Provérbios e história social

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Provérbios e História Social Texto base: História Social da Linguagem / Peter Burke e Roy Porter organizadores; tradução Álvaro Hattnher. São Paulo: Fundação Editora UNESP, 1997. (UNESP/ Cambridge) Outros textos: Llull , Ramon. O Livro dos Mil Provérbios (1302) - Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 68. São Paulo: Editora Escala, 2007; http://pt.wikipedia.org/ : A versão em língua portuguesa da enciclopédia livre e gratuita; Para uma análise mais pormenorizada sobre a questão dos provérbios na Idade Média cf. Álvaro Alfredo Bragança Júnior, A fraseologia medieval latina como reflexo de uma sociedade, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Setor de Reprografia da Faculdade de Letras, 1999. Equipe: Lúcia Regina Baima Taleires Rodrigues Irlene Pires de Melo

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Provérbios e História Social

Texto base: História Social da Linguagem / Peter Burke e Roy Porter organizadores; tradução Álvaro Hattnher. – São Paulo: Fundação Editora UNESP, 1997. – (UNESP/ Cambridge) Outros textos: •Llull , Ramon. O Livro dos Mil Provérbios (1302) - Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - 68. São Paulo: Editora Escala, 2007; •http://pt.wikipedia.org/: A versão em língua portuguesa da enciclopédia livre e gratuita; •Para uma análise mais pormenorizada sobre a questão dos provérbios na Idade Média cf. Álvaro Alfredo Bragança Júnior, A fraseologia medieval latina como reflexo de uma sociedade, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Setor de Reprografia da Faculdade de Letras, 1999. Equipe: Lúcia Regina Baima Taleires Rodrigues Irlene Pires de Melo

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“...os historiadores deveriam ler até “ouvir as pessoas conversando”... Ouvir a voz por trás do texto.

James Obelkevich

“O gênio, a sagacidade e o espírito de uma nação são descobertos em seus provérbios.”

Francis Bacon

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História Social da Linguagem - Provérbios

• Os historiadores/pesquisadores buscam resgatar a história da linguagem em

épocas que a maioria das pessoas não sabia escrever, em que há poucas

evidências escritas. Como no período medieval, na época da Inquisição e

das guerras civis na Europa. A saída encontrada por folclóricos

antropólogos era estudar a fala por meio de suas formas e gêneros.

• No caso em questão, o gênero escolhido foi o Provérbio, pois é antigo e

amplamente usado, incorpora atitudes populares e tem uma extensa linha

de compilações impressas a partir do século XVI.

• Em relação aos provérbios, os historiadores têm estado mais preocupados

com significados (idéia, conteúdo) que com a significantes (forma).

• Durante séculos, qualquer pessoa que fosse estudar uma língua estrangeira

aprenderia seus provérbios junto com sua gramática e vocabulário. Muitos

provérbios apareciam diretamente nos dicionários.

• Principal acontecimento da história dos provérbios foi seu abandono por

parte das classes mais instruídas.

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Provérbios

Ditos populares tradicionais que oferecem sabedoria e conselhos de maneira rápida e incisiva para problemas recorrentes.

• Gênero primordialmente oral e prático, empregando uma enorme amplitude de recursos retóricos e poéticos (metáfora, ritmo, aliteração, assonância...) no âmbito de sua extensão limitada.

• Um dos mais antigos gêneros folclóricos e um dos mais bem distribuídos geograficamente.

• Serve como veículo não só do conhecimento moral, mas também do prático (atitude).

• Tem existência própria independente do autor.

• Acredita-se que seus autores são em sua maioria camponeses.

• Outras características importantes: bom senso (senso comum), autoridade, impessoalidade (em terceira pessoa) e atemporalidade.

Curiosidade: As primeiras fontes sobre os provérbios remontam ao terceiro milênio antes de Cristo, aos egípcios. (Bragança, 1999)

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Exemplo:

Absense makes the heart grow fonder

(longe dos olhos, perto do coração)

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Usuários e Usos

Os provérbios sempre foram usados por pessoas de todas as classes.

