PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DE ÍMÃS AGLOMERADOS E … · For the 100% ferrite magnet, in which the...
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UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO INSTITUTO DE FIacuteSICA
SBI-IFUSP
PROPRIEDADES MAGNEacuteTICAS DE IacuteMAtildeS
AGLOMERADOS E NANOCRISTALINOS
OE F stCt
Mariacutelia Emura
Tese apresentada ao Instituto de Fiacutesica da Universidade de Satildeo Paulo para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Fiacutesica do Estado Soacutelido
Orientador Prof Dr Frank P MisselJ
Comissatildeo examinadora Prof Dr Frank P_ Missell- IFUSP Prof Dr Herciacutelio R Rechenherg - IFUSP Prof Dr_ Renato de Figueiredo Jardim - IFUSP Profmiddot Dr Daniel Rodrigues - IPT Prof Dr Marcelo Knobel- UNICAMP
FAPESP CAPES CNPq FINEP Trabalho financiado por
SAtildeO PAULO 1999
FICHA CATALOGRAacuteFICA Preparada pelo Serviccedilo de Biblioteca e Informaccedilatildeo do Instituto de Fiacutesica da Universidade de Satildeo Paulo
Emura Mariacutelia
Propriedades Magneacuteticas de iacutematildes Aglomerados e Nanocristalinos Satildeo Paulo 199R
Tese (Doutoramento) - Universidade de Satildeo Paulo Instituto de Flsica - Departamento de Flsica dos Materiais
e Mecacircnica
Orientador Prol Dr Frank Patrick Missall Aacuterea de Concentraccedilatildeo Fiacutesica do Estado Soacutelido
Unitermos 1 iacutematildes Aglomerados 2 Materiais Magneacuteticos Nanocristalinos 3 Simulaccedilotildees Micromagneacuteticas 4 iacutematildes Permanentes
USPIFSBI-02499
jopunm op oPt11 OJJnO op wtJl[)t1 3 jSOUD Ccedil6 iJ 6 wgl sOl
I SUV1JtJqo sy
AGRADECIMENTOS
Este trabalho se desenvolveu em quase 5 anos e meio durante o qual tive a
atenccedilatildeo de muitas e muitas pessoas Em especial aquelas cujo apoio determinaram
a execuccedilatildeo de algum ou muitos espaccedilos desta tese
Frank P Missal
Jesuacutes M Gonzaacutelez
Fernando JG Landgraf
Daniel Rodrigues
Angela Pizza Maria Ceciacutelia Salvadori
Marcelo S Lancarolte
Maria Virginia P Altoeacute
Renato Cohen
Seacutergio Romero
lran M Amorim
Paulo S Martins Marco A Meira
Rui Paulatildeo Wagner
Daniel Cornejo
Vai Regina Taeko Cezar
Joseacute Antonio Shin
Gabriela Sandra
Manbel Johans Fede Ana Mlreia Constantino Antonio Morales
Cida Suzi Vicente Israel Rubens Faacutebio
Joatildeo Paulo Elis
Rachei Yolanda
MUITO OBRIGADA
I I I
I
I
iacuteNDICE
INTRODUCcedilAtildeO 1
1 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA - iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 11
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE 14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DE FERRITES 15
112 PROPRIEDADES MAGNEacuteTICAS DE FERRITES 17
113IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE 19
12 iacuteMAtildeS PRODUZIDOS POR SOLlDIFICACAtildeO RAacutePIDA 20
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS 20
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFAslCOS 22
123 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS 23 o A NdFe14B + Fe3B + a-Fe 23
I B NdFe14B + a-Fe 25
124 ESTUDOS EM IMAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB 28
-iacute 3213 MAS HIBRIDOS
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS 36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 37
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 38
221 ELETROfMAtilde - MAGNETOcircMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE 39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA MAGNETOcircMETRO DE
AMOSTRA VIBRANTE o 40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO 41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS 42
2241 Fator desmagnetizante 42
2242 Campo coercivo Intriacutenseco 42
2243 Ciclos menores de recuo 43
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA 43
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 47
3lCARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E MICROESTRUTURAL DOS
iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 48
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAl 48
3111 Perda em massa 49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV) 50
3113 Microscopia de Forccedila Atocircmica (MFA) 53
3114 RaiosX 56
3115 Especlroscopia Motildessbauer 57
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 60
3121 Curvas de hislerese 60
3122 Ciclos de recuo 62
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 65
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E
MICROESTRUTURAl DAS LIGAS PRODUZIDAS POR MELT
- SPINNING 67
321 PREPARACcedilAtildeO DAS LIGAS 67
322 NdFe85B 67
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada 69
3222 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 77
323 PrFesB 79
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 80
4 INTERACcedilOtildeES MAGNEacuteTICAS 81
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL 86
42 GRAacuteFICOS 15M 89
- -43 OISTRIBUICcedilAO DOS CAMPOS DE INVERSAO 92
5 MAGNETIZACcedilAtildeO REVERSiacuteVEL E IRREVERSiacuteVEL 97
51 MEacuteTOOOOCO-IRM 100
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSiacuteVEL 105
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
- amp-Jials r---1
i-shyp I_
fshy
1 ~
~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
bullbullrt bull o
bull o I o obullbull bull o osi t
o
obullbull bull Field tOe
b)
bull bull
shy shy Cc _0
00 bull bull Field I kCR
bull
bull o
~ bull
o
25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
OA
02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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ARTIGOS ELABORADOS DURANTE O PERiacuteODO DO DOUTORAMENTO
Anomalous relaxation behavior in PrNdFeB samples C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Ganzaacutelez Magnetiacutec Anisotropy and CoelCivity in Rara Earth Transilian Metal Allays vaI 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf Wortd Scienlilic (1996)234
Miacutecromagnetic investigation of lhe influence of lhe inlrinsic and extrinsic properties on lhe coercivity of hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez R Smimov-Rueda F Cebollada M Emura DR Comejo Magnefic Anisotropy and CoelCiacuteviacutety in Rara Earth Transition Metal Aloys vol 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientific (1996)246
Micromagnetic investigation of lhe relaxation process in hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez RS-Rueda R Cebollada M Emura Magnetic Anisotropy and Coercivity in Rara Earth Transifian Metal Aloys vaI 2 eds FP Missel V Villas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientilic(1996) 369
Interactions and magnetic viscosity non-monotonic time variation of the magnetization during relaxation at a constant demagnetizing field C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Gonzaacutelez Applied Physics Letters 69 (1996) 4251
Magnetization dependeme on temperatura and grain size in nanoslructurad samples JM Gonzaacutelez C de Juliaacuten J Gonzaacutelez F Cebollada MI Montero M Emura J Restrepo Proceedings of the NATO ASI - Magneti Hyseresis in Novel Magneia Materiais - ed GC Hadjipanayis (1997) 315
Magnetic Characterization of Ni nanoparticles dispersed in silica JM Gonzaacutelez EM Gonzaacutelez C de Juliaacuten M1 Montero F Cebollada J Resrepo M Emura JL Vicen ProGeedings Df lhe NA TO ASI - Magnetiacute Hysteresis in Novel Magnetia Materiais -ed GC Hadjipanayis (1997) 327
Magnetization process linked to interphase exchange and dipolar coupllng In hard-soft nanocomposlta magneta M Emura JM Gonzaacutelez FP MIssell Joumal ofAppliacuteed Physiacutecs 81 (1997) 4983
On the role of dipolar coupling in the magnetization reversal process in hard-soft nanocomposite magnats M Emura JM Gonzaacutelez FP Missell IEEE Transaclions on Magnelies 33 (1997) 3892
Magnetization process in hybrid magnets M Emura AC Nelva FP MIssall K L Babcock J Ormerod and S Constantinides Joumal ofAPplied Physles 83 (1998) 7127
lhe effects of the addition of ferrita powder on magnetic properties of cold presses Nd-Fe-S bonded magnets D Rodrigues FJG landgraf M Emura Proceedings of lhe 15h Inemalional Workshop on Rare-Earlh Magnels and heir Applicalions ed l Schultz K-H Muumlller (1998) 580
Hybrid magnets M Emura AC Nelva FP Missall Malerials Sclence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publications (1999)
Separaling components of the hysleresis 1055 of non-orientad electrical steels FJG Landgraf JC Teixeira M Emura MF de Campos CS Muranaka Malerials Selence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publlcanons (1999)
Anisotropy of lhe magnetic losses components in semi-processed eleclrical steels FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Joumal of Magnelism and Magnetic Maerials 196-197 (1999) 380
Coercivity Analysis in the Coxl(Si02)100-x nanoparticulate system M1 Mantere M Emura F Cebollada JM Gonzatildelez EM Gonzaacutelez JL Vicen a ser publicado no Joumal ofMagnelism and Magnetaiacutec Materiais
I
j
Efeito do tamanho de gratildeo direccedilatildeo e frequumlecircncia na curva de magnetizaccedilatildeo de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos e CS Muranaka Anais do 111 Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo (199B) 104
I Separaccedilatildeo das componentes de perdas magneacuteticas em accedilos eleacutetricos totalmente processados FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos MA da Cunha
j Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM I
Avaliaccedilatildeo da Microestrutura apoacutes laminaccedilatildeo a frio em accedilos eleacutetricos RTakanohashiacute FJG Landagraf M Gonccedilalves M Emura G S Alves MF Campos AMP Passaro NB lima NS Zwirman V Wolhien Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM
bullbull 1
I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
- 1
- 2
- 3
- 4
-
FICHA CATALOGRAacuteFICA Preparada pelo Serviccedilo de Biblioteca e Informaccedilatildeo do Instituto de Fiacutesica da Universidade de Satildeo Paulo
Emura Mariacutelia
Propriedades Magneacuteticas de iacutematildes Aglomerados e Nanocristalinos Satildeo Paulo 199R
Tese (Doutoramento) - Universidade de Satildeo Paulo Instituto de Flsica - Departamento de Flsica dos Materiais
e Mecacircnica
Orientador Prol Dr Frank Patrick Missall Aacuterea de Concentraccedilatildeo Fiacutesica do Estado Soacutelido
Unitermos 1 iacutematildes Aglomerados 2 Materiais Magneacuteticos Nanocristalinos 3 Simulaccedilotildees Micromagneacuteticas 4 iacutematildes Permanentes
USPIFSBI-02499
jopunm op oPt11 OJJnO op wtJl[)t1 3 jSOUD Ccedil6 iJ 6 wgl sOl
I SUV1JtJqo sy
AGRADECIMENTOS
Este trabalho se desenvolveu em quase 5 anos e meio durante o qual tive a
atenccedilatildeo de muitas e muitas pessoas Em especial aquelas cujo apoio determinaram
a execuccedilatildeo de algum ou muitos espaccedilos desta tese
Frank P Missal
Jesuacutes M Gonzaacutelez
Fernando JG Landgraf
Daniel Rodrigues
Angela Pizza Maria Ceciacutelia Salvadori
Marcelo S Lancarolte
Maria Virginia P Altoeacute
Renato Cohen
Seacutergio Romero
lran M Amorim
Paulo S Martins Marco A Meira
Rui Paulatildeo Wagner
Daniel Cornejo
Vai Regina Taeko Cezar
Joseacute Antonio Shin
Gabriela Sandra
Manbel Johans Fede Ana Mlreia Constantino Antonio Morales
Cida Suzi Vicente Israel Rubens Faacutebio
Joatildeo Paulo Elis
Rachei Yolanda
MUITO OBRIGADA
I I I
I
I
iacuteNDICE
INTRODUCcedilAtildeO 1
1 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA - iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 11
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE 14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DE FERRITES 15
112 PROPRIEDADES MAGNEacuteTICAS DE FERRITES 17
113IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE 19
12 iacuteMAtildeS PRODUZIDOS POR SOLlDIFICACAtildeO RAacutePIDA 20
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS 20
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFAslCOS 22
123 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS 23 o A NdFe14B + Fe3B + a-Fe 23
I B NdFe14B + a-Fe 25
124 ESTUDOS EM IMAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB 28
-iacute 3213 MAS HIBRIDOS
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS 36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 37
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 38
221 ELETROfMAtilde - MAGNETOcircMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE 39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA MAGNETOcircMETRO DE
AMOSTRA VIBRANTE o 40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO 41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS 42
2241 Fator desmagnetizante 42
2242 Campo coercivo Intriacutenseco 42
2243 Ciclos menores de recuo 43
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA 43
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 47
3lCARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E MICROESTRUTURAL DOS
iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 48
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAl 48
3111 Perda em massa 49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV) 50
3113 Microscopia de Forccedila Atocircmica (MFA) 53
3114 RaiosX 56
3115 Especlroscopia Motildessbauer 57
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 60
3121 Curvas de hislerese 60
3122 Ciclos de recuo 62
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 65
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E
MICROESTRUTURAl DAS LIGAS PRODUZIDAS POR MELT
- SPINNING 67
321 PREPARACcedilAtildeO DAS LIGAS 67
322 NdFe85B 67
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada 69
3222 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 77
323 PrFesB 79
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 80
4 INTERACcedilOtildeES MAGNEacuteTICAS 81
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL 86
42 GRAacuteFICOS 15M 89
- -43 OISTRIBUICcedilAO DOS CAMPOS DE INVERSAO 92
5 MAGNETIZACcedilAtildeO REVERSiacuteVEL E IRREVERSiacuteVEL 97
51 MEacuteTOOOOCO-IRM 100
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSiacuteVEL 105
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
- amp-Jials r---1
i-shyp I_
fshy
1 ~
~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
bullbullrt bull o
bull o I o obullbull bull o osi t
o
obullbull bull Field tOe
b)
bull bull
shy shy Cc _0
00 bull bull Field I kCR
bull
bull o
~ bull
o
25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
OA
02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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I Separaccedilatildeo das componentes de perdas magneacuteticas em accedilos eleacutetricos totalmente processados FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos MA da Cunha
j Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM I
Avaliaccedilatildeo da Microestrutura apoacutes laminaccedilatildeo a frio em accedilos eleacutetricos RTakanohashiacute FJG Landagraf M Gonccedilalves M Emura G S Alves MF Campos AMP Passaro NB lima NS Zwirman V Wolhien Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM
bullbull 1
I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
- 1
- 2
- 3
- 4
-
jopunm op oPt11 OJJnO op wtJl[)t1 3 jSOUD Ccedil6 iJ 6 wgl sOl
I SUV1JtJqo sy
AGRADECIMENTOS
Este trabalho se desenvolveu em quase 5 anos e meio durante o qual tive a
atenccedilatildeo de muitas e muitas pessoas Em especial aquelas cujo apoio determinaram
a execuccedilatildeo de algum ou muitos espaccedilos desta tese
Frank P Missal
Jesuacutes M Gonzaacutelez
Fernando JG Landgraf
Daniel Rodrigues
Angela Pizza Maria Ceciacutelia Salvadori
Marcelo S Lancarolte
Maria Virginia P Altoeacute
Renato Cohen
Seacutergio Romero
lran M Amorim
Paulo S Martins Marco A Meira
Rui Paulatildeo Wagner
Daniel Cornejo
Vai Regina Taeko Cezar
Joseacute Antonio Shin
Gabriela Sandra
Manbel Johans Fede Ana Mlreia Constantino Antonio Morales
Cida Suzi Vicente Israel Rubens Faacutebio
Joatildeo Paulo Elis
Rachei Yolanda
MUITO OBRIGADA
I I I
I
I
iacuteNDICE
INTRODUCcedilAtildeO 1
1 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA - iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 11
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE 14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DE FERRITES 15
112 PROPRIEDADES MAGNEacuteTICAS DE FERRITES 17
113IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE 19
12 iacuteMAtildeS PRODUZIDOS POR SOLlDIFICACAtildeO RAacutePIDA 20
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS 20
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFAslCOS 22
123 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS 23 o A NdFe14B + Fe3B + a-Fe 23
I B NdFe14B + a-Fe 25
124 ESTUDOS EM IMAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB 28
-iacute 3213 MAS HIBRIDOS
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS 36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 37
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 38
221 ELETROfMAtilde - MAGNETOcircMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE 39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA MAGNETOcircMETRO DE
AMOSTRA VIBRANTE o 40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO 41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS 42
2241 Fator desmagnetizante 42
2242 Campo coercivo Intriacutenseco 42
2243 Ciclos menores de recuo 43
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA 43
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 47
3lCARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E MICROESTRUTURAL DOS
iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 48
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAl 48
3111 Perda em massa 49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV) 50
3113 Microscopia de Forccedila Atocircmica (MFA) 53
3114 RaiosX 56
3115 Especlroscopia Motildessbauer 57
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 60
3121 Curvas de hislerese 60
3122 Ciclos de recuo 62
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 65
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E
MICROESTRUTURAl DAS LIGAS PRODUZIDAS POR MELT
- SPINNING 67
321 PREPARACcedilAtildeO DAS LIGAS 67
322 NdFe85B 67
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada 69
3222 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 77
323 PrFesB 79
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 80
4 INTERACcedilOtildeES MAGNEacuteTICAS 81
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL 86
42 GRAacuteFICOS 15M 89
- -43 OISTRIBUICcedilAO DOS CAMPOS DE INVERSAO 92
5 MAGNETIZACcedilAtildeO REVERSiacuteVEL E IRREVERSiacuteVEL 97
51 MEacuteTOOOOCO-IRM 100
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSiacuteVEL 105
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
- amp-Jials r---1
i-shyp I_
fshy
1 ~
~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
bullbullrt bull o
bull o I o obullbull bull o osi t
o
obullbull bull Field tOe
b)
bull bull
shy shy Cc _0
00 bull bull Field I kCR
bull
bull o
~ bull
o
25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
OA
02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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ARTIGOS ELABORADOS DURANTE O PERiacuteODO DO DOUTORAMENTO
Anomalous relaxation behavior in PrNdFeB samples C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Ganzaacutelez Magnetiacutec Anisotropy and CoelCivity in Rara Earth Transilian Metal Allays vaI 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf Wortd Scienlilic (1996)234
Miacutecromagnetic investigation of lhe influence of lhe inlrinsic and extrinsic properties on lhe coercivity of hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez R Smimov-Rueda F Cebollada M Emura DR Comejo Magnefic Anisotropy and CoelCiacuteviacutety in Rara Earth Transition Metal Aloys vol 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientific (1996)246
Micromagnetic investigation of lhe relaxation process in hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez RS-Rueda R Cebollada M Emura Magnetic Anisotropy and Coercivity in Rara Earth Transifian Metal Aloys vaI 2 eds FP Missel V Villas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientilic(1996) 369
Interactions and magnetic viscosity non-monotonic time variation of the magnetization during relaxation at a constant demagnetizing field C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Gonzaacutelez Applied Physics Letters 69 (1996) 4251
Magnetization dependeme on temperatura and grain size in nanoslructurad samples JM Gonzaacutelez C de Juliaacuten J Gonzaacutelez F Cebollada MI Montero M Emura J Restrepo Proceedings of the NATO ASI - Magneti Hyseresis in Novel Magneia Materiais - ed GC Hadjipanayis (1997) 315
Magnetic Characterization of Ni nanoparticles dispersed in silica JM Gonzaacutelez EM Gonzaacutelez C de Juliaacuten M1 Montero F Cebollada J Resrepo M Emura JL Vicen ProGeedings Df lhe NA TO ASI - Magnetiacute Hysteresis in Novel Magnetia Materiais -ed GC Hadjipanayis (1997) 327
Magnetization process linked to interphase exchange and dipolar coupllng In hard-soft nanocomposlta magneta M Emura JM Gonzaacutelez FP MIssell Joumal ofAppliacuteed Physiacutecs 81 (1997) 4983
On the role of dipolar coupling in the magnetization reversal process in hard-soft nanocomposite magnats M Emura JM Gonzaacutelez FP Missell IEEE Transaclions on Magnelies 33 (1997) 3892
Magnetization process in hybrid magnets M Emura AC Nelva FP MIssall K L Babcock J Ormerod and S Constantinides Joumal ofAPplied Physles 83 (1998) 7127
lhe effects of the addition of ferrita powder on magnetic properties of cold presses Nd-Fe-S bonded magnets D Rodrigues FJG landgraf M Emura Proceedings of lhe 15h Inemalional Workshop on Rare-Earlh Magnels and heir Applicalions ed l Schultz K-H Muumlller (1998) 580
Hybrid magnets M Emura AC Nelva FP Missall Malerials Sclence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publications (1999)
Separaling components of the hysleresis 1055 of non-orientad electrical steels FJG Landgraf JC Teixeira M Emura MF de Campos CS Muranaka Malerials Selence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publlcanons (1999)
Anisotropy of lhe magnetic losses components in semi-processed eleclrical steels FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Joumal of Magnelism and Magnetic Maerials 196-197 (1999) 380
Coercivity Analysis in the Coxl(Si02)100-x nanoparticulate system M1 Mantere M Emura F Cebollada JM Gonzatildelez EM Gonzaacutelez JL Vicen a ser publicado no Joumal ofMagnelism and Magnetaiacutec Materiais
I
j
Efeito do tamanho de gratildeo direccedilatildeo e frequumlecircncia na curva de magnetizaccedilatildeo de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos e CS Muranaka Anais do 111 Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo (199B) 104
I Separaccedilatildeo das componentes de perdas magneacuteticas em accedilos eleacutetricos totalmente processados FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos MA da Cunha
j Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM I
Avaliaccedilatildeo da Microestrutura apoacutes laminaccedilatildeo a frio em accedilos eleacutetricos RTakanohashiacute FJG Landagraf M Gonccedilalves M Emura G S Alves MF Campos AMP Passaro NB lima NS Zwirman V Wolhien Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM
bullbull 1
I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
- 1
- 2
- 3
- 4
-
AGRADECIMENTOS
Este trabalho se desenvolveu em quase 5 anos e meio durante o qual tive a
atenccedilatildeo de muitas e muitas pessoas Em especial aquelas cujo apoio determinaram
a execuccedilatildeo de algum ou muitos espaccedilos desta tese
Frank P Missal
Jesuacutes M Gonzaacutelez
Fernando JG Landgraf
Daniel Rodrigues
Angela Pizza Maria Ceciacutelia Salvadori
Marcelo S Lancarolte
Maria Virginia P Altoeacute
Renato Cohen
Seacutergio Romero
lran M Amorim
Paulo S Martins Marco A Meira
Rui Paulatildeo Wagner
Daniel Cornejo
Vai Regina Taeko Cezar
Joseacute Antonio Shin
Gabriela Sandra
Manbel Johans Fede Ana Mlreia Constantino Antonio Morales
Cida Suzi Vicente Israel Rubens Faacutebio
Joatildeo Paulo Elis
Rachei Yolanda
MUITO OBRIGADA
I I I
I
I
iacuteNDICE
INTRODUCcedilAtildeO 1
1 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA - iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 11
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE 14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DE FERRITES 15
112 PROPRIEDADES MAGNEacuteTICAS DE FERRITES 17
113IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE 19
12 iacuteMAtildeS PRODUZIDOS POR SOLlDIFICACAtildeO RAacutePIDA 20
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS 20
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFAslCOS 22
123 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS 23 o A NdFe14B + Fe3B + a-Fe 23
I B NdFe14B + a-Fe 25
124 ESTUDOS EM IMAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB 28
-iacute 3213 MAS HIBRIDOS
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS 36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 37
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 38
221 ELETROfMAtilde - MAGNETOcircMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE 39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA MAGNETOcircMETRO DE
AMOSTRA VIBRANTE o 40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO 41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS 42
2241 Fator desmagnetizante 42
2242 Campo coercivo Intriacutenseco 42
2243 Ciclos menores de recuo 43
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA 43
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 47
3lCARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E MICROESTRUTURAL DOS
iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 48
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAl 48
3111 Perda em massa 49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV) 50
3113 Microscopia de Forccedila Atocircmica (MFA) 53
3114 RaiosX 56
3115 Especlroscopia Motildessbauer 57
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 60
3121 Curvas de hislerese 60
3122 Ciclos de recuo 62
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 65
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E
MICROESTRUTURAl DAS LIGAS PRODUZIDAS POR MELT
- SPINNING 67
321 PREPARACcedilAtildeO DAS LIGAS 67
322 NdFe85B 67
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada 69
3222 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 77
323 PrFesB 79
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 80
4 INTERACcedilOtildeES MAGNEacuteTICAS 81
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL 86
42 GRAacuteFICOS 15M 89
- -43 OISTRIBUICcedilAO DOS CAMPOS DE INVERSAO 92
5 MAGNETIZACcedilAtildeO REVERSiacuteVEL E IRREVERSiacuteVEL 97
51 MEacuteTOOOOCO-IRM 100
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSiacuteVEL 105
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
- amp-Jials r---1
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1 ~
~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
bullbullrt bull o
bull o I o obullbull bull o osi t
o
obullbull bull Field tOe
b)
bull bull
shy shy Cc _0
00 bull bull Field I kCR
bull
bull o
~ bull
o
25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
OA
02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
- 1
- 2
- 3
- 4
-
iacuteNDICE
INTRODUCcedilAtildeO 1
1 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA - iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 11
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE 14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DE FERRITES 15
112 PROPRIEDADES MAGNEacuteTICAS DE FERRITES 17
113IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE 19
12 iacuteMAtildeS PRODUZIDOS POR SOLlDIFICACAtildeO RAacutePIDA 20
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS 20
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFAslCOS 22
123 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS 23 o A NdFe14B + Fe3B + a-Fe 23
I B NdFe14B + a-Fe 25
124 ESTUDOS EM IMAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB 28
-iacute 3213 MAS HIBRIDOS
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS 36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 37
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 38
221 ELETROfMAtilde - MAGNETOcircMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE 39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA MAGNETOcircMETRO DE
AMOSTRA VIBRANTE o 40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO 41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS 42
2241 Fator desmagnetizante 42
2242 Campo coercivo Intriacutenseco 42
2243 Ciclos menores de recuo 43
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA 43
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DAS AMOSTRAS 47
3lCARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E MICROESTRUTURAL DOS
iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 48
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAl 48
3111 Perda em massa 49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV) 50
3113 Microscopia de Forccedila Atocircmica (MFA) 53
3114 RaiosX 56
3115 Especlroscopia Motildessbauer 57
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 60
3121 Curvas de hislerese 60
3122 Ciclos de recuo 62
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 65
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E
MICROESTRUTURAl DAS LIGAS PRODUZIDAS POR MELT
- SPINNING 67
321 PREPARACcedilAtildeO DAS LIGAS 67
322 NdFe85B 67
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada 69
3222 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 77
323 PrFesB 79
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 80
4 INTERACcedilOtildeES MAGNEacuteTICAS 81
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL 86
42 GRAacuteFICOS 15M 89
- -43 OISTRIBUICcedilAO DOS CAMPOS DE INVERSAO 92
5 MAGNETIZACcedilAtildeO REVERSiacuteVEL E IRREVERSiacuteVEL 97
51 MEacuteTOOOOCO-IRM 100
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSiacuteVEL 105
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
- amp-Jials r---1
i-shyp I_
fshy
1 ~
~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
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25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
OA
02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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ARTIGOS ELABORADOS DURANTE O PERiacuteODO DO DOUTORAMENTO
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Miacutecromagnetic investigation of lhe influence of lhe inlrinsic and extrinsic properties on lhe coercivity of hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez R Smimov-Rueda F Cebollada M Emura DR Comejo Magnefic Anisotropy and CoelCiacuteviacutety in Rara Earth Transition Metal Aloys vol 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientific (1996)246
Micromagnetic investigation of lhe relaxation process in hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez RS-Rueda R Cebollada M Emura Magnetic Anisotropy and Coercivity in Rara Earth Transifian Metal Aloys vaI 2 eds FP Missel V Villas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientilic(1996) 369
Interactions and magnetic viscosity non-monotonic time variation of the magnetization during relaxation at a constant demagnetizing field C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Gonzaacutelez Applied Physics Letters 69 (1996) 4251
Magnetization dependeme on temperatura and grain size in nanoslructurad samples JM Gonzaacutelez C de Juliaacuten J Gonzaacutelez F Cebollada MI Montero M Emura J Restrepo Proceedings of the NATO ASI - Magneti Hyseresis in Novel Magneia Materiais - ed GC Hadjipanayis (1997) 315
Magnetic Characterization of Ni nanoparticles dispersed in silica JM Gonzaacutelez EM Gonzaacutelez C de Juliaacuten M1 Montero F Cebollada J Resrepo M Emura JL Vicen ProGeedings Df lhe NA TO ASI - Magnetiacute Hysteresis in Novel Magnetia Materiais -ed GC Hadjipanayis (1997) 327
Magnetization process linked to interphase exchange and dipolar coupllng In hard-soft nanocomposlta magneta M Emura JM Gonzaacutelez FP MIssell Joumal ofAppliacuteed Physiacutecs 81 (1997) 4983
On the role of dipolar coupling in the magnetization reversal process in hard-soft nanocomposite magnats M Emura JM Gonzaacutelez FP Missell IEEE Transaclions on Magnelies 33 (1997) 3892
Magnetization process in hybrid magnets M Emura AC Nelva FP MIssall K L Babcock J Ormerod and S Constantinides Joumal ofAPplied Physles 83 (1998) 7127
lhe effects of the addition of ferrita powder on magnetic properties of cold presses Nd-Fe-S bonded magnets D Rodrigues FJG landgraf M Emura Proceedings of lhe 15h Inemalional Workshop on Rare-Earlh Magnels and heir Applicalions ed l Schultz K-H Muumlller (1998) 580
Hybrid magnets M Emura AC Nelva FP Missall Malerials Sclence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publications (1999)
Separaling components of the hysleresis 1055 of non-orientad electrical steels FJG Landgraf JC Teixeira M Emura MF de Campos CS Muranaka Malerials Selence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publlcanons (1999)
Anisotropy of lhe magnetic losses components in semi-processed eleclrical steels FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Joumal of Magnelism and Magnetic Maerials 196-197 (1999) 380
Coercivity Analysis in the Coxl(Si02)100-x nanoparticulate system M1 Mantere M Emura F Cebollada JM Gonzatildelez EM Gonzaacutelez JL Vicen a ser publicado no Joumal ofMagnelism and Magnetaiacutec Materiais
I
j
Efeito do tamanho de gratildeo direccedilatildeo e frequumlecircncia na curva de magnetizaccedilatildeo de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos e CS Muranaka Anais do 111 Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo (199B) 104
I Separaccedilatildeo das componentes de perdas magneacuteticas em accedilos eleacutetricos totalmente processados FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos MA da Cunha
j Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM I
Avaliaccedilatildeo da Microestrutura apoacutes laminaccedilatildeo a frio em accedilos eleacutetricos RTakanohashiacute FJG Landagraf M Gonccedilalves M Emura G S Alves MF Campos AMP Passaro NB lima NS Zwirman V Wolhien Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM
bullbull 1
I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
- 1
- 2
- 3
- 4
-
3lCARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E MICROESTRUTURAL DOS
iacuteMAtildeS AGLOMERADOS 48
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAl 48
3111 Perda em massa 49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV) 50
3113 Microscopia de Forccedila Atocircmica (MFA) 53
3114 RaiosX 56
3115 Especlroscopia Motildessbauer 57
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA 60
3121 Curvas de hislerese 60
3122 Ciclos de recuo 62
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 65
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA E
MICROESTRUTURAl DAS LIGAS PRODUZIDAS POR MELT
- SPINNING 67
321 PREPARACcedilAtildeO DAS LIGAS 67
322 NdFe85B 67
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada 69
3222 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 77
323 PrFesB 79
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura 80
4 INTERACcedilOtildeES MAGNEacuteTICAS 81
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL 86
42 GRAacuteFICOS 15M 89
- -43 OISTRIBUICcedilAO DOS CAMPOS DE INVERSAO 92
5 MAGNETIZACcedilAtildeO REVERSiacuteVEL E IRREVERSiacuteVEL 97
51 MEacuteTOOOOCO-IRM 100
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSiacuteVEL 105
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
- amp-Jials r---1
i-shyp I_
fshy
1 ~
~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
bullbullrt bull o
bull o I o obullbull bull o osi t
o
obullbull bull Field tOe
b)
bull bull
shy shy Cc _0
00 bull bull Field I kCR
bull
bull o
~ bull
o
25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
OA
02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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Miacutecromagnetic investigation of lhe influence of lhe inlrinsic and extrinsic properties on lhe coercivity of hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez R Smimov-Rueda F Cebollada M Emura DR Comejo Magnefic Anisotropy and CoelCiacuteviacutety in Rara Earth Transition Metal Aloys vol 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientific (1996)246
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Magnetization dependeme on temperatura and grain size in nanoslructurad samples JM Gonzaacutelez C de Juliaacuten J Gonzaacutelez F Cebollada MI Montero M Emura J Restrepo Proceedings of the NATO ASI - Magneti Hyseresis in Novel Magneia Materiais - ed GC Hadjipanayis (1997) 315
Magnetic Characterization of Ni nanoparticles dispersed in silica JM Gonzaacutelez EM Gonzaacutelez C de Juliaacuten M1 Montero F Cebollada J Resrepo M Emura JL Vicen ProGeedings Df lhe NA TO ASI - Magnetiacute Hysteresis in Novel Magnetia Materiais -ed GC Hadjipanayis (1997) 327
Magnetization process linked to interphase exchange and dipolar coupllng In hard-soft nanocomposlta magneta M Emura JM Gonzaacutelez FP MIssell Joumal ofAppliacuteed Physiacutecs 81 (1997) 4983
On the role of dipolar coupling in the magnetization reversal process in hard-soft nanocomposite magnats M Emura JM Gonzaacutelez FP Missell IEEE Transaclions on Magnelies 33 (1997) 3892
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Anisotropy of lhe magnetic losses components in semi-processed eleclrical steels FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Joumal of Magnelism and Magnetic Maerials 196-197 (1999) 380
Coercivity Analysis in the Coxl(Si02)100-x nanoparticulate system M1 Mantere M Emura F Cebollada JM Gonzatildelez EM Gonzaacutelez JL Vicen a ser publicado no Joumal ofMagnelism and Magnetaiacutec Materiais
I
j
Efeito do tamanho de gratildeo direccedilatildeo e frequumlecircncia na curva de magnetizaccedilatildeo de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos e CS Muranaka Anais do 111 Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo (199B) 104
I Separaccedilatildeo das componentes de perdas magneacuteticas em accedilos eleacutetricos totalmente processados FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos MA da Cunha
j Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM I
Avaliaccedilatildeo da Microestrutura apoacutes laminaccedilatildeo a frio em accedilos eleacutetricos RTakanohashiacute FJG Landagraf M Gonccedilalves M Emura G S Alves MF Campos AMP Passaro NB lima NS Zwirman V Wolhien Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM
bullbull 1
I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
- 1
- 2
- 3
- 4
-
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO I MODIFICADO 107
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH
SOBRE M 111
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS 117
6 CONCLUSOtildeES 126
7 SIMULACcedilOtildeES 130
71 INTRODUCcedilAtildeO 131
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO 135
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO 138
74 DESCRiCcedilAtildeO 00 SISTEMA 144
75 RESULTADOS 148
751 DEPENDtNCIA COM ad 149
752 DEPENDtNCIACOMg 152
753 DEPENDtNCIA COM md 153
76 CONCLUSOtildeES 159
Sugestotildees para trabalhos futuros 161
Referecircncias Bibliograacuteficas 163
Lista de siacutembolos
1060 2401 2402 2403 2203 A A B BHmdx D H h HA
H H lI af MHC HCIgtJHc HK
J J KKK1K m M MAV MFA MFM MtHv M(HJ Mu 4JtMIl
~ 4nJvf Mrr Mfflt l1Ii
M N r
i~ im tu ry I
p]p~
