PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO SEGUNDO … · comumente se enquadra a atividade física, pois...

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Universidade de Brasília JOCILDA FREIRE SALES PLESSYM PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO SEGUNDO TEMPO NO ENSINO FUNDAMENTAL I DA ESCOLA 1º DE MAIO SOBRAL 2007

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Universidade de Brasília

JOCILDA FREIRE SALES PLESSYM

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO SEGUNDO TEMPO NO ENSINO FUNDAMENTAL I DA ESCOLA 1º DE MAIO

SOBRAL 2007

JOCILDA FREIRE SALES PLESSYM

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO SEGUNDO TEMPO PARA OS ALUNOS DE 1ª A 4ª SÉRIE NA ESCOLA 1º DE MAIO

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Especialização “Capacitação Continuada em Esporte Escolar”, pela Universidade de Brasília – UnB, sob orientação do professor Valdir Rodrigues Ramos Júnior

SOBRAL-CE 2007

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Especialização

“Capacitação Continuada em Esporte Escolar”, pela Universidade de Brasília - UnB

__________________________________________________ Jocilda Freire Sales Plessym

Monografia aprovada em ____/_____/_____

__________________________________________________ Prof.

Orientador

_____________________________________________________ 1º Examinador _____________________________________________________ 2º Examinador _____________________________________________________ 3º Examinador

_________________________________________ Prof.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................ 10

1.1. Educação Física no Brasil ....................................................................................... 10

1.2. Documentos Oficiais Norteadores da Política de Educação .................................... 18

1.2.1. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9.394/96) ................... 18

1.2.2. Parâmetros Curriculares Nacionais ....................................................................... 19

CAPITULO II – PROJETO SEGUNDO TEMPO ......................................................... 22

CAPÍTULO III – PROPOSTA DO PROJETO SEGUNDO TEMPO NA ESCOLA 1º DE MAIO .......................................................................................................................

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3.1. Metodologia ............................................................................................................. 25

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 27

Dedico este trabalho a Deus e a meus pais com todo carinho.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente ao meu orientado Profº. Ms Valdir Rodrigues Ramos Jr. por sua dedicação e paciência comigo durante este período em que convivemos.

Gostaria de agradecer aos meus estagiários, por todo o tempo que estivemos juntos, pelas brincadeiras e momentos sérios, etc. Vocês são demais!!!!.

Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de especialização à distância.

Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. Obrigado!

“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, o homem se educa em comunhão”..

Paulo Freire

INTRODUÇÃO

É notório que a Educação Física é imprescindível para o desenvolvimento

físico, afetivo e social da criança, por apresentar considerável potencial para a produção de

mudanças sócio-emocionais e físicas durante as fases de seu desenvolvimento.

Go Tani et al (1999), definem a Educação Física como o envolvimento da

população em geral na prática de atividades motoras que possam contribuir para a otimização

de suas possibilidades e potencialidades para mover-se de forma genérica, harmoniosa, e

eficaz, no sentido de melhorar a sua adaptação, interação e influência na transformação do

ambiente, na busca de uma melhor qualidade de vida tem sido ainda limitado.

A Educação Física vêm sendo reconhecida como necessária ao Currículo

Escolar, já que dá oportunidades às crianças de desenvolverem-se integralmente e de uma

forma saudável. Infelizmente a Educação Física nas quatro primeiras séries do Ensino

Fundamental, ainda não é vivenciada nas Escolas Públicas Municipais de Sobral.

O Programa Segundo Tempo tem a finalidade de colaborar para a inclusão

social, promoção da saúde, bem-estar físico e do desenvolvimento intelectual de crianças e

adolescente, principalmente as que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

Estudos nesse campo, fornecem subsídios para afirmar que as atividades

corporais na infância, são importantes tanto para o desenvolvimento motor, como para a

formação da personalidade da criança, pois põem em jogo suas experiências vividas com o

corpo inteiro, ou seja, sua motricidade, afetividade e intelecto, que juntos são indispensáveis

e buscam atender as suas necessidades de crescimento e desenvolvimento harmônico.

Tal afirmação é correta, porém, um tanto fora da realidade que gira em torno de

nossa pesquisa, pois os alunos os que fazem parte da mesma são crianças, na maioria das

vezes com problemas sócio-econômicos, e a escola não oferece estrutura física, nem recursos

humanos para execução dessa prática tão importante no desenvolvimento infantil.

