintoma é semelhante ao de folgas.
Podem ser intermitentes ou contínuos. Se contínuos, podem aumentar a
corrente do motor devido à carga adicional provocada pelo roçamento.
Alguns exemplos de roçamento em moto-bomba são: falhas no selo
mecânico, contato entre o rotor da bomba com a sua carcaça, ventoinha do rotor do
motor em contato com a sua tampa de proteção. [11]
Frequência de Passagem de Pás
(9 x rpm)
31
f) FALHA EM ROLAMENTO
Rolamentos avariados causam vibrações em altas frequências e não são
múltiplas da rotação do equipamento, sendo detectadas por parâmetro de
aceleração e envelope de aceleração (técnica desenvolvida pela SKF).
As amplitudes de vibração medidas em aceleração se elevam. Neste
momento uma lubrificação pode ajudar, mas não resolverá o problema, retornando
em seguida. Na análise do envelope de aceleração, percebe-se que a amplitude
aumenta e os picos de falha do rolamento se destacam. [16]
Pode-se detectar falhas na pista externa, pista interna, gaiola e elemento
rolante. Essas falhas excitam as frequências naturais inerentes aos elementos do
rolamento ou mesmo da carcaça do mancal.
Nomenclatura dos defeitos típicos de rolamento:
• defeito em gaiola: FTF (Fundamental Train Frequency);
• defeito em elemento rolante: BSF (Ball Spining Frequency);
• defeito em pista interna: BPFI (Ball Pass Frequency Inner); e
• defeito em pista externa: BPFO (Ball Pass Frequency Outer).
A figura 11 retirada do software PRISM4 da SKF, é o exemplo de um espectro
de envelope de aceleração do mancal lado acoplado de um motor elétrico com
diagnóstico de falha nos elementos rolantes (BSF), pista externa (BPFO) e pista
interna (BPFI) de seu rolamento SKF 6309.
32
Figura 11 - Espectro de envelope de aceleração de rolamento avariado.
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
g) LUBRIFICAÇÃO DEFICIENTE
Nas bombas lubrificadas por óleo é possível que ocorra deficiência de
lubrificação. Em motores elétricos com pino de lubrificação a graxa, este problema é
mais freqüente. Há deficiências de lubrificação por excesso ou falta de graxa. No
caso de excesso, ocorre aquecimento do rolamento e é possível que boa parte do
excesso da graxa fique depositada dentro do estator do motor causando baixa de
isolamento elétrico. Por outro lado, o pino graxeiro pode estar entupido ou com
graxa endurecida na caixa de mancal, causando aquecimento, vibração e falha
prematura do rolamento [16]. O sintoma desta falha é uma elevação de amplitude no
espectro de aceleração, mas que após lubrificação adequada volta ao normal.
33
h) RESSONÂNCIA
Todo corpo possui uma freqüência natural característica, devido à sua forma
construtiva e à sua fixação no local de trabalho, às vezes torna-se necessário
identificá-la [16].
A ressonância ocorre quando uma frequência de excitação coincide ou fica
muito próxima de uma frequência natural da máquina, carcaça ou estrutura. A figura
12, retirada do software PRISM4 da SKF, mostra um espectro de freqüência com
sintomas ressonância.
Como a frequência natural varia em relação a rigidez e a massa, quaisquer
alterações nestas duas variáveis alteram a frequência natural correspondente.
Frequência natural:
e
Figura 12 - Espectro de freqüência de ressonância
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
Frequências de ressonância (inter-harmônico) do mancal LA da bomba
34
i) FALHAS ELÉTRICAS
Falhas elétricas que geram vibrações são resultados de forças magnéticas
desequilibradas, que agem sobre o rotor ou estator e podem ser devido a:
• mancais do rotor excêntricos;
• rotor fora de centro em relação ao estator;
• furo do estator elíptico; e
• barras da gaiola trincadas ou quebradas.
Problemas elétricos relacionados com o rotor geralmente ocorrem na
frequência de 1 x rpm, ladeadas por bandas laterais com espaçamentos iguais de 2
x frequência de escorregamento do rotor. No caso de estator, geram vibração na
frequência de 2 x a frequência da rede, ou seja, 120 Hz. [11]
35
CAPÍTULO III – BOMBAS DE TRANSFERÊNCIA DE PETRÓLEO
3.1 BOMBAS DE TRANSFERÊNCIA DE ÓLEO CRU HZZ-102-532 1 DA SULZER
As bombas de transferência de petróleo (figura 13) são responsáveis por
transferir o petróleo tratado, ou seja, o petróleo que passou pelo processo de
retirada de água, gás e contaminantes nos separadores.
