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2012 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: ENSAIO DE IMPACTO

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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS: ENSAIO DE IMPACTO

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RESUMO

Os engenheiros devem compreender como as diversas propriedades mecânicas são

medidas e o que elas representam. Essas propriedades são necessárias ao projeto de

estruturas ou componentes que utilizem materiais predeterminados, a fim de que não

ocorram níveis inaceitáveis de deformação e/ou falhas em serviço, ou o encarecimento do

produto em função do superdimensionamento de componentes.

As propriedades mecânicas dos materiais são verificadas pela execução de ensaios

cuidadosamente programados, que reproduzem o mais fielmente possível as condições

de serviço. Os fatores a serem considerados nos ensaios incluem-se a natureza da carga

aplicada, a duração de aplicação dessa carga e as condições ambientais.

Os ensaios dos materiais podem ser classificados quanto à integridade geométrica e

dimensional da peça ou componente – destrutivos e não-destrutivos - ou quanto à

velocidade de aplicação da carga – Estáticos, Dinâmicos e Cargas constantes.

Os ensaios mencionados objetivam verificar a conduta dos componentes ou materiais

sujeitos a esforços específicos e os limites físicos desses tipos de esforços nas estruturas

e na estabilidade, além de determinar as características mecânicas inerentes a tais

componentes ou ao material envolvido.

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ABSTRACT

Engineers must understand how the different mechanical properties are measured and

what they represent. These properties are necessary to the design of structures or

components using predetermined materials, so that there are no unacceptable levels of

deformation and / or failures in service or product enhancement due to the oversizing of

components.

The mechanical properties of materials are verified by executing carefully planned tests

that replicate as closely as possible the conditions of service. The factors to be considered

in the tests include the nature of the applied load, the length of applying that load and

environmental conditions.

Tests of materials can be classified as geometric and dimensional integrity of the part or

component - destructive and non-destructive - or about the speed of load application -

Static, Dynamic and constant loads.

The tests aim to verify the mentioned behavior of components or materials subject to

specific efforts and the physical limits of these types of efforts in structural stability and to

determine the mechanical characteristics inherent to such components or materials

involved.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Regiões de fraturas ......................................................................................... 7

Figura 2 – Fratura frágil ocorrida no navio de carga Liberty em 1941 .............................. 8

Figura 3 – Ilustração simplificada do ensaio de impacto .................................................. 10

Figura 4 – Máquina de ensaio de impacto tipo JXB ......................................................... 11

Figura 5 – Formas e dimensões do corpo de prova Charpy ............................................ 12

Figura 6 – Formas e dimensões do ensaio Izod ............................................................... 13

Figura 7 – Característica do ensaio Izod .......................................................................... 14

Figura 8 – Dimensões do corpo de prova Mesnager ........................................................ 15

Figura 9 – Dimensões do corpo de prova Schanadt ........................................................ 15

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................6

FRATURAS .........................................................................................................................7

FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO FRÁGIL DOS MATERIAIS

DÚCTEIS.............................................................................................................................9

DESCRIÇÃO DO ENSAIO DE IMPACTO .........................................................................10

CORPOS DE PROVA........................................................................................................12

OUTRAS VARIAÇÕES PARA OS CORPOS DE PROVAS...............................................15

CONCLUSÃO ....................................................................................................................16

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................17

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INTRODUÇÃO

Durante a Segunda Guerra Mundial, o fenômeno da fratura frágil despertou a

atenção de projetistas e engenheiros devido à alta incidência desse tipo de fratura

em estruturas soldadas de aço de navios e tanques de guerra. Alguns navios

partiam-se ao meio, mesmo que não estivessem em mar aberto e turbulento, apesar

de serem construídos de aços-liga que apresentavam razoável ductilidade, conforme

ensaios de tração realizados à temperatura ambiente. A incidência desse tipo de

fratura ocorria nos meses de inverno, e problemas semelhantes já haviam sido

relatados em linhas de tubulações de petróleo, vasos de pressão e pontes de

estrutura metálica. Todos esses problemas motivaram a implantação de programas

de pesquisas que determinassem as causas dessas falhas em serviço e indicassem

providências para impedir futuras ocorrências. Foi observado que três fatores

principais contribuem para o surgimento da fratura frágil em materiais que são

normalmente dúcteis à temperatura ambiente: a existência de um estado triaxial de

tensões, as baixas temperaturas e a taxa de deformação elevada.

