PROJETO TCC - Estudo Da Prevalência Das Formas Clínicas Da Hanseníase Na Cidade de Anápolis –...
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ANHANGUERA EDUCACIONAL LTDA.
Faculdade Anhanguera de Anpolis
Curso de Biomedicina
Josimar Nogueira Alves, Layo Csar Gonalves Brando
Estudo da Prevalncia das Formas Clnicas da Hansenase na Cidade de Anpolis GO
Professor Orientador: Esp. Eduardo Lopes Ribeiro
Anpolis 2011
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LISTA DE SIGLAS
a.C Antes de Cristo ACS Agentes comunitrios de sade Anti-PGL-1 Anti-Glicolipdeo fenlico BAAR Bacilo lcool-cido resistente BCG Bacillus Calmette-Gurin CGLAB Coordenao Geral de Laboratrios de Sade Pblica CGPNCH Coordenao Geral do Programa Nacional de Controle da
Hansenase HD Hansenase dimorfa HI Hansenase indeterminada HT Hansenase tuberculoide HV Hansenase virchowiana M. Leprae Mycobacterium leprae MB Multibacilar MHC Complexo de histocompatibilidade principal OMS Organizao Mundial de Sade PB Paucibacilar PCR Reao em cadeia da polimerase PQT Poliquimioterapia PSF Programa de sade da famlia SINAN Sistema de informao de agravos de notificao SUS Sistema nico de Sade UBS Unidade bsica de sade
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SUMRIO
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................. i
1. Introduo .............................................................................................................. 3
1.1. Objetivos da Pesquisa .................................................................................... 4 1.2. Justificativa ..................................................................................................... 4 1.3. Viabilidade ...................................................................................................... 5
2. Reviso de Literatura ............................................................................................. 6
2.1. Abordagem histrica da Hansenase .............................................................. 6 2.2. Biopatologia .................................................................................................... 7 2.3. Modo de transmisso ..................................................................................... 7 2.4. Formas clnicas .............................................................................................. 8 2.5. Hansenase no Mundo .................................................................................. 11 2.6. Hansenase no Brasil .................................................................................... 12 2.7. Diagnstico ................................................................................................... 12 2.8. Tratamento ................................................................................................... 13 2.9. Profilaxia ....................................................................................................... 15
3. O Mtodo da Pesquisa ......................................................................................... 16
3.1. Critrios de incluso ..................................................................................... 16 3.2. Critrios de excluso .................................................................................... 16 3.3. Anlise dos dados ........................................................................................ 16 3.4. Aspectos ticos da pesquisa ........................................................................ 17 3.5. Riscos e Benefcios ...................................................................................... 17
4. Cronograma .......................................................................................................... 18
Referncias ........................................................................................................................ 19
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1. Introduo
A Hansenase uma doena infecto-contagiosa crnica causada pelo
Mycobacterium leprae. Ele geralmente afeta a pele e os nervos perifricos, mas
possui uma ampla variedade de manifestaes clnicas. A doena provavelmente
originou-se na frica Oriental ou no Oriente Prximo e se espalhou por sucessivas
migraes humanas. Europeus ou norte-africanos introduziram a lepra na frica
Ocidental e nas Amricas nos ltimos 500 anos (MONOT et al., 2005; WHO, 2005).
O Ministrio da Sade classifica a Hansenase para fins operacionais de
tratamento quimioterpico de acordo com Organizao Mundial de Sade (OMS)
que props uma classificao simplificada e operacional na qual se consideram dois
grupos autnomos e estveis, os casos com at cinco leses so considerados
Paucibacilares (PB) e aqueles com mais de cinco leses so os Multibacilares (MB).
A Hansenase paucibacilar uma doena menos grave, apresentando duas
variantes clnicas, a Tuberculoide e Indeterminado, caracterizada por poucas leses
na pele hipopigmentada, anestsicas, plida ou avermelhada. Hansenase
multibacilar classificada em Virchowiana e Dimorfa associada com mltiplas leses
de pele, ndulos, placas, espessamento da derme ou infiltrao da pele, e em
alguns casos, o envolvimento da mucosa nasal, resultando em congesto nasal e
epistaxe (hemorragia nasal). O envolvimento de certos nervos perifricos tambm
pode ser observado, algumas vezes resulta em padres caractersticos de
deficincia. Na maioria dos casos o diagnstico simples, o exame baciloscpico do
raspado intradrmico (baciloscopia) o mtodo comumente utilizado por ser de fcil
execuo, pouco invasivo e de baixo custo (BRASIL, 2009; LIMA et al., 2010).
