Projeto Miolo

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  • Este um pequeno guia sobre o designer brasileiro Kiko Farkas,

    desenvolvido para o seminrio de Tipografia

    da FIT Faculdade ImpactaTecnologia.

    Nele contm fragmentos de entrevistas dadas, alguns de seus trabalhos e

    opinies dadas e vises de seu trabalho por outros.

  • Kiko Farkas (Ricardo Farkas)

    fez o curso de desenho na Art Students League (1979) e f ormou-se na Faculdade de Arquitetura e

    Urbanismo da Universidade de So Paulo (1982).

    No havia nenhuma escola de design aqui (SP) na poca, por isso a maioria dos designers

    grficos estudou arquitetura, diz Kiko. FAU (FAU-USP) era um centro de efervescncia cultural,

    com os cursos de programao visual, design de produto, paisagismo, arquitetura e urbanismo.

    L tambm tinha um laboratrio de fotografia, um estdio de tipografia para madeira e gravura

    em metal e uma prensa para quatro cores que usamos para imprimir materiais. A maioria no

    acabou como arquitetos, mas tornaram-se cineastas, designers, fotgrafos, msicos, danarinos.

    Em 1987 abre o Maquina Estdio, com foco no editorial e design grfico. Nele desenvolveram e

    desenvolvem (Kiko e equipe) desde identidades visuais (como a Marca Brasil, a pedido da EMBRATUR e

    ADG), a cartazes (como os para OSESP), capas de livros (como a reedio da obra de Jorge Amado,

    Companhia das Letras) e catlogos (como o da Bienal do SESC, Cosac Naify); e com o trabalho realizado

    recebem vrios prmios, entre eles Jabuti (1995,1997 e 2007) e o Alosio Magalhes (2008).

    No design, existe essa coisa de voc ser um problem solver, o cara que resolve problemas. Eu gostava

    disso, em oposio viso que existia do cara ser um autor, um artista. Sempre me considerei um tcnico,

    da o nome do estdio (Mquina), que se apoia em uma viso funcionalista do design..

  • Farkas membro da AGI (Alliance Graphique Internationale) e foi um dos fundadores da ADG Brasil

    (Associao dos Designers Grficos). Quanto a sua viso de design brasileiro, de acordo com Kiko Ser um

    designer no Brasil no muito diferente de ser um designer em qualquer lugar, exceto para o clima

    poltico e econmico., afirma, mas quanto a cara do design brasileiro diz: Existem algumas tendncias

    identificveis (de design), mas certamente o design brasileiro no uma delas, at porque aqui se copia

    muito, e completa Designers geniais eu no vejo muito, no mais do que j teve.

    O Brasil evoluiu muito, desde o custo do equipamento, que hoje mais baixo do que antes, at as

    possibilidades de tipos de impresso. A gente ainda peca por papel e por acabamento na rea de livros, no

    Brasil. Mas hoje existe um parque industrial incrvel, pelo menos em So Paulo, que no fica a dever a

    nenhum outro lugar. Claro que o grande gargalo justamente a disposio dos clientes em se propor a

    fazer algo mais fora do comum. Aqui, as pessoas esto muito preocupadas em no errar, ento, as pessoas

    ficam pegando alguns modelos de fora e tentando aplicar aqui. No business, existem aquelas empresas

    que so nmero um, que vivem de ser lderes; e existem as empresas que so nmero dois, de estratgia.

    O cara no gasta em pesquisa, vai na cola do que deu certo, segundo lugar, ganha menos, mas um

    lugar estratgico. s vezes aparecem uns lances como das Alpargatas, das Havaianas, que de repente

    fazem um marketing mais brasileiro dos biqunis, juntando essa coisa meio praieira... O futuro est a,

    saber articular essas qualidades que a gente tem, explica.

    A respeito de seu trabalho diz, Em qualquer trabalho que eu tenha realizado, sempre busquei a harmonia,

    o humor e a beleza, como nos trabalhos do (grande e inatingvel mestre) Saul Steinberg, por exemplo. De

    maneira s vezes sistemtica, s vezes lrica, com doses variveis de humor e, na maioria das vezes,

    colorida. Mas nem sempre: o preto-e-branco muitas vezes serviu de porto seguro ao qual voltava depois

    de incurses arriscadas. Costumo deixar que o cotidiano invada o meu trabalho. No tenho preconceitos

    nem obedeo a dogmas estticos, tericos. Tudo que cruza meu caminho alimento, deglutido, digerido e

    depois expelido. sempre um movimento sensvel no incio, seguido de experincias de linguagem e

    sistematizao., e Desenvolvi um acervo pessoal de solues grficas, o que inclui o trabalho artesanal -

    de desenho, pintura e corte colagem, digitalizao das coisas de que eu encontro na rua", explica. Muitos

    designers no misturaram o seu lado artstico e/ou autoral e seu lado comercial. Eu posso ser corporativo ,

    quando necessrio , mas nunca tenho medo de ser ingnuo ou primitivo. Assim, naturalmente, com o

    tempo, a maioria dos clientes do estdio (Maquina) esto compartilham desta filosofia de trabalho.

