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Propostas de mitigação para as emissões poluentes das aeronaves: Aplicação ao Aeroporto de Lisboa
Joana André Matias Ribeiro
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri Presidente: Prof. Doutor José Álvaro Pereira Antunes Ferreira
Orientador: Prof.ª Doutora Maria do Rosário Maurício Ribeiro Macário
Vogal: Prof. Doutor Filipe Manuel Mercier Vilaça e Moura
Junho de 2010
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“Pensar é o trabalho mais duro que existe, razão pela qual, provavelmente, poucos se
dedicam a ele.”
Henry Ford
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Agradecimentos
Agradeço à minha professora, por me ter ajudado a embarcar nesta viagem de avião, por me
ter fornecido as ferramentas para o poder pilotar e por fim, aterrar em segurança. A aterragem não foi
fácil, o percurso foi bastante turbulento, mas a força prevaleceu. Agradeço à professora por me ter
consentido descobrir este novo mundo, sem me impedir de tropeçar, o que me proporcionou muito
mais experiência.
Agradeço imenso ao co-piloto desta viagem, o Vasco, que sem ele a viagem teria sido
inóspita, muito menos interessante e a aterragem poderia ter sido borregada. Obrigada Vasco, por
todo o tempo dispendido, pela ajuda, pela simpatia e companheirismo durante a longa viagem.
Agradeço a todos os meus caros colegas do gabinete 4.24, Tiago, Luís, Feliciana, Mauro,
Camila… e aos meus colegas do gabinete vizinho, Tiago, Luís e Ana…
Agradeço aos meus colegas de curso e grandes amigos, que muito me ajudaram, Zé Pedro,
Marianas, António, Italma, Denise, Maria, Simão, Ângela, Nídia e a todos os outros que são mesmo
muitos!
Ao Zé Pedro, ao António e à Mariana um obrigado especial por toda a paciência e ajuda na
fase final da viagem.
Aos meus amigos do mundo fora do IST, que também me apoiaram muito, especialmente à
Carolina Pina e à Sofia. Á Carolina agradeço a sua ajuda nas traduções e à Sofia agradeço todas as
energias positivas com que me foi presenteando…Um muito muito obrigada!
À Belina por muito me ter ajudado no processo de crescimento pessoal e à Mitó, que apesar
de ter aparecido muito recentemente, muito me ajudou para a minha concentração na fase final da
viagem. Muito obrigada!
Ao Zé Leo que foi a catapulta desta viagem, que me incentivou a entrar neste mundo, que me
ajudou imenso nas palavras técnicas, conhecimento e no contacto com várias pessoas que me
ajudaram também. Obrigada!
À Dona Carlota da biblioteca do INAC, que me conduziu à Dona Isabel Ferreira da biblioteca
da ANA, que por sua vez me falou da Eng.ª Gisela Padre. Um obrigada à Eng.ª Gisela e à Eng.ª
Susana Santos da ANA, pela disponibilidade e simpatia. Obrigada!
Ao Controlador Aéreo Pedro Sotto Mayor, que me pôs em contacto com o Controlador José
Benvindo e Rui Neves, da NAV Portugal. Obrigada!
À Feliciana agradeço pela simpatia e atenção dada e ao seu marido, Tiago Lopes por
também participarem no enriquecimento da minha viagem.
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À Dona Alice agradeço por ser uma querida.
Agradeço ao Mauro todas as dicas e partilha de informação, muito importantes para o
sucesso desta viagem. Vasco, obrigada mais uma vez!
Ao Piloto Miguel Vicente pela rica conversa que muito me ajudou na realização da viagem.
Agradeço à Professora também, pelos projectos em que me envolveu, AirDev e AirNets. À
Carina agradeço a eficiência durante estes processos!
Por fim, e porque os últimos são sempre os primeiros, agradeço aos meus pais, por tudo, por
me apoiarem, apesar de todos os contratempos, por nunca desistirem de mim… Ao meu irmão
também, por fazer parte dos importantes da minha vida que me apoiaram muito durante a viagem.
Aos meus pais agradeço por me terem proporcionado a minha vinda para o IST… e que termina com
esta viagem. Muito obrigada família!
Obrigada a todos os que por algum motivo não mencionei, mas que não estão esquecidos!
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Resumo
Nesta dissertação são sugeridas quatro propostas mitigadoras para as emissões poluentes
das aeronaves, no aeroporto de Lisboa. Estimaram-se as emissões poluentes dos hidrocarbonetos
(HC), do monóxido de Carbono (CO), dos óxidos de Azoto (NOX), do dióxido de Carbono (CO2), do
dióxido de Enxofre (SO2) e das partículas em suspensão (PM) provenientes das aeronaves no ciclo
de aterragem e descolagem (LTO), para o ano de 2008, constituindo o caso de referência.
A proposta 1 sugere que as aeronaves usem apenas um dos reactores para a rolagem nos
taxiways. Na proposta 2 pretende-se que as aeronaves sejam rebocadas e levadas pelo push-back
até à cabeceira da pista de descolagem no taxi out e da pista até ao stand no taxi in. Na proposta 3
pretende-se uma redução do tempo de rolagem de cerca de 20%, propondo-se um terminal remoto,
junto à pista 03 – 21, capaz de estacionar 75% das aeronaves do aeroporto. Por último, a proposta 4
sugere um sistema inovador de reboque de aeronaves, do stand até à pista de descolagem.
A principal vantagem de todas as propostas é a menor quantidade de combustível consumido
e a consequentemente menor quantidade de gases e partículas poluentes emitidos, embora estas
alterem os procedimentos operacionais do aeroporto, provocando impactos ao nível do seu
desempenho e segurança.
Comparando com o caso de referência, as propostas 2 e 4 permitem reduções bastante
significativas, entre 80 e 90%, nas emissões de HC e CO, nas emissões de CO2, SO2 e PM, permitem
reduções da ordem dos 29% e nas emissões de NOX, de 8%. A proposta 1 e 3 apresentam menores
reduções.
Palavras-chave: Aeroporto de Lisboa, Emissões poluentes, Medidas de Mitigação, Qualidade do ar
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Abstract
This dissertation puts forward four mitigation proposals for aircraft emissions at the Lisbon
airport. For the reference case, the aircraft emissions of hydrocarbons (HC), Carbon monoxide (CO),
Nitrogen oxides (NOX), Carbon dioxide (CO2), Sulfur dioxide (SO2) and Particulate matter (PM) in the
Landing and Take-off (LTO) cycle were estimated for the year 2008.
In proposal 1, it is intended that aircrafts use only half of the engines during taxiing phase,
whereas in proposal 2 aircrafts are towed and carried by the push-back to/from runway in the taxi
out/in. Proposal 3 expects a reduction of taxiing time of 20%, achieved by proposing a new terminal,
along the runway 03 – 21, which is able to park 75% of the aircrafts. Finally, the proposal 4 introduces
an innovative automatic system for aircraft taxiing.
The main advantage of all the proposals is the smallest amount of fuel consumed and
consequently minor amount of gaseous and particulate pollutants. However, these proposals change
the airport operational procedures, resulting into impacts on performance and safety.
Proposals 2 and 4 result in a very significant reduction, around 80 and 90% in HC and CO
emissions, compared to the reference case. These proposals also result in reduction of CO2, SO2 and
PM emissions in 29% and of NOX emissions in 8%. Proposals 1 and 3 result in smaller reductions.
Keywords: Air quality, Lisbon airport, Mitigation measures, Pollutant emissions
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 19
1.1 Motivação e relevância do tema .......................................................................... 19
1.2 Objectivos ........................................................................................................... 23
1.3 Metodologia adoptada ......................................................................................... 23
2. Sistema de Transporte Aéreo ................................................................................................. 25
2.1 Definição e função de Aeroporto ......................................................................... 25
2.2 Actores no sistema aeroportuário ........................................................................ 28
2.3 Processos e Actividades Aeroportuárias .............................................................. 30
2.4 Serviços da aeronave .......................................................................................... 32
2.4.1 Abastecimento de combustível ................................................................ 32
2.4.2 Abastecimento de energia eléctrica ......................................................... 33
2.4.3 Aquecimento/Arrefecimento .................................................................... 33
2.5 Serviços de placa ................................................................................................ 34
2.6 Equipamento Externo de Placa ........................................................................... 36
2.6.1 Transporte para passageiros ................................................................... 36
2.6.2 Veículos de Catering ............................................................................... 37
2.7 Serviços não aeronáuticos .................................................................................. 38
3. Ambiente .................................................................................................................................. 41
3.1 Impacto da poluição no sistema de transporte aéreo ........................................... 41
3.2 Alterações Climáticas .......................................................................................... 42
3.3 Qualidade do ar ................................................................................................... 43
3.3.1 Emissões e poluentes atmosféricos ......................................................... 43
3.3.2 Poluentes relevantes na actividade aeroportuária .................................... 43
3.4 Efeitos adversos na saúde humana devido aos poluentes atmosféricos .............. 47
3.5 Valores admissíveis para as emissões ................................................................ 48
3.6 Fontes emissoras relacionadas com o aeroporto ................................................. 50
3.7 Emissões poluentes em alguns aeroportos .......................................................... 51
3.8 Metodologia para cálculo de emissões de aeronaves .......................................... 54
3.8.1 Método de Cálculo das emissões de HC, CO e NOX................................ 54
3.8.2 Método de Cálculo das emissões de SO2, CO2 e PM ............................... 55
12
4. Mitigação.................................................................................................................................. 57
4.1 Medidas mitigadoras do Lado Terra (Aeronáutico) ............................................... 59
4.1.1 Tráfego do aeroporto ............................................................................... 59
4.1.2 Equipamento de assistência em terra (GSE) ........................................... 63
4.1.3 Outros ..................................................................................................... 63
4.2 Medidas mitigadoras do Lado Terra (Não-Aeronáutico) ....................................... 64
4.2.1 Instalações de Energia/Aquecimento ....................................................... 64
4.2.2 Manutenção do aeroporto ....................................................................... 65
4.2.3 Serviços não aeronáuticos ...................................................................... 67
4.2.4 Tráfego de veículos (exterior ao aeroporto) ............................................. 68
4.2.5 Outros ..................................................................................................... 68
4.3 Medidas mitigadoras do Lado Ar ......................................................................... 69
4.3.1 Aeronaves ............................................................................................... 69
4.3.2 Procedimentos Operacionais ................................................................... 70
4.3.3 Aeroporto ................................................................................................ 70
4.4 Outras medidas ................................................................................................... 71
5. Aplicação ao Aeroporto de Lisboa ......................................................................................... 73
5.1 Enquadramento do Aeroporto de Lisboa.............................................................. 73
5.1.1 Localização do aeroporto ........................................................................ 73
5.1.2 Classificação do aeroporto ...................................................................... 74
5.2 Caso de referência .............................................................................................. 75
5.2.1 Método de Cálculo .................................................................................. 75
5.2.2 Resultados das Emissões Actuais (Caso de Referência) ......................... 78
5.3 Propostas de mitigação ....................................................................................... 83
5.3.1 Proposta 1 .............................................................................................. 84
5.3.2 Resultados .............................................................................................. 84
5.3.3 Proposta 2 .............................................................................................. 85
5.3.4 Resultados .............................................................................................. 86
5.3.5 Proposta 3 .............................................................................................. 87
5.3.6 Resultados .............................................................................................. 90
5.3.7 Proposta 4 .............................................................................................. 92
13
5.3.8 Resultados .............................................................................................. 92
5.4 Comparação das propostas ................................................................................. 93
5.5 Análise Crítica das propostas .............................................................................. 98
6. Discussão e Conclusões ....................................................................................................... 101
Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 105
Legislação .................................................................................................................................... 111
WEBSITES .................................................................................................................................... 111
GLOSSÁRIO .................................................................................................................................. 113
ANEXO I .................................................................................................................................... 115
ANEXO II .................................................................................................................................... 121
ANEXO III .................................................................................................................................... 161
Lista de Figuras Figura 1.1- Visão de longo prazo do crescimento do sector da aviação . .......................................... 19
Figura 1.2 -a) Repartição energética e b) energia dispendida pelos diferentes sectores de transporte
......................................................................................................................................................... 20
Figura 1.3 -a) Actividades responsáveis pelos gases com efeito de estufa e b) repartição modal dos
transportes responsáveis pelos gases com efeito de estufa .............................................................. 20
Figura 2.1- Carro de abastecimento de combustível de aeronaves (Aeroporto de Lisboa)................. 32
Figura 2.2- Unidade que fornece energia eléctrica à aeronave (GPU). .............................................. 33
Figura 2.3- Boeing 777 sendo abastecido durante a rotação com ajuda de equipamentos móveis e
sistemas auxiliares ............................................................................................................................ 34
Figura 2.4- Veículo de salas de estar de passageiros móveis – mobile lounges ................................ 35
Figura 2.5- Reboque a ser conectado à aeronave – push- back (Aeroporto de Lisboa). .................... 35
Figura 2.6- Autocarro de transporte de passageiros (Aeroporto de Lisboa). ...................................... 36
Figura 2.7- Veículo elevatório de catering ......................................................................................... 37
Figura 2.8 - Sala de espera (lounge), lojas e salas de TV e vídeo . ................................................... 38
Figura 3.1- Impacto da poluição no transporte aéreo. ....................................................................... 41
Figura 3.2- Área de estudo LAX. Zona A (contravento); Zona B (500m a favor do vento nas
actividades de aterragem); Zona C (pista de rolagem – taxiway); Zona D (zona de descolagens); Zona
E (900m a favor do vento da zona de aterragens) ............................................................................. 53
Figura 3.3 - Ciclo de aterragem e descolagem - LTO ........................................................................ 55
Figura 4.1- Veículo Airpod . .............................................................................................................. 60
Figura 4.2 e Figura 4.3 – Aeroporto tradicional (à esquerda) e aeroporto vertical (à direita) ............. 71
Figura 5.1 - Localização do aeroporto de Lisboa .............................................................................. 73
Figura 5.2 – Posição do aeroporto de Lisboa, no ranking apresentado pelo ACI .............................. 74
14
Figura 5.3- Placa de estacionamento e terminal principal do aeroporto de Lisboa. ............................ 87
Figura 5.4- Expansão da placa de estacionamento com novo terminal remoto.................................. 89
Figura 5.5 - Exemplo de ponte aérea que pode ser utilizado no terminal remoto .............................. 89
Figura III.1.1 – Percurso P1 ............................................................................................................ 163
Figura III.1.2 - Percurso P2............................................................................................................. 163
Figura III.1.3 - Percurso P3............................................................................................................. 164
Figura III.1.4 - Percurso P4............................................................................................................. 164
Figura III.1.5 - Percurso P5............................................................................................................. 165
Figura III.1.6 - Percurso P6............................................................................................................. 165
Figura III.2.1 - Percurso P7............................................................................................................. 166
Figura III.2.2 - Percurso P8............................................................................................................. 166
Figura III.2.3 - Percurso P9............................................................................................................. 167
Figura III.2.4 - Percurso P10........................................................................................................... 167
Figura III.2.5 - Percurso P11........................................................................................................... 168
Figura III.2.6 - Percurso P12........................................................................................................... 168
Lista de Tabelas Tabela 1.1- Metas de redução de alguns impactos ambientais na UE até o ano de 2020 .................. 22
Tabela 2.1-Organizações afectadas pela operação de um grande aeroporto .................................... 28
Tabela 2.2 - Operações de assistência no lado ar ............................................................................. 30
Tabela 2.3- Operações do lado terra ................................................................................................. 31
Tabela 3.1- Possíveis impactos ambientais resultantes de um sistema de transporte ........................ 41
Tabela 3.2 - Resumo dos efeitos adversos das emissões e dos poluentes na saúde ........................ 48
Tabela 3.3- Regulamentação da qualidade do ar em diferentes países. ............................................ 49
Tabela 3.4 – Fontes de emissão de poluentes nos aeroportos. ......................................................... 50
Tabela 4.1- Correspondência entre o combustível fóssil e o combustível alternativo ......................... 60
Tabela 4.2 - Opções hierárquicas de oferta de energia renováveis para ZEB .................................... 67
Tabela 5.1- Número de movimentos por tipo de aeronave no aeroporto de Lisboa ............................ 76
Tabela 5.2 - Tipos de reactores da base de dados da ICAO e da AERO2K. ...................................... 77
Tabela 5.3 - Total de emissões poluentes e consumo de combustível das aeronaves, no aeroporto de
Lisboa (Base de dados ICAO). .......................................................................................................... 78
Tabela 5.4 - Total de emissões poluentes e consumo de combustível das aeronaves, no aeroporto de
Lisboa (Base de dados AERO2K). .................................................................................................... 80
Tabela 5.5– Aplicação da proposta 1 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo)...... 84
Tabela 5.6 - Resultados das emissões poluentes e do consumo de combustível aplicando a proposta
1 e respectivas reduções (base dados ICAO). ................................................................................... 85
Tabela 5.7 - Aplicação da proposta 2 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo). .... 85
Tabela 5.8 - Resultados das emissões poluentes e do consumo de combustível aplicando a proposta
2 ou da proposta 4 e respectivas reduções (base dados ICAO). ........................................................ 86
15
Tabela 5.9 - Aplicação da proposta 3 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo). .... 87
Tabela 5.10 - Distâncias dos vários percursos de Taxi out do aeroporto de Lisboa. ........................... 88
Tabela 5.11 - Distâncias dos vários percursos de Taxi in do aeroporto de Lisboa. ............................. 88
Tabela 5.12 – Novas distâncias dos vários percursos de Taxi out do aeroporto de Lisboa. ............... 90
Tabela 5.13 - Novas distâncias dos vários percursos de Taxi in do aeroporto de Lisboa. .................. 90
Tabela 5.14 - Resultados das emissões poluentes e do consumo de combustível aplicando a
proposta 3 e respectivas reduções (base dados ICAO). ...................................................................... 91
Tabela 5.15- Aplicação da proposta 4 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo). ... 92
Lista de Esquemas Esquema 1.1 – Esquema da estrutura da dissertação. ....................................................................... 24
Esquema 2.1- Esquema do sistema aeroportuário - lado terra e lado ar ............................................ 27
Esquema 2.2- Esquema simplificado do sistema de transporte aéreo ................................................ 29
Esquema 2.3 - Esquema de um aeroporto ........................................................................................... 32
Esquema 4.1- Locais do aeroporto onde são necessárias medidas de mitigação .............................. 57
Lista de Gráficos Gráfico 5.1- Distribuição de aeronaves no aeroporto de Lisboa .......................................................... 75
Gráfico 5.2 - Distribuição das emissões de HC provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (ICAO). ............................................................................................................................ 79
Gráfico 5.3- Distribuição das emissões de CO provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (ICAO). ............................................................................................................................ 79
Gráfico 5.4 - Distribuição das emissões de NOX provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (ICAO). ............................................................................................................................ 79
Gráfico 5.5- Distribuição das emissões de CO2 provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (ICAO). ............................................................................................................................ 79
Gráfico 5.6 -Distribuição das emissões de SO2 provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (ICAO). ............................................................................................................................ 79
Gráfico 5.7 - Distribuição das emissões de PM provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (ICAO). ............................................................................................................................ 79
Gráfico 5.8 - Distribuição do consumo de combustível resultante das aeronaves nas diferentes fases
de um ciclo LTO (ICAO). ....................................................................................................................... 80
Gráfico 5.9- Distribuição das emissões de HC provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (AERO2K). ...................................................................................................................... 81
Gráfico 5.10 - Distribuição das emissões de CO provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (AERO2K). ...................................................................................................................... 81
Gráfico 5.11- Distribuição das emissões de NOX provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (AERO2K). ...................................................................................................................... 81
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Gráfico 5.12- Distribuição das emissões de CO2 provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (AERO2K). ...................................................................................................................... 81
Gráfico 5.13 - Distribuição das emissões de SO2 provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (AERO2K). ...................................................................................................................... 81
Gráfico 5.14- Distribuição das emissões de PM provenientes das aeronaves nas diferentes fases de
um ciclo LTO (AERO2K). ...................................................................................................................... 81
Gráfico 5.15- Distribuição do consumo de combustível resultante das aeronaves nas diferentes fases
de um ciclo LTO (AERO2K). ................................................................................................................. 82
Gráfico 5.16 - Resultados das emissões poluentes do caso de referência (2008) e das propostas
sugeridas, utilizando a base dados da ICAO. ....................................................................................... 93
Gráfico 5.17 - Resultados das emissões de CO2 do caso de referência (2008) e das propostas
sugeridas, utilizando a base dados da ICAO. ....................................................................................... 93
Gráfico 5.18 - Redução nas emissões poluentes aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base
dados da ICAO. ..................................................................................................................................... 94
Gráfico 5.19 – Combustível consumido no caso de referência (2008) e aplicando as propostas
sugeridas, utilizando a base dados da ICAO. ....................................................................................... 94
Gráfico 5.20 – Comparação das reduções no consumo de combustível aplicando as propostas
sugeridas, utilizando a base dados da ICAO. ....................................................................................... 95
Gráfico 5.21 - Resultados das emissões poluentes do caso de referência (2008) e das propostas
sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K. ................................................................................. 95
Gráfico 5.22 - Resultados das emissões de CO2 do caso de referência (2008) e das propostas
sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K. ................................................................................. 96
Gráfico 5.23 - Redução nas emissões poluentes aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base
dados da AERO2K. ............................................................................................................................... 96
Gráfico 5.24 - Combustível consumido no caso de referência (2008) e aplicando as propostas
sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K. ................................................................................. 97
Gráfico 5.25 - Comparação das reduções no consumo de combustível aplicando as propostas
sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K. ................................................................................. 97
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Lista de Acrónimos e Abreviaturas ACI - Airports Council International
APA – Agência Portuguesa do Ambiente
AERO2K – Global Aviation Emisions Inventories for 2002 and 2025
ANA – Gestora dos Aeroportos de Portugal
APU – Auxiliar Power Units: Unidade auxiliar de fornecimento de energia à aeronave
ATC – Air Traffic Control: controlo de tráfego aéreo feito a partir do chão
ATM – Air Traffic Management: gestão do controlo de tráfego aéreo
BC – Black Carbon
BIPV – Building Integrated Photovoltaics
BTX – Benzeno, Tolueno e Xilenos
CAA - UK Civil Aviation Authority
CELE - Comércio Europeu de Lincenças de Emissão de Gases com Efeito de Estufa. Em inglês,
Emission Trading System (ETS)
CO – Monóxido de Carbono
COV’s – Compostos Orgânicos Voláteis
CO2 – Dióxido de Carbono
CTA - Centro Técnico Aeroespacial no Brasil
EPA – United States Environmental Protection Agency
EU – União Europeia
ETVs – Veículo transfer elevatório
FT – Fischer-Tropsch
GEE – Gases com efeito de estufa
GPU - Ground Power Unit: Unidade que fornece energia eléctrica à aeronave
GSE – Ground Support Equipment: Equipamento de assistência à aeronave em terra
HAPs – Hazardous Air Pollutants (Poluentes atmosféricos perigosos) ou Hidrocarbonetos Aromáticos
Policíclicos
HC - Hidrocarbonetos
IATA – International Air Transport Association
ICAO – International Civil Aviation Organization
INAC – Instituto Nacional da Aviação Civil
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
IST – Instituto Superior Técnico
KLM – Royal Dutch Airlines
LAX – Aeroporto Internacional de Los Angeles
LTO - Ciclo de aterragem e descolagem de uma aeronave
MDI - Motor Development International
MTF – Mixed Turbofan
NAER – Novo Aeroporto, SA
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NAV – Navegação Aérea de Portugal
NB – Narrow body
NO – Monóxido de Azoto
NOX – Óxidos de Azoto
NO2 – Dióxido de Azoto
O3 – Ozono
PEMFC – Polymer Electrolyte Membrane Fuel Cell
PM – Partículas em suspensão
PV - Fotovoltaico
SN – Smoke Number
SO2 – Dióxido de Enxofre
TAP – Transportes Aéreos Portugueses
TC – Transporte Colectivo
TF – Turbofan
TiO2 – Dióxido de titânio
TVs – Veículo transfer
UFP – Partículas Ultra Finas
ULD – Unit Load Device: Unidade de carga
UV – Radiação Ultravioleta
WB – Wide body
WHO – World Health Organization: Organização Mundial de Saúde
ZEB – Zero Energy Building
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1. Introdução
1.1 Motivação e relevância do tema
Nos últimos anos tem-se verificado um grande crescimento do transporte aéreo
proporcionando benefícios para a economia e prosperidade para as sociedades europeias,
contribuindo para a globalização. No entanto, a aviação tem apresentado impactos ambientais
adversos que impõem custos tanto à sociedade como à economia (Eurocontrol, 2008; Janic, 2008).
Desde 1960, o tráfego de passageiros tem crescido perto dos 9% por ano, apesar de ter
decrescido para cerca de 5% em 1997 (IPCC, 1999). As opiniões acerca do futuro crescimento da
aviação variam, havendo alguma dúvida de que esse crescimento seja da ordem dos 5% em todo o
mundo, na próxima década, com um crescimento mais baixo na Europa do que em outras partes
(Somerville, 2003). Contudo, a maioria das tendências da aviação ao longo dos últimos 50 anos
parecem mudanças evolutivas, apresentando uma tendência de longo prazo de cerca de 4,0% de
crescimento anual (Figura 1.1).
Sendo o sector da aviação uma parte importante e integrante da economia mundial em
expansão, pode afirmar-se que este sector tem sido um sucesso. Em consequência disso, o
crescimento deste sector tem-se mantido e a confirmarem-se as tendências actuais, o tráfego aéreo
duplicará até 2020 de acordo com a Directiva 2008/101/CE.
Figura 1.1- Visão de longo prazo do crescimento do sector da aviação (Fonte: Eurocontrol, 2008).
20
a) Petróleo (97%)
Gás Natural (2%)
Electricidade (1%)
Energia renovável (<0,5%)
b)Rodoviário (81%)
Aéreo (13%)
Marítimo (2%)
Ferroviário (2%)
Oleoduto (2%)
b)Transporte Rodoviário (65%)
Transporte Ferroviário, aviação doméstica e vias navegáveis (23%)Aviação Internacional (5%)
Navegação Internacional (7%)
a) Produção de Energia (41%)
Fabrico e Construção (19%)
Transportes (26%)
Residencial (8%)
Comercial e Outros (6%)
Na União Europeia bem como noutras regiões do mundo, o sistema de transportes tem
permitido o contínuo aumento da sua quota-parte no total das emissões de CO2 devido à acção
humana, desde 21% no ano de 1990 até cerca de 26% no ano de 2002 (Janić, 2007). Sendo o
petróleo a fonte dominante de combustível para o sector dos transportes (Figura 1.2 a), o transporte
aéreo constitui 13% do total de energia usada por este sector (Figura 1.2 b). Esta dependência dos
combustíveis fósseis torna o sector o maior responsável nos gases com efeito de estufa (GEE),
sendo um dos poucos sectores industriais onde as emissões continuam a crescer. É importante referir
ainda que o sector dos transportes é responsável pelos GEE em 26% (Figura 1.3 a), sendo o
transporte aéreo responsável por 5% dos GEE do sector, devido à aviação internacional (Figura 1.3
b).
