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1 ASSOCIAÇÃO TERRA INDÍGENA XINGU - ATIX PROJETOS DEMONSTRATIVOS DOS POVOS INDÍGENAS - PDPI PROJETO RESGATE CULTURAL DA CESTARIA E TECELAGEM KAIABI NO PARQUE INDÍGENA DO XINGU E NA TERRA INDÍGENA KURURUZINHO RELATÓRIO DE ATIVIDADES Período: 23/08 a 29/09/2004 Aldeia Tuiararé setembro de 2004

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ASSOCIAÇÃO TERRA INDÍGENA XINGU - ATIX PROJETOS DEMONSTRATIVOS DOS POVOS INDÍGENAS - PDPI

PROJETO RESGATE CULTURAL DA CESTARIA E TECELAGEM KAIABI NO PARQUE INDÍGENA DO XINGU E NA TERRA INDÍGENA KURURUZINHO

RELATÓRIO DE ATIVIDADES Período: 23/08 a 29/09/2004

Aldeia Tuiararé

setembro de 2004

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ASSOCIAÇÃO TERRA INDÍGENA XINGU - ATIX PROJETOS DEMONSTRATIVOS DOS POVOS INDÍGENAS - PDPI

PROJETO RESGATE CULTURAL DA CESTARIA E TECELAGEM KAIABI NO PARQUE INDÍGENA DO XINGU E NA

TERRA INDÍGENA KURURUZINHO

RELATÓRIO DE ATIVIDADES Período: 23/08 a 30/09/2004

Equipe do Projeto: Parque Indígena do Xingu Coordenador geral do projeto: Prof. Aturi Kaiabi Coordenadora: Mytang Kaiabi Agentes Indígenas de manejo dos Recursos Naturais: Pirapy Kaiabi, Kway’wu Kaiabi e Tamakari Kaiabi Terra Indígena Kayabi, Posto Indígena Kururuzinho Coordenador: Eroit Kaiabi Coordenadora: Kujãreajup Kaiabi Associação Terra Indígena Xingu –ATIX Presidente: Makupá Kaiabi Diretor administrativo: Ianukulá Kaiabi Suyá Assistente: Tari Kaiabi Instituto Socioambiental – ISA Assessora geral do projeto: Simone Ferreira de Athayde, pesquisadora associada do Programa Xingu – ISA. Assessora de manejo dos recursos naturais: Kátia Yukari Ono, técnica do Programa Xingu.

Al Tiro Filmes João Sebastião Pavese - cinegrafista Thiago Jock da Cunha Santos - cinegrafista Ricardo Guarany Cunha Santos - assistente

Aldeia Tuiararé

setembro de 2004

SUMÁRIO

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1. Reunião inicial do projeto 01

2. Viagem do Xingu para o Kururuzinho 04 3. Reunião na aldeia Kururuzinho 04 4. Oficina de cestaria e tecelagem na aldeia 06 Kururuzinho 5. Pesquisa sobre o arumã e coleta de 10 mudas no Pará 6. Plantio de mudas no Parque do Xingu 14

7. Oficina de cestaria e tecelagem na Aldeia Tuiararé 14 ANEXOS 1. Fotografias 2. Mapa das Terras Indígenas Kaiabi no Brasil 3. Mapa da Terra Indígena Kaiabi – PI Kururuzinho – PA 4. População do Posto Indígena Kururuzinho

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1. REUNIÃO INICIAL DO PROJETO

A primeira reunião foi realizada no Posto Indígena Diauarum no dia

23/08/04, com os Kaiabi do Xingu. Participaram representantes das aldeias 3

irmãos, Barranco Alto, Ilha Grande, Guarujá, Tuiararé, Moitará, Yekwawi,

Posto Diauarum, Capivara, Kururu e PIV Manito.

A maioria das pessoas comentou que seria interessante promover um

novo modelo de ensino de cestaria e tecelagem entre o Povo Kaiabi.

Antigamente, as pessoas aprendiam de acordo com o seu interesse, ninguém

obrigava as pessoas a aprenderem. Eles aprendiam com os seus familiares,

acompanhando as atividades do dia a dia da cultura do povo. Essa forma de

aprendizado dos antigos era valorizada porque não existia o contato com os

não índios e também os Kaiabi moravam onde existiam recursos suficientes

para fazer artesanato.

Atualmente vem acontecendo um impacto cultural devido a

transferência territorial do Povo Kaiabi para o Parque do Xingu e os Kaiabi

que permaneceram no seu território tradicional tiveram uma maior influência

da cultura do não índio como a língua portuguesa, alimentação da cidade,

religião, saúde e outras atividades que vieram através do contato com os

brancos. O povo que permaneceu na sua área tradicional perdeu muito seu

conhecimento e sabedoria sobre as atividades culturais do Povo Kaiabi. Os

Kaiabi do Xingu foram transferidos para uma área onde não existem recursos

naturais suficientes para fazer o artesanato, como peneira, borduna, arco,

flecha, cocares, colares de dentes de animais e também onde faltam frutas

nativas, mel do mato e terra boa para o cultivo.

Jywapan, da aldeia Capivara, falou que este projeto poderia ter

incluído os Kaiabi que vivem no Rio dos Peixes, para ajudar o povo todo, sem

deixar ninguém de fora. No Rio dos Peixes os Kaiabi também enfrentam o

mesmo problema dos Kaiabi que vivem no Rio Teles Pires, no PI

Kururuzinho, incluindo a perda do conhecimento tradicional sobre a cestaria e

a tecelagem.

