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Projeto temático: Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mudança linguística, Fase II Relatório n o 3 janeiro-dezembro 2007 III. Produção bibliográfica Os artigos completos mencionados nesta Seção são disponíveis no CD que acompanha este relatório, bem como no Sítio do projeto http://www.ime.usp.br/~tycho. 1. Artigos em periódicos: a. Publicados durante o período: ANDRADE, A. “Formas de transmissão linguística: um estudo de caso sobre documentos goianos”. Estudos Lingüísticos (São Paulo), v. XXXVI, p. 204-209, 2007. Este artigo aplica a proposta de transmissão lingüística irregular a dados da variedade do Português falada no estado de Goiás no século XIX e início do século XX. Os dados foram classificados de acordo com sua vinculação à norma popular ou à norma padrão a fim de aferir sua permanência ou eliminação da gramática dos falantes modernos. Avalio, por fim, a validade da idéia de que a bipolaridade do Português Brasileiro estaria se reduzindo, e proponho que a história social de Goiás pode explicar a ocorrência de alguns processos. FERNANDES, F. R. “Tonal association in neutral and subject-narrow-focus sentences of Brazilian Portuguese: a comparison with European Portuguese”. Journal of Portuguese Linguistics, vol.5/6, pp. 91-115 2007. This paper presents a comparative description and analysis of the intonational contours of Brazilian Portuguese (BP) sentences in neutral and subject-narrow-focus conditions. III. 1

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Projeto temático: Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mudança linguística, Fase II

Relatório no3 janeiro-dezembro 2007

III. Produção bibliográfica

Os artigos completos mencionados nesta Seção são disponíveis no CD que acompanha este relatório, bem como no Sítio do projeto http://www.ime.usp.br/~tycho.

1. Artigos em periódicos:

a. Publicados durante o período:

ANDRADE, A. “Formas de transmissão linguística: um estudo de caso sobre documentos goianos”. Estudos Lingüísticos (São Paulo), v. XXXVI, p. 204-209, 2007.Este artigo aplica a proposta de transmissão lingüística irregular a dados da variedade do Português falada no estado de Goiás no século XIX e início do século XX. Os dados foram classificados de acordo com sua vinculação à norma popular ou à norma padrão a fim de aferir sua permanência ou eliminação da gramática dos falantes modernos. Avalio, por fim, a validade da idéia de que a bipolaridade do Português Brasileiro estaria se reduzindo, e proponho que a história social de Goiás pode explicar a ocorrência de alguns processos.

FERNANDES, F. R. “Tonal association in neutral and subject-narrow-focus sentences of Brazilian Portuguese: a comparison with European Portuguese”. Journal of Portuguese Linguistics, vol.5/6, pp. 91-115 2007.This paper presents a comparative description and analysis of the intonational contours of Brazilian Portuguese (BP) sentences in neutral and subject-narrow-focus conditions. Making use of the literature on European Portuguese (EP) intonation, it also compares BP intonation with the intonation of EP sentences under the same conditions, looking for similarities and differences between the intonational patterns of these two Portuguese varieties. Our results indicate that BP neutral sentences can optionally show pitch accents associated with all prosodic words (s). In subject-narrow-focus conditions, the same type of pitch accents that are found associated with non-focused subjects can also be found with focused subjects. In addition, it is also possible to find a phrasal accent associated with the right boundary of the phonological phrase () that contains the focused subject. In contrast to BP, in EP neutral sentences, pitch accents are associated with the I-initial and I-final s. Furthermore, in this variety, in subject-narrow-focus conditions there is always a special bitonal pitch accent carried by the focused subject and there are no phrasal accents associated with boundaries of the that contains the subject.

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GALVES, C. “Comentários sobre : Sobre a questão da influência ameríndia na formação do português do Brasil, de Lúcia Lobato”, Revista de Estudos Linguísticos, v. 14, p. 49-54, 2006.O artigo de Lúcia Lobato tem a força de um texto seminal. Precisa ser lido por todos os interessados em formular as grandes questões levantadas pela formação do Português brasileiro. Pela primeira vez no quadro teórico da gramática gerativa, são evocadas e questionadas as diversas hipóteses sobre essa formação, todas oriundas de outros quadros teóricos. São trazidos à tona conceitos tradicionais ou modernos da linguística histórica como : deriva, substrato, crioulização, aprendizagem imperfeita. São lembradas as grandes linhas da colonização do território brasileiro, os seus marcos geográficos que definiram o contato com as línguas indígenas e a origem e expansão dos falantes de línguas africanas no processo de colonização do interior. Ou seja, temos aqui todos os ingredientes básicos da questão, redinamizados no arcabouço teórico da Teoria Gerativa. Diga-se de passagem, um dos grandes méritos do texto é estabelecer um diálogo – certamente imprescindível em Linguística Histórica – entre estudiosos de correntes teóricas distintas. Lúcia traz assim as reflexões e análises de Aryon Rodrigues, Paul Teyssier, Gregory Guy, Rosa Virgínia Mattos e Silva, Anthony Naro e Marta Scherre, contrapondo-as, e extraindo delas a matéria de sua própria reflexão.

GIBRAIL, A. “Formas estruturais variantes no licenciamento de objetos topicalizados do português clássico”, Estudos Lingüísticos, Campinas, 2007, v. XXXVI, n. 2, p. 211-220, 2007, ISSN 1413-0939Este artigo apresenta o resultado de uma investigação sobre o uso de objetos em posição de tópico no português clássico. Nesta posição, os objetos são encontrados em duas diferentes configurações: em estrutura de DEC e estrutura de topicalização. Há entretanto uma mudança de comportamento diacrônico no uso dessas sentenças.

NAMIUTI, C. “Um Estudo Sobre O Fenômeno da Interpolação de Constituintes na História do Português”. Em: Cadernos de Estudos Lingüísticos (UNICAMP). , v.48(2), p.171-194, 2006.This paper presents and discusses the so-called phenomenon of interpolation in texts of Portuguese authors born among 16th. - 18th. century. In comparison with this phenomenon in Old Portuguese (13th century to 16th century), we show that the phenomenon extends to new contexts, but is restricted to the interpolation of negation.

b. Aceitos para publicação

GALVES, C & M. ABREU “A circulação clandestina de romances e o mistério do “anônimo brasileiro” Remate de Males, 2007. Neste artigo, a sintaxe histórica vem ajudar a história literária a resolver uma pergunta: será o tradutor do romance licencioso “Saturnino, porteiro dos frades bentos” adaptado do francês em 1842, português ou brasileiro? O fato de a trama se desenvolver no Rio de Janeiro, e a impressão ser atribuída a um ‘anonymo brasileiro’ podia ser uma maneira de enganar a censura e não assegurava ter sido o texto produzido no Brasil. Mostramos que a resposta se encontra na sintaxe do texto, mais precisamente na

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colocação dos pronomes clíticos, efetivamente mais brasileira do que portuguesa, para a época.

2. Livros/Capítulos de livros/anais publicados de congressos:

GALVES, C. “ A língua das caravelas: periodização do português europeu e origem do português brasileiro”, in A. De Castilho, M.A. Torres Moraes, R. Vasconcellos Lopes, & S. M. Lazzarini Cyrino (orgs.) Descrição, História e Aquisição do Português Brasileiro, Campinas, Pontes, 2007, pp. 513-528.

O objetivo deste artigo é trazer elementos de resposta para uma pergunta freqüentemente levantada pelos estudiosos da história do Português Brasileiro: “a mudança sintática do português brasileiro é mudança em relação a que gramática ?” (Ribeiro, 1998, cf. também Castro, 1994). Essa pergunta coloca a questão da periodização do português europeu, e em particular a natureza do português dos quinhentos, seiscentos e setecentos, épocas nas quais o português europeu foi sendo introduzido no Brasil por vagas sucessivas de imigrantes. Seguindo periodizações tradicionais (cf. Matos e Silva 1994) esses três séculos corresponderiam respectivamente ao fim do período arcaico, ao português clássico e ao início do português moderno. Seguindo a análise de Martins (1994), o português europeu moderno já estaria instanciado em autores dos seiscentos.Definindo o nosso objeto como sendo as gramáticas subjacentes aos textos, e com base na noção de “competição de gramáticas” introduzida por Kroch (1994, 2001), sugerimos uma interpretação alternativa dos fatos que nos leva a propor que o chamado português clássico tem sua origem bem anterior ao século 16. Os trabalhos conduzidos a partir do Corpus Brahe indicam por outro lado que a mudança para o português europeu moderno pode ser detectada de maneira robusta em textos escritos por autores nascidos na primeira metade do séc. 18. A nossa conclusão será que o português brasileiro evoluiu a partir de uma única gramática, que chamaremos de português médio – para não confundi-lo com o período tradicionalmente chamado clássico - subjacente aos textos, e por hipótese à fala, de todo o período no qual a língua portuguesa pode ser considerada como formadora da língua brasileira.

