PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU” · a respeito da contribuição da psicomotricidade para a Terceira...
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PÓS-GRADUAÇÃO "LATO-SENSU”
A Psicomotricidade e a Gerontologia
Por: Vera Lúcia de Mattos Ferreira
Orientadora
Prof. Edla Trocoli
Rio de Janeiro
2011
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A Psicomotricidade e a Gerontologia
Monografia apresentada como requisito parcial para
obtenção de Especialista em Docência do ensino
superior.
Por: Vera Lúcia de Mattos Ferreira.
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AGRADECIMENTOS
À psicomotricista, parceira e amiga, Cristie Campello, que sempre me incentivou a insistir e nunca desistir, apesar das barreiras encontradas ao longo do curso e por ter acreditado e investido na minha proposta de trabalho durante nove anos.
Ao Diretor e Professor Fernando Arduini, pela oportunidade de poder realizar o curso.
À Rosana, pela paciência e dedicação que sempre me recebeu a cada necessidade.
Aos professores do Curso de Docência do Ensino Superior da UCAM, pelos conhecimentos que me transmitiram.
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Aos alunos da Universidade Aberta da Terceira Idade UNATI/UERJ, que certamente, sem saberem, tanto contribuíram para o meu crescimento profissional.
Aos colegas de turma, que colaboraram, ajudando-me na troca de informações profissionais e aumentando meu conhecimento.
À equipe da AVM, desde o pessoal da portaria, passando pelos elevadores até a porta da sala de aula, sempre me receberam com todo respeito e afeto.
À Professora Edla Trocoli, pela orientação carinhosa na elaboração dessa monografia e, sobretudo por acreditar desde o primeiro momento no potencial de minha proposta.
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DEDICATÓRIA
Ao meu afilhado Fenando Henrique Ferreira Santos, que me ajudou na formatação desta monografia com toda sua dedicação.
À minha Mãe Lydia de Mattos
Ferreira, com muito amor e carinho.
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RESUMO
No presente trabalho, são levantadas informações esclarecedoras
a respeito da contribuição da psicomotricidade para a Terceira Idade,
além de um breve comentário histórico sobre o envelhecimento e a
importância da Psicomotricidade na evolução do prazer do movimento
por meio da sua prática.
Ainda, este estudo tem como objetivo tratar das relações entre
movimento e afeto e emoção e meio ambiente.
O conhecimento, a consciência e o desenvolvimento geral da
personalidade não podem ser isolados das emoções. O trabalho
muscular constitui medida útil de prevenção das instabilidades e
quedas, tentando melhorar o controle da postura levando a uma
melhor qualidade de vida.
Fundamental também é o apoio psicológico que o idoso deve
receber no sentido de encorajá-lo a não permanecer imobilizado. Por
meio da oficina de Cinema e Psicomotricidade, pela oportunidade de
trabalhos vivenciais com grupo de idosos, foi possível observar suas
dificuldades, limitações, expectativas e anseios. O trabalho é
destinado à permanência do idoso onde são desenvolvidas atividades
físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação
para a cidadania.
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Metodologia
A apresentação da monografia é apenas um ponto de prática
para um longo processo que terá continuidade pelas experiências
vividas e estudos que tenho realizado atualmente.
Fontes bibliográficas pesquisadas sobre a Psicomotricidade e
Envelhecimento, focando nas questões fisiológicas, comportamentais,
de saúde, aspectos psicológicos, porém levando a satisfação, o prazer
e sensações fundamentais para um corpo saudável.
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Introdução
A necessidade natural de movimento no ser humano deve ser
prioritária, por constituir um dos principais fatores que propiciam o
antienvelhecimento e, consequentemente, melhor qualidade de vida.
Entretanto, as habilidades psicomotoras não constituem prioridades
entre as idosas. Com o aumento da idade as pessoas geram, de forma
gradativa, o imaginário da imobilidade. Algumas variáveis apresentam-
se como inibidoras de ações. São as dores articulares, a alimentação
inadequada, a perda gradiente do equilíbrio, o cansaço e dificuldade
de respiração, além de outros agentes exteroceptivos como as
televisões, o acentuado conforto das escadas rolantes, elevadores,
automóveis e outras comodidades da vida moderna. Como um dos
fatores essenciais no processo de desenvolvimento do idoso, o
equilíbrio está estritamente inter-relacionado com a postura, com o
andar e com a realização de movimentos de forma consciente,
intencional e sensível.
Desta forma, procura-se por meio das Atividades Psicomotoras
utilizarem uma série que estimule as emoções integradas à memória,
o equilíbrio, a coordenação da dinâmica geral, a acuidade visual e
auditiva inter-relacionadas com a organização e reorganização
neurológica para melhor equilíbrio nas AVDS - atividade de vida diária
- sobretudo na marcha no lar, nas ruas, além das formas de descer e
subir em ônibus e escadas.
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As Atividades Psicomotoras são oferecidas aos idosos de forma
lúdica, ao estimular a criatividade, em sequências simples e livres de
movimentos, de forma de jogos cooperativos, danças, exercícios de
respiração e relaxamento, indispensáveis para o melhor equilíbrio
psicomotor. As experiências psicomotoras aplicadas estimulam o
desenvolvimento das capacidades físicas com o aumento do tônus,
melhoram a coordenação, propiciando-lhes mudanças integradas de
comportamento cognitivo, psíquico e social.
Fundamental também é o apoio psicológico que o idoso deve
receber para encorajá-lo a não permanecer imobilizado.
A Psicomotricidade atua tanto na promoção de saúde como na
educação, interferindo positivamente no processo de envelhecimento
biopsicossocial.
“Somente no ano de 1994, o Governo Brasileiro, apoiado pela
sua própria comunidade, criou a lei que determinou com precisão a
Política Nacional do Idoso, assegurando-lhe os direitos sociais e
propiciando condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade, a Lei n. 8.842 de 04 de janeiro de
1994, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo
Presidente da República, que dispõe sobre a Política Nacional do
Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso bem como estabelece suas
diretrizes. Segundo essa lei, é considerada Idosa a pessoa maior de
60 anos. ”(Barros, 2000)
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A Organização Mundial da Saúde relata que em meados do ano
de 2025 ocuparemos a sexta posição mundial em número de idosos e
a primeira posição da América Latina.
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Capitulo I
1.1 Envelhecimento Cronológico e Funcional
O conceito de capacidade funcional é particularmente útil no
contexto do envelhecimento. Envelhecer mantendo todas as funções
não significa problema algum para o indivíduo ou para a comunidade;
quando as funções começam a se deteriorar é que os problemas
começam a surgir.
Tal conceito está intimamente ligado à manutenção de
autonomia e pode ser mais bem compreendido através de um
exemplo: se uma mulher idosa que tenha sofrido um acidente vascular
cerebral, deixando algumas sequelas moderadas, se torna viúva, sua
vida passa naturalmente por uma verdadeira revolução. Suponhamos
que tal mulher viva só e não saiba cozinhar, sua situação a torna
imediatamente dependente, a ponto de ter-se que considerar sua
transferência para uma instituição (lar de idosos), caso não seja
possível mobilizar recursos comunitários que possam mantê-la em sua
própria residência. Caso ela passe a contar com a ajuda de alguém
que venha a sua casa diariamente preparar sua comida, seu estado
de dependência permanece inalterado, embora ela tenha recuperado
sua autonomia. O mesmo se pode dizer de uma pessoa idosa com
grau severo de artrite, chega-se a um ponto em que sua autonomia
está severamente comprometida, pois ela não pode mais, por
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exemplo, usar o banheiro que está no segundo andar da residência.