Figura 1.2 -a) Repartição energética e b) energia dispendida pelos diferentes sectores de transporte (Fonte: adaptado de Chapman, 2007).
Figura 1.3 -a) Actividades responsáveis pelos gases com efeito de estufa e b) repartição modal dos transportes responsáveis pelos gases com efeito de estufa (Fonte: Adaptado de Chapman, 2007).
21
Em Portugal, as indústrias da energia e os transportes são as duas fontes
mais importantes representando aproximadamente 24,5% do total de emissões, em 2008. Isso
reflecte a forte dependência do país em combustíveis fósseis para a geração de electricidade e nos
transportes, que tem crescido de forma constante até meados da década de 2000 devido ao
crescimento da mobilidade e ao contínuo aumento da procura de electricidade em
particular no sector residencial e comercial (Pereira et al., 2010).
No último século, as actividades antropogénicas (resultantes das actividades humanas) têm
ameaçado a alteração do clima, com o aquecimento global. O termo “aquecimento global” refere-se à
medida do aumento da temperatura média da Terra. Este aumento da temperatura é consequência
da acumulação de GEE na atmosfera devido à queima contínua de combustíveis fósseis e às
alterações do uso do solo (Chapman, 2007). O tema global e controverso das alterações climáticas e
o transporte é, na verdade, parte de um desafio muito maior, o desenvolvimento sustentável
(Chapman, 2007). A definição clássica de desenvolvimento sustentável consta do relatório da
Comissão Brundtland (1987): “Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades”. De acordo com o ponto de vista do governo do Reino Unido, desenvolvimento
sustentável pode ser definido como “melhor qualidade de vida para toda a gente, agora e para as
gerações futuras” (Somerville, 2003).
Desta forma, o interesse público na preservação do ambiente tem aumentado e está centrado
no potencial aumento do consumo de energia sob a forma do querosene, derivado do petróleo
natural. Apesar das melhorias na eficiência dos reactores e na aerodinâmica das aeronaves, haverá
maior produção de CO2 com a expansão da indústria da aviação, devido à queima do querosene
(Somerville, 2003).
Especificamente nos aeroportos, os impactos ambientais decorrentes da aviação têm o
potencial de restringir a capacidade operacional ou o crescimento dos aeroportos, quando: o ruído ou
as emissões excedem os limites regulamentares; existem acordos de planeamento ou critérios de
tolerância dentro de comunidades circundantes; a energia e abastecimento de água são escassos; o
crescimento das infra-estruturas é limitado por habitats sensíveis ou edifícios existentes; resposta
política, ou os custos da mitigação ambiental aumentam os custos operacionais (Eurocontrol, 2008).
Assim sendo, cada vez mais a aviação está a reconhecer e a agir sobre os seus impactos ambientais
mas mesmo com as melhorias de outras fontes, tais como as tecnologias mais limpas das aeronaves,
o crescimento da aviação vai continuar a ser um desafio ambiental. Os desafios ambientais da
aviação são simultaneamente globais, como por exemplo as emissões de CO2, e locais, como por
exemplo a qualidade do ar e o ruído (Eurocontrol, 2008). Desta maneira, a aviação não só tem
impacto nas alterações climáticas como também na qualidade do ar local, particularmente próximo
dos aeroportos podendo prejudicar a saúde humana (CAA, 2007).
Cada vez mais, governos, organizações sem fins lucrativos, indústrias e outras organizações
estão a dar atenção para o papel das empresas no futuro sustentável global da sociedade. O desafio
22
para a aviação deve ser visto no contexto de compromissos e propostas de redução das emissões.
Apesar das emissões da aviação internacional não estarem integradas nos compromissos assumidos
ao abrigo do Protocolo de Quioto, Portugal assumiu o compromisso de não apresentar um aumento
das suas emissões de dióxido de Carbono superior a 27% no período de 2008-2012 relativamente ao
ano de 1990 (ano de referência).
A Comissão Europeia reconheceu que a inclusão do sector da aviação no regime europeu de
comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa (CELE) constitui apenas uma medida
possível a adoptar no plano internacional para contrariar o impacto crescente das emissões do sector
da aviação no clima e sugeriu que se apresentassem propostas relativas às emissões de dióxido de
Azoto (NO2) depois da realização de uma avaliação de impacto em 2008. A inclusão do sector da
aviação no ETS constitui um elemento essencial que revela o empenho da União Europeia (EU) na
redução de 20%, em relação aos níveis de 1990, das suas emissões de CO2 até 2020 (Directiva
2008/101/CE) – ver Tabela 1.1. O raciocínio subjacente sustenta que incluindo a aviação no ETS da
EU, resultará numa melhor abordagem sob o ponto de vista económico e ambiental, de forma a
combater as emissões do sector (Macário et al., 2007).
O sector da aviação tem reconhecido os benefícios que proporciona para a economia,
admitindo também que estes benefícios não estão isentos de custos para o meio ambiente. A
indústria está a actuar e melhorar nesta área-chave de desempenho. Mas o crescimento contínuo
fará com que o desafio global de redução de emissões de CO2 e, a nível local, de ruído e qualidade
do ar implique que tenham de ser tomadas difíceis decisões ao nível de trade-offs.
A nível local e nacional, tem sido dada maior atenção aos aeroportos como, por vezes, os
maiores responsáveis para a poluição local. Em consequência disso, os aeroportos são desafiados a
melhorar o seu conhecimento nas emissões induzidas pelo aeroporto e a sua contribuição para a
poluição local e ainda planear acções de mitigação (Fleuti, 2001).
Tabela 1.1- Metas de redução de alguns impactos ambientais na UE até o ano de 2020 (Fonte: Janić, 2007).
23
Estima-se que seja necessária uma redução de 50% dos níveis globais nas emissões de CO2
em relação a 1990 para os próximos 40 a 50 anos, para evitar alterações climáticas perigosas. A
aviação civil contribui com cerca de 2% das emissões globais de CO2, bem como os efeitos não
relacionados com o CO2 que contribuem para as alterações climáticas (Eurocontrol, 2008).
1.2 Objectivos
O objectivo desta dissertação é sugerir propostas de mitigação para as emissões poluentes
das aeronaves, no aeroporto de Lisboa. Para isso foi necessário a priori quantificar as emissões
poluentes provenientes da actividade directa das aeronaves no ciclo de aterragem e descolagem
(LTO), ou seja, quando as aeronaves aterram, se movimentam em terra e se prepararam para
descolar, e propor algumas medidas capazes de reduzir essas emissões. As propostas de redução
de emissões apresentadas nesta dissertação incidem nos seguintes poluentes: hidrocarbonetos (HC),
monóxido de Carbono (CO), óxidos de Azoto (NOX), dióxido de Carbono (CO2), dióxido de Enxofre
(SO2) e partículas em suspensão (PM).
Embora outras actividades relacionadas com os processos do aeroporto sejam também
fontes emissoras de poluentes, neste trabalho sugerem-se medidas mitigadoras exclusivamente para
as emissões provenientes durante a rolagem das aeronaves, no aeroporto de Lisboa.
As melhorias da eficiência dos reactores das aeronaves permitem a emissão cada vez menor
de dióxido de Carbono mas, por sua vez, maior emissão de óxidos de Azoto. Como consequência
disso, as soluções de mitigação para os óxidos de Azoto deverão de estar relacionadas com a
estratégia de mitigação para o dióxido de Carbono (Schiphol Group, 2007).
As emissões de monóxido de Carbono e de hidrocarbonetos provenientes das aeronaves são
relevantes para a qualidade do ar, principalmente próximo de aeroportos enquanto que o gás que
contém enxofre mais abundante nos gases de escape das aeronaves é o dióxido de Enxofre. Apesar
dos progressos na caracterização das emissões, as maiores incertezas permanecem a respeito da
natureza das partículas (Lee et al., 2009). Os compostos orgânicos voláteis (COV‟s) são gases com
influências radiativas indirectas devido as seu efeito no Ozono e no Metano mas o conhecimento
científico destes agentes é reduzido (Lenzen et al., 2003).
Desta forma, apresentam-se quatro propostas de medidas mitigadoras e os respectivos
impactos nas emissões em relação ao caso de referência (ano 2008).
1.3 Metodologia adoptada
O desenvolvimento desta dissertação teve início em pesquisas bibliográficas em torno de dois
temas chave. Estudou-se em que consiste um sistema aeroportuário, os actores nele envolvidos e as
actividades aeroportuárias. Paralelamente, investigou-se os impactos ambientais de um aeroporto, os
24
poluentes gasosos e partículas mais relevantes nas actividades aeroportuárias e aprofundou-se o
método de cálculo para estimar emissões poluentes provenientes das aeronaves. Estes dois temas
permitiram a preparação necessária para aprofundar as possíveis formas de reduzir as emissões, nas
diversas fontes existentes num aeroporto. Por fim, optou-se por quantificar as emissões provenientes
das aeronaves do aeroporto de Lisboa e apresentar possíveis medidas de mitigação para as
mesmas.
Esquema 1.1 – Esquema da estrutura da dissertação.
Desta forma, este trabalho encontra-se dividido em seis grandes capítulos. O capítulo 1
apresenta a relevância do tema, os objectivos da dissertação e a sua organização. O capítulo 2
apresenta a definição e função de um aeroporto, os actores do sistema aeroportuário, as actividades
e processos aeroportuários. O capítulo 3 indica os impactos ambientais resultantes de um aeroporto,
debruçando-se nas emissões atmosféricas mais relevantes na actividade aeroportuária, indicando as
diversas fontes e o método de cálculo de emissões provenientes das aeronaves. Ainda no estado da
arte, juntamente com o capítulo 2 e 3, tem-se o quarto capítulo que apresenta várias acções que um
aeroporto pode adoptar do ponto de vista da redução das suas emissões. O capítulo 5 consiste na
aplicação dos conceitos teóricos dos capítulos anteriores ao aeroporto de Lisboa. Neste capítulo
apresentam-se as estimativas das emissões poluentes actuais dos principais gases e partículas e
apresentam-se quatro propostas para reduzir as emissões das aeronaves durante o modo
operacional de rolagem. Por fim, no capítulo 6, apresentam-se as principais conclusões da
dissertação e propõem-se futuros estudos (Esquema 1.1).
Introdução
(Capítulo 1)
Sistema
aeroportuário
(Capítulo 2)
Impactos
ambientais
(Capítulo 3)
Mitigação
(Capítulo 4)
Aplicação ao
Aeroporto de
Lisboa (Capítulo 5)
Conclusões
(Capítulo 6)
25
2. Sistema de Transporte Aéreo
2.1 Definição e função de Aeroporto
Genericamente, um aeroporto é uma infra-estrutura dimensionada para a operação de
aterragem e descolagem de aeronaves, contendo os serviços necessários para que estas operações
ocorram em segurança e comodidade. Durante estas operações procede-se ao embarque ou
desembarque de passageiros e tripulantes e executa-se o carregamento do correio, carga e
bagagens (Ashford et al., 1997; Neufville and Odoni, 2002).
Os aeroportos são de grandes dimensões, complexos e, geralmente, empresas industriais
lucrativas, englobando não só funções aeronáuticas, como também vastas instalações de
restaurantes, retalho e de lazer, isto é, serviços não aeronáuticos (Edwards, 2005). Os aeroportos
são parte essencial das infra-estruturas de transporte de uma nação, que apesar de fornecer muito
emprego no próprio aeroporto, suporta uma esfera mais ampla em termos sociais e económicos.
Contudo, estes são fontes significativas de poluição e impactos ambientais próximo e mais distante
utilizando uma grande concentração de uso de energia. São ainda pontos de trocas culturais,
económicas e comerciais (Edwards, 2005).
No passado, o aeroporto estava estruturado em cinco principais actividades: áreas de
rolagem e pistas; edifícios de controlo de tráfego aéreo; edifícios de manutenção de aeronaves;
terminais de passageiros e parques de estacionamento de automóveis e armazéns de carga; dentro
do lado ar e do lado terra, servido principalmente por automóveis e autocarros. Contudo, a tendência
actual de desenvolvimento nos aeroportos é mais social, comercial e turística, com instalações para
conferências, hotéis e lojas de informação turística comum. Além disso, o aeroporto como parte
integrante do sistema de transportes está conectado não só com os automóveis e autocarros, mas
por uma linha principal ou metropolitano (Edwards, 2005). Neste novo conceito o aeroporto pode
assemelhar-se a uma cidade, pois compreende uma grande variedade de infra-estruturas, sistemas,
utilizadores, trabalhadores, regras e regulamentação. Tal como as cidades prosperam com outras
cidades no comércio e nos negócios, os aeroportos têm sucesso em parte pela sua competência no
local onde os passageiros e carga viajam de e para outros aeroportos. Para além disso, assim como
as cidades encontram o seu lugar como parte integrante da economia do seu município, região ou
país, o aeroporto deve operar com sucesso como parte do sistema nacional de aeroportos (Wells e
Young, 2003).
Os aeroportos disponibilizam às companhias aéreas duas áreas distintas, o lado ar – airside -
e o lado terra – landside (Esquema 2.1). O tamanho do aeroporto reflecte-se nas áreas concebidas
para a instalação das infra-estruturas fixas - pistas de aterragem e descolagem – runways; zonas de
circulação de aviões – taxiways; estacionamento próximo dos terminais – ramps; placas de
estacionamento distantes dos terminais – aprons; portas de acesso às aeronaves - gates e/ou bridge
gates - que se incluem no lado ar - airside. Os terminais de passageiros e terminais de carga,
26
parques de estacionamento, estações de transportes públicos e todas as vias de acesso, incluindo
espaços para prestação de serviços de acesso ao aeroporto estão incluídos no lado terra – landside.
Adicionalmente, as infra-estruturas fixas, semi-móveis e móveis, equipamentos e dispositivos
fornecem os serviços para os utilizadores/utentes, que são as aeronaves, passageiros e rebocadores
de carga – shipments (Janić, 2007).
Genericamente, os terminais de passageiros bem como os terminais de carga são infra-
estruturas com três funções distintas: mudança de modo de transporte, que fornece a ligação física
entre o modo ar e modo terra; processamento, que fornece as instalações necessárias para a
emissão de bilhetes, documentação e controlo de passageiros e carga e mudança de tipo de
movimento, que converte fluxos contínuos de passageiros e mercadorias em fluxos agregados
aéreos (Ashford et al., 1997).
Existem aeroportos de diferentes tamanhos e formas, dependendo do volume de tráfego que
acomodam em termos de passageiros, número de movimentos de aeronaves e de carga por unidade
de tempo (Janić, 2007). Indicam-se três tipos de aeroportos: aeroportos internacionais, que servem
mais de vinte milhões de passageiros; aeroportos nacionais, que servem entre dois a vinte milhões
de passageiros e aeroportos regionais, que servem até dois milhões de passageiros (Edwards,
2005). Esta classificação tem em conta apenas o número de passageiros que o aeroporto serve
durante um ano. Porém, Little (2009) apresenta outra classificação baseando-se no número de
companhias existentes num aeroporto. Desta forma, um aeroporto pode ser um hub intercontinental
ou primário, se oferecer pelo menos vinte destinos de longo curso, que não sejam necessariamente
todos operados pela companhia de bandeira; hub secundário, que oferece cerca de dez rotas
intercontinentais e/ou várias rotas de médio curso, e por último, plataforma regional, definido como
não sendo um hub, onde o tráfego é principalmente ponto a ponto, focado nas rotas curtas e de
médio curso (Little, 2009).
27
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Esquema 2.1- Esquema do sistema aeroportuário - lado terra e lado ar (Fonte: Adaptado de Ashford et al., 1997).
Aproximação Descolagem
Pista de aterragem
Pista de Rolagem
Placa de Estacionamento
Stand
Pista de aterragem
Pista de Rolagem
Placa de Estacionamento
Stand
Terminal
Chegadas
Terminal de Bagagens
Catering Correio
Carga
Terminal
Partidas
Área de passageiros
Estacionamento EstradaTransportes terrestres
Estrada Estacionamento
Aeronave
La
do
ar
La
do
te
rra
Acesso Urbano
28
2.2 Actores no sistema aeroportuário
O aeroporto é uma parte essencial de todo o sistema de transporte aéreo pois é o local físico
onde se realiza a transferência do modo ar para o modo terra. Assim, o sistema de transporte aéreo
inclui a interacção de quatro actores principais: o aeroporto; as companhias aéreas, os utentes e
os “não-utentes” ou agentes externos (Ashford et al., 1997; Neufville and Odoni, 2002; Edwards,
2005; Janić, 2007).
Tabela 2.1-Organizações afectadas pela operação de um grande aeroporto (Fonte: adaptado de Ashford et al., 1997).
Actor Principal Organizações Associadas
Operador do Aeroporto
Autoridades Locais e
Municipais
Governo Central
Concessionários
Fornecedores
Utilitários
Fiscalizadores (Polícia)
Bombeiros
Ambulância e Serviços
médicos (INEM)
Controlo de tráfego aéreo
Meteorologia
Companhias aéreas
Fornecedores de
combustíveis
Engenharia
Catering/Duty free
Serviços sanitários
Outras companhias aéreas
e operadores
Utentes
Visitantes
Participantes de encontros
e remetentes
Não-utentes
Organizações vizinhas do
aeroporto
Grupos da comunidade
local
Câmaras de comércio local
Grupos anti-ruído
Grupos ambientalistas
Residentes da vizinhança
29
O Esquema 2.2 foca os principais actores directamente envolvidos no compromisso com a
sustentabilidade. Os utentes - “Users” – abrangem os passageiros individuais, a carga e remetentes
de correio, constituindo a procura para o sistema de transporte aéreo. Os operadores do sistema de
transporte aéreo - “Airlines, airports and ATM/ATC” – compreendem as companhias aéreas,
aeroportos e a gestão e controlo de tráfego aéreo. Os fabricantes aeroespaciais – “Aerospace
manufacturers” – fornecem recursos tais como, aeronaves, meios de navegação via rádio,
equipamento e outros componentes de sistemas de suporte. E por último, os agentes externos –
“Investidores” – abrangem as companhias de seguro, autoridades governamentais, membros de
comunidades vizinhas do aeroporto, organizações ligadas à aviação, grupos de pressão e o público
em geral.
Para que o sistema opere adequadamente é necessário que cada um dos actores esteja em
equilíbrio com os outros. Caso não se verifique esse equilíbrio, o resultado será o aparecimento de
fenómenos indesejáveis e uma consequente redução de desempenho (Ashford et al., 1997).
Esquema 2.2- Esquema simplificado do sistema de transporte aéreo (Fonte: Janić, 2007).
30
2.3 Processos e Actividades Aeroportuárias
O sistema aeroportuário é composto por uma diversidade de processos e actividades, os
quais se podem agrupar também em lado ar (airside) e lado terra (landside). No lado ar existem os
serviços de rampa, os serviços das aeronaves durante a rotação, os serviços a bordo e os serviços
com equipamento externo de placa (Tabela 2.2).
Tabela 2.2 - Operações de assistência no lado ar (Fonte: adaptado de Ashford et al., 1997, p.160).
Lado ar - airside
•Supervisão
•Triagem
•Arranque
•Reboque do avião
•Medidas de segurança
Serviços de Placa
•Reparação de falhas
•Abastecimento de combustível
•Verificação de sinais de rodas e pneus do avião
•Abastecimento de energia eléctrica (GPU)
•Aquecimento/Arrefecimento
•De-icing
•Serviços sanitários
•Água potável
•Água destilada
•Manutenção de Rotina
•Manutenção excepcional
•Limpeza das janelas do cockpit, asas, carenagens e janelas das cabines
Serviços da aeronave na placa
•Limpeza
•Catering
•Entertenimento durante o voo
•Serviços menores de guarnição de cabine
•Alteração da configuração de lugares
Serviços a bordo
•Escadas para passageiros
•Veículos de catering
•Equipamento de carregamento de correio
•Escadas para tripulação
Equipamento externo de placa
31
No lado terra existem as actividades relacionadas com as operações necessárias tanto nos
terminais de passageiros como nos terminais de carga (Tabela 2.3).
Tabela 2.3- Operações do lado terra (Fonte: adaptado de Ashford et al., 1997, p.160).
As diversas actividades do aeroporto abarcam actividades relativas às aeronaves e aos
passageiros; apoio técnico às aeronaves; abastecimento de combustível; e abastecimento de
consumíveis dos aviões – catering, entre outras. O controlo de tráfego aéreo é uma actividade
fundamental sem o qual nenhum aeroporto pode desempenhar as suas funções com segurança e
dentro da lei, sendo ele realizado pela torre de controlo (Esquema 2.3).
No aeroporto, os passageiros passam pelos balcões das companhias de aviação - “check in” -
para processamento de bilhetes e tratamento de bagagem. Os passageiros ou os visitantes terão a
possibilidade de utilizar os parques de estacionamento e acessibilidades para chegar ao aeroporto –
interface terrestre/aéreo. Depois do check in é executado o processamento de bagagens de carga e
descarga, separação e distribuição por destinos e também carga e descarga das aeronaves, i.e.
actividades de handling de bagagens. O controlo de passageiros e segurança no acesso às áreas de
embarque é feito antes da fronteira – check point. Após esta passagem os passageiros têm acesso a
uma área restrita de espaços comerciais onde podem fazer compras, consumir refeições entre outras
possibilidades. Antes do embarque, os passageiros, passam pelo serviço de controlo de passaportes
e fronteiras e pelas portas de acesso às mangas e/ou autocarros. Associado ao embarque e
desembarque dos passageiros existem actividades de manuseamento de mangas e movimentos de
autocarros para transportar passageiros de/para o avião. Haverá ainda, necessariamente, actividades
de limpeza e manutenção efectuadas por equipas de limpeza e manutenção da aerogare e do
aeroporto (Cegea e Tremno, 2007).
Lado terra (Terminal) - landside•Controlo de bagagens
•Manusemanento de bagagens
•Reclamação de bagagens
•Bilhética e check in
•Embarque/Desembarque de passageiros
•Assistência em terra a passageiros
•Assistência especias (pessoas idosas, pessoas de mobilidade reduzida, crianças não acompanhadas)
•Sistemas de informação
•Controlo governamental
•Controlo de cargas
•Segurança
•Carga
32
2.4 Serviços da aeronave
2.4.1 Abastecimento de combustível
Com o aparecimento dos aviões a jacto no fim de 1950 houve a necessidade de se alterarem
os requisitos qualitativos e quantitativos de armazenamento e abastecimento das aeronaves com
combustível. Devido à maior potência dos motores, as aeronaves mais recentes requerem maiores
quantidades de combustível. Existem vários tipos de combustíveis para os aviões a jacto, mas
presentemente, o combustível mais usado na aviação é o Jet fuel A1.
A produtividade do combustível melhorou devido ao gradual crescimento da percentagem de
lugares ocupados pelas companhias aéreas europeias, particularmente, à gradual substituição das
aeronaves antigas por novas aeronaves mais modernas com consumos mais baixos, à mudança de
procedimentos de voo e ainda a uma ampla utilização de sistemas de gestão de voo.
Figura 2.1- Carro de abastecimento de combustível de aeronaves (Aeroporto de Lisboa).
Esquema 2.3 - Esquema de um aeroporto (Fonte: adaptado de Cegea e Tremno, 2007).
33
O fornecimento de combustível num aeroporto deve garantir abastecimento de combustível
às aeronaves suficiente, económico e rápido, com elevada pureza e ainda cumprir com a protecção
ambiental e elevadas normas de segurança nas operações (Kazda e Caves, 2007).
2.4.2 Abastecimento de energia eléctrica
Todas as aeronaves comerciais têm um sistema auxiliar de energia (APU) que fornece
energia eléctrica às aeronaves enquanto estas se encontram paradas com os reactores desligados.
Apesar da existência deste sistema, as companhias aéreas para reduzir os custos de combustível
preferem utilizar o abastecimento de energia eléctrica através dos sistemas disponíveis no aeroporto
– Ground Power Unit (GPU). Por questões operacionais e ambientais 1a utilização do APU é limitada
o máximo possível, na maior parte dos aeroportos, excepto quando as unidades de energia em terra
estão fora de serviço. Os aeroportos mais modernos podem fornecer energia às aeronaves a partir da
central de energia através de cabos eléctricos existentes na placa de estacionamento ou na estrutura
da ponte aérea (air-bridge). Em alternativa a energia pode ser fornecida através de unidades
geradoras móveis poluentes, que funcionam a diesel, „mobile GPU’. (Figura 2.2).
2.4.3 Aquecimento/Arrefecimento
Quando as aeronaves se encontram nas placas de estacionamento durante algum tempo
sem utilização dos próprios sistemas de aquecimento de APU, e dependendo das temperaturas
ambientais, poderá ser necessário a utilização de unidades auxiliares móveis de aquecimento ou
arrefecimento para manter a temperatura interna das aeronaves dentro de valores aceitáveis para o
conforto dos passageiros e tripulantes. As preocupações ambientais e o aumento do custo de
combustível despertaram o interesse para a utilização de sistemas de ar comprimido. Estes podem
1 As questões operacionais são definidas pelas companhias aéreas tendo em conta a economia. As questões
Figura 2.2- Unidade que fornece energia eléctrica à aeronave (GPU).
34
ser compressores móveis, ou tubos de ligação existentes na placa ou nas pontes de ligação,
idênticos ao de abastecimento de energia eléctrica (Kazda e Caves, 2007).
2.5 Serviços de placa
Os serviços de placa ou de rampa – ground handling - consistem numa série de actividades
especializadas. Para executar estas actividades é necessário pessoal qualificado e equipamento
técnico sofisticado. Os serviços de rampa compreendem o carregamento de bagagens, correio e
carga; os serviços de limpeza de cabine; serviços de despejo de lavabos e água potável;
abastecimento de combustível; ar condicionado e ar comprimido; embarque de passageiros,
fornecimento de energia eléctrica e reboque do avião (Figura 2.3).
Podem ser identificadas três abordagens básicas para os serviços de rampa: o equipamento
técnico da própria aeronave é utilizado o mais possível; o equipamento técnico móvel do aeroporto é
utilizado – “abordagem clássica” ou o aeroporto fixa uma rede de distribuição com o mínimo de meios
de transporte, denominado por “vehicle free apron”. A escolha da abordagem mais adequada dos
serviços de rampa para o aeroporto é influenciada pelo tamanho do aeroporto, tipo de voos,
capacidade do aeroporto, intensidade de utilização de uma determinada placa de estacionamento,
tamanho das aeronaves e extensão do ground handling necessário, dependendo se é estação final
ou não e da preocupação ambiental da população (Kazda e Caves, 2007).
Figura 2.3- Boeing 777 sendo abastecido durante a rotação com ajuda de equipamentos móveis e sistemas auxiliares (Fonte: Kazda e Caves, 2007,p. 174).
35
As actividades de embarque e desembarque necessitam de vários recursos tais como
escadas, que podem pertencer às aeronaves ou podem ser escadas móveis, pontes de passageiros
ou veículos de salas de estar móveis – mobile lounges (Figura 2.4).
Figura 2.4- Veículo de salas de estar de passageiros móveis – mobile lounges (Fonte: John
2, 2003; Wells et al., 2003).