GALVES, C.“ L’identité du portugais brésilien”, Actes du Colloque La Langue portugaise, le Brésil, la Lusophonie, la mondialisation linguistique: un nouveau regard, Montreuil. http://www.arara.fr/ACCOLLOQUE.htmLa singularité linguistique du portugais brésilien par rapport au portugais européen, si elle commence à être bien décrite par les linguistes, est encore aujourd’hui mal reconnue, au Brésil comme au Portugal. Dans un texte republié en 2003, le grammairien et historien de la langue brésilien Sílvio Elia affirme:“O Português do Brasil concentra-se, mesmo hoje, no léxico e na pronúncia; da morfossintaxe, apenas alguns arranhões.” Le but de cette communication est de montrer qu’outre les différences lexicales et de prononciation, communément reconnues, le portugais brésilien (dorénavant PB) se différencie fortement du portugais européen (dorénavant PE) par sa morphosyntaxe, donnant tort ainsi à l’affirmation de Sílvio Elia qui, soit dit en passant, exprime dans le mot “égratignures” le préjugé courant qui veut que le PB soit un PE –plus ou moins-

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égratigné. Chemin faisant, nous regarderons aussi de façon plus précise un des aspects des différences de prononciation, la prosodie, qui est la partie de la prononciation qui touche le plus de la syntaxe.

GIBRAIL, A. “Topicalização V2 na gramática do português clássico: mudanças na diacronia” In XII Semana de Teses em andamento, 2006, Campinas- SP Editora da UNICAMP, 2007, v.1, n., p.45-50.Os dados levantados de textos de autores portugueses que compõem o Corpus Tycho Brahe revelam que o português clássico faz uso recorrente de estruturas de topicalização. Na manifestação desse fenômeno, emergem propriedades comuns a gramáticas V2 no que tange, especificamente, ao licenciamento dessas estruturas de tópico em orações com o verbo flexionado em segunda posição, o sujeito expresso em posição pós-verbal e o clítico disposto em próclise. Em posição de tópico, os elementos pré-verbais configuram estruturas de adjunção e/ou fronteamento. Na condição de elemento em adjunção, o constituinte topicalizado é realizado fora da estrutura prosódica da oração; na categoria de elemento fronteado, ele é parte integrante da oração (GALVES; BRITO; PAIXÃO DE SOUSA, 2005). O estatuto de adjunto é assegurado em sentenças de ordem superficial V3 com o clítico disposto em próclise e/ou ênclise, e em sentenças de ordem V1 com o clítico em forma de ênclise. Nas sentenças que não apresentam o clítico como fator que define a posição de projeção dos constituintes pré-verbais, outras condições estruturais pertinentes àquela gramática no licenciamento dessas construções permitem esta distinção. Entre esses outros fatores, está o licenciamento de sintagmas descontínuos topicalizados, atestado nas ocorrências que apresentam o sujeito e/ou o predicado de mini-orações em posição de tópico. Essas ocorrências refletem a atuação de uma gramática que autoriza a subida do verbo para uma posição acima de IP. Outro fato revelado na pesquisa é a mudança de comportamento sintático na formação dessas construções ao longo dos séculos. As condições estruturais-V2, assinaladas nos dados dos autores nascidos nos séculos 16-17, deixam de ser percebidas nos dados dos autores nascidos a partir desse período.

GIBRAIL, A. “Mudanças diacrónicas na formação de estruturas de topicalização de objeto do português clássico” In. Anais do IX ENAPOL, São Paulo-SP Paulistana Editora, 2007, p. 1-9.Os dados levantados de 38 textos de autores portugueses nascidos entre 1502 e 1845, integrantes do Corpus Tycho Brahe, mostram que o português clássico legitima objetos com a função de tópico na forma de estrutura de topicalização: (1) a) Este nobre animal vi muitas vezes sculpido em pé e correndo, mas nunca deitado.(CTB- H_001_)

b) As velas também não tomo; (CTB- C_00_) e na forma de Deslocada à Esquerda Clítica:(2) a) Esta deferemça vos a conheçereis e sabereis mui bem fazer, no modo que se deve

e que eu seja de vos mui bem servido.(CTB- D_001_1502-1557)) b) Cadeas já as não trago, (CTB- C_00_)

Por outro lado, o levantamento desses dados revela haver variação na freqüênciade ocorrência dessas formas ao longo dos séculos. O uso de objetos topicalizados na forma de estrutura de topicalização é mais freqüente nos textos dos autores nascidos entre os séculos 16 e 17; nos textos dos autores nascidos a partir do século 18, a

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realização de objetos com a função de tópico tem maior freqüência na forma de Deslocada à Esquerda Clítica Um outro tipo de mudança é assinalado, na diacronia, no licenciamento dessas construções em sentenças com clítico. Nos dados dos autores nascidos nos séculos 16-17, as estruturas de topicalização de objetos em sentenças com clítico apresentam uso generalizado da próclise; nos dados dos autores nascidos a partir do século 18, o uso do clítico em próclise, nessas estruturas, se restringe a contextos que motivam a realização desse pronome em posição pré-verbal; em contextos não categóricos de próclise, a freqüência maior de ocorrência de estrutura de tópico em sentenças com clítico é verificada com esse pronome disposto em ênclise. (3) O despotismo, detestava-o como nenhum liberal é capaz de o aborrecer; em, (M.

de F. e d’ Alorna; séc. XIX; p.19)Paralelamente a essas mudanças, um outro tipo de mudança se processa na formação das estruturas de tópico no português desse período: diminui a freqüência de ocorrência dessas construções com o sujeito expresso em posição pós-verbal em orações com verbos transitivos.

SANDALO, F. & M.B. ABAURRE, “Acento secundário em duas variedades de português: uma análise baseada na OT” in ARAUJO, G. A. et al. (org.) O Acento em Português. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, v. 1. 2007.Este trabalho apresenta uma análise do acento secundário no português brasileiro e no português euopeu (PB e PE) baseada na Teoria da Otimalidade. Procuramos mostrar que uma análise representacional: (i) gera todos os fatos do PB e do PE sem a necessidade de postular nenhum caso de neutralisação absoluta; (ii) não força o uso da noção de direcionalidade, o que implica uma simplificação da teoria fonológica; e, (iii) é capaz de gerar, em paralelo, formas variantes.

3. Comunicações em congressos, colóquios e seminários:

ABAURRE, M. B. & F. SÂNDALO. “Vowel deletion and reduction:acoustic clues of rhythmic organization in Brazilian and European Portuguese”. 2007. PAPI 2007- Phonetics and Phonology in Iberia. Universidade do Minho, Braga, Portugal, 25-26 de junho.This paper presents an acoustic analysis of Brazilian Portuguese (BP) vowels. The data show that many words containing an odd number of syllables have undergone vowel deletion. The fact that /i/ and other non-low vowels can be deleted (or drastically reduced) in unstressed position between t_s has been observed by Bisol (1991), and the fact that non-low vowels can be deleted between homorganic (coronal) consonants has been noticed by Bisol & Hora (1993). The deletion discussed by these authors occurs regardless of the metrical structure of the word (cf. satisfatória 'satisfactory' and satisfeito 'satisfied', where /i/ can always be deleted). We note, however, that there are other contexts that allow vowel deletion if the number of syllables of the word is odd, like in modernização 'modernization' and modernizaria 'would modernize', where there is a strong tendency for /i/ deletion in the first word. We will refer to the latter case as rhythmic deletion.

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The analysis is based on an acoustic investigation of 336 sentences and one text published in a Brazilian magazine, read by 3 BP native speakers and 3 European Portuguese (EP) native speakers. The PRAAT software was used to study vowel behavior and to identify occurrences of deletion/drastic reduction.It is well-known that stressing in BP, like in Spanish, follows a binary pattern (Harris 1983, Carvalho 1988, Collischonn 1993, Bisol 1992, 2000, Massini-Cagliari 1995, Wetzels 1997, Abaurre & Galves 1998, Sandalo, Abaurre, Mandel & Galves 2006, among others). Like Spanish, the exceptions to a binary alternation in BP are cases of initial dactyls (see Harris 1989 for Spanish and Collischonn 1993 for BP). There is no consensus, however, on the description of secondary stressing in European Portuguese. D'Andrade & Laks (1991) have claimed that secondary stresses are assigned via binaryfeet construction in EP, and Carvalho (1988/1989) claims that secondary stress is assigned via ternary feet. More recently, Frota (1998) and Vigário (1998) have claimed that secondary stressing is not obligatory and, if it happens, it tends to be unbounded in EP. Vigário (2003) claims that the initial position of phonological words bears non-primary stress in EP.Our investigation shows that words that have an even number of syllables resist undergoing rhythmic deletion in BP and we interpret this fact as an additional evidence for a binary structure in BP (e.g. (mo der)S (ni za) S (ri a)S). More specifically, our data show that, as noted by Bisol (1991) and Bisol & Hora (1993), vowel deletion is mandatory between homoganic coronals, even when the resulting word has an odd number of syllables. The data, moreover, show that BP exhibits a strong tendency to reduce vowels in order to generate words with an even number of syllables, avoidingdegenerate feet. An acoustic comparison with EP suggests that vowel reduction in this language is much more frequent and not related to the number of syllables of a word. This points to a different rhythmic organization in EP as proposed by Vigário (1998) and Frota (1998).

