PROVIM DOM BOSCO E O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO - … · Provim Dom Bosco e o Programa Segundo Tempo...

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Universidade de Brasília ALEXANDRE FILOMENO PRESCILIANO PROVIM DOM BOSCO E O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO UNIDOS NA PROMOÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE São Paulo 2007

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Universidade de Brasília

ALEXANDRE FILOMENO PRESCILIANO

PROVIM DOM BOSCO E O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

UNIDOS NA PROMOÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

São Paulo 2007

ii

ALEXANDRE FILOMENO PRESCILIANO

PROVIM DOM BOSCO E O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

UNIDOS NA PROMOÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Profª. Ms. Renata Elsa Stark

São Paulo

2007

iii

Presciliano, Alexandre Filomeno

Provim Dom Bosco e o Programa Segundo Tempo unidos na

Promoção Social da criança e do adolescente em situação de

vulnerabilidade. São Paulo, 2007, 57 p.

Relato de Experiência (Especialização) – Universidade de Brasília.

Centro de Educação à Distância, 2007.

1. Parceria 2. Promoção Social 3. Vulnerabilidade

iv

ALEXANDRE FILOMENO PRESCILIANO

PROVIM DOM BOSCO E O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

UNIDOS NA PROMOÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:

Presidente: Profª. Ms. Renata Elsa StarkEscola Superior de Educação Física de Jundiaí,

ESEF Jundiaí

Membro: Profª. Ms. Fernanda Moreto ImpolcettoFaculdade Euclides da Cunha, FEUC

São Paulo (SP), 17 de Agosto de 2007

v

DEDICATÓRIA

Dedico este estudo aos meus alunos do

Provim Dom Bosco, por me fazerem

acreditar que vale a pena tanto esforço

para fazê-los felizes.

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus por permitir que eu concluísse mais uma etapa da minha

vida que foi a realização desse trabalho.

Aos meus amigos Educadores e a Coordenação e Direção do Provim Dom Bosco.

Aos meus amigos do CEU Vila Atlântica, especialmente aos Técnicos de Esporte,

companheiros de jornada.

A minha esposa Daiane e meu filho Giovani pela compreensão da importância que

esse trabalho teve para mim.

Aos meus pais José e Aparecida e meus irmãos Andréa, Carlos, Aline e Amanda.

Ao meu amigo Eduardo Capucho que me ajudou na evolução desse trabalho.

A minha orientadora e amiga Ms Renata Elsa Stark que após tanto tempo sem

contato aceitou o desafio de me orientar com sabedoria e paciência novamente.

E aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso desta pesquisa.

A todos vocês,

Muito obrigado.

vii

“Educar é mostrar a vida a quem ainda

não a viu. O educador diz: “Veja”! - e ao

falar, aponta. O aluno olha na direção

apontada e vê o que nunca viu. O seu

mundo se expande. Ele fica mais rico

interiormente. E, ficando mais rico

interiormente, ele pode sentir mais alegria

e dar mais alegria - que é a razão pela

qual vivemos. Vivemos para ter alegria e

para dar alegria. O milagre da educação

acontece quando vemos um mundo que

nunca se havia visto.”

Rubem Alves

viii

RESUMO

O presente relato insere-se no Programa de Especialização do CEAD – Centro de

Especialização à Distância da Universidade de Brasília, no Curso de Especialização

em Esporte Escolar. A questão da promoção social da criança e do adolescente em

situações de vulnerabilidade através de parcerias entre a Rede Salesiana de Ação

Social, representado pelo Provim Dom Bosco, e o Ministério do Esporte,

representado pelo Programa Segundo Tempo, é a discussão principal deste

trabalho, que leva em conta a opinião dos alunos do Provim e dos estagiários

contratados. O trabalho foi desenvolvido com uma pesquisa de campo, de natureza

qualitativa com aplicação de entrevistas e questionários fechados, dividida em dois

momentos: no primeiro, utilizou-se como instrumento a entrevista, com questões do

tipo aberto aplicado em uma amostragem de alunos do Provim, fator motivador

deste relato. No segundo, utilizou-se como instrumento um questionário do tipo

fechado, aplicado aos estagiários responsáveis pelas oficinas de Ginástica

Localizada, Dança e Tênis de Mesa. Levantados e interpretados os dados,

constatou-se que tanto os alunos quanto os estagiários têm opiniões abrangentes

sobre os temas propostos. Para os alunos mais de 60% (por cento) consideram que

praticar esporte melhora sua saúde e seu condicionamento físico e mental e 33%

(por cento) analisaram o Provim como uma ferramenta eficaz no auxílio da

aprendizagem de uma maneira global. Para os estagiários, questões como as de

participação e motivação dos alunos nas oficinas tiveram uma avaliação muito

positiva demonstrando o interesse delas em absorver e aproveitar as novas oficinas

oferecidas. Verificou-se a partir dos resultados dos pesquisados a importância e a

necessidade de novos projetos como esse realizado pela parceria e efetivados no

contra-turno escolar. Ao final do relato concluiu-se como positivas as atividades

realizadas no Provim Dom Bosco e apoiado pelo Programa Segundo Tempo nas

ações que buscam a promoção social dos atendidos no Projeto.

Palavras-chave: Parceria, Promoção Social e Vulnerabilidade.

ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Localização das famílias, segundo região, integrantes do Provim.....................................18

Gráfico 1 – Localização das famílias, segundo região, integrantes do Provim.....................................19

Quadro 2 – Número de pessoas, por domicílio.....................................................................................19

Gráfico 2 – Número de pessoas, por domicílio......................................................................................20

Quadro 3 – Renda familiar.....................................................................................................................21

Gráfico 3 – Renda familiar.....................................................................................................................21

Quadro 4 – Despesas com moradia......................................................................................................22

Gráfico 4 – Despesas com moradia......................................................................................................22

Quadro 5 – Que benefícios você acha que o esporte lhe traz?............................................................41

Gráfico 5 – Que benefícios você acha que o esporte lhe traz?.............................................................42

Quadro 6 – Se você não estivesse matriculado no Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo o

que você estaria fazendo.......................................................................................................................43

Gráfico 6 – Se você não estivesse matriculado no Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo o

que você estaria fazendo.......................................................................................................................43

Quadro 7 – Qual a importância do Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo na sua vida?.......44

Gráfico 7 – Qual a importância do Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo na sua vida?.......44

x

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES....................................................................................................................09

LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................................................10

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................11

CAPÍTULO I - O INSTITUTO DOM BOSCO E SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL..........................14

1 - CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO.......................................................................................14 2 - REVELANDO O INSTITUTO DOM BOSCO.......................................................................16

3 - PROVIM DOM BOSCO – BOM RETIRO............................................................................17

4 - CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE–CLIENTELA DO PROVIM.................................18

5 - O CONVÊNIO ENTRE AS PARTES...................................................................................23

6 - PROGRAMA SEGUNDO TEMPO.......................................................................................24

CAPÍTULO II – OS BENEFÍCIOS DA PRATICA ESPORTIVA DESENVOLVIDA NO PROVIM DOM BOSCO/PROGRAMA SEGUNDO TEMPO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE.......................................................................................................................26 1 - DEFINIÇÕES DO ESPORTE..............................................................................................27 2 - COMPREENDER O LÚDICO..............................................................................................27 3 - O DESPORTO.....................................................................................................................29 4 - AS PRINCIPAIS MODALIDADES ESPORTIVAS DESENVOLVIDAS PRATICADAS NO PROVIM DOM BOSCO E OS BENEFÍCIOS POR ELAS PROPORCIONADAS AOS PRATICANTES.........................................................................................................................30 5 - A PRÁTICA DO BASQUETEBOL........................................................................................31 6 - A PRÁTICA DO VOLEIBOL.................................................................................................32 7 - A PRÁTICA DO HANDEBOL...............................................................................................34 8 - A PRÁTICA DO FUTSAL.....................................................................................................35 9 - OUTRAS OFICINAS ESPORTIVAS DESENVOLVIDAS NO PROVIM DOM BOSCO.......36 10 - OFICINA DE DANÇA.........................................................................................................37 11 - OFICINA DE GINÁSTICA LOCALIZADA..........................................................................37 12 - OFICINA DE TÊNIS DE MESA.........................................................................................38 13 - OFICINA DE CAPOEIRA...................................................................................................39 CAPÍTULO III – O PROVIM E A OPNIÃO DOS PARTICIPANTES DO PROJETO..............................40 1 - CONTEXTO DA PESQUISA I.............................................................................................40

xi

2 - RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS DA PESQUISA I......................................41