Os primeiros casos no Brasil datam de 1600 na cidade do Rio de Janeiro,
possivelmente inserido pelos portugueses e escravos africanos doentes. A doena
se distribuiu para Minas Gerais, Esprito Santo, Maranho e So Paulo, e no sculo
XVII foi considerada endmica. At ento no havia tratamento especifico para a
doena. A criao do Departamento Nacional de Sade Pblica no Brasil em 1920
criou-se os leprosrios possibilitando a realizao do censo dos pacientes (FAUSTO
et al., 2010).
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Na Amrica Latina o Brasil o nico pas onde a Hansenase ainda no foi
eliminada. doena de notificao compulsria, e sua intensidade e amplitude a
torna um grave problema de sade pblica. De acordo com a OMS o nvel de
prevalncia considerado hiperendmico, quando h mais de 15 casos para 10 mil
habitantes, muito alto com 10 a 15 casos/10 mil habitantes e alto com 5 a 10 casos
/10 mil habitantes. O Centro-Oeste, Norte e Nordeste so as regies com maior
ndices do coeficiente de prevalncia. Em pases endmicos, as reas
hiperendmicas necessitam de mais conhecimento para possveis e futuras
intervenes de sade (MIRANDA et al., 2010; FAUSTO et al., 2010).
1.1. Objetivos da Pesquisa
Objetivo Geral
Conhecer o perfil epidemiolgico da Hansenase em Anpolis, Gois quanto
s formas clnicas.
Objetivos Especficos
Conhecer a etiopatogenia da Hansenase, bem como seu diagnstico,
tratamento e preveno;
Verificar o perfil epidemiolgico das formas clnicas da Hansenase;
Analisar o abandono do tratamento e cura;
Identificar a prevalncia da Hansenase na cidade de Anpolis, Gois e sua
distribuio regional na cidade.
1.2. Justificativa
Fausto (2010) ressalta que Em pases endmicos, as reas hiperendmicas
necessitam de mais conhecimento para possveis e futuras intervenes de sade.
De acordo com Ministrio da Sade (2008) a Hansenase uma doena de
notificao compulsria, e sua intensidade e amplitude a torna um grave problema
de sade pblica com consequncias graves para a sade humana. de grande
importncia a realizao desta pesquisa pela necessidade de identificar e
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caracterizar a prevalncia dos tipos de Hansenase, seus sinais e sintomas e a
adeso dos pacientes ao tratamento, tendo a mesma grande ocorrncia no Brasil.
Devido sua elevada prevalncia e s suas conseqncias, conhecer o perfil
epidemiolgico da Hansenase uma das prioridades para os profissionais
responsveis pelo planejamento de Programas de Sade Pblica.
Apesar de a bactria M. Leprae ser, hoje, um microrganismo patognico, a
busca do entendimento da sua biopatologia ainda tem sido muito freqente e
necessria. Indicativos mostram que grande o nmero de pessoas infectadas em
todo mundo.
1.3. Viabilidade
A presente pesquisa se torna vivel e de grande validade, pois trata-se de
uma estudo que depender de poucos fatores externos. Os materiais utilizados
sero apenas para a analise e contextualizao da pesquisa (Tabela 1), haja vista
que, no utilizar instrumentos e equipamentos para obteno dos dados, somente
materiais para a transcrio e analise dos dados.
Tabela 1 Oramento da Pesquisa Quantidade Descrio Valor unitrio Valor total
02 Lpis 0,50 1,00 02 Borrachas 0,50 1,00 01 Resmas de papel A4 12,00 12,00 01 Caderno ata 6,50 6,50 200 Impresso 0,30 60,00 200 Fotocopia 0,07 14,00 01 CD virgem 2,00 2,00 04 Encadernao espiral 2,00 8,00 01 Encadernao capa-dura 20,00 20,00 TOTAL ---------------------------------- ------------------------- 124,50* *Todos os gastos referentes a execuo deste projeto sero custeados pelos pesquisadores responsveis, Josimar Nogueira Alves e Layo Csar Gonalves Brando.
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2. Reviso de Literatura
2.1. Abordagem histrica da Hansenase
Lepra, expresso originria do latim da palavra lepros, significando o ato de
sujar ou poluir, tem uma genealogia incerta, uma vez que existem raras evidncias
histricas da doena. Em 1400 a.C., a doena j era citada em escrituras sagradas
indianas como Kustha (Kustha Roj, atualmente) e foi descrita no Velho Testamento
bblico hebraico, e tambm no Novo Testamento grego. Na Europa foi estudada por
Aractus e Galeno, por volta de 150 a.C., ento referida como Elephanasis
Graecorum. Acredita-se que, no primeiro sculo a.C., soldados romanos do exercito
de Pompeu levaram a doena para Itlia depois do combate na ndia, disseminando
ento a lepra por todo o continente europeu durante a Idade Mdia (TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008).