ANDRADE, A. L. “Sobre o estatuto dos complementizadores preposicionais do Português”. In: V Congresso Internacional da Abralin, 2007, Belo Horizonte, 2007 (resumo publicado em V Congresso Internacional da Abralin: Caderno de Resumos. São Paulo : Contexto, 2007. p. 520-521.)

Os chamados complementizadores preposicionais são elementos de caracterização controversa, a começar por sua designação. O termo refere-se às preposições morfológicas encontradas em (1), ou seja, para, a e de no português atual, que, segundo visão clássica na lingüística formal, seriam concatenadas (merged) como complementizadores (cf. Chomsky, 1981, entre outros), para introduzirem orações infinitivas. A presença de um sujeito manifesto é restrita, com exceção das orações iniciadas por para. As orações iniciadas por de/a apresentam um sujeito nulo, controlado por algum elemento enunciado na oração matriz ou no discurso. Além disso, a variedade européia do português apresenta a construção em que o complementizador preposicional codifica aspecto progressivo (cf. 2).(1) a. Maria parou [de _ bater na mesma tecla].

b. Maria continuou [a _ bater na mesma tecla]. c. Maria pediu [para ela ter acesso aos dados].

(2) João viu [Maria a ler o livro].

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O objetivo da comunicação é discutir diferentes propostas relativas aos complementizadores preposicionais, aplicando-os aos dados do português, a partir do quadro teórico do modelo de princípios e parâmetros da Gramática Gerativa. Nesse sentido, verificamos algumas linhas de análise, que partem de premissas bastante divergentes. Para Pesetsky & Torrego (2001; 2004), o elemento for do inglês é gerado no núcleo de Tempo, e se move para a posição de complementizador a fim de eliminar seu traço não-interpretável de Tempo [uT]. É dessa forma que os autores explicam uma série de fenômenos que ocorrem em paralelo com as orações finitas, como a impossibilidade de deslocamento do sujeito posterior a for ou a that em inglês – o chamado efeito complementizador-vestígio. Para Kayne (2000), os elementos di/de do italiano e francês têm um papel de licenciamento de sintagmas oracionais, mas diferente de atribuição de Caso, visto que as orações infinitivas preposicionadas não ocupariam posições argumentais (típicas de DPs). Conclui que tais elementos não formam constituinte com o IP infinitivo com que eles estão associados.

Buscaremos mostrar que uma caracterização unificada dos complementizadores preposicionais do português não parece ser adequada para a descrição dos fatos empíricos. A partícula para que introduz orações infinitivas não forma um sintagma preposicional, o está claro a partir de testes sintáticos, como observaram primeiramente Botelho-Pereira & Roncarati, (1993), em termos da imunidade da seqüência [para NP] a processos sintáticos que afetam constituintes, como a topicalização ou a clivagem. Ou seja, advoga-se que [para NP] não forma um PP. Outros testes podem ser elencados para: (i) mostrar que a preposição forma constituinte com a oração encaixada como um todo, por meio da inclusão de um sintagma com papel semântico de benefactivo; (ii) mostrar que o NP da oração encaixada não forma constituinte sintático com para, por meio da realização de perguntas-qu. Em ambos os testes, são comparadas orações completivas (selecionadas por verbos discendi) e orações adjuntas. (3) Introdução de benefactivo a. Maria insistiu [pro chefe] [pra ela ter acesso aos dados].b. Ele trabalhou [pra IBM] [pra ele comprar um imóvel].(4) Realização de perguntas-qua. *Quemi ele trabalhou [para _i comprar um imóvel]? b. Quemi Maria disse [que _i ia sair]?c. #Quem Maria insistiu [pra _i ter acesso aos dados]? d. [Para quem]i Maria insistiu _i [pra ter acesso aos dados]?

Pretende-se verificar se os resultados de tais testes se mantêm inalterados quando aplicados à variedade européia da língua portuguesa, para verificar se há identidade superficial ou profunda entre essas construções, existentes ali como formas opcionais do subjuntivo (cf. Salles, 2003).

Já as preposições a/de do português apresentam particularidades que lhes distinguem de suas correspondentes em italiano e francês. Nem sempre se verifica distribuição complementar com o complementizador de orações finitas (que), pois seus contextos de ocorrência são regidos por alguns verbos aspectuais ou temporais, como continuar e parar, o que pode indicar resquícios de um período em que a preposição tinha um valor temporal.

ANDRADE, A. “A mudança na colocação pronominal em infinitivas preposicionadas do português clássico”. Congresso Nacional de Linguística e Filologia, 27 a 31 de

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agosto 2007, Rio de Janeiro. Cadernos do CNLF. Rio de Janeiro : CiFEFiL, 2007. v. XI. p. 19-19.A mudança na colocação de clíticos em Português tem sido muito estudada em orações independentes, um contexto em que se nota o predomínio da ênclise a partir do século XVIII (Galves, Britto e Paixão de Sousa, 2005). No entanto, o comportamento dos clíticos nas infinitivas preposicionadas não segue esse padrão geral. Com base em um levantamento feito em 24 textos presentes no Corpus Tycho Brahe, foram identificadas 2.968 sentenças, das quais 428 apresentaram infinitivo pessoal. As sentenças com infinitivo pessoal foram excluídas da quantificação posterior, por não configurarem um contexto de variação: nelas, a próclise está sempre presente. Além da forma verbal, outros grupos de fatores estudados foram a função gramatical da oração infinitiva, a preposição introdutora e o clítico utilizado. Os resultados alcançados nos levaram a distinguir as orações introduzidas por 'a' das demais orações identificadas no corpus pois, enquanto aquelas passaram a um predomínio da ênclise no início do século XVII, as demais apresentam um quadro de variação mais amplo, que começa a se fazer presente com Francisco Manuel de Melo, autor nascido em 1628, chegando ao século XIX com uma variação com o predomínio da próclise. Alguns fatores extra-sintáticos foram identificados para a colocação de clíticos nesses contextos, como, durante o século XVI, a restrição à próclise do clítico 'a' em orações iniciadas pela preposição 'a', não extensível ao clítico 'o'. A análise tenta estabelecer algumas razões para as diferenças encontradas, nos vários contextos estudados.

ANDRADE, A. “Mudança paramétrica e subida de clíticos em Português Europeu” Encontro do GT de Teoria da Gramática – ANPOLL, 27- 28-9-2007. O objetivo desse trabalho é discutir a repercussão da mudança paramétrica evidenciada pela colocação de clíticos (cf. Galves, Britto & Paixão de Sousa, 2005) em contextos de reestruturação, isto é, em orações encaixadas infinitivas que formam predicado complexo. Para tanto, considera-se que a colocação de clíticos nos contextos de reestruturação segue os mesmos princípios utilizados em orações independentes. Os dados de colocação pronominal analisados foram selecionados do corpus Tycho Brahe em contextos em que é possível a subida de clítico, ou seja, o movimento de um clítico tematicamente relacionado ao predicado encaixado para o domínio do predicado matriz. Dessa forma, em contextos de próclise obrigatória, encontram-se as configurações em (i), enquanto em contextos de variação observam-se as configurações em (ii). Nos exemplos (i-a) e (ii-a,b) mostram-se as representações de sentenças em que a reestruturação ocorreu. Pretende-se discutir adicionalmente por que a mudança paramétrica pode ser “disfarçada” em certos contextos, como na presença da preposição, que abre uma opção suplementar de colocação pronominal, como representado em (iii), a qual se mostra estável durante o período analisado. (i) Colocação em contextos de próclise obrigatória

a. cl Vfin Vinfin (João não as mandou apagar)b. Vfin Vinfin-cl (João não mandou apagá-las)

(ii) Colocação em contextos de variaçãoa. cl Vfin Vinfin (João as mandou apagar)b. Vfin-cl Vinfin (João mandou-as apagar)c. Vfin Vinfin-cl (João mandou apagá-las)

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(iii) Opção mediante a presença de preposição subcategorizada Vfin P cl Vinfin (João continuou a me seguir)

ANDRADE, A. “Mudança paramétrica e subida de clíticos em Português Europeu”, VIII Seminário internacional do projeto caipira.. , IEL/UNICAMP.3 a 4-12-2007.O objetivo desse trabalho é discutir os primeiros resultados de pesquisa sobre subida de clíticos em Português Europeu. A hipótese a ser verificada é que houve uma redução de uso da construção com subida, em detrimento da construção com clítico ‘in situ’ e que tal mudança quantitativa reflete a mudança paramétrica evidenciada pela colocação de clíticos em orações independentes, conforme descrito por Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005). A subida de clíticos é um fenômeno comum em línguas românicas de sujeito nulo, e inexistente no Português Brasileiro atual, em que a próclise ao verbo infinitivo é categórica. Os dados de colocação pronominal analisados foram selecionados do corpus Tycho Brahe em contextos em que é possível a subida de clítico, ou seja, o movimento de um clítico tematicamente relacionado ao predicado encaixado para o domínio do predicado matriz. Parte-se do pressuposto de que a colocação de clíticos nos contextos de reestruturação segue os mesmos princípios utilizados em orações independentes. Dessa forma, em contextos de próclise obrigatória, encontram-se as configurações em (i), enquanto em contextos de variação observam-se as configurações em (ii). Nos exemplos (i-a) e (ii-a,b) mostram-se as representações de sentenças em que a reestruturação ocorreu. No entanto, nota-se que, em conformidade com trabalhos anteriores sobre épocas mais recuadas do português (cf. Martins, 1994), a subida não se restringia aos contextos em que há a presença de elementos ‘atratores’. Pretende-se, finalmente, discutir os resultados à luz de propostas lançadas no âmbito da teoria da gramática. (i) Colocação em contextos de próclise obrigatória

a. cl Vfin Vinfin (João não as mandou apagar)b. Vfin Vinfin-cl (João não mandou apagá-las)

