Proposta Ok

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OUTRO PARADIGMA, OUTRA ECONOMIA E NOVO FUTURO: REFLEXÕES A sociedade contemporânea parece estar cada vez mais acostumada com a palavra “crise”, independente do contexto. Seja ela na economia mundial, no meio ambiente ou mesmo quando faz menção a degeneração psíquica individual e coletiva, parecem ser diferentes facetas de um só fenômeno: a decadência do atual paradigma 1 . A percepção da realidade e do sistema de valores que estão na base de nossa cultura, foram formulados em suas linhas essenciais nos séculos XVI e XVII. Estes exerceram e ainda influenciam fortemente a ciência ocidental e a compreensão de mundo em vigor. A crença no reducionismo, permitiu que qualquer organismo vivo ou sistema pudesse ser compreendido ao observar em separado suas partes. Uma das consequências deste arcabouço teórico foi a extinção da concepção da terra como organismo vivo, no momento em que a revolução científica traz a percepção do mundo como máquina (CAPRA, 1982). A fragmentação e a compartimentação da ciência em diferentes áreas que não dialogam entre si, levou a ciência 1 Na filosofia das ciências o termo é empregado por Thomas S. Kuhn (1922-1926) para designar um modelo explicativo dominante no âmbito de uma disciplina científica. (...) Segundo T.S.Kuhn, os paradigmas sucedem ao longo da história e formam um quadro pensamento dominante no seio de uma comunidade científica. (Paradigma in Dicionário de Ciências Humanas, 2010). Hoisel destaca o fato de que um paradigma, enquanto um conjunto de crenças, técnicas e conceitos válidos entre os membros de uma determinada comunidade científica, por ser um arcabouço de métodos e processos consagrados, podem ser considerados uma série de pensamentos lógico-metafísicos que limitam e condicionam as respostas, visto que as conclusões devem ser admitidas como plausíveis. (HOISEL, 1998).

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OUTRO PARADIGMA, OUTRA ECONOMIA E NOVO FUTURO: REFLEXES

A sociedade contempornea parece estar cada vez mais acostumada com a palavra crise, independente do contexto. Seja ela na economia mundial, no meio ambiente ou mesmo quando faz meno a degenerao psquica individual e coletiva, parecem ser diferentes facetas de um s fenmeno: a decadncia do atual paradigma[footnoteRef:1]. [1: Na filosofia das cincias o termo empregado por Thomas S. Kuhn (1922-1926) para designar um modelo explicativo dominante no mbito de uma disciplina cientfica. (...) Segundo T.S.Kuhn, os paradigmas sucedem ao longo da histria e formam um quadro pensamento dominante no seio de uma comunidade cientfica. (Paradigma in Dicionrio de Cincias Humanas, 2010).Hoisel destaca o fato de que um paradigma, enquanto um conjunto de crenas, tcnicas e conceitos vlidos entre os membros de uma determinada comunidade cientfica, por ser um arcabouo de mtodos e processos consagrados, podem ser considerados uma srie de pensamentos lgico-metafsicos que limitam e condicionam as respostas, visto que as concluses devem ser admitidas como plausveis. (HOISEL, 1998).]

A percepo da realidade e do sistema de valores que esto na base de nossa cultura, foram formulados em suas linhas essenciais nos sculos XVI e XVII. Estes exerceram e ainda influenciam fortemente a cincia ocidental e a compreenso de mundo em vigor. A crena no reducionismo, permitiu que qualquer organismo vivo ou sistema pudesse ser compreendido ao observar em separado suas partes. Uma das consequncias deste arcabouo terico foi a extino da concepo da terra como organismo vivo, no momento em que a revoluo cientfica traz a percepo do mundo como mquina (CAPRA, 1982).A fragmentao e a compartimentao da cincia em diferentes reas que no dialogam entre si, levou a cincia econmica ao isolamento frente aos contextos social, ecolgico e espiritual. Apesar de muitos avanos no modo de produo capitalista, ainda hoje milhes de pessoas vivem sob as condies de pobreza e misria. A elevao dos ndices de desemprego, da criminalidade e da violncia, bem como o aprofundamento das desigualdades so consequncia do modelo de vida adotado pela sociedade. A busca incessante pelo crescimento gerou um meio ambiente em que a vida se tornou fsica e mentalmente doentia. A interferncia humana tem perturbado seriamente os processos ecolgicos que sustentam nosso meio ambiente dos quais nossa existncia depende.Neste sentido, a fsica quntica tem trazido informaes necessrias e suficientes para permitir um sincero questionamento ao atual paradigma. Formulada durante as primeiras dcadas do sculo XX por Max Planck, Albert Einstein, Niels Bohr Louis De Broglie, Erwi Schodinger, Wolfgand Pauli, Werner Heisenberg e Paul Dirac, a teoria quntica traz no bojo de seu arcabouo terico prtico a exigncia de profundas mudanas nos conceitos de espao, objeto, causa e efeito. Trata-se de uma outra concepo de realidade e futuro, capaz de ampliar o olhar e transcender o modelo cartesiano. Longe de pretender desconsiderar os avanos obtidos pela cincia moderna, vale questionar as consequncias geradas por este modo de conceber a vida. O novo paradigma emergente possibilitar a reconciliao entre a cincia e o esprito humano. Trata-se de transcender as crenas e padres estabelecidos e trasbordar novas perspectivas de realidade, possibilitando o florescimento de uma outra economia, mais justa, colaborativa e sobretudo, sustentvel.O desenvolvimento de um sistema econmico est intrinsecamente relacionado a mudanas em seu sistema de valores. As crenas que inspiram a vida de uma sociedade determinaro sua viso de mundo. A concepo sistmica da vida baseia-se na compreenso da inter-relao e interdependncia entre cada dimenso da realidade. Neste contexto a economia passa a ser apenas um aspecto de um todo complexo, em que suas partes esto em profunda conexo.A pesquisa que aqui se delineia, faz um convite no sentido do aprofundamento do estudo do atual paradigma, a partir de uma abordagem interdisciplinar. Pretende-se responder as seguintes questes: Como este se relaciona com as diversas reas do conhecimento? Quais so seus reflexos na sociedade e meio ambiente?Ademais, almeja-se aprofundar o entendimento sobre a literatura que tem como objeto a emergncia de um novo paradigma, independente da rea que lhe compete, bem como debruar-se sobre os marcos histricos do pensamento alternativo na economia e apresentar o que inclui as redes de colaborao solidria, as finanas solidrias, a responsabilidade social, o comrcio justo, a cooperao, a sustentabilidade e a emancipao social.

Objetivos:Apresentar alternativas inovadoras ao modelo econmico vigente que associadas a novos valores e princpios que se opem as prticas excludentes, social e ambientalmente predatrias.Apesar da interdisciplinaridade deste projeto, almeja-se lanar luz sobre outros futuros possveis.

BIBLIOGRAFIA

Hoisel B. Anais de um Simpsio Imaginrio SP, Editora Palas Athena, 1998 ISBN 85-7242-022-3.

O ponto de mutao: a cincia, a sociedade e a cultura emergente. CAPRA, F. (1982). So Paulo: Pensamento-Cultrix LTDA.

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