Pronúncia das Vogais nos Anglicismos do Italiano e do Português Brasileiro

1
Aluno: Adriana Mendes Porcellato Orientador: Prof.a Heliana Mello Este pôster mostra os resultados de uma pesquisa sobre os aspectos fonéticos-fonológicos dos anglicismos no italiano e no português brasileiro. Mais especificamente, nos concentramos nas diferentes relizações das vogais nas três línguas-alvo do estudo: Inglês Norte-Americano (NAE), Italiano, Português Brasileiro (PB). Muito já foi discutido sobre a posição que os anglicismos ocupam dentro das línguas italiana e portuguesa: seriam eles uma ameaça estrangeira ao patrimônio lingüístico de uma nação, ou seriam, por outro lado, um enriquecimento que vai aos poucos se homogeneizando a esse patrimônio lingüístico? Essa discussão nunca chegou a lugar algum, nem parece que vai chegar, pois é impossível definir os anglicismos como partes ou homogêneas ou destoantes na língua. A verdade é que eles são as duas coisas ao mesmo tempo. Contudo, ainda há esperanças para uma melhor definição dos anglicismos: em termos técnicos os anglicismos são considerados empréstimos, ou seja uma característica estrangeira incorporada numa língua pelos falantes nativos dessa mesma língua (Thomason and Kaufman). Os anglicismos representam casos de empréstimos especifícos já que geralmente representam empréstimos lexicais provenientes do inglês. Esses empréstimos lexicais se dividem em dois tipos: Empréstimos ortograficamente modificados Xenismos Empréstimos não modificados ortograficamente Ao realizar esse trabalho, quisemos investigar alguns aspectos específicos dos anglismos e, para tanto, tentamos responder a duas perguntas: Os falantes de uma mesma nacionalidade concordam sempre na pronúncia dos anglicismos, e, mais especificamente, das vogais de tais anglicismos? Quais seriam as principais diferenças entre a pronúncia americana e aquelas brasileira e italiana? Nosso trabalho se dividiu em três etapas: 1) Estudo contrastivo dos sistêmas vocálicos das três línguas-alvo Nessa etapa, pedimos para falantes nativos lerem e gravarem o corpus coletado na fase anterior. Em seguida, analisamos essas gravações utilizando o programa PRAAT, que permite calcular a freqüência dos formantes, oferecendo uma descrição bastante detalhada das vogais: Resultados NAE Italiano PB www.wikipedia.org Pronúncias italianas da vogal // no anglicismo ranking Pronúncias brasileiras da vogal // no anglicismo chat 2) Análises acústicas das pronúncias de falantes nativos O que são os anglicismos? Empréstimos lexicais Devemos sempre lembrar, porém, que não existem anglicismos absolutamente não-modificados: todos os anglicismos sofrem alterações pelo menos ao nível fonológico pois “nenhum sistêma vocal de uma língua corresponde satisfatoriamente àquele de uma outra” (Canepari, 1979:26). Essa etapa foi importante na pesquisa, pois foi graças à análise dos três sistêmas vocálicos (figura ao lado) que pudemos coletar um curpus escrito e oral relevante para nosso estudo. Sobre os três sistêmas vocálicos é importante fazer três observações: 1) O inglês possui um número de vogais muito mais elevado que italiano e Português Brasileiro; 2) O inglês possui uma forte distinção entre vogais frouxas e tensas, que não existe no italiano e no Português Brasileiro; 3) Alguns sons do inglês não existem no italiano e no PB: /, , /. Com base nessas três observações, coletamos um corpus constituído por trechos de artigos de jornal. 3) Análise dos dados As análises acústicas obtidas para cada língua foram a esse ponto comparadas com o intento de responder às perguntas-objetivos que moveram esse estudo. Introdução Objetivos Lingua fonte Ingles Lingua alvo Italiano /Português Metodologia Conclusão Através desse trabalho esperamos ter contribuído para um melhor entendimento das vogais em geral, e, mais específicamente, das vogais das três línguas-alvo. Ao mesmo tempo, tentamos dar um apanhado geral da situação dos anglicismos no italiano e no português brasileiro, para depois nos concentrarmos na pronúncia de suas vogais. Esperamos dar continuidade a esse estudo inter-lingüístico, talvez explorando outras implicações fonéticas e fonológicas relativas aos anglicismos. Bibliografia CANEPARI, Luciano. Introduzione alla Fonetica. Torino: Einaudi, 1979. CELSE-MURCIA, Marianne; BRINTON, Donna; GOODWIN, Janet M. Teaching Pronunciation: a reference for teachers of English to speakers of other languages. Cambridge: CUP, 1996. THOMASON, Sara Grey & KAUFMAN, Terrence. Language contact, creolization and genetic linguistics. Berkely: University of Californa, 1991. Descobrimos também que quase sempre os anglicismos sofrem adaptação das vogais na passagem da língua-fonte para a língua-alvo, já que isso ocorreu em 16 dos 17 anglicismos analisados. Percebemos ainda que, como era previsível, os sons que mais sofreram adaptação foram aqueles que não existem nos sistêmas vocálicos italiano e brasileiro. Portanto sofreram adaptação os sons /, , /, além das vogais com glide, como /iy/, e as vogais foruxas e tensas. Percebemos que, mesmo tendo a mesma nacionalidade, nem sempre os falantes estão de acordo quanto à pronúncia dos anglicismos: no italiano, anglicismos como ranking e lag foram pronunciados com os sons /, , /; no PB o anglicismo chat foi realizado com os sons /, /, enquanto a palavra lag,mais rara no PB, foi pronunciada com os sons /, /.

description

meu trabalho de monografia resumido em um poster

Transcript of Pronúncia das Vogais nos Anglicismos do Italiano e do Português Brasileiro

Page 1: Pronúncia das Vogais nos Anglicismos do Italiano e do Português Brasileiro

Aluno: Adriana Mendes PorcellatoOrientador: Prof.a Heliana Mello

Este pôster mostra os resultados de uma pesquisa sobre os aspectos fonéticos-fonológicos dos anglicismos no italiano e no português brasileiro. Mais especificamente, nos concentramos nas diferentes relizações das vogais nas três línguas-alvo do estudo: Inglês Norte-Americano (NAE), Italiano, Português Brasileiro (PB).