O pessoal falou que a maioria das mulheres do Xingu não sabem fazer

rede, tem poucas que ainda sabem fazer. Jymoete, da Aldeia Capivara, disse

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que muitas mulheres que tinham o conhecimento já faleceram e agora ela

tem dificuldade para aprender e para ensinar os seus filhos. Ninguém está

mais fiando algodão e as mulheres estão meio paradas, não tem gente para

animar o trabalho.

Mytang, coordenadora do trabalho no Xingu, falou que precisa da

colaboração das mulheres do Xingu para ajudar os parentes da aldeia

Kururuzinho, porque lá as mulheres já esqueceram da tecelagem e elas

precisam de ajuda para resgatar esse conhecimento.

Os professores artesões perguntaram se ia haver um recurso para

pagar eles para fazer este serviço. Aturi respondeu que isso não vai haver

porque isso é uma contrapartida deles e que este conhecimento e

aprendizado ficará sempre para o nosso povo, para o resto da vida. É através

deste conhecimento que eles vão conseguir recurso para benefício deles,

vendendo as peneiras. O que eles aprenderem, vai servir para sempre,

depois que o dinheiro do projeto acabar.

Falamos também sobre o manejo de recursos naturais usados para

fazer artesanato, principalmente o arumã, usado para fazer as peneiras. Aturi

comentou que estava levando os agentes indígenas de manejo para o

Kururuzinho para começar a ensinar como é que pode manejar o arumã sem

destruir o recurso. Além disso, falamos também da nossa idéia de trazer

mudas de arumã para fazer um plantio experimental no Xingu.

Nessa reunião também aproveitamos para falar de outros recursos

como frutas comestíveis (Castanha-do-Pará, côco babaçu, cacau, patauá),

mudas de siriva e outros que poderíamos aproveitar a viagem para trazer

para plantar aqui no Xingu.

Falamos sobre os livros que estão sendo montados sobre as peneiras,

o arumã e a tecelagem, com a ajuda da Simone. Falamos também do vídeo

do projeto, que será distribuído para todas as escolas no final de 2005.

As pessoas interessadas em participar da viagem se manifestaram e

foi feita a lista de participantes da viagem para o Kururuzinho:

1. Aturi – coordenador

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2. Mytang – coordenadora

3. Tamakari – agente de manejo

4. Pirapy – agente de manejo

5. Kway’wu – agente de manejo

6. Tarumani – professor

7. Maru – professora

8. Naiara – professora

9. Pyfa’i (Takape) - professor

10. Simone – assessora

11. Kátia - assessora

12. João – cinegrafista

13. Thiago – cinegrafista

14. Ricardo – cinegrafista

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2. VIAGEM DO XINGU PARA O KURURUZINHO No dia 27 de agosto de 2004 aconteceu a viagem de 14 pessoas do

Xingu para o Pará. A saída foi as 4:00 horas da manhã do Posto Diauarum

de lancha para o Pieraçu. Continuamos a viagem via transporte terrestre,

com o ônibus da empresa Xingu, na linha São José do Xingu – Peixoto de

Azevedo. Chegamos em Alta Floresta as 4:00 hs da manhã do dia seguinte.

Em Alta Floresta, recebemos recado que a balsa que faz a travessia

do Rio Teles Pires havia afundado. Fizemos tomada de preços e compra de

comida, combustível e materiais para a oficina. Fretamos um caminhão de

Alta Floresta para a beira do Rio São Benedito.

Saímos de Alta Floresta no dia 29/08 às 11:00 hs e chegamos na beira

perto das 4:00 hs da tarde. O barco da aldeia estava nos esperando.

Chegamos no Posto Kururuzinho às 20:00 hs.

3. REUNIÃO NA ALDEIA KURURUZINHO

No dia 30/08 pela manhã aconteceu uma reunião sobre a demarcação

da Terra Indígena Kayabi, com participação de um representante do PPTAL,

comunidade e do chefe de Posto, o Sr. Clóvis. De acordo com o censo de

2004, existem 121 pessoas morando no PI Kururuzinho.

Na parte da tarde, tivemos uma reunião com a comunidade do

Kururuzinho para falar sobre o projeto da cestaria e tecelagem. A reunião

começou com a apresentação de cada pessoa, sua ocupação. Eu,

coordenador do projeto, apresentei o projeto, explicando qual a finalidade de

minha chegada naquela comunidade. A maioria das pessoas se

comunicaram na língua portuguesa. Cada um comentou a importância da

realização do projeto nesta comunidade, colocando seus interesses com a

esperança de aprender e resgatar o que eles já vinham perdendo. A

participação das mulheres foi muito importante, pois elas falaram do seu

interesse, que através do projeto elas aprenderiam aquilo que nunca tiveram

oportunidade de aprender, pois as pessoas que sabiam fazer artesanato

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faleceram. Por este motivo, as jovens não tiveram mais chance de aprender e

fazer o seu artesanato.

Iracildo Mundurukú, Presidente da Associação Kawaip Kaiabi, falou

que eles vão iniciar o primeiro projeto da Associação deles no próximo ano,

depois da demarcação da terra. Este projeto vai ser sobre resgate do

artesanato e das festas e sobre plantas medicinais tradicionais.

