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PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA MATA DE ÁGUA AZUL - TIMBAÚBA, VICÊNCIA E MACAPARANA *PERNAMBUCO*

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PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

NA MATA DE ÁGUA AZUL -

TIMBAÚBA, VICÊNCIA E

MACAPARANA

*PERNAMBUCO*

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Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - SEMAS

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GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – SEMAS

AGENCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CPRH

Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos

Vice – Governador: João Soares Lyra Neto

COMITÊ EXECUTIVO PARA CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DAS UCs DE PERNAMBUCO

(Decreto nº 36.627 de 8 de junho de 2011)

Sérgio Luis de Carvalho Xavier

Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS

Hélvio Polito Lopes Filho

Secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS

Giannina Cysneiros Bezerra

Superintendente Técnica – SEMAS

Carlos André Cavalcanti

Diretor Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH

Paulo Teixeira

Diretor de Recursos Florestais e Biodiversidade – CPRH

Samanta Della Bella

Gerente da Unidade de Gestão de Unidades de Conservação – CPRH

EQUIPE TÉCNICA

Ana Cláudia Sacramento Durázio Siqueira

Giannina Cysneiros Bezerra Joana Aureliano

José Cordeiro dos Santos Marilourdes Guedes

Verônica Lima

APOIO Ivanildo Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Ao Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN) e à Associação para Proteção da

Mata Atlântica do Nordeste (AMANE) e toda a equipe técnica que fazem parte destas instituições,

pelo apoio técnico para viabilizar a criação da unidade de conservação aqui proposta,

disponibilizando todos os estudos, pesquisas por eles elaborados. Aos integrantes do Comitê de

Bacia do rio Goiana pelo apoio logístico e operacional para a divulgação e realização da consulta

pública. A todos nossos sinceros agradecimentos e a certeza de que estaremos juntos na

continuidade desta jornada em defesa da Mata Atlântica e de todos os biomas existentes em

Pernambuco.

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APRESENTAÇÃO

A presente Proposta foi elaborada pela equipe técnica da Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade de Pernambuco – SEMAS, atendendo a diversas demandas. Inicialmente, quando

em 27 de maio de 2012, foram apresentados ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA),

os resultados do projeto desenvolvido pela Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste

(AMANE) intitulado “Apoio à criação de Unidades de Conservação na Zona da Mata de

Pernambuco”, resultando na recomendação deste Conselho para criação de uma unidade de

conservação visando proteger a biodiversidade existente naquelas áreas indicadas como

prioritárias, dentre elas, a Serra do Mascarenhas. Posteriormente, em outubro do mesmo ano, nova

recomendação foi feita desta vez por parte da Universidade de Pernambuco, ratificando a

importância da área para a conservação da biodiversidade do estado. Ainda em 2012, o Comitê da

Bacia Hidrográfica do Rio Goiana (COBH Goiana) por meio do ofício nº 014/12 datado de 15.10.12,

solicitou a proteção das nascentes existentes na Serra do Mascarenhas como forma de garantir a

quantidade e qualidade dos seus mananciais hídricos. A Prefeitura de Timbaúba também

manifestou a SEMAS sua preocupação com a conservação das matas do Engenho Água Azul, por

meio do ofício nº 011/2013 de 28.05.13. Atende também a comunidade científica que, por meio de

pesquisas, sempre ressaltaram a importância da região do Mascarenhas para a conservação da

biodiversidade ao norte do rio São Francisco.

Com a elaboração desta Proposta, a SEMAS apresenta para discussão a criação de unidade

de conservação Mata de Água Azul, dando cumprimento às estratégias e metas estabelecidas no

Programa de Conservação da Biodiversidade de Pernambuco, que visam garantir a proteção

ambiental para gerações futuras.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade de Pernambuco

Figura 2 Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira.

Figura 3 Mata de Água Azul na Serra do Mascarenhas

Figura 4 Localização da unidade de conservação na Região de Desenvolvimento (RD) Mata Norte

Figura 5 Localização da Mata de Água Azul na bacia hidrográfica do rio Goiana

Figura 6 Fotos do Açude do Engenho Água Azul, em Timbaúba /PE

Figura 7 Localização do município de Timbaúba

Figura 8 Foto da Cachoeira da Bomba / Timbaúba – PE

Figura 9 Localização do município de Macaparana

Figura 10 Vista de Macaparana (sede)

Figura 11 Localização do município de Vicência

Figura 12 Vista do Engenho Poço Comprido, em Vicência / PE

Figura 13 Foto da Mata e do Açude de Água Azul

Figura 14 Fotos do interior da Mata de Água Azul

Figura 15 Avifauna: i) gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi); ii) surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon curucui); iii) rolinha-caldo-de-feijão (Columbina talpacoti).

Figura 16 Mastofauna: 1. Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla); 2. Jaguatirica (Leopardus pardalis); 3. Timbu (Didelphis albiventris)

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Proposta para criação de Unidade de Conservação na Mata de Água Azul-Timbaúba, Vicência e Macaparana *PERNAMBUCO

SUMÁRIO

Agradecimentos

Apresentação

Lista de Figuras

Introdução

1 Justificativa e objetivos

2 Caracterização da região onde se localiza a Mata de Água Azul

2.1 Localização, aspectos socioeconômicos e culturais

2.2 Aspectos Físicos

2.2.1 Geologia e geomorfologia

2.2.2 Clima

2.2.3 Recursos hídricos

3 Caracterização dos municípios onde está inserida a Mata de Água Azul

3.1 O município de Timbaúba

3.1.1 Localização

3.1.2 Aspectos históricos e socioeconômicos

3.1.3 Aspectos físicos: relevo, solo e hidrografia

3.2 O município de Macaparana

3.2.1 Localização

3.2.1 Aspectos históricos e socioeconômicos

3.2.3 Aspectos físicos: relevo, solo e hidrografia

3.3 O município de Vicência

3.3.1 Localização

3.3.1 Aspectos históricos e socioeconômicos

3.3.3 Aspectos físicos: relevo, solo e hidrografia

4 Caracterização da Mata de Água Azul

4.1 Aspectos gerais

4.2 Aspectos biológicos

4.2.1 Vegetação e flora

4.2.2 Fauna

5 Proposição das Categorias de Manejo

6 Referências

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Apêndices

I Categorias de manejo e características básicas das unidades de conservação

II Lista das famílias de angiospermas

III Lista das 16 famílias de pteridófitas

IV Lista das espécies de briófitas

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Proposta para criação de Unidade de Conservação na Mata de Água Azul-Timbaúba, Vicência e Macaparana *PERNAMBUCO*

INTRODUÇÃO

O Estado de Pernambuco vem investindo nos últimos anos em um processo de

interiorização do desenvolvimento como parte de uma estratégia de governo que busca, a

partir do fortalecimento da base econômica, criar novas oportunidades para a melhoria da

qualidade de vida dos pernambucanos. Esta estratégia vem se consolidando por meio da captação

de novos investimentos e implantação de empreendimentos estruturadores em diversas Regiões de

Desenvolvimento (RDs) do Estado, destacando-se, para o Norte Metropolitano e Goiana, o Polo

Farmacoquímico de Hemoderivados e de Biotecnologia e o Polo Automotivo, todos localizados no

município de Goiana. Estes investimentos trarão grandes transformações para os municípios da

Mata Norte, além de todo o norte metropolitano, oportunizando maior dinamismo para estas

regiões. Como parte dos investimentos em infraestrutura, a duplicação da BR-101 Norte, que

contribuirá para o escoamento da produção deste polo, também ocasionará impactos durante e

após sua conclusão, principalmente no que se refere à ocupação ao longo desta via, com

significativas alterações na paisagem. Ainda, em termos de prognóstico, pode-se prever um

incremento no turismo nesta região, o que demandará uma infraestrutura apropriada.

Este quadro investimentos e de transformação da base econômica (até então

predominantemente agroindustrial, tendo como principais atividades a produção da cana-de-

açúcar e de açúcar) para uma economia diversificada e de eminente crescimento e ampliação de

territórios ocupados, repercutirá em uma nova dinâmica de ocupação e utilização do solo de toda a

área norte do estado, com forte estímulo à instalação de diversas atividades inerentes a uma região

em pleno desenvolvimento. Toda esta dinâmica implicará no incremento do comércio e serviços e

na necessidade de implantação de equipamentos de habitação, educação, saúde, lazer bem como

outros daí decorrentes, além da infraestrutura necessária para abrigar o movimento populacional

que, com certeza, ocorrerá.

Esta dinâmica acarretará desafios ambientais que deverão ser enfrentados pelos governos

estadual e locais, destacando-se, o combate à poluição hídrica e atmosférica /queimadas, o controle

do uso de agrotóxicos e a recuperação de áreas degradadas pelo uso inadequado do solo os

desmatamentos e a caça e pesca predatória.

Diante deste quadro, é fundamental que se inclua a proteção ambiental como um

componente essencial para viabilizar a sustentabilidade do desenvolvimento da Região Norte de

Pernambuco.

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Por outro lado, no que se refere à conservação de áreas naturais, é a partir do ano de 2007,

que o Governo de Pernambuco passa a desenvolver ações mais proativas no que se refere à

conservação de sua biodiversidade. Inicialmente foi instituído o Plano Estratégico Ambiental de

Pernambuco onde, entre seus programas, destaca-se o de Conservação da Biodiversidade,

estabelecendo como ação prioritária, a criação do Sistema Estadual de Unidade de Conservação –

SEUC, fato que foi consumado com a Lei 13.787 de 8 de junho de 2009. Este ato significa um

marco para a estruturação de ações mais efetivas para a proteção do patrimônio natural do Estado.

Uma das determinações do SEUC é a elaboração do Programa de Conservação da Biodiversidade,

instituído em seu artigo 49. Este Programa, também elaborado em 2009, define uma série de

metas e atividades voltadas à promoção da proteção in situ dos biomas e ecossistemas existentes

em Pernambuco, distribuídas em oito componentes, destacando-se, para esta proposta, os que se

relacionam com a Identificação de Áreas Prioritárias para criação de Unidades de Conservação e

Criação de Novas Unidades de Conservação. O estabelecimento do SEUC e do Programa de

Conservação da Biodiversidade reflete o compromisso com uma política pública voltada para a

sustentabilidade socioambiental, com uma visão de futuro onde o desenvolvimento equilibrado e a

melhoria da qualidade de vida do povo pernambucano é a meta a ser atingida.

A partir de 2008, as atividades relacionadas à conservação da natureza ganham força no

âmbito do Governo Estadual com a criação da Área de Proteção Ambiental - APA de Santa Cruz, e

a modificação da categoria de manejo das unidades de conservação localizadas da Ilha de

Itamaracá, passando de Reservas Ecológicas para Refúgios de Vida Silvestre. Em 2010 foi criada a

APA Aldeia-Beberibe e em 2011 todas as Reservas Ecológicas da Região Metropolitana do Recife

passaram pelo processo de adequação ao SEUC, conforme estabelecido na Lei Estadual nº 14.324,

de 03 de junho de 2011. Ainda neste mesmo ano foi instituído o Comitê Executivo para Criação e

Implantação das Unidades de Conservação da Natureza do Estado de Pernambuco, envolvendo a

CPRH e a SEMAS, com a finalidade de apoiar administrativa e tecnicamente os processos de

criação e de implantação das Unidades de Conservação da Natureza. No âmbito das atividades

deste Comitê, foram criadas, em 2012, as primeiras unidades de conservação estadual do bioma

caatinga: o Parque Estadual Mata da Pimenteira e a Estação Ecológica Serra da Canoa nos

municípios de Serra Talhada e Floresta, respectivamente e o Monumento Natural Pedra do

Cachorro, abrangendo parte dos municípios de São Caetano, Tacaimbó e Brejo da Madre de Deus.

Para viabilizar a efetiva implantação destas áreas, foram criados 25 conselhos gestores e

elaborados/ revisados oito planos de manejo, três deles a partir de uma metodologia desenvolvida

pela equipe da SEMAS, o que possibilitou, num período de quatro meses, a conclusão de planos de

manejo para três unidades de conservação: Reserva de Floresta Urbana Mata de Passarinho, em

Olinda, Refúgio de Vida Silvestre Mata do Engenho Uchôa, em Recife e Parque Estadual Mata da

Pimenteira, em Serra Talhada. Dando continuidade ao processo de ampliar a proteção da caatinga,

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outras onze áreas encontram-se em estudo para criação de novas unidades. No que se refere à Mata

Atlântica, foi criada a Estação Ecológica Bita e Utinga, no Cabo de Santo Agostinho e duas

Reservas Particulares do Patrimônio Natural: as RPPNs Pedra D’Antas e a Eco Fazenda Morim.

Apesar do grande investimento para o desenvolvimento econômico da região norte de

Pernambuco, não existe nenhuma unidade de conservação estadual nesta área, excetuando a RPPN

Fazenda Tabatinga, localizada no litoral do município de Goiana. Do ponto de vista ambiental,

esta região é caracterizada pela presença de importantes componentes do ambiente natural como

bacias hidrográficas e remanescentes florestais o que a transforma em área de extrema importância

para a conservação da biodiversidade e de grande potencialidade hídrica para Pernambuco. Isso,

por si só, já demandaria um cuidado especial no sentido de garantir para as gerações futuras a

manutenção das funções ambientais que hoje ela desempenha. A criação de unidades de

conservação na Mata Norte de Pernambuco está inserida neste contexto e é uma das estratégias

para atender este objetivo.