5 - CONTEXTO DA PESQUISA II............................................................................................45

6 - RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS DA PESQUISA II.....................................47

7 - DIAGNÓSTICO DAS PESQUISAS.....................................................................................48

CONCLUSÃO........................................................................................................................................50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................53 ANEXOS................................................................................................................................................56

xii

CAPÍTULO I

O Instituto Dom Bosco e sua responsabilidade social

Caracterização da região

Para iniciar o conteúdo desse Relato de Experiência e falar da parceria

Provim1 Dom Bosco e o Programa Segundo Tempo é necessário caracterizar a

região em que se localiza o Complexo Educacional e Social Instituto Dom Bosco,

que fica no bairro do Bom Retiro, na cidade de São Paulo. Esse bairro é muito

importante para a cidade por questões históricas e econômicas, principalmente na

área têxtil, e apresenta contrastes de várias culturas, como veremos a seguir.

Para iniciar a história do bairro interpretamos Dertônio (1971) que comenta

que no século XIX, a região do Bom Retiro, localizada entre os rios Tietê e

Tamanduateí, era formada por algumas chácaras e sítios, como a Chácara do Bom

Retiro que nomeou o bairro.

Um fato que marcou profundamente o desenvolvimento da região foi a

instalação da Estrada de Ferro São Paulo Railway, hoje Santos-Jundiaí.

A Rua José Paulino, além de ser conhecida por suas lojas, traz também em

sua história um acontecimento especial para muitos paulistanos. Foi lá que o Sport

Club Corinthians Paulista foi fundado por operários, em 1910.

O bairro está localização no centro ampliado da cidade de São Paulo.

1 Provim: Programa Vida Melhor

xiii

Este sofreu, nos últimos anos, um esvaziamento dos primeiros moradores que

imprimiram um caráter cultural próprio (italianos, poloneses, gregos e judeus) e que

foram substituídos pelos migrantes de diversas regiões do Brasil, especialmente os

nordestinos. No contexto atual existem os novos imigrantes, ou seja, os asiáticos,

principalmente os coreanos que dominaram o comércio local em diferentes frentes

de atuação (confecções, lojas de roupas e de brinquedos, salões de beleza, entre

outros), e os latino-americanos, em sua maioria, bolivianos que vivem basicamente

da economia informal principalmente (oficinas de comércio e comércio ambulante).

O Bom Retiro já teve uma população economicamente próspera. Hoje, o

bairro é habitado por uma população empobrecida vivendo, em sua maioria, de uma

economia informal.

A situação habitacional revela antigas moradias, hoje transformadas em

habitações coletivas (cortiços e ocupações) e um grande conjunto habitacional

popular que nasceu da urbanização de uma favela (o Parque do Gato). Ainda

encontramos a “Favela do Moinho” às margens da linha ferroviária.

Esta é uma região de muitos contrastes, pois além do cenário acima descrito

existem ainda o Quartel General da Policia Militar de São Paulo, o Batalhão de

Polícia da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (ROTA), a FATEC2, a Pinacoteca do

Estado, a sala São Paulo, a Oficina Cultural Oswald de Andrade, o Museu Emílio

Ribas, entre outros.

Após esta breve caracterização do bairro onde está localizado o Instituto Dom

Bosco, torna-se importante conhecer um pouco da história do próprio colégio, que

também trouxe benefícios para a cidade de São Paulo por seu caráter social, de

acolhimento e instrução à juventude de São Paulo.

2 FATEC: Faculdade de Tecnologia de São Paulo, referência para a Cidade.

xiv

Revelando o Instituto Dom Bosco

A história social do Instituto Dom Bosco vem desde a sua fundação, em 19 de

março de 1919. Da década de 50 até 1992 atuou também como colégio particular. A

partir de 1993, por uma opção histórica, passou a atender exclusivamente como

obra social. Para manter toda a estrutura, instalada num terreno de quase 12 mil

metros quadrados, no bairro do Bom Retiro, a obra mantém parcerias com órgãos

públicos e privados, convênios, e conta com o apoio de pessoas físicas e jurídicas. A

visão dos dirigentes do Instituto Dom Bosco é tornar a obra uma referência

qualitativa para os programas socioeducativos com crianças, jovens e famílias em

situação de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo.

O Instituto Dom Bosco (...) busca desenvolver ações preventivas priorizando a melhoria da qualidade de vida dos atendidos através de oficinas, acompanhamento escolar, atividades esportivas, abrigo provisório e qualificação de jovens, e adultos para a profissionalização. Como organização social católica e membro da Rede Salesiana de Ação Social, sua ação baseia-se na pedagogia de Dom Bosco que tem como princípios: razão, religião e carinho, fortalecendo o relacionamento e a convivência familiar e social. (PEPS3, 2004, p.10).

Atualmente o Instituto Dom Bosco mantém nove projetos principais, quatro

projetos de apoio e diversos serviços que atendem crianças, jovens e adultos que de

outra forma não teriam acesso a importantes recursos. Todos os projetos são

oferecidos gratuitamente em parceria com a Secretaria de Assistência Social da

Prefeitura Municipal de São Paulo e algumas empresas e atendem, diretamente,

mais de 6 mil pessoas por ano na região metropolitana de São Paulo.

Dentro do histórico do Instituto um aspecto importante é o quanto se gasta

com alimentação para as crianças e jovens atendidos nos projetos.

3 PEPS: Projeto Educativo Pastoral Salesiano 2005 – 2007.

xv

Os profissionais da cozinha do Instituto Dom Bosco são responsáveis pela

preparação diária de alimentação balanceada para mais de mil crianças e jovens.

“Diariamente são consumidos 70 quilos de arroz, 30 quilos de feijão, 64 quilos de

carne fatiada (ou 90 quilos de carne moída/90 quilos de lingüiça/200 quilos de

frango/60 quilos de salsicha), 1.000 pãezinhos, 8 quilos de leite em pó, além de

legumes e verduras.” (INSTITUTO DOM BOSCO, 2007).

Para muitas crianças e jovens a refeição oferecida no IDB é a única garantia

de reposição dos nutrientes necessários para seu desenvolvimento.

A seguir será detalhado o Provim Dom Bosco. É nesse projeto onde de fato é

implementada a parceria com o Programa Segundo Tempo.

Provim Dom Bosco – Bom Retiro

Provim significa Programa Vida Melhor e é conhecido também como Núcleo

Sócio-Educativo para crianças de 06 a 11 anos e adolescentes de 12 a 15 anos.

Funciona desde 1988, desenvolvendo atividades sócio-educativas com

crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Tem por finalidade

desenvolver ações preventivas oferecendo “um trabalho diferenciado que procura

estimular diversas áreas do desenvolvimento humano: o cognitivo, o

afetivo/emocional, a formação para os valores, a sociabilidade, a cooperação”.

(BOLETIM ESPECIAL, 2006, p.8).

São atendidas 460 crianças, em dois períodos, no contra turno da escola

regular. Durante sua permanência no Provim, as crianças e adolescentes

desenvolvem diversas atividades, tais como: Acompanhamento escolar, Capoeira,

Educação Física/Recreação, Educação Ambiental, Arte em Madeira, Informática e

Estudo Musical Formativo.

xvi

Caracterização da comunidade / clientela do Provim

Para ter uma idéia mais apurada do projeto, serão analisadas, mais

detalhadamente, as condições das famílias das crianças que freqüentam o Provim.

As informações foram retiradas do banco de dados do setor de Informática do

Provim.

As análises foram feitas por amostragem de um contingente de 115 fichas de

crianças, escolhidas aleatoriamente, matriculadas no Provim no ano de 2006. Isso

representa 25% (vinte e cinco por cento) do total de 460 crianças matriculadas.

O Quadro 1 e Gráfico 1 expõem a localização da moradia dessas crianças

que se deslocam para o local de estudo.