Valdir disse que tem alguns velhos que vivem no kururuzinho que não

sabem fazer artesanato, por isso não ensinam os jovens. A única pessoa que

ainda faz um pouco de artesanato é o Coronel, irmão do Tamanauu (Piauí),

que vive no Xingu.

João Kaiabi falou que os turistas que passam na aldeia pedem muito

artesanato para comprar, por isso ele se interessou em aprender mais. Se

fosse somente para uso ele não se interessaria, mas como ele pode vender,

ele quer aprender mais e quer que os filhos deles aprendam também,

principalmente o Paulo, que gosta de fazer artesanato e já sabe um pouco.

O cacique Hatu falou na língua Kaiabi, comentando sobre a

importância da cultura Kaiabi. Se nós não começarmos a segurar e

reaprender o nosso conhecimento, podemos perder todo o nosso

conhecimento. Ele disse que nunca foi alfabetizado, não sabe ler e nem

escrever. Mas através da expressão oral ele vem ajudando o povo dele.

Podemos valorizar duas coisas: coisas importantes dos não índios, mas em

primeiro lugar temos que valorizar a nossa cultura. Hatu falou sobre mim

(Aturi), que eu nasci lá mas depois quando eu tinha uns 10 anos eu fui para o

Xingu com o meu pai. No Xingu, eu fui alfabetizado e participei da escola,

onde eu aprendi a trabalhar com a cultura dos não índios e a fazer alguns

documentos, como este projeto, que é para ajudar o pessoal de lá. Na aldeia

dele nunca teve algum projeto como este.

Nós apresentamos o plano de trabalho para a oficina, que seria um

ensino na prática com arumã coletado na região e barbante trazido da

cidade. Apresentamos os professores artesãos que vieram do Xingu:

Tarumani, Pyfa’i, Osmar (Kway’wu), Mytang e Maru. Foi apresentado também

o trabalho dos agentes de manejo e a preocupação com o jeito de usar e

cortar o recurso, principalmente o arumã, para nunca faltar.

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Apresentamos os cinegrafistas, que estão fazendo a documentação do

projeto, e explicamos que o vídeo que será feito poderá ser usado nas

escolas de todas as aldeias Kaiabi. Falamos também que está prevista a

organização de dois livros didáticos, um sobre cestaria e outro sobre

tecelagem, que serão distribuídos no Xingu e no Kururuzinho depois do final

do projeto.

No final da reunião, Simone apresentou e entregou alguns livros

didáticos para a escola da aldeia e para o cacique:

- O Livro das águas;

- Catálogo de artesanato do Xingu;

- Livro: Os Kaiabi do Brasil central, história e etnografia;

- Livro de saúde na língua Kaiabi;

- Livro de saúde do Parque do Xingu;

- Livro O Manejo do arumã / Uruyp Porongyta;

- Apostilas de apoio ao projeto, de cestaria e tecelagem.

4. OFICINA DE CESTARIA E TECELAGEM NA ALDEIA

KURURUZINHO

A oficina aconteceu entre 31/08/04 e 07/09/04. Participaram da oficina

12 homens e 13 mulheres, além das cozinheiras, beijuzeiras, mingauzeiras e

pescadores. A oficina começava às 7:30 às 11:30 e 14:00 hs às 17:00 hs.

No primeiro dia de aula, começamos pela construção dos materiais,

arrumando as madeiras para a construção do tear e as mulheres arrumaram

os barbantes para o início da aula. Todos os homens tiveram que aprender a

tirar os talinhos do arumã. Essa atividade durou dois dias.

Depois da preparação dos materiais, começou a aula de trançado. A

maioria dos alunos homens começou a fazer o desenho i’yp, o primeiro que

‘e ensinado e o mais fácil. Apenas dois alunos começaram com o desenho

awarapypot. As alunas começaram com o desenho awasiayj, miúdo e

grande. Foram começadas duas redes e três tipóias. As alunas tiveram

dificuldade porque tinham apenas duas professoras trabalhando com 13

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alunas. Isso durou uns 4 dias. Cada aluno homem trabalhou individualmente

na sua peneira e as alunas trabalharam em conjunto nas redes e tipóias.

As mulheres não conseguiram terminar o seu trabalho até o final da

oficina, apenas alguns homens conseguiram terminar as suas peneiras e

somente Eroit conseguiu pintar a sua peneira. Quando a oficina terminou, um

casal de artesãos, Pifa’i e Marú, permaneceu na aldeia Kururuzinho por mais

15 dias, para ajudar os alunos a terminarem o seu trabalho e aprenderem

mais.

Todos os colaboradores, como pescadores, cozinheiras, beijuzeiras e

mingauzeiras fizeram um excelente trabalho e nos atenderam com muito

carinho e muita alimentação. A comunidade do Kururuzinho nos recebeu com

uma festa tradicional Kaiabi, o Jowosi. Nos outros dias, teve também forró na

escola para o pessoal se divertir na parte da noite. A única coisa que não

gostamos foi a quantidade de piuns que tinha lá. Nós do Xingu não somos

mais acostumados com tanto pium.