• A autoridade política e a autoridade proverbial tem se aliado desde a época de Salomão.

• Na Europa medieval, os provérbios eram amplamente utilizados pelos camponeses, com sua cultura oral e relações sociais. Quanto mais camponeses maior o número de provérbios.

• Na passagem do campo para as áreas urbanas (classe trabalhadora) houve alguns acréscimos e muitas perdas.

• As evidências sugerem que os provérbios são mais usados por homens que por mulheres. E ainda mais, por homens idosos e por crianças que criam seus próprios ditos.

• Além de outras formas de uso, os provérbios serviam para estabelecer ou restaurar uma relação social, reforçar a solidariedade de um grupo de iguais e para preencher o diálogo dos mais idosos.

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Usuários e Usos

• Podemos dizer que as pessoas usavam os provérbios porque soavam bem ou porque apreciavam a forma e a fraseologia ou por seu estilo verbal.

• Ainda na Idade Média, na França e na Nigéria, os provérbios podiam determinar vitórias ou derrotas nos tribunais.

• No século XIX, os provérbios eram estudados nas escolas elisabetanas (referência a rainha da Inglaterra, Elisabete I), usados como forma de controle social.

• Os ex-presidentes da antiga União Soviética (hoje Rússia) dos séculos XIX e XX, Lenin, Stalin e Gorbatchev usavam provérbios camponeses em seus discursos.

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Exemplos:

Good and bad go in cycles

(O bem e o mal andam em círculos)

Everything’s for the best

(Tudo é com a melhor das intenções)

It’ll come out in the wash

(Hei de vencer)

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Significados

O que significam os provérbios? Eles expressam um ponto de vista coerente? O que eles podem nos dizer a respeito das posturas e valores de seus usuários?

• O que interessa aos historiadores não são os significados mais profundos e sim os aparentes. Para eles, o provérbio não depende só do que é dito, mas também da situação em que ele é usado. Existem pouco sobre estas situações, logo temos os textos, porém não temos os contextos e assim parte do significado ficou perdido.

• Os significados mudam com o passar do tempo e podem variar em relação ao espaço.

• Existiram sabedorias proverbiais mais subversivas (Cético) e mais grosseiras que desapareceram sem deixar vestígios, pois não foram compiladas.

• Observavam-se diferenças entre provérbios regionais e nacionais, por exemplo, na França, os regionais apresentavam mais vulgaridade que os nacionais; e entre os provérbios regionais, os provérbios do sul da França representavam mulheres mais reclusas enquanto os do norte, associavam com a supremacia masculina.

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Significados

• A soberba e as ilusões de uma nação podem ser descobertas através de seus escritos sobre provérbios.

• Várias expressões podem ter o mesmo significado dentro de uma nação e/ou a mesma expressão possuir seus equivalentes entre nações. A tradução dos provérbios de uma língua para outra não deve se feita literalmente, pois perderia seu significado.

• Alguns historiadores tentaram abordar os provérbios pelo seu “ethos” (síntese dos costumes de um povo) e visão de mundo, reconstruindo suas concepções gerais de sociedade.

• Entre os séculos XVI e XVIII, como muitos gêneros antigos, os provérbios também marcam preconceito e hostilidade em relação a mulher (misoginia). Acredita-se que também existiram provérbios de mulheres em relação a seus maridos, mas que nunca foram apresentados aos compiladores.

• Questiona-se se os provérbios exageram os problemas, dando margem ao pessimismo e ao fatalismo, fato atribuído as condições vividas pelos camponeses.

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Significados

• No século XVI, os provérbios franceses mostravam a desconfiança

medieval a respeito dos ricos e a crença na idéia de que a pobreza poderia

ser virtuosa.

• No século XVII, os provérbios russos passaram a refletir o crescente

conflito entre proprietários de terras e camponeses.