Uma placa de estacionamento equipada com sistemas auxiliares fixos tem um impacto menor
no ambiente, devido ao menor ruído e menor quantidade de emissões poluentes. O equipamento e as
redes existentes no subsolo das placas de estacionamento requerem maiores custos de investimento
iniciais mas, geralmente, reduzem os custos operacionais. Este sistema é mais adequado para
aeroportos de grandes dimensões, onde as placas de estacionamento são muito utilizadas (Kazda e
Caves, 2007).
Com redes de distribuição fixas existentes no subsolo das placas de estacionamento ou
fixadas nas pontes de passageiros, é possível abastecer as aeronaves de: energia eléctrica; conexão
de dados e telefone; ar condicionado; ar comprimido para ligar os reactores das aeronaves; água
potável; serviços de lavatório; reboque de aeronaves (Figura 2.5) transporte de bagagens de/para as
aeronaves e remoção de lixos.
2http://www.virtualtravelog.net/entries/2003/02/the_mobile_lounges_at_dulles_international_airport.html,
consultada a 04/06/2009.
Figura 2.5- Reboque a ser conectado à aeronave – push- back (Aeroporto de Lisboa).
36
Em sistemas fixos, o abastecimento de combustível é feito através de condutas existentes no
subsolo da placa, que vêm através de gasodutos – pipelines, de um depósito existente algures no
aeroporto. Os sistemas nas pontes de passageiros fornecem o abastecimento de ar condicionado,
energia e ar comprimido, como já foi referido anteriormente.
O carregamento de carga das ou para as aeronaves pode ser de baixa mecanização e
elevada mão-de-obra; baixa mão-de-obra, elevação móvel e equipamento de carregamento ou de
elevada mecanização com veículos do tipo transfer (TVs) e veículos do tipo tranfer elevatório (ETVs).
Alguns aeroportos utilizam veículos transportadores ou então constroem sistemas de transporte para
as bagagens da zona das partidas directamente para as aeronaves. Os empilhadores são utilizados
para a elevação dos contentores aéreos – ULD‟s – para os porões das aeronaves, pela lateral ou pelo
nariz das aeronaves de carga.
2.6 Equipamento Externo de Placa
2.6.1 Transporte para passageiros
Nos grandes aeroportos é necessária a existência de transporte de passageiros. A distância
máxima a percorrer a pé desde o terminal ao stand da aeronave recomendada pela IATA, acima da
qual é necessário fornecer assistência para os passageiros é de 300 metros (Kazda e Caves, 2007).
A escolha adequada do sistema de movimentação de pessoas depende da velocidade,
capacidade e segurança com que o aeroporto consegue lidar. Outros factores importantes a ter em
conta nesta escolha são: as distâncias de transporte e as diferenças de cota, as frequências
requeridas, a confiança, a facilidade de utilização por pessoas portadoras de deficiência, a facilidade
de utilização para passageiros com bagagem de mão, os requisitos de manutenção, as
características da planta do aeroporto, os custos de operação e de intervenção e as preocupações
ambientais (Kazda e Caves, 2007).
Figura 2.6- Autocarro de transporte de passageiros (Aeroporto de Lisboa).
37
O transporte de passageiros entre o terminal e as placas de estacionamento longínquas pode
ser feito por autocarros regulares ou autocarros especiais. Os autocarros especiais dos aeroportos
são, normalmente, mais largos e de maior capacidade que os regulares (Figura 2.6).
Alguns aeroportos utilizam salas de embarque móveis - mobile lounges - para transportar os
passageiros entre a aeronave, ou um terminal longínquo, e o terminal central. A vantagem desta
solução é a simplificação da movimentação dos passageiros, pois estes não estão sujeitos à
mudança como quando se utilizam os autocarros, é também mais silencioso e menos poluente.
Contudo, esta opção tem maiores custos. Uma opção adicional para ligar o terminal central com um
terminal distante sem envolver movimentação de pessoas ou veículos é a de ligar os taxiways com
uma ponte, como existe no aeroporto de Gatwick ou em Denver.
As escadas rolantes são a solução mais simples e com possibilidade de obter maior
capacidade para mudança de níveis e/ou tapetes rolantes para o transporte na horizontal. Os tapetes
rolantes são principalmente utilizados para distâncias superiores a 200 metros. Esta solução não é
adequada no transporte de passageiros, tripulação e/ou empregados, entre os edifícios situados a
distâncias excessivamente longas no aeroporto, ou entre o terminal e o parque de estacionamento de
automóveis ou ainda entre as estações de comboio ou metropolitano. A solução mais comum neste
caso é a utilização de autocarros de ligação – transfers (Kazda e Caves, 2007).
2.6.2 Veículos de Catering
Os serviços de abastecimento de catering são transferidos para as aeronaves através de
veículos específicos equipados com arcas frigoríficas que podem ser elevados até à aeronave.
Existem dois tipos de veículos de catering, os veículos que servem as aeronaves de médio curso3
com uma elevação de 3,5 metros e os veículos com maiores elevações para o carregamento das
aeronaves de longo curso4 (Figura 2.7).
3 Aeronaves de médio curso, normalmente designados narrow-body.
4 Aeronaves de longo curso, normalemente designados wide-body.
Figura 2.7- Veículo elevatório de catering (Fonte: Ashford et al., 1984, p.163).
38
2.7 Serviços não aeronáuticos
Os serviços aeronáuticos mínimos são determinados pelos requisitos da tecnologia e pelo
objectivo das operações de um aeroporto. Quanto aos serviços não aeronáuticos (Figura 2.8), a sua
extensão depende do espaço disponível no aeroporto, da filosofia do gestor do aeroporto e do volume
de passageiros.
Em alguns aeroportos, o conceito tradicional do processo de check-in e dos serviços não
aeronáuticos está a mudar, pois as necessidades dos passageiros foram-se modificando
gradualmente. Os passageiros esperam encontrar no aeroporto uma vasta gama de serviços, como
por exemplo, serviços do ramo de hotelaria, diferentes possibilidades de serviços de restauração,
lojas onde possam adquirir diversos tipos de bens e com preços mais convidativos. Alguns aeroportos
proporcionam ainda serviços adicionais, tais como, centros de spa e fitness, super-mercados,
cinemas, casinos entre outros. No caso de haver atrasos de voos, os passageiros têm de permanecer
no aeroporto, muitas vezes com crianças, podendo contar com a existência de parques infantis.
O aluguer de automóveis - rent-a-car - é muito comum nos aeroportos assim como a
presença de serviços bancários e balcões das várias companhias aéreas. Apresenta-se de seguida
uma lista dos serviços não aeronáuticos mais comuns (Ashford et al., 1997):
Restauração (incluindo restaurantes, cafés e lounges);
Serviços e infra-estruturas de viagens (incluindo salas de cacifos, seguro de voo, salas de
descanso, aluguer de carros e telefones);
Lojas especiais (incluindo boutiques, lojas de roupa, lojas de presentes, quiosques, serviços
bancários e outros);
Serviços pessoais (incluindo cabeleireiros, barbeiros, engraxadores entre outros);
Entretenimento (incluindo salas de TV, vídeo, salas de jogos);
Publicidade;
Concessões fora do terminal (incluindo parques de estacionamento, transportes públicos,
hotéis e motéis).
Figura 2.8 - Sala de espera (lounge), lojas e salas de TV e vídeo (Fonte: Ashford et al., 1984, p.213 e p.233).
39
Resumindo, um sistema aeroportuário compreende quatro actores: o aeroporto, as
companhias aéreas, os utentes e não-utentes (agentes externos). O aeroporto é local físico onde se
procedem as operações de aterragem e descolagem de aeronaves. Para que estas operações se
concretizem em segurança existem vários processos e actividades. As principais áreas de actividade
de um aeroporto são as áreas de rolagem e pistas, os edifícios de controlo de tráfego aéreo, os
edifícios de manutenção de aeronaves, os terminais de passageiros e parques de estacionamento, os
terminais de carga e os serviços não aeronáuticos. Devido à variedade de actividades existentes no
aeroporto, este divide-se em lado terra e lado ar.
Todas estas actividades têm um impacto no meio ambiente, em torno do aeroporto e mais
distante dele. No próximo capítulo serão abordados os tipos de impactos ambientais resultantes da
actividade aeroportuária, dando maior relevo às emissões poluentes atmosféricas mais significativas
neste contexto.
40
41
Impactos Ambientais
•Poluição do ar
•Alterações Climáticas
•Poluição dos recursos hídricos
•Ruído
•Danos e perdas de habitat
•Diminuição de recursos não renováveis
3. Ambiente
3.1 Impacto da poluição no sistema de transporte aéreo
De acordo com a European Commission (2001), impacto ou efeito é qualquer alteração das
características físicas, naturais ou culturais do ambiente devido ao desenvolvimento de um projecto.
Num aeroporto existem vários tipos de impactos ambientais. Os principais impactos
resultantes da actividade aeroportuária são (ANA, 2007b):
Poluição Sonora;
Degradação da Qualidade do Ar;
Consumo Intensivo de Recursos;
Degradação da Qualidade dos Recursos Hídricos;
Contaminação de Solos e Aquíferos.
De acordo com a Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido (CAA) a aviação afecta as
alterações climáticas, a qualidade do ar local (particularmente à volta do aeroporto pois pode
prejudicar a saúde humana), níveis de ruído perto dos aeroportos e debaixo de trajectórias de voo,
uso de energia, resíduos e água. Existem também impactos ambientais devido às viagens de/para os
aeroportos (CAA, 2007).
Tabela 3.1- Possíveis impactos ambientais resultantes do sistema de transporte aéreo (Fonte: adaptado de Janić, 2007).
Portanto, todas as actividades associadas ao transporte aéreo têm um impacto no ambiente;
os principais aspectos de preocupação são o ruído, as emissões, os resíduos, as águas residuais, o
consumo de energia, a contaminação do solo e o uso do solo (Fleuti, 2008).
42
Figura 3.1- Impacto da poluição no transporte aéreo (Fonte: Janić, 2007,p.106).
3.2 Alterações Climáticas
Actualmente é reconhecido que grande parte da energia que afecta as alterações climáticas
da Terra provém da energia do Sol. A atmosfera absorve e reflecte parte dessa energia. Chama-se à
energia que entra positive forcing, que produz aquecimento, contrariamente à energia que sai
negative forcing, que tende a arrefecer o planeta. O balanço entre a energia que entra e a energia
que sai, permite determinar a temperatura média. O papel da atmosfera é então fundamental para o
equilíbrio da Terra, mantendo as temperaturas em valores aceitáveis para a habitabilidade do planeta.
Chama-se forçamento radiativo (radiative forcing) a qualquer alteração na radiação que entra
ou que sai do sistema climático, devido a alterações na radiação solar incidente ou a diferentes
quantidades de gases radiativos presentes.
O balanço da radiação solar pode ser alterado como consequência de diversos factores, dos
quais se referem a intensidade da radiação solar, a formação de nuvens, a absorção devida a
diversos gases ou diferentes superfícies e ainda à emissão de calor pelos materiais constituintes.
Qualquer uma destas alterações produz forçamentos radiativos provocando um novo balanço
climático.
Este processo sucede continuamente à medida que a luz solar incide na superfície da Terra,
e que se formam nuvens e aerossóis, ou quando varia a concentração de gases na atmosfera e ainda
43
quando as estações do ano fazem alterar as condições atmosféricas da superfície terrestre (IPCC,
2007).
3.3 Qualidade do ar
3.3.1 Emissões e poluentes atmosféricos
Emissão é a descarga, directa ou indirecta, para a atmosfera dos poluentes atmosféricos
presentes no efluente gasoso enquanto que fonte de emissão é o ponto de origem de uma emissão
Poluentes atmosféricos são as substâncias introduzidas, directa ou indirectamente, pelo homem no ar
ambiente, que exercem uma acção nociva sobre a saúde humana e ou o meio ambiente (Decreto-Lei
n.º 78/2004).
De acordo com McCubbin e Dellucchi (2003) emissão é o que provém directamente das
fontes (como por exemplo os motores de veículos) e os poluentes atmosféricos são o que resulta da
dispersão e transformação química dos poluentes emitidos. Na regulamentação, os poluentes
atmosféricos mais comuns chamam-se poluentes regulamentados – para os quais a United States
Environmental Protection Agency (EPA) estabeleceram normas para a qualidade do ar do ambiente
nacional (National Ambient Air Quality Standards): CO, NO2, O3, Pb, SO2, PM10 e mais recentemente
PM25 (McCubbin e Delucci, 2003).
3.3.2 Poluentes relevantes na actividade aeroportuária
Existe uma variedade de poluentes atmosféricos, poluentes gasosos e partículas,
provenientes das actividades aeroportuárias que têm impacto no ambiente e na saúde das
populações mais próximas do aeroporto. Os poluentes mais relevantes a serem considerados no
inventário de emissões de um aeroporto são os seguintes (ICAO, 2007):
SO2 – Dióxido de Enxofre;
O3 – Ozono;
COV – Compostos Orgânicos Voláteis, incluindo hidrocarbonetos (HC);
PM - Partículas em suspensão (PM2.5 e PM10);
NOx – Óxidos de Azoto, incluindo o dióxido de Azoto (NO2) e o óxido de Azoto (NO);
CO - Monóxido de Carbono;
CO2 – Dióxido de Carbono5;
BTX - Benzeno, Tolueno e Xilenos6.
5 É reconhecido que o CO2 é mais uma preocupação global do que estritamente local, mas os inventários locais
podem ser inseridos nos inventários globais, quando requerido. 6 Estes gases são considerados poluentes atmosféricos perigosos (HAPs) entre outros que não são
mencionados nesta dissertação.
44
Os diversos poluentes surgem de diferentes fontes e os seus efeitos também diferem. Desta
forma, podem distinguir-se dois tipos de poluentes, os poluentes primários e os poluentes
secundários.
O monóxido de carbono (CO), os óxidos de azoto (NOX), o dióxido de enxofre (SO2) ou as
partículas em suspensão (PM) são considerados poluentes primários pois são emitidos e expelidos
directamente para a atmosfera pelas suas fontes, como por exemplo os gases que provêm do tubo de
escape dos veículos automóveis. O ozono troposférico (O3) pertence à categoria de poluente
secundário pois resulta de reacções químicas que ocorrem na atmosfera, onde participam alguns
poluentes primários (APA, 20107).
3.3.2.1 Dióxido de Enxofre (SO2)
O dióxido de Enxofre (SO2) é um composto que aparece devido à combustão de combustíveis
fósseis provenientes das aeronaves e dos veículos de apoio em terra. A incineração de resíduos, a
produção de ácido sulfúrico e de enxofre elementar são outras fontes emissoras deste gás (NAER,
2005).
O combustível das aeronaves (jet aviation fuel) pode ter quantidades consideráveis de
enxofre. Numa reacção química com o vapor de água da atmosfera cria chuvas ácidas, danificando
árvores e outros habitats naturais dependentes das árvores. A redução de enxofre nos gases de
escape pode ser conseguida pela adição de catalisadores (Janić, 2007).
O SO2 é um gás incolor que apresenta um cheiro muito intenso e não inflamável. As
concentrações médias anuais do dióxido de Enxofre na Europa Ocidental estão entre 20 e 60 μg/m3,
podendo atingir valores bastante superiores em grandes cidades onde o carvão é ainda utilizado
(NAER, 2005).
3.3.2.2 Ozono (O3)
O Ozono (O3), forma tri-molecular do Oxigénio, encontra-se na atmosfera de forma natural,
mais precisamente na estratosfera. Funciona como filtro, impedindo a passagem da radiação ultra-
violeta, formando parte essencial da denominada camada do ozono. É um gás tóxico e instável, com
um cheiro que punge e de cor azulada. A maior parte do ozono troposférico provém indirectamente
da radiação solar e não de emissões antropogénicas pelo que, cerca de 10-15% é transportado da
estratosfera.
As concentrações deste gás estão entre 40 a 70 μg/m3, podendo chegar a valores mais
elevados da ordem dos 120 a 140 μg/m3 ou ainda a valores superiores a 200 μg/m
3 devido ao
chamado nevoeiro fotoquímico (smog).
7 http://www.qualar.org/?page=5&subpage=7, consultada a 25 de Julho de 2010.
45
A presença de compostos orgânicos voláteis favorece as elevadas concentrações de ozono.
Condições meteorológicas de céu pouco nublado a céu limpo e vento fraco, associado a
temperaturas elevadas também favorecem concentrações mais elevadas de O3.
Na oxidação dos óxidos de Azoto, NO a NO2, o Ozono é consumido, o que permite a
diminuição da sua concentração em meios urbanos, contrariamente ao que acontece em meio
suburbano onde é mais elevada a sua concentração (NAER, 2005).
3.3.2.3 Compostos Orgânicos Voláteis (COV)
São alguns exemplos de COV‟s o halogéneo, os alcanos e alcenos aromáticos e oxigenados.
Os compostos aromáticos são cancerígenos. Os Compostos Orgânicos Voláteis, tal como os óxidos
de Azoto reagem na presença da luz solar produzindo Ozono.
Os hidrocarbonetos (HC) provêm da combustão incompleta dos reactores das aeronaves e
dos veículos que circulam no aeroporto e alguns deles são considerados altamente tóxicos ou
cancerígenos, dependendo das concentrações e do tempo de exposição (NAER, 2005). As emissões
de HC provenientes das aeronaves são mais significativas quando os reactores se encontram em
regime de baixas potências, i. e. em idle (Agrawal et al., 2008).
Os hidrocarbonetos contribuem para a formação de nevoeiro fotoquímico e para o
aquecimento global. Contudo, as quantidades emitidas pela queima do combustível das aeronaves
não têm sido reconhecidas como sendo preocupantes, quando comparadas com outros poluentes
atmosféricos (Janić, 2007).
3.3.2.4 Partículas em Suspensão (PM10 e PM2,5)
As partículas em suspensão (PM) encontram-se na atmosfera no estado líquido ou no estado
sólido. Estas representam uma mistura de substâncias orgânicas e inorgânicas e provêm de fontes
antropogénicas. As fontes primárias mais significativas das PM são o transporte rodoviário, os
processos e centrais industriais de combustão e a combustão residencial e comercial. A produção de
energia eléctrica e as fontes naturais não se consideram relevantes em termos de emissões de PM.
As emissões de PM provenientes das aeronaves são mais significativas quando os reactores se
encontram em níveis de potência mais elevados associados às aterragens e descolagens (Agrawal et
al., 2008).
As partículas PM10 são as que passam através de um filtro selectivo com um diâmetro
aerodinâmico de 10 μg, e as PM2,5 são as que passam através de um filtro selectivo com um diâmetro
aerodinâmico de 2,5 μg (Directiva 2008/50/CE).
Os valores médios das concentrações de partículas em suspensão do tipo PM10, no inverno
não excedem valores entre os 20 a 30 μg/m3 no norte da Europa. Na Europa Ocidental os valores
46
médios das concentrações de partículas em suspensão do tipo PM10 são bem mais elevados, da
ordem dos 40 a 50 μg/m3 (NAER, 2005).
3.3.2.5 Óxidos de Azoto (NOX)
A designação de óxidos de Azoto (NOX) é um termo colectivo que inclui o monóxido de Azoto
(NO) e o dióxido de Azoto (NO2). O monóxido de Azoto é um gás produzido a altas temperaturas,
durante a queima de combustíveis fósseis. Num aeroporto este gás é libertado pelas aeronaves,
pelos veículos auxiliares de assistência em terra, pelos sistemas de aquecimento/arrefecimento e
cozinhas. O NOX produzido pelos reactores resulta da sua presença de cerca de 1% no combustível
das aeronaves (Janić, 2007).
As quantidades relativas de NO e NO2 produzidas variam consoante a potência do reactor da
aeronave. Em termos gerais, a maior parte do NOX produzido na forma de NO2 dá-se quando a
aeronave se encontra com os reactores na potência mínima, i.e. nos estacionamentos, nas rolagens
e nas aterragens sem uso de reversos em potência máxima. A maior parte do NO produzido acontece
quando a aeronave se encontra em máxima potência, i.e. nas descolagens, aterragem com reversos
em máximo ou numa aproximação falhada.
O monóxido de Azoto é um gás incolor sem cheiro que se combina com o oxigénio, em
contacto com o ar atmosférico e, muitas vezes, através da reacção com o Ozono forma dióxido de
Azoto. Este é um gás castanho avermelhado, com algum cheiro, não inflamável, não só proveniente
do NO, como já foi referido anteriormente, mas também directamente proveniente de fontes
emissoras, embora em menor quantidade.
Os óxidos de Azoto não são GEE, mas produzem, indirectamente, forçamentos radiativos,
alterando as concentrações do Ozono e do Metano na atmosfera. São gases radiativos que
produzem Ozono troposférico através da influência da radiação solar, conduzindo ao aparecimento
de condições de nevoeiro fotoquímico. Estes gases também reduzem as concentrações do Metano
na atmosfera, como consequência da complexa química existente na troposfera.
As concentrações médias anuais de dióxido de Azoto situam-se normalmente entre 20 a 90
μg/m3
nas zonas urbanas. Os picos destas concentrações ocorrem nas horas de maior tráfego
urbano, i.e. hora de ponta de manhã e de tarde, estão relacionadas com o tráfego automóvel,
variando significativamente durante o dia (NAER, 2005).
3.3.2.6 Monóxido de Carbono (CO)
O monóxido de Carbono (CO) é um gás produzido como resultado da combustão incompleta
dos combustíveis fósseis, devido ao défice de Oxigénio. As emissões atmosféricas de CO num
aeroporto provêm das aeronaves e de todos os veículos auxiliares de assistência em terra que são
movidos a combustíveis fósseis.
47
Relativamente ao CO proveniente da combustão incompleta dos reactores das aeronaves, a
ICAO afirma que não têm havido alterações significativas, e consequentemente, estas emissões
continuam a não ser de grande relevância comparativamente com outras emissões.
As concentrações de CO em meio urbano variam bastante, pois dependem das condições
meteorológicas e também do tráfego automóvel. Em grandes cidades europeias, com elevado tráfego
rodoviário, as concentrações são inferiores a 20 μg/m3, sendo os picos muito curtos e inferiores a 60
μg/m3 (NAER, 2005).
3.3.2.7 Dióxido de Carbono (CO2)
O dióxido de Carbono (CO2) aparece durante a combustão, através da presença de Oxigénio
suficiente capaz de oxidar o monóxido de Carbono. O CO2 é considerado o GEE mais relevante, pois
é libertado em grandes quantidades e permanece durante muito tempo na atmosfera. Maiores
concentrações têm um efeito directo no aquecimento global do planeta (NAER, 2005).
A proporção das emissões de CO2 proveniente do combustível das aeronaves é quase
constante, 3.18 quilogramas de CO2 por quilograma de combustível, tornando-se mais fácil de estimar
as quantidades emitidas tanto a nível local como global, baseando-se nas quantidades de
combustível consumidos. As emissões de CO2 têm uma longa vida na atmosfera, cerca de 100 anos.
Não existe nenhuma solução para reduzir a quantidade de emissões de CO2 através de
melhoramentos do processo de combustão nos motores a jacto simplesmente por causa da química
do combustível. Alguns desenvolvimentos na eficiência dos motores a jacto têm contribuído para a
redução das emissões de CO, e, consequentemente de CO2 (Janić, 2007).
3.3.2.8 Benzeno, Tolueno e Xilenos (BTX)
As principais fontes emissoras destes compostos orgânicos aromáticos num aeroporto são a
combustão e a evaporação de gasolinas, bem como todos os processos de combustão, resultantes
das aeronaves e dos veículos auxiliares de assistência em terra. As concentrações médias de
benzeno atmosférico em áreas urbanas variam entre 5 a 20 μg/m3, enquanto em áreas rurais são da
ordem de 1 μg/m3 (NAER, 2005).
Estes compostos têm um papel importante na química da atmosfera, pois têm um potencial
elevado na formação fotoquímica do Ozono. Os compostos BTX participam nas reacções
fotoquímicas e são as principais fontes de radicais que podem oxidar o NO para formar NO2, o
precursor do Ozono (Simon et al., 2004).
3.4 Efeitos adversos na saúde humana devido aos poluentes atmosféricos
A Tabela 3.2 apresenta de forma breve os efeitos na saúde humana devido à emissão de
poluentes atmosféricos e à exposição do ser humano a elevadas concentrações desses poluentes.
Contudo, um estudo feito para avaliar o impacto ambiental na saúde, ilustrando o exemplo do
48
Emissão
•PM, SO2, NOx, COV
•COV, NOX
•CO
•NOx
•SO2
•COV, PM
Poluente atmosférico
•PM
•O3
•CO
•NO2
•SO2
•Tóxicos
Efeitos na saúde
•Mortalidade prematura, bronquites crónicas, admissões hospitalares por doenças respiratórias e cardiovasculares, ataques de asma, sintomas respiratórios menores
•Mortalidade prematura, admissões por doenças respiratórias, ataques de asma
•Admissões hospitalares por doenças cardiovasculares
•Sintomas respiratórios menores (exemplo: dores de garganta, excesso de fleuma e irritação dos olhos
•Sintomas respiratórios menores (exemplo: respiração asmática e angina de peito)
•Cancro (hidrocarbonetos poliaromáticos, dióxina/furanos), cancro do pulmão (arsénio, níquel, crómio, partículas de combustível), cancro de pele e de fígado (arsénio), leucemia (benzeno), cancro respiratório (formaldeído), diminuição cognitiva (chumbo), efeitos neurocomportamentais (mercúrio)
aeroporto de Schiphol (Frassen et al., 2002) demonstrou ser improvável que os níveis de poluição
atmosférica local pudessem causar sintomas respiratórios ou cancro. Não houve nenhuma indicação
para o aumento do risco nas doenças respiratórias, baseado nos níveis de poluição atmosférica local
de 1993 (Frassen et al., 2002).
Tabela 3.2 - Resumo dos efeitos adversos das emissões e dos poluentes na saúde (Fonte: McCubbin e Delucci, 2003).
3.5 Valores admissíveis para as emissões
A Tabela 3.3 demonstra que os valores admissíveis regulamentares das emissões dos vários
poluentes variam de país para país, podendo ser mais ou menos restritos que a orientação da
Organização Mundial de Saúde (WHO).
A capacidade de respeitar estas orientações nacionais e regulamentares está altamente
dependente das variáveis locais, incluindo condições meteorológicas, concentrações envolventes,
49
densidade populacional, tipos e quantidade de industrialização e tipos de tecnologias de controlo de
emissões disponíveis na área envolvente dos aeroportos (ICAO, 2007).
Tabela 3.3- Regulamentação da qualidade do ar em diferentes países (Fonte: ICAO, 2007, p.13).
A regulamentação na Europa, para o NO2 e o CO está de acordo com as orientações da
WHO, sendo até mais restrita para concentrações médias anuais do dióxido de Azoto, sendo
permitido como concentração máxima 40 μg/m3. As concentrações médias horárias do monóxido de
Carbono não estão regulamentadas na Europa, pelo que a orientação da WHO pode ser tomada em
consideração. Em Portugal, a regulamentação em vigor é dada pelos seguintes Decretos-Lei, que
transpõem as Directivas Comunitárias:
Decreto-Lei nº 320/2003, de 20 de Dezembro. Substituí o Decreto-Lei nº276/99 de 23 de
Julho de 1999 (Regime Geral da Gestão da Qualidade do Ar Ambiente). Define as linhas
de orientação da política de gestão da qualidade do ar e transpõe para a ordem jurídica
interna a Directiva nº96/62/CE, do Conselho, de 27 de Setembro.
