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Projeto Mídias: produção e recepção Disponível em: <http://pixabay.com/pt/colaborativa-multid%C3%A3o-povo-pessoas-154759/>. Este projeto tem o objetivo de apresentar aos alunos uma discussão sobre as mídias e sua influência na sociedade. O planejamento, entretanto, trabalha mais profundamente o conceito de mídia, extrapolando a ideia de formação de opinião como fator da mídia jornalística televisiva, mas incluindo o rádio, as mídias impressas, as virtuais e também a ―mídia professor‖. ―Reconhecemos aqui como mídias todos os recursos tecnológicos educativos — hardware, software, som, televisão, cinema, celular, palm, tablets... capazes de promover uma interação social, ora como instrumento, ora como propulsor.‖ - Mídias e Educação (COREIA, 2014). Incluindo ao conceito de mídia o fato delas, inevitavelmente, serem usadas e se apropriadas como forma política do exercício da linguagem, exercício esse tido como natural em sua essência. INTRODUÇÃO Como início, sugere-se ao professor a leitura do seguinte texto publicado na Revista Linha Direta inovação, educação e gestão. (Edição 192, ano 17 março de 2014): Mídias e educação Reconhecemos aqui como mídias todos os recursos tecnológicos educativos hardware, software, som, televisão, cinema, celular, palm, tablets... capazes de promover uma interação social, ora como instrumento, ora como propulsor. As salas de aula pelo Brasil que dispõem de recursos para a utilização desses instrumentos são poucas e geralmente reduzidas aos grandes centros urbanos. O uso das mídias como ferramentas tecnológicas, mesmo na segunda década do milênio, ainda não é tarefa tão comum quanto

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Projeto Mídias: produção e recepção

Disponível em: <http://pixabay.com/pt/colaborativa-multid%C3%A3o-povo-pessoas-154759/>.

Este projeto tem o objetivo de apresentar aos alunos uma discussão sobre as mídias e sua

influência na sociedade. O planejamento, entretanto, trabalha mais profundamente o conceito de

mídia, extrapolando a ideia de formação de opinião como fator da mídia jornalística televisiva,

mas incluindo o rádio, as mídias impressas, as virtuais e também a ―mídia professor‖.

―Reconhecemos aqui como mídias todos os recursos tecnológicos educativos — hardware,

software, som, televisão, cinema, celular, palm, tablets... — capazes de promover uma interação

social, ora como instrumento, ora como propulsor.‖ - Mídias e Educação (COREIA, 2014).

Incluindo ao conceito de mídia o fato delas, inevitavelmente, serem usadas e se apropriadas

como forma política do exercício da linguagem, exercício esse tido como natural em sua

essência.

INTRODUÇÃO Como início, sugere-se ao professor a leitura do seguinte texto publicado na Revista Linha Direta – inovação, educação e gestão. (Edição 192, ano 17 – março de 2014):

Mídias e educação

Reconhecemos aqui como mídias todos os recursos tecnológicos educativos — hardware, software, som,

televisão, cinema, celular, palm, tablets... — capazes de promover uma interação social, ora como

instrumento, ora como propulsor. As salas de aula pelo Brasil que dispõem de recursos para a utilização

desses instrumentos são poucas e geralmente reduzidas aos grandes centros urbanos. O uso das mídias como

ferramentas tecnológicas, mesmo na segunda década do milênio, ainda não é tarefa tão comum quanto

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deveria e mais do que a decisão de aceitá-las como parte de um processo e fazê-las funcionar está a delicada

e dificultosa tarefa de reeducação docente para a compreensão da incursão dessas mídias como mais um

instrumento no processo educativo.

Se, por um lado, em alguns casos faltam os recursos para a utilização desses meios tecnológicos, do outro

faltam perspectivas pedagógica de compreensão e aceitação por parte dos docentes, no sentido de que essas

ferramentas não dissonam dos propósitos específicos do ensino — a otimização da leitura e da escrita — e

ainda ir ao encontro de seu propósito fundamental, a socialização.

Essa partição entre leitura e tecnologias midiáticas precisa urgência em discussão. Há muito, a ideia do livro

como único “ordenador do conhecimento” já está ultrapassada (Martím Barbero, 2002). É preciso se

convencer é de que a inserção das mídias, em sala de aula, não veio para substituir nenhum outro recurso,

pelo contrário, elas estão como a soma de mais um possível instrumento (no caso, recurso tecnológico) para

a compreensão do mundo.

"[...] Agora, a convergência digital está articulando uma integração multimídia que permite ver, ouvir, no

celular, no palm, ou no iphone, áudio, imagens, textos escritos e transmissão de dados, tirar fotos e fazer

vídeos, guardá-los, comunicar-se com outras pessoas e receber as novidades em um instante. Nem os

hábitos atuais dos leitores-espectadores-internautas, nem a fusão de mensagem, permitem agora conceber

como ilhas isoladas os textos, as imagens e sua digitalização.” (Canclini, 2008).