A doena era marcada pelo preconceito em indivduos com sintomas da
doena que passaram a ser isolados do convvio social e encaminhados a
leprosrios, onde se acumulavam aos milhares, sem tratamento adequado e
tratados como se j estivessem mortos para o mundo. Os doentes eram sujeitos a
tratamentos subhumanos, onde determinava que os infectados devessem sempre
andar em funo do vento e em apenas um lado da estrada. Em algumas regies os
indivduos portadores da doena eram forados a vestir roupas especiais, carregar
um sinal de declarao da doena ao redor do pescoo e andar tocando um sino
para avisar do perigo de sua presena em certas regies, este tipo de preconceito
durou at os anos 80 do sculo XX (PREVEDELLO e MIRA, 2007; TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008; FAUSTO et al., 2010).
Em 1873, quando ainda acreditava-se que a lepra era uma punio divina, o
cientista noruegus Gerhard Henrik Armauer Hansen relacionou a doena com o
microrganismo Micobacterium leprae como o agente etiolgico da Hansenase, a
partir de bipsias de leses cutneas, confirmando a natureza infecciosa da
enfermidade, assim a investigao cientfica passou a se concentrar em aspectos
relativos ao agente patognico e suas propriedades, tais como virulncia,
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capacidade de induo de resposta imune e resposta a tratamento (TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008).
O isolamento dos infectados foi extinto oficialmente no Brasil, em 1962, e em
1970, o pas aboliu o uso da palavra lepra substituindo-a por Hansenase ou
doena de Hansen, de acordo com a lei n 9.010, de 29/06/1985. A 8 Conferncia
Nacional de Sade, que ocorreu 1986, decidiu transformar os leprosrios em
Centros de Pesquisa ou Hospitais Gerais (BARBIERI e MARQUES, 2009).
2.2. Biopatologia
A Hansenase uma doena infecto-contagiosa crnica causada pelo
Mycobacterium leprae. Taxonomicamente, o M. leprae pertence ordem
ActinomyceIalis e famlia Mycobaderiaceae. Possui forma de bacilo reto ou
levemente encurvado, com extremidades arredondadas, tamanho mdio variando
entre 0,3 e 0,5m de dimetro e 4,0 a 7,0 m de comprimento. O bacilo de Hansen
um patgeno intracelular obrigatrio, onde pode ser observado formando
aglomerados ou globias, em arranjos paralelos. A temperatura tima de crescimento
de aproximadamente 30C e, portanto, a bactria tende a invadir reas mais frias
do corpo, como o queixo, mas do rosto, orelhas, joelhos e extremidades distais. A
reproduo ocorre pelo processo de diviso binria e um bacilo lcool-cido
resistente (BAAR positivo), uma vez que retm a fucsina bsica na parede celular,
corando-se em vermelho pela tcnica de Ziehl-Neelsen, na qual apresentam-se, na
maioria deles, corados de forma irregular ou granular. Este aspecto foi observado
por Hansen e posteriormente confirmado por outros pesquisadores (TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008; BARBIERI e MARQUES, 2009).
2.3. Modo de transmisso
Segundo Santos e colaboradores (2005) (in apud Foss, 1997) o M. leprae
tem alto poder infectante e baixa patognicidade, em 1972, j havia sido
demonstrado que linfcitos de adultos, expostos apenas uma vez a paciente com
Hansenase, apresentaram linfoproliferao in vitro (alta reatividade) ao M. leprae.
Pesquisas soroepidemiolgicos tm demonstrado que 15% das crianas entre 5 a
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10 anos em regies endmicas da Hansenase apresentam anticorpos especficos
ao M. leprae sem evidncia clnica.
O microrganismo se multiplica lentamente. Sua transmisso ocorre atravs
do contato direto com pacientes bacilferos, a partir de gotculas de aerossol e, mais
raramente, por contato direto. O principal local de inoculao o nariz. Os bacilos
so viveis por pelo menos sete dias em secrees nasais secas. Alm disso,
lceras cutneas tambm podem lanar um grande nmero de bacilos. Traumas na
pele pode ser um ponto de entrada do microrganismo. Os insetos vetores
(artropodes) podem tambm desempenhar um papel na transmisso. Casos de
Hansenase em crianas menores de 1 ano de idade sugere que a transmisso
tenha origem transplacentria (AHW, 2005; GOMES et al., 2007).