Imatilde aglomerado 100 lerrila Imatilde aglomerado 80 lerrite 20 MQP-O Imatilde aglomerado 60 lerrite 40 MQP-O Imatilde aglomerado 40 lerrite 60 MQP-O imatilde aglomerado 100 MQPmiddotQ Constante de anlsotropia Razatildeo entre energia de troca e energia de anisotropia Induccedilatildeo magneacutetica Produto energeacutetico maacuteximo Fator desmagnetizante Campo magneacutetico Razatildeo entre o campo aplicado e o campo de anisotropiacutea Campo de anisotropia Campo magneacutetico aplicadO Campo desmagnetizante Campo magneacutetico intemo Campo coercivo Campo coercivo intriacutenseco Campo de anisotropia Polarizaccedilatildeo remanente Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Constante de anisotropia Razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a energia de anistropla Magnetizaccedilatildeo Magnetocircmetro de amostra vibrante Mioroscotildepio de forccedila atocircmica Microscotildepio de forccedila magneacutetica Remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo Remanecircncia isoteacutermica Magnetizaccedilatildeo remanente remanecircncia Magnetizaccedilatildeo de bullbullturaccedilatildeo Magnetizaccedilatildeo irreveml1 Magnetizaccedilatildeo reversivel Ma(HJIM MHJIMR
Fator desmangetlzante Temperatura de Curiacutee
Susceptibilidade total Susceptibilidade irreversiacutevel Susceptibilidade reversiacutevel Paracircmetro eta Permeabilidade magneacutetica do ar Distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo
ABSTRACT
Permanent magnels composed of magnelic powders bonded wilh a
polymer represenl lhe fastes growing seclor of lhe magnetic malerials market
since they are ideal for lhe fabrication of smal motors
This work presents a magnelic and slruclural eharaeterization of TIve
eommereial bonded magnets Reversible and irreversible componenls of lhe tolal
magnetization as well as magnelic interaclions in lhe five commereial magnels are
also studied The magnels are composed by ferrite and MQP-Q nanoerystelline
powders and mixtures of Ihese two powders with 80 60 and 40 femle
Magnelie inleractions were analyzed by Henkel piais oM plols and
switehing field dislribulions In bonded magnels since lhe magnelic parlicles are
separaled from each other by a binder il is expected Ihal interaclions are mainly
dipolar in Natura There is a progressive chenge in lhe dala as the fraclion of
MQP-Q powder is increasad The sample with 100 ferrile shows strong
magnelizing interactions ai low fields Date for hybrid magnels presenl increasing
demagnelizing interaclions as lhe fremion of MQP-Q increases and for lhe 100
MQP-Q sample lhe dala indicate demagnetizlng eflecI
Reversible and Irreversible magnetizalion components were oblained by
applying two methods commanly used in magnetic malerials characterization the
DCD - IRM method and lhe reversible susceplibility melhod For the 100 ferrite
magnet in which the reversible companenl is small lhe melhads lead lo similar
resulls The result lar both methods diverge as lhe reversible componen
increases which in this case oceurs with lhe increase 01 lhe MQP-Q powder
fraction The divergence is altributed to lhe idealized conditions of non-inleracing
partieles assumed by lhe DCD - IRM methad
Magnetic interactions and lotai magnetization components were also
studied in a melt-spun nanocrystalline NdFe bullbullB sample This romposilion is
similar to Ihat of lhe MQP-Q powder and lhe magnelic behavior of bolh lhe
bonded magne and the nanocrystalline precursor could be compared
Micromagnetic simulatiacuteons allowed lhe evaluaiacuteon 01 exchange anisotopy
and magnetostaic interactions on lhe magnetization reversal of nanacryslalline
romposlle syslems The Monte Carla melhod was applied lo a linear array of 300
Wfl41 uaaMjaq UllJfi
lIoS e 4llM PJl4 AcircIleltl)au6ew 0Mj SUWe aaJ41 u pajllqISiP Sjuawow olauflew Imiddot
I
I
LISTA DE FIGURAS
Curva de histerese de uma amostra de- temta de baacuterio aglomerada isotroacutepfca 00 2
Medida da permeabilidade de recuo 3
Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intriacutenseco para diferentes tipos de iacutematildes (Ormerod Constantinides 1997) 4
Ciclos menores de recuo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga3C2 + 40 a~Fe (McCormick el ai 1996) 7
Procssos de fabricaccedilatildeo de [mas aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilao c) exlrusatildeo d) compressatildeo (Ormerod 1997) 13
) Estrutura cristalina de lemtas tipo M (MaO6FeO) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da terrile (Smrt Wijn 1959) 15
Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (~) constante de anisotropia KJ campo de anisotropia HA bull campo coercivo Has em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio (Kools 1986 em Buschow 1997) 17
14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de histerese de ferrites de baacuterio a) isotroacutepica b) anisotroacutepica (Smit Wiiacuten 1959) 18
15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c paralelo ao plano da paacutegina (Smit Wijn 1959) 18
16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocristalina (Manaf el ai 1991) 22
17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FampaB1$ Coehoom et aJ 1988) 24
18 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e b) desacoplado (Kneller e Hawig 1991) 24
19 Imagem de microscopia eletrocircnica de transmissatildeo de uma amostra Nd2Fe148 + a-Fe (Davies 1996) 26
110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximo em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996) 27
I 111
112
Curvas oacuteM para imatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (N+rl em funccedilatildeo da fraccedilao volumeacutetrica (Tomka el aI 1993)
Curvas otildeM das amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folks el ai 1993)
29
30
113 Propriedades magneacuteticas de iacutematildes hibridos de MQ1-B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (101) do segundo componente a) Ho funccedilatildeo de vol de lerrite b) Hc em funccedilatildeo de vol de ferro c) Br em funccedilatildeo de vol de ferro (Schneider Knehans Schmidt 1996) 32
114 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de MQP-A (L1) MQP-A + ferrile (L3) MQP-A + ferro carbanila (l5) e MQP-A + Alnico (E4) (Rodrigues 6 ai 1996) 33
115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade 33 diferenciaL
116 Dependecircncia do campo coercivo para iacutematildes hiacutebridos de MQP-Q e ferrite (Ormerod Constantiacutenides 1997) 34
117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras SmCo+SmFeN (OSullivan e ai 1997) 34
21 Fomo de arco 37
22 Roda do Melt-Spinner bull cacircmara de proteccedilatildeo 38
23 Sistema eletroiacutematilde - MAV 39
24 Sistema bobina supercondutora - MAV 40
I 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetiacuteco 41
26 Curva de histerese da amostra PrpFelsBt e curva da susceptiacutebllidade diferencial 43
27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manual DI 1997 com adaptaccedilotildees 44
31 Determinaccedilatildeo da perda em massa das amostras 100 forrite e 100 MQP-Q 49
32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilotildees perpendicular (a) e paralela (b) acirc orientaccedilatildeo 51
33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite 51
34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferriacutete com maior aumento 52
35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP~Q 52
36 Imagem de MFA da amostra com 80 de femte mostrando a interface entre uma fita e os gratildeos de ferrite 53
37 Imagem de MFA sobre a superfiacutecie de uma lasca de fita MQP~Q da amostra com 80 lerrite Aacutereas do varredura a) 1 x 1 ~m b) 500 x 500 nm c) 200 x 200 nm 55
38 Difratogramas de raios X da amostra com 20 ferrite 80 MQP~Q nas direccedilotildees paralela e transversal atilde orientaccedilatildeo 56
39 Dilratogramas de raios X das amostras com 40 ferrita (60 MQP-Q) e 100 MQP-Q 57
310 Espectros Mossbauer das amostras de ferrije e MQP-Q 58
311 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras 100 ferrite 80 ferrite e 100 MQP-Q bullbullbullbullbullbull 61
312 Clc(os menores de recuo dos iacutematildes aglomerados 62
313 Aacuterea interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados 63
314 Ciclos de recuo das amostras (a) 100 ferrite e (b)100 MQP-Q bullbull 64
315 Campo coercIvo e magnetizaccedilatildeo remanente dos iacutematildes aglomerados em funccedilatildeo da temperatura 65
316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP-Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial 66
317 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de NdFeBa 69
318 Curva de aquecimento da liga NdFeBa 70
319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC 71
320 Esquema do fomo de tratamento 71
321 Campo coercivo e MMJ em funccedilatildeo da temperatura de tratamento 72
322 Curvas de histerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico 73
323 Imagens de MFA da amostra NdgFeaSBa em diferentes recozimentos 74
324 Difratogramas de raios X da amostra NdgFe8s8s antes e apoacutes o tratamento a 660oCI40 min 76
325 Anaacutelise teacutermica diferencial da amostra NdgFee$-B6 sob aquecimento e n u bullbullbullbull u bullbull u bullbull ou resfriamento 76
326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFe3s~ para diferentes temperaturas 78
327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K 79
328 Curva de histerese da amostra PrgFeesBs 80
329 Curvas de histerese da amostra PrgFessBs em diferentes temperaturas 80I middot
bullbull 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircnciacutea isoteacutermica 83
middot middot middot 42 Curvas da remanecircncia desmagnetlzante e da remanecircncia isoteacutermica em funccedilatildeo do campo A curva MlHJ foi determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi espelhada para campos positivos 83
43 Curvas MIHJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de de e ae 85
44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocristalina e da amostra aglomerada de MQP-Q 86
1
45 Graacuteficos de Henkel de uma amostra de ferrile aglomerada anlsotroacuteplca e de uma 1emte sinterizada isotrotildepica 88
46 Graacutefico de Henkel das amostras hiacutebridas 89
47 Graacutefico BMdas amostras NdFe S e do iacutematilde aglomerado de MQP-Q 90
48 Graacuteficos BMdas amostras hiacutebridas e da amostra 100 temte 91
49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos dos iacutematildes aglomerados 93
410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos coercivos da amostra NdsFessB(i 94
411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 lemte 95
51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM 100I 52 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM da amostra
aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina 101
53 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM das amostra hlbrlda e 100 MQP-Q 102
5A Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeo interagentes (Crew aI ai 1996) 1 03
55 Determinaccedilatildeo da susceptibilidade reversivel 105
56 Susceptibilidade reversiacutevel em funccedilatildeo do campo interno __ 106
57 Susceptibilidade reversfvel da amostra 40 fsrriacuteta corrigiacuteda peto fator 1 em
I
funccedilatildeo do campo interno uu 109bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull _ bullbullbullbullbull
I 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo
das amostras 100 ferriacutete e nanocristalina 110
59 Magnetizaccedilatildeo totaL magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo u das amostras hiacutebridas e 100 MQP~Q HHU 111
510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do modelo de Preiacutesach 112
511 Plano de Preisach em diferentes configuraccedilotildees a) saturaccedilatildeo negativa b) sob um campo H c) sob um campo H1 lt Hh c) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e reduccedilotildees de campo definindo a linha L(h) 113
5 12 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite 117h bullbull bullbull h bullbull bullbull
513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e Irreversiacutevel determinadas pelo meacutetodo DCD - IRM 119
514 Curvas da 4rxrf dos iacutematildes aglomerados e nanocristalinos nas curvas de magnetizaccedilatildeo e desmagnetiacutezaccedilatildeo segundo os dois meacutetodos de anagravelise DCOshyIRM e i ~ 122
515 Magnetizaccedilatildeo irreversivel segundo as definiccedilotildees OCO - IRM e da susceptibilidade reverslvel 123
516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos OCO -IRM e i~ 124
71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo determinadas por simulaccedilotildees por elementos finitos (Bachmann et ai 1998) 132
72 Probabilidade de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997) bull 134
73 Representaccedilatildeo de uma cadela linear de momentos magneacuteticos H laquo 144
7A Representaccedilatildeo dos planos atocircmicos e iacutenteratocircmlcos laquo_ 146 bullbullbullbull
75 Energia tolal em funccedilatildeo do nuacutemero de passos de Monte Carlo 149
76 Campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (a) 150
77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a =01 151
78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para a = 10 152
79 Dependecircncia do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca n bullbullbull n intergratildeos g 153
710 Campo de inversatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (n1d) bullbull bullbullbullbullbullbull bull bullbull bullbull 154
711 a) Curva de desmagnetizaccedilatildeo com nI =- 01 b Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h =- ~O28 e h -029 155
712 Curva de desmagnetizaccedilatildeo com 111 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h -032 156
713 Campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Cid para um sistema na configuraccedilatildeo I e eixos faacuteceis com acircngulo polar de 400 157
714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 triacuteades 158
LISTA DE TABELAS
11 Distribuiccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em femte (Smit Wiacutejn 1959) 16
12 Propriedades de [maacutes aglomerados de femle (Thomas Shirllt 1996) 19
13 Propriedades magneacuteticas doslmatildes magnequench (McCunie 1994) 21
31 Caracteriacutesticas de cataacutelogo dos iacutematildes aglomerados 48
32 Campos hiperfinos das amostras de fenitbullbull MQP-O 59
33 Caraclerlstica magneacuteticas dos imatildes aglomerados 61
34 Elementos utilizados para a preparaccedilatildeo das ligas 67
41 Propriedades das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo das amostras glomeradas 94
51 Propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomeradOS e da amostra nanocristalina 116
INTRODUCcedilAtildeO
Imaacutes saacuteo corpos de materiais magnetizaacuteveis utilizados para gerar um forte
campo magneacutetico em sua vizinhanccedila Essa caracteriacutestica faz com que sejam
empregados em diversas aplicaccediloacutees na vida modema tais como motores para a
induacutestria elelroeletracircnica e automobiltstica como elementos de fixaccedilatildeo e em
acoplamentos magneacutetiacutecos na induacutestria mecacircnica O mercado de iacutematildes
permanentes movimenta atualmente cerca de US$ 5 bilhotildees por ano e estaacute em
plena expansatildeo sendo estimado um crescimento de 12 por ano ateacute o final
desta deacutecada de 90 Tal crescimento eacute atribuiacutedo aos novos materiais
desenvolvidos a partir da deacutecada de 80 (iacutematildes de terras-raras) e aos novos
mercados que foram gerados pelos proacuteprios novos materiais (Hart 1996)
Tratando-se de materiais tatildeo ligados agraves facilidades da vida moderna a pesquisa
na aacuterea de imatildes estaacute intimamente ligada ao seu desenvolvimento tecnoloacutegico
Procura-se desenvolver imatildes com as melhores propriedades magneacuteticas para as
suas aplicaccediloacutees investigando ao mesmo tempo os fenocircmenos que regem os
mecanismos fiacutesicos de magnetizaccedilatildeo
Um material magneacutetico eacute geralmente caracterizado por seu ciclo de
histerese (figura 1) Satildeo possiveis duas formas de representaccedilaacuteo da resposta do
material ao estimulo de um campo magneacutetico H atraveacutes da magnetizaccedilatildeo M ou
atraveacutes da induccedilatildeo magneacutetica B Em uniacutedades CGS a relaccedilatildeo entre essas
grandezas eacute dada pela expressatildeo (1)B=H+4KM
As aplicaccedilotildees tecnoloacutegicas dos iacutematildes permanentes exigem o controle de
trecircs importantes propriedades relacionadas agrave curva de histerese a magnetizaccedilatildeo
remanente o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
A magnetizaccedilatildeo remanente (M) corresponde agrave magnetizaccedilatildeo a campo
zero determinada apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo magneacutetica do iacutematilde O valor de MR
depende das propriedades intriacutensecas do material como a magnetizaccedilatildeo de
saturaccedilatildeo (M) e a anisotropiacutea
O produto energeacutetico maacuteximo (8Hmaxl estaacute relacionado com a energia
armazenada em um iacutematilde e corresponde ao maacuteximo valor do produto B x H
determinado no segundo quadrante da curva de histerese Esta propriedade
contribui para o dimensionamento dos iacutematildes em suas aplicaccedilotildees quanto maior o
produto energeacutetico do material maior a energia armazenada por unidade de
volume e portanto menor quantidade de material precisa ser utilizada
Teoricamente o limite maacuteximo do BH_ seria encontrado em um iacutematilde com uma
curva de histerese (M x li) quadrada Nesta condiccedilatildeo o produto energeacutetico
maacuteximo eacute dado por BH ~ (411M4
SI IH_n I ~7 I
~
411M2
1
oi -7- (1-shy H i H J I 51 I
-1 J_- B=4lrM
1deg1 y
-2 -
-3 I j 1
-3 -2 -1 O 1 LL
--------cshy
H (kOe) bull
Figura 1 Curva de hjsterese de uma amostra de ferrite de baacuterio aglomerada isotr6pica
o valor da remanecircncia obtido em curvas de histerese natildeo pode ser
utilizado diretamente no dimensionamento de dispositivos magneacuteticos A
geometria e em alguns casos a interaccedilatildeo com outras fontes de campos
magneacuteticos do dispositivo favorecem a desmagnetizaccedilatildeo do imatilde Estes fatores
podem deslocar o ponto de operaccedilatildeo do imatilde para pontos do segundo quadrante
da curva de histerese Procura-se portanto desenvolver materiacuteais com grande
resistecircncia agrave desmagnetizaccedilatildeo que requeiram um alto campo magneacutetico para
desmagnetizacirc-lo Duas grandezas caracterizam esse campo o campo coercivo
para o qual a induccedilatildeo magneacutetica eacute nula (BH) a aquele para o qual a
magnetizaccedilatildeo se anula (li) O campo coercivo da magnetizaccedilatildeo (AlH) tambeacutem
denominado campo coercivo intriacutenseco (H) eacute sempre maior que 8H e eacute
fortemente dependente da microestrutura do material sendo possiacuteveis valores da
ordem de 1 Oe (materiais amorfos) ateacute valores da ordem de 15 a 20 kOe para
uma mesma liga (NdFeB) com microestruturas diferentes
2
Nos projetos de dispositivos sobretudo em condiccedilotildees onde o Imatilde eacute
submetido a campos magneacuteticos desmagnetizantes oscilantes eacute necessaacuterio o
conhecimento da permeabilidade de recuo (figura 2) Esta propriedade expressa o
grau de reversibilidade da curva de histerese no segundo quadrante A medida eacute
realizada conforme a figura 2 a amostra eacute iniCialmente saturada (ponto Al levada
a campo zero (ponto C) e submetida entatildeo a um campo desmagnetizante H bull A
partir desse ponto traccedila-se um ciclo de recuo (recoil curve) onde o campo eacute
levado a zero e novamente ao valor H bull A permeabilidade de recuo eacute a inclinaccedilatildeo
meacutedia deste Ciclo menor Nos imecircs deseja-se que a permeabilidade de recuo
seja a maior possiacutevel
B
I ~A
H o -H
Figura 2 Medida da permeabilIdade de recuo
Outra caracteriacutestica importante de um imatilde eacute a sua estabilidade teacutermica O
aumento da temperatura pode originar tanto danos temporaacuterios como
permanentes Os danos temporaacuterios correspondem agrave reduccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo
espontacircnea do Imatilde e estatildeo associados aos efeitos da temperatura de Curie (T)
temperatura de transiccedilatildeo ferro - paramagneacutetica Os danos permanentes Satildeo
causados pela modificaccedilacirco da microestrutura devido agrave exposiccedilatildeo do material a
temperaturas muito elevadas
Atualmente os iacutematildes mais utilizados satildeo as ferrifes hexagonais e os iacutematildes agrave
base de terras-raras Satildeo imatildes cuja principal fonte de suas propriedades
magneacuteticas estaacute na anisotropia magnetocristalina atraveacutes da interaccedilatildeo spinshy
oacuterbita A figura 3 apresenta exemplos das propriedades de materiais utilizados
como iacutematildes bem como suas propriedades magneacuteticas
3
Br (kGl FULLv DENSE I15 r
10 =~shy~
5 --e--shy _~ __ ~ __ -l ___ _
I
G1N1ERED ISQTROPIC~RR1TE NdFaB
~ 50 o FEMITE i
o 5 10 Hti (kOel
Figura 3 Induccedilatildeo remanente e campo coercivo intrinseco para diferentes tipos de fmatildes (Ormerod Constantinides 1997)
Os iacutematildes de ferrite foram desenvolvidos durante a deacutecada de 50 como
resultado da teoria de Stoner - Wohlfarth da inversatildeo da magnetizaccedilatildeo por
rotaccedilatildeo coerente A eacutepoca procurava-se desenvolver um material altamente
aniacutesolroacutepico formado por um agregado de partiacutecutas monodominio e assim
conseguir um material com aRo campo coercivo No entanto os materiais
desenvolvidos apresentaram campos coercivos muito menores que os previstos
pelo modelo devido a outros mecanismos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo (Jiles
1991) As ferrites mais utilizadas atualmente satildeo aacute base de baacuterio ou estroacutenciacuteo
com foacutermulas (BaSr)06Fe203 Possuem estrutura cristalina hexagonal com o
eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo paralelo ao eixo cristalograacutefico c Sua anisotropia
proveacutem principalmente dos ions Fe3+ localizados em siacutetios com 5 vizinhos de
oxigecircnio O tamanho de gratildeo eacute de cerca de 1 JIm e a inversatildeo da magnetizaccediliio
se daacute por nucleaccedilatildeo seguida de movimento de paredes de domiacutenios O campo
coercivo (H) eacute da ordem de 25 kOe superiacuteor aos valores encontrados em
materiais existentes agrave eacutepoca de seu desenvolvimento A induccedilatildeo remanente e o
produto energeacutetico satildeo baixos (2 a 4 kG e 1 a 35 MGOe respectivamente) se
comparados aos niacuteveis atuais No entanto possuem uma alta estabilidade teacutermica
(Te = 450C) e consistem em um produto de baixo custo cuiacuteas propriedades
magneacuteticas ainda satisfazem muitas das exigecircncias do mercado
4
Um grande avanccedilo foi atingido com o advento dos Imas atilde base de terrasshy
raras molivo que os torna cenlro de grande parte dos estudos atuais na aacuterea de
iacutematildes penmanentes Os iacutematildes de SmCo desenvolvidos durante a deacutecada de 70
mostraram valores de MHc surpreendentemenle allos maiores que 30 kOe com
BH entre 20 e 25 MGOe 10 vezes maiores que das ferrites A induccedilatildeo
remanente lambeacutem foi aumentada possuindo valores da ordem de 9 kG Apesar
das excelentes propriedades magneacuteticas o sistema SmCo possui a desvantagem
de um a~o cuslo tania samaacuterio como cobalto satildeo elemenlos raros na natureza
encontrados em apenas alguns paises (Zaire China) A fim de contomar o
problema novos esforccedilos foram empregados para desenvolver um sistema com
mateacuterias-primas mais acessiveis ulilizando ferro ao inveacutes de cobalto Os iacutemas de
NdFeB foram descoberios durante a deacutecada de 80 e mostraram-se ainda
melhores que os imatildes do sistema SmCo (figura 3) As propriedades magneacuteticas
satildeO atribuidas agrave fase principal Nd2Fe14B letragonal com alia anisotropia em
consequumlecircncia do campo cristalino do Nd A presenccedila do ferro contribui com
maior momento sendo que a induccedilao remanente chega a atingir 15 kG O campo
coercivo (Hlt) pode ser da ordem de 15 kOe com um produto energeacutetico de 38 a
55 MGOe A principal desvantagem do sistema NdFeB eacute sua baixa temperatura
de Curie (T = 310 C) o que causa uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com o aumento da temperatura
Existem duas teacutecnicas importantes para a fabricaccedilatildeo de iacutematildes aacute base de
NdFeB por metalurgia do poacute e por melt-spinning A produccedilao por metalurgia do
poacute envolve etapas de moagem do material fundido aleacute o tamanho de - 3 lim
compactaccedilao do poacute e subsequumlentes tratamentos teacutenmicos de sinterizaccedilao (11 OOmiddotC
durante lh) Um tratamento teacutermico poacutessinterizaccedilacirco a 600degC eacute necessaacuterio para
que o material atinja a maacutexima coercividade A variaccedilatildeo das taxas de resfriamento
do processo de melt spinning e recozimentos posteriores de ligas de terras-raras
satildeo utilizados para controlar o tamanho de gratildeo e consequumlentemente o campo
coercivo Ligas produzidas sob condiccedilotildees otimizadas satildeo caracterizadas por uma
estrutura microcristalina com gratildeos da ordem de 60 nm sem orientaccedilatildeo
preferencial O material co~siste portanto em uma coleccedilatildeo de gratildeos com
dimensotildees de monodomlnios e cada gratildeo com alta anisotropia uniaxial da fase
NdFe14B Esta microestrutura eacute responsaacutevel pelo alto valor de campo coercivo e
5
I
onde espera-se tambeacutem uma magnetizaccedil1iacuteo remanenle no valor de 50 da
magnetizaccedilatildeo de saturaccedil1iacuteo MiM = 05 (Chikazumi 1986)
No final da deacutecada de 80 observou-se que algumas ligas de NdFeB
produzidas por melt-spinning apresentavam alto valor de remanecircncia superior
a 05M proposto pelo modelo de Stoner Wohlfarth (McCallum el aI 1987)
Segundo Clemente ai aI (1988) o alto valor da remanecircncia estaacute vinculado agrave
microestrutura dessas ligas que sio compostas de gratildeos da ordem de 20 fim e
sem fases intergranulares Essas condiccedilotildees levam a uma falte interaccedilatildeo de troca
entre cristais adjacentes provocando o alinhamento dos momentos magneacuteticos
No entanto altos valores de remanecircncia passaram a ser observados tambeacutem em
materiais com mais de uma fase presente na microestrutura (Coehoom el aI
1988 Liu aI aI 1994a Smilh aI aI 1994) Satildeo materiais compostos de uma fase
magneticamente dura e outra de alta permeabilidade ambos com tamanhos de
gratildeo da ordem de nanocircmeros Embora constituiacutedos por fases de propriedades
magneacuteticas bastante distintas esses imatildes possuem uma curva de histerese muito
semelhante a de um material com somente uma fase sem degraus
Existem diversos sistemas compostos que se centram principalmente em
trecircs composiccedilotildees NdFe14B + a-Fe NdFeB + FesB + a-Fe e SmFeCo + a-Fe
onde foram observados valores da razatildeo MiM em torno de 07 a 08 Esses
materiais satildeo denominados exchange spring magnels (em analogia a molas
mecacircnicas) devido agrave sua alta penneabilidade de recuo provocada pela interaccedilatildeo
de troca entre as fases nanomeacutetricas (Kneller Hawig 1991) Apoacutes aplicar um
campo desmagnetizante se este campo for retirado a magnetizaccedilatildeo retoma a
um niacutevel proacuteximo agrave MR A figura 4 traz um exemplo de um exchange spring
magnet de Sm2Fe14GaC + a-Fe contrastando seu comportamento com um iacutematilde
de Sm2Fe14GaC
A presenccedila da fase de alta penneabilidade magneacutetica reduz o valor do
campo coercivo dos imatildes nanocristalinos (- 4 a 6 kOe) No entanto seu alto valor
de remanecircncia permite que ainda sejam obtidos valores de BH_ proacuteximos aos
iacutematildes de terras-raras convencionais (- 10 MGOe) Possuem ainda outras
vantagens comerciais como baixo teor de terras~raras e necessitam de menores
campos para a sua magnetizaccedilatildeo
6
05
a) ~- shy
shy
O
MIMs
middottA ~
[-~---------7lt~1_ _~-I __-
-15 -10 -5 O Ri (kQe)
Figura 4 CiclOS menores de reCIJo em a) Sm2Fe14Ga3C2 b) Sm2Fe14Ga1C2 + 40 pmiddotFe (McCormick oI ai 1996)
Paralelamente ao desenvolvimento das ferrites dos imatildes de lerras-raras e
dos iacutematildes nanocristalinos passaram a ser produzidos e lestados tambeacutem os imatildes
aglomerados Correspondem ao grupo de maior crescimento comercial dentro da
classe de iacutematildes permanentes ( 25ano) Satildeo matariais compocircsitos formados
por uma fase magneacutetica dispersa em uma matriacutez polimeacuterica Uma vez que a fase
magneacutetiacuteca eacute diluiacuteda em uma matriz natildeo magneacutetica suas propriedades satildeo
inferiores aos iacutematildes convencionais Possuem vantagens mecacircnicas tanto na
conformaccedilatildeo como em resistecircncia A variaccedilatildeo da proporccedilao entre a quantidade
de poliacutemero e do poacute magneacutetico permite um melhor controle das propriedades
magneacuteticas ou mecacircnicas em sua aplicaccedilatildeo final
Atualmente tecircm sido desenvolvidos tambeacutem imatildes aglomerados hiacutebridos
cuja parte magneacutetica eacute formada por dois poacutes de diferentes materiais Geralmente
satildeo adicionadas agraves ferrites poacutes de iacutematildes de terras-raras ou imaacutes nanacristalinos
procurando agregar ao novo produto as melhores propriedades de cada fase
magneacutetica Assim a mistura de pequenas quantidades de poacutes de NdFeB
adicionados agraves ferrites aumenta o valor da magnetizaccedilatildeo e do campo coercivo
uma mistura dos imatildes nanocristalinos em ferrites fornecem materiais com campo
coercivo praticamente constante a temperaturas de ateacute 180 C
Este trabalho tem por objetivo principal o estudo de imatildes aglomerados
Embora conhecidos e utilizados haacute muito tempo existem poucos estudos que
7
procuram compreender a fisics baacutesica desta classe de iacutematildes Teacutecnicas geralmente
aplicadas a iacutematildes de elevada densidade magneacutetica (iacutematildes maciccedilos) como as
interaccedilOes magneacuteticas a viscosidade e a avaliaccedilatildeo das parcelas reverslveis e
irreversiacuteveis da magnetizaccedilatildeo foram utilizadas para a caracterizaccedilatildeo destes
materiais
Os iacutematildes aglomerados investigados neste trabalho foram fornecidos pela
empresa Amold Engineering Co e consistiam em imatildes de ferrite de baacuterio e de um
poacute de liga nanocristalina produzida por melt spinning denominada MQP-Q Esta
liga possui cerca de 8 de neodiacutemio representando a classe de imatildes
nanocristalinos cujas fases principais satildeo NdFeB e a-Fe iacutematildes hiacutebridos
formados pela mistura de difarentes proporccedilotildees destes poacutes tambeacutem foram
estudados
Em funccedilatildeo do nosso interesse nos imatildes nanocristalinos nos dedicamos
tambeacutem aacute fabricaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de ligas de composiccedilatildeo semelhante agrave liga
MQP-Q o que nos permitiu avaliar as variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas em
funccedilatildeo da presenccedila ou natildeo da matriz aglomeranla Foram estudados imatildes
baseados em neodimio e praseodlmio de composiccedilatildeo (NdPr)FeasB6
Grande parte deste trabalho foi realizada no Laboratoacuterio de Materiais
Magneacuteticos do Instituto de Fisica da Universidade de Satildeo Paulo (LMM - IFUSP)
O lMM possui larga experiecircncia no estudo de novos materiais magneacuteticos como
ligas amorfas de alta permeabilidade imatildes de terras-raras e filmes finos
magneacuteticos Desde a implantaccedilatildeo do laboratoacuterio foram desenvolvidas duas
unidades de solidificaccedilatildeo raacutepida (melt-spinner) A segunda unidade em
operaccedilatildeo desde 1985 possui uma cacircmara de atmosfera inerte que permite a
fabricaccedilatildeo de ligas de terras-raras Foram implantadas vaacuterias teacutecnicas de
caracterizaccedilatildeo no LMM como magnetometria de amostra vibrante ateacute 90 kOe
anaacutelise teacutermica diferencial observaccedilatildeo de dominios magneacuteticos O LMM-IFUSP
possui um forte caraacuteter experimental que se reflete em convecircnios firmados com
empresas e instituiccedilotildees de pesquisa para a transferecircncia de tecnologia tanto na
aacuterea de imatildes permanentes como na aacuterea de ligas amorfas de alta
permeabilidade e instrumentaccedilatildeo magneacutetica
Nesla trabalho procuramos introduzir a teacutecnica de simulaccedilotildees por
compulador uma vez que esta teacutecnica tem se mostrado uma ferramenta
poderosa para a compreensatildeo dos fenocircmenos de diversos ramos da fisica
s
Procuramos compreender melhor os fenocircmenos de magnetizaccedilatildeo nos imatildes
nanocriacutestalinos
O programa de doutorado sandwich da CAPES permitiu que a etapa das
simulaccedilotildees fosse desenvolvida no Instituto de Cieneia de Maleriacuteales de Madrid
durante o ano de 1996 sob coordenaccedilatildeo do Df Jesuacutes M Gonzaacutelez com larga
experiecircncia em simulaccedilotildees micromagneacuteticas A possibilidade deste intercacircmbio
resultou em 8 publicaccedilotildees (em anexo) Foi utilizado o meacutetodo de Monte Carla
aplicado sobre uma descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema unidimensional
constituido de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos de Nd2FeB + o-Fe A
escolha deste sistema deve-se ao fato de que tanto a fase NdFeB como a-Fe
jaacute foram intensamente estudadas e suas propriedades intrinsecas estatildeo bem
estabelecidas
Existe uma forte cooperaccedilatildeo na pesquisa de materiais magneacuteticos entre o
LMM-IFUSP e o Laboratoacuterio de Metalurgia do POacute e Materiais Magneacuteticos do
Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas do Estado de Satildeo Paulo (LMPMM-IPT) Esta
cooperaccedilatildeo tem resultado em munas trabalhos cientiacuteficos e convecircnios de
transferecircncia tecnoloacutegica como por exemplo a produccedilatildeo de iacutematildes de terras-raras
firmada entre IFUSP IPT FINEP e Eriez LIda em 1992 Recentemente foi
aprovado um projeto PADCT envolvendo o IPT IFUSP e a empresa IMAG para o
desenvolvimento de iacutematildes hiacutebridos de ferrite e NdFeB Outra importante aacuterea de
pesquisa em materiais magneacuteticos no LMPMM-IPT eacute o desenvolvimento e estudo
de accedilos eleacutetricos Iniciada em 1992 esta aacuterea de atuaccedilatildeo tem resultado em
projetos com empresas sideruacutergicas e consumidoras de accedilos eleacutetricos como a
CSN Amo e Embraco
A experiecircncia adquirida como bolsista do LMM-IFUSP e a forte cooperaCcedilatildeo
entre os laboratoacuterios contribuiacuteram de forma decisiva para a minha contrataccedilatildeo no
LMPMM-IPT como assistente de pesquisa em 1997 Atualmente fazem parte de
minhas atribuiccedilotildees coordenar o laboratoacuterio de medidas magneacuteticas que presta
serviccedilos ao setor privado e colaborar nos projetos de pesquisa de accedilos eleacutetricos
imatildes aglomerados e imatildes de ferrite que jaacute resultaram em 13 publicaccedilotildees
Esta tese possui 7 capiacutetulos A revisatildeo bibliograacutefica do capitulo um trata
basicamente dos materiais estudados neste trabalho apresentando tambeacutem uma
revisatildeo sobre ferrites e sobre os iacutematildeS de terras-raras produzidos por solidificaccedilatildeo
raacutepida As teacutecnicas de produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo das amostras estatildeo no capiacutetulo
9
1 dois Os resultados experimentais satildeo apresentados em trecircs capiacutetulos
envolvendo uma etapa da produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo baacutesica dos materiais e o
estudo mais especffico dos temas as interaccedilotildees magneacuteticas a magnetizaccedilatildeo
reversiacutevel e irreversiacutevel Uma breve revisatildeo sobre cada tema eacute exposta
anteriormente agrave apresentaccedilatildeo dos resultados O capiacutetulo 6 apresenta as
conclusotildees gerais da parte experimental deste trabalho Os resultados das
simulaccedilotildees satildeo apresentados no capiacutetulo 7 dividido em 6 seccedilotildees Uma
introduccedilatildeo apresenta uma revisatildeo bibliograacutefica dos modelos propostos para os
iacutematildes nanocristalinos desde a sua descoberta O formalismo micromagneacutetico eacute
descrito na segunda seccedilatildeo Embora o Meacutetodo de Monte Carla seja uma teacutecnica jaacute
bastante utilizada em diversos ramos da Fiacutesica apresentamos sua descriccedilatildeo na
seccedilatildeo 3 A seccedilatildeo 4 traz uma descriccedilatildeo do sistema utilizado para as simulaccedilotildees
seguida dos resultados e conclusotildees Ao final propomos algumas ideacuteias para
trabalhos futuros tanto na parte experimental como na parte das simulaccedilotildees
Cabe aqui um pequeno comentaacuterio sobre as unidades utilizadas neste
trabalho Tradicionalmente os materiais magneacuteticos duros e de gravaccedilatildeo
magneacutetica satildeo caracterizados em unidades CGS enquanto que os materiais
magneacuteticos de alta permeabilidade no Sistema Internacional (SI) Os proacuteprios
equipamentos usados para a caracterizaccedilatildeo de cada grupo de materiais utilizam
sistemas de unidades diferentes Um equipamento baacutesico para a caracterizaccedilatildeo
de materiais magneticamente duros eacute um eletroiacutematilde cuja calibraccedilatildeo eacute realizada
por gaussiacutemetros Por outro lado na caracterizaccedilatildeo de materiais de alta
permeabilidade cujos campos magneacuteticos satildeo fornecidos por solenoacuteides a
utilizaccedilatildeo da unidade de [Alm] eacute imediata A tendecircncia atual prega a conversatildeo
para o SI em todas as caracterizaccedilotildees Esta tese se desenvolveu nos limites entre
tradiccedilatildeo e convenccedilatildeo Os dados experimentais foram expressos todos no sistema
CGS pois certamente um campo coercivo da ordem de 15 kOe eacute um valor cuja
grandeza eacute melhor compreendida do que 12 MAm Por outro lado os termos da
energia interna utilizados nas simulaccedilotildees por computador um tema que dispensa
instrumentaccedilatildeo comercial foram expressos no SI Durante a elaboraccedilatildeo da tese
pensamos em adotar somente o SI No entanto optamos em manter cada parte
com suas unidades caracteriacutesticas uma vez que as medidas experimentais foram
efetivamente realizadas no sistema CGS e as simulaccedilotildees no sistema SI
10
I[
SOClm3Lf1l01~V SVLfIlI -
VgtII~~0I1818 OVSIJ3~ L shy
II I middot middotmiddot
I i
Os iacutematildes aglomerados correspondem ao segmento de maior crescimento
comercial dentro da aacuterea de iacutematildes permanentes Satildeo materiais de faacutecil
processamento possibilitando a conformaccedilatildeo de peccedilas industriais complexas em
poucas etapas jaacute em seu formato final Encobrem um vasto intervalo de
propriedades fiacutesicas e magneacuteticas dependendo do poacute magneacutetico da
porcentagem deste poacute e tambeacutem do processo de fabricaccedilatildeo empregado (C roa
1997)
A figura 3 da introduccedilatildeo deste trabalho traz a faixa de propriedades
magneacuteticas possiacuteveis aos iacutematildes aglomerados de diferentes poacutes magneacuteticos onde
tambeacutem estatildeo indicadas as propriedades dos iacutematildes maciccedilos correspondentes
Uma vez que nos iacutematildes aglomerados o poacute magneacutetico estaacute disperso em uma matriz
plaacutestica suas propriedades satildeo inferiores aos produtos maciccedilos
Os materiais magneacuteticos geralmente utilizados satildeo as ferriles poacutes de iacutematildes
baseados na fase Nd2FeB e iacutematildes de SmCo Imils nanocristaliacutenos com alto
valor de remanecircncia produzidos tanto por solidificaccedilatildeo raacutepida como mecano
siacutentese tambeacutem tecircm sido usados (Coey ODonnell 1997 Keem 1996) Embora
sejam fabriacutecados iacutematildes aglomerados de cada uma dessas familias grande parte
deste mercado estaacute centrada nos iacutematildes de ferrite (74) e neodiacutemio (22)
Espera-se que os poacutes para a produccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados possuam
alta estabilidade teacutermica de forma que suas propriedades natildeo se deteriorem
durante o processo de fabricaccedilatildeo e durante sua operaccedilatildeo O limite de
temperatura eacute muitas vezes determinado tambeacutem pelo aglomerante estando