• No século XVIII, os provérbios ingleses expressavam valores associados à

economia capitalista em expansão.

• No século XIX, apesar das afirmações de que a era de se fazer provérbios

havia passado, a safra de novos ditados foi grande e eles também refletiam

as preocupações da época.

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Exemplos:

*Um provérbio, duas interpretações opostas: na Escóssia, usado para incentivar a mobilidade e na Inglaterra, para desencorajá-la.

A rolling stone gathers no moss

(Pedra que rola não cria limo)

*Duas representações e um mesmo significado:

Out of sight, out of mind

Absense makes the heart grow fonder

(longe dos olhos, perto do coração)

*Misoginia:

He that has a wife has strife

(Quem tem esposa, tem discussão)

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Provérbios e as classes educadas

Na Inglaterra do século XVI, as pessoas educadas estudavam, usavam e valorizavam os provérbios, já no início do século XX, elas há muito já os haviam rejeitado.

• Teve seu apogeu no final do século XVI e início do XVII.

• Os provérbios eram utilizados como componente para os escritores, serviam para ampliar os argumentos e para dar ao discurso a qualidade desejada de cópia. Funcionavam ora como instrumento de persuasão ora como ornamento estilístico. Ter conhecimento sobre os provérbios era algo de que a pessoa podia se orgulhar e exibir.

• No século XVI, em uma época em que a verdade e a sabedoria estavam acima dos fatos e dos números, os provérbios possuíam uma autoridade inconteste para as pessoas educadas, eles não representavam curiosidades folclóricas, mas parte de seu capital cultural.

• Neste mesmo século, temos muitas contribuições de Shakespeare no teatro. Ele foi considerado o primeiro e maior escritor inglês a se utilizar dos provérbios em seus textos. Em sua obra estão catalogados mais de 4.600 utilizações destas expressões.

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Provérbios e as Classes Educadas

• No século XVII, na Câmara dos Comuns (Parlamento Inglês) um membro fez seu discurso somente com provérbios, sendo superado apenas por um italiano que compôs uma carta literária contendo 381 provérbios.

• Já na segunda metade deste século, as classes educadas diminuíram seu interesse pelos provérbios. Eles desapareceram quase que totalmente da literatura do período. Sendo ainda muito usados na modalidade oral.

• No final do século XVII, já se associavam os provérbios ao homem vulgar e os manuais de retórica mais recentes desaconselhavam os escritores a estas expressões “deselegantes e obsoletas”, triviais e sem originalidade.

• Na primeira metade do século XVIII, os provérbios foram banido da conversação refinada, quando o Lorde inglês Chesterfiel orientou seu filho quanto a “um homem nunca recorre a provérbios ou aforismos vulgares”. Apenas os provérbios bíblicos ainda eram respeitados.

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Provérbios e as Classes Educadas

• Discriminamos alguns fatores responsáveis pela ruptura entre a elite e os provérbios: novo código social defendido por Addison, Steele (escritor ingles do século XVIII) e outros, mais próximo das concepções modernas de boa educação, cujas palavras de ordem eram: sinceridade, modéstia e bom temperamento; pelo afastamento das elites das classes mais populares; pelo surgimento de novo modelo estilístico de prosa literária (as metáforas passaram a ser consideradas emotivas e dissimuladas e deram lugar a um estilo simples, claro, correto e escrito); o vetor da cultura mudou de sabedoria para conhecimento e de antigos para modernos; aumento da demanda por originalidade (termo empregado a partir do final do século XVIII).

• Estáticos, esteriotipados, mundanos, não apresentavam ponto de contato com a nova concepção da vida como revelação de um destino individual.

• No final do século XVIII e início do XIX houve uma parada no declínio dos provérbios. Estas expressões e as máximas voltaram a ser utilizadas por várias classes, inclusive os filhos da elite, porém os intelectuais tornaram a criticá-los (intitulando-os “covardes”) e principalmente as máximas, pois defendiam que a complexidade da vida não poderia ser abarcada por máximas.