Quadro 1 – Localização das famílias, segundo região, integrantes do Provim

Região de Origem nº de famílias 1 Zona Norte 36

2 Zona Sul 8

3 Zona Leste 6

4 Zona Oeste 4

5 Região Central 56

6 Grande São Paulo 5

Fonte: Provim Digital – Departamento de Informática.

xvii

Gráfico ILocalização das famílias do Provim,

segundo região

31%

7%5%3%

50%

4% 123456

Pode-se notar que uma quantidade expressiva (50%) das crianças reside no

Centro de São Paulo e tem benefícios de mais algumas horas de repouso, o

deslocamento da residência até o local de ensino é menor, observa-se que somando

as outras localidades de moradia, os outros 50% (cinqüenta por cento) ficam em

regiões que não fazem parte do Centro de São Paulo e precisam usar transportes,

muitas vezes cheios, precisam acordar mais cedo para estar no Colégio no horário

das aulas. Poder-se-ia dizer que isso já é um diferencial e talvez possa atrapalhar o

desenvolvimento escolar destas crianças e jovens.

No Quadro 2 e Gráfico 2 demonstra-se a distribuição da amostra segundo o

número de pessoas que moram por domicílio.

Quadro 2 – Número de pessoas, por domicílio

Nº. de habitantes, por domicílio n° de famílias

1 2 pessoas 7

2 3 pessoas 17

3 4 pessoas 44

4 5 pessoas 20

5 6 pessoas 18

6 mais de 6 pessoas 9

Fonte: Provim Digital – Departamento de Informática.

xviii

Gráfico IINúmero de moradores por residência

6%15%

38%17%

16%8%

123456

Nota-se que, na maioria das famílias que tem as crianças matriculadas no

Provim, o número médio de moradores, por domicílio, é de quatro pessoas,

totalizando 38% (trinta e oito por cento) dos dados levantados. Importante frisar que,

nem sempre, esses dados são de famílias nucleares, ou seja, composta por pai,

mãe e filhos. Isso quer dizer que algumas vezes pode-se encontrar uma mãe (ou um

pai) cuidando dos filhos.

Os números chamam a atenção para o fato de que ainda existem famílias

com muitos moradores dentro de uma mesma residência, no caso, as famílias com

5, 6 ou mais de 6 moradores, totalizam 40% (quarenta por cento) do total de famílias

da amostra. Se forem levadas em consideração as dificuldades de emprego e de

manutenção da vida, com um mínimo de condições, compreendemos como as

Parcerias Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo são importantes na vida

dessas crianças.

No quadro 3 e Gráfico 3, tem-se uma idéia da renda mensal dessas famílias.

xix

Quadro 3: Renda familiar das famílias do Provim

Renda Familiar n° de famílias

1 Até R$ 350,00 reais 12

2 De R$ 351,00 reais até R$ 500,00 reais 12

3 De R$ 501,00 reais até Até R$ 1000,00 reais 42

4 De R$ 1001,00 reais até Até R$ 1500,00 reais 31

5 De R$ 1501,00 reais até Até R$ 2000,00 reais 9

6 + de R$ 2000,00 reais 9

Fonte: Provim Digital – Departamento de Informática.

Gráfico IIIRenda Mensal das Famílias do PROVIM

10%10%

37%

27%

8%8% 1

23456

Os números apresentados neste Gráfico são proporcionalmente inversos aos

apresentados no Gráfico anterior. As famílias que recebem de R$ 2.000,00 reais, ou

mais, representam apenas 18% (dezoito por cento) das famílias atendidas pela

parceria, enquanto as famílias que têm renda mensal até R$ 1.000,00 reais,

representam cerca de 57% (cinqüenta e sete por cento) dos atendidos pelo

Provim/Segundo Tempo. Isto demonstra que as famílias têm um número alto de

moradores nas casas e uma renda mensal mínima para o sustento dos mesmos.

Ainda se percebe que cerca de 10% (dez por cento) das famílias vivem em suas

casas, em condições muito difíceis, de miséria, por declararem receber até R$

xx

350,00 reais, o que representa menos de 1 salário mínimo para o sustento mensal

de toda a família.

No Quadro 4 e Gráfico 4, serão apresentados os gastos das famílias somente

com moradia. Neste caso, não foram levados em consideração outros gastos

básicos que uma família tem, para ter uma vida razoável.

Quadro 4 – Despesas com moradia

Condições e despesas com moradia n° de

famílias

1 Moradias Cedidas ou invadidas 39

2 Aluguel ou prestação da Casa Própria até R$300,00 reais 42

3 Aluguel ou prestação da Casa Própria até R$500,00 reais 24

4 Aluguel ou prestação da Casa Própria até R$700,00 reais 4

5 Aluguel ou prestação da Casa Própria acima de R$700,00 reais 6

Provim Digital – Departamento de Informática.

Gráfico IVDespesas com moradia

34%

37%

21%

3% 5%12345

Os números apresentados de famílias que vivem em casas cedidas ou

invadidas (34%) são preocupantes porque sabemos que as condições de uma casa

cedida pela prefeitura, ou uma invasão ou ocupação irregular de prédios na região

Central de São Paulo, geralmente não possui o mínimo de condições dignas para

uma família viver. Esses dados complementam as informações do Gráfico 1, que

xxi

indicavam que a maioria das famílias morava na área central de São Paulo. Assim, é

possível compreender como essas pessoas residem, ou seja, principalmente de

ocupações ou invasões.

Os dados apresentados trazem indícios de como vivem as famílias e, por

conseqüência, as crianças e adolescentes que freqüentam o Provim Dom

Bosco/Segundo Tempo. Levam a uma maior compreensão de que forma ações

como o Provim Dom Bosco, agora amparado por uma parceria com o Programa

Segundo Tempo, podem fazer a diferença na vida de muitas dessas crianças. É

imprescindível que existam mais projetos voltados para educar e desenvolver

valores e, ao mesmo tempo, preparar essas crianças e jovens para serem cidadãos.

A seguir será feita uma breve análise do Programa Segundo Tempo para ver

se os objetivos convergem para o tipo de crianças e adolescentes que o Provim

Dom Bosco atende.

O Convênio entre as partes

Torna-se importante transcrever neste momento a celebração do convênio

entre o Programa Segundo Tempo e os Salesianos do Brasil.

De acordo com o convênio número 13/2006, celebrado em 23 de maio de 2006, entre o Ministério do Esporte (Concedente) e a Conferência das Inspetorias dos Salesianos de Dom Bosco do Brasil – CISBRASIL4 (Convenente), os recursos advindos do Programa Segundo Tempo serão (...) com fins exclusivos para a compra de materiais esportivos e para custeio de parte do valor relativo ao reforço alimentar por criança / adolescente beneficiário do Projeto “União Pela Vida – Esporte e Lazer Construindo a Cidadania”. (ORIENTAÇÕES GERAIS AOS NÚCLEOS DE ATENDIMENTO, 2006, p. 12)

De fato depois de celebrado o convênio entre as partes notou-se uma

melhora no cardápio diário das crianças atendidas. No que diz respeito ao material

esportivo, o Provim recebeu bolas de basquete, voleibol, handebol e futsal além de

4 CISBRASIL: Conferência das Inspetorias dos Salesianos de Dom Bosco do Brasil.

xxii

jogos de dama e de xadrez e também material referente ao uso do tênis de mesa. A

crítica fica para a falta de qualidade dos matériais recebidos, especialmente dos

jogos de quadra. As bolas geralmente têm pouca durabilidade e pouca resistência

para agüentar o ritmo de aula das crianças.

Programa Segundo Tempo

O Programa Segundo Tempo foi idealizado pelo Ministério do Esporte do

Governo Lula com o propósito de expandir o acesso à prática esportiva no período

do contra-turno escolar.

É destinado principalmente às crianças, adolescentes e jovens em situação

de vulnerabilidade social matriculados, ou não, nas escolas públicas em todas as

regiões do Brasil.