Decreto-Lei n.º111/2002 de 16 de Abril de 2002. Estabelece os valores limite das
concentrações no ar ambiente do dióxido de enxofre, dióxido de azoto e óxidos de azoto,
partículas de suspensão, chumbo, benzeno e monóxido de carbono, bem como as regras de
gestão da qualidade do ar aplicáveis a esses poluentes, em execução do disposto nos artigos
4.º e 5.º do Decreto-Lei n.º276/99, de 23 de Julho. Transpõe para o ordenamento jurídico
50
interno as Directivas Comunitárias nº1999/30/CE do Conselho, de 22 de Abril de 1999, e
2000/69/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Novembro de 2000.
3.6 Fontes emissoras relacionadas com o aeroporto
É possível identificar uma grande variedade de fontes de emissão nos aeroportos. Contudo,
os vários tipos de fontes emissoras podem não estar presentes no mesmo aeroporto, pois as
emissões dependem das actividades específicas de cada aeroporto individual. Neste contexto, a
ICAO sugere que as fontes emissoras se agrupem em quatro categorias diferentes (Tabela 3.4):
Emissões das aeronaves;
Fontes de tráfego de veículos;
Emissões da assistência em terra às aeronaves;
Fontes relacionadas com a infra-estrutura e fontes fixas.
Tabela 3.4 – Fontes de emissão de poluentes nos aeroportos (Fonte: ICAO, 2007).
Emissões das
aeronaves
Motor principal da aeronave ou reactor
Motor principal da aeronave dentro dos limites em que opera (desde que se liga até
se desligar)
Unidade auxiliar de energia (APU)
APU localizado a bordo que fornece electricidade, ar comprimido e ar
condicionado durante o tempo que o avião se encontra parado. O ar comprimido serve para
arrancar os motores principais.
Fontes de tráfego
de veículos
Tráfego de veículos
Motociclos, automóveis, carrinhas, camiões, autocarros e auto-caravanas associados ao
aeroporto para aceder às estradas, aos parques de estacionamento dentro e fora do aeroporto e aos locais de carga e descarga.
Emissões da
assistência em
terra às aeronaves
Equipamento de assistência em terra
(GSE)
Equipamento necessário para assistir a aeronave durante a rotação no stand:
Unidades de energia (GPU), unidades de ar condicionado, reboque da aeronave, escadas
de passageiros, sistemas elevatórios, tractores, carregadores de carga, reboques
entre outros.
Tráfego do aeroporto (lado ar)
Veículos de serviços e tráfego de maquinaria (veículos de catering, de abastecimento de
combustível, de despejos; automóveis, carrinhas, autocarros, camiões de bombeiros,
tapetes rolantes entre outros) dentro do perímetro do aeroporto (usualmente em área
restrita) que circulam nas estradas de serviço.
Abastecimento da aeronave
(combustível)
Evaporação através dos tanques de combustível da aeronave e dos camiões de
combustível ou dos sistemas de pipeline durante as operações de abastecimento.
51
Remoção de neve e gelo
Aplicação de substâncias de remoção de neve e anti-gelo para a aeronave durante as
operações no Inverno.
Fontes
relacionadas com a
infra-estrutura e
fontes fixas
Instalações de Energia/
Aquecimento
Equipamento que produz energia para as infra-estruturas do aeroporto: Caldeiras,
instalações de aquecimento/refrigeração, co-geradores.
Gerador de energia de emergência
Geradores a diesel para operações de emergência (por exemplo, para edifícios ou luzes da pista de aterragem/descolagem.
Manutenção da aeronave
Todas as actividades e instalações para a manutenção das aeronaves, como limpeza, lavagem, oficina de pintura, ensaios e teste
de reactores.
Manutenção do aeroporto
Todas as actividades de manutenção das instalações do aeroporto (agentes de
limpeza, manutenção do edifício, reparações, manutenção de espaços verdes) e
maquinaria (veículos de manutenção e pintura).
Combustível
Armazenagem, distribuição e manuseamento do combustível na central de combustível e
estações de abastecimento.
Actividades de Construção
Todas as actividades de construção nas operações e desenvolvimento do aeroporto.
Treino de combate a incêndios
Actividades de treino de combate a incêndios com diferentes tipos de combustível
(querosene, butano, propano e madeira).
Remoção de neve e gelo
Emissões de substâncias de remoção de neve e anti-gelo para a movimentação de
aeronaves nas diferentes áreas e serviços e para acesso às estradas.
Nesta dissertação apenas se calculam as emissões poluentes libertadas pelos reactores das
aeronaves. Não se teve em conta as emissões do APU, pois a utilização desta unidade de energia
localizada a bordo das aeronaves é restrita no aeroporto de Lisboa.
No aeroporto de Lisboa a actividade de remoção de neve e anti-gelo não é significativa, ou
quase inexistente, comparativamente a outras cidades da Europa, devido às condições climatéricas
existentes.
3.7 Emissões poluentes em alguns aeroportos
No aeroporto de Schiphol as concentrações de NOX são um problema particular. A sua
contribuição corresponde a 15% devido às aeronaves, 30% devido ao tráfego das estradas e os
restantes 55% devem-se à envolvente e outras actividades. As emissões provenientes da envolvente
52
são em parte criadas pela indústria e estações de energia existentes em Schiphol. As outras
actividades incluem, por exemplo, o uso de GPUs e o tráfego das placas.
Relativamente às emissões CO2, cerca de 50% provêm das actividades das aeronaves,
incluindo o ciclo de aterragem e descolagem, o uso de APUs e GPUs e o processo de marcha das
aeronaves, a rolagem. Cerca de 30% provêm do tráfego e dos transportes e os restantes 20% do
consumo de energia (Schiphol Group, 2007).
Um estudo no aeroporto de Zurique (Suíça) demonstrou que quando os reactores das
aeronaves estão em regime de baixas potências ocorrem valores elevados de emissões de CO e
baixos valores de NOX devido à combustão incompleta. Em contraste, níveis elevados de potência,
perto da combustão completa e de altas temperaturas do reactor, surgem valores elevados de NOX e
baixos valores de CO (Schϋrmann et al., 2006).
Os índices de emissões de NOX no aeroporto de Zurique são, normalmente, 50% mais baixos
que os previstos pela ICAO e, contrariamente, os índices de emissões de CO são ligeiramente
superiores. Este valor superior de CO é justificado pela diferença que existe entre os valores das
emissões definidos pela ICAO e os verificados em Zurique provenientes dos reactores das
aeronaves, quando estão em regime de baixas potências (Schϋrmann et al, 2006).
Os máximos valores de NO2 foram observados nos taxiways, onde as medições foram feitas
na zona de escape dos reactores. A razão da conversão de NO em NO2 justifica-se devido a altas
concentrações de O3 que ocorrem em condições de temperaturas elevadas.
Verificaram-se que as concentrações de pico não foram causadas pelas partidas das
aeronaves mas sim pelas chegadas, pois as aeronaves apenas desligam os reactores quando
chegam à placa de estacionamento. Nas partidas, as aeronaves apenas põem os reactores em
marcha no taxiway (Schϋrmann et al., 2006).
Schϋrrmann et al. (2006) menciona ainda que as emissões das aeronaves de CO e de COVs
têm características comuns e, consequentemente, as emissões mais elevadas de CO estão também
associadas com as emissões mais elevadas de hidrocarbonetos.
Um estudo em Schäfer et al. (2003) relata que as emissões reais de monóxido de Carbono
são sistematicamente mais elevadas do que os valores dos ensaios da ICAO face a alguns modelos
de reactores, mas também existindo situações inversas noutros modelos de reactores. Estas
variações devem-se ao facto de que em circunstâncias reais as condições são bem diferentes das
condições definidas durante o processo de certificação.
Outro estudo, realizado no aeroporto de Los Angeles (Westerdahl et al., 2007) relata os
resultados de medições realizadas na primavera de 2003 para avaliar a natureza e a extensão do
impacto das operações do aeroporto no ar da comunidade na direcção do vento do “Los Angeles
International Airport” (LAX).
53
Os motores a jacto queimam uma considerável quantidade de combustível enquanto se
encontram em terra, durante as descolagens e nas aterragens. Durante a combustão são libertados
muitos poluentes, incluindo partículas ultra finas (UFP), carbono, monóxido de Carbono, ácido
sulfúrico, COVs e óxidos de Azoto. As medições feitas nas áreas fora e dentro do terminal mostraram
maiores níveis de NOX e BC (Black Carbon) do que na interface da comunidade (Zona B).
Os dados recolhidos na zona C, na direcção do vento do taxiway para o sul da pista,
mostraram um padrão de existência repetida de partículas e elevados BC, com apenas modestos
valores de NOX. Estes dados reflectem as contribuições do tráfego de veículos de terra do aeroporto,
veículos de manuseamento de carga e das rolagens de aeronaves. Medições realizadas directamente
na direcção do vento do sul da pista, na zona D, mostraram o impacto de uma simples descolagem
de uma aeronave multi-motor. Foram observadas contagens muito elevadas de partículas juntamente
com elevados valores de NOx (a maior parte NO) e BC durante esta descolagem. Encontraram-se
também leituras de HAPs 8(Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos) em todas as zonas onde a
presença do tráfego de veículos era elevada, especialmente no túnel, no terminal e nas auto-
estradas. Nas áreas dominadas por aeronaves apareceram baixos valores de HAPs. Em geral, níveis
de BC, partículas e NOX variam juntamente, indicando que estes estão associados a fontes
semelhantes.
Os resultados deste estudo (Westerdahl et al., 2007) demonstraram que as operações das
aeronaves, incluindo as operações em terra, aterragem e descolagens das aeronaves influenciam a
qualidade do ar perto do aeroporto. O elevado número de partículas visto nos locais com a direcção
do vento representam a contribuição de todas as actividades aeroportuárias, incluindo descolagens,
aterragens e operações complexas de assistência em terra.
8 HAPs, neste contexto, significa Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos e não Poluentes Atmosféricos
Perigosos.
Figura 3.2- Área de estudo LAX. Zona A (contravento); Zona B (500m a favor do vento nas actividades de aterragem); Zona C (pista de rolagem – taxiway); Zona D (zona de descolagens);
Zona E (900m a favor do vento da zona de aterragens) (Fonte: Westerdahl et al., 2007).
54
3.8 Metodologia para cálculo de emissões de aeronaves
Nesta dissertação pretende-se estimar a quantidade anual de emissões provenientes da
actividade das aeronaves dos seguintes gases e partículas:
Hidrocarbonetos (HC);
Monóxido de Carbono (CO);
Óxidos de Azoto (NOX);
Dióxido de Carbono (CO2);
Dióxido de Enxofre (SO2);
Partículas em suspensão (PM).
3.8.1 Método de Cálculo das emissões de HC, CO e NOX
A quantidade de emissões de HC, CO e NOX provenientes das aeronaves pode ser estimada
através da seguinte equação (ICAO, 2007; Kesgin, 2006):
(1)
Onde,
– Emissão anual do poluente i para o modo operacional m (g/ano);
- Número de reactores da aeronave do tipo a;
– Número de ciclos aterragem e descolagem (LTO) anual para a aeronave do tipo a com o reactor
do tipo e;
– Factor de consumo de combustível para a aeronave do tipo a com o reactor do tipo e no modo
m (kg/s);
- Factor de emissão para o reactor do tipo e, modo operacional m e poluente i (g/kg);
- Tempo no modo operacional m para a aeronave do tipo a (s).
O ciclo de aterragem e descolagem (LTO) é definido pela ICAO compondo-se em quatro
modos operacionais: Aproximação (Approach), Rolagem (Taxi), Descolagem (Take-off) e Subida
(Climb out), com tempos médios de 4 minutos, 26 minutos, 0.7 minutos e 2.2 minutos,
respectivamente (ICAO, 2007). O tempo de rolagem divide-se em 7 minutos para o Taxi in e 19
minutos para o Taxi out (Figura 3.3).
O factor de consumo de combustível representa a quantidade de combustível consumida, em
quilogramas, por cada segundo dispendido no modo operacional da aeronave, dependendo do tipo
55
de reactor, enquanto que o factor de emissão representa a quantidade libertada de determinado
poluente, em gramas, por quilograma de combustível consumido.
Figura 3.3 - Ciclo de aterragem e descolagem - LTO (Fonte: Kesgin, 2006).
3.8.2 Método de Cálculo das emissões de SO2, CO2 e PM
O cálculo das emissões de SO2 e de CO2 apenas dependem do combustível consumido por
tipo de aeronave. Conhece-se que 1 kg de combustível Jet fuel A1 produz 3156 g de CO2 (Rachner,
1998; Janić, 2007) e que o SO2 é cerca de 0,10% do consumo de combustível (ICAO, 2007). O índice
das emissões das partículas em suspensão (PM) podem calcular-se pela metodologia FOA3.0,
recomendada pela ICAO (Wayson et al., 2009). Esta assume que a contribuição para o total das
partículas pode ser independentemente quantificada, da seguinte forma:
(2)
(3)
A parcela é a componente volátil das partículas e a parcela é a componente não
volátil, sendo que a sua soma indica o índice total das partículas ( ) (Wayson et al., 2009). As
equações necessárias para a aplicação desta metodologia é apresentada no ANEXO I. Tendo o
índice total das partículas em suspensão, , e aplicando a fórmula (1) pode calcular-se a
quantidade de emissões anuais de PM num aeroporto, provenientes das aeronaves.
Em suma, num aeroporto as emissões poluentes provêm de diversas fontes. Desta forma,
apresentam-se no capítulo seguinte, medidas mitigadoras para as diferentes fontes de emissão
presentes num aeroporto.
56
57
Mitigação
Lado Terra
Aeronaútico
Tráfego do aeroporto GSE Outros
Não-Aeronáutico
Inst. Fixas e outras
Inst. de Energia/
AquecimentoManut.do aeroporto
Serviç.não aeronáuticos
Outros
Tráfego de veículos
Lado Ar
Aeronaves
Reactores e APU
Procedimentos Operacionais
Rolagem das
aeronaves
Aeroporto
Pistas e terminais
4. Mitigação Actualmente, importantes descobertas e novas tecnologias no campo da eficiência
energética, combustíveis alternativos e na electrónica de valor acrescentado têm levado ao aumento
de aplicações mais limpas e sustentáveis. A presença da arquitectura de veículos híbridos de
passageiros, transportes públicos movidos a “combustíveis mais limpos”, transportes de serviços não
agressivos e uma sensibilização social incentivadora permitem um novo cenário onde as soluções
convencionais e avançadas entrarão em vigor (Fontela et al., 2007).
O sector aeroportuário está a responder, em muitos aspectos, às questões da qualidade do ar
local e muitos aeroportos calculam, regularmente, inventários de emissões para todas as fontes e
tipos de emissões diferentes, geralmente com base num ano de referência. Contudo, os inventários
de emissões são apenas uma parte da avaliação da qualidade do ar.
A concentração da poluição global dos diversos tipos de emissão em torno do aeroporto é de
particular interesse. Esta é avaliada pela operação de estações de monitorização (Fleuti, 2001, 2008).
Porém, apesar de os esforços serem precisos para uma melhor compreensão deste tópico, estes não
reduzem as emissões. Para realmente melhorar a qualidade do ar nos aeroportos, têm de ser
tomadas determinadas medidas. Têm sido concebidos planos de mitigação, muitas vezes, no âmbito
de programas de expansão para compensar o aumento previsto das emissões. Medidas essas, de
como lidar com essas fontes, que a entidade gestora do aeroporto pode influenciar directa ou, pelo
menos, indirectamente (ex. através de prestadores de serviços). Tomando as medidas adequadas e
investimentos adequados, os aeroportos são capazes de reduzir as suas emissões (Fleuti, 2008).
Esquema 4.1- Locais do aeroporto onde são necessárias medidas de mitigação (Fonte: Autor).
58
As emissões poluentes estão relacionadas com diversas fontes existentes num aeroporto (ver
Tabela 3.4) e relacionando essas fontes com a estrutura do aeroporto (ver Esquema 2.1) as acções
de mitigação podem também ser separadas em lado terra e lado ar. No lado terra poder-se-á separar
ainda as emissões relacionadas com o lado aeronáutico e as que não são directamente afectadas por
estas actividades. As medidas de mitigação deverão incidir não só na actividade directa das
aeronaves mas também no tráfego do aeroporto (veículos movidos a gasolina, diesel), no
equipamento de suporte em terra (GSE), que também são movidos a gasolina ou diesel, nos
procedimentos de abastecimento de combustível, nas instalações fixas, nos terminais e também no
tráfego rodoviário, exterior ao aeroporto (Esquema 4.1).
A necessidade actual de encontrar respostas para o futuro consiste numa abordagem comum
e combinada. O termo "comum" neste contexto reporta a união de todos os parceiros da indústria da
aviação. Este não se refere apenas à indústria tradicional fabricante de aeronaves, reactores e
aviónica, mas inclui todos os prestadores de serviços e da sua indústria fornecedora que estão
envolvidos na cadeia de fornecimento do produto de movimento de pessoas e mercadorias, de forma
segura e eficiente, de um lugar para outro por via aérea. Por exemplo, uma organização de
assistência em terra pode aproximar-se da indústria de produção de equipamentos de assistência em
terra para alcançar melhorias no tratamento das emissões do escape dos veículos (como por
exemplo, filtros de partículas, tecnologia De-NOX).
A componente “combinada” representa a integração de todas as fontes de emissão presentes
num aeroporto dentro dos planos de mitigação e da combinação de vários tipos de medidas, quando
apropriadas (Fleuti, 2008). As medidas podem classificar-se como:
Medidas técnicas: dispositivos para reduzir, tecnicamente, as emissões (reactores
mais eficientes, combustíveis alternativos, tratamento dos gases de escape);
Medidas operacionais: a forma como a criação de dispositivos de emissão é
operada (procedimentos operacionais, manutenção);
Medidas legislativas ou normativas: normas de emissão, procedimentos prescritos,
restrições;
Medidas de comércio de carbono e afins: encargos ou benefícios, regimes de
comércio, compensação de emissões.
Um exemplo típico é um operador aeroportuário que tenha instalado o equipamento fixo no
solo, para fornecer energia às aeronaves, durante os tempos de rotação. O sistema é operado pela
empresa de assistência em terra e a companhia aérea tem a opção de utilizar este serviço ou a
unidade auxiliar de energia (APU) das suas aeronaves. Por várias razões, a companhia aérea pode
optar por usar o APU e, como tal, a medida não é eficaz. A solução passa, por exemplo, por
restrições emitidas pelo operador do aeroporto, procedimentos operacionais definidos para a
empresa de assistência em terra e um incentivo económico para a utilização do sistema. Neste
contexto, tem que ser reconhecido que a autoridade de um operador aeroportuário é limitada.
59
Contrariamente à opinião frequentemente percebida, os operadores de aeroportos não têm o poder
legal para estabelecer normas ou proibir certas actividades, isto pertence à legislação internacional
ou às autoridades nacionais. A autoridade dos aeroportos é geralmente limitada à imposição de
restrições e medidas operacionais ou incentivos económicos para definir e acelerar a introdução de
tecnologias mais limpas, por exemplo, uma vez que se tornam disponíveis.
Muitos programas e medidas têm sido adoptadas em vários aeroportos, contudo, a maioria
das conquistas foram compensadas pelo crescimento do tráfego (Fleuti, 2008). Em consequência
disso, as medidas indirectas de carpooling, partilha de táxis, melhorias no transporte público, passes
sociais para os trabalhadores do aeroporto poderão diminuir as emissões relacionadas com esse
crescimento.
4.1 Medidas mitigadoras do Lado Terra (Aeronáutico)
Neste capítulo são apresentadas várias medidas, encontradas na literatura, que se podem
adoptar tendo como objectivo a diminuição das emissões poluentes. Medidas estas que são possíveis
alternativas para o aeroporto de Lisboa.
4.1.1 Tráfego do aeroporto
Como alternativa aos veículos movidos a diesel indicam-se os veículos eléctricos, os
combustíveis alternativos, os veículos movidos a ar comprimido ou ainda movidos a célula
combustível, com vantagens do ponto de vista ambiental. Porém, os veículos movidos a ar
comprimido, como é exemplo o Airpod, e a célula combustível estão ainda em fase de protótipo ou
em desenvolvimento.
Relativamente aos biocombustíveis, estes podem abastecer veículos e motores, ou podem
ser utilizados em células de combustível para geração de electricidade. Existe uma variedade de
combustíveis que podem ser feitos a partir de recursos como a biomassa, incluindo os combustíveis
líquidos: etanol, metanol, biodiesel, combustível Fischer-Tropsch (FT); e combustíveis gasosos, como
o hidrogénio e o metano (Clean Energy, 20099).
O impacto do combustível FT sobre as emissões de HC é variável, embora estas emissões
sejam muito baixas em qualquer caso. As reduções médias nas emissões de NOX são da ordem de
13% e a redução média nas emissões das PM é de 26% em relação ao combustível convencional
(Alleman e McCormick, 2003). Apresenta-se uma lista de combustíveis convencionais (de origem
fóssil) e a possível alternativa a cada um deles (Tabela 4.1).
9 http://www.cleanenergyresourceteams.org/technology/cogeneration, consultada a 26 de Novembro de 2009.
60
Tabela 4.1- Correspondência entre o combustível fóssil e o combustível alternativo (Fonte: Reis, 2001, p.86).
Quanto aos veículos de ar comprimido, foi realizada, recentemente, uma experiência em dois
aeroportos da Europa, no aeroporto de Paris – Charles de Gaulle e no aeroporto de Amesterdão -
Schiphol apresentando-se como futura alternativa aos veículos a motor. A Air France Industries e a
KLM engenharia e manutenção testaram sete protótipos do Airpod (Figura 4.1), um veículo não
poluente movido a ar comprimido. Esta experiência iniciou-se em Agosto de 2009.
Figura 4.1- Veículo Airpod (Fonte: http://corporate.airfrance.com, consultada a 26 de Novembro de 2009).
Este veículo foi desenvolvido pela MDI (Motor Development International) e pode,
eventualmente, constituir uma solução alternativa para reduzir a pegada de carbono do solo das
operações da Air France Industries e KLM E&M em Paris - Charles de Gaulle e Amesterdão –
Schiphol.
Combustíveis fósseis Combustíveis alternativos
Derivados do petróleo
Gasolina
Etanol
(obtido a partir da cana do açúcar, milho,
beterraba e celulose)
Gasóleo
Ésteres
(obtidos a partir de oleaginosas,
especialmente a colza e o girassol)
Electricidade
(obtida a partir do carvão, petróleo ou
gás)
Electricidade
(produzida através das energias
renováveis solar, eólica, hídrica e geotérmica)
Electricidade
(produzida através de pilhas combustível
e baterias)
Metanol
(obtido através do gás natural ou do
carvão)
Metanol
(obtido da biomassa)
Hidrogénio
(obtido do metanol, gás natural, propano e
outros combustíveis)
Hidrogénio
(obtido por electrólise da água)
61
O Airpod usa tecnologia inovadora com um motor de ar comprimido que é totalmente limpo, e
não gera emissões de CO2. Tem 2 metros de comprimento e pesa cerca de 300 kg. A carga máxima
capaz de aguentar é de 250 kg, com uma autonomia de 120 a 200 km, dependendo da carga
transportada. Tem um tanque com capacidade para 200 litros a uma pressão de 350 bar e o seu
custo está entre 0,5 € a 1 € por cada 100 km. O ar ambiente é comprimido usando um compressor
eléctrico. De seguida é armazenado num tanque de alta pressão localizado sob o veículo. Demora 3
a 4 horas a encher com o ar comprimido, utilizando um compressor de baixa pressão, podendo fazê-
lo em menos de 3 minutos, através de estações de compressores de alta pressão. Para além disso, a
Air France Industries prevê ainda compensar todas as emissões de CO2 que gera através da
produção de ar comprimido. Foram testados dois tipos de Airpod nos dois aeroportos: veículos de
carga que transportam equipamentos menores, tais como caixas de ferramentas, componentes de
aeronaves e peças de reposição e portadores de pessoas, capazes de transportar um motorista e
dois passageiros.
Para cada Airpod, foi realizado um “teste piloto”, incluindo uma série de testes para avaliar o
desempenho geral do veículo e, em particular os aspectos relativos à segurança, ergonomia,
confiança e autonomia. A responsável por este estudo de viabilidade foi a MDI, que irá revelar se o
Airpod satisfaz as expectativas da Air France Industries e da KLM E&M (Air France, 200910
).
Em Fontela et al. (2007) é apresentada a evolução de um veículo de carga de bateria com
propulsão para uma unidade de propulsão híbrida baseada em célula combustível. As células
combustíveis são um sistema que produzem electricidade através do combustível, continuamente e
de forma mais eficiente do que os sistemas de combustão usados até agora. Além de que, com o uso
de células combustível, as emissões de CO2 são reduzidas consideravelmente, comparadas com a
combustão interna dos motores, ao mesmo tempo que as emissões de outros poluentes, tal como o
NOX, SO2, HC e outros são removidos por completo.
Pensa-se que as células combustíveis desempenharão um papel importante, a curto e longo
prazo, no fornecimento sustentável de energia, desde que permitam uma importante poupança de
energia bem como a diversificação de fontes alternativas. Porém, Han et al. (2009) critica esta
solução, mencionando que a célula de combustível pode ser ignorada, pois o hidrogénio é necessário
para a sua operação. O hidrogénio pode ser produzido de reacções químicas a elevadas
temperaturas usando energia solar concentrada. Neste caso, o colector solar e o sistema de célula
combustível podem tornar-se parte integrante de um edifício.
Em Fontela et al. (2007) admite-se que as células combustíveis têm características que as
tornam adequadas para a sua aplicação no campo da propulsão, uma das maiores fontes de
emissões e efeito de estufa, actuais. As células combustíveis mais adequadas para esta aplicação
10
http://corporate.airfrance.com, consultada a 25 de Outubro de 2009.
62
são as denominadas membrana electrolítica polimérica (PEMFC11
) usadas largamente em projectos
de investigação e demonstrações liderados por vários fabricantes de automóveis.
No sector aeroportuário, um dos principais impactos da aviação são as emissões
atmosféricas dos motores a nível local, nas áreas circundantes ao aeroporto, bem como a nível
global, devido às emissões geradas nas travessias. No seguimento deste problema, a indústria da
aviação está permanentemente à procura de alternativas para reduzir as suas emissões através de
investigações, desenvolvimentos e colaborações.
As emissões geradas pelos veículos de operações de assistência em terra também
influenciam a qualidade do ar nas áreas circundantes ao aeroporto, bem como as emissões das
instalações, relacionadas sobretudo com as operações de manutenção das aeronaves, como já foi
referido anteriormente. Uma das soluções provadas até agora para reduzir as emissões dos veículos
de terra tem sido a substituição dos veículos a diesel por veículos eléctricos. Contudo, esses veículos
são pesados e têm uma baixa autonomia (Fontela et al., 2007).
