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Promulgação do Documento Conclusivo

do Primeiro Sínodo Arquidiocesano da

Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo

O Primeiro Sínodo da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo teve início em 17 de novembro de 2006 após consulta em

todas as Áreas Pastorais e Conselhos. Desde então, toda a Arquidiocese mobilizou-se para ouvir de forma estruturada, através de pesquisa técnica, o que se pensava da Igreja e o que dela se esperava. Dessaescutasurgiramostemasdereflexãoquenortearamostrabalhos sinodais: w Celebração do Mistério Pascal; w Igreja missionária, acolhedora e aberta ao diálogo; w Missionariedade da e na Igreja; w Família; w Cultura da paz e;w Formação integral para a fé e o agir cristão.

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Organizada a metodologia de trabalho, a escuta, voltou a ser opontoforte.Escutar,deformalivre,osfiéisemseusgruposecomunidades. O resultado de todo o processo foi compilado no Documento conclusivoSinodalesubmetidoàsobservaçõesdosSinodaisemAssembleia no dia 20 de junho de 2009, seguindo o “critério do consenso”,normaadotadaapartirda1ªSessão. EmsoleneEucaristiadeaçãodegraças,promulgamos o Docu-mento Conclusivo Sinodalqueseránorteador,comseusobjetivoserecomendações,naescolhadasprioridadesdaevangelizaçãoeelaboração dos planos de pastoral nesta Arquidiocese. SobasluzesdesteDocumentoConclusivoSinodal,constituoumacomissãocanônico-pastoralparaque,nospróximosmeses,elaboreoDireitoParticulardestaArquidiocese,evidentementesuposto tudo o que prescreve o Código de Direito Canônico e o MagistériodaIgreja,paraqueelaprossiganapráticadacaminhadaSinodal: caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança.

D. Luiz Mancilha Vilela, SSCCArcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo

Vitória, 22 de agosto de 2009

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apresentação

DOCUMENTO CONCLUSIVO

Primeiro Sínodo Arquidiocesano

Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo

apresentação

A partirdoConcílioVaticanoII,aIgreja,desdeosseuslíderescommaioresresponsabilidadesatéosmaissimplesfiéiscristãos

leigos, foi convidada a uma verdadeira conversão no testemunho e no anúncio do Evangelho. Novos tempos! OConcílioVaticano II lançou a Igreja paranovosdesafiosnodiálogointernoecomomundo.Todos,semexceção,foramchamadosa responder aestesdesafios.Uma roupagemnova,uma linguagem nova no anúncio e no testemunho do Evangelho. Sabemos as consequências desta ação renovadora, suscitada pelo Espírito em nossa Igreja! Luzes e sombras surgiram na nova caminhada, como em toda a história da Igreja, santa e pecadora em sua peregrinação nas estradas do mundo rumo ao Pai. A Igreja de Vitória, como as demais, viveu esta realidade ten-doàfrenteDomJoãoBatistadaMotaeAlbuquerqueeseuBispoauxiliar,D. LuisGonzagaFernandes, e,mais tarde,D. SilvestreLuisScandianeseusBisposauxiliares,D.GeraldoLyrioRocha,D.JoãoBrazdeAviz,D.HélioAdelarRuberteD.OdilonGuimarãesMoreira. Neste período, a ação evangelizadora da Igreja passou a organizar-seatravésdasComunidadesEclesiaisdeBase,frutodonovoimpulsodadoàIgrejapeloConcílioVaticanoII. Durante muito tempo, a ação pastoral em nossa Arquidiocese organizou-seàluzdestaopção,oquefortaleceuadimensãode

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comunidadeinseridanocontextosocial,abraçandoadefesadosmaispobreseaslutaspormaisjustiçaentretodos.Eraumtempodedesrespeitoaosdireitosdapessoahumanaedeinjustiçasocial.Aos poucos, também foram surgindo outras formas de organização eclesial,gerandoconflitosdiversos. Em meio a esses grandes conflitos, iniciou-se uma nova etapa na ação evangelizadora de nossa Igreja Particular. Dom Silvestre, coadjuvadopor seusBisposauxiliaresepor todooclero, convocou a Igreja de Vitória do Espírito Santo, para uma GrandeAvaliação (Grava). Era necessário reorganizar a açãoevangelizadoraàluzdoConcílioVaticanoIIedosdocumentoslatino-americanos que buscavam por em prática os ensinamentos conciliares,comoMedellínePuebla,asorientaçõesSinodaiseasdiretrizesdaConferênciaNacionaldosBisposdoBrasil(CNBB).DaGrandeAvaliaçãosurgiuumdocumentoquedirecionouaação evangelizadora nos últimos vinte anos: Opções e Diretrizes Pastorais da Igreja de Vitória. NesteDocumento,aIgrejadeVitóriadoEspíritoSanto,sedefiniucomo Igreja de Comunhão, Igreja Missionária, Igreja Povo de Deus. Destacaram-se,então,duasopçõesfundamentais:OpçãopreferencialpelosPobreseOpçãoporComunidadesEclesiaisdeBase. Agora,emplenoséculoXXI,nossaArquidioceseexperimen-taoutrosdesafios.Vivemosumamudançadeépoca, chamadapor alguns de pós-moderna, marcada por um acento maior nos interessesedesejosdosindivíduos,masaindamaiscomplexanoaspecto social, provocando uma enorme fragmentação em todos osâmbitosdaexistência. Diantedestesgrandesdesafios,nodiálogoquedevemoses-tabelecer com o mundo e a cultura, levando em conta a realidade internadenossaIgrejaParticular,odesejodeseugovernoanterioreaverificaçãodequeessesdesejoseramreaiseurgentes,decidi,enquanto Arcebispo da Igreja de Vitória, convocar um Sínodo Arqui-diocesano, depois de uma real consulta a todas as áreas pastorais, tendoobtidodelastotalaprovação. Ciente de que um Sínodo Arquidiocesano não seria algo fácil de se realizar, mas que Deus sinalizava para a necessidade desse

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gestodecoragemevangélica,constituíumaComissãoCentralparaconduzirostrabalhossinodais.Apartirdeumapesquisatécnica,como primeira escuta, esta Comissão levou a cabo esse intento, tendo, como base, dos trabalhos sinodais, a própria paróquia e suarededeComunidadesEclesiaisdeBase,comasdemaisforçasvivasdenossaIgrejaparticular. Depoisde trêsanosde sacrifícioseesforços, chegamosaotérmino de nosso Sínodo. Momento conclusivo, mas não um ponto final!Momentoemqueterminaotrabalhosinodale inicia-seapráticasinodal,animadaporumacoordenaçãoarquidiocesana,queajudará toda a Igreja de Vitória do Espírito Santo, a implementar asorientaçõesedecisõessinodais.OtemadoISínodoArquidio-cesano, Caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança, foi umaexperiênciavivanestestrêsúltimosanos.Eledeverácontinuarpautandonossoagirpastoralnospróximosanos,atravésdePlanosde Ação. Damos graças a Deus pelo caminho feito até agora. Depositamos nas mãos da Mãe de Deus e Nossa querida Mãe, venerada entre nóssobdoistítulosquetocamonossocoração:NossaSenhoradaVitóriaeNossaSenhoradaPenha,aMãedemiltítulos!Éemsuas mãos e em seu coração que depositamos nosso trabalho. Suplicamos-lhe que nos ensine a escuta, o acolhimento e a docili-dade ao Espírito, para que caminhemos seguindo, testemunhando eanunciandoseuFilho:JesusCristo.Colocamo-nos,destaforma,como sinal de esperança, a serviço de todos, e, especialmente, dosmaispobres,sejanoníveleconômico,social,culturaleéticodenossasociedadefragmentadaemarcadaportantostiposdesofrimentos. Contribuímos, assim, “para que todos tenham vida e vidaemabundância”(Jo10,10),napráticadoecumenismoeparaque se aplique entre nós o apelo de unidade: “que todos sejam um” (Jo17,21)! Avante!CaminhemosJuntos,naacolhidafraternaenaEs-perança!

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intr

oduç

ãoin

trod

ução

01. A Igreja, Ícone da Trindade (PovodeDeus,CorpodeCristoeTemplodoEspíritoSanto),nosdiferentes lugares onde se encontra e em cada época de sua história, busca sempre anunciar a Palavra, cele-braraEucaristiaeosdemaissacramentosecuidardacaridadefraternaedoserviçoaospobres(DiretrizesdaIgrejadoBrasil,nº60).

02. Na Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo,essestrêsaspectosdenossavocaçãobatismalsão, desde o Concílio Vaticano II, fonte de grande dina-mismoecriatividade.

03. O novo que surgiu entre nós, após o Concílio Vaticano II, despertou muitas esperanças, mas, também resistências, tanto no interior da Igreja – todaela chamadaa viver sua vocaçãobatismal, oque significouummaiorprotagonismodos leigos/as,nem sempre valorizados da mesma forma em todos os âmbitos da Arquidiocese – quanto na relação da Igreja comomundo,queatransformounumavozproféticaemmeioaumasociedademarcadapelascontradiçõeseconômicas,sociaisepolíticasdenossopaísedoslu-garesatingidospornossaaçãopastoralnasdécadasde60 e 70 do século passado.

04. Após a realização da Grande Avalia-ção (Grava),oinfluxo,emnossomeio,doprocessode globalização neoliberal, das mudanças no âmbito da comunicação, com o surgimento da internet, de uma nova cultura urbana e da sociedade pós-moderna, e o valorqueeladáàsubjetividadeeaoindivíduo,aoplura-lismodeopiniõesedecrenças,aorelativismoéticoeà

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tolerânciaaodiferente,surgiramnovosdesafiosànossaexistênciacristãeeclesial.Acentuaram-se,porsuavez,nointeriordenossaIgreja,ascontradiçõesdetectadasnasconclusõesdaGrava,referentesaomodeloeclesial,àoposiçãoentreComunidadesEclesiaisdeBaseeMo-vimentosouentreavisãoclericaleavisãoparticipativada ação pastoral.

05. Em 2003, numa reunião extraordinária do Conselho Pastoral da Arquidiocese de Vitória do Es-pírito Santo, iniciou-se a discussão sobre a realização de um Sínodo Arquidiocesano, para avaliar o modo como a IgrejaParticulardeVitóriadoEspíritoSantoevangeliza,peranteosnovosdesafiosqueseapresentam.Adiscussãofoi retomada pelo mesmo Conselho, em 2004, e estudada na Assembléia Arquidiocesana, em setembro de 2005. Uma dúvida, porém, instalou-se entre os membros da Assembléia. Alguns defendiam a realização de uma nova GrandeAvaliação(Grava),poisomodeloadotado lhespareciamaisfielàpráticaeclesialdaIgrejadeVitóriadoEspírito Santo. Outros pensavam que era importante a realização de um Sínodo no momento de crise e cansaço presentes nas forças vivas da Arquidiocese, oferecendo-lhes uma oportunidade de aprofundarem e renovarem seu compromisso cristão. Ampliou-se, então, a consulta àsáreaspastorais,aosreligiosos,aocleroeaos leigose convocou-se o Primeiro Sínodo Arquidiocesano, em 20/03/06.

06. Em 17/11/06, o Primeiro Sínodo Arquidiocesano foi oficialmente abertonaSoleneEucaristiacelebradanaCatedral com a presença de todo o clero e 1.740 sinodais. Na Primeira Sessão Sinodal, ocorrida no dia seguinte, foi

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apresentada e estudada a metodologia, além de ter sidoaprovadooRegimentoInternodoPrimeiroSínodoArquidiocesano. O método escolhido – o do Ver, Julgar e Agir – foi assumido da seguinte forma: cada Sessão Temáticaouviuasbases,ampliandooverdapesquisa–escutafeitaapartirdeumtextoelaboradopelaCo-missãoencarregadadecadatemática.EstaescutafoisintetizadanosConselhosParoquiais,transformadosemConselhosSinodais,eenviadaàComissãodeSecretariaque, juntocomaComissãodeRedação,sistematizouoresultadoeoapresentounasSessõesSinodaispro-priamente ditas. À luz desse material e do aprofunda-mento teológico-pastoral, feito em cada Sessão, foram propostasalgumasorientaçõesparaaaçãopastoraldaArquidiocese, em todos os níveis. 07. Foram realizadas seis Sessões sinodais e uma Assembleia conclusiva na qual este documento foisubmetidoaapreciação.Nodecorrerdesteproces-so,nossaIgrejaenriqueceu-secomtextosimportantesoriundosdoMagistérioPontifício,doSínododosBis-pos, ocorrido em 2008, da Conferência do Episcopado Latino-AmericanoemAparecida,realizadaem2007,edas novas Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil,aprovadaspelaCNBB,em2008.AlgunsdostextosjáiluminaramareflexãodeváriasSessõesdoPrimeiro Sínodo Arquidiocesano, e, neste Documento Final, nos ajudarão também a repensar nosso peregrinar enquantodiscípulosemissionáriosdeJesusCristonaIgreja de Vitória do Espírito Santo.

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Primeira Parte

ververIntrodução

08. O primeiro “olhar” do Primeiro Sínodo Arquidiocesano foi feito atravésdepesquisacientíficaqueouviu,quantitativamenteeporamostragem,apopulaçãoquecompõeaArquidiocesedeVitória do Espírito Santo. Dela, obteve-se uma visão panorâmica decomoaIgrejaCatólicaévistapelosquedelaparticipamativa-mente, pelos que a ela pertencem somente por tradição, pelos quedelasaíramparaentraremoutrasdenominaçõesreligiosas,pelos que não aderem a nenhum grupo religioso. Simultane-amenteàpesquisaquantitativa, foi realizadaumapesquisaqualitativacomoobjetivodeidentificarasexplicaçõessobrearealidadedescrita.Foielaquesuscitouaescolhadastemáticasa serem aprofundadas durante o período sinodal: Celebração Eucarística,Acolhimento,Família,DesenvolvimentoSustentá-vel, Segurança Pública, Missão da Igreja, Catequese, Pastorais, Reciclagemde lixo,MovimentoseAssociações.Astemáticaspropostas,aovoltaremparaascomunidades,emformadetextode estudo, e, pedagogicamente organizadas em torno de temas queas continham,proporcionaramumaprofundamentodoprimeiroolhar,nãomaiscomorigorcientífico,masapartirdasrespostasedaspropostasqueosgruposorganizados,apartirdas paróquias, desenvolveram, tendo em vista a vivência em suasrealidades.Sãoesses“olhares”,sobperspectivasepontosde vista diversos, que descrevem a realidade da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo.

