PROJETO PAISAGÍSTICO E ARQUITETÔNICO DO PARQUE SÃO …

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS – CESCAGE http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng ISSN: 2178-3586 / 17ª Edição / Jan - Jul de 2018 PROJETO PAISAGÍSTICO E ARQUITETÔNICO DO PARQUE SÃO JOÃO: Revitalização Ambiental dos Rios no Cenário Urbano de Irati-PR LANDSCAPE AND ARCHITECTURAL PROJECT OF SÃO JOÃO PARK: Environmental Revitalization of Rivers in the Urban Scenery of Irati-PR DÉBORA PEREK¹ ANDRESSA MARIA WOYTOWICZ FERRARI² ¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE - Curso de Arquitetura e Urbanismo – Ponta Grossa - PR – Brasil. Email: [email protected] ² Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE - Curso de Arquitetura e Urbanismo – Ponta Grossa - PR – Brasil. Email: [email protected] Resumo: Por questões históricas, as cidades são implantadas ao longo dos rios. Porém, o desenvolvimento dos centros urbanos, em grande parte dos casos, acabou por excluí-los e desmerecê-los, resultando em córregos canalizados, poluídos, assoreados e sem respeito à mata ciliar. Este fato acaba causando uma série de problemas ambientais que necessitam atenção. A proposta do Parque São João, aplica conceitos de sustentabilidade que tem como objetivo a recuperação e valorização dos rios e suas margens no município de Irati - PR. Com base no histórico da cidade e estudo de casos correlatos foi possível compreender conceitos ambientais e aplica-los inicialmente em um lote ao lado do Rio das Antas e um afluente, podendo ser replicados no município, aliados com atividades que promovam a conscientização da população, para que de fato ocorra a revitalização ambiental. Palavras Chaves: rios urbanos, sustentabilidade, parques urbanos. INTRODUÇÃO Este trabalho tem a intenção de salientar a importância dos parques nos centros urbanos, seja no âmbito social ou ambiental. Estes podem interferir na qualidade de vida da população, gerando oportunidades de lazer, descanso, contato com a natureza e convívio social. Outro aspecto resultante da implantação de parques urbanos é a promoção da conscientização da sociedade em relação à preservação dos recursos naturais existentes, tais como rios, lagos, flora e fauna, entre outros. Estas condições podem influenciar na transformação de uma cidade, criando parâmetros sustentáveis aplicáveis em diversas escalas. Desta forma, o objeto deste estudo é o município de Irati/PR, o qual apresenta deficiência na qualidade ambiental de suas águas, problemas de drenagem e poluição, motivo da ocorrência das frequentes inundações. Outro fator é a precária oportunidade de acesso ao lazer, principalmente nos bairros mais afastados do centro. O terreno adotado para o estudo situa-se entre o Rio das Antas, a nordeste, e um córrego a sudoeste, os quais encontram-se descuidados, com

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ISSN: 2178-3586 / 17ª Edição / Jan - Jul de 2018

PROJETO PAISAGÍSTICO E ARQUITETÔNICO DO PARQUE SÃO JOÃO: Revitalização Ambiental dos Rios no Cenário Urbano de Irati-PR

LANDSCAPE AND ARCHITECTURAL PROJECT OF SÃO JOÃO PARK: Environmental Revitalization of Rivers in the Urban Scenery of Irati-PR

DÉBORA PEREK¹

ANDRESSA MARIA WOYTOWICZ FERRARI²

¹ Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE - Curso de Arquitetura e Urbanismo –

Ponta Grossa - PR – Brasil. Email: [email protected]

² Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE - Curso de Arquitetura e Urbanismo –

Ponta Grossa - PR – Brasil. Email: [email protected]

Resumo: Por questões históricas, as cidades são implantadas ao longo dos rios. Porém, o desenvolvimento dos centros urbanos, em grande parte dos casos, acabou por excluí-los e desmerecê-los, resultando em córregos canalizados, poluídos, assoreados e sem respeito à mata ciliar. Este fato acaba causando uma série de problemas ambientais que necessitam atenção. A proposta do Parque São João, aplica conceitos de sustentabilidade que tem como objetivo a recuperação e valorização dos rios e suas margens no município de Irati - PR. Com base no histórico da cidade e estudo de casos correlatos foi possível compreender conceitos ambientais e aplica-los inicialmente em um lote ao lado do Rio das Antas e um afluente, podendo ser replicados no município, aliados com atividades que promovam a conscientização da população, para que de fato ocorra a revitalização ambiental.