A companhia aérea de bandeira da Espanha, a IBERIA, é responsável por uma importante
frota de veículos de assistência em terra nos seus principais aeroportos e decidiu executar um
projecto para desenvolver um veículo aeroportuário com um sistema de energia híbrido. Este projecto
baseou-se na tecnologia de célula combustível à base de hidrogénio, para resolver problemas
detectados. A empresa responsável pelo desenho do sistema foi a BESEL, em colaboração com a
Universidade de Madrid.
O principal objectivo deste projecto foi desenhar e construir um protótipo de um veículo
eléctrico híbrido para o sector aeroportuário, incluindo um novo sistema de propulsão baseado num
motor eléctrico e bateria de combustível de hidrogénio, oferecendo vantagens sobre os veículos
existentes relativamente à autonomia, tempo de alimentação, eficiência e emissões. O veículo
seleccionado para o projecto foi um transportador eléctrico que transporta paletes e contentores para
a plataforma aérea e que eleva a carga para o compartimento de armazenamento da aeronave
(Fontela et al., 2007).
Um outro exemplo de veículo aeroportuário movido a célula combustível é o caso de um
transportador de bagagem usado em placas de estacionamento. O veículo é movido por PEMFC
desenvolvido pela German Aerospace Center DLR, em combinação com uma bateria e um sistema
de travagem regenerativo para produzir um total de 1.5 kW, suficiente para transportar 380 kg de
bagagem. O hidrogénio é armazenado de forma híbrida, com uma capacidade suficiente para operar
durante 8 a 10 horas, embora possa ser alargado com o uso de um tanque de armazenamento maior.
No aeroporto Internacional de Vancouver, no Canadá, a General Hydrogen Corporation participou
num projecto para examinar o uso de célula combustível em veículos que rebocavam bagagem de/
11
PEMFC é o acrónimo de Polymer Electrolyte Membrane Fuel Cell, em inglês.
63
para as aeronaves – tuggers (Fuel Cells Bulletin, July 2006). Outras aplicações da célula combustível
estão disponíveis para outros veículos de suporte em terra e para APUs12
.
No aeroporto Internacional Montréal‟s Pierre Elliot Trudeau, no Canadá, a Air Liquide em
colaboração com Natural Resources Canada e outras empresas, lançou um projecto com dois
autocarros e outros nove veículos convertidos, em 2007 (Fuel Cells Bulletin, July 2006).
Em Portugal, o primeiro protótipo é já existente, o HidrogenIST, resultado de uma parceria
tecnológica entre a Air Liquide e o Instituto Superior Técnico (IST). A célula de combustível deste
protótipo é capaz de desenvolver até 1200 watts de energia eléctrica, suficiente para o funcionamento
do motor e de toda a electrónica que o controla. As garrafas utilizadas têm uma capacidade de 80
litros de hidrogénio a uma pressão 200 vezes superior à pressão atmosférica (Air Liquide, 2009).13
4.1.2 Equipamento de assistência em terra (GSE)
A alteração/optimização dos procedimentos de handling ou a utilização de veículos movidos a
combustíveis alternativos e/ou a célula combustível, referidos anteriormente, podem contribuir para a
redução das emissões poluentes deste tipo de actividade. A utilização de filtros de partículas nestes
equipamentos pode também constituir uma alternativa mais limpa para o ambiente.
4.1.3 Outros
A redução das emissões devido ao abastecimento de combustível pode ser conseguida
através da alteração do próprio processo ou através da substituição de combustíveis fósseis para
biocombustíveis.
A energia necessária em caso de emergência poderá ser produzida através de fontes de
energia renovável. Um estudo em Cicone et al. (2008) apresenta uma lista de recursos do lado da
oferta e do lado da procura que pode ser aplicado ao aeroporto de Congonhas (Brasil). Este estudo
apresentou como recursos do lado da oferta, o biogás, a incineração de resíduos sólidos, sistemas
fotovoltaicos, célula combustível e a co-geração. Do lado da procura, recursos como armazenagem
de energia, projectos de eficiência ambiental, substituição do ar condicionado e a substituição dos
combustíveis são sugeridos para o aeroporto. No aeroporto de Lisboa muitos destes recursos podem
ser estudados como alternativas mais limpas.
12
http://www.fuelcellmarkets.com/fuel_cell_markets/transportation_applications/4,1,1,2091.html, consultada a 25 de Novembro de 2009.
13
http://www.airliquide.pt/, consultada a 25 de Novembro de 2009.
64
4.2 Medidas mitigadoras do Lado Terra (Não-Aeronáutico)
4.2.1 Instalações de Energia/Aquecimento
Para as instalações de energia e aquecimento sugerem-se alterações na tecnologia das
centrais de energia e nas caldeiras (tecnologia De-NOX, por exemplo) de forma a diminuir as suas
emissões.
Nakajima e Hamada (1996) apresentaram o estado da arte da tecnologia de controlo de
emissões de NOX. A aplicação comercial de catalisadores De-NOX é usada no Japão desde 1977
devido à invenção de catalisadores de TiO2 (Dióxido de titânio). Um estudo mais recente (Maggos et
al., 2007) indica também que as tecnologias avançadas de oxidação representam uma opção
emergente de controlo ambiental para a eficiente remoção de poluentes químicos.
Existem várias tecnologias de controlo de redução das emissões de NOX que demonstraram
uma redução de 30 a 60% dessas emissões provenientes de caldeiras novas e de caldeiras já
existentes. Outro desenvolvimento deste tipo de tecnologia consiste num catalisador de dupla função,
que apresenta elevada actividade não só na eliminação das emissões de NOX com amoníaco, mas
também na oxidação do CO. O catalisador original à base de TiO2 não tem influência na oxidação do
CO, porém é conhecido que catalisadores de metais preciosos são muito activos e largamente
empregues na oxidação do CO. Portanto, com uma combinação de catalisadores baseados em TiO2
e metal precioso, a dupla função é conseguida na eliminação das emissões de CO e de NOX dos
gases de combustão das centrais.
Muitos esforços foram dedicados ao uso de hidrocarbonetos (HC) como redutores das
emissões de NOx dos gases de escape. Apesar de intensivos estudos, a remoção das emissões de
NOX com HC é insuficiente para a trazer para a aplicação comercial em fontes fixas de combustão. A
decomposição directa do NOX nos seus elementos é a melhor solução e certamente mais desejada
do que adicionar redutores para remover o NOX dos gases de combustão (Nakajima e Hamada,
1996).
O uso do fotocatalisador TiO2 em combinação com materiais cimentícios e outros materiais
de construção mostrou uma sinergia favorável no efeito da remoção de poluentes atmosféricos
(Fujishima et al., 1999). Recentemente, vários testes laboratoriais têm sido executados para avaliar
as propriedades despoluidoras de materiais fotocatalisadores de TiO2.
Em Maggos et al. (2007) é apresentada uma experiência à escala real, num parque de
estacionamento interior, para avaliar a eficiência da despoluição através do uso de TiO2. A remoção
de NOX deveu-se à redução das emissões dos automóveis e à oxidação do NOX através do uso de
TiO2 com radiação Ultravioleta (UV), fornecida por lâmpadas. Desta experiência, a redução do NO foi
significativamente afectado pela eliminação das emissões dos motores dos automóveis enquanto que
65
o NO2 não pareceu ser afectado pela variação dessas emissões gasosas. Foi demostrado que 91,3%
do NO foi removido pela acção do fotocatalisador TiO2 após 6 horas de radiação.
Os resultados experimentais revelaram um comportamento do fotocatalisador TiO2 melhor em
meio laboratorial do que à escala real, devido a factores externos de temperatura, humidade relativa e
devido à presença de componentes químicos. A presença de COVs, tal como o benzeno, tolueno e
xilenos podem ter um efeito de inibição na oxidação fotocatalítica do NOX (Maggos et al., 2007).
Todavia, este estudo demonstrou que para além das experiências laboratoriais, o quadro
fotocatalítico pode ser aplicado à escala real, podendo ser utilizado como uma ferramenta de
melhoria da qualidade do ar.
4.2.2 Manutenção do aeroporto
Para as actividades de manutenção do aeroporto é necessária energia. A energia fotovoltaica
(PV) poderá evitar o aumento das emissões, sendo uma fonte de energia renovável que pode ser
aplicada de diferentes formas num aeroporto. Outros recursos podem ser utilizados, como já foi
mencionado anteriormente.
A integração de módulos solares fotovoltaicos em edifícios aeroportuários é uma das
melhores aplicações de sistemas fotovoltaicos integrados em edifícios (BIPV14
). Os aeroportos são
edifícios tipicamente de grandes dimensões, horizontais, isolados e livres de sombreamento, tendo
por isso grande potencial na integração de sistemas solares fotovoltaicos quer nas fachadas, quer
nas coberturas (Rϋther e Braun, 2005, 2009). A pequena inclinação da cobertura dos edifícios dos
aeroportos favorecem a integração dos painéis fotovoltaicos na cobertura, como é o caso do projecto
para o novo aeroporto de Florianópolis, no Brasil. Edifícios de aeroportos situados a altitudes
elevadas podem apresentar módulos fotovoltaicos nas fachadas e nas paredes verticais, para melhor
uso do sol nesses locais.
Frequentemente, é utilizado superfícies de brise-soleil15
no revestimento dos edifícios dos
aeroportos, para evitar a radiação solar directa, e estes podem funcionar duplamente como
superfícies fotovoltaicas activas em ambas altitudes, altas e baixas. Para além disso, os aeroportos
têm espaço suficiente para acomodar módulos fotovoltaicos não encastráveis, que podem ser
usados, em alguns casos como barreiras sonoras (Rϋther e Braun, 2005; Araki et al., 2009) para
desviar o ruído das aeronaves dos terminais de passageiros. Rϋther e Braun (2005) são da opinião
que os edifícios e os espaços dos aeroportos são tipicamente tão vastos que 100% do fornecimento
de electricidade com PV não é uma tarefa difícil de realizar, tanto quanto maior for a disponibilidade
de área adequada para a sua instalação. Painéis PV dispostos em telas fixas compostas por barras
14
Acrónimo de Building-Integrated PhotoVoltaics, em inglês.
15 Invenção do arquitecto franco-suíço Le Corbusier. É um dispositivo arquitectónico utilizado para impedir a
incidência directa da radiação solar no interior de um edifício para evitar um calor excessivo.
66
paralelas (rack-mounted) em certas áreas do aeroporto são mais versáteis em termos de inclinação e
orientação, e pode ser uma opção mais interessante para optimizar a potência do PV, quando
comparada com BIPV.
Uma comparação entre painéis fotovoltaicos bifaciais em instalações verticais e painéis mono
faciais em Araki et al. (2009) mostrou que os painéis PV bifaciais verticais são independentes da
direcção da instalação, podendo ser uma vantagem em certos casos. Esta característica confere
maior probabilidade de desenvolver aplicações específicas tais como barreiras de ruído PV
integradas em aeroportos, auto-estradas e caminhos-de-ferro, coberturas de telhados exteriores em
edifícios, instrumentos de iluminação solares e assim por diante.
Virtualmente “metade do mundo” viaja pelo ar todos os anos, incluindo a maioria dos
responsáveis pelas decisões de todo o mundo, tornando assim os aeroportos os locais perfeitos para
mostrar a tecnologia fotovoltaica e ao mesmo tempo mitigar os efeitos da queima dos combustíveis
fósseis para gerar a electricidade desses edifícios. Rϋther e Braun (2005) comparam também as
emissões do transporte aéreo com a mitigação do carbono devido à instalação de PV para gerar
electricidade nos aeroportos em vez da produção convencional.
Rϋther e Braun (2009) afirmam que a instalação de BIPV pode tornar um edifício
aeroportuário de energia zero (ZEB16
) e que estes edifícios podem acomodar um elevado número de
geradores PV no local, que representam uma contribuição importante para a distribuição local de
serviço público em áreas urbanas. O revestimento do edifício pode acomodar o gerador PV e a
instalação eléctrica do edifício pode fornecer o interface entre o gerador solar e a rede de distribuição
de serviço público, resultando num local estratégico, praticamente de área zero, limpo e central de
energia renovável.
Em 2002, o aeroporto Internacional de São Francisco, nos Estados Unidos da América,
instalou painéis PV de 20 kw para fornecer electricidade a um dos edifícios de suporte do aeroporto.
O sistema PV utilizado foi o comercial “peel-and-stick” laminados ligados à rede metálica da cobertura
em unidades modulares (Han et al., 2009). Os painéis solares nas coberturas são muito utilizados
actualmente na Alemanha, Espanha, e em vários países da Europa. Chow et al. (2009) estudaram a
realização de sistemas integrados de PV e aquecimento de água em edifícios. O período de
recuperação (payback) para climas quentes foi estimado em cerca de 14 anos. Alguns investigadores
propuseram, recentemente, um sistema PV térmico envolvendo uma placa do tipo fina com tubos de
calor entre as camadas fotovoltaicas. O desenho compacto e o encravamento característico desta
invenção tornam mais conveniente adicionar o sistema PV térmico em coberturas existentes ou usá-
los como coberturas de novos edifícios (Han et al., 2009).
16
Acrónimo de Zero-Energy Building, em Inglês.
67
4.2.3 Serviços não aeronáuticos
Os serviços não aeronáuticos, enumerados no subcapítulo 2.7 encontram-se dentro do(s)
edifício(s) do aeroporto. Os edifícios têm um impacto significativo no uso da energia e no ambiente e
o consumo da electricidade aumentou no sector dos edifícios comerciais (EIA, 2005). O consumo da
energia no sector dos edifícios comerciais continuará a crescer até que os edifícios possam ser
projectados para produzir energia suficiente para compensar o crescimento da procura de energia
dos próprios edifícios.
Do lado da oferta, encontram-se várias tecnologias de energia renovável disponíveis para os
ZEBs. Actualmente, o PV, o aquecimento da água pelo sol, a energia eólica e hidroeléctrica e os
biocombustíveis são exemplos típicos de tecnologias disponíveis, algumas já mencionadas
anteriormente. Todas estas fontes renováveis são mais favoráveis, do ponto de vista ambiental, que
as fontes convencionais de energia como o carvão e o gás natural (Torcellini et al., 2006).
A Tabela seguinte (Tabela 4.2) mostra as opções de fontes de energia renováveis, por ordem
de preferência, de acordo com a minimização do impacto global no ambiente, por incentivos de
projectos de edifícios de elevada eficiência e reduzindo o transporte e as perdas da conversão. A
Tabela 4.2 tem em conta também se as opções estarão disponíveis durante toda a vida útil do
edifício, se estão amplamente disponíveis e se têm alto potencial de aplicação para o futuro dos
ZEBs.
Tabela 4.2 - Opções hierárquicas de oferta de energia renováveis para ZEB (Fonte: Torcellini et al., 2006).
Ordem de
opção Opções para ZEB do lado da oferta Exemplos
0 Reduzir o consumo de energia local através de
tecnologias de edifícios de baixa energia
Luz natural diurna, equipamentos de AVAC de
elevada eficiência, ventilação natural,
arrefecimento por evaporação, etc.
Opções de oferta no local
1
Utilização de fontes de energia renováveis disponíveis na
área útil do edifício
PV, água quente solar e vento localizado no
edifício
2 Utilização de fontes renováveis disponíveis no local PV, água quente solar, baixo impacto hídrico e
vento localizado no local, mas não no edifício
Opções de oferta fora do local
3 Utilização de fontes renováveis disponíveis fora do local
para gerar energia no local
Biomassa, granulados de madeira, etanol ou
biodiesel que possa ser importado de outro local
ou fluxos de resíduos de processos locais que
possam ser usados no local para gerar
electricidade e calor
4 Aquisição de fontes de energia renováveis fora do local
Baseado no vento, PV, créditos de emissões, ou
outras opções “verdes” de aquisição.
Hidroeléctrica é considerada, por vezes.
68
4.2.4 Tráfego de veículos (exterior ao aeroporto)
Para redução das emissões do tráfego gerado pelo aeroporto as medidas indirectas de
gestão de mobilidade urbana, tal como, melhorias no transporte colectivo (TC) e incentivo ao uso do
mesmo bem como a possibilidade dos funcionários beneficiarem do passe social, incentivo a
programas de carpool e partilha de táxis serão as mais adequadas.
Carpool é um grupo de duas ou mais pessoas que partilham o seu transporte individual (EPA,
2001). O carpooling beneficiará tanto os empregadores, como os funcionários e é uma estratégia
aplicada à resolução de problemas de congestionamento e estacionamento nos centros urbanos,
sendo também uma medida de redução de emissões, pois tem como objectivo uma utilização de
recursos mais eficiente.
O carpoling apresenta-se como outra modalidade de transporte, com a intenção de aumentar
a taxa de ocupação do veículo individual nas viagens de casa para o trabalho e vice-versa (Correia e
Viegas, 2005).
Segundo a EPA (2001), as empresas podem incentivar o carpooling de diferentes formas,
incluindo custos reduzidos, parque de estacionamento privilegiado reservado aos carpoolers ou
estacionamento gratuito, incentivos financeiros, entre outros.
4.2.5 Outros
Os combustíveis fósseis são ainda a principal fonte de energia utilizada e as emissões
associadas à sua utilização e armazenagem poderão ser reduzidas ou evitadas com a utilização de
combustíveis alternativos.
As actividades de construção são fontes de poluição, porém não têm carácter permanente,
pelo que não se apresentam propostas para este problema. As actividades de treino de combate a
incêndios, devido ao uso de veículos movidos a combustíveis fósseis são outra fonte de emissões
poluentes onde a utilização de combustíveis alternativos nesses veículos constituirá uma solução
para a redução das suas emissões.
69
4.3 Medidas mitigadoras do Lado Ar
4.3.1 Aeronaves
A configuração de novas aeronaves tal como a fuselagem integrada 17
e os ecranoplanos18
têm enorme potencial mas estão em fase de desenvolvimento (Chapman, 2007). Estes podem tornar-
se uma alternativa viável no futuro, bem como o avião solar19
, recentemente apresentado, porém
ainda em fase de testes. Janic (2008) apresenta as vantagens e desvantagens de aeronaves
comerciais utilizando o hidrogénio líquido como combustível, porém parece ser uma opção arriscada
técnica e financeiramente.
Como já foi referido anteriormente, o combustível mais utilizado na aviação é derivado do
petróleo, o Jet fuel A1. Alternativamente aos combustíveis fósseis sugerem-se outros combustíveis da
aviação, mais limpos sob o ponto de vista ambiental para além do hidrogénio líquido. Esses
combustíveis alternativos para a aviação com carbono neutro ou menor teor de emissões de CO2 têm
sido investigados, mas os custos elevados, capacidade energética mais baixa e a instabilidade
térmica têm impedido a sua implementação (Rϋther e Braun, 2005), contudo algumas experiências
com biocombustíveis foram feitas, como por exemplo o caso brasileiro do PROSENE (Simões e
Schaeffer, 2004).
Consistindo numa mistura de ésteres obtidos de óleos vegetais (soja, canola20
, colza,
girassol, entre outros), o combustível alternativo PROSENE foi obtido no final de 1982 através de
uma reacção conhecida como transesterificação, usando o metanol no processo. No ano seguinte, foi
feito um voo teste com uma aeronave brasileira, com PROSENE. A aeronave descolou de São José
dos Campos (Estado de São Paulo) e voo com sucesso até Brasília (Distrito Federal). Em meados de
1984, os preços do petróleo estabilizaram e as actividades experimentais de produção de PROSENE
não prevaleceram. Do ponto de vista do desempenho técnico, comparando o PROSENE com o
querosene da aviação, os peritos do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) observaram uma pequena
redução de potência do reactor da ordem dos 10% devido ao facto de ser um combustível com mais
baixa capacidade energética. Outro problema detectado foi a estabilidade térmica do PROSENE,
contudo foi resolvido antes mesmo do fim do projecto do PROSENE. Em 1983, o CTA observou que
a redução das emissões de CO2 da aeronave Bandeirante em operação (modelo de aeronave
brasileira produzida pela EMBRAER), através do uso de uma mistura de 90% de querosene da
17
Wing-body aircraft, em inglês.
18 O termo deriva da denominação de efeito solo, em russo. Os ecranoplanos utilizam o efeito solo que causa
uma sobrepressão sob as asas de formato especial, criando um colchão de ar que dá sustentação à aeronave em voo rasante, diferentemente dos aviões convencionais.
19
http://www.swissinfo.ch/por/capa/Pioneiro_Bertrand_Piccard_apresenta_aviao_solar.html?siteSect=105&sid=10885991&cKey=1246052306000&ty=st
20
O termo Canola parece ser um acrónimo em inglês (CANadian Oil, Low Acid) que quer dizer "azeite canadense de baixo teor ácido" e é aplicado a variedades cultivadas de colza.
70
aviação e 10% de PROSENE, poderia atingir 7.8% por ano, em média, comparada com a mesma
aeronave propulsionada apenas por querosene da aviação (Simões e Schaeffer, 2004).
Um outro combustível alternativo para a aviação é o álcool hidratado. Em 2002, uma empresa
de construção de aeronaves, a NEIVA (sediada em São Paulo) testou, com sucesso, a primeira
aeronave abastecida de álcool combustível no Brasil. As vantagens dos reactores movidos a álcool
são menores custos operacionais e menor poluição ambiental. Apesar de queimar mais combustível
do que as aeronaves movidas a jet fuel, os preços mais baixos do álcool combustível contrabalança
esta diferença. O facto de o álcool ter apenas entre metade a dois terços da densidade energética do
jet fuel, por unidade de volume, constitui a principal desvantagem deste combustível. Por
conseguinte, a autonomia da aeronave é mais curta, requerendo mais energia para as operações de
descolagem e subida, maiores e mais pesados sistemas de combustível. Do ponto de vista ambiental,
o uso do álcool combustível oferece o benefício chave: não aumenta o efeito de estufa durante a sua
combustão. Portanto, a substituição da gasolina da aviação pelo álcool hidratado resulta numa
descida das emissões de CO2 de 100%, numa análise inicial (Simões e Schaeffer, 2004).
4.3.2 Procedimentos Operacionais
No lado ar, existem ainda diversas medidas e/ou procedimentos que se podem adoptar
enquanto as aeronaves se encontram em terra, durante a rolagem. Reduzir a utilização dos reactores
nos taxiways do aeroporto ou alterar a forma com as aeronaves se movimentam por mecanismos
mais limpos, podem constituir reduções significativas nas emissões provenientes das aeronaves. As
aeronaves podem ser rebocadas pelo push-back, em vez de usarem os próprios meios durante a
movimentação em terra, reduzindo-se assim a quota-parte de emissões devido aos motores das
aeronaves.
4.3.3 Aeroporto
Um elemento importante que permanece virtualmente inalterável é o próprio aeroporto.
Vindnaes (2008) sugere um redesenho dos aeroportos, alterando a inclinação das pistas de
aterragem/descolagem e os terminais. Vindnaes (2008) indica que o edifício do terminal pode ser
construído em altura com diversos pisos alterando as distâncias desde os estacionamentos das
aeronaves até à saída do aeroporto de cerca de 1500 metros para no máximo 400 metros (Figura 4.2
e 4.3).
71
A alteração da planta do aeroporto com a existência de terminais remotos pode estabelecer
uma melhor funcionalidade do aeroporto, a nível operacional, reduzindo as emissões poluentes
provenientes da rolagem das aeronaves.
4.4 Outras medidas
Acções como a plantação de árvores e o comércio de carbono são medidas que não
reduzem, directamente, as emissões do aeroporto. Porém, plantar árvores com intuito de compensar
as emissões ou comprar o direito de poluir, no caso do comércio de carbono, são outras medidas
possíveis de se implantar nos aeroportos.
Neste capítulo expuseram-se diversas medidas possíveis para reduzir emissões poluentes
provenientes das diferentes fontes existentes num aeroporto. Posto isto, serão apresentadas, no
capítulo seguinte, propostas para aplicação ao aeroporto de Lisboa, com destaque nas emissões
provenientes do lado ar devido às aeronaves em terra.
Figura 4.2 e Figura 4.3 – Aeroporto tradicional (à esquerda) e aeroporto vertical (à direita) (Fonte: Vindnaes,
2008).
72
73
5. Aplicação ao Aeroporto de Lisboa
5.1 Enquadramento do Aeroporto de Lisboa
5.1.1 Localização do aeroporto
O aeroporto de Lisboa localiza-se na Portela de Sacavém, entre o concelho de Lisboa e o
concelho de Loures, a noroeste do centro da cidade de Lisboa (Figura 5.1). O aeroporto de Lisboa
começou a funcionar em 1942 e à sua volta apenas existiam áreas dedicadas à agricultura. Com o
crescimento da população e desenvolvimento da cidade existem, actualmente, várias zonas
residenciais e comerciais ao seu redor, nomeadamente, o bairro de São Francisco, a Portela, Olivais
e Moscavide (NAER, 2002). O aeroporto tem uma área total de 495 hectares, aproximadamente, e
tem as seguintes características21
:
Latitude: 38 46' 27" N;
Longitude: 009 08' W;
Altitude: 114 m (314ft);
Pistas: 03-21 (3805x45m); 17-35 (2400x45m).
21
www.ana.pt, consultada a 13 de Dezembro de 2009.
Figura 5.1 - Localização do aeroporto de Lisboa (Fonte: Google Earth).
Pista 03
Pista 21
Pista 35
Terminal principal
Pista 17
Terminal 2
74
De acordo com o relatório anual do Airports Council International (ACI), em 2007, o aeroporto
de Lisboa apresentou-se em 98º lugar no ranking de passageiros com um total de 13.392.059 de
passageiros, apresentado um aumento de 8.8% em relação ao ano de 2006. Quanto ao número total
de movimentos de aeronaves, o aeroporto apresentou 144.800 movimentos, ficando em 147º lugar
nesse ranking com um aumento de 5.6% em relação ao ano anterior. Relativamente à carga, o
aeroporto de Lisboa ficou em 148º lugar no ranking, apresentado um total de carga de 94.515
toneladas métricas com um decréscimo de 5.0% em relação ao ano anterior (Figura 5.2).
Figura 5.2 – Posição do aeroporto de Lisboa, no ranking apresentado pelo ACI (Fonte: ACI, 2007).
5.1.2 Classificação do aeroporto
O aeroporto de Lisboa classifica-se como hub secundário de acordo com a definição de
Little (2009), pois oferece cerca de 14 rotas intercontinentais e numerosas rotas de médio curso. O
aeroporto é considerado como hub nacional de acordo com o plano de expansão do aeroporto de
Lisboa (ANA, 2006b), apesar de não encaixar na definição de aeroporto nacional apresentada no
capítulo 2.1 definido em Edwards (2005).
75
26%
24%
6%6%
5%
5%
3%
3%
2%
2%
2% 2%
2%
2%
1%
10%
Distribuição de aeronaves no aeroporto de Lisboa (2007) A320
A319
E145
A321
F100
A310
B752
B190
A332
B738
CRJ2
B737
A343
B733
MD88
Outros
5.2 Caso de referência
5.2.1 Método de Cálculo
Pretendeu-se estimar as emissões poluentes actuais, provenientes das aeronaves, no
aeroporto de Lisboa, através da equação 1 apresentada anteriormente no subcapítulo 3.8.1 (ICAO,
2007; Kesgin, 2006):
(1)
O primeiro parâmetro da equação ( ) diz respeito ao número de reactores de cada tipo de
aeronave. Consequentemente, houve a necessidade de compreender que tipo de aeronaves existiria
no aeroporto de Lisboa. Os dados mais recentes disponíveis foram encontrados no website da ANA,
os quais dizem respeito ao número de movimentos por tipo de aeronave no ano de 2007 (gráfico 5.1).