Entendemos, portanto, que a implantação do Programa Segundo Tempo nas

escolas municipais nas séries iniciais (1ª a 4ª), garantirá as crianças à melhoria na qualidade

de vida, a estabilidade familiar, o convívio coletivo com a comunidade, assegurando com isto,

o resgate de nossas crianças, tornando o processo de inclusão social permanentemente e a

busca da cidadania.

Freire (1994, p.13-14), em seus estudos sobre educação de corpo inteiro sugere que no início do ano letivo, o corpo das crianças seja também matriculado, enfatizando a preocupação da Escola em trabalhar somente o cognitivo, quando se sabe que o universo infantil caracteriza-se muito mais pela concretude e pela motricidade e afirma ainda que negar a cultura infantil, é mais uma cegueira do sistema escolar.

Sendo assim, este trabalho monográfico teve por objetivo:

• Descobrir a importância do Programa Segundo Tempo como elemento educativo essencial

na formação das crianças, e identificar as funções da mesma, na educação destes educandos

de 1ª a 4ª série da Escola 1º de Maio da cidade de Sobral/CE..

Para um melhor entendimento estruturamos esse trabalho em três capítulos:

No capítulo I, fazemos um resgate histórico e evolutivo da Educação Física no

Brasil à luz de seus princípios, concepções teóricas e principais autores; Citaremos os

documentos oficiais que fundamentam a Educação Física no Brasil, dando ênfase maior às

quatro primeiras séries do Ensino Fundamental.

O capítulo II, falaremos sobre o Programa Segundo Tempo.

E finalizamos, apresentando no capítulo III, uma proposta do Programa

Segundo Tempo na Escola 1º de Maio.

CAPÍTULO I

HISTORICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

1.1 – Educação Física no Brasil.

A Educação Física, segundo expressão do filósofo português, Manuel Sérgio, é

ramo pedagógico da ciência da motricidade humana, ciência da compreensão e explicação da

conduta motora humana.

“Vemos a Educação Física como uma prática pedagógica, afirmamos que ela surgiu de necessidades sociais concretas que, identificadas em diferentes momentos históricos, dão origem a diferentes entendimentos do que dela conhecemos” (SOARES, 1992, p.52).

Castellani (1994), afirma existir três tendências na Educação Física no Brasil.

Uma que apresenta a biologização. Caracteriza-se por produzir o estudo da compreensão e

explicação do homem em movimento apenas em seu biológico, configura-se na ênfase

exacerbada às questões afetas à performance esportiva, a correspondente na Educação Física.

Outra, que pode ser aquela que se traduz na Psicopedagogização da Educação Física, explica-

se no reducionismo psico-pedagógico que se caracteriza pela análise das instituições sociais, a

escola, por exemplo, enquanto sistemas fechados. E uma terceira tendência começa a ganhar

corpo no cenário da Educação Física no Brasil, para ela, educar caracteriza-se como uma ação

essencialmente política à medida que busca possibilitar a apropriação, pelas classes populares

do saber próprio à cultura dominante, instrumentalizando-as para o exercício pleno de sua

capacidade de luta no campo social. Interessa, portanto, à esta terceira tendência, que se

respalda na concepção histórico-crítica de Filosofia de Educação, veicular o entendimento de

que o movimento que privilegiam enquanto elemento por excelência da Educação Física no

Brasil. Para ela, educar caracteriza-se como uma ação essencialmente política à medida que

busca possibilitar a apropriação, pelas classes populares do saber próprio à cultura dominante,

de uma dimensão humana, uma vez que extrapola os limites orgânicos e biológicos, onde

comumente se enquadra a atividade física, pois o homem é um ser eminentemente cultural e o

movimento humano, por conseguinte, representa: um fator de cultura, ao mesmo tempo em

que também se apresenta como seu resultado buscam, enfim, tratar a Educação Física como

sendo a área do conhecimento responsável pelo estudo acerca dos aspectos sócio-

antropológicos do movimento humano.

Por outro lado, Ghiraldelli (1997), afirma resgatar cinco tendências da

Educação Física Brasileira. A educação Física Higienista (1889 até 1930) – a ênfase em

relação à questão da saúde está em primeiro plano, a Educação Física têm papel fundamental

na formação de homens e mulheres sadios, fortes, dispostos à ação e buscando uma sociedade

livre das doenças infecciosas e dos vícios deteriorados da saúde e do caráter do homem do

povo, essa tendência tem como lema “mente sã em corpo são”. A Educação Física Militarista

(1930-1945) – também se preocupa com a saúde individual e com a saúde pública, mas o

objetivo fundamental é a obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta, a

guerra, a Educação Física deve ser rígida, assim colaborar no processo de seleção natural,

eliminando os fracos e premiando os fortes, no sentido de “depuração da raça”, a coragem, a

vitalidade, o heroísmo, a disciplina exarcebada compõe a plataforma básica dessa tendência.