É neste sentido que a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) elaborou

esta proposta, incluindo o componente ambiental como parte integrante do desenvolvimento

regional previsto para a Zona da Mata e Litoral Norte de Pernambuco. A ideia foi amadurecida ao

longo dos últimos meses, tendo como referência os estudos já realizados por diversos

pesquisadores e ONGs. Os projetos e pesquisas foram disponibilizados à equipe técnica da SEMAS,

que realizou incursões em campo e sobrevoo na região para melhor precisar os limites e visualizar a

situação de ocupação da área indicada para unidade de conservação. Os dados e informações

existentes foram sistematizados e compõem esta proposta técnica.

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JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

O Estado de Pernambuco, com uma superfície territorial de, aproximadamente, 98.938

km², abriga uma diversidade ímpar de ecossistemas desde o litoral, com a presença de ambientes

recifais, seguidos pelos manguezais, restingas e praias, passando pela mata atlântica, com sua

heterogeneidade em diversas florestas (estacional semidecídual, ombrófila aberta e ombrófila

densa), chegando ao sertão, com a grandiosidade do semiárido e sua vegetação típica, exclusiva do

Brasil: a caatinga. Esta diversidade de ambientes forma um mosaico rico e abundante em animais e

plantas e, além de ser uma importante fonte de recursos naturais, produz uma dinâmica

econômica, social e cultural, que se constitui outra importante riqueza do Estado.

Apesar de praticamente toda costa brasileira ter sido ocupada pela colonização europeia a

partir da mesma época (século XVI), foi no Nordeste do Brasil que a floresta Atlântica foi mais

rapidamente degradada. Dois ciclos econômicos foram fundamentais neste processo: o do pau-

brasil e o da cana-de-açúcar, o qual se estende até os dias atuais. Em 1990, restavam menos de 6%

da extensão original da floresta atlântica ao norte do rio São Francisco e alguns tipos florestais,

como a floresta ombrófila densa, foram reduzidos a poucas dezenas de quilômetros quadrados.

(TABARELLI, 2006.)

Quando se trata de recursos naturais, a Zona da Mata Norte de Pernambuco possui número

expressivo e de grande relevância em fragmentos florestais e recursos hídricos superficiais,

características que merecem ser destacadas. Em termos de biodiversidade, o maciço de Pirauá, área

onde está inserida o complexo Serra do Mascarenhas e Jundiá, está classificado, em diversos

estudos e documentos técnicos sobre o tema, como área prioritária para conservação da

biodiversidade, no âmbito nacional, regional e local.

No Atlas da Biodiversidade de Pernambuco, elaborado pela antiga Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente (SECTMA) e que definiu as áreas prioritárias para conservação da

biodiversidade no estado, o complexo Serra do Mascarenhas, onde está localizada a mata do

Engenho Água Azul, aparece como área de extrema importância biológica para o estado, conforme

Figura 1.

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Em 2007, quando o Ministério do Meio Ambiente (MMA) elaborou o documento “Áreas

Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade

Brasileira”, a região objeto foi classificada como Ma502, denominada de Mascarenhas,

considerada de importância biológica extremamente alta, com recomendação para criação de

unidade de conservação de proteção integral. (Figura 2)

Em 2011, a elaboração do Mapa do Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do

Nordeste, realizado pela SAVE Brasil e AMANE, classificou a região como microcorredor 3,

Figura 2: Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da

Biodiversidade Brasileira.

Fonte MMA, 2007

Complexo Serra do Mascarenhas

Figura 1: Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade de Pernambuco.

Fonte SECTMA, 2002

Complexo Serra do Mascarenhas/

Mata de Água Azul

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constituída pelos brejos pernambucanos, com destaque para as áreas: 33, 34 e 74, que

compreendem as Matas do Estado (ou Mata de Siriji), Serra do Mascarenhas e Engenho Água

Azul, respectivamente. Esta mesma região também é considerada como uma importante área para

conservação de aves (IBA - Important Bird Area) para o Brasil e um local de importância global

para a conservação da biodiversidade (KBA - Key Biodiversity Areas).

Do ponto de vista da cobertura vegetal, os remanescentes florestais da Mata de Água Azul

estão inseridos nos domínios da Mata Atlântica e, juntamente com outros fragmentos localizados

na Serra do Mascarenhas, são considerados o segundo maior bloco de Floresta Atlântica contínua

ao norte do rio São Francisco (o primeiro é o remanescente da Mata do CIMNC, em Aldeia). Estes

remanescentes são considerados de extrema importância biológica para a conservação da

biodiversidade da Mata Atlântica.

No que diz respeito à fauna, os levantamentos já realizados não só a Mata de Água Azul

como em todos os outros que se inserem na Serra do Mascarenhas, registram para a avifauna a

ocorrência de 165 espécies, várias delas endêmicas da Floresta Atlântica Brasileira e do Centro de

Endemismo de Pernambuco e muitas em perigo de extinção. Registram também a presença de aves

de rapina do topo da cadeia alimentar, indicadoras de qualidade ambiental, como gaviões, falcões e

corujas, além de grandes frugívoros como tucanos. Para a mastofauna há registro de tamanduá-

bandeira, de jaguatirica, além de outros pequenos mamíferos.

Apesar de grande importância ambiental, considerando seus aspectos físicos, sua riqueza

biológica e seu potencial hídrico para a produção e manutenção da disponibilidade de água, além

da sua beleza natural, a região encontra-se ameaçada por processos antrópicos, em especial àqueles

resultantes da expansão paulatina da agricultura, como por exemplo, o cultivo de bananas e uvas,

pela introdução de espécies exóticas invasoras, como o nim e o eucalipto, e pelo potencial futuro de

transformação nos padrões de uso e ocupação do solo, o que poderá aumentar a degradação desses

espaços florestais ainda existentes, colocando-os em risco de extinção.

É para proteger a Mata do Engenho Água Azul que a Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade (SEMAS) elaborou esta proposta para transformar este remanescente em uma

unidade de conservação estadual, cujos objetivos serão descritos posteriormente. A localização da

mata na Serra do Mascarenhas está representada na Figura 3.

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CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO ONDE SE LOCALIZA A MATA DE ÁGUA AZUL

2.1. LOCALIZAÇÃO, ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E CULTURAIS1

A Mata de Água Azul está localizada na Região de Desenvolvimento (RD) Mata Norte,

abrangendo parte dos municípios de Timbaúba, Vicência e de Macaparana, na mesorregião Mata e

na Microrregião Mata Setentrional do Estado de Pernambuco. A sede dos municípios dista cerca de

96 km e 114 km, respectivamente da capital tendo como principais acessos a BR-232 e BR – 408 e,

para Macaparana, a PE -89 (Figura 4).

1 Extraído do documento Pernambuco: realidade e desafios, elaborado pela Agencia Condepe/Fidem

2

Figura 3: Mata de Água Azul na Serra do Mascarenhas

Fonte: SEMAS, 2014

PE 74

Mata de Água

Azul

BR 408

PE 89 Macaparana

Vicência

Timbaúba

Rio Capibaribe

Mirim

Rio Siriji

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Pelas rodovias BR-408 e BR-101, PE-062, PE-089, PE-075 e PE-074 escoa, praticamente,

toda a produção econômica e circula o abastecimento da região. A economia é baseada na

agroindústria, tendo como principais atividades a produção da cana-de-açúcar e de açúcar. Além

disso, a região destaca-se com a produção de banana, ovos, horticultura e aves. Já no setor

industrial, a concentração é na indústria de transformação com os segmentos de alimentos

(principalmente o açúcar), papel, minerais não metálicos (cimento) e calçados. Os Serviços

participam com 67,4% do PIB, destacando-se o setor público e o comércio. É previsto que, com a

criação dos polos Farmacoquímico e Automotivo em Goiana, haverá um maior dinamismo da

indústria da região. Encontra-se em expansão o turismo cultural a partir do seu rico patrimônio,

onde se destacam as edificações oriundas do ciclo canavieiro, tais como igrejas, casas grandes,

capelas, e moitas. Uma expressão típica da cultura local é o maracatu de baque solto ou maracatu

rural, onde encontra suas expressões mais significativas, particularmente o Cambinda Brasileiro,

em Nazaré da Mata, o mais antigo maracatu desse gênero no Brasil. Também são manifestações

importantes o cavalo-marinho, o coco, a ciranda, o bloco rural e o forró. Quanto à produção

artesanal, sobressaem os tapetes de Lagoa do Carro e o artesanato em barro de Tracunhaém e de

Goiana, que são referências nacionais nesse tipo de manifestação artística. Quanto à atividade

turística, merece destaque o veraneio, no município de Goiana, nos meses de dezembro a fevereiro,

embora venha ocorrendo um incremento do turismo rural, com o aproveitamento dos engenhos

para essa finalidade.

Figura 4: Localização da unidade de conservação na Região de

Desenvolvimento (RD) Mata Norte

RECIFE

Localização da Mata de Água Azul

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2.2 ASPECTOS FÍSICOS

2.2.1 Geologia e geomorfologia2

A região onde está inserida a área proposta para criação da unidade de conservação

apresenta como traço característico de sua paisagem morfológica o conjunto de elevações (cristas e

vales paralelos) que assinalam a projeção da escarpa do Planalto da Borborema para leste, sobre as

terras baixas da costa setentrional pernambucana. Tais elevações, que constituem o maciço do

Pirauá e integram o conjunto montanhoso denominado por Grabois et alii (1991) “Terras Altas da

Transição Agreste/Mata Norte de Pernambuco”, propiciam o avanço “mais proeminente da zona

costeira úmida sobre o interior mais seco nas proximidades da divisa de Pernambuco com o estado

da Paraíba.”

O maciço do Pirauá é de idade pré-cambriana (Proterozóico superior) e origem tectônica,

tendo em sua constituição rochas Granitóides intrusivas (batólitos) com idade estimada entre

2.100 e 1.800 milhões de anos cuja origem está associada ao sistema de Dobramentos Pajeú-

Paraíba (BRASIL, 1990). Ocupando extensa área do norte de Pernambuco, nos limites com a

Paraíba, o maciço do Pirauá compreende os municípios de São Vicente Férrer e Macaparana e

parte de Timbaúba, Aliança, Vicência, Nazaré da Mata, Bom Jardim e Orobó.

A espinha dorsal do maciço é a serra do Pirauá, extensa crista que se desenvolve no sentido

norte-sul com altitude superior a 600m, tendo do lado ocidental o vale do Paraíba e do lado

oriental os vales do Siriji e do Capibaribe Mirim. A leste da serra do Pirauá, o citado maciço forma

as cristas localmente chamadas Serras de Manoel de Matos, dos Dois Jiraus, do Mascarenhas, do

Canal e da Conceição.

Dentre estas se destaca a Serra do Mascarenhas por sua altitude, que varia entre 450 e

500m, alcançando mesmo 600m no ponto culminante, a pedra do Mascarenhas. Recebe

frontalmente os ventos de SE que passam sobre as serras baixas da Conceição e do Canal, situadas

ao sul, e é favorecida, assim, pela umidade que permitiu a formação da mata úmida nas áreas mais

expostas; aí estão as cabeceiras do rio Siriji e da maioria dos seus afluentes da margem esquerda,

quase todos perenes.

2 Extraído do documento: Plano de Manejo: Diagnóstico Ambiental da Bacia de Contribuição da Barragem do Siriji.

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No topo da Serra do Mascarenhas encontram-se extensas chãs de solos claros areno-

argilosos, pobres em óxidos de ferro (lixiviados pelas águas pluviais e depositados nas camadas

inferiores ou nas encostas), onde nascem alguns dos principais afluentes da margem esquerda do

Siriji, dentre eles o riacho Coitadinha. Com altitudes mais modestas (300 a 450m), parte da serra

do Pirauá para leste, delimitando a porção sul da sub-bacia do Siriji, uma crista muito erodida,

encimada por chãs dentre as quais figuram a chã de Borracha, a do Bom Viver, a das Cabras e a de

Machados, que separam a bacia de contribuição em análise, dos afluentes da margem esquerda do

rio Tracunhaém – o Morojó e o Orobó. As chãs mais ocidentais apresentam encostas íngremes, de

solo argiloso (barro vermelho), espesso e com raros afloramentos rochosos, que declinam para

penetrarem na superfície de aplainamento pliocênica, com níveis entre 130 e 180m, onde corre o

rio Siriji.

Entre a Serra do Mascarenhas (ao norte) e a crista rebaixada (ao sul), na porção central da

bacia, o relevo é constituído por pequenas chãs e morros arredondados com altitudes inferiores a

300m, modelados em terrenos muito antigos compostos por rochas ígneas e metamórficas (xistos,

gnaisses, migmatitos, quartzitos, granitos, dentre outras) integrantes dos Complexos Gnáissico-

Migmatítico (Arqueano) e Surubim (Proterozóico inferior) (BRASIL, 1990; PERNAMBUCO,

2001a) e realçados pela superfície de aplainamento pliocênica com níveis entre 130 e 180m, onde

se localiza a barragem do Siriji.