Muito já foi discutido sobre a posição que os anglicismos ocupam dentro das línguas italiana e portuguesa: seriam eles uma ameaça estrangeira ao patrimônio lingüístico de uma nação, ou seriam, por outro lado, um enriquecimento que vai aos poucos se homogeneizando a esse patrimônio lingüístico?

Essa discussão nunca chegou a lugar algum, nem parece que vai chegar, pois é impossível definir os anglicismos como partes ou homogêneas ou destoantes na língua. A verdade é que eles são as duas coisas ao mesmo tempo.

Contudo, ainda há esperanças para uma melhor definição dos anglicismos: em termos técnicos os anglicismos são considerados empréstimos, ou seja uma característica estrangeira incorporada numa língua pelos falantes nativos dessa mesma língua (Thomason and Kaufman).

Os anglicismos representam casos de empréstimos especifícos já que geralmente representam empréstimos lexicais provenientes do inglês. Esses empréstimos lexicais se dividem em dois tipos:

Empréstimos ortograficamente

modificados

XenismosEmpréstimos não

modificados ortograficamente

Ao realizar esse trabalho, quisemos investigar alguns aspectos específicos dos anglismos e, para tanto, tentamos responder a duas perguntas: Os falantes de uma mesma nacionalidade concordam sempre na pronúncia dos anglicismos, e, mais especificamente, das vogais de tais anglicismos? Quais seriam as principais diferenças entre a pronúncia americana e aquelas brasileira e italiana?

Nosso trabalho se dividiu em três etapas:1) Estudo contrastivo dos sistêmas vocálicos das três línguas-alvo

Nessa etapa, pedimos para falantes nativos lerem e gravarem o corpus coletado na fase anterior. Em seguida, analisamos essas gravações utilizando o programa PRAAT, que permite calcular a freqüência dos formantes, oferecendo uma descrição bastante detalhada das vogais:

Resultados

NAE Italiano PB

www.wikipedia.org

Pronúncias italianas da vogal // no

anglicismo ranking

Pronúncias brasileiras da vogal // no

anglicismo chat

2) Análises acústicas das pronúncias de falantes nativos

O que são os anglicismos?

Empréstimos lexicais

Devemos sempre lembrar, porém, que não existem anglicismos absolutamente não-modificados: todos os anglicismos sofrem alterações pelo menos ao nível fonológico pois “nenhum sistêma vocal de uma língua corresponde satisfatoriamente àquele de uma outra” (Canepari, 1979:26).

Essa etapa foi importante na pesquisa, pois foi graças à análise dos três sistêmas vocálicos (figura ao lado) que pudemos coletar um curpus escrito e oral relevante para nosso estudo. Sobre os três sistêmas vocálicos é importante fazer três observações:

1) O inglês possui um número de vogais muito mais elevado que italiano e Português Brasileiro; 2) O inglês possui uma forte distinção entre vogais frouxas e tensas, que não existe no italiano e no Português Brasileiro; 3) Alguns sons do inglês não existem no italiano e no PB: /, , /.

Com base nessas três observações, coletamos um corpus constituído por trechos de artigos de jornal.

3) Análise dos dadosAs análises acústicas obtidas para cada língua foram a esse ponto comparadas com o intento de responder às perguntas-objetivos que moveram esse estudo.

Introdução

Objetivos

Lingua fonte Ingles

Lingua alvoItaliano/Português

Metodologia

ConclusãoAtravés desse trabalho esperamos ter contribuído para um melhor entendimento das vogais em geral, e, mais específicamente, das vogais das três línguas-alvo. Ao mesmo tempo, tentamos dar um apanhado geral da situação dos anglicismos no italiano e no português brasileiro, para depois nos concentrarmos na pronúncia de suas vogais. Esperamos dar continuidade a esse estudo inter-lingüístico, talvez explorando outras implicações fonéticas e fonológicas relativas aos anglicismos.Bibliografia

CANEPARI, Luciano. Introduzione alla Fonetica. Torino: Einaudi, 1979.CELSE-MURCIA, Marianne; BRINTON, Donna; GOODWIN, Janet M. Teaching Pronunciation: a reference for teachers of English to speakers of other languages. Cambridge: CUP, 1996.THOMASON, Sara Grey & KAUFMAN, Terrence. Language contact, creolization and genetic linguistics. Berkely: University of Californa, 1991.

Descobrimos também que quase sempre os anglicismos sofrem adaptação das vogais na passagem da língua-fonte para a língua-alvo, já que isso ocorreu em 16 dos 17 anglicismos analisados. Percebemos ainda que, como era previsível, os sons que mais sofreram adaptação foram aqueles que não existem nos sistêmas vocálicos italiano e brasileiro.

Portanto sofreram adaptação os sons /, , /, além das vogais com glide, como /iy/, e as vogais foruxas e tensas.

Percebemos que, mesmo tendo a mesma nacionalidade, nem sempre os falantes estão de acordo quanto à pronúncia dos anglicismos:

no italiano, anglicismos como ranking e lag foram pronunciados com os sons /, , /;

no PB o anglicismo chat foi realizado com os sons /, /, enquanto a palavra lag,mais rara no PB, foi pronunciada com os sons /, /.