Seus objetivos são:

- Promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte; - Oferecer prática esportiva de qualidade; - Garantir o acesso às diversas atividades oferecidas pelo núcleo de esporte; - Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte como instrumento educacional; - Despertar a consciência da prática esportiva como atividade necessária ao bem estar individual e coletivo; - Contribuir para o desenvolvimento humano, em busca de qualidade de vida; - Contribuir para o processo de inclusão educacional e social; - Garantir recursos humanos qualificados e permanentes para coordenar e ministrar as atividades esportivas; - Promover hábitos saudáveis para crianças, adolescentes e familiares; - Estimular crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva em torno de práticas esportivas saudáveis, direcionadas ao processo de desenvolvimento da cidadania; - Contribuir para a ampliação da atividade educacional, visando oferecer educação permanente e integral por meio do esporte; - Contribuir para a redução da exposição de crianças e adolescentes às situações de risco social; - Apoiar as ações de erradicação do trabalho infantil; - Contribuir para a diminuição dos índices de evasão e repetência escolar da criança e do adolescente;

xxiii

- Apoiar a geração de emprego e renda através da mobilização do mercado esportivo nacional; - Implementar indicadores de acompanhamento e avaliação do esporte educacional; - Obter reconhecimento nacional e internacional do Programa. (BRASIL, 2007)

Comparando os objetivos do Provim Dom Bosco com os objetivos do

Programa Segundo Tempo verifica-se que em muitos pontos os Projetos são

semelhantes, principalmente na questão de colaborar com a inclusão social,

desenvolvimento intelectual e humano, promoção do bem-estar físico, entre outros.

O Provim atua de uma maneira mais ampla e interdisciplinar no combate a

exclusão social, enquanto que o Programa Segundo Tempo tem seus principais

objetivos baseados no esporte como forma de inclusão.

Entretanto, no Provim também é desenvolvida uma grande variedade de

esportes e é esse tema que será abordado no segundo capítulo.

xxiv

CAPÍTULO II

OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA ESPORTIVA DESENVOLVIDA NO

PROVIM DOM BOSCO/PROGRAMA SEGUNDO TEMPO PARA

CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE

VULNERABILIDADE

Neste capítulo procurar-se-á mostrar os efeitos benéficos da prática do

esporte e a sua contribuição para crianças e adolescentes em situação de

vulnerabilidade social, matriculados no Provim Dom Bosco/PST do Bom Retiro.

As aulas de Educação Física acontecem uma vez por semana, para cada

turma e são ministradas por um professor (no caso autor deste trabalho) licenciado

em Educação Física.

Acredita-se que o esporte possa ser utilizado pelos educadores como fator de

inclusão social por ser facilmente aceito pelas crianças e adolescentes e por

trabalhar aspectos morais, sociais e culturais valiosos para a construção do caráter

dos futuros cidadãos. Para iniciar a análise sobre o esporte é necessário,

primeiramente, conhecer um pouco da sua definição.

xxv

Definições de Esporte

“Prática metódica dos exercícios físicos” (LUFT, 2002, p.298). “É toda

atividade física com caráter de jogo, que adote forma de luta consigo mesmo ou com

outrem, ou constitua um confronto com os elementos naturais” (DAIUTO, 1991 p.25).

O esporte, como entidade multifuncional que compreende tantas riquezas e aspectos da vida humana e da sociedade, tem evoluído conceitualmente no sentido de uma maior abrangência e para o cumprimento do seu papel como bem cultural, pois, como patrimônio herdado, a sociedade deve dele servir-se e depois transmiti-lo, acrescido das experiências desenvolvidas (TUBINO,1988 p.59).

A intenção não é abrir uma discussão sobre o significado do esporte, pois

existem muitas definições sobre o tema. A preocupação é mostrar a visão de alguns

autores para se ter uma base de análise. Cremos que o esporte é tudo o que foi

citado e muito mais porque age em todos os campos das emoções humanas, desde

a simples diversão até a mais complexa competição. O esporte pode ter objetivos

estratégicos, de sociabilização, cooperativismo e outros. Mas, vamos nos ater a

duas vertentes de esporte, muito utilizada nos meios escolares e que podem ser

muito eficazes como instrumento de inclusão social por parte dos educadores. É o

lúdico, especialmente para as crianças de sete a dez anos, e o desporto,

preferencialmente para os adolescentes.

Compreender o Lúdico

O lúdico também é classificado como recreativo, de cooperação, livre ou

dirigido. Lúdico, porque pode ser disputado com flexibilização de regras

(combinadas e adaptadas entre os times) ou até mesmo sem um controle de regras.

É disputado sem uma cobrança de resultados. É encaminhado mais para o

lazer. Qualquer atividade pode ser considerada recreativa se a intenção da pessoa

for buscar o prazer pela própria atividade, descompromissado de outros objetivos.

xxvi

O lúdico será tratado neste trabalho, principalmente voltado para as crianças de sete a dez anos.

A partir dos sete anos, aproximadamente, a criança alcança um nível neurológico de maturação suficiente para permitir ao cérebro coordenar ao mesmo tempo inúmeras dimensões dos objetos (largura, forma, espaço, altura, movimento) e também perceber, discriminar e relacionar centenas de detalhes visuais, auditivos e associá-los, combiná-los formando novas estruturas (ALMEIDA 1998, p.51).

Há alguns anos atrás, o trabalho do professor de Educação Física era receber

a criança que chegava a escola com um desenvolvimento motor, adquirido em

função da vida que levava. Bastava ao professor ordenar e refinar estas

experiências. Hoje, devido ao aumento do número de automóveis nas ruas, à

violência e ao tipo de moradia (casas sem quintal ou apartamentos), muitas crianças

estão perdendo o direito de brincar fora da escola. Os pais, com medo pelas

circunstâncias citadas, preferem que os filhos fiquem dentro de casa jogando

videogame, desenvolvendo atividades no computador ou assistindo televisão.

Nesse contexto, o professor de Educação Física tem um papel muito

importante, ou seja, resgatar nessas crianças à vontade de brincar por prazer.

Portanto, se há no grupo de crianças algumas muito violentas, podemos

desenvolver jogos de socialização como o pega-pega, ou jogos de cooperação,

como a queimada. Ainda podemos propor atividades como amarelinha, sela, rodas

cantadas. É necessário estimular as crianças a deixarem o corpo expressar o que

estão sentindo.

Ao situar nosso enfoque em crianças de escolas de primeiro grau, estamos tratando de um universo em que os atos motores são indispensáveis, não só na relação com o mundo, mas também na compreensão dessas relações. Por um lado tem a atividade simbólica, isto é, as representações mentais (a atividade mais solicitada na escola) por outro, tem o mundo concreto, real, com o qual se relaciona o sujeito. Ligando-os está a atividade corporal. Não se passa do mundo concreto à representação mental senão por intermédio da ação corporal. (FREIRE, 1994 p.81)

xxvii

Esperamos que o professor possa respeitar cada fase em que a criança se

encontra e saiba fazê-las vivenciar essa fase com atividades adequadas ao seu

estágio de desenvolvimento e maturação.

O Desporto

Quanto ao desporto, por ser extremamente sistematizado e competitivo, exige

técnicas específicas e regras que podem não ser tão flexíveis para a conduta do

jogo. Por isso, o desporto, neste trabalho, será tratado para os adolescentes de 11 a

17 anos, por terem mais condições físicas e mentais de estarem compreendendo

jogos com regras oficiais e pelo fato do desenvolvimento e maturação cerebral

permitirem uma compreensão mais detalhada da dinâmica do esporte.

Um tipo de desporto conhecido pela maioria das pessoas é a do rendimento,

que teve como princípios iniciais os ideais olímpicos, no qual os objetivos eram

voltados para o bem estar físico, mental, espiritual e cultural. Porém, com o passar

dos anos, por interesses diversos, o desporto de rendimento transformou-se em

espetáculo, muitas vezes descaracterizado de valores morais e humanos.

Na abordagem do presente trabalho, não é o desporto de rendimento que

interessa, mas sim o desporto escolar, “onde prevalecem educação, saúde, lazer

ativo e jogo limpo” (TEIXEIRA, 1995 p.47).