Figura 13 – Bombas de transferência montadas no canteiro
Fonte: Fotografia realizada por Anderson José Soares.
São utilizadas cinco bombas na Plataforma A ou quatro bombas na
Plataforma B, em dois trens de transferência de petróleo mostrado na figura 14,
retirada da tela do computador de processo. Essas bombas operam com vazão de
67m3/h e pressão de sucção de 10,9 kgf/cm2 e descarga de 30,8 kgf/cm2. Utilizam
rolamentos LOA NU313C3 e LA 7313BUA80. Seus motores são GE com potência
de 200cv, 3570rpm, 440v e rolamentos LOA 6315 e LA 6315.
Estas bombas operam 24 horas por dia em regime ininterrupto, em uma área
classificada (risco de explosão). Com isso, a responsabilidade da manutenção é
ainda maior.
36
Figura 14 – Diagrama do processamento do petróleo na Plataforma B
Fonte: Tela do microcomputador da Estação de Supervisão e Controle (ESC) da
plataforma x.
A indisponibilidade destes equipamentos implica diretamente na perda de
produção, impactando no plano de auto-suficiência brasileira na produção de
petróleo. Logo, a manutenção e a operação destes equipamentos requerem um
nível de comprometimento de excelência, caminhando lado a lado como uma equipe
única.
37
CAPÍTULO IV – DESCRIÇÃO DO ESTUDO
Ao longo de 4 anos de monitoramento preditivo por análise de vibração em
bombas de transferência HZZ-102-5321 do fabricante Sulzer e avaliando o histórico
de serviços de manutenção existentes no SAP, que foram efetuados pela equipe de
manutenção offshore, percebeu-se que estavam efetuando muitas intervenções
desnecessárias devido aos limites de alarmes estabelecidos não atenderem a
realidade verificada em campo. Como resultado desta avaliação, foi pesquisado com
maior profundidade alguns conceitos sobre montagens de tubulações e troca de anel
de desgaste (bucha de sacrifício).
4.1 DECISÃO DA ESCOLHA DO CANTEIRO
Foi realizada uma pesquisa adquirindo dados do programa de
armazenamento e gerenciamento SAP R3 e feita as anotações de todos os custos
de serviços de manutenção para cada bomba de transferência efetuados pela
equipe de manutenção offshore nos anos de 2006 a 2009. Esta pesquisa, gerou
alguns gráficos (figuras 15,16 e 17) que auxiliaram na escolha do canteiro.
Custo Total de Manutenção OFF-SHORE das Moto-bombas (2006 a 2009)
R$ -
R$ 20.000,00
R$ 40.000,00
R$ 60.000,00
R$ 80.000,00
R$ 100.000,00
R$ 120.000,00
R$ 140.000,00
Ano
R$
2006 2007 2008 2009
Figura 15 – Gráfico de Custo Total de Manutenção das Bombas (2006 a 2009)
Fonte: Elaborado por Marcelo da Silva Valente.
38
Foi realizado um gráfico de Pareto 80/20 de todas as intervenções em moto
bombas de transferência no período de 2006 a 2009 da plataforma B, conforme a
figura 16, abaixo.
ANÁLISE 80/20 DAS INTERVENÇÕES REALIZADAS EM 2008
12 12
109
5
2 2 2 2
16
39%
69%
82%89% 92% 94% 97% 100%
22%56%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Alin
ham
ento
do
conj
unto
rota
tivo.
Tro
ca d
os ro
lam
ento
s da
Bom
ba.
Med
ir vi
braç
ão (s
uspe
ita a
ltavi
braç
ão)
Tro
ca d
e ól
eo d
a B
omba
Tro
ca d
e se
lo.
troca
de
mot
or p
ara
repa
ro o
n-sh
ore
troca
de
rola
men
tos
do m
otor
envi
o de
bom
ba p
ara
repa
ro o
n-sh
ore
troca
de
vent
oinh
a do
mot
or
reap
erto
de
term
inai
s de
alim
enta
ção
elét
rica
Oco
rrên
cia
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
% A
cum
ulad
o
Figura 16 – Gráfico de Pareto X 80/20 das motobombas de transferência [17]
Fonte: Elaborado por Marcelo da Silva Valente.