O M. leprae provavelmente a nica bactria que invade os nervos
perifricos com predileo pelas clulas de Schwann e pele, quase todas as
complicaes so decorrentes dessa invaso. Tambm compromete as vias areas
superiores e olhos, podendo causar comprometimento irreversvel da funo dos
nervos como degenerao axonal, fibrose aumentada, desmielinizao e deficincia
crnica (ARAJO, 2003; FU-REN ZHANG et al., 2009).
2.4. Formas clnicas
As manifestaes clnicas da Hansenase so bastante variveis e esto
relacionadas com a imunogenicidade do bacilo e com o sistema imunolgico do
hospedeiro, expressando sinais e sintomas caractersticos, na contagiosidade, na
evoluo e no prognstico, originando, desde as primeiras citaes da doena at
os dias atuais, diversas classificaes. O Ministrio da Sade classifica a
Hansenase para fins operacionais de tratamento quimioterpico de acordo com
OMS que props uma classificao simplificada e operacional na qual se
consideram dois grupos autnomos e estveis, os casos com at cinco leses so
considerados PB e aqueles com mais de cinco leses so MB (BRASIL, 2009).
A Hansenase PB uma doena menos grave, apresentando duas variantes
clnicas, a Hansenase Tuberculoide (HT) e Hansenase Indeterminada (HI),
caracterizada por poucas leses na pele hipopigmentada e anestsicas (PEREIRA
et al., 2008).
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A HT apresenta leses bem demarcadas, em quantidade reduzida, indolor e
com distribuio assimtrica. Apresentam leses em placas ou anulares com
margens papulosas, eritema ou reas da pele com hipocrmia (manchas
esbranquiadas). As leses com desenvolvimento centrfugo lento induz a atrofia no
interior da leso, podendo ainda, adquirir aspecto tricofitide, com descamao das
bordas. As leses da HT em crianas localizam-se principalmente na face. Tambm
apresenta ndulos, placas, leses tricofitides ou sarcodicas. Na forma neural pura,
ocorre o espessamento do tronco nervoso e dano neural precoce e grave,
especialmente quando alcana nervos sensitivo-motores e no h leses cutneas.
A baciloscopia neste caso negativa. Apesar da possibilidade de cura espontnea
na HT, sugere-se que os casos sejam tratados para diminuir a evoluo da doena e
as complicaes neurais (ARAJO, 2003; BRASIL, 2009).
A HI caracterizada clinicamente por manchas hipocrnicas na pele, nicas
ou mltiplas, com alterao de sensibilidade e limites indeterminados. A baciloscopia
de raspado intradrmico geralmente negativa, mas se apresentar positiva sugere
evoluo da doena. No h comprometimento de troncos nervosos e, deste modo,
no ocorrem alteraes motoras que podem desenvolver incapacidades. Podem
apresentar alteraes apenas de sensibilidade trmica conservando as
sensibilidades dolorosas e tteis. A partir da HI, a Hansenase pode evoluir para as
demais formas clnicas (PEREIRA et al., 2008; BRASIL, 2009).
A Hansenase MB classificada em Hansenase Virchowiana (HV) e
Hansenase Dimorfa (HD) associada com mltiplas leses de pele, ndulos,
placas, espessamento da derme ou infiltrao da pele, e em alguns casos, o
envolvimento da mucosa nasal, resultando em congesto nasal e epistaxe
(hemorragia nasal) (PEREIRA et al., 2008; BARBIERI e MARQUES, 2009).
A HV se apresenta como mculas hipocrmicas que evoluem
progressivamente. Clinicamente a HV apresenta leses disseminadas na pele que
podem ser infiltrativas, eritematosas, limites indeterminados, brilhantes e de
propores simtrica. Nos locais de grande infiltrao podem surgir ppulas,
tubrculos, ndulos e hansenomas. H infiltrao difusa da face e de pavilhes
auriculares com perda de clios e superclios. Nesta forma constitui-se uma doena
sistmica com complicaes viscerais graves, principalmente em casos reacionais,
onde olhos, testculos e rins, e outros rgos, podem ser comprometidos. H
comprometimento da sensibilidade das leses de pele e acometimento dos troncos
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nervosos, entretanto, no to precoces e acentuados como na HT. A baciloscopia de
raspado intradrmico positiva com grande nmero de bacilos (ARAJO, 2003;
BRASIL, 2009).