Destacamos que um dos princípios básicos do desporto escolar não é a

vitória a todo custo, mas sim, a competição em si. A vitória é só um meio de tornar a

prática esportiva mais atraente e interessante. É importante ao adolescente

compreender que quando se disputa uma partida, o adversário não é um inimigo e

que o desporto prepara o indivíduo para os desafios da vida, nos quais vitórias e

derrotas são alternadas constantemente.

xxviii

O desporto escolar também deve despertar nos jovens o sentimento de

sociabilidade.

Marques (2002, p. 21), com muita propriedade, comenta que praticando

esportes, os jovens não apenas desenvolvem suas capacidades físicas e motoras,

“mas também adquirem noções de valores como solidariedade, convivência em

grupo, cidadania, democracia e participação social”.

O adolescente deve ser preparado a aceitar os demais componentes do

grupo, com seus talentos e limitações, e que cada jogador com suas

particularidades, quando juntos, forma uma equipe doando um pouco de si, para o

bem estar e sucesso do grupo.

Acreditamos que, se quisermos que as atividades esportivas rendam bons

frutos, deveríamos sempre dizer aos alunos:

Seja um bom desportista. Sempre honesto qualquer que seja a situação de jogo. Jogue lealmente. Perdoe o adversário que o atingiu faltosamente. Console o companheiro que falhou num lance. Assuma os erros cometidos numa partida. Respeitem seus companheiros e adversários. Aceite a derrota com serenidade. (TEIXEIRA, 1995 p.48)

Os alunos que conseguiram absorver essas informações provavelmente

tiveram uma contribuição para a formação de seres humanos melhores para com

seus semelhantes.

As principais modalidades esportivas praticadas no Provim Dom Bosco e os

benefícios por elas proporcionadas aos praticantes

Pretende-se nesta parte do capítulo, apresentar os fundamentos básicos de

cada esporte praticado no Provim com o intuito de auxiliar outros profissionais que

trabalham nos estabelecimentos educativos comprometidos com a educação global

xxix

das crianças e adolescentes tais como, N.S.E.s5, Casas Abrigo, Qualificação

Profissional, Redes de Ensino Formal etc. e que querem trabalhar o esporte de uma

maneira prazerosa, porém que renda resultados satisfatórios nos quesitos de

aspecto moral, social e lúdico.

A prática do basquetebol

É um esporte complexo e empolgante, cuja base é constituída de corridas,

saltos, passes e arremessos. Ainda podemos destacar, entre outros, a velocidade,

as mudanças de direção, as paradas bruscas, o reflexo, a resistência e o espírito de

equipe, como condicionantes do esporte.

Sob o ponto de vista moral, ou seja, no que diz respeito ao aperfeiçoamento e desenvolvimento das qualidades morais do praticante, o basquetebol é também um dos esportes mais completos. Desenvolve o amor próprio, o espírito de iniciativa e de criatividade, as decisões rápidas e precisas, a verdadeira disciplina, a camaradagem, o pronunciado espírito de equipe e promove destacadamente o autocontrole emocional (DAIUTO, 1991 p.71).

Por se tratar de um esporte coletivo, todos precisam se unir para o bem do

grupo e, de maneira organizada, devem tanto atacar quando estiver com a posse de

bola como defender para retomar sua posse. Dessa maneira, os jovens estarão

assumindo a responsabilidade de ter uma tarefa a cumprir perante o grupo, ao

mesmo tempo em que desenvolvem a autonomia para poder escolher a melhor

jogada.

Para o jogo de basquetebol, as posições básicas dos jogadores são as de

pivô, ala e armador com um total de cinco titulares.

5 Núcleos Sócio-Educativos, denominação dada pela Prefeitura de São Paulo as entidades que desenvolvem um trabalho nos moldes do Provim Dom Bosco.

xxx

No jogo de basquete os jogadores têm dez segundos de posse de bola para

passar do campo de defesa para o ataque e mais vinte segundos para finalizar a

jogada.

Algumas regras são relevantes para a prática do jogo: Primeiro, quando a

equipe passa com a posse de bola do campo de defesa para o ataque, a bola não

pode ser recuada para outro jogador no campo de defesa. Segundo, para o jogo se

tornar mais dinâmico e empolgante, quando o time tem a posse de bola no ataque

fica proibida que seus jogadores permaneçam mais de três segundos parados em

uma área delimitada próxima à cesta. (essa área tem o nome popular de garrafão,

pelo fato do desenho lembrar o formato de uma garrafa).

No que diz respeito à pontuação, podem ocorrer cesta de um, dois, ou três

pontos.

A numeração do uniforme inicia com o número quatro justamente para não

atrapalhar na marcação dos pontos do arbitro.

É sem dúvida um jogo muito praticado pelos adolescentes nas escolas.

A prática do Voleibol

Atualmente, é considerado o segundo esporte mais popular no gosto dos

brasileiros. É um esporte envolvente e diferente dos outros esportes coletivos.

Dentre as características próprias, o campo de jogo é pequeno e delimitado

por uma rede, impedindo o contato físico com atletas da outra equipe. O número de

passes é limitado (no máximo três). Não há tempo determinado para terminar a

partida. É obrigatória a passagem dos jogadores pelas diferentes posições da

quadra.

xxxi

Por todas essas características podemos dizer que o voleibol é um esporte

altamente atlético e de equipe. Como o adolescente precisa ter uma movimentação

constante e atenção durante toda a partida, desenvolve a rapidez de movimento e

raciocínio.

Boa impulsão, agilidade, noção de posicionamento também são quesitos

importantes para o jogador de voleibol.

Outro fator importante para o jogador é quanto à concentração. No voleibol

não há lugar para jogador desatento, pois a bola fica passando de um lado para o

outro entre os times e antes de chegar às mãos do jogador, este já deve saber o que

fazer com a bola para ter uma finalização de jogada positiva para a equipe.

“O sucesso da iniciação do voleibol depende da simplicidade com que é

apresentado. Sem fugir de suas características, através do voleibol elementar, o

aluno sente capaz de jogá-lo” (TEIXEIRA, 1995, p.26).

O objetivo do jogo de voleibol é fazer com que a bola ultrapasse a rede e caia

dentro do campo adversário. Para que isso ocorra foram criados os fundamentos.

Os principais são:

- Saque: é o fundamento que inicia a jogada.

- Manchete: é a recepção da bola para um passe ou levantamento posterior.

- Toque: é feito com os dois braços estendidos semiflexionados tocando a

bola com as mãos simultaneamente e acima da cabeça.

- Bloqueio: é a primeira tentativa de defesa. É o salto vertical com os dois

braços estendidos e paralelos junto à rede.

xxxii

“A grande extensão de possibilidades de ataques e defesas é multiplicada

porque o jogo envolve vários jogadores que colocam dentro de cada ação suas

características e atributos motores, cognitivos e sociais” (BRASIL, 2005, p. 120).

A prática do Handebol

Esporte coletivo muito apreciado pelos jovens. É praticado principalmente

dentro do espaço escolar. É um jogo muito dinâmico e que desenvolve

potencialidades como velocidade, força, agilidade e destreza.

Podemos dizer que o handebol, apesar de suas características próprias, tem

um pouco de semelhança com o basquete e com o futebol.

É um esporte que libera muita adrenalina nos jovens por causa da alternância

no placar dos jogos.

O segredo do jogo de Handebol está na defesa. A equipe com uma defesa

forte e bem postada faz com que o time sofra poucos gols e com isso tenha maiores

chances de vitória.

“O entendimento das ações táticas e das estratégias ofensivas e defensivas

fortalece e enriquece o apreço pelo jogo, principalmente suas dinâmicas” (BRASIL,

2005, p. 155).

A equipe de Handebol é formada por um goleiro, um jogador armador central,

dois alas, dois pontas e um pivô.

Em relação aos fundamentos temos no handebol:

- Passe: É a ação de transmitir a bola ao outro jogador da mesma equipe.

- Drible: o jogador conduz a bola quicando-à no chão.

xxxiii

- Arremesso: É a finalização da jogada em direção ao gol.

A defesa é posicionada ao longo da linha da área de gol, mantendo-se em

deslocamentos constantes com a finalidade de impedir, dificultar o ataque e retomar

a posse de bola.

