Prólogo de Shresth

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  • 7/23/2019 Prlogo de Shresth

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    Prlogo de Shresth

    Um templo antigo. Uma emboscada. Sangue e fogo. Ao acordar Shresth sentiu ocalor do sol queimando sua face. No conseguia distinguir nada, sentia uma pressoenorme na cabea, vontade de vomitar. Ouvia algumas vozes distantes, sentia seu corpo

    moverse, sendo arrastado. !esmaiou novamente. "uando abriu os olhos deparousecom uma assustadora figura encapuzada. Seu rosto era escamado e suas narinasdeformadas emanavam um odor f#tido. No sabia muito bem onde estava, algum lugarcom flores e $gua. Sentiu a aridez de suas entranhas, mal podia moverse sem sentir quetodo seu corpo fosse arrebentar. O estranho lhe estendeu um basto, a%udouo a levantaro tronco. &uscou em sua mente algo. 'omo chegara ali( "uem era o ser que tinhadiante( O que acontecera( S) podia ouvir o eco de suas d*vidas, retumbando em umamortal tontura. &albuciou. +remeu seus l$bios su%os e ressecados em busca de palavras.

    Nada saa. O ser encapuzado apontou para o que Shresth acreditava ser o leste,

    pronunciou -Shresth seguido de alguns sons inteligveis. !epois partiu.

    /erdido num mundo sombrio de impreciso, viuse bebendo $gua avidamente deuma fonte. Ouvia sussurros perdidos em sua cabea. 0ozes distantes, aromas e sabores.1stava desnorteado. Algo se apro2imou dele. Um rosto moreno, com uma barba negra ealguns brincos e cord3es. 4alava bai2o muitas coisas que Shresth no conseguiaentender. O arrastou at# um lugar distante e lhe disse com um sotaque estranho algosobre ficar coberto. As nuvens cediam espao a um sol impetuoso que se apro2imava,lembrouse de areia, de um mar de areia. Sua cabea dava voltas. 0iu uma grandemontanha e milhares de guerreiros com armaduras brilhantes. 0oltas e voltas. 0iu um

    grande drago de pedra, crave%ado com pedras brilhantes. 5ais voltas. 1stava agoracaindo no cho, rodeado de pessoas estranhas que mantinham dist6ncia. "uase que porinstinto meteu a mo na roupa, largou algumas moedas no cho e gague%ou a palavracama.

    Acordou em algum momento do dia. 7apidamente levou a mo ao rosto esentiuse feliz por ver que ainda estava coberto. 8avia sobre a mesa um prato com umcreme salgado e po. Shresth devorou tudo antes de saber o gosto que tinha. &ebeu uma

    %arra inteira de $gua. Ainda sentiase vazio. /ermaneceu na cama forandose a pensar, eencontrar algo. 5as nada vinha a sua mente. +inha sonhos estranhos, com a est$tua de

    drago. Acordava sempre bastante suado. "uando finalmente sentiuse mais forte,arriscou descer as escadas que separavam seu quarto do mundo.

    1ra uma pousada simples. /or algum motivo sentia um certo desprezo por todaaquela gente e sua comida de escravos. No sabia de onde vinha esse pensamento, oue2atamente o que era um escravo, mas sabia que estava dentro dele, e isso era bom.'omeou a beber cerve%a. &ebeu boa parte de seus recursos. 'ada caneca era umarecordao a mais, aquele lquido dourado lhe a%udava a lembrar. 1ra um drago, dalinhagem dos guerreiros sagrados, os defensores do imperador. +inha sido escolhido

    para partir numa misso importante. Algo a ver com o grande drago de pedra. !epoisde um tempo ficava muito b9bado para lembrarse de algo e recolhiase.

  • 7/23/2019 Prlogo de Shresth

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    /assou algum tempo frequentando a taberna. &ebendo solit$rio. Aprendeualguns costumes locais. Ningu#m falava sua lngua e s) uns poucos entendiam o quefalava no idioma dos Aeras. /or fim, um dia sentouse ao lado de um /etros malencarado, bem mais moreno que os vistos por ele em seu lar. 4alava a lngua doshomens melhor que a maioria, falava demais por sinal. Shresth via nele uma esp#cie deamigo, era um guerreiro tamb#m, um homem rude e ignorante por#m melhor que oscidados de 7oca Negra. 5encionou seu problema de mem)ria, o epis)dio com ohomem de brincos que lhe salvou e o seu sonho com o drago de pedra. Sobre esse*ltimo o /etros afirmou conhecer a localizao, e disse no ser muito longe. Odraconiano sentiuse vivo novamente, uma chama forte crescia em seu peito. 1ra horade descobrir tudo, de saber por que estava ali. !isse ao /etros que pagava para serlevado l$. O pequeno guerreiro comeou uma hist)ria intermin$vel, que pouco foiouvida por Shresth. Ao fim marcaram de se encontrar no dia seguinte para resolver tudo.

    : luz de um pequeno lampio, o %ovem saini;as afiava sua espada, lembrandoalgumas batalhas perdidas em sua mem)ria. No meio de suas recorda3es foiinterrompido por algu#m que lhe chamava < porta. /ensando ser =$rus, o /etros, abriu,sendo surpreendido por um homem alto e loiro, usando uma longa roupa negra comdetalhes prateados e um cordo com um crculo de prata no peito. Sempre educado edistante, falando o idioma dos homens de forma impec$vel, o homem afirmou ser deuma ordem sagrada e fez diversas perguntas que ele pouco pode responder. Olhavaocom um angustiante mpeto frio e passivo, uma serenidade aterradora. A cada palavramais fazia Shresth gague%ar. Saiu depois de quase uma hora dizendo>

    !esculpeme o inc?modo senhor. 1u entendo sua condio e pedirei ao Unoque te traga o equilbrio. !eve entender que nesses tempos temos que impedir ainflu9ncia dos adoradores do 'aos aqui. 1spero que goste de 7oca Negra e se souber dealgo estranho, nos avise por favor. 1 desculpe, eu no reconheo bem esse sotaque, deonde #( /arece ser do leste... &om, no vou mais atrapalhar seu sono. !urma bem, voc9est$ seguro aqui.

    Suas *ltimas palavras foram acompanhadas por um desconfortante sorriso emesmo quando terminou de falar pareceu a Shresth que ficou uma eternidade sondandoo com seus olhos cinzas. O draconiano sentia que devia sair dali, r$pido.