A HD caracterizada por se aproximar dos aspectos morfolgicos da HV e
HT. Deste modo, h grande variao de sinais e sintomas. Incluem leses
eritematosas, eritemoviolceas, ferruginosas, infiltradas, edematosas, brilhantes,
escamosas com limite interno ntido e limites externos indeterminados, centro
deprimido, hipocrmico ou de colorao natural, com hipoestesia ou anestesia. O
comprometimento neurolgico troncular e os episdios reacionais so freqentes,
podendo esses pacientes desenvolver incapacidades e deformidades fsicas. A
infiltrao assimtrica da face, dos pavilhes auriculares, e a presena de leses no
pescoo e nuca so caractersticas sugestivas para esta forma clnica. A pesquisa
de BAAR pode ser negativa ou positiva com nmero de bacilos varivel (PEREIRA
et al., 2008; BRASIL, 2009).
As reaes hansnicas ou estados reacionais (tipos 1 e 2) so alteraes do
sistema imunolgico que se manifesta com inflamaes agudas e subagudas
frequentemente acometidas nos casos MB. Elas podem ocorrer antes, durante ou
depois do tratamento com poliquimioterapia (PQT). Na Reao Tipo 1 ou reao
reversa nota-se o surgimento de novas leses dermatolgicas, infiltrao, alteraes
de cor e edema nas leses antigas, com ou sem espessamento e dor de nervos
perifricos (neurite). A Reao Tipo 2, caracterizada por eritema nodoso hansnico,
ndulos subcutneos dolorosos, seguidos ou no de febre, dores articulares e mal-
estar generalizado, com ou sem espessamento e neurite. O surgimento do estado
reacional no altera a conduta teraputica com a PQT, de modo que, deve-se iniciar
o tratamento do estado reacional (BARBIERI e MARQUES, 2009; BRASIL, 2010).
O bacilo se multiplica ou destrudo dentro dos macrfagos pela ativao
das clulas T (nos casos das paucibacilares). A predisposio para o
desenvolvimento ou controle das formas clnicas da doena est relacionada, com o
complexo de histocompatibilidade principal (MHC) e o fentipo antgeno leucocitrio
humano (HLA) ambos geneticamente determinados. Entre os indivduos com
susceptibilidade, aqueles que apresentam alelos HLA-DR2 e HLA-DR3 tendem a
evoluir para a forma PB (tuberculide) e os que apresentam o alelo HLA-DQ1 para a
forma MB (virchowiana), de acordo com o tipo de resposta desencadeada pelas
clulas T (BARBIERI e MARQUES, 2009).
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Ainda que a Hansenase tenha pequenos ndices letrgicos, apresenta altos
ndices de gerar incapacidade que podem evoluir para deformidades, se no foram
diagnosticadas e tratadas adequadamente, podendo evoluir para incapacidades
fsicas permanentes. Estas sequelas podem originar desfiguraes e mutilaes,
que frequentemente causam transtornos, estigmas, abandono familiar e excluso
social (PEREIRA et al., 2008; MIRANDA et al., 2010).
2.5. Hansenase no Mundo
A Hansenase considerada um grande problema de sade pblica nos
pases emergentes. Avalia-se que apenas 1/3 dos doentes sejam notificados e que
muitos desses fazem tratamento inadequado ou o abandonam, elevando o impacto
da doena. No incio de 2004, apenas 460.000 pacientes, aproximadamente,
estavam registrados para tratamento, sendo que, durante o ano de 2003,
aproximadamente 500.000 novos casos foram detectados em nvel global. Os
avanos significativos na reduo da carga global da Hansenase nas ltimas duas
dcadas so o resultado de dois eventos importantes na histria da luta contra a
Hansenase. O primeiro evento ocorreu em 1981, quando um Grupo de Estudos
sobre quimioterapia da Hansenase recomendou o uso da PQT como o tratamento
padro para Hansenase. O sucesso da PQT levou ao segundo evento, em 1991,
quando a 44 Assemblia Mundial de Sade firmou a resoluo WHA44.9,
declarando seu compromisso de erradicar a Hansenase at o final de 2000, ou seja,
atingir uma prevalncia de menos de 1 caso por 10.000 habitantes (WHO, 2005;
MIRANZI et al., 2010).