As interações sociais atuais se reorganizaram numa expropriação de velhos paradigmas. Essa convergência a

que se refere o autor recai na aceitação de que esse é um recurso que vai além do modismo. O uso de

diferentes mídias tecnológicas em sala de aula já é uma realidade. O problema, entretanto, está além do uso

educativo ou não dessas infinitas fontes de informação de todo o mundo e sim na regulação dessas. Como

orientar e oferecer condições verdadeiras para o desenvolvimento do projeto pedagógico de um professor

diante de tantas opções nem sempre confiáveis? E mais, como separar o espetáculo e a forte indústria

cultural rasa dos objetos desejosos da ciência na lida escolar?

A grande oferta de materiais midiáticos disseminados pelas ferramentas tecnológicas — filmes, textos,

imagens, música... — é motivadora por um lado, mas, por essência, essas não oferecem critérios para

selecionar e hierarquizar sua relevância. Como se sabe, nem sempre é possível alargar os critérios de

segregação da boa e má informação para o uso em sala de aula, e os riscos pedagógicos de se fazer uso de

algo não apropriado é grande. Para fazer essa distinção é necessário o olhar de um profissional preparado

que faz conexões entre as mídias virtuais, e não virtuais.

“Escolas e universidades renovadas, com professores treinados nas novas linguagens e habilidades,

ajudariam a discernir o valor da informação e dos espetáculos, passar da conectividade indistinta ao

pensamento crítico?” (Canclini, 2008).

Pensando nisso, governo e sociedade têm testado formas de solucionar esse problema. Não só abrindo

discussões valoradas no uso de instrumentos tecnológicos na formação discente como também na

contribuição sistemática de planos pedagógicos que orientem professores na escolha adequada das

informações trazidas pelas mídias.

Por parte do governo, há sites ligados ao Ministério da Educação que oferecem diferentes tipos de aula, para

diversos tipos de assunto com a inserção de recursos tecnológicos já previamente escolhidos. Tal como o

governo, há cada vez mais empresas que estão se especializando nessa prática. Propor diferentes aulas e

recursos pedagógicos midiáticos para ofertar ao professor uma prática mais sólida. Essas propostas —

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governo e empresas — não têm como objetivo demarcar territórios de atuação ou tampouco fechar planos de

aula. Elas vêm como sugestões. Nenhuma delas tira a atuação do profissional humano e sua mediação em

sala de aula.

O objetivo principal é facilitar o trabalho sugerindo links, músicas, filmes, textos e imagens já selecionadas e

escolhidas com critérios de cada segmento com fins na orientação de um trabalho pedagógico mais profícuo

e menos hercúleo em sua aferição de verdade.

Para um tempo, em que o “De onde se fala?” na interação semiótica é mais simbólico e enunciativo do que o

“Quem fala?” é que se deve mirar o olhar do educador. E é pensando nessas novas formas de se construir a

lida pedagógica em sala de aula, diante não só desses novos tempos tal como dessas novas gerações, que já

nasceram dependentes da interação web e com um @ no sobrenome que se faz urgentes tais discussões.

Tony Charles Labanca

A mídia televisiva Sugere-se, agora, para os alunos, a exibição de um documentário sobre como formar uma opinião de guerra. Como jornalistas que falam a favor de um dos lados da guerra são tratados. O documentário pode rever a forma de construção da verdade construída por um tipo de mídia. É interessante apresentar este documentário para os alunos:

<https://www.youtube.com/watch?v=pskjzl2czKg>

Sinopse Youtube: ―Neste documentário, John Pilger expõe como os grandes meios de comunicação dos países imperialistas (assim como seus representantes nos países periféricos) manipulam as informações com o objetivo de justificar suas guerras de rapina e outras políticas contrárias aos interesses das maiorias populares. John Pilger revela como estes meios agem de modo orquestrado para beneficiar as políticas imperialistas dos Estados Unidos, por exemplo, e de seus agentes no Oriente Médio (Israel). A vida humana nada conta para estas potências imperialistas (ou subimperialistas) nem para a mídia que as defende. Nada está por cima dos interesses econômicos ou estratégicos militares dos estados e grupos econômicos que exercem a hegemonia política no planeta. As cenas das atrocidades cometidas no Iraque, no Afeganistão e na Palestina são amostras do grau de perversidade a que se pode chegar com o objetivo de garantir privilégios.‖

Para você se instrumentalizar sobre o assunto tratado no documentário, sugere-se a leitura dos textos a seguir. São comentários e reportagens sobre o assunto:

Textos jornalísticos:

Jornal: Tribuna da Imprensa. <http://tribunadaimprensa.com.br/?p=61509>.

Jornal: O estado de São Paulo. <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,na-

cobertura-da-guerra-duas-classes-de-jornalista,20030408p27784>.

Blog: Observatório da imprensa.

<http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/jornalismo_embedded>.

Texto científico escrito para o Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, em

2005, a pedido da ONG Repórter Brasil.

<http://reporterbrasil.org.br/documentos/jornalismo_alem_fornteira.pdf>.