(ii) Colocação em contextos de variaçãoa. cl Vfin Vinfin (João as mandou apagar)b. Vfin-cl Vinfin (João mandou-as apagar)c. Vfin Vinfin-cl (João mandou apagá-las)

ANTONELLI, A. "Aspectos da Sintaxe de Posição do Verbo na História do Português Europeu." XIII SETA - Seminário de Teses em Andamento, 2007, IEL-UNICAMPs.Neste artigo, são apresentadas algumas das questões tematizadas por pesquisa (em andamento) cujo objetivo é, entre outros aspectos, definir a posição de verbos finitos na estrutura oracional de duas gramáticas na história do Português Europeu: Português Europeu Moderno e Português Médio. A discussão será realizada no âmbito do quadro teórico da gramática gerativa em sua versão minimalista (cf., por exemplo, Chomsky 1995).

CAVALCANTE, S.R.O. “O sistema de anotação sintática em um Corpus eletrônico do português: propostas e desafios”, Mesa redonda: Linguística de Corpus e História da Língua portuguesa: propostas, resultados e desafios (coord. M.C. Paixão de Sousa.), V

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Congresso Internacional da Abralin, 28 de fevereiro a 3 de março 2007, Belo Horizonte.

FERNANDES, F. “O sujeito pré-verbal focalizado informacionalmente em português: prosódia e posição sintática”; comunicação no Encontro do GT em Teoria da Gramática – ANPOLL, realizado no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, nos dias 27 e 28 de setembro de 2007, O presente trabalho, fruto do desenvolvimento da tese de doutorado “Ordem, focalização e preenchimento em português: sintaxe e prosódia” (cf. Fernandes, 2007), consiste em um estudo comparativo das construções utilizadas em português brasileiro (doravante, PB) e em português europeu (doravante, PE) na expressão do foco informacional do elemento “sujeito”. Neste trabalho, são analisadas as seguintes construções de focalização: as sentenças VOS de PE e as sentenças SVO, com o sujeito portando a proeminência principal, de PB e PE (doravante, sentenças com foco prosódico). Tais estruturas de focalização são analisadas do ponto de vista sintático e do ponto de vista prosódico, no que se refere à estrutura entoacional associada às sentenças. Com relação às sentenças VOS, destacamos que elas são utilizadas para expressar foco informacional do sujeito somente por PE. Em PB, dadas as suas particularidades gramaticais, não é possível o uso desta mesma estratégia de focalização (cf. Kato, 1999, 2000; Fernandes, 2007; entre outros). Nas sentenças VOS, requisitos fonológicos relacionados ao alinhamento da proeminência do elemento focalizado com a proeminência principal de sentença são satisfeitos através do reordenamento de constituintes (cf. Cinque, 1993; Reinhart, 1995; Neeleman & Reinhart, 1998; Zubizarreta, 1998). Assumimos, juntamente com Kato (1999, 2000), que este reordenamento de constituintes em PE se dá pelo chamado movimento prosódico (p-movment, cf. Zubizarreta, 1998) que, enquanto tal, está sujeito a restrições de peso fonológico e pode trazer conseqüências para a prosódia, especificamente para a estrutura entoacional, das sentenças nas quais ele ocorre (cf. Fernandes, 2007). Quanto às sentenças com foco prosódico, ainda que as duas variedades possam se utilizar deste mesmo tipo de estratégia de focalização, nossos resultados revelam que PB e PE apresentam diferenças quanto à posição sintática ocupada pelo sujeito focalizado neste tipo de sentença. Enquanto nas sentenças com foco prosódico do PB o sujeito se encontra fora de TP (cf. proposta de Kato & Raposo, 1996; Kato & Ribeiro, 2005; entre outros), nas sentenças com foco prosódico de PE, o sujeito se encontra na posição de especificador de TP. Tal proposição encontra respaldo não só em evidências sintáticas independentes (cf. Fernandes, 2007), mas também em evidências prosódicas, especificamente, na estrutura entoacional diferente associada a este tipo de sentença nas duas variedades. Enquanto o sujeito focalizado de PE carrega sempre um acento tonal específico que o distingue da produção em contexto neutro, o sujeito focalizado de PB pode carregar um acento tonal idêntico ao portado por ele nas sentenças neutras, seguido pela associação de um acento frasal à fronteira direita do sintagma fonológico no qual é mapeado. A associação tonal diferente nas duas variedades pode ser uma evidência prosódica adicional de que, enquanto o sujeito focalizado do PB está fora de TP, fato codificado em PF pela associação de acento frasal à fronteira direita do sintagma fonológico no qual o sujeito focalizado é mapeado, o sujeito focalizado do PE é interno a TP.

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FERNANDES, F. “Entoação e domínios prosódicos em sentenças pseudo-clivadas do português europeu (PE)”, comunicação no III Seminário Internacional de Fonologia, realizado de 09 a 13 de abril de 2007, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. O objetivo deste trabalho, desenvolvido no quadro teórico da Fonologia Entoacional, é a descrição e análise comparativa da estrutura entoacional das sentenças neutras e pseudo-clivadas do português europeu. Baseando-nos na afirmação de Frota (1994) de que o contorno entoacional das sentenças com estruturas sintáticas especiais do português europeu é localmente e, por vezes, globalmente alterado em relação ao contorno neutro, nossa hipótese é a de que o contorno entoacional associado às sentenças pseudo-clivadas seja diferente do contorno entoacional associado às sentenças neutras da referida variedade de português. Os resultados obtidos neste trabalho confirmam esta hipótese: enquanto no contorno das sentenças neutras há geralmente eventos tonais associados apenas à primeira e à última palavras prosódicas do sintagma entoacional; ao contorno das sentenças pseudo-clivadas, há mais eventos tonais associados, podendo haver acentos tonais associados às palavras prosódicas cabeça de cada sintagma fonológico que compõe o sintagma entoacional no qual a sentença é mapeada. Além disso, os resultados alcançados por este trabalho sugerem que a estrutura sintática especial associada às sentenças pseudo-clivadas do português europeu é codificada prosodicamente através da estrutura entoacional.

FERNANDES, F. & M.B. ABAURRE “Secondary stress, vowel reduction and rhythmic implementation in Brazilian Portuguese: a preliminary study”, comunicação no III Seminário Internacional de Fonologia (realizado de 09 a 13 de abril de 2007, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre Este artigo apresenta alguns resultados preliminares de uma investigação centrada na natureza da relação entre o lugar do acento secundário, processos de redução vocálica e assinalamento de tons adicionais. Neste artigo, são apresentados dados obtidos de transcrições baseadas na percepção de falantes nativos e obtidos a partir de análises acústicas. Além disso, são discutidas as implicações da aplicação de processos de redução e do assinalamento do acento secundário para a otimização do pé binário em português brasileiro.

FROTA, S., C. GALVES & M. VIGÁRIO “Ler a fonologia: do português clássico ao português moderno” comunicação apresentada no XXII Encontro da APL, Universidade de Évora, 1-3 de outubro de 2007.O presente trabalho é desenvolvido no âmbito da parceria estabelecida entre o Laboratório de Fonética (Onset-CEL, FLUL), o Projecto Tycho Brahe (IEL, Unicamp) e o NUMEC (Univ. São Paulo), com o objectivo central de obter evidências para a organização rítmica da língua a partir de corpora escritos e, crucialmente, para a evolução prosódica do Português entre os períodos Clássico e Moderno.

Sabe-se que a pertença de uma língua a dada classe rítmica decorre da relevância ou não nessa língua de certa informação fonético-fonológica (Dauer 1983, Kleinhenz 1995). Por exemplo, entre as propriedades conducentes ao ritmo acentual estão a maior complexidade silábica e maior irregularidade na distribuição de vogais (V) e consoantes (C), a distinção forte entre sílaba acentuada e não acentuada e um papel claro da fronteira de palavra enquanto elemento delimitativo de sequências de sons; já entre as

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propriedades conducentes ao ritmo silábico, estão a maior simplicidade silábica e maior regularidade na distribuição de V e C, a não distinção entre sílaba acentuada e não acentuada no que respeita à composição e duração da sílaba e um papel demarcativo das fronteiras de constituintes superiores à palavra. Estudos recentes sobre o ritmo do Português Europeu Contemporâneo (PE), do Português Brasileiro (PB) e de outras línguas românicas como o Castelhano e o Italiano, tomando como objecto de análise o sinal acústico e sua relação com propriedades fonológicas, revelam semelhanças e diferenças rítmicas: do lado das semelhanças, todas as línguas referidas apresentam propriedades que as enquadram na classe rítmica silábica; do lado das diferenças, enquanto uma línguas como o Castelhano e o Italiano parecem ser puramente silábicas, o PB apresenta propriedades ‘super-silábicas’ e o PE mistura propriedades silábicas com propriedades acentuais (Frota & Vigário 2001, Frota, Vigário & Martins 2002, Ramus, Nespor & Mehler 1999). Esta especificidade do PE, que se manifesta numa propriedade desviante em relação ao quadro românico, constitui o foco deste estudo: quando terá o Português adquirido estas propriedades acentuais, no decurso da evolução do Português Clássico ao PE?