De acordo com a OMS (2005) entre 1985 e o comeo de 2005, mais de 14
milhes de casos de Hansenase foram diagnosticados e tratados com a PQT, com
poucas notificaes de recidiva. O nmero de pases que notificaram o coeficiente
de prevalncia acima de 1 em cada 10.000 habitantes foi reduzido de 122 (1985)
para 9 em 2004 e houve um aumento considervel na cobertura dos servios de
tratamento, obtendo-se uma reduo significativa da prevalncia dos casos em todo
mundo, porm no alcanou a meta inicial proposta da Hansenase. Aps 1995, os
medicamentos para a PQT passaram a ser disponibilizados gratuitamente, em todos
os pases endmicos, por meio da OMS.
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2.6. Hansenase no Brasil
Atualmente a carga global de casos da Hansenase mundial reduziu em
aproximadamente 90% quando comparadas h duas ltimas dcadas, obtendo-se
uma diminuio de 37,8% na incidncia da doena no Brasil, entre 1998 e 2003. O
Brasil apresentou coeficiente de 2,10 casos por 10.000 habitantes em 2007. As
regies norte, nordeste e centro-oeste persistem como reas endmicas. Apenas na
regio sul, atingiu a meta de eliminao (MIRANZI et al., 2010; MELO et al., 2011).
A Hansenase doena de notificao compulsria e est contemplada no
Sistema de Informao de Agravos de Notificao (SINAN) aps confirmao
diagnstica. O SINAN tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados e
analisar a morbidade das doenas pelo Sistema de Vigilncia Epidemiolgica, para
apoiar o processo de investigao e dar subsdios anlise das informaes de
vigilncia epidemiolgica (BRASIL, 2007).
O Brasil o maior responsvel pela endemia da Hansenase no continente
americano, correspondendo mais de 90% dos casos nas Amricas e segundo Pedro
e colaboradores (2009) o Brasil ocupa o primeiro lugar em nmero absoluto de
casos de Hansenase no mundo com quase 40.000 diagnosticados no ano de 2008.
Um dos estudos do Ministrio da Sade sobre a situao epidemiolgica da
Hansenase aponta que os novos casos da doena esto concentrados em 1.173
municpios brasileiros, principalmente nas regies Norte, Centro-Oeste e Nordeste,
que registraram 53,5% dos casos novos detectados entre 2005 e 2007 (WHO, 2009;
PEDRO et al., 2009; MIRANDA et al., 2010; MELO et al., 2011).
Apesar de uma dramtica diminuio da sua prevalncia nas ltimas duas
dcadas devido introduo da PQT, a Hansenase ainda permanece um problema
de sade pblica (FU-REN ZHANG et al., 2009).
2.7. Diagnstico
O diagnstico estabelecido pelo Ministrio da Sade do Brasil e pela OMS
define como Hansenase a presena de um ou mais dos seguintes achados: Leses
de pele com alterao de sensibilidade; Acometimento de nervos com
espessamento neural; Baciloscopia positiva (BARBIERI e MARQUES, 2009).
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O diagnstico laboratorial da Hansenase de grande importncia para
diferenci-la de outras doenas dermatoneurolgicas, casos de recidiva e na
classificao para fins de tratamento. O exame baciloscpico de raspado
intradrmico o mtodo freqentemente utilizado por ser de fcil execuo, pouco
invasivo e de baixo custo. Quando o M. leprae no for evidenciado nas leses
hansnicas ou em outros stios de coleta, resultando em uma baciloscopia negativa,
no se afasta o diagnstico da Hansenase. Outros exames laboratoriais disponveis
so a reao de Mitsuda (aplicao intra-drmica de antgeno do M. Leprae),
sorologia anti-PGL-1, imuno-histoqumica e reao em cadeia da polimerase (PCR).
Estes trs ltimos so aplicados apenas para pesquisas, de pouca vantagem na
prtica clnica (NASCIMENTO et al., 2007; BARBIERI e MARQUES, 2009; BRASIL,
2009).
De acordo com o Ministrio da Sade (2010) o diagnstico de Hansenase
em crianas, exige exame criterioso, perante a dificuldade de execuo e
interpretao dos testes de sensibilidade. Nesse caso, sugere-se utilizar o Protocolo
Complementar de Investigao Diagnstica de Casos de Hansenase em Menores
de 15 Anos (Portaria SVS/SAS/MS n 125, de 26 de maro de 2009).