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O olhar externo09. A Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo é composta por 15

municípios:AfonsoClaudio,AlfredoChaves,Anchieta,Breje-tuba,DomingosMartins,Fundão,Guarapari,Cariacica,Mare-chalFloriano,SantaLeopoldina,SantaMariadeJetibá,Serra,Viana, Vila Velha e Vitória. A população destes municípios é de1.744.622.SetedelescompõemaRegiãoMetropolitanadaGrandeVitória,reunindo45%dapopulaçãodonossoEstado,emapenas5%deseuterritório.Aconcentraçãoeconômicaepopulacionalreúne,também,àsuavoltaumasériedecarências,como:sistemadetransportedeficiente,problemasdemoradia,saúdeesegurança.AGrandeVitóriaéopólodeconcentraçãodasdecisõespolíticasedosgrandesnegócios, enquantoasoutrasregiõestêmaagricultura,acafeicultura,aolericultura,aavicultura e o turismo como principais fontes para a economia eparaodesenvolvimento.Aproporçãode faixade rendaéequiparadaemtodasasregiões,sendo39a41%apopulaçãoqueganhaatédoissalários,34a35%dedoisacincosalários,15a17%decincoa10salários,7%de10a20salários,e,3%acima de 20 salários.

10. Alto índice de pobreza, desemprego, famílias desestruturadas, insegurançaemedosãorealidadescomunsqueatingemgran-de parte da população marcada por violência, assassinatos e crimes não resolvidos.

11.Frutodeumprocessosocialqueexclui,ummodeloeconômicoquemarginalizaedainexistênciadeumsistemadevalores,avida foi banalizada. A cada dia surgem novas formas de desres-peito, enfraquecimento e descarte, do mais pobre e indefeso, e cultiva-seumcomportamentoapontodetransformaraculturade um povo, em cultura de morte.

12.Omodelode famíliacristãestáemcrise.Asubjetividade,a

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individualidade,odesejo,o corpo,oprazerexacerbadoeapreocupação em viver o momento presente, afetam, profun-damente,asrelaçõesfamiliares.Osnovosarranjosabalamaestrutura tradicional e suscitam nas pastorais um grande desejo debuscarsoluçõesdeinclusão.

13.As novas configurações familiares deixamos católicos emdúvida sobre princípios fundamentais da doutrina e da fé. A desestruturação das famílias preocupa, pois, dela surgem a perdadevalores,decrençasedepadrõesderelacionamentoeaperdadereferenciaisparaosfilhos.OscasaisemsegundauniãoeosseparadosafirmamqueaIgrejanãoosacolhecomogostariam.

14.NapopulaçãoquecompõeaArquidiocesedeVitóriadoEspíritoSanto,existeumafortebuscaporumareligião.Nela,aspessoasprocuram:segurança,direçãoesentidoparaosdesafioseins-tabilidadesdaprópriaexistência,taiscomomedoseangústias.Areligião,entendidacomoaIgreja–édefinidacomoeloentreo humano e o divino.

15.Umacaracterísticadestabuscareligiosaéotrânsitodeumareligião para outra. Muitas pessoas frequentam várias Igrejas ao mesmo tempo, e, principalmente, os jovens transitam entre elassemcriarlaçosdepertença,alegandoconstruirconvicçõesprópriasapartirdeelementospositivosquedizemencontrarem todas.

16.52,8%doscatólicosfrequentamareligiãoportradiçãofamiliar,enquanto os protestantes, em sua maioria, por vontade própria. AexceçãoéaRegiãoSerranaonde,também,osprotestantesosão por tradição. Entre a população mais jovem e com grau de instrução mais elevado, há uma tendência a aumentar o número quepertenceàreligiãoporopção.

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17.Osmotivospelosquaisoscatólicosseafastamdocatolicismosão:aIgrejaCatólicanãosuscitaoencantamentodosfiéis;afalta de opção pessoal; a busca por um grupo que responda aos anseios de conforto e paz de espírito e a falta de acolhimento. Osfiéis,commaiorfaixaetáriaeosquetêmmenorgraudeinstrução, consideram o conservadorismo da doutrina da Igreja comoresponsávelpelaperdadefiéis.

18.Osprincipaismotivosqueestimulamotrânsitoreligiososãoa falta de acolhimento na Igreja Católica – embora os que fre-quentamacomunidadedizemqueexisteacolhimento–efaltade compromisso com a fé. Os mesmos aspetos são apontados como os que mais atraem nas outras Igrejas. A troca de religião éinfluenciadapelafamília,emprimeirolugar,seguidadeamigose namorado ou cônjuge.

19.Aspercepçõesdo“olhar”acimadescritas,podemsercom-preendidasno contextomaiordoBrasil e domundo,queassume cada vez mais características semelhantes. As Di-retrizesdaCNBB2008-2010apresentamasociedadecomofragmentada quanto aos referenciais de sentido, o que leva a relativizar os valores. O resultado desta mudança de época são pessoas frustradas, ansiosas e angustiadas. O mesmo documentofaladoesvaziamentodastradiçõesrelacionadasà família,àsolidariedadeeaomeioambiente.Predominaa busca da satisfação imediata. Cada um sente-se dono das própriasdecisões.Rejeita-seaéticaegera-seumclimadepermissividade.Adimensãoeconômicasobrepõe-seàsou-trasdimensõesdavidahumanaeascondiciona.Privilegia-seo lucro, estimula-se a concorrência e aumenta a dinâmica da concentração de renda em mãos de poucos, a tal ponto queospobres,alémdeexplorados,tornam-sedescartáveisparaosistema.Reinaaidolatriadodinheiro,aideologiain-dividualista e utilitarista, a falta de respeito pela dignidade

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da pessoa, a deterioração do tecido social, a corrupção na esfera pública, o tráfico de drogas, de armas e de pessoas, os paraísos fiscais e a lavagem de dinheiro. O individualis-mo alastrou-se no campo religioso. As pessoas escolhem as crenças, os ritos, as normas que agradam, subjetivamente, e as práticas esotéricas, construindo um mosaico com frag-mentosdedoutrinasepráticasdeváriasreligiões,recusandoa adesão a qualquer instituição religiosa. Ao mesmo tempo, o documento mostra pessoas que buscam o valor da liber-dade,daexperiência,daconsciênciaedosentidodavida.SegundoasDiretrizesdaCNBB“ésobreestesvaloresqueatradição cristã pode ser retomada”.

Olhar interno20. A pesquisa técnica realizada na Arquidiocese de Vitória do

Espírito Santo e a escuta feita nas comunidades demonstram umainsatisfaçãoemrelaçãoàscelebrações.Muitosambienteslitúrgicosnão favorecemaoraçãoemuitas celebrações sãorealizadassemcriatividade,tornando-semecânicas,longasefrias,compoucaparticipaçãodaspessoas.Osjovensquefre-quentam diversas Igrejas em busca de propostas que atendam a seus anseios, gostariam de ser “atores” na celebração.

21. Muitas vezes a celebração dos sacramentos transforma-se em meroeventosocial;contudo,grandepartedosfiéisvivecommuita fé esses momentos. O Sacramento da Penitência tem ficadoemplano secundário, emdetrimentodeumamaiorvalorizaçãodaCelebraçãodaReconciliaçãoComunitária.

22.Acomunidadeéinfluenciadapelaespiritualidadedopadre,e,sente necessidade de sua presença mais constante e intensa nodiaadia.Grandepercentualdosfiéisindicoucomoaspectonegativoafaltadedisponibilidadedospadresnascomunidadeseadificuldadedeencontrá-losparaconversareconfessar.

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23.Asdevoçõeseapiedadepopular sãomuitovivenciadasetodas as iniciativas para incentivá-las crescem e têm boa aceitação: Adoração ao Santíssimo, procissões, novenas,vigílias, bênçãos, etc.

24. A acolhida é percebida de maneiras diferentes. Os católicos que seafastaramdaIgrejacolocam,comoumdosprincipaismotivosparaseuafastamento,afaltadeacolhimento.Jáosparticipan-tes, que são membros de equipes, consideram o acolhimento bom, embora não o apontem como ponto forte.

25. O diálogo é visto como essencial para a vivência da comunidade eseutestemunho,masaindanãoexistematuridadeentreaslideranças para que momentos de crise sejam resolvidos através do diálogo.

26.Muitas iniciativasexpressamavontadedeevangelizare sãolembradas como momentos importantes de missão: os círculos bíblicos, a Campanha da Fraternidade, a Infância Missionária, odiálogocomasIgrejashistóricas(ecumenismo).

27.Avivênciacomunitárianãoseexpressanotrabalhomissionário,que não descobriu a metodologia e a linguagem para evangelizar as novas realidades: a lógica urbana, a juventude, as pessoas emsituaçõesespeciais,osidosos,aspessoascomdeficiência,os doentes, os momentos de sofrimento e de alegria, etc.

28. A responsabilidade da evangelização ainda é muito atribuída aopadre.Existeumaconsciênciadavocaçãobatismal,porparte daqueles que exercem algumministério, contudo,há necessidade de maior consciência de que evangelizar é missão de todos.

29. As lideranças dizem-se sobrecarregadas e cansadas, sem condi-

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çõesdeenfrentarosdesafiosdanovarealidadesocial,culturale religiosa.

30.Está surgindoumanova concepçãodeministérionosmovi-mentos,quevalorizamahierarquia,mastêmdificuldadedeseadaptaràestruturaeàexperiêncianasComunidadesEclesiais,bemcomoàestruturadeorganizaçãopastoraldasparóquias,áreas e Diocese.

31.AformaçãoemtodososníveiséanecessidadegritantequeecoouduranteoPrimeiroSínodoArquidiocesano.AsformaçõesoferecidaspeloInstitutodeFilosofiaeTeologiadaArquidiocesedeVitóriadoEspíritoSanto (IFTAV), InstitutodePastoraldaArquidiocesedeVitória(IPAV), InstitutoPastoralCatequético(IPAC)eváriosgrupos,movimentos, associaçõesepastoraissãopoucoconhecidasenãosatisfazemademandainsistenteeatual.Édefundamentalimportânciaumaformaçãoparaoministérioordenadoquesejaeficiente,eficazesistemática,comuma equipe de formação preparada, acompanhamento pessoal ecomunitáriodosformandos,incentivodaspotencialidadeseaestruturaçãodeumaPastoralVocacional, intensificandoasdimensõesformativasemseuaspectohumano-afetivo,comu-nitário, espiritual e intelectual.

32.Existebaixaparticipaçãodoscatólicosnasatividadesdesenvol-vidaspelaIgreja.Destaca-se,porém,aparticipaçãodoscatólicosemRomarias.Entreosqueparticipamcommais frequênciaestão as mulheres, os casais em primeira união e os viúvos, sendoqueaparticipaçãoaumentanamedidaemqueaumentaafaixaetária.

33.Entreoscatólicospraticantes,oquemenosagradanaIgrejaéa“fofoca”dentrodoambienteeclesial,ademoranascelebraçõeseofalarsobreapolíticaduranteascelebrações.

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34.Paraoscatólicos,apráticareligiosainfluencianavidasocial,familiareprofissional,mastemmenorinfluêncianavidafinan-ceira,sexualepolítica.AinfluênciadaIgrejaémaiornavidadepessoas com grau de instrução mais elevado.

35.NasSessõesSinodaispercebeu-se,demaneira,oravelada,oraexplícita,váriasformasdeconflitonoexercíciodaautoridadenaIgreja,algoquenãofoisuperadodesdeaGrandeAvaliação(Grava)equesetorna,cadavezmais,recorrentenasdiferentesformas de autoritarismo e clericalismo.

36.NasSessõesSinodais,constatou-se,ainda,umainsatisfaçãocom a forma de organização da ação pastoral da Arquidio-cese, pensada a partir das Dimensões. Esta insatisfaçãoencontra-se também nas Diretrizes da Igreja do Brasil, que propõemcomosoluçãoaconversãodasestruturasdaIgreja,conversãoqueexigemudançadeumapastoraldeconser-vação para uma pastoral decididamente missionária, que estimula e inspira:

a) atitudeseiniciativasdeautoavaliação; b) coragem de mudar várias estruturas pastorais em todos os

níveis,serviços,organismos,movimentoseassociações.

Olhares de quem já pertenceu à Igreja37.PontosconsideradosfortesdentrodaIgrejaCatólicaporaqueles

que dela seafastaram:asnormasnãosãoimpostas;existempráticas de aceitação; congregadiversos segmentos socio-econômicos; o trabalho social da Igreja com os mais carentes e necessitados. No imaginário social e religioso, o Papa e os padressãolembradoscomoaquelesquedevemserexemplodevida.Aospadreséatribuídaacapacidadedeaproximarouafugentarosfiéis.Paramuitos,ofatodeospadresnãoseremcasadosdificultaacompreensãoeaajudanasoluçãodealgunsproblemas.

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38.PontosconsideradosfracosdentrodaIgrejaCatólicaporaquelesque dela se afastaram: uma percepção de que a Igreja é rígida em seu pensamento e os representantes da Igreja são muito distantesdopovo.Hápoucaparticipaçãodosfiéisnas cele-brações.Osjovensmanifestaramodesejode“estarnopalco”(presbitério).Paraalguns,háoentendimentodequeaIgrejatem um grande acúmulo de riquezas. Constata-se também que hápoucavalorizaçãodaleituradaBíblianascelebrações.Umacríticapermanenterefere-seaopoucoacolhimentodosfiéisevisitantes.Háumdiscursorepetitivo,desatualizadoefechadopor parte de muitos padres e ministros. O ritual litúrgico é me-cânico e frio. As homilias são impessoais e genéricas.