A Educação Física Pedagogista (1945-1964) – é quem vai reclamar para a sociedade a

necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de promover

saúde ou de disciplinar juventude, mas de encarar a Educação Física como uma prática

eminentemente educativa, e mais, ela vai advogar a “educação do movimento” como a única

forma capaz de promover a chamada “educação integral”, nela a Educação Física é encarada

como algo útil e bom socialmente e deve ser respeitada acima das lutas políticas dos

interesses diversos de grupos ou de classes, tendo essa, que respeitar as peculiaridades

culturais, físico-morfológicas e psicológicas do homem brasileiro. A Educação Física

Competitivista (após 64) – tem como objetivo fundamental a caracterização da competição e

da superação individual, ela volta-se para o culto do atleta-herói, aquele que a despeito de

todas as dificuldades chegou ao podium, nessa tendência, a Educação Física fica reduzida ao

“desporto de alto nível”, a prática desportiva deve ser “massificada”, para daí brotar atletas

capazes de brindar o país com medalhas olímpicas. E a Educação Física Popular – ao

contrário das concepções anteriormente citadas, ela não revela uma produção teórica (livros,

periódicos, etc) abundante e de fácil acesso, ela sustenta-se quase que exclusivamente numa

“teorização” transmitida oralmente entre as gerações de trabalhadores deste país, nessa

tendência não se preocupa com a saúde, nem somente em disciplinar homens e muito menos

em receber medalhas, ela é, antes de tudo, ludicidade e cooperação e entende que a educação

dos trabalhadores está intimamente ligada ao movimento de organização das classes populares

para o embate da prática social, ou seja, para o conforto cotidiano imposto pela luta de

classes.

Tolkmitt (1993), concorda com Ghiraldelli, e identifica ainda três funções da

Educação Física em sua história. A função utilitária caracteriza-se pelas questões de

sobrevivência que sustenta a história da humanidade, nela a Educação Física vai aparecer no

conteúdo de ginástica com fins higienistas, imitativos e acrobáticos e também com seu caráter

ritualístico. A função higienista configura o trabalho corporal através do qual se manifesta o

cuidado com o corpo no sentido de manutenção e busca da saúde, a Educação Física enquanto

função higienista, passa por todos os conteúdos, dependendo a que e quem vai servir. E a

Função Guerreira – caracteriza-se a partir do momento histórico, quando o homem, na sua

lenta e longa evolução, deixou de ser pastor nômade para ser agricultor vivendo no delta dos

rios e foi nos primórdios dessa mudança, que o caráter guerreiro surgiu, pois em seu novo

“habitat”, tiveram que brigar com animais e posteriormente com a expulsão dos agricultores

através de um assalto, preparavam-se para futuras incursões, então, em suas horas de ócio,

eram preenchidas por exercícios que visassem dota-los de força e destreza, esta mudança de

exercício utilitário constituiu-se no caráter guerreiro da Educação Física, essa função

guerreira, sempre esteve presente nas sociedades com fins de dominação e manutenção da

hegemonia; e é nos jogos que ela vai aparecer, simbolizando o combate com características de

perseguição, ataque, defesa e disputa.

A Educação Física no Brasil, quando de suas primeiras tentativas para compor

o universo escolar, surge como promotora de saúde física, da higiene física e mental, da

educação moral e de regeneração ou constituição das raças.

