Proposta de metodologia ergonômica para C · PDF filee Sopro de Produtos...

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45 FEVEREIRO/2002 ada vez mais, as empresas estão se preocupando com o bem-estar dos seus colaboradores internos. Este bem-estar está ligado, não só ao que se refere a um melhor salário e à Ouvindo o trabalhador Proposta de metodologia ergonmica para desenvolvimento de mudanas em postos de trabalho C participação nos lucros obtidos no decorrer do ano anterior, mas também, no que diz res- peito ao modo operatório, ou seja, na manei- ra pela qual o colaborador está realizando suas atividades durante a jornada de trabalho. Ainda hoje, mas não em todos os casos, o processo de implantação ergonômica é unila- teral. Ou seja, ergonomistas estudam e reco- mendam as soluções para a empresa sem ao menos ouvir os trabalhadores, sendo que estes mesmos trabalhadores é que deverão imple- mentar estas idéias. Isto traz inúmeras des- vantagens, pois os trabalhadores estarão envol- vidos somente na fase de implementação. Conseqüentemente, o colaborador demonstra pouco ou nenhum interesse em integrá-las e, na maioria dos casos, até boicotando o projeto. Este artigo apresenta o resultado de um pro- cesso de gestão em Ergonomia implementado a partir de setembro de 1999 na empresa Termolar SA, de Porto Alegre/RS, que atua na área de transformação de plásticos e ter- moplásticos, fabricante de garrafas térmi- cas. Utilizou-se uma abordagem de Design Ma- croergonômico, ou seja, voltada, não só, ao posto de trabalho, mas, que considerasse todos aqueles fatores que dizem respeito ao sistema homem-tarefa-máquina, adaptando o trabalho ao ser humano. A proposta apresentada é a de uma Ergo- nomia participativa, que busca envolver o tra- balhador em várias fases do processo ergonô- mico. Muitas vezes isso requer uma mudança organizacional, com o intuito de se criar uma estrutura mais aberta à participação. A ade- quação dos postos de trabalho (máquinas, e- quipamentos, ferramentas e todo e qualquer objeto que seja utilizado pelo colaborador para realizar suas atividades) ao trabalhador em ge- ral (escriturário, doméstico, colaborador de Mauro Schneider Martin Desenhista Industrial e especialista em Ergonomia em Porto Alegre/RS E-mail: HYPERLINK mailto:[email protected][email protected] Irani Rodrigues da Silva Engenheiro de Segurança do Trabalho e especialista em Ergonomia em Porto Alegre/RS E-mail: HYPERLINK “mailto:[email protected][email protected] O projeto apresentado neste artigo foi premiado no final do ano passado com o Troféu Top Ser Humano 2001, da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional do Rio Grande do Sul, na categoria Profissional. uma linha de montagem de produtos, opera- dor de empilhadeiras, etc) deve ser realizada para o uso coletivo. Sabendo-se que há diferenças individuais em uma população, os projetos, em geral, de- vem atender a 90% dessa população. Isso sig- nifica que há 5% em cada um dos extremos dessa população (indivíduos muito gordos, muito magros, muito altos, muito baixos, mu- lheres grávidas, idosos ou deficientes físicos), para os quais projetos de uso coletivo não se adaptam bem. Neste caso, é necessário reali- zar projetos específicos para essas pessoas. CRIANDO LINK Os procedimentos do projeto, para Martin et al. (abud Moraes, 1998), dirigem-se para a situação real e objetivam acompanhar o de- senvolvimento de toda a planificação: análi- se da demanda (definição de objetivos), aná- lise do sistema em situação de trabalho, aná- lise das atividades em situação de trabalho existente e em situação de referência, especifi- cações funcionais, avaliação de protótipos, va- lidação dos elementos produzidos com os u- suários envolvidos, realização de testes de pro- tótipos em campo, análise dos ajustamentos necessários e validação com os usuários em situação de trabalho. Iida (1990), afirma que o bom funciona- mento de cada posto de trabalho é imprescin- dível para que a fábrica funcione bem. O tra- balho destinou-se a projetos de postos de tra- balho específicos para o Setor de Preparação de Plásticos (PPL), para as Linhas de Injeção e Sopro de Produtos Plásticos e Termoplás- ticos, para o Setor de Poliuretano (PUR) e para o Setor de Mistura de Isotérmicos (MIS) da empresa. Este conhecimento deverá ser utili- zado, também, nas demais situações de tra- balho dentro da planta fabril da empresa. Tendo isso como base, pode-se afirmar que, com a realização de um posto de trabalho pi- loto, se estará criando um link com os demais locais de trabalho (só na Linha de Injetoras são 50 máquinas) e, portanto, resolvendo pre- viamente, futuros problemas. O objetivo destes projetos é gerar conheci- mento quanto a uma nova condição de traba- lho para os colaboradores de chão de fábrica e, posteriormente, para os departamentos ad- ministrativos. Formulou-se, então, as seguin- tes metas: - Colher dados sobre os fatores que partici- pam direta ou indiretamente na incidência de complicações no processo fabril e que pos- sam ser comuns às diversas empresas do Se- tor de transformação de plásticos e termoplás- ticos. - Reduzir sobrecargas de trabalho, como por exemplo desconforto, dor e fadiga, e insatis- fação com o trabalho. - Propor soluções que venham a melhorar a qualidade de vida do colaborador. METODOLOGIA DE TRABALHO A empresa possuía no mês de setembro de 1999, no seu quadro funcional um total de 620 trabalhadores, distribuídos em sua grande maioria nos processos de produção e monta- gem de produtos térmicos. Para o reconheci- mento das reais situações junto ao ambiente de trabalho, foram utilizados os métodos, como segue: - Observação direta: entrevista que permite analisar a percepção que cada trabalhador possui do seu trabalho; - Observação indireta: fotos e vídeo que per- mitem analisar as posturas assumidas no tra- balho; - Levantamento quantitativo e qualitativo das condições físicas; Problemas Caracterização Interfaciais Posturas prejudiciais devido à inexistência de espaço para se colocar as pernas sob a superfície de trabalho e falta de apoio para os pés Posturas prejudiciais com inclinação frontal de tronco devido ao baixo nível do contenedor onde as peças já produzidas, montadas e contadas devem ser colocadas Posturas prejudiciais resultantes da diversidade de peças, componentes e outros objetos que não fazem parte do serviço sobre a superfície de trabalho Posturas prejudiciais decorrentes da inadequação do alcance das peças que estão sobre a superfície de trabalho Acional Constrangimentos biomecânicos no ataque acional a empunhadura de dispositivo de encaixe manual de vedantes nos bocais Espacial/Arquitetural Deficiência de circulação e acesso do colaborador que abastece as máquinas em função do excesso de sacas plásticas no caminho Acidentário Uso constante de faca para desprendimento de excessos de materiais que ficam nas peças injetadas Fonte: Moraes & Mont’Alvão, 1998 Quadro 1 - Quadro de caracterização de problemas ARTIGO ARTIGO ERGONOMIA ERGONOMIA