Se suas condições econômicas permitem a construção de um
banheiro, no primeiro piso, sua autonomia em permanecer vivendo na
comunidade é imediatamente restabelecida.
Se observarmos pelo ponto de vista prático, há várias formas de
se medir tais funções, principalmente através do desempenho das
atividades diárias, por exemplo, a autonomia de um idoso, que viva em
uma grande cidade de um país desenvolvido, pode ser medida através
de sua capacidade de cuidar de si próprio (higiene pessoal, preparo
das refeições, capacidade de fazer suas próprias compras,
manutenção básica da casa e outras). Já para um idoso que vive em
uma zona rural de um país subdesenvolvido, autonomia pode
significar algo muito mais complexo como, por exemplo, a capacidade
de realizar trabalho físico pesado na lavoura. Nesse sentido, portanto,
o conceito de envelhecimento cronológico passa a ser de relevância
muito menor do que o conceito de envelhecimento funcional.
As dificuldades em trabalhar-se tal conceito são, naturalmente,
inúmeras. No entanto, sob o ponto de vista de planejamento, a
abordagem funcional é a mais importante e, consequentemente, uma
área de crescente interesse para pesquisa. Deve-se ainda ressaltar
que, em decorrências das precárias condições de vida nos países
subdesenvolvidos, o envelhecimento funcional precede o cronológico
e muitas vezes são bastante precoces. Um operário que passa 20 ou
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30 anos trabalhando em condições ambientais adversas,
desempenhando atividades físicas muito além de sua própria força,
mal nutrido, sem condições de lazer, enfrentando todo o estresse de
uma grande cidade do terceiro mundo, com condições de moradia
inadequadas e submetendo-se há várias horas por semana a sistemas
de transportes urbanos totalmente impróprios, ao chegar aos
cinquenta anos, já está funcionalmente envelhecido. O mesmo se
pode dizer de uma mulher aos quarenta anos, após dez gestações,
longos períodos de lactação sem estar bem alimentada, sem
descanso na incessante tarefa de cuidar dos filhos, da casa e, muitas
vezes com corresponsabilidades financeiras na família.
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1.2 Envelhecimento
O envelhecimento é um processo dinâmico, progressivo,
inevitável, onde ocorrem modificações morfológicas, fisiológicas,
bioquímicas e psicológicas decorrentes da ação do tempo.
Há tendência geral à atrofia e à insuficiência funcional e, como
consequência, há uma perda da capacidade de adaptação do
individuo ao meio ambiente e uma maior incidência de processos
patológicos que terminam por conduzi-lo á morte.
O ciclo da vida humana tem uma dinâmica comportamental, em
que cada individuo passa fase a fase. Não se deve esquecer a
concepção de ser humano, lembrando-se de sua constituição e
estruturação física e psicológica.
Existe uma diferença entre os idosos de hoje e os do inicio do
século: aqueles passavam por uma verdadeira seleção natural,
enquanto nos dias atuais, graças aos progressos da medicina muitas
pessoas conseguem manter suas patologias controladas e sobreviver
durante muitos anos. Inclusive, reinventando uma nova possibilidade
de envelhecer. As características do envelhecimento e da duração da
vida são particulares a cada espécie.
A principal consequência do processo de envelhecimento é a
diminuição da capacidade de realizar as atividades da vida diária sem
auxílio.
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A organização Mundial de Saúde (1963) classifica como etapas
da vida de ambos os sexos as seguintes: a meia idade (período que
abrange o início dos 45 aos 59 anos de vida), as pessoas idosas (dos
60 aos 74 anos), a velhice (faixa etária dos 75 aos 90 anos) e a
grande velhice (pessoas que ultrapassam os 90 anos).
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1.3 Velhice
A velhice é a última etapa da vida do ser humano, é anunciada
por certas mudanças como: as rugas nos cantos dos olhos, no homem
o cabelo se desenvolve no nariz e nas orelhas, calvície, alterações da
memória (diminui para fatos recentes e se conserva para os antigos -
Lei de Ribot); na mulher aparecem cabelos na face, a pele resseca e
se deforma.
Em regra, os homens suportam melhor as mudanças. As
mulheres sofrem quando começam a notar o aparecimento dos
primeiros sinais de envelhecimento, passam por transtornos
psicológicos sérios, procuram manter a juventude, ser atraente, que é
de importância vital para elas, defendendo-se com cosméticos,
exercícios, massagens, dietas, cirurgias plásticas - segundo Simone
de Beauvoir (1990), é o drama da realidade incômoda.
Se o idoso participa mais, ele fica incentivado a cuidar da
aparência. Ele passa a apresentar-se com a roupa limpinha, cheiroso,
as mulheres voltam a usar batom e arrumar o cabelo. Isso é muito
importante para elevar a autoestima.
Neste momento, é onde a Psicomotricidade vai trabalhar com a
imagem e o esquema corporal do idoso, para que tenha mais
resiliência.
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Ainda, Simone de Beauvoir considera a velhice como todas as
situações humanas possuidoras de uma dimensão existencial:
modifica a relação do individuo com o tempo e, portanto com o mundo
e com a sua própria história. Por outro lado, o homem não vive nunca
em estado natural, seu estatuto lhe é imposto pela sociedade à qual
pertence.
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Capitulo II
2.1 Envelhecimento e suas alterações Fisiológicas
Durante o envelhecimento ocorrem alterações fisiológicas que
podem diminuir a capacidade funcional, comprometendo a saúde e a
qualidade de vida do idoso.
Essas alterações acontecem no sistema cardiovascular, no
sistema respiratório, com a diminuição da capacidade vital, da
freqüência e do volume respiratório, no sistema nervoso central e
periférico, onde a reação se torna mais lenta e a velocidade de
condução nervosa declina, e também no sistema musculoesquelético,
pelo declínio da potência muscular, não pelo avanço da idade, mas,
pela falta de uso.
É, inclusive, possível apontar alterações que acontecem durante
o processo de envelhecimento em vários níveis, segundo
Matsudo&matsudo (1993): muscular (perda de 10 a 20% da força
muscular, diminuição na habilidade para manter a força estática, maior
índice de fadiga muscular diminuição no tamanho e números de fibras
musculares), cardiovascular (diminuição do batimento cardíaco, da
frequência cardíaca e do volume sistólico, aumento da pressão
arterial, menor capacidade da adaptação e recuperação do exercício),
pulmonar (diminuição da capacidade vital, aumento da ventilação
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durante o exercício), neural (diminuição no número e tamanho dos
neurônios, menor tempo de reação, menor velocidade de movimento,
diminuição no fluxo sanguíneo cerebral) e outros (diminuição da
agilidade, diminuição da coordenação e do equilíbrio, diminuição da
flexibilidade e da mobilidade articular, aumento da rigidez de
cartilagem, tendões e ligamentos).
A força muscular pode ser suficiente para levantar o próprio
corpo de uma cadeira e a flexibilidade das principais articulações pode
estar inadequada para permitir que o individuo se dispa ou vista.
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2.2 Aparelho locomotor e envelhecimento
O conteúdo mineral ósseo, que dá a sustentação estrutural
sólida ao osso, tende a diminuir progressivamente com o avançar da
idade, aproximadamente a partir dos 30 anos. O conteúdo mineral
ósseo é sempre menor nas mulheres em comparação aos homens e
sua perda é proporcional o que leve ao surgimento da osteoporose,
cuja incidência aumenta proporcionalmente com a idade.
Além dos ossos, a estrutura muscular também sofre alterações
com o envelhecimento. A área de secção dos músculos
paravertebrais, sacroespinhais e abdominais diminui significativamente
com o avançar da idade nos homens, enquanto nas mulheres
permanece praticamente inalterada.