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Texto escrito pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação: ―O

Jornalismo Na Guerra Do Iraque: A Relação Entre Jornalistas, Militares Na Era Dos

Repórteres Embutidos‖.

<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/r1403-1.pdf>.

A recepção de uma informação é tão importante quanto a sua produção. Ao final, inicie uma discussão sobre:

Que possíveis efeitos imediatos as notícias trazidas do Iraque provocavam na sociedade

britânica e americana?

Que possíveis ideologias estavam sendo reforçadas pelos jornalistas embutidos?

É possível narrar uma guerra?

É possível narrar uma guerra sem posicionamento político?

Mídia radiofônica e mídia virtual

1- Professor, escolha, dentre os textos a seguir, aquele que mais combina com o perfil da sua turma. Todos expõem a mesma informação em diferentes perspectivas. Apresente um deles aos alunos e promova a discussão a seguir.

O DIA EM QUE OS MARCIANOS "INVADIRAM" A TERRA

Há 60 anos, uma "pegadinha" de Orson Welles fazia a América tremer de medo

O Halloween − a "Noite das Bruxas" − chegou um dia antes, em 1938, e de

forma inesperada para os americanos, acostumados às inevitáveis brincadeiras

do 31 de outubro. Na noite do dia 30, muitos dos seis milhões de ouvintes da

rede CBS e suas filiadas levaram a sério o que ouviam pelas ondas do rádio: os

marcianos estavam invadindo os Estados Unidos!

De acordo com os relatos da época, quem estava na zona rural correu

desesperadamente para a cidade, e cruzou com quem estava na cidade e

procurava refúgio no campo. Os telefones das delegacias de polícia não

paravam de tocar e os gritos de socorro ecoavam pelas ruas.

Foi o caso mais célebre de histeria coletiva da história, segundo um estudo

publicado pelo professor Hadley Cantril, da Universidade de Princeton.

Os gritos, choros e preces desesperadas deram lugar aos risos e, em boa parte dos casos, às imprecações, quando

se soube o que realmente estava acontecendo: tratava-se de uma adaptação radiofônica do livro A Guerra dos

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Mundos, de H. G. Wells, feita por Orson Welles para o programa "Mercury Theatre On The Air", que havia estreado

no dia 11 de setembro do mesmo ano e ia ao ar das 20 às 21 horas. Em sua tese, o professor Cantril atribuiu a

reação popular a três causas: insegurança pessoal, insegurança econômica e insegurança política.

Naqueles tempos, a voz de Hitler já ecoava assustadoramente pela Europa e o rádio era o mais poderoso veículo de

comunicação. Roosevelt fazia previsões otimistas em seus discursos, garantindo que o perigo da depressão

econômica estava afastado. O ventríloquo Edgard Bergen, pai da atriz Candice Bergen, fazia sucesso com as piadas

contadas através de seu boneco Charlie McCarthy e os ouvintes se deliciavam com os clássicos de Toscanini e

dançavam ao som de Benny Goodman. No Brasil, Dorival Caymmi lançava seu sucesso "O Que é Que a Baiana

Tem?" − que também invadiria os Estados Unidos mais tarde, na voz da "alienígena" Carmem Miranda.

A "INVASÃO" No começo da transmissão, Welles se apresentara como um certo professor Pierson, "famoso astrônomo do

Observatório de Princeton", e declarara pelo rádio, na forma de entrevista, que estava ocorrendo uma série de

fenômenos na crosta do planeta Marte. Na verdade, a "entrevista" era tirada do

livro A Guerra dos Mundos, escrito em 1898 por H. G. Wells, mas o tom de

seriedade fez com que muitos ouvintes achassem que tudo era verdade.

Na sequência da transmissão, a emissora informou que um disco voador havia

aterrissado numa pequena fazenda em Grovers Mill, Estado de Nova Jersey −

perto de Nova York. Logo depois, informava em tom sensacionalista que outros

discos teriam pousado em várias partes do país. A transmissão teve direito até

ao pronunciamento de um hipotético secretário do Interior, "diretamente de

Washington", admitindo a gravidade da situação e pedindo calma aos

moradores.

Especialistas no estudo do comportamento humano comentaram em entrevistas aos jornais da época que "os

ouvintes estão sempre prontos a acreditar no que uma autoridade oficial diz" e, por isso mesmo, o pânico foi

generalizado. Para complicar ainda mais a situação, naquele momento os americanos temiam uma "invasão" de

alemães ou chineses.

Depois do episódio, Welles tornou-se uma celebridade mundial e foi contratado por Hollywood para escrever,

produzir, dirigir e atuar em filmes nos estúdios da RKO. Os artistas que participaram da famosa adaptação

radiofônica foram chamados para integrar o elenco do antológico "Cidadão Kane", considerado um dos mais

importantes filmes de todos os tempos.