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45FEVEREIRO/2002

ada vez mais, as empresas estão sepreocupando com o bem-estar dosseus colaboradores internos. Estebem-estar está ligado, não só ao quese refere a um melhor salário e à

Ouvindo o trabalhadorProposta de metodologia ergonômica para

desenvolvimento de mudanças em postos de trabalho

Cparticipação nos lucros obtidos no decorrerdo ano anterior, mas também, no que diz res-peito ao modo operatório, ou seja, na manei-ra pela qual o colaborador está realizando suasatividades durante a jornada de trabalho.

Ainda hoje, mas não em todos os casos, oprocesso de implantação ergonômica é unila-teral. Ou seja, ergonomistas estudam e reco-mendam as soluções para a empresa sem aomenos ouvir os trabalhadores, sendo que estesmesmos trabalhadores é que deverão imple-mentar estas idéias. Isto traz inúmeras des-vantagens, pois os trabalhadores estarão envol-vidos somente na fase de implementação.Conseqüentemente, o colaborador demonstrapouco ou nenhum interesse em integrá-las e,na maioria dos casos, até boicotando o projeto.

Este artigo apresenta o resultado de um pro-cesso de gestão em Ergonomia implementadoa partir de setembro de 1999 na empresaTermolar SA, de Porto Alegre/RS, que atuana área de transformação de plásticos e ter-moplásticos, fabricante de garrafas térmi-cas.

Utilizou-se uma abordagem de Design Ma-croergonômico, ou seja, voltada, não só, aoposto de trabalho, mas, que considerasse todosaqueles fatores que dizem respeito ao sistemahomem-tarefa-máquina, adaptando o trabalhoao ser humano.

A proposta apresentada é a de uma Ergo-nomia participativa, que busca envolver o tra-balhador em várias fases do processo ergonô-mico. Muitas vezes isso requer uma mudançaorganizacional, com o intuito de se criar umaestrutura mais aberta à participação. A ade-quação dos postos de trabalho (máquinas, e-quipamentos, ferramentas e todo e qualquerobjeto que seja utilizado pelo colaborador pararealizar suas atividades) ao trabalhador em ge-ral (escriturário, doméstico, colaborador de

Mauro Schneider MartinDesenhista Industrial e especialista em Ergonomiaem Porto Alegre/RSE-mail: HYPERLINKmailto:[email protected][email protected] Rodrigues da SilvaEngenheiro de Segurança do Trabalho eespecialista em Ergonomia em Porto Alegre/RSE-mail: HYPERLINK “mailto:[email protected][email protected] projeto apresentado neste artigo foi premiadono final do ano passado com o Troféu Top SerHumano 2001, da ABRH – Associação Brasileirade Recursos Humanos – Seccional do Rio Grandedo Sul, na categoria Profissional.

uma linha de montagem de produtos, opera-dor de empilhadeiras, etc) deve ser realizadapara o uso coletivo.