Palavras Chaves: rios urbanos, sustentabilidade, parques urbanos.

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem a intenção de salientar a importância dos parques nos centros urbanos, seja no âmbito social ou ambiental. Estes podem interferir na qualidade de vida da população, gerando oportunidades de lazer, descanso, contato com a natureza e convívio social. Outro aspecto resultante da implantação de parques urbanos é a promoção da conscientização da sociedade em relação à preservação dos recursos naturais existentes, tais como rios, lagos, flora e fauna, entre outros. Estas condições podem influenciar na transformação de uma cidade, criando parâmetros sustentáveis aplicáveis em diversas escalas. Desta forma, o objeto deste estudo é o município de Irati/PR, o qual apresenta deficiência na qualidade ambiental de suas águas, problemas de drenagem e poluição, motivo da ocorrência das frequentes inundações. Outro fator é a precária oportunidade de acesso ao lazer, principalmente nos bairros mais afastados do centro.

O terreno adotado para o estudo situa-se entre o Rio das Antas, a nordeste, e um córrego a sudoeste, os quais encontram-se descuidados, com

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acúmulo de resíduos sólidos e sem mata ciliar. Por conta da especulação da instalação de uma empresa no local, foi removido um campo de futebol que era um importante ícone de lazer para a vizinhança, bem como foi retirada a vegetação natural, ocasionando prejuízos ambientais.

A falta de áreas de lazer na cidade e o descaso com a natureza em muitos aspectos motivaram o projeto deste parque. Essa iniciativa propõe adequar a utilização do solo, freando a expansão urbana sobre as Áreas de Preservação Permanente (APP) do terreno escolhido, através de uma proposta que não cause impactos negativos no meio ambiente e possibilite que a população desfrute de locais apropriados para o lazer, somando-se a conscientização sobre a preservação, através de atividades vinculadas com a educação ambiental.

De acordo com Jaime Lerner (GEHL, 2013), quando não há diálogo entre ambiente urbano e natural, a cidade perde em sustentabilidade. Por exemplo, se um rio é canalizado e a população não tem contanto com sua presença, este torna-se negligenciado. Em contrapartida, quando o rio é incorporado ao cenário urbano, está propenso a condições de valorização, em diversos âmbitos, como social, econômico, cultural, histórico e ambiental, sendo integrante vivo da identidade local. Porém, como relata Rosa Grena Kliass:

Dificilmente encontramos em nossas cidades um rio urbano que não tenha sido transformado em uma avenida marginal, canalizado e ladeado por vias carroçáveis, trazendo consigo todas as consequências desastrosas, principalmente a poluição das suas águas e enchentes ocupando toda a várzea que lhe foi roubada. (GORSKI, 2010, p. 11).

Portanto, apesar das cidades estarem vinculadas aos rios por questões de necessidade, estes passaram a ser desvalorizados. Após a década de 1950, a intensa urbanização iniciou um processo de deterioração dos corpos d’água, transformando-os em locais de rejeição e esquecimento (GORSKI, 2010).

Com o avanço da expansão urbana, os espaços livres vegetados foram reduzidos, causando problemas ambientais. Outra questão relevante está relacionada ao aumento populacional, que demanda maiores quantidades de espaços destinados ao lazer (STAVINSKI, 2012). Neste contexto, os parques assumiram funções ecológicas, servindo como respiro para as cidades, contribuindo com a preservação de elementos naturais inseridos na malha urbana. Também pode-se destacar a oportunidade de acesso a atividades de lazer, que é suprida nestes locais, favorecendo a melhora da qualidade de vida dos usuários.

De acordo com Ferreira (2007), o conceito de parque urbano vem assumindo diferentes configurações ao longo da história. A partir do século XVIII, o processo de industrialização mudou o cenário das cidades, o que foi fundamental para a percepção da importância de áreas verdes nos centros urbanos. Desde então, os parques passaram a serem vistos como locais de descanso, contemplação e convívio social.