Entre as inúmeras histórias sobre o trauma causado pela transmissão está a de vários cidadãos que tiveram de ser

resgatados seis semanas depois por voluntários da Cruz Vermelha nas montanhas de Dakota, pois eles se

recusavam a acreditar que tudo não passara de ficção. E uma ingênua operária mandou a seguinte carta a Orson

Welles: "Quando aquelas coisas aconteceram, eu achei que a melhor coisa a fazer era dar no pé. Então, peguei os

3,25 dólares que havia economizado e comprei uma passagem. Após ter viajado 16 milhas, ouvi dizer que era tudo

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uma peça. Agora estou sem o dinheiro e sem os sapatos que ia comprar com ele. O senhor poderia, por favor,

mandar alguém me entregar um par de sapatos pretos, tamanho 9 B?"

SESSENTA MINUTOS DE MEDO Eram oito horas da noite em Nova York quando o locutor anunciou,

naquele 30 de outubro de 1938:

"A Columbia Broadcasting System e as emissoras filiadas apresentam

Orson Welles e o Mercury Theatre On The Air, em A Guerra dos

Mundos, de H. G. Wells". Ao fundo, o trecho de um concerto musical

de Tchaikovsky.

Volta o locutor: "Senhoras e senhores: o diretor do Mercury Theatre e o

astro deste programa, Orson Welles!"

Welles: "Sabemos que desde os primeiros anos do século XX nosso

mundo vem sendo observado meticulosamente por inteligências

superiores às do homem, mas tão mortais quanto as dele. Sabemos

que, enquanto os seres humanos ocupavam-se dos seus vários problemas, eram estudados tão minuciosamente

quanto um homem que, munido de um microscópio, observasse as criaturas minúsculas que pululam e se

multiplicam numa gota d'água. Com infinita complacência, o povo andou de um lado para outro sobre a Terra,

cuidando de seus afazeres, sereno na segurança do domínio que exerce sobre esse pequeno fragmento solar

rodopiante que, por sorte ou desígnio, o homem herdou do negro mistério do tempo e do espaço. Entretanto, através

do imenso e etéreo abismo, mentes que estão para as nossas, como estas estão para as dos animais selvagens,

intelectos vastos mas frios e sem compaixão, contemplavam esta Terra com olhos cobiçosos, e fizeram seus planos

contra nós".

O programa é interrompido por um locutor anunciando uma transmissão diretamente do Meridian Room do hotel Park

Plaza, de Nova York, onde Ramon Raquello e sua orquestra tocavam "La Cumparsita". Minutos depois, outra

interrupção, agora para a informação de que teriam ocorrido misteriosas explosões de gás incandescente no Planeta

Marte. O "professor Pierson" começa, então, a dar sua "entrevista" sobre o estranho fenômeno até que o locutor faz

novas interrupções para noticiar o aparecimento de discos voadores em diversas partes do país.

"Senhoras e senhores" − dizia o locutor, num dos comunicados − "tenho uma grave declaração a fazer. Por incrível

que pareça, tanto as observações da ciência quanto a evidência diante de nossos olhos levam-nos à indiscutível

conclusão de que esses estranhos seres que desceram esta noite sobre as fazendas de Nova Jersey são a

vanguarda de um exército de invasores vindos do planeta Marte. A batalha em Grovers Mill resultou em uma das

mais retumbantes derrotas sofridas por um exército nos tempos modernos. Sete mil homens armados com rifles e

metralhadoras enfrentaram uma única máquina invasora de Marte. Apenas 120 sobreviveram. Os outros jazem na

área da batalha."

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"NÃO DEVO OCULTAR A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO..." A descrição continua com detalhes assustadores e a situação fica

ainda mais tensa com o pronunciamento do "secretário do

Interior", diretamente de Washington": "Cidadãos do meu país:

não devo ocultar a gravidade da situação que nosso país

atravessa, nem a preocupação do seu governo em proteger a vida

e as propriedades do seu povo..." Seguem-se relatos de novas

batalhas, até o intervalo, quando o locutor informa: "Estão ouvindo

uma apresentação da CBS do Mercury Theatre de Orson Welles,

numa dramatização de A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. O

programa continuará após um breve intervalo. Aqui fala a

Columbia Broadcasting System.." A esta altura, porém, muitos

ouvintes, já em pânico, nem ouviram a informação. A notícia já

estava se espalhando. Na segunda parte do programa, o tal "professor Pierson" descreve o clima assustador.

"Alcancei a rua 14 e lá estava novamente o pó preto, vários cadáveres e um cheiro diabólico, pavoroso, exalando dos

gradis dos porões de algumas das casas." A descrição continua até dar um salto de alguns anos mais tarde, agora

com a vida de volta ao normal, as crianças brincando nas ruas, o povo tranquilo. E Welles termina o programa: "Aqui

fala Orson Welles desligado do seu personagem para assegurar-lhes que A Guerra dos Mundos não teve outro

objetivo além de oferecer-lhes um bom divertimento para o domingo. Sua versão radiofônica vestiu um lençol branco

e saiu de trás de uma moita fazendo um "buuuu". Aniquilamos o mundo diante de seus ouvidos e destruímos

completamente a CBS. Espero que estejam aliviados por saberem que não tencionávamos isso e que ambas as

instituições estão funcionando normalmente. De modo que, adeus a todos e lembrem-se, por favor, pelo dia de

amanhã e pelo seguinte, da terrível lição que receberam esta noite. Este sorridente e globular invasor da sua sala de

estar é um habitante do país das abóboras. Se baterem à sua porta e não houver ninguém lá, não é nenhum

marciano... É Halloween!"