Sabendo-se que há diferenças individuaisem uma população, os projetos, em geral, de-vem atender a 90% dessa população. Isso sig-nifica que há 5% em cada um dos extremosdessa população (indivíduos muito gordos,muito magros, muito altos, muito baixos, mu-lheres grávidas, idosos ou deficientes físicos),para os quais projetos de uso coletivo não seadaptam bem. Neste caso, é necessário reali-zar projetos específicos para essas pessoas.

CRIANDO LINKOs procedimentos do projeto, para Martin

et al. (abud Moraes, 1998), dirigem-se para asituação real e objetivam acompanhar o de-senvolvimento de toda a planificação: análi-se da demanda (definição de objetivos), aná-lise do sistema em situação de trabalho, aná-lise das atividades em situação de trabalhoexistente e em situação de referência, especifi-cações funcionais, avaliação de protótipos, va-lidação dos elementos produzidos com os u-suários envolvidos, realização de testes de pro-tótipos em campo, análise dos ajustamentosnecessários e validação com os usuários emsituação de trabalho.

Iida (1990), afirma que o bom funciona-mento de cada posto de trabalho é imprescin-dível para que a fábrica funcione bem. O tra-balho destinou-se a projetos de postos de tra-balho específicos para o Setor de Preparaçãode Plásticos (PPL), para as Linhas de Injeçãoe Sopro de Produtos Plásticos e Termoplás-ticos, para o Setor de Poliuretano (PUR) e parao Setor de Mistura de Isotérmicos (MIS) daempresa. Este conhecimento deverá ser utili-zado, também, nas demais situações de tra-balho dentro da planta fabril da empresa.

Tendo isso como base, pode-se afirmar que,com a realização de um posto de trabalho pi-loto, se estará criando um link com os demaislocais de trabalho (só na Linha de Injetorassão 50 máquinas) e, portanto, resolvendo pre-viamente, futuros problemas.

O objetivo destes projetos é gerar conheci-mento quanto a uma nova condição de traba-lho para os colaboradores de chão de fábricae, posteriormente, para os departamentos ad-ministrativos. Formulou-se, então, as seguin-tes metas:

- Colher dados sobre os fatores que partici-pam direta ou indiretamente na incidência decomplicações no processo fabril e que pos-sam ser comuns às diversas empresas do Se-tor de transformação de plásticos e termoplás-ticos.

- Reduzir sobrecargas de trabalho, como porexemplo desconforto, dor e fadiga, e insatis-fação com o trabalho.

- Propor soluções que venham a melhorar aqualidade de vida do colaborador.

METODOLOGIA DE TRABALHOA empresa possuía no mês de setembro de

1999, no seu quadro funcional um total de 620trabalhadores, distribuídos em sua grandemaioria nos processos de produção e monta-gem de produtos térmicos. Para o reconheci-mento das reais situações junto ao ambientede trabalho, foram utilizados os métodos,como segue:

- Observação direta: entrevista que permiteanalisar a percepção que cada trabalhadorpossui do seu trabalho;

- Observação indireta: fotos e vídeo que per-mitem analisar as posturas assumidas no tra-balho;

- Levantamento quantitativo e qualitativodas condições físicas;

Problemas Caracterização

Interfaciais Posturas prejudiciais devido à inexistência de espaço para se colocar as pernassob a superfície de trabalho e falta de apoio para os pés

Posturas prejudiciais com inclinação frontal de tronco devido ao baixo níveldo contenedor onde as peças já produzidas, montadas e contadas devem sercolocadas

Posturas prejudiciais resultantes da diversidade de peças, componentes eoutros objetos que não fazem parte do serviço sobre a superfície de trabalho

Posturas prejudiciais decorrentes da inadequação do alcance das peças queestão sobre a superfície de trabalho

Acional Constrangimentos biomecânicos no ataque acional a empunhadura dedispositivo de encaixe manual de vedantes nos bocais

Espacial/Arquitetural Deficiência de circulação e acesso do colaborador que abastece as máquinasem função do excesso de sacas plásticas no caminho

Acidentário Uso constante de faca para desprendimento de excessos de materiais queficam nas peças injetadas

Fonte: Moraes & Mont’Alvão, 1998

Quadro 1 - Quadro de caracterização de problemas

ARTIGOARTIGO ERGONOMIAERGONOMIA

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ARTIGOARTIGO ERGONOMIAERGONOMIADIA-A-DIAO levantamento e análise do trabalho fo-

ram feitos com base em observação direta, in-direta e instantânea, entrevistas e questioná-rios. A primeira fase foi caracterizada por ob-servações diretas do local de trabalho.