2.2.2 Clima3

Dispostas perpendicularmente ao fluxo de ar úmido dos alísios de sudeste, as encostas

dessas elevações funcionam como obstáculos orográficos, forçando o ar úmido a elevar-se, resfriar-

se e condensar-se, ocasionando o aumento do volume de chuvas nas encostas a barlavento

(expostas à massa úmida) do maciço do Pirauá, dando origem à sequência de brejos de exposição,

ali existentes (Bom Jardim, Machados, Natuba e São Vicente Férrer), onde ocorrem condições de

umidade, solo e vegetação semelhantes às da Mata Úmida e temperaturas mais amenas.

A variação espacial dos totais pluviométricos evidencia a importância do relevo para a

existência dos brejos ali situados e a destes para a manutenção dos corpos d’água da região.

Refletindo a influência do relevo na variação local das precipitações, a porção norte do município

3 Extraído do documento: Plano de Manejo: Diagnóstico Ambiental da Bacia de Contribuição da Barragem do Siriji.

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de Vicência situada na encosta da Serra do Mascarenhas (em altitudes superiores a 350m),

apresenta-se mais úmida (com mata subperenifólia e riachos perenes) do que a porção sul, onde

domina a mata subcaducifólia e todos os tributários do Siriji “cortam” na estação seca. Nas áreas

localizadas a sotavento das elevações ou fora das influências destas, a exemplo da extremidade

ocidental dos municípios de Orobó e Bom Jardim, o clima torna-se progressivamente menos úmido

e as características do Agreste subúmido, progressivamente dominantes, com reflexos no regime

hidrográfico, na cobertura vegetal e no uso do solo.

As chuvas na região são de outono-inverno, motivadas pelas descargas da Frente Polar

Atlântica (FPA) nos alísios de sudeste e pelas Ondas de Leste (no outono), reforçadas pelos

“suprimentos de outra massa de ar, a Convergência Intertropical (CIT), o que resulta nas máximas

de inverno ‘antecipadas’ para o outono, caracterizando [...] um clima do tipo As’ de Köppen.”

(ANDRADE & LINS apud MACIEL, 1993, p. 25-26). O trimestre mais chuvoso é maio-julho e o

mais seco, outubro-dezembro. A temperatura média anual varia de 22oC nas áreas altas a 26oC nos

níveis mais baixos. O sol brilha cerca de 2.220 a 2.800 horas/ano. A evaporação média anual na

bacia é da ordem de 1400mm.

2.2.3 Recursos hídricos

A Mata de Água Azul está inserida na bacia hidrográfica do Rio Goiana. Com uma área de

2.878,30km2, a bacia do rio Goiana compreende 2,91% da área total do Estado. Sua área de

drenagem envolve 26 municípios ou parte de municípios dos quais 20 estão com suas sedes

inseridas na bacia.

A bacia do rio Goiana abrange terras dos municípios de Araçoiaba, Aliança, Buenos Aires,

Bom Jardim, Camutanga, Carpina, Casinhas, Condado, Ferreiros, Goiana, Igarassu, Itaquitinga,

Itambé, João Alfredo, Lagoa do Carro, Limoeiro, Macaparana, Machados, Nazaré da Mata, Orobó,

Paudalho, Salgadinho, São Vicente Férrer, Timbaúba, Tracunhaém e Vicência.

A bacia hidrográfica, que corresponde a Unidade de Planejamento Hídrico –UP1, está

localizada na porção oriental norte do Estado de Pernambuco, entre 7º22’20” e 7o 54’ 47” de

latitude sul, e 34º49’06” e 35º 41’43” de longitude a oeste de Greenwich e se estende desde a região

de desenvolvimento do Agreste Setentrional até a RD da Mata Norte (SECTMA,1998). Limita-se ao

norte com o Estado da Paraíba e com o sexto grupo de bacias hidrográficas de pequenos rios

litorâneos – GL6 (UP19); ao sul com a bacia hidrográfica do rio Capibaribe (UP2) e o primeiro

grupo de bacias hidrográficas de pequenos rios litorâneos - GL1 (UP14); a leste com o Oceano

Atlântico e a GL6 e a oeste com o Estado da Paraíba (CONDEPE/FIDEM, 2005).

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O rio Goiana que dá nome a bacia, tem uma extensão de 15 km com deságue no Oceano

Atlântico. Em seus últimos 10,5 km é limite entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, e é

formado a partir da confluência dos rios, Capibaribe-Mirim e Tracunhaém (CONDEPE/FIDEM,

2005).

A Figura 5 mostra a localização da Mata de Água Azul na bacia hidrográfica do rio Goiana.

“A sub-bacia do Capibaribe Mirim ocupa a porção norte da bacia do rio Goiana e abrange

cerca de 54% da área desta. Apresenta-se bastante larga, nas porções central e ocidental e estreita-

se bruscamente na porção oriental a leste da PE-004 que liga a cidade de Condado à PE-075. O rio

principal dessa sub-bacia, o Capibaribe Mirim, percorre cerca de 66 km da nascente até o encontro

com o rio Tracunhaém, tendo praticamente todo o seu curso situado na Microrregião Mata

Setentrional Pernambucana.”(CPRH, 2003).

O rio Capibaribe-Mirim apresenta direção geral oeste/leste, e tem regime fluvial

intermitente até as proximidades da cidade de Timbaúba onde se torna perene. Esse regime

temporário se dá em consequência do menor volume de chuvas e do reduzido número de fontes

(nascentes e olhos d’água) existente nesta porção da bacia. A sua foz junto com o rio Tracunhaém,

estão 4 km à montante da cidade de Goiana.

Legenda: Unidade de conservação Mata de Água Azul

Figura 5: Localização da Mata de Água Azul na bacia hidrográfica do rio Goiana

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Em terras da Serra do Mascarenhas encontram-se os primeiros formadores (nascentes) do

rio Capibaribe-Mirim, a uma altitude de 700m nos contrafortes da Serra Pirauá, no município de

São Vicente Ferrer, bem como a nascente dos seus principais afluentes pela margem direita, rio

Cruanji, que nasce em Água Azul e o rio Siriji, que nasce no município de São Vicente Férrer, na

serra da Água Fria (prolongamento sul do complexo montanhoso Pirauá-Mascarenhas), numa

altitude superior a 600m e se estende por 74 km.

Na área da unidade de conservação observam-se dois (dois) barramentos: o açude do

Engenho Água Azul (também conhecido como açude Cruangi com capacidade máxima de

acumulação de 4.600.000 m³) e o açude do Mascarenhas. (Figura 6).

O reservatório de Siriji, localizado no município de Vicência, é o principal manancial do rio

Siriji, e foi construído com o objetivo de regular e reforçar o abastecimento hídrico de cidades e

aglomerados rurais do médio e baixo curso do Siriji, além do uso para irrigação. O citado

reservatório tem capacidade máxima de acumulação de 17.260.000m³ e área de drenagem de

11.418,35 ha.

CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ONDE ESTÁ INSERIDA A MATA DE ÁGUA AZUL

3.1. O MUNICÍPIO DE TIMBAÚBA

3.1.1 Localização

O município de Timbaúba localiza-se na Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco

(mesorregião da mata pernambucana e microrregião da mata setentrional pernambucana), com

uma altitude de 101 m. Limita-se ao Norte com o estado da Paraíba, a Leste com os municípios de

3

Figura 6: Fotos do Açude do Engenho Água Azul, em Timbaúba /PE

Fonte: Acervo SEMAS

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Camutanga, Ferreiros e Aliança, ao sul com Vicência e a Oeste com o município de Macaparana

(Figura 7).

A área municipal ocupa 290.522 Km² e representa 0,32% do estado de Pernambuco.

Segundo dados do IBGE, possui uma população estimada em 2013 de 54.115 habitantes e uma

densidade demográfica de 184,63 hab./km².

3.1.2. Aspectos históricos e socioeconômicos

O nome "Timbaúba" é derivado do termo tupi timbo'ïwa, que significa "árvore da espuma",

“árvore muito branca, alvíssima” em uma referência a uma árvore da família das leguminosas

também conhecida como Timbaúva.

O Município de Timbaúba divide-se em zona urbana e zona rural, sendo esta última

subdividida em 04 (quatro) distritos rurais a seguir denominados: Cruangi, Livramento do Tiúma,

Catucá e Queimadas. Durante muito tempo o município foi destaque no comércio de rede e de

calçados, envolvendo grande parte da população até meados do século XX.

O território do atual município de Timbaúba pertencia à Capitania de Itamaracá, doada a

Pero Lopes de Souza que se estendia desde a foz do Rio Santa Cruz, ao Sul da Ilha de Itamaracá, até

a Baía da Traição, ao Norte. No início, a economia era baseada na exploração do pau-brasil.

Na primeira metade do século XIX, à margem direita do Rio Capibaribe Mirim surgiu um

núcleo populacional, onde havia uma feira. Nas proximidades do povoado, havia uma fazenda

conhecida pelo nome Árvore de Espuma, pertencente ao português Antônio José Guimarães, que,

além das suas atividades agropastoris, mantinha um estabelecimento comercial onde vendia

Timbaúba

Figura 7: Localização do município de Timbaúba

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tecidos e gênero diversos. Antônio José Guimarães, que havia conquistado posição de destaque na

localidade, impôs a transferência da feira para o pátio de sua fazenda. Começou daí a formação de

um novo povoado. Com auxílio da população, a esposa do fazendeiro fez construir uma capela em

homenagem a Nossa Senhora das Dores.

Com um crescente desenvolvimento social e econômico, os timbaubenses procuraram sua

emancipação política que foi obtida com a promulgação da Lei 1 363, de 8 de abril de 1879,

assinada pelo presidente da província, Adolfo de Barros Cavalcanti, criando o município e comarca

de Timbaúba, sendo a povoação elevada à categoria de vila.

No início da sua formação, a economia da cidade era voltada para a exploração do pau-

brasil. Logo em seguida, Timbaúba viveu o auge do ciclo da cana-de-açúcar possuindo inúmeros

engenhos na época colonial. Atualmente, embora não tenha perdido sua vocação agrícola

produtora de açúcar, dedica-se as atividades comerciais por estar situada nas proximidades de

várias pequenas cidades do interior de Pernambuco. Também fazem parte de sua economia a

pecuária, lavoura permanente, lavoura temporária, produção agrícola de cereais, leguminosas e

oleaginosas, e a extração vegetal ligada à silvicultura.

É forte também o setor de indústrias de calçados e artesanato. Os principais produtos

produzidos na cidade são: batata doce, banana, mandioca, coco, manga, cana-de-açúcar, feijão,

milho, laranja e maracujá. A seguir, alguns dados sobre a economia do município.

O município conta com uma instituição de ensino superior privada, que oferece cursos de

Administração, Ciências Contábeis, Direito e Pedagogia.

Na cidade estão instaladas três unidades hospitalares, sendo duas municipais e uma

privada. Além de 18 postos de saúde, localizados nas comunidades, adiantando assim o

atendimento primário a população. Foi criada a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família

(NASF), que tem como objetivo ministrar palestras, fazer acompanhamentos nas comunidades

através de fisioterapeutas, psicólogos, etc.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDH-M é de 0,618, considerado médio.

Este índice situa o município em 53o no ranking estadual e em 3747 no nacional.

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3.1.3. Aspectos físicos: relevo, solos e hidrografia

O município de Timbaúba encontra-se na unidade geoambiental do Planalto da Borborema,

com altitude variando entre 650 a 1.000 metros. O relevo é movimentado, com vales profundos e

estreitos dissecados. Os solos variam com a altitude. Nas superfícies, suave-onduladas a onduladas,

ocorrem os Planossolos, medianamente profundos, fortemente drenados, ácidos a moderadamente

ácidos e fertilidade natural média. Nestas altitudes também ocorrem solos Podzólicos, que são

profundos, textura argilosa, e fertilidade natural média a alta. Nas elevações ocorrem os solos

Litólicos, rasos, textura argilosa e fertilidade natural média. Planossolos, medianamente

profundos, imperfeitamente drenados, textura média/argilosa, moderadamente ácidos, fertilidade

natural alta e problemas de sais surgem nos vales dos rios e riachos. Verfica-se ainda afloramentos

de rochas. Quanto à aptidão agroecológica, apresenta solo areno-argiloso e terras agricultáveis de

potencial não indicado para atividades agrícolas, destinando-se,

preferencialmente, às culturas do feijão Phaseolus e algodão

herbáceo.

A área do município é recortada por rios perenes, porém

de pequena vazão e o potencial de água subterrânea é baixo.

Encontra-se inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio

Goiana, tendo como principais tributários os rios Tiúma,

Mulungú, Capibaribe Mirim e Cruangi, além dos riachos

Boqueirão, Lopes ou Laje, Massaranduba, Pindoba, Xixá,

Mascarenhas, Três Pocinhos e Coités. Os principais pontos de

acumulação são os açudes do Alemão, Tavares e Água Azul e a

barragem do Tiúma que, com uma capacidade de armazenamento

de 6.109.159m³, é responsável por 80% do abastecimento de água

do município.