normalmente entre 110 e 150 middotC Como aglomerante satildeo utilizados borracha
epotildexiacute naacuteilon e outros tipos de plaacutesticos dependendo da aplicaccedilatildeo final
A fraccedilatildeo volumeacutetrica entre o poacute e o aglomerante eacute determinada pelo
processo de fabricaccedilatildeo que pode ser por calandragem extrusatildeo compressatildeo e
injeccedilatildeo (Stablein 1982 Ormerod Constantinides 1997) No processo de
calandragem (figura 11a) o material passa entre rolos formando uma lacircmina que
pode chegar a dezenas de metros de comprimento e espessura entre 03 a 6 mm
Na moldagem por inleccedilatildeo (figura 11b) o composto de aglomerante e poacute
magneacutetico eacute aquecido e injetado em um molde onde eacute esfriado e endurecido Os
processos de calandragem e injeccedilatildeo utilizam uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de poacute
magneacutetico de no maacuteximo 70 o restante (30 em volume) eacute complementado
pelo aglomerante Esta quantidade de aglomerante eacute necessaacuteria para dar
12
I
I
resistecircncia e flexibilidade ao material calandrado e no caso do material injetado
permitir o fluxo pelos canais de moldagem O processo de extrusatildeo (figura 11 c)
consiste em extrair o material quente atraveacutes de um oriflcio enquanto seu perfil eacute
controlado durante o resfriamento Este processo utiliza uma fraccedilatildeo volumeacutetrica
de poacute magneacutetico da ordem de 75 Na moldagem por compressatildeo (figura 11d) o
poacute eacute misturado ao aglomerante e oompactado sob pressotildees de ateacute 50 tono por
polegada quadrada (7750 MPa) O produto oompactado eacute entatildeo curado a
temperaturas entre 150 a 175degC A fraccedilatildeo volumeacutetrica eacute de cerca de 80
resultando em um material com melhores propriedades magneacuteticas que os
demais processos
a)
r- li- 11-shy~
c) = d)
Figura 11 Processos de fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados a) calandragem b) moldagem por injeccedilatildeo c) exiacuterusatildeo d) compressatildeo (Orrnerod 1997)
Tratando-se de produtos de grande interesse comercial agrave maior parte dos
estudos relatados em imatildes aglomerados estatildeo voltados ao seu comportamento
em funccedililo de tratamentos teacutermicos (testes de estabilidade teacutermica) das
propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da qualidade do poacute magneacutetico do
aglomerante da fraccedilatildeo volumeacutetrica e de suas propriedades mecacircnicas (Rieger et
ai 1998 Tatlam el ai 1996 Panchanalhan ai ai 1991) Poucos estudos
voltados agrave lisiea baacutesica destes materiais satildeo encontrados na iteratura Chantrell
OGrady e co-autores estudaram imatildes de Sm-Co e NdFe8 aglomerados em uma
matliz polimeacuteriea (Tomka ai ai 1993) e Folks el ai (1995) estudaram imatildes
aglomerados de sistemas nanocristalinos
13
11 iacuteMAtildeS DE FERRITE
o grupo ferrite engloba oacutexidos de ferro que possuem foacutermula geral
MeOFe20 onde Me eacute um metal bivalente Eacute dividido em duas classes principais
segundo sua estrutura cristalina cuacutebica (tipo spinel tipo Perovskita e tipo
garnet) e hexagonal (tipo magnetoplumbita) (Cullity1972)
As ferrites magneticamente duras de maior relevacircncia possuem estrutura
hexagonal com foacutermula MeO6(Fe20) onde Me eacute normalmente baacuterio ou
estrocircncio A ferrite de baacuterio foi desenvolvida em 1952 pela Philips Company na
Holanda sob a denominaccedilatildeo de Ferroxdure Posteriormente foram
desenvolvidas as ferrites com estrocircncio Os compostos BaO6Fe20 e
SrO6Fe20 possuem a mesma estrutura cristalina e propriedades magneacuteticas
bastante semelhantes Neste trabalho estudamos iacutematildes aglomerados de ferrite de
baacuterio 8 portanto procuraremos nos centrar nas propriedades deste composto
embora grande parte das propriedades descritas sejam comuns a ambos
materiais
As ferrites duras satildeo geralmente obtidas atraveacutes da calciacutenaccedilatildeo de misturas
de Fe20 BaCO ou SrCO a 1250degC O produto resultante eacute moiacutedo a ateacute cerca
de 1 flrn em aacutegua As etapas posteriores determinam a formaccedilatildeo de uma ferrite
isotroacutepica ou com alguma orientaccedilatildeo preferencial A ferrite isotroacutepica eacute obtida
atraveacutes da secagem em um forno compactaccedilatildeo e sinterizaccedilatildeo A ferrite
anisotroacutepica eacute obtida atraveacutes de uma compactaccedilatildeo uacutemida realizada sob campo
magneacutetico Nesta condiccedilatildeo as particulas da lama possuem mobilidade
suficiente para orientarem-se com o campo magneacutetico O produto eacute entatildeo seco e
sinterizado a cerca de 1250degC em ar (Buschow 1997) As ferrites satildeo
termicamente estaacuteveis podendo ser aquecidas em ar a temperaturas muito
superiores agrave sua temperatura de Curie (450degC) Suas caracteriacutesticas estruturais
natildeo se alteram ateacute cerca de 1400degC quando comeccedilam a ocorrer transformaccedilotildees
de fase Ateacute essa temperatura portanto natildeo ocorrem perdas irreversiacuteveis de suas
propriedades magneacuteticas as quais podem ser readquiridas com o resfriamento do
material (McCurrie 1994)
14
111 ESTRUTURA CRISTALINA E MAGNEacuteTICA DAS FERRITES
(McCurriacutee 1994 Smit Wijn 1959 Cullity 1972)
As ferrites possuem simetria hexagonal em torno ao eixo c com paracircmetros
de rede nesta direccedilatildeo de 232 A e no eixo a de 588 A A ceacutelula unitaacuteria (figura
12a) eacute formada por duas moleacuteculas de SaO6FeO que perfazem um conjunto
de 10 camadas de ions de oxigecircnio A estrutura eacute melhor visualizada se
considerada como composta por 4 blocos dois cuacutebicos (S e S) e dois
hexagonais (R e Ri Estes blocos se empilham na direccedilatildeo do eixo c na ordem
RSRS onde R e S correspondem aos blocos R e S rodados de 180 em
relaccedilatildeo ao eixo c O ion metaacutelico de Sa estaacute localizado na camada central de
cada bloco R Os ions de ferro ocupam sitias intersticiais tetraeacutedricos octaeacutedricos
e em bipiracircmide trigonal (com nuacutemero de coordenaccedilatildeo 5) No bloco R os ions de
ferro estatildeo localizados em siacutetios com forma de bipiracircmide triacutegonal e 5 ions em
sltios octaeacutedricos O bloco S possui 2 lons em sitios tetraeacutedricos e 4 em
octaeacutedrlcos
~
--r-
~ a)
R b)
s
R
1- T atilde 6 Ll ~
~ ~ fso~ Q~
Ii)~ 0shy
--m
Figura 12 a Estrutura cristalina de ferrites tipo M (MeO6Fe2Uuml) (Reynolds 1984) b) Corte no plano (110) do bloco R da estrutura cristalina da farrite (Smit Wijn 1959)
5
As ferrites apresentam acoplamentos magneacuteticos entre suas sub-redes
bastante complexos que resultam em um ordenamento ferrimagneacutetico Existem 5
sub-redes magneacuteticas distintas das quais 3 se acoplam ferromagneticamente e 2
antiferromagneticamente O ferrimagnetismo adveacutem dos 24 ions Femiddot cada um
com momento magneacutetico de 5fi8 Os lons de ferro localizados em uma mesma
posiccedilatildeo cristalograacutefica possuem momentos alinhados ferromagneticamente mas
o acoplamento entre os momentos pertencentes a posiccedilotildees cristalograacuteficas
diferentes podem ser ferromagneacuteticos para alguns sitias e antiferromagneacuteticos
para outros
O tipo de acoplamento eacute determinado pela interaccedilatildeo de supertroca
mediada por aacutetomos de oxigecircnio Existe uma forte preferecircncia de um
acoplamento antiferromagneacutetico quando o acircngulo Fe-O-Fe aproxima-se de 180
e a distacircncia Fe-O-Fe eacute pequena (Buschow 1997) A figura 12b traz um corte do
bloco R da estrutura cristalina da ferrite de baacuterio no plano (110) onde estatildeo
apontadas algumas das orientaccedilotildees dos iacuteons de ferro Tomando o iacuteon 1 com
momento para cima (1) como referecircncia os iacuteons 2 e 3 estariam voltados para
baixo (-I) pois o acircngulo entre Fe-O-Fe neste caso eacute de cerca de 140 Jaacute a
interaccedilatildeo de supertroca entre os iacuteons 2-oxigecircnio-3 eacute fraca pois o acircngulo formado
entre os ions eacute desfavoraacutevel (-80) para essa interaccedilatildeo (Smit Wijn 1959) A
tabela 11 traz resumidamente a estrutura magneacutetica das ferrites de baacuterio e
estrocircncio de onde se obteacutem que o momento magneacutetico por ceacutelula unitaacuteria eacute de
40fi8 (expressatildeo 11) um valor muito inferior a 60fi8 esperado para um
alinhamento puramente ferromagneacutetico
Tabela 11 Distribui~atildeo dos momentos maaneacuteticos em ferrite iacuteSmit Wijn 1959)
Bloco siacutetios Siacutetios Bipiracircmide tetraeacutedricos Octaeacutedricos trisonal
W 3t 2J 1t S 2J 4t R 3t 2J 1t smiddot 2J 4t
(11)u~(16-8)x5u ~4DuB
16
112 PROPRIEDADES MAGNtTICAS DAS FERRITES
Uma das propriedades mais importantes das ferriacutetes eacute a sua aRa
anisotropia magnetocriacutestalina uniaxial A direccedilatildeo de faacutecil magnetizaccedilatildeo eacute paralela
ao eixo c da estrutura hexagonal de forma que um monocristal pode ser
facilmente saturado ao longo deste eixo A energia de anisotropia pode ser
representada por somente K (K = 33 10middot ergslcmJ uma vez que as constantes
de ordem superior (K) KJ) satildeo despreziacuteveis A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo das
femtes a 20middotC eacute de 4nM = 4775 kG valor que decresce de forma
aproximadamente linear em um grande intervalo de temperaturas (figura 13) A
constante de anisotropia K diminui com o aumento da temperatura no entanto
de forma menos acentuada que a magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo Esta caracteriacutestica
resulta em um campo de anisotropia (HA ~ 2K41uuml) inicialmente crescente com o
aumento temperatura (entre Q e 500 K) para somente entao decrescer diferindo
de outros materiais Este comportamento reflete-se no campo coercivo que
somente a partir de 500 K decresce com O aumento da temperatura
1 J
i ~
Kt lO H
100D~ ~
1 E bull
li 3 o
~r~[ rrnperaluro 11_
Figura 13 Polarizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo (JJ) constante de anisotropia Kgt campo de anisotropia H campo coercivo H= em funccedilatildeo da temperatura para ferrite de baacuterio
(Kcols 1986 em Busohow 1997)
Na figura 14 estatildeo o primeiro e segundo quadrantes da curva de Misterese
de BaO6(FeO) isotroacutepica e anisotroacutepica Possuem baixo campo coercivo se
comparados aos niacuteveis atuais Se comparados com amostras de Alnico 5 (8 - 12
kG H - 500 Oe) a ferrite apresenta baixa remanecircncia (8 - 4 kG) mas com
campo coercivo muito superior (25 a 3 kOe)
11
T 1raquoIIj--shy - -shy - -shy -shy --shy __o
r ~
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~m - J$L( J tii1I $laquoXl 7$01 J7IlW _H o
Figura 14 Primeiro e segundo quadrantes da curva de hrsterese de ferrites de baacuterio a) isotr6pica b) anlsotr6plca (Sm~ WIJn 1959)
A ferrile de baacuterio tem a tendecircncia de cristalizar na forma de placas
achatadas com o plano basal da ceacutelula unitaacuteria paralelo agrave superflcie das placas
(figura 15) Portanto durante uma compressatildeo mesmo sem a influecircncia de
campos extemos existe alguma orientaccedilatildeo das partlculas devido agrave tendecircncia de
empacotarem-se com suas superflcies planas paralelas entre si e perpendiculares
agrave direccedilatildeo de compressatildeo
cf
Figura 15 Micrografia de uma ferrite de baacuterio com o eixo c no plano da paacutegina (Sm~ Wijn 1959)
18
113 IMAtildeS AGLOMERADOS DE FERRITE
Os pocircs utilizados para a fabricaccedilatildeo de Imatildes aglomerados de ferrite
resultam dos materiais compactados e sinterlzados que satildeo posteriormente
moldas Muitas vezes satildeo tambeacutem utilizados os refugos dos produtos
sinterizados
A produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados iacutesolroacutepicos utiliza os poacutes de parti cuias
policristalinas resultantes da moagem de ferrites isolrotildepicas Imatildes aglomerados
anisotroacutepicos podem ser produzidos atraveacutes de materiais compactados com uma
direccedilatildeo preferencial ou com partiacuteculas monocristalinas O processo de orientaccedilatildeo
pode Ser mecacircnico ou magneacutetico A orientaccedilatildeo mecacircnica eacute utilizada em iacutematildes
produzidos por exlrusatildeo ou calandragem enquanto que a orientaccedilatildeo magneacutetica eacute
caracterlstica de iacutematildes produzidos por compressatildeo ou injeccedilatildeo (Stabelin 1982)
Valores das propriedades magneacuteticas das ferrites aglomeradas utilizadas
atualmente estatildeo na tabela 12 A fraccedilatildeo volumeacutetrica (inerente ao processo de
fabricaccedilatildeo) influencia significativamente as propriedades magneacuteticas (Thomas
Shiacuterk 1996)
I it1J1ml Il rlUUIItUdUell 111 UI 1lt1 ltIylVJIJlauv) I 1110 I IIVllla 11111 I I111U
F raccedilatildeo vol B (kG) sH (kOe) MH (kOe) BH (MGOel I CalandraQem 65 296 237 308 164
Extrusatildeo 65 252 227 435 154 Iniecatildeo 70 31 227 250 240
19
12 iacuteMAtildeS DE NdFeB PRODUZIDOS POR MELT-SPINNING
o processo de meltmiddotspinning consiste no aquecimento de uma liga ateacute
atingir o estado liacutequido seguido de sua ejeccedilatildeo sobre uma roda de cobre agrave
temperatura ambiente que gira a grandes rotaccedilotildees A elevada condutividade do
cobre associada agrave velocidade tangencial permite a solidificaccedilatildeo do material com
taxas de resfriamento da ordem de 10 Kls Resulta deste processo um material
em forma de fita com espessura da ordem de 30 m No caso de ligas de
materiais de alta permeabilidade magneacutetica as fitas possuem vaacuterios metros de
comprimento enquanto que para ligas de NdFeB o produto consiste em lascas
(flakes) de fitas com alguns miliacutemetros
A produccedilatildeo de iacutematildes atraveacutes da teacutecnica de melt-spinniacuteng requer um
controle preciso da velocidade da roda e do fluxo do materiacuteal fundente sobre a
roda Estes paracircmetros definem a espessura da fita e consequumlentemente a taxa
de resfriamento determinante da microestrutura do material Uma estrutura de
gratildeos refinada pode ser obtida diretamente durante o processo de meltmiddotspinning
No entanto a taxa de resfriamento para obter a melhor microestrutura para as
propriedades magneacuteticas estaacute definida em apenas um pequeno intervalo de
velocidade da roda Uma praacutetica comum consiste portanto em produzir amostras
a taxas de resfriamento mais altas 8 posteriormente recozecirc-Ias para otimizar a
microestrutura e as propriedades magneacuteticas As amostras que necessitam um
recozimento apresentam propriedades inferiores agravequelas produzidas com a
microestrutura adequada Geralmente observam-se valores menores de campo
coercivo e da magnetizaccedilatildeo remanente (Croat 1994)
121 iacuteMAtildeS CONVENCIONAIS
Os materiais produzidos por melt-spinning necessitam de um
processamento posterior para serem utilizados em suas aplicaccedilotildees Existem trecircs
classes de iacutematildes resultantes de processamentos distintos Satildeo os produtos
magnequench desenvolvidos pela General Motors Corporation
Para a produccedilatildeo de iacutematildes aglomerados isotroacutepicos (Magnequench I -MQ1)
as lascas resultantes do processo de melt-spinning satildeo moiacutedas e reduzidas a poacute
para entatildeo serem misturadas ao aglomerante Cerca de 90 dos iacutematildes
20
aglomerados de NdFeB satildeo fabricados por compressatildeo sendo obtidos imatildes com
produtos energeacuteticos entre 10 e 11 MGOe Outro processo utUizado eacute a
moldagem por injeccedilatildeo que fornece materiais com produto energeacutetico entre 5 e
6 MGOe (Croat 1997) Uma limitaccedilatildeo do MQl eacute a deterioraccedilatildeo de suas
propriedades com a temperatura podendo atingir no maacuteximo de 110 a 125 middotC
Apesar deste problema este material atualmente domina o mercado de imatildes
aglomerados isotroacutepicos de NdFeB
Os produtos MQ2 e M03 satildeo Imatildes maciccedilos obtidos pela compressatildeo do poacute
melt-spun de NdFeB O M02 eacute um imatilde isotroacutepico produzido em duas etapas de
compactaccedilatildeo do poacute uma compactaccedilatildeo a frio e outra a 750 C sob pressatildeo de
lQ Pa Apoacutes esse processo a microestrutura do material eacute semelhante agrave do poacute
original apresentando apenas gratildeos maiores O produto energeacutetico atinge valores
de 10 a 12 MGOe
A produccedilatildeo de Imaacutes anisotraacutepicos (MQ3) envolve outra etapa de
compacteccedilatildeo a quente Esta etapa eacute realizada em uma matriz com dimensotildees
maiores penmitindo o fluxo do material ateacute preencher a cavidade da matriz
enquanto sua altura eacute reduzida pela metade A microestrutura eacute alterada
significativamente Formam-se gratildeos achatados com cerca de 300 nm de
diacircmetro e 60 nm de espessura O produto energeacutetico depende do grau de
defonmaccedilaacuteo nesta uacuteltima compactaccedilatildeo variando entre 15 e 50 MGOe A tabela
13 traz as propriedades magneacuteticas nonmalmente encontradas nos iacutematildes MQ1
MQ2eMQ3
Ta )ela 13 ProDriedades maaneacuteticasdos Imatildes maaneauench McCurrie 1994j
B (kGl uH (kOe) MQ1
aRlkOel 1561 53 80 16 MQ2 65
106 13I MQ3 117
A moagem do MQ3 provoca fraturas ao longo dos contornos das particulas
achatadas originando poacutes anisotroacutepicos Estes poacutes podem ser utilizados para a
fabricaccedilatildeo de imaacutes aglomerados que alinhados sob campos magneacuteticos podem
atingir um produto energeacutetico de ateacute 14 MGOe
21
122 iacuteMAtildeS NANOCRISTALlNOS MONOFASICOS
iacutematildes nanocrislalinos com altos valores de remanecircncia foram inicialmente
observados por McCallum ei ai (19B7) em amostras baseadas na fase Nd2Fe14B
produzidas por meH-spinning Trabalhos posteriores mostraram que pequenas
quantidades de Si ou AI foram adicionadas para a obtenccedilatildeo de uma
miacutecroestrutura bastante refinada com gratildeos menores que 20 nm (Clemente el ai
1988) Para uma amostra baseada na fase NdFe14B caracterizada por uma
microestrutura de particulas natildeo iacutenteragentes isotroacutepiacutecas o modelo de Stoner
Wohffarth prevecirc uma remanecircncia de O5M = S kG Clemente ei ai (1988)
observaram valores de remanecircncia de 9-10 kG (11 - 20 maiores que o valor
esperado para a fase Nd2FeB) embora a microeslrulura e as propriedades
magneacuteticas se mostrassem isotroacutepicas O produto energeacutetico maacutexiacutemo obtido
estava em tomo de 20 MGOe Manaf el ai (1991) estudaram o efeito do tamanho
de gratildeo sobre a remanecircncia e o campo coercivo em amostras similares agraves
desenvolvidas por Clemente (figura 16)
LI2000
1730 10
- 1500 ooa ~ 12$0 ~og
- 1000 o bull loa
750
500 I rO7 250
lobulldegIdeg 10 20 30 40 50 60 70 60 90 100 Idean Fain size I nm 1
)j Ftee lide o JHe Free side J r o J r Rolt slde bull JHe Rol1 side
Figura 16 Campo coercivo e magnetizaccedilatildeo remanente de amostras de NdFeB nanocriStaliacutenas (Mana ai ai 1991)
Para tamanhos de gratildeo maiores que 40 nm a polarizaccedilatildeo remanente (J) eacute
da ordem de 08 T consistente com o modelo de Stoner WohHarlh No entanto
para tamanhos de gratildeos menores J aumenta progressivamente enquanto que o
campo coercivo diminui Este efeito eacute atribuiacutedo atilde interaccedilatildeo de troca entre gratildeos
vizinhos que sobrepuja os contornos de gratildeo tomando-se um efeito significativo
22
para tamanhos de gratildeo menores que 40 nm O mesmo trabalho de Manaf
demonstra que ligas ternaacuterias podem apresentar alto valor de remanecircneia sem a
necessidade de adiccedilatildeo de silieio ou alumiacutenio
123IMAs NANOCRISTALlNOS COMPOSTOS POR DUAS FASES
MAGNEacuteTICAS[
A NdFeB + FeB + -Fe
Os primeiros Ims nanoeristalinos de alta remanecircncia compostos por mais I I de uma fase magneacutetica foram descobertos por Coehoom et ai (1988) Uma I
amostra de composiccedilatildeo NdFeBbull foi processada em um melt-spinner e
tratada a 670degC durante 30 minutos Foram observados um campo coercivo de 3
kOe magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo de 16 kG e magnetizaccedilatildeo remanente de 12 kG
fornecendo um valor de MIM de 075 (figura 17) Embora com baixo valor de
campo coercivo a alta remanecircncia resulta em um produto energeacutetico maacuteximo
relativamente alto de 117 MGOe A microestrutura observada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo consistiu em gratildeos de FeB com cerca de 30 nm
envoltos por gratildeos de NdFeB de 10 nm Estudos da cristalizaccedilatildeo do material
amorfo atraveacutes de teacutecnicas de calorimetrla e raios X mostraram dois picos de
cristalizaccedilatildeo O primeiro correspondente agrave formaccedilatildeo do FesB tetragonal e o
segundo agrave cristalizaccedilatildeo do NdFeB (Coehoom el ai 1989) O valor do campo
coercivo estaacute fortemente relacionado com o segundo pico de cristalizaccedilatildeo sendo
portanto atribuiacutedo agrave presenccedila da fase NdFeB Eckert el ai (1990) confirmaram
este fato observando que o campo coercivo decresce linearmente com a
temperatura ateacute anular-se a T - 585 K temperatura de Curie da fase NdFeB A
magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo ecirc determinada pelas duas fases principais FesB e
NdFe4B ambos com 16 kG Uma determinaccedilatildeo minuciosa das fases presentes
em amostras de praseodimio de composiccedilatildeo proacutexima agrave estudada por Coehoorn
foi realizada por Murakami (1999) utilizando trecircs teacutecnicas difraccedilatildeo de raios X
difraccedilatildeo de necircutrons e espectros Mossbauer As anaacutelises dos espectros
mostraram que a fase majoritaacuteria eacute PrFeB representando 60 - 62 em massa
da liga A fase Fe3B contribui com 37 a 39 e a-Fe contribui com apenas 1 lo
23
I Nd FeeoB2O 15
~ l-IoM16 TC ~
f - - aacute ~
-04 -02 o 02 04 magneliacutec fiacuteeld lo H(T)-
Fiacutegura 17 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra de Nd4FeenBw (COeacutehoom et aJ 1988)
Kneller e Hawig (1991) propuseram um modelo para estes materiais
considerando que ambas as fases estavam fortemente acopladas pela interaccedilatildeo
de troca A microestrutura para se obter a melhor combinaccedilatildeo das propriedades
de cada uma das fases (o campo coercivo do material duro e altos valores de MR
e M do material de alta permeabilidade) deve consistir em gratildeos da fase dura
precipitados sobre uma matriz de fase mole ambos com gratildeos da ordem de
dezenas de nanocircmetros com fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase dura em torno de 10 A
curva de desmagnetiacutezaccedilatildeo de um material com essas caracteriacutesticas seria suave
e sem degraus (figura 18a) em contraste com um material onde o acoplamento
de troca eacute fraco (figura 18b) Entre as previsotildees deste modelo estatildeo o maior valor
da razatildeo MJlMs e a alta permeabilidade de recuo A importacircncia da interaccedilatildeo de
troca no comportamento magneacutetico desses materiacuteais levou acirc denominaccedilatildeo
exchange spring magnet
M
~ M~ a) k b)
H HPiacute
-- lt]
~ n ~ Figura 1a Curvas de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema a) acoplado por troca e
b) desacoplado (Knellere Hawlg 1991
24
Embora com um afio valor de remanecircncia o campo coercivo destas ligas eacute
baixo em comparaccedilatildeo com outros sistemas Acredita-se que uma microestrutura
de gratildeos mais refinada proveria campos coercivos maiores Hirosawa et aI (1993)
utilizaram aditivos como Co Dy Au Ag e Cr e conseguiram gratildeos da ordem de
20 nm Campos coercivos de 6 kOe e produtos energeacuteticos de 138 MGOe foram
obtidos Estudos recentes tecircm utilizado a teacutecnica de tratamentos teacutermicos raacutepidos
(flash annealing) para obter uma microestrutura com gratildeos menores Nesta
teacutecnica a amostra eacute aquecida atraveacutes da passagem de corrente eleacutetrica (efeito
Joule) durante algumas dezenas de segundos Altoeacute et ai (1995) compararam
ligas de NdFe8B18 recozidas em fomo convencional e por efeito Joule As filas
tratadas convencionalmente apresentaram coercividade de cerca de 26 kOe e
MIM = 074 As amostras tratadas por efeito Joule apresentaram propriedades
magneacuteticas melhores com campo coercivo em torno de 20 maior e MtfM =
083 em um tratamento a 740middotC durante 24 segundos A observaccedilatildeo por
microscopia eletrocircnica de transmissatildeo mostrou que as amostras tratadas por
efeito Joule apresentavam uma microestrutura mais refinada e homogecircnea (Alloeacute
el 11 1997) O aprimoramento das propriedades magneacuteticas de amostras
tratadas por efeito Jaula foi observado tambeacutem em amostras de praseodiacutemio
(Murakamiacute 1998)
B Nd2Fe14B + agrave-Fe
Nanocristalinos compostos pelas fases 2141 + et-Fe foram desenvolvidos
principalmente pelo grupo de Davies (Manaf el ai 1992 Liu ai ai 1994ab
Davies 1996) Procurava-se observar um aprimoramento da remanecircncia em
amostras com composiccedilotildees proacuteximas agrave estequiomeacutetrica da fase 2141
(Nd178Fe82B8) como uma extensatildeo do fenocircmeno observado por McCallum e
Clemente nas amostras com siliacutecio
Foram estudadas composiccedilotildees que variaram de 8 a 20 Nd separados
em trecircs grupos ligas com baixo teor de neodiacutemio (8 - 10 Nd) ligas de
composiccedilatildeo proacuteximas agrave estequiomeacutetrica (11 - 13 Nd) e ligas com alto teor de
25
)
neodimio (16 - 20 Nd) A porcentagem atocircmica de boro foi mantida em tomo de
6
As amostras foram produzidas por meH-spinning jaacute microcristalinas Suas
propriedades portanto se mostraram bastante dependentes da velocidade da
roda 0) do melt spinner Para se obter as melhores propriedades magneacuteticas
as velocidades variaram de 19 a 25 ms dependendo da composiccedilao da liga
Fitas produzidas com velocidades maiores que essas possuiacuteam uma estrutura
natildeo homogecircnea compostas por Nd2FeB a-Fe e uma fase amorfa
A microestrutura de fitas com baixo teor de Nd analisada por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (figura 19) mostrou uma matriz da fase Nd2Fe14B
(- 30 nm) e partiacuteculas de a-Fe (-15 nm) nos contornos de gratildeo Anaacutelises de
espectros Mocircssbauer mostraram que a fraccedilatildeo volumeacutetrica da fase a-Fe aumenta
para teores de Nd menores que 11 sendo atingido um maacuteximo de 35 em
volume pera a liga com 8 Nd Este excesso em ferro associado agrave interaccedilao de
troca entre a fase Nd2 FeB e os gratildeos de a-Fe resulta em um alto valor de
remanecircncia superior ao esperado para uma amostra nanoestruturada com
composiccedilao estaquiomeacutetrlca conforme se observa na figura 110 A amostra
estequiomeacutetrica nanocrlstalina apresenta remanecircncia de 98 kG enquanto que a
amostra com 8Nd chega a atingir 11 kG A presenccedila do a-Fe resulta em
campos coercivos menores No entanto sUa estrutura refinada natildeo deteriora a
curva de desmagnetizaccedilatildeo e os valores do produto energeacutetico maacuteximo satildeo alIas
(- 20 MGOe) apesar do campo coercivo em tomo de 5 kOe
Figura 19 Imagem de microscopia eletronica de transmissatildeo de uma amostra Nd2FelB+ a-fe (Davies 1996)
26
tJlt~r06 qptIlL HollhullB tigt ~plwe Iacute- ~c-fI m-ridlphu(J)
~~~mmu~~==~J____t__________-=___-cshy 17S~ -- i
14
llOO bull 12
11 125
~ 1000 1 ~ ~ bull 15~ ~
00 0 ~ M0 10 12 14 16 IS 20
Nd[at]
JMo $ 1 BH
Figura 110 Campo coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e produto energeacutetico maacuteximQ em funccedilao da porcentagem de Nd (Davies 1996)
As fitas com 11 - 13 Nd possuem uma microestrutura com uma uacutenica
fase de Nd2Fe14B e os valores de MFlM gt 05 (- 9kG) sao associados agrave estrutura
nanocristalina Para as fitas com alto teor de Nd OCQrre um aumento do campo
coercivo em detrimento da remanecircncia relacionado acirc presenccedila de uma fase
paramagneacutetica nos contornos de gratildeo rica em Nd Satildeo atingidas as propriedades
magneacuteticas tipicamente encontradas em amostras convencionais obtidas por
melt-spinning (MQ1)
O conjunto de amostras 8 - 20 Nd foi analisado tambeacutem atraveacutes da
teacutecnica de microscopia de ponta de varredura (AI-Khafaji el ai 1998) Foi
utilizado o modo de operaccedilatildeo Tapping-Lift Mode que permite obter imagens de
microscopia de forccedila atocircmica simultaneamente a imagens de microscopia de
forccedila magneacutetica Assim seria possivel observar lado a lado a estrutura fiacutesica de
uma regiatildeo de uma amostra e um mapeamento dos campos magneacuteticos
emergentes da mesma regiatildeo Detectou-se que o tamanho dos nanocristais eram
menores que o limite de resoluccedilatildeo do contraste magneacutetico da teacutecnica devido agrave
interaccedilatildeo entre a ponta de prova e as amostras No entanto algumas diferenccedilas
puderam ser identificadas na estrutura fisica e magneacutetica de cada grupo As
imagens das amostras com baixo teor de neodimio e de composiccedilatildeo
estequiomeacutetrica foram consistentes com a ideacuteia de uma forte interaccedilatildeo entre os
nanocristais apresentando um contraste magneacutetico que se estendia por diversos
gratildeos
27
Sistemas Nd2FeB + (X-Fe tecircm sido fabricados tambeacutem por mecanoshy
siacutentese (Nau ai ai 1996 ODonnell el ai 1997) As propriedades magneacuteticas dos
materiacuteais produzidos por esta teacutecnica satildeo semelhantes agraves obtidas para os
materiais melt-spun
124 ESTUDOS EM (MAtildeS AGLOMERADOS DE NdFeB
Atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning satildeo obtidos materiais em forma de
fita que necessitam de um processamento posterior para serem utiacutelizados como
iacutematildes permanentes Assim satildeo fabricados os produtos MQ1 MQ2 e MQ3
mencionados anteriormente Os iacutematildes nanocristalinos tecircm sido usados para a
produccedilatildeo de poacutes a partir dos quais seratildeo fabricados os imatildes aglomerados Este eacute
o caso do poacute MQP-Q produzido pela Magnequench International cujo imatilde
aglomerado estudamos neste trabalho Assim como nos iacutematildes convencionais
grande parte dos estudos da fiacutesica baacutesica nos iacutematildes nanocristalinos concentramshy
se nos precursores em forma de ma Reunimos nesta parte alguns estudos
realizados especificamente em iacutematildes aglomerados do sistema NdFeB
Estudos do campo de flutuaccedilatildeo (Neacuteel 1950) em iacutematildes aglomerados de
NdFeB (MQP-B) e Sm(Coo6nCuo Feo22Zro02B)8 (Tomka ai ai 1995) indicaram
que o mecanismo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo predominante nesses imatildes eacute o
desancoramento de paredes de domiacuteniacuteo Amostras com diacuteferentes granulometrias
e diferentes fraccedilotildees volumeacutetricas resultaram em comportamentos semelhantes do
campo de flutuaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno indicando que o mecanismo de
inversatildeo independe dessas variaacuteveis Foram encontrados campos de flutuaccedilatildeo da
ordem de 30 - 40 Oe tanto para as amostras de NdFeB como de SmCo As
interaccedilotildees magneacuteticas foram estudadas em termos de curvas 1i1 (T omka ai ai
1993) As figuras 111 a e b trazem os resultados respectivamente para imatildes de
NdFeB e SmCo Cada tiacutepo de poacute possui curvas oacuteM com intensidades e formas
particulares refletindo as diferentes estruturas magneacuteticas das partiacuteculas dos poacutes
As interaccedilotildees entre as partiacuteculas dos iacutematildes aglomerados foram avaliadas atraveacutes
de uma expressatildeo para o campo magneacutetico interno considerando aleacutem do fator
desmagnetizante devido agrave geometria do material (N) um fator desmagnetizante
interno (NS) devido ao efeito de partiacuteculas isoladas dentro do iacutematilde aglomerado e
28
um termo (]M) referente a um campo de interaccedilatildeo entre as parti cuias A figura
111c traz a grandeza (N+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica Para baixos
valores da fraccedilatildeo volumeacutetrica o fator (N+n aproxima-se de 033 valor
esperado para um sistema com simetria esfeacuterica A medida que o material tornashy
se mais compacto (fraccedilatildeo volumeacutetrica --gt1) o valor (N +n diminui indicando que
em um sistema de parti cuias totalmente compactadas o fator desmagnetizante
de cada partiacutecula eacute compensado pelos seus vizinhos e as interaccedilotildees entre as
partiacuteculas se anulam
011I a) [lI bull
bullOA 013shybull bull Do ~ 1 bull bull bull ~
bullbullrt bull o
bull o I o obullbull bull o osi t
o
obullbull bull Field tOe
b)
bull bull
shy shy Cc _0
00 bull bull Field I kCR
bull
bull o
~ bull
o
25 30 31
o O~1 02 ti3 04 05 06 07 08 cLQ 1 Volume Fraetioll
Figura 111 Curvas oacuteM para lmatildes aglomerados de a) NdFe8 e b) Sm-Co c) Paracircmetro (rfd+n em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (Tomka et aI 1993)
29
Folks at aI (1993) estudaram o processo de magnetizaccedilatildeo nos iacutematildes M01
M02 e M03 A curva de magnetizaccedilatildeo inicial destes matenais ocorre em duas
etapas sugerindo a existecircncia de dois processos No entanto as etapas natildeo satildeo
evidentes nas curvas de desmagnetizaccedilatildeo Medidas de viscosiacutedade na curva de
magnetizaccedilatildeo apresentaram somente um pico em campos proacuteximos ao segundo
processo Estes resultados permitiram associar a primeira etapa a um processo
irreversiacutevel natildeo sensiacutevel agrave ativaccedilatildeo teacutermica como o movimento de paredes de
domiacutenios em gratildeos multidomiacutenios As divergecircncias nas curvas de magnetizaccedilatildeo e
desmagnetizaccedilatildeo foram atribuiacutedas a diferenccedilas na estrutura de domiacutenios Os
ciclos de recuo apresentaram uma pequena abertura a baixos campos indicando
que o movimento das paredes de domiacutenios estatildeo sujeitos a uma interaccedilatildeo de
troca entre os gratildeos e os contornos de gratildeos Curvas SM (figura 112) mostraram
o mesmo comportamento das curvas de magne~zaccedilatildeo em duas etapas Os
valores satildeo predominantemente positivos (06 - 16) ateacute pontos proacuteximos ao
campo coercivo A partir deste ponto os valores SM decrescem rapidamente
indicando que a interaccedilatildeo de troca estaacute favorecendo a desmagnetizaccedilatildeo do
sistema
16
12 I I I otildeM 08
I 04
~~~~ ~ middot20 -15 -10 -5 O
Hi (kOe)
Figura 112 Curvas oMdas amostras MQ1 MQ2 e MQ3 (Folksr aI 1993)
30
Embora com excelentes propriedades magneacuteticas os iacutematildes aglomerados
possuem baixa estabilidade teacutermica e baixa resistecircncia agrave corrosatildeo herdada dos
poacutes de NdFe8 A deterioraccedilatildeo do campo coercivo limita o seu uso em
temperaturas ateacute cerca de 120degC Estudos realizados por Tatlam et aI (1996)
mostraram que eacute possiacutevel aumentar a resistecircncia agrave corrosatildeo de muitos iacutematildes
aglomerados atraveacutes de tratamentos teacutermicos sob vaacutecuo Folks et aI (1995)
estudaram imatildes aglomerados de Nd4Fe38185C03Ga uma liga nanocristalina
com baixo teor de terras raras onde se conseguiu maior estabilidade teacutermica Foi
obtida uma variaccedilatildeo de campo coercivo de O29K entre 250 e 320 K em
contraste com 047K observada para uma amostra MQ1 (Nd15Fe77B
produzido por melt spinning) Neste mesmo trabalho foram apresentados dados
da viscosidade magneacutetica da liga nanocristalina (- 2 G) que se mostraram muito
inferiores aos observados para a amostra MQ1 (-7 G) Em Folks et aI (1994) foi
verificada a existecircncia de viscosidade magneacutetica nos ciclos de recuo em iacutematildes
aglomerados da amostra nanocristalina Valores da ordem de 04 G foram
observados
31
13 iacuteMAtildeS HiacuteBRIDOS
Os iacutematildes hiacutebridos surgiram recentemente com o objetivo de melhorar as
propriedades magneacuteticas dos iacutematildes aglomerados de ferriacutee adicionando-Ihes
pequenas quantidades de poacute de NdFeB Esses iacutematildes preenchem o intervalo de
propriadades magneacuteticas entre as ferrites slntenzadas e os iacutematildes de NdFeB
Schneider e Knehans-Schmiacutedt (1996) estudaram misturas de ligas agrave base
neodiacutemiacuteo (MQ1-B e iacutematildes nanocristaliacutenos) com ferrite de estrocircncio ou ferro
aglomerados com epoacutexiacute A combinaccedilatildeo de MQ1-B com ferrite produZiu amostras
com uma vasta variadade de propriedades magneacuteticas tanto com relaccedilatildeo ao
campo coercivo (variando de 3 a 9 kOe) como em relaccedilatildeo agrave remanecircncia (18 a
74 kG) Outra vantagem observada foi a menor dependecircnciacutea do campo coercivo
com a temperatura As figuras 113 a b e c trazem resultados do campo coercivo
e da remanecircncia para diferentes misturas Imatildes hiacutebridos de MQ1-B com ferrite
mostraram um campo coercivo maior que o esperado pela lei da diluiccedilatildeo (figura
113a) Um comportamento oposto foi observado para misturas de iacutematildes
nanocriacuteslalinos com ferro (figura 113b) No entanto nesta combiacutenaccedilatildeo
observaram-se allos valores de remanecircncla (figura 113c)
lt1 ltbull b)a - o) bull shy Smiddotmiddotmiddotmiddotmiddot -
- ltI 3- i 5 bull shy f ~ 2~ ~ i I t15shy -
Lei dadlluicatildeo I
~
I gt i 1120w~80100 li 20 lt4G 60 10 100 11 ~ ~ ~ 80 100
fetrHa comam (VoI 1 F contlnt t Vol 1 Fmiddot~rVml
Figura 113 Propriedades magneacuteticas de matildes hlbridos de MQ1~B em funccedilatildeo da fraccedilatildeo volumeacutetrica (vol) do segundo componente a) Hc funccedilatildeo de vol de ferriacutete b) ti em funccedilatildeo de vol de rerro
c) 8 em funccedilatildeo de vof de ferro Schnelder Knehans Schmldt 1996
Rodrigues ai ai (1996) estudaram diferentes adiacutetivos em poacutes de MQP-A
como Alniacuteco femle de baacuteriacuteo aleacutem de ferro carbonila As curvas de
desmagnetizaccedilatildeo modificaram-se de acordo com o aditivo (figura 114) reduzindo
o produto energeacutetico maacuteximo de 736 MGOe (para um iacutematilde aglomerado de MOPshy
A) para 582 MGOe para um hiacutebriacutedo de MQP-A com ferro
32
l~oa 4000
3000 g
2000
middot_~-------------------~~~~-~~~-+1Q(M)
I ~ lo -16000 -12000 -8000 -4000 O
H(Oa)
Figura 114 Cwva de desmagnetizaccedilatildeo para MQP-A (L1 MQPA + ferrite (L3) MQP~A + ferro eorbonilo (L5) e MQPmiddotA +Alnieo (E4) (Rodrigues ot aibull 1996)
Esludos de misluras de lerrile de eslrocircncio com o poacute MQPmiddotA em diferenles
proporccedilotildees mostraram que jaacute a partir da adiccedilatildeo de 10 em peso de ferrite as
curvas de desmagnetizaccedilatildeo comeccedilam a apresenlar ondulaccedilotildees caracteristicas
da mistura de duas fases com campos coercivos distintos (figura 115a) No
entanto observoumiddotse que havia uma interaccedilatildeo entre as partiacuteculas de ferrie e
MQPmiddotA uma vez que diferenles porcentagens de ferrite originavam picos na
susceptibilidade diferencial no segundo e terceiros quadrantes (figura 115b) em
diferentes valores de campo A adiccedilatildeo de mais que 30 de ferrite em peso
prejudica significativamente o campo coercivo intrinseco passando de 15 kOe
para 8 kOe com 50 de fellne (Rodrigues el aibull 1998)
a)
lshy~ Illi ~ 501gt ~
1
shy4000
middot1 lOOO ~
-
460C4 jlWQ(l - Afgtitd FIIM (Oti)
b)
rmiddot I
I
_1nOOI~ooo
-- M
_140011 _9060
I ~
Apjlied fdi(m)
j
300lt) ecirc
bull bullbull _Ill)() ~ -300 middot5000
Figura 115 a) Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de amostras de MQP-A + ferrite e b) Susceptibilidade diferencial
33
Ormerod e Constantinides (1997) estudaram o sistema de ferrite de baacuterio
misturada com uma liga nanocrislaliacutena (MQP-Q) A figura 116 mostra a
dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo da temperatura para amostras com
diferentes fraccedilotildees de MQP-Q e femte Para a amostra 2401 (com 80 de ferme)
observa-se que o campo coercivo eacute praticamente constante com a temperatura na
faixa de -40 middotC a 180 middotC
COERctVllY vs TEMPERATURE
~ bull ~ M ~ ~
~ ~ reg
~
~ ~ ~ bull = bull TEMPERATURfinC
_----
I
~
~ I
I
=
-I-- -
I-~
T -- --
Figura 116 Dependecircncia do campo coercivo para tmatildes hiacutebridos de MQPmiddotQ e ferrite (Ormerod