A resposta à questão central deste trabalho será investigada recorrendo à ferramenta electrónica FreP (http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/frep/index.htm, Vigário, Martins & Frota 2005, 2006, Frota, Vigário & Martins 2006). As funcionalidades do FreP permitem codificar características fonológicas do texto escrito relevantes para a implementação do ritmo da língua, designadamente, a distribuição de C e V, as fronteiras silábicas, os tipos silábicos, as fronteiras de palavra prosódica (PW), o tamaho de PW, ou a localização do acento, e permitem ainda o cruzamento das várias propriedades com vista ao cálculo das respectivas frequências de ocorrência. A aplicação do FreP ao conjunto de textos do Corpus Português Oral. Documentos Autênticos (CLUL/Instituto Camões), contrastando o PE dos anos 90 e o Português Brasileiro, permitiu detectar um conjunto de diferenças estatisticamente significativas e no sentido esperado face ao que se conhece das diferenças rítmicas entre PE e PB: por exemplo, o PB apresenta mais sílabas CV, menos sílabas V e CVC, tendo por isso uma regularidade maior na distribuição de C e V do que o PE (Vigário, Frota & Martins 2007). Com base nestes resultados, espera-se que a aplicação do FreP a textos escritos do Corpus Tycho Brahe (http://www.ime.usp.br/~tycho/), abrangendo o período de 1500 a 1900, possa revelar diferenças prosódicas que contribuam para a compreensão da evolução rítmica do Português. Face à existência documentada de uma mudança gramatical sintáctica por volta de 1700, que afecta a posição do sujeito e a colocação dos clíticos (Galves & Sousa 2005, Galves, Brito & Sousa 2005, Sousa 2004), e a hipótese de que a mudança sintática esteja associada a uma mudança rítmica, esperamos encontrar nos textos dos autores nascidos antes de anteriores a 1700 propriedades rítmicas mais semelhantes ao perfil típico românico e nos textos dos autores nascidos depois de 1700 propriedades rítmicas mais próximas do PE contemporâneo.

GALVES, C. “A sintaxe de Fernão de Oliveira”, comunicação apresentada no Colóquio Fernão de Oliveira 500 anos, IEL-UNICAMP, 24-26 de setembro de 2007.No penúltimo capítulo – e ‘derradeira parte’- da sua gramática, , Fernão de Oliveira nos promete uma obra sobre ‘[a] composição ou concerto que as partes ou dições da nossa língua têm antre si ... a qual os gramáticos chamam construição’, dizendo ele que

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tem “começada, h˜ua obra em que particularmente e com mais comprimento falamos della” . Enquanto não aparece o manuscrito dessa obra, se é que chegou a ser escrita, só nos resta inferir da única parte impressa do projeto gramatical do autor elementos do que seria a sintaxe padrão da época, a partir do uso que o primeiro gramático da lingua faz dela, na imitação dos ‘homens que se entendem e sabem o que falam’. É o que me proponho a fazer nessa comunicação, estudando alguns aspectos da sintaxe de Fernão de Oliveira em comparação com outros autores do seu tempo, no quadro geral da história da língua portuguesa.

GIBRAIL, A. “A restrição de licenciamento da posição interna à oração no contexto de mudança grammatical no português clássico a partir do séc. 18” XIII SETA - Seminário de Teses em Andamento, IEL-UNICAMP, 2007.A investigação das formas de manifestação de estruturas de tópico no português clássico, em corpora formados de dados de autores portugueses nascidos entre os séculos 16 e meados do século 19, levantados junto ao Corpus Tycho Brahe, revela haver a atuação de gramáticas distintas no licenciamento dessas construções na diacronia. Nos dados dos autores nascidos entre os séculos 16-17, emerge uma gramática que licencia sintagmas com a função de tópico na categoria de elementos fronteados, inseridos dentro da estrutura prosódica da oração, e/ou na categoria de adjuntos, realizados em posição anterior à fronteira da frase, na forma de estrutura de Topicalização e/ou de Deslocada à Esquerda Clítica; apresentando, no licenciamento dessas construções, propriedades de línguas V2, no que tange à tendência de uso de sintagmas com a função de tópico na categoria de elemento fronteado, realizado na forma de estrutura de topicalização de ordem V2, em sentenças sem clítico e/ou com clítico disposto em próclise (GALVES: BRITTO: PAIXÃO DE SOUSA). Embora esta seja a tendência do português clássico, a forma variante com o sintagma pré-verbal na categoria de elemento em adjunção também é licenciada nessa gramática, na forma de estrutura de topicalização e/ou na forma de Deslocada à Esquerda Clítica. Nessas estruturas variantes, o sintagma pré-verbal carrega a função de tópico em contraste e o clítico é realizado em posição de ênclise. Uma mudança emerge nos dados dos autores nascidos a partir do século 18: diminui a freqüência de uso de objetos com a função de tópico na forma de estruturas de Topicalização, e evoluindo a freqüência de seu uso na forma de Deslocada à Esquerda com o clítico disposto em ênclise. Nessas ocorrências, o uso da ênclise deixa de estar atrelado à natureza de tópico em contraste do sintagma pré-verbal. Paralelamente a essa mudança, aumenta a freqüência de uso de estruturas de tópico com sujeito pré-verbal em sentenças com verbos transitivos. As evidências empíricas, emergidas no desenvolvimento da pesquisa, me permitem propor que essas mudanças são desencadeadas pela atuação no português daquele período de uma gramática que não licencia a posição de tópico interna à oração.

GIBRAIL, A.. “A natureza V2 das estruturas de topicalização e tópico pendente do português clássico” V Congresso Internacional da Abralin, 28 de fevereiro a 3 de março 2007, Belo Horizonte.Dados obtidos a partir de textos de autores portugueses nascidos entre 1502 e 1845, levantados junto ao Corpus Tycho Brahe, mostram que o português clássico licencia objetos e outros constituintes em posição de tópico em orações principais, coordenadas

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e subordinadas, havendo maior freqüência de ocorrência dessas estruturas em orações principais. Nessas orações, as estruturas de topicalização exibem ordens superficiais variantes no que diz respeito à posição pré-verbal de sua realização e à disposição estrutural do sujeito e do clítico. Em posição pré-verbal, o constituinte topicalizado se apresenta na condição de um adjunto , sendo realizado fora da estrutura prosódica da oração , e/ou na condição de um elemento fronteado, inserido dentro da estrutura da frase (GALVES; BRITTO; PAIXÃO DE SOUSA, 2005). Embora haja variação na ordem de projeção das estruturas de topicalização, a freqüência maior de sua manifestação na ordem XV(S) revela a atuação de uma gramática de natureza V2, subjacente a essas produções. A natureza V2 dessas construções impõe condições estruturais específicas que justificam as diferenças observadas no seu licenciamento e no licenciamento das estruturas de Deslocação à Esquerda Clítica e topicalização do português europeu moderno (DUARTE, 1987). Na observação das condições peculiares de licenciamento dessas estruturas, defino-as como estruturas de topicalização V2, em concordância com a proposta de Ribeiro (1995) para o português antigo. Entre as condições específicas do português clássico na formação dessas construções está a tendência de uso generalizado da próclise nas estruturas de topicalização de objetos em sentenças com clítico e verbos flexionados, paralelamente à tendência de maior uso do sujeito com material fonético em posição pós-verbal. Em se tratando de estruturas de topicalização de outros constituintes em sentenças com clítico, os dados confirmam a tendência daquela gramática de uso desse pronome em forma de próclise. Nas formulações de Galves (2000), Galves, Britto e Paixão de Sousa (2005), Paixão de Sousa (2004), assentadas na restrição da Lei de Tobler-Mussafia, a disposição estrutural do clítico nas sentenças do português clássico define a posição de realização do constituinte em posição pré-verbal. A presença da próclise assinala que o constituinte em posição pré-verbal está inserido na estrutura prosódica da oração, na condição de elemento fronteado; a presença da ênclise, nessas estruturas, indica que o constituinte que antecede o verbo é realizado em posição anterior a essa fronteira, na condição de elemento em adjunção. Assumindo essa proposta, argumento que o português clássico legitima a topicalizaçãode constituintes da oração em posições pré-verbais distintas; conferindo, desse modo, estatutos diferentes a esses elementos. Nas estruturas de topicalização de ordem V2 com próclise, o elemento topicalizado ocupa a primeira posição da estrutura prosódica da oração, na condição de elemento fronteado; nas ocorrências da variante com ênclise, o constituinte pré-verbal é um adjunto, sendo realizado em posição anterior à fronteira da frase. Esta mesma proposta pode ser tomada para justificar o licenciamento de objetos topicalizados com retomada de clítico em sentenças de ordem superficial V3, legitimadas naquela gramática. Nessas ocorrências, o constituinte que precede imediatamente o verbo é realizado dentro da fronteira prosódica da oração, confirmando a ordem V2 subjacente dessas estruturas. O outro constituinte, realizado em posição mais alta da oração, tem o estatuto de um adjunto. Por outro lado, o levantamento desses dados revela que o português clássico licencia elementos em posição pré-verbal em configuração de adjunção em estrutura de Tópico Pendente e estrutura de Deslocação de Tópico Pendente, em conformidade com a proposta de Duarte (op.cit: 75-78) para o português europeu. Nas definições dessa autora, nas ocorrências de Tópico Pendente, não há nenhuma lacuna e/ou elemento pronominal na frase que seja

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referencialmente dependente do constituinte com a função de tópico. Nas construções de Deslocação de Tópico Pendente, conforme descreve Duarte, o elemento em posição de tópico é conectado referencialmente ao elemento dentro da oração, não havendo entre eles conectividade de Caso. Confirma-se, nessas ocorrências, a característica do português clássico de licenciamento de estruturas de adjunção em sentenças de ordem V3 e/ou V1.