Conclusão geral do Ver39.O“ver”doprocessosinodalproporcionouoreconhecimento

da riqueza do caminho percorrido; a percepção da insegurança edafaltadecriatividadenaevangelizaçãoperanteosdesafiosatuaisedodesejoqueexisteemfazeralgonovo.Esteverarea-lidadecontinuasendomuitoimportanteapósoPrimeiroSínodoArquidiocesano, pois o mundo vive em permanente mudança eaIgreja,paraserfielàsuamissão,deverá,continuamente,buscar compreender melhor a situação na qual se encontra para seguir, testemunhar e anunciar o Evangelho da vida e da esperançaaserviçodoReino.

20 Documento Conclusivo do I Sínodo Arquidiocesano de Vitória do Espírito Santo

Segunda Parte

julgarjulgar

Introdução40. Nosso olhar sobre o mundo e sobre a realidade da Igreja de

VitóriadoEspíritoSantonecessitasempreserrelidoàluzdaPalavra de Deus e de sua reinterpretação pela Tradição da Igreja. Trata-se de um aprofundamento teológico da realidade para iluminar, hoje, nosso agir enquanto cristãos. Essa releitura foi enriquecida com o aporte do Documento de Aparecida e sua retomada pelas Diretrizes para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil de 2008 a 2010. Retomamos,aseguir,seusprincipaiselementosnoquediz respeitoà temáticageraldoPrimeiroSínodoArquidiocesano,àsquestõesdasdistintasSessõesTe-máticas,sobretudoasreferentesàformação.

1. LeiturateológicadatemáticageraldoPrimeiroSínodoArquidiocesano

41. O lema geral do Primeiro Sínodo Arquidiocesano, Caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança, recorda-nos aspectos fundamentais de nossa vida cristã e eclesial. A ideia que subjaz a este tema retoma, de forma resumida e densa, astrêsimagenscomasquaisoConcílioVaticanoIInosdizoque é a Igreja: povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do EspíritoSanto(Lumen Gentium).

42. De fato, a imagem do Povo de Deusreenvia-nosaumaexpe-riência comaqualnos identificamosenquanto Igreja: adacaminhadaouperegrinação.Essaexperiênciaé constitutiva

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naformaçãodopovoeleitonoAntigoTestamento.Todaasuahistória é um constante pôr-se a caminho. Desde a escravidão noEgito,rumoàterraprometida,tãobemrelatadanolivrodoÊxodo,passandodaestabilidadedaterraprometidaaoexílio,emNínive,paraoreinodeIsrael,comoapareceemIIRs17,ounaBabilônia,paraoreinodeJudá,comonarraIIRs24-25,como consequente retorno, como relata Esd 1-2.

43.EssaimagemdopovoescolhidoereunidoporDeus,comoqualEle faz uma aliança, que vive num constante peregrinar, também fazpartedadinâmicainauguradaporJesus,quechamadiscí-pulosparaOseguirem(Mc1,16-20),formandocomelesumaComunidade, a Igreja, Novo Povo de Deus. Deste Novo Povo de Deus, fazem parte não só os judeus, mas todos aqueles que escutamsuavozeaderem,pelobatismo,aoseuestilodevida,tornando-seservidoresdoReinodefinitivo:ReinodeJustiça,Paz, Fraternidade e Vida abundante.

44.NossaIgreja,sempreseidentificoucomestaimagemdocami-nhar juntos como Povo de Deus, sinal de fé, esperança e carida-dequesepodepercebernosfiéis,que,movidospelafé,fazemRomariaseProcissões,ounaspastorais,queredescobriramaforçaproféticaqueessecaminhar juntospode ter, também,quandosepõemaserviçodosmovimentossociais,quelutampor uma sociedade mais justa e solidária, ou, em movimentos e grupos que percebem a importância do caminhar juntos numa sociedade cada vez mais individualista e egoísta.

45.OtextodoConcílioVaticanoIIquepropôsessaimagemparapensaraIgreja,compreendeu-aàluzdafénoDeusTrindade,associando-a ao Pai, Fonte da Divindade, do qual tudo procede e para o qual tudo converge. Quem nos chama, então, a caminhar juntos é o Pai. Ele o faz porque, com o Filho e o Espírito Santo, formam uma Comunidade de Amor, a Comunidade Trinitária,

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que é a Melhor Comunidade e o Modelo de Vida, felicidade e plenitude que Ele pensou para a humanidade e para o qual a chama. O tema do Primeiro Sínodo Arquidiocesano, convida-nos a acolher este chamado do Pai para sermos Povo de Deus, quecaminharumoàPátriaprometida,Elemesmo,edaqualnosquerfazerparticipantes.

46.AsegundaimagemutilizadapeloConcílioVaticanoII,paradefinira Igreja, é a do Corpo de Cristo. Ela foi elaborada, sobretudo, pelo ApóstoloPaulo,parafalardauniãodosfiéisentresiecomoseuSenhor(ICor12;Rm12,5).EstauniãosedápelaaçãodoEspíritoSantoeévivida,sacramentalmente,noBatismo(ICor12,13)enaEucaristia(ICor10,16-18).Trata-sedeumauniãonadiferença,sen-doque,cadaumparticipa,comosdonsquepossui,paraobemeoenriquecimentodetodos(ICor12,12-31).CristoéaCabeçadesseCorpo, o Princípio, o Primogênito, dentre os mortos, tendo, em tudo,aprimazia(Col1,15-18).EleencheseuCorpodasriquezasdesuaglória(Ef1,18-23).Chamaaosqueocompõemaconformar-seaEle.Torna-os,Nele,filhos/as.Insere-osnosmistériosdeSuavida,morrendoeressuscitandocomEle(Fl3,21),atéqueelessejamformadosNele(Gal4,19).Estaadesão,implicaassumirasopçõesqueforamasdeCristo,ouseja,abraçarautopiadoReino,noser-viço aos mais pobres, no acolhimento aos pecadores, na defesa da vida,e,nalutacontratodasasformasdemaleseinjustiças,tendooPaicomocentrodenossaexistência.

47. A imagem da Igreja como Corpo de Cristo, marcou igualmente

a compreensão que a comunidade cristã tem de si. De fato, não somos apenas, chamados a caminhar juntos, enquanto Povo de Deus, mas, a fazê-lo numa relação de profunda unidade e inter-dependência. A referência ao corpo, com seus vários membros, tendo a cabeça como fonte de onde emana toda a ação, indica como isso deve ser vivido. Cristo é nossa referência maior. Na Trindade, Ele é o Filho amado, eternamente gerado pelo Pai,

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porquemtudo foi feito,enviadocomoRedentoreSalvadordos seres humanos, tornando-se, por isso, o Caminho que os reconduzàTrindade.Nós,membrosdeSeucorpo,dependemosDele, mas também uns dos outros.

48. A centralidade de Cristo, na vida cristã, faz-se notar nas Escri-turas, na Liturgia, na Oração, nos Sacramentos, na Comunida-de, na Catequese, nas Pastorais, em todo o ato de devoção e piedade,enapráticadajustiçaedacaridade(Mt25,25-41).Maria,mãedeJesuseosSantos,nãoocupamemnossaféolugardeJesusCristoqueéo“únicoMediadorentreDeuseoshomens”(ITm2,5-6).Elessãomodelosdesantidadeevirtude,em quem reconhecemos, enquanto membros do Corpo de Cristo, a possibilidade de viver o que Ele viveu e nos ensinou.

49. O Documento de Aparecida resgata esta centralidade cristológica de nossa fé, de uma forma bastante dinâmica. Somos discípulos-missionários, ou seja, nossa vida é determinada por um encontro vivocomJesusCristo,encontroquenoslevaaumamudançaouconversão radical, que, por sua vez, é alimentada no discipulado esetraduznumaexistênciadecomunhãoedemissãoaserviçodoReino.AsDiretrizes para a ação evangelizadora da Igreja do Brasil 2008-2010, retomam estes elementos, quando dizem que aaçãoevangelizadoratemcomoexigênciasintrínsecasoserviço,odiálogo,oanúncioeotestemunhodecomunhão,especificandoos âmbitos onde isso se dá: Pessoa, Comunidade e Sociedade.

50. No lema geral do Primeiro Sínodo Arquidiocesano, essa refe-rência ao Cristo é fundamental, pois nosso desejo de caminhar juntos,naacolhidafraternaenaesperança,sóaconteceàluzdoqueEleviveucomseusdiscípulosemsuaexistênciaterrestreeàluzdoqueelesbuscaramviverdepoisdesuaressurreição.ÉporEle,comEleeNelequeseucorpoperegrinobuscadarsentidoàexistênciadosqueocompõem,sendoassim,emcada

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época e lugar, sinal do Amor de Deus no mundo, testemunha da Comunhão Divina e Sinal de Esperança.

51. A última imagem adotada pelo Concílio Vaticano II para compreender a Igreja é a de Templo do Espírito Santo. A re-laçãoentreDeus,Jesus,oEspíritoSantoeaIgrejaestámuitoarraigadanostextosdoNovoTestamento,nosquaisJesusaparece,apósobatismodeJoão,comocheiodoEspíritooumovidoporEle(Mt3,16;4,1;Lc4,14).Apóssuaressurreição,um dos primeiros dons que Ele comunica aos discípulos é o Espírito(Jo20,22),queéderramadoemprofusãosobreaprimeiracomunidadeemPentecostes(At2,1-12),tirando-ado temor e lançando-a ao anúncio doMistério Pascal (At2,14-41)eàmissãoentrejudeusepagãos.OEspíritorecor-daaosdiscípulostudooquedisseefezJesus(Jo16,12-15),sendoparaelesoadvogado.ÉNeleque,peloBatismo,nas-cemosdenovoparaDeus(Jo3,5-8)erecebemosoEspíritoda adoção e da liberdade filiais, que nos torna capazes de chamar a Deus de Abbá,Pai!(Rm8,14-17).ÉEle,igualmente,que comunica a cada membro do Corpo de Cristo, os dons e ministérios que contribuem na edificação desse mesmo corpoparaobemdetodos(ICor12,4-11).

52. Em Deus, o Espírito é o elo que une na plena comunhão Pai

e Filho, tornando-os uma comunidade de amor, capazes de se acolherem na diferença, sem que isso implique perda ou confusãodeidentidades(oPaipermanecePaieoFilho,Filho).ÉEletambémquefaztransbordaresseamorinfinitoentrePaieFilho,naobradacriaçãoedasalvação.Elenosfazpartícipesdacriação,comodomdavidaedasalvação,aoconfigurar-nosaoFilho,pelobatismo, incorporando-nosna Igrejaedando-nosumaVidaNova.ÉoEspíritoaindaqueatualiza, atravésdo anúncio da Palavra, da Celebração Litúrgica, da oração, dos Sacramentos,dotestemunhodevidaedoserviçodajustiçae

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dacaridade,apresençadoRessuscitadoemseucorpoperegri-no.ÉEle,enfim,quesuscitaaousadiaeacoragemproféticasparadenunciarasinjustiças,omaleopecado,elevaraIgrejaàsolidariedadecomospobresehumilhados.

53.OlemageraldoPrimeiroSínodoArquidiocesanoécaminharjun-

tosnaacolhidafraternaenaesperança.ÉoPaiquemnoschamaàessacaminhada,oFilhoéquemnosdáasreferênciasdecomoeladeveser,e,oEspíritoéquemnosanima,motivaedinamiza,com o “fogo do seu amor”. A Igreja é convidada a viver a aventura dospassosdadosjuntos,noacolhimentomútuo,norespeitoàsdiferenças, na busca por construir comunidades que sejam o re-flexodacomunidadeTrinitária.Sóassimseremosesperançaparaos que vivem na solidão, no desespero, fechados em seu egoísmo ouabandonadosàprópriasortepelosistemaqueexclui,exploraedesrespeitaavidaeadignidadedoserhumano.ÉElequem,constantemente, “renova a face da terra”.

54. Essas três imagens, além de iluminar nosso caminhar juntos na

acolhida fraterna e na esperança, nos revelam o Mistério mesmo daIgreja.Elasresgatamavocaçãobatismaldetodososcristãos,mostrandosuaigualdignidadeemissãoeseucomumapeloàsantidade.Defato,énoseiodestacompreensãodaIgrejacomopovo de Deus, corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo que oConcílioVaticano IIdefineo lugareopapeldosministrosordenados (bispos, presbíterosediáconos), dos leigos,dosreligiosos e leigos consagrados no seio da comunidade eclesial. Todos, hierarquia, laicato e vida religiosa, são chamados a viver asdimensõessacerdotal,proféticaerealdobatismo,edificandoaIgrejaetornando-atestemunhaeservidoradoReino.

2. LeiturateológicadecadaSessãoTemáticadoPrimeiroSínodo Arquidiocesano

55. A compreensão do tema geral do Primeiro Sínodo Arquidioce-

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sano que propusemos nos guiará na releitura teológica das seis SessõesTemáticas.

a) ACelebraçãodoMistérioPascal56. O Deus Trindade é o fundamento da vida cristã. Quem O revelou,

comoMistériodeComunhãoeAmorecomosentidoerazãodaexistênciahumana,foiJesusdeNazaré,aceitoapóssuaMorteeRessurreiçãocomoCristo,SenhoreFilhodeDeus.Porisso,aCo-munidade Cristã, desde os primórdios, viu Nele não só o Caminho para se conhecer e se chegar a Deus, mas também o Caminho para se conhecer e se chegar a ser plenamente humano. A vida inteira do Nazareno é referência para a fé cristã, mas o mistério desuaMorteeRessurreiçãosemprefoivistocomoasíntesedetodasuaexistência,tantonapregaçãodosdiscípulos,queoriginal-menteanunciavamqueoCrucificadohaviaressuscitado,quantonascelebrações,quetinhamcomopontodepartidaamemóriadesse Mistério. Ao longo da história da Igreja, o Mistério Pascal permaneceucomocentrodapregação,dasLiturgias,dasorações,do agir e do compromisso dos cristãos.