Constantinides 1997)
(maacutes hibridos agrave base de samaacuterio utilizaram como componentes Sm2Co17
misturado com SmFe17N ou ferro (OSullivan ai ai 1997) A simples mistura dos
dois poacutes mostrou altos valores de remanecircncia maiores que os valores esperados
considerando-se uma meacutedia ponderada entre as remanecircncias dos elementos
constituintes do material compoacutesilo (figura 117)
~~~~ - ----- shy 100 smzCcp l
- 1
~ ~
fi
~IOO
bull SmzFenN)
1
SmiCltgt17 shy -1 SlFc17NIJimlj
bull weipud I~I 1
-800 ul) fi
QIi (mn
i 400 800
F[gura 117 Curva de desmagnetizaccedilatildeo de amostras Sm2CoH+Smfe11N3 (OSullivan et ai 1997)
34
Nos iacutematildes aglomerados cada partiacutecula estaacute isolada uma da outra pela
presenccedila do aglomerante Acrediacuteta-se que nesses sistemas a forma
predominante de interaccedilotildees entre as partlculas seja dipolar de longo alcance
uma vez que a interaccedilatildeo de troca responsaacutevel pela alta remanecircnciacutea dos iacutematildes
nanocristalinos eacute de curto alcance O aumento da remanecircncla nos iacutematildes
aglomerados de samaacuterlo foi portanto atribuido agrave natureza anisotroacuteplca da
interaccedilatildeo dipolar
35
2 TEacuteCNICAS EXPERIMENTAIS
Entre os sistemas estudados nesta parte experimental as amostras
nanocristalinas do sistema Nd2Fe4B + a-Fe na forma de fitas foram produzidas
por teacutecnica de solidificaccedilatildeo raacutepida nos laboratoacuterios do LMMmiddotIFUSP a partir dos
elementos puros Neste capiacutetulo descrevemos brevemente as teacutecnicas utilizadas
para a produccedilatildeo dessas amostras bem como as teacutecnicas de caracterizaccedilatildeo
magneacutetica tanto no estudo dos iacutematildes nanoeristalinos como no estudo dos imatildes
aglomerados (gentilmente cedidos pela empresa Arnold Engineering Company)
Uma amostra nanoeristalin de Pr2Fe14B + a-Fe tambeacutem foi preparada
Outras medidas para a caracterizaccedilatildeo microestrutural das amostras foram
realizadas em diferentes unidades da USP Difratogramas de raios X e imagens
de microscopia eletrocircnica de varredura foram obtidas no Laboratoacuterio de
Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Departamento de Engenharia de Minas da Escola
Politeacutecnica As medidas de perda em massa dos imatildes aglomerados foram
realizadas no Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas As imagens de microscopia de
forccedila atocircmica loram realizadas no Laboratoacuterio de Aplicaccedilotildees Tecnoloacutegicas de
Plasma do Instituto de Fisica Entre essas teacutecnicas descreveremos
resumidamente apenas a obtenccedilatildeo das imagens por meio da Microscopia de
Forccedila Atocircmicamiddot MFA por se tratar de uma nova teacutecnica
36
21 TEacuteCNICAS DE PRODUCcedilAtildeO DAS AMOSTRAS
A partir dos elementos puros amostras com cerca de 3 g na forma esfeacuterica
foram fundidas e homogeneizadas vaacuterias vezes em um fomo de arco (figura 21)
que utiliza atmosfera inerte de Argocircnio
Figura 21 Forno de arco
A amostra esfeacuterica foi transformada em fla atraveacutes do processo de mefishy
spinning O Melt-Spinner em operaccedilatildeo no lMM-IFUSP (figura 22) trabalha com
pressotildees de ejeccedilatildeo entre 01 a 05 kgm podendo uSar gaacutes Heacutelio ou Argocircnio
Rotaccedilotildees de ateacute 3100 rpm resultando em velocidades tangenciais de ateacute 42 ms
podem ser obtidas A fusatildeo do material eacute realizada num cadinho de quartzo com o
auxilio de um forno de induccedilatildeO de 8kW e 12 MHz A temperatura da amostra eacute
monitorada por um pirocircmetro oacuteptico de duas cores o qual dispensa a estimativa
do valor da emissividade da liga As amostras de terras-raras satildeo processadas
em uma cacircmara protetora montada sobre o Melt-Spinner que permite introduzir
o gaacutes He eliminando a possibilidade de oxidaccedilatildeo apoacutes a ejeccedilatildeo
As amostras resultantes do processo de meH-spinning possuem a forma
de fitas de 2 mm de largura e espessuras da ordem de 30 )im A largura depende
do diacircmetro do orificio do cadinho de quartzo utilizado para a fusatildeo e ejeccedilatildeo
Dependendo da composlccedilacirco da liga eacute possivel produzir fitas com vaacuterios metros
31
de comprimento Entretanto as ligas de terras-rares mais quebradiccedilas atingiram
no maacuteximo 20 em de comprimento A preparaccedilatildeo de filas por meio desta teacutecnica eacute
bastante trabalhosa e muitos paracircmetros como a velocidade e rugosidade
superficial da roda a temperatura de ejeccedilatildeo a pressatildeo de injeccedilatildeo podem afetar
a microeslrutura final das amostras
Figura 22 Roda do ~Melt-Spinner e cacircmara de proteccedilaa
22 TEacuteCNICAS DE CARACTERIZACcedilAtildeO MAGNEacuteTICA
Para determinar o valor do momento magneacutetico das amostras foi utilizado
um magnetotildemetro de amostra vibrante - MA V modelo 4600 prOduzido pela
empresa EGampG-PAR O MAV eacute constituldo por uma haste metaacutelica de material
natildeo magneacutetico em cuja extremidade eacute fIXada a amostra Esta haste eacute fixada em
uma unidade de vibraccedilatildeo longiacutetudinal Proacuteximo agrave amostra eacute montedo um conjunto
de bobinas sensoras Quando o material estaacute magnetizado uma tensatildeo altemada
eacute induzida nas bobinas Utilizando um amplificador com detector siacutencrono eacute
possiacutevel mediacuter um sinal proporcional ao momento magneacutetico O MAV eacute calibrado
saturando uma amostra de niacutequel com massa conhecida Segundo o manual a
precisatildeo absoluta deste MA V eacute melhor que 2
Para registrar o ciclo de histerese magneacutetica eacute necessaacuterio acoplar o MAV
a outros equipamentos para gerar o campo magneacutetico O LMM-IFUSP possui dois
38
sistemas para produzir campos magneacuteticos um eletrolmatilde Walker modelo HR8 e
uma bobina supercondutora American Magnetics modelo AMI 2584
221 ELETROIMAtilde - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA VIBRANTE
O sistema eletroiacutematilde - MAV (figura 23) permite a caracterizaccedilatildeo das
amostras em campos de ateacute 20 kOe nos quatro quadrantes A medida da
intensidade do campo magneacutetiacuteco eacute determinada atraveacutes de um sensor de efeito
Hall Eacute possivel registrar os valores do campo magneacutetico aplicado e do momento
magneacutetico da amostra em um microcomputador Este sistema permite o
acoplamento de um forno resistivo sob atmosfera inerte de Argocircnio que permite a
caracterizaccedilatildeo de amostras a temperaturas de ateacute 700 C Neste caso a haste
metaacutelica eacute substituiacuteda por uma de alumina percorrida internamente por um
termopar tipo E cuja ponta estaacute em contato com o porta-amostra Um controlador
Eurotherm modelo 818P mede a temperatura e envia ao microcomputador
permitindo tambeacutem o registro da curva de transiccedilatildeo ferromagneacutetica
paramagneacutetica Estima-se que neste sistema a precisatildeo do campo e
temperatura seja melhor que 1 da leitura
Figura 23 Sistema eletrolma - MAV
39
222 BOBINA SUPERCONDUTORA - MAGNETOMETRO DE AMOSTRA
VIBRANTE
A bobina superoondutora fabricada pela empresa American Magnetics estaacute
incorporada a um criacuteoslato de heacutelio Uquiacutedo A bobina supercondutora suporta
correntes de 60 A com rampas de corrente de ateacute 03 Ais O campo magneacutetico
aplicado (Ha (kOe)) eacute estimado atraveacutes da relaccedilatildeo linear com a intensidade da
corrente (I) onde H = 151 de forma que esta bobina eacute capaz de gerar campos
de ateacute 90kOe O MAV eacute montado sobre a bobina supercondutora (figura 24) A
haste do MA V com a amostra eacute inserida
em um tubo intemo ao criostato que
atinge a regiecirco da bobina
supercondutora Este tubo interno faz
parte de um anticriostato permitindo
variar a temperatura na regiatildeo onde estaacute
localizada a amostra entre 42 K e 300 K
O controle de temperatura eacute passlvel
aquecendo um fluxo de gaacutes heacutelio
proveniente do proacuteprio reservatoacuterio de
heacutelio liacutequido atraveacutes de uma
microvatildelvula O aquecimento do fluxo daacuteshy
se por meio de aquecedor resistivo
situado na base do tubo Dois sensoras
de temperatura um para baixas
temperaturas laquo 30 K) e outro para
I temperaturas entre 30 e 300 K estatildeo montados proacuteximo ao aquecedor A
I temperatura eacute monitorada por um controlador LakeShore Cryotronics modelo I I DRC 91C o qual tambeacutem determina a potecircncia no aquecedor
Todos os equipamentos estatildeo conectados a um barramento GPIB que
permite o controle e registro em um microcomputador de todos os paracircmetros
durante a medida
O programa de controle e aquisiccedilatildeo de dados foi desenvolvido pelo Sr
Renato Cohen Satildeo poss1veis medidas de curvas de histerase viscosidade
magneacutetica permeabilidade de recuo etc
Figura 24 Sistema bobina supercondutora -MAV
40
223 ANALISADOR TERMOMAGNEacuteTICO
o analisador termomagneacutetico permite registrar transiccedilotildees magneacuteticas na
susceptibilidade de um metenal em funccedilatildeo da temperatura O sistema consiste
em um forno resistivo (figura 25) alimentado por urna fonte Kepco modelo BOP
36-6 que permite a caracterizaccedilatildeo desde a temperatura ambiente ateacute 800middotC O
sistema de aquecimento consiste em um enrolamento de tungstecircnio armado
sobre uma base tubular de nitreto de boro Este sistema estatilde apoiado sobre uma
lt
Figura 25 Esquema do Analisador Termomagneacutetlco
haste de alumina percorrida
internamente por um termopar tipo E O
porta-amostra estaacute em contato com o
termopar e permite posicionar a amostra
intemamente ao sislema de
aquecimento A amostra os sistemas de
aquecimento e de medida da
temperatura localizam-se internamente a um lubo de quartzo compondo a
cacircmara interna Esta cacircmara eacute mantida
sob atmosfera inerte durante a medida
Um segundo tubo de quartzo
concecircntrico ao primeiro compotildee a
cacircmara externa mantida sob vaacutecuo para
isolar o sistema de aquecimento
Externamente estatildeo posicionados os
enrolamentos primaacuterio e secundaacuterio para
apUcar um campo magneacutetico e medir o
sinal de susceptibilidade A medida do
sinal induzido no enrolamento
secundaacuterio eacute amplificada por um Lockshy
in (EGampG modelo 124A) a 1kHz Os
sinais medidos pelo termopar e pelo Lock in satildeo enviados a muttiacutemetros Fluke
modelo BS42A com interface GPIB que permitem a aquisiccedilatildeo de dados de
temperatura e susceptibilidade relativa em um microcomputador
41
224 TEacuteCNICAS DE MEDIDAS
2241 Fator desmagnetizante
Os sistemas eletroiacutematilde-MAV e bobiacutena supercondutora-MAV fornecem
dados de momento magneacutetico em funccedilatildeo do campo magneacutetico aplicado (Ha) ou em funccedilatildeo do tempo Os valores de momento magneacutetico satildeo convertidos em
magnetizaccedilatildeo (M) em unidades de gauss conhecendo-se a massa e a
densidade da amostra Os dados foram analisados considerando o campo
magneacutetico interno agrave amostra (H) determinado pela correccedilatildeo do campo aplicado
pelo fator desmagnetizante geomeacutetrico (D) (expressatildeo 21)
H = Ha-DM(H) (21)
O fator desmagnetizante foi determinado utilizando uma aproximaccedilatildeo da
geometria das amostras a elipsoacuteides aplicando as expressotildees apresentadas por
Osborn (1945) Amostras em forma de fita com cerca de 1 cm de comprimento e
largura de 1 mm apresentaram um fator desmagnetizante muito pequeno da
ordem de 0003 - 0004 Os iacutematildes aglomerados foram cortados em forma de
paralelepiacutepedos com 5 x 1 x 1 mm resultando em um D = 0056
2242 Campo coercivo intriacutenseco
A definiccedilatildeo do campo coercivo intriacutenseco como o valor de campo
magneacutetico onde a magnetizaccedilatildeo se anula (M(MH) = O) eacute utilizada em estudos da
coercividade dos materiais e tambeacutem na aacuterea tecnoloacutegica estando presente nos
cataacutelogos de empresas produtoras de iacutematildes Aqui no entanto preferimos
determinar o campo coercivo intriacutenseco como o ponto de maior variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do campo interno ou seja atraveacutes dos pontos de
maacuteximo da derivada da curva de desmagnetizaccedilatildeo (figura 26) Este
procedimento possibilita avaliar a presenccedila de fases magneacuteticas com diferentes
campos coercivo nas amostras Representa o campo para o qual ocorre o maior
nuacutemero de processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo em cada fase As duas
42
--
fonnas de detenninaccedilatildeo levam a valores bastante proacuteximos para um material
monofaacutesico ou com vaacuterias fases perfeitamente acopladas
15
PrSlFeasBs UIkGJ 10
~ 05 i
~Iv 1
~00 ~ iacute ~ -05 j J fv d1I1i
I
~
-10 -15
-60 -40 -20 O 20 40 60 fi (cOe)
Figura 26 Curva de histerese da amostra PrgFessBe e curva da susceptibilidade diferencial
2243 Ciclos menores de recuo (recoil curves)
Neste trabalho a caracterizaccedilatildeo magneacutetica eacute realizada preferencialmente
atraves da magnetizaccedilatildeo do material As curvas de recuo referem-se portanto a
uma medida da susceptiblidade ao inveacutes da penneabilidade
23 MICROSCOacutePIO DE FORCcedilA ATOcircMICA E MAGNEacuteTICA
Com o advento da teacutecnica de microscopia de tunelamenlo em 1982
lniciou-se o desenvolvimento de uma nova atilderea da microscopia para a
caracterizaccedilatildeo de superfiacutecies a microscopia de varredura de ponta de prova
(Scanning Probe Microscopy) O microscoacutepio de forccedila atocircmica surge em 1986
(Binning at aI 1986) como uma variaccedilatildeo do microscoacutepio de tunelamento Utiliza a
forccedila de interaccedilatildeo entre uma ponta de prova e a amostra como elemento de
detecccedilatildeo da topOlogia de uma superfiacutecie ao inveacutes de uma corrente Uma
vantagem da microscopia de forccedila atocircmica (MFA) frente agrave microscopia de
43
tunelamenlo eacute a possibilidade de se obter imagens de quaisquer elementos natildeo
necessariamente condutores
A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica fornece imagens topoloacutegicas
atraveacutes da varredura da superficie de uma amostra por uma ponta de prova Esta
ponta de prova estaacute presa a um sensor de forccedila microscoacutepico (cantilever)
geralmente de siliacutecio ou nitreto de siliacutecio Um feixe de laser incide sobre o
cantilever na regiacuteatildeo onde estaacute fixa a ponta de prova e pennite o registro de
suas deflecccedilatildees atraveacutes de um fotodiodo durante a varredura da superfiacutecie da
amostra Atraveacutes do registro dessas deflecccedilotildees eacute detenninada a altura local do
corpo de prova Topografias tridimensionais satildeo construiacutedas associando as
infonnaccedilotildees de posiccedilatildeo horizontal agrave leitura da defleCCcedilatildeo do cantilever O
movimento da ponta ao longo da amostra eacute controlado por um scanner de
material piacuteezoeleacutetriacuteco A varredura da ponta pode ser registrada nas trecircs direccedilotildees
(x ye z) dentro de um limite de 125 ~m para os eixos x e y e alguns microns na
direccedilatildeo vertical (figura 27)
Modo Contact Medida de (A-B)I(A+BJ da dflexao do sinal
Modo Tapping medida o valor eficaz da amplitude
Circuito de reaHmentaccedilatildeo Eletrocircnica de Sime1izador deModo Contac deflexatildeo do cantilever controle bull frequumlcncia
constante Modo Tapping Amplitude de osdlaccedilatildeo
constante
bull La
Eletrocircnica de detecccedilatildeQ
bull Scanner ~
xv
zI ~_Foto~ laquo __--------------------------__partido
C__~7_~-_~7_~~~~~t~~Iver e ponta de provaamostra
Figura 27 Esquema do microscoacutepio de forccedila atocircmica nos dois modos de operaccedilatildeo contato e tapping (Manua Dt 1997 com adaptaccedilotildees)
44
Existem duas formas principais de operaccedilatildeo do Microscoacutepio de Forccedila
Atocircmica
Modo de Contato
No modo de contato um circuito de realimentaccedilatildeo procura manter a
deflexatildeo entre o cantilever e a amostra constante (figura 26) Esta situaccedilatildeo
implica em uma forccedila constante entre a ponta e a amostra A cada ponto (xy) de
varredura o scanner eacute movimentado verticalmente para manter um certo valor
de deflecccedilatildeo Os movimentos verticais do scanner nos ponto (xy) satildeo
registrados em um computador para formar as imagens topograacuteficas da
superficie
Modo Tapping
Este modo de operaccedilatildeo utiliza um cantilever oscilante proacuteximo agrave sua
frequumlecircncia de ressonacircncia A ponta de prova encosta levemente na superfiacutecie da
amostra a cada oscilaccedilatildeo A amplitude de oscilaccedilatildeo estaacute entre 20 nm e 100 nm e
para obter a imagem o circuito de realimentaccedilatildeo procura manter constante o
valor eficaz (RMS) dessa amplitude procurando manter a interaccedilatildeo entre a
amostra e a ponta constante
A utilizaccedilatildeo de uma ponta de prova magnetizada possibilita estender a
teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica para obter imagens dos campos
magneacuteticos na superfiacutecie de uma amostra magneacutetica (microsccpia de forccedila
magneacutetica - MFM) As pontas de prova utilizadas para o MFM satildeo de siliacutecio
recobertas por um material magneacutetico atraveacutes da teacutecnica de pulverizaccedilatildeo catoacutedica
(sputtering) O material de recobrimento da ponta de prova pode ser de um
material de alta ou baixa coercividade dependendo das diferentes aplicaccedilotildees da
teacutecnica A ponta de prova eacute geralmente magnetizada na direccedilatildeo vertical o que
torna o microsc6pio sensiacutevel aos campos emergentes da superfiacutecie da amostra O
modo de operaccedilatildeo LiacuteftMode permite a aquisiccedilatildeo simultacircnea de dados
magneacuteticos e estruturais Neste modo cada linha de varredura sobre a amostra eacute
percorrida duas vezes uma em modo Tapping para a aquisiccedilatildeo dos dados
estruturais e na outra a ponta eacute levantada de uma pequena distacircncia (10 shy
200 nm) e satildeo adquiridos os dados magneacuteticos Este modo de operaccedilatildeo consiste
45
em uma teacutecnica poderosa que permite uma correlaccedilatildeo enlre a morfologia da
superflciacutee e a sua eslrutura de domiacutenios (Babcock et aI 1995)
As imagens de MFA apresentadas neste trabalho foram obtidas em um
Nanoscope 111 da Digitallnstruments
A imagem de MFM foi obtida na proacutepria Dignai Instruments Recentemente
o LMM adquiriu os acessoacuterios necessaacuterios para a adaptaccedilatildeo do MFA para a
operaccedilatildeo em modo MFM
46
3 PRODUCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO
DAS AMOSTRAS
Este capiacutetulo apresenta uma caracterizaccedilatildeo baacutesica das amostras
estudadas neste trabalho Estaacute dividido em duas seccedilotildees em funccedilatildeo do tipo de
iacutematilde Os resultados da caracterizaccedilatildeo microestrutural e magneacutetica dos iacutematildes
aglomerados satildeo apresentados na primeira seccedilatildeo Na seccedilatildeo 32 estatildeo a
produccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes nanocristalinos em forma de fita
47
31 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DOS iacuteMAtildeS
AGLOMERADOS
311 CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL
Os lmatildes aglomerados estudados nesle trabalho pertencem agrave classe
Plastiform da Arnold Engineering Company Foram estudados iacutematildes aglomerados
de ferrite de baacuterio de MQP-Q e imatildes hibridos resultantes da mistura dos poacutes de
ernle e MOP-Q Os Imatildes que possuem ferrite satildeo orientados durante sua
produccedilatildeo possuindo caracteriacutesticas anisotropicas enquanto que o imatilde de MQPshy
Q eacute isotroacutepico Satildeo materiais obtidos por injeccedilatildeo com fraccedilatildeo volumeacutetrica de
material magneacutetico em torno de 60 - 70 As identiacuteficaccedilotildees segundo o cataacutelogo
(Cataacutelogo Arnold) e densidades estatildeo na tabela 31 A composiccedilatildeo foi
determinada atraveacutes da densidade assumindo uma fraccedilatildeo volumeacutetrica de
aglomerante de 40
~Isticas de cataacuteloCcedillo dos Imatilde ~ c - d_
Amostra ferrile MQPmiddotQ bull Poliacutemero I Densidade (gcm) I 1001060 O Poliamida i 35
Nylon-12 2401 3980 20 Nylon-122402 60
40 41 2403 40 60 Nvlon-12 44 I 2203 O 100 Poliamida 51 I
O MQPmiddotQ eacute um poacute de NdFeB com baixo teor de neodimio de composiccedilatildeo
atocircmica estimada em 8 de terras-raras 875 de melai de transiccedilatildeo e 45 de
boro Possui induccedilatildeO remanente de 9 kG campo coercivo Intrinseco de 35 kOe e
produto energeacutetico maacuteximo de 115 MGOe (Keem 1996)
A caracterizaccedilatildeo microestrutural envolveu medidas da perda em massa
microscopia eletrocircnica de varredura microscopia de forccedila atocircmica raios X e
espectros Mossbauer A perda em massa foi utilizada para a melhor avaliaccedilatildeo da
porcentagem de aglomerante presente nas amostras estudadas As Imagens de
MEV e MFA possibilitaram a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo dos componentes dos
iacutematildes aglomerados e principalmente dos aglomerados hlbridos Atraveacutes dos
espectros de ralos X e Mossbauer foi avaliado o grau de orientaccedilatildeo da parcela de
ferrite presente nos Imatildes estudados
48
3211 Perda em massa
As medidas de perda em massa foram realizadas em um Caloriacutemelro
Diferencial de Varredura do IPT (Netzch - STA 409) Este caloriacutemelro possui uma
balanccedila acoplada ao seu sislema de medida de potecircncia de forma que durante
os ciclos teacutermicos podem ser registradas as variaccedilotildees da massa da amostra
A figura 31 traz as medidas realizadas nas amostras de 100 ferrite e
100 MOP-O sob atmosfera de argocircnio Foi determinada uma perda de 11 em
massa para a amostra de ferrite correspondente agrave evaporaccedilatildeo do aglomerante
Esta medida confirmou o valor da fraccedilatildeo volumeacutetrica de aglomerante de 40 em
volume considerando as densidades de 104 gcm3 para Nylon 12 533 gcm3
para BaO6(FeOJ e 750 gcm3 para NdFe14B Amostras com MQP-O
apresentaram um aumento em massa apoacutes a variaccedilatildeo brusca observada a cerca
de 450degC correspondente a oxidaccedilatildeo da fase rica em neodiacutemiacuteo
102
100e
-
98 MQmiddotQ I -ti 96
temte
11 ~ 94
92
90
200 400 600 800 1000
Temperatura (C)
Figura 31 Determiacutenaccedilacirco da perda em massa das amostras 100 ferrite e 100 MQP-Q
49
3112 Microscopia Eletrocircnica de Varredura (MEV)
As imagens obtidas atraveacutes do Miacutecroscotildepio Eletrocircnico de Varredura Leica
Cambridge F440 do Laborat6rio de Caracterizaccedilatildeo Tecnol6gica (EPUSPshy
Departamento de Engenharia de Miacutenas) possibilitaram a visualizaccedilatildeo da estrutura
dos iacutematildes aglomerados e hiacutebridos e tambeacutem das partiacuteculas de ferriacuteta cujas
dimensotildees estatildeo no limite de resoluccedilatildeo de um microscotildepio oacuteptico
Amostras dos iacutematildes aglomerados foram cortadas tanto na direccedilatildeo paralela
agrave orientaccedilatildeo da ferrite como na direccedilatildeo transversal Um recobrimento de ouro foi
necessaacuterio para a formaccedilatildeo das imagens no MEV Na figura 32a estaacute uma
imagem da amostra 100 ferrita cortada com a superficie perpendicular agrave
direccedilatildeo de orientaccedilatildeo Podem ser observadas as particulas de ferrite com cerca
de 1 ~m Na superfiacutecie cortada paralelamente agrave direccedilatildeo de orientaccedilatildeo (figura
32b) a imagem eacute menos nitida devido ao desvio dos eleacutetrons do microsc6pio
causados pela proacutepria amostra ferromagneacutetica No entanto eacute possivel obs
uma camada do material aglomerante derretido durante o corte
Com a adiccedilatildeo de MQP-Q aacute amostra de ferrite forma-se a estrutura da
figura 33 referente agrave amostra com 80 ferrite obtida com baixo aumento O poacute
MQP-Q resulta da moagem de um material produzido por solidificaccedilatildeo raacutepida em
forma de fita que se apresenta como partiacuteculas com granulometria da ordem de
miliacutemetros
A figura 34 mostra uma interface entre uma lasca de fita e os gratildeos
menores de ferrite Nesta figura eacute possiacutevel verificar as diferentes dimensotildees das
partiacuteculas envolvidas nos iacutematildes hiacutebridos Os pedaccedilos de fita satildeo envoltos por um
aglomerado de partiacuteculas de ferrite com dimensotildees de trecircs ordens de grandeza
menores Procuramos obter imagens tambeacutem sobre a superfiacutecie dos pedaccedilos de
fila No entanto natildeo foi posslvel observar nenhuma estrutura
As imagens 33 e 34 foram obtidas apoacutes a uniformizaccedilatildeo da superficie por
lixamento Durante este processo as particulas de ferrite e o aglomerante satildeo
retirados com maior facilidade ressaltando os pedaccedilos de fita A figura 35 traz
uma imagem da amostra 100 MQP-Q sem o lixamento Aqui se observa que os
pedaccedilos de fila estatildeo totalmente envoltos pelo aglomerante
50
a)
b)
Figura 32 Imagens de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra de ferrite nas direccedilOes perpendicular (a) e paralela (b) agrave orientaccedilecirco
Figura 33 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite
51
Figura 34 Imagem de microscopia eletrocircnica de varredura da amostra com 80 de ferrite com maior aumento
Figura 35 Imagem de microscopia de varredura da amostra 100 MQP-Q
52
bullbull
bullbull
3113 Microscoacutepio de Forccedila Atocircmica
A caracterizaccedilatildeo dos iacutematildes aglomerados no MFA foi realizada em modo
tapping que forneceu imagens melhores que o modo por contato Aqui
tambeacutem as amostras foram lixadas antes da medida e posteriormente cortadas
com dimensotildees 5 x 5 x 1 mm Estas dimensotildees satildeo fixadas pela proacutepria
geometria do microscoacutepio O porta mostras consiste em um disco de accedilo
magneacutetico de diacircmetro maacuteximo de 1 em As amostras satildeo fixadas sobre o portashy
amostras com uma fita dupla-face A base de fixaccedilatildeo do conjunto portashy
amostras + amostra eacute magneacutetica sendo o porta amostras fortemente atraido pela
base e assim fixado
A figura 36 mostra uma varredura de 15 x 15 fim de uma interface entre
um pedaccedilo de fita e a matriz de lerrite determinada por esta teacutecnica A barra ao
lado com a indicaccedilatildeo de O a 2 ~m representa uma escala da profundidade em
tons de cinza As regiotildees mais escuras na Imagem satildeo mais profundas agrave medida
que se tornam mais claras mostram a elevaccedilatildeo de cada regiatildeo
20
HanQ~~ Tapping AF SCiln siz 1500 lI(Setpoint 06965 U Soan rate 1001 Ma u~Ler ar 5aMPles 2bullbull
Flgura 36 Imagem de MFA da amostra com 80 de temte apresentando a interface entre uma fita e 0$ graos de ferrite
53
As imagens das figuras 34 e 36 permitem uma comparaccedilatildeo entre as
teacutecnicas MEV e MFA Certamente a imagem de varredura eletrocircnica possui
melhor definiccedilatildeo principalmente nos contornos tanto dos gratildeos de ferrite como
nos contornos da fila A teacutecnica de forccedila atocircmica consiste na varredura fiacutesica de
uma ponta de dimensotildees finitas cuja resoluccedilatildeo depende da uniformidade da
superflcle analisada Por outro lado esla leacutecnica possibilitou a determinaccedilatildeo da
morfologia da superficie das fitas nanocristalinas MQP-O o que estaacute aleacutem do
limite de resoluccedilatildeo da teacutecnica de microscopia eletrocircnica de varredura As imagens
das figuras 37 a b e c mostram a superfiacutecie de uma fita com aumentos
sucessivamenle maiores Satildeo observadas estruturas esfeacutericas com algum
ordena por toda a imagem menta Afim de verificar se tais estruturas resultavam
de algum efeito natildeo real da ponta de prova sobre a amostra foram obtidas
imagens sobre a superficie de diferentes pedaccedilos de fita Todas as superflcies
analisadas mostraram estruturas semelhantes agraves observadas na figura 37a
Outro teste realizado consistiu em obter imagens sobre uma mesma
superfiacutecie das amostras com diferentes acircngulos de varredura Caso existisse
algum efeito de ponta estes efeitos surgiriam de forma constante
independentemente do acircngulo Os efeitos de ponta natildeo foram observados as
imagens determinadas com diferentes orientaccedilotildees mostraram representaccedilotildees
rodadas de acordo com o acircngulo de varredura
Acreditamos que as estruturas esfeacutericas observadas nestas Imagens de
MFA correspondam agrave estrutura nanomeacutemca de gratildeos das fitas MQPmiddotQ i
estruturas esfeacutericas possuem dimensotildees de cerca de 30 - 40 nm de acordo com
o tamanho de gratildeo esperado nos iacutematildes nanocristalinos
54
500
250
011
~shy Tapplll AFII Sc slu 1008 Setpolnt 04lI23 IJ Scan rat 1001 Iz iIIlIoMr r pies =
~
200
100
00
~~ tapplnsr Al11 Slu 5000 Sstpolnt 05177 U _ ate 1001 Iz r Itr sagtltpl ~
M
UIO NO
50
00
~~ Tapplrtll AFII Scan sln 2000 Stpolnt O50Z li Se rh 1001 Ib IIwltIgtoIr or pl
~
Figura 37 Imagem de MFA sobre a superflcie de uma lasca de fita MQP-Q da amostra com 80 ferrite Areas de varredura a) 1 x 111m2 b) 500 x 500 nm 2bull c) 200 x 200 nm 2
55
3114 Raios X
Os difratogramas de raios X foram obtidos em um equipamento Philips
MDP 1880 com radiaccedilatildeo Ka de cobre Foi possivel verificar uma alta anisotropia
da amostra de fimite
A figura 38 traz o difratograma de raios X da amostra 2401 (80 ferme)
detenninado nas direccedilotildees transversal e paralela agrave orientaccedilatildeo da ferrite Observashy
se o aHo grau de orientaccedilatildeo da ferrite na direccedilatildeo [OOl] e apenas traccedilos de
contagens referentes agraves frtas MQP-Q O alio grau de orientaccedilatildeo da ferrile impede
a visualizaccedilatildeo dos picos de MQP-Q mesmo na amostra com 60 deste
componente (figura 39)
80 ferrite 20 MQP-Q
~ IS
~ ~ l-~ ~ ~
I La direccedilatildeo w8 8 ~ de orientaccedilatildeo~ shyj n 8
bullE shy I ~
II Aacute --) o 11 agrave direccedilatildeo
de orientaccedilatildeo ~ -o
- ttJ ~I ~ 8 Jlt _ s li atildei1L
U ~ l~ Jl I 1
I I
20 30 40 50 60 70 80
28
Fiacutegura 36 Djfratogramas de raios X da amostra com 200Q ferrite 80 MQP~Q nas dIreccedilotildees paralela e tansvesa agrave orientaccedilatildeo
A figura 39 contrasta os espectros da amostra com 60 e 100 MQP-Q
O espectro da amostra 100 MQP-Q exibe tambeacutem a presenccedila de ferro na
composiccedilatildeo da liga nanocrislalina
56
~ ~
~ ~ ~
~
40 50 60 70 80
IlmiddotFo 110 + Ndfes
j ~
20 30
IvJ~AgraveV A
40 femte 60 MQPmiddotQ
I
100 MQPmiddotQ
2a
Figura 39 Difratogramas de ralos X das amostras com 40 ferrite (60 MQPmiddotQ) e 100 MQP-Q
3115 Espectroscopia Mossbauer
Os espectros Mossbauer foram obtidos no laboratoacuterio de Espectroscopia
Motildessbauer do lMM-IFUSP coordenado pelo Prof Df Hercilio R Rechenberg A
anaacutelise dos dados foi realizada pelo Dr Joseacute Antonio Coaquira
Foram determinados os espectros dos imatildes 100 ferrite e 100 MQPmiddotQ
(figuras 310 a b e c)
A amostra de ferrite foi analisada em duas direccedilotildees com a radiaccedilatildeo
incidindo paralela e perpendicularmente agrave orientaccedilatildeo magneacutetica (figura 310 a e
b) Observammiddotse as variaccedilotildees de intensidade dos 2deg e 5deg picos em virtude da
orientaccedilatildeo da amostra A anaacutelise da variaccedilatildeo da intensidade desses picos (2 e
5deg) obtidos nas duas direccedilotildees (paralela e perpendicular) nos permitiu avalar o
grau de orientaccedilatildeo das amostras As medidas tanto na direccedilatildeo perpendicular
57
como paralela agrave radiaccedilatildeo nos indicaram uma orientaccedilatildeo dentro de um cone de
cerca de 20
102
100
098
096] 1 094 111 n
-o
o o092
o 090 - a) I to 100 ferrite
orientaccedilatildeo I r ~ 088 o c lt
~
~ -m~ 1middot1~~ ~J 0961 I o 1111 ~ r~ li
o nll o
094
b) 100 ferrite092j orientaccedillioi r
middot10 -5 O 5 10
v (mmls)
101
100
099~ -001 o bull
ttl1L 098
097
096j095
V~ Hi O
094 c)
-10
middot5 O 5
v (mms)
MQPmiddotQI 10
Figura 310 Espectros Motildessbauer das amostras de ferrite e MQP-Q
Uma particularidade das ferrites hexagonais tipo M eacute a grande diferenccedila de
intensidade do subespectro Motildessbauer do siacutetio em bipiracircmide trigonal entre
medidas realizadas com a radiaccedilatildeo em diferentes acircngulos em relaccedilatildeo agrave
orientaccedilatildeo cristalograacutefica Se o eixo c eacute paralelo agrave radiaccedilatildeo incidente este
subespectro eacute bastante fraco e se o eixo c eacute perpendicular agrave radiaccedilatildeo o
subespectro teraacute a intensidade esperada Esta caracteriacutestica estaacute associada a
uma alta anisotropia do fator f - relacionado com a probabilidade do efeito
M6ssbauer acontecer - neste sitio (Rensen Wieringen 1969) A tabela 32 traz os
valores de campo hiperfino e da intensidade relativa determinada nas duas
direccedilotildees Os valores entre parecircntesis correspondem aos erros determinados no
programa de ajustes Nesta tabela seguimos a notaccedilatildeo normalmente adotada na
58
i
literatura normalizando a intensidade dos espectros ao valor 12 do sitio
octaeacutedrico 12k Observa-se a reduccedilatildeo da intensidade do sitio em bipiratildemide
trigonal na direccedilatildeo perpendicular ao eixo c Os valores apresentados na tabela
concordam bem com a literatura (Streever 1969 Thompson Evans 1993)
shy - - -shy - q c hjperfinos d de farrite e MQPmiddotQ Ferrite NdFeB
Sitiacuteo B(kGl intensidade sitio Bh kG Octaeacutednco cfl 416(~i 12 k 298(1)
(121lt) cl 415(1 12 Octaeacutedrico cfl 5deg~iacute1) 45 k 270(1)
(4h) cl 5091) 45 Tetraeacutedrico cfl 49~iacute~) 43 j 333(1)
(4fi) cl 5001) 44 Oclaeacutedrico cfl 510(1) 26 h 291 (1)
(20)
cL 511(1)
Bipiracircmide i cI 404(1 ) 21 c 277(3) trigonal (2b) cL 414(4) 034
e 249(1)_shy
Na anaacutelise do espectro da amostra 100 MOP-O foram considerados 6
sitios geralmente observados para a fase 2141 aleacutem dos paracircmetros para o
amiddotFe Com esta medida foi possiacutevel determinar a porcentagem em massa de
ferro de 35 O erro estimado neste valor eacute da ordem de 5 coincidindo
portanto com o valor a porcentagem de 30 de amiddotFe esperada conforme a
estequiometria da liga MOPmiddotQ Os paracircmetros ajustados estacirco na tabela 32 e
satildeo proacuteximos aos valores observados na literatura (Pinkerton Dunham 1984)
59
312 CARACTERIZACcedilAtildeO MAGN~TICA
As propriedades magneacuteticas dos imatildes aglomerados foram determinadas em
amostras em forma de paraleleplpedos com dimensotildees de cerca de 1 x 1 x 5 mm O
fator desmagnetizante foi determinado aproximando a amostra a um elipsoacuteide com
essaS dimensotildees
As amostras foram cortadas de forma que a direccedilatildeo do campo aplicado fosse
paralela agrave dimensatildeo maior (5 mm) No caso das amostras com feITie a dimensatildeo
maior coincidia tambeacutem com a direccedilatildeo de orientaccedilatildeo
3121 Curvas de histerese
As curvas de histerese dos lmatildes aglomeradas foram determinadas no sistema
bobina supercondutora - MAV entre 42 K a 300 K Foram determinadas tambeacutem
curvas acima da temperatura ambiente ateacute 433 K (150C) utilizando o sistema
eletrolmatilde - MAV Este limite de temperatura eacute fixado pelo cataacutelogo do material
Temperaturas superiores a esta provocaram uma deformaccedilatildeo das amostras durante
as medidas
A figura 311 traz curvas de desmagnetizaccedilatildeo das amostras de ferrite MQP-Q
e 80 ferrite a temperatura ambiente A amostra de ferrite possui uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo de alta quadratura embora com baixo valor de magnetizaccedilatildeo
enquanto que a amostra de MQP-Q possui alta magnetizaccedilatildeo e uma curva de
desmagnetizaccedilatildeo mais suave A mistura desses dois materiais fornece um produto
intermediaacuterio com magnetIzaccedilatildeo e campo coercivo crescentes agrave medida que se
aumenta a proporccedilacirco de MQP-Q Todas as amostras apresentaram curvas de
desmagnetizaccedilatildeo suaves e sem degraus caracteristicas de fases acopladas
60
8
6
4
(3 2 ~ O E -2
Oi
I- -4
-6
-8 I
H (kOe)I Figura 311 Curvas de desmagoeuumlzaccedilacirco das agravemostras 100 fenite 80 fenite e 100 MQPQ
As caracteriacutesticas magneacuteticas das amostras estatildeo na tabela 33 e os valores
concordam com os dados do cataacutelogo A magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo foi determinada
atraveacutes da expressatildeo 31 de aproximaccedilatildeo para altos campos (Cullity 1972) Um
I ajuste linear enlre o campo aplicado Ha e a magnetizaccedilatildeo fomece o valor de M
I M(Ha)M[J- J (31)
j
d
100MQ~ V
80 fanil 20 MQP-Q Y----shy ~~~ --
100 ferrite ~~ bullbull bullbullbull H H u
cl ~---7~ L
-15 -10 -5 o 5
9 ltgt II Cogt
MglM uH (kOe) BHm (MGOe) bull
Amostra i 4iMlkG 336100 ferme I 284 091 161
80 ernte
425 075 376 225 I 45560 ferrite 537 068 274
i
059 290I 40 ferrite 689 388 i 100 MQP-Q 4811047 054 44
o grau de orientaccedilatildeo das amostras pode ser avaliado atraveacutes da razatildeo MRIJf
A amostra de ferrile possui o maior grau de orientaccedilatildeo com uma razatildeo de 091
Valores de MglM entre 08 e 09 satildeo gealmenle encontrados em iacutematildes sinterizados
61
orientados Os valores decrescem agrave medida que diminui a porcentagem de lerrite
atingindo 054 para a amostra de MQP-Q proacuteximo ao valor esperado para um
sistema de partlculas monodominio natildeo interagentes
3122 Ciclos de recuo
Ciclos menores de recuo estatildeo na figura 312 O ciclo de recuo da amostra
100 lerrite (1060) envolve uma pequena aacuterea e possui baixa inclinaccedilatildeo indicando
uma baixa permeabilidade de recuo O acreacutescimo de MQP-Q provoca o aumento da
aacuterea envolvida pelos ciclos menores bem como da inclinaccedilatildeo A amostra 100
MQPQ embora um iacutematilde nanocrisaliacuteno aglomerado conserva a sua propriedade de
alta permeabilidade de recuo
8 ri---------
6
G 4 f~ ~=~-~--~-1~ 3 ~~ bull~
bull (~~ bullbull u_ bull middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot
~ f~ ~ 2 lt-~- --acirc-100 MQP-o - o bull
fobulli~lt -v- 40 femte 60 MOPmiddotQ i lt ---lfO-middot- 60 ferrite 40 MOPmiddotOo
-~o- ~ 6Q ferrite 20 MQP~Q middotmiddotmiddot0middotmiddotmiddot 100ferrite
_21 I I I I t I
-6 -4 -2 O 2 4 H(kOe)
Figura 312 Ciclos menores de recuo dos Imecircs aglomerados
A figura 313 mostra os valores das aacutereas internas aos ciclos menores de
recuo ao longo da curva de desmagnetizaccedilatildeo (segundo e terceiro quadrantes) Os
valores experimentais estatildeo representados pelos pontos quadrados e pelas linhas
62
~ experimental calculado
015i - 100 ferlite
030J j Ii
I 0101 I I
I i 005 1 f ~ I ~ I lo )
000
025 ~J
O20~ (imiddotmiddotmiddot ~
015 I li 010
J 80 ferrite
1 20~ MQ-Q o 2 4 6 e 100246810
05j
08
1 06J ~04
03 04
r-Y~middotmiddot02 ir
02Olj 60 ferrite
oo L ~9~ M~P-Q 00
- -~shy
I
40 ferrite 60MQP-Q
o 2 4 6 a 10 o 2 4 6 8 10
161 Ibullbull
~I 10 ai
-shy
~ i
ordf I 05
100 MQP-Q lt 00 o 2 4 6 B 10
fi (kOe)
Figura 313 Area interna aos ciclos de recuo dos iacutematildes aglomerados
63
cheias O campo interno IacuteJ do inicio do ciclo de recuo estaacute apresentado em moacutedulo
As aacutereas internas apresentam valores crescentes em funccedilatildeo da porcentagem de poacute
MQP-Q variando de 015 MGOe para a amostra de ferrite e 1 MGOe para a amostra
de MQP-Q
As linhas pontilhadas presentes nas figuras 313 b c e d referentes agraves aacutereas
internas dos ciclos menores das amostras hlbridas foram determinadas a partir dos
pontos experimentais das figuras 313a e 313e usando uma meacutedia ponderada em
relaccedilatildeo agraves fraccedilotildees volumeacutetricas de cada fese magneacutetica Existe uma concordacircncia
razoaacutevel entre os dados experimentais e os valores calculados O maior desvio eacute
observado na curva 313c para altos campos
A amostra de ferrite possui uma regiacirco entre 2 e 4 kOe onde as aacutereas dos