Castellani (1988), fala que no final do século XVIII e no século XIX, os

médicos tinham grande influência no Brasil, eles exerciam o papel de conselheiro e o grande

perito, senão na arte de governar, pelo menos na de observar, corrigir, melhorar o corpo social

e mantê-lo em um permanente estado de saúde. Os médicos para dar conta de suas

atribulações, lançaram mão da Educação Física, definindo-lhe um papel de substancial

importância, o de criar o corpo saudável, robusto e harmonioso organicamente, querendo que

esse corpo seja representante de uma classe e de uma raça, incentivando o racismo e os

preconceitos ligados a eles. Para explorar e manter explorado o nome da superioridade racial e

social da burguesia branca, todos os que lograram conformam-se ao modelo construído pelos

higienistas. E ainda outro fator soma-se no sentido entabulado pelas camadas dominantes, no

sentido da eugenização do povo brasileiro, é que em 1822 com a Independência do Brasil,

metade de sua população em escravos por isso, em grande temor de que o potencial de

rebeldia dos escravos pudesse vir a ser manipulado no sentido de servir de apoio aos

portugueses com vocação recolonizadora. A Educação Física como elemento educacional,

ainda que com visão de saúde corporal, saúde física e eugênica, enfrentava barreiras

arraigadas nos valores dominantes do período colonial. A Educação Física por estar

relacionada à atividade física produtiva, a trabalho, era repelida, portanto não o era mais, em

sua compreensão de não trabalho, em seu sentido lúdico, de preenchimento do tempo livre,

sempre foi valorizada pela classe dominante. O envolvimento dos higienistas com a Educação

Escolar se deu, dentro da compreensão de ser – a Educação Física – uma extensão da

educação familiar, mas as famílias não queriam que seus filhos exercitassem para não se

machucarem. Afirmamos então, ter sido também influenciados pelos higienistas, que os

educadores passaram a defender a ginástica nos colégios. Tais esforços, porém, não ocorram

sem suscitar resistências próprias ao pensamento dominante da época, que não viam com bons

olhos o levar para dentro dos colégios – que assistia a filhos da elite – a prática de atividades

físicas, situando-as ao lado daquelas por eles valorizadas, de índole intelectual. Tal

contrariedade, se era diminuta em relação aos alunos do sexo masculino, por já terem os pais

se acostumado à idéia da Ginástica para os homens, em razão dos exemplos oriundos das

instituições militares, se fazia histérica quando a intenção de sua prática se estendia ao sexo

feminino. Segundo conta Penna Marinho que em 1874, o conselheiro Josino do Nascimento

Silva, da Província do Rio de Janeiro, assinala em seu relatório, “a repugnância” com que foi

recebida pela opinião pública, a aula de Ginástica, principalmente a que se referia ao curso de

alunas.

As tentativas, malgrado as resistências havidas, não se arrefeceram. Ao

contrário, pródigos são os exemplos que nos colocam a par dos esforços despendidos no

sentido de tornar obrigatória a inserção da Educação Física na grade curricular dos institutos

educacionais de então. O Parecer de Rui Barbosa no projeto de número 224, denominado

“Reforma do Ensino Primário, e várias instituições complementares da Instrução Pública”.

Em tal Parecer, proferido na sessão de 12 de setembro de 1882 da Câmara dos Deputados,

Rui Barbosa deu à Educação Física um destaque ímpar em seu pronunciamento, terminando

por sintetiza-lo em propostas que foram desde a instituição de uma sessão especial de

ginástica em escola normal (inciso primeiro), até a equiparação, em categoria e autoridade,

dos professores de Ginástica aos de todas as outras disciplinas (inciso quarto), passando pela

proposta de inclusão da Ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, em horas

distintas das do recreio e depois das aulas.

Segundo Carmem Soares (1994), a Educação Física, filha do liberalismo e do

positivismo, deles absorveu o gosto pelas leis, pelas normas, pela hierarquia, pela disciplina,

pela organização da forma. Do liberalismo, forjou suas “regras” para os esportes modernos

(que, não por caso, surgiram na Inglaterra), dando-lhes a aparência de serem “universais” e,

deste modo, permitindo a todos ganhar no jogo e vencer na vida pelo seu próprio esforço. Do

positivismo, absorveu, com muita propriedade, sua concepção de homem como ser puramente

biológico e orgânico, ser que é determinado por caracteres genéticos e hereditários, que

precisa ser “adestrado”, “disciplinado”. Um ser que se avalia pelo que resiste.

Após a Segunda Guerra Mundial, que coincide com o fim da ditadura do

Estado Novo no Brasil, surgem outras tendências disputando a supremacia no interior da

instituição escolar. Destaca-se o Método Natural Austríaco desenvolvido por Gaulhofer e

Streicher e o Método da Educação Física Desportiva Generalizada, divulgado no Brasil por

Auguste Listello. Predomina nesse último a influência do esporte que, no período do pós-

guerra, apresenta um grande desenvolvimento, afirmando-se paulatinamente em todos os

países sob a influência da cultura européia como elemento predominante da cultura corporal.

