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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE MICRORRESERVATÓRIO DE DETENÇÃO EM LOTES NA CIDADE DE FREDERICO WESTPHALEN TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nathana Karina Swarowski Arboit Frederico Westphalen, RS, Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE

MICRORRESERVATÓRIO DE DETENÇÃO EM

LOTES NA CIDADE DE FREDERICO WESTPHALEN

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Nathana Karina Swarowski Arboit

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2014

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE

MICRORRESERVATÓRIO DE DETENÇÃO EM LOTES NA

CIDADE DE FREDERICO WESTPHALEN

Nathana Karina Swarowski Arboit

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia

Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS)

como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental

Orientadora: Profª Drª Malva Andrea Mancuso

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2014

Universidade Federal de Santa Maria

Campus de Frederico Westphalen

Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de

Conclusão de Curso

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE MICRORRESERVATÓRIO

DE DETENÇÃO EM LOTES NA CIDADE DE FREDERICO

WESTPHALEN

elaborado por

Nathana Karina Swarowski Arboit

Como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental

Frederico Westphalen, 15 de Janeiro de 2014

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de pesquisa a toda minha família,

especialmente aos meus pais, Cleides e Jairton e irmãos

Frâncis e Gianna. À vocês como parte do meu

crescimento.

AGRADECIMENTOS

Esta conquista não é mérito exclusivamente meu. Outras pessoas contribuíram

explicíta ou anonimamente para minha caminhada. Com elas desejo partilhar esses momentos

de vitória e alegria.

À Deus, pois sem Ele, nada é possível, e com Ele o impossível se torna realidade.

Minha gratidão aos meus pais, referências da minha vida, pelos incentivos e

acompanhamento em mais essa fase.

À Universidade Federal de Santa Maria-UFSM.

À professora Malva Andrea Mancuso, por terem aceitado o desafio de me orientar.

À Vinicius Alexandre Sikora de Souza pela atenção e colaboração nesta pesquisa.

Ao engenheiro civil Leandro Bonafé, pela colaboração técnica.

À todos os professores do curso de Engenharia Ambiental, os quais tenho muita

admiração. Muito obrigada pelo auxílio e pelos conhecimentos transmitidos.

Aos grandes amigos do Núcleo de Pesquisa e Extensão Engenharia Ambiental. Muita

obrigada de coração por compartilharem sentimentos, emoções e aprendizado durante este

tempo.

Meus agradecimentos a todos que de alguma maneira contribuíram para o

desenvolvimento desta pesquisa.

“Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje, faça alguma coisa pequena,

mas faça.Viva um dia de cada vez...E será mais fácil continuar vivendo. O importante é não

parar, pois mesmo um pequeno avanço na direção certa, já é um grande progresso. Continue

andando e fazendo, e o que parecia fora do alcance esta manhã vai parecer um pouco mais

próximo ao anoitecer. A cada momento intenso e apaixonado que você dedica ao seu objetivo

um pouco mais você se aproxima dele. Se você para completamente é muito mais difícil

recomeçar, então continue andando. Vá rápido quando puder e devagar quando for obrigado,

mas siga seguro”.

(Autor Desconhecido)

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma proposta de dimensionamento de microrreservatórios de

detenção, fundamentada no Método Racional e associada a relações IDF, que permitem o

cálculo do volume de armazenamento do dispositivo.

Para o dimensionamento do reservatório de detenção considerou-se as informações de projeto

de uma futura residência, com área de contribuição de 181,500m2. A metodologia de

dimensionamento baseou-se no Método Racional, sendo que o volume de detenção obtido foi

de 2m3 para uma chuva de projeto de 204,597mm/h, com 5 minutos de duração e tempo de

retorno de 5 anos.

Tendo em vista que um requisito fundamental para a aplicação do Método Racional em

dimensionamento de obras de drenagem urbana é o conhecimento das chuvas intensas, houve

a necessidade de determinar para Frederico Westphalen a equação que relaciona Intensidade-

Duração-Frequencia (IDF). Para tanto, considerou-se os dados pluviométricos diários, com

uma série histórica de 21 anos, da estação meteorológica convencional de Iraí, município

adjacente à Frederico Westphalen. Aplicou-se a distribuição estatística de Gumbel para

estimar as alturas de chuvas e, a partir destas, empregou-se o método de desagregação de

chuvas diárias para a obtenção de intensidades pluviométricas com durações de 5 a 1440

minutos para períodos de retorno de 2 a 100 anos. Ao comparar as precipitações observadas

pelo método de Gumbel com as estimadas pela equação IDF, gerou-se um coeficiente de

correlação (r2) de 0,997, indicando coerência entre a curva IDF determinada e a análise

realizada pela distribuição de Gumbel. Ao que confere o teste de hipótese aplicado, pode-se

afirmar com 99,95% de confiança que a equação IDF é significativa para os dados utilizados,

o que confirma a viabilidade de uso da mesma.

Palavras chave: drenagem urbana, microrreservatório de detenção, curva IDF.

ABSTRACT

The present work presents a proposal the sizing of detention micro reservoir, based on the

Rational Method and the associated with IDF relations, which allows the calculation of the

volume of storage device.

For the sizing of the reservoir detention considered project information for a future residence,

with an contribuition area of 181,500 m2. The methodology for sizing was based on the

Rational Method, and the volume of detention was obtained from 2m3 to a rain project

204,597 mm / h, with 5 minutes duration and return time of 5 years.

Given that a key requirement for the application of the Rational Method in the sizing of urban

drainage works is the knowledge the heavy rains, there was a need to determine for Frederico

Westphalen the equation that relating Intensity-Duration-Frequency (IDF). For this, was

considered the daily rainfall data, with a historical series of 21 years, of Iraí conventional

weather station, municipality near to Iraí. Applied Gumbel statistical distribution to estimate

the heights of rainfall and from these we used the method of disaggregation of daily rainfall

for obtaining rainfall intensities with durations 5-1440 minutes to return periods of 2 to 100

years. By comparing the observed precipitation method with the Gumbel IDF estimated by

equation was generated by a correlation coefficient (r2) of 0,997, indicating consistency

between the IDF and the analysis curve determined by the Gumbel distribution. By giving the

T-paired hypothesis test, one can say with 99,95% confidence that the IDF equation is

significant for the data used ,this confirms the feasibility of using the equation.

Keywords: urban drainage, micro-reservoirs, IDF curve.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Ciclo Hidrológico .................................................................................................... 17

Figura 2 - Cenários de modificação e uso do solo e hidrogramas correspondentes ................. 21 Figura 3 - Microrreservatório de detenção-Paris, França. Telhado Verde Portland, EUA. .... 24 Figura 4-Trincheira de infiltração em Seine-Saint-Denir, França. Pavimento Permeável em

IPH-UFRGS, Porto Alegre ....................................................................................................... 24

Figura 5 - Bacia de detenção em Porto Alegre. Bacia de detenção aberta em Belo Horizonte.

.................................................................................................................................................. 25

Figura 6 - Localização geográfica do município de Frederico Westphalen ............................. 39 Figura 7- Pontos críticos de alagamentos. Rua Cabo da Rocha, Bairro Santo Antônio. Avenida

Artur Milani .............................................................................................................................. 39 Figura 8 - Ponto de alagamento. Esquina Avenida Artur Milani e Rua Piratini. ..................... 40 Figura 9 - Gráfico da reta de ajuste dos dados de precipitação máxima em relação ao tempo de

retorno ....................................................................................................................................... 49 Figura 10 - Família de Curvas IDF para Iraí ............................................................................ 51

Figura 11 - Intensidade de chuva observada pelo método de Gumbel vs estimada pela equação

IDF ............................................................................................................................................ 52

Figura 12 - Croqui do funcionamento de um microrreservatório enterrado............................. 55

LISTA DE QUADROS

Quadro 1-Metodologias de cálculo para o tempo de concentração .......................................... 35

Quadro 2-Coeficientes de escoamento superficial em função do uso e cobertura do solo ...... 45

Quadro 3-Dados e valores de entrada para o dimensionamento do reservatório ..................... 53

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Média (yn) e desvio padrão (Sn) da variável reduzida (y) em função do número de

observações, conforme Gumbel ............................................................................................... 42 Tabela 2-Fatores de desagregação de chuva de 1 dia ............................................................... 44 Tabela 3-Série selecionada de chuvas máximas diárias em ordem cronológica e decrescente 47 Tabela 4-Variável "y" de Gumbel e o respectivo Tempo de Retorno ...................................... 48

Tabela 5-Tempo de Retorno e respectiva Altura de Chuva...................................................... 49 Tabela 6-Intensidades pluviais máximas médias em mm/h para a estação 83881 em Iraí ...... 50

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 13

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 15 2.1 Objetivo geral...................................................................................................................... 15 2.2 Objetivos específicos.......................................................................................................... 15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 16 3.1 Ciclo Hidrológico................................................................................................................ 16 3. 2 Precipitação........................................................................................................................ 18 3.3 Eventos Pluviométricos Extremos...................................................................................... 19 3.4 Urbanização e os Impactos da Impermeabilização na Drenagem Urbana.......................... 20 3.5 Drenagem Urbana............................................................................................................... 22 3.5.1 Conceito Clássico em Drenagem Urbana ........................................................................ 22 3.5.2 Conceito Moderno de Drenagem Urbana ........................................................................ 23 3.6 Legislação Relacionada a Drenagem Urbana......................................................................25 3.6.1 Legislação Federal ........................................................................................................... 26 3.6.2 Legislação Municipal ...................................................................................................... 28 3.7 Microrreservatórios para Detenção de Águas Pluviais....................................................... 30 3.7.1 Principais Características ................................................................................................. 30 3.7.2 Exemplos de Utilização ................................................................................................... 31 3.7.3 Critérios de Dimensionamento de Microrreservatórios .................................................. 32 3.7.4 Vazão Limite ................................................................................................................... 32 3.7.5 Determinação do Volume de Armazenamento ................................................................ 36 3.7.6 Dimensões do Microrreservatório e Estruturas de Descarga........................................... 36

4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 38 4.1 Localização e Caracterização da Área de Estudo............................................................... 38 4.2 Determinação da Equação Intensidade-Duração-Frequência............................................ 41 4.3 Dimensionamento do Microrreservatório de Detenção...................................................... 45

5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 47 5.1 Equação Intensidade-Duração-Frequência..........................................................................47 5.2 Microrreservatório de Detenção.......................................................................................... 52

CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................. 56

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 59

ANEXOS .................................................................................................................................. 68

Anexo A - Pontos críticos de alagamentos. Matéria publicada no Jornal O Alto Uruguai.......69 Anexo B - Intensidades pluviais máximas em mm/d para Iraí................................................. 70 Anexo C - Curvas IDF para Iraí................................................................................................ 71 Anexo D - Projeto da residência de estudo. Planta baixa......................................................... 72 Anexo E - Croqui de funcionamento do sistema de drenagem residencial com

micrroreservatório enterrado..................................................................................................... 73

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A expansão urbana irregular e sem planejamento conduz à impermeabilização

crescente das bacias hidrográficas e à ocupação inadequada dos vales próximos aos cursos de

água. Os efeitos desse processo são os frequentes episódios de inundações e/ou alagamentos

observados em várias cidades brasileiras que causam prejuízos tangíveis e intangíveis dos

mais diversos graus à sociedade. Neste sentido, tem-se a necessidade da implantação de

sistemas de drenagem de águas pluviais junto às benfeitorias para evitar ou reduzir a

exposição da população e das propriedades aos riscos de inundações, além de preservar a

qualidade ambiental.