Uma parcela considerável das intervenções foi gerada após medição de
vibração efetuada pelos técnicos da equipe de preditiva do Suporte Técnico. Os
próprios mecânicos “offshore” da plataforma eram solicitados a medir a vibração do
equipamento, pois o operador, em sua ronda diária (anexo 1), percebia
anormalidades pela inspeção de cinco sentidos. O nível global de vibração do
equipamento encontrava-se acima do alarme 2 (falha), ou seja, 8,0 mm/s rms,
tentava-se baixar os níveis vibracionais efetuando alinhamento do conjunto rotativo
ou trocando os rolamentos da bomba, mesmo sem o espectro indicar tais falhas.
39
Como a causa fundamental da elevação da vibração não tinha sido sanada, era
gerada nova medição de vibração e nova intervenção.
Algumas intervenções no equipamento eram retrabalhos, ou seja, após uma
troca de selo, rolamento ou bomba, o equipamento era alinhado através de alinhador
a laser, mas ao entrar em operação apresentava seu nível acima do alarme 1
(alerta), ou seja, 5,0 mm/s rms de vibração. Quando este fato ocorria, efetuava-se
nova parada do equipamento para verificação e suposta correção do
desalinhamento, que na maioria dos casos não era necessária. Como são mais de
duas equipes trabalhando em revezamento de 14 dias, uma nova equipe percebia a
vibração elevada no equipamento e tornava a coletar novos dados de vibração e
novo alinhamento desnecessário, ou seja, novo retrabalho. Também foi estratificado,
conforme figura 17, o custo total de manutenção do período de 2006 a 2009 e
ocorreu a verificação de que o maior custo estava concentrado na bomba A,
representando 42% dos gastos totais (R$ 195.427,88) das bombas de transferência
da plataforma B. Desta forma, a redução de custos neste equipamento representa
uma economia significativa.
CUSTO DE MANUTENÇÃO DAS BOMBAS DE TRANSFERÊNCIA DA PLATAFORMA B (2006 a 2009)
R$ 27.865,06
R$ 48.179,13
R$ 195.427,88R$ 85.081,83
R$ 59.211,16
MB-A
MB-B
MB-C
MB-D
MB-E
Figura 17 – Custo de manutenção em bombas de transferência da Plataforma B
Fonte: Elaborado por Marcelo da Silva Valente.
40
Então a bomba A de transferência de petróleo foi escolhida como canteiro.
Toda boa prática seria implantada primeiramente neste equipamento, sendo
multiplicada para os demais.
4.2 ESTUDO DAS CURVAS DE TENDÊNCIA DE VIBRAÇÃO
Os alarmes usados nestes conjuntos moto-bomba eram:
- alarme 1 (alerta): 5,00 mm/s rms - Linha amarela; e
- alarme 2 (falha): 8,00 mm/s rms - Linha vermelha.
Após pesquisa exaustiva dos gráficos de tendência do nível de vibração
global de cada ponto de medição do equipamento, percebeu-se que o equipamento
sempre mantinha um nível vibracional muito próximo ou em alarme 1 (alerta). Assim
sendo, o desvio padrão esperado colocava o equipamento em nível de vibração
excessivo. Aqueles níveis de vibração, na realidade, ainda eram satisfatórios não
necessitando de maiores cuidados de manutenção.
Segue abaixo os gráficos de tendência de vibração global de velocidade
medidos em mm/s rms (figuras 18, 19, 20, 21 e 22), no período de 2006 a 2009,
antes da modificação dos limites de alarme. Pode-se verificar claramente o que foi
explicado acima.
41
Figura 18 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba A
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
Figura 19 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba B
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
42
Figura 20 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba C
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
Figura 21 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba D
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
43
Figura 22 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba E
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
A maior parte das tendências pesquisadas revelou que o nível de vibração,
com o equipamento novo ou reparado, encontrava-se entre 3,5 mm/s rms e 6,0
mm/s rms, logo, com muitos casos de alarme 1, mostrando que estes níveis de
alarmes adotados poderiam estar equivocados.