Fonte dos textos

<www.locutor.info/Biblioteca/Guerra_dos_Mundos_1938.doc>.

<http://www.dw.de/1938-p%C3%A2nico-ap%C3%B3s-transmiss%C3%A3o-de-guerra-dos-mundos/a-956037-1>.

<http://www.mirolito.com.br/o-dia-em-que-a-terra-sofreu-invasao-alienigena/>.

<http://www.carosouvintes.org.br/pegadinha-de-orson-welles/>.

2- Apresente a discussão em classe:

O que imaginaram as pessoas ao ouvirem o rádio em 1938?

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Como elas reagiram?

Há hoje em dia alguma mídia capaz de desenvolver a mesma formação de opinião que o

rádio em 1938? Alguma mídia convenceria as pessoas de fato de algum evento

sobrenatural? Qual? Como?

Qual o perfil dos ouvintes do rádio em 1938 nos Estados Unidos? Há algum grupo, hoje, no

Brasil, que se assemelha ao perfil dos ouvintes daquela época?

Qual mídia, hoje em dia, tem a mesma credibilidade que o rádio em 1938?

Importante

A pergunta mais importante é: Você acredita que um grupo de moradores de alguma cidade do Brasil se convenceria de algum evento sobrenatural como: Ets ou Bruxas hoje em dia? Professor, é bem possível que os alunos dirão que não, com argumentos que vão desde a forma de se relacionarem com o mundo até a escolaridade que é diferente, mesmo nos Estados Unidos. Neste momento, você deve, então, apresentar as seguintes reportagens: 1º- Moradores são enganados com falsa notícia nas redes sociais e matam uma mulher no interior de São Paulo (um dos estados mais escolarizadas do Brasil). 2º- Boato em redes sociais causam tumulto entre os moradores que dependem do ―Bolsa família‖.

MORRE MULHER ESPANCADA POR MORADORES APÓS BOATO NA INTERNET

Caso ocorreu no Guarujá, litoral de São Paulo.

Notícia dizia que mulher sequestrava crianças para rituais de magia negra.

Morreu hoje de manhã a dona de casa de 33 anos, casada e mãe de duas filhas, que foi linchada por um grupo de

moradores do Guarujá, no litoral paulista. Tudo começou quando surgiu uma notícia na internet de que uma mulher

sequestrava crianças para rituais de magia negra. Fabiane Maria de Jesus era apontada como a criminosa, mas,

segundo a polícia, tudo não passou de um boato.

As imagens da agressão foram registradas por um cinegrafista amador. A mulher foi espancada por moradores de

uma comunidade do Guarujá depois que a foto dela foi divulgada em um jornal pela internet. A informação circulou

pelas redes sociais.

A agressão foi no sábado à tarde. Fabiane foi levada ainda com vida para o pronto-socorro, mas hoje cedo a família

recebeu a notícia de que ela não resistiu aos ferimentos.

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O caso está sendo investigado na delegacia de Guarujá. O advogado Airton Sinto, que também é amigo da família da

vítima, cobra a responsabilidade pela divulgação do material e quer punição para quem agrediu Fabiane. ―Ela foi

violentamente espancada. As cenas são bárbaras. A gente quer buscar justiça. A gente não vai descansar enquanto

não fizer justiça até o último grau‖, relata o advogado.

―Não tem nem minimamente a possibilidade, suspeita de que ela teria feito alguma coisa assim. Não existe esse fato

de criança sequestrada para ser usada em magia negra‖, completa o delegado Claudio Rossi.

A psicóloga Gisela Monteiro diz que não é de hoje que as pessoas tendem a fazer justiça com as próprias mãos, mas

com a demora na solução dos casos, estão cada vez mais intolerantes. ―As pessoas estão mais imediatistas, mais

intolerantes, tentando resolver as coisas rapidamente. Isso pode explicar, mas não deve justificar‖.

A polícia está analisando as imagens da agressão para identificar os envolvidos. O site Guarujá Alerta, que divulgou

as informações, disse que publicou um retrato falado de uma pessoa que parece com a mulher que foi espancada,

mas que retirou a imagem logo depois. Os responsáveis pelo site informaram também que foi feito um alerta aos

seguidores de que a notícia era um boato.

Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/05/morre-mulher-espancada-por-moradores-apos-boato-na-internet.html>. Acesso em: 01 jun. 2014.

MULHER ESPANCADA APÓS BOATOS EM REDE SOCIAL MORRE EM GUARUJÁ, SP

Ela foi agredida após ser acusada de praticar magia negra com crianças.