Por outro lado, a densidade dos mesmos músculos tende a
diminuir progressivamente com a idade tanto em homens como
mulheres, mostrando assim a rarefação do tecido muscular com o
envelhecimento.
O tecido ósseo é um sistema orgânico em constante
remodelação fruto dos processos de formação (pelos osteoblastos) e a
reabsorção (pelos osteoclastos).
A atrofia óssea com o envelhecimento não se faz de maneira
homogênea, pois antes dos 50 anos perde-se, sobretudo o osso
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trabecular (principalmente trabéculas de menor importância estrutural).
O aparelho locomotor, assim como as demais estruturas do
organismo, está sujeito ao processo de envelhecimento que é
dinâmico e progressivo.
A multifatoriedade ao nosso envelhecer é um fato. Além da
herança genética que recebemos de nossos pais biológicos, somam-
se fatores tais como ambiente nutrição, estresse entre outros.
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2.3 Instabilidade/quedas no idoso e lesões decorrentes das
quedas
A instabilidade e as quedas são freqüentes entre os idosos,
pouco valorizados e próprios da idade. As quedas recorrentes figuram
entre os sintomas mais comuns em gerontologia e pela sua
multiplicidade de causas, o tratamento correto exige um diagnóstico
preciso.
Uma característica que é peculiar ao se humano é na atitude
ereta (postura). Para que isto ocorra é necessário um sistema nervoso
integro e bem constituído que torna possível a estabilidade da marcha.
Esse sistema baseia-se em receptores sensoriais distribuídos
por todo o corpo, olhos, ouvido interno, pescoço, músculos e
articulações que enviam mensagens ou informações para o sistema
nervoso central que as processa e organiza as respostas adequadas
nos músculos esqueléticos, mantendo a sustentação do corpo contra a
gravidade, através do sistema piramidal e extrapiramidal.
Enquanto o sistema piramidal é responsável por movimentos
mais finos e voluntários, o extrapiramidal é involuntário e mais
relacionado com a postura, que envelhece mais precocemente.
As habilidades posturais adquiridas no inicio da vida mantêm-se
até os 60 anos, quando tendem a declinar.
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Em resumo, a postura ereta é conseguida de modo complexo na
qual participam vias sensitivas e motoras, dentre as quais as
mensagens que se verificam no organismo e são enviadas ao cérebro
(tronco cerebral na formação reticular, núcleo da base e córtex
cerebral), cerebelo e aparelho visual. As informações processadas são
enviadas aos músculos esqueléticos extensores, deixando os mesmos
com a tonicidade suficiente para manter a postura.
O processo normal de envelhecimento somado as patologias
agudas e crônicas que incidem com maior freqüência em idosos
resultam em modificações nestas estruturas, determinando uma maior
tendência para as instabilidades da postura e insegurança no andar.
Uma lesão traumática peculiar à idade avançada são as fraturas
da extremidade proximal do fêmur que, devido a acidentes
domésticos, na grande maioria das vezes, é dita como o “começo do
fim de muitos idosos”.
Esses tipos de fraturas constituem eventualidades cirúrgicas de
urgências, já que a permanência do idoso com dor no leito produz
evidente abandono do seu estado. A intervenção, pois, deve ser a
mais precoce possível.
As áreas vulneráveis são o crânio (fraturas, contusões,
hematomas, hematomas subdural crônico), o úmero (fratura de
extremidade proximal do úmero), o cotovelo (fratura úmero), o punho
(fratura de cóllis), as costelas (fratura dos arcos costais), a coluna
dorso-lombar (fratura por achatamento), o fêmur (fratura da
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extremidade superior do fêmur) e a rótula (fratura da rótula).
Quando o homem está em posição ereta, a formação reticular
manda estímulos contínuos para os músculos esqueléticos, mantendo
sua tonicidade, fazendo com que estes se enrijeçam provocando a
sustentação do corpo contra a gravidade. Esta força é graduada por
estímulos oriundos do aparelho vestibular, impedindo que a rigidez
ultrapasse os limites necessários para manter o equilíbrio.
Portanto, existe uma conexão perfeita entre o sistema vestibular
e o sistema nervoso central. A queda é uma perda total do equilíbrio
postural em virtude de uma insuficiência súbita dos mecanismos
neurais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura.
As quedas constituem importante problema e possuem
conseqüências em diversas áreas:
a) Psicológica: pois a sucessão de quedas leva o idoso a
uma perda de sua autoconfiança em manter-se ereto,
em caminhar, levando-o á imobilidade;
b) Social: pois poderia levá-lo à hospitalização com todas
as suas complicações;
c) Econômica: pelos custos que representam para os
pacientes, familiares e entidades assistenciais.
As lesões decorrentes das quedas acarretam alto grau de
morbidade e mortalidade, em alguns casos evolução para estados de
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invalidez além de consumirem enormes recursos da sociedade.
Muito mais importante do que a queda em si é sua causa. Por
que o idoso cai? Enquanto o cirurgião, o ortopedista e o neurocirurgião
preocupam-se com o efeito, o psicomotricista apresenta uma
preocupação maior com sua causa.
Em resumo, as quedas são comuns nos idosos e ocorrem em
um terço das pessoas com mais de 65 anos; são mais freqüentes nas
mulheres e, entre 10% e 15% dos pacientes, ferimentos significativos
surgem após a queda.
A diminuição ou perda da visão e da audição não devem ser
consideradas apenas problemas físicos, uma vez que a privação
sensorial é uma importante causa de isolamento, depressão e
acidentes. As dificuldades sensoriais deterioram o nível de autonomia
e independência refletindo-se diretamente na qualidade de vida do
idoso.
O equilíbrio fica afetado, pois ele está baseado no tripé: audição,
visão e estímulos proprioceptivos. As manutenções da postura e da
marcha demandam um grande esforço desse sistema e também do
sistema nervoso, não apenas para suportar o corpo, mas também para
preservar o equilíbrio. A pele perde a elasticidade, fica ressecada e
não elimina mais as toxinas pela sudorese.
Os acidentes constituem causa importante de incapacidade,
invalidez, ou mesmo morte entre as pessoas idosas. A maioria dos
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acidentes fatais está associada com fraturas facilitadas pelos
processos de osteoporose, que é considerada uma patologia da
unidade biofuncional óssea.
O conteúdo mineral ósseo, que dá a sustentação estrutural
sólida ao osso, tende a diminuir progressivamente com o avançar da
idade, tendo seu início aproximadamente aos 30 anos. A propensão
aos acidentes da osteoporose está associada às alterações
fisiológicas próprias do envelhecimento, enfermidades agudas e
crônicas, concomitância de patologias, uso de medicamento como
tranqüilizantes, sedativos, antidepressivos e vasos dilatadores e
fatores do meio como escadas, pisos escorregadios, diversos objetos
espalhados pelo chão, tapetes e outros.
Daí a necessidade das práticas psicomotoras para se prevenir
as quedas, fortalecendo o tônus integrado aos estímulos sensitivos.
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Capitulo III
3.1 Estruturas Familiares e Velhice
Uma importante modalidade de suporte social é obtida através
dos sistemas informais de apoio que consistem nos parentes, vizinhos
ou amigos. Essa estrutura social foi muito tempo o referencial maior de
apoio na comunidade, o qual nos dias atuais tende a diminuir do
mesmo modo e pelos mesmos motivos do desaparecimento da família
extensa.
Com o crescimento da população idosa, cresce também a razão da
dependência. Muito embora no Brasil a população de 60 a 69 anos
ainda seja economicamente ativa e mesmo as pessoas de 70 anos ou
mais apresentem um índice de participação na atividade econômica da
ordem de 11,5%, não há dúvida de que cresce no país a razão de
dependência.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, quando o nível
médio da vida humana começou a se tornar mais elevado,
desenvolveram-se as especialidades de Gerontologia e Geriatria.