A padronizao do diagnstico e dos processos envolvidos desde a
solicitao mdica dos exames, at a liberao dos laudos e de grande importncia,
sendo assim o Ministrio da Sade em parceria com a Coordenao Geral de
Laboratrios de Sade Pblica (CGLAB) e a Coordenao Geral do Programa
Nacional de Controle da Hansenase (CGPNCH) consideram que a padronizao
contribui para confiabilidade dos resultados e planejamento das aes de controle
obtendo um trabalho integrado entre laboratrio, vigilncia epidemiolgica e ateno
bsica em sade (BRASIL, 2009).
2.8. Tratamento
A Hansenase uma doena que tem tratamento e cura. Contudo, se no
diagnstico o paciente j apresentar alguma deformidade fsica instalada, esta pode
persistir como sequela permanente aps a alta do paciente. Esta informao e de
grande relevncia para o diagnstico precoce e para incio imediato do tratamento
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apropriado para a preveno das deficincias fsicas que a evoluo da doena
pode provocar (PEREIRA, 2008; MIRANDA et al., 2010).
O tratamento da Hansenase iniciou-se no final de 1940 com a
implementao da sulfona no tratamento da doena. Alguns anos depois foi
comprovada a ineficcia dessa terapia, afirmada experimentalmente em 1964 por
Pettit & Rees pela tcnica de inoculao do M. leprae, padronizada por Shepard. A
partir de 1980 a OMS passou a recomendar o uso do esquema da PQT (FERREIRA
et al., 2010).
A PQT foi recomendada pela OMS em 1982 e no Brasil foi implantada
gradativamente a partir de 1991, normatizada pela portaria n 140/91do Ministrio da
Sade de acordo com a manifestao clnica apresentada, com intuito de prevenir a
resistncia aos medicamentos, amenizar as reaes e acelerar o perodo de
tratamento (CURTO et al., 2007).
Em 1995, a OMS passou a fornecer mundialmente medicamentos gratuitos
para PQT anti-hansenase, com o apoio da Nippon Foundation e Novartis. A
Novartis firmou o compromisso de continuar a fornecer gratuitamente os
medicamentos para a PQT aps 2005. Atualmente, cerca de 100 pases dependem
dos medicamentos de PQT disponibilizados pela OMS. Outros pases com situaes
endmicas menores tm solicitado os medicamentos de PQT (WHO, 2005).
O tratamento da Hansenase no Brasil padronizado pelo Ministrio da
Sade seguindo recomendaes da OMS. Os esquemas de PQT, recomendados
pela OMS, devem ser cumpridos rigorosamente para o sucesso da terapia
promovendo a cura com perodos de tratamento relativamente pequenos. A PQT
composta da associao de dapsona, clofazimina e rifampicina (CURTO et al., 2007;
PEREIRA, 2008; LIMA et al., 2010).
A terapia realizada em ambulatrio, com doses mensais supervisionadas
na Unidade Bsica de Sade (UBS) e doses dirias administradas em domiclio.
Difere conforme a classificao do paciente em paucibacilar ou multibacilar. A
substituio do esquema padro por esquemas alternativos dever acontecer,
quando necessria, sob orientao dos servios de sade. Para as crianas
menores de 10 anos, a dose deve ser ajustada de acordo com o peso corporal
(BARBIERI e MARQUES, 2009; BRASIL, 2011; WHO, 2011).
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2.9. Profilaxia
O Ministrio da Sade (2006) determina como princpios primrdios do Plano
de Eliminao da Hansenase no Brasil as intervenes constantes e contnua com
a reduo da ocorrncia dos casos. O Sistema nico de Sade (SUS) desempenha
um papel importante nas atividades de eliminao da Hansenase, financiando os
recursos para diagnsticos, tratamento poliquimioterpico PQT/OMS; vigilncia
epidemiolgica; educao do paciente, da famlia e da comunidade; preveno de
incapacidades, reabilitao e encaminhamento das complicaes e
acompanhamento dos casos diagnosticados.
O pas est diante da necessidade de vencer novos desafios, como unificar
as atividades de preveno e de reabilitao nos servios prestados, reduzindo e
inibindo as aes discriminatrias aos pacientes. O Ministrio da Sade declara
como prioridade a proviso de servios de diagnstico e de tratamento igualmente
distribudos, financeiramente vivel e totalmente acessveis (BRASIL, 2006).
No h uma forma de preveno especifica, mas existem medidas que
podem evitar novos casos e as formas multibacilares, como o diagnstico e
tratamento precoce, monitoramento de pessoas que convivem com pacientes
doentes e aplicao da BCG. A identificao da Hansenase e o tratamento
adequado tm grande importncia na preveno das incapacidades fsicas. A
preveno vem com a orientao para o autocuidado, apoio psicolgico e social.