4.3 PESQUISA DAS NORMAS ISO 10816 E ISO 2372 E ADEQ UAÇÃO
Ao confrontar os níveis de vibração utilizados com os sugeridos pelas
recomendações da norma ISO 10816 (ISO 2372), foi constatado o que na prática já
era esperado: os equipamentos estavam classificados para um nível de severidade
maior que o sugerido pela norma.
Pela norma ISO 2372 estes equipamentos pertenceriam à CLASSE IV, pois
são equipamentos com potência de 90kw (125HP), montados sobre base flexível,
conforme tabela 2. Os alarmes recomendados seriam:
- alarme 1 (alerta): 7,10 mm/s rms; e
- alarme 2 (falha): 18,00 mm/s rms. [14]
44
Já pela ISO 10816, os seguintes valores são sugeridos, conforme tabela 3:
- alarme 1 (alerta): 7,10 mm/s rms; e
- alarme 2 (falha): 11,00 mm/s rms. [15]
Decidiu-se utilizar as recomendações da ISO 10816, logo os “inputs” para
intervenção devido aos níveis de vibração elevados foram reduzidos. Em
consequência, os custos de manutenção também foram reduzidos.
Apresenta-se abaixo, os gráficos de tendência atuais com os novos limites de
criticidade vibracional adotados (figuras 23, 24, 25, 26 e 27) no período de 2006 a
2010.
Figura 23 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba A, com
novos alarmes
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
45
Figura 24 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba B, com
novos alarmes
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
Figura 25 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba C, com
novos alarmes
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
46
Figura 26 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba D, com
novos alarmes
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
Figura 27 - Gráfico de tendência global mm/s rms do mancal LA da bomba E, com
novos alarmes
Fonte: Extraído do software PRISM4 da SKF pelos autores.
47
Além dos ajustes efetuados nos limites vibracionais das bombas de
transferência de petróleo HZZ-102-5321 do fabricante Sulzer para adequar e
otimizar as intervenções que resultaram nesta redução de custos, aproveitou-se
para inserir algumas boas práticas que deram suporte para atingir este objetivo.
48
4.4 BOAS PRÁTICAS
a) TREINAMENTO DE PESSOAL OFFSHORE, EM ANÁLISE DE VIBRAÇÃO
Com intuito de efetuar um programa efetivo de manutenção preditiva mensal
por análise de vibração, foram ministrados treinamentos para todos os mecânicos
offshore da plataforma. A plataforma já possuía um analisador de vibração que foi
utilizado para que o plano pudesse ser executado mensalmente. As medições eram
feitas trimestralmente pelo pessoal do Suporte Técnico e esporadicamente pelo
pessoal a bordo, principalmente quando se percebia que uma bomba estava com
ruído anormal ou vibração excessiva, conforme a figura 28.
49
Figura 28 - Fluxograma de monitoramento quadrimestral de vibração das moto-
bombas de óleo cru.
Fonte: Elaborado pelo autor Anderson José Soares baseado em Moraes, 2010 [18].
50
Os técnicos especialistas passaram a embarcar para continuar o treinamento
de coleta e análise dos resultados coletados, mas agora de quatro em quatro meses.
Para que os equipamentos venham ter um monitoramento preditivo eficiente,
as coletas de dados de vibração passaram a serem mensais, pois os mecânicos
foram treinados para coletar os dados de vibração. No caso de um alarme
vibracional, entram em contato com a equipe de preditiva que analisa os dados
coletados, conforme fluxograma da figura 29.
51
Figura 29 – Novo fluxograma de monitoramento mensal de vibração.
Fonte: Elaborado pelo autor Anderson José Soares baseado em Moraes, 2010 [18].
52
b) MONTAGEM DA BOMBA
Os equipamentos ao serem reparados em oficinas onshore devem retornar
com laudo de balanceamento dinâmico e ao serem instalados em suas bases devem
ser respeitadas as tolerâncias de desalinhamento admissível de no máximo 0,05
mm, tanto o desalinhamento paralelo, quanto o angular. A base deve estar limpa,
com calços padronizados evitando colocar mais de três calços em cada pé para
evitar o efeito “sanfona” (soft foot), conferindo antes de tudo a existência de “pé-
manco” que deve ser corrigido. Também antes da montagem das bombas, deve-se
conferir o tensionamento das tubulações de sucção e descarga sobre a carcaça da
bomba. Ao alinhar o conjunto rotativo, manter o alinhador a laser montado nos eixos
e soltar a tubulação de sucção de descarga da bomba para avaliar a influência deste
tensionamento e corrigi-lo, pois não adianta a bomba estar alinhada com o motor,
mas com tensão na carcaça, pois esta força desalinha os mancais da bomba
causando elevadas vibrações e desgastes, levando à falha dos rolamentos e quebra
do selo mecânico. A frequência característica deste defeito é de 1xrpm da bomba e
é confundida com desbalanceamento (ver figura 7).