Após a etapa de observações, foram rea-lizadas filmagens da situação de trabalhoem questão, que permitiu a realização deuma análise detalhada de tudo o que aconte-ce durante um certo tempo no posto de tra-balho.

Para as Linhas de Injetoras e Sopradoras,por exemplo, o tempo de filmagem foi deter-minado pela realização de 10 ciclos de traba-lho, ou seja, o tempo necessário para a máqui-na repetir 10 vezes a mesma operação. Acre-ditou-se que este tempo seria o necessário e osuficiente para observar e quantificar a maiorparte de variações que possam ocorrer duran-te o turno de trabalho, e que certamente esta-rão ligadas às diversas posturas assumidaspelo colaborador.

Definindo o posto adequadoTrabalho iniciou por locais onde ocorriam

as maiores queixas dos trabalhadoresA escolha do local de trabalho foi determi-

nada pelo interesse manifestado pela empre-sa em ter uma avaliação ergonômica em locaisque apresentavam maiores demandas de quei-xas por parte dos colaboradores e estas queixaseram, na sua maioria, de desconforto postural.A atividade escolhida e, como conseqüência,o posto de trabalho que serviu como base paraestudo, diz respeito ao processo de moldagempor injeção do componente denominado Bo-cal 567 e montagem do subconjunto Bocal 567e Vedante 048. O posto de trabalho está loca-lizado junto a uma das máquinas injetoras dochamado Pavilhão do Plástico, onde se encon-tram todas as injetoras da empresa.

Esta escolha se deu pelo fato de que umaboa parte dos movimentos gerados pelo tra-balhador na realização das tarefas são simila-res ou iguais aos encontrados em outros lo-cais de trabalho.

Após esta definição, foi realizado um con-tato direto com os colaboradores da linha, atra-vés de reuniões, quando foram explicados osobjetivos do estudo e a metodologia a ser ado-tada, enfatizando-se a importância da partici-pação coletiva e individual de cada colabora-dor.

De acordo com Rudio (1986), “formular oproblema consiste em dizer, de maneira ex-plícita, clara, compreensível e operacional,qual a dificuldade com a qual nos defrontamose que pretendemos resolver, limitando o seucampo e apresentando suas características.Desta forma, o objetivo da formulação do pro-blema da pesquisa é torná-lo individualizado,específico, inconfundível”.

Após sua identificação, os problemas cita-dos no parágrafo anterior, foram organizadosde acordo com Moraes e Mont’Alvão (1998)(Quadro 1).

Procurou-se, então, fotografar aquelas si-tuações típicas que representavam disfunçõesno sistema homem-tarefa-máquina. Entre es-tas disfunções estavam, principalmente, pro-blemas posturais decorrentes de inadequaçõesdimensionais do atual posto de trabalho.

ENTREVISTASNo setor de injeção 12 colaboradores fo-

ram entrevistados, divididos em duas turmasde seis, quando responderam à pergunta: “Falesobre o seu trabalho”. Após esta primeira per-gunta, o entrevistador procurou se manifestarapenas para pedir esclarecimentos maioressobre algum aspecto mencionado pelos cola-boradores.

Para evitar que as informações obtidas nãofossem absorvidas na íntegra com uma sim-ples anotação do que estava sendo dito peloscolaboradores, e também para permitir umaposterior confirmação dos fatos mencionados,optou-se por gravá-las, mediante consenti-mento.

Foi esclarecido, também, que não haveriaqualquer obrigação de se manifestar, mas quetodas as informações passadas para o entrevis-tador poderiam ser de grande importância.

Os colaboradores fizeram relatos referen-tes aos aspectos de desconforto postural, ope-racional, ambiental e organizacional, e tam-bém, sobre aspectos positivos, como por e-xemplo, o bom relacionamento entre os parese entre subordinados e superiores.

As informações apresentadas contribuírampara o estabelecimento de uma listagem deitens que indicaram possíveis soluções paraproblemas nos locais de trabalho e para a cri-ação de um questionário onde se procurou ob-ter, dos trabalhadores, informações mais con-cretas para a adequação dos seus postos de

Situação I – Antes da Gestão em Ergonomia

Situação II – Posto de trabalho atual

- Questionário para a investigação da opi-nião dos trabalhadores quanto ao seu modooperatório;

- Questionário para levantamento do graude satisfação do trabalhador em relação ao seutrabalho.