Segundo Biondi (2015), as cidades são compostas por agrupamentos de diversos usos com objetivos e origens diferentes. Como a ação do homem é predominante sobre a natureza, é necessário estabelecer alguns parâmetros para que não ocorra extinção dos componentes naturais. Como exemplo disso

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cita-se o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, 2012), que define limites no uso do solo, respeitando a vegetação existente relacionada a locais protegidos, como é o caso das Áreas de Preservação Permanente - APP.

A interação entre vegetação e cidade é um recurso que contribui para a um bom padrão de vida da sociedade, cooperando para uma população mais bem-humorada, sadia, criativa e satisfeita. O que pode ser comprovado por Edward Osborne Wilson, biólogo americano, que destaca a necessidade inata do ser humano em se relacionar com outros seres vivos. Para isso criou uma teoria, que popularizou o termo Biofilia, que remete a condição humana em preferir lugares arborizados, que proporcionam o contato com outras espécies. Essa relação desperta emoções, positivas ou negativas, que colaboram com a compreensão e sensibilidade com o entorno (SANTOS, 2005).

O ser humano necessita estabelecer habitações em aglomerados urbanos, como meio de facilitar suas relações sociais, porém as áreas verdes apresentam importância significativa para as pessoas. Portanto, é conveniente propor que esses dois fatores sejam integrados. Para isso Timothy Beatley, cria o conceito cidades biofílicas, concedendo a estes espaços, elementos que valorizam e incentivam uma relação mais íntima e proveitosa do homem com a natureza (BIOPHILIC CITIES, s/d), este conceito pode ser aproveitado em cidades em desenvolvimento, como é o caso de Irati – PR.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração deste trabalho inicialmente foi realizado o levantamento da bibliografia para aproximação com o problema identificado, em livros, periódicos e artigos científicos. Paralelamente ocorreu pesquisa documental sobre a cidade de Irati, principalmente em informações relacionadas as leis do Plano Diretor e mapas da área de estudo em arquivo DWG.

Simultaneamente foram realizadas buscas a fim de levantar casos correlatos, regionais, nacionais e internacionais de parques que pudessem servir de exemplos para o projeto em questão. Em seguida foram realizadas visitas de campo, em parques de Curitiba, Guarapuava e Irati.

Posteriormente, realizaram-se também visitas in loco, para percepção do local e entorno, junto com a exploração de dados históricos e diagnósticos de imagens obtidas pelo Google Earth, bem como levantamento fotográfico dos aspectos relevantes, relacionados ao terreno.

Na sequência, os dados serviram de apoio para elaboração do projeto do parque urbano, a partir da realização do programa de necessidades, quadros e áreas, organofluxograma e estudos prévios de implantação e volumetria. O projeto final apresentou-se por meio dos desenhos arquitetônicos, implantação, plantas, cortes, elevações e perspectivas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Irati apresenta variados problemas ambientais. A cidade possui a malha urbana banhada por corpos d’água que não são devidamente respeitados, sofrendo com ocupações irregulares, disposição de resíduos sólidos nos rios e

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descaso com relação a eles devido as recorrentes enchentes que causam grandes prejuízos.

A falta de áreas de lazer para a população do bairro onde foi realizado o estudo é expressiva, não sendo encontrado nenhum espaço público com infraestrutura adequada para atender a região. O terreno escolhido foi um importante ponto de encontro de lazer da população iratiense, principalmente do bairro Vila São João, devido a presença de um campo de futebol que recebia diversos campeonatos locais. Por essa questão, houve apelo da população para que o espaço fosse recriado, resgatando assim a relação com a população local, a fim de criar uma condição de pertencimento.

Além dessa questão, a seleção do terreno para implantação de um parque urbano se deu pelas condicionantes naturais (Figura 01): como a presença de corpos hídricos nas laterais e histórico de enchentes no local. Por sua situação atual, percebe-se ausência total de cobertura vegetal (Figuras 02 e 03).

Figura 01: Delimitação do terreno estudado, insolação e ventos predominantes. Fonte: Google Earth, editado pela autora.