Moradores registraram vídeos mostrando a agressão e postaram na web.

A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (5), dois dias após ter

sido espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a família, ela foi agredida a

partir de um boato gerado por uma página em uma rede social que afirmava que a dona de casa sequestrava

crianças para utilizá-las em rituais de magia negra.

De acordo com familiares de Fabiane, após as agressões, ela sofreu traumatismo craniano e foi internada em estado

crítico no Hospital Santo Amaro, também em Guarujá. Minutos após a agressão, a Polícia Militar chegou a isolar o

corpo de Fabiane acreditando que ela estava morta após o espancamento. Na manhã desta segunda-feira, porém, a

família recebeu a informação de que Fabiane não resistiu aos ferimentos e morreu.

Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html>. Acesso em: 01 jun. 2014.

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PF DESCARTA AÇÃO CRIMINOSA EM BOATO NAS REDES SOCIAIS Investigação durou dois meses e concluiu que boato foi "espontâneo".

Em maio, milhares correram às agências para saques, com tumulto e filas.

Em nota emitida nesta sexta-feira (12) a Polícia Federal informou que não verificou a ocorrência de crimes ou contravenções na onda de falsos boatos sobre o Bolsa Família, que levaram a uma corrida de milhares de beneficiários às agências da Caixa e lotéricas em maio. Ao fim de dois meses de investigação, a PF concluiu que o boato "foi espontâneo", não havendo como responsabilizar uma pessoa ou um grupo pelo incidente.

A PF diz que apurou se houve "uma possível articulação coordenada para que os boatos surgissem e ganhassem corpo", mas listou entre os motivos que levaram as pessoas aos saques: "a ciência da antecipação do pagamento por motivos diversos, a informação de um possível adicional em virtude do dia das mães e a notícia de um suposto cancelamento do programa, respectivamente".

Os rumores sobre o fim do Bolsa Família e também sobre um inexistente bônus pelo Dia das Mães geraram filas e tumultos em pontos de saque em ao menos 12 estados entre os dias 18 e 19 de maio. Somente no sábado e no domingo, foram sacados R$ 152 milhões em benefícios, em mais de 900 mil saques, segundo a Caixa, que libera os pagamentos. O número foi cinco vezes maior que o usual, segundo informou na ocasião o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa.

Na semana seguinte a corrida às agências, a presidente Dilma Rousseff disse que o suposto autor do boato era "desumano e criminoso" e anunciou que a Polícia Federal iria investigar a origem do boato, que, segundo ela, "tinha por objetivo levar a intranquilidade aos milhões de brasileiros que nos últimos dez anos estão saindo da pobreza extrema".

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, postou mensagem no Twitter atribuindo à oposição a disseminação de boatos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que chefia a Polícia Federal, sugeriu na época a possibilidade de "orquestração" no caso.

Na mesma semana, a Caixa inicialmente negou, mas depois admitiu que no dia anterior à onda de saques havia antecipado o pagamento do benefício, que normalmente ocorre em dias fixos para cada grupo de família. O presidente do banco, Jorge Hereda, chegou a pedir desculpas pela informação equivocada.

Investigação

A investigação da PF ouviu 180 beneficiários em 11 estados (AL, AP, AM, BA, CE, MA, PA, PB, PE, PI e RJ), além de 64 gerentes da Caixa nas cidades com o maior volume de saques. Das pessoas ouvidas, a PF disse que 40% foram às agências na data correta do cronograma do pagamento.

No inquérito, a PF disse que também investigou a utilização de redes sociais para propagar os boatos, e que foi identificada apenas uma postagem no Facebook feita pela filha de uma beneficiária de Cajazeiras (PB) informando sobre o saque antecipado de sua mãe. Teria sido, segundo a PF, a primeira menção na internet sobre o assunto.

"No entanto, a postagem desta informação não foi a origem dos boatos. Assim sendo, a internet e as redes sociais apenas reproduziram notícias veiculadas pela imprensa sobre os tumultos em agências bancárias", esclareceu a PF na nota.

A Polícia Federal também disse que não constatou o uso de rádios comunitárias e empresas de telemarketing para disseminar o boato, como foi cogitado inicialmente. A investigação encontrou apenas uma beneficiária do Rio de Janeiro que teria recebido ligação, mas que isso não se repetiu com outras pessoas.

A análise da PF sobre os dados de pagamento fornecidos pela Caixa mostrou aumento anormal inicialmente nas cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras ainda nas primeiras horas do dia 18 de maio, um sábado. "A partir das onze horas da manhã do mesmo dia, verificou-se aumento incomum nas demais cidades que sofreram grande procura nas agências bancárias".

Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/07/pf-descarta-acao-criminosa-em-boatos-sobre-fim-do-bolsa-familia.html>. Acesso em: 1 jun. 2014.

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Outro link sobre o assunto: <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,policia-federal-conclui-que-boato-do-bolsa-familia-foi-espontaneo,1052863>.