Desta forma, assumiu-se a mesma distribuição de aeronaves para o ano seguinte, e tendo disponível
o número total de movimentos no ano de 2008, calculou-se o número de movimentos por tipo de
aeronave para 2008 (Tabela 5.1).
Posteriormente, para identificar o tipo de reactores de cada tipo de aeronave, pesquisaram-se
duas bases de dados diferentes, uma da ICAO22
e a outra denominada AERO2K23
(Turgut e Rosen,
2009). Os reactores utilizados para este estudo são apresentados na Tabela 5.2, bem como o
número e o tipo de reactores para cada aeronave.
22
Airport Air Quality Guidance Manual, ICAO. 23
Global Aviation Emissions Inventories for 2002 and 2025, European Comission.
Gráfico 5.1- Distribuição de aeronaves no aeroporto de Lisboa (Fonte: ANA, 2007a).
76
Para as aeronaves do tipo A330 e CRJ2 a base dados AERO2K não menciona o tipo de
reactor, e portanto, utilizou-se o tipo de reactor indicado pela ICAO. Nas duas bases de dados não se
encontrou informação sobre os reactores típicos da aeronave B190, pelo que adicionou-se o número
de movimentos deste tipo de aeronave à categoria de “Outros”. Esta categoria, por sua vez,
adicionou-se, de forma conservativa, ao tipo de aeronaves com maiores índices de emissão de
poluentes.
Tabela 5.1- Número de movimentos por tipo de aeronave no aeroporto de Lisboa
(Fonte: ANA, 2007a, 2008a, 2008b).
O segundo parâmetro da equação ( ) refere-se ao número de ciclos de aterragem e
descolagem, o ciclo LTO. Considerou-se que o número total de ciclos LTO em 2008, no aeroporto de
Lisboa foi metade do número total de movimentos.
O terceiro parâmetro ( ) é o factor de consumo de combustível para cada tipo de reactor
da aeronave no respectivo modo operacional. Este factor, bem como os factores de emissão ( )
para as emissões dos poluentes de HC, CO e NOX foram encontrados na ICAO-Engine emissions
data bank24
(ver ANEXO II).
24
http://www.caa.co.uk/default.aspx?catid=702&pagetype=68, consultada a 27 de Novembro de 2009.
Aeronaves Movimentos 2007 Percentagem (%) Movimentos 2008
A320 37.935 26,20% 37.927
A319 34.518 23,84% 34.511
E145 8.876 6,13% 8.874
A321 7.983 5,51% 7.981
F100 7.656 5,29% 7.654
A310 7.266 5,02% 7.265
B752 4.448 3,07% 4.447
B190 4.134 2,85% 4.133
A332 2.837 1,96% 2.836
B738 2.664 1,84% 2.663
CRJ2 2.648 1,83% 2.647
B737 2.478 1,71% 2.478
A343 2.267 1,57% 2.267
B733 2.241 1,55% 2.241
MD88 2.088 1,44% 2.088
Outros 14.761 10,19% 14.758
Total 144.800 100,00% 144.771
77
O último parâmetro da equação ( ) consta do tempo consumido pela aeronave em cada
modo operacional. A ICAO sugere tempos médios, apresentados anteriormente, porém os tempos
médios no aeroporto de Lisboa são ligeiramente diferentes. Para obter os dados mais correctos fez-
se uma entrevista ao controlador aéreo Rui Neves e ao José Benvindo, ambos controladores da Torre
de Controlo Aéreo do aeroporto de Lisboa, da NAV Portugal. Desta forma, os tempos utilizados para
as diferentes fases de um ciclo LTO foram de 50 segundos para a descolagem, 4 minutos para a
aproximação, 2,2 minutos para a subida e 16 minutos de tempo médio de taxi, correspondendo a 4
minutos para o taxi in e 12 minutos para o taxi out.
Tabela 5.2 - Tipos de reactores da base de dados da ICAO e da AERO2K (Fonte: ICAO, 2007, p. 50; Eyers et al., 2004, p.27).
25
A sombreado aparecem os reactores indicado na ICAO por não haver informação acerca deste tipo na base dados AERO2K.
Aeronave Number
of engines
ICAO AERO2K
Engine UID
Engine type
(ICAO)
Representative aircraft
Representative engine
Databank unique ID
A320 2 1CM008 CFM56-5A1 (TF)
Airbus A320-200 CFM56-5C4 (TF) 2CM015
A319 2 4CM036 CFM56-5A5 (TF)
Airbus A319 CFM56-5C4 (TF) 2CM015
E145 2 6AL007 AE3007A1
(TF) Embraer BEM-145 ALF502L2 (TF) 1TL001
A321 2 3CM025 CFM56-
5B3/P(TF) Airbus A321-100 CFM56-5C4 (TF) 2CM015
F100 2 1RR021 TA Mk650-15 (MTF)
Fokker F100 Tay 650-15 (MTF) 1RR021
A310 2 1GE016 CF6-
80C2A2 (TF)
Airbus A310-300 PW4x62 (TF) 1PW058
B752 2 3RR028 RB211-535E4 (TF)
Boeing 757-200 PW2040 (TF) 4PW073
A332 2 3RR030 Trent
772B-60 (TF)
Airbus A330-20025
Trent 772B-60
(TF) 3RR030
B738 2 3CM033 CFM56-
7B26 (TF) Boeing 737-800 CFM56-7B26 (TF) 3CM033
CRJ2 2 1GE035 CF34-3A1
(TF) CRJ-100ER CF34-3A1 (TF) 1GE035
B737 2 3CM031 CFM56-
7B22 (TF) Boeing 737-600 CFM56-7B26 (TF) 3CM033
A343 4 2CM015 CFM56-5C4 (TF)
Airbus A340-300 CFM56-5C4 (TF) 2CM015
B733 2 1CM004 CFM56-
3B-1 (TF) Boeing 737-300 CFM56-3C-1 (TF) 1CM007
MD88 2 1PW018 JT8D-217C (MTF)
McDonnell Douglas MD-82/88
JT8D-15 (MTF) 1PW010
78
Para estimar as emissões das partículas em suspensão foi necessário calcular primeiro o seu
factor de emissão, pois este não se encontra disponível na ICAO-Engine emissions data bank. Desta
forma, adoptou-se a metodologia recomendada pela ICAO, a metodologia FOA3.0, apresentada no
ANEXO I (equação 2 a equação 14). Quanto às emissões de CO2 e SO2, estas foram calculadas
dependendo apenas da quantidade de combustível consumido pelas aeronaves. A relação
considerada foi de 3156 g de CO2 libertados por cada quilograma de combustível consumido. As
emissões de SO2 foram consideradas 0,10% do combustível consumido, como já tinha sido referido
anteriormente.
A metodologia adoptada não teve em consideração outros factores como as condições
atmosféricas, o peso da aeronave na descolagem e as emissões devido à utilização do APU; factores
estes que também contribuem para um maior ou menor consumo de combustível e,
consequentemente, maior ou menor quantidade de emissões de poluentes no ciclo de aterragem e
descolagem.
5.2.2 Resultados das Emissões Actuais (Caso de Referência)
O caso de referência é constituído pela quantidade total de emissões poluentes actuais e o
consumo total de combustível, resultantes das aeronaves do aeroporto de Lisboa (ano de 2008).
Apresentam-se na Tabela 5.3 os resultados dos cálculos referidos no subcapítulo anterior utilizando
os reactores da base de dados da ICAO. Apresenta-se também a distribuição das emissões
poluentes e do consumo de combustível nos quatro modos operacionais do ciclo LTO (gráficos 5.2 a
5.8).
Tabela 5.3 - Total de emissões poluentes e consumo de combustível das aeronaves, no aeroporto de Lisboa (Base de dados ICAO).
Ano
2008
ICAO
Total emissões (ton/ano) Consumo
de
combustível
(ton/ano)
HC CO NOX CO2 SO2 PM
Take-Off 1,16 6,34 216,86 24.447,86 7,75 51,55 7.746,47
Climb-Out 1,92 13,73 363,90 52.851,54 16,75 110,51 16.746,37
Approach 2,47 26,77 91,31 32.509,44 10,30 67,15 10.300,84
Idle 43,34 350,29 58,05 45.027,62 14,27 92,71 14.267,31
Total 48,89 397,13 730,11 154.836,45 49,06 321,93 49.060,98
79
16%
34%21%
29%
Emissões de CO2
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
16%
34%21%
29%
Emissões de PM
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
2% 4% 5%
89%
Emissões de HC
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
2%3% 7%
88%
Emissões de CO
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
30%
50%
12%8%
Emissões de NOX
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
16%
34%21%
29%
Emissões de SO2
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
Gráfico 5.3- Distribuição das emissões de CO
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (ICAO).
Gráfico 5.2 - Distribuição das emissões de HC
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (ICAO).
Gráfico 5.4- Distribuição das emissões de NOx
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (ICAO).
Gráfico 5.7 -Distribuição das emissões de PM
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (ICAO).
Gráfico 5.6 - Distribuição das emissões de SO2
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (ICAO).
Gráfico 5.5 - Distribuição das emissões de CO2
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (ICAO).
80
As emissões de HC e CO resultantes das aeronaves são mais significativas em regime de
potência mínima, portanto durante a rolagem e estacionamentos, como se confirma pelos gráficos 5.2
e 5.3. A maior parte das emissões de NOX são produzidas pelas aeronaves em regimes de máxima
potência, portanto durante as aterragens e descolagens, sob a forma de NO e a quantidade de NO2 é
produzida quando os reactores se encontram em potência mínima (gráfico 5.4). As emissões de CO2
e SO2 são proporcionais à queima de combustível e portanto a distribuição deste tipo de emissões é
idêntica à de consumo de combustível, como se verifica nos gráficos 5.5, 5.6 e 5.8. As emissões de
partículas provenientes das aeronaves são mais significativas em níveis elevados de potência
associada às aterragens e descolagens, apenas 30% das emissões de PM são em regime de baixas
potências, como se pode verificar no gráfico 5.7.
Gráfico 5.8 - Distribuição do consumo de combustível resultante das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo
LTO (ICAO).
Apresentam-se também os resultados das emissões poluentes, a respectiva distribuição e o
consumo de combustível nos quatro modos operacionais do ciclo LTO, utilizando os reactores da
base dados da AERO2K, na Tabela 5.4 e nos gráficos 5.9 a 5.15.
Tabela 5.4 - Total de emissões poluentes e consumo de combustível das aeronaves, no aeroporto de Lisboa
(Base de dados AERO2K).
16%
34%21%
29%
Consumo de combustível
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
Ano
2008
AERO2K
Total emissões (ton/ano) Consumo de
combustível
(ton/ano) HC CO NOX CO2 SO2 PM
Take-Off 0,54 8,18 408,32 35.774,13 11,34 76,90 11.335,28
Climb-Out 0,82 16,90 648,10 75.437,58 23,90 160,74 23.902,91
Approach 1,50 22,98 156,89 45.166,05 14,31 95,06 14.311,17
Idle 64,99 484,58 80,82 57.708,35 18,29 121,30 18.285,28
Total 67,85 532,64 1.294,14 214.086,1 67,83 454,00 67.834,63
81
2% 3% 4%
91%
Emissões CO
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
32%
50%
12%6%
Emissões NOX
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
17%
35%21%
27%
Emissões de CO2
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
17%
35%21%
27%
Emissões de SO2
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
17%
35%21%
27%
Emissões de PM
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
1%
1% 2%
96%
Emissões HC
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
Gráfico 5.10- Distribuição das emissões de CO
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
Gráfico 5.12- Distribuição das emissões de CO2
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
Gráfico 5.9 - Distribuição das emissões de HC
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
Gráfico 5.11- Distribuição das emissões de NOX
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
Gráfico 5.13 - Distribuição das emissões de SO2
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
Gráfico 5.14- Distribuição das emissões de PM
provenientes das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
82
17%
35%21%
27%
Consumo de combustível
Take-Off
Climb-Out
Approach
Idle
Os valores totais das emissões poluentes e do consumo de combustível das aeronaves
utilizando a base dados AERO2K são superiores aos resultados utilizando a base de dados da ICAO.
Preferiu-se calcular as emissões para dois reactores diferentes por não se ter acesso à informação da
actual frota das companhias e, por isso, apresentam-se duas opções possíveis. A distribuição relativa
das emissões e do combustível consumido por cada modo operacional não demonstra diferenças
significativas (gráfico 5.9 a 5.15).
Gráfico 5.15- Distribuição do consumo de combustível resultante das aeronaves nas diferentes fases de um ciclo LTO (AERO2K).
83
5.3 Propostas de mitigação
O objectivo desta dissertação é sugerir propostas mitigadoras para as emissões das
aeronaves no aeroporto de Lisboa. No subcapítulo 4.3 indicaram-se as seguintes medidas
relacionadas com a redução das emissões das aeronaves:
Aeronaves: Fuselagem integrada; ecranoplanos; avião solar; combustíveis
alternativos (incluindo o hidrogénio líquido; o prosene e o álcool hidratado;
Procedimentos operacionais: Reduzir a utilização dos reactores na rolagem das
aeronaves; mecanismos mais limpos de movimentação de aeronaves; aeronaves
rebocadas por push-backs;
Aeroporto: Redesenho do aeroporto (incluindo pistas inclinadas e aeroporto vertical);
terminal remoto.
As medidas indicadas no subcapítulo 4.3.1 (Aeronaves) não são adoptadas neste estudo pois
saem fora do âmbito desta dissertação, sendo necessária experiência em engenharia aeronáutica
entre outras áreas de conhecimento. A medida indicada no subcapítulo 4.3.3 (Aeroporto) de
redesenho do aeroporto relacionada com pistas de aterragem inviabilizaria o aeroporto e, por isso,
não foi escolhida para aplicar no aeroporto de Lisboa. Alterar os terminais existentes no aeroporto
para o conceito de aeroporto vertical, também não parece uma solução viável neste caso de estudo.
Desta forma, as medidas mais adequadas a aplicar ao aeroporto de Lisboa, nesta dissertação, são:
Proposta 1: Rolagem das aeronaves com apenas um reactor;
Proposta 2: Push-back leva aeronave de/até cabeceira da pista;
Proposta 3: Terminal próximo da pista de aterragem/descolagem;
Proposta 4: Sistema automático para rolagem das aeronaves.
Estas quatro propostas são apresentadas com mais detalhe de seguida e os resultados
obtidos com a sua aplicação no aeroporto de Lisboa.
84
5.3.1 Proposta 1
Na proposta 1 pretende-se que as aeronaves utilizem apenas um reactor no caso de
possuírem dois reactores ou apenas dois no caso das aeronaves com quatro reactores (A340 por
exemplo), durante a rolagem nos taxiways. Nestas circunstâncias, o cálculo das emissões no modo
operacional “idle” contabiliza apenas as emissões de metade dos reactores de cada aeronave. O
cálculo das emissões é feito através da mesma metodologia do caso de referência. A Tabela 5.5
mostra a variável que se altera (a branco). A velocidade de rolagem atingida pela aeronave é a
mesma com apenas metade dos reactores ligados, porém haverá necessidade de uma maior
potência inicial para poder atingir a mesma velocidade com todos os reactores ligados.
Tabela 5.5– Aplicação da proposta 1 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo).
5.3.2 Resultados
Com a proposta 1 conseguem-se reduções da ordem dos 44% nas emissões de
hidrocarbonetos e monóxido de Carbono. A redução nas emissões de dióxido de Carbono, dióxido de
Enxofre, partículas em suspensão e combustível consumido é de cerca de 14%. A menor redução
verificada é de apenas 4% para as emissões de óxidos de Azoto. A Tabela 5.6 indica o total de
emissões dos vários poluentes, o consumo de combustível e a respectiva redução comparativamente
às emissões actuais (caso de referência) utilizando a base dados da ICAO.
26
IDLE (regime de baixas potências) indica a fase de Taxi do ciclo LTO.
Engine
UID
Engine
type
(ICAO)
Aeronave Mode tm,a
(s) Ia,e Fa,e,m
Ee,m,i
na HC CO NOX
1CM008 CFM56
-5A1 A320
TAKE-OFF 50
18.964
1,051 0,23 0,9 24,6 2
CLIMB OUT 132 0,862 0,23 0,9 19,6 2
APPROACH 240 0,291 0,4 2,5 8 2
IDLE26
960 0,1011 1,4 17,6 4 1
85
Tabela 5.6 - Resultados das emissões poluentes e do consumo de combustível aplicando a proposta 1 e respectivas reduções (base dados ICAO).
A
Ano
2008
ICAO
(Proposta 1)
Total emissões (ton/ano) Consumo de
combustível
(ton/ano) HC CO NOX CO2 SO2 PM
Take-Off 1,16 6,34 6,86 24.447,86 7,75 51,55 7.746,47
Climb-Out 1,92 13,73 63,90 52.851,54 16,75 110,51 16.746,37
Approach 2,47 26,77 1,31 32.509,44 10,30 67,15 10.300,84
Idle 21,67 175,14 9,02 22.513,81 7,13 46,35 7.133,65
Total 27,22 221,99 01,09 132.322,64 41,93 275,57 41.927,33
Redução 21,67 175,14 29,02 22.513,81 7,13 46,35 7.133,65
% 44,32% 44,10% 3,98% 14,54% 14,54% 14,40% 14,54%
5.3.3 Proposta 2
Na proposta 2 pretende-se que a aeronave seja rebocada e levada pelo push-back até à
cabeceira da pista de descolagem no taxi out. O push-back servirá também para rebocar a aeronave
da pista até ao stand no taxi in. Portanto, o percurso de rolagem da aeronave é feito com todos os
motores desligados. O cálculo das emissões é feito através da mesma metodologia do caso de
referência. A Tabela 5.7 mostra a variável que se altera (a branco). Tendo em conta que a velocidade
média das aeronaves durante a rolagem é de 8 m/s (Winther et al., 2006) e que a velocidade máxima
de um push-back é de 30 km/h27
, correspondendo a 8,3 m/s, tem-se neste caso, um aumento de
cerca de 4,2% no tempo de rolagem.
Tabela 5.7 - Aplicação da proposta 2 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo).
27
Informação obtida através da Ground Force Portugal.
Engine
UID
Engine
type
(ICAO)
Aeronave Mode tm,a
(s) Ia,e Fa,e,m
Ee,m,i
na HC CO NOX
1CM008 CFM56-5A1 A320
TAKE-OFF 50
18.964
1,051 0,23 0,9 24,6 2
CLIMB OUT 132 0,862 0,23 0,9 19,6 2
APPROACH 240 0,291 0,4 2,5 8 2
IDLE 1000 0,1011 1,4 17,6 4 0
86
5.3.4 Resultados
Na proposta 2 verificam-se reduções de quase 90% nas emissões de hidrocarbonetos e
monóxido de Carbono. As emissões de dióxido de Carbono, dióxido de Enxofre, partículas em
suspensão e consumo de combustível é de cerca de 30%, enquanto que a redução nos óxidos de
Azoto é de apenas 8%. A Tabela 5.8 indica o total de emissões dos vários poluentes, o consumo de
combustível e a respectiva redução comparativamente às emissões actuais (caso de referência)
utilizando a base dados da ICAO.
Tabela 5.8 - Resultados das emissões poluentes e do consumo de combustível aplicando a proposta 2 ou da proposta 4 e respectivas reduções (base dados ICAO).
A
Ano
2008
ICAO
(Proposta 2
ou 4)
Total emissões (ton/ano) Consumo de
combustível
(ton/ano) HC CO NOX CO2 SO2 PM
Take-Off 1,16 6,34 216,86 24.447,86 7,75 51,55 7.746,47
Climb-Out 1,92 13,73 63,90 52.851,54 16,75 110,51 16.746,37
Approach 2,47 26,77 1,31 32.509,44 10,30 67,15 10.300,84
Idle 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Total 5,55 46,85 672,07 109.808,83 34,79 229,22 34.793,67
Redução 43,34 350,29 58,05 45.027,62 14,27 92,71 14.267,31
% 88,64% 88,20% 7,95% 29,08% 29,08% 28,80% 29,08%
87
5.3.5 Proposta 3
Na proposta 3 pretende-se uma redução do tempo de rolagem de cerca de 20%. O cálculo
das emissões é realizado da mesma forma que no caso de referência. A Tabela 5.9 mostra a variável
que se altera (a branco).
Para a redução deste tempo propõe-se redução das distâncias de percurso das aeronaves
em terra. Analisou-se os diferentes percursos das aeronaves no taxi in e no taxi out no aeroporto de
Lisboa, dependendo da pista em uso e do tipo de aeronave (aeronave de longo curso, wide-body, ou
aeronave de médio curso, narrow-body), na situação actual (Figura 5.3). As Figuras III.1.1 a III.1.6 do
Anexo III.1. e as Figuras III.2.1 a III.2.6 do Anexo III.2. representam os diversos percursos medidos
através da ferramenta de medição do google Earth.
Tabela 5.9 - Aplicação da proposta 3 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo).
Engine
UID
Engine
type
(ICAO)
Aeronave Mode tm,a
(s) Ia,e Fa,e,m
Ee,m,i
na HC CO NOX
1CM008 CFM56-5A1 A320
TAKE-OFF 50
18.964
1,051 0,23 0,9 24,6
2
2
CLIMB OUT 132 0,862 0,23 0,9 19,6
APPROACH 240 0,291 0,4 2,5 8
IDLE 768 0,1011 1,4 17,6 4
Placa de
Estacionamento Terminal
Figura 5.3- Placa de estacionamento e terminal principal do aeroporto de Lisboa.
88
Tabela 5.10 - Distâncias dos vários percursos de Taxi out do aeroporto de Lisboa.
Percursos Taxi Out
Pista em uso e tipo de avião
Estacionamento Distância
(km)
P1 0 3 Placa 1,37
P2 0 3 Terminal 2,00
P3 2 1 WB28
Placa 3,86
P4 2 1 WB Terminal 3,22
P5 2 1 NB29
Placa 2,64
P6 2 1 NB Terminal 1,9
Os percursos possíveis de taxi out são representados nas Figuras III.1.1 a III.1.6 (ver Anexo
III.1). A utilização da pista depende da direcção do vento, sendo a pista 03 utilizada em cerca de
65,8% e a pista 21 em cerca de 28,7% do total de movimentos (ANA, 2006a). As aeronaves de longo
curso descolam usando todo o comprimento de pista disponível enquanto que as aeronaves de médio
curso conseguem descolar em menor comprimento de pista, pois o seu peso à descolagem é menor
que as aeronaves de longo curso. Assumindo que metade das aeronaves estaciona na placa de
estacionamento e a outra metade no terminal principal e admitindo a utilização da pista referida
anteriormente, a distância média de taxi out é de aproximadamente 1,95 quilómetros.
Tabela 5.11 - Distâncias dos vários percursos de Taxi in do aeroporto de Lisboa.
Percursos Taxi in
Pista em uso e tipo de avião
Estacionamento Distância
(km)
P7 0 3 WB Placa 3,85
P8 0 3 WB Terminal 3,25
P9 0 3 NB Placa 2,30
P10 0 3 NB Terminal 1,75
P11 2 1 Placa 0,80
P12 2 1 Terminal 1,50
Os percursos possíveis de taxi in são representados nas Figuras III.2.1 a III.2.6 (ver Anexo
III.2). Pelas mesmas razões explicadas anteriormente têm-se diferentes percursos possíveis de taxi
in, dependendo da pista em uso, do tipo de aeronave que aterra e do stand onde estaciona. Fazendo
a média ponderada, tem-se uma distância de 2,2 quilómetros para o taxi in.
Uma solução possível para a redução da distância de percurso do taxi in e do taxi out poderá
ser um terminal remoto paralelo à pista 03 – 21, expandido a placa de estacionamento já existente
(Figura 5.4).
28
WB: Aeronave do tipo wide-body. 29
NB: Aeronave do tipo narrow-body.
89
Com o novo terminal as novas distância de percurso das aeronaves são apresentadas nas
Tabelas 5.12 e 5.13, distâncias estas conseguidas também através da ferramenta de medição do
google Earth. Assume-se que com esta expansão, 75% das aeronaves estacionará no novo terminal
remoto e as restantes 25% das aeronaves estacionarão no terminal principal.
Figura 5.5 - Exemplo de ponte aérea que pode ser utilizado no terminal remoto (Fonte: Edwards, 2005).
Novo terminal
remoto
Figura 5.4- Expansão da placa de estacionamento com novo terminal remoto.
90
Tabela 5.12 – Novas distâncias dos vários percursos de Taxi out do aeroporto de Lisboa.
Percursos Taxi out
Pista em uso e tipo de avião
Estacionamento Distância
(km)
P1 0 3 Novo terminal remoto 1,37
P2 0 3 Terminal 0,40
P3 2 1 WB Novo terminal remoto 2,50
P4 2 1 WB Terminal 2,60
P5 2 1 NB Novo terminal remoto 0,87
P6 2 1 NB Terminal 1,00
Tabela 5.13 - Novas distâncias dos vários percursos de Taxi in do aeroporto de Lisboa.
Percursos Taxi in
Pista em uso e tipo de avião
Estacionamento Distância
(km)
P7 0 3 WB Novo Terminal remoto 2,50
P8 0 3 WB Terminal 2,50
P9 0 3 NB Novo Terminal remoto 0,50
P10 0 3 NB Terminal 1,00
P11 2 1 Novo Terminal remoto 0,80
P12 2 1 Terminal 0,37
A nova distância média de taxi out será de 1,23 quilómetros, aproximadamente.
Considerando uma velocidade média de rolagem das aeronaves de 8 m/s (Winther et al., 2006), o
tempo de rolagem dessa distância média é de 2,6 minutos.
Considerando a mesma velocidade, o tempo de percurso de 1,95 quilómetros é de cerca de 4
minutos. Em consequência, o tempo de percurso do taxi out será a soma de 2,6 minutos com a
diferença entre os 12 minutos totais considerados para o taxi out e o tempo de rolagem de 4 minutos,
isto é, 7,96 minutos. Os 12 minutos têm em conta os tempos de espera e outros factores que
influenciam a descolagem de aeronaves e portanto o tempo de taxi out na nova situação é de 10,6
minutos.
Para a situação de taxi in procedeu-se da mesma maneira. A distância média de taxi in
diminui de 2,2 para cerca de 1,23 quilómetros. A redução no tempo verificada é de 4 para 2,5
minutos. Em termos totais, a redução do tempo de taxi é de cerca de 20%, de 16 para 13 minutos.
5.3.6 Resultados
A proposta 3 sugere uma redução de 20%, do tempo de rolagem das aeronaves conseguido
através da redução de distâncias nos percursos de taxi in e taxi out. Esta solução permite reduções
da ordem dos 18% nas emissões de hidrocarbonetos e monóxido de Carbono, 6% nas emissões de
91
dióxido de Carbono, dióxido de Enxofre, partículas em suspensão e no consumo de combustível. A
menor redução é verificada, mais uma vez, nas emissões dos óxidos de Azoto de apenas 2%. A
Tabela 5.14 indica o total de emissões dos vários poluentes, o consumo de combustível e a
respectiva redução comparativamente às emissões actuais (caso de referência) utilizando a base
dados da ICAO.