A prática do Futsal

É um dos esportes mais praticado nas escolas. Também é jogado nas ruas,

nas horas do intervalo, nas praças públicas, ou seja, qualquer área pode se tornar

uma quadra de futsal, daí sua popularidade entre o povo. Outro fator de

popularidade deve-se às muitas conquistas: várias vezes campeão mundial e

dezenas de outros títulos colecionados pela seleção brasileira de futsal.

O futsal desenvolve habilidades como coordenação, agilidade, velocidade e

precisão nos movimentos com a bola. Por ser uma atividade intensa, exige uma

preparação muito eficiente, aliados aos reflexos rápidos e seguros. “Pela intensidade

exigida durante sua prática, o futsal melhora a resistência orgânica do praticante”.

(TEIXEIRA, 1995, p. 55).

O futsal é praticado intensamente pelos brasileiros e tem um valor social

muito grande, servindo como instrumento de aproximação entre os indivíduos.

O time de futsal é composto por uma equipe de cinco jogadores em quadra,

sendo um deles o goleiro.

O objetivo do jogo é fazer com que a bola entre na meta do time adversário,

conhecido como gol.

Os principais fundamentos são:

xxxiv

- Passe: ato de trocar a posse de bola. É a base da estrutura tática e técnica

da equipe.

- Drible: é desenvolvido para fintar, enganar, livrar-se da marcação do

adversário. O drible mostra a habilidade na condução da bola que

caracteriza o talento individual do jogador.

- Chute: normalmente é usado com força e com o objetivo do gol.

O que foi tratado até o momento expõe a síntese das principais modalidades

esportivas praticadas no Provim Dom Bosco e o que elas representam para os seus

praticantes.

Outras oficinas esportivas desenvolvidas no Provim Dom Bosco

A parceria com o Ministério dos Esportes e o Programa Segundo Tempo, deu

ao Provim Dom Bosco, entre outros benefícios, o direito a quatro estagiários-alunos

de Cursos de Educação Física e que vieram para somar com o grupo de educadores

e desenvolver atividades físicas com as crianças e adolescentes. Entre essas

atividades físicas destacamos três que foram aplicadas em forma de oficinas que

são: Dança, Ginástica Localizada e Tênis de Mesa.

Essas oficinas foram aplicadas duas vezes por semana ao longo do ano de

2006. Houve uma procura e uma aceitação muito positiva por parte dos alunos.

A seguir serão apresentados os benefícios que essas oficinas desenvolveram

nas crianças e adolescentes do Provim Dom Bosco.

xxxv

Oficina de Dança

Quando os alunos do Provim Dom Bosco participam da oficina de dança

estão desenvolvendo a consciência corporal, melhorando a flexibilidade e

modelando o corpo. Ainda a dança melhora a auto-estima, ampliando a confiança e

a criatividade.

Por ser uma atividade física, os movimentos e passos ativam a circulação do

sangue, principalmente das pernas, além de proporcionar uma melhora considerável

na postura. Houve uma grande aceitação dessa oficina pelos alunos, principalmente

as meninas, que viram na dança uma forma de se expressar e conhecer melhor o

próprio corpo. Notoriamente também tivemos meninos inscritos e participando das

aulas de dança com muita desenvoltura. Isso vem provar que muitas vezes a escola

torna-se o espaço democrático que as crianças precisam. Para exemplificar essa

situação citamos Pacheco (1989, p.9), por acreditar que “A dança nas aulas de

Educação Física pode contribuir para que acabemos com essas concepções

fechadas e restritas de masculinidade/feminilidade, bem como para que respeitemos

as ações individuais”.

Oficina de Ginástica Localizada

A Ginástica Localizada enrijece e modela o corpo, combate a flacidez, tonifica

os músculos. Ela é desenvolvida através de aulas coletivas, com música ambiente,

na qual é trabalhado cada grupo muscular alternadamente, como abdômen, perna,

coxa, panturrilha glúteo, peitoral, costas, braço, bíceps, tríceps e ombros. No treino é

usada a sobrecarga do próprio corpo. É necessário interpretar Stanquevisch (2004,

p. 41) que diz “(...) na metodologia de aula, ocorre uma troca de experiências

xxxvi

corporais, explorando a criatividade do aluno participante, a diversidade cultural,

estimulando a socialização”. Acreditamos que uma das finalidades de oficinas como

essa não é somente o fato de desenvolver o corpo, mas sim trabalhar também

situações de companheirismo, exploração do próprio corpo e estimular a

socialização. Essa oficina teve uma procura grande por ser uma novidade e pela

tendência das pessoas em terem cuidados com seu corpo, já a partir da fase

escolar.

Oficina de Tênis de Mesa

O Tênis de Mesa é caracterizado como uma modalidade individual, de

confronto, sem contato pessoal. Desenvolve nas crianças uma combinação de

velocidade e raciocínio rápido.

Alia a dinâmica de pressão de tempo devido a grande velocidade e precisão de respostas (refinamento motor) em função de jogadas características de acordo com as diversas alternativas e situações do jogo (raciocínio) (...) são fundamentais para o desenvolvimento dos potenciais atléticos, cognitivos e psicológicos das crianças e adolescentes (CBTM, 2007).

Assim como nas outras oficinas houve uma grande aceitação por parte dos

alunos que ficaram muito contentes em conhecer as novas técnicas desse esporte

tão empolgante. Uma das finalidades que a oficina de Tênis de Mesa procura

desenvolver nas crianças é o protagonismo de suas ações. Desenvolver a atitude de

tomada de decisões ajuda as crianças a serem mais seguras diante das situações

do dia-a-dia.

Neste aspecto interpretamos Martins (1996), que comenta que através das

aulas,

(...) a criança entre em situações em que ela deve tomar decisões por si mesma, assumindo responsabilidades sobre algum assunto,

xxxvii

trabalhando em grupo para resolver os problemas, o professor estará contribuindo de forma muito significativa para o desenvolvimento sócio intelectual e psicológico da criança (MARTINS, 1996, p. 41).

Por fim notou-se que as crianças se dedicaram muito nas aulas de tênis de

mesa para melhorarem também seus rendimentos pessoais.

Oficina de Capoeira

Esta modalidade esportiva é desenvolvida no Provim pelo educador Mestre

Ednilson. Cada turma de alunos faz a oficina de Capoeira uma vez por semana e

seus principais benefícios são: proporcionar flexibilidade, força muscular e

resistência física. A capoeira exige também concentração e observação dos

praticantes. Essa oficina também desenvolve através de seus ensinamentos a

socialização da criança, como comenta Cassiano (2005),

A capoeira oferece a base estrutural que a criança necessita para formar um conceito social, exige disciplina e o cumprimento de regras, além do convívio em grupo que facilita a interação da criança com outras pessoas (CASSIANO, 2005, p.30).

O próximo capítulo mostrará, através de uma análise de dados de

questionários aplicados entre as crianças e os estagiários do Programa Segundo

Tempo, a opinião de quem está vivenciando essa parceria entre o Provim Dom

Bosco e o Programa Segundo Tempo.

xxxviii

CAPÍTULO III

O PROVIM E A OPINIÃO DOS PARTICIPANTES DO PROJETO

Para identificar se os resultados esperados da parceria entre o Provim Dom

Bosco e o Programa Segundo Tempo se concretizaram, buscou-se a opinião da

comunidade envolvida. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo

envolvendo dois grupos distintos. O primeiro grupo (Pesquisa I) composto pelos

alunos do Provim Dom Bosco e o outro grupo (Pesquisa II) composto pelos

estagiários do Programa Segundo Tempo.

Contexto da Pesquisa I

A pesquisa I foi aplicada à 70 crianças e adolescentes com idade entre 10 e

15 anos, matriculados no Provim Dom Bosco, no período entre 05 e 16 de fevereiro

de 2007.

Os objetivos da pesquisa realizada junto a este grupo foram: a) identificar o

nível de entendimento e conhecimento dos alunos quanto aos benefícios da prática

dos esportes; b) identificar, na opinião dos pesquisados, como elas ocupariam o

tempo se não estivessem envolvidas em programas como o Provim Dom Bosco e o

Segundo Tempo; c) identificar a importância atribuída pelos alunos à Instituição na

sua formação.