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Peneiras feitas pelos homens durante a oficina

Nome Idade Desenho

1.Paulo – filho de João 14 Awarapypot – já sabia alguma coisa antes

2.Valdir 39 I’yp – primeira vez que fez peneira

3.Eroit 36 Awarapypot – já sabia fazer peneira antes

4.João 44 Kururu’i – já sabia fazer peneira

5.Tangeu’i 26 I’yp – primeira vez que fez peneira

6.Roberto 26 I’yp – primeira vez que fez peneira

7.Jawarejup – filho Eroit 13 Awarapypot – primeira vez que faz

peneira

8.Elenildo – filho Valdir 18 I’yp – primeira vez que fez peneira

9.Tarawi 21 I’yp – primeira vez que fez peneira

10.Alessandro 18 I’yp – primeira vez que fez peneira

11.Juvenildo 21 I’yp – primeira vez que fez peneira

12. Juporajup (Popô) 21 I’yp – primeira vez que fez peneira

Alunas:

1. Vera Lúcia – 14 anos

2. Lucimar – 18 anos

3. Reajup (Miriam)- 15 anos

4. Rearejup (Leoneide)- 21anos

5. Morete (Claudinéia) – 12 anos

6. Suzana – 12 anos

7. Morea’i (Valdete) – 17 anos

8. Morejup – 16 anos

9. Jatuajup (Rebeca) – 14 anos

10. Leidiane – 14 anos

11. Rywesage – 21 anos

12. Morejuwi (Aldenira) – 23 anos

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Durante a oficina, os agentes de manejo junto com o coordenador Aturi

e com as assessoras Simone e Kátia, realizaram uma pesquisa em cada

casa, entrevistando os moradores homens e mulheres sobre os produtos da

roça Kaiabi. Nós descobrimos que eles haviam perdido muitas variedades de

plantas da roça que os Kaiabi do Xingu ainda cultivam. Os moradores do

kururuzinho fizeram um pedido de sementes que ainda existem no Xingu. Os

agentes de manejo se comprometeram a enviar algumas sementes do Xingu

para o kururuzinho para eles resgatarem as suas sementes.

No dia 08/09, tivemos uma reunião com a comunidade para fazer a

avaliação da oficina. Primeiro nós ouvimos os professores. Eles falaram que

alguns alunos estavam aprendendo a fazer o trabalho, mas que os alunos

precisavam de mais tempo para aprender como começar o trançado da

peneira sem pedir a ajuda do professor. Os professores comentaram também

que o aprendizado não é rápido, que leva tempo mesmo para a pessoa

aprender. É a mesma coisa que o ensino nas escolas dos não índios, leva

tempo e também tem aluno que tem mais dificuldade e tem aluno que

aprende mais fácil.

A professora Mytang falou que o único desenho que ela sabe, ela ajudou

as alunas a fazerem. Era para mais mulheres professoras terem vindo, mas

infelizmente conseguimos somente uma professora, por isso talvez as alunas

tiveram dificuldade para aprender.

No início da oficina, muitas mulheres participaram, com muita alegria e

esperança de aprender. Porém, com o passar dos dias, algumas mulheres

foram desistindo e não apareciam mais na oficina, talvez porque estavam

achando difícil e até mesmo porque tinham que cuidar dos filhos e da casa.

O professor Osmar falou que apenas 8 alunos começaram a entender

sobre o trançado da peneira. Na parte do aprendizado das mulheres, 5

pessoas estavam aprendendo, e o restante estava enfrentando muita

dificuldade.

O velho Coroné falou que a rede que os Kaiabi do Xingu aprenderam não

é da cultura tradicional, veio depois. A rede do antigo era diferente. Mas isso

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não significa que roubamos o conhecimento do outro povo. Os desenhos que

são feitos na rede são próprios do povo Kaiabi, copiados das peneiras.

Algumas pessoas falaram que não tinham aprendido nada, porque foi

muito pouco tempo. Eles queriam que o trabalho durasse mais tempo para

eles poderem aprender. Mas mesmo assim eles gostaram e disseram que

era isso que eles esperavam. Eles esperam que esse trabalho continue por

mais tempo.

Esse projeto foi o início da experiência de ensino prático de cestaria e

tecelagem kaiabi. Caso o resultado seja positivo, escreveremos outro projeto

para continuar este trabalho.

No fim da reunião, conseguimos convencer Marú e Pyfa’i a ficarem por

mais 15 dias ensinando os alunos na aldeia Kururuzinho. Os professores não

podiam ficar mais tempo lá porque não são acostumados e também porque

tinham outras atividades para fazer no Xingu.

5. PESQUISA SOBRE O ARUMÃ E COLETA DE MUDAS NO PARÁ

Nós, agentes de manejo, fomos no mato juntamente com alguns

alunos e velhos fazer pesquisa sobre o arumã na região da aldeia

Kururuzinho. Fizemos uma pesquisa com o velho Coroné, para saber como é

a forma de colheita tradicional Kaiabi. Ele nos explicou que eles cortam antes

do primeiro nó e sabe quando está pronto para colher pela cor do caule e da

folha, que fica verde. Vimos também que o arumã fica mais na beira do

córrego nos morrotinhos de terra. São 3 tipos diferentes que não tem no

Parque do Xingu:

- uruyp pirymi

- uruyp ete

- uruyp wuu

No lugar que nós vimos tinha muito buriti e patuá. O tipo do mato é

diferente do Xingu, as árvores são mais altas e grossas. O lugar do arumã é

parecido com o do Xingu, com bastante entrada de luz e solo úmido do

pantanalzinho. Decidimos tirar as mudas neste local onde tinha mais arumã,

e achamos que iria dar certo o plantio no Xingu.