GIBRAIL, A.. Propriedades sintáticas V2 dos Romances medievais presentes no português clássico, 550 Seminário do GEL Universidade Paulista, Franca SP 26 - 28 de julho de–2007Os dados levantados de textos de autores portugueses nascidos nos séculos 16-17, formadores do acervo do Corpus Tycho Brahe, revelam que o português clássico detém propriedades de gramática de naturezaV2 nas sentenças que licenciam sintagmas em posição de tópico. Em condições estruturais semelhantes às gramáticas dos romances medievais, descritas por Benincà (2004), nas estruturas de tópico do português clássico que dispõem de sujeito com material fonético, o uso da inversão germânica é generalizado. Também em condições semelhantes aos romances medievais, o português clássico não obedece à restrição linear, com o verbo flexionado ocupando estritamente a segunda posição na oração. Embora a ordem V2 seja predominante nessa gramática, as ordens V3 e V4 também são formadas. Os dados mostram que, nas sentenças de ordem V2 com objeto deslocado para a posição inicial da frase e uso de clítico, este pronome é sempre realizado em posição de próclise. Esta restrição também é assinalada nas sentenças de ordem V3 que apresentam o objeto em primeira posição. Nas descrições de Benincà (op.cit: 283), no italiano medieval, o uso da próclise nas construções de ordem V3 assinala a realização de um elemento no campo Foco; o uso da ênclise implica na não disposição do constituinte pré-verbal neste campo, mas sim no campo Tópico e/ou em Frame. Nessas posições, estão, respectivamente, as estruturas de Deslocada à Esquerda Clítica e Tópico Pendente. Na proposta de Galves; Britto e Paixão de Sousa (2005), a presença da ênclise no português clássico revela uma ordem subjacente V1; o constituinte pré-verbal é realizado fora da fronteira prosódica da frase. Os dados por mim investigados mostram, entretanto, que o português clássico licencia objetos com retomada de clítico disposto em próclise em sentenças V2/V3. A questão que se impõe, portanto, nesta pesquisa, é definir a posição estrutural de realização objeto nessas construções com o uso do clítico disposto em próclise, considerando as propostas acima abordadas.

GRAVINA, A. "Diacronia e Contextos de Sujeito Nulo no PB", comunicação no 55º Seminário do GEL, Universidade Paulista ,Franca, 26 - 28 de julho de 2007.Nesse trabalho, pretendemos realizar um estudo diacrônico a respeito das mudanças das propriedades do sujeito nulo no PB. Acreditamos que o PB atual, ainda se caracterize como uma língua de sujeito nulo, no entanto, apresente propriedades diferentes das chamadas línguas pro-drop. Sendo assim, o PB atual seria uma língua de sujeito nulo “diferente”. A partir dos contextos que encontramos na sincronia, nos quais verificamos ainda a presença de sujeito nulo, principalmente aqueles que foram postulados nos trabalhos de Figueiredo Silva (1996) e Marcelo Barra (2000), iremos averiguar em um corpus diacrônico como se deu a evolução desses e de outros contextos de sujeito nulo. Propomos discutir e apresentar a caracterização e a mudança do PB de uma língua pro-

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drop para uma língua de sujeito nulo de natureza diferente. Para o estudo desses contextos, iremos trabalhar com textos escritos de registro formal que foram publicados em periódicos no estado de Minas Gerais, nos séculos XIX e XX, mais especificamente, na primeira e segunda metade do século XIX, e na primeira metade do século XX. Os dados coletados serão submetidos a análises quantitativa e qualitativa, verificando a evolução e a distribuição dos contextos sintáticos de sujeito nulo nesses textos. O quadro teórico para nossas hipóteses e explicações a respeito da mudança dessas construções e das alterações de suas propriedades ao longo do tempo será a teoria da Gramática Gerativa.

MENEZES, G. “O Paralelismo e a Colocação de Clíticos nas orações coordenadas no Corpus Histórico do Português Tycho Brahe”, Comunicação apresentada no V Congresso Internacional da ABRALIN, 28 de fevereiro a 3 de março 2007. Este trabalho apresenta os resultados principais de uma pesquisa sobre a colocação de clíticos em sentenças coordenadas em textos representativos do Português Clássico. A pesquisa resultou de um projeto de iniciação científica realizado no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade de Campinas, associado ao projeto temático “Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística”, coordenado pela Prof ª. Charlotte Marie Chambelland Galves. Um dos objetivos principais do projeto temático é analisar a colocação dos clíticos no Português Europeu, no período que vai do séc. 16 ao séc. 19, nos ambientes sintáticos em que a língua permite variação entre próclise e ênclise, procurando localizar no tempo o momento em que se dá a mudança para o Português Europeu Moderno, onde a ênclise se torna obrigatória nesses mesmos contextos. À medida que o projeto temático analisava seus dados coletados do Corpus Anotado do Português Histórico Tycho Brahe e conseguia levantar algumas questões importantes sobre a história dos clíticos, dentro da evolução do Português Europeu, era necessário um estudo mais detalhado sobre a colocação dos clíticos em orações coordenadas. Por essa razão, o objetivo do projeto de iniciação científica foi analisar, no mesmo período citado acima, ou seja, no Período Clássico do Português, a sintaxe dos pronomes clíticos em orações coordenadas V1, ou melhor, com verbo inicial .

NAMIUTI, C. “O Sistema de Anotação Morfológica em um Corpus Eletrônico do Português: Precisão e Eficiência na Busca e Seleção de Dados” Mesa redonda: Linguística de Corpus e História da Língua portuguesa: propostas, resultados e desafios (coord. M.C. Paixão de Sousa.), V Congresso Internacional da Abralin, 28 de fevereiro a 3 de março 2007, Belo Horizonte.Para que a ambição de ''mapear'' as mudanças sintáticas ocorridas ao longo da história do português, desde os finais da idade média até o século XIX se torne possível sem se gastar longos anos, é necessário ligar a pesquisa à tecnologia. Foi com este espírito que, inspirado no corpus parseado do Inglês Médio (Penn-Helsinki Parsed Corpus of Middle English (PPCME)), o projeto temático Padrões Rítmicos Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística (PRFPML) teve como um de seus objetivos principais a construção de um corpus anotado do português histórico - o Corpus Tycho Brahe (CTB).

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O CTB é um corpus anotado do português que disponibiliza seus textos em formato ortograficamente transcrito e morfologicamente etiquetado e está atualmente investindo em um analisador sintático para os textos Medievais e Clássicos. Os textos analisados morfo-sintaticamente permitem uma pesquisa lingüística mais precisa e rápida com recuperação instantânea de informações nos textos analisados.Segundo a metodologia proposta no PPCME, a etiquetagem morfológica dos textos constitui o primeiro passo do processo de anotação, servindo de base para a codificação sintática subseqüente. Contudo, é importante ressaltar que os textos automaticamente etiquetados são disponibilizados independentemente, uma vez que já contêm por si informações relevantes para estudos da língua.Este trabalho visa divulgar este sistema de anotação morfológica bem como as possibilidades de busca automática de dados.

PAIXÃO DE SOUSA, M.C. “ O sistema de anotação de edição em um corpus eletrônico do português: controle de variantes e geração de versões paralelas”, Mesa redonda: Linguística de Corpuse História da Língua portuguesa: propostas, resultados e desafios (coord. M.C. Paixão de Sousa.), V Congresso Internacional da Abralin, 28 de fevereiro a 3 de março 2007, Belo Horizonte.

SANDALO, F. “Clitic Placement in the history of European Portuguese” Mesa Redonda coordenada por Maria Bernadete Abaurre: “Perspectivas no Estudo da Fonologia Diacrônica do Português”, III Seminário Internacional de Fonologia, Porto Alegre, PUCRS, 9-13 de abril 2007.