A Gerontologia é o estudo integrado à geriatria que analisa e
observa interdisciplinarmente o estudo científico do processo do
envelhecimento sob seus múltiplos aspectos, formado pela Biologia,
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Psicologia e pelas Ciências Sociais. Observa e analisa, também,
as funções reintegradoras, a fim de atuar através de gestos e
movimentos adequados em cada nível de desenvolvimento do idoso,
na tentativa de recuperar, de forma adaptada, as habilidades
parcialmente perdidas.
Já a Geriatria é a parte da Medicina que estuda a parte clínica da
velhice. O geriatra deve estar atento e não deve se contentar com um
diagnóstico só, que poderá ser ambulatorial ou hospitalar.
3.2 Escolaridade da população idosa
A situação da população idosa se agrava ainda mais quando se
constata que atualmente 50% das pessoas com 60 ou mais anos de
vida são analfabetas, muito embora o analfabetismo venha diminuindo
no país nas últimas décadas.
Quando se toma como parâmetro de comparação a idade, não
cabe nenhuma dúvida de que há mais analfabetos na população idosa
do que nas outras faixas etárias. Quanto maior a idade, mais
acentuado é o número de pessoas desprovidas de qualquer nível de
instrução.
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E quando se procura aprofundar um pouco mais a informação
sobre a escolaridade das pessoas idosas, verifica-se que mesmo
daqueles 50% que conseguiram chegar às escolas, apenas 50,4%
puderam completar o curso primário.
Na interpretação destes dados é preciso levar em conta,
entretanto, que a situação de escolaridade das pessoas idosas
atualmente reflete condições sociais presentes em um período
histórico que remonta ao início do século.
Trata-se, então, de uma época em que as chances de acesso à
educação eram extremamente assimétricas, privilegiando as elites e
nelas, mais os homens do que as mulheres.
Isso significa dizer que esta situação acaba por colocar as
mulheres na velhice em enorme desigualdade para enfrentar toda
sorte de dificuldade ligada as condições de existência e sobrevivência.
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3.3 Aspectos psicológicos do envelhecimento
Muitas vezes relacionamos depressão, ansiedade, confusão,
temores, memória reduzida a - perdas como morte do cônjuge, filhos
ou entes queridos, privação econômica, mudança de residência,
aposentadoria que é grande fonte de depressão acelerando o
envelhecimento, como não pudesse mais estar na produção e
principalmente quedas frequentes que levam a uma falta de
autoconfiança, em manter-se ereto ao caminhar. Patologias como a
doença de Parkinson, infecções graves e demências, internações
hospitalares, conflitos em família e a forma pela qual elabora e
enfrenta o próprio envelhecimento.
3.4 Aspectos sociais do envelhecimento
Apesar de vivermos numa época em que a realidade atesta que
grande parte da população idosa com poder econômico mais
equilibrado é que passa a gerir a família, costuma-se dizer que
senectude é a idade:
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a) Da dependência econômica – devido à aposentadoria
ou a limitações físicas e mentais, vendo-se, o idoso,
obrigado a depender de familiares, amigos ou do
Estado;
b) Da doença da aposentadoria – que se manifesta através
de depressão, transtornos de comportamento,
mudanças de caráter;
c) Da dependência social – como conseqüência de suas
limitações física e mental. Muitas vezes o idoso passa a
ser mandado, recebe ordens;
d) Da dependência psíquica – pelo uso de medicamentos;
e, por fim,
e) Da dependência afetiva – devido a grandes decepções
e frustrações, falta de carinho, afeto, amor,
compreensão.
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Capitulo IV
4.1 Psicomotricidade
A Psicomotricidade tem sua origem na área médica vinda da
Neurologia, que tinha a necessidade de identificar e nomear áreas
especifica do córtex cerebral.
Sócrates indicou aos homens o caminho da introspecção e da
autocritica, mostrou que antes de querer conhecer perfeitamente as
coisas, precisamos conhecer-nos.
Para Aristóteles, o corpo era visto como certa quantidade de
matéria (seu corpo) moldada numa forma (sua alma) que para ele
resultava do movimento do coração pela alma, que possibilitava ao
corpo a sua locomoção.
Descartes abriu novos caminhos quando de suas conclusões –
“eu penso, logo eu existo”. Era o primeiro juízo intuitivo da existência.
Aceitava o movimento como resultado de uma conscientização
voluntária. Para Freud, o corpo passa a desempenhar um papel
importante nas formações inconscientes.
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Em 1909, o neuropsiquiatra Dupré já chamava atenção sobre o
desequilíbrio motor, verificando que existia uma estreita relação entre
as anomalias psicológicas e motrizes, o que levou a formar o termo
Psicomotricidade.
Atualmente, a Psicomotricidade permite e desenvolve a tomada
de consciência do corpo e do movimento como umas das funções
mentais e motoras sob o efeito de educação e do desenvolvimento do
sistema nervoso.
De 1934 a 1936, ocorrem contribuições muito valiosas, onde
podemos destacar: Gessel, com a divulgação das escalas de
desenvolvimento motor, de acordo com a maturação infantil; Henri
Wallon, que acentua o caráter emotivo da relação tônico-emocional; e
Jean Piaget que, com seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo
e práxico, faz com que se dê maior importância à psicomotricidade,
com a introdução da noção do desenvolvimento motor em termos de
desenvolvimento práxico.
Segundo Pierre Vayer, existe um paralelismo entre o
desenvolvimento das funções motoras e desenvolvimento das funções
psíquicas.
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o
homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu
mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber,
atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. A
Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o
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corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
Existem automatismos que são desenvolvidos através do
processo de aprendizagem. Passam do plano voluntário para o
automático como tocar piano, andar de bicicleta, nadar, dançar.
Para uma pessoa agir no meio ambiente é necessário que
possua, além de uma organização motora, uma vontade, um desejo
de realizar um movimento. Todos estes movimentos são controlados
pelo sistema nervoso, através das contrações musculares.
Psicomotricidade, portanto, é uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pela
pessoa cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e
sua socialização.
Rego Barros (1990) considera a Psicomotricidade como “alma
do movimento”, pois não se consegue pegar, tocar ou manipular os
movimentos, somente sentir.
O ato motor é desde o útero a integração do pensamento com a
afetividade. As vivências psicomotoras aplicadas têm como objetivo
levar a pessoa a conhecer e a utilizar seu corpo, percebendo o quanto
ele está integrado e intimamente ligado ao seu pensamento e as suas
emoções; a Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas
as atividades que desenvolvem a motricidade, visando ao
conhecimento e ao domínio de seu próprio corpo.
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A Psicomotricidade para os idosos é muito importante para uma
prevenção que pode evitar doenças próprias do envelhecimento e dar
melhor qualidade de vida, sobretudo para os problemas afetivos, onde
se exercita a vencer o medo e sentir a capacidade de ultrapassar seus
próprios limites.
A Psicomotricidade desenvolveu-se extraordinariamente, tendo
aumentado a sua compreensão, aceitação e reconhecimento por parte
da comunidade científica nacional e internacional como também
dentro dos contextos institucionais onde se afirma como prática
educativa, preventiva e até terapêutica, além dos níveis de decisão
política mais próxima da sua realidade.
4.2 André Lapierre e a Psicomotricidade Relacional
A Psicomotricidade, ao atuar como uma atividade corporal
trabalha basicamente com o prazer: de sentir o próprio corpo,
esquecido e adormecido, de perceber possibilidades de movimentos,
de lidar de alguma maneira com suas limitações, de brincar, de se
reconhecer e de viver.