57.Na Igreja,umlugar importanteéreservadoàsCelebrações.AsliturgiassãoaçõespelasquaisosfiéislouvameagradecemaDeusporseuagirsalvíficoembenefíciodelesoulheapresentampedidospor suas inúmeras necessidades. O Deus Trindade é a referência últimadessasliturgias,masoMistérioPascaldoCristo,FilhoúnicodeDeus,continuasendoseucentroefundamento.Énamemóriadesse Mistério que a Comunidade apresenta seu louvor, sua ação de graças e sua súplica ao Deus uno e Trino.

58. O Concílio Vaticano II, na Sacrosanctum Concilium (SC),rei-tera a centralidade do Mistério Pascal de Cristo celebrado na liturgia, que é “a fonte de onde brota toda a força da Igreja eocumeparaoqualconvergetodaasuaação”(SC10).OConcílio convida, por isso, a Igreja a uma liturgia orante,

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acolhedora, missionária e consciente do Mistério celebrado, tantoemsuaforma,quantoemseuconteúdo(SC11).Paraque isso ocorra, o Concílio pede uma maior formação litúrgica paraosfiéiseparaseuspastores(SC14).

59.FazempartedaliturgiadaIgrejaosSacramentos,asCelebraçõesdaPalavra,aLiturgiadasHoras,asExéquias,osSacramentaiseaPiedadePopular.Emtodasestasexpressõesdocultocristão,oDeusTrindade é invocado e o Mistério de Cristo rememorado. Entre os sacramentos, a Eucaristia ocupa um lugar eminente. Ela celebra o “mistériodafé”(ITm3,9.16),omemorialdaMorteeRessurreiçãodoSenhor,atésuavolta(ICor11,26),aCeiaeosacrifíciodoSenhor(Lc22,14ss).Nela,somosconvidadosaoserviçoaos irmãos(Jo13,1-17),àpartilha(At2,42ss)e,areconhecer,nafraçãodoPão,oCristodoando-seanós(Lc24,30-31).QuemparticipadaEuca-rístia(=açãodegraças)échamadoaumaexistênciaeucarística,ouseja,viveragradecido,doando-seaopróximocomoserviçoeentrega,talqualofezJesus.AoparticipardaSagradaEucaristia,pela escuta da Palavra e pela comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo,ofielsente-secomprometidoatestemunharnodiaadiaaquiloqueeleé,“cristão”!(=outroCristo).Nessesentido,podemosrepetircomoosPadresdaIgreja:“aEucaristiafazaIgrejaeaIgrejafazaEucaristia”.Porisso,asCelebraçõesEucarísticas,sobretudoascelebradasaodomingo(=diadoSenhorepáscoasemanaldoscristãos),expressamomotivomaisprofundodenossojúbilo:aglóriadeDeuseasantificaçãodoserhumano.Comofestadosbatizados,eladeveenvolvertodososfiéis,cadaumcomseumi-nistério, ajudando a formar o Corpo cuja Cabeça é o Cristo, numa participaçãoativa,conscientee frutuosadetodaaassembleiareunida(SC11).

60.NasCelebraçõesEucarísticas,amesadaPalavraprecedeàmesadaEucaristia.NaprimeiramesaaescutadaPalavradeDeusédesuma importância. Esta escuta é fundamental, pois, por ela o que

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Deusfalououtrora,tantonoAntigocomonoNovoTestamento,torna-se Palavra dirigida, no momento de sua proclamação, para aquelequeaouve,convidando-oàconversãoedandosentidoàsuaexistência.EssaimportânciadaPalavradeDeusfoimuitovalorizadanostextosconciliaresenomaisrecenteSínododosBispos (2008).Muitascomunidades,porausênciadeministroordenadonãopodem,porém,celebraraEucaristianodomingo.Mesmoassim,elasnãodeixamdesereuniraoredordaPalavra,sobapresidênciadeministros leigos,santificandoodomingo,construindoComunidade,garantindoaevangelização.Emgeral,nelas também é distribuído o Corpo do Senhor.

61. Os demais Sacramentos (Batismo, Crisma, Reconciliação,UnçãodosEnfermos,OrdemeMatrimônio),tambémcele-bramamemóriadaPaixão,MorteeRessurreiçãodoCristo.O Batismo faz parte dos sacramentos de iniciação cristã (juntamentecomaCrismaeaEucaristia).Porele,ofielélibertodospecados,configuradoàMorteeRessurreiçãodeCristo(revestindo-seDele)etornadomembrodaIgreja.NaCrisma, o fiel confirma sua fé e, pela unção do Espírito Santo, assume mais conscientemente os três aspectos constitutivos desuavocaçãobatismal(sacerdotal,proféticoereal).PelaReconciliação,ofielpodeexperimentardenovooperdãoea misericórdia do Deus Trindade. A Unção dos Enfermos con-figura aquele que sofre ao Mistério Pascal de Cristo, dando-lhe a certeza de que Deus não o abandona no momento de dor. A Ordem unge os que são constituídos ministros para o serviço da Igreja. O Matrimônio celebra o amor entre um homem e uma mulher como sacramento da entrega de Cristo pela sua Igreja.

62. O Ofício Divino ou Liturgia das Horas é a oração que acompa-nhaoritmodiárioecotidianodotempo,fazendomemóriadosgrandesacontecimentosdaSalvaçãonavidadopovo.Ocântico

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dossalmoseaescutadaPalavralevamàsantificaçãodotempo.OrecenteSínododosBispos,colocandoemevidênciaaimpor-tânciadaPalavra,estimulaofielparaquefaçadiariamente,aLectioDivina,leituraorantedaBíblia:

w Invocar o Espírito Santo; wLerparaentenderosentidodotexto; wMeditarparaatualizarosentidodotexto; w Oração: conversa com Deus; w Contemplar para saborear a amizade com Deus.

63.OsSacramentaissãosinaissagradosinstituídospelaIgreja.Pormeiodeles,sãosantificadasalgumascircunstânciasespeciaisdavidaoucertosobjetosúteisàspessoas.Osmaiscomunssão as Bênçãos, as Exéquias, as Consagrações, as Dedicações de Objetos ao Culto etc. Além destes sinais, a piedade popular criou,aolongodosséculos,muitasexpressõesquemanifestamsua fé, como a veneração de relíquias, as visitas a santuários, as promessas, as procissões, o rosário, as novenas, as medalhas, o culto aos santos e, sobretudo, a devoção à Virgem Maria. TodosessessinaiseexpressõessãotambémreferidosaoMis-tério Pascal do Cristo, embora nem sempre isso apareça de formatãoexplícita.Numtrabalhopedagógico,deformaçãodaconsciênciareligiosadosfiéis,aIgreja,nãosóosacolheu,mas,buscou mostrar sua relação com o Mistério Pascal de Cristo.

b) A Igreja acolhedora, missionária e aberta ao diálogo64.DeuséComunhão(=koinonia)entrePaieFilho,noEspíritoSanto.

OamorqueexisteNele,baseadonoacolhimentoenaabertura,é o que funda esta comunhão. Tudo o que Deus criou é chamado àrelação(aliança)comEle.Deus,porém,nãoobriganinguémaacolheressechamado.Issoexplicaoporquêdopecado,quecon-siste em não viver em comunhão com Deus, com os outros e com acriação.O“não”dahumanidadeàpropostadivina,todavia,nãoacondenouàeternafrustraçãodesuavocaçãofundamental.Deus

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arrancouoserhumanodessafrustração.Revelou-seprimeiroaumpovo, ao qual se ligou numa relação de aliança. Na plenitude dos tempos,enviandoseuFilho,Jesus,queseencarnou,assumindonossaexistênciafrágilemortal,vivendoemtudonossacondição,exceptoopecadoemostrandoqueavidaplenamentelivreefelizacontece quando acolhemos o Mistério de Comunhão para o qual fomoscriados.SuaentregaatéàmortedecruzeSuaressurreiçãoselaram a Nova e Eterna Aliança e abriram a possibilidade para que, os que aceitam sua forma de viver, possam também gozar eterna-mente a comunhão para a qual foram criados. A Igreja, Icone da Trindade, é chamada a reproduzir o Mistério de Comunhão entre Pai, Filho e Espírito Santo, sendo acolhedora, aberta ao diálogo e anunciadora da plenitude para a qual o ser humano foi criado.

65.Aacolhidadodiferente,porrazõesdegênero,raça,religiãoecondição social, nem sempre é evidente. Todos os dias fazemos aexperiênciadestadificuldade.Nossa sociedadeémarcadaprofundamente por preconceitos que impedem a comunhão entre as pessoas. Jesusmostrou-nos como combatê-los.Aproximou-sedosenfermos,muitosdeles,comoosleprosos,consideradosimpuros,curando-osdeváriostiposdedoenças(Mc1,40-45).Acolheuospublicanos,tidoscomopecadorespúblicos, portanto, indignos, mostrando-lhes que, para eles, tambémeraabertaapossibilidadedasalvação(Mc2,14-17).Deixouqueseaproximassemdeleascrianças(Lc18,15-17)easmulheres,algumasdelassuspeitas,comoaprostituta(Lc7,37-38),asamaritana (Jo4,1-42),MariaMadalena (Lc8,1-3),algo inaudito na sociedade de então. Fez milagres para vários estrangeiros,comoafilhadaSiro-fenícia(Mc7,24-30),oservodocenturiãoromano(Lc7,1-10),mostrandoqueoReinoerapara todos e não só para justos e santos.

66. Esta acolhida do pobre, do doente, da criança, da mulher e do

estrangeirofoiumamarcaconstitutivadaIgrejanascente.Era

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algo tão revolucionárioquePaulo,na cartaaosGálatas,dizqueparaosqueforambatizados“nãohámaisjudeuougrego,escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos são um só, em CristoJesus”(Gl3,28).Issonãosignificanegaradiferençaétni-ca, social e de gênero, mas acolhê-la como algo que enriquece, buscandotirardelatudooquegeraódio,divisãoesubmissão.Aaberturaaacolheré,portanto,inerenteàexistênciacristã.Infelizmente,nemsempredeixamosagiremnóseemnossascomunidades a acolhida e a abertura ao diferente que nos enriquece, fazendo crescer entre nós a comunhão, condição da relação com o Deus Trindade. O Documento de Aparecida convida todos os cristãos a redescobrirem o valor da comunhão, tanto no interior da Igreja como em seu diálogo com o mundo. As Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil de 2008-2010fizeramdacomunhãoumadasquatroExigênciasfundamentais da evangelização. A comunhão só acontece, po-rém, se rompermos os preconceitos e assumirmos em nós “os mesmos sentimentos de Jesus Cristo”(Fl2,5).

67. Além do acolhimento e da abertura ao diferente, que tornam

possível a comunhão, a Igreja é chamada para ser, no mundo, fermentodessaBoaNova.AIgrejaaanunciaatodoseofazpormandatodeseuSenhor(Mt28,16-20),querecebeuestemandatodoPai(Jo20,20b),naforçadoEspírito(Lc4,18-19).Comefeito,jáemsuavidapública,JesussentiuqueoEvangelhodeviaseranunciadoemoutroslugares(Mc1,39).ElemesmoenviouosdiscípulosparafazeremomesmoqueEle:expulsardemônios,curarenfermos,anunciaraproximidadedoReino(Mc6,7-13;Lc10,1-12).ApóssuaRessurreiçãoeoenviodoEspírito,aIgrejatornou-semissionária,pregandoaBoaNovadoCrucificadoeRessuscitadoatodosospovos.OConcílioVatica-noIIconfirmouamissionariedadedaIgreja,dizendoque“suamissão se origina na missão do Filho e na missão do Espírito Santo,segundoodesígniodeDeusPai”(Ad Gentes2).ODocu-

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mento de Aparecida vê, nessa dimensão, uma consequência do discipulado e as DiretrizesdaCNBBaassumemcomoumadasExigênciasdaevangelização,especificandoosÂmbitosondeeladeve acontecer: Pessoa, Comunidade e Sociedade, mostrando queelasedánumprocessocontínuodeinculturação.

68.Osermissionárioimplicaa“saídadaprópriaterra”.Issosupõe,tantoodeslocamentogeográficoparaoutrospaíses,povoseculturas (missãoad gentes)quantoodeslocamentoparaassituaçõese lugaresonde se fazmaisurgenteo anúnciodoEvangelhocomoBoaNovadevidaemplenitude,lugarescomoas periferias urbanas, os novos areópagos da cultura, os meios de comunicação, a defesa da vida, o meio ambiente, etc.

69.Tantooacolhimentoquantoamissionariedade,supõemodiá-logo com o diferente. Como dissemos, este diálogo deve acon-teceremtodososníveisdenossaexistência(relaçõessociais,étnicas,degêneroedecredo).Enquanto Igreja,porém,eleacontece primeiro como diálogo ecumênico , diálogo que nos enriquece mutuamente. Além desse enriquecimento mútuo, esse diálogo deve ajudar-nos a buscar a unidade dos cristãos, tarefanaqualaIgrejamuitotemseempenhadonasúltimasdécadas. Outro aspecto do diálogo é o que nos coloca diante dereligiõesoucredosnãocristãos.NoBrasilenoslugaresquecompõemestaArquidiocese,háumpredomíniodocristianismo.Com a importância que ganha entre nós o pluralismo, outras formas de crer também passaram a ter direito de cidadania no nossomeio,algumasdelasligadasàstradiçõesdospovosquecompõemnossopaís(africanoseindígenas);outras,atradiçõestrazidaspormigrantesquepara cávieramnoúltimoséculo(Muçulmanos,BudistaseoutrasTradiçõesOrientais);outras,enfim,queseformamnalógicadoindivíduoedasubjetividadepós-modernos(novaera,uniãodovegetal,santoDaime,etc.).Somos também chamados ao diálogo com estas diferentes for-

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mas de crer. Um diálogo de vida, que nos faz descobrir valores comunsa todasas religiões,mas tambémumdiálogomaisprofundo, que nos ajuda a descobrir a riqueza do outro. Isso supõeumaprofundamentodenossaprópriaidentidade,aqualpode ser riqueza para o outro.

c) A ministerialidade da e na Igreja70.Acomunhãodivina (=koinonia),possívelgraçasàaberturae

ao acolhimento entre Pai e Filho, no Espírito Santo, se difunde comodomeserviço(=diakonia),tantonacriaçãoquantonasalvação. Com efeito, o Deus Trindade é o primeiro servidor da humanidade como se vê na criação, que tem o ser humano comoseucentro,equeElecrioucomosendo“muitobom”(Gn1,31),enahistóriadasalvação,quemostracomoEleaconduziuaoescolherumpovo(Gn12,1s),aliando-seaele(Gn17,1s;Ex19),salvando-odetudooqueoameaçava(Ex,Jos,Jz,etc.)e,naplenitudedostempos,enviandoàhumanidadeopróprioFilho(Gl4,4),quesefezservodetodos(Jo13,1-20).