Alternativamente aos dispositivos convencionais de drenagem urbana, que tem por

característica transportar as vazões por meio de canalizações e transferir as inundações para

jusante da bacia, as técnicas compensatórias ou não convencionais tem por objetivo

neutralizar os efeitos da urbanização sobre os processos hidrológicos, controlando o volume e

a velocidade do escoamento superficial mediante o armazenamento e/ou infiltração.

Dentre as estruturas utilizadas para o controle do escoamento superficial encontra-se o

microrreservatório de detenção, dispositivo que atua no sentido de devolver à bacia o

armazenamento natural perdido após a urbanização, por meio do armazenamento temporário

das precipitações.

Tendo em vista que os microrreservatórios são uma medida compensatória que atua na

fonte, são dispositivos de mais fácil inserção no ambiente urbano já consolidado como é o

caso de Frederico Westphalen.

Muito embora existam inúmeras pesquisas sobre utilização dos microrreservatórios em

outros países, no Brasil o tema é ainda carente em estudos e aplicações. Baseado nisso,

percebe-se a necessidade de um estudo que apresente os critérios e metodologia de projeto

desta modalidade de dispositivo de drenagem como forma de contribuir para o arcabouço

científico e, no âmbito deste trabalho, minimizar o impacto da urbanização crescente no

sistema de drenagem urbana de Frederico Westphalen.

Neste sentido, foi desenvolvida uma proposta de dimensionamento de

microrreservatório de detenção, fundamentada no Método Racional e associada a relações de

Intensidade-Duração-Frequencia (IDF) de chuvas intensas, que permitirá o cálculo do volume

de detenção. Assim, tendo-se em vista que o conhecimento de eventos hidrológicos extremos

é um requisito em projetos de drenagem, este trabalho propõe também, como parte inerente ao

dimensionamento, a determinação das curvas IDF para Frederico Westphalen.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Este trabalho tem por objetivo geral elaborar uma proposta de implementação de

microrreservatório de detenção em lotes na cidade de Frederico Westphalen para a redução

dos riscos de alagamentos e inundações a jusante.

2.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo geral do trabalho, os seguintes objetivos específicos foram

definidos:

- Obter registros pluviométricos mensais para Frederico Westphalen;

- Estimar, a partir dos dados, a curva de intensidade-duração-frequência local;

- Empregar metodologias de dimensionamento simplificadas e difundidas na literatura;

- Dimensionar um microrreservatório de detenção para armazenamento temporário das

precipitações.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Ciclo Hidrológico

A água é a substância inorgânica mais abundante na superfície do planeta Terra, sendo

este recurso estimado em 1,4. 1015

m3

(TEIXEIRA et al., 2009). A distribuição da água no

Planeta se dá, conforme Holanda (2007) da seguinte forma: 97,5% são de água salgada,

presente nos oceanos e 2,5% de água doce, sendo que destes, 0,3% estão nos lagos e rios,

30,80% são subterrânea e 68,9% estão nas geleiras e neves perenes.

De acordo com Rossa (2006), a água do planeta distribui-se por três reservatórios

principais: os oceanos, os continentes e a atmosfera, entre os quais existe uma circulação

constante, denominada ciclo da água ou ciclo hidrológico. O autor ainda acrescenta que a

energia solar é a fonte de energia térmica necessária para a passagem da água das fases

líquida e sólida para a fase de vapor e é também, a origem da circulação atmosférica que

transporta o vapor de água e desloca as nuvens.

Gribbin (2009) descreve que apesar de seu complexo funcionamento, o ciclo

hidrológico pode ser explicado simplesmente como as seguintes etapas:

- A água sofre evapotranspiração dos oceanos, lagos e vegetação;

- A água evapotranspirada forma as nuvens;

- As nuvens deslocam-se pela atmosfera em padrões climáticos globais;

- O vapor da água se condensa e se precipita em forma de chuva, neve ou granizo;

- A água precipitada chega ao solo e pode escoar superficialmente por ele até os corpos

d´água superficiais ou infiltrar-se no solo alimentando os aquíferos ou ainda escoar

subsuperficialmente e abastecer os cursos d´água. A Figura 1 esquematiza o Ciclo

Hidrológico.

17

Figura 1 - Ciclo Hidrológico

Fonte: Puyol e Villa (2006)

Assim definido, Feltrin (2009) afirma que o ciclo hidrológico pode ser entendido

como o balanço hídrico cujo resultado fornecerá a água disponível no sistema, após os vários

processos que envolvem o fluxo da água.

O balanço hídrico é representado pela Equação 1, sendo que a precipitação é a

principal entrada de água do sistema e que a partir dela são obtidas as outras variáveis, a

exemplo do escoamento superficial. Assim, a determinação pluviométrica apresenta interesse,

especialmente de ordem técnica, nos projetos de obras hidráulicas (FELTRIN, 2009).

𝑃 = 𝐸𝑣 + 𝑄 ± ∆𝑆 (1)

Onde:

P: precipitação (mm);

Ev: Evapotranspiração (mm);

18

Q: Escoamento superficial (mm);

∆𝑆: Taxa de água que infiltra ou submerge no sistema (mm).

3. 2 Precipitação

Ayoade (1986) entende a precipitação como toda água proveniente do meio

atmosférico que atinge a superfície terrestre, contudo somente a chuva e a neve contribuem

significativamente para os totais de precipitação.

De acordo com Tucci (2000), a precipitação em forma de chuva pode ser classificada

como convectiva, frontal ou ciclônica e orográfica.

Conforme Teixeira (2010), as chuvas convectivas são também chamadas de chuvas de

verão. De acordo com o autor, elas ocorrem quando o ar úmido é aquecido na vizinhança do

solo, criando-se uma camada de ar quente que se mantêm em equilíbrio instável. Essa camada

sobe sendo resfriada rapidamente, condensando o vapor atmosférico, formando nuvens e, em

muitas vezes, precipitações. Grande parte das enchentes urbanas são ocasionadas por esse tipo

de chuva.

As chuvas frontais ou ciclônicas são provenientes do encontro de extensas massas de

ar frias e quentes. As frentes de ar frio, que vêm dos pólos da Terra, ao interagirem com as

frentes de ar quente elevam estas bruscamente. Esse processo provoca a condensação do

vapor d’água presente em grande quantidade e ocasiona chuvas de intensidade média, porém

que abrangem grandes áreas e por um longo período de tempo (VIOLA, 2008).

As chuvas orográficas são as que têm sua formação frequentemente ligada às

características geográficas. As massas de ar que seguem do oceano para o continente trazem

junto a umidade proveniente do mar. Ao chegarem à superfície e encontrarem relevos

montanhosos, a massa de ar quente e úmido se eleva como se fosse para superar a barreira

geográfica. Assim, ela se resfria e se condensa formando nuvens e então chuvas com

intensidades menores que as chuvas convectivas sendo, portanto, de grande duração e

atingindo áreas pequenas (Ayoade, 1986).

19

3.3 Eventos Pluviométricos Extremos

Eventos pluviométricos extremos ou chuvas intensas, conforme explica Sampaio

(2011), são precipitações que geram um grande volume de água em um pequeno intervalo de

tempo. Estas chuvas são capazes de suscitar grande quantidade de escoamento superficial e,

portanto, sua espacialização temporal é de grande interesse na elaboração de projetos de obras

hidráulicas, como os sistemas de drenagem urbana (OLIVEIRA et al., 2008).

A caracterização das chuvas intensas é feita utilizando-se equações empíricas

denominadas equações de intensidade-duração-frequência (IDF) ou equação de chuvas

intensas, representadas pela Equação 2 (CECÍLIO et al., 2009).

𝑖𝑚 =𝐾.𝑇𝑅𝑎

𝑡+𝑏 𝑐 (2)

Em que:

im : intensidade máxima média de precipitação (mm/h);

t: duração do evento chuvoso (minutos);

TR: tempo de retorno (anos);

K, a, b, c: parâmetros de ajuste relativos à localidade.

De acordo com Souza et al., (2012), para a obtenção dessas equações são necessários

dados pluviográficos, de caráter local e com um longo período de observações disponíveis.

Para Cardoso, Ullmann e Bertol (1998) é em virtude destes critérios que o conhecimento das

características de chuvas intensas é bastante escasso no território brasileiro, pois são raras as

localidades que apresentam medidores do tipo pluviógrafo e onde estes são realidade, os

registros não são suficientes.

Como forma de contornar essa dificuldade algumas metodologias foram desenvolvidas

no Brasil, como o método da desagregação de chuvas diárias, proposto por CETESB (1979) e

citado por Gonçalves (2011). Essa técnica é bastante difundida e consiste no emprego de

coeficientes para transformar a chuva de um dia medida por pluviômetros em chuvas de

menor duração.

20

Conforme afirma Back (2009) trata-se de um método com a vantagem de ser de uso

simples, de fornecer resultados satisfatórios e com grande similaridade para diferentes locais,

o que lhe outorga validade regional.

3.4 Urbanização e os Impactos da Impermeabilização na Drenagem Urbana

A partir da segunda metade do século XX, o grau de urbanização no Brasil se

intensificou de maneira expressiva, sendo que de 1950 a 2010 a porcentagem da população

vivendo em cidades mais do que dobrou (DRUMOND, 2012). Embora seja, geralmente,

sinônimo de prosperidade, o crescimento de áreas urbanas são comumente seguidos de

impactos ao meio ambiente e, na grande maioria das vezes, as pressões negativas exercidas no

meio refletem sobre a população (VILLANUEVA et al., 2011).