3.2 O MUNICÍPIO DE MACAPARANA

3.2.1 Localização

O município de Macaparana localiza-se na Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco

(mesorregião da mata pernambucana e microrregião da mata setentrional pernambucana), com

uma altitude de 360m. Limita-se ao norte com o Estado da Paraíba, ao Sul com o município de

Vicência, a Leste com Timbaúba e a Oeste com São Vicente Férrer (Figura 9). Dista cerca de 115 km

da capital pernambucana.

Figura 8: Foto da Cachoeira da Bomba / Timbaúba – PE

Fonte: CEPAN, 2010

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A área municipal ocupa 108.048 Km² e, segundo dados do IBGE, possui uma população

estimada em 2013 de 24.793 habitantes e uma densidade demográfica de 221,43 hab./km².

3.2.2 Aspectos históricos e socioeconômicos

O primeiro registro que se tem da formação de Macaparana data do final do século XIX

(1879) quando Manoel Panguengue construiu um rancho de taipa, em terras do engenho Macapá,

propriedade de fazendeiro José Francisco do Rego Cavalcanti. A construção passaria a servir como

ponto de apoio para o comerciante realizar seus negócios e, posteriormente, tornou-se estalagem

para os viajantes. Com o passar dos anos outras casas foram erguidas no local formando o que viria

a ser denominada Vila de Macapá, distrito de Timbaúba.

Em 18 de janeiro de 1908 a Lei Municipal nº 27 (de Timbaúba) criou o 4º distrito desse

município, com a denominação de Macapá, o qual foi supresso em 15 de fevereiro de 1909 e

incorporado ao 3º distrito (São Vicente), ainda fazendo parte do município de Timbaúba. Em 06 de

julho de 1913 a Lei Municipal nº 179 recriou o distrito de Macapá. A Lei Estadual nº 1.931, de 11 de

setembro de 1928, criou o município de São Vicente, constituído dos distritos de São Vicente e

Macapá, desmembrados de Timbaúba, e de parte do vale e povoação de São José do Siriji,

pertencente ao município de Bom Jardim. O novo município foi instalado em 1º de janeiro de 1929.

Pelo Decreto-lei Estadual nº 57, de 21 de abril de 1931, Macapá foi elevado à categoria de cidade e

para ali transferida a sede municipal de São Vicente, em 1933, que, além deste, incorporava

também os distritos de São José do Siriji.

Em 1933, a divisão administrativa publicado de São Vicente compõe-se dos distritos de

Macapá (sede), São Vicente e São José do Siriji. Por força do Decreto-lei Estadual nº 92, de 31 de

março de 1938, o município de São Vicente passou a chamar-se Macapá, constituído dos distritos

Figura 9: Localização do município de Macaparana

Macaparana

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sede, Aburá (ex-Poço Comprido), Pirauá, São José

do Siriji e São Vicente. Em decorrência do Decreto-

lei Estadual nº 235, de 09 de dezembro de 1938, o

distrito sede adquiriu parte do território dos

extintos distritos de Aburá e Pirauá, ficando o

município com apenas três distritos: Macapá, Siriji

e Manoel Borba (ex-São Vicente), ao qual se

incorporaram as partes restantes dos extintos

distritos. Em 31 de dezembro de 1943 o Decreto-lei

Estadual nº 952 mudou a denominação de Macapá

para Macaparana.

O nome da cidade, originalmente denominada Macapá, foi modificado para Macaparana

pelo filólogo Mário Melo, para diferenciá-la de outra cidade brasileira, a capital do Amapá. Quanto

ao significado do nome “Macapá ou macaba”, para uns é nome de uma palmeira. Macaba ou

bacaba provém do tupi iwa-kawa: "fruta gorda, graxa". Mário Melo criou o termo Macaparana

adicionando a desinência rana (macapá + rana), cujo significado em tupi é "semelhante, parecido".

Então, Macaparana seria parecida com a outra cidade, Macapá. O município é formado pelo

distrito sede e pelos povoados de Pirauá, Poço Comprido e Nova Esperança.

A história da povoação do município de Macaparana está relacionada ao desenvolvimento

da agricultura canavieira, que dominou boa parte da história da região, e com a pecuária. A

instalação dos engenhos da família Cavalcanti gerou o crescimento econômico, social e político

local. A instalação dos engenhos concentrou poder econômico e político para um grupo familiar

que teve seu apogeu com a implantação de uma fábrica de açúcar, a Usina Nossa Senhora de

Lourdes, que concentrou o poder econômico, social e político aos donos dos engenhos da região.

A agricultura canavieira vem perdendo espaço na economia do Município desde os anos de

1990, quando a Usina Nossa Senhora de Lourdes, que detinha boa parte do PIB da cidade faliu. A

economia do município foi obrigada a se rearranjar e, assim, a criação de gados e a plantação de

bananas vêm se expandindo. Outro potencial que começa a ser espontaneamente ampliado, pois

não existe um planejamento público e empresarial é o de polo comercial e turístico para a região a

partir da estrutura arquitetônica remanescente dos engenhos, que pode favorecer ao

desenvolvimento do município no âmbito de sua qualidade de vida a partir de uma melhor

distribuição de renda, pois a cidade ele ostenta um alto índice de homicídios e baixo IDH.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDH-M é de 0,597. Este índice situa o

município em 123o no ranking estadual e em 4716o no nacional.

Figura 10: Vista de Macaparana (sede) http://www.achetudoeregiao.com.br/pe/macaparana.htm

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3.2.3 Aspectos físicos: relevo, solos e hidrografia

O município de Macaparana localiza-se na unidade geoambiental do Planalto da

Borborema, formada por maciços e outeiros altos, com altitude variando entre 650 a 1.000 metros.

O relevo é movimentado, com vales profundos e estreitos dissecados. Os solos variam com a

altitude:

Nas superfícies suave onduladas a onduladas: ocorrem Planossolos, de profundidade

média, fortemente drenados, ácidos a moderadamente ácidos e fertilidade natural

média. Ocorrem também os Podzólicos, que são profundos, textura argilosa, e

fertilidade natural média a alta.

Nas elevações: ocorrem os solos Litólicos, rasos, textura argilosa e fertilidade natural

média.

Nos vales dos rios e riachos: ocorrem os Planossolos, medianamente profundos,

imperfeitamente drenados, textura média/argilosa, moderadamente ácidos,

fertilidade natural alta e problemas de sais.

Ocorrem ainda afloramentos de rochas.

Quanto à aptidão agroecológica, apresenta solo argiloso e terras agricultáveis de potencial

bom, restrito e não indicado para atividades agrícolas, destinando-se preferencialmente as culturas

do algodão herbáceo, feijão Phaseolus e cana-de-açúcar.

O município de Macaparana encontra-se inserido nos domínios da bacia

hidrográfica do Rio Goiana, sendo banhado pelo Rio Capibaribe Mirim.

3.3 O MUNICÍPIO DE VICÊNCIA

3.3.1 Localização

O município de Vicência localiza-se na Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco

(mesorregião da mata pernambucana e microrregião da mata setentrional pernambucana), com

uma altitude de 119m. Limita-se ao norte com os municípios de Timbaúba e Macaparana, ao Sul

com o município de Buenos Aires, a Leste com o município de Aliança e a Oeste com São Vicente

Férrer e Bom Jardim (Figura 9). Dista cerca de 83 km da capital pernambucana, com acesso PE-74

e BR-408 (via Nazaré da Mata).

.

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A área municipal ocupa 228.017 Km² e, segundo dados do IBGE, possui uma população

estimada em 2013 de 31.866 habitantes e uma densidade demográfica de 134,78 hab./km².

3.3.2 Aspectos históricos e socioeconômicos

Em 1850, o local onde hoje se situa a cidade de Vicência era apenas uma propriedade rural,

sem denominação conhecida, pertencente a uma senhora de nome Vicência Barbosa de Melo, a

qual mandou construir, ao lado da residência, uma capela sob a invocação de Sant’Ana. O lugarejo

foi se organizando e passou a ser conhecido pelo nome da proprietária, pois as pessoas que por ali

passavam , quando de ida ou volta para Goiana , combinavam sempre descansar no rancho de dona

Vicência, simplificando depois para “descansar na Vicência”, dando o nome ao povoado em

formação. Ainda durante o ano de 1850, com o grande movimento de pessoas, foram construídos

alguns casebres, para especulação comercial, chegando-se mesmo à organização de um arruado

que teve inicialmente o nome de Rua da Baixa, local hoje denominado Praça Joaquim Nabuco.

Em 1856 o padre João Crisóstomo iniciou a construção de uma capela que só ficou pronta

em 1859, sob a orientação do capuchinho frei Caetano de Messina. Seu primeiro vigário foi o padre

italiano João Donato Barroco. Em 05 de junho de 1879 a Lei Provincial nº 1.448 elevou a povoação

de Vicência à categoria de freguesia e erigiu em matriz a igreja de Nossa Senhora de Sant’Ana. Pelo

Decreto-Lei Estadual nº 142, de 30 de maio de 1891, a circunscrição territorial dos distritos de paz

de Vicência, Angélicas e Aliança foi elevada a vila e termo sob a denominação de Vicência. O

município foi instalado em 15 de junho do mesmo ano.

Figura 11: Localização do município de Vicência

Vicência

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Pela Lei Estadual nº 72, de 16 de maio de 1895, o município foi extinto assim permanecendo

durante 33 anos, até que, pela Lei Estadual nº 1.931, de 11 de setembro de 1928, voltou à condição

de município autônomo, instalado em 1º de janeiro de 1929, constituído pelos territórios dos

distritos de Angélicas e Vicência, desmembrados do município de Nazaré. Posteriormente, a sede

do distrito de Angélicas foi transferida para o lugar denominado Sapé, que apresentava maior

desenvolvimento, pelo Ato nº 19, de 02 de abril de 1932, determinação do então prefeito, Dr.

Benjamin Oliveira da Costa Azevedo. Em cumprimento ao Decreto-Lei Estadual nº 952, de 31 de

dezembro de 1943, o distrito de Sapé passou a

denominar-se Murupé.

A economia do município tem como

base a agroindústria, com destaque para a

Usina Laranjeiras, sua maior empregadora. O

plantio de banana também se destaca na

agricultura, além de outros produtos como a

batata doce, a mandioca, o feijão dentre

outros. O IDH do município é 0,605,

considerado médio, ocupando o 4029 no

ranking dos municípios brasileiros.

Com vocação para o ecoturismo, o município de Vicência apresenta cachoeiras, bicas e

serras - a exemplo da serra do Jundiá (com trilhas por áreas remanescentes de Mata Atlântica,

furna e mirante) e da serra Mascarenhas, onde está localizada plataforma para voo livre (asa delta).

Também são destaques os antigos engenhos e suas edificações. Dentre eles, os engenhos Jundiá,

Tapatinga, Iguape e Poço Comprido - este último com belíssimo conjunto arquitetônico formado

por casa-grande do século XVIII, capela e senzala. Outros atrativos identificados em Vicência são a

Usina Laranjeiras, com sua capela de São Joaquim (século XIX - estilo barroco), a Igreja Matriz de

Sant'Ana (século XIX), os velhos arruados, a Fábrica Mariola Santa Maria (doces artesanais) e o

artesanato em madeira (esculturas, talhas e peças utilitárias), em jornal (cestaria) e em palha de

coqueiro (objetos decorativos). Os principais eventos registrados no calendário do município são o

Festival de Jericos (maio), com pitoresca competição entre jegues; a festa da padroeira Sant'Ana

(julho) e o Campeonato de Voo Livre (outubro).

Figura 12: Vista do Engenho Poço Comprido, em Vicência/PE Fonte: http://www2.uol.com.br/JC/sites/7maravilhas/poco-

comprido.html

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3.3.3 Aspectos físicos: relevo, solos e hidrografia

O município de Vicência está inserido na unidade geoambiental do Planalto da Borborema,

formada por maciços e outeiros altos, com altitude variando entre 650 a 1.000 metros. Ocupa uma

área de arco que se estende do sul de Alagoas até o Rio Grande do Norte. O relevo é geralmente

movimentado, com vales profundos e estreitos dissecados. Com respeito à fertilidade dos solos é

bastante variada, com certa predominância de média para alta.

A área da unidade é recortada por rios perenes, porém de pequena vazão e o potencial de

água subterrânea é baixo. O clima é do tipo Tropical Chuvoso, com verão seco. A estação chuvosa

se inicia em janeiro/fevereiro com término em setembro, podendo se adiantar até outubro. Nas

Superfícies Suave Onduladas a Onduladas, ocorrem os Planossolos, medianamente profundos,

fortemente drenados, ácidos a moderadamente ácidos e fertilidade natural média e ainda os

Podzólicos, que são profundos, textura argilosa, e fertilidade natural média a alta. Nas Elevações

ocorrem os solos Litólicos, rasos, textura argilosa e fertilidade natural média. Nos Vales dos rios e

riachos, ocorrem os Planossolos, medianamente profundos, imperfeitamente drenados, textura

média/argilosa, moderadamente ácidos, fertilidade natural alta e problemas de sais. Ocorrem

ainda Afloramentos de rochas.

Do ponto de vista geológico, o município encontra-se inserido na Província Borborema,

sendo constituído pelos litotipos dos complexos Salgadinhos Vertentes e dos Granitoides

Indiscriminados.