71. A Igreja também se compreende como servidora da humanidade,

poisoEvangelhoqueelaanuncia,etestemunha,éumaBoaNovadevida,comrepercussõesemtodososâmbitosdaexistência.Comefeito,Jesus,alémdepregaraBoaNovadoReinodeDeus,curavaenfermos,faziaexorcismos,perdoavapecadoseiaaoencontrodosexcluídosdeseutempo.Quisparaissocontarcomaajudadosdiscípulos,escolhendodentreelesosDoze(Mc3,13-19),aosquaisconstituiuApóstolos,comamissãoderealizaroqueElerealizava(Mc6,7-13),edos72discípulos,queenviouaoslugaresaondedeveriair(Lc10,1-12).DepoisdaPáscoa,confirmouosApóstoloscomotestemunhasdesuaRessurreiçãoeosenviouaanunciaroEvangelhoatodosospovos(Mt28,19-20).

72.NaIgrejaprimitiva,alémdoserviçoprestadopelosApóstolos,surgiramoutroscarismas(dogregocharisma=cargo,incum-

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bência)eministérios(dogregodiakonia=serviçoembenefíciodacomunidade):ogrupodosSete,queserviaàmesa(At6,1-6);os dirigentes das comunidades, chamados de anciãos ou pres-bíteros,nascomunidadesdecristãosoriundosdojudaísmo(IPd5,1;Tt2,2),edebisposouepíscopos,nascomunidadesvindasdopaganismo(ITm3,1-7);osdiáconos,queseocupavamdospobres, órfãos e viúvas, e geriam a economia das comunidades (ITm3,8-13).Paulo,na ICor12,4-11, faladeoutrosdonsoucarismas: cura, milagres, profecia, discernimento dos espíritos, línguas e sua interpretação.

73.Aolongodosséculos,algunsdosCarismaseMinistériosdaIgrejaprimitivaganharamnovosentido,apartirdocontextonoqualseencontravamascomunidadescristãs.Algunsdeixaramdeexistirou perderam sua importância. Outros ganharam reconhecimento oficial.Surgiram,igualmente,váriasformasdevidareligiosa,tantocontemplativacomoapostólica,comodesejodetestemunhararadicalidadedoseguimentodeJesus.Paralelamente,grandepesofoi sendo dado aos ministérios ordenados, sobretudo, o dos bispos e presbíteros, o que levou a uma visão eclesial clericalista. Como vimos,oConcílioVaticanoIIajudou-nosaredescobriravocaçãoba-tismaldetodososfiéisesuaigualdadefundamental(LG32),junta-mente com a dimensão ministerial da Igreja. Passou-se a conceber osministériosapartirdeCristoCabeça,Sacerdote,Profeta,Pastor(LG21;PO2-3.5-6)eúnicomediadordanovaAliança.Percebeu-seque, a missão dos ministros ordenados é a de reconhecer, animar ecoordenarosdiversosserviços,permitindosuaexistênciaecon-tinuação.Todoodomcolocadoaserviçodocompromissoeclesialcomatransformaçãodomundofoiigualmentevalorizado(GS).Olaicato redescobriu seu lugar na Igreja e na sociedade, ganhando novo protagonismo e importância. A vida religiosa, que acentuava em seu testemunho o estado de perfeição, passou a compreender-se não como estado, mas como projeto, buscando a radicalidade evangélica no serviço e compromisso com os pobres.

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74. O Documento de Aparecida, ao valorizar a missionariedade comoconstitutivada Igreja, incentivatodososdiscípulosdeCristo a colocarem seus diferentes dons e carismas ao serviço do anúncio e do testemunho do Evangelho, numa busca constante de comunhão. As DiretrizesdaCNBB,retomandoocaminhofeitonaIgrejadoBrasil,incentivamtodososfiéisaviveremaministerialidade da e na Igreja. Na Arquidiocese de Vitória do EspíritoSanto,alémdosministériosordenados, instituídosereconhecidos,oPrimeiroSínodoArquidiocesanoincentivouosfiéisacontinuaremocaminhofeitoapósoConcílioVaticanoII,colocando seus dons a serviço de todos, incluindo atualmente o diaconato permanente, ministério presente na Igreja durante séculos e que havia desaparecido da Igreja Católica, mas que é fontedeumgrandeserviçoàscomunidades.

d) A família75. A família é um dos sinais de que Deus criou o ser humano para

afelicidadeeaplenacomunhão.Defato,segundoGn1,27,o homem e a mulher foram criados juntos como imagem e semelhançadivinas,enquanto,Gn2,4b-25,dizqueohomem,criadosozinho,encontrasuarealizaçãosomentejuntoàquelaquefoitiradadeseulado.Ocasalhumanodácontinuidadeàação criadora de Deus, que lhe confere a tarefa de ser fecundo, crescer,multiplicar-se,encheraterraedominarsobreospeixes,asavesetodososanimais(Gn1,28).Desdeoinício,portanto,ocasamentoeafamíliaaparecemcomobênçãonaBíblia.IssoseráconfirmadoaolongodetodooAntigoTestamento,quetem,nocasamentoenodomdosfilhos,umdossinaisdequeDeus cumpre a sua promessa, como no caso dos patriarcas e de muitos casais importantes da história do povo eleito. A principal experiênciaespiritualdopovodeIsraelfoiadaaliançaqueDeushavia feito com ele. Os profetas, conscientes da importância do casamento e da família passaram a valorizar este encontro humano.Oprimeiroafazê-lofoiOséias,numasituaçãoextrema-

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mentedifícil,pois,poramor,tinhasecasadocomumaprostituta(Os1,3).Seucasamentotornou-seumdossímbolosdaaliançadeJavécomseupovo.OslivrosdeJeremias,Ezequiel,Isaías,Tobias,CânticodosCânticos,SabedoriaeEclesiastes,tambémassociamaimagemnupcialàimagemdaAliança.

76. No Novo Testamento, os Evangelhos relacionam o amor nup-cialcomachegadadoReinoeofimdostempos.Assim,emváriasocasiõeseparábolas,JesusfaladoReinoemtermoseimagensesponsais(Mc2,19-20;Mt22,1-14;25,1-13).Seuprimeiromilagresedeunumafestadebodas(Jo2,1-12).Elesepronuncioucontraoadultério(Mt5,2-30)eodivórcio(Mt5,31-32;19,3-9).Paulo,retomandoarelaçãofeitanoAntigoTestamento entre casamento e aliança, mostra que o amor de Cristo pela sua esposa, a Igreja, amor capaz da oblação total, que é o fundamento da nova aliança, é a referência maiorparaoamorconjugaldoscristãos(Ef5,21-33).Pelomatrimônio, os cônjuges se santificammutuamente (ICor7,14).OApóstolotambémécontraodivórcio(ICor7,10-11),embora, em caso de conflito entre pagãos e cristãos, com-preendaaseparaçãoconjugalemvistadafé(ICor7,12-16)e (CódigodeDireito Canônico, Can. 1143-1147).A últimaimagem esponsal do Novo Testamento é a do Apocalipse, que evoca o fim dos tempos como sendo o das bodas do Cordeiro(Cristo)comaNovaJerusalém(Igreja).

77. A Igreja, vendo a centralidade do amor conjugal e da família na sociedadeeaimportânciaquetêmnasEscrituras,instituiuomatrimônio cristão como sacramento. Como vimos, os sinais sacramentaisatualizamaaçãosalvíficadoMistérioPascaldeCristo.Nocasamento,issosedáatravésdoconsentimento(li-vre,portodaavidaeabertoàprocriação)edaentregamútuado casal, “o pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem,entresi,oconsórciodetodaavida,porsuaíndole

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naturalordenadoaobemdoscônjugeseàgeraçãoeeducaçãodaprole,entrebatizados,foiporCristoSenhorelevadoàdig-nidadedesacramento”(can.1055§1).

78. Certamente nem todos os casais cristãos são conscientes de que seu amor é sacramento e tem como modelo e medida, o amor de Cristo por sua esposa, a Igreja. Nem todos possuem a capacidadedesaídadesi,dedoação,deoblaçãoedesacrifí-cio. Como vimos, nossa sociedade é marcada pelo desejo dos indivíduosedasubjetividadeetemcomovaloresmaiores,oprazer e o bem estar de cada um. Morrer um pouco para o próprioquerereinteresse,embenefíciodooutro,nãoéhojeumvalor.Issotemgrandesrepercussõesnavidadoscasaisedasfamílias,quenuncaseconstituíramesedesfizeramcomtanta facilidade. Diante disso, muitos se perguntam se a Igreja nãopropõealgoinatingívelaofazerdoamorconjugalumSa-cramento. Mais do que nunca, porém, o matrimônio cristão é chamadoadesempenharumpapelproféticonummundotãomarcado pelo egoísmo, pelo próprio interesse e pelo prazer. Ele testemunha que é possível viver o amor como entrega ao outro na medida de Cristo, que o casal cristão já forma uma Igreja DomésticaefazdelaumsinaldequealgodoReinojápodeserexperimentadoemseuperegrinarterreno.

79.OConcílioVaticano II apontouomodeloapartirdoqual aIgreja concebe o matrimônio e a família: sacramentalidade, indissolubilidade,fecundidadeedefesadavida(GS47-52).EstemodeloeseuselementosconstitutivosforamconfirmadospeloMagistériopós-conciliar(Humanae Vitae, Familiaris Consortio, Evangelium Vitae, Carta às Famílias)ereiteradomaisumaveznaAméricaLatinanoDocumento de Aparecida (431-469).ACNBBjáoshavia,igualmente,incorporadonoDiretório da Pas-toral FamiliarenasúltimasDiretrizes(2003-2006;2007-2010).A Igreja se coloca em defesa do matrimônio sacramental e da

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família com a convicção de que são dons de Deus, oferecidos, gratuitamente, a todos, além de serem espaços privilegiados que Ele preparou para nossa realização humana e a oportuni-dade de sermos felizes neste mundo.

80. Nem sempre os casais cristãos conseguem construir um casa-mento segundo o modelo proposto pela leitura que a Igreja faz do amor conjugal. Seja por imaturidade, seja por falta de prepa-ração adequada ou de consciência do que é a sacramentalidade do matrimônio, muitos matrimônios se dissolvem e, depois de algum tempo, os cônjuges divorciados contraem novas núpcias. AIgreja,àluzdaPalavradeDeus,expressaporJesusCristo(Mt19,3-9),continuadefendendoaindissolubilidadedomatrimôniosacramental. Ela não se nega, porém, a acolher aqueles cuja pri-meira união fracassou. Além do acompanhamento pastoral, ela busca esclarecer se o laço contraído foi realmente sacramental, oferecendoparaissoosserviçosdoTribunalEclesiástico.Outrasiniciativasdeacompanhamento,humanoeespiritual,têmsedifundido no seio das comunidades para que todos se sintam acolhidos e possam descobrir, na Igreja, um espaço de apoio nessasituaçãodifícil.

e) Cidadania e cultura da paz: interrelações da Igreja com a sociedade

81.A criaçãoéobradaTrindadequechamou tudoàexistênciaparaquepudesseparticipardeseumistériodeamor,comu-nhãoe vida.Apesar dabondadeoriginária da criação (Gn1,10.12.18.21.25),oserhumano,criadoàimagemesemelhançadeDeus(Gn1,26),“muitobom”(Gn1,31)echamadoàamizadeeàaliançacomoCriador,comosdemaiseomundo(Gn2),livremente,introduziuarupturanarelaçãocomDeus(Gn3),ainvejaeoódio,quetrouxeramamortedooutro(Gn4,1-24)eaperversãonarelaçãocomanatureza(Gn6),apontodeamesma ter sidodestruída (Gn7).Deus,porém, semanteve

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fielàsuaobra(Gn8,22)e iniciouahistóriadesuasalvação.ChamouAbraão(Gn12)edelefeznascerumpovo,comoqualestabeleceuumaaliança(Ex19),acompanhando-oaolongodahistória, salvando-o dos perigos e preparando-o para o advento deJesusque,“naplenitudedostempos”,nosmostroucomoserplenamente humanos e viver de verdade na aliança com Deus, na amizade com os demais e em harmonia com a criação.

82. O desígnio de Deus para a humanidade é, portanto, sua plena realização.NoAntigoTestamento,estedesígnioestáembutidono termo shalon(=paz),quesignificabemestar,prosperidade,felicidade,saúde,segurança,salvação,relaçõessociaisequili-bradas, harmonia com Deus e com sua obra. Trata-se de uma experiênciatãoarraigadanaconsciênciadeIsrael,queseinscre-veuemseucalendário,ondeosétimodia,osábado(=shabat, termo que tem a mesma raiz da palavra shalon),éoápiceparaoqualdeveconvergiraobradivina(Gn2,2-3),dizendomuitomais que repouso, pois indica comunhão de Deus com sua obra edestacomEle.Porisso,aPazéassociadaàjustiça(Sl85,11),àconstruçãodeumanovacidade–aNovaJerusalém–(Is60;62;65,18-25),àconfraternizaçãouniversal(Is11,6;Ez34,25;Os2,20),aofimdasguerras(Os2,20;Zc9,10;Sl46,10).