SANDALO & M. B. ABAURRE “Fatos de nasalidade como evidência para a representação da vogal /a/ no português como segmento debucalizado”. SIS-vogais. Universidade Federal da Paraíba, 15-17 de novembro 2007.No dialeto paulista, uma nasal em coda se realiza como uma semivogal se copia o nó de Ponto do núcleo da sílaba da qual é coda (quando o núcleo da sílaba é uma vogal anterior ou posterior), e como consoante nasal se copia o nó de Ponto da consoante que está no ataque da sílaba seguinte (quando o núcleo é a vogal /a/): [o)w)da] onda [se)y)ta] senta [Î)ndava] andava [kÎ)NkÎ)] cancanNeste artigo, procuraremos explicar esse comportamento da nasal em coda, mais especificamente diante de /a/, fazendo uso da noção de subespecificação. Apenas quando a vogal /a/ é núcleo da sílaba onde está a nasal subespecificada, a nasal copiará o ponto da consoante no ataque seguinte. Este fato sugere que a vogal /a/ é subespecificada para ponto.Costuma-se assumir que uma vogal subespecificada para ponto funciona como um segmento epentético nas línguas (Archangeli 1984). Há, entretanto, evidência suficiente de que a vogal epentética no português é o /i/ (cf. ko)w)pakitU). Na teoria de Archangeli, não é possível acomodar duas vogais subespecificadas em uma mesma língua porque não haveria como estabelecer um contraste entre elas. A proposta desenvolvida neste trabalho é de que há dois tipos de subespecificação (uma representação que postula a ausência apenas do traço de ponto e uma outra que postula

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a ausência do nó de Ponto como um todo, isto é, debucalização). Assim, segmentos coronais não têm traços de ponto; contam, entretanto, como o nó de Ponto. No caso da vogal /a/, faremos um paralelo com o caso de debucalização de segmentos laríngeos (Halle 1995), aplicando o conceito às vogais.Clements (1989/1990) propõe um único conjunto de traços para vogais e consoantes. Esse conjunto inclui os traços labial, coronal, dorsal e radical. Sua proposta diferencia-se da proposta de Sagey (1986) de que /a/ não é representado como uma vogal dorsal. Para Sagey, um segmento dorsal é aquele que envolve o corpo da língua como um articulador ativo em qualquer uma de suas partes (i.e. exceto ponta e lâmina). De acordo com esta visão, os traços do corpo da língua ([posterior], [alto], [baixo]) são dependentes do nó dorsal. Segue-se desta assunção teórica que a vogal /a/ deve ser dorsal pelo fato de ser [+baixa], embora não apresente qualquer constrição no véu palatino como no caso dos outros segmentos verdadeiramente dorsais. Como o /a/ não apresenta tal constrição, Clements argumenta que essa vogal não deve ser representada como um segmento dorsal. O maior problema da sua proposta é representar o /a/ como tendo ponto especificado ([+radical]). Os segmentos radicais são aqueles produzidos com constrição na parte baixa da faringe, o que levaria a considerar também a vogal baixa faringalizada como radical.Neste trabalho, estendemos para a vogal /a/ a proposta de Halle (1995) de que segmentos sem constrição alguma na cavidade bucal são segmentos que não têm nó de Ponto (i.e., são debucalizados). Assim, explicaremos o comportamento da coda nasal diante de /a/ a partir de uma análise desta vogal como debucalizada.

Dissertações e teses1:

defendidas em 2007:

ANTONELLI, A. “O clítico se e a variação ênclise/próclise do Português Médio ao Português Europeu Moderno”, mestrado, FAPESP. (defesa, 17/1/2007)No Português Europeu, do século 16 ao 19, é atestado em textos escritos que a ênclise e a próclise podem ocorrer num contexto sintático semelhante, a saber, o das sentenças afirmativas finitas em que o verbo não se encontra em posição inicial. Basicamente, o elemento pré-verbal desse tipo de construção pode ser um sujeito, um advérbio ou um sintagma preposicional. Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005) já observaram que, até por volta de 1700, o uso da próclise é quantitativamente maior que o da ênclise. Porém, a partir do início do século 18, começa a haver uma inversão nessa proporção, de tal modo que, no Português Europeu Moderno, os mesmos contextos que outrora admitiam a colocação proclítica apresentam agora a ênclise de maneira categórica.Para esse período da história da colocação de clíticos do Português Europeu, Galves, Britto & Paixão de Sousa já notaram que a opção pela ênclise em textos escritos antes do século 18 está fortemente associada ao uso do clítico se. As autoras mostram que, em textos dos séculos 16 e 17, um alto percentual de ênclise em sentenças sujeito-iniciais tipicamente traduz-se em uma alta proporção da ordem “sujeito + verbo + clítico se”. Esse mesmo paradigma, porém, não é observado para os textos dos séculos

1 Só menciono aqui as dissertações e teses diretamente relacionadas ao projeto.

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18 e 19, já que, nos textos escritos por autores nascidos após 1700, a distribuição da ênclise com se e com os outros clíticos é muito mais balanceada.Dada essa particularidade no fenômeno da colocação de clíticos do Português Europeu envolvendo o pronome se, nossa investigação, dentro do quadro teórico da gramática gerativa, procura traçar a evolução da ênclise no universo de sentenças com esse clítico específico entre os séculos 16 e 19, tentando entender melhor em que circunstâncias a ênclise aparece e como isso se relaciona com a escolha pelo clítico se. Uma proposta como essa se justifica visto que um trabalho nesse sentido poderá esclarecer melhor não apenas quais são as razões que favorecem a ênclise com o clítico se até o fim do século 17, mas também por que o tipo de clítico parece deixar de ser um fator importante na escolha da colocação enclítica desse momento em diante.Este trabalho insere-se no âmbito do projeto temático “Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística (Fase II)” e toma como material para análise um conjunto de dados extraídos de 20 textos escritos por autores portugueses nascidos entre 1542 e 1836. Todos os textos dos quais retiramos o nosso material de análise estão presentes no Corpus Tycho Brahe (http://www.ime.usp.br/~tycho/corpus).

FERNANDES, F. " Ordem, estratégias de focalização e preenchimento em português: sintaxe, entoação e ritmo’, doutorado direto, FAPESP. (defesa 16/4/2007)Este projeto de doutorado propõe a análise comparativa entre as diferentes estratégias de focalização escolhidas pelo português brasileiro (PB) e pelo português europeu (PE) para a marcação de foco de escopo estreito do elemento ‘sujeito’ em sentenças de mesma estrutura informacional nessas duas variedades de português. A hipótese desta pesquisa é de que as diferentes estratégias de marcação de foco de escopo estreito escolhidas pelas duas línguas não estão relacionadas somente a questões sintáticas, como a fixação do parâmetro pro-drop, mas também a questões que envolvem a otimização do ritmo, da estrutura prosódica e da estrutura entoacional em PB e em PE.

Marcadas para fevereiro 2008

NAMIUTI, C. " Aspectos da história grammatical do português: interpolação, negação e mudança", doutorado direto FAPESP, or. Charlotte Galves. Os estudos sobre a colocação pronominal na diacronia do português (cf. entre outros, Martins 1994, Parcero 1999 e Fiéis 2001) demonstraram que a interpolação dos diversos elementos do sintagma verbal era freqüente até o século 16 e restrita aos contextos de próclise obrigatória.Estudando o fenômeno da interpolação nos textos de autores portugueses nascidos entre o século 16 e 19 (Corpus anotado do português histórico anotado – Tycho Brahe) constatei que a interpolação da negação abrange novos contextos: ‘não’ passa a ser interpolado também nos contextos de variação ênclise e próclise (orações raízes sem que um operador proclisador introduza a oração e infinitivas introduzidas pela preposição ‘em’). As primeiras ocorrências de interpolação da negação nestes novos contextos foram atestadas no século 15 e são freqüentes nos textos de autores nascidos nos séculos 16 e 17 (Corpus Tycho Brahe).Mostro que a interpolação de elementos diferentes da negação é obsoleta nos textos do século 16, quando se constata a preferência pela próclise nas orações não dependentes afirmativas ‘XV’ (cf. Galves Britto e Paixão de Sousa, 2005).

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Também aponto para o fato de a ordem ‘C-cl-X-(neg)V’ abrir espaço para a ordem ‘C-X-cl-(neg)V’, no mesmo período.Interpreto que a preferência pela próclise no século 16 está relacionada com a perda da possibilidade de interpolação de XPs, e os novos contextos de interpolação da negação são derivados por este novo padrão.Considero que estes fatos são o reflexo da mudança no domínio de hospedagem do clítico, que deixa de se relacionar com o núcleo mais alto da estrutura da frase e passa a se relacionar exclusivamente com o complexo verbal. E no momento em que a ênclise volta a ser a regra para as orações não dependentes ‘XV’, perde-se a possibilidade de interpolar a negação neste ambiente.Esta visão sobre os dados é um tanto diferente da visão delineada a partir de Martins (1994) que considera que a perda da possibilidade de interpolação nos domínios encaixados está diretamente relacionada com a perda da possibilidade da próclise nas orações raízes neutras. Mas corrobora a hipótese de Galves (1996) de ter havido um estágio gramatical intermediário entre o Português Arcaico e o Português Europeu Contemporâneo, denominado de Português Médio por Galves (2004).