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Provérbios e as Classes Educadas

• O que viria a substituir os provérbios? Na segunda metade do século XVII, o escritor inglês William Blake criou um novo gênero, puramente literário, o aforismo, geralmente abstrato e não metafórico, tem virtudes da prosa (estilo correto, clássico e refinado).

• Comparando os gêneros (provérbioXaforismo): ambos são céticos em relação à sabedoria oficial; o aforismo utiliza um espírito mais aristocrático enquanto o provérbio faz de acordo com o senso comum; os provérbios são anônimos e impessoais enquanto o aforismo tem autores e refletem a perspectiva de seus criadores individuais.

• No século XIX, ainda na busca por substituir os provérbios, o aforismo, com sua sabedoria clássica, parecia um ultrapassado.

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Provérbios e as Classes Educadas

• Surge então, o gênero fragmento, mais discursivo na forma e de sensibilidade mais romântica. Um fragmento podia conter uma parábola ou um paradoxo, sua forma aberta correspondia a uma nova concepção romântica da própria sabedoria. A proposta era ativar a sensibilidade do leitor, e não apresentar nenhum produto acabado, mas em processo de acabamento.

• Tanto o aforismo quanto o fragmento circularam basicamente entre a elite intelectual, mas para a classe média ainda existiam os provérbios que eles consideravam não ser o bastante, entre eles surgiu então, as citações, que segundo Martin Tupper, autor do livro mais popular do século XIX (Proverbial Philosophy), era uma versão barata da clássica moral de fábula. Mais de cinquenta foram dedicadas a Shakespeare. Os intelectuais que repudiavam as máximas, como George Eliot (romancista do século XIX, seu verdadeiro nome era Mary Ann Evans), colaboraram com as citações.

• Comparando os gêneros (provérbiosXcitações): ambos falam com autoridade; os provérbios são anônimos e derivam da força do povo e a citação deriva exclusivamente de seu autor e da identificação com o mesmo, era elevar-se acima da plebe.

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Provérbios e as Classes Educadas

• O que mais se prezava nos ditos dos grandes não era sua grandeza, mas a marca de uma personalidade notável.

• Comparando os gêneros (provérbiosXaforismoXfragmentoXcitações): o aforismo era mais pessoal que o provérbio, o fragmento mais pessoal que o aforismo e as citações representam a forma mais personalizada que já surgiu.

• No século XIX, através de Isaac D’Israeli (crítico e historiador inglês) em sua publicação “Curiosities of Literature” houve uma nova tentativa de resgate dos provérbios. Lembrando aos leitores que em tempos passados este gênero já foi muito lido pelas pessoas elegantes e que representam evidências históricas da vida doméstica de um povo, apresentando o que as pessoas pensam e sentem.

• Um ano depois surge a primeira coletânea de provérbios “Select Proverbs of All Nations” escrita por John Wade (jornalista inglês). O autor considera os provérbios como uma linguagem primitiva da sociedade.

• James Howeel, compilador inglês do século XIX defende os provérbios com base no populismo estético, tudo que vem do povo ou vai para ele terá “poesia” e “imaginação”.

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Provérbios e as Classes Educadas

• Na segunda metade do século XIX, muitos autores incluíram em suas obras

provérbios, como no livro “Guerra e Paz” do escritor russo Leon Tolstói.

• No mesmo período, o movimento folclórico e os compiladores se uniram

para realizar coletâneas maiores e mais sérias.

• Após o renascimento, os provérbios tornaram a cair e continuam até hoje,

sendo usado apenas ocasionalmente ou como forma de ironizar ou

dramatizar uma situação.

• Com o surrealismo, mais uma vez ressurge a necessidade de reinventá-los.

Estas expressões rejeitadas pela classe culta e que não consegue deixá-las

em paz. Os intelectuais cultivavam o individualismo moderno, resumido na

frase de Wilde (escritor inglês do século XX): “uma verdade deixa de ser

verdadeira quando mais de uma pessoa acredita nela”.