O teste de impacto e um método para determinar o comportamento de materiais

submetidos a uma carga de choque em curvatura, tensão ou torção. A quantidade

normalmente medida é a energia absorvida na ruptura do corpo de prova em um

único impacto, como no Teste de Impacto Charpy, Teste de Impacto Izod e Teste de

Impacto de Tensão. Os testes de impacto também são realizados submetendo-se os

corpos de prova a vários impactos de intensidade crescente, como no teste de

impacto de queda de esfera de aço, e testes de impacto repetidos. A resiliência ao

impacto e dureza escleroscópica são determinadas em testes de impacto não-

destrutivos.

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FRATURAS

As fraturas produzidas por impacto podem ser frágeis ou dúcteis. As fraturas frágeis

caracterizam-se pelo aspecto cristalino e as fraturas dúcteis apresentam aparência

fibrosa.

Figura 1 – Regiões de fraturas.

Os materiais frágeis rompem-se sem nenhuma deformação plástica, de forma

brusca. Por isso, esses materiais não podem ser utilizados em aplicações nas quais

sejam comuns esforços bruscos, como em eixos de máquinas, bielas etc.

Para estas aplicações são desejáveis materiais que tenham capacidade de absorver

energia e dissipá-la, para que a ruptura não aconteça, ou seja, matérias que

apresentam tenacidade.

Esta propriedade esta relacionada com a fase plástica dos materiais e por isso se

utilizam as ligas metálicas dúcteis neste tipo de aplicação.

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Porém, mesmo utilizando ligas dúcteis, com resistência suficiente para suportar uma

determinada aplicação, verificou-se na prática que um material dúctil pode romper-se

de forma frágil.

Esta característica dos materiais ficou mais evidente durante a Segunda Guerra

Mundial, quando os equipamentos bélicos foram levados a solicitações críticas de

uso, despertando o interesse dos cientistas pelo assunto.

Abaixo um exemplo de fratura abrupta devido à fragilidade do material.

Figura 2 – Fratura frágil ocorrida no navio de carga Liberty em 1941.

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FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO FRÁGIL DOSMATERIAIS DÚCTEIS

Um material dúctil pode romper-se sem deformação plástica apreciável, ou seja, de

maneira frágil, quando as condições abaixo estiverem presentes.

Velocidade de aplicação da suficientemente alta;

Trinca ou entalhe do material;

Temperatura de uso do material suficientemente baixa.

Alguns materiais são mais afetados pela velocidade alta do choque, apresentando

uma sensibilidade que é chamada sensibilidade à velocidade.

Uma trinca promove concentração de tensões muito elevadas, o que faz com que a

maior parte da energia produzida pela ação do golpe seja concentrada numa região

localizada da peça, com a conseqüente formatação da fratura frágil. A existência de

uma trinca, por menor que seja, muda substancialmente o comportamento do

material dúctil.

Esta característica do material dúctil, de comportar-se como frágil devido à trinca, é

freqüentemente chamada de sensibilidade ao entalhe.

A temperatura tem um efeito muito acentuado na resistência dos metais ao choque,

ao contrário do que ocorre na resistência estática.

A energia absorvida por um corpo de prova varia sensivelmente com a temperatura

do ensaio.

Um corpo de prova a uma temperatura T1 pode absorver muito mais energia do que

se estivesse a uma temperatura T2, bem menor que T1, ou pode absorver a mesma

energia a uma temperatura T3, pouco menor que T1.

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DESCRIÇÃO DO ENSAIO DE IMPACTO

Um dos ensaios que permitem estudar os efeitos das cargas dinâmicas e o ensaio

de impacto. Este ensaio é usado para medir a tendência de um metal de se

comportar de maneira frágil.

O choque ou impacto representa um esforço de natureza dinâmica, porque a carga é

aplicada repentina e bruscamente.

No impacto, não é só a força aplicada que conta. Outro fator é a velocidade de

aplicação da força. Força associada com velocidade traduz-se em energia.

O método mais comum para ensaiar metais é o do golpe, desferido por um peso em

oscilação. O pêndulo é levado a uma certa posição, onde adquire uma energia

inicial. Ao cair ele encontra no seu percurso o corpo de prova que se rompe. A sua

trajetória continua até certa altura, que corresponde a posição final, onde o pêndulo

apresenta uma energia final.

Figura 3 – Ilustração simplificada do ensaio de impacto.

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A diferença entre as energias inicial e final corresponde à energia absorvida pelo

material.

De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (S.I.), a unidade de energia

adotada é o joule (J). Em máquinas mais antigas, a unidade de energia pode ser

dada em kgf * m, kgf * cm ou kgf * mm.

A máquina é dotada de uma escala, que indica a posição do pêndulo, e é calibrada

de modo a indicar a energia potencial.