FLORIPI, S. “Estudo da variação do determinante em sintagmas nominais possessivos do Português Médio ao Português Europeu Moderno”, doutorado, FAPESP, or. Charlotte Galves.Este projeto de doutorado objetiva descrever e analisar, dentro de uma perspectiva diacrônica, a variação do uso do Determinante em estruturas com Sintagmas Nominais (DP) possessivos em 23 textos de autores portugueses nascidos desde o século 16 ao século 19. Os textos foram selecionados do Corpus Anotado do Português Histórico Tycho Brahe (doravante Corpus Tycho Brahe) que se encontram disponíveis na internet no site: www.ime.usp.br/~tycho/corpus.Como arcabouço teórico, tendo como pressupostos o Modelo de Princípios e Parâmetros, utilizarei uma abordagem minimalista (Chomsky (1995) e Kayne (1994)) e não lexicalista (Halle e Marantz (1993)). Para o levantamento de dados serão utilizadosos textos disponíveis do Corpus Tycho Brahe, pois, assim, poderei tartar quantitativamente de objetos mais complexos, tanto do ponto de vista do fenômeno envolvido quanto do período considerado; e, com base nesse tratamento quantitativo, arei uma análise qualitativa sustentável.

em andamento :

ANDRADE, A. “Estudo diacrônico de orações infinitivas do português iniciadas por preposição”, Doutorado, Fapesp, início 2006, or. Charlotte Galves.As orações infinitivas preposicionadas no português apresentam diversos aspectos de interesse para a pesquisa diacrônica. Nelas encontra-se a controvérsia sobre a origem das orações completivas iniciadas por "para", que, segundo as análises existentes, têm origem no Português Brasileiro, mas que também são encontradas no Português Europeu. Servindo-lhes de contraponto, o estatuto de complementizador preposicional das partículas "de/a" iniciadoras de orações infinitivas pode ser questionado face a comparações com outras línguas românicas. Um outro aspecto que questiona qualquer análise rápida é a colocação de clíticos nesses contextos, dada sua variação sincrônica e

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uma distribuição face ao tipo de preposição introdutora que sugere uma ambigüidade categorial, consoante levantamento piloto. Tais constatações são oferecidas como justificativas para a realização de análises de cunho quantitativo e qualitativo utilizando o "Corpus Histórico Anotado do Português Tycho Brahe" e outros corpora referentes ao Português Brasileiro, um dos quais a ser coletado pelo candidato em periódicos do Estado de Goiás. Dessa forma, a projeto terá por objetivo principal compreender a mudança na complementação infinitiva do Português Clássico para o Português Brasileiro e o Português Europeu Moderno, assim como a repercussão dos achados no quadro da mudança mais geral das gramáticas dessas variedades, tendo por base os pressupostos teóricos da Gramática Gerativa.

ANTONELLI, A. “Sintaxe de Posição do Verbo e Mudança Gramatical na História do Português Europeu”, Doutorado, Fapesp, início 2007, or. Charlotte Galves.Este projeto de doutorado insere-se no âmbito do projeto temático "Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística - Fase II" (Processo FAPESP 04/03643-0) e tem como objetivo investigar as características da sintaxe de posição do verbo em duas fases gramaticais do Português: a gramática do Português Europeu Moderno (PE) e a gramática do período imediatamente ao PE. Além disso, pretende-se delimitar no tempo o momento em que se dá a mudança entre esses dois sistemas gramaticais. Trabalhamos com a hipótese de que a gramática do Português Europeu era organizada com base no efeito V2 (verbo em segunda posição), vindo a perder essa característica a partir do século 18, quando se observa a emergência de certos aspectos sintáticos que caracterizam a gramática do PE e que não eram até atestados.

GIBRAIL, A. “As estruturas de topicalização do Português Médio ao Português Europeu Moderno, um estudo diacrônico e teórico”, doutorado, início 2005, or. Charlotte Galves.A tese que desenvolvo trata da descrição e análise das estruturas de topicalização do português clássico. O objetivo que norteia este trabalho é a investigação da freqüência de uso e legitimação das formas variantes de realização desse tipo de estrutura nos processos de mudança em curso naquela gramática. Para este tipo de investigação, faço uso de dados levantados de 38 textos de autores portugueses nascidos entre 1502 e 1845, integrantes do Corpus Tycho Brahe. O levantamento dos dados revela ser este tipo de estrutura de uso comum e produtivo no português daquele período. Elementos em posição de tópico são legitimados em formas estruturais variantes, projetadas com e sem retomada pronominal. Nessas ocorrências, qualquer constituinte da oração pode ser realizado em posição de tópico: objetos diretos e indiretos, sintagmas adverbiais, sintagmas preposicionais, sintagmas adjetivais, e outros. Por outro lado, a análise quantitativa desses dados revela não haver uniformidade diacrônica na freqüência de uso dessas formas variantes. Com objetos topicalizados, a freqüência de uso da variante sem retomada pronominal diminui do séc. XVI ao séc. XIX, enquanto a freqüência de uso da variante com retomada pronominal aumenta na mesma proporção nesse período. Essas formas variantes de topicalização de objetos são assumidas nos estudos lingüísticos como fenômenos distintos, sendo a estrutura com retomada pronominal denominada Estrutura de Deslocação à Esquerda Clítica, DEC

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(no inglês, CLD), e a forma sem retomada pronominal definida propriamente como estrutura de topicalização..Outro fato revelado no levantamento desses dados é que, paralelamente, à mudança de comportamento quanto à freqüência de uso das estruturas de topicalização e de Deslocação à Esquerda Clítica, outras mudanças são assinaladas no nível estrutural das sentenças. A co-ocorrência dessas mudanças é significativa na medida em que ela pode ser reveladora da atuação de uma mudança maior subjacente àquela gramática. Tendo em conta os objetivos a serem alcançados neste trabalho de pesquisa, o ponto fundamental a ser perseguido em etapas posteriores é determinar se os fatores responsáveis pela mudança de comportamento diacrônico na freqüência de uso dessas estruturas são os mesmos que promovem alteração na ordem superficial de realização do sujeito e outros constituintes nessas sentenças.

GRAVINA, A. “A representação do sujeito e a ordem VS na história do português brasileiro”, mestrado, CAPES, início 2007, or. Charlotte Galves.O presente projeto pretende analisar quantitativa e qualitativamente, através de um estudo diacrônico, a realização do sujeito no Português culto escrito no Brasil, em três tempos distintos: a) primeira metade do século XIX; b) segunda metade do século XIX; c) primeira metade do século XX.Propõe-se discutir e apresentar a caracterização e a mudança do PB de uma língua com propriedades pro-drop para uma língua de Sujeito Nulo de natureza diferente, buscando apresentar subsídios para a identificação e análise dessa mudança em textos escritos de registro formal na diacronia do Português Brasileiro.Para efeito de análise serão coletados artigos de jornais que circularam no estado de Minas Gerais nos referidos períodos de séculos.Os dados levantados por esse corpus além de passarem por uma análise quantitativa, serão analisados qualitativamente, verificando em que ambientes sintáticos as propriedades aqui estudadas se encontram, e em seguida averiguando como essas propriedades evoluíram na história do PB.O quadro teórico para as hipóteses e análises sobre a natureza das construções estudadas e na mudança ao longo do tempo será a teoria da Gramática Gerativa.

KAJITA, A. , “A segmentação inábil: um estudo da segmentação gráfica não conônica” mestrado, FAPESP, início 2006, or. Filomena Sândalo.Este projeto, vinculado ao projeto temático Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística (FAPESP 04/03643-0R), propõe o estudo da segmentação ortográfica na escrita – ou seja, a inclusão ou omissão de branco gráfico em lugares não-canônicos –, tanto em documentos portugueses dos séculos XVII e XVIII quanto em documentos brasileiros atuais, dando continuidade às questões abordadas nos projetos de iniciação científica Estudo de Metaplasmos e Ritmo no Português (PIBIC/CNPq-PRP) e A oralidade na escrita seiscentista e atual: o português em dois tempos e lugares (FAPESP 04/12587-7).

MENEZES, G. “O Paralelismo nas Orações Coordenadas: Um estudo das Crônicas Históricas Portuguesas”, mestrado, início 2007, or. Maria Clara Paixão de SousaEste projeto tem por objetivo produzir um estudo detalhado da colocação de pronomes clíticos nas orações segundas coordenadas no Português Clássico. A hipótese central

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dessa pesquisa se origina em trabalhos anteriores sobre a colocação de clíticos nas segundas coordenadas no Português Clássico, no contexto de uma investigação ampla sobre as mudanças gramaticais sofridas pela língua entre os séculos 16 e 19 conduzidas no grupo de pesquisas reunido em torno do projeto temático “Padrões Rítmicos, Fixação de Parâmetros e Mudança Lingüística”. O que se pretende aqui é investigar o “efeito de paralelismo” nas sentenças coordenadas, nos textos clássicos, e verificar qual a relação existente na colocação de clíticos em primeiras e segundas coordenadas e se este “efeito” influencia na sintaxe dos clíticos nas coordenadas Além disso, a pesquisa busca identificar o período de duração deste “fenômeno de paralelismo” e como este afeta os estudos diacrônicos sobre a mudança gramatical no Português Clássico.

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