A identidade esportiva da Educação Física é fortalecida pela pedagogia tecnicista.

Será Leppelletier o teórico que abrirá espaço para os exercícios físicos em suas

propostas pedagógicas, as quais passam a ter caráter de lei. Sobre os exercícios físicos assim

se expressa:

“...o objetivo da educação nacional será fortificar o corpo e desenvolve-lo por meio de exercícios de ginástica; acostumar as crianças ao trabalho das mãos; endurece-las contra toda espécie de cansaço, dobra-las ao jugo de uma disciplina salutar, formar-

lhes o coração e o espírito por meio de instruções úteis; e dar conhecimentos necessários a todo cidadão, seja qual for sua profissão...” (SOARES, 1994, p.53).

Esta seria a educação capaz de formar homens completos, necessários para

desenvolver e aprimorar a nova sociedade e, portanto, deveria ser um “direito” de todos os

cidadãos.

Esse sistema citado por Soares (1994, p.54), de desporto trabalhado nas escolas

à partir de 1945, é definido por Ghiraldelli como “Pedagogia Competitivista”, mas que

segundo ele, só surgiu após o golpe de 64; antes de 1945 à 1964 ele defende a existência de

uma outra Tendência, a Pedagógica.

Na década de 70, em plena vigência do governo da Ditadura Militar, foi muito

forte a influência das questões relacionadas ao nacionalismo e à integração e segurança

nacionais. No tocante, especificamente, a educação Física Escolar, o do Decreto n. 69.450, de

1971, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e

técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do

educando.” A falta de especificidade do decreto manteve a ênfase na aptidão física, a partir da

5ª série, como forma de que fossem descobertos talentos para representarem a pátria em

competições internacionais. Fortalecia-se o desporto de elite, com a seleção de indivíduos

aptos para competir dentro e fora do país.

Na década de 80 os efeitos desses modelos começaram a ser sentidos e

contestados: o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite não

aumentaram o número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda

crise de identidade nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, que originou

uma mudança significativa nas políticas educacionais.

As relações entre Educação Física e sociedade passaram a ser discutidas sob a

influência das teorias críticas da educação: questionou-se seu papel e sua dimensão política.

Ocorreu então uma mudança de enfoque, tanto no que dizia respeito à natureza da área quanto

no que se referia aos seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de ensino e

aprendizagem.

Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a Educação

Física Escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas,

sociológicas e concepções filosóficas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação

e reflexão para a área e se aproximado das ciências humanas, e, embora contenham enfoques

científicos diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a

busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano.

É importante salientar aqui que utilizamos como referência somente alguns

autores e que vários outros têm desenvolvido trabalhos de pesquisa no campo da história da

Educação Física no Brasil.

1.2. Documentos Oficiais Norteadores da Política de Educação.

1.21. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96.

A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é um documento que

congrega todos os elementos norteadores da educação nacional. Neste documento está

explícito todo o sistema organizacional de todas as disciplinas que fazem parte dos currículos

dos mais variados níveis de ensino da educação nacional.

A vida escolar foi bastante modificada pela nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB),

dando abertura à iniciativa das escolas e à equipe pedagógica, incluindo o professor de

educação física que, nesse momento, passa a ser mais exigido quanto à sua qualificação do

seu conhecimento, principalmente no que corresponde ao planejamento da atividades que

venham de encontro aos interesses e necessidades dos alunos.

Referente a Educação Física a LDB cita em seu capítulo II, parágrafo terceiro:

A Educação Física integrada à proposta pedagógica é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativo no período noturno (LDB, artigo 26 parágrafo 3).

Portanto, fica claro que a Educação Física é componente curricular da

Educação Básica, sendo obrigatória em todas as escolas do ensino fundamental e médio,

justificando-se somente o terno facultativo para o período noturno. Assim, não devemos

admitir que gestores de escolas públicas deixem de cumprir a lei, negando o direito à prática

da Educação Física às crianças.

1.2.2. Parâmetros Curriculares Nacionais

O Ministério da Educação e do Desporto, através da Secretaria de Ensino

Fundamental, inspirado no modelo educacional espanhol, mobilizou a partir de 1994 um

grupo de pesquisadores e professores no sentido de elaborar os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs). Em 1997, foram lançados os documentos referentes aos 1o e 2o ciclos (1a à

4a série) (do Ensino Fundamental) e no ano de 1998 os relativos aos 3o e 4o ciclos (5a à 8a

série), incluindo um documento específico para a área da Educação Física (MEC, 1998).