ciclos menores apresentam um valor maacuteximo Esta caracteriacutestica pode ser
observada na figura 314a onde estatildeo a curva de histerese e os ciclos de recuo As
maiores aacutereas ocorrem no segundo quadrante enquanto que no terceiro quadrante
os ciclos menores satildeo praticamente reversiacuteveis A figura 314b traz os ciclos
menores para a amostra com 100 MQP-Q Para esta amostra os ciclos menores
apresentam uma abertura constante por toda a curva nos segundo e terceiro
quadrantes A aacuterea interna aos ciclos menores apresenta valores crescentes em
funccedilacirco do campo H (figura 3 13e)
a)
S ~ 1 1-1 ~
b)
4~ f I
-s
H (k0e)
Figura 314 Ciclos de recuo das amostras a) 10QO ferme e b)100 MQP-Q
64
3123 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
A dependecircncia do campo coercivo e da magnetizaccedil~o remanente em relaccedilatildeo
agrave temperatura eacute apresentada nas figuras 315 A presenccedila da fase Nd2FeB nos
pedaccedilos de filas MQP-Q parece influenciar o comportamento do campo coercivo
com a temperatura Para temperaturas abaixo de 200 K o campo coercivo das
amostras diminui e em algumas amostras eacute possivel distingOir dois picos na
susceptibilidade diferencial (figura 316) Estes efeitos estatildeo provavelmente
relacionados com a transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de spins uma caracteriacutestiacuteca da fase
Nd2FeB Este ponto seraacute tratado mais detalhadamente na seccedilatildeo 3222 na
caracterizaccedilatildeo da amostra nanocristalina de NdFessB bull
A magnetizaccedilatildeo remanente de todas as amostras decresce com o aumento da
temperatura Uma dependecircncia bastante acentuada foi verificada na amostra 100deg
MQPmiddotQ indicando uma raacutepida deterioraccedilatildeo de suas propriedades com o aumeo
temperatura
-0- 100 ferrittl ~v- 40 femle 60 MQ-Q -0- 80 ferri~ 2OMQPQ-- 60 ferrite40 MQPQ I
9-bull Jgt 8
7
CS 6 ~ x 51 -I
4~__lt v J 8-~1middot0o_o -00 3 2(7f~- o
2 I o 100 200 300 400
~amp~ 100 MOPmiddotQ
9---------
8middot
7
amp6 ~5 s ~4
3
2
~
~ - v -Atilde
~-i o i~
00 ~middoti-W -Omiddot-D~ o o ~ v--
o -o -deg0 -shyo 0 00 O
-o~o
1LI~--~Ooo 1UU ZUU 300 400
Temperatura (K)
Figura 31 n Campo coercivo e magnetitaCcedilagraveo remanente dos mas aglomerados em funccedilatildeo da temperatura
65
A mistura de MQP-Q em ferrite mostra que existe menor dependecircncia das
propriedades magneacuteticas acima da temperatura ambiente Em particular a amostra
2401 (80 ferrite) consegue manter seu campo coercivo entre 35 e 37 kOe no
intervalo de temperatura entre 250 K e 350 K
A proximidade dos valores de campo coercivo da ferrite e do poacute MQP-Q
origina amostras hibridas com propriedades bastante uniformes apesar de
compostas por materiais com estruturas fiacutesicas e propriedades magneacuteticas bastante
distintas
10
5
G ~o ~
-5
-10
2203 42K
I 1 I 325 kOc 911 kOc
10 - shy
~ -00 shy
)0 10
O 10
H(kOe)
-20 o 20 40 Hi (kOe)
Figura 316 Curva de desmagnetizaccedilatildeo da amostra 100 MQP~Q a 42 K A figura menor mostra a susceptibilidade diferencial
66
32 PRODUCcedilAtildeO CARACTERIZACcedilAtildeO MICROESTRUTURAL E MAGNEacuteTICA DAS
LIGAS PRODUZIDAS POR MELT-SPINNING
321 PREPARACcedilAO DAS LIGAS
Ligas de composiccedilatildeo (NdPr)Fe S ( atocircmica) foram preparadas utilizando
elementos de alto grau de pureza apresentados na tabela 34 Esta composiccedilatildeo daacute
origem a um sistema nanocristalino 2141 + o-Fe com uma relaccedilatildeo de 44 aacutetomos
de ferro para 9 moleacuteculas de 2141
I aoeUit f [Iernem~ UtlllZaoOS oara a oreoaracao oas 1I0af I elemento Grau de ou reza fornecedor bull Nd 999 Alpha Products
Pr 999 Aloha Products Fe 9998 Alpha Products B 98 Cerao
A porcentagem em massa de cada elemento foi determinada com o auxiacutelio de
um programa desenvolvido no laboratoacuterio de forma que as ligas tolalizassem cerca
de 3 g Os elementos foram fundidos no forno de arco voltaacuteico sob atmosfera de
argocircnio O erro admitido tanto na pesagem dos elementos como no produto final da
fusatildeo foi de 02 do peso da amostra
322 NdFeasB6
As ligas preparadas no forno de arco foram processadas na forma de fitas
com o melt-spinner do lMM-IFUSP
Foram realizadas diversas tentativas de produccedilatildeo de fiacutelas variando os
paratildemetros de fabricaccedilatildeo A microestrutura do produto final do processo de meltshy
spinning depende da taxa de resfriamento que por sua vez eacute determinada pela
combinaccedilatildeo da velocidade da roda da temperatura e pressatildeo de ejeccedilatildeo aleacutem da
afinidade entre a roda e a liga a ser preparada Procuraacutevamos uma microestrutura
amorfa que poderia ser obtida a taxas de esfriamento suficientemente altas No
67
entanto agrave eacutepoca de produccedilatildeo dessas fitas a velocidade maacutexima da roda do meltshy
spinner era de 22 mls o que limitava a produccedilatildeo das amostras Atualmente o
equipamento opera em velocidades de ateacute 42 ms
Amostras de NdFe B foram processadas no meH-spinner sob atmosfera
de He utilizando os paracircmetros listados abaixo
Temperatura de ejeccedilatildeo 1400 - 1500C
Pressatildeo de ejeccedilatildeo 50 mmHg
Velocidade da roda 19 - 22 mls
Resultaram do processo lascas de fita que possuiam comprimento maacuteximo de
alguns cenUmetros As amoslras foram inicialmente avaliadas atraveacutes da sua curva
de histerese (obtida no sistema MAV-eletrolmatilde) considerando os valores de campo
coercivo magnetizaccedilatildeo remanente e o proacuteprio formato da curva Para uma boa
definiccedilatildeo do sinal caplado pelo MAV trecircs pedaccedilos de fita de 9 mm de comprimento
foram sobrepostos da forma qua totalizassem entre 2 e 6 mg
Durante a produccedilatildeo das fitas de NdFeasB foi possival observar que
ocorriam grandes variaccedilotildees nas propriedades magneacuteticas dos materiais melt-spun
em funccedilatildeo de pequenas variaccedilotildees dos paracircmetros de confecccedilatildeo As figuras 317 a e
b mostram um exemplo as fitas foram produzidas com maacutexima velocidade da roda e
agrave temperatura de 1500middotC com uma pequena variaccedililo na pressatildeo de ejeccedilatildeo Uma
das amostras foi produzida diretamente jaacute cristalizada com as propriedades tiacutepicas
de um imatilde nanocristalino semelhantes agraves determinadas pelo grupo de Davies e
colaboradores (uH = 52 kOe MtlM = 074 - Liu et ai 1994a) com campo coercivo
de 508 kOe e MtlM = 076 para um campo maacuteximo de 20 kOe (figura 317a) Otrtra
amostra apresentou uma curva de histerese caracteriacutestica de um material
dasacoplado com campo coarcivo muito baixo indicando uma amostra parcialmente
amorfa (figura 317bl Pressotildees de ejeccedilatildeo mais altas resultavam em um material
praticamente em poacute enquanto que pressotildees mais baixas resultavam em um material
dasacoplado e totalmente cristalizado Estas dificuldades experimentais foram
anteriormente citadas por Croat (1994) onde menciona-se que a taxa de
68
resfriamento para a produccedilatildeo de fitas com a microestrutura adequada estaacute definida
em um intervalo de velocidades muito pequeno
NdJB semTtra_ta_m_e_n_to____20
15 ) 1 b) ~- 10
~5 ~ O gt
) -5 -10
-15
-20 -15 -10 -5 o 5 10 15 -15 -10 -5 o 5 10 15
H(kOe)
Figura 317 Curvas de desmagnetiacutezaccedilatildeo de amostras de NdFees8$
Estudamos o efeito de tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente
cristalizada a partir de onde verificamos que era possiacutevel obter um material com
caracteriacutesticas tipicas de um nanocristalino bem acoplado composto de Nd2Fe4B +
a-Fe
3221 Tratamentos teacutermicos na amostra parcialmente cristalizada
Com um analisador teacutermico diferencial (Netzsch Geratildetebau GmbH modelo
4048) obtivemos curvas de aquecimento da amostra NdFssB Cerca de 90 mg de
material cortado em pequenos pedaccedilos foi utilizado A figura 318 traz a medida
realizada Observou-se somente um pico exoteacutermico a 58SC
69
I 20- a) IN4eB1
gt o
fshy lt 10
bullli)
o
fjc ~
~ II ltbull
10 (Cmm
-30 I 1
o 200 400 600 goo 1000 1200 1400
Temperatura (C)
Figura 318 Curva de aquec1mento da liga Nd~FeasBamp
Caracterizamos esta amostra tambeacutem em um calorimetro diferencial de
varredura (Perkin Elmer - DSC7) no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid
(figura 319) Esta medida foi realizada sob uma variaccedilatildeo de temperatura de 20min
e nos forneceu dois picos de cristalizaccedilatildeo sendo o primeiro coincidente com o valor
encontrado na anatildelise teacutermica diferencial a 58SC A temperatura dos dois picos
(Tj 586C e T = 643degC) estaacute de acordo com os valores de temperatura de
cristalizaccedilatildeo normalmente observados para a fase 2141 (Claveguera-Mora et ai
(1991raquo Com esta medida foi possivel tambeacutem determinar a temperatura de Curie
da amostra a 311degC O valor da literatura para a fase NdFeB eacute de 320C
Com base nestas informaccedilotildees determinamos um intervalo de temperaturas
entre 580 e 800 C para a realizaccedilatildeo dos tratamentos teacutermicos Os recozimentos
foram realizados em um forno Lindberg que estaacute acoplado a um sistema de vaacutecuo e
de troca de gases (figura 320) As amostras foram encapsuladas em um tubo de
quartzo e mantidas sob vatildecuo durante todo o tratamento Aleacutem do controlador de
temperatura do forno a temperatura das amostras pode ser monitorada atraves de
um termopar que percorre o tubo de quartzo localizando-se muito proacuteximo ao
material em tratamento O forno estaacute posicionado sobre tril~os podendo portanto
70
ser deslocado em relaccedilatildeo agrave amostra a qualquer momento O resfriamento da
amostra eacute relativamente ragravepido Para a maior temperatura de tratamento (BOOmiddotC)
apoacutes dois minutos a amostra jaacute atingira 150middotC
~
lU l ~
m otilde c
ltlJ)-o o
bull ~
--aquecimento T =3JtC o feacuteSfriamanto
~~~gt T 58dC
I
l1 Mfc~ ~ l
~
~ I
100 200 300 400 500 600 700 800 Temperatura (oe)
Figura 319 Curvas de aquecimento e resfriamento da amostra parcialmente cristalizada no DSC
termopar amostra fomo
ltE- ----7
I I
----~
sistema d~ CUO II II
Figura 320 Esquema do fomo de tratamento
Os tratamentos teacutermicos foram realizados inicialmente variando a
temperatura mantendo o tempo de tratamento em 30 minutos Determinada uma
temperatura com as melhores propriedades magneacuteticas foram realizados
recozimentos variando o tempo
71
As figuras 321a e b trazem os resultados de campo coercivo e da razatildeo
MlliM em funccedilatildeo da temperatura e do tempo de tratamento respectivamente Estes
dados foram determinados no sistama eletroiacutematilde - MAV sob campo maacuteximo aplicado
de 20 kOe A evoluccedilatildeo do campo coercivo com a temperatura mostra um maacuteximo a
660middotC correspondente lambeacutem a um alio valor de MlliM de 073 A razatildeo MlliM
atinge um patamar entre 610 e 660middotC decrescendo rapidamente para tamperaturas
superiores Fixando a temperatura em 660middotC variamos o tempo de tratamento entre
10 e 60 minutos Observamos que as melhores propriedades do material eram
atingidas em um recozimento a 660middotC40min
47 45i ]85
451 bullbull 080 074
bull bullbull-0751 40] bull
45
o _0 t ~ bull middot ~ oo~ ~ 44jt bull j ~
t( bull jO70 l 43 ~ 072)( 35 o o
o 42 o
1 bull~055 41-1 110304 bull
060 401 bull ~ 1070 550 600 650 700 750 800 10 20 30 40 50 60
Temperatura te) Tempo (minutos)
Figura 321 Campo coercivo e AfM em funccedilatildeo da temperatura de tratamento
A evoluccedilatildeo das curvas de histerese em funccedilatildeo da temperatura estaacute na figura
322 Partindo de um material desacoplado aacute medida que a temperatura aumenta a
curva de histerese toma-se mais uniforme no segundo quadrante ateacute ser atingido
um maacuteximo de campo coercivo a 660middotC A partir desse ponto o campo coercivo
diminui O valor maacuteximo de uH = 46 kOe eacute menor que Q valor determinado por Liu
el ai (1994) de 52 kOe Postenormente caracterizamos esta amostra no sistema
bobina supercondutora - MA V e verificamos que com campos acima de 50 kOe satildeo
obtidos valores comparaacuteveis ao da literatura
72
t
I 15 660C __~__________w
~--~~------
6900C F _~w 010 i
I 79SC I
J5 ~~ I ~ I I ~ j
i lt~
I
j i e
bull
O
~~ -5~
1 I sem tratamento
-10 - lmiddot ~-- - bullshy
-15 ~--iacute--- -10 -5 O 5 10
H (kOe)
Fiacutegura 322 CurvaacuteS de hlslerese para diferentes temperaturas de tratamento teacutermico
Uma correlaccedilatildeo entre microestrutura e propriedades magneacuteticas pode ser
realizada atraveacutes de imagens das amostras tratadas a diferentes temperaturas
obtidas por microscopia de forccedila atocircmica (figuras 323 a b c d e) A amostra sem
tratamento apresenta uma imagem difusa com gratildeos muito pequenos Procuramos
obter outras imagens desta amostra com aumentos maiores a fim de atingir uma
melhor definiccedilatildeo No entanto todas as regiotildees observadas e aumentos maiores natildeo
apresentaram imagens mais nitidas Sua curva de hiserese indica uma cristalizaccedilatildeo
parcial agrave qual atribuiacutemos a estrutura difusa observada pela microscopia de forccedila
atocircmica O tratamento teacutermico realizado a 580middotC uma temperatura inferior agrave de
otimizaccedilatildeO das propriedades magneacuteticas levou agrave coalesceacutencia dos gratildeos em uma
estrutura com cerca de 50 nm com a mesma caracteriacutestica difusa da amostra sem
tratamento A curva de histerese jagrave natildeo apresenta degraus no entanto o campo
coercivo e a remanecircncia satildeo baixos (uH ~ 190 kOe e MIIM ~ 059) Segundo a
literatura (Manaf el ai 1991) os iacutematildes nanacristalinos adquirem suas melhores
i propriedades com tamanhos de gratildeo menores que 40 nm Tamanhos de gratildeo entre
10 e 30 nm permitem a accedilatildeo da interaccedilatildeo de troca em todo o sistema resultando em
um material bem acoplado
73
middot1
I
Sem tratamento 580C3Qmin
660C40min 690C130min
79SC30min
Figura 323 Imagens de MFA da amostra NdFeSB em diferentes recozimentos
74
o tratamento que resultou em amostras com as melhores propriedades
magneacuteticas (660C40min) forneceu uma microestrutura de gratildeos bastante refinada
com gratildeos menores que da amostra tratada a temperatura mais baixa Existe uma
clara diferenccedila em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra sem tratamento tambeacutem com gratildeos
pequenos Aumentos maiores na amostra 660C40min revelaram gratildeos da ordem
de 10 a 20 nm Nesta figura observa-se tambeacutem a formaccedilatildeo de aglomerados de
parti cuias A amostra tratada a 690C possui gratildeos da ordem de 50 nm com
contornos muito melhor definidos em relaccedilatildeo agrave imagem da amostra recozida a
580C No entanto sua curva de histerese jaacute apresenta uma deterioraccedilatildeo das
propriedades Apoacutes o tratamento a 795C a amostra possui gratildeos grandes da
ordem de 100 nm A interaccedilatildeo de troca de curto alcance jaacute natildeo atinge todo o gratildeo
estando restrita agrave regiatildeo intergranular A curva de histerese passa a apresentar
degraus caracterizando um material desacoplado
A figura 324 traz difratogramas de raios X da amostra sem recozimento e
apoacutes o tratamento a 660C40min Na amostra sem tratamento estatildeo presentes os
picos das fases Nd2Fe4B e a-Fe indicando a cristalizaccedilatildeo parcial das amostras O
acircngulo de 42 corresponde agrave reflexatildeo de 100 da fase Nd2Fe4B No difratograma
da amostra sem tratamento o pico neste acircngulo apresenta uma intensidade muito
superior agrave esperada se comparada agraves demais reflexotildees desta fase Esta intensidade
excessiva pode ser atribuiacuteda tanto a uma orientaccedilatildeo preferencial dos cristais de
Nd2Fe4B quanto agrave presenccedila de fases metaestaacuteveis A fim de verificar a presenccedila
de fases metaestaacuteveis realizamos medidas no analisador teacutermico diferencial que
poderia detectar transiccedilotildees de fases magneacuteticas
A figura 325 mostra a susceptibilidade relativa em funccedilatildeo da temperatura da
amostra sem tratamento durante o aquecimento e o resfriamento A presenccedila da
fase Nd2FeB foi detectada atraveacutes de sua transiccedilatildeo ferro-paramagneacutetica a 380C
(Withanawasam el ai 1996) Os picos a 29 = 29 61 observados no difratograma de
raios X da amostra natildeo tratada poderiam estar associados tambeacutem a esta fase
considerando alguma orientaccedilatildeo preferencial Na figura 325 estatildeo presentes
tambeacutem as transiccedilotildees das fases Nd2Fe4B e a-Fe a cerca de 307C e 775C
respectivamente
75
ti ~ l ilshy~ ~
If
lU i If ($
sem tratamenr 1 shy
660 CJ40 mino L +shy ~
20 40 60 80
2B(graus)
Figura 324 Difratogramas de raios X da amostra NdsFeesB$ antes e apoacutes o recozimento a 550C40 min
~
11l
2s ~ gt
l 7l ~ ~ 6 5 gt Q
Il 5
iil
ltXl_ mft ~ ~ ~ ~ 11- (Vi tito) u I z r 1I
Z i 1~__ li
i~ Hmiddot li
h---~ ~
middot middot
200 400 600 800
Temperatura (C)
Figura 325 Anaacutelise termomagneacutetica da amostra Nds-FesseBs sob aquecimento e resfriamento
76
3222 Propriedades Magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
Uma caracterlstica interessante a ser observada nos lmatildes nanocnstalinos eacute a
dependecircncia de suas propriedades magneacuteticas com a temperatura Suas
caracteriacutesticas satildeo fortemente dependentes da interaccedilatildeo de troca A distacircncia de
troca (I) eacute uma medida do alcance da interaccedilatildeo de troca frente agrave energia de
anisotropia (expressatildeo 32)
(32) 1 cc IA u Vi(
onde A eacute a constante de troca e K eacute a constante de anisotropia
A constante de anisotropia apresenta uma forte dependecircncia com a
temperatura geralmente aumentando de valor agrave medida que a temperatura diminui
Este comportamento resulta em distacircncias de troca menores a baixas temperaturas
A menor eficaacutecia da interaccedilatildeo de troca deve resultar em um desacoplamento entre
as fases magneacuteticas que compotildeem o iacutematilde nanocristalino o qual passa a apresentar
curvas de histerese com diferentes concavidades no segundo e terceiro quadrantes
O efeito da temperatura na amostra NdFe bullbullB recozida a 660CI40min foi
estudado atraveacutes de curvas de histerese determinadas no sistema bobina
supercondutora - MAV com um campo aplicado maacuteximo de 70 kOe O maior valor
do campo aplicado forneceu valores de campo coercivo de 52 kOe e Mi1 = 071 a
300 K os quais concordam com os valores da literatura (Liu el ai 1994)
A figura 326 mostra curvas da susceptibilidade diferencial determinada
atraveacutes das curvas de desmagnetizaccedilatildeo para temperaturas entre 300 K e 42 K A
300 K a curva de susceptibilidade apresenta somente um pico bem definido
indicando um bom acoplamento entre as fases Amedida que a temperatura diminui
a campo coercivo da amostra aumenta e o maacuteximo de susceptibilidade desloca-se
para valores mais intensos de campo A partir de 200K forma-se um novo maximo
de susceptibilidade a baixos campo indicando um desacoplamento entre as fases O
pico de maior intensidade desloca-se em direccedilatildeo a campos menores e entre 150 K
e 100 K ocorre uma inversatildeo das intensidades entre os maacuteximos a altos (- 10 kOe)
77
e baixos campos (- 4 kOe) A partir de entatildeo o maacuteximo a campos altos tem sua
intensidade cada vez mais reduzida
4JtM(kG)
ti ~
~ ~ 1j
O 5
7
42
300~
middot30 -20 -10 o 10 H (kDe)
-20 -15 -10 -5
~(kOe)
~ 5OK
200K 175 K 150 K-100 K
50K
42K
Figura 326 Susceptibilidade diferencial da amostra NdgFessBe para diferentes temperaturas
No caso dos imatildes nanocristalinos de NdFeB o efeito do desacoplamento
entre as fases natildeo eacute muito claro pois eacute mascarado pela transiccedilatildeo de reorientaccedilatildeo de
spins que ocorre a cerca de 135 K e que possui o mesmo efeito de um sistema de
fases desacopladas na curva de histerese A figura 327 traz curvas de histerese e
da susceptibilidade diferencial de um imatilde comercial cuja fase principal eacute NdFe14B
(MQ2) em duas temperaturas a 300 K e 100 K mostrando o efeito da transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins
As curvas de histerese da liga NdFeB a baixas temperaturas devem
resultar portanto de um efeito combinado do desacoplamento entre as fases e a
transiccedilatildeo reorientaccedilatildeo de spins
78
I
Imiddot 200 I-~~----~--~-r-~--~
~ 100
li O
~ l r -100 1~ middotmiddot A~~ bull
MQ2 ~ -200
daldH bullbull _bull _ bullbullbullbullbull L_~ -80 -60 -40 -20 o 20 40 60 80
Ha (kOe)
Figura 327 Curvas de desmagnetizaccedilatildeo de uma amostra MQ2 a 300 K e 100 K
323 PrFe59
o interesse no estudo de ligas de praseodimio partiu da semelhanccedila de suas
propriedades estruturais e magneacuteticas em relaccedilatildeo aos anaacutelogos agrave base de neodiacutemio
com a vantagem das ligas de praseodiacutemio natildeo apresentarem a transiccedilatildeo de
reorientaccedilatildeo de spins a 135 K Dessa forma teriamos melhores informaccedilotildees sobre o
comportamento em funccedilatildeo da temperatura das fases (214 1 + a-Fel presentes no
sistema em estudo
Todas as amostras de praseodiacutemio foram produzidas totalmente cristalizadas
Observamos que uma das amostras apresentava uma curva de histerese bastante
regular no segundo quadrante exceto por uma pequena quantidade de (X-Fe
desacoplado (figura 328) com propriedades magneacuteticas de MtlM 076 e campo
coercivo de 633 kOe Escolhemos esta amostra de praseodimio para dar
continuidade ao estudo dos sistemas nanocristalinos
79
15
10
eacuteS 5 ~ ~ OI gt-5
-10
-15
PriFeesBs sem tratamento
r i
~I~__~~~~__~~ -20 -10 O 10 20
~(kOe)
Figura 328 Curva de histerese da amostra PrgFessBs
3231 Propriedades magneacuteticas em funccedilatildeo da temperatura
CUlvas de histerese foram determinadas para a amostra PrFessB em
temperaturas variando de 42 K a 300 K Neste caso a variaccedilatildeo do grau de
acoplamento foi claramente observada (figura 329) Este comportamento reflete o
menor alcance da interaccedilatildeo de troca a baixas temperaturas em razatildeo do aumento
da constante de anisotropia de acordo com a equaccedilatildeo 32
15shy M~alt2KK 10 f 20)K
eacuteS 5 11KJ1 I1 ~ -shy
I fI of----c--i----middotmiddotmiddot I
j
I
~ ~ -5
-10~ iI---j I j o)
JJ )) --=--1 prleuroesBe
1SL -40 -20 o 20 40
Hi(kOe)
Figura 329 Curvas de Ilisterese da amostra PrsFeesB$ em diferentes temperaturas
80
18
Sfgt113N6VJAJ S30)1nI31NI 17 shy
Em um sistema de particulas magneacuteticas podem ocorrer interaccedilocirces que
favorecem a magnetizaccedilatildeo ou a desmagnetizaccedilatildeo do material As interaccedilotildees
magnetizantes estatildeo relacionadas a movimentos coletivos onde as particulas
invertem a direccedilatildeo de sua magnetizaccedilatildeo de forma conjunta ao inveacutes de
individualmente Certamente as interaccedilotildees magneacuteticas de sistemas reais siiacuteo
bastante complexas e de difiacutecil tratamento Dependem da microestrutura fiacutesica e
magneacutetica local em cada ponto do matenal No entanto algumas informaccedilotildees
] interessantes podem ser obtidas atraveacutes da comparaccedilatildeo de algumas
propriedades em relaccedilatildeo a um sistema ideal de particulas monodomnio uniaxiais
e natildeo-interagentes
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas se fazem geralmente atraveacutes da
comparaccedilatildeo de dois valores de remanecircncia a remanecircncia isoteacutermica (M(HJ) e a
remanecircncia desmagnetizante (M(HJ) onde Hi eacute o campo interno dado pela
expressatildeo (21)
As remanecircncias M(HJ e M(HJ silo determinadas ccnforme ilustra a figura
41 A determinaccedilatildeo da remanecircncia desmagnetizanle parte do estado saturado
onde o material eacute submetido a um campo suficientemente atto no senlido positivo
na figura 41 Este campo eacute levado a zero e um pequeno campo (-H) na direccedilao
oposta (negativo) eacute aplicado e removido O valor da magnetizaccedilatildeo resultante
deste ciclo corresponde a MIHJ Aplicando-se sucessivamente valores maiores
de campo (Hd) ateacute a saturaccedilao na direccedilatildeo oposta eacute determinada uma curva da
remanecircncia desmagnetizante em funccedilatildeo do campo Ht_ A remanecircncia isoteacutermica i parte de um estado desmagnetizado Um pequeno campo (Hi) eacute aplicada ao
material e removido A magnetizaccedilatildeo resultante deste ciclo corresponde aacute
remanecircncia isoteacutermica Uma curva completa da remanecircncia isoteacutermica eacute
determinada aplicando-se campos sucessivamente crescentes
A figura 42 traz curvas tiacutepicas de M(HJ e MHJ obtidas para a amostra
hibrida com 40 de ferrite A curva de M(HJ foi determinada apoacutes uma
desmagnetizaccedilatildeo ac
amp2
bullbull
I
AIV1 bull 1 Igt
gt r
I I Mil ~
-lt I f bull
oi I
H H
Figura 41 Remanecircncia desmagnetizante e remanecircncia isoteacutermica
~Otl_O-O---O~ c ~(H)4~-
2 J bull
ol~
~
middot2 MH)
~---4 40 ferrite ------shybull I
o 5 10 15 20 H (kOe)
Figura 42Curvas da remanecircncia desmagnetizante e da remanecircncla isotecircrmica em funccedilatildeo do campo Acurva M(HJ foj determinada apoacutes uma desmagnetizaccedilatildeo ac e a curva MlHJ foi
espelhada para campos POSitiVOS
A anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas atraveacutes das remanecircncias
desmagnetizantes e isoteacutermicas parte do trabalho de Wohlfarth (1958) onde eacute
I proposta uma relaccedilatildeo entre M(HJ e Md(HJ para um sistema de partiacuteculas
I 83
I
I
monodominio uniaxiais e natildeo-interagentes Em um sistema com essas
caracteristicas a magnetizaccedilatildeo remanente (M) apoacutes a saturaccedilatildeo corresponde
agraves particulas orientadas segundo seu eixo de faacutecil magnetizaccedilatildeo no sentido mais
proacuteximo ao sentido do campo de saturaccedilatildeo (positivo) (figura 41) Um campo (H)
em sentido oposto ao de saturaccedilatildeo (negativo) provoca a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo das partiacuteculas com menor campo coercivo resultando em uma
remanecircncia desmagnetizante
Md(H) = M R -2AM (41)
onde 4M eacute a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo devido agrave inversatildeo das particulas com
campo coercivo menor que H
Um estado desmagnetizado (teacutermico ou sob corrente altemada ac)
corresponde a partiacuteculas orientadas alealoriamente segundo seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo de forma a resultar em uma magnetizaccedilatildeo total igual a zero (figura
41) Ao submeter o sistema a um campo magneacutetico novamente as particulas
com campo coercivo menor que H invertem a magnetizaccedilatildeo A remanecircncia
isoteacutermica resultante eacute dada pela expressatildeo (42)M(H) = Iili
Em um sistema de particulas natildeo-interagentes considera-se que a
variaccedilatildeo na magnetizaccedilatildeo 4M eacute a mesma tanto para determinar M(HJ e Md(HJ
uma vez que envolvem a mesma distribuiccedilatildeo de particulas com campo coercivo
menor que H A relaccedilatildeo de Wohlfarth resulta dessa igualdade e eacute dada pela
expressatildeo abaixo
(43)Md(H = M-2MJH
Considera-se que os desvios em relaccedilatildeo aacute expressatildeo acima observados
em materiais reais decorrem das interaccedilotildees magnetizantes ou desmagnetizantes
entre as partiacuteculas Gaunt at ai (1986) sugerem que a expressatildeo 43 tambeacutem eacute
vaacutelida para sistemas uniaxiais multiacutedomiacutenios onde as paredes de domiacutenio
interagem com a mesma distribuiccedilatildeo de sitios de aprisionamento durante os
processos de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo
ll4
Existem diferentes meacutetodos de anaacutelise do grau de desvio de M(HJ e M(fIJ
em relaccedilatildeo agrave expressatildeo de Wohlfarth que levam em geral a resultados
semelhantes No entanto cada meacutetodo ressalta aspectos diferentes das
interaccedilotildees magneacuteticas Utilizamos os graacuteficos de Henkel graacuteficos oacuteM e a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo Os resultados de cada meacutetodo e mesmo a
expressatildeo de WohHarth pressupotildeem geralmente um estado desmagnetizado
teacutermico ou sob corrente a~ernada (desmagnetizaccedilatildeo ac) para determinar a
remanecircncia isoteacutermica M(HJ Outras formas de desmagnetizaccedilatildeo sao possiacuteveis e
levam a resultados bastante diferentes A figura 43 traz um exemplo mostrando
as curvas M(HJ da amostra PrFe5B6 obtidas apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo ac dc e
dcmiddot Na desmagnetizaccedilatildeo dc o material previamente saturado no sentido
positivo foi submetido a um campo no sentido negativo com intensidade
suficiente para que ao se reduzir este campo a zero a magnetizaccedilatildeo resultante
no material seja zero Na desmagnetizaccedilatildeo dcmiddot o material eacute saturado no sentido
negativo e o campo desmagnetiacutezante eacute aplicado no sentido posnivo
12Tl-------------------------- Prle8SBs bull ___e--e-10 150 K --Iacute~~~ 8~ dc ~ 6shy
ac ( ~ 4 I j
f IdO 2 o-o~ C
n-oshyol-Acirc- IO -+~10 15 20 25 30
Hi (kOe)
Figura 43 Curvas MiacuteJ apoacutes a desmagnetizaccedilatildeo de demiddot e BC
Os resultados do estudo das interaccedilotildees magneacuteticas satildeo apresentados
procurando ressaltar primeiro as diferenccedilas entre a amostra NdFeasB6 e a
amostra MQP-Q aglomerada Seguem-se os resultados dos demais imatildes
aglomerados
g
10 ~
41 GRAacuteFICOS DE HENKEL (HENKEL PLOTSI (Henkel 1964)
Os graacuteficos de Henkel tecircm como eixos cartesianos Md(HJ em funccedilllo de
M(HJ Uma representaccedilatildeo normalmente adotada consiste em normalizar os
valores M(HJ e M(HJ em relaccedilatildeo agrave remanecircncia MR determinada apoacutes a
saturaccedilllo do malerial
De acordo com a expressatildeo 43 no caso de um sistema de particulas natildeoshy
interagentes o graacutefico de Henkel corresponde a uma reta de coeficiente angular
igual a 2 denominada linha de Wohlfarlh
A figura 44 mostra os graacuteficos de Henkel das amostra NdFeasB e MQP-Q
aglomerada Pontos localizados acima da linha de Wohlfarlh indicam a
predominacircncia de interaccedilotildees magnetizantes (MHJ gt MR - 2 MHJ) e pontos
abaixo desta linha indicam interaccedilotildees desmagnetizantes (M(HJ lt M - 2 M(HJ)
10 NdSFeamp5B6
-~M y MQP-Q aglomerada 05-1
~ j Y
q~ OOj
[J Iz ~o o~1-05 o
tr~middot0-
-10 00 02 04 06 08 10
MHFMR
Figura 44 Graacuteficos de Henkel da amostra nanocrlstal1na euroi da amostra aglomerada de MQP-Q
Em sistemas nanocristalinos como da amostra NdFeB acredita-se que
existe uma forte interaccedilatildeo de troca entre uma fase de alta penmeabilidade e uma
fase magneticamente dura Num sistema idealizado onde estaacute presente somente
86
a interaccedilatildeo de troca natildeo haacute histerese e natildeo seria possivel se definir os valores
das remanecircncias desmagnetizanles e isoteacutermicas Se considerarmos a existecircncia
de contornos de gratildeo e outros defeitos o sistema passaria a apresentar histerese
No caso de uma fraca anisotropia unaxial seria possiacutevel atribuiacuter as remanecircncias
isoteacutermicas aos mesmos defeitos (sitios de aprisionamento) que originariam uma
remanecircncia desmagnetizante Este sistema seria semelhante ao apontado por
Gaunt st ai onde a expressatildeo 43 (determinada para um sistema de partiacuteculas
natildeo-interagentes) seria vaacutelida Davies (1996) aponta a possibilidade de uma
reduccedilatildeo significativa da snisotropia nos iacutematildes nanocristalinos de forma
semelhante ao observado em ligas nanocristalinas de alta permeabilidade
A amostra nanocristaliacutena de NdFeB apresenta um comportamento
muito proacuteximo agrave linha de Wohlfarth ateacute cerca de M(HJIMR = 04 Apoacutes este ponto
passam a predominar os efeitos desmagnetizantes Certamente em sistemas
reais a aproximaccedilatildeo a um estado saturado ocorre sob fortes interaccedilotildees
desmagnelizantes Graacuteficos de Henkel semelhantes foram obtidos por Liacuteu et aI
(1994a) em outros sistemas nanocristalinos (Comejo 1996 e Murakami 1999) e
tambeacutem na amostra de praseodimio desta tese
Uma variaccedilatildeo significativa eacute observada com a adiccedilatildeo do aglomeraote que
leva agrave supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes resultando na curva lotalmente
abaixo da linha de Wohlfarth para a amostra MQP-Q aglomerada Em cada
pedaccedilo de fita espera-se a predominacircncia da interaccedilatildeo de Iroca No entanto
cada lasca estaacute sujeaa ao campo dipolar originado por lodas as demais
particulas Nesta amostra a somatoacuteria das interaccedilotildees entre as parti cuias leva agrave
predominacircncia de efeitos desmagnetizantes
O graacutefico de Henkel da amostra aglomerada de ferlite apresenta uma
predominacircncia de efeitos magnetizantes (figura 45) Este efeito tem sido
observado usualmente em sistemas com alguma orientaccedilatildeo preferencial como o
sistema SmCos (Comejo 1998) Esta anisotropia leva a efeitos coletivos de
inversatildeo da magnetizaccedilaacuteo refletindo a predominacircncia de efeitos magnetizantes
A figura 45 traz tambeacutem o graacutefico de Henkel de uma amostra de ferrite
sinterizada isotroacutepica (dados obtdos por R-K Murakami) Uma predominacircncia de
efeitos magnetizantes muito superior agrave determinada para a amostra anisotroacutepica
aglomerada eacute observada Acreditamos que a predominacircnCia de efeilos
magnetizantes seja consequumlecircncia da caracteriacutestica inerente das partiacuteculas de
lerrite de se aglomerarem com uma orientaccedilatildeo preferencial conforme observado
na seccedilatildeo 112
05 J
OOT------~-_t------1
-05 omiddotmiddotmiddot ferrite aglomerada anisotr6pica -shy ferrite sinterizada isotr6pica
08 10
Figura 45 GraacutefICos de HenkeJ de uma amostra de ferrite aglomerada aniacutesotr6pica e de uma ferrlte sinterizada isotr6pica
A adiccedilatildeo de MQP-Q na ferrite leva agrave reduccedilatildeo dos efeitos magnetizantes
como se observa na figura 46 onde satildeo apresentados os graacuteficos de Henkel das
amostras hiacutebridas Estatildeo presentes interaccedilotildees magnetizantes a baixos valores de
campo e interaccedilotildees desmagnetizantes a campos mais altos A medida que a
porcentagem de poacute isotroacutepico de MQP-Q aumenta as interaccedilotildees magnetizantes
tornam-se menos significativas e no caso limite de 100 MQP-Q estatildeo
presentes somente as interaccedilotildees desmagnetiZagraventes
88
10 middotmiddot0middotmiddot 80 remte 20 MQP-Q 60 femle 40 MQP-Q 40 rerrite 60 MQP-Q05
S S v
iS v o - ~~lt -05 - v
-10+-1on~07~--r~--r-~~~ 02 04 06 08 10 MH)M(ro)
Figura 46 Graacutefico de Henkel das amostras hfbndas
332 GRAacuteFICOS 8M (Kelly aI aI 1989 Mayo aI ai 1991)
Os graacuteficos 8M trazem informaccedilocirces semelhantes aos graacuteficos de Henkel
procurando ressaltar os desvios de M(flJ e lgtfHJ em relaccedilatildeo agrave linha de
Wohlfarth em funccedilatildeo do campo H
(44)oMH)~ MdH) _J+2 MJH) MR MR
Para um sistema de partlculas natildeo-interagentes 8M corresponde a uma
linha passando por zero
A figura 47 mostra o graacutefico 5M da amostra de MQP-Q juntamente com a
curva determinada para a amostra NdFe Bbull Conforme jaacute observado com o
graacutefico de Henkel a amostra 100 MQP-Q apresenta somente efeitos
desmagnetizantes As interaccedilotildees magnetizantes na amostra nanocristalina
concentram-se em campos menores que 5 kOe um valor proacuteximo ao campo
89
laquo
coercivo da amostra A partir deste ponto predominam as interaccedilotildees
desmagnetizantes que possuem intensidade um pouco superior aacute da amoslra
MOP-O aglomerada ocorrendo em campos de 7 kOe Aqui novamente pode-se
observar a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizantes com a separaccedilatildeo das
parti cuias MOP-O pelo aglomerante
01
00
~ -01 S
-02
-03
2 4 6 8 10 ~(kOe)
~
-Aacute- MQP-Q aglomerada o I -lt)- NdfeuumlBfj I
AOshy f OV
~ O
~ Lo-oltgt ~ltfJ ~lt)
O
Figura 47 Graacutefico ocircM das amostras NdsFeesBs e do matilde aglomerado de MQP~Q
Na figura 48 estatildeo as curvas IJM dos imatildes aglomerados com 100 80
60 e 40 de ferrite 10 possivel observar-se que a amostra de ferrite possui a
maior intensidade das interaccedilotildees magnetizantes (- 03) O ponto de intersecccedilatildeo
das curvas com a linha 151gt1 = O eacute geralmente proacuteximo ao campo coercivo (tabela
33) exceto para a amostra com 40 feme (60 MOP-O) que atinge 15M = Oem
campos mais baixos a cerca de 3 kOe
90
03
to 02 Ppo
O Oi Vt
P01
~ 00 Y
-01 v 17 ~
-0- 100 ferrite -0-80 --60 -v-40
O0 gt1lt--
A -~ 0-V ~ VlVVshy
-02 v Vv
-nVltfT ~vv
~v
-03 O 2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 48 Graacuteficos oacuteM das amostras hfbridas e da amostra 100 ferrite
Eacute possiacutevel correlacionar os graacuteficos OM com o graacutefico das aacutereas internas
aos ciclos menores de recuo (figura 313) Os picos indicativos de interaccedilotildees
magnetizantes observados na figura 48 acima e os valores maacuteximos das aacutereas
internas aos ciclos menores de recuo obtidos no segundo quadrante (figura 313)
satildeo coincidentes Isto sugere que no caso das amostras com maior porcentagem
de ferrite a aacuterea dos ciclos menores entre 2 e 4 kOe pode ser atribuiacuteda agrave
interaccedilatildeo magnetizante entre as partiacuteculas A medida que a ferrite eacute substituiacuteda
pelo MQP-Q os ciclos menores passam a adquirir uma abertura praticamente
constante com uma aacuterea interna que aumenta em funccedilatildeo do campo Hd
Curiosamente a abertura dos ciclos menores para altos campos nas amostras
com maior quantidade de MQP-Q e na amostra nanocristalina parece estar
associada agraves interaccedilotildees desmagnetizantes
As curvas t5M determinadas para as amostras hiacutebridas e 100 ferrite
(figura 48) assemelham-se agraves curvas determinadas por Tomka el ai (1995) em
imatildes aglomerados de NdFeB (MQP-B) com diferentes valores de fraccedilatildeo
volumeacutetrica (figura 112) Poreacutem nenhum dos casos apresenta o comportamento
observado na amostra 100 MQP-Q onde estatildeo presentes somente interaccedilotildees
desmagnetizantes
91
43 DISTRIBUiCcedilAtildeO DOS CAMPOS DE INVERSAtildeO (Switching field
distribution - SFD) (Cornejo 1998 Bissell et aIbull 1989 Kelly et aI 1989)
No caso ideal de um sistema de parti cuias natildeo-interagentes os valores de
remanecircncia Md(HJ e M(HJ estatildeo relacionados com o nuacutemero de partiacuteculas que
invertem a magnetizaccedilatildeo em um campo H Assim sendo poderiam ser
relacionados agrave distribuiccedilatildeo de campos coercivos do material Nesta distribuiccedilatildeo o
nuacutemero dM = p(hJdh representa a contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo remanente das
partiacuteculas do sistema com campo coercivo entre hc e hc + dhc A magnetizaccedilatildeo
remanente de um sistema inicialmente desmagnetizado ac pode ser determinada
por H
M(H) = Ip(h)dh (45) o
Para um campo com intensidade suficiente para saturar a amostra a
expressatildeo 45 resulta na magnetizaccedilatildeo remanente (M) do material
bull M R =M(oo) = Ip(h)dh (46)
o
e por esta razatildeo a remanecircncia MR eacute muitas vezes chamada remanecircncia infinita
A distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo pode ser determinada derivando-se
uma curva M(HJ
dM (47)p(h = dH
Para um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes a derivada da expressatildeo
de Wohlfarth mostra que a distribuiccedilatildeo de campos coercivos pode ser
determinada tambeacutem pela curva Md(HJ
dM IdM (48)
p= dH =-2 dH --r-
p
Espera-se portanto que para um sistema de partiacuteculas monodomiacutenio natildeoshy
interagentes as duas curvas diferenciais (Pr e Pd) tenham valores maacuteximos em um
mesmo valor de campo H com larguras semelhantes e com intensidades que
diferem de um fator 2
92
As interaccedilotildees entre partiacuteculas trazem diferenccedilas entre as duas curvas
diferenciais fornecendo duas distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo distintas (Paacute e
p) Portanto a anaacutelise das curvas Pd e p pOde fomecer informaccedilotildees sobre as