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Fizemos uma pesquisa para saber quantos caules de arumã são

necessários para fazer uma peneira. Na hora da colheita no mato, medimos a

grossura e o comprimento de cada caule coletado em duas touceiras. Na

aldeia, os feixes foram partidos e contamos quantas talas cada pedaço de

feixe rende. Depois de secas, contamos quantas talinhas cada tala rende

depois de preparada. Contamos também quantas talinhas são usadas para

fazer peneiras com desenhos diferentes e tamanhos variados.

O resultado encontrado foi que com 7 canas de arumã de altura

aproximada de 4 metros, temos um feixe de 28 pedaços de canas de

aproximadamente 1 metro. Estes 28 pedaços, rendem cerca de 230 talas

antes de tirar o miolo. As 230 talas rendem umas 300 talinhas preparadas.

Com estas 300 talinhas, é possível fazer uma peneira de 50 cm de diâmetro.

Assim, uma cana de 4m de altura, rende cerca de 45 talinhas preparadas

com mais ou menos 65 cm de comprimento.

Número de canas de arumã necessárias para fazer uma peneira

Canas ou

caules

Roletes

cortados

Talas sem

preparar

Talas

preparadas

7 canas de

4 m de

altura

28 roletes

de 1 m 230

300 (uma

peneira

desenho I’yp,

diâmetro 40 cm

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Ecossistema de pantanalzinho (yataran) onde o arumã gosta de morar, no Pará. Desenho: Pirapy Kaiabi.

Pesquisa sobre o rendimento das talas de arumã. 1) Medição da touceira, 2) medição das canas nos feixes, 3)das talas antes da secagem, 5) das talas prontas e 6) das talas utilizadas em cada peneira. Desenho: Tamakari Kaiabi.

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Número de talas de arumã usadas nas peneiras:

Saímos para o local do arumã para colher as mudas para levar para o

Xingu. Fomos em 11 pessoas no total, agentes de manejo, alunos, velhos,

assessoras e cinegrafista. Os velhos e os alunos estavam tirando as canas

para a oficina do Xingu e nós agentes de manejo tiramos as touceiras para

fazer mudas. Colocamos uma camada de folhas e o solo do local para forrar

os sacos antes de por as touceiras. Enchemos 25 sacos com touceiras e

colhemos o solo do local para fazer análise. Transportamos as mudas até a

aldeia, colocamos na sombra e ficamos regando as mudas duas vezes por

dia.

As mudas foram transportadas para o Xingu de barco até a beira do

Rio São Benedito e depois de caminhão até Alta Floresta. Em Alta Floresta,

ficamos por 2 dias e deixamos as mudas na casa do índio, e ficamos regando

duas vezes por dia. Depois, continuamos a viagem de caminhão pela BR –

080 até no Piaraçu, onde pegamos a lancha para a aldeia Tuiararé.

Dono Desenho

Número

de talas

Dimensões

(cm)

Elenildo I' yp 228 34x33

Valdir I' yp 425 58x60

Eroit Awarapypot 409 54x54

Tarawi I' yp 333 51x48

João Kururu'i 382 48x45

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6. PLANTIO DE MUDAS DE ARUMÃNO PARQUE DO XINGU

Na aldeia Tuiararé, nós e algumas pessoas da comunidade levamos

as mudas para o local escolhido para fazer o plantio. No primeiro dia,

levamos 16 sacos de mudas e no segundo dia, levamos mais 9 sacos.

Chegamos no local na beira do córrego que fica a uns 30 minutos de

caminhada da aldeia, onde já existia arumã.

Antes de fazer o plantio, medimos a altura total e o diâmetro de cada

touceira e contamos o número de brotos. Depois plaquetamos as mudas.

Então cavamos as covas para colocar as mudas e plantamos. A entrada de

luz era meio aberta e o solo é úmido. Nós não dividimos as touceiras para

plantar. Foi assim que terminamos de fazer o plantio das mudas de arumã

trazidas do Kururuzinho.

7. OFICINA DE CESTARIA E TECELAGEM NA ALDEIA

TUIARARÉ

No dia 20/09/2004, houve uma reunião com a comunidade na Aldeia

Tuiararé, Parque Indígena do Xingu. Estavam presentes os representantes

das aldeias Yekwawi, Moitará, PI Diauarum, 3 irmãos e Kururu. O restante

dos representantes de outras aldeias Kaiabi não compareceram nesta

reunião, por motivo que as pessoas tinham outros compromissos na sua

comunidade. O mês de setembro não é uma boa época para fazer oficina,

porque é tempo de plantio da roça. O projeto atrasou muito por causa dos

problemas com o Banco do Brasil, por isso, muitas pessoas não

compareceram na oficina.