O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário, contendo três

perguntas do tipo aberta, de fácil entendimento, e respondido na presença do

pesquisador, para eliminar qualquer dúvida que poderia surgir por parte das

xxxix

crianças. Não houve, por parte do entrevistador, qualquer interferência nas

respostas.

As perguntas do questionário foram as seguintes:

1 – Que benefícios você acha que o esporte lhe traz?

2 – Se você não estivesse matriculado no Provim Dom Bosco/Programa

Segundo Tempo, o que você estaria fazendo?

3 – Qual a importância do Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo na

sua vida?

Resultados e Discussão dos dados da Pesquisa I

Tomando como referência as questões formuladas e as respostas dadas

pelos entrevistados, foram elaboradas categorias de respostas que estão resumidas

nos quadros e gráficos que se seguem.

Na questão 1 quanto aos benefícios que as crianças acreditam que o esporte

proporciona os entrevistados assim se expressaram, como mostra o quadro 5 e

gráfico 5:

Quadro 5: Resultados da questão 1 - Que benefícios você acha que o esporte lhe traz?

Categoria de Respostas n° de respostas

1 Melhora a saúde 28

2 Melhora o condicionamento físico e mental 15

3 Pratica por prazer 12

4 Educa os valores 10

5 Desenvolve as habilidades físicas 5

xl

Gráfico VQue benefícios você acha que o esporte lhe traz?

41%

21%

17%

14%7%

12345

É importante sabermos o grau de conhecimento dos benefícios que a criança

tem do esporte que pratica. Além de aprender a jogar, o que mais eles estão

assimilando de positivo das aulas.

A maioria dos entrevistados citou que praticar esportes melhora a saúde e o

condicionamento físico e mental.

Dentre as respostas obtidas, nos chama a atenção às que relacionam o

esporte à educação dos valores morais, éticos e sociais, como as que destacamos a

seguir:

“Saúde, respeito e saber ganhar e perder”. (N. H. P, 13 anos)

“Saúde, entretenimento, educação, companheirismo e divertimento”. (V. N.

G, 12 anos)

No que se refere à segunda questão, ou seja, o que você estaria fazendo se

não estivesse matriculado no Provim/Segundo Tempo? Surgiram os indicadores

resumidos no quadro 6 e gráfico 6:

xli

Quadro 6: Resultados da questão 2 - Se você não estivesse matriculado no Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo, o que você estaria fazendo?

Categoria de respostas n° de respostas

1 Em casa 48

2 Fazendo cursos 8

3 Nada – Na rua 5

4 Fazendo lição 5

5 Estudando em outro Provim 4

Gráfico VI Se você não estivesse matriculado no Provim Dom

Bosco/Programa Segundo Tempo, o que você estaria fazendo?

69%

11%

7%7% 6% 1

2

3

4

5

Pelas respostas das crianças podemos perceber a importância de Instituições

como a Dom Bosco e de Programas como o Provim Dom Bosco e o Segundo

Tempo, que desenvolvem atividades no contra-turno escolar. Verificamos uma

proporção expressiva dos entrevistados dizerem que simplesmente ficariam em casa

(ajudando a mãe, olhando um irmão, etc.).

Alguns entrevistados citaram que procurariam cursos (de artes, música etc.)

ou que não fariam nada no período/ficariam na rua.

É comum observar que, de fato, em lugares onde não existe um trabalho nos

moldes da Parceria Provim/Segundo Tempo realizado no contra-turno escolar,

xlii

muitas crianças ficam um período do dia ociosas, como confirma o depoimento de

um aluno entrevistado:

“Eu estaria vendo televisão ou ajudando minha mãe”. (L. H. N, S, 13 anos)

Quanto à importância do Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo na

vida dos seus participantes, nas respostas da questão 3 foram encontrados os

indicadores resumidos no quadro 7 e gráfico 7:

Quadro 7: Resultados da questão 3 - Qual a importância do Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo na sua vida?

Categoria de respostas n° de respostas

1 Auxiliar na aprendizagem 23

2 Fazer novos amigos 14

3 Ter mais oportunidades na vida 14

4 Participar das oficinas 11

5 Qualidade no atendimento dos educadores 8

Gráfico VIIQual a importância do Provim Dom

Bosco/Programa Segundo Tempo na sua vida?

33%

20%20%

16%

11%12345

Dos itens que foram citados pelos entrevistados, e que julgamos todos

importantes, destacam-se as oficinas que oferecem opções extras de aprendizagem

como Educação Ambiental, Arte em Madeira, Música, Esporte e Informática.

xliii

Essas oficinas desenvolvem habilidades manuais táteis e auditivas que

muitas vezes não são possíveis de alcançar no reforço escolar e que, por esta

razão, contribuem para a educação global das crianças.

Outro item que destacamos é a qualidade de atendimento dos educadores. É

natural em uma “casa salesiana” ocorra essa interação do educador com a criança,

contribuindo muito para que elas se sintam acolhidas e ocorra o bom andamento do

projeto, como vemos nos depoimentos de duas crianças:

“Que eu aprenda mais coisas com as oficinas que o Instituto me oferece e

com os monitores maravilhosos e prestativos que temos aqui”. (P. A. A, 14 anos)

“A importância do Provim também é relacionado ao esporte como a Educação

Física e Capoeira, onde você tem um preparo físico muito bom, além de outras

coisas como a Educação Ambiental, você fica sabendo da natureza e dos animais,

aula de música, onde você aprende a tocar instrumentos musicais, marcenaria, onde

você faz objetos de madeira, etc.”. (E. S. B, 14 anos)

Contexto da Pesquisa II

O segundo grupo foi de estagiários de Educação Física que desenvolvem

oficinas no Provim Dom Bosco.

O instrumento de pesquisa aplicado foi um questionário contendo cinco

questões do tipo fechado, com cinco alternativas cada, respondidas sem a presença

do pesquisador, entre os dias 01 e 05 de fevereiro de 2007.

Os estagiários foram contratados pelo Provim Dom Bosco com a verba

destinada ao projeto pelo Ministério do Esporte através do Programa Segundo

Tempo. São quatro estagiários, dois do sexo masculino e dois do sexo feminino,

denominados neste trabalho de sujeitos A, B, C e D. O sujeito A tem 22 anos, o B

xliv

tem 26 anos, o C tem 20 anos e o D tem 21 anos, todos cursando o 4° semestre de

Educação Física da Universidade Nove de Julho (UNINOVE). Estão estagiando há 6

meses na obra.

Por estarem cursando a Educação Física e terem contato direto com as

crianças através das oficinas de dança, ginástica localizada e tênis de mesa foram

feitas perguntas a respeito da participação, motivação dos alunos, material

necessário, espaço físico e experiência profissional adquirida através da parceria.

O objetivo foi apurar dos futuros profissionais, de forma mais incisiva, a

importância da Parceira Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo.

As perguntas e as alternativas foram:

1 – Quanto à questão da participação dos alunos em sua oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

2 – No que diz respeito à motivação dos alunos em freqüentar a oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

3 – Quanto à questão do material necessário para a implementação da oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

4 – Na questão da adequação do espaço físico para a implementação da sua

oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

5 – Em relação à experiência profissional que você adquiriu no Programa Segundo

Tempo:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

xlv

Resultados e Discussão dos dados da Pesquisa II

Quanto à questão 1, referente à participação nas aulas, e a questão 2,

referente à motivação dos alunos em freqüentar a oficina, os entrevistados foram

unânimes de que estas foram boas (4 – bom). É importante salientar que essas

oficinas foram implementadas no decorrer de 2006, uma novidade para as crianças

e um ganho de qualidade dentro do Provim, pois as mesmas tiveram mais opções

de escolha com novas oficinas esportivas.

Houve também um crescimento na procura dessas oficinas no decorrer dos

meses de seu desenvolvimento.

No que diz respeito à questão 3, sobre o material necessário para a

implementação da oficina, dois entrevistados responderam que foi bom (4 – bom) e

dois que foi ótimo (5 – ótimo).

As divergências de opiniões são compreensíveis, pois o material esportivo

enviado pelo Ministério do Esporte nem sempre foi de uma boa qualidade, em

especial as bolinhas e as raquetes de tênis de mesa. Para um momento de diversão

das crianças, o material pode ser satisfatório, porém quando esse material é

utilizado durante a oficina percebe-se alguma dificuldade na utilização do mesmo.