interaccedilotildees magneacuteticas
As distribuiccedilotildees de campo coercivo determinadas para as amostras
aglomeradas estatildeo na figura 49 Nesta figura Md e M foram normalizadas pelo
valor da magnetizaccedilatildeo remanente MR obtida apoacutes a saturaccedilatildeo do material sendo
representadas por md e m As amostras aglomeradas consistem em uma coleccedilatildeo
de partiacuteculas separadas por um poli mero As interaccedilotildees predominantes satildeo de
caraacuteter dipolar de longo alcance mas de baixa intensidade devido agrave separaccedilatildeo
entre as particulas imposta pela presenccedila do poliacutemero Espera-se que estas
amostras aproximem-se bastante do caso ideal de partiacuteculas natildeo-interagentes A
figura mostra que os sistemas aglomerados apresentam Pd e P centrados em
campos bastante proacuteximos No entanto a largura das distribuiccedilotildees p satildeo maiores
e a razatildeo entre os valores maacuteximos aumentam agrave medida que aumenta a
porcentagem de ferrite O comportamento esperado para um sistema natildeoshy
interagente ecirc melhor seguido pela amostra aglomerada de MQP-Q
L 08 ~1060 a) dmjdH I b) dm IdH 004
I J
2401 2401 1060 ~O3 lt 2402 XI bulli O 6 tVgtI ZAnS f bull bull f~ u i 2402
bull i 2203 2409 tmiddot
O- 021 r 220304
1 I 1 ~ ~
1i I ~ t~ ~ - Ij I 01 li ~
02 ~ ~ fli fi 1lt ~~ ~
~rI ~ ~ gt~~ deg0 bullbullbullbull shy-T----~J 0000
2 4 6 8 2 4 6 8 li (kOe)
Figura 49 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de Inversatildeo dos iacutematildes aglomerados
93
A tabela 41 apresenta os resultados numericamente As relaccedilotildees entre
amplitudes de pico das distribuiccedilotildees de campo de inversatildeo (PIpfro) superam o
valor 2 esperado para um sistema natildeo-interagenta sendo o maior valor
correspondente agrave amostra de ferrite Observam-se no entanto os valores de
campo onde ocorrem os picos (HI e H) que satildeo muito proacuteximos entre si
para uma mesma amostra variando entre 35 a 51 kOe A largura amplI~ eacute
sempre menor (24 kOe a 34 kOe) comparada a ampl (25 kOe a 43 kOe)
A amostra nanocrislalina apresentou funccedilotildees de distribuiccedililo semelhantes
agraves da amostra de ferrite aglomerada com uma razatildeo entre as amplitudes de 3
Hliro e Hfce proacuteximos ao valor do campo coercivo a 5 kOe e larguras de
amplI = 22 kOe e amplI = 35 kOe (figura 410) Estes resultados contrastam
com o comportamento observado por Lewis el ai (1997) em amostras
nanocristalinas de NdFeB Foi relatada uma relaccedilatildeo entre as amplitudes de 50
vezes e para as larguras dos picos a relaccedilatildeo observada foi de 10 vezes
06 NdFessB fH)ldH05
04 I 03 l 02 ~I dmH)ldH ~ 01 r- 00 Op== 2---y - -0-1=1= i i
4 6 8 10
H (kOe)
Figura 410 Funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo da amostra NdgFeasBs
4
As anaacutelises das interaccedilotildees magneacuteticas mostram que apesar dos iacutematildes
aglomerados consistirem em um sistema de partiacuteculas isoladas as partiacuteculas de
ferrite funcionam como um elo de ligaccedilatildeo entre as lascas de MQP-Q
possibilitando processos coletivos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo o que
caracteriza um processo magnetizante Este falo eacute evidenciado atraveacutes das
Imagens da figura 411 correspondentes a uma porccedilatildeo de ferrite da amostra com
80 ferrite A imagem aacute esquerda foi obtida por microscopia de forccedila atocircmica no
modo tapplng enquanto que a imagem agrave direita corresponde agrave mesma regiatildeo
caracterizada por microscopia de forccedila magneacutetica Na regiatildeo central da imagem
de MFA observa-se um gratildeo de ferrite com cerca de 2 fim A imagem de MFM
mostra um mapeamento dos campos emergentes indicando que neste grM estatildeo
presentes dois domiacutenios A regiatildeo escura engloba os gratildeos menores vizinhos
indicando que ai os campos emergentes possuem a mesma orientaccedilatildeo do gratildeo
de referecircncia Essa configuraccedilatildeo onde a estrutura fisica dos gratildeos natildeo coincide
com a estrutura magneacutetica caracteriza os domiacutenios de interaccedilatildeO um fenocircmeno
coletivo que depende da anisotropla do tamanho de gratildeo da interaccedilatildeo de troca
(Rave el ai 1996) No caso da amostra 100 MQP-Q a ausecircncia de partiacuteculas
de ferriacutete impede essa comunicaccedilatildeo entre as lascas de fitas que se comportam
como partiacuteculas isoladas sujeitas apenas agrave interaccedilatildeo dipolar
i
500 PK )aioacute 11JC H9illht JUtbull $amp98 rue -tWFe wVDUO te
Figura 411 Imagens de MFA e MFM da amostra com 80 ferme
i0(I 11M
95
-
Ressaltamos o fato interessante da amostra de MQP-Q apresentar o
comportamento mais proacuteximo ao de um sistema de particulas natildeo-interagentes
As particulas deste pocirc possuem dimensotildees da ordem de micracircmetros cada
particula consistindo em um compoacutesito de material magneticamente duro e mole
Embora os ciclos menores indiquem uma aHa permeabilidade de recuo
caracerlstico das ligas nanocristalinas com as fases dura e mole acopladas por
troca na anaacutelise das interaccedilotildees magneacuteticas parece predominar a interaccedilatildeo
dipolar entre as partiacuteculas micromeacutetricas separadas pelo aglomerante
A determinaccedilatildeo das funccedilotildees de diacutestribuiccedilatildeo dos campo de inversatildeo
conforme realizada ateacute este ponto pressupotildee que durante um ciclo de recuo as
variaccedilotildees da magnetizaCcedilatildeo sejam origiacutenaacuterias somente de processos reversiveis
No caso de partiacuteculas natildeo-interagentes corresponderiam apenas a um
alinhamento dos momentos magneacuteticos na direCcedilatildeo de seu eixo de faacutecil
magnetizaccedilatildeo quando o campo eacute reduzido a zero Por esta razatildeo os valores
M(HJ e M(HJ satildeo geralmente denominados componentes irreversiveis da
magnetizaccedilatildeo Certamente em materiais reais o ciclo de recuo natildeo envolve
somente processos reversiveis pois a interaCcedilatildeo dipolar de longo alcance eacute
sempre presente e mesmo em sistemas aglomerados pode originar processos
irreversiacuteveis
Trataremos esta discussatildeo no proacuteximo capiacutetulo seguindo os dois meacutetodos
que procuram separar os componentes da magnetizaccedilatildeo
96
L6
OY)VZIl3N~v1II
vG 13JIS~3J3~~1 3 13JIS~3J3~ S3LN3NOdIllO) g
o processo de magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico pode ocorrer
com dissipaccedilatildeo de energia (processos irreverslveis) ou sem nenhuma perda
energeacutetica (processos reverslvels) Os processos irreverslvels correspondem a
transiccedilotildees entre estados metaestaacutevels que podem ser sobrepujados somente
atraveacutes do campo aplicado ou por ativaccedilatildeo teacutennica Satildeo em geral associados agrave
dissipaccedilatildeo de energia devido ao movimento de paredes de domnlos ou agrave
Inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de partiacuteculas monodominio Os processos reversiveis
envolvem rotaccedilotildees e translaccedilotildees reverslvels que ocorrem dentro de um mesmo
poccedilo de potanciacuteal e natildeo envolvem perda energeacutetica Os processos reverslveis e
irreversiacuteveiacutes ocorrem siacutemullaneamente durante o processo de magnetizaccedilatildeo e
uma praacutetica comum consiste em associar a esses processos uma magnetizaccedilatildeo
reverslvel (M_l e uma magnetizaccedilatildeo Irreversivel (M) A magnetizaccedilatildeo total M eacute
resultante da soma de Mrel e Muacutero
Experimentalmente no entanto existem dificuldades em se detenninar
cada componente devido agrave concomitacircncia dos processos reversiacuteveis e
irreversveis sendo a magnetizaccedilatildeo total o uacutenico valor mensuraacutevel com exatidatildeo
Existem dois meacutetodos utilizados tradicionalmente para determinar as parcelas
reversivel e Irreversvel denominados meacutetodo OCO - IRM e meacutetodo da
susceptibilidade reversiveL Cada meacutetodo assume condiccedilotildees idealizadas que nem
sempre satildeo satisfeitas pelos sistemas reais No entanto satildeo utilizados para a
caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de iacutematildes Independentemente das restriccedilotildees
implicitas em cada procedimento
Alguns modelos fenomenoloacutegicos tecircm sido usados para descrever a
separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo Baseiam-se normalmente no modelo de
Preisach (Mayergoyz 1991 Preisach 1935) onde a histerese macroscoacutepica eacute
descrita como a integrai sobre uma distribuiccedilatildeo de cUlvas de hlsterese
elementares de formato retangular A aplicaccedilatildeo destas teacutecnicas no entanto tem
sido objeto de discussotildees pois embora o modeio de Preisach apresente uma boa
descriccedilatildeo dos processos irreversiveis (representados pelos saltos instantacircneos de
Inversatildeo nos ciclos elementares) natildeo fomece uma forma de tratamento uacutenica e
adequada para a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel (Bertotti et ai 1994) A preocupaccedilatildeo
9amp
em modelar o processo de magnetizaccedilatildeo atraveacutes destes modelos nlio se restringe
somente aos Imatildes mas tambeacutem em midias de gravaccedilatildeo e em materiais de alta
permeabilidade Em cada tipo de material os estudiosos desta aacuterea procuram
utilizar variantes do modelo de Preisach e desenvolver modelos para descrever
corretamente a parcela reversiacutevel
O modelo de histerese moacutevel completo assume que as parcelas reversivel
e irreverslvel da magnetizaccedilatildeo satildeo independentes entre si Neste modelo
considera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute nula a campo aplicado nulo Seus
resultados tecircm sido usados para descrever o processo de magnetizaccedilatildeo em
sistemas de gravaccedilatildeo magneacutetica (Vajda et ai 1992 Vajda Della Torre 1993) No
entanto Benda e Bydzovsky (1996) observaram que as consideraccedilotildees adotadas
por Vajda el ai natildeo descrevem corretamente a magnetizaccedilatildeo reverslvel em
materiais de alta permeabilidade cujos processos reversiacuteveis representam uma
parcela importante no processo de magnetizaccedilatildeo Neste caso eacute sugerida a
aplicaccedilatildeo do modelo moacutevel de Prelsach que utiliza a representaccedilatildeo de um cicio
de histerese em termos de um campo efetivo (HI ~ Ha +kM) Esta forma de
tratamento assume uma dependecircncia entre as parcelas reverslvel e Irreversiacutevel
de acordo com a tendecircncia dos meacutetodos experimentais que tecircm Incluiacutedo em suas
anaacutelises a concomitacircncia entre os processos reversiacuteveis e irreverslvels O modelo
moacutevel de Prelsach tem sido aplicado tambeacutem em iacutematildes (Camejo Mlssell 1998)
mostrando-se eficiente na representaccedilatildeo da curva de histerese desses materiais
Tendo em vista as atuais discussotildees sobre os componentes da
magnetizaccedilatildeo procuramos neste capitulo comparar peja primeira vez os
meacutetodos experimentais de separaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e Irreverslvel Os
meacutetodos foram aplicados aos imatildes aglomerados e ao material nanocrlstalino para
avaliar as variaccedilotildees que podem ocorrer ao utilizar um meacutetodo ou outro na
determinaccedilatildeo da susceptibilidade irreversiacutevel uma grandeza utilizada em
diferentes formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacuteticos como as Interaccedilotildees
magneacuteticas e a viscosidade magneacutetica Seratildeo apresentadas tambeacutem algumas
consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach sobre as parcelas da magnetizaccedilatildeo
dos sistemas estudados neste trabalho
99
51 MEacuteTODO OCO E IRM
Este meacutetodo trata a remanecircncia de desmagnetizaccedilatildeo (OC Oemagnetization
- OCO) e a remanecircncia isoteacutermica (Isothermal Remanence - IRM) como a parcela
irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo na curva de desmagnetizaccedilatildeo e na curva de
magnetizaccedilatildeo respectivamente Baseia-se no sistema idealizado de parti cuias
monodominio natildeo-interagentes e com anisotropia uniaxial uma situaccedilatildeo em que
natildeo ocorrem processos irreversiacuteveis durante os ciclos menores de recuo Estes
ciclos satildeo totalmente reversiacuteveis e portanto natildeo possuem aacuterea interna A
magnetizaccedilatildeo reversivel eacute determinada pela diferenccedila entre a magnetizaccedilatildeo total
do ciclo de histerese maior e o valor da remanecircncia (de desmagnetizaccedilatildeo ou
isoteacutermica) conforme ilustrado na figura 51
M
------shy middotmiddotmiddotmiddotmiddotkfmiddotmiddotmiddotmiddot ~M-
M l~r7M~ i
M~ IM_ H
M
M-=~J IM
Figura 51 Magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM
Este conceito de parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo tem
sido aplicado a diversos sistemas magneacuteticos em particular a sistemas de
gravaccedilatildeo magneacutetica Nestes estudos no entanto eacute dada grande atenccedilatildeo agrave
parcela irreversiacutevel pois idealmente ela fornece as informaccedilotildees sobre a
distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo as curvas 8M e os graacuteficos de Henkel
Praticamente natildeo se faz menccedilatildeo agrave parcela reversiacutevel
INSllTUTO OE FlslCA Servl~Q d Biblioteca e
i M~n~occedil I 100
A discussatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo segundo este conceito aplicada
a imatildes tem se acentuado nos uacuteltimos anos motivada pela observaccedilatildeo de um
comportamento inesperado da parcela reversiacutevel O conceito de uma parcela
reversiacutevel induz agrave Ideacuteia de uma curva M~ x HI crescente com M~ Opara campo
nulo Utilizamos nossos dados para ilustrar o comportamento que tem siacutedo
observado A figura 52 mostra a parcela reversiacutevel da magnetiacutezaccedilatildeo do iacutematilde de
femte e do iacutematilde nanocnstallno NdFe Ba obtida segundo a definiccedilatildeo DCD - IRM
Um aspecto Interessante dessas curvas eacute o proacuteprio caraacuteter natildeo reversiacutevel
observado tambeacutem em todas as outras amostras (figura 53) Nas amostras com
maior porcentagem de ferrite e na amostra nanocristalina satildeo observados
tambeacutem picos tanto na curva de magnetizaccedilatildeo como na curva de
desmagnetizaccedilatildeo
Obull
magOQtizaccedilatildeo
0051 maSrl91lZ0ccedilatildeoacutel11 inicial
02 [Y itrlt gtJ J dosmagnetizaccedilatildeo
- 000 OO-f ~ fi l desmagneUumllaccedilll j
I I I j ) 02~ i005~ 1 i
1 100 ferrite 1 I NdsFeas8s -04
-20 middot10 o 10 20 -20 -10 o 10 20
H (kOe)
Figura 52 Magnetizaccedilao fevQrsvel segundo a definiccedilatildeo OCD -IRM da amostra aglomerada 100 ferrite e da amostra nanocristalina
Estudos recentes (Crew el a 1996 Cammarano el a 1996) tecircm atribuiacutedo
o comportamento histereacutetico a uma dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em
relaccedilatildeo agrave configuraccedilatildeo de domiacutenios do sistema representada pela magnetizaccedilatildeo
101
irreversiacutevel Eacute proposta a expressatildeo 51 que descreve a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
como funccedilatildeo do campo interno e da parcela irreversiacutevel
(51)dM = Z~dH +1dMI
onde i eacute a susceptibilidade reversiacutevel intriacutenseca dada por
Zf(~ =(ampM) (52)ocircH M_
ry representa a dependecircncia da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel em relaccedilatildeo agrave
magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel
(OcircM) (53)71= ocircMrr H
021 80 I1lrrite 1 T eOfenile ~ 021 40 MQPQ gt-shy20MOPo V 0i fy 7
01 1 00 i i
00 I r
)~
_J
~~~ k --t---- shy~ -0_2 - -20 -lil o 10 20 -20 _10 o 10 20
gt
~~ obull 100MOP-Q ~~
Q4
02 I
00 I
(l2 I
-o -------shy
-Of) zc 0 o 10 20
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02
M
(l2
(l 2lt)
411femle
GOMQPQ
-lO
shyI
r
c---middot
10 20
Hiacute (kOe)
Figura 53 Magnetizaccedilatildeo reversivel em funccedilatildeo do campo interno segundo a definiccedilatildeo DCO -IRM das amostras hibJidas e 100 MQP-Q
102
Esta nova formulaccedilatildeo implica em que se a parcela irreversiacutevel apresentar
um comportamento histereacutetico a parcela reversiacutevel tambeacutem pode apresentar uma
histerese
Conforme mencionamos anteriormente os conceitos de parcela reversiacutevel e
irreverslvel segundo este meacutetodo partem de um sistema idealizado de partiacuteculas
natildeo-interagentes de forma que o comportamento histereacutetico da parcela reversiacutevel
poderia ser atribuiacutedo agraves interaccedilotildees entre as partiacuteculas Crew et ai (1996)
simularam as parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes (tipo Stoner-Wohlfarth) utilizando uma representaccedilatildeo que
possibilitava a definiccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel em termos de
funccedilotildees de distribuiccedilatildeo das orientaccedilotildees e dos volumes das partiacuteculas A figura 54
mostra a separaccedilatildeo das parcelas obtidas atraveacutes da simulaccedilatildeo Observa-se um
valor maacuteximo na magnetizaccedilatildeo reversiacutevel proacuteximo ao valor do campo coercivo
semelhante ao observado experimentalmente nas amostras da figura 52 Crew et
ai ressaltam que este comportamento resulta do termo q da nova definiccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
400 r
200
~ c
obullbull gbull o c
bull -200
-400 I ~
Figura 54 Parcelas da magnetizaccedilatildeo de um sistema de particulas natildeo-interagentes (Crew el ai 1996)
------------------------------------
---M M M
n
-+-7 _bull-= ~ ~
1 middotmiddotmiddot ~ --shygt shy
___ bull o bullbull bullbull I~
I I ~ o w W
H (ko)
103
Embora o conceito de reversiacutevel e irreversiacutevel lenha partiacutedo de um sistema
idealizado o meacutetodo OCO - IRM tem sido aplicado a diversos imatildes convencionais
de SmCo e NdFeB (Crew el aI 1999) e inclusive em Imatildes nanocristalinos (Lewis
ai ai 1997) Crew e Cammarano apontam uma restriccedilatildeo agrave aplicaccedilatildeo deste
meacutetodo a sistemas nanocristalinos devido agrave grande lirea interna aos ciclos de
recuo caracterlstica desses materiais Acredita-se que esta aacuterea esteja
relacionada com a ocorrecircncia de processos irreverslveis durante o ciclo de recuo
o que levaria a uma determinaccedilatildeo incorreta das parcelas da magnetizaccedilatildeo
segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM Observa-se no entanto que iacutematildes convencionais
de SmCo (Cornejo ai ai 1996) e mesmo o Imatilde de errite aglomerado cujos
resuHados mostramos neste trabalho apresentam uma pequena aacuterea interna
devido agraves interaCcedilOtildees entre as partiacuteculas que ocorrem em sistemas magneacuteticos
reais Por outro lado foram observados sistemas nanocristalinos cuja aacuterea interna
eacute praticamente nula (Cornejo 1998) Estes resultados retratam a complexidade de
sistemas magneacuteticos reais frente ao sistema idealizado de particulas natildeoshy
interagentes de forma que as propriedades observadas no sistema ideal em
principio natildeo se estendem aos sistemas reais Feutriacutell 131 ai (1996) em estudos
do sistema nanocristaliacuteno SmFeGaCla-Fe sugerem a denominaccedilatildeo de
magnetizaccedilatildeo recuperada agrave parcela reversiacutevel obtida pelo meacutetodo OCO - IRM
Apesar das dificuldades mencionadas a aplicaccedilatildeo do meacutetodo OCO - IRM
traz algumas informaccedilotildees sobre as amostras deste trabalho Uma comparaccedilatildeo da
magnitude das parcelas reversiveis (recuperadas) mostra que o imatilde de ferrite
aglomerado possui os menores valores (~ 007MR) A parcela reversivel aumenta
para os iacutematildes hibridos em funccedilatildeo da quantidade de poacute MQP-Q atingindo valores
da ordem de O5MR para o Imatilde 100 MQP-Q O imatilde nanocristaliacuteno NdFessB
apresenta valores um pouco menores que a amostra 100 MQP-Q em torno de
O4MR O pequeno pico observado na parcela reversivel da liga nanocristalina
parece ser comum a esse tipo de amostra tendo sido observado tambeacutem por
Lewis el ai (1997) em um sistema Nd2FeBa-Fe e por Feutriacutell el aI (1996) em
SmFe14GaCIa-Fe
1~4
52 MEacuteTODO DA SUSCEPTIBILIDADE REVERSlvEl
Uma medida de viscosidade magneacutetica envolve o registro da variaccedilatildeo da
magnetizaccedilatildeo de uma amostra ao longo do tempo sob a influecircncia de um campo
magneacutetico constante Acredita-se que a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo durante esta
medida possa ser atribuida agrave ativaccedilatildeo teacutermica de processos irreversiveis Apoacutes a
medida de viscosidade se for traccedilado um pequeno ciclo de recuo (ampfi - 100 Oe shy
2000e) a variaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo neste ciclo seraacute somente devido a
processos reversiveis A inclinaccedilatildeo meacutedia deste ciclo fornece portanto a
susceptibilidade reversivel (figura 55) (Givord aI ai 1987) Valores da
susceptibilidade reversiacutevel podem ser determinados tanto na curva de
desmagnetizaccedilatildeo como na curva de magnetizaccedilatildeo inicial
~ ~ ~
Iacute i
i x_
I ~k--
M ~ = = -6 14 middot2 4 6 8 10
H (kOe)
Figura 55 DeterminaccedilikJ da susceptibilidade reversfvel
A figura 56 traz um exemplo de uma curva da susceptibilidade reverslvel
ao longo da curva de magnetizaccedilatildeo e de desmagnetizaccedilatildeo da amostra hibrida
com 40 ferrite e 60 MQP-Q A magnetizaccedilatildeo reversivel conforme este
meacutetodo eacute determinada pela integraccedilatildeo da curva i ~(HJ Este procedimento traz
implicitos algumas suposiccedilotildees sobre a parcela reversiacutevel
1 O meacutetodo assume que a susceptibilidade reversivel e consequumlentemente a
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel satildeo uma funccedilatildeo direta do campo interno Uma vez
105
que t natildeo assume valores negativos a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel eacute uma
funccedilatildeo monotonioamente crescente de lf Este conceito da parcela reversiacutevel
tem sido revislo atualmente pois conforme mencionado na seccedilatildeo 51 tecircm sido
observados comportamentos de M(HJ diferentes ao previsto por este
meacutetodo inclusive em simulaccedilotildees de um sistema de partiacuteculas natildeoshy
interagentes
2 Uma conseqOecircncia da forma da curva de susceptibilidade como a ilustra a
figura 56 eacute o comportamento hislereacutetlco da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel
resultante da integraccedilatildeo Na histerese da parcela reversiacutevel podem ser
definidos um valor de campo coercivo (H_) correspondente ao valor maacuteximo
da susceptibilidade e uma magnetizaccedilatildeo remanente (M) resultante da
integraccedilatildeo de curva t (HJ entre zero e H Um conceito no geral aceito
para a magnetizaccedilatildeo reversivel eacute que seu valor deve ser zero sob campo
aplicado nula Este conceito eacute coerente se analisado pelo meacutetodo OCO - IRM
No entanto contradiz o meacutetodo da susceptibilidade reversivel
X 102
20---------------
15
~ s
~ 10
-bull 05
-ltl-~ccedil4040 ferrits -- llesmagretitaCcedilQ
60MQP-Q -0 (Ili I rmiddot o~
1 oI ZlltW 0
bull ri ~ ~r)If H -------_i=----- i 10 200~20 -10 H ~oe)
Figura 56 SJsceptibilidade reverslvel em funccedilatildeo do campo interno
o meacutetodo da susceptibiiidade reversiacutevel tem sido empregado no estudo da
viscosidade magneacutetica de diversos sistemas magneacuteticos (Givord ai ai 1987
106
i
David Givord 1999) Nos trabalhos mais recentes no entanto satildeo notadas
algumas dificuldades na detarminaccedilatildeo da parcela reversiacutevel em sistemas
nanocristalinos segundo o tratamento originalmente adotado por Givord aI ai
(1987) Cabe lembrar que a detarminaccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo reversiacutevel conforme
este meacutetodo assume que o pequeno ciclo de recuo (figura 55) para determinar
i = seja devido somente a processos reversiveis Embora seja um cicio bastante
pequeno uma variaccedilatildeo do campo interno leva agrave ativaccedilatildeo de processos
Irreversivels como se pode obselVar pela area envolvida pelo pequeno ciclo
menor
53 COMPONENTES DA MAGNETIZACcedilAtildeO PELO MEacuteTODO i~ MODIFICADO
Comejo e Mlssell (1998) estudaram processos reversivels em amostras
nanocristalinas reunindo o conceno de uma dependecircncia entre as parcelas
reversiacutevel e irreversiacutevel ao meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Foram
iacutentroduzidas algumas modificaccedilotildees no meacutetodo Im baseadas nos conceitos
envolvidos no modelo fenomenoloacutegico de histerese de Preisach Foi sugerido um
meacutetodo para determinar o paracircmetro q experimentalmente
Na definiccedilatildeo do paracircmetro ry (equaccedilatildeo 53) estatildeo envolvidas as grandezas
Mm M e H Escrevendo 11 como funccedilatildeo de M e H (1(M~H) foi obtida uma
relaccedilatildeo simples entre este paracircmetro e a susceptibilidade reversiacutevel (Comejo
Missal (1998raquo
(56)d11 _ d~----17 XI1tV
de onde seobteacutem que q e I~ satildeo proporcionais
(57)1) ) bulllI= - Zr(
Xnre
onde ( ~ ) eacute uma constante de Integraccedilatildeo x~
107
I I
Os paracircmetros i ~ e 1)0 correspondem a valores sob campo interno nulo
in pode ser determinado pela curva da susceptibilidade conforme indicado na
figura 56 Uma estimativa de 1)0 pode ser obtida atraveacutes desta mesma curva a
partir da proacutepria definiccedilatildeo de I) (expressatildeo 58)
lM J - M Rn (58)I)(H~O)~l)o [ lM ~ MR-M_ Irr H_O
onde MR eacute a remanecircncia da magnetizaccedilatildeo total apoacutes preacutevia saturaccedilatildeo e MRre~ eacute a
remanecircncia da parcela reversiacutevel
Com os valores i revo e 7]0 valores de 17 ao longo de toda a curva de
histerese podem ser obtidos com a expressatildeo 57 utilizando os dados de i A
partir dos valores de i ~ e 1) a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel pode ser determinada
atraveacutes da integraccedilatildeo da expressatildeo 51 como
(59)Mm (H) ~ x +---- xx JdHJl Xuvo
Como consequumlecircncia do paracircmetro 1) a susceptibilidade irreversivel da
equaccedilatildeo acima passa a apresentar uma dependecircncia em relaccedilatildeo a esse
paracircmetro segundo a equaccedilatildeo 510
(510)XOI - Xrcl - ~--- - 1+77
A magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel pode ser determinada atraveacutes da integraccedilatildeo
sobre o campo interno da expressatildeo 510 ou atraveacutes da diferenccedila entre a
magnetizaccedilatildeo total e a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel determinada por 59
A figura 57 mostra o integrando da expressatildeo 59 em funccedilatildeo do campo
interno da amostra 40 ferrite da figura 56 onde podem-se verificar as alteraccedilotildees
em funccedilatildeo da inclusatildeo do paracircmetro l Ocorrem variaccedilotildees na curvatura no
integrando relativo agrave magnetizaccedilatildeo inicial que no entanto mantecircm valores da
mesma ordem de grandeza que a curva da susceptibilidade reversiacutevel A curva de
O8
bull bull
desmagnetizaccedilatildeo tem a amplitude dobrada no integrando da expressatildeo 59 e
segue apresentando somente um pico indicando um campo coercivo para a
parcela reversiacutevel
40 35
~ 30
) 25+ t 20 -
- t 5 1
10
05 - 00
~ I bull
f I 0 i ~
bull bull b I o
40 ferrite 60MQP-Q
bullbull 0o
~ -middot-~==i=IiI_ -20 -10 o 10 20
HkfOe)
Figura 57 Susceptibilidade reverslvel da amostra 40 ferrite corrigida pelo fator rJ em funccedilecirco do campo interno
Nas figuras 58 e 59 estatildeo a magnetizaccedilatildeo total e suas parcelas reverslvel
e iacuterreversiacutevel determinadas segundo o meacutetodo descrito acima Apresentamos em
separado os resultados da amostra 100 ferrite e NdFeBotilde para melhor
visualizaccedilatildeo (figura 58)
Observa-se que em todas as amostras a parcela reversiacutevel apresenta um
comportamento hlsterecirctlco sendo possiacutevel se definir um campo coercivo (Hrf) e
um valor de magnetizaccedilatildeo remanente (M) A parcela irreversiacutevel da amostra
100 lernte engloba 88 da magnetizaccedilatildeo total resultando em uma parcela
reversiacutevel bastante pequena Em conformidade com os dados obtidos atraveacutes do
meacutetodo DCD - IRM a parcela reversiacutevel aumenta li medida que a porcentagem
de poacute MQP-Q eacute acrescentada nos imatildes hiacutebriacutedos Na amostra 100 MQP-Q e na
liga nanocristaliacutena a magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel contribuem cada qual
com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total
109
middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotM M --Mbull~
3J
2i II
G 1 ~
o~ middot1
2~
1 -
J middot3~ 100 ferrite
1SJ
10
sj
j middot10
middot15
V-shy1ft -_l--~-- f
bull
--gtj I I
~ NaFeB -30 ~20 -10 O 10 20 30 ao -40 -20 O 20 40 60
H (kOe)
Figura 58 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversivel e irreverslvel em funccedilatildeo do campo das amostras 100 tenite e nanocristalina
Conforme mencionamos anteriormente modelos fenomenoloacutegicos tecircm
procurado descrever as parcelas da magnetizaccedilatildeo utilizando variaccedilotildees do modelo
de Preisach Entre as propostas apresentadas o modelo de histerese moacutevel traz
caracteriacutesticas interessantes que se ajustam aos problemas observados
experimentalmente Assume uma dependecircncia entre M~ e M em acordo com a
expressatildeo proposta pelo grupo australiano aleacutem de prever o comportamento
histereacutetlco da parcela reversiacutevel (Bertotti 1994 Benda 1996) No que se segue
apresentamos uma descriccedilatildeo das consideraccedilotildees do modelo moacutevel de Preisach
sobre a parcela reversivel
lO
-M
~-r--middotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot-(
-_-~~_
j
~ 60fertite 40MQPQ
-40 -20 O 2() 40
~ t~middotmiddotmiddot~middotmiddot
l00MQP-Q
4Q ~20 O 20 40
H (kOe)I
Figura 59 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reversfvel e irreverslve em funccedilatildeo do campo das amostras hibrfdas e 100 MQP-Q
54 CONSIDERACcedilOtildeES 00 MODELO MOacuteVEL DE PREISACH SOBRE M~
o modelo de Preisach (Mayergoyz 1991) aplicado a um sistema magneacutetico
considera que o material possa ser representado por um conjunto de entidades
elementares caracterizadas por ciclos de histerese retangulares (figura 510)
Essas entidades podem ser caracterizadas pelos campos de chaveamento a e f3
111
ou em termos do campo coercivo (h) e do campo de interaccedilatildeo da entidade com a
desordem estrutural do material (h) Os vaacuterios campos estatildeo relacionados por
a-p a+3h =-2- h =-2- (511)
m 1
I --l
O p h ~
-11
Figura 510 Ciclo de histerese de uma entidade elementar do mOdelo de Preiacutesach
Cada entidade elementar pode se encontrar em dois estados com m - +1
para campos maiores que a e m - -1 para campos menores que p
Este conjunto de entidades elementares pode ser representado por uma
funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo phohJ de forma que a magnetizaccedilatildeo possa ser
determinada pela integral dessa distribuiccedilatildeo sobre os campos h e hu (Bertotti
1996 Comejo Missel 199B)
LO iacute (512)M(L) = 2M fdh JdhuP(hh
onde L determina o estado magneacutetico do sistema conforme descrevemos abaixo
A magnetizaccedilatildeo do sistema depende do estado de cada entidade
magneacutetica se no estedo +1 ou no estado -I o que por sua vez depende da
histoacuteria anterior do material Esta informaccedilatildeo estaacute impliacutecita nos limites de
integraccedilatildeo da expressatildeo 512 que eacute melhor visualizada atraveacutes do plano de
Preisach (figuras 511 a b c d) Este plano representa todos os possiveis valores
1I2
de h e h estando limitados pelos valores ao e 3 o maior valor de a e o menor
valor de 3 da figura 510 respectivamente Um estado saturado negativo
corresponde a um campo aplicado menor que 3 com todas as entidades no
estado -1 (figura 511a) A partir desta situaccedilatildeo um incremento no campo ateacute um
valor HJ provoca a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo das entidades com valores de a
menores que HJ para m ~ +J O plano de Preisach divide-se em duas regiotildees
denominadas r correspondente agraves entidades que respondem com m = +J e S
com resposta m = -1 (figura 511b) A reduccedilatildeo do campo para um valor H faz com
que as partiacuteculas com 3 menor que H retornem ao estado com m ~ -1 (figura
5 11c) A linha limite que se forma separando as regiotildees S e S eacute o registro da
histoacuteria do sistema (figura 511d) Esta linha (L) registra valores extremos de
campo a que foi submetido o sistema determinando o valor da magnetizaccedilatildeo Em
particular L pode ser expresso utilizando a notaccedilatildeo em termos de h e h
h = L(hJ O ponto L(O) corresponde aO uacuteltimo valor de campo atingido ou seja
L(O) = H
~ a) ho h
AC n
h h
ho d) h
f----gt fI ) agrave-
h h
Figura 511 Plano de Prefsach em diferentes configuraccedilotildees a) satumccedilatildeo negativa b) sob um campo R c) sob um campo H lt HIgt ti) apoacutes uma sucessatildeo de aumentos e rediJccedilOes de campo definindo a linha l(h
113
o modelo de Preisach em realidade ccrresponde a um conjunto de
modelos que foram desenvolvidos sobre a proposta iniclal de Preisach
(Mayergoyz 1991) Os conceitos descritos acima fazem parte do modelo original e
seguem vaacutelidos para as suas variaCcedilOtildees No modelo moacutevel o campo magneacutetico
atuando sobre cada entidade magneacutetica ccrresponde a um campo efetivo (HJJ
resultante do campo aplicado mais um fator proporcional agrave magnetizaccedilatildeo do
sistema
(513)HIJ=HI+kmM
O paracircmetro km eacute denominado paracircmetro moacutevel e representa uma medida da
intensidade das interaccedilotildees de longo alcance presentes no sistema (DeUa Torre
1966) Considera-se que as interaccedilotildees de longo alcance tecircm a propriedade de
deslocar o centro de simetria da distribuiccedilatildeo de Preisach justificando o termo
moacutevel
Bertotti e colaboradores utilizaram o modelo moacutevel para descrever diversos
sistemas magneacuteticos incluindo materiais de alta permeabilidade (Basso 1996
1994) Comejo (1998) tem aplicado o modelo na descriccedilatildeo de sistemas
nanocristalinos de SmFeCo
Segundo Bertotti (1996) no modelo moacutevel a inversatildeo do momento
magneacuteticc das entidades elementares com he nulo pode corresponder a mudanccedilas
reversiveis na magnetizaccedilatildeo A funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo pode entatildeo representar
explicitamente as contribuiccedilotildees reversiveis e irreversiacuteveis sendo expressa como a
soma de duas funccedilotildees (Comejo MisseU 1998)
(514)p(hh)~ pu(hh)+ p~(hhJ
A parcela p(hhJ engloba as entidades elementares com h O enquanto
que p representa uma funccedilatildeo confinada agrave liacutenha h ~ O (a j1) do plano de
Preisach A parcela reversivel pode ser representada por uma funccedilatildeo delta de
Dirac
114
p~ =8(h)=(h) (515)
Os processos reversiveis satildeo representados portanto por cicios de hislerese com
aacuterea zero o que coloca este modelo em concordacircncia com a termodinacircmica
irreverslvel (Bertotti 1996)
A magnetizaccedilatildeo reversivel eacute expressa por
f(h~)
M~ =2M fdhc 8(hc l fdhJ=(hl = 2M Idh8(h)F(L(hraquo (516)
onde F(L(hJ) eacute dado por
L~)
F(L(hraquo= fdhJ(hl (517) Considerando L(h ~ O) ~ HI obteacutem-se
H M m =MF(H=M fdhf(h) (518)
A expressatildeo 518 traz Mro como uma funccedilatildeo somente do campo efetivo Hf
Sendo~ uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo M~ deve ter um uacutenico valor para cada Hf
ou seja natildeo deve apresentar histerese em relaccedilatildeo a Hf No entanto se for
representada em funccedilatildeo do campo interno H Mro passa a apresentar um
comportamento hiacutestereacutetiacuteco pois envolve a magnetizaccedilatildeo total que por sua vez eacute
histereacutetica
H ~~M+Mff)
(519)M~ =M IdhJ~(h=MF(HMM)
o diferencial da expressatildeo 519 fornece uma relaccedilatildeo semelhante agrave
equaccedilatildeo 51 que sugere o comportamento histereacutetico da parcela reversivel
115
dM = MJ~Hf) dH +k MJ~lH1) ltIM (520) ~ l-kMJ~(H) i middot1-kmMJ~IHf) ~
Z~ ~
A comparaccedilatildeo com a expressatildeo 51 resuHa em uma relaccedilatildeo entre a
susceptibilidade reverslvel e 1] mediada pelo paracircmetro moacutevel km
(521)Tt = klrlX~v
de onde se obteacutem que a conslante de proporcionalidade entre 1J e i~ da
expressatildeo 57 corresponde ao paracircmetro moacutevel do modelo moacutevel de Preisach
k - 1 (522)-shyX~ro
A tabela 5 i traz os valores de rmo 4nM_ e k determinados para as
amostras estudadas neste trabalho
Tabela 51 Propriedades magneacuteticas dos mecircs aglomerados e da amostra nanocristalina
amostra 4rm (GOel 4nM (kGl km (OeG) 100 ferrite 80 ferrite 60 ferrite
40 ferriacutete
100 MQP-Q Nd9FeBe
O017plusmn 0004 0032 plusmnOO03 0052 plusmn 0008
008 plusmn 001 008 plusmn 001 032 plusmn 007
O07plusmn 001 O12plusmn 003 O29plusmn 002 041 plusmnQ04 074 plusmn 008 23 plusmn 02
22 plusmna 15plusmn5 21 plusmn4 16 plusmn 4 23 plusmn4 10 plusmn 3
Os valores de km determinados para as amostras aglomeradas satildeo bastante
proacuteximos entre si podendo ser considerados coincidentes dentro do erro
experimental Os valores em geral satildeo baixos se comparados aos observados
em amostras de Sm(FeCo)2 onde foram observados km variando entre 15 e
75 OeG (Cornejo 1998) A amostra nanocristalina de NdFe65B apresenta o
116
--1
menor valor k = 10 Os baixos valores de k indicam uma fraca influecircncia das
interaccedilotildees de longo alcance no processo de magnetizaccedilatildeo das amostras
A figura 512 mostra curvas de histerese da amostra 40 ferrite
determinadas com a correccedilatildeo do fator km em funccedilatildeo do campo efetivo A
magnetizaccedilatildeo reversiacutevel apresenta um campo coercivo bastante reduzido em
relaccedilatildeo ao valor observado na figura 57 Com base no modelo moacutevel de Preisach
esperaacutevamos que sob estas condiccedilotildees a magnetizaccedilatildeo reversivel fosse uma
funccedilatildeo crescente do campo efetivo O pequeno campo coercivo observado pode
ser atribuiacutedo aos erros experimentais que atingem 25 para o paracircmetro kmbull
M M
~
6
~4 ~~~-- ~ -~ ~ -- ~- ~
~IJI (32 ~ ~ O
_ bullbullbulllt middot2
------~~----4 40 ferrite 60 MQPmiddotQ middot6
-40 middot20 o 20 40 H(kOe)
Figura 512 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslveJ e irreversiacutevel em funccedilatildeo do campo efetivo da amostra 40 ferrite
55 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
Determinamos as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
segundo dois meacutetodos experimentais o meacutetodo DCD - IRM e o meacutetodo da
susceptibilidade reversiacutevel Na anaacutelise conforme o meacutetodo da susceptibilidade
reversiacutevel foram introduzidas as modificaccedilotildees propostes por Cornejo e Missell
(1998) para considerar a dependecircncia entre as parcelas reversivel e irreversiacutevel
117
Os meacutetodos levam usualmente a resuHados diferentes e cada um estaacute
fundamentado em condiccedilotildees ideais que natildeo satildeo satisfeitas pelos sistemas reais
O conceito de uma magnetizaccedilatildeo associada a processos reversiacuteveis leva a
uma ideacuteia de parcela reversiacutevel que apresenta duas caracterlsticas baacutesicas
(i) Espera-se que a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel seja nula quando o material natildeo
estiver submetido a nenhum campo
(ii) A magnetizaccedilatildeo reversiacutevel deve ser uma funccedilatildeo crescente do campo sem
apresentar hiserese
A definiccedilatildeo OCO - IRM leva obrigatoriamente a M~ = O para H = O (figura
52) e natildeo assume implicitamente nenhuma forma da parcela reversiacutevel em
relaccedilatildeo ao campo (Crew el ai 1996) Segundo este meacutetodo portanto esta
parcela natildeo se apresenta em geral como uma funccedilatildeo crescente de H mostrando
maacuteximos e minimos (para algumas amostras) e tambeacutem uma histerese entre a