A seguir são definidas as etapas de traba-lho utilizadas (segundo Moraes e Mont’Alvão,1998). A partir das mesmas, foi possível bus-car os resultados concretos e de retorno real epositivo para a empresa e, principalmente, pa-ra os colaboradores envolvidos no processoprodutivo da empresa:

- Análise do Trabalho e Diagnóstico Ergo-nômico: fase exploratória que compreende omapeamento dos problemas ergonômicos.Consiste no detalhamento do sistema homem-tarefa-máquina e na delimitação dos proble-mas ergonômicos.

- Projeto: etapa definida pela construção deprotótipo-funcional para que os conceitos es-tabelecidos e das informações obtidas nas eta-pas de análise e diagnóstico sejam colocadas

em prática.

- Avaliação/Validação: fase que compreen-de simulações e avaliações através de modelode testes. As técnicas de conclave objetivaramconseguir a participação dos usuários/colabo-radores nas decisões relativas às soluções aserem implementadas, detalhadas e implan-tadas. Para fundamentar escolhas, realizam-se, também, testes e experimentos com variá-veis controladas. O protótipo em questão é tes-tado e avaliado por todos os colaboradores en-volvidos com as atividades executadas no pos-to de trabalho.

- Aprovação final e construção do novo pos-to de trabalho: compreende o levantamentofinal do grau de satisfação do colaborador eda adequação do projeto ao usuário eliminan-do-se, assim, problemas anteriores ao estudode caso e evitando novos riscos, a partir deum acompanhamento mais adequado da em-presa, ao seu colaborador.

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ARTIGOARTIGO ERGONOMIAERGONOMIAtrabalho às suas respectivas atividades, exigên-cias e necessidades.

QUESTIONÁRIOSApós o levantamento das informações da-

das pelos trabalhadores nas entrevistas gra-vadas, partiu-se para a aplicação de um ques-tionário fechado. Este questionário continhauma única pergunta que se dividia em quatroitens referentes ao grupamento de todos aque-les itens apresentados pelos colaboradores nasentrevistas gravadas. A pergunta feita era:“Quais características você gostaria que tives-se seu posto de trabalho?”.

As demandas apresentadas nas entrevistasgravadas foram agrupadas em categorias, con-forme Brill et al. (1984), de forma a permitira redução do número de questões a serem a-presentadas aos colaboradores.

Foi entregue um questionário para cada umdos 135 operadores de máquina injetora quetrabalharam nos três turnos de trabalho, nodia 13 de setembro de 1999. Um total de 62questionários foram devolvidos.

O resultado dos questionários demonstravauma necessidade iminente de se realizar umnovo projeto para os postos de trabalho para alinha de máquinas injetoras da empresa.

DIAGNOSE ERGONÔMICAEm Moraes & Mont’Alvão (1998) “a diag-

nose ergonômica permite aprofundar os pro-blemas priorizados e testar predições (...) é omomento das observações sistemáticas dasatividades da tarefa, dos registros de compor-tamento, em situação real de trabalho. Reali-zam-se gravações em vídeo, entrevistas estru-turadas, verbalizações e aplicam-se questio-nários e escalas de avaliação”.

Sabe-se que em boa parte das situações detrabalho, o método de trabalho realizado peloexecutante (operadores de máquinas, secretá-rias, telefonistas ...) não confere com aquiloque está descrito nas normas internas de tra-balho.

“Quando do projeto de postos de trabalho,ferramentas, etc, é importante ter em mente

as diferenças corporais dos vários usuários empotencial. A altura de uma bancada pode es-tar adequada para uma pessoa alta e não estaradequada para uma pessoa baixa. Produtos epostos de trabalho inadequados provocam ten-sões musculares, dores e fadiga. Às vezes po-

dem levar a lesões irreversíveis. Na maioriados casos, os problemas podem ser evitadoscom a melhoria dos postos de trabalho e dosequipamentos em uso no trabalho”. (Guima-rães, 1998)

“A projetação ergonômica trata de adaptar

Figura 1 - Vista lateral do posto de trabalho

Figura 2 - Vista superior do posto de trabalho

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as estações de trabalho, equipamentos e ferra-mentas às características físicas, psíquicas ecognitivas do trabalhador/operador/usuário/consumidor/manutenedor/instrutor. A organi-zação do trabalho e a operacionalização datarefa também são objetos de propostas de mu-danças” Moraes &Mont’Alvão (1998).

Após o levantamento de informações quefazem parte do trabalho real e estudo crítico edetalhamento destas, partiu-se para a idealiza-ção de um protótipo funcional. As referênciasdimensionais utilizadas são basicamente asencontradas em Panero (1993).