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Figuras 02 e 03: Situação atual do terreno e da mata ciliar, respectivamente.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Com relação ao zoneamento (Figura 04), o terreno se enquadra na Zona

Especial, determinada pela Lei n°4231 (PMI, 2016), a qual se refere à manutenção dos padrões urbanísticos específicos, proporcionando usos e funções urbanas excepcionais destinadas ao público. Apresenta também, uma vasta extensão destacada como Área de Restrição de Uso, instituída assim devido ao histórico de inundações do município, que pretende utilizar esse recurso como forma de desestimular o uso indevido do solo. Como o local está cercado por corpos d’água, os mesmos se encaixam na Zona de Proteção de Fundo de Vale, respeitando a faixa de APP de suas margens.

Figura 04: Zoneamento do recorte espacial e entorno imediato. Fonte: Prefeitura Municipal de Irati, 2016. Editado pela autora.

O entorno é exclusivamente residencial, com exceção do eixo de

comércio e serviços, demarcado na Avenida João Protzek, prolongamento da BR 153. Isto ocorre devido ao local ser uma importante via arterial da cidade.

O partido arquitetônico adotado para concepção do parque, busca resgatar a história da cidade no contexto ambiental, visto que ela sempre esteve vinculada com a natureza, principalmente a floresta. A madeira foi primordial para a economia local entre 1900 a 1970, período conhecido como ciclo da

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madeira, que apesar de ter sido favorável financeiramente provocou desmatamento dos pinheiros do Paraná. Mesmo com este fato, a cidade de Irati e região preservaram remanescentes da Floresta Ombrófila Mista, caracterizada pela presença de araucárias, sendo reunidas na Floresta Nacional de Irati (FLONA) considerada como uma das maiores reservas de araucárias conhecida (GÓES et al, 2012). Além da utilização da madeira, também são destacados os rios como partido do projeto, visto que este pretende ser um incentivo inicial para recuperação dos corpos d’água e conscientização da população. O partido aborda conceitos que pretendem ser replicados em outros locais do município, a fim de possibilitar a revitalização ambiental de modo geral.

Assim, através dos conceitos acima relacionados, estabeleceu-se o traçado da implantação como mostra a Figura 05. Inicialmente foi demarcada a APP, ao longo dos corpos d’água, que é de 30 metros de acordo com o Código Florestal (Lei nº 12.651, 2012). Em seguida foi determinado o ponto focal do projeto, que seria o Centro de Educação Ambiental - CEA, localizado na porção mais alta do terreno, o que lhe dá maior destaque. Como conceito relacionado a araucária, o CEA é representado como a semente que irá brotar gerando frutos, sendo o centro da conscientização da preservação. No traçado ele é visto como a base do passeio, representando a semente da araucária, o pinhão. Em seguida surgem as praças em formato circular, que representam as pinhas, ou seja, os frutos. Por fim, foram criadas algumas linhas a partir do passeio principal (semente), como a linha de paisagismo e a pista de caminhada/ciclovia, simbolizando a ideia de propagação das propostas implantadas no parque como a propagação de ondas.

Figura 05: Desenho esquemático do partido arquitetônico. Fonte: Autoria própria, 2017.

O organograma e setorização geral (Figura 06) estabelecem cinco setores

para o projeto, distribuídos no terreno de acordo com as condições naturais do local e interesses de destaque. As áreas criadas correspondem com os objetivos de recuperação ambiental e promoção de lazer.

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Figura 06: Organograma e setorização geral. Fonte: Autoria própria, 2017.

A partir da definição do partido arquitetônico, criação do organograma e distribuição dos setores ao longo do traçado do terreno, foi possível estabelecer o desenho da implantação, exibida na Figura 07.

ACESSO

SECUNDÁRIO

ACESSO

PRINCIPAL

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Figura 07: Implantação geral. Fonte: Autoria própria, 2017.

De acordo com a imagem anterior, os acessos são propostos de três

maneiras. O principal será pela Avenida João Protzek, a qual possui grande tráfego de veículos, portanto se configura como acesso para pedestres, com parada rápida para os carros. O acesso secundário é disposto na região posterior do lote, devido ao baixo fluxo de veículos, possibilitando maior controle de tráfego. Este apresenta estacionamento com 135 vagas comportando, motos, carros, vans e ônibus. O último acesso é utilizado apenas em casos específicos, para uso de serviço.