Segundo Tucci (2008), o crescimento urbano no Brasil tem ocorrido, principalmente,

em regiões metropolitanas e em cidades que são pólos regionais de forma irregular e com

pouco planejamento, apesar da existência dos Planos Diretores Urbanos. Ademais, de acordo

com Rezende e Heller (2008) o perfil de ocupação das cidades é determinado pelo caráter

profundamente desigual e antidemocrático da sociedade brasileira, que continua forçando as

populações pobres a morarem em áreas de urbanização precária, muitas vezes em condições

de risco, ocupando encostas íngremes, margens de cursos d’água e áreas de proteção de

mananciais. Para Bastos (2009), o grande contingente populacional ocupando estas áreas

também favorece o gradativo aumento do volume de escoamento superficial e as

conseqüentes enchentes.

Diretamente ligada à urbanização, está a impermeabilização do solo urbano, presente

nas vias pavimentadas, nos estacionamentos e em telhados (TASSI, 2002). O terreno, quando

impermeabilizado, incorre na diminuição da infiltração de água no solo e da

evapotranspiração, deste modo uma maior parcela de água da chuva se transforma em

escoamento superficial, tendo como consequência, conforme mostra a Figura 2, o aumento

dos volumes escoados, das vazões de pico e a redução do tempo de concentração da bacia

(TUCCI, 2000; ONHUMA Jr, 2008; PINTO, 2011). O resultado disso é um aumento na

frequência e magnitude das inundações.

21

Figura 2 - Cenários de modificação e uso do solo e hidrogramas correspondentes

Fonte: Ohnuma Jr (2008)

Agra (2001) descreve que a problemática das enchentes urbanas ou alagamentos é

visível e amplamente divulgada pela imprensa. Como exemplo, pode-se citar as situações de

inundações que ocorrem em Porto Alegre, São Paulo e inclusive no interior dos estados, em

municípios menores, como Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, onde tem sido

registrados vários pontos de alagamentos. Os danos causados por esses episódios podem

variar bastante, indo de transtornos ao trânsito até perdas humanas (CRUZ et al., 2001).

Adicionalmente, Tucci (2000) indica dois outros importantes impactos oriundos da

urbanização:

- aumento da produção de sedimentos em virtude da desnudação das superfícies e a produção

de resíduos sólidos e

- a deterioração da qualidade da água, devido a lavagem das ruas, transporte de material

sólido e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.

Na tentativa de minimizar os efeitos da urbanização sobre o ciclo hidrológico, a

engenharia lança mão dos sistemas de drenagem urbana e de medidas de controle que podem

atuar em diversas escalas espaciais (AGRA, 2001).

22

3.5 Drenagem Urbana

Para Tucci (2000) o termo drenagem urbana é entendido como o conjunto de medidas

que tenham por objetivo minimizar os riscos a que as populações estão sujeitas, diminuir os

prejuízos causados por inundações e possibilitar o desenvolvimento urbano de forma

harmônica, articulada e sustentável. Neste sentido, duas abordagens são discutidas na

literatura: o conceito clássico, considerado ineficaz e insustentável, contudo ainda muito

praticado em países em desenvolvimento, como o Brasil; e o conceito moderno, visto como

uma alternativa mais consciente, porém ainda incipiente em termos de estudos e aplicação.

É preciso levar em conta que soluções eficazes de drenagem urbana dependem de

fatores associados, como (TUCCI, 2000):

- existência de uma política para o setor que defina objetivos a serem alcançados e os

meios legais, institucionais, técnicos e financeiros para atingi-los;

- existência de uma política para ocupação do solo urbano devidamente articulada com

a política de drenagem urbana;

- processo de planejamento que contemple medidas de curto, médio e longo prazo em

toda a bacia, e integre as medidas de drenagem de águas pluviais no complexo maior do

ambiente urbano;

- existência de entidade eficiente que domine tecnologias necessárias, implante obras e

medidas, desenvolva atividades de comunicação social, promova participação pública,

estabeleça critérios, aplique leis e normas e, enfim, exerça, de maneira positiva, a liderança do

setor;

- domínio da tecnologia adequada para planejamento, projeto, construção e operação

das obras e

- organização de campanhas de educação e esclarecimento da opinião pública.

3.5.1 Conceito Clássico em Drenagem Urbana

De acordo com Virgiliis (2009), o sistema clássico de drenagem urbana é constituído

de dispositivos de microdrenagem que efetuam o transporte das águas superficiais nas ruas

(sarjetas), sua captação (bocas de lobo) e o deságue até o sistema de macrodrenagem (canais

23

abertos ou galerias). Como descreve o autor, o conceito clássico apresenta uma abordagem

higienista ou sanitarista que pressupõe o rápido afastamento das águas pluviais das áreas

urbanas, por meio da utilização de condutos. É a máxima do “pegar e largar rápido” como

menciona Botelho (1998 apud Agra, 2001).

Segundo Tucci e Bertoni (2003) essa política que se baseia na canalização dos

escoamentos é ineficiente, já que apenas transfere para jusante as inundações. No Brasil,

como parece ser em outros países em desenvolvimento, há o agravante ainda de o conceito

higienista ser mal aplicado, seja por falta de recursos, dimensionamento incoerente, má

execução ou por manutenção deficiente (SILVEIRA, 2002). Para Tucci (2003) a

irracionalidade dos projetos leva a custos insustentáveis e representa um prejuízo

extremamente alto para a sociedade como um todo ao longo do tempo.

Diante do exposto, os países desenvolvidos tem buscado evitar esse tipo de solução e

incentivado um novo conceito de drenagem, preocupada com a saúde pública e com a questão

ambiental (DRUMOND, 2012).

3.5.2 Conceito Moderno de Drenagem Urbana

O conceito moderno de drenagem urbana é pautado em tecnologias alternativas ou

compensatórias e tem por objetivo neutralizar os efeitos da urbanização sobre os processos

hidrológicos (SOUZA, 2008). Segundo Tassi (2002) seguindo o conceito, o critério típico

para projetos em bacias hidrográficas requer que a vazão de pico de pós-desenvolvimento seja

mantida a níveis inferiores ou no máximo iguais à vazão de pico de pré-desenvolvimento,

através da implantação de estruturas de armazenamento ou infiltração, que controlam a vazão.

Segundo Nascimento e Baptista, (2009), as técnicas compensatórias podem assumir

um caráter estrutural e não-estrutural. Conforme o autor, as técnicas não-estruturais incluem

os princípios de prevenção como as ações de educação ambiental. Já as técnicas

compensatórias estruturais se referem às obras de engenharia construídas para compensar o

aumento do escoamento superficial gerado pela impermeabilização do solo. Assim, elas

podem ser classificadas em três de acordo com o princípio de funcionamento, infiltração ou

retenção ou pela localização do dispositivo de controle:

24

a) técnicas para controle na fonte: são implantadas em pequenas superfícies de drenagem,

como por exemplo, junto ao gerador, em parcelas ou pequenos conjuntos de parcelas como

mostra a Figura 3.

Figura 3 - (A) Microrreservatório de detenção - Paris, França. (B) Telhado Verde - Portland,

EUA.

Fonte: Drumond (2012)

b) técnicas lineares: dispositivos implantados junto aos sistemas viários, como arruamentos,

pátios e estacionamentos, com grandes áreas de drenagem associadas como ilustra a Figura 4.

Essas técnicas são caracterizadas por apresentarem como principal dimensão o comprimento,

signicativamente maior que a largura e a profundidade.

Figura 4 - (A) Trincheira de infiltração em Seine-Saint-Denir, França. (B) Pavimento

Permeável em IPH- UFRGS, Porto Alegre

Fonte: Nascimento e Baptista (2009) e Acioli (2005)

25

c) técnicas centralizadas: estruturas associadas a áreas de drenagem de porte mais

significativo, como as bacias de detenção e retenção mostradas na Figura 5.

Figura 5 - (A) Bacia de detenção em Porto Alegre. (B) Bacia de retenção aberta em Belo

Horizonte.

Fonte: Drumond (2012)

A escolha dos tipos de técnicas a serem adotadas depende de fatores urbanísticos,

sociais, econômicos e ambientais. A situação ideal para o emprego desse tipo de solução

ocorre quando os estudos conduzindo para escolha das técnicas mais convenientes são feitos

ao mesmo tempo em que se desenvolve o projeto de urbanização de uma nova área de

desenvolvimento, o que permite uma maior flexibilidade para a escolha e a adaptação das

técnicas compensatórias ao projeto urbanístico (NASCIMENTO e BAPTISTA, 2009). Porém,

conforme os mesmos, há vários casos de inserção de técnicas compensatórias em áreas já

urbanizadas, ainda que, nessas circunstâncias, frequentemente, notem-se maiores limitações à

escolha e os custos de implantação sejam majorados.

3.6 Legislação Relacionada à Drenagem Urbana

Segundo Marques (2006), as estruturas de drenagem e outras medidas de controle

contribuem para a gestão das águas urbanas. Entretanto, de acordo com o autor, os preceitos

para serem implantados dependem fundamentalmente da legislação vigente.

26

Tucci (2002) descreve que as legislações federais que envolvem a drenagem urbana

estão relacionadas com os recursos hídricos, o uso do solo e o licenciamento ambiental e mais

recentemente ao saneamento básico.

Referente ao município de Frederico Westphalen, as leis tratam de maneira frágil a

questão da drenagem urbana. A ausência ou a pouca abordagem legal feita a este setor por

parte dos municípios, em geral, corrobora com os percentuais obtidos na Pesquisa Nacional

do Saneamento Básico (PNSB) realizada em 2008. De acordo com o levantamento, 94,5%

dos municípios possuem manejo de águas pluviais, em 60% deles existe legislação que exige

aprovação e implantação de sistema de manejo de águas pluviais em loteamentos novos, mas

somente 18% dos municípios apresentam instrumentos reguladores de drenagem urbana

(IBGE, 2008).

3.6.1 Legislação Federal

A partir da Lei Federal nº 9433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos

Hídricos (PNRH), a água passou a ser tratada como um bem público e um recurso natural

limitado dotado de valor econômico (VIOLA, 2008).

Conforme o autor, a mudança legal foi impulsionada pela conscientização ambiental e

pelo déficit de disponibilidade quantitativa e qualitativa de água em algumas regiões, surgindo

assim a necessidade da conservação da água, da redução da poluição na fonte ou por meio de

tratamento adequado, e do correto gerenciamento dos recursos hídricos. Contudo, Cruz, Souza

e Tucci (2007) defendem que a gestão das águas pluviais urbanas na maioria nos municípios

brasileiros ainda é realizada de forma fragmentada e isso tem gerado impactos significativos e

acometido de maneira danosa a sustentabilidade urbana.