Lima [2] recomenda que o alinhamento entre os flanges sejam feitos seguindo
as orientações da tabela 4 e figura 30.
53
Figura 30 – Alinhamento de flanges
Fonte: Livro Mecânica das Bombas [2]
Tabela 4 - Desalinhamento angular de flanges
Diâmetro nominal do flange (mm) Diferença de mediçã o máxima (A-B)
D≤100 0,2 mm
100≤150 0,3 mm
150≤200 0,4 mm
200≤250 0,5 mm
250≤300 0,6 mm
300≤D 0,7 mm
Fonte: Livro Mecânica das Bombas [2]
X
A B
54
A atividade de manutenção em bombas implica em recomendações de SMS
avaliados pelos técnicos de segurança do trabalho, conforme tabela 5, retirado do
padrão de execução da empresa x.
Tabela 5 – Aspectos e impactos da tarefa
ASPECTOS IMPACTOS
Queda de altura superior a 2,0m. Morte, fratura ou contusão.
Resíduos contaminados com óleo. Poluição no mar, escorregamento.
Esforço físico e má postura. Contusão.
Manuseio incorreto de peças e
ferramentas.
Contusão.
Ruído. Perda auditiva, irritabilidade.
Vibração. Irritabilidade, problemas cardíacos,
cansaço.
Fonte: Extraído do padrão de execução da Empresa x.
c) TROCA DA BUCHA DE DESGASTE DA SEPARAÇÃO ENTRE OS DOIS
ROTORES
Na análise espectral, percebeu-se uma frequência inter-harmônica (entre 68 a
73 Hz) que se destacava no espectro de velocidade (ver figura 12) de algumas
bombas chegando ao nível de vibração em alarme 2 (falha) ou bem acima.
No princípio pensava-se que esta frequência (aproximadamente 73 Hz)
poderia ser devido ao tipo de fluido bombeado, pois o problema era muito freqüente
nas bombas do separador de teste, onde a mistura óleo-gás-água ocorria acima do
esperado. No entanto, conforme o tempo foi passando, verificou-se que ocorria
também em outras bombas. Com o tempo, testando outras bombas stand-by, com o
mesmo fluido, contatou-se que não apresentava o mesmo sintoma.
Em várias ocasiões, estas bombas eram enviadas para reparo onshore.
55
Quando o reparo era feito offshore (figura 31), geralmente era reparado o selo e
substituídos os rolamentos, mas a causa fundamental da vibração não era
eliminada. Quando a bomba retornava de reparo, seu nível vibracional diminuía, mas
rapidamente retornava a níveis de vibração em alarme 2.
Figura 31 – Foto da Montagem dos elementos internos da bomba na oficina offshore
Fonte: Fotografia realizada por Anderson José Soares.
Um dos mecânicos mais experientes, ao efetuar a manutenção de uma destas
bombas a bordo, percebeu que os anéis de desgaste estavam muito gastos (figura
32) e como não existiam anéis sobressalentes, confeccionou-os com aço inoxidável
316. Após este reparo, a frequência de inter-harmônica citada foi reduzida
drasticamente.
56
Figura 32 - Anel de desgaste interno do rotor com bastante ranhura e desgaste
Fonte: Fotografia realizada por Anderson José Soares.
Logo após a intervenção citada acima, foi observado na plataforma A outra
bomba na bancada para reparo, onde seriam trocados apenas os seus rolamentos.
No entanto, aproveitou-se a oportunidade para solicitar a troca de seus anéis de
desgaste, principalmente o anel de desgaste que separa os dois rotores. Quando o
anel de desgaste interno do rotor foi inspecionado, verificou-se que estava com
desgaste acentuado (figura 33). Após sua troca, os níveis de vibração retornaram às
condições normais.
57
Figura 33 - Anel de desgaste interno do rotor com desgaste acentuado
Fonte: Fotografia realizada por Anderson José Soares.