Medidas assim so necessrias para minimizar ou evitar sequelas (BRASIL, 2011).
A Estratgia mundial determina uma nova meta global para Hansenase que
a diminuio do coeficiente de casos novos diagnosticados com incapacidades
grau II para cada 100.000 habitantes em pelo menos 35% at o fim de 2015,
garantindo a deteco precoce da Hansenase antes da instalao de danos neurais
(STHELI, 2010).
A melhoria das condies de vida e o avano do conhecimento cientfico
modificaram significativamente o quadro da Hansenase, que atualmente tem
tratamento e cura (BRASIL, 2011).
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3. O Mtodo da Pesquisa
A pesquisa a ser desenvolvida neste estudo utilizar abordagem quantitativa
do tipo descritiva.
Os dados inerentes ao estudo sero obtidos atravs da anlise dos
pronturios dos pacientes com diagnstico de Hansenase, sendo estes coletados
pelos pesquisadores por meio do Termo de Concordncia de Realizao de
Pesquisa de Campo. Estas informaes sero coletadas pelos autores da pesquisa,
no perodo de maio de 2011 a junho de 2011. Os pesquisadores faro as analises
dos pronturios dos pacientes, atendidos na Unidade de Sade do Jundia (OSEGO)
da cidade de Anpolis, Gois, de Janeiro de 2006 Dezembro de 2010,
correlacionando-os com os objetivos propostos.
3.1. Critrios de incluso
Ter diagnstico de Hansenase;
Residir em Anpolis, Gois;
Pronturios que datam de 2006 a 2010.
3.2. Critrios de excluso
No ter Hansenase;
No residir em Anpolis, Gois;
Pronturios de pacientes anterior a 2006 ou posterior a 2010.
3.3. Anlise dos dados
Os dados sero analisados, interpretados, preparados, reduzidos, e
contextualizados. A anlise dos dados ser realizada a partir da pr-analise dos
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documentos, explorao do material, tratamento dos resultados obtidos e
interpretao.
Na medida em que ocorre a coleta de dados, realizada de acordo com os
procedimentos indicados anteriormente, eles so elaborados e classificados de
forma sistemtica.
3.4. Aspectos ticos da pesquisa
O projeto de Pesquisa ser submetido ao Comit de tica e Pesquisa com
Seres Humanos da Faculdade Anhanguera de Anpolis.
A instituio onde ser realizada a coleta de dados ser informada sobre os
objetivos da pesquisa e a confidencialidade dos dados. Concordaram em
participarem do estudo, assinaram o Termo de Concordncia de Realizao de
Pesquisa de Campo permitindo a coleta de dados conforme a Resoluo do
Conselho Nacional de Sade n. 196/1996, que fundamentam as pesquisas
envolvendo seres humanos.
3.5. Riscos e Benefcios
A pesquisa no ter algum risco para os indivduos envolvidos no seu
desenvolvimento por no realizar procedimentos laboratoriais ou quaisquer mtodos
que utilizem materiais biolgicos, logo que sero utilizados exclusivamente
pronturios.
Os benefcios esperados englobam tanto conhecimentos adquiridos pelos
autores quanto os resultados da pesquisa que promovam ganho de informaes
para comunidade.
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4. Cronograma
1. Etapa Pesquisa bibliogrfica e planejamento das atividades
Pesquisa de contedos em artigos publicados, livros nas reas
correspondentes e peridicos;
2. Etapa Entrega do projeto para anlise objetivos, metodologia, reviso
bibliogrfica, resultados esperados, custos do trabalho;
3. Etapa Entrega do projeto;
4. Etapa Envio da documentao ao Comit de tica em Pesquisa;
5. Etapa Levantamento de dados
Coleta de dados (anlise dos resultados obtidos junto a Secretaria de Sade
da cidade de Anpolis, Gois autorizada pelo Termo de Concordncia de Realizao
de Pesquisa de Campo);
6. Etapa Classificao e digitao dos dados
Anlise dos dados mencionados nos objetivos. Neste estgio deve-se
classificar e digitar os dados obtidos;
7. Etapa Seleo do material bibliogrfico
Nesta etapa deve ser realizada a seleo do material bibliogrfico que foi
pesquisado para elaborao do artigo final.
8. Etapa Entrega do artigo
FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1. Etapa X X X X X X X
2. Etapa X X X
3. Etapa X
4. Etapa X
5. Etapa X X
6. Etapa X X X
7. Etapa X X
8. Etapa X
Quadro 1: Cronograma do Projeto de Pesquisa
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