Para Viola (2008) essa visão seccionadora faz parte do pensamento clássico, já

ultrapassado e, portanto, torna-se necessário desenvolver um planejamento preventivo que

incorpore ao Plano de Desenvolvimento Urbano os componentes que se relacionam com as

águas urbanas como um todo, como: manancial, esgotamento sanitário, abastecimento de

água, resíduos sólidos, drenagem urbana, uso do solo.

No início de 2007 foi promulgada a Lei n˚ 11.445 que estabelece as diretrizes

nacionais para o saneamento básico. Considera-se este como o conjunto de serviços, infra-

27

estruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário,

limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

No que tange ao serviço de drenagem urbana o mesmo é conceituado pela Lei

11.445/2007 como: as atividades de infraestruturas e instalações operacionais de drenagem de

águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de cheias, incluindo

o tratamento e disposição final das águas drenadas. A mesma Lei estabelece no artigo 2º,

inciso IV, a disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo

das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e

privado e prevê a integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos

hídricos. Desta forma, o manejo de águas pluviais deve buscar respaldo legal na Lei

9.433/1997.

A Lei 9.433/1997 foi criada para promover a gestão coletiva das águas, assim muito

embora ela não faça menção explícita sobre águas pluviais como recurso hídrico

propriamente, alguns aspectos abordados na Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH)

podem ser aplicados para a adequada gestão das águas urbanas. A Lei prevê no artigo 2º a

prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do

uso inadequado dos recursos naturais. Neste sentido, entende-se a necessidade de estruturas

para drenar as águas pluviais, além de outras medidas que possam contribuir para o manejo

das mesmas. A PNRH também estabelece a outorga para o lançamento em corpos d´água de

esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de diluição,

transporte ou disposição final. Sendo assim, as águas pluviais também estão inseridas neste

contexto, pois são considerados por Tucci (2008) como efluentes de drenagem que,

geralmente, são lançados em corpos d´água, sendo que conforme a PNSB (2008), em 74% dos

municípios brasileiros o efluente da drenagem é destinado para corpos receptores superficiais.

Tucci (2002) defende que as águas pluviais urbanas devem ser objeto de outorga ou

controle a ser previsto nos Planos de Bacia Hidrográfica, pois como este instrumento não vem

sendo cobrado pelos Estados, não existe até então uma pressão direta para a redução dos

impactos da urbanização. É válido ressaltar que a Lei 11.445/2007 faz referência à cobrança

pelo uso dos serviços de drenagem como forma de assegurar sua sustentabilidade econômico-

financeira. Ademais, de acordo com a mesma Lei, em seu artigo 36, a cobrança pela prestação

do serviço deve levar em conta, em cada lote urbano, os percentuais de impermeabilização e a

existência de dispositivos de amortecimento ou de retenção de água de chuva.

A drenagem urbana, ao se relacionar com o uso do solo sofre as disposições da Lei nº

6.766/1979 que rege o parcelamento do solo para fins urbanos. O artigo 3º, inciso I da Lei não

28

permite o parcelamento do solo em terrenos antes de tomadas as providências para assegurar

o escoamento das águas pluviais. O artigo 7˚, inciso IV descreve que a prefeitura municipal

ou o Distrito Federal, quando for o caso, indique as faixas sanitárias do terreno necessárias ao

escoamento das águas pluviais e as faixas não edificáveis. Conforme Drumond (2012),

percebe-se que existe uma preocupação por parte da legislação em prevenir a população dos

problemas de drenagem que podem surgir em virtude da ocupação incorreta das áreas

urbanas.

A Lei 10.257/2001 que estabelece, entre outras providências, as diretrizes gerais da

política urbana também é um aparato legal para a organização territorial de forma a gerir as

áreas urbanas. Conforme a referida Lei também denominada Estatuto da Cidade, a ordenação

e o uso do solo devem ser feitos de forma a evitar a deterioração das áreas urbanizadas, a

poluição e a degradação ambiental e a exposição da população a riscos de desastres. Além

disso, a Lei objetiva a garantia do direito a cidades sustentáveis, sendo que a mesma entende o

acesso ao saneamento ambiental, incluindo, portanto a drenagem urbana, como requisito

básico para alcançar um meio urbano sustentável. Fica evidente que as diretrizes impostas por

ambas as Leis são compatíveis com as políticas de controle de inundações, já que o controle

sobre o uso e ocupação do solo terá efeito direto sobre o regime de escoamento pluvial.

Quanto ao licenciamento ambiental, a Resolução n˚ 237/1997 do CONAMA dispõe

sobre as atividades passíveis de licença pelo órgão ambiental competente, sendo que as obras

civis como as de drenagem devem ser licenciadas. Da mesma forma, a Resolução CONAMA

n˚ 001/1986, que dispõe sobre a avaliação de impacto ambiental, estabelece em seu artigo 2˚,

inciso VII, a elaboração de estudo de impacto ambiental para as atividades de saneamento,

incluindo, assim, as estruturas de drenagem.

3.6.2 Legislação Municipal

No município de Frederico Westphalen a questão da drenagem urbana e manejo das

águas pluviais é tratada em diferentes leis que regem a gestão municipal, não existindo uma

base legal específica para o setor. Recentemente, o legislativo aprovou o Plano Municipal de

Saneamento Básico, sendo este uma ferramenta importante de planejamento que possibilita à

administração identificar as deficiências nos serviços de saneamento e a partir disso projetar

29

melhorias, além de pleitear recursos financeiros junto a União que viabilize as medidas

propostas.

A Lei Municipal nº 1.036/84 dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. De acordo

com o art. 2º, parágrafo único, não é permitido o parcelamento do solo em terrenos alagadiços

e sujeito a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das

águas. De forma semelhante, o art. 3º estabelece que um dos requisitos para obter a permissão

de loteamento é a existência de redes de escoamento das águas pluviais.

Por sua vez, a principal lei do município, o Plano Diretor, estabelece que nos lotes

situados em logradouros ou vias de circulação que ainda não estão servidos pela rede pública

de esgoto pluvial, os proprietários ou interessados deverão solicitar ao órgão responsável do

município a execução da mesma ou poderão executá-la por conta própria, observando as

normas técnicas e do executivo (Lei 3.620/2010).

O Código de Posturas municipal torna ilícito, sob qualquer pretexto, ações que

impeçam ou dificultem o livre escoamento das águas pelos canos, valas, sarjetas ou canais das

vias públicas (Lei 671/1976). Com base nisso a Política Ambiental do Município, proíbe

expressamente o lançamento de lixo em sistemas de drenagem (Lei 3.046/2006).

Amparando-se na diretriz desta última Lei é importante que as obras e ações de saneamento

básico se deem de forma harmônica e integrada, evitando os conflitos entre estes serviços

(BERNARDES, SCÁRDUA e CAMPANA, 2006).

A Lei Orgânica do município assume o serviço de drenagem urbana como de caráter

público e essencial para a prevenção da saúde e degradação do meio ambiente. Como este

serviço público é de interesse local, sua gestão deve ser comandada pelo município, contudo

este pode delegar as funções de organização, regulação, fiscalização e prestação à outrem

perante a celebração de contrato (Lei 11.445/2007).

Para Tucci (2008), embora a responsabilidade da gestão das águas pluviais dentro da

zona urbana ser da administração municipal se reconhece que a grande maioria dos

municípios brasileiros não possui corpo técnico capacitado para administrar o sistema de

drenagem urbana e muito menos para abordar o controle de águas pluviais na fonte.

30

3.7 Microrreservatórios para Detenção de Águas Pluviais

Por se tratar do dispositivo proposto neste trabalho, os microrreservatórios de detenção

serão apresentados com ênfase maior em relação as demais estruturas de controle.

3.7.1 Principais Características

Microrreservatórios são dispositivos compensatórios de controle de águas pluviais que

atuam no sentido de permitir o retardo do tempo de concentração, atenuando o pico dos

hidrogramas de saída e compensando a perda da capacidade de armazenamento de terrenos

em virtude de solos impermeabilizados (AGRA, 2001; COSTA JR. E BARBASSA, 2006).

De acordo com os autores, sua função é reservar temporariamente as precipitações, retardar a

velocidade do escoamento superficial e proporcionar o amortecimento de picos de cheias, de

maneira que a vazão máxima de saída após a impermeabilização seja próxima a das condições

naturais.

O sistema de drenagem pluvial em uma residência com esse dispositivo funciona com

o encaminhamento das águas precipitadas nos telhados e nos pavimentos impermeáveis ao

microrreservatório. No microrreservatório a água é direcionada a uma tubulação de saída,

conectada à rede pública de drenagem urbana e deve possuir seção inferior a de entrada, de

maneira a restringir a vazão de saída do escoamento. A partir do momento em que a vazão de

chegada é superior à de saída, as águas precipitadas começam a ser armazenadas, retardando e

diminuindo o pico do hidrograma de saída (DRUMOND, 2012).

No projeto de um microrreservatório há também de se prever um dispositivo de

emergência para a saída dos excessos de volumes no caso de vazões superiores a de projeto,

que pode extravasar para a superfície do lote, para a sarjeta ou diretamente para a rede pluvial

(AGRA, 2001).

Esses microrreservatórios podem ser aplicados em pequenos espaços livres, como

praças, jardins e quintais e possuem a vantagem de uma implantação mais simples e rápida,

além de serem dimensionados através de metodologias simplificadas (NAKAZONE, 2005).

Ao que se refere às vantagens e desvantagens dos microrreservatórios, Tassi (2002)

cita o trabalho desenvolvido por O´Loughlin et al., (1995) em Sydney, na Austrália. Os

31

autores, após analisarem o uso de microrreservatório na saída de unidades de habitação,

elencaram características de sua aplicação:

- os microrreservatórios previnem impactos adversos do desenvolvimento,

restaurando, pelo menos parcialmente, o armazenamento natural perdido;

- não transfere para jusante os impactos da urbanização, diferenciando-se por isso do

sistema tradicional;

- o sistema é equitativo, já que coloca a responsabilidade do controle para quem está

implementando a urbanização e se beneficia dela;

- os problemas são resolvidos na sua origem e as soluções não são postergadas;

- os regulamentos para medidas de controle na fonte são ainda deficientes, e os

critérios e métodos de projeto são usualmente muito simplificados;

- sob algumas condições hidrológicas, armazenamentos localizados nas partes mais

baixas das bacias podem aumentar as taxas de escoamento a jusante devido aos hidrogramas

retardados;

- a manutenção das estruturas é o maior problema, pois os microrreservatórios impõem

obrigações financeiras muito pesadas aos proprietários e

- os microrreservatórios possibilitam pouca redução de poluentes na água coletada.