Começamos a reunião com 40 pessoas. Eu, como coordenador do

projeto, comecei a comentar sobre a oficina no Kururuzinho, contando como

foi o trabalho lá. Quando terminei de contar sobre o trabalho que aconteceu

no Kururuzinho, falei que a gente iria começar um novo trabalho aqui na

Aldeia Tuiararé. Os alunos e alunas falaram do seu interesse com desejo de

aprender sobre a cestaria e tecelagem. Eles falaram que isso é muito

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importante, porque muitos jovens estão deixando de fazer este trabalho com

o material de uso do dia-a-dia que é muito importante para as mulheres

prepararem alimentos. Sem este conhecimento, as pessoas são

consideradas como analfabetos, que não sabem de nada. Maiari falou que

apesar do pessoal do Xingu ainda ter o conhecimento, eles não tem como

usar o seu conhecimento por falta de material para fazer peneira, o arumã.

Algumas mulheres falaram que estavam interessadas em aprender a tecer a

rede usando os desenhos, que gostariam de ampliar o seu conhecimento

através desta oficina.

Depois da reunião, fizemos o planejamento do trabalho da oficina.

Horário das aulas, café, almoço, janta e merenda. Na parte da tarde, a oficina

começou. Cada aluno preparou os seus talinhos de arumã e as mulheres

enrolaram os barbantes e montaram os teares. Os professores chegaram

somente no segundo dia da oficina.

Participaram da oficina 24 alunos homens e 10 mulheres. Os

professores foram Ka’rauu, Tuim, Tarumani, Awatare eTare’i. As professoras

foram Juaruu e Kujãyat. Os professores iniciaram o seu trabalho ensinando

os desenhos mais simples para os alunos que nunca tinham feito peneira

antes da oficina. Com os outros, que já tinham algum conhecimento antes,

começaram os desenhos mais difíceis. As mulheres discutiram entre elas que

elas já sabiam fazer os desenhos mais fáceis, então elas queriam aprender

um desenho mais difícil que elas nunca fizeram. A esperança delas era de

aprender coisas diferentes. Nem as professoras sabiam alguns desenhos

mais difíceis, então elas pediram para o professor Awatare começar a rede

com o desenho kwasiarapat. Depois, elas começaram outra rede com o

desenho jowosiape, mas era muito difícil, então elas desmancharam e

resolveram fazer um desenho mais simples, awasiayj. As tipóias foram

começadas com desenhos mais fáceis que as mulheres já sabiam, e algumas

conseguiram terminar. No total foram começadas duas redes, 5 tipóias e 1

bolsa, sendo que as mulheres terminam três tipóias e uma bolsa durante a

oficina.

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Taity (rede):

1. Awasiayj – Rywete, Rywi

2. Kwasiarapat – Mytang, Juaruu, Zulmira, Poit

Tupai (tipóia):

1.Reakatu - Jarukang

2.Aruê – Jowosiape (More ensinou)

3.More - Typyrum (bolsa, terminou), desenho awarapypot (Kujãyat ensinou

para More)

4.Aru’ i – kwasiapiain (terminou), Eteu’i ensinou

5. Moreaju (Eteu’i ensinou) – awasiayj (terminou)

6.Várias alunas (trabalho em grupo) – kwasiapiayj

Foram feitas 30 peneiras durante a oficina na aldeia Tuiararé. As redes

e tipóias que não foram acabadas durante a oficina, vão ser acabadas

depois. Durante a oficina, o arumã trazido do Kururuzinho não foi suficiente

para fazer o trabalho, então alguns alunos resolveram ir buscar um pouco de

material que existe perto da aldeia. Foi assim que eles conseguiram terminar

as peneiras que haviam começado.

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Peneiras feitas na oficina da aldeia Tuiararé:

Nome Aldeia Idade Desenho Data que terminou

1. Jarí – aluno Tuiararé 21 I’ yp - primeira peneira 23/09

2. Jarí, segundo trabalho I’yp, segunda peneira 27/09

3. Wyrakatu – aluno Tuiararé 19 I’yp - primeira peneira 24/09

4. Wyrakatu I’yp – segunda peneira

5. Sirawejup – aluno Tuiararé 27 I’yp - primeira peneira 24/09

6. Pikuruk Tuiararé 24 I’ yp - primeira peneira 24/09

7. Pikuruk, segundo trabalho Awasiayj, segunda peneira 28/09

8. Jawakatu (Majari) Yekwawi 35 Awarapypot, yrupefuku - já fazia i’ yp 24/09

9. Ywykatu Tuiararé 16 I’ yp – primeira peneira 25/09

10.Ywykatu, segundo trabalho I’yp – segunda peneira 27/09

11. Piraete Tuiararé 18 I’yp – primeira peneira 25/09

12. Piraete, segundo trabalho I’yp – segunda peneira 28/09

13. Awatare – professor Moitará 29 Ta’agap jywa – já tinha muita experiência 25/09

14. Tuim – professor Diauarum 60 Inimoeta jywaypy’i 26/09

15. Wyrawat – aluno Diauarum 17 I’yp – primeira peneira 26/09

16. Juporajup – aluno Tuiararé 21 I’ yp – primeira peneira 26/09

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Nome Aldeia Idade Desenho Data que terminou