Tabela 5.14 - Resultados das emissões poluentes e do consumo de combustível aplicando a proposta 3
e respectivas reduções (base dados ICAO).
Ano
2008
ICAO
(Proposta 3)
Total emissões (ton/ano) Consumo de
combustível
(ton/ano) HC CO NOX CO2 SO2 PM
Take-Off 1,16 6,34 216,86 24.447,86 7,75 51,55 7.746,47
Climb-Out 1,92 13,73 363,90 52.851,54 16,75 110,51 16.746,37
Approach 2,47 26,77 91,31 32.509,44 10,30 67,15 10.300,84
Idle 34,67 280,23 46,44 36.022,09 11,41 74,17 11.413,84
Total 40,22 327,08 718,51 145.830,93 46,21 303,38 46.207,52
Redução 8,67 70,06 11,61 9.005,52 2,85 18,54 2.853,46
% 17,73% 17,64 % 1,59% 5,82% 5,82% 5,76% 5,82%
92
5.3.7 Proposta 4
Na proposta 4 sugere-se um sistema inovador de reboque de aeronaves, do stand até à pista
de descolagem. Deverá existir uma infra-estrutura mecânica no subsolo do aeroporto que consiste
em calhas com elementos móveis do tipo roldanas com um mecanismo de encaixe que engata no
trem frontal da aeronave, idêntico ao mecanismo de engate do push-back. Este sistema de roldanas,
calhas, elementos fixos e móveis permitirá a movimentação de várias aeronaves em simultâneo,
transportando-as entre a pista de descolagem e os stands, fazendo com que as aeronaves apenas
liguem os motores antes da descolagem e após aterragem os desliguem. Com isto, as emissões
poluentes provenientes das aeronaves na fase de rolagem deixarão de existir. O cálculo das
emissões é feito através da mesma metodologia do caso de referência. A Tabela 5.11 mostra a
variável que se altera (a branco).
Tabela 5.15- Aplicação da proposta 4 no cálculo das emissões para a aeronave A320 (exemplo).
5.3.8 Resultados
A proposta 4 permite as mesmas reduções que a proposta 2, pois os motores principais das
aeronaves encontram-se desligados durante a sua marcha nos taxiways, em ambos os casos. A
Tabela 5.8 indica o total de emissões dos vários poluentes, o consumo de combustível e a respectiva
redução comparativamente às emissões actuais (caso de referência) utilizando a base dados da
ICAO para a proposta 2 ou 4.
Engine
UID
Engine
type
(ICAO)
Aeronave Mode tm,a
(s) Ia,e Fa,e,m
Ee,m,i
na HC CO NOX
1CM008 CFM56-5A1 A320
TAKE-OFF 50
18.964
1,051 0,23 0,9 24,6 2
CLIMB OUT 132 0,862 0,23 0,9 19,6 2
APPROACH 240 0,291 0,4 2,5 8 2
IDLE 960 0,1011 1,4 17,6 4 0
93
5.4 Comparação das propostas
Comparando as diversas propostas com os reactores da base de dados da ICAO,
conseguiram-se as maiores reduções nas emissões poluentes de HC e CO na proposta 2 e 4 (gráfico
5.16 e 5.18), com reduções de quase 90%. As maiores reduções nas emissões de CO2 foram de 29%
com as propostas 2 e 4 (gráfico 5.17).
Gráfico 5.17 - Resultados das emissões de CO2 do caso de referência (2008) e das propostas sugeridas, utilizando a base dados da ICAO.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
HCCO
NOXSO2
PM
To
tal d
e e
mis
sõ
es (
ton
/an
o)
Emissões 2008 (ICAO)
Caso de referência
Proposta 1
Proposta 2 ou 4
Proposta 3
0,00
20.000,00
40.000,00
60.000,00
80.000,00
100.000,00
120.000,00
140.000,00
160.000,00
180.000,00
CO2
To
tal d
e e
mis
sõ
es (
ton
/an
o)
Emissões 2008 (ICAO)
Caso de referência
Proposta 1
Proposta 2 ou 4
Proposta 3
Gráfico 5.16 - Resultados das emissões poluentes do caso de referência (2008) e das propostas sugeridas, utilizando a base dados da ICAO.
94
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
140,00%
160,00%
HC CO NOX CO2 SO2 PM
Redução das Emissões (ICAO)
Proposta 1 Proposta 2 ou 4 Proposta 3
0,00
5000,00
10000,00
15000,00
20000,00
25000,00
30000,00
35000,00
40000,00
45000,00
50000,00
Combustível
To
tal d
e c
om
bu
stí
vel co
nsu
mid
o
(to
n/a
no
)
Combustível 2008 (ICAO)
Caso de Referência
Proposta 1
Proposta 2 ou 4
Proposta 3
Gráfico 5.18 - Redução nas emissões poluentes aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base dados da ICAO.
Gráfico 5.19 – Combustível consumido no caso de referência (2008) e aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base dados da ICAO.
95
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1.000,00
1.200,00
1.400,00
HC CO NOX SO2 PM
To
tal em
issõ
es (
ton
/an
o)
Emissões 2008 (AERO2K)
Caso de referência
Proposta 1
Proposta 2
Proposta 3
Relativamente ao consumo de combustível, as maiores reduções são conseguidas,
novamente, na proposta 2 e na proposta 4, referente a uma redução de quase 30%. Segue-se a
proposta 1 com uma redução no consumo de combustível de cerca de 15% e, por último, a proposta
3 com uma redução menor de 6% (Gráficos 5.19 e 5.20).
Proposta 1; 14,54%
Proposta 2 ou 4;
29,08%
Proposta 3; 5,82%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Combustível
Redução do consumo de combustível (ICAO)
Gráfico 5.20 – Comparação das reduções no consumo de combustível aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base dados da ICAO.
Gráfico 5.21 - Resultados das emissões poluentes do caso de referência (2008) e das propostas sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K.
96
Com a base dados AERO2K verifica-se também que as melhores reduções são encontradas
na proposta 2 e na proposta 4, com reduções ainda maiores, 96% nas emissões de HC e 91% nas
emissões de CO (gráfico 5.21 e 5.23) e de quase 30% no consumo de combustível (gráfico 5.24 e
5.25).
Gráfico 5.22 - Resultados das emissões de CO2 do caso de referência (2008) e das propostas sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K.
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
CO2
To
tal em
issõ
es (
ton
/an
o)
Emissões 2008 (AERO2K)
Caso de referência
Proposta 1
Proposta 2 ou 4
Proposta 3
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
140,00%
160,00%
180,00%
HC CO NOX CO2 SO2 PM
Redução das emissões (AERO2K)
Proposta 1 Proposta 2 ou 4 Proposta 3
Gráfico 5.23 - Redução nas emissões poluentes aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K.
97
Proposta 1; 13,48%
Proposta 2 ou 4;
26,96%
Proposta 3; 5,39%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
Combustível
Redução do consumo de combustível (AERO2K)
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
Combustível
Co
nsu
mo
de c
om
bu
stí
vel (t
on
/an
o)
Combustível 2008 (AERO2K)
Caso de Referência
Proposta 1
Proposta 2 ou 4
Proposta 3
Gráfico 5.24 - Combustível consumido no caso de referência (2008) e aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K.
Gráfico 5.25 - Comparação das reduções no consumo de combustível aplicando as propostas sugeridas, utilizando a base dados da AERO2K.
98
5.5 Análise Crítica das propostas
Tendo presente o objectivo desta dissertação, a principal vantagem de todas as propostas
apresentadas anteriormente é a menor quantidade de combustível consumido e a consequente
menor quantidade de gases e partículas poluentes emitidos, na fase de rolagem das aeronaves. As
propostas sugeridas neste estudo alteram os procedimentos operacionais do aeroporto, provocando
impactos ao nível do seu desempenho e segurança.
Desta forma, com a aplicação da proposta 1 haverá impactos na performance das aeronaves.
A potência necessária para a rolagem depende do peso da aeronave, e por isso, a utilização de
apenas metade30
dos reactores pode significar um pior desempenho nos percursos de rolagem, para
situações de maior peso das aeronaves. As aeronaves atingem a mesma velocidade com dois
reactores ou com apenas um, durante o movimento de rolagem, todavia para a situação em que
apenas é utilizado um reactor, inicialmente é necessária uma maior potência para que o reactor em
funcionamento atinja a mesma velocidade que atinge com todos os reactores.
Relativamente à proposta 2, a utilização do push-back para rebocar a aeronave do stand até
à cabeceira da pista, no taxi out, e da pista ao stand, no taxi in, revela uma maior necessidade de
push-backs disponíveis no aeroporto de Lisboa. O desgaste deste tipo de veículos será maior, visto
que serão utilizados durante mais tempo em maiores percursos. Contudo, o factor menos positivo
desta medida será o aumento do tempo de percurso, da ordem dos 4%, o que em horas de pico
poderá representar perdas de capacidade e eficiência no aeroporto. Outro factor importante a ter em
conta é a segurança da circulação dos equipamentos de assistência em terra no aeroporto. Havendo
um maior número de veículos terrestres a circular no lado ar, poderá aumentar a probabilidade de
acidentes causados por este tipo de movimentos.
A proposta 3 sugerida não implica a desactivação de nenhum dos dois terminais existentes
(Figura 5.1), pois o terminal remoto que se sugere não terá de ser uma infra-estrutura muito complexa
e poderá servir como um pólo ou estação intermédia para os passageiros (ver Figuras 5.4 e 5.5) com
ligação aos dois terminais existentes. Esta ligação poderá ser efectuada através de passadeiras
rolantes, pontes aéreas ou outro tipo de sistema menos poluente que os autocarros de passageiros,
movidos a combustíveis fósseis. A capacidade do aeroporto em número de stands para esta proposta
será idêntica à prevista no plano de expansão do aeroporto de Lisboa (ANA, 2006b), em que 75%
das aeronaves estaciona no novo terminal e 25% no terminal principal. A pista 17 – 35 poderá
manter-se em funcionamento com esta proposta, representando no entanto apenas,
aproximadamente, 5% dos movimentos de aterragem e descolagem do aeroporto de Lisboa (ANA,
2006a). Todavia, será necessário investimento para a implantação deste novo terminal, o que implica
um estudo de viabilidade económica que pesará na decisão da aplicação desta proposta.
30
Indica-se metade dos reactores tendo em conta apenas a distribuição de aeronaves apresentada no aeroporto de Lisboa, não contando com a possibilidade de haver aeronaves com três reactores. Nesse caso, não será possível a utilização de metade dos reactores, mas propõe-se a utilização de apenas um dos três motores principais.
99
A proposta 4 consiste numa ideia inovadora e, portanto, necessita de um maior
desenvolvimento técnico e investigação para a sua futura aplicação. O sistema implica uma
monitorização de todos os percursos entre os stands e a pista, de forma a detectar problemas e
proceder, de forma rápida, à resolução dos mesmos, para evitar atrasos e por consequência, perda
de eficiência e capacidade do aeroporto. Outros aspectos menos positivos na aplicação deste
sistema são a inviabilidade parcial do lado ar do aeroporto para a construção da infra-estrutura e os
custos de investimento.
Apesar dos impactos operacionais no Aeroporto de Lisboa (que estão sempre presentes), as
quatro propostas apresentadas neste capítulo resultam em menores impactos ambientais quando
comparadas com o caso de referência. Estas propostas revelar-se-ão mais concretizáveis assim que
haja compromisso político e que a protecção do ambiente se torne um valor essencial para a
sociedade.
100
101
6. Discussão e Conclusões
O sector da aviação tem sido um sucesso ao longo dos últimos anos e apesar das várias
crises e da actual crise económica, a tendência parece ser de crescimento. Portanto, um aumento do
tráfego aéreo implicará, inevitavelmente, um aumento das emissões poluentes e, consequentemente,
todos os esforços para mitigar as emissões resultantes das actividades do aeroporto de Lisboa serão
fundamentais e bem vistos pela sociedade.
Os aeroportos fazem parte das infra-estruturas de transportes e constituem um dos quatro
principais actores do sistema aeroportuário. Para além do aeroporto, são também actores do sistema
aeroportuário as companhias aéreas, os utentes e os não-utentes (agentes externos). Os aeroportos
são dimensionados para as operações de movimentação, aterragem e descolagem de aeronaves.
Para estas operações se concretizarem em segurança sucedem-se várias actividades e processos
aeroportuários.
Como principais áreas de actividade de um aeroporto destacam-se: as áreas de rolagem e
pistas, os edifícios de controlo de tráfego aéreo, os edifícios de manutenção de aeronaves, os
terminais de passageiros e parques de estacionamento, os terminais de carga e os serviços não
aeronáuticos. Devido à variedade de actividades existentes no aeroporto, este pode ser divido em
lado terra e lado ar.
Das diversas actividades de um aeroporto, tanto do lado ar como também do lado terra,
resultam impactos ambientais a nível local, próximo do aeroporto e por vezes distante deste,
afectando a qualidade do ar e podendo prejudicar a saúde humana. A nível global, o efeito das
emissões poluentes, especialmente do CO2, afectam as alterações climáticas, sendo forçoso um
empenho para a redução destas emissões.
Na Europa, muitos aeroportos e companhias aéreas têm-se esforçado e apoiado iniciativas
para a redução das suas emissões e tornarem-se aeroportos mais limpos e verdes, mais competitivos
e melhor conotados nas sociedades. No aeroporto de Lisboa, a ANA (gestora do aeroporto) tem
implementado muitas iniciativas nesse sentido, bem como a companhia de bandeira, a TAP
(Transportes Aéreos Portugueses), que ganhou um prémio que surgiu em reconhecimento do
Programa de Compensação de Emissões de CO2. A TAP foi a primeira companhia do mundo a lançar
o Programa de Compensação de Emissões de CO2, em parceria com a IATA, em Junho de 2009.
Porém, em Portugal, a regulamentação em vigor existente relacionada com a qualidade do ar
e com os respectivos poluentes, indicada no ponto 3.5, parece ser insuficiente ou pouco clara quando
se pretende aplicar no âmbito dos aeroportos. As recomendações que mais se aproximam da real
problemática das emissões atmosféricas resultantes das várias fontes presentes num aeroporto
102
encontram-se definidas no guia da ICAO, “Airport Air Quality Guidance Manual” o qual foi utilizado
como fonte bibliográfica na realização desta dissertação.
Num aeroporto, para além das aeronaves é possível identificar como fontes de emissão: o
tráfego de veículos exterior ao aeroporto e induzido por este; os veículos de assistência em terra; as
infra-estruturas e fontes fixas. Existem assim, diferentes medidas capazes de reduzir as emissões
resultantes das actividades aeroportuárias, dependendo da fonte emissora em causa e de outros
factores particulares.
Várias investigações e projectos têm sido feitos nesse sentido, em todo o mundo. Para
reduzir as emissões provenientes dos veículos terrestres (lado terra) existem numerosas medidas
passíveis de serem adoptadas. Como medidas directas destacam-se a utilização de combustíveis
alternativos, de protótipos de veículos movidos a ar comprimido e a célula combustível, bem como a
utilização de veículos eléctricos e de energias renováveis, destacando-se como medidas indirectas o
carpooling, a partilha de táxis, a criação de incentivos à utilização dos transportes públicos ou a
plantação de árvores para compensação das emissões.
Para o lado ar, existem várias alternativas menos poluentes, tais como: a fuselagem
integrada; os ecranoplanos; o protótipo de avião solar; a utilização de combustíveis alternativos,
incluindo hidrogénio líquido, prosene e álcool hidratado; a alteração dos procedimentos operacionais,
nomeadamente, redução da utilização dos reactores durante a rolagem das aeronaves; a utilização
de mecanismos mais limpos para a movimentação de aeronaves; aeronaves rebocadas por push-
backs; ou redesenho do aeroporto, implicando pistas inclinadas, terminais verticais e terminais
remotos. Destas medidas nem todas se poderiam adequar ao âmbito desta dissertação ou ao próprio
aeroporto de Lisboa e, por isso, as propostas sugeridas foram as quatro que mais se adequaram ao
caso de estudo.
Na primeira proposta é considerada a utilização de apenas metade dos reactores das
aeronaves na rolagem. Na segunda proposta sugere-se que as aeronaves sejam rebocadas por
equipamentos push-backs nos caminhos de circulação (taxiways). Na terceira propõe-se a criação de
um terminal remoto, junto à pista 03 – 21, com capacidade de estacionar 75% das aeronaves do
aeroporto de Lisboa. Por último, na quarta proposta sugere-se uma ideia inovadora proporcionando
um sistema automático para a rolagem das aeronaves. As quatro propostas foram concebidas para o
lado ar, especificamente para o modo operacional de rolagem de aeronaves (taxi).
Para concluir sobre a eficiência destas propostas, estimou-se as emissões provenientes das
aeronaves durante o ciclo LTO, para o ano de 2008 (caso de referência) e comparou-se com as
várias propostas, estimando-se a redução nas emissões de HC, CO, NOX, CO2 e SO2.
Para a estimativa das emissões actuais no aeroporto de Lisboa, pesquisaram-se os tipos de
reactores de cada aeronave em duas bases de dados diferentes (ICAO e AERO2K), uma vez que se
desconhecia a frota das várias companhias aéreas que operam no aeroporto. Como consequência,
103
verificou-se que os valores totais das emissões poluentes e do consumo de combustível das
aeronaves utilizando a base dados AERO2K foram superiores aos resultados utilizando a base de
dados da ICAO, devido aos reactores indicados na AERO2K serem mais antigos, logo, menos
eficientes em termos de emissões.
Os melhores resultados obtidos foram encontrados na proposta 2 e na proposta 4, onde se
verificaram as maiores reduções nas emissões poluentes e também no consumo de combustível.
Porém, estas propostas também terão impacto nos procedimentos do aeroporto e, eventualmente, na
segurança. Ainda assim, estes impactos terão de ser melhor analisados noutros estudos, no entanto
considera-se que não irão afectar a exequibilidade das propostas sugeridas.
Concluiu-se que as acções mitigadoras no lado ar são bastante importantes, permitindo
reduções nas emissões dos principais poluentes gasosos e das partículas em suspensão, em alguns
casos, reduções bastante significativas, entre 80 e 90%, nomeadamente nas emissões de HC e CO,
aplicando a proposta 2 ou a proposta 4. Em qualquer uma destas propostas, as reduções nas
emissões de CO2, SO2 e PM foram da ordem dos 29%. A menor redução foi verificada nas emissões
de NOX, de 8%.
A segunda melhor proposta em termos de redução das emissões foi a proposta 1. Esta
permitiu reduções das emissões de HC e CO entre 44% e 48%, dependendo do reactor utilizado para
o cálculo. Nas emissões de CO2, SO2 e PM as reduções foram da ordem dos 13 a 15%, enquanto
que nas emissões de NOX as reduções verificadas com esta proposta foram de 3 a 4%.
Por fim, a proposta menos vantajosa relativamente à redução de emissões foi a proposta 3,
com reduções entre 17% e 18% nas emissões de HC e CO, 5 a 6% nas emissões de CO2, SO2 e PM
e de apenas 1 a 2% nas emissões de NOX.
Através dos resultados obtidos conclui-se que as emissões de HC e CO são efectuadas nas
mesmas circunstâncias, evidenciando o facto de ambas surgirem devido à combustão incompleta,
resultantes dos reactores das aeronaves.
As emissões de CO2, SO2 e PM também apresentam sensivelmente a mesma redução, pois
estas emissões estão directamente relacionadas com o consumo de combustível das aeronaves.
Importa realçar, que o combustível mais utilizado na aviação é o Jet fuel A1, que contém Enxofre,
sendo que este componente participa na formação de partículas e de dióxido de Enxofre.
O NOX foi o poluente que apresentou maiores quantidades estimadas no caso de referência e,
por isso, por menor que seja a redução verificada através das propostas sugeridas, o efeito será
benéfico na quantidade total de emissões deste poluente. Nesta dissertação não foi possível
encontrar evidências de que as melhorias da eficiência dos reactores das aeronaves permitam a
emissão cada vez menor de CO2 e maior emissão de NOX, porém as reduções verificadas foram mais
notáveis nas emissões de CO2 do que nas emissões de NOX. As soluções de mitigação propostas
reflectem-se em ambos os poluentes, nos óxidos de Azoto e no dióxido de Carbono.
104
Como seria de esperar, a redução no combustível consumido é proporcional às reduções
verificadas nas emissões de CO2, SO2 e PM, na medida em que estas dependem principalmente do
consumo de combustível. Deste modo, foi com a proposta 2 e com a proposta 4 que se atingiram as
maiores reduções, de 27 a 29% no combustível consumido pelas aeronaves. A proposta 1 permitiu
reduções de 13 a 15% e, mais uma vez, a proposta 3 proporcionou as menores reduções, neste caso
de 5 a 6%.
Exposto isto, as propostas mais vantajosas em termos de mitigação de emissões poluentes
são a proposta 2 e a proposta 4, pois são as que permitem que as aeronaves circulem em terra
mantendo os reactores desligados. No caso da proposta 2, é natural que os equipamentos push-
backs tenham também um impacto no ambiente, e apesar de não ter sido quantificado no âmbito
desta dissertação, acredita-se que este seja bastante inferior ao impacto provocado pelos reactores
das aeronaves. Com o sistema inovador indicado na proposta 4, as emissões poluentes no aeroporto,
devido à rolagem das aeronaves, serão quase nulas, pois os reactores encontrar-se-ão desligados.
Apesar dos impactos operacionais relacionados com a aplicação das quatro propostas
sugeridas para o Aeroporto de Lisboa, comprovou-se que todas as propostas irão resultar em
menores impactos ambientais quando comparadas com o caso de referência. Estas propostas serão
concretizáveis quando houver um compromisso político na protecção do ambiente como um valor
essencial para a sociedade.
Com este trabalho foi possível evidenciar-se a pertinência do tema, a sua actualidade e a
necessidade dos aeroportos conhecerem as suas emissões poluentes, afim de poderem actuar no
sentido da sua redução e melhorar a qualidade do ar tanto a nível local, como também, permitir
melhorar o ambiente a nível global.
Por fim, realça-se, novamente, que para além do lado ar, o lado terra apresenta outras fontes
de emissão, sugerindo-se para estudos futuros um conhecimento mais aprofundado das emissões
provenientes dessas actividades, no aeroporto de Lisboa.
105
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111
Legislação
Decreto-Lei nº 276/99 de 23-07-1999;
Decreto-Lei N.º 242/2001 de 31-08-2001;
Decreto-Lei n.º 111/2002 de 16-04-2002;
Decreto-Lei n.º 78/2004 de 03-04-2004;
Directiva 2008/50/CE;
Directiva 2008/101/CE.
WEBSITES
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http://www.ana.pt/
http://www.groundforce.pt
http://www.naer.pt/portal/page/portal/NAER2008/
http://www.sciencedirect.com/
112
113
GLOSSÁRIO
Catering – Serviço que fornece consumíveis alimentares e produtos conexos. Na aviação, o catering
tem requisitos específicos devido à segurança e prontidão e ao conjunto de consumidores ser muito
heterogéneo.
Cockpit – Compartimento das aeronaves reservado aos tripulantes técnicos, principalmente pilotos.
Handling – Actividade de assistência aos passageiros, quer seja do lado terra (check in, informação)
quer seja do lado ar (transporte, acolhimento, casos especiais). É uma actividade regulada.
Hub – Designa a base operacional de uma companhia aérea, onde as partidas e chegadas são
coordenadas de forma a optimizar o tempo de trânsito. Fisicamente, consiste num aeroporto central
com optimização de meios e muitas ligações a infra-estruturas secundárias e geralmente com voos
de ligação a outros hubs.
Narrow body – Designação atribuída a aviões comerciais com um corredor (Moutinho, 2006).
Push back – Veículo utilizado para empurrar as aeronaves para fora das zonas de estacionamento;
acto da aeronave realizar a manobra.
Rotação - Uma aeronave encontra-se em rotação quando, depois de imobilizado pelos seus próprios
meios, se processa o descarregamento do voo em curso e se procede ao carregamento para o
próximo voo. Termina quando a aeronave se começa a mover pelos seus próprios meios. Em termos
práticos é o tempo que medeia entre a entrada em calços e a subsequente saída dos mesmos.
Sustentabilidade – Atributo que não compromete os recursos do futuro a nível social, económico e
ambiental.
Taxi – Modo operacional de rolagem de aeronaves.
Taxiway – Caminho de rolagem da aeronave da placa de estacionamento para as pistas e vice-
versa.
Trade-off – Compensação. Por outras palavras, é a quantidade de um bem que é necessário
sacrificar para obter mais de outro bem (Moutinho, 2006).
Wide body – Designação atribuída a aviões comerciais com dois corredores (Moutinho, 2006).
114
115
ANEXO I
116
117
Metodologia FOA3.0
O índice das emissões das partículas em suspensão (PM) pode ser calculado pela
metodologia FOA3.0, recomendada pela ICAO (Wayson et al., 2009). Esta assume que a contribuição
para o total das partículas pode ser independentemente quantificada, da seguinte forma:
(2)
(3)
A parcela é a componente volátil das partículas e a parcela é a componente não
volátil, sendo que a sua soma indica o índice total das partículas ( ). Wayson et al. (2009)
afirmam que a quantidade de enxofre presente no combustível está directamente relacionada com as
emissões de PM e que a percentagem da massa de enxofre contida no combustível é fundamental
para estimar as emissões. As respectivas percentagens dependem do tipo de combustível utilizado
(Tabela I.1).
Tabela I.1 - Percentagem de enxofre presente em diversos tipos de combustíveis usados na aviação (Fonte:
Wayson et al.,2009).
A contribuição proveniente da presença de enxofre no combustível pode calcular-se pela
seguinte expressão:
(4)
Este índice é dado em miligramas de enxofre volátil por quilograma de combustível
consumido e está relacionado com o enxofre contido no combustível (FSC31
) e com o factor que tem
em consideração a porção de enxofre que participa na formação de PM em vez de SO2. Por defeito
considera-se (Wayson et al., 2009).
31
Fuel Sulfur Content.
Combustível Percentagem de enxofre
contido (FSC) (%)
Jet A 0,068
Jet A1 0,046
JP-8 (U.S.) 0,049
JP-5 0,047
JP-7 0,000
JP-TS 0,026
JP-4 0,046
Avgas grade 100LL 0,005
118
A contribuição dos combustíveis orgânicos pode ser calculada pela expressão:
(5)
Onde,
.
O valor deste factor encontra-se na Tabela I.2.
Tabela I.2- Factor δ para cada modo (Fonte: Wayson et al.,2009).
As emissões resultantes da utilização de óleos lubrificantes são importantes, porém não é
considerada pela metodologia FOA3.0. Portanto, o índice de emissão da parcela volátil das partículas
é dado pela soma da equação 4 e 5:
(6)
A componente não volátil está correlacionada com o Smoke Number (SN) que se encontra
disponível também na ICAO-Engine emissions data bank para cada tipo de reactor e para cada modo
operacional. Wayson et al. (2009) apresenta várias expressões para calcular o CI (Índice de
concentração em miligramas por metro cúbico) directamente relacionado com o SN.