CONCEITUAÇÃO DO PROJETOO projeto deveria contemplar as seguintes

considerações:- Restringir o número de sacas diversas ao

redor dos operadores;- Impedir que os bocais caiam no mesmo

espaço onde estão os vedantes;- Acomodar os vedantes em local menos

prejudicial à postura do trabalhador;- Automatizar o encaixe dos vedantes nos

bocais;- Diminuir o número de atividades durante

o ciclo de trabalho;- Possibilitar acomodação segura das peças

e acessórios sobre a superfície de trabalho;- Permitir aos trabalhadores encaixe das

pernas sob a superfície de trabalho;- O assento deve permitir regulagens (prin-

cipalmente de altura);- O assento deve girar para acompanhar a

rotação do trabalhador;- Permitir aos trabalhadores apoiarem os

pés;- Acomodar com conforto os maiores e

menores usuários.“Normalmente, deve-se atender a grande

parte da população (usualmente 90%), consi-

derando-se anteci-padamente que a pe-quena parte da po-pulação não englo-bada (10%) terá quese adequar de algu-ma maneira às con-dições oferecidas.Estas condições,embora não ideais,não apresentarãograndes transtornospara este grupo”.(Guimarães, 1998)

O posto de traba-lho foi projetadopara atender 90% dapopulação. Ou seja,para o dimensiona-mento do posto fo-ram utilizadas di-mensões antropo-métricas dos per-centis 5 mulher(P5M) e 95 homem(P95H), correspon-dente a faixa etáriade 25 a 34 anos.

PROTÓTIPOConcluído o processo de concepção, suge-

riu-se que, num primeiro momento, fosseconstruído um protótipo do posto de traba-lho. Este protótipo deveria ser confeccionadode materiais de baixo custo e, de preferência,estivessem disponíveis na própria empresa,como por exemplo pedaçosde madeira e chapas e tubosmetálicos que não estavammais sendo utilizados. Oprotótipo foi construído emconjunto, por colaboradoreslotados nos setores de ma-nutenção e ferramentaria,em metal e madeira de boaresistência para que su-portasse por todo o períodode testes, por mais prolon-gado que este pudesse ser.

Para Moraes & Mont’Alvão (1998), “a avaliação,validação e/ou testes ergo-nômicos tratam de retornaraos trabalhadores/operado-res/usuários/consumidores/manutenidores/instrutoresos argumentos, as propostase alternativas projetuais.Compreende simulações eavaliações através de mode-los de testes. As técnicas deconclave objetivam conse-guir a participação dos usu-ários/trabalhadores nas de-cisões relativas às soluçõesa serem implementadas, de-talhadas e implantadas. Parafundamentar escolhas, reali-zam-se, também, testes e ex-perimentos com variáveiscontroladas”.

Neste período, o protótipo em questão foitestado e avaliado por todos os colaboradoresda linha de injeção de plásticos e termoplásti-cos da empresa, já que os mesmos realizamrevezamento diário de postos de trabalho e,no final destes 180 dias, já trabalharam vári-as vezes na máquina que acomoda o moldeque executa a injeção do Bocal 567.

O protótipo esteve, durante o mesmo perío-do, sendo observado por especialistas em Er-gonomia, encarregados, gerentes, equipe doHST e demais colaboradores interessados.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAlém da observação direta - dentro da fase

de avaliação/validação do protótipo funcionaldescrita no capítulo anterior - preparou-se umquestionário para os colaboradores que parti-ciparam do processo de avaliação do protóti-po funcional. Este questionário continha umaúnica pergunta que se dividia em quatro itens.A pergunta feita era: “Quais característicasvocê gostaria que fossem acrescentadas ouremovidas do seu novo posto de trabalho?”.

Foi entregue um questionário para um totalde 60 colaboradores da linha de máquinas in-jetoras que trabalharam nos três turnos no dia5 de abril de 2000, sendo que 43 questionári-os foram devolvidos.

O resultado dos questionários retrata o ní-vel de aceitação do novo modelo de posto detrabalho, devido ao pequeno número de itensde melhoria sugeridos pelos colaboradores, secompararmos com número de queixas e su-gestões apresentadas pelos colaboradores nafase de levantamento de dados.

Figura 3 - Vista Lateral do posto-protótipo-funcional ( percentís5% mulher e 95% homem)

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ARTIGOARTIGO ERGONOMIAERGONOMIA

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1 00

Bancada (mesa) Cadeira Encaixador de vedante

antes do protótipo-f uncional com o protótipo-f uncional em teste

Os itens apresentados nos 62 questionáriosdevolvidos pelos operadores de máquina inje-tora, foram agrupados em categorias. Destaforma, o número de questões apresentadas aoscolaboradores foi reduzida.