No que se refere às águas superficiais, Vicência encontra-se inserido nos domínios da bacia

hidrográfica do Rio Goiana. Seus principais tributários são: o Rio Siriji e os riachos: Pagi,

Coitadinho, Bela Vista e Marajá. O principal corpo de acumulação é o Açude Siriji (17.260.000m3).

Os principais cursos d’água no município têm regime de escoamento perenizado e o padrão de

drenagem é o dendrítico. Para as águas subterrâneas, ele está totalmente inserido no Domínio

Hidrogeológico Fissural. O Domínio Fissural é composto de rochas do embasamento cristalino que

englobam o subdomínio rochas metamórficas constituído do Complexo Vertentes e do Complexo

Salgadinho e o subdomínio rochas ígneas dos Granitoides.

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CARACTERIZAÇÃO DA MATA DE ÁGUA AZUL

4.1 ASPECTOS GERAIS

A Mata de Água Azul, para efeito desta proposta, é formada pelo fragmento conhecido como

mata do Engenho Água Azul, localizada em terras da Usina Cruangi, pela mata de Xixá, localizada

em terras da antiga Usina Aliança além de vários outros fragmentos localizados nos municípios de

Timbaúba e Macaparana que, somados a estes dois, formam um bloco contínuo de vegetação

nativa, perfazendo uma área total aproximada de 3.800 ha ou 38 km². O Engenho Água Azul é de

propriedade da Massa Falida da Usina Cruangi e a Mata de Xixá pertence à Usina Aliança tendo

parte dela dada como indenização aos trabalhadores/agricultores como pagamento de débitos

contraídos pela antiga Usina. Hoje existem cerca de 150 famílias que ocupam áreas próximas.

Assim como a Mata de Siriji, este remanescente é considerado de extrema importância para

a conservação da diversidade biológica da Floresta Atlântica, e está inserida no chamado Centro de

Endemismo de Pernambuco, região que abriga várias espécies endêmicas de animais e vegetais.

Trata-se de um fragmento de floresta ainda preservada e pouco alterada e em bom estado de

conservação na região norte e no estado de Pernambuco. As áreas degradadas apresentam

regeneração natural ou foram induzidas, por meio do plantio de algumas mudas de plantas nativas,

quando na região havia um viveiro florestal.

Apesar do status de conservação descrito acima alguns fatores preocupam na área,

destacando-se a expansão do cultivo de banana e a introdução, em áreas próximas, de espécies

exóticas invasoras, principalmente o nim.

4

Figura 13: Foto da Mata e do Açude do Engenho Água Azul Fonte: Arquivo SEMAS, 2013

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4.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS

A caracterização dos aspectos biológicos foi realizada a partir da análise e sistematização

dos dados existentes sobre todos os fragmentos já estudados no complexo da Serra do

Mascarenhas, levando-se em consideração que formam um bloco contínuo e a integração e

interdependência desses remanescentes a diversidade biológica e para o fluxo gênico na região.

4.2.1 Vegetação e Flora

A vegetação original da região é a Floresta Subcaducifolia e Caducifólia, variando até a

Floresta Ombrófila Densa Montana em função das condições edafoclimáticas encontradas no

gradiente altitudinal do Maciço Pirauá com seu conjunto de serras. Esta última formação florestal

chega a predominar desde as médias altitudes (Submontana, em torno dos 300 metros) até as

maiores altitudes (Montana, em torno dos 600 metros), situadas nos municípios de São Vicente

Férrer, Macaparana, Timbaúba e Vicência.

Hoje, apesar de bastante fragmentados pela atividade agropecuária em plena expansão,

restam vários fragmentos florestais que necessitam de preservação ambiental, e que ainda

conservam seus processos biológicos e gozam de significativa capacidade de regeneração frente ao

processo antrópico.

São vastas as Áreas de Preservação Permanente (APP) das serras e encostas que foram e

estão sendo ocupadas pela atividade agropecuária, inicialmente com cana-de-açúcar e pasto e,

posteriormente, por extensos plantios de banana, uva, e outras lavouras de subsistência. Mais

preocupante, do ponto de vista da conservação dos processos biológicos naturais do ambiente, é a

chegada dos plantios de espécies madeireiras exóticas como o Azadirachta indica A.Juss. (nim) e o

Eucalyptus sp. (eucalipto), mais recentemente introduzidos nas chãs e encostas Leste e Sul da

Serra do Mascarenhas, em contato com os remanescentes florestais nativos, sugerindo avanço

espacial sobre estes.

Todo o complexo vegetacional nativo da área, especialmente os remanescentes florestais,

estão estabelecidos em função das condições peculiares do lugar, chegando até a apresentar

características estruturais e arquiteturais diferenciadas, como área basal elevada e estratificação,

respectivamente.

Algumas das espécies que ocorrem nestas matas não são mais encontradas com frequência

nas demais matas de Pernambuco, como Plathymenia reticulata Benth. (=Plathymenia foliolosa

Benth.) (amarelo-vinhático) da família FABACEAE; Guarea macrophylla Vahl (marinheiro) da

família MELIACEAE, Jacaratia dodecaphylla (Vell.) A.DC. (jacaratiá-mirim) da família

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CARICACEAE, Virola gardneri (A.DC.) Warb. (urucuba) da família MYRISTICACEAE e

Zanthoxylum rhoifolium Lam. (limãozinho) da família RUTACEAE, a Euterpe edulis Mart.

(palmito-juçara) da família ARECACEAE, Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi

(bacupari) da família CLUSIACEAE, Jacaranda puberula Cham. (caroba) da família

BIGNONIACEAE e Quiina cruegeriana Griseb. (=Quiina pernambucensis Pires & Andrade-Lima)

(quina) da família QUIINACEAE. Destas últimas espécies, talvez as mais raras atualmente, foram

encontradas, ao sul do Engenho Água Azul numa altitude aproximada de 400 metros, densas

populações de indivíduos jovens.

A flora é bastante rica e diversificada, ocorrendo várias espécies comuns às formações

características das terras baixas do Litoral e Mata Sul de Pernambuco, que têm outras condições

edáficas, com altas pluviosidades e baixas altitudes. São exemplos: Alseis floribunda Schott,

Psychotria bracteocardia (DC.) Müll.Arg.e Psychotria hoffmannseggiana (Willd. ex Schult.)

Müll.Arg. (=Psychotria barbiflora DC.) (RUBIACEAE), Apeiba tibourbou Aubl., Eriotheca

macrophylla (K.Schum.) A.Robyns (=Eriotheca crenulaticalyx A.Robyns) e Luehea ochrophylla

Mart. (MALVACEAE); Bactris ferruginea Burret e Desmoncus

polyacanthos Mart. (ARECACEAE); Albizia pedicellaris (DC.) L.

Rico (=Pithecellobium pedicellare (DC.) Benth.), Bowdichia

virgilioides Kunth, Inga capitata Desv. Inga edulis Mart. e

Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. (FABACEAE); Casearia

javitensis Kunth (SALICACEAE); Cupania impressinervia Acev.-

Rodr. (=Cupania revoluta Radlk.) (SAPINDACEAE);

Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. ex Baill., Guatteria

pogonopus Mart. (=Guatteria schlechtendaliana Mart.) Xylopia

frutescens Aubl. (ANNONACEAE); Garcinia gardneriana

(Planch. & Triana) Zappi, Symphonia globulifera L.f. e Tovomita

mangle G.Mariz (CLUSIACEAE); Schefflera morototoni (Aubl.)

Maguire et al. (ARALIACEAE); Lecythis pisonis Cambess.

(LECYTHIDACEAE); Mabea piriri Aubl. (EUPHORBIACEAE);

Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. (PERACEAE);

Ouratea polygyna Engl. (OCHNACEAE); Rauvolfia grandiflora

Mart. (APOCYNACEAE); Richeria grandis Vahl

(PHYLLANTHACEAE); Tapirira guianensis Aubl. e Thyrsodium

spruceanum Benth. (ANACARDIACEAE).

Nos remanescentes mais preservados, ocorre uma

grande quantidade de cipós e trepadeiras herbáceas de várias

Figura 14: Fotos do interior da Mata de Água Azul

Fonte: Acervo SEMAS, 2013

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espécies das famílias Fabaceae, Dilleniaceae, Sapindaceae e Vitaceae, sugerindo um avançado grau

de maturidade da floresta, diante dos fragmentos perturbados, alguns em plena regeneração

natural. Nestes, mais conhecidos como capoeiras, são comuns as espécies Hymenaea courbaril L.

(jatobá), Croton urticifolius Lam. (velame), Senna georgica H.S.Irwin & Barneby (sena), Dioclea

grandiflora Mart. ex Benth. (mucunã) Cordia sellowiana Cham. (gargaúba), Byrsonima sericea

DC. (murici-da-mata), Byrsonima crispa A.Juss. (murici), Stigmaphyllon paralias

A.Juss.(malina), além de várias outras espécies das famílias ACANTHACEAE, ASTERACEAE,

BORAGINACEAE, FABACEAE e LAMIACEAE.

Como espécies indicadoras de bom estado de conservação e de elevada qualidade ambiental

estão citadas as espécies: Cipura paludosa Aubl. da família IRIDACEAE, Dorstenia bahiensis

Klotzsch ex Fisch. & C.A.Mey. da família MORACEAE e Quiina cruegeriana Griseb. (=Quiina

pernambucensis Pires& Andrade-Lima) (quina) da família QUIINACEAE, além de várias espécies

pteridófitas ocorrentes nas áreas mais úmidas.

Outro aspecto florístico relevante que a área apresenta é a riqueza de Pteridófitas no

interior dos principais fragmentos, onde foi registrada a ocorrência de cerca de 85 espécies de 16

famílias botânicas.

4.2.2. Fauna

O Centro de Endemismo Pernambuco ocupa toda a faixa de ocorrência das florestas

litorâneas dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Nele, estima-se

ocorrer mais de 400 espécies de aves, muitas delas endêmicas. E, pelo menos 10% delas

(aproximadamente 40 taxa), estão incluídas em alguma categoria de ameaça segundo os critérios

do MMA (2003), de acordo com RODA, PEREIRA & ALBANO, conforme lista a seguir, com a

categoria em que se encontram (quando for o caso):

Amazona rhodocorytha (em perigo),

Aphanthochroa cirrochloris (-),

Automolus lammi (em perigo),

Brotogeris tirica (-),

Carpornis melanocephala (vulnerável),

Caryothraustes canadensis frontalis (vulnerável),

Cercomacra laeta sabinoi (vulnerável),

Conopophaga lineata cearae (vulnerável),

Conopophaga melanops nigrifrons (vulnerável),

Crypturellus noctivagus (-),

Curaeus forbesi (vulnerável),

Dendrocincla fuliginosa taunayi (em perigo),

Dendrocolaptes certhia medius (em perigo),

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Drymophila squamata (-),

Euphonia pectoralis (-),

Florisuga fusca (-),

Glaucidium mooreorum (criticamente em perigo),

Hemithraupis flavicollis melanoxantha (criticamente em perigo),

Hemitriccus mirandae (em perigo),

Herpsilochmus pectoralis (vulnerável),

Iodopleura pipra leucopygia (em perigo),

Leptodon forbesi (criticamente ameaçada),

Leucopternis lacernulatus (vulnerável),

Leucopternis polionotus (-),

Megascops atricapilla (-),

Momotus momota marcgraviana (em perigo),

Myrmeciza ruficauda soror (em perigo),

Myrmotherula snowi (criticamente em perigo),

Odontophorus capueira plumbeicollis (em perigo),

Ortalis guttata (-),

Pauxi mitu (extinto na natureza),

Penelope superciliaris alagoensis (-),

Phaethornis margarettae (=P. ochraceiventris camargoi) (em perigo),

Philydor novaesi (criticamente em perigo),

Phylloscartes ceciliae (em perigo),

Picumnus exilis pernambucensis (vulnerável),

Platyrinchus mystaceus niveigularis (vulnerável),

Procnias averano (vulnerável),

Procnias nudicollis (-),

Pyriglena leuconota pernambucensis (vulnerável),

Pyrrhura griseipectus (criticamente ameaçada),

Ramphocelus bresilius (-),

Saltator fuliginosus (-),

Schiffornis turdinus intermedius (criticamente em perigo),

Sclerurus caudacutus caligineus (em perigo),

Sporagra yarrellii (vulnerável),

Synallaxis infuscata (em perigo),

Tangara cyanocephala corallina (vulnerável),

Tangara cyanomelaena (-),

Tangara fastuosa (vulnerável),

Terenura sicki (em perigo),

Thalurania watertonii (vulnerável),

Thamnophilus aethiops distans (em perigo),

Thamnophilus caerulescens pernambucensis (vulnerável),

Tinamus solitarius (-),

Touit surdus (-),

Xenops minutus alagoanus (vulnerável),

Xipholena atropurpurea (em perigo),

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Xiphorhynchus atlanticus (vulnerável).

Dentre as aves, o grupo de rapina florestal também tem ocorrência significativa para a área.