Em 1999, foram publicados os PCNs do Ensino Médio por uma equipe

diferente daquela que compôs a do Ensino Fundamental, e a supervisão ficou sob a

responsabilidade da Secretaria de Ensino Médio, do Ministério da Educação e do Desporto

(MEC, 1999).

De acordo com o grupo que organizou os Parâmetros Curriculares Nacionais,

estes documentos têm como função primordial subsidiar a elaboração ou a versão curricular

dos estados e municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes,

incentivando a discussão pedagógica interna às escolas e a elaboração de projetos educativos,

assim como servir de material de reflexão para a prática de professores.

Os PCNs são compostos pelos seguintes documentos: documento introdutório,

temas transversais (Saúde, Meio Ambiente, Ética, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual, e

Trabalho e Consumo) e documentos que abordam o tratamento a ser oferecido em cada um

dos diferentes componentes curriculares. As propostas elencadas, sobretudo nos PCNs - área

Educação Física para os terceiros e quartos ciclos - apresentam alguns avanços e

possibilidades importantes para a disciplina; embora muitas destas idéias já estivessem

presentes no trabalho de alguns autores brasileiros (BETTI, M. ,1991; BETTI, M., 1994;

1995; COLETIVO DE AUTORES, 1992) só para citar alguns, em discussões acadêmicas,

bem como no trabalho de alguns professores da rede escolar de ensino.

Contudo, o texto publicado pelos PCNs auxiliou na organização desses

conhecimentos, articulando-os nas suas várias dimensões. Eleger a cidadania como eixo

norteador significa entender que a Educação Física na escola é responsável pela formação de

alunos que sejam capazes de:

- participar de atividades corporais adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade e

solidariedade;

- conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da cultura

corporal;

- reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis

relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da saúde coletiva;

- conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos

diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro da cultura em que são

produzidos, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia;

- reivindicar, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar

locais adequados para promover atividades corporais de lazer (BRASIL, 1998).

Três aspectos da proposta dos PCNs - área Educação Física representam

aspectos relevantes a serem buscados dentro de um projeto de melhoria da qualidade das

aulas, quais sejam; princípio da inclusão, as dimensões dos conteúdos (atitudinais, conceituais

e procedimentais) e os temas transversais. Assim, a proposta destaca uma Educação Física na

escola dirigida a todos os alunos, sem discriminação. Ressalta também a importância da

articulação entre o aprender a fazer, a saber, por quê está fazendo e como se relacionar neste

fazer, explicitando as dimensões dos conteúdos. Propõe ainda, um relacionamento das

atividades da Educação Física com os grandes problemas da sociedade brasileira, sem, no

entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na esfera da cultura corporal.

Sem dúvida, tais aspectos constituem-se em enormes desafios para os

profissionais da área. No Quadro 1 será apresentado os principais conteúdos sugeridos por

cada uma das abordagens nas dimensões procedimentais, atitudinais e conceituais.

CAPÍTULO II

PROJETO SEGUNDO TEMPO

O Projeto Segundo Tempo constitui-se numa iniciativa conjunta do Ministério

do esporte e Ministério da Educação para democratizar o acesso a prática esportiva nos

estabelecimentos públicos de educação do Brasil, efetivando o preceito constitucional que

define o esporte como direito de cada um, através de atividades esportivas no contra-turno,

com finalidade de colaborar para a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e do

desenvolvimento intelectual de crianças e adolescentes, principalmente as que se encontram

em situação de vulnerabilidade social.

O princípio da “inclusão social e redução das desigualdades” é um dos

norteadores das ações do Governo \federal. Nesse sentido, a prática esportiva, nos termos

dispostos pelo artigo 217 da Constituição Federal, é um direito de cada cidadão, sendo que a

democratização do acesso a essa prática, por si só, colabora para a inclusão social.

O esporte escolar deve ser diferenciado do componente curricular educação

física, que se caracteriza com a área de conhecimento, portanto como espaço de intervenção e

de direito social de educação formal, ou seja, como espaço de intervenção curricular. O

espaço do esporte escolar deve ser compreendido como ampliação do currículo, integrado ao

projeto pedagógico da escola, porém sendo realizado no contra-turno escolar.