3.7.2 Exemplos de Utilização

Agra (2001) descreve que os microrreservatórios vêm sendo propostos por vários

autores ao longo do tempo e para várias cidades do mundo, tais como: Tsuchiya (1978) e

Sugio et al., (1995) no Japão, Schilling (1982) e Fuchs (1984) na Alemanha, Holmstrand

(1984) na Suécia, O´Loughlin et al.; (1995) e Nicholas (1995) em Sydney na Austrália.

No Brasil ainda são escassos os trabalhos sobre a utilização e a modelagem dos

microrreservatórios. Nesta linha de pesquisa destacam-se os estudos de Cruz (1998) citado

por Costa Jr. e Barbassa (2006), Agra (2001), Tassi (2002) e Drumond (2012), os quais são

brevemente descritos a seguir.

Cruz (1998 apud Costa Jr. e Barbassa, 2006), em simulações de uso de

microrreservatório em lotes de 300m2

a 600m2, com períodos de retorno (TR) de 2 a 5 anos,

onde os volumes escoados eram de 39% a 109% superiores aos das condições de pré-

32

urbanização, obteve com a utilização de um microrreservatório de 2,5 m3 e com ocupação de

1% da área total do lote, resultados em volumes iguais aos de pré-urbanização.

Agra (2001), com um módulo experimental de detenção de 1,0 m3, instalado no

Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, recebendo

contribuições de uma área de 337,5m2, obteve reduções de pico das vazões de 7% a 50% para

TR de 5 anos.

Em simulações matemáticas sobre a redução de vazões com o uso desse dispositivo

em lotes hipotéticos de 300m2 e 600m

2, Tassi (2002) obteve, para precipitações com TR de 5

anos, reduções de 50% nas vazões de pico de saída da bacia em relação às vazões de pico sem

controle, e para chuvas com TR de 10 anos, a redução foi de 45%.

Drumond (2012) ao simular a implantação de microrreservatórios em lotes em Belo

Horizonte obteve, para chuvas com duração de 45 e 60 minutos, redução de 50% da vazão de

pico em comparação ao cenário sem controle.

Os resultados dos trabalhos mencionados demonstram que os microrreservatórios

apresentam um desempenho significativo, contudo, como afirma Agra (2001) existe a

necessidade de mais estudos experimentais sobre o assunto.

3.7.3 Critérios de Dimensionamento de Microrreservatórios

O dimensionamento dos microrreservatórios, comumente, é descrito compreendendo

três etapas:

- determinação da vazão limite de saída do reservatório;

- determinação do volume de detenção;

- dimensionamento do reservatório e das estruturas de descarga.

3.7.4 Vazão Limite

De acordo com Tassi (2002), a vazão permissível na saída do lote pode estar prevista

no Plano Diretor de Drenagem Urbana Municipal ou ser determinada pelo Método Racional.

33

Segundo Garotti (2005), o Método Racional é o mais difundido e utilizado,

frequentemente para pequenas bacias (área inferior a 2 Km2) e, de acordo com Tucci (2002),

assume os seguintes princípios básicos:

- Considera a duração da precipitação intensa de projeto igual ao tempo de

concentração (tc). Admitindo-se que a bacia seja suficientemente pequena para que tal

situação possa ser admitida e

- Adota um coeficiente único de perdas representado por C, estimado com base nas

características físicas da bacia.

Assim, a vazão máxima ou limite segue o Método Racional é obtida segundo a

Equação 3.

𝑄 = 0,278 . 𝐶 . 𝐼 . 𝐴 (3)

Onde:

Q: vazão limite ou máxima (m3/s);

0,278: fator para correção de unidade;

C: coeficiente de escoamento;

A: área da bacia (Km2).

I: intensidade da precipitação de projeto em mm/h para o TR pré-definido.

De acordo com Fendrich (2008), o coeficiente de escoamento superficial representa a

parcela da chuva total que se transforma em escoamento de superfície. Em razão disso, o

coeficiente de escoamento depende de uma série de fatores e deve ser determinado em função

do tipo e ocupação do solo (TASSI, 2002).

Para determinação da intensidade da chuva de projeto, faz-se o uso da relação

intensidade-duração-frequencia (IDF) já descrita anteriormente.

Como o município de Frederico Westphalen não apresenta uma equação de chuvas

intensas foi necessário obtê-la para que este trabalho pudesse ser desenvolvido. Assim, o item

4.2 descreve a metodologia empregada para a obtenção da equação IDF local.

Tendo em vista que o Método Racional parte do princípio que o tempo de duração (td)

da chuva é o mesmo do tempo de concentração da bacia, faz-se necessário determinar o

tempo de concentração da área de contribuição em questão (AGRA, 2001). Segundo Menezes

Filho e Costa (2012), o tempo de concentração é definido como o tempo, a partir do início da

34

precipitação, necessário para que toda a bacia contribua na seção em estudo ou, em outras

palavras, o tempo que leva a água dos limites da bacia para chegar à saída da mesma.

Tucci (2000) e Assunção (2012) apresentam algumas das fórmulas mais utilizadas

para determinar o tempo de concentração de uma bacia hidrográfica (Quadro 1). Agra (2001)

recomenda que o tempo de concentração seja determinado pela equação da Onda Cinemática

por ser a única que considera a precipitação.

35

Quadro 1 - Metodologias de cálculo para o tempo de concentração

Fonte: Adaptado de Tucci (2000) e Assunção (2012)

Método Equação Termos da Equação Comentários K

irp

ich

tc = 3,089 . 𝐿0,77 . 𝑆−0,385

tc: em minutos;

𝐿: comprimento do talvegue (Km);

𝑆: Declividade do talvegue (m/Km).

O valor de tc obtido deve ser multiplicado por 0,2 ou 0,4, conforme sejam canais de

betão ou superfícies asfaltadas, respectivamente; é recomendado para bacias rurais

(0,50 - 45,3 ha) com canais bem definidos e de declives situados entre 3 a 10%.

Cal

ifo

rnia

culv

erts

pra

ctic

e

tc = 57 . 𝐿1,155 . 𝐻−0,385

tc: em minutos;

𝐿: comprimento do talvegue (Km);

𝐻: diferença de cota entre a saída da bacia e o

ponto mais alto do talvegue (m).

-

Fed

eral

Av

iati

on

Ag

ency

𝑡𝑐 = 22,73 . 1,1 − 𝐶 . 𝐿0,50 . 𝑆−0,33

tc: em minutos;

𝐿: comprimento do talvegue (Km);

𝑆: Declividade do talvegue (m/Km);

𝐶: coeficiente de escoamento

Desenvolvida para drenagem de aeroportos, é válida provavelmente para o caso que

predomina o escoamento em superfícies de pequenas bacias.

On

da

Cin

emát

ica

𝑡𝑐 =447 . η .L 0,6

S0,3 . I0,4

tc: em minutos;

𝐿: comprimento do talvegue (Km);

𝑆: Declividade do talvegue (m/m);

η: rugosidade de Manning;

𝐼: intensidade da precipitação (mm/h).

É adequada para pequenas bacias onde o Método Racional pode ser aplicado e a

superfície é predominante.

SC

S L

ag

fórm

ula

tc=3.42 𝐿0.8 1000

CN− 9

0.7 S−0.5

tc: em minutos;

CN: número da curva (método SCS);

𝐿: comprimento do talvegue (Km);

S: Declividade do talvegue (m/m).

Desenvolvida para bacias rurais com área de drenagem de até 8 Km2 e reflete

fundamentalmente o escoamento em superfícies. Para aplicação em bacias urbanas o

SCS sugere procedimentos para ajuste em função da área impermeabilizada e da

parcela dos canais que sofreram modificações.

SC

S –

mét

od

o

cin

emát

ico

tc= 1000

60

𝐿

𝑉

𝐿: comprimento do talvegue (Km);

𝑉: velocidade média no trecho (m/s).

A fórmula se baseia no fato de que o tempo de concentração é o somatório dos

tempos de trânsito dos diversos trechos que compõem o comprimento do talvegue.

Do

og

e

𝑡𝑐 = 21,88 . 𝐴0,41 . 𝑆−0,17

S: Declividade do talvegue (m/m);

𝐴: área da bacia (Km2).

Para bacias médias e escoamento predominantemente em canais.

36

3.7.5 Determinação do Volume de Armazenamento

Várias metodologias, simples ou mais complexas foram e vem sendo propostas para

estimar os volumes a serem reservados em dispositivos de detenção. Os métodos, bem como

os critérios utilizados e os resultados obtidos, encontram-se disponíveis na literatura de

diversos trabalhos e permitem realizar comparações entre as metodologias e as situações onde

elas podem ser aplicadas (TASSI, 2002).

McCuen (1989 apud Assunção, 2012) citou que em vários estados da América do

Norte é comum determinar o volume de reservação de maneira que a vazão máxima efluente

seja igual à vazão do local nas condições anteriores à urbanização. Deste modo, o autor

propôs uma equação simplificada (Equação 4).

𝑉 = (𝑄𝑑 − 𝑄𝑎). 𝑡𝑑 . 60 (4)

Em que:

𝑉: volume de detenção (m3);

𝑄𝑑 : vazão de pico após a urbanização (m3/s);

𝑄𝑎 : vazão de pico antes da urbanização (m3/s);

𝑡𝑑 : tempo de duração da chuva (minutos);

60: fator de correção de unidade.

3.7.6 Dimensões do Microrreservatório e Estruturas de Descarga

O dimensionamento dos microrreservatórios tem a rede pública de drenagem pluvial

como uma limitação relevante, haja vista que a altura destes dispositivos de controle depende

da localização da rede e, portanto, da não necessidade de uma estação elevatória para a

drenagem do lote (AGRA, 2001). Em virtude disso, o autor ainda descreve que o formato dos

microrreservatórios geralmente são retangulares e assim o dimensionamento dos mesmos

37

passa a ser área superficial, que é obtida pela razão entre o volume de armazenamento e a

altura do dispositivo.

As dimensões das estruturas de descarga consistem simplesmente na determinação da

área e do número de orifícios (AGRA, 2001). De acordo com Azevedo Netto et al., (1998)

para o cálculo da vazão de saída de orifícios e bocais, descarregando livremente para a

atmosfera utiliza-se a Equação 5.

𝑄 = 𝐶𝑑. 𝐴. 2𝑔𝐻 (5)

Onde:

𝑄: vazão de pré-urbanização (m3/s);

𝐶𝑑: coeficiente de descarga;

𝐴: área da seção transversal do tubo (m2);

𝐻: carga total sobre o eixo do tubo (m);

𝑔: aceleração da gravidade (m/s2).

O coeficiente de descarga representa as perdas de carga contínuas e localizadas e se

aconselha obtê-lo experimentalmente. Contudo, a bibliografia clássica recomenda para

orifícios em geral o valor médio de Cd de 0, 61 e para bocais Cd de 0,82 (DRUMOND,

2012).