De acordo com estudos de Roda & Pereira (2006), a distribuição recente das aves de rapina

florestais do Centro de Endemismo Pernambuco, com registro para os municípios da área é a

seguinte:

Accipiter bicolor (gavião-bombachinha-grande), Bubo virginianus (corujão-

orelhudo), Buteo albonotatus (gavião-de-rabo-barrabo), Buteo brachyurus (gavião-

de-cauda-curta), Buteo nitidus (gavião-pedrês), Buteogallus aequinoctialis

(caranguejeiro), Buteogallus urubitinga (gavião-preto), Elanoides forficatus

(gavião-tesoura), Falco rufigularis (falcão-cauré), Glaucidium brasilianum

(corujinha-caburé), Glaucidium mooreorum (caburé-de-Pernambuco), Geranospiza

caerulescens (gavião-pernilongo), Gampsonyx swainsonii (gaviãozinho),

Herpetotheres cachinnans (acauã), Ictinia plúmbea (gavião-sauveiro), Leptodon

cayanensis (gavião-de-cabeça-cinza), Leptodon forbesi (gavião-de-pescoço-branco),

Leucopternis lacernulatus (gavião-pombo-pequeno), Leucopternis polionotus

(gavião-pombo-grande), Micrastur ruficollis (falcão-caburé), Micrastur

semitorquatus (falcão-relógio), Megascops atricapilla (corujinha-sapo), Megascops

choliba (corujinha-do-mato), Pulsatrix perspicillata (coruja-de-garganta-preta),

Spizaetus tyrannus (gavião-pega-macaco) e Strix virgata (coruja-do-mato).

Mais especificamente para a área de abrangência da Serra do Mascarenhas

(Maparana, São Vicente Ferrer, Timbaúba e Vicência), trabalhos foram realizados destacando as

aves do Engenho Água Azul e da Mata do Estado.

Segundo levantamento de PEREIRA (2009), no Engenho Água Azul (Timbaúba), foram

registradas 165 espécies de aves pertencentes a 38 famílias, destacando que cerca de 74% dessas

espécies foram classificadas como dependentes ou semidependentes do ecossistema florestal.

Segundo este levantamento, várias espécies e subespécies são endêmicas da Floresta Atlântica

Brasileira ou do Centro de Endemismo Pernambuco, algumas ameaçadas de extinção nas seguintes

categorias, conforme a lista de ameaça consultada:

Aphantochroa cirrhoclhoris (-),

Cercomacra laeta sabinoi (vulnerável),

Conopophaga melanops nigrifrons (vulnerável),

Curaeus forbesi (vulnerável ou em perigo),

Dendrocincla fuliginosa taunayi (em perigo),

Euphonia pectoralis (-),

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Florisuga fusca (-),

Hemithraupis flavicollis melanoxantha (-),

Iodopleura pipra leucopygia (em perigo),

Leptodon forbesi (crítica)

Momotus momota marcgraviana (em perigo)

Myrmotherula snowi (crítica),

Myrmeciza ruficauda soror (em perigo),

Penelope superciliaris alagoensis (em perigo)

Phaetornis margarettae (=Phaethornis ochraceiventris camargoi) (em perigo),

Phylloscartes ceciliae (em perigo),

Picumnus exilis pernambucensis (vulnerável),

Platyrinchus mystaceus niveigularis (vulnerável),

Pyriglena leuconota pernambucensis (vulnerável),

Ramphocelus bresilius (-),

Saltator fuliginosus (-),

Schiffornis turdina intermedia (-),

Synallaxis infuscata (em perigo),

Tangara cyanocephala corallina (vulnerável),

Tangara fastuosa (vulnerável),

Terenura sicki (em perigo),

Thalurania watertonii (vulnerável),

Thamnophilus aethiops distans (em perigo),

Thamnophilus caerulescens pernambucensis (vulnerável),

Xenops minutus alagoanus (vulnerável),

Xiphorhynchus atlanticus (vulnerável),

Xiphorhynchus fuscus atlanticus (vulnerável).

Como indicadoras da qualidade ambiental, estão citadas as aves de rapina florestais,

representados pelos gaviões, falcões e corujas, predadores que estão no topo da cadeia alimentar,

que necessitam de extensas áreas florestais principalmente para caçar e se reproduzir. Deste grupo,

merecem destaque o gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi), o gavião-de-cauda-curta

(Buteo brachyurus), o acauã (Herpetotheres cachinnans). gavião-tesoura (Elanoides forficatus) e

o gaviãozinho (Gampsonyx swainsonii). Outras aves indicadoras da qualidade ambiental, que

ocorrem no Engenho Água Azul, são:

Os grandes frugívoros como tucanos, araçari jacue o surucuá-de-barriga-vermelha; e

os de menor porte, das família Thraupidae, Pipridae e Fringillidae.

Os nectarívoros (com 14 espécies registradas, das quais 13 pertencem a família dos

beija-flores).

Os insetívoros de sub-bosque, representados principalmente por passeriformes das

famílias Thamnophilidae, Tyrannidae, Furnariidae, Picidae e Dendrocolaptidae;

destacando-se o ipecuá (Thamnomanes caesius), o chororó-didi (Cercomacra laeta

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sabinoi), o formigueiro-de-cauda-ruiva (Myrmeciza ruficauda soror), o papa-taioca

(Pyriglena leuconota pernambucensis), o patinho (Platyrinchus mystaceus

niveigularis). a choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi), a choquinha-de-

flanco-branco (Myrmotherula axillaris), a choquinha-lisa (Dysithamnus mentalis),

a choca-lisa (Thamnophilus aethiops distans), o abre-asa (Mionectes oleagineus),

pica-pau-anão-canela (Picumnus fulvescens), o pica-pau-de-topete-vermelho

(Dryocopus lineatus), o picapauzinho-avermelhado (Veniliornis affinis), o arapaçu-

pardo (Dendrocincla fuligionosa taunayi) e o arapaçu-rajado (Xiphorhynchus

fuscus atlanticus).

Também está registrada a ocorrência de várias espécies cinegéticas - ‘aves de caça’ - como o

lambu-espanta-boiada (Crypturellus parvirostris), a rolinha-caldo-de-feijão (Columbina

talpacoti), a juriti-gemedeira (Leptotila rufaxilla) e a parari (Geotrygon montana); e canoras -

‘aves de gaiola’ - como tapacu (Forpus xanthopterygius), sabiá-gongá (Turdus rufiventris), sabiá-

branco (Turdus leucomelas), sabiá-bico-de-osso (Turdus amaurochalinus), sabiá-golada (Turdus

albicollis), encontro-de-prata (Tachyphonus rufus), sangue-de-boi (Ramphocelus bresilius),

sanhaçu-do-azul (Thraupis sayaca), sanhaçu-do-verde (Thraupis palmarum), pintor-verdadeiro

(Tangara fastuosa), pintor-coleira (Thraupis cyanocephala corallina), frei-vicente (Thraupis

cayana), verdelim (Dacnis cayana), saíra (Cyanerpes cyaneus), tiziu (Volatinia jacarina), papa-

capim (Sporophila nigricolis), patativa-golada (Sporophila albogularis), galo-de-campina

(Paroaria dominicana), papa-pimenta (Saltator maximus), xexéu-de-bananeira (Icterus

cayanensis), anumará (Curaeus forbesi), papa-arroz (Molothrus bonariensis), vem-vem

(Euphonia chlorotica) e guriatã (Euphonia violacea).

De acordo com a Lista da Mastofauna do Estado de Pernambuco, há registro de várias

espécies, destacando-se nas localidades dos municípios indicados:

Figura 15: Avifauna da Serra do Mascarenhas - i) gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi); ii)

surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon curucui); iii) rolinha-caldo-de-feijão (Columbina talpacoti)

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O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) na ordem Xenarthra - Timbaúba

(Usinas Cruangi e Aliança);

A jaguatirica (Leopardus pardalis (=Felis pardalis)), o gato-maracajá (Leopardus.

wiedii (=Felis wiedii)) e a lontra (Lontra longicaudis (=Lutra longicaudis)) na

ordem Carnivora - Timbaúba (Usinas Cruangi e Aliança, Engenho Xixá e Fazenda

Jundiá), Vicência (Engenho Jundiá); e.

Os morcegos das espécies Artibeus cinereus, Artibeus lituratus, Desmodus rotundus

(morcego-vampiro), Glossophaga soricina, Micronycteris megalotis, Phyllostomus

discolor, Phyllostomus hastatus, Platyrrhinus lineatus, Rhinophylla pumilio,

Sturnira lilium, Trachops cirrhosus, Rhynchonycteris naso, Molossus molossus,

Noctilio leporinus (morcego-pescador) e Myotis nigricans, na ordem Chiroptera -

Timbaúba (Engenho Água Azul).

São vários os pequenos mamíferos que ocorrem na área, todavia há uma carência de

registros oficiais. Em levantamento realizado por OLIVEIRA & LANGGUTH (2004), para os

grupos Didelphimorphia e Rodentia, há os seguintes registros de ocorrência em pelo menos um dos

municípios da área:

Marsupiais: Caluromys philander (cuica-lanosa), Micoureus demerarae (cuíca-

cinzenta), Marmosa murina (cuíca-pequena), Didelphis albiventris (timbu) e

Metachirus nudicaudatus (cuica-de-quatro-olhos);

Roedores: Necromys lasiurus (pixuna), Holochilus sciureus (rato-d’água-vermelho),

Oryzomys oniscus (rato-da-mata), Oryzomys subflavus (rato-de-cana), Calomys

expulsus (ratinho-de-cauda-curta), Pseudoryzomys simplex (falso-rato-de-cana),

Thrichomys laurentius (punaré ou rabudo), Sciurus alphonsei (esquilo, caxinguelê).

Figura 16: Mastofauna: 1. Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla); 2. Jaguatirica (Leopardus

pardalis); 3. Timbu (Didelphis albiventris)

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PROPOSIÇÃO DA CATEGORIA DE MANEJO

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC foi instituído por meio da Lei

Estadual nº 13.787 de 8 de junho de 2009, definindo unidade de conservação como o “espaço

territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características

naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e

limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de

proteção”. Dentre seus objetivos, destacam-se:

Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas

naturais estaduais; Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação

da natureza no processo de desenvolvimento sustentável estadual;

Proteger, no âmbito estadual, as características relevantes de natureza geológica,

geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e, quando couber,

histórica e cultural;

Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

Ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais como unidades de

conservação;

Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e

monitoramento ambiental;

Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação

em contato com a natureza e o ecoturismo;

Priorizar os ecossistemas que se encontrem mais ameaçados de alteração,

degradação ou extinção.

As unidades de conservação – UCs integrantes do Sistema Estadual de Unidades de

Conservação – SEUC dividem-se em dois grupos, com características e categorias específicas:

Unidade de Proteção Integral – Com o objetivo básico de preservar a natureza,

sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

Unidade de Uso Sustentável – Com o objetivo básico de compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais.

As categorias de manejo das UCs do grupo de Proteção Integral são: Reserva Biológica

(REBIO), Estação Ecológica (ESEC), Parque Estadual (PE), Monumento Natural (MONA), e

Refúgio de Vida Silvestre (RVS).

As categorias de manejo das UCs do grupo de Uso Sustentável são: Área de Proteção

Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Reserva de Fauna , Floresta

Estadual (FLOE), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS),

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Reserva de Floresta Urbana (FURB), e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Os

objetivos e as características básicas de cada categoria de manejo estão apresentados no Apêndice

Tendo em vista a fragilidade da Floresta Atlântica na Mata Norte de Pernambuco,

caracterizado pela forte pressão antrópica exercida pelas atividades agrícolas e, considerando as

pressões potenciais futuras sobre este ecossistema, entende-se que é de extrema importância a

criação de uma unidade de conservação nesta região, face a inexpressiva proteção de seus

ecossistemas. O complexo representado ela serra do Mascarenhas apresenta bom estado de

conservação de seus fragmentos florestais com espécies de fauna ameaçadas e/ou vulneráveis a

extinção, conforme indicados pelos estudos realizados pelo CEPAN/AMANE, o que reforça a

necessidade de estabelecer a conectividade dos fragmentos florestais que a região oferece.

Diante da perspectiva de desenvolvimento da Mata Norte, é necessário que o governo

também esteja atento aos impactos que este processo pode ocasionar ao patrimônio natural da

região e apresente alternativas capazes de incluir este patrimônio como fator de agregação de valor

ao desenvolvimento local/regional. A criação de uma unidade de conservação se insere neste

contexto

Para Mata de Água Azul, quando da proposição da categoria de manejo para este

remanescente, alguns fatores foram observados:

É considerada uma das pouquíssimas áreas remanescentes da Floresta Atlântica na

Zona da Mata Norte de Pernambuco e, de acordo com todos os estudos nela já

realizados, apresentam uma importância biológica extremamente alta para a

conservação da biodiversidade no estado;

Pela importância que representa para a conservação da biodiversidade, existem

recomendações para a criação de uma unidade de conservação do grupo de proteção

integral na Serra do Mascarenhas, em especial, neste remanescente;

Existe uma população que desenvolve atividades agrícolas e que, em princípio,

poderão ser compatibilizadas com os objetivos de conservação das matas, e isto deve

ser considerado na definição da categoria.

Considerando estes aspectos, propõe-se para a Mata de Água Azul a categoria de

Refúgio de Vida Silvestre (RVS).

Segundo o que determina a Lei 13.787, que instituiu o Sistema Estadual de Unidades de

Conservação (SEUC), o RVS tem o seguinte objetivo:

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“... proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou

reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou

migratória.”