curva de magnetizaccedilatildeo inicial e a curva de desmagnetizaccedilatildeo no priacutemeiro
quadrante Tais observaccedilotildees levaram agrave proposta da equaccedilatildeo 51 por Cammarano
el ai e Crew el ai (1996) para expressar a parcela reversivel como funccedilao nilo
somente do campo mas tambeacutem da parcela irreversiacutevel
A figura 513 mostra a magnetizaccedilatildeo total e as parcelas reversiacutevel e
irreversivel em funccedilatildeo do campo interno determinadas pelo meacutetodo OCO - IRM
nos imatildes aglomerados e na amostra nanocristalina Nd9FeBe A parcela
reversiacutevel contribui pouco na magnetizaccedilatildeo total do iacutematilde anisotrocircpico de ferrite A medida que eacute acrescido o pocirc MOP-O a parcela reversiacutevel aumenta contribuindo
cerca de 25 da magnetizaccedilatildeo total na amostra 100 MOP-O Na amostra
nanocristalina a contribuiccedilatildeo eacute maior cerca de 33 da magnetizaccedilatildeo total
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel original fornece parcelas
reversiveis da magnetizaccedilatildeo com histerese semelhante agrave da magnetizaccedilatildeo total
uma vez expressas em funccedilatildeo do campo interno O modelo moacutevel de Preisach
prevecirc este comportamento e o atribui agraves interaccedilotildees de longo alcance que agem
no sistema durante o processo de magnetizaccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo A proposta
de aprimoramento de Cornejo e Missell une os conceitos do meacutetodo original ao
118
G ~
~ ltIshy
Hmiddotmiddot middotM_ -_middot middotmiddotmiddotmiddotMIIl --M~
2
jmiddotlfL middot1 I~1 _ ~ f~mte
4
2
I o)
w30 middot20 -10 a 10 20 30
6 ~ 8
54j Ja_
-_gt~~bullbullshy~ - shy
II ____ shy
d~-- 8Ofenite 20MQP-Q
-3D ~20 middot10 o 10 20 30
4
21 I~middotmiddotmiddot-- I bull
2 -2
--_ - ) 60 ferri1e -ltl ~ 4OMOPQ
aLI___~__+-__~~~ a -40
--------- shy shy
-shy40 ferrite 6OMQPmiddotQ
-40 -20 o 20 40 -20 o 20 40
10 f
5 ktmiddotmiddotmiddotfmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddotmiddot_middot J
lmiddot
15 10
5
bullbull ___ ~Y 4 F
I o o
1 -5 bullbull bullmiddotbullbullmiddot1
-5
01
I
~J
00 MQPmiddotQ
I
-10
15
middot1
~i Nd~FeMBatilde
-40 middot20 o 20 40 -60 -40 -20 o 20 40 60
Hj (kOe)
I Figura 513 Magnetizaccedilatildeo total magnetizaccedilatildeo reverslvel e irreversfvel determinadas peo meacutetodo
DCO-IRM
119
modelo moacutevel de Preisach assumindo tambeacutem uma dependecircncia entre M e Min
proposta pelo grupo australiano Com estas modiacuteficaCcedilocirces o comportamento
histereacutetico da parcela reversivel pode ser suplimido se as propriedades do
material forem detenminadas em funccedilatildeo de um campo efetivo (expressatildeo 513)
correspondente ao campo interno corrigido por um fator kM referente agraves
interaccedilotildees de longo alcance Neste caso a parcela reversivel eacute uma funccedilatildeo
crescente do campo com M~ = O para H = O A aplicaccedilatildeo do meacutetodo aprimorado
da susceptibilidade reversivel aacutes amostras deste trabalho fornece parcelas
reverslveis que aumentam para maiores porcentagens de MQP-Q
A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos Indica que na amostra 100 ferrite satildeo
obtidos resultados bastante semelhantes a parcela reversiacutevel compotildee uma
pequena fraccedilatildeo da magnetizaccedilatildeo total sendo grande parte composta pela parcela
irreversivel Os picos observados na parcela reversiacutevel quando obtida pelo
meacutetodo OCO - IRM influenciam pouco na parcela irreversivel em razatildeo de sua
pequena contribuiccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo total A medida que a porcentagem de
MQP-Q aumenta a parcela reversival passa a compor uma porcentagem maior da
magnetizaccedilatildeo total e os meacutetodos passam a apresentar resultados diferentes
Nos casos extremos da amostra 100 MQP-Q e nanocrislalina o meacutetodo
da susceptibilidade reversiacutevel fornece uma parcela reversiacutevel responsaacutevel por
cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total enquanto que pelo meacutetodo OCO - IRM esta
porcentagem eacute de 25 e 30 respectivamente Ressaltamos a semelhanccedila entre
os resultados OCD - IRM e t ~ nas parcelas da magnetizaccedilatildeo determinadas para
as amostras com os menores valores da aacuterea intema aos cicios de recuo Estes
resultados justificam a observaccedilatildeo de Crew ai ai (1996) que limita a utilizaccedilatildeo do
meacutetodo OCO - IRM a amostras cuja aacuterea Interna do ciclo de recuo eacute pequena Os
dois meacutetodos no entanto levam a diferentes valores do paracircmetro I (expressatildeo
53) que relaciona a magnetizaccedilatildeo reversiacutevel e irreversiacutevel A proporciacuteonalidade
entre TI e i determinada por Cornejo Mlssel (1998) e utiacuteliacutezada para determinar
as parcelas da magnetizaccedilatildeo pelo meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel
(expressatildeo 57) natildeo foi confirmada em amostras de Sm(CoFeCuZr)17 cujo
paracircmetro T foi determinado segundo a definiccedilatildeo OCO -IRM (Crew el ai 1999)
120
Ao final do capiacutetulo 4 mencionamos que a caracterizaccedilatildeo de um material
de acordo com uma distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo atraveacutes das remanecircncias
isoteacutermica (IRM) e de desmagnetizaccedilatildeo (OCO) pressupocirce que estas grandezas
correspondam agrave parcela irreversivel da magnetizaccedilatildeo Dessa forma a
susceptibilidade irreversiacutevel que representa as transposiccedilotildees de barreiras de
energia e perdas energeacuteticas poderia ser determinada atraveacutes da diferenciaccedilatildeo
de M(Hj e M(Hj A figura 514 traz uma comparaccedilatildeo entre as susceptibilidades
irreversiacuteveis determinadas segundo os dois meacutetodos nas amostras aglomeradas e
nanocriacutestalina na curva de magneliacutezaccedilatildeo inicial e na curva de desmagnetizaccedilatildeo
Observa-se que embora baseados em conceitos distintos os meacutetodos levam a
curvas bastante semelhantes O ponto de maacutexima intensidade da susceptibilidade I irreverslvel e a largura dos picos satildeo coincidentes para ambos os meacutetodos nas
amostras aglomeradas No entanto a intensidade desses picos eacute sempre maior
para o meacutetodo OCO - IRM sendo a maior diferenccedila observada na amostra 100
MQP-Q (65) Na amostra nanocristalina os meacutetodos mostram curvas de
susceptibilidade com larguras diferentes O meacutetodo da susceptibilidade reversivel
mostra uma queda mais abrupta apoacutes o pico Estes efeitos tecircm origem na proacutepria
definiccedilatildeo da parcela irreversiacutevel adotada em cada meacutetodo Na figura 515 estatildeo
as curvas da magnetizaccedilatildeo irreversivel no segundo e terceiro quadrantes da
amostra 100 MQP-Q conforme os dois meacutetodos Lembramos que no caso do
meacutetodo OCO - IRM a parcela irreversivel estaacute limitada ao valor da remanecircncia da
magnetizaccedilatildeo total (MR) Entre a saturaccedilatildeo e a remanecircncia esta parcela eacute
constante igual a M ou seja natildeo ocorrem processos irreversiveis (figura 513)
O meacutetodo da susceptibilidade reversivel admite a ocorrecircncia de processos
irreversiacuteveis entre MI e Ais e fornece uma maneira de medir ireI nesta regiatildeo de
campos Certamente a partir de certo valor de campo as variaccedilotildees da
magnetizaccedilatildeo ocorrem devido somente a processos reversiacuteveis o que ocorre no
entanto a campos magneacuteticos diferentes de zero Este comportamento pode ser
verificado nas parcelas irreversiveis apresentadas nas figuras 58 e 59 Em H = 0
a parcela irreversivel ainda apresenta alguma inclinaccedilatildeo No entanto na regiatildeo de
aproximaccedilatildeo agrave saturaccedilatildeo a inclinaccedilatildeo das curvas da magnetizaccedilatildeo total e
121
-o- I--DCD-JRM x_
20
15
10 I 1 li
80 ferrne 05i 20 MQP-Q 100 fenite 0084 s-o o---shy
o 5 10 15 20 O 5 10 15 20
c 2 ~ 2 ) 10
15II(0~ 1 (Jlo ~ 1I
10 ~ 10
l 60 ferrite 40 ferrie 05~ 40 MQP-Q 60 MQP-Q
lttshy00
O 5 10 lS 20 5 10 15 20
20
151 101 051 Jlgtl
25
201 61
li~ 151 L~ 41
h
5
100 MQP-Q I 21 ~ NdFeB
--- u r== lt 10 15 20 O 5 10 15 20
~(kOe)
Figura 514 Curvas da 4lZm do imatildes aglomerados e nanocristalino nas curvas de magnetllsccedilatildeo e desmagnetizaccedilatildeo segundo 0$ dois meacutetodos de anaacutelise OCD -IRM e i m modificado
122
6 I
4I I G 2
~ bull O
l-2 -4
-6
100 MQPQ
I I I -30 -20 -10 O 10
H(kOe)
Figura 515 Magnetizaccedilatildeo irreverslvel segundo as definiccedilotildees OCO -lRM e da susceptibilidade relemlval modificado
reversiacutevel coiacutencidem enquanto que a parcela irreversiacutevel permanece praticamente
constante No meacutetodo OCO -IRM a magnetizaccedilatildeo irreversivel varia bruscamente
entre MR e -M em campos proacuteximos ao campo coercivo refletindo uma
susceptibilidade de pico maior No caso do meacutetodo da suscetibilidade reversiacutevel
esta variaccedilatildeo eacute menor com amplitude tambeacutem menor que 2Mbull A discordacircncia
entre os dOIS meacutetodos eacute maior em amostras cuja magnetizaccedilatildeo total possui uma
contribuiacuteccedilatildeo significativa da parcela reversTvel
Estes resultados refletem o grau de idealizaccedilatildeo assumido pelo meacutetodo OCO
- IRM baseado em um sistema de particulas natildeo-interagentes Em sistemas
reais acreditamos que seja possiacutevel a ocorrecircncia de processos irreversiveis ao
longo de toda a curva de histerese pois o efeito de um campo aplicado aliado a
uma interaccedilao entre as particulas pode resultar em processos que envolvem
gaslos de energia
Tendo em vista as condiccedilotildees idealizadas do meacutetodo OCO - IRM para
avaliar as parcelas da magnetizaccedilatildeo uma possibilidade seria utilizar os resultados
da parcela irreversivel determinados atraveacutes do meacutetodo i~ para avaliar as
123
interaccedilotildees magneacuteticas tambeacutem atraveacutes dos graacuteficcs de Henkel e graacuteficos oacuteM e
natildeo somente atraveacutes das funccedilotildees de distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo No
entanto vemos que a proacutepria definiccedilatildeo dos graacuteficos de Henkel e graacuteficos oacuteM
utilizam os ccnceitos do meacutetodo OCO - IRM dificultando tal avaliaccedilatildeo A figura
516 mostra um exemplo da distorccedilatildeo entre os resultados em um graacutefico de
Henkel detenninado na amostra 100 MQP-Q Segundo a definiccedilatildeo OCO - IRM
o valor maacuteximo da parcela irreverslvel eacute a remanecircncia M e os valores da
remanecircncia isoteacutennica (M(HJ) e de desmagnetizaccedilatildeo (M(liJ) satildeo nonnalizados
por este valor maacuteximo resultando em uma relaccedilatildeo de Wohlfarth na forma
ma(HJ ~ 1- 2m(HJ onde md =Md(HJIM e md =Ma(HJMbull
A aplicaccedilatildeo do meacutetodo da susceptibilidade reverslvel modificado resulta em
uma magnetizaccedilatildeo irreversiacutevel caracterizada por um valor de saturaccedilatildeo (M) e
uma remanecircncia (MRin) menor que MR Na figura 516 estatildeo os graacuteficos de Henkel
normalizados conforme as duas possibilidades M e MR~ Para o caso da
normalizaccedilatildeo por M a possibilidade de ocorrecircncia de processos irreversiacuteveis jaacute
no primeiro quadrante do ciclo de desmagnetizaccedilatildeo leva a um plimeiro ponto no
graacutefico de Henkel a O6M um valor bastante inferior a 1 esperado pela definiccedilatildeo
OCO -IRM Por outro lado a normalizaccedilatildeo dos dados em relaccedilatildeo a MRI prejudica
o outro extremo do graacutefico de Henkel apresentando pontos menores que -1
--OCD-tRM -o-l
~ J bull IN
bull 1 MI shyou oomiddot 0
1 Oo (IS ~
00 I I o I
_I o~-_ OJI~
00 0lt1 04 O~ C6 10 middot0 - shy
1 bull IIcrmaftu(Uacutels por IJ_ ~ _15 Z ~ lIormoJiodos por AIk= olt1middot0
O 01 iH lU (lo 4 H
Figura 516 Graacuteficos de Henkel segundo os meacutetodos DCD -IRM e i
filli
I
124
I i
Acreditamos no entanto que a caracterizaccedilatildeo de materiais por graacuteficos de
Henkel e OM conforme a definiccedilatildeo OCO - IRM eacute uacutetil pois trata-se de uma
comparaccedilatildeo entre o comportamento que seria esperado para um sistema de
particulas natildeo-interagentes e o sistema em estudo O tratamento das remanecircncias
isoteacutermica e desmagnetizaccedilatildeo como as parcelas irreverslvels da magnetizaccedilatildeo
deve ser realizado com precauccedilotildees devido aacutes condiccedilotildees idealizadas assumidas
Em realidade esla forma de caracterizaccedilatildeo eacute largamente empregada pela
comunidade de magnetismo na caracterizaccedilatildeo de diferentes tipos de materiais
I
125
9Zr
IO~UawJadxa a~od
S30SmgtNOgt 9 ~
Foram estudados iacutematildes aglomerados comerciais de ferrite de baacuterio de MQPshy
Q uma liga nanocristalina rica em ferro e fmas hfbridos formados pela mistura
destes dois materiais As amostras que possuem ferrite satildeo orientadas
magneticamente enquanto que a amostra de MQP-Q eacute isotroacutepica A caracterizaccedilatildeo
microestrutural mostrou que a amostra de ferrite eacute constituiacuteda de partiacuteculas com
cerca de 111m enquanto que na amostra MQP-Q as partiacuteculas satildeo maiores da
ordem de miliacutemetros A teacutecnica de microscopia de forccedila atocircmica nos possibilitou
observar a microestrutura da amostra MQP-Q revelando gratildeos nanomeacutetricos
conforme esperado O alto grau de orientaccedilatildeo da ferrite pode ser observado atraveacutes
de espectros de raios X A anaacutelise de espectros Motildessbauer indicou que os
momentos magneacuteticos da ferrite estatildeo alinhados em meacutedia dentro de um cone de
20deg em relaccedilatildeo ao eixo de orientaccedilatildeo A caracterizaccedilatildeo magneacutetica tambeacutem trouxe
um indicativo do grau de orientaccedilatildeo da ferrite atraveacutes da razatildeo MFlM de 091 A
mistura da ferrite com o poacute MQP-Q rico em ferro leva a compostos hiacutebridos com
valores de magnetizaccedilatildeo crescentes com a porcentagem de poacute MQP-Q Foram
determinados 41rM de 284 kG e 336 kOe de campo coercivo para a ferrite e
1047 kG e 481 kOe para a amostra 100 MQP-Q A razatildeo MFlM = 054
determinada na amostra 100 MQP-Q eacute baixa considerando-se que este material
seja produzido por uma liga nanocristalina com alto teor de ferro O ciclo de histerese
da amostra de ferrite apresenta alta quadratura com baixa susceptibilidade de recuo
e ciclos menores envolvendo uma pequena aacuterea Tais caracteriacutesticas modificam-se
em funccedilatildeo da porcentagem de MQP-Q sendo observadas curvas de histerese
menos quadradas e com maior susceptibilidade de recuo nas amostras hiacutebridas
Uma liga nanocristalina de composiccedilatildeo NdFeB6 foi produzida e
caracterizada para uma comparaccedilatildeo com os resultados obtidos na amostra
aglomerada de MQP-Q A liga produzida atraveacutes da teacutecnica de melt-spinning em
seu estado bruto apresentou curvas de histerese com degraus caracteriacutestica de um
material desacoplado Tratamentos teacutermicos em diferentes condiccedilotildees de tempo e
temperatura mostraram que as melhores propriedades eram obtidas apoacutes o
recozimento a 660C durante 40 minutos A liga apresentou propriedades
magneacuteticas semelhantes aos valores encontrados na literatura MHc 52 kOe e
127
MIM ~ 070 A microestrutura da liga foi observada atraveacutes da teacutecnica de
microscopia de forccedila atocircmica revelando gratildeos da ordem de 10 a 20 nm
Estes sistemas foram utilizados para avaliar dois meacutetodos experimentais de
determinaccedilatildeo das parcelas reversiacutevel e irreversivel da magnetizaccedilatildeo o meacutetodo DCO
- IRM e o meacutetodo da susceptibilidade reversiacutevel Cada meacutetodo parte de condiccedilotildees
Idealizadas e leva em geral a resultados diferentes Os resultados de cada meacutetodo
divergem agrave medida que tratamos materiais cujos processos reversiacuteveis compotildeem
uma parcela importante da magnetizaccedilatildeo total como os materiacuteais nanocristalinos
Nos sistemas nanocriacutestalinos estudados neste trabalho na amostra 100 MQP-Q e
na liga Nd9FeB o meacutetodo da susceptibilidade reverslvel leva a contribuiccedilotildees da
parcela reversiacutevel com cerca de 50 da magnetizaccedilatildeo total Jaacute no meacutetodo DCO shy
IRM satildeo determinadas as fraccedilotildees da parcela reversivel de 25 na amostra MQP-Q
e 33 na amostra Nd9Fes5B A melhor concordacircncia entre os meacutetodos eacute observada
na amostra de ferrite cuja parcela reversiacutevel compotildee cerca de 10 da magnetizaccedilatildeo
total O meacutetodo OCO - IRM supotildee que processos irreversiacuteveis sejam possiacuteveis
somente a partir do segundo quadrante da curva de histerese em acordo com sua
condiccedilatildeo baacutesica de um sistema de partiacuteculas natildeo-interagentes Esta condiccedilatildeo traz
uma estiacutemativa bastante aproximada para sistemas reais cujas interaccedilotildees entre as
partiacuteculas levam a processos irreversiacuteveis que podem ocorrer durante todo o ciclo
de histerese
Uma forma de caracterizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos bastante utilizada na
literatura eacute a distribuiccedilatildeo de campos de inversatildeo determinada atraveacutes da derivada
da parcela irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo (Mayo ai aI 1991) Nesta anaacutelise utiliza-se
em geral o meacutetodo OCO - IRM A comparaccedilatildeo entre os meacutetodos mostra que
embora as distribuiccedilotildees apresentem campos de maacutexima intensidade e larguras
semelhantes os valores de pico variam bastante de acordo com o meacutetodo de
avaliaccedilatildeo tendo sido observada uma diferenccedila de 64 entre os meacutetodos na amostra
100 MQP-Q
Outras formas de caracterizaccedilatildeo de materiais magneacutetiCOS que utiacuteliacutezam a
parcela irreversivel satildeo os gracircficos de Henkel e os graacuteficos oM para o estudo das
interaccedilotildees magneacuteticas Esta avaliaccedilatildeo eacute dificultada com o meacutetodo da
128
susceptibilidade reversivel pois estes graacuteficos avaliam as diacutestorccedilotildees em relaccedilatildeo ao
sistema idealizado de partiacuteculas natildeo-interagentes sobre o qual estaacute baseado o
meacutetodo OCO - IRM Os graacuteficos de Henkel e 8M comparam os processos que regem
a magnetizaccedilatildeo (M(Hj) e a desmagnetizaccedilatildeo (Md(Hj) dos materiais Em um sistema
tipo Stoner Wohlfarth tais processos seriam os mesmos tanto na magnetizaccedilatildeo
como na desmagnetizaccedilatildeo levando agrave linha de Wohlfarth no caso dos graacuteficos de
Henkel e na linha 8M ~ 0 Seguem vaacutelidos portanto os resultados obtidos no estudo
das interaccedilotildees magneacuteticas
Nos iacutematildes aglomerados espera-se que as parti cuias estejam isoladas e que a
interaccedilatildeo entre elas seja predominantemente de caraacuteter dipolar Dessa forma
processos coletivos de magnetizaccedilatildeo caracteristicos da interaccedilatildeo de troca e
anisotropia satildeo suprimidos No entanto o estudo das interaccedilotildees magneacuteticas expocircs
que a amostra de ferrite apresenta uma predominacircncia de interaccedilotildees magnelizantes
Imagens de microscopia de forccedila atocircmica e forccedila magneacutetica reforccedilam este resultado
mostrando que embora as parti cuias desse iacutematilde estejam separadas as partiacuteculas de
lerrite estatildeo acopladas entre si possibilitando processos coletivos de inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo o que caracteriza um processo magnetizante A mistura da lerrite com
MQP-Q leva a iacutematildes hiacutebridos com graacuteficos de Henkel e 8M indicando a reduccedilatildeo das
interaccedilotildees magnetizantes e o aumento das interaccedilotildees desmagnetizantas No limite
da amostra 100 MQPmiddotQ estatildeo presentes somente interaccedilotildees desmagnelizantes
Os graacuteficos de Henkel e 8M do imatilde nanocristalino apresentam efeitos
magnetizantes reduzidos com o graacutefico de Henkel praticamente coincidente com a
linha de Wohlfarth A partir de M(HJIMR 04 passam a predominar os efeitos
desmagnetizantes Comportamentos semelhantes rem sido observados na literatura
em diferentas sistemas nanocristalinos A comparaccedilatildeo do graacutefico de Henkel da
amostra nanocrislaliacutena com a amostra 100 MQP-Q demonstra que a presenccedila do
aglomerante leva a supressatildeo das interaccedilotildees magnetizanes enquanto que a
intensidade das interaccedilotildees desmagnetizantes estaacute bastante proacutexima agrave da amostra
100 MQPQ
129
7 SIMULACcedilOtildeES
Esta parte da tese apresenta resultados da simulaccedilatildeo de um sistema composto
de um material magneticamente duro e outro de alta penmeabilidade Trata-se de
um sistema simples unidimensional descrito atraveacutes do formalismo
micromagneacutetico A este sistema foi aplicado o meacutetodo de Monte Carlo utilizando
o algoritmo de Metropolis Esta forma de simulaccedilotildees eacute nova dentro do Laboratoacuterio
de Materiais Magneacuteticos do IFUSP de forma que no que se segue apresentamos
uma breve descriccedilatildeo do meacutetodo de Monte Carlo e da aproximaccedilatildeo
micromagneacutetica A introduccedilatildeo apresenta os principais resultados existentes na
literatura sobre simulaccedilotildees e modelos teoacutericos realizados sobre sistemas
compostos de duas fases (magneticamente dura e mole)
130
I
i I
1 71 INTRODUCcedilAtildeO
Modelos teoacutericos do comportamento magneacutetico de sistemas compostos de
duas fases utilizam em geral o formalismo micromagneacutetico Iniciam-se com o
trabalho de Kneller e Hawig (1991) onde satildeo apresentadas as caracteristicas
esperadas em um material com as fases acopladas pela interaccedilatildeo de troca uma
alta permeabilidade de recuo e alta razatildeo MIM O modelo prevecirc tais
caracteriacutesticas em um sistema composto por uma matriz de material de alta
permeabilidade com gratildeos da fase dura dispersos em seu interior ambos com
dimensotildees da ordem de nanocircmetros
Seguemiddotse a este modelo simulaccedilotildees em um sistema bidimensional
realizadas por Feutrill el ai (1993 1994) onde satildeo considerados tambeacutem
sistemas com gratildeos da fase dura dispersos em urna matriz de alta
permeabilidade As simulaccedilotildees consideram as energias de anisotropia de
interaccedilatildeo com o campo e a interaccedilatildeo de troca utilizando uma soluccedilatildeo iterativa de
minimizaccedilatildeo de energia
Skomski e Coey (1993) utilizaram a representaccedilatildeo micromagneacutetica
associando a expressatildeo de energia a uma equaccedilatildeo de autovalores Foi
determinada uma expressatildeo para o produto energeacutetico maacuteximo sendo estimados
valores bastante altos (-120 MGOe) para amostras com pequena quantidade da
fase dura (7 shy 9)
Atualmente as simulaccedilotildees dos sistemas nanocristalinos estatildeo centradas
nos trabalhos de Schrefl Fidler e Kronmuumlller que utilizam a teacutecnica de elementos
finitos associada agrave representaccedilatildeo micromagneacutetica do material Existem diversos
estudos os quais utilizam desde um sistema bidimensional de somente dois
gratildeos (Schrefl el ai 1993) ateacute sistemas tridimensionais com 125 gratildeos As
simulaccedilotildees em sistemas tridimensionais procuram aproximar-se de um sistema
real utilizando uma estrutura de gratildeos similares agraves observadas por microscopia
eletrocircnica de transmissatildeo (Fidler Schrefl 1998 Bachmann el ai 1998) As
figuras 71 a e b mostram um dos sistemas estudados bem como as curvas de
desmagnetizaccedilatildeo determinadas para diferentes composiccedilotildees das fases
131
a) b) -
~ _-shy- shy
E shy~
t -_- li
~bullbull 30 ~ 3O)l FIIJ) J --
ootrIacute I j 1
soo 4SO o 2SO 500 H (kAfm)
Figura 71 a) Sistema de 125 gratildeos b) Curvas de desmagravegnetizaccedilao determinadas por simulaccedilatildeo por elementos finitos (Bachmann et aibull 1998
As propriedades magneacuteticas dos materiais nanocristalinos tais como os
altos valores da remanecircncia o campo coercivo e o produto energeacutetico maacuteximo
parecem estar predominantemente relacionadas com fatores microestruturais
Foram realizados diversos estudos variando tanto o tamanho de gratildeo a
porcentagem da fase de alta permeabilidade bem como a geometria dos gratildeos
As melhores propriedades foram obtidas em uma microestrutura formada por
partiacuteculas de material de alta permeabilidade embutidas entre gratildeos
magneticamente duros A interaccedilatildeo de troca entre os gratildeos provoca um aumento
de remanecircncia de cerca de 60 em relaccedilatildeo ao esperado para um sistema
isolroacutepico Devido agrave transferecircncia do caraacuteter magneticamente duro atraveacutes da
interaccedilatildeo de troca a porcentagem da fase de alta permeabilidade pode atingir
valores de 50 sem perdas significativas do campo coercivo Uma
microesrutura de gratildeos uniforme elimina os efeitos de campos desmagnetizantes
e possibilia o aumento da coercividade em ateacute 30 se comparada a uma
microestrutura irregular (Fischer el ai 1995) Foram variados tambeacutem os
componentes da fase da alta permeabilidade sendo utilizadas a-Fe FeB e
FeB6 A figura 71b mostra que embora a fase FeB leve a campos coercivas
maiores ocorre uma deterioraccedilatildeo do grau de quadratura da curva de
desmagnetizaccedilatildeo
As simulaCcedilOtildees realizadas por Fidler e Schrefl em sistemas magneacuteticos
duros procuraram estudar as variaCcedilOtildees na composiccedilatildeo de fases e na
microestrutura com O fim de maximizar propriedades magneacuteticas praacuteticas como
132
campo coercivo a remanecircncia e o produto energeacutetico matildeximo Propriedades mais
fundamentais tecircm sido estudadas em sistemas com dimensotildees menores onde os
momentos atocircmicos satildeo considerados individualmente ao inveacutes de um conjunto
de momentos conforme a teacutecnica de elementos finitos Temas como a relaxaccedilatildeo
magneacutetica processos de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo caacutelculos da influecircncia da
interaccedilatildeo dipolar satildeo objetos de estudo de Aharoni Shabes Jakubovics (Aharoni
Jakubovics 1996 Shabes 1991) e do grupo de JM Gonzaacutelez
A influecircncia de fases Intergranulares no processo de magnetizaccedilatildeo de iacutematildes
foi estudada por Hernando el aI (1992) e Gonzacirclez ai ai (1993) Foram
considerados dois gratildeos magneticamente duros intermediados por uma fase
intergranular paramagneacutetica ou de alta permeabilidade Seus resultados
mostraram que a presenccedila de fases intergranulares acopladas pela interaccedilatildeo de
troca aos gratildeos duros reduz o campo necessaacuterio para a inversatildeo da
magnetizaccedilatildeo do sistema No caso de uma fase intergranular paramagneacutetica o
processo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo ocorre a campos menores se as
dimensotildees dessa fase intergranular forem menores que a espessura de uma
parede de domlnio Por outro lado para espessuras suficientemente altas o
processo de desmagnetizaccedilatildeo restringe-se ao gratildeo duro preservando as
propriedades magneacuteticas intriacutensecas da fase magneticamente dura Com a
presenccedila de uma fase de alta permeabilidade o campo de inversatildeo se reduz agrave
medida que aumenta a espessura desta fase secundaacuteria com uma transiccedilatildeo mais
suave
Um comportamento bastante curioso da relaxaccedilatildeo magneacutetica em sistemas
simples eacute relatada em Gonzaacutelez el aI 1995 1996 Geralmente a anaacutelise da
relaxaccedilatildeo magneacutetica se faz assumindo a lei de Arrhenius para a probabilidade de
transiccedilatildeo de um estado para outro Os trabalhos de Gonzaacutelez el aI foram
realizados atraveacutes do Meacutetodo de Monte Carla que possibilitou computar o
nuacutemero de passos de Monte Carlo (PMC - uma grandeza anaacuteloga ao tempo)
necessaacuterio para a relaxaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos unidimensionais e
bidimensionais Foram obtidas curvas da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de
PMC que arresentaram um tempo de espera durante o qual a magnetizaccedilatildeo se
manteacutem praticamente constante Consequumlentemente as probabilidades de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo tambeacutem satildeo caracterizadas por este tempo de
espera de forma diversa agrave prevista pela lei de Arrhenius (figura 72) Smirnovshy
m
-------------------
Rueda (1997) propotildee que este fenocircmeno seja caracterlstico de sistemas cuja
relaxaccedilatildeo envolve multas graus de liberdade A formaccedilatildeo de um nuacutecleo critico
responsaacutevel pela inversatildeo da magnetizaccedilatildeo requer um rearranjo estrutural
complexo envolvendo munos graus de liberdade que variam de modo aleatoacuterio e
portanto necessitam de um tempo de espera
10
08
~ 06-~ Il oJ Il 04 I C 02
o Caso 1
bull Caso2 I
I Predicdooes de la ley de Nmhnius pata si caso 1
00 O 2000 4000 6000 8000
Pasos de Monte Carla
Figura 72 Probabilidade de inveJ$ecirco da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo do nuacutemero de PMC em comparaccedilatildeo com a probabilidade esperada para a cineacutetica de Arrhenius (Smimov-Rueda 1997)
134
72 FORMALISMO MICROMAGNEacuteTICO
o conceito de uma microestrutura magneacutetica formada de domiacutenios
magneacuteticos e paredes de domiacutenio eacute atualmente amplamente aceita e
comprovada experimentalmente A evoluccedilatildeo destes concenos ateacute a lonma atual
no entanto parece ter se dado lentamente com diversas teoriacuteas sobre a formaccedilatildeo
de regiotildees unifonmemente magnetizadas e suas consequumlecircncias no processo de
magnetizaccedilatildeo de um material ferromagneacutetico O iniacutecio de tais teonas parte do
trabalho de Weiss em 1907 com a teoria de campo molecular Trabalhos
posteriores procuraram justificar e compreender o comportamento das curvas de
magnetizaccedilatildeo e o mecanismo da histerese magneacutetica utilizando o novo conceito
Na deacutecada de 30 grande parte dos estudiosos em ferromagnetismo aceitavam a
ideacuteia de domiacutenios como uma hipoacutetese necessaacuteria para conciliar as curvas de
magnetizaccedilatildeo com a existecircncia de uma magnetizaccedilatildeo espontacircnea A primeira
observaccedilatildeo direta dos domiacutenios loi realizada por Bilter em 1931 onde no
entanto natildeo houve seguranccedila para considerar as imagens observadas como
sendo domiacutenios Uma observaccedilatildeo segura foi realizada somente em 1949 por
Williams Bozorth e Schockely em um cristal de Fe-Si
A ideacuteia de uma regiatildeo de transiacuteccedilatildeo entre um dominio e outro - parede de
domiacutenios - foi proposta por Bloch em 1932 Neste trabalho no entanto supunhashy
se que a transiccedilatildeo entre domiacutenios em uma direccedilatildeo e outra ocorria com a reduccedilatildeo
da magnetizaccedilatildeo espontacircnea a zero na camada mediana de uma parede O
conceito atualmente aceHo foi proposto por Landau e Liacutefshttz em 1935 e
considera uma parede formada por um vetor de magnetizaccedilatildeo cuja amplitude M
eacute sempre a mesma atraveacutes da parede mas que tem a sua orientaccedilatildeo alterada
Este trabalho eacute considerado o ponto de partida da teoria micromagneacutetica
Esta teoria tem por objetivo descrever estados de equiliacutebrio e estabilidade
de sistemas magneacuteticos em situaccedilotildees em que a magnetizaccedilatildeo natildeo eacute uniforme ou
seja descrever a microestrutura magneacutetica dos materiais ferromagneacuteticos Para
tanto utiliza~se da descriccedilatildeo dos materiais sob uma escala de dimensotildees menor
que a usual O formalismo micromagneacutetico analisa os materiais ferromagneacuteticos
sob urna escala intermediaacuteria entre a escala de domiacutenios e sua configuraccedilatildeo
atocircmica considera-se um sistema pequeno o suficiente para revelar detalhes das
regiotildees de transiccedilatildeo entre dominios mas grande o suficiente para permitir a sua
135
descriccedilatildeo atraveacutes de um vetor de magnetizaccedilatildeo continuo ao inveacutes dos spins
atocircmicos (Brown 1978)
A metodologia adotada pelo formalismo micromagneacutetico considera
inicialmente um sistema sem domiacutenios e sem paredes de domIacuteniacuteos Satildeo
compostas expressotildees para as energias do sistema (troca anisotropia
magnetostaacutetica etc) em funccedilatildeo das direccedilotildees do vetor (continuo) de
magnetizaccedilatildeo A equaccedilatildeO resultante eacute resolvida para as direccedilotildees dos velares de
magnetizaccedilatildeo em todos os pontos do cristal Se o cristal tiver dimensotildees
suficientemente grandes a existecircncia de domiacutenios e as posiccedilotildees das paredes de
domiacutenios satildeo determinadas naturalmente pela soluccedilatildeo Se o cristal eacute pequeno
entatildeo a soluccedilatildeo deve indicar que os vetores da magnetizaccedilatildeo satildeo todos
paralelos resultando em um monodomiacutenio
As expressotildees das energias utilizadas para descrever um sistema
magneacutetico segundo o formalismo micromagneacutetico utilizam duas formas possiveis
de aproximaccedilotildees O meacutetodo fenomenoloacutegico eacute utilizado para avaliar a energia de
anisotropia Assume-se que a anisotropia possa ser expressa por uma expansatildeo
em seacuterie das variaacuteveis internas do sistema Esta seacuterie eacute truncada em um termo de
certa ordem tal que esta aproximaccedilatildeo seja suficiente para representar a
propriedade Atraveacutes de consideraccedilotildees de simetria o nuacutemero de paracircmetros eacute
reduzido e eles satildeo determinados experimentalmente Para um sistema com
anisotropia unaxial a energia de anisotropia eacute representada pela expressatildeo
E~ J(Kjsen2 8+K sen4 aiJ (71)
onde Kt e K] satildeo as constantes de aniacutesotropiacutea
O meacutetodo microscoacutepico utiliza-se de um modelo atocircmico para obter a
expressatildeo de um termo particular da energia interna a temperatura T = 0 onde as
complicaccedilotildees devido aacute agitaccedilatildeo teacutermica satildeo eliminadas Satildeo descritas por este
meacutetodo a energia de troca e a energia magnetostatica
A interaccedilatildeo de troca eacute derivada do Hamiltoniano de Heisenberg e para uma
rede cuacutebica eacute dada pela expressatildeo
136
(72)E~= JA(Va)+(Vfl)+(Vr)~Ji v
onde A eacute a constante de troca e a fi e rsatildeo os cossenos diretores do vetor de
magnetizaccedilatildeo
A interaccedilatildeo magnetostaacutetica pode ser escrita como
1 J- shy 3E =-- H middotMd i (73)dp 2
onde o campo H resulta da contribuiccedilatildeo de todas as cargas magneacuteticas no
volume e na superfiacutecie do material
A interaccedilatildeo do material ferromagneacutetico com um campo aplicado externo eacute
dada pela energia de Zeeman
- - JshyEZ~e =- M HUd r (74)J
v
onde Het eacute o campo externo
A energia total do sistema eacute a sorna de todas as contribuiccedilotildees
(75)E( = Ean + E + Edl + Euumle
Os estados de equiliacutebrio satildeo obtidos procurando minimizar a energia
interna do sistema
137
73 MEacuteTODO DE MONTE CARLO
Em diversos ramos da Fisica muitas propriedades macroscoacutepicas dos
sistemas fiacutesicos reais se apresentam como o resultado de uma meacutedia sobre o
espaccedilo das passivas configuraccedilotildees sendo representadas por integrais do tipo
(A)= IA(x)f(H(x))ampZo (76)
Z = If(H(x))amp n
onde H eacute o Hamiltoniano do sistema f(H(x)) eacute uma funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo e Z eacute
a funccedilatildeo de particcedilatildeo As integrais se estendem sobre o espaccedilo de configuraccedilotildees
fl
O meacutetodo de Monte Carla tem por objetivo computar quantidades obtidas
como resultados de integrais multidimensionais semelhantes agrave equaccedilatildeo 76
(Heermann 1986) A teacutecnica eacute baseada no teorema do valor meacutedio do caacutelculo
fundamental
I = rg(x)dx = (b-aXg) (77)
Uma aproximaccedilatildeo do valor da integral pode ser obtida calculando-se o
valor de g(xJ para n pontos x aleatoacuterios distribuiacutedos uniformemente no intervalo
[ab] Desta forma eacute determinada uma amostragem dos valores de g(x) e o valor
da integral pode ser aproximado por
r b a (78)I = g(x)dx -=-Lgx)
n
Para n suficientemente grande seria passivel obter-se uma boa aproximaccedilatildeo
para o valor da integral
Transferindo este conceito para a equaccedilatildeo 76 e assumindo uma
descriccedilatildeo do sistema fisico sob o formalismo canocircnico a determinaccedilatildeo do
observaacutevel (A) seria expressa por
138
t A(x )exp[- H(x )J (79) (A)= kBT
texp(- H(X)J k T B
onde kB eacute a constante de Boltzman T a temperatura e
(710) f(H(x)) = exp(- H(x )J
kBT
eacute a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman
A aproximaccedilatildeo acima utiliza uma soma realizada sobre n configuraccedilotildees
aleatoacuterias de forma que quanto maior n melhor eacute a estimativa da integral No
entanto observa-se que esta aproximaccedilatildeo eacute muitas vezes trabalhosa ou mesmo
impossiacutevel de se resolver pois o espaccedilo de fase possui muitas dimensotildees o que
tornaria necessaacuterio o caacutelculo para um nuacutemero enorme de configuraccedilotildees para se
ter uma boa estimativa de 79 Outro fato agravante eacute que grande parte das
configuraccedilotildees XI correspondentes a altas energias contribuem com valores
pequenos agrave integral Apenas certos estados resultam em grandes contribuiccedilotildees o
que leva a uma maacute estimativa de (A)
A soluccedilatildeo utilizada para estas dificuldades eacute o meacutetodo de amostragem por
importacircncia Neste caso satildeo geradas tambeacutem 11 configuraccedilotildees aletoacuterias No
entanto tais configuraccedilotildees satildeo geradas com uma probabilidade p(x) de forma
que o observaacutevel seja determinado por
~A(X )r (x )exp [- H (x )J (711)(A) = kT
t r (x )exp[- H(x )J k T B
p(x) eacute uma funccedilatildeo que simula o comportamento da funccedilatildeo a ser integrada
e neste caso eacute escolhida como a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo de Boltzman a
distribuiccedilatildeo de equilibrio (expressatildeo 712) Desta forma as configuraccedilotildees mais
provaacuteveis seratildeo geradas com maior frequumlecircncia
139
p(X ) f(H(x l)) (712)I iexp( H(xl )J
I kBT
Com esta escolha a determinaccedilatildeo do observaacutevel A reduz-se a expressatildeo
1 bull (A)=- IA(x l ) (713)
n I
o meacutetodo da amostragem por importacircncia com a escolha da funccedilatildeo de
Bollzman para p(x) requer que as amostragens sejam realizadas sobre os
estados de equiliacutebrio termodinacircmico do sistema Apesar da grande simplificaccedilatildeo
adquirida para determinar o observaacutevel (equaccedilatildeo 713) esta escolha traz um
problema ao meacutetodo pois a distribuiccedilatildeo de equilibrio natildeo eacute conhecida a priori
Um procedimento bastante utilizado para gerar os estados de equilibrio eacute o
algoritmo de Metropolis Neste algoritmo cada configuraccedilatildeo gerada depende
somente da configuraccedilatildeo imediatamente anterior (o que caracteriza uma cadeia
de Markov) Dessa forma existe uma correlaccedilatildeo entre as configuraccedilotildees que satildeo
geradas uma vez que o estado sucessor estaacute proacuteximo ao subsequumlente Seguindo
o algoritmo de Metropolis partimos de uma configuraccedilatildeo inicial qualquer e os
estados subsequumlentes satildeo gerados de tal forma que ao final estejam de acordo
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman Para garantir a convergecircncia agrave distribuiccedilatildeo de
equiliacutebrio ao final do processo eacute necessaacuterio impor condiccedilotildees agrave probabilidade de
transiccedilatildeo (IV (ixraquo entre os estados subsequumlentes