As perguntas foram apresentadas de modoque os usuários pudessem marcar o seu graude satisfação em uma escala contínua. Paratanto, as respostas foram feitas com a marca-ção sobre uma linha de 15 cm, sob a qual seanotaram duas âncoras: muito insatisfeito emuito satisfeito. Para minimizar o efeito deconcentração de respostas próximo às ânco-ras, não foram feitas quaisquer marcas de es-cala sobre a linha.

APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOSOs questionários foram aplicados para 10

(dez) colaboradores na mesma data e para omesmo turno de trabalho, para evitar que hou-vesse discussão sobre as respostas. Tambémpara evitar preenchimento em conjunto, oquestionário foi aplicado pelo profissional queestava conduzindo o projeto. Os colaborado-res escolhidos estavam trabalhando junto àstrês máquinas injetoras que estavam produ-zindo bocais, e em máquinas que estavam pro-duzindo peças similares aos bocais no que dizrespeito ao tipo de atividades necessárias pararealizar a produção das mesmas.

Os questionários foram tabulados com o usode um escalímetro, para a medição do pontocorrespondente à marca feita pelo colabora-dor sobre a escala e o ponto zero, arbitradono extremo correspondente à âncora muito in-satisfeito. A medida do intervalo correspon-dente a cada item foi lançada em uma planilha.

O Gráfico 1 demonstra a existência de di-ferença significativa no grau de satisfação doscolaboradores para os itens: bancada de tra-balho, assento e encaixador de vedantes com-parando-se os valores apresentados antes doprotótipo-funcional entrar em uso e com oprotótipo em teste. Dentro da escala adotada,pode-se afirmar que os colaboradores da li-nha de máquinas injetoras da empresa estãomais satisfeitos com a nova situação de traba-

Gráfico 1 - Grau de satisfação do colaborador

Comparação entre os valores apresentados antes do protótipo funcional ecom o protótipo em uso

lho proposta.

BANCADAAcredita-se que a

significativa diferen-ça dos valores en-contrados entre oprimeiro e o segun-do questionários emrelação à bancada detrabalho seja conse-qüência do fato deque no primeiro mo-mento os colabora-dores executavamsuas atividades numlocal improvisado.Esta improvisação secaracterizava pelacolocação de um ta-buleiro de compen-sado sobre, na maio-ria das vezes, umaou duas caixas de pa-pelão.

Paralelamente aosvalores encontrados para o item: bancada detrabalho, o percentual atribuído ao item: as-sento, também se deve pelo fato de que a ca-deira apresentada para os trabalhadores no se-gundo momento, possuía diferenças fortes en-tre a anteriormente utilizada. Sabe-se que acadeira sugerida para ser utilizada junto como protótipo funcional não estava nem pertodaquela que seria a mais recomendada, massimplesmente o fato desta cadeira possuir,pelo menos, regulagens de altura de assento,já foi suficiente para que sua aceitação fossegarantida por parte dos colaboradores.

VEDANTESA menor diferença encontrada para o item:

encaixador de vedantes, demonstra que nemtodos os usuários do protótipo funcional gos-taram tanto assim do sistema automático deencaixe de vedantes. Em alguns casos o re-sultado foi até inverso, onde a preferência

era pelo encaixe manual e não pelo automá-tico.

Questionados, os colaboradores que disse-ram preferir o sistema manual de encaixe devedantes, responderam que, realizando o tra-balho manual, poderiam controlar, pessoal-mente, o número de bocais sobre a superfíciede trabalho. Este controle seria concretizadopelo fato de que estes colaboradores poderi-am ficar um certo período (caracterizado peloespaço de tempo em que a máquina realizariade três a quatro ciclos completos de injeção)somente separando os bocais dos seus respec-tivos canais de injeção.

Concluiu-se, portanto, no caso dos encaixa-dores de vedante, que aqueles que aceitaram,num primeiro momento, o sistema automáti-co, era porque não conseguiam entender quesua produção não seria prejudicada pelo fatode terem que realizar suas atividades de ma-neira mais compassada e lenta.

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ARTIGOARTIGO ERGONOMIAERGONOMIA

Antes: Postura desconfortável e prejudicialpelo fato da saca estar posicionada no piso,dificultando a tarefa.

Depois: Postura corrigida e mais adequadaapós treinamento e colocação de estrado, ele-vando em 25 centímetros a posição de pega.

Antes: Inclinação exagerada do tronco parafrente e para baixo. O colaborador executa aatividade de costurar sacas segurando umcosturador de 6 Kg.