83.Jesusencarna,emsuapregaçãoeaçãoquefazemadviroReino,o sonho de paz acalentado no coração de todo o ser humano e tão fortemente presente no seio do povo eleito. Por isso, eleéidentificadonoNovoTestamentocomapaz(Ef2,14)oucomocaminhoparaapaz(Lc1,79).Éinteressantenotarquemuitos de seus milagres eram realizados no sábado, observado religiosamentepelosqueconheciamaLei,masexperimentadopelosquesofriamtodotipodedoença,tormentoediscrimi-nação como não sendo dia de felicidade, comunhão e shalon. Eledeclaroufelizesosquepromovemapaz (Mt5,9),masaassociouàfomedajustiça(Mt5,6.10)efezdasolidariedadee

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do serviço aos que sofrem um dos critérios do verdadeiro amor aDeus(Mt25,31-46;Lc10,25-37).ApazéumdosDonsqueJesusdeixouaosdiscípulosnanoitedaúltimaceia(Jo14,27),comunicando-adenovocomoseuprimeiroDomnaRessurrei-ção(Jo20,19.21).

84.OAntigoeNovoTestamentonosmostram,portanto,queosonhodapazabarcamuitosaspectos.Algunssãoexistenciais,que indicam felicidade, gozo e bem estar pessoais; outros so-ciais, que apontam para a reconciliação entre inimigos, a luta pelajustiçaeodireito,orespeitopelooutroemsuadiferençasocial,étnicaedegênero,asolidariedadecomasvítimasdetodotipodesofrimentoediscriminação.Enfim,todososquemostramanecessidadedeestabelecerrelaçõesjustascomacriação e com o Criador.

85.AIgreja,fielaoseuSenhor,quelhetrouxeapazdefinitivaelhemostrou como promovê-la, buscou de muitas formas, ao longo dahistória,serviràcausadapaz.Nasúltimasdécadas,sobre-tudo após as duas grandes guerras do séc. XX, que ceifaram milhõesdevidas,elatemseempenhadoemmuitospaísesnapromoção da paz. A Gaudium et Spes, um dos Documentos do ConcílioVaticanoII,apóstertratadodetemascomomatrimô-nioefamília(47-52)acultura(53-62),avidaeconômico-social(63-72)eaquestãopolítica(73-76),associando,decertaforma,abuscadapazcomaconstruçãoderelaçõesjustasemtodososâmbitosdaexistênciahumana,abordaemumcapítuloes-pecíficoaquestãodapromoçãodapaz(77-91).APopulorum Progressio,afirmaqueo“desenvolvimento é o novo nome da paz”, a Sollicitudo Rei Socialis, denuncia com força as dispari-dades entre países pobres e ricos, mostrando os resultados trágicosqueissoprovocanasregiõesmaispobresdomundo.Maisrecentemente,váriostextosdoMagistériotêmmostradoosriscosqueoplanetacorrecomaexploraçãoquenãorespeita

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os equilíbrios ecológicos.

86.NaAméricaLatina,desdeaconferênciadeMedellín,osbisposdenunciamasinjustiçasestruturaisquemarcamoContinente.EmAparecida, afirmamqueas riquezasnaturaisdenossospaíses sãoexploradasde forma irracional, porummodeloeconômico que privilegia o afã pela riqueza, acima da vida das pessoas e dos povos e do respeito pela natureza. Este modelo deixaumrastrodedilapidaçãoedemorte,devastandoasflo-restaseabiodiversidade,numaatitudepredatóriaeegoísta,quepõeemriscoavidademilhõesdepessoas,especialmentecamponeseseindígenasque,expulsosdesuasterras,vãoparaasgrandescidades,ondevivemamontoadosnoscinturõesdemiséria.Osbisposconvidamtodosàpromoçãodeumaculturadepaz,frutodeumdesenvolvimentosustentável,equitativoe respeitoso da criação, que permita enfrentar os ataques do narcotráficoedoconsumodedrogas,doterrorismoedasmui-tas formas de violência que hoje imperam em nossa sociedade. Segundoeles,aIgreja,enquantoSacramentodeReconciliaçãoe de Paz, deseja que os discípulos missionários de Cristo sejam construtoresdapazentreospovosenaçõesdoContinente.

87.NoBrasil,aIgrejatemparticipado,ativamente,emtodosospro-cessosquelevamàpromoçãodaverdadeirapazereconciliaçãoem nossa sociedade: no período da ditadura militar, pela defesa dosdireitospolíticosepeloserviçoaospobres;noprocessode redemocratização,peloapoioaosmovimentospopularesededefesadosdireitoshumanos;nasúltimasdécadas,pelocompromisso corajoso com a defesa da vida, sobretudo onde ela é mais ameaçada. Nas Diretrizes de 2008-2010, esse com-promisso aparece de forma especial no âmbito da promoção dadignidadedapessoa,quetemcomoimplicações:adefesae a promoção da vida em todas as etapas, desde a fecundação até a morte natural; o respeito do ser humano no que lhe é pró-

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prio(corpo,espíritoeliberdade);alutacontraospreconceitoseasdiscriminaçõesdesexo,raça,condiçãosocialecredo;alutapormelhorescondiçõesdevida,contraapobrezaetodaexclusão.

88. A Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo tem uma história bonitadecompromissocomabuscadapaz,queseexpressanaevangélica opção preferencial pelos pobres, nas pastorais sociais enosengajamentosdasComunidadesEclesiásticasdeBaseeminiciativasdedefesadavidadecrianças,adolescentes,jovens,mulheres,idososetc.AquintasessãosinodalnosincentivouaseguirtestemunhandooprimeiroDomdoRessuscitado,juntoàquelesparaosquaisapazaindaéumsonho,porquenãosão respeitados em seus direitos, são discriminados, não têm acessoàscondiçõesdignasdevida,sãoexcluídospelosistema,sãovítimasdetodotipodeviolêncianumsistemaqueproduzmorteelevaàmorte.

f) Formação integral para a fé e o agir cristão89. A principal demanda do Primeiro Sínodo Arquidiocesano foi de

formação, entendida pelos sinodais, ao longo do processo, como formação integral, isto é, conhecimento e vivência da fé através de formação (nas váriasdimensões constitutivasdaPessoaHumana)eespiritualidadequeconduzamàmísticacristã.OdesejodeFormação,MísticaeEspiritualidadetêmmuitoavercomasituaçãodefragmentação,relativismoebuscadesenti-do do sagrado ou do religioso, que marca nossa sociedade. A maioriadosfiéis,destaArquidiocese,sofreosinfluxosdaculturaurbana,midiáticaepós-moderna,paraaqualoqueimportaéaopinião,odesejoeosvaloresdoindivíduooudasubjetivida-de.Ascertezasdatradiçãoqueformavametransmitiamafé,o Deus e a Igreja dos pais já não são evidentes para boa parte dasnovasgerações.Comovimos,muitosdeixaramaIgrejanasúltimasdécadasporessesmotivos.

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90.Jesusénossomodelode formação.Paradeixar-nos formarpor Ele, é preciso que O encontremos. Isso acontece quando alguém,comoJoãoBatista,nocasodeAndréedoDiscípuloAmado,no-Loapontaouanuncia(Jo1,36).SóOencontraremos,porém,se,emnós,existirumabuscadosentidoabsolutodaexistência(Jo1,38).Éissoquefazcomquequeiramosverees-colherseuestilodevida,seguindo-OepermanecendocomEle(Jo1,39).Oseguimentoé,portanto,fundamentalnoprocessoformativo.FoiJesusquedeuorigemàcomunidadedosdiscí-pulos, que depois se tornou a Comunidade dos testemunhas desuaRessurreição.

91.A formaçãodosdiscípuloserabaseadanasduasdimensõesfundamentaisdaexistênciahumanaparaJesus:oReinodeDeuseoDeusdoReino.Eleosformounestasdimensões,atravésdeseus ensinamentos, que compreendiam as parábolas, o comen-táriodasEscriturasedequestõesimportantesdavida,comooamoràDeuseaopróximo,operdão,aoração,odivórcio,asinstruçõesparaamissão,paraavidacomunitária,sobreofimdos tempos etc.; e através de suas ações, que implicavam os milagres,osexorcismos,asrefeiçõescompecadores,amulti-plicaçãodospãesetc.Todoesseprocessoformativosupunhaumamudançaprofunda(=conversão)navidadosdiscípulos.Comefeito,muitosdelesnãoentendiamoqueJesusdiziaeOabandonaramquando foipreso,condenadoecrucificado.Ocaminhopercorrido juntoaoMestre foi,porém,confirmadoapós a Páscoa e a vinda do Espírito Santo. Eles se tornaram, desdeentão,missionários.Deixaram tudoededicaramsuasvidasaoanúnciodequeJesuseraoCristo.

92.AIgrejaprimitivadeucontinuidadeaojeitodeformardeJesus,testemunhando o que Deus realizara Nele e convidando todos a trilhar o caminho novo e vivo inaugurado por Ele. Os que acre-ditavamnessecaminhoeoempreendiamerambatizadosem

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nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, tendo assim acesso àmesaEucarística,quecelebravaamemóriadaPáscoadoCris-to.OsApóstolosrecorriamàsEscriturasparamostrarque,emJesus,secumpriraoqueDeushaviaprometidoaopovoeleito.EsseensinamentoeamemóriadosquehaviamvividocomJe-sus,deu,poucoapouco,origemaostextosdoNovoTestamen-to.AscelebraçõesdascomunidadesfizeramnasceraLiturgiaeosSacramentosdaIgreja.Amudançadevida(=conversão)deu-senapráticadacomunhãoecorresponsabilidadeentreascomunidades.ApregaçãodessaBoaNovaemoutrasterrasexigiuaformaçãodenovosmissionários,quedeviamdialogarcom as culturas onde o Evangelho era anunciado. Surgiu assim, areflexãocatequéticaeteológica,emgeralmuitoligadascomavidacelebrativaeoagirdascomunidades.OprocessoformativoanterioraoBatismodosadultoseraexigente.Chamava-secate-quese mistagógica, por que deveria introduzir os catecúmenos nos Mistérios da Fé, que diziam respeito ao Cristo, a Deus, ao serhumano,àcomunidadeeclesialeaoagiréticooumoral.

93.ODocumento de Aparecidapropõeum itinerárioemquatroetapas para a formação dos discípulos missionários de Cristo, hoje:1)experiênciapessoaldafé;2)vivênciacomunitária;3)formaçãobíblico-teológica; 4) compromissomissionário.ACNBBassumiu,nasDiretrizesde2008-2010,estasetapascomoreferência para formação na Igreja.

94.Opontodepartidadaformaçãodosdiscípulosmissionárioséoencontro pessoal com Cristo,encontroquesupõequeElesejaanunciado, que toque ao coração e transforme radicalmente a vida(DA240-245).Aexperiênciadoseguimentoéimportanteparaqueissoaconteça(DA129-135)econfigureavidadodis-cípuloàdoMestre(DA136-142),provocando,nodiscípulo,odesejodeanunciaroEvangelho(DA143-148).OencontroquelevaaodiscipuladosedáatravésdaSagradaEscritura(DA247-

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248),daLectioDivina,daLiturgia,sobretudoaEucaristia(DA250-253),doSacramentodaReconciliação(DA254),daOração(DA255),daComunidade(DA256),dosPobres(DA257),daReligiosidadePopular (DA258-265),deMaria (DA266-272),dosSantos(DA273-275).

95.OencontrocomoCristolevaàformação da Comunidade.ÉnelaqueaconteceoencontrocomoRessuscitado.Porisso,otestemu-nho que a comunidade dá de fraternidade, acolhida e comunhão éessencial(DA154-163;184-224;235-239).EledeveacontecernaIgrejalocal(DA164-169),naparóquia,comocomunidadedecomunidades(DA170-176),nasCEBs(DA178-180),nasConferên-ciasEpiscopaisenasIgrejasirmãs(DA181-183).

96.OencontrocomoCristovivo,nacomunidade,éfontedecontí-nuo enriquecimento, pois o Mistério de Cristo nos revela Deus, o ser humano, a Igreja. Para beber nessa fonte é necessário aprofundaroqueelanosoferecenosdistintosmomentosesituaçõesdenossaexistência.Édegrandeajuda,nesseapro-fundamento, o estudo da Palavra de Deus, dos Símbolos da fé (credo),daTradiçãoteológica,espiritualemoraldaIgreja.IssosedáatravésdapregaçãofeitanasCelebraçõesLitúrgicas,dareflexãoqueacontecenasfamílias,nasComunidadesEclesiaisdeBase,nosMovimentoseNovasComunidadesou,deformamaissistemática,nasEscolasBíblicas,Catequéticas,Litúrgicase Pastorais, nos seminários e casas de formação de religiosos, nas escolas católicas e nas faculdades de teologia.

97. O discípulo não consegue guardar para si o tesouro que recebeudepresente.OseguimentodeCristoexigedeleoanúncio, o ser missionário. O primeiro lugar de sua missão é a realidade onde se encontra, através do testemunho de solidariedade,compaixão,serviçoecompromissocomapro-moçãodadignidadehumanaedaecologia(DA380-430;470-

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475).Alémdeanunciarcomavida,eledevefazê-lotambémcom a palavra. Os grandes lugares da missão propostos pelo Documento de Aparecidasão:omundodacultura(479-480),ascomunicaçõessociais(485-490),osnovosareópagosecen-trosdedecisão(491-500),avidapública(501-508),apastoralurbana(509-519),aunidadedenossospovos(521-528),osindígenaseafrodescendentes (529-533),areconciliaçãoeaculturadapartilha(534-545).

98.OjeitodeformardeJesuseojeitodeformardaIgrejatêmcomofonteehorizonteúltimosuma místicaeasmediaçõesquecondu-zemaela(=espiritualidades).Amísticaéoquedásustento,ânimo,entusiasmoealentoàvidadeféedecompromissodealguém,permitindo-lhemanterasoberaniaeaserenidadenosequívocosefracassosdavida.Aespiritualidadeéamediaçãoparaamística,compreendendováriaspráticas,técnicaseexercíciosdeoração(desúplica, louvor,gratidão,perdão,meditação,contemplação,LectioDivina,etc.)edepiedade(aspenitências,osváriostiposdecelebraçõeslitúrgicasoudevocionais,oscantos,osretiros,asromarias,asperegrinaçõeseaspromessas,etc.).