O Segundo Tempo pretende fomentar o esporte, em sua dimensão educacional,

realizando-se nos estabelecimentos públicos de ensino ou em espaços esportivos

disponibilizados por parceiros, como um fator de contribuição para o desenvolvimento da

escola em tempo integral.

O ensino de esporte na escola deve dar continuidade ao processo de educação

formal do aluno, vinculado ao projeto pedagógico da unidade escolar, oportunizando através

da metodologia de ensino do Projeto, que um maior número de crianças tenham acesso apo

aprendizado do esporte e tenham a oportunidade de permanecer na sua prática, processo esse

que deve levar à autonomia e ao conhecimento crítico da cultura esportiva nas dimensões

educacionais, de lazer e rendimento.

CAPÍTULO III

PROPOSTA DO PROJETO SEGUNDO TEMPO NA ESCOLA 1º DE MAIO

O Projeto Segundo Tempo será aplicado aos alunos da Escola 1º de Maio, no contra turno escolar, será aplicado de 2ª à 6ª feira, através das seguintes modalidades: futsal, voleibol, handebol e basquetebol. As atividades esportivas serão coordenadas por um professor de Educação Física, e terá o acompanhamento de dois monitores que ficarão responsável pela aplicação das aulas práticas. Os alunos serão avaliados mensalmente para detectar a evolução no seu desenvolvimento motor no decorrer das atividades esportivas.

A partir do momento que os 120 alunos passarão a freqüentar as atividades esportivas citadas anteriormente, o Programa Segundo Tempo proporcionou diversas melhorias entre elas podemos citar:

- Melhoria da freqüência dos alunos nas atividades escolares;

- Melhoria no rendimento escolar;

- Diminuição da evasão escolar;

- Diminuição do tempo ocioso da criança;

- Maior concentração dos alunos nas aulas;

- Integração entre pais e alunos, através das atividades;

- A redução da exposição de crianças e adolescentes às situações de risco social.

Totalizando, teremos 40 aulas, correspondentes há 40 horas distribuídas de acordo com a seriação (1ª à 4ª), ou seja, o mesmo percentual de vivência das atividades para as séries envolvidas no Projeto Segundo Tempo da Escola 1º de Maio.

Durante a avaliação almejamos que os educandos estejam aptos a desenvolver toda e qualquer modalidade que o projeto ofertou, atendendo tanto a vertente esportiva como social alcançando no final do Programa Segundo Tempo 90% da camada de alunos envolvido no programa.

3.1. Metodologia

Para execução da proposta, focaremos nos alunos da rede pública municipal de Sobral da Escola 1º de Maio. Os educandos participarão do Programa Segundo Tempo no

contra turno do horário das aulas. Serão utilizadas várias modalidades esportivas tais como: futsal, handebol, basquete e voleibol.

Estando envolvido com o processo educacional, temos a responsabilidade de promover oportunidades que tragam, de certa forma, mudança nas atitudes e construção intelectual de pensamentos dos nossos alunos. Com isso, o programa, ou seja, a proposta que estaremos aplicando deverá trazer à tona as diferenças que as influências das experiências vivenciadas pelos alunos possam promover.

As observações executadas no transcorrer desse documento serão analisadas com base na evolução dos educandos, envolvendo aspectos cognitivos e desportivos, uma vez que o Programa Segundo Tempo proporcionará aos alunos inseridos no Ensino Fundamental (1ª à 4ª) da Escola 1º de Maio.

O resultado esperado com o desenvolvimento do projeto na Escola 1º de Maio acreditamos que terá reflexo imediato em quatro níveis de impacto: os estudantes, a família, a escola e a comunidade.

Como afirma Paulo Freire:

“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, o homem se educa em comunhão”.

CONCLUSÃO

De posse das observações obtidas ao longo deste trabalho posso afirmar que o Programa Segundo Tempo tem contribuído de forma substancial no desenvolvimento lúdico-desportivo e cognitivo das crianças matriculadas no Ensino Fundamental (1ª à 4ª) da Escola 1º de Maio

A inserção de um grande percentual da comunidade infantil no cotidiano escolar tem sido uma das vitórias observadas e literalmente obtidas com a vivência do Programa Segundo Tempo, e por que não dizer, com a descoberta vitoriosa de talentos e suas bonificações sociais.

Estudos e observações comprovam que a evolução esportiva, as atitudes comportamentais e a desenvoltura psico-social fazem parte atualmente das atividades escolares e familiares graças ao intercâmbio reservado com o Programa Segundo Tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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