Esta descoberta é recente, mas já foi confeccionada uma Lição Pontual de
Manutenção (ANEXO 2), para trinar os nossos mecânicos e auxiliá-los nos próximos
reparos de bombas de transferência. Já foram efetuados dois outros reparos com
troca destas buchas na oficina a bordo com sucesso.
O fabricante da bomba recomenda a medição das folgas dos anéis de
desgaste da bomba HZZ-102-5321 da seguinte forma: meça a folga entre os jogos
correspondentes de anel de desgaste estacionário e do rotor em vários locais (figura
34). Calculo da folga:
Folga = Dadc - ddar , onde
Dadc é o maior diâmetro do anel de desgaste da carcaça
Dadc menor diâmetro do anel de desgaste do rotor
Desnível visível a olho nu.
58
Figura 34 – Tolerâncias dos anéis de desgaste da bomba HZZ
Fonte: Extraída do manual do fabricante Sulzer [19].
Folga mínima em mm (com peças novas)
0,7
Folga máxima em mm (com peças desgastadas)
1,4
Anel de desgaste do rotor
Anel de desgaste da carcaça (tampa)
Anel de desgaste da carcaça
Rotor
Anel de desgaste do rotor
59
CAPÍTULO V – ANÁLISE ECONÔMICA
Com a simples alteração nos níveis de vibração utilizados, adequando-os as
realidades da plataforma, diminuíram o número de intervenções na máquina,
reduzindo os custos de manutenção, além de expor menos a mão-de-obra aos
riscos das atividades na área destas bombas (ruído elevado, área classificada como
explosiva, ergonomia, impactos), contribuindo para os índices de SMS.
Destas interações, entre Suporte Técnico e técnico da plataforma, através de
treinamento a bordo e consultas para análise de dados coletados, surgiram às boas
práticas que contribuíram muito para atingirmos estes resultados.
REDUÇÃO DE CUSTOS EM 2010 (APÓS IMPLANTAÇÃO)
Com base no histórico de intervenções no SAP R3 foi elaborado o gráfico da
figura 35.
Redução dos Custos de Manutenção OFF-SHORE das Moto-bombas em 2010
R$ 86.563,52
R$ 117.106,06
R$ 139.601,58
R$ 92.803,75
R$ 26.093,65
R$ 109.018,73
R$ -R$ 20.000,00R$ 40.000,00R$ 60.000,00R$ 80.000,00
R$ 100.000,00R$ 120.000,00R$ 140.000,00R$ 160.000,00
2006 2007 2008 2009 2010 Média
Anos
R$
2006 a 2009
Figura 35 - Redução dos Custos Manutenção OFFSHORE Moto bombas em 2010
Fonte: Elaborado pelo autor Marcelo da Silva Valente.
60
Somente no ano de 2010, foi constatada uma economia de R$82.925,08 com
custos de manutenção em moto bombas de transferência de óleo cru, comparando
com a média dos anos 2006 a 2009. E ainda ocorreu a diminuição no envio de
bombas para reparo onshore, que além dos custos com mão-de-obra e
sobressalentes, contabiliza o custo de transporte marítimo e rodoviário. Sendo
assim, o objetivo de redução acima de 50% dos custos de manutenção foi atingido,
como mostrado na figura 35.
Além disso, houve ganhos intangíveis, ou seja, diminuição dos riscos
ambientais por contaminação com resíduos e de exposição de mão-de-obra aos
riscos inerentes a atividade.
61
CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO
Um programa de manutenção preditiva eficiente deve ser constantemente
revisado. Os profissionais que atuam neste ramo devem ser treinados
constantemente.
Na manutenção de área não há espaço para o trabalhador que só executa
ordens, mas sim o profissional pró-ativo que participa da gestão da manutenção.
Esta interação entre o técnico especialista do Suporte Técnico e o técnico da área é
a chave para o sucesso do programa de manutenção preditiva. É através deste
relacionamento que surgem as descobertas que contribuem para as soluções dos
problemas. Na maioria das vezes quem está inspecionando, substituindo peças,
verificando é o técnico da área, e neste momento ele faz o papel de “olhos da
preditiva”. Por mais simples que possa ser uma informação passada ao técnico
especialista, pode ser o detalhe que faltava para a solução do problema.