Para as aulas de dança e ginástica localizada o material utilizado (rádios e

colchonetes) foram cedidos pelo Provim Dom Bosco.

Na questão 4, referente à adequação do espaço físico e na questão 5,

referente à experiência profissional adquirida, os entrevistados foram unânimes em

assinalar a alternativa, ótimo (5 – ótimo).

Cabe ressaltar em relação à questão do espaço físico que o Provim Dom

Bosco possui salas disponíveis para o tipo de oficinas propostas pelos estagiários.

xlvi

Na questão da experiência profissional adquirida pelos jovens estagiários, o

Programa Segundo Tempo, através do Ministério do Esporte, foi muito feliz nessa

proposta ao dar condições para que estudantes adquiram experiências profissionais

através de Projetos como este. Para muitos desses jovens, essa é a primeira

oportunidade de contato com crianças na fase escolar. Dessa forma todos ganham:

o Provim Dom Bosco por contar com quatro jovens auxiliando na área esportiva, as

crianças por contarem com mais três opções de oficinas e os jovens estagiários,

pela oportunidade e pela ajuda de custo que recebem do Projeto.

Diagnóstico das Pesquisas

Com o objetivo de enriquecermos o tema em relação à parceria entre Provim

Dom Bosco e o Programa Segundo Tempo realizamos essa pesquisa para a coleta

de dados que foi uma ótima colaboração para que pudéssemos fortalecer a idéia da

grande importância que é ter projetos, como esses, realizados no contra-turno

escolar.

De posse das respostas dos alunos ficou confirmada a importância que essa

parceria representa para essas crianças e adolescentes e como seria importante

que tivéssemos mais projetos, como esse realizado no bairro do Bom Retiro,

espalhados pelas periferias dos grandes centros urbanos.

O questionário dos estagiários traz elementos a respeito de questões

técnicas, como adequação dos espaços, a motivação dos alunos nas aulas, etc.,

demonstrando que a parceria atende às necessidades específicas do projeto e

pudemos avaliar de forma positiva o funcionamento dessa parceria.

A experiência deste projeto, complementado com a pesquisa de campo

realizada, evidencia que parcerias como esta, ou semelhantes, auxiliam na

educação global das crianças atendidas e o esporte, quando aplicado de forma

xlvii

responsável, pode contribuir para hábitos saudáveis na vida dessas crianças,

através da prática de atividades físicas pelo resto

CONCLUSÃO

Através deste estudo procuramos confirmar como convênios entre grandes

entidades como o Programa Segundo Tempo, através do Ministério do Esporte, e o

Provim Dom Bosco, através da Rede Salesiana de Ação Social, contribuem

positivamente para a promoção de crianças em situação de vulnerabilidade.

Também levantamos questões que podem se transformar em situações de

vulnerabilidade social das famílias das crianças atendidas através de tabelas e

gráficos apresentados no primeiro capítulo. A situação familiar é muito importante

para o bom andamento das crianças que freqüentam o Provim Dom Bosco.

No segundo capítulo pudemos concluir que, além dos benefícios que o

esporte oferece a quem o pratica, cada modalidade esportiva tem suas

particularidades e que podemos usá-las para atingir objetivos específicos quando

queremos que as crianças melhorem determinadas aptidões, como por exemplo:

quando queremos desenvolver a atenção, indicamos a prática do voleibol; para

desenvolvermos a solidariedade e a união do grupo, indicamos a prática do

basquetebol e handebol; quando queremos desenvolver o respeito ao próximo e a

obediência, indicamos a prática da capoeira.

Concluímos também, de forma muito positiva, o valor da implantação das

oficinas de dança, ginástica local e tênis de mesa oferecidos pelos estagiários do

Programa Segundo Tempo. Por serem oficinas que não existiam no Provim foram

xlviii

muito bem aceitas e procuradas pelas crianças, contribuindo para que as mesmas

tivessem maior adesão e permanência na instituição.

A Pesquisa de Campo foi dividida em dois momentos: o primeiro utilizou-se

como instrumento um questionário do tipo aberto aplicado em forma de amostragem

para os alunos do Provim que com certeza é o fator motivador deste relato. O

segundo utilizou-se como instrumento um questionário do tipo fechado aplicado aos

estagiários responsáveis pelas oficinas de Ginástica Localizada, Dança e Tênis de

Mesa. Levantados e interpretados os dados, constatou-se que tanto os alunos

quanto os estagiários têm opiniões abrangentes sobre os temas propostos. Para os

alunos mais de 60% (por cento) consideram que praticar esporte melhora sua saúde

e seu condicionamento físico e mental e 33% (por cento) analisaram o Provim como

uma ferramenta eficaz no auxílio da aprendizagem de uma maneira global. Para os

estagiários, questões como as de participação e motivação dos alunos nas oficinas

tiveram uma avaliação muito positiva demonstrando o interesse delas em absorver e

aproveitar as novas oficinas oferecidas.

Por meio das pesquisas de campo realizadas com as crianças e os

estagiários concluímos que de fato o esporte é uma ferramenta poderosa inserida no

contexto do Provim Dom Bosco para manter os alunos dentro do Projeto.

Recomendamos a realização de mais projetos como essa parceria, devido à

sua importância social, para que pudessem atender a um número muito maior de

alunos dos que são atendidos atualmente.

Como muitas crianças e adolescentes vêem no esporte uma maneira de

esquecerem seus problemas e acreditam que podem ter uma vida melhor devemos,

através dele, incentivá-las a praticar cada vez mais atividades esportivas criando

condições para que elas possam lutar para transformar suas realidades sociais.

xlix

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GOMES, Mônica Araújo e PEREIRA, Maria Lúcia Duarte. Família em situação de

vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Ciênc. saúde coletiva

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[online]. 2005, vol. 10, no. 2, p. 357-363. Disponível on-line:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

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http://www.idb.org.br/materias.php?cd_secao=33&codant. Acesso em 14/02/07.

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MARQUES, José Aníbal Azevedo. A identidade do adolescente do projeto esporte talento: ilusão ou emancipação? São Paulo: Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, 2002. (Dissertação, Mestrado em Pedagogia Social).

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STANQUEVISCH, Patrícia. Possibilidades do corpo na ginástica geral a partir dos discursos dos envolvidos. Piracicaba: Universidade Metodista de Piracicaba,

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TEIXEIRA, Hudson Ventura. Educação Física e Desportos. São Paulo; Saraiva,

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TUBINO, Manoel José Gomes. A interpretação do Esporte na Educação Brasileira. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1988. (Tese,

Doutorado em Educação).

li

ANEXO A

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB

CENTRO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA – CEAD

ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR

Questionário de objetivos científicos

Questionário I – alunos

Instituição: Provim Instituto Dom Bosco/Programa Segundo Tempo

Nome (em siglas): idade:

Tempo que estuda na obra:

Data:

Entrevistador: Alexandre F. Presciliano

1 – Que benefícios você acha que o esporte lhe traz?

2 – Se você não estivesse matriculado no Provim Dom Bosco/Programa Segundo

Tempo, o que você estaria fazendo?

3 – Qual a importância do Provim Dom Bosco/Programa Segundo Tempo na sua

vida?

lii

ANEXO B

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB

CENTRO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA – CEAD

ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR

Questionário de objetivos científicos

Questionário II – Estagiários do Programa Segundo Tempo

Instituição: Provim Instituto Dom Bosco/Programa Segundo Tempo

Nome (em siglas): idade:

Tempo de estagio na obra: Data:

Estabelecimento de Ensino:

Curso: semestre:

Entrevistador: Alexandre F. Presciliano

1 – Quanto à questão da participação dos alunos em sua oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

2 – No que diz respeito à motivação dos alunos em freqüentar a oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

3 – Quanto à questão do material necessário para a implementação da oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

4 – Na questão da adequação do espaço físico para a implementação da sua

oficina:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

5 – Em relação à experiência profissional que você adquiriu no Programa Segundo

Tempo:

1 ( ) péssimo 2 ( )ruim 3 ( )regular 4 ( )bom 5 ( )ótimo

liii