PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM … · inglesa, língua francesa, ... ainda que as letras não sejam...
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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
Psicolinguística: linguagens e escrita
Profª. Luciana Andréa Afonso Sigalla
CEVAP – Santa Isabel (ETEC) – 30/6/12
Ementa
A disciplina aborda: o processo de aquisição e desenvolvimento
da linguagem oral e seus distúrbios, por meio do estudo das
diversas teorias e modelos existentes; os elementos que
caracterizam a construção e a apropriação dos processos de
produção e interpretação textuais, em seus vários sistemas; a
linguagem, na perspectiva da oralidade, leitura e escrita; as
causas dos transtornos de aprendizagem de linguagem; o
diagnóstico dos problemas de aprendizagem relacionados ao
desenvolvimento da linguagem e à aquisição da leitura e da
escrita; as estratégias de intervenções psicopedagógicas.
Linguística
Ciência que estuda
a linguagem
humana.
Destaque:
Ferdinand de Saussurre
(1857 – 1913)
Psicolinguística
Área da linguística que
estuda os processos
cognitivos que
permitem a produção e
a compreensão da
linguagem humana. Destaque:
Avram Noam Chomsky
(1928)
Subáreas da Linguística
FONÉTICA FONOLOGIA PRAGMÁTICA MORFOLOGIA SINTAXE SEMÂNTICA LEXICOLOGIA ESTILÍSTICA
Estuda a
natureza
física da
produção e
da percepção
dos sons da
fala humana.
Estuda o
sistema sonoro
de um idioma,
do ponto de
vista de sua
função no
sistema de
comunicação
linguística.
Estuda a
linguagem no
contexto de
seu uso na
comunicação,
de acordo
com seus
objetivos.
Estuda as
palavras de
maneira
isolada, sem
levar em
conta sua
participação
na frase ou
período.
Estuda os
processos
generativos
ou
combinatórios
das frases
das línguas
naturais,
tendo em
vista
especificar a
sua estrutura
interna e
funcionamento.
Estuda o
significado
usado por
seres humanos
para se
expressar por
meio da
linguagem.
Estuda o
acervo de
palavras de
um
determinado
idioma
(léxico).
Estuda as
variações da
língua e sua
utilização,
incluindo o uso
estético da
linguagem e
suas
diferentes
aplicações,
dependendo
do contexto
ou situação.
Língua x Linguagem
Linguagem: capacidade natural que o ser humano tem de se
comunicar, agir e interagir, seja por meio de palavras, gestos,
imagens, sons , cores, expressões etc. Pode ser classificada em:
• Verbal: quando usa palavras (escritas ou faladas);
• Não verbal: quando não utiliza palavras, mas gestos, sons,
cores, imagens etc.
Língua: conjunto de sinais organizados por regras (gramaticais)
que determinadas comunidades usam para se comunicar.
Linguagem
Capacidade do ser humano (ex.: o sorriso).
Língua
Capacidade de determinado povo, ou de quem se disponha a aprender as
regras gramaticais da língua específica (exs.: língua portuguesa, língua
inglesa, língua francesa, LIBRAS etc.).
As diferentes concepções de linguagem
• Como representação (“espelho”) do mundo e
do pensamento;
• Como instrumento (“ferramenta”) de
comunicação;
• Como forma (“lugar”) de ação ou interação.
(KOCH, 1992, p. 9)
Aquisição da linguagem
O que vem antes? Em que ordem?
FALA LEITURA ESCRITA
A linguagem oral (fala)
Como as crianças aprendem a falar?
• Proposta racionalista ou inatista (Chomsky / 1928)
• Proposta empirista ou funcionalista (Skinner / 1904 – 1990)
• Proposta interacionista ou cognitivista (Piaget / 1896 – 1980)
• Proposta sociointeracionista (Vygotsky / 1896 – 1934)
Proposta racionalista ou inatista (Chomsky)
• A estrutura da linguagem é, em grande parte, especificada
biologicamente.
• A experiência serve para ativar a capacidade inata que os
seres humanos têm para adquirir e utilizar um código
linguístico.
• “[...] a linguagem seria uma capacidade específica da
espécie humana, na medida em que a observação se revela
como propriedade exclusiva dos homens.” (grifo meu)
• “[...] a capacidade para adquirir a linguagem é uniforme,
comum aos membros da espécie.”
(DAVIS, 1981)
• Os humanos têm uma “gramática universal inata” (conceito
abstrato que abrange todas as línguas humanas).
• LAD: language acquisition device ou dispositivo para
aquisição da linguagem (supostamente capaz de adquirir
qualquer linguagem natural, portanto universalmente
aplicável).
Dados linguísticos LAD Sistema gramatical
• Gramática: formada por três componentes básicos: o
sintático, o fonológico e o semântico.
(DAVIS, 1981)
Proposta racionalista ou inatista (Chomsky)
Proposta empirista ou funcionalista (Skinner)
• Visão da linguagem com base em sua função (e não em
sua estrutura, como na proposta chomskyana), passando a
ser considerada como comportamento verbal.
• Comportamento verbal: toda manifestação capaz de afetar
outro organismo (alterar o comportamento de alguém,
exercer um efeito sobre as pessoas); deve ser analisado
levando-se em conta as circunstâncias em que foi emitido
(fala, escrita, sinais, sons, gestos, manipulação de objetos
físicos). (DAVIS, 1981)
Proposta empirista ou funcionalista (Skinner)
• A linguagem, como qualquer outro comportamento, é
adquirida por meio do condicionamento operante, podendo
ser manipulada.
• A explicação para a aquisição da linguagem é dada com
base nas relações funcionais que existem entre
determinados estímulos e respostas e entre determinadas
respostas e suas consequências. (DAVIS, 1981)
Estímulo Resposta Reforço
• A linguagem é aprendida inteiramente pela experiência.
• Ocorre somente por meio do contato social (interação).
• A aquisição da linguagem se dá, portanto, por meio da
imitação do comportamento verbal dos adultos, que vão
reforçando as respostas das crianças, para que elas se
aproximem cada vez mais do padrão de linguagem da
comunidade onde vivem.
(DAVIS, 1981)
Proposta empirista ou funcionalista (Skinner)
Proposta cognitivista ou interacionista (Piaget)
• Piaget também se interessou pelas funções da linguagem.
• Para ele, o aparecimento da linguagem seria decorrência
de algumas das aquisições do período sensório-motor (0-2
anos), ao longo do qual a criança adquire a capacidade de
substituir ou representar eventos que não se encontram
presentes.
• A formação dos símbolos mentais (ações internalizadas) se
dá a partir da imitação, a grande responsável pelo processo
de aquisição da linguagem (ex. da criança abrindo uma
caixa).
(DAVIS, 1981)
• O aparecimento dos sons e das palavras segue uma
evolução semelhante: os sons são associados a
determinadas ações e a aquisição da linguagem se
processa por meio da imitação desses sons.
• As primeiras palavras estão intimamente relacionadas com
os desejos e ações da criança.
• Piaget distingue duas categorias de linguagem: não
comunicativa (ou egocêntrica) e comunicativa (ou
socializada).
(DAVIS, 1981)
Proposta cognitivista ou interacionista (Piaget)
Proposta sociointeracionista (Vygotsky)
• Para Vygotsky, a linguagem tanto expressa como organiza
o pensamento da criança.
• Como a função primordial da fala é o contato social, o
desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela
necessidade de comunicação.
• Mesmo antes de aprender a falar, a criança já demonstra
uma capacidade de agir no ambiente e de resolver
problemas práticos, sem a mediação da linguagem (choro,
riso, balbucio, expressões faciais, primeiras palavras).
(VYGOTSKY, 1984)
Proposta sociointeracionista (Vygotsky)
• O “outro”, que já domina a linguagem, não só interpreta e
atribui significados às manifestações da criança, como
também a insere em sua vida social e cultural.
• A aquisição e desenvolvimento da linguagem passa pelas
seguintes etapas: fala exterior (socializada) fala
egocêntrica (monologização do discurso) fala interior
(função planejadora).
(VYGOTSKY, 1984)
O que seria de uma criança a
quem ninguém lhe dirigisse a
palavra?
O enigma de Kaspar Hauser
http://www.youtube.com/watch?v=2m0GVRpl5dA
KASPAR HAUSER
(provavelmente 1812-1833,
Alemanha)
A relação entre cérebro e linguagem
“só acontece na vida em sociedade,
em meio às práticas que se dão em
uma determinada cultura”.
(COUDRY e FREIRE, 2005-2010, p. 5)
• Interação social para aquisição da linguagem
• Escola: local privilegiado para essa interação
• Ensino: função básica da escola
• A língua é usada mesmo que não se tenha
frequentado a escola (mas pressupondo que
tenham ocorrido outras interações)
• Aluno como sujeito padrão
• Mas o que é “padrão”? Padrão em relação a quê?
• Uso de testes-padrão
• O homem é dotado de cérebro e há variações no
funcionamento deste (dimensão humana e histórica
do cérebro)
• Variações funcionais diferentes comportamentos
e estilos cognitivos
• Quando a patologia existe, de fato?
• O que são/representam, realmente, o desinteresse,
a desatenção, a indisciplina, o baixo desempenho?
Será tudo anormalidade?!
A linguagem se revela na interação com o outro e
com os textos (orais e escritos).
“Conversar com a criança, brincar, cantar, ler,
desenhar e escrever com ela e para ela são
atividades que não devem ser desvalorizadas na
prática escolar, mesmo que essa criança ainda não
fale nem escreva, no sentido estrito desses
termos.”
(BOSCO, 2005-2010, p. 24)
• Fala do adulto fala da criança
• Textos (orais e escritos) escrita da criança
• É a interação que dá significado aos fragmentos que
emergem na fala da criança.
Vejamos, a seguir, três episódios:
1. A fala da criança ocorrendo num contexto;
2. O “outro” (no caso, a mãe) motivando a fala pelo
interesse inicialmente demonstrado pela criança;
3. A intertextualidade presente na fala da criança.
(BOSCO, 2005-2010, p. 27)
(BOSCO, 2005-2010, p. 31)
(BOSCO, 2005-2010, p. 34)
Um salto no tempo...
Para trás...
A origem da escrita
Mesopotâmia (atual
Iraque), aproximadamente
4.000 a. C
Os sumérios
desenvolveram um sistema
de escrita cuneiforme. www.infoescola.com
A escrita alfabética foi difundida com a
criação do alfabeto fenício, constituído
por vinte e dois signos que permitiam
escrever qualquer palavra. Adotado
pelos gregos, esse alfabeto foi
aperfeiçoado e ampliado passando a
ser composto por vinte e quatro letras,
divididas em vogais e consoantes. www.casadomanuscrito.com.br
Alfabeto fenício (fenícios viveram
entre 1.500 a 300 a. C)
www.casadomanuscrito.com.br
Alfabeto grego (adaptado do alfabeto
fenício aproximadamente em 800 a.C.)
www.casadomanuscrito.com.br
Aquisição da leitura e da escrita
Segundo pesquisas realizadas por Ferreiro e
Teberosky, do ponto de vista dos aspectos
construtivos da escrita, ou seja, do conteúdo
referente ao que a criança quer representar e quais
são as estratégias utilizadas por ela para fazer
diferenciações e representações, existem cinco
níveis evolutivos:
(AZENHA, 1999)
• Nível 1 – Escrita indiferenciada
• Nível 2 – Diferenciação da escrita
• Nível 3 – Hipótese silábica
• Nível 4 – Hipótese silábico-alfabética
• Nível 5 – Hipótese alfabética
NÍVEL 1 – ESCRITA INDIFERENCIADA
• Nesse nível, a escrita é pré-silábica e a criança não
registra traços no papel com o objetivo de realizar o registro
sonoro do que foi proposto na escrita, já que ainda não
compreende a relação existente entre letra e som.
• Da mesma forma, não diferencia totalmente uma palavra
de outra, mas já propõe estratégias para isso: dependendo
do tamanho do objeto referido, faz corresponder a ele um
traço maior ou menor e, em alguns casos, utiliza-se do
desenho para garantir o significado no momento da leitura.
• Não é possível saber o que a criança registrou, pois a
diferenciação das grafias só ocorre com a interpretação,
ainda que instável, da própria criança.
• Já se pode verificar, nesse nível, um dos aspectos da
convenção escrita – a ordem linear – e também a
utilização de um grande número de caracteres pela
criança, ainda que sem variedade.
• A leitura (interpretação do texto) é realizada de maneira
global, ou seja, sem fragmentação do texto.
NÍVEL 2 – DIFERENCIAÇÃO DA ESCRITA
• Como no primeiro nível, a criança, no nível 2, ainda não
compreende a relação entre o registro gráfico e o aspecto
sonoro da fala, e a escrita continua pré-silábica, mas já
podem ser observadas tentativas sistemáticas de
diferenciação entre os grafismos produzidos.
• A criança exige uma quantidade mínima de caracteres (em
média 3) e passa a fazer combinações com as letras que já
conhece, explorando-as ao máximo.
• Algumas crianças já se apropriaram, nesse nível, de
grafismos fixos e estáveis, como o próprio nome, que
poderão servir para suas futuras produções.
• A leitura continua sendo global, considerada pela
criança uma totalidade única, não fragmentável.
NÍVEL 3 – HIPÓTESE SILÁBICA
• É no nível 3 que a criança inicia a tentativa de estabelecer
relações entre som e letra. A estratégia utilizada é atribuir a
cada letra ou marca escrita o registro de uma sílaba falada,
ainda que as letras não sejam usadas com o valor sonoro
convencional.
• A exigência de uma quantidade mínima de caracteres
variados continua presente, o que acaba gerando um conflito
muito grande na criança, pois em palavras dissílabas e,
principalmente, monossílabas ela não concebe a idéia de ter
que usar menos de três caracteres.
• A partir desse conflito, a criança muda de idéia sobre a
quantidade mínima de caracteres e concebe a lógica da
hipótese silábica, o que é reforçado pelo conhecimento que
tem da escrita convencional de seu nome, representado por
uma quantidade muito maior de letras do que de sons.
• A leitura deixa de ser global e passa a ser fragmentada,
fazendo corresponder cada segmento oral a um
determinado segmento escrito.
NÍVEL 4 – HIPÓTESE SILÁBICO-ALFABÉTICA
• Esse nível é considerado o momento de transição da escrita
silábica para a alfabética. A criança agrega mais letras à
escrita, tentando aproximar-se do princípio alfabético, em que
os sons da fala são registrados pelo uso de mais de uma
letra.
• Essa evolução só é possível graças ao processo interno
natural da criança e às informações fornecidas pelo meio
social onde vive, as quais criarão condições para
comparações de diversas grafias por parte da criança.
NÍVEL 5 – HIPÓTESE ALFABÉTICA
• No quinto e último nível do processo evolutivo de
aprendizado da escrita, cada um dos caracteres registrados
pela criança corresponde a valores sonoros menores que a
sílaba.
• A escrita torna-se facilmente compreendida pelos adultos,
embora a ortografia convencional não tenha sido ainda
dominada pela criança.
• As falhas ortográficas que se apresentarem serão
superadas através do ensino sistemático da escola, não
devendo ser vistas, portanto, como permanentes, mas sim
temporárias.
Aquisição da leitura e da escrita
• Pelo fato de a linguagem oral ser natural, os
educadores dirigem seu olhar para a linguagem
escrita (principalmente quando algo falha em
relação a ela).
• Acredita-se que há um curso natural: após a
aquisição da fala vem o aprendizado da leitura e da
escrita.
• Um dos papéis da educação Infantil é propiciar à
criança várias possibilidades de vivenciar a
linguagem.
Aquisição da leitura e da escrita
• Não há exercícios “preparatórios” para a
aquisição da fala, mas há para a aquisição da
escrita (em geral, letras e sílabas soltas, palavras
fora de contexto).
• No mundo, a leitura e a escrita estão sempre
contextualizadas.
• O que promove a linguagem (oral e escrita) é a
interação com textos diversos (orais e escritos).
“Vários conhecimentos, a um só tempo, são
necessários para escrever: manipular o sistema
ortográfico de uma língua requer o estabelecimento de
relações entre som e letra, entre palavras e coisas,
entre palavras e gestos, entre palavras e palavras,
entre palavras e ideias, entre palavras e fatos. É
preciso que o sistema de escrita esteja imerso em
práticas sociais (discursivas) que fazem sentido para
uma determinada comunidade de falantes dessa
língua.” (COUDRY e FREIRE, 2005-2010, p. 46)
Como é a escrita na escola?
• Mais preocupação com a forma que com o
conteúdo (sentido)
• As intervenções (correções), muitas vezes, não
promovem mudanças além das ortográficas, nem
avanços
• Textos sem função social
• Concepção de escrita como representação da
fala
(COUDRY e FREIRE, 2005-2010, p. 47)
(COUDRY e FREIRE, 2005-2010, p. 48)
Propostas de intervenção
(COUDRY e FREIRE, 2005-2010, p. 51 e 53)
(COUDRY e FREIRE, 2005-2010, p. 54)
COMO DESENVOLVER UMA PRÁTICA,
LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS EVIDÊNCIAS
DAS PESQUISAS SOBRE A RECONSTRUÇÃO
DO CÓDIGO LINGUÍSTICO E OUTROS
ESTUDOS DA LÍNGUA?
• A sala de aula deve ser um espaço estimulador que
favoreça o contato da criança com uma certa quantidade
e variedade de material escrito, que estimula a
curiosidade a respeito da leitura e da escrita: livros,
jornais, gibis, revistas e cartazes.
• O registro e a leitura de tudo o que for possível em
atividades desenvolvidas pelas crianças, como listagens
de nomes e palavras, letras do alfabeto, frases, textos
coletivos etc., passam a ser elementos de investigação
cotidiana.
• O texto é o ponto central de uma proposta pedagógica,
pois é ele que tem o significado e permite inferência
(dedução) e compreensão na leitura e na escrita.
• Um trabalho textual deve ser iniciado a partir do momento
em que a criança entra na escola. Esse trabalho se
estrutura em três frentes de ação pedagógica:
1. Jogos de contato com a linguagem escrita;
2. Acesso a textos diversificados;
3. Atividades de aprofundamento da interpretação de texto.
Retomando algumas questões...
• Quando a patologia existe, de fato?
• Instabilidades vistas como falsas patologias
• O que são/representam, realmente, o
desinteresse, a desatenção, a indisciplina, o baixo
desempenho? Será tudo anormalidade?!
Desvios e patologias da linguagem oral e
escrita
• Distúrbios acarretados por lesões do SNC
• Distúrbios associados a patologias
• Distúrbios ocasionados pelas condições sócio-
históricas e/ou funcionais de desenvolvimento
“Considera-se como fracasso escolar uma
resposta insuficiente do aluno a uma
exigência ou demanda da escola.”
(WEISS, 2002, p. 16)
Dificuldades de aprendizagem
X
Fracasso escolar
“É a capacidade e a possibilidade que as pessoas
têm para perceber, conhecer, compreender e
reter na memória as informações obtidas. [...]
trata-se de um processo complexo que possibilita a
criação e o desenvolvimento de novos
conhecimentos. É por meio do aprendizado que se
modifica o comportamento intelectual e social dos
indivíduos. Portanto, o aprendizado é um processo
fundamental na vida do ser humano.”
(TOPCZEWSKI, 2000, p. 17)
O que é aprendizagem?
• Aspectos orgânicos;
• Aspectos cognitivos;
• Aspectos emocionais;
• Aspectos sociais;
• Aspectos pedagógicos.
(WEISS, 2002)
Aspectos ligados ao fracasso escolar
• Comprometimento do nível intelectual;
• Alterações comportamentais;
• Distúrbios emocionais;
• Inadequação pedagógica;
• Inadaptação ao método de ensino;
• Inadequação familiar;
• Dificuldades específicas do aprendizado;
• Doenças orgânicas agudas ou crônicas;
• Disfunções do sistema nervoso central (SNC).
(TOPCZEWSKI, 2000)
Principais causas relacionadas às
dificuldades na aprendizagem escolar
“Trata-se do quadro clínico que é diagnosticado em um
número pequeno de crianças que apresenta progressos
limitados no aprendizado escolar, apesar de terem as
condições necessárias para um bom rendimento, como:
• não apresentar deficiências auditivas ou visuais;
• receber estímulos adequados para aprender e estudar;
• apresentar inteligência suficiente para um desempenho
escolar melhor que o demonstrado;
• frequentar escola com todas as possibilidades de
oferecer bom nível de ensino;
• estar motivado para o aprendizado.”
(TOPCZEWSKI, 2000, p. 19-20)
A dificuldade específica do aprendizado
• Exame clínico geral;
• Exame oftalmológico e otológico;
• Avaliação neurológica;
• Avaliação psicológica;
• Avaliação psiquiátrica;
• Avaliação fonoaudiológica;
• Avaliação psicopedagógica.
(TOPCZEWSKI, 2000)
Procedimentos a serem adotados para se
avaliar as causas dos distúrbios do
aprendizado
• Supervalorização da rapidez na execução das
tarefas em classe;
• Grande número de alunos nas salas de aulas,
impedindo ou impossibilitando um atendimento
mais adequado a eles;
• Trocas frequentes de professores;
• Condições precárias, seja sob o aspecto material,
seja sob o aspecto humano. (TOPCZEWSKI, 2000)
Falhas do sistema escolar que podem
dificultar o bom rendimento acadêmico
Brasil: o segundo maior consumidor de ritalina, a “droga da
obediência”
É definida como uma dificuldade relacionada à aquisição
e ao desenvolvimento da leitura e da escrita; uma
dificuldade específica para perceber e decodificar as
palavras de maneira adequada.
“Sintomas”:
• Leitura lenta, difícil (acarretando na incompreensão do
texto lido);
• Distorções na escrita;
• Dificuldade para copiar.
(TOPCZEWSKI, 2000)
Dislexia
• Falha no estabelecimento da relação som/símbolo
gráfico, por uma provável disfunção da discriminação
auditiva (d/t, v/f);
• Falha na discriminação visual, acarretando confusões
das letras com grafia semelhante, inversões, adições,
supressões, espelhamentos e repetições (b/d, p/q –
sapato/satapo – casa/casca – branco/banco – tio/oit –
banana/bananana);
• Associação das duas anteriores.
(TOPCZEWSKI, 2000)
Tipos de dislexia
Diagnóstico e intervenção psicopedagógica
A função do psicopedagogo clínico é possibilitar que
seu cliente recupere a capacidade de aprender. O
diagnóstico psicopedagógico é o primeiro passo para
conseguir esse objetivo. Para realizá-lo, vários
recursos podem ser utilizados, tais como desenhos,
jogos, atividades artísticas, dramatizações, atividades
orais e escritas, além, naturalmente, de um
levantamento sobre a história de vida do paciente.
Durante a intervenção, podemos utilizar os mesmos
recursos do diagnóstico, que serão selecionados de
acordo com as dificuldades apresentadas.
Psicopedagogia Clínica
Psicopedagogia Clínica:
anamnese – reconstrução da história de vida
Não há uma ficha padrão, pré-elaborada, mas há questões que
sempre estão presentes:
• Em relação à gestação: foi desejada? Como se desenvolveu?
• Em relação ao momento do nascimento: houve algum
problema?
• Em relação ao desenvolvimento biopsicológico: com que idade
sentou, falou, andou? Por quanto tempo foi amamentado? Como
recebeu a introdução de novos alimentos?
• Em relação ao desenvolvimento social: com que idade começou
a frequentar a escola? Como foi a adaptação? Mudou de escola?
Por quê? Hoje como é seu comportamento na escola? Tem
amigos? Tem amigos fora da escola?
• Em relação à aprendizagem escolar, é preciso identificar em que
época os problemas começaram a aparecer..
Existem vários testes que foram elaborados ou
selecionados especialmente por psicopedagogos,
dentre eles:
• desenho história;
• par educativo;
• desenho da família;
• testes operativos de Piaget.
Psicopedagogia Clínica:
o uso dos testes
Teste do desenho história
http://10iisabelana.blogspot.com.br
Teste do par educativo
www.fjaunet.com.br
Teste do desenho da família
http://www.joanajordao.com
http://avogi.blogspot.com.br
Testes operatórios de Piaget
• Prova de conservação de
quantidades discretas
• Prova de inclusão de
classes
• Prova de seriação de
bastonetes http://consulpsicoped.blogspot.com.br
Área da linguagem
Oral:
• Leitura em voz alta
• Diálogo/expressão
Escrita:
• Cópia
• Ditado
• Entendimento e interpretação de textos
• Produção de textos
Referências bibliográficas
AZENHA, M. G. Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro.
São Paulo, Ática, 1999.
BOSCO, Z. R. A criança na linguagem: a fala, o desenho e a
escrita. Cefiel/IEL/Unicamp: Campinas, 2005-2010.
COUDRY, M. I. H.; FREIRE, F. M. P. O trabalho do cérebro
na linguagem: a vida e a sala de aula. Cefiel/IEL/Unicamp:
Campinas, 2005-2010.
DAVIS, C. Desenvolvimento da linguagem. In: RAPPAPORT,
C. R.; DAVIS, C. Psicologia do desenvolvimento: a idade
pré-escolar. São Paulo: EPU, 1981. p. 55-68.
Referências bibliográficas
KOCH, I. V. A interação pela linguagem. São Paulo:
Contexto, 1992.
TOPCZEWSKI, Abram. Aprendizado e suas
desabilidades: como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo,
2000.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São
Paulo: Martins Fontes, 1984.
WEISS, Maria Lúcia. Psicopedagogia clínica: uma visão
diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 9. ed.
Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
Sugestões de leitura
ALVARADO, M. O leiturão: jogos para despertar leitores. 5. ed. São
Paulo: Ática, 2000.
ANTUNES, C. Jogos para estimulação das inteligências
múltiplas. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
BOSCO, Z. R. No jogo dos significantes, a infância da letra.
Campinas: Pontes/FAPESP, 1999.
CÓCCO, M. F.; HAILER, M. A. Didática de alfabetização:
decifrando o mundo – alfabetização e socioconstrutivismo. São
Paulo: FTD, 1996.
DE LEMOS, C. T. Sobre a aquisição da escrita: algumas questões.
In: ROJO, R. (Org.). Alfabetização e letramento. Campinas:
Mercado das Letras, 1998. p. 13-31.
DE LEMOS, C. T. Das vicissitudes da fala da criança e de sua
investigação. Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas:
IEL/Unicamp, n. 42, p. 41-69, 2002.
Sugestões de leitura
FRANCHI, E. Pedagogia da alfabetização: da oralidade à escrita.
São Paulo: Cortez, 1998.
GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo:
Ática, 2004.
GERALDI, J. W. Da redação à produção de textos. In: ________;
CITELLI, B. Aprender e ensinar com textos de alunos. São
Paulo: Cortez, 1997. p. 17-24.
NASPOLINI, A. T. Didática de português: tijolo por tijolo – leitura e
produção escrita. São Paulo: FTD, 1996.
POSSENTI, S. Aprender a escrever (re)escrevendo.
Cefiel/IEL/Unicamp: Campinas, 2005-2010.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
VYGOTSKY, L. M. A formação social da mente. São Paulo:
Martins fontes, 1988.