17. Tamakari – aluno Tuiararé 19 I’yp – primeira peneira 26/09

18. Tafuriup – aluno Yekwawi 21 Awarapypot – terceiro desenho, já fazia

peneira

26/09

19. Segundo trabalho Tafuriup Jowosiape 28/09

20. Jamanary – aluno Tuiararé 28 I’yp – primeira peneira 26/09

21. Awaí – aluno 3 irmãos 20 I’yp – primeira peneira

22. Jywa – aluno Tuiararé I’yp – primeira peneira 25/09

23. Tu’ã – aluno Tuiararé 19 I’yp – primeira peneira 27/09

24. Pasi – aluno Tuiararé 64 I’yp – primeira peneira 26/09

25. Piraju – aluno Tuiararé Awasiayj – primeira peneira, segundo

desenho

26/09

26. Tare’i – professor Tuiararé 27 Yogajurat – já tinha experiência 28/09

27. Pirapy – aluno Barranco

Alto

24 Kururu’i – já fazia peneira 28/09

28. Miaracaja Tuiararé 40 I’ yp – já fazia peneira 27/09

29. Chico Tuiararé 53 I’yp – já fazia peneira 27/09

30. Kui’i Tuiararé 12 I’yp – primeira peneira 28/09

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No dia 29/09/04, a oficina da aldeia Tuiararé terminou. Fizemos uma

avaliação com os participantes, perguntando como foi o trabalho. A maioria dos

alunos comentaram que gostaram muito da oficina e aprenderam o primeiro

passo do aprendizado, que é o desenho i’ yp. Disseram que foi muito importante

para eles, porque fazia parte do conhecimento que estava faltando para os

jovens que nunca tiveram a oportunidade de aprender. Comentaram também

sobre o trabalho dos professores, que tiveram muita paciência de trabalhar com

eles. Disseram que gostariam de continuar com este trabalho tentando aprender

individualmente em sua casa para quando acontecer a segunda oficina, ele já

tenha um pouco mais de conhecimento, para eles aprenderem mais desenhos

diferentes que eles queiram aprender futuramente.

Os professores artesãos também comentaram que gostaram do trabalho,

que era isso que eles esperavam e disseram que foram bem recebidos pela

comunidade desta aldeia. Falaram que os alunos tiveram paciência com eles, e

que se eles estivessem errados os alunos e a comunidade poderiam reclamar

com eles para que na próxima oficina eles vão tentar melhorar na parte do

ensino. Eles pediram para os alunos continuarem fazendo as peneiras que eles

aprenderam e tentando aprender outros desenhos que não tinham sido

ensinados para eles. Se comprometeram, caso aconteça novamente oficina,

eles estão dispostos para vir ajudar novamente. Nem sempre os professores

sabiam de tudo, eles trocavam sua experiência e conhecimento entre eles e com

os alunos que já sabiam de algumas coisas que eles não sabiam.

A única coisa que os professores e alunos não gostaram foi que o

material não foi suficiente para terminar o trabalho na oficina. Também, algumas

pessoas comentaram que o trabalho poderia ter sido melhor organizado,

principalmente o trabalho na cozinha. Faltou preparar mais comidas da aldeia

antes da oficina, como polvilho para beijú cará, macaxeira ou batata para o

pessoal merendar. Tare’i comentou também que o trabalho na escola ficou meio

solto, que as pessoas chegavam e saíam a hora que queriam e que faltou mais

controle e organização.

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As mulheres falaram que gostaram da oficina, acharam o trabalho bom,

mas para algumas delas foi difícil, porque elas não dominavam os desenhos que

o professor havia começado para elas. Por outro lado elas se sentiram bem,

porque é uma aula diferenciada que fazia parte da cultura. Essa oficina foi feita

mais para as jovens, que nunca tiveram essa oportunidade de estar aprendendo

com os seus pais e parentes. Isso faz parte das atividades de casa.

Antigamente, a gente não fazia este trabalho em conjunto, cada família fazia as

suas atividades em casa. Elas disseram que só assim a gente pode segurar as

jovens em casa, arrumando atividades para elas fazerem em casa, tendo

momentos para elas trabalharem e também momentos para elas brincarem.

Através do seu conhecimento e aprendizado que a gente continua levando a

nossa vida para frente, passando o que você aprendeu para os filhos e netos.

Esse é o nosso jeito de ensinar. A esperança delas é continuar fazendo isso,

ensinando outras coisas também, não só na parte da tecelagem.

Elas também comentaram como é que elas vão continuar com o trabalho.

Fizeram uma consulta com a professora Kujãyat, se ela vai continuar aqui na

aldeia acabando o trabalho, ou se elas parariam por aqui mesmo. A professora

falou que ela poderia ficar, mas que ela tem que ajudar o marido dela a plantar a

roça, então ela disse que o professor Tare’i que mora aqui na aldeia poderia

ajudar elas a terminar a rede que estava feita pela metade, porque ele conhece

o desenho.

A assessora Kátia agradeceu por tudo, disse que a oficina estava boa

apesar dela ter participado dos últimos 3 dias, mas gostou de ver os desenhos

que ela nunca tinha visto, nas redes e nas peneiras. Só observou que o recurso

que foi trazido do Kururuzinho não foi suficiente e sugeriu que na próxima oficina

eles poderiam usar mais substitutos e avaliar qual o jeito de usar e fazer manejo.

Ela mostrou também as plaquetas que estão marcando as plantas e pediu

para as pessoas respeitarem e não colherem essas plantas, porque elas

também vão servir para aumentar essas plantas se eles quiserem no futuro e

tem a idéia de fazer o manejo do arumã que tem aqui no Xingu.