    J a viso de Ellen Shapiro da revista Communication Arts sobre o trabalho de Farkas :

    As formas e os ritmos so evidentes em tudo o que ele faz: catazes de filmes e de concertos, logtipos e

    relatrios anuais, livros infantis. Na obra de Kiko voc v linhas onduladas desenhados caneta,

    pinceladas ousadas, personagens e caras extravagantes, caligrafia, padres ondulantes de formas

    geomtricas, fotografia e ilustrao ( dele, Kiko ) . E a cor. Ele trabalha em cores primrias brilhantes, em

    contrastes preto-e- branco, em todos os tipos de intervalos de tons sutis.

    A seguir voc confere alguns de seus trabalhos. E entre eles o trabalho mais conhecido de Farkas, pelo

    menos at atual data, alguns dos cartazes musicais.

  • CaCa de

  • *Ilustrao do livro Nu, as Msicas dos Mitos Brasileiros de Paulo Freire (2009).

  • Cartazes Musicais

    "Eu queria chegar a uma verdadeira simbiose entre a produo musical da nossa orquestra e os nossos

    cartazes. A msica que tocamos poderia ser chamado de quadrada, mas eu queria uma imagem mais

    jovem, mais moderno sem o limite de traos clssicos. O designer Kiko Farkas entendeu minhas intenes

    perfeitamente. Espero que os espectadores destas belas criaes busquem na Sala So Paulo a msica por

    trs delas. Maestro John Neschling, diretor artstico da orquestra.

    Vistos hoje, em conjunto, os cartazes da OSESP compem uma verdadeira antologia do design grfico,

    sem deixar de ser uma antologia de Kiko Farkas. Arthur Netrovski.

  • Por Kiko Farkas:

    Nossa proposta foi trabalhar com elementos que esto presentes na linguagem musical, mas que podem

    ser reinterpretados visualmente. Uma vez que decidimos o caminho, tudo era valido desde que

    expressasse alguma emoo relativa msica. O ritmo de trabalho era alucinante e a equipe composta

    por meus assistentes Elisa Von Randow, Hugo Timm e depois Mateus Valadares, estava empenhada

    profundamente quanto eu, ajudando de modo decisivo..

    A histria por trs desses trs cartazes:

    Instrumentos imaginrios (imagem 1).

    Durante a produo dos cartazes sete ou oito por ms eu alternava alguns coloridos e cheios de formas

    com outros mais sbrios, clssicos, que funcionavam como uma pausa, um respiro. Alm disso, sempre

    procurei evitar o uso de notas musicais, partituras, tons amadeirados etc.. Mas os instrumentos musicais so

    algo fascinante, e deles poderia vir algo. Ento fiz associaes livres de alguns deles; portanto, o que se v

    neste cartaz um instrumento imaginrio, que deu origem a uma srie. Gosto muito do resultado: simples,

    direto, forte, quase uma marca. Por isso o escolhi para ser a capa do livro.

    So Paulo Magenta (imagem 2).

    J reparou como h pocas em que So Paulo fica repleta de azaleias? Andando pelas ruas, vi a cidade

    pintada de magenta, por causa dessas flores. Recolhi uma ptala e digitalizei, ou, como prefiro dizer, usei

    nossa mquina de loucura. Mexi na cor, nos tamanhos, sem saber aonde iria chegar. Mas mesmo com um

    resultado bonito, achei que estava faltando algo. E ento surgiu a ideia de colocar, no centro, uma cadeira.

    Um convite para sentar e ouvir.

  • Chaves em coro (imagem 3).

    Certa vez, na casa da minha me, achei uma caixa antiga do meu pai, cheia de chaves, centenas delas, uma

    diferente da outra. Fiquei encantado com aquela variedade, que representam diferentes lgicas e modos de

    acesso, quase uma promessa. Digitalizei todas as chaves, e deixei as imagens guardadas, j pensando em

    us-las em alguma oportunidade. Na hora de criar um cartaz para o coro da OSESP, no pensei duas

    vezes.Aqui, cada forma uma voz.

  • Referencias bibliogrficas

    Os dados presentes so facilmente encontrados atravs dos links a seguir, mas tambm contamos com a

    ajuda de Michele Alves, da Maquina Estdio, que encaminhou o arquivo em pdf das matrias publicadas na

    Communication Arts e Experimenta.

    Cartazes musicais, Kiko Farkas. Cosac Naify (2010).

    Communication Arts (edio de Maro/Abril, 2005).

    Experimenta (edio 59).

    Kiko Farkas

    Produo Cultural no Brasil

    Editora Cosac Naify

    Justificativa do guia:

    A ideia de desenvolver esse pequeno guia foi criar um material de apoio ao seminrio de tipografia, onde

    tivesse um pequeno resumo sobre oo designer Kiko Farkas, com um pouco de sua histria e trabalhos

    apresentados no dia 28 de Maro de 2014

    Integrantes do grupo

    Diego Miranda

    Jssica Gonalves

    Tiago Boscariolli