• Alguns aficcionados por provérbios no período medieval: Villon (poeta

francês), Rabelais (padre, médico e escritor francês da época do

renascimento) e Cervantes.

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Exemplos:

Cético (paródias vulgares):

Santo novo, diabo velho

Aforismo:

A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria. (William Blake)

Provérbios Modernos - Invertidos:

• Quem ri por último é retardado

• Os últimos serão desclassificados

Provérbios Modernos - Misturados:

• Entre marido e mulher, negócios à parte

• Cão que ladra, vale por dois

Provérbios Modernos – por exemplo na área da informática:

• A pressa é inimiga da conexão

• Amigos, amigos, senhas à parte

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Períodos citados • Inquisição e guerras civis na Europa – data do período medieval e

predominava linguagem oral e os registros dos tribunais – movimento dedicado a supressão da heresia na igreja católica.

• Rainha Elisabete I (século XVI) – rainha da Inglaterra e da Irlanda desde 1558 – era justa e gostava de dar bons conselhos, seu período foi chamado era dourada.

• Rainha Vitória (século XIX) – era vitoriana, foi um longo período de prosperidade e paz para Inglaterra.

• Rei Salomão (A.C.) – rei bíblico.

• Renascença (entre os séculos XIII e XVII) – os renascentistas chamavam a idade média de “idade das trevas”, por considerar que a cultura nesta época havia desaparecido, eles acreditava que ao desconsiderar a cultura da idade média e resgatar a cultura dos gregos e romanos estariam renascendo.

• Humanismo da Renascença – homens que queriam melhorar o ensino nas universidades, introduzindo estudos baseados na razão, no cálculo e na experiência. Principal objetivo era conhecimento do homem, de seu corpo, sua história, idéias e emoções.

• Iluminismo – movimento intelectual da elite de intelectuais da Europa do século XVIII que procurou mobilizar o poder da razão.

• Surrealismo (século XX) - enfatiza o papel inconsciente da atividade criativa.

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Conclusão

• Como os provérbios são atemporais e impessoais, e por seu gênero originalmente oral fica difícil saber o momento exato que os provérbios passaram a existir. Sabemos apenas que passaram a ser compilados no século XVI.

• Até mesmo no século XX, com toda sua fobia aos provébios, certas frases feitas podem se tornar populares e se estabelecer como tal.

• Os provérbios colocam o coletivo acima do individual, o recorrente e esteriotipado acima do excepcional, as regras externas acima da autodeterminação, o senso comum acima da visão individual, a sobrevivência acima da felicidade.

• As pessoas instruídas pressupõem que todos têm sua própria experiência de vida, singular e inconstante, e que essa experiência deveria ser expressa por palavras novas, escolhidas para cada ocasião. Usar os provérbios seria negar a individualidade dos falantes.

• Atualmente, ainda se evita o uso de provérbios, considera-se o aforismo como digno, mas antiquado e a citação como mediana. Mas, o grande vilão da atualidade são os “clichês”. O consenso moderno culto afirma que os provérbios são variedades de clichê – irritantes, obsoletos, sem valor social ou literário.

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Conclusão

• Alguns elos entre a estrutura linguistica e a estrutura social podem ser encontrados nos gêneros orais e nas expressões convencionais.

• Quando as pessoas habitualmente usam os provérbios e expressões semelhantes, tendem a pensar nos termos deles e a agir e viver de acordo com eles. Se a vida social pode ser interpretada como um texto, muitas vezes e o provérbio ou expressão trivial que fornece as pistas para a leitura.

• Basta lembrarmos que os provérbios existiram antes dos livros e não são os livros, mas os velhos dizeres, que regulam a conduta humana.

• A longo prazo, os provérbios estão destinados a desaparecer nas sociedades desenvolvidas, em graus variáveis e em todas as classes sociais.

• Atualmente, devem existir pouco mais de uma milhar de provérbios conhecidos, pois sua utilização caiu em desuso.