Depois: Inexistência de inclinação do tron-co. A colocação de um contra-peso de 6 Kg nonovo dispositivo impede que o colaboradorexerça força desnecessária.

Antes: Acesso dificultado ao funil proporci-onando uma postura inadequada e prejudici-al, podendo gerar acidentes.

Depois: Alimentação automática de MP dofunil, eliminando por completo esforços des-necessários e prejudiciais.

O antes O depois

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ARTIGOARTIGO ERGONOMIAERGONOMIAO posto de trabalho atual

De posse da avaliação junto ao trabalhadorforam desenvolvidas adaptações necessárias

Com base no resultado de todo o acompa-nhamento ergonômico, desde o primeiro con-tato com os colaboradores, até o último ques-tionário respondido, partiu-se, então, para umasolução que fosse mais definitiva. Esta solu-ção deverá gerar todas as informações neces-sárias para a confecção dos outros postos detrabalho para a linha de injetoras da empresa,já que se chegou a um resultado bastante agra-dável, tanto para os colaboradores, como paraa empresa.

Nas fotos 1 e 2 podemos verificar altera-ções já no novo dispositivo de encaixe de ve-dantes, bem como no tipo de assento utiliza-do pelos colaboradores (assento este, conside-rado ergonômico e plenamente satisfatório pa-ra o tipo de trabalho que é realizado pelos ope-radores de máquina injetora).

Para as Linhas de Máquinas Injetoras e So-pradoras obteve-se uma melhora significati-va nos índices de satisfação que o colaboradorpossuía em relação ao seu local de trabalho,comparando-se os dados obtidos no começoda Gestão em Ergonomia e logo após a con-fecção do posto de trabalho-protótipo.

AUMENTO DA PRODUTIVIDADENão se pode deixar de citar que, com o au-

mento dos índices de satisfação no parquefabril, tudo o que está relacionado, direta ouindiretamente, com o processo produtivo, aca-ba, como conseqüência, lógica e positiva, sen-do atingido e influenciado. Podemos compro-var estes dados, com a redução de peças re-jeitadas e/ou retrabalhadas, e, também, numaumento gradativo de produção e de qualida-de dos produtos.

Com o aumento da qualidade de vida docolaborador, ocorre, algumas vezes, de for-ma imediata, a redução dos índices de aci-dentes. Acidentes estes, relacionados com vá-

rios fatores, tais como: equipamentos desregu-lados, ferramentas defeituosas e até mesmomobiliário inadequados para o tipo de ativida-de em questão.

Já que o número de queixas dos colabora-dores em relação ao trabalho diminuiu expres-sivamente, conclui-se que há muito menos, ouquase nenhuma probabilidade de que ocorraum acidente nos locais que foram contempla-dos por uma avaliação ergonômica.

OUTROS LOCAISApós verificação, por parte da empresa, tan-

to dos colaboradores ligados diretamente aochão fabril, como seus superiores hierárqui-cos, que a metodologia utilizada, ou seja, amais participativa possível, mostrou-se per-feitamente aplicável e justificada por seus re-sultados, procurou-se manter o mesmo méto-do para outros locais de trabalho.

Ficou demonstrado que a aplicação demetodologia ergonômica é viável em empre-sa de transformação de plásticos e termoplás-ticos. A utilização de metodologia de caráterparticipativo permite associar abordagensquantitativas e qualitativas. Demonstrou-seque o método aplicado proporciona um gran-de número de informações que poderão auxi-liar na solução de problemas.

O uso de uma ferramenta que permitiu aexpressão da opinião do usuário levou à iden-tificação de fatores que passariam desperce-bidos na aplicação de um questionário precon-cebido. Isso ficou claro nas informações da-das pelos colaboradores nas entrevistas, de-mandas estas que superam os aspectos nor-malmente contemplados por questionáriosestruturados sobre itens meramente físicos eambientais.

Ao serem convidados a falar sobre o seutrabalho, os colaboradores forneceram uma

quantidade de informações muito superior àque seria obtida se fossem submetidos a umquestionário elaborado após uma coleta deinformações feita apenas com a gerência, queprovavelmente se basearia no trabalho pres-crito, mas desconheceria as particularidadesdo trabalho efetivamente realizado.

Levando-se em consideração que uma boaparte dos movimentos gerados pelo colabora-dor na realização de suas tarefas são simila-res ou idênticos aos encontrados em outrasempresas (não só da área química de trans-formação de plásticos e termoplásticos), reco-mendamos que esta metodologia de trabalho,seja aplicada e difundida em qualquer outrotipo de organização, não só industrial, mastambém, comercial e de serviços.

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MORAES, Anamaria de, e MONT’ALVÃO, Cláu-dia R. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio deJaneiro: 2AB, 1998.