A fim de não prejudicar o tráfego que já é intenso na Avenida João Protzek, prolongamento da BR 153, principalmente em horários de pico, devido ser o acesso principal para o Bairro Vila São João, para a Universidade e ligação entre cidades, foram propostas alterações viárias. Para controlar o acesso para a Avenida Paraná, foi recomendada uma rótula, que permite a circulação mais rápida, sendo interrompida ao centro, a fim de não obstruir o fluxo da BR 153. Para a interseção entre a Avenida Paraná e a Estrada Municipal, foi proposto um canteiro que direciona os veículos.

Através da implantação é possível perceber a disposição dos setores e ambientes no projeto. Os corpos hídricos localizados nas extremidades laterais do terreno recebem a recomposição da mata ciliar, com inclusão de espécies nativas. O Centro de Educação Ambiental está localizado na região mais alta do lote, sendo notado no corte longitudinal (Figura 08). Ao seu redor foi implantado um bosque com mescla de espécies nativas e oriundas de estudos realizados no laboratório do CEA. O bosque conta com uma trilha onde foram dispostas praças de contemplação e descanso, e ao centro localiza-se uma estufa de exposição de espécies vegetais, modulada através de uma estrutura de bambu e vidro, compondo uma cúpula geodésica (Figura 09).

Figura 08: Corte longitudinal – AA.

Fonte: Autoria própria, 2017.

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Figura 09: Perspectiva estufa de espécies vegetais.

Fonte: Autoria própria, 2017.

A partir do CEA nasce o caminho principal, que é demarcado com Ipês amarelos e canteiros centrais (Figura 10). As praças ficam localizadas entre o passeio e a pista de caminhada/ciclovia. Entre elas foram inseridas Araucárias, que possuem maior destaque no paisagismo, remetendo ao partido arquitetônico adotado.

Figura 10: Perspectiva traçado paisagismo.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Como o parque é destinado à população de Irati de modo geral, foi necessário estabelecer variedade em seus ambientes, a fim de promover lazer a diferentes públicos. Desta forma, configuram-se três praças para Playgrounds, que foram localizadas próximas umas das outras para maior controle dos pais e acessibilidade das crianças. O Playground 01 (Figura 11) é destinado a crianças de 0 a 3 anos, dotado de mobiliário compatível à idade, oferecendo maior segurança. Para usuários entre 3 a 6 anos é destinado o Playground 02 (Figura 12), com mobiliário que possibilite maiores aventuras. E o Playground 03 (Figura 13) recebe crianças a partir de 6 anos, sendo propostos mobiliários que possibilitem brincadeiras com circuitos de aventura. Todas as praças destinadas às crianças recebem mobiliário preferencialmente em madeira, para maior contato com a proposta do parque e piso emborrachado, a fim de garantir maior segurança e conforto.

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Figuras 11, 12 e 13: Perspectivas playgrounds 01, 02 e 03.

Fonte: Autoria própria, 2017.

O público adolescente e jovem terá uma praça com pista para prática de atividades físicas, como patins, bicicleta e skate (Figura 14). A fim de atrair jovens artistas locais, a parte posterior da pista possui um painel para grafite. Para os animais de estimação, há a Praça Pets (Figura 15), que será cercada para maior segurança e controle, sendo dotada de equipamentos de apoio e um circuito agility para lazer e adestramento dos animais.

Figuras 14 e 15: Perspectivas Praça Jovem e Praça Pets.

Fonte: Autoria própria, 2017.

A Praça da Melhor Idade (Figura 16) possui mesas para jogos de tabuleiros, descanso e convívio, cobertas com um pergolado que proporciona maior conforto aos usuários. Com a intenção de estimular a prática de exercícios físicos, foram inseridos equipamentos de ginástica ao redor da mesma. Apresentações culturais poderão ocorrer no parque, na Praça de Eventos (Figura 17), que é equipada com um palco elevado e uma arquibancada para a plateia. Outras atividades poderão ser realizadas na Praça de Usos Temporários, que é um espaço livre para receber diversos eventos como exposições, feiras de artesanato, Food Trucks e práticas corporais ao ar livre.

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Figuras 16 e 17: Perspectivas Praça Melhor Idade e Praça de eventos.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Na região central do lote estão inseridos o lago e a Praça Esportiva (Figura 18). Para atender o público com interesses em esportes, foi implantado um campo de futebol e mais duas quadras poliesportivas, equipadas com arquibancadas, espaço técnico e vestiários, sendo cercados por telas aramadas. O lago foi proposto nesta região devido ao terreno ser alagadiço nesta porção, podendo ser abastecido pelos corpos hídricos do entorno. A inserção dele no parque tem a intenção de estabelecer o contato das pessoas com a água, a fim de compreender sua importância e valorizá-la, além de marcar a paisagem. Ao redor do lago foram inseridos quiosques com mesas, destinados a piqueniques, jogos em famílias, descanso ou convívio.

Figura 18: Perspectiva da praça esportiva e lago na porção central do parque.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Ao longo do Rio das Antas na extensão do parque, são propostas duas técnicas sustentáveis, para tratamento das águas e contenção de enchentes que podem ser replicadas em outras regiões em torno dos corpos d’água na cidade de Irati.

A primeira técnica é destinada ao tratamento da qualidade da água. Para isso foi implantado o sistema conhecido como Wetland (Figura 19), que realiza a depuração das águas de maneira eficiente, sem prejudicar o meio ambiente, possibilitando a exploração do paisagismo, criando visuais interessantes. Este

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sistema pode ser aplicado de diversas formas, mas para o projeto do parque, foram utilizados jardins construídos, colocados em um trecho do rio, através de gabiões com rochas, fixos no solo. Essa estrutura direciona o fluxo do rio para os jardins filtrantes que absorvem a matéria orgânica. Através do deck contemplativo do rio, os usuários poderão observar esta técnica. A fim de não prejudicar este sistema, há uma tela de retenção de resíduos sólidos, que servirá de instrumento de conscientização para a população, os mesmos serão recolhidos regularmente por funcionários ou alunos do CEA, sendo computados e expostos ao público.

Figura 19: Wetlands.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Outra técnica utilizada é a lagoa de retenção, que apresenta função de conter o fluxo de água excedente do rio, evitando ou amenizando os alagamentos (Figura 20). Durante o período normal do nível do rio, a lagoa fica seca, podendo ser coberta com vegetação. Em períodos chuvosos, é comum que ocorra alteração do nível do rio, sendo elevado, extravasando para a lagoa de retenção.

Figura 20: Lagoas de retenção.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Estes conceitos podem ser replicados em outras regiões da cidade, a fim de contribuir com a revitalização ambiental dos rios no cenário urbano de Irati. Porém, devem ser realizadas ações que visem conscientizar a população sobre a importância da preservação dos corpos hídricos, esclarecendo as consequências que a má relação entre homem e natureza podem causar para ambas partes.

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As ações devem estar relacionadas com o esgoto que deve ser tratado e não lançado ao rio de forma irregular. Também a insegurança e prejuízos ao rio que a ocupação inadequada pode gerar. Simultaneamente, deve-se priorizar a recomposição da mata ciliar ao longo dos rios, visto que esta é a garantia que o mesmo terá seu espaço durante as cheias, sem causar impactos e também, contribuirá para a qualidade da água.

A principal proposta do projeto é a revitalização ambiental, tanto do terreno como dos rios. Para incentivar essa ideia, foi criado o Centro de Educação Ambiental – CEA (Figuras 21 e 22). Este edifício terá a função de conscientizar os usuários sobre a importância da preservação do meio ambiente, através de áreas que proporcionem contato com noções de sustentabilidade e cultura.

Figuras 21 e 22: Perspectivas externas do Centro de Educação Ambiental.

Fonte: Autoria própria, 2017.

O pavimento térreo (Figura 23) será dotado de um café, com áreas para consumo interna e externa, a fim de atrair os usuários do parque até o interior do edifício. Há uma recepção anexada com uma loja de artigos municipais, como livros e artesanato, podendo ser utilizada também para comercialização de possíveis produtos provenientes de feiras ou exposições que podem ser realizadas no edifício (Figuras 24 e 25). Esses eventos terão à disposição um espaço de 295,67 m², que podem ser adaptados para exposições, palestras e feiras. Foram dispostas salas de apoio, como depósito, DML e sanitários. Ainda no térreo foram previstas salas para ensino, pesquisa e laboratório, destinadas a área ambiental. Uma estufa foi proposta na vista leste, devido a insolação favorável às espécies. Este espaço servirá para o plantio de novas mudas, desenvolvimento de pesquisas e também para reposição de espécies que precisam de mais atenção, antes de serem transplantadas ou expostas na estufa do bosque.