Por fim deve ser previsto um vertedor de emergência que permita extravasar a água,

na ocorrência de eventos que superem o volume de armazenamento disponível, para a

superfície do lote, sarjetas ou diretamente para a rede pluvial (AGRA, 2001; TASSI, 2002;

OHNUMA, 2008)

38

4 METODOLOGIA

4.1 Localização e Caracterização da Área de Estudo

A cidade de Frederico Wetphalen (Figura 6) está situada na Mesorregião do Planalto

Meridional do Rio Grande do Sul e na Microrregião Colonial de Iraí. Apresenta uma área de,

aproximadamente, 262 Km2 e uma população de 28.843 habitantes, sendo que destes 23.333

vivem na zona urbana (IBGE, 2010 e Missio, 2003).

O perímetro urbano apresenta-se densamente ocupado e de acordo com o Atlas do

Desenvolvimento Humano no Brasil (2013), no ano de 2010, a taxa de urbanização no

município era de aproximadamente 81%. Conforme Reis et al., (2012), essa expansão urbana

observada nos últimos anos tem sido a principal causa das inundações bruscas. Para os

autores a tendência é de que se aumentem as precipitações intensas e, consequentemente, as

inundações.

39

Figura 6 - Localização geográfica do município de Frederico Westphalen

Fonte: Missio (2003)

Informações levantadas pelo Plano de Saneamento Básico de Frederico Westphalen

(2010) apontam pontos de alagamentos importantes no perímetro urbano, sendo que os

bairros Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida, Ipiranga, Itapagé e São José são

consideradas as zonas mais críticas.

Matéria publicada no jornal O Alto Uruguai e descrita no Plano de Saneamento

Municipal relata pontos de alagamentos (Figura 7), ocorridos no primeiro dia do mês de

fevereiro de 2010 decorrente de uma precipitação de 52,2 mm com duas horas de duração,

localizados na rua Cabo da Rocha, no bairro Santo Antônio, e Avenida Artur Milani. A

reportagem ainda descreve que, de acordo com moradores antigos das áreas atingidas, a

situação sempre foi esta e que em virtude da expansão imobiliária do município o problema

tem sido agravado a cada ano.

Figura 7 - Pontos críticos de alagamentos. (A) Rua Cabo da Rocha, Bairro Santo Antônio. (b)

Avenida Artur Milani

Fonte: Jornal O Alto Uruguai (2010)

Mais recentemente, no dia 11 de novembro de 2013, nova matéria publicada pelo

mesmo jornal descreve que em poucos minutos de chuva, pontos de alagamentos foram

verificados na esquina entre a Avenida Artur Milani e Rua Piratini, causando prejuízos

econômicos para motoristas que trafegavam pelo local (Figura 8 e Anexo A).

A B

40

Figura 8 - Ponto de alagamento. Esquina Avenida Artur Milani e Rua Piratini.

Fonte: Jornal O Alto Uruguai (2013)

De acordo com o Plano de Saneamento Municipal (2010) o sistema de drenagem de

águas pluviais no município é constituído por micro e macrodrenagem, sendo que o traçado

da rede existente é datado de janeiro de 1986 e é o único registro do sistema de drenagem

urbana existente no município. As modificações e expansão da rede efetuadas a partir de 1986

não foram documentadas.

O lote de estudo foi uma residência a ser construída na Rua Brasília, bairro Itapagé,

visto que o próprio proprietário manifestou interesse na possibilidade de implantação de um

microrreservatório em sua residência. O local também permite a aplicação da legislação no

que se refere as adequações no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano que estão sendo

propostas pela administração municipal e deverão contemplar o controle das águas pluviais

urbanas.

41

4.2 Determinação da Equação Intensidade-Duração-Frequência

Para a determinação da equação IDF, utilizou-se como base de dados as precipitações

máximas registradas na Estação Meteorológica Convencional de Iraí-RS, sob as coordenadas

geográficas de referência de Latitude -27.18º, Longitude de -53.23º e Altitude de 247.1

metros, fornecidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia-INMET. Justifica-se a utilização

dos dados pluviométricos da estação de Iraí em razão de sua proximidade ao município de

Frederico Westphalen e pela mesma conter registros de um longo período de observações

(desde 1935), diferentemente da estação automática existente em Frederico Westphalen que

está em funcionamento há apenas 6 anos. Além disso, os dois municípios estão dentro da

mesma bacia hidrográfica e apresentam regime de precipitação semelhante.

Desconsiderando os períodos em que houve falhas de observação, adotou-se uma série

histórica de chuvas de 21 anos e, a partir dessa base, selecionou-se a precipitação máxima de

“um dia” de cada ano, constituindo, dessa forma, a série de chuvas máximas anuais.

Na sequência, os dados foram organizados em ordem decrescente e calculou-se a

média aritmética e o desvio-padrão da amostra. Com isso foi possível estabelecer uma análise

estatística da probabilidade e o tempo de retorno das chuvas intensas empregando o método

da distribuição de Gumbel, tendo em vista que este método, em geral, permite ajustar

satisfatoriamente os valores extremos das grandezas hidrológicas, sendo o mais bem aceito e

empregado na literatura.

Deste modo, considerando o método de Gumbel, o tempo de retorno, definido como o

intervalo médio, em anos, em que um valor qualquer de chuva é igualado ou superado pelo

menos uma vez foi estimado pela Equação 6. Constata-se pela equação que o tempo de

retorno é matematicamente correspondente ao inverso da probabilidade de ocorrência de um

evento.

𝑇𝑅 =1

1−𝑒−𝑒−𝑦 (6)

Em que:

𝑇𝑅: Tempo de Retorno (anos);

𝑦: variável reduzida de Gumbel.

42

A variável reduzida de Gumbel (𝑦) foi obtida por meio da Equação 7.

y = 𝑆𝑛

𝑆𝑥 𝑥𝑖 − 𝑥𝑚 − 𝑆𝑥

𝑦𝑛

𝑆𝑛 (7)

Onde:

𝑆𝑥: desvio-padrão da amostra;

𝑥𝑖: valor de um elemento da amostra;

𝑥𝑚: média da amostra;

𝑆𝑛 : desvio padrão da variável reduzida (𝑦), conforme Tabela 1;

𝑦𝑛 : média da variável reduzida (𝑦), conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Média (yn) e desvio padrão (Sn) da variável reduzida (y) em função do número de

observações, conforme Gumbel

n yn Sn n yn Sn n yn Sn

8 0,4843 0,9042 35 0,5403 1, 1285 64 0,5533 1, 1793

9 0,4902 0,9288 36 0,5410 1, 1313 66 0,5538 1, 1814

10 0,4952 0,9497 37 0,5418 1, 1339 68 0,5543 1, 1834

11 0,4996 0,9676 38 0,5424 1, 1363 70 0,5548 1, 1854

12 0,5053 0,9833 39 0,5430 1, 1388 72 0,5552 1, 1873

13 0,5070 0,9972 40 0,5436 1, 1413 74 0,5557 1, 1890

14 0,5100 1, 0095 41 0,5442 1, 1436 76 0,5561 1, 1906

15 0,5128 1, 0206 42 0,5448 1, 1458 78 0,5565 1, 1923

16 0,5157 1, 0316 43 0,5453 1, 1480 80 0,5569 1, 1938

17 0,5181 1, 0411 44 0,5458 1, 0150 82 0,5572 1, ,1953

18 0,5202 1, 0493 45 0,5463 1, 1519 84 0,5576 1, 1967

19 0,5220 1, 0566 46 0,5468 1, 1538 86 0,5580 1, 1980

20 0,5236 1, 0628 47 0,5473 1, 1557 88 0,5583 1, 1994

21 0,5252 1, 0696 48 0,5477 1, 1574 90 0,5586 1, 2007

22 0,5268 1, 0754 49 0,5481 1, 1590 92 0,5589 1, 2020

23 0,5283 1, 0811 50 0,5485 1, 1607 94 0,5592 1, 2032

24 0,5296 1, 0864 51 0,5489 1, 1638 96 0,5595 1, 2044

25 0,5309 1, 0915 52 0,5493 1, 1653 98 0,5598 1, 2055

26 0,5320 1, 0961 53 0,5497 1, 1667 100 0,5600 1, 2065

27 0,5332 1, 1004 54 0,5501 1, 1681 150 0,5646 1, 2253

28 0,5343 1, 1047 55 0,5504 1, 1696 200 0,5672 1, 2360

29 0,5353 1, 1086 56 0,5508 1, 1708 250 0,5688 1, 2429

30 0,5362 1, 1124 57 0,5511 1, 1721 300 0,5699 1, 2479

31 0,5371 1, 1159 58 0,5515 1, 1734 400 0,5714 1, 2545

43

Tabela1 – Continuação

32 0,5386 1, 1193 59 0,5518 1, 0000 500 0,5724 1, 2588

33 0,5388 1, 1226 60 0,5521 1, 1747 750 0,5738 1, 2651

34 0,5396 1, 1255 62 0,5527 1, 1770 1000 0,5745 1, 2685

Fonte: Carvalho (2007)

Após esse procedimento, foram plotados os dados de tempo de retorno e intensidade

de chuva em um gráfico com as mesmas características do papel log-probabilístico. Assim, os

pontos correspondentes às alturas máximas de chuva (im) ficaram na ordenada, em escala

aritmética, e o tempo de retorno, em anos, correspondente na abscissa, em escala logarítmica.

Foi ajustada uma reta para os dados do gráfico, que compreendeu a amplitude dos dados

analisados, sendo assim possível estimar para os tempos de retorno de 2, 5, 10, 15, 20, 25, 50

e 100 anos as precipitações máximas com duração de “um dia”.

De posse das precipitações máximas com duração de 1 dia, foi possível estimar as

intensidades máximas médias para todas as durações de chuva de 5 a 1440 minutos, por meio

da desagregação de chuva diária, conforme método proposto por CETESB (1979) e

apresentado na Tabela 2. As precipitações obtidas, juntamente com os tempos de retorno e as

durações das chuvas foram organizadas em um gráfico, alcançando assim as curvas de

intensidade-duração-frequencia (IDF).