A condiccedilatildeo de ergodicidade impotildee que a probabilidade de transiccedilatildeo seja tal
que todos os estados do sistema (uma cadeia de Markov) possam ser atingidos a
partir de qualquer ponto
Outra condiccedilatildeo consiste em impor o princiacutepio do balanccedilo detalhado
(Binder Heermann 1988)
(714)p(XI)W(XI -x)=p(xlmiddot)W(XImiddot -XI)
Esta equaccedilatildeo implica que a razatildeo entre as probabilidades de transiccedilatildeo
entre X ~ XI e o movimento inverso XI --- XI depende somente da variaccedilatildeo de
energia I5H = H(i)- H(xl ) Para a distribuiccedilatildeo de equilibrio temos
140
W(x ~ x) (8H) (715)=exp -shyW(Xl ~ x) kT
A equaccedilatildeo acima especifica somente a razatildeo entre as probabilidades de
transiccedilatildeo natildeo fIXando W(i -irl univocamente Metropolis ai ai (1953)
escolheram
(716)W(i 4 xrl=exP(-8HkDTlseSH gt0
1 seliHltO
p(x
o argumento utilizado por Metrapolis aI aI para demonstrar que com esta
escolha da probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados a funccedilatildeo de distribuiccedilatildeo
f ) converge para a distribuiccedilatildeo de equiliacutebrio eacute reproduzido a seguir
Considera-se um grande conjunto de configuraccedilotildees que fonmam uma
cadeia de Markov Em determinado ponto do processo o conjunto apresenta N
sistemas no estado r N sistemas no estado $ etc Desconsiderando inicialmente
as variaccedilotildees de energia (OH) a probabilidade de transiccedilatildeo entre os estados r e s
devem ser simeacutetricas ou seja W4li rl~r -gt x=Wampi)(x -) xJ Considerando
agora que H(x)lt H(f) a probabilidade de transiccedilatildeo do estado s para o estado r
eacute dada pela expressatildeo 712 uma vez que todas as transiccedilotildees para estados de
energia mais baixos satildeo permitidas (717)
W( x) = Wi x) = w(I 4 X)
A probabilidade de transiccedilatildeo do estado r para s eacute dada por
W(X i= W(x -7 i)exp(-oacuteHkT) (718)
=W(x -gt xJexp-[H(xJ- H(x))jkT)
pois neste caso deve-se considerar o fator exponencial
o nuacutemero total de transiccedilotildees NH de i para x eacute dado por
N NrW(xr -x ) (719) = NW(lt - x)exp- [H(x)- H(x)kTD
enquanto que o nuacutemero total de transiccedilotildees no sentido oposto eacute dado por
141
(120)N~ = NW(x -x)= NW(x -x)
o nuacutemero liacutequido de sistemas transitando do estado r para $ eacute dado por
INr-l =Nr-u -NJ-+f [ (721)
= NW( -x1 exp -H(x)kBT) N)I exp[- H(x)kBT] N
Esta expressatildeo juntamente com a condiccedilatildeo de ergodicidade mostra que o
processo de Markov cuja probabilidade de transiccedilatildeo satisfaz a equaccedilatildeo 79 leva
a uma distribuiccedilatildeo de estados proporcional agrave probabilidade de equiliacutebrio
A condiccedilatildeo de equiliacutebrio requer que o nuacutemero de sistemas r e s estejam
distribuldos de acordo com a razatildeo de probabilidades canocircnicas
(722)NN =(exp-[H(x)-H(x)VkT))
e neste caso ruVr_u = O
Se (exp-[H(x)-H(x)lIkTraquoNjN o nuacutemero de transiCcedilOtildees no estado r
eacute maior que zero (lJNH
gt O) e em meacutedia ocorrem mais transiccedilotildees de r para $ A
razatildeo NN cresce para se igualar agrave razatildeo de probabilidades canocircnicas Por outro
lado se NjV eacute maior que a razatildeo de probabilidades o nuacutemero de transiccedilotildees no
estado r eacute menor que zero (lJNH ltO) ocorrem mais transiCcedilOtildees de s para e a
razatildeo entre o nuacutemero de estados NN decresce para corriglr a razatildeo canocircnica
Para um nuacutemero de transiCcedilOtildees infinito 1-gt ro eacute atingido o estado de equiliacutebrio
com a distribuiccedilatildeo de Bollzman
Tomando como probabilidade de transiccedilatildeo a equaccedilatildeo 711 o algoritmo de
Metropolis resume-se a
1 Especificar um ponto XI no espaccedilo de fase
2 Gerar um novo estado XI shy
3 Determinar a variaccedilatildeo da energia do sistema (HI - HiJ
4 Se (HI-H lt 0 aceitar a nova configuraccedilatildeo e retomar ao passo 2
5 Determinar (exp-[H(x)- H(x)kT)
142
6 Gerar um nuacutemero aleatoacuterio R E [01]
7 Se Rlt (exp-[H(l)-H(l)Vkr)) aceitar a nova configuraccedilatildeo (Xl -+xil e
retornar ao passo 2
8 Caso contraacuterio a configuraccedilatildeo antenor permanece e deve-se r910rnar ao
passo 2
A possibilidade de aceitar configuraccedilotildees de energia mais alta simula as
flutuaccedilotildees teacutermicas Se as configuraccedilotildees de energia mais alta fossem sempre
rejeitadas ao final seria atingido o estado fundamental
Todo o tratamento dado ao meacutetodo de Monte Carlo leva acirc ideacuteia de que satildeo
realizadas meacutedias em um conjunto de configuraccedilotildees onde o algoritmo de
Metropolis eacute aplicado em cada configuraccedilatildeo No entanto o que ocorre na
realidade eacute uma meacutedia temporal Usamos somente uma configuraccedilatildeo inicial o e o
processo de geraccedilatildeo de novas configuraccedilotildees se desenvolve em um tempo ficticio
T
A ergodicidade assumida para as probabilidades de transiccedilatildeo impotildee que
qualquer estado eacute acessiacutevel a partir de outro estado qualquer Em outras
palavras qualquer estado pode ser acessivel a partir de qualquer outro em um
nuacutemerO finito de transiccedilotildees A meacutedia sobre configuraccedilotildees pode ser substituiacuteda por
uma meacutedia no tempo To
1 T 1 (723)(A)p = T JA(x(T)dr = MAt)
Um certo tempo eacute necessaacuterio ateacute que seja atingido o conjunto de
configuraccedilotildees de equiliacutebriO sendo portanto necessaacuterio desprezar as m primeiras
configuraccedilotildees ateacute que seja atiacutengido o equiliacutebrio teacutermico e as configuraccedilotildees
geradas sejam representativas desta temperatura I m+(
(A)=-iacuteA) (724) M l_m1
143
74 DESCRiCcedilAtildeO DO MODELO
O sistema estudado consiste em uma cadeia linear de planos paralelos
infinitos que representam planos atocircmicos em um material real A cada plano foi
associado um momento magneacutetico o qual poderia orientar-se no espaccedilo
tridimensional com acircngulos azimutal (V) e polar (li) quaisquer (figura 73)
Considera-se que os gratildeos possuem anisotropia uniaxial e seus contornos satildeo
definidos por descontinuidades na orientaccedilatildeo dos eixos faacuteceis locais (u) Um
coeficiente g representando a estrutura do contorno de gratildeo foi usado para
representar o grau de acoplamento de troca intergratildeos
~
- -r I 11irmiddot 1 1 1II io i i i i 11 jji i 1 I Iishy
-t 7 - -lt ~
~
otilde~
Figura 73 Representaccedilatildeo de uma cadeia linear de momentos magneacuteticos
o sistema foi descrito pelo formalismo micro magneacutetico considerando as
energias de anisotropia Zeeman troca e dipolar As expressotildees de energia satildeo
derivadas das equaccedilotildees 71 a 74 e desenvolvidas em funccedilatildeo de uma distribuiccedilatildeo
discreta de N momentos magneacuteticos A constante de anisotropia de um dos gratildeos
eacute escolhida como referecircncia (Kd e utilizada como fator de normalizaccedilatildeo de
maneira que os termos de energia sejam adimensionais
Para a energia de anisotropia foi considerado somente o termo de primeira
ordem sendo representado pela equaccedilatildeo
E =_l_~ K sen[arccos(uuml uuml)] (725) a 2K ~ I nll I
I
144
o campo externo foi sempre aplicado na direccedilatildeo - uuml sendo portanto a
energia de interaccedilatildeo com este campo expressa na forma
ti HM_r ~ M S1 u uacuterc _ - _ (726)E =- 2K I M=f
o termo h = pHM caracteriza o campo magneacutetico aplicado onde M eacute a 2K
magnetizaccedilatildeo do gratildeo de referecircncia
A energia de troca envolve somente a orientaccedilatildeo entre dois vizinhos mais
proacuteximos
Eshy A~I ~X - 2K dI
rll nf
A_gt-Auml Um(l+l
nf
(727)
a razatildeo a~1 = A
1 eacute uma medida da intensidade da interaccedilatildeo de troca frente 2K~fd
a anisotropia onde ANf e d referem-se respectivamente agrave constante de troca e agrave
distacircncia interplanar do gratildeo de referecircncia O paracircmetro g possui valor igual a 1
para a interaccedilatildeo entre momentos de um mesmo gratildeo e valores que variam de Oa
1 para os momentos nos contornos de gratildeo
A energia magnetostaacutetlca eacute determinada atraveacutes da expressatildeo abaixo
1 - -E=--22MH) (728)
4Krtj JI
onde ~ se refere ao campo gerado pelas cargas magneacuteticas do sistema
A expressatildeo da energia magnetostaacutetica pode ser bastante simplificada
para o sistema unidimensional Considerando o material composto por uma seacuterie
de planos atocircmicos e interatotildemicos poderia ser representado conforme a figura
74
145
A densidade de cargas superficiais em cada plano interatocircmico i pode ser
expressa pela equaccedilatildeo
Ur (MJ~I - Mo ) fi (730)
e pela lei de Gauss O campo gerado pelas cargas superficiais do plano iacute pode ser
expresso por
r flCT para planos interatocircmicos jgt i
(731)2H~
-- jJ7f para planos lnteratocircmicos jlt i 2
146
A energia magnetostaacutetica resulta da combinaccedilatildeo do efeito dos planos
interatocircmicos entre si e tambeacutem da sua auto-energia
A energia de interaccedilatildeo do plano i com todos os demais planos do sistema
pode ser detarminada pela expressatildeo
E =_ n M( (f _ (fi) =1 n (MP) (732)w 2 ro bull 2 t 2 2 r
)gt1 JO
e a auto energia do plano i como
E _ MP HwIQ (733) ouW 2~ I I
ifUrJ corresponde ao proacuteprio campo desmagnetizante que para o caso de um
plano na direccedilatildeo normal eacute expresso por
HUUIiJ _11 DMP = _11 MP (737)
I ro I -0
(738)EuulO = ~ Pu (Mt Y
A energia magnetostaacutetica resulta da soma das parcelas E(rJo e Einlfr sobre todos
planos do sistema
Em = Em1 + EmiI = Pn L (MtP r (739)
Esta energia resulta de interaccedilotildees de longo alcance que envolvem todos
os momentos magneacuteticos do sistema e portanto de dificil estImativa Observashy
se no entanto que para este sislema unidimensional Em reduz-se a um termo
local
Utilizando a notaccedilatildeo da figura 73 a energia magnetostaacutetica pode ser
expressa por
H Mmiddot__bull L M ( bull Y_r ) -_- u -u (740)E - jbull K M-
- r4 =1
I UJ r7i~M~onde o par metro acirc mr =- caracteriza a interaccedilatildeo magnetostaacutetica frente a 2Kj
energia de aniacutesotropia do gratildeo de referecircncia
147
75 RESULTADOS
Os sistemas estudados consistiam em trecircs gratildeos (duro-mole-duro) cada
gratildeo com 100 momentos magneacuteticos Foram adotados os valores das
constantes de anisotropia de K = 5 1 Omiddot Jm3 para os gratildeos duros e
Km = 5 104 Jm3 para o gratildeo de alta permeabilidade central considerando duas
configuraccedilotildees dos eixos faacuteceis dos gratildeos duros (KNdzFel4B = 361 06 Jm 3
KF =48 10middot Jm3) Em ambas as configuraccedilotildees os eixos faacuteceis foram fixados
no plano YZ sendo que no primeiro caso os gratildeos duros possuiacuteam eixos
faacuteceis paralelos (configuraccedilatildeo I) e no segundo (configuraccedilatildeo 11) os eixos faacuteceis
eram opostos em relaccedilatildeo ao eixo Dl ou seja com mesmo acircngulo polar mas
com atildengulos azimutais que diferiam em 1t rad (figura 73) Foram considerados
2 valores de acircngulos polares 20middot e 40middot O eixo faacutecil do gratildeo mole foi mantido
sempre paralelo ao eixo OZ A variaccedilatildeo das propriedades magneacuteticas desses
sistemas foi estudada em funccedilatildeo dos paracircmetros a m e g tomados como
referentes ao gratildeo magneticamente duro (KI ~ Kd) O campo coercivo foi
determinado como os pontos de maacuteximo da susceptibilidade diferencial
A dinacircmica dos sistemas foi percorrida por um algoritmo de Monte Carlo
- Metropolis onde procuramos um estado metaestaacutevel do sistema provocando
pequenos movimentos na orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos em busca de
uma configuraccedilatildeo de menor energia A aplicaccedilatildeo do algoritimo envolve a
variaccedilatildeo dos acircngulos ee rp de um dos momentos magneacuteticos da cadeia de um
valor aleatoacuterio dentro de um cone de 20deg Calcula-se a diferenccedila de energia
(LIE) entre o sistema antes do movimento (estado 1) e depois deste (estado 2)
Para dE menor ou igual a zero o movimento eacute aceito e o sistema passa do
estado 1 para o estado 2 Se dEI for maior que zero o movimento pode ser
aceito ou natildeo sendo a probabilidade de aceitaccedilatildeo igual a exp(-LlElkBT)
Considera-se como um passo de Monte Carla o processo correspondente agrave
introduccedilatildeo de modificaccedilotildees aleatoacuterias em todos os graus de liberdade do
sistema Nos resultados deste trabalho foram utilizados 3500 passos de Monte
Carlo a uma temperatura de 10-3 K com passos de campo de tJh = 001 Este
nuacutemero de passos de Monte Carlo eacute suficiente para se atingir um estado de
equilibrio conforme mostra a figura 75 Nesta figura eacute apresentada a evoluccedilatildeo
148
da energia total do sistema em funccedilatildeo dos passos de Monte Carla de um
sistema da configuraccedilatildeo 11 com estado inicial na remanecircncia apoacutes preacutevia
saturaccedilatildeo (momentos alinhados na direccedilatildeo dos eixos faacuteceis) sobre o qual foi
aplicado um campo de h = -028 Os valores dos paracircmetros de troca troca
intergranular e interaccedilatildeo magnetostaacutetica foram respectivamente de Od = 25
g= 08 e md= 03
ltmT-----------------------
0=25r -701~E bull g-O8 -3 -80 mIJJs t2 -90
t~ ~100 W -110
-120 ~
-1-30 1 i i i
o 1000 2000 3000
Passos de Monte Carlo
Figura 75 Energia total em funccedilao do nuacutemero de passos de Monte Carlo
Os resultados apresentados abaixo referem-se em geral agrave configuraccedilatildeo
11 com acircngulo polar de 20middot As diferentes configuraccedilotildees e diferentes acircngulos
polares forneceram resultados bastante semelhantes entre si
O programa de simulaccedilotildees foi implementado em Fortran 77
parcialmente no Laboratoacuterio de Computaccedilatildeo Cientmca Avanccedilada - USP e no
Instituto de Cieneia de Materialss de Madrid Os caacutelculos foram realizados em
uma maquina DEC alpha utilizamos o proacuteprio gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
do computador
751 Dependecircncia com ad
A figura 76 mostra a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
nonmalizado em relaccedilatildeo ao eampo de anisotropia em funccedilatildeo do paracircmetro de
149
I troca ad para g = 08 e md = 025 Cada ponto do graacutefico corresponde a uma
meacutedia de 10 valores obtidos em diferentes corridas do programa utiliacutezando
diferentes sementes do gerador de nuacutemeros aleatoacuterios
10
g~ 08 -1 o osj
o md~Q25
~ ltJ bullgt 061E o bull ltJ bull
O 041 o bull a ~ 0 bullE 0bull O2c bull 00~
O 5 10 15 20 25 Cd
Figura 76 Campo de inversao da magnetizaccedilatildeo em funccedilatildeo da razatildeo entre a energia de troca e de anisotropia (ad)
Para valores pequenos do paratildemetro de troca (ad 25) satildeo observados
dois valores de campo coercivo indicando que os gratildeos estatildeo desacoplados agrave
medida que Qd aumenta o campo coercivo do gratildeo de alta permeabilidade
aumenta enquanto que para os gratildeos duros o campo coercivo djmiacutenui e a
partir de ad = 25 somente um valor eacute observado
As Figuras 77 e 78 mostram curvas de desmagnetizaccedilatildeo em diferentes
pontos da curva da figura 76 Estas curvas trazem a magnetizaccedilatildeo na direccedilatildeo
li normalizadas em relaccedilatildeo agrave magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo do sistema (Ai) em
funccedilatildeo do campo h que representa uma normalizaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao campo
de anisotropia do gratildeo magneticamente duro As figuras menores representam
a projeccedilatildeo sobre o eixo z de cada momento magneacutetico da cadeia
Para 0d = 01 (Figura 77) estatildeo presentes os dois valores de campo
coercivo Nesta situaccedilatildeo a interaccedilatildeo de troca enlre os momentos magneacuteticos eacute
muito fraca em relaccedilatildeo agrave anisotropia do siacutestema e a inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
eacute praticamente regida pela anisotropia de cada gratildeo Assim a primeira queda
na magnetizaccedilatildeo (h = - 004) refere-se agrave inversatildeo dos momentos magneacuteticos
150
do gratildeo de alta permeabilidade conforme mostra a figura interna onde estaacute
representada a componente z da orientaccedilatildeo dos momentos magneacuteticos logo
apoacutes a primeira etapa da desmagnetizaccedilatildeo A inversatildeo da magnetizaccedilatildeo dos
gratildeos duros se daacute a campos muito mais aRos (h = -08) Os aRos valores de h
da fase dura para a pequenos resuHam do pequeno nUacutemero de momentos
magneacuteticos que participam de uma parede de domlnio quando a interaccedilatildeo de
troca eacute fraca Segundo Barbara et aI (1988) a propagaccedilatildeo da parede de
dominios se daacute a campos muito aHos para paredes muito finas
10 ad=Ol md=O25
05 g=O8
~ rshy
-10 -05
~ 10
05
s~oo
o
-tO o -_P-ordm- _ordmordm-_ 3
~ 00
-05
-10
00 05 10
h
Figura 77 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para ad = 01
Para ad = 10 a interaccedilatildeO de troca jaacute eacute suficientemente forte para um
perfeito acoplamento dos gratildeos a somente um valor de campo coercivo foi
observado Este comportamento estaacute de acordo com a ideacuteia de que aacute medida
que aumenta a interaccedilatildeo de troca o sistema toma-se mais estaacutevel e mais
avesso agrave nucleaccedilatildeo inicial e aacute consequumlente inversatildeo da magnetizaccedilatildeo Uma
vez formado o nuacutecleo invertido a maior intensidade da interaccedilatildeo de troca entre
as momentos magneacuteticos para Qd maiores favorece uma propagaccedilatildeo da
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo mais suave A figura menor mostra a confguraccedilatildeo
do sistema (componente z dos momentos magneacuteticos) para h = -04 onde
observa-se a propagaccedilatildeo de uma parede de domiacutenios no gratildeo duro da direita
151
-shyoJ9Pcatildeonl
bull
05
E~ 00
1 -101 ~ 00 o
ad
= 10 m
d= 025
-10 I g= 08
-08 -06 -04 -02 00
h
Figura 78 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para Od= 10
752 Dependecircncia com g
A figura 79 traz o campo coercivo em funccedilatildeo do paratildemetro de
acoplamento interplanar g Baixos valores de g refletem gratildeos praticamente natildeo
interagentes Assim conforme esperado satildeo observados dois valores bem
distintos do campo coercivo Amedida que aumenta o acoplamento intergratildeos
o campo coercivo dos gratildeos duros decresce monotonicamente praticamente
coincidindo com os valores do gratildeo de alta permeabilidade a partir de g = 07 A
partir desse ponto foram observados dois tipos de comportamento Entre as
dez corridas do programa foram observados ora um ora dois valores de campo
coercivo retratando uma instabilidade do sistema Foram realizadas outras
cinco corridas para os pontos dentre g = 07 a 1 variando as sementes do
gerador de nuacutemeros aleatoacuterios e o nuacutemero de passos de Monte Carla que
reproduziram os resultados anteriores Esta instabilidade diminui agrave medida que
o valor de g aumenta sendo que para g = 1 apenas trecircs entre as dezoito
corridas realizadas apresentaram dois valores de h Na figura 79 estatildeo
representadas as meacutedias nos dois casos com um e dois valores de h
152
10
o o Q=25Im fi) o08~ d= 025~
~ O6~ o5
1l O
o oi 041 li libull bull bull bull bull
o
bull bull bull bull bull I 02
meacutediude-valore$ eooupenas um h
00 I 00 02 04 06 08 10
g
Figura 19 Dependecircncia do campo de inverampao da magnetizaccedilatildeo com o paracircmetro de troca intergraos g
Observamos que no intervalo de g estudado o campo coercivo da fase
mole permanece praticamente constante
753 Dependecircncia com m
A figura 710 traz a evoluccedilatildeo do campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
com o paracircmetro md para Qd = 25 e g = 08 Observa-se que valores pequenos
de nld (correspondentes a baixos valores da magnetizaccedilatildeo de saturaccedilatildeo)
resultam em fases desacopladas (dois processos de inversatildeo) Por outro lado
valores de m maiores que 025 estatildeo associados a um bom acoplamento entre
as fases Este resultado parece sugerir que para md grandes as flutuaccedilotildees na
energia magnetostaacutetica associadas com o processo de nucleeccedilatildeo satildeo
suficientemente intensos para tornar todo o sistema instaacutevel uma vez que se
inicia a nucleaccedilatildeo
153
04
o til ~ 03 Q) O
O O
Q)
bull ~
O2~
O
O bull bull bull bull bull -o o bull bull Cl
bullE
I
bull I~I I II011 ~
00 00 01 02 03 04 05
m
Figura 710 Campo efetivo em funccedilatildeo da raztlo entre o quadrado da magnetizaccedilatildeo e a anisotropia (ma)
Observando a configuraccedilatildeo do sistema nos campo criacuteticos verificou-se
que a forma de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo diferia de acordo com o valor de md
Para Tnd pequenos uma vez formado o nuacutecleo de inversatildeo na fase mole a
propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo para o gratildeo duro ocorria atraveacutes de uma
parede tipo Neacuteel Por outro lado para mdgt 25 era observada uma parede tipo
Bloch As figuras abaixo ilustram este comportamento
Para md ~ 01 foram obtidas curvas de desmagnetizaccedilatildeo com dois
estaacutegios (figura 7 lla) A figura 7 llb mostra os componentes 111 In e m dos
momentos magneacuteticos antes da propagaccedilatildeo do processo de inversatildeo pelo gratildeo
duro (h = -028) Satildeo observados valores de m e m moderadamente grandes
Com o incremento do campo (li = -029) a parede propaga-se para o gratildeo duro
e observa-se que o componente x dos momentos se reduz a valores muito
pequenos enquanto que o componente y aproxima-se de 10 O componente z
varia de 10 a -10 entre os momentos que natildeo participam da parede de
domiacutenios Neste caso os momentos estatildeo predominantemente no plano y-z e
a parede assume uma forma tiacutepo Neacuteel apesar deste processo resultar em
poacutelos magneacuteticos na superfiacutecie do sistema Uma vez que a magnetiacutezaccedilatildeo eacute
relativamente pequena a formaccedilatildeo de poacutelos magneacuteticos natildeo eacute suficiente para
inibir a formaccedilatildeo deste tipo de parede
154
10 11
I 05 r
Ih=-028~ I
Ioo
I~-05 m =01 h I h= - 029
-10
-08 -06 -DA -02 00 h
10rl-~-~-~-_
h = -028 h= -02905
~ I 1( 00 i ~
I bull -(l5
grilo] grilo 1 gdo2~1 oI gratildeQ 1 grUa 2 grio)
1 r 05 J I
~~Ol1
hlri --li
05- 1 1
I1 l~10 ~ bull OS
N ~ oo~ 1 bull j
-05
-101 ) I 1 ~ ~ jo 100 200 300 o 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia
Figllra 711 a Curva de desmagnetizaccedilatildeo com Dl = 01 b) Componentes x y e z dos momentos magneacuteticos da cadeia em h ~O28 e 11 -029
155
A figura 712 traz a curva de histerese para md = 03 juntamente Com os
componentes x e y dos momentos magneacuteticos em funccedillo da sua posiccedilatildeo na
cadeia O nuacutecleo de inversatildeo forma-se na fase mole e as paredes formadas
propagam-se por todo o sistema Aqui observa-se que 0$ valores de m satildeo
muito grandes na parede enquanto que o componente y natildeo ultrapassa 02
Assim os momentos estatildeo basicamente restritos ao plano X-Z onde natildeo satildeo
gerados poacutelos magneacuteticos Trata-se portanto de uma parede tipo Bloch
Assim a formaccedillo de poacutelos magneacuteticos na superflcie do sistema para md tem o
efeito de mudar a natureza do processo de inversatildeo da magnetiacutezaccedillo
1
05
~~ 11 r--------(l bull
j10 ~ -10
U1i
O5~~10 I I
1 I
~ 00
-05
-10
~
~ I I I
E~ G 100 200 300
posiccedilatildeo na cadeia bull
h = -032
m =03 d
-08 -06 -OA -02 00 h
Figura 712 Curva de desmagnetizaccedilecirco para 111 03 A curva interna mostra os componentes x y e z dos momentos magneacuteticos na cadeia para h ~O32
Cabem aqui alguns comentaacuterios sobre os outros sistemas estudados Os
resultados acima referem-se ao sistema cujos eixos faacuteceis dos gratildeos duros
estatildeo orientados conforme ilustra a figura 73 com acircngulos polares de 20middot e
acircngulos azimutais que diferem de n fado A configuraccedilatildeo cujos eixos faacuteceis satildeo
paralelos a 20middot do eixo z fornece resultados semelhantes aos apresentados
apesar das diferentes distribuiccedilotildees de poacutelos magneacuteticos no sistema As
156
configuraccedilotildees cujos eixos faacuteceis estatildeo a 40middot fornecem campos coercivos
menores No entanto o seu comportamento em funccedilatildeo dos paracircmetros ad md e
g satildeo similares aos observados nas figuras 76 79 e 710 A figura 713 mostra
a dependecircncia do campo coercivo em funccedilatildeo do paracircmetro Qd para um sistema
na configuraccedilatildeo I com eixos faacuteceis com acircngulo polar de 40deg
10
0ltr- --- _~ lt
081 ~ ~ 0 o061 bull
~ bullbullo04 bull
bullbull 0
bull0
021 bull
00 I bull rmiddotmiddotmiddot O 5 10 15 20 25
Qd
Fiacutegura 713 campo coercivo em funccedilatildeo do parecircmetro aigt para um sistema na configuraccedilatildeo 1 e eixos faacuteceis com angulo polar de 40
Para Od lt 25 onde predominam os efeitos da energia de anisotropia
satildeo observados campos coercivos menores para os gratildeos duros em
comparaccedilatildeo aos resultados da figura 76 com acircngulo polar de 20deg No entanto
ao se estabelecer o predominio da interaccedilatildeo de troca (a gt 25) os valores a
20deg e 40middot tornam-se praticamente coincidentes Comportamentos semelhantes
foram observados na dependecircncia em relaccedilatildeo a md e g
O estudo do sistema da triade de gratildeos duro-mole-duro foi
complementada com simulaccedilotildees em um sistema composto por uma cadeia de
10 triades onde cada gratildeo possuia 50 momentos magneacuteticos A figura 714
mostra uma curva de desmagnetizaccedilatildeo determinada para este sistema com os
paracircmetros ai = 25 1d = 025 e g = 08 Observa-se que a inversatildeo dos gratildeos
de alta permeabilidade ocorre em um intervalo de valores de campo aplicado
em contraste com os gratildeos duros que parecem se inverter todos em um
mesmo valor de h A dependecircncia do campo coercivo com os paracircmetros ld maacute
157
e g mostrou-se bastante semelhante agrave obtida para uma trlade simples
indicando que a grande quantidade de poacutelos magneacuteticos formados entre dois
gratildeos duros de triades subsequumlentes natildeo influenciam no processo de
desmagnetizaccedilatildeo
10 aacute=25 bullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbullbull m=O25 shy g~O8 05
O O bull IJlt- I bull
I-05
IbullI
-10
-004 -03 -02 -01 00 h
Figura 714 Curva de desmagnetizaccedilatildeo para um sistema de 10 trlades
158
76 CONCLusotildees
Neste trabalho adotamos a descriccedilatildeo micromagneacutetica de um sistema
composto por dois gratildeos duros intermediado por um gratildeo de alta
permeabilidade para estudar a influecircncia de diferentes termos de energia
(troca anisotropia magnetostecirctica) no campo de inversatildeo da magnetizaccedilatildeo
Verificamos que em situaccedilotildees onde a energia de anisotropia eacute alta satildeo
observados dois valores de campo coercivo referentes o primeiro agrave fase de
alta permeabilidade e o segundo aos gratildeos duros A medida que a energia de
anisotropia diminui eacute possiacutevel um acoplamento tanto por troca como pela
energia magnetostaacutetica o que leva agrave observaccedilatildeo de apenas um campo critico
As simulaccedilotildees atraveacutes da representaccedilatildeo micromagnecirctica tecircm se
mostrado uma teacutecnica poderosa para a compreensatildeo da influecircncia de variaacuteveis
como textura tamanho de gratildeo e fases intergranulares no processo de
inversatildeo da magnetizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos Partem de propriedades
magneacuteticas fundamentais como anisotropia interaccedilatildeo de troca e interaccedilatildeo
dipolar associando-as agrave microestrulura para entatildeo obter as propriedades
macroscoacutepicas Resulta desta simulaccedilatildeo uma representaccedilatildeo mais realista de
um material em comparaccedilatildeo com modelos que adotam aproximaccedilotildees como
distribuiccedilotildees de sistemas de dois niveis (Gonzaacutelez 1996) ou mesmo a
aproximaccedilatildeo de campo meacutedio Configuraccedilotildees locais como as variaccedilotildees de
anisotropia observadas em torno de defeitos na estrutura cristalina ou mesmo
contornos de gratildeo podem ser computadas Mesmo no sistema simples
estudado neste trabalho a teacutecnica permitiu visualizar as configuraccedilotildees locais
dos momentos magneacuteticos em todos os pontos da curva de hiacutesterese
clarificando a influecircncia de uma interaCcedilatildeo ou outra que rege o magnetismo dos
materiais
Existem outros estudos semelhantes realizados pelo grupo de JM
Gonzaacutelez tanto em sistemas unidimensionais como bidimensionais Tratam-se
no entanto de sistemas com nuacutemero maacuteximo de momentos magneacuteticos da
ordem de 10 A limitaccedilatildeo a sistemas pequenos estaacute associgda agraves capacidades
computacionais que embora sejam aprimoradas ano a ano ainda estatildeo longe
de permitir a representaccedilatildeo de um sistama com as dimensotildees de uma amostra
real A validade dos resultados deste tipo de simulaccedilatildeo torna-se muitas vezes
J59
I
limitada nao podendo ser estendida aos sistemas maiores principalmente os
caacutelculos que envolvem interaccedilotildees de longo alcance como a interaccedil1io
magnetostaacutetica
A teacutecnica de elementos finitos permite a simulaccedil1io de sistemas maiores
com algumas centenas de gratildeos As propriedades magneacuteticas obtidas atraveacutes
deste tipo de modelagem satildeo coerentes com as observaccedilotildees experimentais
No entanto as curvas de hislerese reproduzem parcialmente as curvas
experimentais conforme mostra a figura 61 b e perde-se a informaccedilatildeo de cada
momento magneacutetico
Em outro extremo no mundo das simulaccedilotildees estliacuteo os modelos de
Preisach e Jiles Atherton Estes modelos utilizam uma funccedil1io de distribuiccedilatildeo
de campos de inversatildeo para reproduzir os dados experimentais Existe uma
boa concordacircncia entre os dados simulados e experimentais e o meacutetodo
possibilita a anaacutelise de propriedades magneacuteticas que ainda resuttam em
grande discussatildeo como as parcelas reverslvel e irreverslvel e as perdas
magneacuteticas em materiais de atta permeabilidade Todavia sob o ponto de vista
destes modelos perdem-se as informaccedilotildees consideradas fundamentais para
as simulaccedilotildees micromagneacuteticas anisotropia troca e interaccedil1io magnetostaacutetica
16G
Sugestotildees para trabalhos futuros
o tema da separaccedilatildeo das parcelas da magnetizaccedilatildeo ainda gera diversas
discussotildees na comunidade de magnetismo Como determinar como modelar e
tambeacutem o que representa esta separaccedilatildeo sio questotildees que tecircm aflorado nesta
uacuteltima deacutecada A parte experimental desta tese trata do primeiro ponto
expondo os meacutetodos DCD - IRM e da susceptibilidade reverslvel geralmente
utilizados para determinar as parcelas reversiacutevel e irreversiacutevel da
magnetizaccedilatildeo A literatura mostra grupos de pesquisa que trabalham
preferencialmente com um meacutetodo ou outro e em alguns casos diferentes
meacutetodos satildeo utilizados dentro de um mesmo grupo Esta tese partiu do artigo
de Crew el ai (1996) onde satildeo realizadas simulaccedilotildees da viscosidade de um
sistema de femte de baacuterio e a susceptibilidade irreverslvel eacute determinada
segundo os dois meacutetodos Uma comparaccedilatildeo experimental utilizando o
conjunto de imatildes aglomerados que partiam desde o sistema tradicional de
ferrite ateacute a amostra nanocristalina pareceu-nos bastante interessante Uma
continuidade deste trabalho certamente prevecirc a anaacutelise da viscosidade
magneacutetica nestas amostras considerando as duas formas de deterrninaccedilio da
susceptibilidade irreversivel Outra anaacutelise interessante seria a aplicaccedilatildeo do
meacutetodo da susceptibilidade reversivel agrave amostra parcialmente cristalizada de
PrFeB Anaacutelises preliminares mostraram que a susceptibilidade reverslvel
nesta amostra apresenta dois picos referentes a cada fase magneacutetica Em
razatildeo agrave separaccedilatildeo das fases observada a baixas temperaturas esta anaacutelise
pOderia ser realizada em funccedilatildeo deste pareacutemetro
A modelizaccedilatildeo de sistemas magneacuteticos tem sido objeto de estudo do Dr
Daniel Cornejo integrante do LMM-IFUSP Em contato cem o grupo de Torino
tecircm sido realizados grandes avanccedilos para testar a aplicabilidade do modelo
moacutevel de Preisach aos diferentes sistemas magneacuteticos estudados no LMM
inclusive quanto aos componentes reversiacutevel e irreversiacutevel da magnetizaccedilatildeo
Outra sugestatildeo seria portanto a aplicaccedilatildeo do modelo agrave sequumlecircncia de imatildes
aglomerados deste trabalho
Em se tratando de um modelo fenomenoloacutegico uma dificuldade dos
modelos baseados nos conceitos de Preisach eacute a sua relaccedilatildeo com os
mecanismos de magnetizaccedilatildeo O trabalho de Bertotti (1996) mostra-se
161
bastante inovador ao associar uma visao termodinacircmica aos conceitos
envolvidos no modelo de Preisach Por outro lado e embora com um enfoque
um pouco distinlo ao adotado nesta lese os mecanismos de magnetizaccedilatildeo
(reverslveis e irreverslveiacutes) predominantes em diferentes pontos de um ciclo de
histerese tecircm sido analisados pelo grupo de LMPMM-IPT nos accedilos eleacutetricos
Processos como movimentos de paredes de dominios rotaccedilotildees reversiacuteveis e
iacuterreversiveis para a aniquilaccedilatildeo e nucleaccedilatildeo de domiacutenios tecircm sido
considerados nestas anaacutelises
As simulaccedilotildees micromagneacuteticas compotildeem um mundo de possibilidades
Aqui foram estudados sistemas bastante simplificados A extensatildeo do trabalho
li simulaccedilatildeo em sistemas maiores com diferentes fraccedilotildees da fase de alta
permeabilidade e sistemas bidimensionais poderia ser realizada Embora as
dimensotildees dos sistemas estejam limitadas pelas capacidades computacionais
existe a possibilidade de estudar os processos reversiacuteveis e irreversiveis
tambeacutem atraveacutes desta teacutecnica
162
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Vajda F Della Torre E Pardavi-Horvath M J Magn Magn Mater 115 (1992) 187
Wrthanawasam l Panagiotopoulos 1 Hadjipanayis GC IEEE Trans Magn 32 (1996) 4422
WOhlfarth EP J Appl Phys 29 (1958) 595
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ARTIGOS ELABORADOS DURANTE O PERiacuteODO DO DOUTORAMENTO
Anomalous relaxation behavior in PrNdFeB samples C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Ganzaacutelez Magnetiacutec Anisotropy and CoelCivity in Rara Earth Transilian Metal Allays vaI 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf Wortd Scienlilic (1996)234
Miacutecromagnetic investigation of lhe influence of lhe inlrinsic and extrinsic properties on lhe coercivity of hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez R Smimov-Rueda F Cebollada M Emura DR Comejo Magnefic Anisotropy and CoelCiacuteviacutety in Rara Earth Transition Metal Aloys vol 2 eds FP Miacutessell V Viacutellas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientific (1996)246
Micromagnetic investigation of lhe relaxation process in hard magnetic materiais JM Gonzaacutelez RS-Rueda R Cebollada M Emura Magnetic Anisotropy and Coercivity in Rara Earth Transifian Metal Aloys vaI 2 eds FP Missel V Villas-Boas HR Rechenberg FJG Landgraf World Scientilic(1996) 369
Interactions and magnetic viscosity non-monotonic time variation of the magnetization during relaxation at a constant demagnetizing field C de Juliaacuten M Emura F Cebollada JM Gonzaacutelez Applied Physics Letters 69 (1996) 4251
Magnetization dependeme on temperatura and grain size in nanoslructurad samples JM Gonzaacutelez C de Juliaacuten J Gonzaacutelez F Cebollada MI Montero M Emura J Restrepo Proceedings of the NATO ASI - Magneti Hyseresis in Novel Magneia Materiais - ed GC Hadjipanayis (1997) 315
Magnetic Characterization of Ni nanoparticles dispersed in silica JM Gonzaacutelez EM Gonzaacutelez C de Juliaacuten M1 Montero F Cebollada J Resrepo M Emura JL Vicen ProGeedings Df lhe NA TO ASI - Magnetiacute Hysteresis in Novel Magnetia Materiais -ed GC Hadjipanayis (1997) 327
Magnetization process linked to interphase exchange and dipolar coupllng In hard-soft nanocomposlta magneta M Emura JM Gonzaacutelez FP MIssell Joumal ofAppliacuteed Physiacutecs 81 (1997) 4983
On the role of dipolar coupling in the magnetization reversal process in hard-soft nanocomposite magnats M Emura JM Gonzaacutelez FP Missell IEEE Transaclions on Magnelies 33 (1997) 3892
Magnetization process in hybrid magnets M Emura AC Nelva FP MIssall K L Babcock J Ormerod and S Constantinides Joumal ofAPplied Physles 83 (1998) 7127
lhe effects of the addition of ferrita powder on magnetic properties of cold presses Nd-Fe-S bonded magnets D Rodrigues FJG landgraf M Emura Proceedings of lhe 15h Inemalional Workshop on Rare-Earlh Magnels and heir Applicalions ed l Schultz K-H Muumlller (1998) 580
Hybrid magnets M Emura AC Nelva FP Missall Malerials Sclence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publications (1999)
Separaling components of the hysleresis 1055 of non-orientad electrical steels FJG Landgraf JC Teixeira M Emura MF de Campos CS Muranaka Malerials Selence Forom vais 302-303 ed FP Mlssell Trans Tech Publlcanons (1999)
Anisotropy of lhe magnetic losses components in semi-processed eleclrical steels FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Joumal of Magnelism and Magnetic Maerials 196-197 (1999) 380
Coercivity Analysis in the Coxl(Si02)100-x nanoparticulate system M1 Mantere M Emura F Cebollada JM Gonzatildelez EM Gonzaacutelez JL Vicen a ser publicado no Joumal ofMagnelism and Magnetaiacutec Materiais
I
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Efeito do tamanho de gratildeo direccedilatildeo e frequumlecircncia na curva de magnetizaccedilatildeo de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos e CS Muranaka Anais do 111 Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo (199B) 104
I Separaccedilatildeo das componentes de perdas magneacuteticas em accedilos eleacutetricos totalmente processados FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos MA da Cunha
j Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM I
Avaliaccedilatildeo da Microestrutura apoacutes laminaccedilatildeo a frio em accedilos eleacutetricos RTakanohashiacute FJG Landagraf M Gonccedilalves M Emura G S Alves MF Campos AMP Passaro NB lima NS Zwirman V Wolhien Apresentado no 53 Congresso Anual da ABM
bullbull 1
I Efeito do envelhecimento nas propriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico I
M Emura FJG Landgraf MA FilipiniI Anais do 13 CBECIMAT (199B) 781
1 Efeito do tamanho de gratildeo em diferentes componentes das perdas magneacuteticas de accedilos eleacutetricos FJG Landgraf M Emura JC Teixeira MF de Campos CS Muranaka Anais do 13 CBECIMAT (1998) 766
Efeito do recozimento intermediaacuterio nas porpriedades magneacuteticas de um accedilo eleacutetrico FJG Landgral M Emura MA Filiacutepini M F de Campos NSB Zwirman V Wolgien Anais do 13 CBECIMAT (1998) 774
A funccedilatildeo distribuiccedilatildeo de orientaccedilotildees e a dependecircncia angular da induccedilatildeo I magneacutetica em accedilos eleacutetricos GNO
MF de Campos FJG Landgral M Emura JC Teixeira AP Tschiptshcin Anais do 13middot CBECIMAT (1998)
Microstructure 01 hybrid magnels by SEM and AFM M Emura AMP Paacutessaro FP Missel Acla Miacutecroscopica vai 7 (1998) 257
Poacutes de ferri(e de baacuterio produzido por coprecipitaccedilatildeo SR Janasi FJG Landgraf M Emura D Rodrigues Apresentado no Contresso da ABC (1999)
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