O corpo não se cala jamais diante de um olhar ou no contato
com o outro, ele não cessa de emitir mensagens. Quando desaparece,
36
sua própria ausência constitui ainda uma linguagem.
Segundo André Lapierre (1984, p.48), considerando que todos
os trabalhos, em quaisquer instâncias apresentam seus limites,
desafios e possibilidades, a Psicomotricidade relacional contempla em
suas especificidades, tanto em termos objetivos quanto subjetivos,
principalmente, em função da comunicação estabelecida entre os
sujeitos, através do dialogo tônico-afetivo (corporal), nas diversas
possibilidades da prática da Psicomotricidade relacional e num mundo
de múltiplas culturas e significados, todos precisamos construir ou
reconstruir uma consciência de relativa autonomia coletiva ou
individual; isso faz de todos corresponsáveis por um mundo melhor,
incluindo e respeitando a diversidade.
Juntamente Bernard Aucouturier e André Lapierre (1986, p.41),
no livro “A simbologia do movimento”, relatam, por intermédio da
conscientização do movimento, ser possível integrar e organizar
psiquicamente o ser humano.
Deve-se trabalhar no que há de positivo no ser humano, pois é
importante não se fixar no que o individuo não sabe fazer, mas sim
desenvolver e estimular suas potencialidades e expandi-las, de forma
a exercitar o corpo e incentivá-lo a novas descobertas (a
conscientização do movimento se dá pela vivência corporal).
O corpo está na mente e a mente está no corpo. Ao
estimularmos o corpo e a pele, estimulamos a mente e despertamos
vivências corporais, assim como damos um novo significado ao corpo.
37
A pele, nosso revestimento, local de inúmeras terminações
nervosas é um instrumento de comunicação e, portanto, de troca. O
tocar desperta a relação, o contato consigo mesmo e com o outro.
O corpo, quando estimulado, começa a descobrir os objetos, a
se relacionar com o outro, ocorrendo, assim, trocas. Nesse momento,
vivencia o brincar e o prazer de estar com o outro. André Lapierre e
Bernard Aucouturier (idem) nos relatam a importância do objeto na
construção histórica do homem:
“O homem, desde cedo, descobriu formas de aprimorar suas
atividades tendo como mediador o objeto. No período das
cavernas, descobriu-se que se batendo fortemente uma
pedra a outra se podia obter-se o fogo. Que as cascas de
frutas podiam servir-lhe de utensílios na sua alimentação. A
partir destas descobertas, e outras, o homem foi
desenvolvendo maneiras de melhor utilização e adaptação
ao meio, construindo seu espaço, passando ensinamentos
de geração a geração, criando sua história cultural”.
O objeto sempre esteve presente na relação do homem com o
mundo e na relação do homem com ele mesmo. Pode-se dizer que o
“homem tem mais relação com os objetos que com os seus
semelhantes”. Passa sua existência rodeado de objetos, sejam eles
naturais ou fabricados, agradáveis ou desagradáveis, de formas
38
variadas objetos ferramentas; objetos armas, objetos de arte. Passa
sua vida a manipulá-los, amá-los e odiá-los. A forma, a textura e a
natureza do objeto irão despertar determinadas sensações e
sentimentos, como objetos, redondos, leves, suaves, quentes, que tem
uma analogia com o corpo materno; e objetos duros, frios, angulares,
geométricos, que evocam, mais a rigidez, a lei, a racionalidade, a
estrutura. Para Lapierre, o controle do corpo e da respiração é a etapa
culminante da construção do esquema corporal.
4.3 Gerontopsicomotricidade
É a prática consciente, intencional e sensível da
psicomotricidade do idoso, que oferece atividades psicomotoras que
provocam o aumento da massa muscular, permitindo conservar
amplitude articular adequada e melhor equilíbrio nas diversas ações
diárias. Propicia a manutenção do consumo de oxigênio, atuando no
aparelho cardiorrespiratório, por meio de uma boa irrigação dos
tecidos gerada pelas estimulações emocionais e sensíveis em
diferentes intensidades. A psicomotricidade relacional tem como
objetivo o jogo espontâneo e simbólico, utiliza alguns materiais como
bola, bambolê, tecidos, caixas, bastões e outros para facilitar a
comunicação gestual e tônica.
39
O psicomotricista está disponível para responder a necessidade
do outro em ser recebido e compreendido.
Os trabalhos de psicomotricidade relacional podem ser
realizados em atendimentos individuais e grupais onde o processo
terapêutico ocorre de maneira eficaz, envolvendo de maneira positiva
todos aqueles que participam e preenchem um espaço muito
importante na superação das dificuldades emocionais apresentadas.
4.4 Recursos de materiais indicados na psicomotricidade
Em relação à sala, deve ser ampla, arejada, iluminada e sem
muitos objetos que chamem a atenção do sujeito. Quanto ao material
utilizado podemos ter fichas, contas, caixas, pincéis, tinta, papeis e
lápis variados, figuras e gravuras entre outros; incluindo cordas,
botões, panos, jornais, revistas, tesoura, cola, jogos de encaixe e
vários outros materiais.
4.5 Avaliação psicomotora para o idoso
Avaliação deve ser realizada no início das atividades
40
psicomotoras e posteriormente, avaliações de evolução, visando uma
melhor orientação na escolha das técnicas. É necessário adaptar
modelos de avaliações de forma a levar em considerações o físico e a
idade da pessoa idosa. Averiguar as seguintes questões:
a) Sinais de descuido de imagem do corpo;
b) Dificuldades encontradas na vida diária, em casa ou fora
dela, relativas ao senso prático cotidiano (varrer, passar
roupa, fazer a cama, fazer sua higiene pessoal, arrumar a
cozinha e outros);
c) Quedas na rua ou em casa (freqüência), organização do
espaço familiar (tapete, chão escorregadio, fios e outros);
d) Vertigens, dores de cabeça, dificuldade no andar e
desequilíbrio;
e) Visão, geralmente problemática;
f) Audição, pois a surdez perturba o bom desenvolvimento da
relaxação e é às vezes pretexto para uma atitude de
abandono e de passividade (surdos que não escutam aquilo
que eles não querem ouvir);
g) Distúrbios da memória;
h) Qualidade de sono;
i) Relação com os outros, espaço que o corpo ocupa (nas
lembranças das imagens de familiares e de amigos,
41
isolamento físico atual); e, por fim,
j) Lembranças do vivido corporal em relação à profissão, ao
lazer, as férias;
Além das questões anteriores, também devem se anotados os
distúrbios de saúde que conduzirão a uma maior prudência e que
atingem o físico e a idade da pessoa idosa como, cardiovascular
(hipertensão), angina de peito, varizes, má circulação, câimbra, mãos
e pés frios (que serão cobertos durante a relaxação), respiratório
(bronquite crônica, falta de ar, asma), neurológico (paralisias,
tremores, quedas, ausências), urológico (incontinência), locomotor
(reumatismo, estado da coluna vertebral), nutricional (obesidade ou
magreza em relação à imagem do corpo, alcoolismo), estético (estado
dentário, prótese mal tolerada, pele, cabelos)
4.6 Psicomotricidade para o idoso
A psicomotricidade necessita do atendimento interdisciplinar,
atuando tanto na promoção de saúde como na reabilitação, de
maneira afirmativa no processo de envelhecimento. Promove o bem
estar e destaca os aspectos relativos ao processo de envelhecimento
biofísico e sócio emocional que caracterizam a população de idosos.
Diversas práticas das atividades psicomotoras são voltadas para
o bem estar físico e psíquico e procuram intervir em busca da melhoria
da qualidade de vida.