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Alem disso ela falou do plantio do patuá que foi feito no mesmo lugar do

arumã, como era lá no lugar dele no Kururuzinho.

A assessora Simone disse que ela estava gostando muito de ajudar e

participar deste trabalho. Para ela, era um sonho ver esse projeto acontecendo,

a viagem para o Kururuzinho e a oficina aqui na aldeia. Falou que ficou contente

de ver a apostila que ela vem organizando há muitos anos com as fotos dos

desenhos de peneira, sendo usada na oficina, todos consultando a apostila, que

isso era uma recompensa para ela. Também disse que isso que estava

acontecendo era um exemplo de modelo de escola indígena, onde a cultura é

trabalhada e resgatada na prática. Que isso foi uma iniciativa do Professor

Jowosipep (Aturi) que agora aconteceu e que representa o início de um trabalho

muito bonito que está acontecendo com o povo Kaiabi. Falou também dos

recursos naturais, da importância de buscar recursos substitutos para fazer as

peneiras, para que os jovens e alunos não percam o seu conhecimento.

Comentou sobre os livros que vão ser feitos através do projeto, e disse que

estará aqui no próximo ano para continuar assessorando as atividades.

Agradeceu a todos e se despediu.

Eu, coordenador do projeto, na parte final, respondi para algumas

pessoas que estavam questionando alguma melhoria na parte da coordenação.

Eu falei para eles que esse é o primeiro trabalho que eu estou fazendo e espero

que no próximo seja melhor, cometi alguns erros mas que não foram muito

graves. Procuramos atender as pessoas da melhor forma possível e pedi para

eles me ajudarem a melhorar o trabalho para a próxima oficina. Falei que isso

aconteceu porque eu não estava aqui para organizar antes da oficina, e

enquanto isso não tinha ninguém para organizar este trabalho para mim, que

não ficou bem do jeito que a gente queria, mas deu para trabalhar. No próximo

ano a gente vai se organizar para planejar a oficina e receber bem o pessoal que

vem do Pará.

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FOTOGRAFIAS Fotos de Simone Athayde, outros autores com nome na legenda.

Reunião inicial do projeto no PI Diauarum, dia 23/08/04. Foto: Kátia Ono.

Acampamento esperando o ônibus na beira da BR 0-80, no Piaraçu.

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Pegando o ônibus no Piaraçu, linha Redenção – Peixoto de Azevedo,

totalmente lotado.

Grupo em Alta Floresta, pegando o frete de caminhão para a beira do Rio Teles

Pires, rumo a TI Kaiabi-Kururuzinho.

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Travessia de balsa sobre o Rio Teles Pires. Jowosipep/Aturi, sua mulher Mytang

e filhas Pauni e Mapawi.

No barco da comunidade do Kururuzinho, indo para a aldeia Kaiabi no Pará. Na

frente, os cinegrafistas Thiago, Ricardo e João.

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Reunião do projeto com a comunidade no Posto Kururuzinho, Pará.

Jowosi no Kururuzinho, para receber o grupo que veio do Xingu. Koroné Kaiabi

está cantando para as mulheres.

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Início da oficina nde

tecelagem e peneira no

Kururuzinho. A professora

Marú e as alunas estão

enrolando os barbantes

para começar a fazer rede.

Aturi, coordenador do Projeto, explicando como vai funcionar o trabalho da

oficina de cestaria e tecelagem.

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Professor Tarumani e Eroit

escolhem na apostila os

desenhos que vão ser feitos

na oficina.

Professor Takapeianim orientando

Jawarejup, 13 anos, filho de Eroit.

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Professora Mytang

orientando a aluna no

trançado da tipóia.

Paulo Kaiabi, aluno, fazendo

uma peneira durante a oficina.

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Eroit, coordenador do

trabalho na aldeia

Kururuzinho, pintando a

sua peneira.

Professor Osmar

(Kway´wu), durante

a reunião de

avaliação da oficina

no Kururuzinho.

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Expedição para coleta de arumã e para a pesquisa do rendimento de talas de

arumã.

Koroné está orientando Pirapy como cortar o arumã, vendo qual está maduro

para cortar.

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Pesquisa sobre o rendimento das talas de arumã. Acima, medição das canas no

mato; abaixo, os agentes de manejo Pirapy e Tamakari estão contando o

número de talinhas usadas nas peneiras.

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Coleta de mudas de arumã

para levar para o Parque do

Xingu.

Touceira de arumã.

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Professor Tarumani com um feixe de

arumã para levar para a oficina do

Xingu.

Transporte das mudas de arumã no

barco.

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Plantio de mudas de arumã

no córrego da aldeia Tuiararé.

Pasi está ajudando no plantio.

Ao lado, arumã brotando.

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Oficina de cestaria e tecelagem na escola Itauu da Aldeia Tuiararé, no Parque do Xingu, de 20 a 29 de setembro de 2004.

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O professor Tuim está orientando o aluno Pikuruk, que é professor da escola indígena Itauu.

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Mulheres e meninas fazendo tipóia e rede na oficina da adeia Tuiararé.

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Pirapy e Aturi recebendo treinamento para fazer o relatório do projeto no computador. Abaixo, reunião de avaliação da oficina na aldeia Tuiararé.

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MAPA DAS TERRAS KAIABI NO BRASIL, PARQUE DO XINGU, RIO DOS PEIXES E RIO TELES PIRES