A metodologia aplicada neste estudo já está sendo implantada em outros
equipamentos e outras plataformas. Os ganhos obtidos por meio deste trabalho
foram expressivos. Ocorreu ainda a revisão dos níveis de vibração das outras
plataformas que também utilizam as bombas HZZ-102-5321 da Sulzer. Além disso,
percebe-se que muitas bombas de outros fabricantes também tinham níveis
vibracionais inadequados, que foram ajustados conforme a norma ISO 10816, sendo
este número de equipamentos um universo muito maior.
62
REFERÊNCIAS:
[1] ALMEIDA, João Ferreira (tradução em português). A Bíblia Sagrada . Revista e Atualizada no Brasil, 2.ed, Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. 1094 p.
[2] LIMA, Epaminondas Pio Correia. Mecânica das Bombas. 2. ed, Rio de Janeiro: Interciência, 2003. 610 p.
[3] WYREBSK, Jerzy. Manutenção Produtiva Total – Um Modelo Adaptado . Universidade Federal de Santa Catarina, 1997. Disponível em http://www.eps.ufsc.br/disserta98/jerzy/cap2.htm
[4] KARDEC, Alan; RIBEIRO, Haroldo. Gestão Estratégica e Manutenção Autônoma . Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 136 p.
[5] LAFRAIA, João Ricardo Barusso. Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade . Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. 374 p.
[6] BRASIL. Lei NBR 5462-94, 30/11/1994. Confiabilidade e Mantenabilidade .
[7] ALMEIDA, Márcio Tadeu de. Manutenção Preditiva: Benefícios e Lucratividade . Escola Federal de Engenharia de Itajubá, 2008. Disponível em http://www.mtaev.com.br/download/mnt2.pdf
[8] SAVELLI, José Camilo, Administração da Engenharia da Manutenção . Volta Redonda UNIFOA. 115 slides – Microsoft Powerpoint . 2009.
[9] BRANCO FILHO, Gil. A Organização, o Planejamento e o Controle da Manutenção . Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008. 257 p.
[10] KELLY, Luiz Henrique Farias. Análise da Implementação da Manutenção Produtiva Total – Um Estudo de Caso . 146 p. Dissertação (Mestrado) – Curso de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional, Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. 2006. Disponível em: http://www.ppga.com.br/mestrado/2006/Kelly-Luiz Henrique Farias.pdf. Acesso em 01.fev.2011.
[11] ALMEIDA, Márcio Tadeu de; GÓZ, Ricardo Damião Sales. Apostila do Curso Análise e Medidas de Vibração . Itajubá: FUPAI, 1993. 230p.
63
[12] PINTO, A. Kardec; XAVIER, J.A.Nascif. Manutenção: Função Estratégica . Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. 384 p.
[13] MELQUESEDEQUE Melo Arco-Verde. Identificação de Falhas em Sistemas Rotativos Empregando Técnicas Não-lineares . 135 p. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: http://www. ebah.com.br/content/ABAAAA5VAAJ/identificacao-falhas-empregando-analise-vibracao. Acesso em 02.fev.2011.
[14] INTERNATIONAL STANDARDS ORGANIZATION. Mechanical Vibration Of Machines With Operating Speeds From 10 to 200 rev/s - Basis For Specifying Evaluation Standards: ISO 2372-1974: General Guidelines . ISO, 1995.
[15] INTERNATIONAL STANDARDS ORGANIZATION. Mechanical Vibration - Evaluation Of Machine Vibration By Measurements On Non-rotating Parts. ISO 10816-1: 1995
[16] Engenharia SKF do Brasil LTDA. Apostila do Curso de Analista de Máquinas II. São Paulo: 2005. 195 p.
[17] GODOY, Adelice Leite de. Gestão da Qualidade . 2010. Disponível em http://www.cedet.com.br/index.php?/Tutoriais/Gestao-da-Qualidade/grafico-de-pareto.html
[18] MORAES, Juliano, Mapeamento da Cadeia de Valor . Volta Redonda UNIFOA. 76 slides – Microsoft Powerpoint. 2010.
[19] Manual de Instalação e Manutenção da Bomba HZZ . Sulzer Brasil, São Bernardo do Campo: 2000. 43 p.
[20] CASTRO, Flávia Lages de; et al. Manual UNIFOA Para a Elaboração de Trabalhos Acadêmicos . Volta Redonda: FOA, 2008. 74 p.
64
ANEXOS:
Anexo 1 - Rota do operador da bomba HZZ
65
Anexo 2 – Lição Pontual