O Refúgio de Vida Silvestre (RVS) pode ser constituído por áreas particulares,

desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da

terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Também é permitida a

visitação pública, desde que sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano

de Manejo da unidade e às normas estabelecidas pelo órgão gestor.

Caso haja incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou

não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão gestor

da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) com o uso da

propriedade, a área deve ser desapropriada na forma da lei vigente. (Artigo 13, § 1º

ao 4º)

O Refúgio de Vida Silvestre Mata do Engenho Água Azul tem os seguintes

objetivos:

Proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a existência ou reprodução de

espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória;

I. Proteger e conservar espécies raras e endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção;

II. Conservar amostras em estado natural da Floresta Atlântica da Mata Norte de Pernambuco,

preservando seu patrimônio genético e recursos naturais;

III. Contribuir para a preservação e a restauração da rede hidrográfica que a integra a região a

Serra do Mascarenhas;

IV. Promover atividades recuperação ambiental e de educação ambiental, que proporcionem à

comunidade local a compatibilização de suas atividades com a conservação dos recursos

naturais e aos visitantes, informações sobre o ecossistema Mata Atlântica e sua biodiversidade;

V. Estimular a substituição de espécies exóticas por espécies nativas;

VI. Estimular a pesquisa científica e a produção de conhecimento sobre a Floresta Atlântica, em

especial da Mata Norte de Pernambuco, inclusive seus aspectos socioeconômicos e culturais.

Recife, janeiro de 2014.

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REFERÊNCIAS

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CEPAN. Apoio a Criação de Unidades de Criação de Unidades de Conservação na Floresta Atlântica de Pernambuco. Disponível em: <http://www.cepan.org.br/projetos/teste.html>. Acessado em 10 jun. de 2010.

CEPAN. Aves do Engenho Água Azul, Timbaúba, Pernambuco, Brasil. In: Projeto de Apoio a Criação de Unidades de Conservação na Floresta Atlântica de Pernambuco. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste Flora, 2009.

CEPAN. Aves do Engenho Água Azul, Timbaúba, Pernambuco, Brasil. In: Projeto de Apoio a Criação de Unidades de Conservação na Floresta Atlântica de Pernambuco. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste Flora, 2009.

CEPAN. Caracterização da Situação Fundiária da Mata do Estado – São Vicente Férrer/PE. Consultor (a): Liza Baggio. Recife, 2011

CEPAN. Estudo Sócioeconômico Engenho Água Azul – Timbaúba/PE (Relatório Preliminar). Consultor (a): Bárbara Luna de Araújo. Recife, 2010

CEPAN. Estudo Socioeconômico Mata do Estado – São Vicente Férrer/PE (Relatório Preliminar). Consultor (a): Bárbara Luna de Araújo. Recife, 2010.

CEPAN. Relatório e Flora da Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil. In: Projeto de Apoio a Criação de Unidades de Conservação na Floresta Atlântica de Pernambuco. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste Flora, 2009.

CEPAN. Relatório e Flora do Engenho Água Azul, Timbaúba, Pernambuco, Brasil. In: Projeto de Apoio a Criação de Unidades de Conservação na Floresta Atlântica de Pernambuco. Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste Flora, 2009.

FERRAZ, E.M.N.; RODAL, M.J.N. 2006. Caracterização fisionômica - estrutural de um remanescente de floresta ombrófila montana de Pernambuco, Brasil. Acta Botanica Brasilica. 20(4): 911-926.

Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 08 Jan. 2014

MMA. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da mata atlântica e campos sulinos. BSB, 2000.

MMA. Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira.BSB, 2007.

OLIVEIRA, F.F. & LANGGUTH, A. Pequenos Mamíferos (DIDELPHIMORPHIA E RODENTIA) de PB e PE, BRASIL. Revista Nordestina de Biologia, 18(2): 19-86 Vol. 18(2). 2004

PERNAMBUCO, Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas – CONDEPE/FIDEM. Série Bacias Hidrográficas de Pernambuco 2. Rio Goiana e GL 6. Recife, 2005. 65 p.

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PERNAMBUCO, Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas – CONDEPE/FIDEM. Pernambuco: realidade e desafios. Recife, 2009. 244p.

PERNAMBUCO, Companhia Pernambucana do Meio Ambiente – CPRH, publicações CPRH/MMA – PNMA II. Diagnóstico Socioambiental do Litoral Norte de Pernambuco. Recife, 2003. 214 p.

PERNAMBUCO, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA. Plano Estadual de Recursos Hídricos – Pernambuco. Recife, 1998.

PERNAMBUCO, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTMA. Programa de Conservação da Biodiversidade de Pernambuco: criação e implementação de unidades de conservação. Recife, 2009.

PERNAMBUCO, Secretaria de Planejamento e Gestão - SEPLAG. Plano de Manejo: Diagnóstico Ambiental da Área da Bacia de Contribuição da Barragem do Siriji. Recife, 2008.

PERNAMBUCO, Secretaria de Recursos Hídricos - SRH. Plano Estratégico de Recursos Hídricos e Saneamento – Pernambuco. Recife, 2008. 112p.

PERNAMBUCO. Diagnóstico Ambiental e Zoneamento Ecológico Econômico da Bacia de Contribuição da Barragem do Siriji. Recife, 2008. (PLANO DE MANEJO).

PIETROBOM, M.R. & BARROS, I.C.L. 2002. Pteridófitas de um remanescente de Floresta Atlântica em São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil: Pteridaceae. Acta Bot. Bras. 16: 457-479.

RODA, S. A. & PEREIRA, G. A. Distribuição recente e conservação das aves de rapina florestais do Centro de Pernambuco, Revista Brasileira de Ornitologia 14 (4) 331-344. 2006.

RODA, S. A., PEREIRA, G. A., & Albano, C. Conservação de aves endêmicas e ameaçadas do centro de endemismo Pernambuco: Planos de conservação para Glaucidium mooreorum, Philydor novaesi. Terenura sicki, Myrmotherula snowi, Synallaxis infuscata, Phylloscartes ceciliae e Tangara fastuosa. Editora Universitária, UFPE, 2011.

TABARELLI, Marcelo; MELO, Maria das Dores de V. C. LIRA, Osvaldo C. de. In: a Mata Atlântica do Nordeste. 2006. Disponível em <http://www.amane.org.br/download/mata_atlantica_nordeste.pdf> acesso em 18.11.2013

www.srhe.pe.gov.br e www.apac.pe.gov.br visitado em 6/1/2014. icos

http://www.timbauba.pe.gov.br/

http://www.bde.pe.gov.br/site/ConteudoRestrito2.aspx?codGrupoMenu=466&codPermissao=5

http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php

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APÊNDICES

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APÊNDICE I- CATEGORIAS DE MANEJO E CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

A. GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (LEI 13.787/2009)

CATEGORIA DE MANEJO

OBJETIVO DOMÍNIO VISITAÇÃO PUBLICA

PESQUISA PERMANÊNCIA POP RESIDENTE

RESERVA BIOLÓGIA (REBIO)

Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites.

Posse e domínio público. Áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas.

Proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional.

Depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.

Não. Até a regularização fundiária, será garantida aos residentes as condições e meios que subsistiam a época da criação da UC.

ESTAÇÃO ECOLÓGICA (ESEC)

Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

Posse e domínio público. Áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas.

Proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional.

Depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.

PARQUE Tem como objetivo a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica.

Posse e domínio público. Áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas.

Sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade.

Depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.

MONUMENTO NATURAL

Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

Sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade.

Depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.

Sim, desde que haja compatibilidade dos usos com o objetivo da UC.

REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE (RVS)

Proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

Sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo.

Depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade.

Sim, desde que haja compatibilidade dos usos com o objetivo da UC.

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B. GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL

CATEGORIAS DE

MANEJO

OBJETIVO DOMÍNIO VISITAÇÃO

PUBLICA

PESQUISA PERMANÊNCIA

POP. RESDENTE

ÁREA DE

PROTECAO

AMBIENTAL

(APA)

Proteger a diversidade biológica,

disciplinar o processo de

ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos

recursos naturais.

Constituída por terras públicas e/ou

privadas.

Nas áreas sob domínio

público serão

estabelecidas pelo

órgão gestor da

unidade. Nas áreas sob

propriedade privada,

cabe ao proprietário

estabelecer as

condições para

visitação pelo público,

observadas as

exigências e restrições

legais.

Nas áreas sob

domínio público

serão estabelecidas

pelo órgão gestor da

unidade. Nas áreas

sob propriedade

privada, cabe ao

proprietário

estabelecer as

condições para

pesquisa, observadas

as exigências e

restrições legais.

Sim.

ÁREA DE

RELEVANTE

INTERESSE

ECOLÓGICO

(ARIE)

Em geral áreas de pequena

extensão, com pouca ou

nenhuma ocupação humana,

com características

naturais extraordinárias ou que

abriga exemplares raros da biota

regional.

Constituída por terras públicas e/ou

privadas.

Sim. Porém pouca ou

nenhuma ocupação

humana.

RESERVA DE

FAUNA (RF)

Área natural com populações

animais de espécies nativas,

terrestres ou aquáticas,

residentes ou migratórias,

adequadas para estudos técnico-

científicos sobre o manejo

econômico sustentável de

recursos faunísticos.

Posse e domínio público. Áreas

particulares incluídas em seus limites

serão desapropriadas.

Pode ser permitida,

desde que compatível

com o manejo da

unidade e de acordo

com as normas

estabelecidas pelo

órgão responsável por

sua administração.

Permite estudos-

técnicos faunísticos.

Não.

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RESERVA DE

DESENV.

SUSTENTÁVEL

(RDS)

É uma área natural que

abriga populações tradicionais,

cuja existência baseia-se em

sistemas sustentáveis de

exploração dos recursos

naturais, desenvolvidos ao longo

de gerações e adaptados

às condições ecológicas locais e

que desempenham um papel

fundamental na

proteção da natureza e na

manutenção da diversidade

biológica.

Posse e domínio público. Áreas

particulares incluídas em seus limites

deverão, quando necessário, ser

desapropriadas.

É permitida e

incentivada a visitação

pública, desde que

compatível com os

interesses locais e de

acordo com o disposto

no Plano de Manejo da

área.

É permitida e

incentivada,

sujeitando-se à prévia

autorização do órgão

responsável pela

administração da

unidade.

O uso das áreas

ocupadas pelas

populações tradicionais

será regulado de acordo

com o disposto no art.

23 desta Lei e em

regulamentação

específica

FLORESTA

ESTADUAL

(FLOE)

Área com cobertura florestal de

espécies predominantemente

nativas, destinada à produção

econômica sustentável de

madeira e outro produtos

vegetais.

Posse e domínio público. Áreas

particulares incluídas em seus limites

serão desapropriadas.

É permitida,

condicionada às normas

estabelecidas para o

manejo da unidade.

É permitida e

incentivada,

sujeitando-se à prévia

autorização do órgão

responsável pela

administração da

unidade.

É admitida a

permanência de

populações tradicionais

que a habitam quando

de sua criação.

RESERVA DE

FLORESTA

URBANA (FURB)

Tem por objetivo prestar

serviços ambientais às cidades

como: proteção de nascentes e

disponibilidade de água,

amenização do clima,

manutenção e proteção do solo,

etc.

Posse publica ou privado É permitida e

incentivada,

condicionada às normas

estabelecidas para o

manejo da unidade.

É permitida e

incentivada,

sujeitando-se à prévia

autorização do órgão

responsável pela

administração da

unidade.

É admitida a

permanência de

populações que a

habitam quando de sua

criação.

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RESERVA

PARTICULAR DO

PATRIMÔNIO

NACIONAL

(RPPN)

É uma área privada, gravada

com perpetuidade, com o

objetivo de conservar a

diversidade biológica.

Privado

É permitida desde que

com objetivos

turísticos, recreativos e

educacionais.

É permitido desde

que autorizado pelo

proprietário e de

acordo com condições

estabelecidas no

Plano de Manejo

Não.

RESERVA

EXTRATIVISTA

(RESEX)

Área utilizada por populações

extrativistas

tradicionais. Tem como

objetivos básicos proteger os

meios de vida e a cultura dessas

populações, e assegurar o

uso sustentável dos recursos

naturais da unidade.

É de domínio público, com uso

concedido às populações extrativistas

tradicionais.

É permitida, desde que

compatível com os

interesses locais e de

acordo com o disposto

no Plano de Manejo.

É permitida e

incentivada,

sujeitando-se à prévia

autorização do órgão

responsável pela

administração da

unidade.

Sim.