42
O trabalho realizado com a pessoa idosa constitui uma ciência
artesanal, é uma nova dimensão individual, em que está em jogo o
aspecto qualitativo da relação humana, vinculada aos estímulos
externos que determinam os comportamentos surgidos ao longo da
vida.
A estimulação e orientação propiciam a criação de uma
atmosfera saudável, atuante e existencial, de elevado valor
psicológico, sob forma de tarefas e movimentos lúdicos. Os
movimentos são realizados de forma lenta, integrados aos exercícios
respiratórios, aplicados de maneira adequada às necessidades e
capacidades funcionais de cada idoso.
Os idosos compartilham ideias e colaboram na criação de
estratégias, estimulando, assim, o desenvolvimento das habilidades
mentais essenciais a memorização ao pensamento criativo.
Todas as atividades desenvolvidas tem como meta essa
autoconsciência corporal, o relaxamento, a respiração, a coordenação
de movimento e equilíbrio.
Quando trabalhada pelo idoso, existe uma melhora de
flexibilidade, força, coordenação e velocidade e a elevação dos níveis
de resistência, com vistas a redução das restrições no rendimento
pessoal, para a realização de atividades diárias; quando bem
estruturada e elaborada pode recuperar o ritmo e a expressividade do
corpo, agilizarem os reflexos e adequar os gestos a diferentes
situações (matsudo&matsudo, 1992).
43
Nos idosos, o entusiasmo é menor. A própria motivação tende a
diminuir e são necessários estímulos bem maiores para fazê-lo
empreender uma nova ação.
A relação doravante estabelecida com o corpo, na atividade
psicomotora, será a de reconhecer no corpo uma realidade afetiva e
fantasmática. Assim preconizava, por exemplo, a psicomotricidade
relacional cuja proposta da intervenção terapêutica seria a de
proporcionar um espaço de rememorização de vivências muito
arcaicas, que só poderiam ser elaboradas a partir das lembranças do
corpo. “É esta regressão em direção a modos arcaicos de
comunicação que constitui o principio fundamental da terapia
psicomotora”(Laapierre &Aucouturie, 1984).
Dessa maneira, o corpo, na concepção de Lapierre, armazenaria
marcas e investimentos afetivos que jamais se confrontariam com a
racionalidade do discurso verbal. E para essa afirmativa o autor se
vale de uma posição ao instrumental da psicanálise. Diz ele: “A
psicanálise chega a esse resultado pela analise do discurso, do qual
refém as falhas, o emocional. Se ela dá uma atenção particular ao
sonho, relevado pelas palavras, pelas imagens que estão sempre em
relação com a fantasmática corporal, é porque este é irracional e
escapa, em parte, ao controle lógico da consciência. Escolhemos
outro caminho que é o do simbolismo direto da ação não mediatizada
pelo discurso”. (Laapierre&Aucouturier, idem).
Seguem dizendo: “A psicomotricidade é uma reação contra vinte
44
séculos de cultura dualista, contra mística teológica que culpabilizou o
corpo, separando-o da alma, contra a fria lógica cartesiana que
pensou poder fazer do homem, um puro espírito racionalista. Nós
quisemos reencontrar a globalidade do ser, redescobrir e utilizar a
dimensão psíquica do corpo, e a dimensão corporal do psiquismo”.
(Lapierre&Aucouturrier, idem)
Os valores de julgamento da maturação que se opõem ao
envelhecimento são suficientes para diferenciar a psicomotricidade da
criança em desenvolvimento daquela pessoa idosa, cujo potencial vital
esta gradativamente diminuindo.
Será necessário eliminar ou adaptar alguns exercícios muito
exaustivos (corridas, saltos, equilíbrios), levar em consideração,
particularmente o “estado dos pés” em geral muito deformados e
doloridos, que suportam todo o peso do corpo, assim como o aspecto
dos joelhos, dos quadris e das costas.
As pessoas idosas querem saber em que poderão ser ajudadas,
mascarando um desejo, geralmente de ordem pragmática, através da
pergunta: Para que serve isto? É necessário responder com uma
definição muito prática de psicomotricidade e como a pergunta se faz,
quase sempre em relação a um sintoma preciso, responde-se que é
para ter um melhor equilíbrio, evitar as quedas, aumentar a sua
habilidade manual, a ser mais relaxado, a dormir melhor ou a se
orientar melhor na rua. Além de poder trabalhar o humor do idoso, que
o leva a uma maior oxigenação cerebral e seu corpo fica leve, quando
45
o trabalho é realizado na sua afirmação e dando condições de
autonomia, ele acaba ganhando sua confiança, autoestima e acaba
sendo estimulado para saber que vai poder contar com o devir.
O idoso quando respeitado e reconhecido, acaba tendo atitudes
e fazendo com que possa interagir melhor no grupo.
Capitulo V
5.1 Orientação da respiração e relaxação para o idoso
A respiração, por ser um processo que atua no equilíbrio
metabólico das células e tecidos, é o processo de contração e
descontração muscular que garante uma boa ventilação pulmonar e
permite a todas as células do organismo receber oxigênio e eliminar
gás carbônico, ativando grande quantidade de energia no organismo.
Ensinar a respiração consciente ao idoso é apresentar uma nova
dimensão do corpo. A respiração constitui o processo central da
realização de variadas formas de movimentos por apresentar
benefícios a todas as pessoas.
Integrada às diferentes posturas, ao equilíbrio e aos
46
movimentos, a respiração deve ser aplicada de maneira lenta e
gradual, de acordo com as respostas e necessidades de cada pessoa.
A respiração adequada ajuda a tornar os exercícios mais
eficazes e fáceis de serem realizados. O movimento coordenado com
a respiração concentra a atenção no corpo, aumentando a percepção
sinestésica, impedindo que o movimento seja forçado e mecânico.
Esse conhecimento do próprio corpo evita, por exemplo, contraturas
musculares, desgaste desnecessário das articulações, posturas
inadequadas, uso inadequado de grupos musculares nas atividades
diárias.
O equilíbrio é a manutenção da projeção do centro de gravidade
do corpo humano no interior polígono de sustentação (pés), por meio
do ajustamento postural e da respiração, sem oscilações ou desvios
nas condições estática ou dinâmica. Nele interatuam o sistema límbico
e o cerebelo, principais órgãos do equilíbrio e do movimento. Suas
funções relacionam-se com a manutenção do equilíbrio corporal, com
a coordenação, a respiração e a emoção.
A respiração é regulada pelo autoreflexo pulmonar e pelos
centros respiratórios bulbares, que se adapta de uma maneira
automática as necessidades de cada momento. Para Lapierre, o
controle do corpo e da respiração é a etapa culminante da construção
do esquema corporal
5.2 Relaxamento
47
A relaxação atua sobre o centro de motivação do ser humano ao
canalizar a intenção e permitir que ele volte a se descobrir na sua
vontade.
Rego Barros (1992), considera em estado de relaxamento
quando a pessoa é induzida por outra, através de estímulos da palavra
falada, com ou sem acompanhamento musical. Já a relaxação baseia-
se na tomada de consciência de sua própria ação, conduzida, pelo
autohipnose que é a modificação voluntária do estado tônico por meio
de autoconcentração de uma imagem mental.
Para fazer as pessoas idosas praticarem a relaxação é
necessário levar em consideração as deficiências físicas
perturbadoras, tais como a má audição (pretexto freqüente para não
participar), as vertigens, as cardiopatias, as dores reumáticas. A asma
e a bronquite serão levadas em conta, assim como a angina de peito,
que tornam difíceis e dolorosas as distensões dos membros no inicio e
no fim das atividades.