Desta forma, para SN 30, pode calcular-se o índice de concentração CI de forma
conservativa através do limite superior pela seguinte expressão:
(7)
Os valores do smoke number (SN) nem sempre se encontram incluídos para todos os modos
operacionais, e por consequência, encontrou-se as seguintes expressões de acordo com uma
regressão linear realizada em Unal et al. (2005):
, R2 = 0.91 (8)
, R2 = 0.57 (9)
, R2 = 0.37 (10)
Modo δ Numeric
Value
Takeoff 115
Clim out 76
Approach 56,25
Idle 6,17
119
Para quantificar a parcela não volátil é necessário calcular ainda o caudal volumétrico dado
em metros cúbicos por quilograma de combustível consumido em cada modo operacional, pela
seguinte expressão (Tabela I.4):
(11)
Esta equação utiliza-se no caso de motores Turbofan (TF) e no caso de motores Mixed
Turbofan (MTF) tem de se considerar a quantidade de ar que contorna a câmara de combustão do
motor, designada por taxa de contorno (Bypass Ratio), também disponível na ICAO-Engine emissions
data bank. Portanto, no caso de reactores do tipo MTF o caudal volumétrico calcula-se da seguinte
forma:
(12)
Onde AFR de cada modo está apresentado na Tabela I.3. O tipo de reactor encontra-se
também na ICAO-Engine emissions data bank.
Tabela I.3 - Valores típicos para AFRs por potência (Fonte: Wayson et al., 2009).
Tabela I.4 - Caudal volumétrico Qcore (Fonte: Wayson et al., 2009).
Desta forma, o índice da parcela não volátil
pode ser calculado através da seguinte expressão:
(mg/kg combustível) (13)
Finalmente, o índice total das PM é dado pela soma da equação (6) e (13):
= (14)
Potência AFR
7% (idle) 106
30% (approach) 83
85% (clim out) 51
100% (takeoff) 45
Modo Qcore (m
3/kg
fuel)
Idle 83,1
Approach 65,3
Clim out 40,5
Takeoff 35,8
120
121
ANEXO II
122
ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-3-B1 BYPASS RATIO: 5.1
UNIQUE ID NUMBER: 1CM004 PRESSURE RATIO (!oo): 22.44
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 89.41
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 7.2 89.5 46.7 5.1
AS % OF ORIGINAL LIMIT 36.7 % 75.8 % 55.0 % 21.1 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 68.8 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 85.1 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
- CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
x REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 0.946 0.04 0.9 17.7 4
CLIMB OUT 85 2.2 0.792 0.05 0.95 15.5 2.5
APPROACH 30 4.0 0.29 0.08 3.8 8.3 2.5
IDLE 7 26.0 0.114 2.28 34.4 3.9 2.2
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 392 418 6517 3595 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 4.67 72.9 40.3 4
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.53 5.1 0.77 0.6
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 4.17-5.22 68.5-78.5 39.6-41.2 3.4-4.5
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: CFMI
TEST ORGANIZATION: CFM56 Evaluation Engineering
TEST LOCATION: Peebles Site IVD
TEST DATES: FROM 11 Nov 83 TO 14 Nov 83
REMARKS
1. Ref GE Report R84AEB245.
2. Engine S/N 692441.
3. Revised based on 3/89 production cycle.
4. Data also apply to CFM56-3C-1 and -3B-2 engines rerated to 89.4 kN (20,100 Lb) thrust for B737-300 aircraft
95.98-97.49
279 - 286
.002-.009
Jet A
1.93
16
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-3C-1 BYPASS RATIO: 5.1
UNIQUE ID NUMBER: 1CM007 PRESSURE RATIO (!oo): 25.5
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 104.6
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 4.3 65.7 53.1 9.9
AS % OF ORIGINAL LIMIT 21.7 % 55.7 % 58.3 % 42.4 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 72.9 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 88.8 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
- CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
x REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.154 0.03 0.9 20.7 7.7
CLIMB OUT 85 2.2 0.954 0.04 0.9 17.8 3.9
APPROACH 30 4.0 0.336 0.07 3.1 9.1 2.5
IDLE 7 26.0 0.124 1.42 26.8 4.3 2.3
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 448 287 5591 4810 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 2.76 53.5 45.8 7.7
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.38 2.85 0.82 0.76
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 2.33-3.06 51.2-56.7 45.3-46.8 6.8-8.3
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: CFMI
TEST ORGANIZATION: CFM56 Evaluation Engineering
TEST LOCATION: Peebles Site IVD
TEST DATES: FROM 11 Nov 83 TO 14 Nov 83
REMARKS
1. Ref GE Report R84AEB579.
2. Engine S/N 692441.
3. Revised based on 3/89 production status cycle.
95.98-97.49
279 - 286
.002-.009
Jet A
1.93
16
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-5-A1 BYPASS RATIO: 6
UNIQUE ID NUMBER: 1CM008 PRESSURE RATIO (!oo): 26.6
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 111.2
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 4.0 34.2 46.9 20.3
AS % OF ORIGINAL LIMIT 20.4 % 29.0 % 50.4 % 88.5 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 63.0 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 76.3 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
- CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
x REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.051 0.23 0.9 24.6 15.8
CLIMB OUT 85 2.2 0.862 0.23 0.9 19.6 14
APPROACH 30 4.0 0.291 0.4 2.5 8 4.4
IDLE 7 26.0 0.1011 1.4 17.6 4 2.3
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 385 285 3093 4506 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 2.6 27.9 40.5 15.8
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.5 0.7 0.6 2
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 2.3-3.2 27.0-28.4 39.9-40.9 13.5-17.3
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: CFMI
TEST ORGANIZATION: CFM56 Evaluation Engineering
TEST LOCATION: Peebles Site IIIC
TEST DATES: FROM 19 Nov 86 TO 20 Nov 86
REMARKS
1. Ref GE Report R87AEB368.
2. Engine S/N 730002/2.
3. Data revised and corrected April 93.
94.70-95.60
280 - 291
.0026-.0034
Jet A
1.95
18
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CF6-80C2A2 BYPASS RATIO: 5.1
UNIQUE ID NUMBER: 1GE016 PRESSURE RATIO (!oo): 28
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 233.35
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 17.6 69.1 45.8 7.6
AS % OF ORIGINAL LIMIT 89.6 % 58.6 % 47.7 % 40.6 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 59.7 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 71.8 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
- CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
x REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 2.117 0.08 0.57 27.93 6.5
CLIMB OUT 85 2.2 1.745 0.1 0.55 20.69 -
APPROACH 30 4.0 0.58 0.23 2.94 9.44 -
IDLE 7 26.0 0.189 10.48 46.01 3.95 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 753 3152 14152 9728 -
NUMBER OF ENGINES 2 2 2 2
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 13.5 60.64 41.68 6.5
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 1.25 3.08 0.42 1
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 12.42-14.60 57.97-63.34 41.31-42.14 5.4-7.3
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: GE Aircraft Engines
TEST ORGANIZATION: CF6 Evaluation Engineering
TEST LOCATION: Site IIIC, PTO, Peebles, Ohio
TEST DATES: FROM 29 May 85 TO 03 Jun 85
REMARKS
1. Ref GE Report R85AEB486.
2. Engine S/N's 690105 and 690005/2.
97.40-97.82
287 - 296
.0084-.0140
Jet A
1.94
15.3
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CF34-3A1 BYPASS RATIO: 6.25
UNIQUE ID NUMBER: 1GE035 PRESSURE RATIO (!oo): 19.7
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 41.01
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 11.8 100.4 32.2 28.2
AS % OF ORIGINAL LIMIT 60.0 % 85.1 % 40.6 % 93.3 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 50.7 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 53.2 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 0.407 0.06 0 11.61 21.9
CLIMB OUT 85 2.2 0.3343 0.06 0 10.14 9.2
APPROACH 30 4.0 0.119 0.13 1.9 6.86 3.1
IDLE 7 26.0 0.0496 3.95 42.6 3.82 3.1
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 167 313 3350 1137 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 7.63 81.8 27.8 21.9
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.2 3.25 1.61 0.25
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 7.41-7.78 79.2-85.5 26.0-29.0 21.7-22.2
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: GE Aircraft Engines
TEST ORGANIZATION: GE Aircraft Engines, Lynn, MA
TEST LOCATION: Lynn Cell 121
TEST DATES: FROM 21 Mar 91 TO 23 Mar 91
REMARKS
1. Ref GE Report R91AEB051 (1/92 rev).
2. Engine S/N 807-005.
3. LEC II combustor.
101.6-102.9
275.5-281.1
.0016-.0039
JP-5
1.92
20.3
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: JT8D-15 BYPASS RATIO: 1.03
UNIQUE ID NUMBER: 1PW010 PRESSURE RATIO (!oo): 16.81
ENGINE TYPE: MTF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 68.94
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 7.1 46.1 65.5 17.3
AS % OF ORIGINAL LIMIT 36.3 % 39.0 % 89.0 % 65.9 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 111.3 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 130.7 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION - NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION x DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.178 0.24 1.03 19.4 15.7
CLIMB OUT 85 2.2 0.945 0.28 1.15 15.1 -
APPROACH 30 4.0 0.3402 0.55 2.77 6.9 -
IDLE 7 26.0 0.1477 1.46 11 3.2 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 486 428 2955 4144 -
NUMBER OF ENGINES 3 3 2 3
NUMBER OF TESTS 8 8 5 5
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 6.1 42.6 59.6 15.7
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Pratt & Whitney
TEST ORGANIZATION: P&WA
TEST LOCATION: E Hartford, CT, USA
TEST DATES: FROM 07 Dec 79 TO 19 Jun 80
REMARKS
Reduced Emissions Combustor incorporated 1/1/84
-
266 - 297
-
Jet A
-
-
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: JT8D-217 series BYPASS RATIO: 1.73
UNIQUE ID NUMBER: 1PW018 PRESSURE RATIO (!oo): 19.66
ENGINE TYPE: MTF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 92.74
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 15.6 42.7 74.9 17.1
AS % OF ORIGINAL LIMIT 79.4 % 36.2 % 94.4 % 70.8 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 118.0 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 148.4 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION - NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION x DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.32 0.28 0.8 25.7 13.2
CLIMB OUT 85 2.2 1.078 0.43 1.23 20.6 -
APPROACH 30 4.0 0.3833 1.6 4.17 9.1 -
IDLE 7 26.0 0.1372 3.33 12.27 3.7 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 504 937 3229 5985 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 10.1 34.8 64.6 13.3
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Pratt & Whitney
TEST ORGANIZATION: P&WA
TEST LOCATION: E Hartford, CT, USA
TEST DATES: FROM 07 Nov 83 TO 30 Nov 83
REMARKS
1. All measurements by traverse.
2. SCH 46-16B combustor.
3. Applicable to JT8D-217, -217A, -217C.
-
275 - 288
-
Jet A
-
-
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SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: PW4x62 BYPASS RATIO: 4.4
UNIQUE ID NUMBER: 1PW058 PRESSURE RATIO (!oo): 33.4
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 275.8
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 3.1 31.4 64.9 10.8
AS % OF ORIGINAL LIMIT 15.7 % 26.6 % 60.8 % 60.3 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 76.0 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 88.0 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 2.858 0.1 0.35 36.3 8.4
CLIMB OUT 85 2.2 2.161 0.06 0.49 25.7 -
APPROACH 30 4.0 0.725 0.14 1.69 12.2 -
IDLE 7 26.0 0.217 1.53 19.51 4.9 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 918 571 7080 15470 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 2 25.6 56 8.4
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Pratt & Whitney
TEST ORGANIZATION: -
TEST LOCATION: -
TEST DATES: FROM 17 Aug 87 TO 23 Aug 87
REMARKS
Data from X698-5 with reduced smoke combustor.
100.2
299
0.010
Jet A
1.88
19.7
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SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: TAY Mk650-15 BYPASS RATIO: 3
UNIQUE ID NUMBER: 1RR021 PRESSURE RATIO (!oo): 16.4
ENGINE TYPE: MTF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 67.2
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 13.9 117.2 47.1 20.6
AS % OF ORIGINAL LIMIT 71.0 % 99.4 % 64.6 % 78.2 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 80.8 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 94.4 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION - NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION x DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 0.874 0.37 1.74 19.81 -
CLIMB OUT 85 2.2 0.715 0.41 2.01 16.47 -
APPROACH 30 4.0 0.254 0.88 6.54 4.55 -
IDLE 7 26.0 0.119 3.29 33.77 1.7 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 378 717 6921 2875 -
NUMBER OF ENGINES 2 2 2 2
NUMBER OF TESTS 4 4 4 4
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 10.7 102.9 42.8 17.6
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.63 11.8 3.92 1.98
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 10.2-11.1 94.6-111.3 40.2-45.6 16.2-19.0
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Rolls Royce Ltd
TEST ORGANIZATION: Rolls Royce Ltd
TEST LOCATION: Derby
TEST DATES: FROM Mar 88 TO Oct 89
REMARKS
Data from certification report CRR19057
99-101
280 - 289
.005-.008
AVTUR
1.91
20
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: ALF 502L-2 BYPASS RATIO: 5.1
UNIQUE ID NUMBER: 1TL001 PRESSURE RATIO (!oo): 13.15
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 33.4
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 17.8 116.1 37.2 12.5
AS % OF ORIGINAL LIMIT 90.8 % 98.4 % 56.1 % 39.1 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 70.1 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 72.0 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 0.3999 0.02 0.4 13.43 8.3
CLIMB OUT 85 2.2 0.3236 0.023 0.3 12.03 12.7
APPROACH 30 4.0 0.1172 0.183 3.97 6.47 8.7
IDLE 7 26.0 0.0477 6.65 45.63 3.38 2.9
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 162 501 3527 1173 -
NUMBER OF ENGINES 3 3 3 3
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 15.3 107.3 35.2 11.4
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 2.59 6.47 3.5 2.91
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 13.2-18.2 101.5-114.3 32.7-39.2 8.1-13.5
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 20 % CORE FLOW AT 9.49kN POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Textron Lycoming
TEST ORGANIZATION: Textron Lycoming
TEST LOCATION: Stratford, CT
TEST DATES: FROM 26 Jul 82 TO 21 Sep 82
REMARKS
101.7
290 - 300
0.0094-0.0184
.81
1.925
19.7
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-5C4 BYPASS RATIO: 6.6
UNIQUE ID NUMBER: 2CM015 PRESSURE RATIO (!oo): 31.15
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 151.25
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 9.9 51.1 66.7 16.2
AS % OF ORIGINAL LIMIT 50.5 % 43.3 % 65.2 % 76.7 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 81.5 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 96.2 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.456 0.008 1 37.67 12.58
CLIMB OUT 85 2.2 1.195 0.008 0.85 29.05 9.8
APPROACH 30 4.0 0.386 0.065 1.4 10.67 1.03
IDLE 7 26.0 0.124 5 30.93 4.28 1.1
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 505 975 6308 8702 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 6.4 41.6 57.5 12.6
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.44 1.37 0.33 1.4
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 5.95-6.83 39.7-42.4 57.2-57.9 10.7-13.6
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: CFMI
TEST ORGANIZATION: CFM56 Evaluation Engineering
TEST LOCATION: PTO Site IVD
TEST DATES: FROM 04 Jun 91 TO 05 Jun 91
REMARKS
1. Ref GE Report R91AEB471
2. Engine S/N 740-105
97.77-98.11
286 - 295
.0061-.0074
Jet A
1.95
17.3
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-5B3/P BYPASS RATIO: 5.6
UNIQUE ID NUMBER: 3CM025 PRESSURE RATIO (!oo): 32.78
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 142.35
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 7.7 32.5 68.2 7.0
AS % OF ORIGINAL LIMIT 39.3 % 27.5 % 64.6 % 32.6 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 80.8 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 94.0 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.43 0.1 0.8 37.3 -
CLIMB OUT 85 2.2 1.141 0.2 0.9 28.5 -
APPROACH 30 4.0 0.366 0.5 1.7 11.2 -
IDLE 7 26.0 0.115 3.5 19.2 4.7 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 478 708 3777 8360 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 5 26.48 58.81 5.4
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: GE
TEST ORGANIZATION: CFM56-5B Eval Engineering
TEST LOCATION: Techspace-Aero Facility, Liege, Belgium
TEST DATES: FROM Nov 95 TO -
REMARKS
1. FAA Certification Report CR-797/P, June 95.
2. Engine S/N 779-194/1
98.2-99.6
281.5-283.6
.0065-.0075
Jet A
1.92
19
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-7B22 BYPASS RATIO: 5.3
UNIQUE ID NUMBER: 3CM031 PRESSURE RATIO (!oo): 24.41
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 100.97
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 6.4 48.6 52.4 15.4
AS % OF ORIGINAL LIMIT 32.7 % 41.2 % 59.0 % 65.2 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 73.7 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 90.3 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.021 0.1 0.5 23.1 -
CLIMB OUT 85 2.2 0.844 0.1 0.6 19 -
APPROACH 30 4.0 0.298 0.1 2.5 10 -
IDLE 7 26.0 0.105 2.5 22.8 4.5 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 390 432 4002 4560 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 4.22 39.58 45.16 12
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: GE
TEST ORGANIZATION: CFM56-7B Eval Engineering
TEST LOCATION: Peebles Test Operation, Peebles, Ohio, USA
TEST DATES: FROM Jul 96 TO -
REMARKS
1. FAA Certification Report CR-997, Dec 96.
2. Engine S/N 874-101/01
97.8-98.0
294-297
.0100-.0157
Jet A
1.86-1.97
16.9-17.7
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
** DATA SUPERSEDED ** SEE SHEET: 8CM051
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-7B26 BYPASS RATIO: 5.1
UNIQUE ID NUMBER: 3CM033 PRESSURE RATIO (πoo): 27.61
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 116.99
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 4.7 37.2 62.2 18.9
AS % OF ORIGINAL LIMIT 24.0 % 31.5 % 65.3 % 83.4 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 81.7 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 96.6 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.221 0.1 0.2 28.8 -
CLIMB OUT 85 2.2 0.999 0.1 0.6 22.5 -
APPROACH 30 4.0 0.338 0.1 1.6 10.8 -
IDLE 7 26.0 0.113 1.9 18.8 4.7 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 441 361 3533 6149 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 3.06 30.33 52.64 14.7
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: GE
TEST ORGANIZATION: CFM56-7B Eval Engineering
TEST LOCATION: Peebles Test Operation, Peebles, Ohio, USA
TEST DATES: FROM Jul 96 TO -
REMARKS
1. FAA Certification Report CR-997, Dec 96.
2. Engine S/N 874-101/01
-
97.8-98.0
294-297
.0100-.0157
Jet A
1.86-1.97
16.9-17.7
If REVISED, this data supersedes databank UID
Compliance with fuel venting requirements: ('x' if complies, PR if pre-regulation)
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: RB211-535E4 BYPASS RATIO: 4.1
UNIQUE ID NUMBER: 3RR028 PRESSURE RATIO (!oo): 25.8
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 178.4
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 0.9 27.4 76.0 2.3
AS % OF ORIGINAL LIMIT 4.6 % 23.2 % 83.0 % 11.4 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 103.7 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 126.1 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION - NEWLY MANUFACTURED ENGINES
- CERTIFICATION x DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
x REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) x OUT OF PRODUCTION (DATE: - )
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.86 0 0.77 44.88 -
CLIMB OUT 85 2.2 1.51 0.01 0.5 32.06 -
APPROACH 30 4.0 0.52 0.04 1.14 6.78 -
IDLE 7 26.0 0.18 0.37 13.31 3.46 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 683 111 4040 11714 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 0.6 22.3 65.6 1.8
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 0.57-0.66 22.0-22.6 64.4-66.9 1.5-2.2
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Rolls Royce plc
TEST ORGANIZATION: Rolls Royce plc
TEST LOCATION: SINFIN, Derby
TEST DATES: FROM Apr 91 TO -
REMARKS
Data from Certification Report DNS21233
98.8
282
0.0037
AVTUR
1.9
18.2
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: Trent 772 BYPASS RATIO: 5.03
UNIQUE ID NUMBER: 3RR030 PRESSURE RATIO (!oo): 35.8
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 316.3
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 3.2 31.9 65.3 2.6
AS % OF ORIGINAL LIMIT 16.3 % 27.0 % 58.5 % 15.1 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 73.1 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 83.1 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION - NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION x DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 3.2 0 0.2 34.38 -
CLIMB OUT 85 2.2 2.58 0 0.16 26.44 -
APPROACH 30 4.0 0.85 0.01 0.89 10.3 -
IDLE 7 26.0 0.28 1.46 17.94 4.71 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 1116 640 8099 17784 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 2.06 26 56.3 2
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) 1.74-2.37 24.2-27.4 55.0-57.4 1.6-2.5
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Rolls Royce plc
TEST ORGANIZATION: Rolls Royce plc
TEST LOCATION: SINFIN, Derby
TEST DATES: FROM Sep 94 TO -
REMARKS
1. Data from certification report DNS 19234.
2. Improved traverse combustor.
100.2
287
.0053-.0089
AVTUR
1.95
16
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: CFM56-5A5 BYPASS RATIO: 6
UNIQUE ID NUMBER: 4CM036 PRESSURE RATIO (!oo): 25.1
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 104.53
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 4.3 37.2 48.5 18.4
AS % OF ORIGINAL LIMIT 22.0 % 31.5 % 53.7 % 78.7 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 67.1 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 81.9 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 0.972 0.23 1.1 24.79 14.3
CLIMB OUT 85 2.2 0.799 0.23 1.1 19.98 -
APPROACH 30 4.0 0.276 0.45 2.8 8.94 -
IDLE 7 26.0 0.098 1.53 18.5 4.29 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 365 297 3175 4367 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 2.8 30.3 41.8 14.3
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: CFMI
TEST ORGANIZATION: CFM56 Evaluation Engineering
TEST LOCATION: Peebles Site IIIC
TEST DATES: FROM 19 Nov 86 TO 20 Nov 86
REMARKS
1. Ref GE Reports R89AEB316 and R87AEB386
2. Engine S/N 730002/2
94.70-95.60
280-291
.0026-.0034
Jet A
1.95
18
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: PW2040 BYPASS RATIO: 5.54
UNIQUE ID NUMBER: 4PW073 PRESSURE RATIO (!oo): 29.4
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 182.02
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 3.0 32.6 60.4 12.5
AS % OF ORIGINAL LIMIT 15.3 % 27.6 % 61.1 % 62.2 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 76.4 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 91.5 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION x NEWLY MANUFACTURED ENGINES
- CERTIFICATION - DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
x REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 1.752 0.01 0.32 35.04 -
CLIMB OUT 85 2.2 1.445 0.02 0.41 26.62 -
APPROACH 30 4.0 0.496 0.1 1.42 10.49 -
IDLE 7 26.0 0.159 1.65 19.95 4.37 -
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 631 426 5219 9989 -
NUMBER OF ENGINES 2 2 2 2
NUMBER OF TESTS 4 4 4 4
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 2.3 28.6 54.9 10.7
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Pratt & Whitney
TEST ORGANIZATION: P&WA
TEST LOCATION: East Hartford, CT
TEST DATES: FROM 08 Aug 83 TO 20 Nov 98
REMARKS
Revision to add second engine test.
100.61 - 100.94
283.4 - 298.2
.007 - .008
Jet A
-
-
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ICAO ENGINE EXHAUST EMISSIONS DATA BANK
SUBSONIC ENGINES
ENGINE IDENTIFICATION: AE3007A1 BYPASS RATIO: 4.77
UNIQUE ID NUMBER: 6AL007 PRESSURE RATIO (!oo): 17.97
ENGINE TYPE: TF RATED OUTPUT (Foo) (kN): 34.91
REGULATORY DATA
CHARACTERISTIC VALUE: HC CO NOx SMOKE NUMBER
Dp/Foo (g/kN) or SN 12.3 108.5 44.6 0.0
AS % OF ORIGINAL LIMIT 63.0 % 91.9 % 58.8 % 0.0 %
AS % OF CAEP/2 LIMIT (NOx) 73.4 %
AS % OF CAEP/4 LIMIT (NOx) 75.5 %
DATA STATUS TEST ENGINE STATUS
- PRE-REGULATION - NEWLY MANUFACTURED ENGINES
x CERTIFICATION x DEDICATED ENGINES TO PRODUCTION STANDARD
- REVISED (SEE REMARKS) - OTHER (SEE REMARKS)
EMISSIONS STATUS CURRENT ENGINE STATUS
x DATA CORRECTED TO REFERENCE (IN PRODUCTION, IN SERVICE UNLESS OTHERWISE NOTED)
(ANNEX 16 VOLUME II) - OUT OF PRODUCTION
- OUT OF SERVICE
MEASURED DATA
POWER TIME FUEL FLOW EMISSIONS INDICES (g/kg)
MODE SETTING minutes kg/s HC CO NOx SMOKE NUMBER
(%Foo)
TAKE-OFF 100 0.7 0.3826 0.03 0.75 16.17 0.01
CLIMB OUT 85 2.2 0.318 0.03 0.56 14.07 0.01
APPROACH 30 4.0 0.113 0.03 6.72 7.13 0.01
IDLE 7 26.0 0.0461 3.85 39.91 4.17 0.01
LTO TOTAL FUEL (kg) or EMISSIONS (g) 157 279 3088 1344 -
NUMBER OF ENGINES 1 1 1 1
NUMBER OF TESTS 3 3 3 3
AVERAGE Dp/Foo (g/kN) or AVERAGE SN (MAX) 8.01 88.38 38.49 0.01
SIGMA (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
RANGE (Dp/Foo in g/kN, or SN) - - - -
ACCESSORY LOADS
POWER EXTRACTION 0 (kW) AT - POWER SETTINGS
STAGE BLEED 0 % CORE FLOW AT - POWER SETTINGS
ATMOSPHERIC CONDITIONS FUEL
BAROMETER (kPa) SPEC
TEMPERATURE (K) H/C
ABS HUMIDITY (kg/kg) AROM (%)
MANUFACTURER: Rolls-Royce Corporation
TEST ORGANIZATION: Rolls-Royce Corporation
TEST LOCATION: Indianapolis, Indiana, USA
TEST DATES: FROM 09 Jun 01 TO 11 Jun 01
REMARKS
1. For effectivity see Rolls-Royce Notice to Operators No. AE3007A-076
2. Data in this form for AE3007A1 engine fitted with reduced emissions combustor and PAB fuel nozzles
3. Results based on Rolls-Royce report EDR 19587
98.9 - 99.0
291 - 301
0.009 - 0.012
Jet A
1.9
16 - 20
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161
ANEXO III
162
163
1. Percursos de Taxi out
Figura III.1.1 – Percurso P1
Figura III.1.2 - Percurso P2
164
Figura III.1.3 - Percurso P3
Figura III.1.4 - Percurso P4
165
Figura III.1.5 - Percurso P5
Figura III.1.6 - Percurso P6
166
2. Percursos de Taxi in
Figura III.2.1 - Percurso P7
Figura III.2.2 - Percurso P8
167
Figura III.2.3 - Percurso P9
Figura III.2.4 - Percurso P10
168
Figura III.2.5 - Percurso P11
Figura III.2.6 - Percurso P12