99.Jesus,movidopeloEspíritoSanto,tinhacomoreferênciaoPaieoReino.Suaexperiênciamísticaeramediadapelaoração,pelameditação das Escrituras e pela contemplação da ação divina na criação e na história. A Igreja aprendeu, de seu Mestre, a ter,noPai,ohorizonteeafontedesuaexperiênciaespiritual,deixando-seigualmentemoverpeloEspíritopararealizaremcada tempo e lugar a memória de seu Mestre e Senhor, buscan-do,comoEle,serviraoReino.AmísticadaIgrejaé,portanto,Cristológica e Trinitária. Ao longo dos séculos surgiram várias mediaçõescomoexpressãodestamística:aliturgia,osdiversostiposdeoração,apiedadepopular,aspráticasprópriasàsespi-ritualidadesdasdistintascongregaçõesreligiosasquesurgiramna Igreja ao longo dos séculos, etc.

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100.Amísticacristológicadesenvolveu-seaoredordostrêsgrandesmomentosapartirdosquaisaexistênciadeJesusfoisendocontempladaeapropriadapelosfiéisao longodosséculos:a Encarnação, aVidaPública, oMistérioPascal.AMísticaTrinitáriadesenvolveu-se,oraàluzdacontemplaçãodoPai,fonte,origemehorizontedomistérioDivinoehumano;ora,àluzdoFilho,CaminhoqueconduzaoPaieàrealizaçãodoqueéserplenamentehumano;oraàluzdoEspíritoSanto,Força,Luz, Ardor e Inspiração que move a acolhida do Filho que é o Caminho para ir ao Pai, humanizando-se e divinizando-se.

Conclusão geral do Julgar101.Aleituracristãdarealidade,àluzdaPalavradeDeus,busca

reproduziroolharDivinoecríticosobreestamesmarealidade:odacompaixãoesolidariedade,quesetraduzemcompromis-soesalvação.EstaleiturareafirmaolemadoPrimeiroSínodoArquidiocesano: Caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança. Certamente nem todos os temas importantes para avidaeamissãodestaIgrejaArquidiocesanaforamdiscutidosnassessõessinodais,comojuventude,meiosdecomunicaçãosocial e educação. Outros, como o da reorganização pastoral da Arquidiocese,queapareceuemalgumassessões,necessitarãode maior aprofundamento. O fato desses temas não constarem nesteDocumentonãosignificaquenãoestarãonohorizontedenossaspreocupaçõesnospróximosanos.Pelocontrário.SecomotérminodoSínodo,inauguramosapráticasinodal,essestemas,seguramente,farãopartedenossasdiscussõeseorientações.Passemosagoraàsconsequênciaspráticasquea leitura feita até aqui provocou em nós, apresentando as OrientaçõesGeraisdenossoPrimeiroSínodoArquidiocesanoe as de cada Sessão Sinodal.

48 Documento Conclusivo do I Sínodo Arquidiocesano de Vitória do Espírito Santo

agiragir

Terceira Parte

Introdução102.Apóscadasessãosinodal,forampropostasváriasorientações

pastoraisàIgrejaParticulardeVitóriadoEspíritoSanto.Estasorientações sãonossa resposta aosproblemas levantadospelastemáticasdasdistintassessões.ElasserãoretomadasaquieconstituirãoareferênciadosPlanosdeAçãoaseremelaboradosnospróximosanos.

103.Asorientaçõesprovenientesdestassessõessãoumesforçoderespostafielaosdiversosquestionamentosqueemergiramduranteoprocessosinodal.Algunsdelescomrelaçãoàsmu-danças de época, já citados na primeira parte deste documen-to;outros,relacionadosàsopçõespastoraisdaArquidiocese;outrosàsuaorganizaçãopastoral;outrosàsrelaçõesdeauto-ridadeentreosdiversos“atores”einstânciasquecompõemestaIgrejaparticular;eoutrosqueultrapassamnossoslimitesdo ponto de vista doutrinal e teologal. Apesar de nem todos teremsidodiretamentetratadosnasdistintassessões,essesquestionamentos as permearam, seja comodesafioa serenfrentado,sejacomoconsensoaserreafirmado,sejacomopreocupação a ser aprofundada, seja como convicção oriunda do tema do Sínodo: “caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança”. Em base a isso, propomos, na primeira parte doagir,algumasorientaçõeseprincípiosgeraisquenortearãonossavidaeaçãoenquantoIgreja,nospróximosanos,reto-mando,nasegundaparte,asorientaçõesqueemanaramdasseisdiferentessessõessinodais.

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1.ORIENTAÇÕESEPRINCÍPIOSGERAISDAVIDAEAÇÃODAIGREJADEVITÓRIADOESPÍRITOSANTO

104.Provocadospelosdesafiosdopresente,e, iluminadospelaPalavradeDeus,lidanacomunhãoeclesialeàluzdasopçõeshistóricasdaIgrejadoBrasiledeVitória,explicitamosaquioobjetivogeraleosespecíficosdaaçãopastoraldaArquidio-cese,indicando,emformaderecomendações,algunsdeseusprincípios operacionais.

ObjetivoGeral105. Ser sinal de esperança para o povo, anunciando e testemu-

nhandoaBoaNovadeJesusCristo,àluzdaevangélicaopçãopelos pobres, caminhando juntos, na acolhida fraterna.

Objetivosespecíficos 106. Elaborar uma formaçãoque leveos cristãos à conversão

pessoal e ao testemunho do Evangelho, em todos os âmbitos da sociedade,eque sejabaseadanamísticaCristológicaeTrinitária, fonte e meta da comunhão eclesial.

107.ReestruturaraorganizaçãopastoraldaArquidioceseadequan-do-aàsnovastendênciasdeorganizaçãosocialeeclesial,àsDiretrizesdaIgrejanoBrasileaosobjetivosdoPrimeiroSínodoArquidiocesano, que insiste no caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança.

108.Acolhereorganizarosdiversoscarismas,expressõesemani-festaçõesreligiosaspresentesnaArquidiocese,favorecendouma eclesiologia de comunhão.

109.Reverasdiferentespropostasdeformaçãoemcurso,comapreo-cupação de formar quadros competentes em todos os níveis, desde aformaçãobásicaatéextensão,graduaçãoepós-graduação,pro-porcionando uma formação integral para a fé e o agir cristãos.

50 Documento Conclusivo do I Sínodo Arquidiocesano de Vitória do Espírito Santo

Princípiosinspiradores110.Considero,emconsonânciacomaCNBBeahistóriadestaIgre-

ja, a opção evangélica pelos pobres como princípio inspirador daaçãoevangelizadoradestaIgrejaParticular.CientesdequeCristo“pornóssefezpobreafimdeenriqueceratodoscomsua pobreza” e sob essa luz, queremos ajudar a iluminar as novassituaçõesdepobrezahumanaeespiritualemqueseencontram muitos de nossos contemporâneos.

111. A Igreja, semelhante ao coração de Cristo, acolhe a todos, sem distinção.AComunidadeEclesialdeBaseéaexpressãoestruturaldesse acolhimento. Nela, surgem os diversos carismas que se organizamematitudeeclesial, testemunhandoeanunciandovalores evangélicos no seu meio e no diálogo com o mundo. Por isso,asAssociaçõesReligiosas,MovimentoseNovasComunida-des, livres para o anúncio e o testemunho, embora tenham suas estruturas próprias em vista da evangelização, devem manter o vínculoorigináriodepertençaàComunidadeEclesialdeBaseque, em rede com as outras Comunidades, formam a base da Igreja.Destaforma,reafirmamosanossahistóriadevidaecle-sialapartirdasComunidadesEclesiaisdeBase,Paróquia,Área,Diocese como testemunho e anúncio de comunhão.

Recomendações112.Recomendoàcoordenaçãodepastoral,queemtempoopor-

tuno e pedagógico, elabore planos de ação evangelizadora, comaparticipaçãodasdiversasinstâncias,eospromovaemAssembleiaArquidiocesana.Nodecorrerdospróximosanos,abordemtodososobjetivosespecíficoseasrecomendaçõessugeridas neste documento, sem preocupação com o tempo.

113.Diantedasquestõeslevantadaspelafragmentaçãodoindivíduona cultura contemporânea e das novas formas de sociabilidade queelapossibilita (comunidadesvirtuais,comunidadespor

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afinidadeseoutras),recomendoàCoordenaçãodePastoralqueencaminheoaprofundamentodessaproblemática,paraoferecerasrespostaspastoraisqueelaexige,tendoemcontao lema do Primeiro Sínodo Arquidiocesano: caminhar juntos na acolhida fraterna e na esperança.

114.ÀluzdasorientaçõesdoPrimeiroSínodoArquidiocesano,reco-mendoàsdiferentesinstânciascompetentesarevisãoeasiste-matizaçãodosdiretórioseregimentosdoDireitoParticular.

115.Tendoemvistaarecorrênciadeconflitosoriundosdapráticadaautoridade em todos os níveis da Igreja de Vitória de Vitória do Espírito Santo, recomendo ao Presbítero, representante do clero, e ao Coordenador de Pastoral da Arquidiocese que, junto aos Conselhos Presbiteral e de Pastoral Arquidiocesana, aprofundem essedesafioeencontremformasevangélicasparasuperá-lo.

116.RecomendoaoCoordenadordePastoraleaonúcleodavidareligiosadaConferênciadosReligiososdoBrasil (CRB)que,reconhecendo o lugar e a importância da vida religiosa na vanguarda do testemunho, do seguimento e do anúncio do Evangelho,comosinalproféticonestaIgrejaParticular,esti-mulem,apartirdasComunidadesEclesiaisdeBaseedeseuscarismasexpressosemsuasobrasespecíficas,avidadeoração,de acolhimento fraterno e de espírito missionário.

117.RecomendoaoCoordenadordePastoraleaopadreresponsávelpeloSetorJuventudequeconvoquemaliderançadajuventudedaArquidiocese,paraqueaprofundemosnovosdesafiosdaevangelizaçãodosjovenseofereçamorientaçõesparaoanúnciodo Evangelho nos seus diversos ambientes da Arquidiocese.

118.RecomendoaoCoordenadordePastoraleàDireçãodasEs-colas Católicas que, juntamente com os professores católicos

52 Documento Conclusivo do I Sínodo Arquidiocesano de Vitória do Espírito Santo

das escolas públicas, elaborem uma proposta de plano de evangelização dos professores e alunos em nossa Arquidiocese eoponhamemprática.

119.RecomendoaoCoordenadordePastoralque,juntocomoDe-partamento de Comunicação e com os Diretores dos veículos católicos, realizem uma ação evangelizadora conjunta neste meiodesafiadordacomunicação.

2.DIRETRIZESDECADASESSÃOSINODAL

I Sessão - A celebração do mistério pascal

Objetivogeral120.ViverecelebraroMistérioPascaldeNossoSenhorJesusCristo,

atravésdaexperiênciaedaCelebraçãodecadaSacramentoedosSacramentais,bemcomo,dasOraçõeseAçõesLitúrgicas,especialmente,aCelebraçãodaSagradaEucaristia,comserie-dade, responsabilidade e o dever de incluir a todos: crianças, jovens, adultos da média e terceira idade.

Objetivosespecíficos

121. Primeiro: Ajudar o cristão e a comunidade eclesial a vivenciaraCelebraçãodoMistérioPascalnaEucaristiaenavidacotidiana.

122. Princípiosoperacionaisa) Formarcatequistas,equipesdeliturgiaeanimadoresde

Comunidades no espírito missionário;b) ManterasEscolasdeFénasparóquias,ondejáexistem,

e criar novas, onde for possível;c) Fazerumacatequeseespecíficaparaaprofundara“missa

parte por parte”; d) Qualificar e valorizar as equipes de Liturgia emúsica

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123.Segundo: Celebrar os Sacramentos e Sacramentais com o devido respeito e solenidade, tendo como centro a PessoadeJesusCristoeoMistérioPascal,obedecendosempreaocritériodeparticipaçãoedemáximainclu-são possível, de acordo com as normas canônicas.

125. Terceiro: Orientar aos fiéis na busca pela santidade, apresentando a vida dos santos como modelos de seguimentodeJesusCristo.

quepreparamasCelebraçõesparaqueenvolvamaAssembleia Litúrgica, isto é, não cantar para, mas com a Assembléia;

e) Celebrar,umavezaoano,e,todososanos,aSemanaLitúrgica em todas as paróquias da Arquidiocese.

124. Princípiosoperacionaisa) Instruir,pedagogicamente,evivenciarcadaSacramen-

to e Sacramental de tal forma que cada um deles seja expressãoeatualizaçãodoMistérioPascal;

b) Investirna formaçãopara leigos/asqueassumamoministério doBatismo, daDistribuição da SagradaComunhãoedoTestemunhoQualificadoparaoMa-trimônio.

126. Princípiosoperacionaisa) Fazerumacatequeseespecíficasobreacomunhãodos

Santos,explicandooquesignificaaoraçãoeainter-cessãodossantosemJesusCristoeporJesusCristo,oSanto dos santos;

b) CelebrarasFestasMarianasedosPadroeiros,ajudandoaosfiéisaentenderemosentidodasmesmas.

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II Sessão - Igreja acolhedora, missionária e aberta ao diálogo

Objetivogeral127. Ser Igreja cada vez mais missionária, acolhedora e aberta ao diá-

logo,manifestando,comoJesusCristo,osmesmossentimentoseatitudesnoacolhimentoaos irmãose irmãsno interiordaComunidade Eclesial, aos afastados da convivência comunitária, aos cristãos que professam outras crenças, aos sem religião e aos indiferentes, bem como anunciando a boa nova aos sem espe-rança, aos pequenos, aos pobres e marginalizados, aos sofridos e perseguidos, evangelizando a cultura e as realidades locais, respeitando a liberdade religiosa, ciente de que a vida, a paz e a felicidade eterna, são dons de Deus para toda a humanidade.