44

Tabela 2 - Fatores de desagregação de chuva de 1 dia

Fonte: Carvalho (2007)

Com base nas alturas máximas para os tempos de retorno e durações, foi possível

gerar a função IDF (Equação 2), estabelecendo os valores das constantes “K”, “a”, “b” e “c”

por meio do Método dos Mínimos Quadrados, aplicando uma simulação estatística

denominada simulação de Monte Carlo, através do Software SigmaPlot 12.5. A simulação de

elementos climáticos pelo método Monte Carlo consiste na geração aleatória de uma

probabilidade associada à ocorrência de um determinado evento, aplicada a uma distribuição

de probabilidade pré-definida. O objetivo do uso deste método é a obtenção do valor aleatório

da variável desejada, cuja distribuição dos dados resultantes do modelo é obtida a partir de

repetidas simulações (OLIVEIRA, 2003).

Na verificação da eficiência da equação IDF proposta por este estudo, utilizou-se o

coeficiente de regressão (r2) de ajuste da função aos pontos e realizou-se, por meio do

programa Excel, o teste de hipótese t-pareado, com nível de significância (α) de 0,05 para

comprovar se os dados medidos e modelados conforme a distribuição de Gumbel diferem

estatisticamente dos dados estimados pela função IDF, sendo estabelecida como hipótese nula

(H0) que tais dados sejam iguais e como hipótese alternativa (H1), que os mesmos diferem

45

entre si. O critério de decisão foi baseado no valor-p, pois a hipótese de nulidade seria

rejeitada para valor-p menor que α.

4.3 Dimensionamento do Microrreservatório de Detenção

Como área de contribuição do escoamento, considerou-se a área total do telhado da

residência. A mesma já estava definida em planta baixa com 181,500 m2

(Anexo D).

O tempo de concentração do telhado foi determinado pela Equação da Onda

Cinemática apresentada no Quadro 1. Para tanto utilizou-se os softwares matemáticos Maple e

WXmáxima. O comprimento do escoamento (L) foi definido como a soma dos comprimentos

laterais de um dos lados do telhado, sendo este também já estabelecido em planta com

22,400m (Anexo D). A declividade média do escoamento adotada foi a inclinação do telhado

recomendada pela NBR 8039 para telhas de cerâmica, sendo de 35%.

A vazão de pré e pós-urbanização foi determinada pelo Método Racional (Equação 3).

O coeficiente de escoamento (Cp) de pré-ocupação adotado foi a média de C para matas,

parques e campos de esporte, enquanto que o coeficiente de escoamento (Ci) para as

condições atuais da bacia foi a média de C para edificação muito densa (Quadro 2). Para a

determinação da intensidade da chuva (I), utilizou-se a IDF elaborada com os dados Iraí

(Equação 7, apresentada no item 5) adotando-se um TR de 5 anos por ser valor de praxe em

projetos de drenagem pluvial.

Zonas C

Edificação muito densa: partes centrais densamente construídas, além de uma cidade com ruas e calçadas

pavimentadas. 0,70 a 0,95

Edificação não muito densa: partes não adjacentes ao centro, de menor densidade de habitações, mas

com ruas e calçadas pavimentadas. 0,60 a 0,70

Edificações com poucas superfícies livres: partes residenciais com construções cerradas e ruas

pavimentadas. 0,50 a 0,60

Edificações com muitas superfícies livres: partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 a 0,50

Subúrbios com alguma edificação: partes de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de

construção. 0,10 a 0,25

Matas, parques e campos de esporte: partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques

ajardinados, campos de esporte sem pavimentação. 0,05 a 0,20

Quadro 2 - Coeficientes de escoamento superficial em função do uso e cobertura do solo

Fonte: Horn, et al.; (2011)

46

Referente a estrutura de descarga, para a determinação da área da seção transversal do

orifício de saída, empregou-se a Equação 5 e, seguindo as recomendações de Agra (2001),

adotou-se um coeficiente de descarga (Cd) de 0,61. A vazão considerada foi de pré-

urbanização e a carga total sobre o eixo do tubo (H) se refere à altura do reservatório.

47

5 RESULTADOS

5.1 Equação Intensidade-Duração-Frequência

A Tabela 3 apresenta a série selecionada, de 21 anos, de chuvas máximas diárias

registradas na Estação Meteorológica de Iraí em ordem cronológica e decrescente. A média e

o desvio padrão dos dados de precipitação foram de 112,200mm e 33,500mm,

respectivamente.

Tabela 3 - Série selecionada de chuvas máximas diárias em ordem cronológica e decrescente

Ordem Cronológica Ordem Decrescente

Ano Precipitação (mm) Ano Precipitação (mm)

1991

1992

91,000 2000 200,000

115,200 1998 165,000

1993 84,200 2008 151,400

1994 109,200 2011 150,600

1995

1996

1997

76,900 1999 144,000

141,400

115,200

99,000 2010

89,000 1992

1998 165,000 1994 109,200

1999 144,000 2006 102,300

2000 200,000 2007 101,400

2002

2003

72,000 2012 99,600

95,200 1996 99,000

2004 92,200 2005 96,200

2005 96,200 2003 95,200

2006

2007

102,300 2004 92,200

101,400 1991 91,000

2008 151,400 1997 89,000

2009 80,600 1993 84,200

2010 141,400 2009 80,600

2011 150,600 1995 76,900

2012 99,600 2002 72,000

48

Como a série histórica (n) foi de 21 anos, a média (𝑦𝑛 ) e o desvio padrão (𝑆𝑛 ) da

variável reduzida (y) de Gumbel, conforme a Tabela 1 foram de 0,525 e 1,069,

respectivamente.

A média e o desvio padrão da amostra, bem como a média e o desvio padrão da

variável reduzida de Gumbel e cada uma das precipitações máximas de um dia ao serem

inseridas na Equação 7, geraram os valores da coluna 1 da Tabela 4. Empregando-se os

valores da variável de Gumbel na Equação 6 foi possível obter o tempo de retorno (valores da

coluna 2 da Tabela 4.

Tabela 4 - Variável "y" de Gumbel e o respectivo Tempo de Retorno

Variável Reduzida

(y)

Tempo de Retorno

(anos)

3,324 28,273

2,208 9,607

1,775 6,414

1,749 6,263

1,539 5,178

1,456 4,808

0,621 2,405

0,430 2,091

0,210 1,800

0,181 1,767

0,124 1,705

0,104 1,684

0,015 1,596

-0,017 1,567

-0,112 1,485

-0,151 1,455

-0,214 1,408

-0,367 1,309

-0,482 1,247

-0,600 1,193

-0,756 1,135

O tempo de retorno, juntamente com suas respectivas alturas máximas de chuva foram

plotados em um gráfico com as mesmas características do papel log-probabilístico e geraram

a reta de ajuste apresentada na Figura 9.

49

Figura 9 – Gráfico da reta de ajuste dos dados de precipitação máxima em relação ao tempo

de retorno

A partir da equação do gráfico foi possível determinar as alturas de chuvas (Tabela 5)

para os períodos de retorno de 2, 5, 10, 15, 20, 25, 50 e 100 anos, sendo que “x” na equação

corresponde ao tempo de retorno e “y”, a altura de chuva.

Tabela 5 - Tempo de Retorno e respectiva Altura de Chuva

Tempo de Retorno

(anos)

Altura de Chuva

(mm)

2 103,577

5 139,641

10 166,923

15 182,882

20 194,205

25

50

100

202,987

230,269

257,550

Depois de obtidas as alturas de chuva de 1 dia para os períodos de retorno

mencionados, estimou-se as prováveis intensidades máximas médias para as durações de

y = 39,359ln(x) + 76,296

R² = 0,986

0

50

100

150

200

250

1 10 100

Alt

ura

máx

ima

de

ch

uva

(m

m)

Log [Tr(anos)]

50

chuva de 5 a 1440 minutos pelo método da desagregação proposto por CETESB (1979). Os

valores foram obtidos em mm/d (Anexo B), porém como é mais usual a unidade de mm/h os

mesmos foram transformados gerando a Tabela 6.

Tabela 6 - Intensidades de chuva máximas médias em mm/h para a estação 83881 em Iraí

Os valores da Tabela 6 foram plotados em um gráfico e geraram as curvas IDF,

apresentadas na Figura 10 e no Anexo C. É possível observar que as curvas apresentaram o

comportamento típico para as curvas IDF, ou seja, a intensidade é indiretamente proporcional

a duração, como constata Pereira, Silveira e Silvino (2007), ao observar que quanto menor for

a duração da precipitação, maior é a intensidade média. Verificou-se uma relação diretamente

proporcional entre a intensidade e o período de retorno, evidenciando dessa forma a diferença

no uso do TR para o dimensionamento de obras hidráulicas, visto que altos períodos de

retorno indicam uma elevada intensidade de precipitação. Dessa forma, a concepção de

projetos hidráulicos mais complexos necessita da previsão de grandezas hidrológicas de

grande magnitude com um intervalo temporal de recorrência elevado, para que sejam

estimadas máximas vazões ou precipitações que podem vir a ocorrer em certa localidade.

Nesse contexto o custo de tal projeto encontra-se intimamente ligado ao período de retorno de

ocorrência do fenômeno (BEIJO, MUNIZ, CASTRO NETO, 2005).

Tempo de Retorno (anos) Intensidade máxima (mm/h)

Duração

(min.) 2 5 10 15 20 25 50 100

1440

720

600

4,920 6,633 7,929 8,687 9,225 9,642 10,938 12,234

8,364 11,276 13,479 14,768 15,682 16,391 18,594 20,797

9,682 13,054 15,604 17,096 18,154 18,975 21,526 24,076

480

360

240

11,513 15,521 18,553 20,327 21,586 22,562 25,594 28,627

35,233

46,243

14,169 19,103 22,835 25,018 26,567 27,769 31,501

18,597 25,073 29,971 32,836 34,870 36,446 41,345

120

60

30

30,700 41,390 49,476 54,206 57,562 60,165 68,252 76,338

49,593 66,860 79,923 87,564 92,985 97,190 110,253 123,315

73,397 98,953 118,286 129,595 137,618 143,841 163,174 182,506

25

20

15

80,086 107,970 129,065 141,404 150,159 156,949 178,044 199,137

89,267 120,348 143,861 157,615 167,374 174,942 198,455 221,967

102,756 138,534 165,600 181,432 192,666 201,378 228,444 255,509

10

5

118,666 159,984 191,240 209,524 222,497 232,558 263,814 295,070

149,790 201,945 241,399 264,479 280,854 293,554 333,008 372,461

51

Figura 10 – Família de Curvas IDF para Iraí

Inserindo os dados de intensidade de chuva, duração e tempo de retorno no software

SigmaPlot 12.5, as constantes da Equação 2 foram obtidas a partir do Método dos Mínimos

Quadrados. Deste modo, a equação de chuvas intensas para Iraí e adotada para Frederico

Westphalen é apresentada na Equação 7.

im =1086.604Tr0.184

t+9.886 0.728 (7)

Ao correlacionar as intensidades observadas pela distribuição de Gumbel pelas

intensidades estimadas, a equação IDF apresentou, de acordo com a Figura 11, um coeficiente

de regressão de 0,997 indicando uma correlação positiva elevada entre a intensidade, duração

e o tempo de retorno.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

Inte

nsi

dad

e d

e c

hu

va (

mm

/h)

Duração (min.)