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Apêndice II Lista das famílias de angiospermas com suas atuais espécies nativas e seus vernáculos mais

comuns, amostradas nos levantamentos de flora realizados nos fragmentos florestais da mata do

engenho Água Azul (Floresta Ombrófila Densa Submontana), classificadas de acordo com a Lista

de Espécies da Flora do Brasil do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Família Espécie Vernáculo Acanthaceae Ruellia asperula (Mart. ex Ness) Lindau melosa

Ruellia sp. 1 - Anacardiaceae Anacardium occidentale L. cajueiro

Tapirira guianensis Aubl. cupiúba Thyrsodium spruceanum Benth. caboatã-de-leite

Annonaceae Annona coriacea Mart. araticum Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. ex Baill. pimenta-de-bobo Guatteria pogonopus Mart. (=Guateria schlechtendaliana Mart.) pindaíba Xilopia frutescens Aubl. embira-vermelha

Apocynaceae Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson banana-de-papagaio Mandevilla scabra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) K. Schum. mandevila Rauvolfia grandiflora Mart. -

Araceae Monstera adansonii Schott costela-de-adão Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. sambaquim Arecaceae Bactris ferruginea Burret coquinho

Desmoncus polyacanthos Mart. titara Euterpe edulis Mart. palmito-jussara

Asteraceae Baccharis oxyodonta DC. alecrim-da-mata Emilia sonchifolia (L.) DC. ex Wight falsa-serralha Eupatorium ballotaefolium Kunth erva-palha

Bignoniaceae Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos (=Tabebuia crisotricha Mart. ex DC.) ipê-amarelo Jacaranda puberula Cham. caroba/jacarandá

Bixaceae Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng. algodão-da-mata Bombacaceae (ver Malvaceae) Boraginaceae Cordia nodosa Lam. grão-de-galo

Cordia sellowiana Cham. gargaúba Cordia superba Cham. - Heliotropium angiospermum Murray - Varronia multispicata (Cham.) Borhidi (=Cordia multispicata Cham.) maria-preta

Bromeliaceae Aechmea fulgens Brongn. - Canistrum sp. - Guzmania lingulata (L.) Mez. Var. ligulata estrela-escarlate

Burseraceae Protium aracouchini (Aubl.) Marchal amesclinha Caricaceae Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC.(=Jacaratia dodecaphylla (Vell.) A.DC.) jaracatiá Cecropiaceae (ver Urticaceae) Chrysobalanaceae Hirtella racemosa Lam. - Clusiaceae Clusia nemorosa G.Mey. orelha-de-burro

Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi bacupari Symphonia globulifera L.f. bulandi-de-leite Tovomita mangle G. Mariz mangue-da-mata

Cochlospermaceae (ver Bixaceae) Combretaceae Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A.Howard (=Buchenavia capitata (Vahl) Eichler) imbirindiba Commelinaceae Commelina erecta L. - Connaraceae Connarus blanchetii Planch. var. laurifolius (Baker) Forero - Costaceae Costus spiralis (Jacq.) Roscoe -

Costus sp. - Cucurbitaceae Gurania acuminata Cogn. -

Psiguria triphylla (Miq.) C.Jeffrey - Dilleniaceae Doliocarpus sp. -

Tetracera breyniana Schltdl. cipó vermelho Elaeocarpaceae Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. mamajuda Erythroxylaceae Erythroxylum citrifolium A.St.-Hil. -

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Erythroxylum mucronatum Benth. cumixá Euphorbiaceae Euphorbia hyssopifolia L. -

Euphorbia hirta L. - Cnidoscolus urens var. neglectus (Pohl) Lourteig (=Cnidoscolus loefgrenii (Pax & K. Hoffm.) Pax & K. Hoffm.)

urtiga Croton floribundus Spreng. velame-da-mata Croton urticifolius Lam. velame Mabea piriri Aubl. canudo-de-cachimbo

Fabaceae Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico (=Pithecellobium pedicellare (DC.) Benth.) jaguarana Bowdichia virgilioides Kunth sucupira Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. canafístula Dialium guianense (Aubl.) Sandwith pau-ferro-da-mata Dioclea grandiflora Mart. ex Benth. - Hymenaea courbaril L. jatobá Inga capitata Desv. ingá Inga cayennensis Sagot ex Benth.(=Inga dysantha Benth.) ingá-peludo Inga edulis Mart. ingá-cipó Machaerium hirtum (Vell.) Stelfed - Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. visgueiro Phanera outimouta (Aubl.) L.P. Queiroz - Plathymenia reticulata Benth. (=Plathymenia foliolosa Benth.) amarelo Senna georgica H.S.Irwin & Barneby - Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. favinha Tephrosia cinerea (L.) Pers. -

Flacourtiaceae (ver Salicaceae) Gentianaceae Coutoubea spicata Aubl. - Hypericaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy lacre Icacinaceae (ver Cardiopteridaceae) Iridaceae Cipura paludosa Aubl. - Lamiaceae Aegiphila pernambucensis Moldenke salgueiro Lauraceae Nectandra cuspidata (Nees & Mart.) Nees louro-canela

Ocotea glomerata (Nees) Mez louro Lecythidaceae Gustavia augusta L. sapucarana

Lecythis pisonis Cambess. sapucaia Malpighiaceae Byrsonima crispa A.Juss. murici-bala

Byrsonima sericea DC murici-da-mata Stigmaphyllon paralias A.Juss. malina

Malvaceae Apeiba tibourbou Aubl. pau-de-jangada Eriotheca macrophylla (K.Schum.) A.Robyns (=Eriotheca crenulaticalyx A. Robyns) munguba Luehea ochrophylla Mart. açoita-cavalo Sida linifolia Cav. - Urena lobata L. -

Marantaceae Calathea cylindrica (Roscoe) K.Schum. - Stromante porteana Gris. -

Melastomataceae Clidemia hirta (L.) D.Don - Henriettea succosa (Aubl.) DC. pelo-de-cutia Miconia albicans (Sw.) Triana - Miconia amacurensis Wurdack - Miconia calvescens DC. caramondé Miconia ciliata (Rich.) DC. - Miconia compressa Naudin - Miconia hypoleuca (Benth.) Triana - Miconia nervosa (Sm.) Triana - Miconia prasina (Sw.) DC. -

Meliaceae Guarea macrophylla Vahl marinheiro Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber quiri

Brosimum rubescens Taub. conduru Brosimum sp. quiri-ferro Dorstenia bahiensis Klotzsch ex Fisch. & C.A.Mey. - Sorocea hilari Gaudich. amora-da-mata

Myristicaceae Virola gardneri (A. DC.) Warb. urucuba Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. (=Myrcia fallax (Rich.) DC.) murta-preta

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Myrcia sp. goiabinha Psidium guineense Sw. araçá-do-mato

Ochnaceae Ouratea polygina Engl. macaxeira Peraceae Chaetocarpus myrsinites Baill. -

Pogonophora scomburgkiana Miers ex Benth. cocão Phyllanthaceae Richeria grandis Vahl bulandi-jaca Picramniaceae Picramnia gardneri Planch. - Piperaceae Piper adancum L. -

Piper marginatum Jacq. - Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. - Quiinaceae Quiina cruegeriana Griseb. (=Quiina pernambucensis Pires & Andrade-Lima) quina Rubiaceae Alseis floribunda Schott -

Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult. - Psychotria colorata (Willd. ex Schult.) Müll.Arg. - Psychotria hoffmannseggiana (Willd. ex Schult.) Müll.Arg.(=Psychotria barbiflora DC.) - Psychotria bracteocardia (DC.) Mull.Arg. beijo-de-moça Sabicea grisea Cham. & Schltdl. -

Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. laranjinha-do-mato Salicaceae Casearia javitensis Kunth cafezinho

Casearia sylvestris Sw cafezinho-do-mato Sapindaceae Cupania impressinervia Acev.-Rodr.(=Cupania revoluta Radlk.) caboatã-de-rego

Cupania racemosa (Vell.) Radlk. caboatã Sapotaceae Pouteria bangii (Rusbv.) T.D.Penn. cocão-de-leite

Pradosia lactescens (Vell.) Radlk. buranhén Solanaceae Solanum asperum Rich. russara

Solanum paludosum Moric. jurubeba-roxa Solanum paniculatum L. jurubeba

Sterculiaceae e Tiliaceae (ver Malvaceae) Urticaceae Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. urtigão Verbenaceae Lantana camara L. chumbinho Violaceae Paypayrola blanchetiana Tul. japaranduba Vitaceae Cissus simsiana Schult. & Schult.f. cipó

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Apêndice III

Lista das 16 famílias de pteridófitas com espécies nativas amostradas nos levantamentos realizados nos fragmentos florestais do Engenho Água Azul (Floresta Ombrófila Densa Submontana):

1. Aspleniaceae Asplenium cristatum Lam. Asplenium formosum Willd. Asplenium serratum L.

2. Blechnaceae

Blechnum brasiliense Desv. Blechnum occidentale L. Blechnum serrulatum Rich. Salpichlaena volubilis (Kaulf.) Hook.

3. Cyatheaceae

Cyathea abreviata Fernandes Cyathea microdonta (Desv.) Domin Cyathea phalerata Mart. Cyathea praecincta (Kunze) Domin

4. Dennstaedtiaceae

Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea Lindsaea pallida Klotzsch

5. Dryopteridaceae

Ctenitis distans (Brack.) Ching Cyclodium heterodon (Schrad.) Moore var. abbreviatum (C. Presl) A.R. Sm. Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Preslvar. meniscioides Diplazium cristatum (Desv.) Aslton Megalastrum sp. Polybotrya cylindrica Kaulf. Tectaria incisa Cav. Triplophyllum dicksonioides (Fée) Holttum Triplophyllum funestum (Kunze) Holttum var. funestum Triplophyllum funestum (Kunze) Holttum var. perpilosum Holttum

6. Gleicheniaceae

Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw. Gleichenella pectinata (Willd.) Ching

7. Hymenophyllaceae

Trichomanes hymenoides Hedw Trichomanes krausii Hook. & Grev. Trichomanes pinnatum Hedw. Trichomanes scandens L.

8. Lomariopsidaceae

Lomagramma guianensis (Aubl.) Ching Lomariopsis japurensis (Mart.) Sm.

9. Marattiaceae

Danaea bipinnata H. Tuomisto Danaea elliptica Sm. Danaea nodosa (L.) Sm.

10. Nephrolepidaceae

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Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott Nephrolepis rivularis (Vahl) Krug

11. Polypodiaceae

Campyloneurum repens (Aubl.) C. Presl Dicranoglossum desvauxii (Klotzsch) Proctor Dicranoglossum furcatum (L.) J. Sm. Microgramma geminata (Schrad) R.M Tryon & A.F. Tryon Microgramma lycopodioides (L.) Copel.

12. Pteridaceae

Adiantum argutum Splitg. Adiantum deflectens Mart. Adiantum diogoanum Glaz. ex Baker Adiantum dolosum Kunze Adiantum glaucescens Klotzsch Adiantum humile Kunze Adiantum latifolium Lam. Adiantum obliquum Willd. Adiantum petiolatum Desv. Adiantum pulverulentum L. Adiantum serratodentatum Humb. & Bonpl. ex Willd. Adiantum terminatum Kunze ex Miq. Doryopteris pedata (L.) Fée var. multipartita (Fee) R.M. Tryon Hemionitis palmata L. Pityrogramma calomelanos (L.) Link var. calomelanos Pteris biaurita L. Pteris denticulata Sw. var. denticulata

13. Schizaeaceae

Actinostachys pennula (Sw.) Hook. Anemia hirta (L.) Sw. Anemia phyllitidis (L.) Sw. Anemia villosa Humb. & Bonpl. ex Willd. Lygodium venustum Sw. Lygodium volubile Sw. Schizaea elegans (Vahl) Sm.

14. Selaginellaceae

Selaginella muscosa Spring Selaginella sp.

15. Thelypteridaceae

Macrothelypteris torresiana (Gaudich) Ching Thelypteris abrupt (Desv.) Proctor Thelypteris biolleyi (Christ) Proctor Thelypteris hispidula (Decne.) C.F. Reed Thelypteris macrophylla (Kunze) C.V. Morton Thelypteris poiteana (Bory) Proctor Thelypteris polypodioides (Raddi) C.F. Reed Thelypteris serrata (Cav.) Alston

16. Vittariaceae

Ananthacorus angustifolius Underw. & Maxon Anetium citrifolium (L.) Splitg. Polytaenium guayasense (Hieron.) Alston Vittaria lineata (L.) Sm.

Page 54: Proposta para criação de Unidade de Conservação na Mata de ... · incremento no turismo nesta região, o que demandará uma infraestrutura apropriada. Este quadro investimentos

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - SEMAS

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Apêndice IV

Lista das espécies de briófitas epíxilas da família Lejeuneaceae, amostradas nos levantamentos

realizados nos fragmentos florestais do Engenho Água Azul (Floresta Ombrófila Densa

Submontana):

Aphanolejeunea sicaefolia (Gott. in Steph.) Evans

Ceratolejeullea cubellsis (Mont.) Schiffn

Ceratolejeullea maritima (Spruce) Steph.

Cheilolejeullea adllata (Kunze) Grolle

Cheilolejeullea rigidula Schust.

Cheilolejeullea trifaria (Reinw. et ai.) Mizut.

Drepanolejeunea mosenii (Steph.) Bischler

Harpalejeunea tenuicuspis (Spruce) Schiffn.

Harpalejeunea sp.

Lejeunea sp. 1

Lejeunea sp. 2

Prionolejeunea luensis Herzog

Pycnolejeunea contigua (Nees) Grolle

Rectolejeuneaflagelliformis Evans

Trachylejeunea crenata (Nees & Mont.) Schust.

Archilejeunea fuscescens (Hampe ex Lehm.) Fulf.

Lopholejeunea sub fusca (Nees) Steph.

Stictolejeunea squamata (Willd. ex Web.) Schiffn.

Symbiezidium barbiflorum (Lindenb. & Gott.) Evans