3- Volte à discussão inicial, após a leitura dos textos:

Será que estamos muito distantes das pessoas que acreditavam na notícia do rádio em

1938?

O que mudou?

O que não mudou?

As notícias referem-se a dois públicos diferentes: um público do sudeste escolarizado e

outro menos escolarizado. O que eles, então, têm em comum?

O problema de um e outro texto é como se comporta a mídia (virtual ou radiofônica) ou

como se comporta o público diante dela?

Que valor a nossa sociedade dá aos meios de informações atuais?

Veja as ATIVIDADES do ANEXO 1

Mídia de informação

1- Professor, faça aos alunos a seguinte pergunta: Você acredita nas placas governamentais de informação?

2- Após essa pequena discussão, leve para a sala a inusitada informação trazida pelo seguinte texto.

CÓRREGO DO LEITÃO DE VOLTA À CENA: OUSADIA OU PEGADINHA?

Enorme chapa metálica foi instalada em pleno Centro da capital

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Quarenta e dois anos após ser coberto, o Córrego do Leitão, na rua Padre Belchior, no centro de Belo Horizonte, será renaturalizado e voltará a correr a céu aberto. Pelo menos é o que anuncia uma placa instalada misteriosamente na via, bem ao lado do Mercado Central, na manhã de sábado. A chapa metálica informa que o ―projeto‖, coordenado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e pelos ministérios do Meio Ambiente e da Pesca e Aquicultura, custará quase R$ 6,4 milhões. A previsão é de que as obras tenham início no mês que vem e terminem em maio de 2014. O Córrego do Leitão atravessa parte da área urbana da capital. Com o crescimento da cidade, foi coberto na década de 70. Sobre ele passam, por exemplo, a avenida Prudente de Morais, um trecho das ruas São Paulo e dos Tupis e a Padre Belchior. A placa instalada na última via traz uma perspectiva de como ficaria o espaço após o ―resgate‖ do curso d’água. Por isso, chamou a atenção de quem passou pelo lugar no fim de semana.

Mesmo padrão

A chapa segue os moldes daquelas usadas diante de empreendimentos públicos. Traz, inclusive, o logotipo do[/LEAD] Governo Federal, da Caixa e dos ministérios ―à frente‖ do projeto. O ―xis‖ da questão é que a obra, que teria impacto na paisagem de BH e afetaria também o trâns ito, não foi anunciada à imprensa – embora esteja a poucos dias de começar. Também não consta no Diário Oficial do Município nem no Diário Oficial da União, órgãos de comunicação da prefeitura e do Governo Federal. Procurada, a assessoria da PBH informou que só teria condições de se manifestar sobre o assunto nesta segunda-feira. Ninguém foi encontrado nos ministérios.

Desconfiança Para o ambientalista e criador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, a renaturalização do Córrego do Leitão seria uma novidade. Mas desperta suspeita, principalmente, pelo movimento contrário que vem sendo observado na cidade. ―Hoje, a PBH está é fechando todos os cursos d’água, não abrindo. E renaturalização não é só isso, começando pelo meio da rua. É preciso tratar primeiro as nascentes para que o córrego aproxime-se, o máximo possível, do natural‖, explica. Para o professor, a placa pode ser apenas uma intervenção urbana feita por alunos de uma escola de arquitetura. No sábado, houve uma edição do projeto ―Nessa rua tem um rio‖, organizado pelo Instituto Undió, na rua Padre Belchior. Mas a coordenadora da entidade, Tereza Portes, disse neste domingo que a placa não fez parte das ações e informou desconhecer quem a teria deixado na via.

Disponível em: <http://www.hojeemdia.com.br/minas/corrego-do-leit-o-de-volta-a-cena-ousadia-ou-pegadinha-1.128049>. Acesso em: 1 jun. 2014.

QUARENTA E DOIS ANOS APÓS SER COBERTO, O CÓRREGO DO LEITÃO, NA RUA PADRE BELCHIOR, NO CENTRO DE BELO HORIZONTE, SERÁ RENATURALIZADO E VOLTARÁ A CORRER A CÉU ABERTO.

Pelo menos é o que anuncia uma placa instalada misteriosamente na via, bem ao lado do Mercado Central, na manhã de sábado. A chapa metálica informa que o ―projeto‖, coordenado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e pelos ministérios do Meio Ambiente e da Pesca e Aquicultura, custará quase R$ 6,4 milhões. A previsão é a de que as obras tenham início no mês que vem e terminem em maio de 2014. O Córrego do Leitão atravessa parte da área urbana da capital. Com o crescimento da cidade, foi coberto na década de 70. Sobre ele passam, por exemplo, a avenida Prudente de Morais, um trecho das ruas São Paulo e dos Tupis e a Padre Belchior. A placa instalada na última via traz uma perspectiva de como ficaria o espaço após o ―resgate‖ do curso d’água. Por isso, chamou a atenção de quem passou pelo lugar no fim de semana.