2 anos

5 anos

10 anos

15 anos

20 anos

25 anos

50 anos

100 anos

52

Figura 11 - Intensidade de chuva observada pelo método de Gumbel vs estimada pela equação

IDF

Ao que confere o teste de hipótese foi possível demonstrar que não existem evidências

estatísticas que comprovem que os dados estimados pela equação difiram dos dados medidos,

pois obteve-se um valor-p de 0,45 sendo este maior que o nível de significância estipulado

para o teste, portanto rejeitou-se a hipótese alternativa. Logo, pode-se afirmar com 99,95% de

confiança que a equação 7 é significativa para os dados utilizados, o que confirma a

viabilidade do seu uso.

5.2 Microrreservatório de Detenção

O Quadro 3 apresenta os valores admitidos, necessários para o dimensionamento do

microrreservatório de detenção, conforme recomendação de literatura e apresenta também as

características da residência em planta baixa. Ao associar as informações constantes no

referido quadro com as equações, foi possível dimensionar o microrreservatório.

R² = 0,997

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 50 100 150 200 250 300 350 400

Inte

nsi

dad

e O

bse

rvad

a (m

m/h

)

Intensidade Estimada (mm/h)

53

Quadro 3 - Dados e valores de entrada para o dimensionamento do reservatório

O tempo de concentração foi determinado pelo Método da Onda Cinemática,

apresentada no Quadro 1. Substituindo os valores de L, S, η e I (sendo I a Equação 7) e

resolvendo os cálculos, obteve-se a Equação 8.

𝑡𝑐 =447 . η .L 0,6

S0,3 . I0,4 tc =447 . 0,013 .0,0224 0,6

0,350,3 . 1086 ,604 .TR 0,184

t+9,886 0,291 0,4

𝑡𝑐 − 0,251 . 𝑡𝑐 + 9,886 0,291 = 0 (8)

A solução para tc foi possível utilizando os softwares Maple e WXmáxima, sendo que

os testes em ambos os programas conduziram à valores bastante próximos, ou seja, 0,5

minutos. Moreira e Guimarães Jr. (2001) e Campos (2007) em seus trabalhos também

obtiveram este valor para o tempo de concentração. Porém, de acordo com Agra (2001) o

Método Racional não recomenda um tempo de duração (td) inferior a 5 minutos. De forma

semelhante, Drumond (2012) afirma que como não existem muitos estudos sobre o tempo de

concentração nos sistemas de microdrenagem, normalmente, adota-se nos projetos um tempo

de concentração que varia de 5 e 10 minutos. O Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto

Alegre (2005) recomenda que no dimensionamento de microrreservatórios adote-se um tempo

de concentração igual a 5 minutos. Em razão disso, utilizou-se 5 minutos para a duração da

chuva de projeto.

A Curva IDF (Equação 7), associada ao TR de 5 anos e ao tc de 5 minutos gerou uma

chuva de projeto de 204,597mm/h, conforme o desenvolvimento de cálculo:

Dados Valores

Área do telhado (A) 181,500m2

Comprimento (L) do telhado 22,400m

Declividade (S) do telhado 35%

Coeficiente de escoamento superficial para pré-urbanização (C1) 0,125

Coeficiente de escoamento superficial para pós-urbanização (C2) 0,825

Coeficiente de Manning para superfícies de concreto (η) 0,013

Tempo de Retorno (TR) 5 anos

54

im =1086.604Tr0.184

t + 9.886 0.728 im =

1086.604 . 50.184

5 + 9.886 0.728 im = 204,597mm/h

As vazões de pré e pós-urbanização são, respectivamente:

𝑄𝑎 = 0,278 . 𝐶1 . 𝐼 . 𝐴 𝑄𝑎 = 0,278 . 0,125 .204,597 . 181,500 𝑄𝑎 = 1,290𝑙/𝑠

𝑄𝑑 = 0,278 . 𝐶2 . 𝐼 . 𝐴 𝑄𝑑 = 0,278 . 0,825 .204,597 . 181,500 𝑄𝑑 = 8,516𝑙/𝑠

Portanto, o volume de detenção obtido foi:

V = (Qd − Qa). td . 60 V = 8,516 − 1,290 . 5 . 60 V ≅ 2m3

Este volume de armazenamento está situado na faixa de volumes determinados por

outros autores, como Agra (2001), Tassi (2000) e Andrade Filho, Széliga e Szesz (2000) e

Viola (2008) que obtiveram volumes de detenção entre 1m3 e 2,5 m

3. Para os autores a

variação dos volumes pode se dar em função das diferentes taxas de ocupação, coeficientes de

deflúvio, da área dos lotes e também do tempo de retorno considerado.

Agra (2001) sugere que a altura do microrreservatório leve em consideração a

profundidade da rede pública coletora de águas pluviais. Porém, o lote em questão não é, até o

momento, assistido pela rede. Mesmo assim, limitou-se a altura do reservatório em 1m e,

portanto o microrreservatório tem uma configuração quadrada de dimensões de

1,4mx1,4mx1m.

Para a área da estrutura de descarga obteve-se:

A =Q

Cd 2. g. H A =

0,00129

0,61 2 . 9,8 . 1 A = 4,776𝑐𝑚2

A configuração de tubo que atende essa área é de aproximadamente 25 mm, porém

com a finalidade de evitar problemas com entupimentos, Agra (2001) sugere que seja

55

instalado um cesto ou uma tela de coleta de materiais grosseiros logo na entrada do

microrreservatório ou numa caixa de passagem de modo a facilitar a remoção para limpeza.

No projeto de um microrreservatório é necessário prever a instalação de um extravasor

de emergência. Neste projeto, foi adotado para a tubulação extravasora um diâmetro

comercial de 75mm e optou-se por ligar a mesma à futura rede pluvial, haja vista que o

sistema coletor de águas pluviais é uma exigência legal.

A Figura 12 e o Anexo E apresentam o croqui de funcionamento do microrreservatório

projetado como forma de permitir uma melhor visualização e entendimento do sistema.

Figura 12 - Croqui do funcionamento de um microrreservatório enterrado

Fonte: O autor

56

CONSIDERAÇÕES

Ao final deste trabalho é possível fazer as seguintes considerações:

É importante que as cidades, no caso deste trabalho Frederico Westphalen, repensem a

forma de crescimento e a necessidade concomitante de implantação de infraestrutura, em

especial no que se refere ao sistema de drenagem urbana. É necessário, incorporar ao plano

diretor urbano medidas de controle de águas pluviais na fonte, de modo a não haver

transferência espacial de problemas, evitando o agravamento dos impactos gerados pela

urbanização crescente. Neste sentido, dentre as técnicas estruturais não convencionais, os

microrreservatórios de detenção são dispositivos que podem ser adaptados ao meio urbano,

especialmente os já consolidados.

A equação de chuvas intensas local é um subsídio imprescindível para o

dimensionamento de obras de drenagem urbana. Neste estudo, verificou-se que a equação IDF

proposta apresentou um coeficiente de regressão (r2) 0,997, indicando que existe uma relação

perfeitamente positiva entre a intensidade de chuva em relação a duração e o tempo de

retorno. Além disso, ao que confere o teste t-pareado, é possível afirmar com 99,95% de

confiança que tal equação é significativa para os dados utilizados, o que torna viável a

utilização da curva IDF para os processos que a mesma se destina. Para trabalhos futuros

recomenda-se a utilização de dados de chuvas locais e com registros menores que um dia, a

fim de confirmar os resultados alcançados, visto que os dados de precipitações menores que

um dia foram obtidos de forma sintética e em uma estação situada em município vizinho de

Frederico Westphalen, dessa forma os dados podem não corresponder exatamente às

características do local em estudo.

O microrreservatório de detenção projetado, por meio do Método Racional em razão

do mesmo ser o método mais simplificado e difundido no meio científico, para uma residência

urbana com área de contribuição de 181,500m2, considerando um TR de 5 anos e para uma

chuva de duração de 5 minutos forneceu um volume de 2m3, valor compatível com a literatura

consultada, demonstrando, portanto, ser uma metodologia passível de adoção. Recomenda-se

para os próximos trabalhos ajustar uma equação, que facilite e, portanto, agilize o cálculo do

57

volume de detenção. Existe ainda a necessidade de se fazer uma relação custo/benefício

avaliado em termos da eficiência do sistema e o custo de implantação da estrutura.

58

59

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68

ANEXOS

69

Anexo A - Pontos críticos de alagamentos. Matéria publicada no Jornal O Alto Uruguai.

70

Anexo B - Intensidades pluviais máximas em mm/d para Iraí

Tempo de Retorno (anos) Intensidade de chuva (mm/d)

Duração (min.) 2 5 10 15 20 25 50 100

1 dia 103,577 139,641 166,923 182,882 194,205 202,987 230,269 257,550

1440 118,078 159,191 190,292 208,485 221,394 231,405 262,507 293,607

720 100,366 135,312 161,748 177,213 188,185 196,694 223,131 249,566

600 96,824 130,536 156,040 170,958 181,543 189,752 215,255 240,758

480 92,101 124,169 148,428 162,619 172,687 180,496 204,755 229,013

360 85,016 114,617 137,010 150,110 159,403 166,612 189,005 211,397

240 74,389 100,290 119,884 131,346 139,478 145,785 165,379 184,972

120 61,400 82,779 98,952 108,412 115,125 120,331 136,503 152,676

60 49,593 66,860 79,923 87,564 92,985 97,190 110,253 123,315

30 36,699 49,476 59,143 64,797 68,809 71,921 81,587 91,253

25 33,396 45,024 53,820 58,966 62,616 65,448 74,244 83,040

20 29,726 40,076 47,906 52,486 55,735 58,256 66,086 73,915

15 25,689 34,634 41,400 45,358 48,166 50,345 57,111 63,877

10 19,817 26,717 31,937 34,991 37,157 38,837 44,057 49,277

5 12,478 16,822 20,109 22,031 23,395 24,453 27,740 31,026

71

Anexo C - Curvas IDF para Iraí

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Inte

nsi

dad

e d

e c

hu

va (

mm

/h)

Duração (min.)

2

5

10

15

20

25

50

100

72

Anexo D - Projeto da residência de estudo. Planta baixa.

73

Anexo E - Croqui de funcionamento do sistema de drenagem residencial com

micrroreservatório enterrado