O relaxamento é uma forma de atividade psicomotora na qual se
objetiva a redução das tensões psíquicas, levando á descontração
muscular. O relaxamento proporciona melhor conhecimento do
esquema corporal, melhor estruturação espaço-temporal e equilíbrio,
contração e descontração. É noção do tenso e relaxado, duro e mole e
o idoso transpõe essas noções para o seu próprio corpo.
48
5.3 A música e a psicomotricidade
A música é um recurso importante, não só atua como uma
resposta ao movimento, mas também como elemento para trabalhar
com idosos, estímulo que promove respostas físicas através das
qualidades sedativas ou estimulantes, que afetam respostas
fisiológicas como pressão arterial, freqüência cardíaca, respiração,
dilatação da pupila, tolerância à dor, dentre outras.
Influenciando também nas respostas emocionais que estão
associadas às respostas fisiológicas, como alterações nos estados de
ânimo, nos afetos, integração social, comunicação - principalmente
para o idoso que tem problemas de comunicação verbal e pela música
consegue interagir significativamente com os outros.
A expressão emocional se faz necessária, pois o idoso utiliza a
comunicação não verbal, facilitando a expressão de emoções.
Atualizando as informações sensoriais que estão guardadas na
memória como outras épocas, lembranças de pessoas de seu afeto,
lugares e emoções registradas em sua história corporal. Contudo, é
necessário que o psicomotricista que irá empregá-la em intervenção
considere com profundidade as características e potencialidades, tanto
da música quanto dos idosos, para facilitar o aparecimento de
respostas prazerosas e produtivas. A contribuição da música libera
uma energia e a expressão do movimento pode se tornar livre e cada
um trazendo na sua singularidade um conjunto harmonioso e
49
prazeroso para um corpo saudável.
A música pode ser utilizada no decorrer do relaxamento e pode
ser associada de uma forma muito benéfica. No início, deve-se
chamar a atenção para todos os elementos naturais do local que nos
ligam ao mundo além das paredes: o ar ambiente, luz do dia atenuada
por cortinas.
O tom monocórdio calmante e persuasivo de palavras do
psicomotricista provocará a criação de imagens mentais muito simples
e tranqüilas como o deslizamento de um cisne ou de um bote sobre a
água, ou de nuvens. Trata-se de um convite a um sonho controlado a
evocação de imagens voluntárias que favorecem a descontração.
5.4 Exercício psicomotor no idoso sentado
Quando encontramos dificuldades ligadas à marcha ou
equilíbrio, isto é, não poder ficar de pé por um período longo,
deveremos fazer a atividade psicomotora sentada, utilizando uma
mesa. Ela apresenta a dupla vantagem de ser menos cansativa.
Podemos, então, nos concentrar exclusivamente na expressão
corporal do alto corpo e em exercícios com os membros superiores e
as mãos. Não se trata de duplicar o trabalho de ergoterapia, mas de
reagrupar e transpor todos os exercícios psicomotores que fazem
habitualmente apelo ao corpo no seu conjunto, que sejam realizáveis
50
estando sentado, com ou sem mesa. Estes exercícios visam à
habilidade, a coordenação das mãos, a lateralizarão e ao esquema
corporal.
Utilizaremos sobre a mesa uma caixa que permita a realização
de exercícios psicomotores em cegos. A caixa tem um lado furado
com duas aberturas para a passagem das mãos da pessoa que realiza
os exercícios e o lado oposto aberto para permitir ao orientador
observar seu comportamento. Esta caixa servirá tanto para avaliações
como para os exercícios.
5.5 Avaliação e Exercícios
1 – Fazer a identificação de diversos objetos de uso diário, e atribuir-
lhe através do tato, suas qualidades.
2 – Apresentar uma série de objetos, pedindo que ao escolher um
deles, estabeleça correspondência com os qualificativos apresentados
a partir de uma lista pré-estabelecida.
3 – Reagrupar estes objetos segundo suas características comuns.
4 – Escolher os objetos cujo contato lhe pareça mais agradável.
5 – Selecionar, pelo tato, objetos usuais da cozinha ou do banheiro
(vidros de conservas, tubos de pasta de dente), classificando-os
posteriormente (este exercício é importante porque melhora os
51
automatismos manuais sem auxilio visual, possibilitando um melhor
desembaraço no escuro).
6 – Agrupar parafusos, porcas de diversos tamanhos.
7 – Utilizar quebra-cabeça e jogos de encaixe muitos simples,
utilizando material educativo.
8 – Espalhar, dentro da caixa, quadrados de madeira com tamanhos
decrescentes que devem ser enfiados num cilindro estreito de
madeira, fixado numa base quadrada. Pedir para identificar a forma
das peças (quadrados furados no centro, base quadrada e seu
cilindro) e pedir que eles descubram a regra do jogo (realização de
uma pirâmide), depois fazer montar a pirâmide. O principio deste
exercício se aplica a outros jogos de encaixe.
9 – Com o auxílio de uma boneca articulada (montada sobre uma base
para maior estabilidade), reproduzir posições (em espelho ou em
transposição) mostradas pelo psicomotricista. O espelho pode ser
substituído por um vidro ou uma transparência, mantido a distância da
caixa, explicando que a boneca manipulada pelo psicomotricista é
igual àquela que a pessoa tem em mãos. É um meio de suscitar o
interesse e de vencer a inércia de algumas pessoas que parecem
pouco motivadas e compreendem com dificuldades estas noções de
imagens, quando se faz a transposição.
10 – Pedir para identificar partes da boneca desmontada e remontá-la
por encaixe.
52
11 – Manipular um interruptor elétrico, uma campainha, uma fechadura
(na qual é necessário introduzir uma chave). Estes objetos devem
estar presos numa prancheta de madeira e fixados em diversas
posições, simulando situações encontradas a noite.
12 – Pedir para representar, utilizando massa de modelar, diferentes
pontos do bairro, como chegar ao mercado, o correio ou o trajeto
usado para chegar ao local onde se encontra.
13 – Baseando-se na velocidade e desempenho, simular sobre a
mesa, diversas situações, com ajuda de bonequinhos, pequenos
carros ou simplesmente piões e desenvolver os reflexos necessários
quando estamos na rua. No cruzamento de ruas, substituiremos os
sinais de transito por palmas, por exemplo, uma palma para o verde,
duas para o amarelo e três para o vermelho.
14 – Solicitar que diga as horas indicadas por fósforos ou palitos,
simulando os ponteiros, sobre um disco de cartão, representando um
mostruário de relógio ou de pendulo não marcado, escolher um ponto
que mudará sucessivamente.
15 – Com os dedos das duas mãos, fazer uma ponte, um pássaro,
uma borboleta. Podendo encaixar as figuras numa história
improvisada. Da mesma maneira, usando um rolo de barbante,
podemos fazer diversas figuras.
16 – As mãos sendo usadas como pratos de balança, podem realizar
pesagens comparativas que submeteremos a seu julgamento, usando
53
pequenos sacos de areia ou de outros objetos com menos de um
quilo. Isto possibilita a tomados de consciência de noções de força e
de alavancas vividos sobre seu corpo e aplicáveis a correção de
atitudes, no momento em que se carrega um saco de compras ou que
se arruma a casa.
17 – Dar diversos nos simples numa corda, enfiar numa agulha
grossa.
18 – Permanecendo sentado, joga-se uma bola, para quem desejar,
intercalando após cada jogada imitações de gestos ou de posturas,
assim como palmas ritmadas.
19 – Bater nas mãos, nas pernas e no corpo com ritmo.
20 – Terminar o trabalho psicomotor com um contato físico, com um
abraço, um toque que traz muita segurança para o idoso.
54
Conclusão
O significado da palavra conclusão parece um pouco longe de
seu real objetivo, porque este é apenas o ponto de partida para um
processo que terá continuidade, pela exploração e pela vivência.