Mesmo padrão A chapa segue os moldes daquelas usadas diante de empreendimentos públicos. Traz, inclusive, o logotipo do[/LEAD] Governo Federal, da Caixa e dos ministérios ―à frente‖ do projeto. O ―xis‖ da questão é que a obra, que teria impacto na paisagem de BH e afetaria também o trânsito, não foi anunciada à imprensa – embora esteja a poucos dias de começar. Também não consta no Diário Oficial do Município nem no Diário Oficial da União, órgãos de comunicação da prefeitura e do Governo Federal. Procurada, a assessoria da PBH informou que só teria condições de se manifestar sobre o assunto nesta segunda-feira. Ninguém foi encontrado nos ministérios. Para o ambientalista e criador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, a renaturalização do Córrego do Leitão seria uma novidade. Mas desperta suspeita, principalmente, pelo movimento contrário que vem sendo observado na cidade. ―Hoje, a PBH está é fechando todos os cursos d’água, não abrindo. E renaturalização não é só isso, começando pelo meio da rua. É preciso tratar primeiro as nascentes para que o córrego aproxime-se, o máximo possível, do natural‖, explica. Para o professor, a placa pode ser apenas uma intervenção urbana feita por alunos de uma escola de arquitetura. No sábado, houve uma edição do projeto ―Nessa rua tem um rio‖, organizado pelo Instituto Undió, na rua Padre Belchior. Mas a coordenadora da entidade, Tereza Portes, disse neste domingo que a placa não fez parte das ações e informou desconhecer quem a teria deixado na via.

Disponível em: <http://www.hojeemdia.com.br/minas/corrego-do-leit-o-de-volta-a-cena-ousadia-ou-pegadinha-1.128049>. Acesso em: 1 jun. 2014.

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3- Pergunte aos alunos:

Que efeitos a criação/invenção da tal placa provocou na população?

Por qual motivo possivelmente ela fora criada?

Por que a prefeitura mandou retirá-la?

O que identifica, na placa, que se tratava de uma pegadinha?

Foi uma brincadeira ou foi um ato político?

4- A placa, a seguir, diferente da anterior, é ANTIGA e pertence a uma instituição

governamental. Ela, como a do córrego do leitão, foi colocada anunciando uma obra que

não ocorreu. Discuta com os alunos:

Placas como essa são comuns?

Para quê são usadas? Com qual objetivo?

Observe o gerúndio usado na placa abaixo: ―trabalhando‖. Trabalhando onde?

Elas formam uma opinião positiva ou negativa?

Qual a semelhança e diferença entre a placa feita pela sociedade civil anterior e a placa

do governo a seguir no que se refere aos efeitos na recepção de seu uso?

Leia a reportagem disponível em: <http://www.clic101.com.br/ver.php?id=1082>.

Veja as ATIVIDADES do ANEXO 2

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Mídia escolar

1- Um professor também pode ser um formador de opinião? Nesse ato político-midiático, há muitas implicações? E efeitos? Para trabalhar esse subtema, são propostos dois assuntos. Primeiramente, sugere-se o filme ―A onda‖ e a seguinte discussão:

Um professor pode formar a opinião de um jovem aluno ao ponto de criar uma consciência política que convirja a sua própria hoje em dia?

Como?

Qualquer professor?

Links para o filme completo:

Versão de 1998: <https://www.youtube.com/watch?v=QBjeX5jPRi4>.

Versão de 2008: <https://www.youtube.com/watch?v=LAFE1ccyhbk>.

2- Discussão:

A ideia trazida pelo filme ―A onda‖ é atual?

É possível um professor real fazer o que o professor da ficção fez?

Mídia impressa e televisiva

1- Exiba para os alunos os seguintes vídeos. <https://www.youtube.com/watch?v=033A9C13gGY>.

<https://www.youtube.com/watch?v=vGRIuXESqco>.

2- Professor, para se instrumentalizar sobre os assuntos apresentados pelos vídeos e

enriquecer ainda mais as aulas, propõe-se a leitura dos textos seguintes. Caso seus

alunos estejam em uma série mais avançada, os textos também podem ser usados em

sala de aula para fomentar os argumentos para as discussões que serão encaminhadas

também a seguir.

<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed791_o_jornalista_que_nao_caiu_no_er

ro_da_midia>.

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<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/os_erros_da_midia>.

3- Discuta em classe:

Qual a responsabilidade da mídia televisiva na construção de uma realidade aparente no imaginário coletivo de uma sociedade?

No caso da escola Base, houve algum erro? De que foi?

4- Para encerrar, sugere-se um debate entre prós e contras para os temas a seguir. Peça que os alunos procurem informações em casa para a discussão. Muitas delas são atuais e importantes considerando o ano de eleições.

Discussão 1:

Uma sociedade vive bem com uma mídia controlada pelo governo? Discussão 2:

Faça um comparativo sobre a excelente mídia televisiva no Canadá e a controlada mídia da China.

Discussão 3:

A mídia é o que chamam de ―4º poder‖? Sugestão de leitura final: Código de ética do SJSP Disponível em:

<http://www.sjsp.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=84&Itemid=50>.