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Figuras 23: Planta baixa térreo.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Figuras 24 e 25: Perspectivas internas CEA.

Fonte: Autoria própria, 2017.

No mezanino (Figura 26) há um museu, que exibirá materiais relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade e histórico de Irati, exposições e experiências audiovisuais (Figuras 27 e 28). Através desta prática promovida no museu, pretende-se conscientizar o visitante sobre a importância da preservação ambiental e o conhecimento e valorização da cultura local.

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Figura 26: Planta baixa mezanino.

Fonte: Autoria própria, 2017.

Figuras 27 e 28: Perspectivas museu.

Fonte: Autoria própria, 2017.

As atividades realizadas no interior do CEA, possibilitarão que a população tenha maior sensibilidade com relação a natureza, valorizando e compreendendo a riqueza natural e cultural da cidade de Irati. Isso se estenderá por todo o parque, podendo ser replicado em toda a cidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da incredulidade ou desconhecimento da população e órgãos públicos acerca da revitalização ambiental de toda uma cidade, muitas vezes associando a transformação biofílica urbana a países altamente desenvolvidos, considera a que Irati também pode tornar-se uma cidade de referência neste tema. Desta maneira é possível perceber que a formulação de políticas públicas

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ISSN: 2178-3586 / 17ª Edição / Jan - Jul de 2018

para o desenvolvimento sustentável, pode favorecer a concretização de um urbanismo ambiental, equacionando a demanda social e ambiental.

A cidade de Irati, apresenta problemas ambientais no perímetro urbano que podem ser revertidos em potencial para que novos conceitos sejam aplicados, a fim de transformá-la em uma cidade sustentável. É possível concluir que a cidade de Irati necessita da aplicação de projetos que visem à recuperação dos seus corpos hídricos, buscando maior relação de seus habitantes com as águas e o meio ambiente, assim como o projeto do Parque São João.

Também é necessário promover maiores oportunidades de acesso ao lazer para a população de modo geral, principalmente no bairro Vila São João. Desta maneira a proposta do parque São João pode ser considerada como um incentivo para que hajam maiores intervenções na cidade relacionadas ao tema, possibilitando melhor qualidade de vida para a população iratiense.

REFERÊNCIAS

BIONDI, Daniela. Floresta Urbana. Curitiba: Imprensa UFPR, 2015. BIOPHILIC CITIES. Cidade Biofílicas. S/d. Disponível em: <http://biophiliccities.org/>. Acesso em 09 abr 2017. BRASIL. Lei n° 12.651, Código Florestal. Presidência da República. Brasília: 25 de maio de 2012. FERREIRA, Liz Ivanda Evangelista Pires. Parque Urbano. Paisagem Ambiente: ensaios, n° 23 – São Paulo – p. 20 – 33, 2007. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/paam/article/view/86866>>. Acesso 11 abr 2017. GEHL, Jan. Cidade para Pessoas. Tradução Anita Di Marco. 2ª edição. Editora Perspectiva. São Paulo, 2013. GÓES C G; LORENZO M P (2012). FLONA de Irati. In: Unidades de Conservação do Paraná. Disponível em: <https://conservacaobrasil.wordpress.com&gt>. Acesso em 08 out 2017.

GOOGLE. Google Earth. Versão Pro. 2015. Irati - PR. Disponível em: <https://www.google.com/earth/download/gep/agree.html>. Acesso em 10 fev 2017.

GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e Cidades: ruptura e reconciliação. Editora Senac. São Paulo, 2010. Prefeitura Municipal de Irati - PMI. Lei n° 4231. Plano Diretor Municipal de Irati. 20 de dezembro de 2016. SANTOS, Vera Lúcia dos. Além do rural: os vínculos topo-biofílicos na interação visitantes e paisagem rural em Itu - SP. 2005. vi, 255 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, 2005. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/104330>. Acesso em 09 abr 2017. STAVINSKI, Bernardo. Parques do Paraná: do urbano a unidades de conservação. Curitiba: Ecocidade, 2012.

AUTORIA

Nome completo: Débora Perek

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