Se por um lado, a longevidade dos indivíduos é a resultante do
sucesso de inúmeras conquistas no campo social e da saúde, o
envelhecimento representa novas demandas por serviços, benefícios
e atenções que se constituem em desafios para os governantes do
presente e do futuro.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) resolveu adotar uma
idade fixa para designar os idosos. Assim, a OMS chama de idosas
pessoas de 60 anos ou mais nos países em desenvolvimento e 65 ou
mais nos países desenvolvidos. Isso é só uma classificação didática,
para efeitos de aposentadoria do trabalho e benefícios sociais –
condução gratuita, descontos em viagens, diversões e outros.
55
Negar o envelhecimento só atrapalha a possibilidade de
envelhecer com qualidade. Precisamos aprender o que fazer de cada
dia da nossa vida, em vez de esperar que os outros tenham pena ou
façam por nós.
Quem ganha com programas para melhor qualidade de vida
para o idoso é o idoso, mas, porém em um segundo momento, o
governo conseguiria uma grande economia. Sai mais barato investir
em atividades físicas e de convivência social a gastar com leitos
hospitalares.
A sociedade é muito injusta e dá como “prêmio” a quem
consegue ultrapassar a sexta década de vida, um salário mínimo e a
reclusão em casa. Não se pode dar ao idoso este tratamento que se
dá a um objeto descartável. Deve-se valorizá-lo, agradecer pelos
serviços que prestou a sociedade e dar a oportunidade para que
transfira sua experiência aos mais jovens.
Atualmente estamos caminhando para uma melhor qualidade de
vida para o idoso, com vários programas para a terceira idade, aonde
temos diversas atividades como: jogos de memória, de cartas, dama,
dominó e exercício corporal, informática dentre outros. No Rio de
Janeiro, na UERJ existe a Universidade Aberta da Terceira Idade
(UNATI), um lugar conquistado pelos idosos, que oferece 114 oficinas,
inclusive a Psicomotricidade Cinema e Corpo.
A Psicomotricidade visa recuperar e conservar, de forma
funcional, as condutas psicomotoras, a melhorar e aprimorar o
56
conhecimento de si e a eficácia das ações, sobretudo das atividades
de vida diária (AVD) e favorece o desenvolvimento integral do idoso,
estabelecendo, de forma equilibrada e harmônica, a inter-relação entre
a motricidade e o psiquismo.
Um programa de atividades físicas para pessoas idosas tende a
aumentar seu estado de saúde, diminuindo a dependência, a
ociosidade, favorecendo a socialização, e com isso melhorando sua
qualidade de vida. As atividades mais recomendadas são aeróbicas de
baixo impacto (caminhar, natação, ciclismo, hidroginástica), que estão
associados com menor risco de lesões, exercícios físicos de caráter
recreativo (principalmente a dança) e não obrigatório que induzem a
socialização. Mas, é importante observar que a intensidade da
atividade física, deve ser dosada para cada faixa etária.
Mesmo com orientação de profissionais especializados no
desenvolvimento das atividades, o acompanhamento médico e
avaliação dos resultados clínicos são indispensáveis para a obtenção
de níveis satisfatórios.
A qualidade de vida na terceira idade pode ser influenciada por
alguns aspectos tais como: o físico, que é caracterizado pelo
crescente declínio das funções dos sistemas fisiológicos
comprometendo a saúde, o psicológico, caracterizado por perdas na
autoimagem e autoestima. Essas perdas são significativas devido ao
envelhecimento no sentido de se sentirem inúteis, pouco estimados e
respeitados, o social, a sociedade aliena o idoso do processo social.
57
Se a corporeidade no lazer, por exemplo, for vivenciado pelas
atividades físicas e esportivas, o idoso estará tentando superar seus
limites, muitas vezes competindo consigo mesmo encontrando nessa
ação a satisfação, o prazer e sensações fundamentais para um corpo
saudável.
É necessário, cada vez mais, viver mais e melhor, com
qualidade de vida. A questão não é só dar mais anos a vida, e sim
mais vida aos anos que os idosos têm para viver.
O grupo de idosos da UNATI contribui para a construção do
envelhecimento e da Psicomotricidade, com outras formas de refletir
os conceitos e com relatos, baseados nas suas experiências de vida.
58
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61
SUMÁRIO
Agradecimentos ............................................................................................ 3
Dedicatória .................................................................................................. 5
Resumo......................................................................................................... 6
Metodologia................................................................................................... 7
Introdução...................................................................................................... 8
Envelhecimento Cronológico e Funcional...................................................... 11
Envelhecimento ............................................................................................. 14
Velhice ........................................................................................................... 16
Envelhecimento e suas alterações fisiológicas .............................................. 18
Aparelho locomotor e envelhecimento ........................................................... 20
Instabilidades/Quedas no idoso e lesões decorrentes das quedas ................ 22
Estruturas Familiares e Velhice ....................................................................... 27
62
Escolaridade da população idosa ................................................................... 29
Aspectos psicológicos do envelhecimento ...................................................... 30
Aspectos sociais do envelhecimento ............................................................... 31
Psicomotricidade .............................................................................................. 33
André Lapierre e Psicomotricidade Relacional ................................................ 36
Gerontopsicomotricidade ................................................................................. 39
Recursos de materiais indicados na Psicomotricidade .................................... 40
Avaliação psicomotora para o idoso.............................................................. 40
Psicomotricidade para o idoso ....................................................................... 42
Orientação da respiração e relaxação para o idoso ..................................... 46
Relaxamento ................................................................................................. 47
A música e a psicomotricidade ..................................................................... 48
Exercício psicomotor no idoso sentado ........................................................ 50
Avaliação e exercícios .................................................................................. 51
Conclusão ..................................................................................................... 55
Bibliografia .................................................................................................... 59
63
INDICE
Agradecimentos ............................................................................................ 3
Dedicatória .................................................................................................. 5
Resumo......................................................................................................... 6
Metodologia................................................................................................... 7
Introdução...................................................................................................... 8
Capitulo I ........................................................................................................ 11
1.1 Envelhecimento Cronológico e Funcional........................................ 11
1.2 Envelhecimento ................................................................................. 14
1.3 Velhice ................................................................................................ 16
Capitulo II ....................................................................................................... 18
2. 1 Envelhecimento e suas alterações fisiológicas ................................. 18
2. 2 Aparelho locomotor e envelhecimento ................................................ 20
64
2.3 Instabilidades/Quedas no idoso e lesões decorrentes das quedas ...... 22
Capitulo III ........................................................................................................ 27
3.1 Estruturas Familiares e Velhice ............................................................. 27
3.2 Escolaridade da população idosa ......................................................... 29
3.3 Aspectos psicológicos do envelhecimento ........................................... 31
3.4 Aspectos sociais do envelhecimento .................................................... 31
Capitulo IV ........................................................................................................ 33
4.1 Psicomotricidade .................................................................................. 33
4.2 André Lapierre e Psicomotricidade Relacional .................................... 36
4.3 Gerontopsicomotricidade ..................................................................... 39
4.4 Recursos de materiais indicados na Psicomotricidade ...................... 40
4.5 Avaliação psicomotora para o idoso.................................................... 40
4.6 Psicomotricidade para o idoso ............................................................. 42
Capitulo V ....................................................................................................... 46
5.1 Orientação da respiração e relaxação para o idoso ........................... 46
65
5.2 Relaxamento ....................................................................................... 47
5.3 A música e a psicomotricidade ............................................................. 48
5.4 Exercício psicomotor no idoso sentado ................................................ 50
5.5 Avaliação e exercícios .......................................................................... 51
Conclusão ..................................................................................................... 55
Bibliografia .................................................................................................... 59