Figura 4 – Máquina de ensaio de impacto tipo JXB.

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CORPOS DE PROVA

Nos ensaios de impacto, utilizam-se duas classes de corpos de prova com entalhe: o

CHARPY e o IZOD. Há um tipo especial para ferros fundidos e ligas não ferrosas

fundidas sobre pressão. Esses corpos de prova seguem especificações de normas

internacionais, baseadas na norma americana E-23 da ASTM.

CHARPY:

Os corpos de prova Charpy compreendem três subtipos (A, B e C), de acordo com a

forma do entalhe.

A figura a seguir mostra as formas e dimensões desses três tipos de corpos de

prova e dos respectivos entalhes.

Figura 5 – Formas e dimensões do corpo de prova Charpy.

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Entalhes mais profundos ou agudos, Charpy A, são indicados para teste de materiais

mais dúcteis ou quando se usam menores velocidades no teste. As duas condições

favorecem a ruptura frágil.

IZOD:

O ensaio é realizado em pêndulo de impacto, semelhante ao pêndulo do teste

Charpy. Entretanto a fixação e posição do corpo de prova são específicas do teste.

No ensaio IZOD o corpo de prova é fixado por um par de garras na posição vertical.

Quando o pêndulo da máquina de teste Izod é liberado ele oscila na direção

descendente e atinge o corpo de prova na posição vertical do braço. O corpo de

prova é quebrado. O braço do pêndulo continua seu movimento, com redução de

momento devido à energia absorvida pelo corpo de prova no instante do impacto.

Uma escala graduada fornece a leitura da energia gasta na fratura do corpo de

prova.

Para obtenção de um resultado representativo normalmente é recomendado tomar a

média de resultados de três testes.

Figura 6 – Formas e dimensões do ensaio Izod.

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Os corpos de prova devem ter seção quadrada com 10 mm de lado e comprimento

de 75 mm. O entalhe é executado a 28 mm da extremidade e tem a forma de V (ver

figura).

Figura 7 – Característica do ensaio Izod.

Entalhes agudos como o do corpo de prova Izod são indicados para teste de

materiais mais dúcteis ou quando se usam menores velocidades no teste. As duas

condições favorecem a ruptura frágil.

Para ferros fundidos e metais fundidos sob pressão o corpo de prova não necessita

de entalhe (mesma recomendação do teste Charpy).

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OUTRAS VARIAÇÕES PARA OS CORPOS DE PROVAS

Variações do corpo de prova do ensaio Charpy são adotadas por algumas normas

internacionais. Assim são os corpos de prova Mesnager, semelhante ao corpo

Charpy tipo C com profundidade de entalhe reduzida e o corpo de prova Schanadt,

com cinco diferentes geometrias de entalhe. No corpo Schanad um pino de aço é

posicionado dentro do entalhe para a execução do teste. O pino previne o

aparecimento de tensões de compressão no impacto.

Figura 8 – Dimensões do corpo de prova Mesnager.

Figura 9 – Dimensões do corpo de prova Schanadt.

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CONCLUSÃO

Os testes são de extrema importância para se verificar e analisar o comportamento

dos materiais sob a ação de diversos fatores em situações adversas, além de

determinar suas características e fundamentais para o dimensionamento dos

elementos estruturais.

O ensaio é uma observação do comportamento de um material quando submetido à

ação de agentes externos como esforços e outros. Os ensaios são padronizados,

definidos por normas, de forma que seus resultados sejam significativos para cada

material e possam ser facilmente comparados. Os ensaios adquirem paulatinamente

importância pela precisão e comparação entre materiais, sendo necessário para a

segurança e rendimento de obras e equipamentos.

É importante que se realize os testes descritos com vários corpos de prova afim de

que se obtenha resultados mais precisos sobre o material ensaiado. Necessita-se

destacar também que todos os ensaios mencionados neste trabalho são realizados

sob condições normais de temperatura. Sob ação das intempéries, os testes podem

variar sensivelmente.

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BIBLIOGRAFIA

SHIGLEY, J.E.,Michke, C.R. e BUDYNAS,R.G. – Projeto de Engenharua Mecânica,7ªed., Bookman, 2005.

TEOFILO, Jorge. Estrutura e Propriedade dos Materiais: Ensaios Mecânicos dosMateriais. Disponível em: <http://jorgeteofilo.files.wordpress.com/2010/08/epm-apostila-capitulo09-ensaios-mod1.pdf> Acesso em 7 setembro 2012.

Ensaio de Impacto. Disponível em: <http://www.artigonal.com/tecnologias-artigos/ensaio-de-impacto-1006632.html> Acesso em 7 setembro 2012.