128. Primeiro: Favorecer e promover, nas Comunidades EclesiaisdeBasequecompõemaparóquia,aculturado acolhimento pessoal e comunitário, sem delegar ou terceirizar a acolhida.

129. Princípiosoperacionaisa) Acolherbemàspessoasqueparticipamfrequentemente

daCelebração Litúrgicae aos visitantes, constituindoequipes que cuidem do bem estar de todos;

b) Abrirespaçoparamaiorparticipação,dascrianças,dosadolescentes, da juventude e das pessoas da terceira idade, crianças evangelizando crianças, adolescentes evangelizando adolescentes, jovens evangelizando jo-vens, adultos evangelizadores de toda a comunidade;

c) VisitaraspessoasenfermaseaspessoasafastadasdaIgreja;d) PromoveraaçãomissionáriadasComunidadesEclesiais,

de tal forma que Comunidades sejam Evangelizadoras de Comunidades;

e) Cultivaroespíritomissionárionapastoralfamiliar,bem

Objetivosespecíficos

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como nos Movimentos e Encontros de Casais, valorizan-doeacompanhandoocrescimentonasantidadedavidamatrimonial, a vivência do Sacramento do Matrimônio e garantindoumadequadoacolhimentoeorientaçõesaoscasais em situação especial;

f) Ajudaraosprofissionaisliberaisacultivaratitudesmissio-nárias corresponsáveis no anúncio do Evangelho em seus ambientes e a favor dos pobres;

g) Ajudaraoscatólicospolíticosmilitantesamarcaremumapresençaevangelizadoranosseuspartidoseofíciospúblicos,colaborando para que a cidadania seja uma realidade viva em todos os municípios da Arquidiocese, atuando como fermentonamassa,nasassociaçõesdebairro,naconquistados direitos e consciência dos deveres cívicos;

h) Sersinaldeesperançapelapresençadeféoranteemmo-mentos de sofrimento, como nos velórios e enterros, e em momentos de alegria, como formaturas, bodas e outros;

i) Acolherdependentesquímicos,ajudando-osnasuarecu-peração com pedagogia apropriada;

j) Paróquiasabertaseacolhedoras,quesuperemoslimitesgeográficosparaaaçãoevangelizadora,promovendoonovosentidodepertençaedecorresponsabilidade;

k) Promoveraacolhidaemhoráriosapropriadosaoambienteurbano;

l) OMinistroOrdenadoatuecomzelopastoral,dedicando-se, em tempo integral, ao serviço do povo de Deus.

131.Princípiosoperacionaisa) Promoveraaçãomissionáriadainfânciaedajuventude;b) ApoiartodasasiniciativascomunitáriasemfavordaIgreja

Irmã de Lábrea e Ad Gentes(atodosospovos);

130.Segundo: Desenvolver uma cultura missionária a serviço do mundo.

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c) Valorizaromêsdeoutubrocomomêsmissionário;d) Concebernovasformasdetrabalhomissionáriojuntoà

população de rua, periferia, prédios e outras;e) Abrir-seàsexperiênciasmissionáriasqueestão sendo

realizadas em outras Dioceses, bem como, em outros povos e culturas.

133.Princípiosoperacionaisa) Aprofundarodiálogoentrea IgrejaCatólicaeasoutras

Igrejasedenominaçõescristãsenãocristãs,promovendo,nas Comunidades, estudos sobre o Diretório Ecumênico promulgado pela Santa Sé e demais documentos oriundos do diálogo ecumênico;

b) Acentuar, no diálogo ecumênico e interreligioso, osvalores evangélicos que nos são comuns e nos unem, promovendoaçõesconjuntasemfavordasociedade;

c) ElaborarumdocumentosimplessobreasverdadesdaIgrejaCatólicapara fortalecer a identidade católica efacilitar o diálogo ecumênico e interreligioso.

132.Terceiro:Favoreceraçõesecumênicasnaparóquia,permitindoquecadafielcristãotenhaumbomen-tendimento do que seja ecumenismo, podendo assim, no respeito mútuo, dialogar com irmãos de outras confissõesreligiosas.

III - A ministerialidade da e na Igreja

Objetivogeral134.AprofundarnoconhecimentomísticoepráticodaIgrejami-

nisterial,inspiradosnoexemplodeJesus,quesefezServodahumanidade para salvá-la, e da Virgem Maria, que se iden-tificoucomoServadoSenhor,tendocomoapoioaSagradaEscrituraeareflexãoteológicadaIgreja.

Documento Conclusivo do I Sínodo Arquidiocesano de Vitória do Espírito Santo

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135.Primeiro: Instar, juntoaosInstitutosdeFormaçãodoClero e dos Leigos, Escolas confessionais religiosas, Casas deFormaçãoeEscolasdeFilosofiaeTeologia,demodocorresponsável,paraqueosestudantesdestesInstitutoscuidem da compreensão e vivência do que venha a ser Ministério,IgrejaMinisterialeserviçosespecíficos,sejano interior da Igreja, Povo de Deus, seja na sua ação evangelizadora no mundo.

136.PrincípiosOperacionaisa) Promover,sistematicamente,naformaçãoinicialdoclero,

desdeopropedêutico,umverdadeiroencontrocomaPessoadeJesusCristo,despertando,consequentemente,oentusiasmomissionáriopeloReinoecultivandooamoràIgrejacomoconsagradopeloBatismoepelaSagradaOrdem;

b) PromoveraPastoralPresbiteralesuaformaçãoperma-nente, cuidando que não se percam, com os anos de ministério presbiteral, o entusiasmo e o ardor inicial pela PessoadeJesuseporSuaIgreja,bemcomoaconsciênciadeseraquelequefoirevestidodamissãodeagirefazeras vezes de Cristo, Cabeça da Igreja e missionário servidor doReinodeDeusnomundo,conferindoigualcuidadoàEscola Diaconal;

c) PromoveraformaçãopermanentedosleigosnasComu-nidadesEclesiaisdeBase,bemcomonasAssociaçõeseMovimentos Eclesiais reconhecidos pelo Magistério da Igreja,cultivandoaidentidadecatólica,afidelidadeeoamoràIgreja.RessaltarsuacondiçãodeconsagradospelobatismoeparticipantesdamissãoProfética,SacerdotaleRealdeCristo, sendo comunicadores,missionários,servidoresetestemunhasdoReinodeDeusnomundo;

Objetivosespecíficos

58 Documento Conclusivo do I Sínodo Arquidiocesano de Vitória do Espírito Santo

d) Cultivar, claramente, amissãodo leigonomundo,emseus diversos ambientes, como também nos serviços, no interiordaIgreja.ÉnaComunidadeEclesialqueoleigo,comomembroparticipante,haureaforçaeainspiraçãopara a sua missão no mundo.

137.Segundo: Promoveramísticacristológicadakenosis, istoé,odespojamentonoseguimentodeJesusCristo,quesefezservoparaquetivéssemosvida.

138.Princípiosoperacionaisa) Cultivareestimularhábitosqueevidenciem,emnossa

vidapessoalecomunitária,asatitudesprópriasdeJesus,tais como pobreza, simplicidade no ser e no ter, amor aos pobres,solidariedadeeacolhimentoaoirmão/ã;

b) Internalizaracompreensãobatismaldenossavocaçãocristãeexpressá-lanosambientesondesomoschamadosaanunciaretestemunharJesusCristo;

c) Fazerusodemeiospráticosdeformaçãoespiritualtais como: acompanhamento espiritual, retiros, con-fissão pessoal regular, além da vivência eucarística constante.

IV - A família

Objetivogeral139.Implementar,ondenãoexiste,ecultivar,ondejáestáimplan-

tada, a Pastoral Familiar na Arquidiocese de Vitória em todas as paróquias, de tal forma que o Mistério de Cristo e da Trindade esteja presente na vida pessoal, conjugal e familiar.

140. Primeiro:CriarnaArquidioceseoInstitutodaFamília.

Objetivosespecíficos

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141.Princípiosoperacionaisa) Formar agentes da pastoral familiar para atuar nas três

dimensões:pré,pós-matrimônioecasosespeciais,comconteúdosantropológicos,filosóficos,psicológicosete-ológicosàalturadosdesafiosdonossotempo;

b) CapacitarmultiplicadoresdaPastoralFamiliaremtodaaArquidiocese;

c) Estimularaespiritualidadeeamísticaconjugal,segundoos princípios do Evangelho.

143.Princípiosoperacionaisa) Reunirasliderançasdetodososmovimentosfamiliares

para dinamizar a Pastoral Familiar;b) Criarnúcleosfamiliaresaserviçodacomunidadeeclesial,

emvistadoacompanhamentodasquestões familiaresnosaspectosespiritual,socialeformativo;

c) TornaroTribunalEclesiásticomais conhecidodopovo,comoinstrumentoválidopararesolverquestõesrelativasaos matrimônios em crise ou que se dissolveram;

d) Acolhercasaisdesegundauniãonacaridadesocial,noscírculosbíblicos,nasvisitasmissionárias,estimulando-osao crescimento na fé em busca da plenitude da união, através da meditação da Palavra de Deus e da comunhão espiritualnasCelebraçõesEucarísticas.

142. Segundo:FortaleceraPastoralFamiliarcomoobjetivode desenvolver uma verdadeira pastoral de conjunto, valorizandooespecíficodecadamovimentofamiliaredirecionando-o ao serviço da comunidade eclesial.

144. Terceiro: Desenvolver a catequese familiar inspirada no Evangelho, tanto nas Comunidades Eclesiais, como em parceria com as Escolas Católicas.

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145.PrincípiosOperacionaisa) AjudaraosagentesdaPastoral Familiara cultivar,pes-

soalmente,o conhecimentode JesusCristo,Caminho,Verdade e Vida;

b) Ajudaràsfamíliasacultivarumaespiritualidadebíblica;c) Cultivarosexercíciosespirituais,apiedadepopularatravés

darezadoterço,davisitadeimagensàscasas,dasbên-çãos,daentronizaçãodasimagensdosSagradosCoraçõesdeJesuseMaria,edapráticadeSacramentaiseoraçõesde solidariedade nos velórios e enterros;

d) Promover encontros comevangelizadoresdas EscolasCatólicas,estimulandoparceriaseparticipaçãodas fa-mílias dos alunos e a Escola como corresponsáveis pela formação humana e cristã dos jovens.

V - Cidadania e cultura de paz: interrelações da Igreja com a sociedade

ObjetivoGeral146.Aprofundarmais,econtinuamente,oconhecimentodaDoutri-

na Social da Igreja, como luz para o agir dos cristãos no mundo dacultura,dapolítica,dajustiça,dotrabalho,dasaúdeedaeducação. Desta forma, a Igreja quer colaborar na formação do/acidadão/ãenaconstruçãodeumanovasociedade,utopiadoReinoparaondetodosnosdirigimos,colaborando,assim,na construção da Paz.

147. Primeiro: Formar lideranças que possam, por sua vez, tornar-se formadoras do cidadão e da nova sociedade, por uma Cultura de Paz.

148.Princípiosoperacionaisa) DinamizaroInstitutoPastoraldaArquidiocesedeVitóriado

Objetivosespecíficos

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149. Segundo: Optar pela pessoa em situação de risco, seja na infância, adolescência, juventude e terceira idade,buscandomeiosconcretosquecultivememtodos os níveis a paz.

150.Princípiosoperacionaisa) Apoiariniciativas,jáexistentes,emfavordomenoredo

adolescenteecriarmeiosqueatendam,auxiliemede-fendam a criança, aos adolescentes e aos jovens de todo tipodeagressãoeviolência;

b) Colaborarcomtodasasiniciativaseentidadesquepro-movam a paz e a proteção da juventude: Pastoral da Criança, do Menor, Carcerária, Associação de Proteção e AssistênciaaoCondenado(APAC)e outras;

c) Fortalecerparceriasquecriemalternativaspreventivasparaadolescentes e jovens em áreas e situação de risco;

d) Reformularosesquemascatequéticosparaadolescentesejovensfazendodelesagentesativosdaprópriaformação.

151. Terceiro: Cultivaro respeitoaosdireitoshumanos,em todas as esferas: humana, cultural, social e am-biental.

EspíritoSanto(IPAV)eseusdepartamentosdecatequese,féepolítica,famíliaeoutrosnecessáriosàformaçãoperma-nente de leigos e clérigos por uma Cultura de Paz;

b) Promoverencontrosepalestrasqueelucidemquestõescomo políticas públicas, participação e direitos do ci-dadão etc.;

c) IncentivaraintegraçãoComunidade/Escolaslocais,comoobjetivoderesgatarvaloreshumanosecristãos;

d) Incentivar círculosbíblicose leituraorante,diantedasrealidadesviolentas,comomeiosqueconduzemàpaz.

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152.Princípiosoperacionaisa) CultivaraCulturadePaznaspequenasrelações,nas

relaçõesinstitucionaise,especialmente,asrelaçõesecumênicas;

c) EstruturaraPastoraldoMeioAmbienteparacriarumanova cidadania ecológica;

d) Apoiarasfamíliasvítimasdeviolência;e) Solidarizar-secomostrabalhadoresemsituaçãodein-

justiça.

Conclusão153.Enfim,confioàCoordenaçãoArquidiocesanadePastoral

que,nospróximosanos,nocaminharjuntosnaacolhidafraterna e na esperança, toda a Igreja de Vitória do Espírito Santopossapôrempráticaestasorientações,atravésdePlanos de Ação Evangelizadora, feitos em assembleias participativas.

154. Que Nossa Senhora da Vitória nos ensine o caminho da PráticaSinodal, superando todososobstáculosqueseapresentarem, ajudando-nos a abrirmo-nos aos grandes desafiosqueapós-modernidadenoslançanoserviçodoReinodeDeus,àluzdoEspíritoSanto,nospassosdeJesusCristo, o mesmo ontem, hoje e sempre. Amém!

D. Luiz Mancilha Vilela, SSCCArcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo