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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL NÚCLEO DE ESTUDO E ATENDIMENTO PSICOLÓGICO – NEAP INTERVENÇÃO COM GRUPO DE MULHERES ( Funda ção Raça Negra) MICHELE ARAUJO DE OLIVEIRA

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

NÚCLEO DE ESTUDO E ATENDIMENTO PSICOLÓGICO – NEAP

INTERVENÇÃO COM GRUPO DE MULHERES

(Fundação Raça Negra)

MICHELE ARAUJO DE OLIVEIRA

SÃO PAULO

2010

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

NÚCLEO DE ESTUDO E ATENDIMENTO PSICOLÓGICO – NEAP

MICHELE ARAUJO DE OLIVEIRA

INTERVENÇÃO COM GRUPO DE MULHERES

(Fundação Raça Negra)

SÃO PAULO

2010

Relatório de Estágio em Psicologia Social Comunitária apresentado ao curso de Psicologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Cruzeiro do Sul na disciplina Estágio Supervisionado em Psicologia Comunitária

Área de concentração: Psicologia Social

Supervisor: Prof. Ms. Mário de Souza Costa

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FOLHA DE APROVAÇÃO

MICHELE ARAUJO DE OLIVEIRA

INTERVENÇÃO COM GRUPO DE MULHERES

(Fundação Raça Negra)

Aprovado em:

Professor: Ms. Mário de Souza Costa

Assinatura: __________________________

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AGRADECIMENTOS

Ao meu irmão Anderson de Araujo Oliveira pelo amor, amizade

e pelo incentivo.

Agradeço com carinho a todos os funcionários da Fundação

Raça Negra e as mulheres que participaram do grupo, pela

cordialidade, confiança, colaboração e incentivo.

As minhas colegas Lidiane Soares, e Renata Santana pelo

companheirismo e por tudo que passamos juntas ao longo desses

anos

Em especial, ao supervisor Ms. Mário de Souza Costa pela

orientação, pelo apoio, ensinamentos, insistência, mas ao final de

tudo pela sua compreensão.

Agradeço aos demais familiares pela compreensão, pelo apoio e

mais do que tudo pela paciência.

A todos vocês meu eterno agradecimento!

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Sandra

Cristina Alexandrina de Araujo

Oliveira e Raimundo de

Oliveira que me

proporcionaram o apoio e a

base necessária para ter a

capacidade de ascender a

essa importante conquista de

conhecimento e tão almejada

realização pessoal.

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Oliveira, Michele de Araujo. Intervenção com grupo de mulheres. Relatório

de estágio em psicologia social comunitária. Universidade Cruzeiro do Sul: São

Paulo, 2010.

Resumo

O objetivo do relatório é apresentar os resultados alcançados durante o

estágio realizado pela disciplina de Estágio Básico Supervisionado em

Psicologia Comunitária da Universidade Cruzeiro do sul. A intervenção foi

realizada em duas intuições. No Projeto Esperança de São Miguel Paulista –

Projesp e na Associação Raça Negra, ambas localizadas na periferia da Zona

leste da cidade de São Paulo. Participaram deste trabalho mulheres casadas e

mães, as quais apresentavam conflitos intra familiares. O trabalho se

desenvolveu em seis sessões. Utilizamos como disparador atividades de

acordo com os temas que foram se pré estabelecendo conforme o

desenvolvimento do grupo. O trabalho proporcionou as mulheres uma

reelaborarão de suas referências enquanto dinâmica familiar relacionada aos

estereótipos culturais de mulher.

Palavras chave: Psicologia Comunitária – intervenção –grupo com mulheres

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................8

2. PSICOLOGIA COMUNITÁRIA....................................................................11

1.1. O que é comunidade............................................................................11

1.2. Uma Breve história da Psicologia Comunitária....................................13

1.3. O psicólogo na comunidade.................................................................17

1.4. O significado de grupo.........................................................................19

1.5. Grupo Operativo...................................................................................21

3. PESQUISA PARTICIPANTE......................................................................23

4. AS ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS.....................................26

5. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA..........................................................................28

6. FUNDAÇÃO RAÇA NEGRA A. FAMÍLIA....................................................32

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8

7. PROJETO DE INTERVENÇÃO..................................................................38

7.1 Justificativa...........................................................................................38

7.2 Objetivos..............................................................................................39

A TRAJETÓRIA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO........................................41

RESULTADOS DO GRUPO COM MULHERES...............................................64

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................68

ANEXOS...........................................................................................................72

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9

1.

2.

3. INTRODUÇÃO 8

4. 1. PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 11

5. 1.1. O QUE É COMUNIDADE 11

6. 1.2. UMA BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 13

7. 1.3. O PSICÓLOGO NA COMUNIDADE 16

8. 1.4. O SIGNIFICADO DE GRUPO 18

9. 1.5. GRUPO OPERATIVO 19

10.2. PESQUISA PARTICIPANTE 20

11.3. AS ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS 22

12.3. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA24

13.4. FUNDAÇÃO RAÇA NEGRA A. FAMÍLIA 27

14.CARACTERIZAÇÃO 27

15.OBJETIVOS DA FUNDAÇÃO 27

16.OFERECE A POPULAÇÃO 28

17.UMA PEQUENA HISTÓRIA 28

18.SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E RELAÇÃO COM A COMUNIDADE 30

19.RELAÇÃO COM OUTRAS INSTITUIÇÕES 31

20.ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL & AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 31

21.DESCRIÇÃO FÍSICA DO LOCAL 32

22.5. PROJETO DE INTERVENÇÃO 33

23.5.1. JUSTIFICATIVA 34

24.5.2. JUSTIFICATIVA 35

25.5.3. OBJETIVOS 36

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10

26.OBJETIVOS GERAIS 36

27.OBJETIVOS ESPECÍFICOS 36

28.6. OS PROCESSOS DA INTERVENÇÃO 37

29.7. AS EXPERIÊNCIAS DOS ENCONTROS 40

30.PRIMEIRO ENCONTRO 40

31.SEGUNDO ENCONTRO 42

32.TERCEIRO ENCONTRO 43

33.QUARTO ENCONTRO 46

34.QUINTO ENCONTRO 48

35.ÚLTIMO ENCONTRO 51

36.8. DISCUSSÕES SOBRE A INTERVENÇÃO 52

37.9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 53

38.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

39.ANEXOS 57

40.

41.

42.

43.

44.

45.

46.

47.

48.

49.

50.

51.

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11

52.

53. INTRODUÇÃO

A realização do Estágio Supervisionado em Psicologia Comunitária é um dos

requisitos para a conclusão do curso em Psicologia da Universidade Cruzeiro

do Sul e tem como objetivo aperfeiçoar os conhecimentos práticos dos alunos

do curso.

No primeiro semestre o estágio foi realizado no Projeto Esperança de

São Miguel Paulista que atende pessoas portadoras de HIV/AIDS e pessoas

pobrescarentes.de baixa renda salarial. Já no segundo semestre

desenvolvemos o trabalho na Fundação Raça Negra, onde oferece a

população cursos de artes e de capacitação profissional, ambas estão

localizadas na periferia da Zona Leste da Cidade de São Paulo.

Nos três primeiros capítulos do relatório apresentaremos ao leitor todo o

referencial teórico que serviu como base para o desenvolvimetno deste

trabalho, voltados para psicologia comunitária, pesquisa participante, ONGs,

grupos e violência doméstica.

No quarto capítulo, descrevemos a caracterização das instituições, bem

como suas respectivas histórias e objetivo, além do público atendido.

Continuamos no quinto capítulo é apresentado o projeto de pesquisa e

na seqüência no sexto capítulo, falamos quais foram os longos caminhos

percorridos, já que por implicações de inviabilidade de desenvolver um trabalho

tivemos que optar por outra Instituição.

Desta forma, as intervenções foram realizadas em duas organizações

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sem fins lucrativos, ambas localizadas no extremo da periferia da zona leste da

cidade de São Paulo. E para a aproximação dos campos nos apropriamos da

pesquisa participante sob o referencial teórico de Borda, em que o trabalho do

profissional deve estar vinculado à realidade concreta. Este é um pressuposto

essencial para auxiliar na apropriação dos conhecimentos populares.

Em conseqüência dos pressupostos acima, nos inserimos no grupo

através de visitas semanais com objetivo de integração, estabelecimento de

confiança entre os membros do grupo e de conhecimento das problemáticas

que levaram aquelas pessoas a freqüentar o local, passo este fundamental,

para que fosse delineado em conjunto com a Instituição e as mulheres os

problemas emergentes de modo a planejar uma intervenção de maneira com o

qual eles fossem participantes como atores sociais e colaboradores

No Projesp Iniciamosiniciamos um trabalho com mulheres, mães e

cuidadoras de pessoas portadoras de HIV/AIDS, na ocasião passava por

adaptação de mudanças administrativas, e com isso estava se reestruturando

com a recente troca da diretoria, o que refletiu para não continuidade no

trabalho.

Com a interrupção do trabalho saímos em busca de outra intuição.

Encontramos e firmamos um novo contrato com a Associação Raça Negra por

indicação da própria universidade. Nesta organização desenvolvemos um

trabalho também com grupos de mulheres, grupo este que não teve um

número fixo de participantes, ou seja, a cada encontro havia pessoas

diferentes, porém a realização do grupo , proporcionou as

mulheresummulheres um espaço de reflexão, acolhimento e troca de

experiências.

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Descreve-se ainda, o estágio realizado desde início até o final e

começamos a falar exatamente sobre o projeto de intervenção, além dos

caminhos percorridos para estabelecer qual seria a população. O trabalho teve

como objetivo oferecer ao grupo de mulheres uma rede de apoio e

solidariedade e devido às circunstâncias vividas por elas, tornou-se um

trabalho importante, já que muitas vezes estas estão à margem da pobreza, o

que as deixam invisíveis e esquecidas perante a sociedade.

No sétimo capítulo é apresentado um esboço dos seis encontros os

quais foram realizados, além dos objetivos pré determinados e alcançados em

cada reunião. A cada encontro utilizamos disparadores simples para que as

discussões fossem iniciadas. Agimos de forma a ser problematizador e não

solucionadores do saber ou da verdade absoluta.

A seqüência consiste uma discussão dos resultados obtidos frente à

intervenção realizada com o grupo.

Ao final do trabalho é apresentada uma avaliação de todo o processo do

estágio em psicologia comunitária, as dificuldades apresentas, os pontos

positivos e negativos e qual o nível de aprendizagem durante as etapas e o

término do curso.

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54.PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

1.1. O que é comunidade

Um conceito importante e necessário a compreensão da Psicologia

Comunitária é o conceito de comunidade, seu objeto, material e campo de

atuação, e por isso, iniciaremos o referencial deste trabalho falando um pouco

sobre o conceito.

Na literatura do desenvolvimento comunitário o conceito de comunidade

possui diversas definições. Ela é hoje encarada como um conjunto de relações

sociais, complexas cuja natureza e orientações são examinadas em

enquadramentos. Seu termo freqüentemente é aplicado para designar tanto

pequenos ajuntamentos como de aldeias, quarteirões ou bairros, bem como

grupos profissionais e organizações ou também, designados a sistemas mais

complexos como países, ou mesmo o mundo visto como um todo.

Bauman (2003) refere-se à comunidade como “obrigação fraterna de

partilhar as vantagens entre seus membros, independente do talento ou

importância deles”, mais adiante em seus estudos diz que atualmente

comunidade e liberdade são conceitos em conflito, no qual há um preço a

pagar pelo privilégio de ‘viver em comunidade’, ou seja, o preço é pago em

forma de liberdade, também chamada de autonomia, direito à auto-afirmação e

à identidade; e não ter comunidade significa estar desprotegido, e alcançar a

comunidade, poderá se concretizar mais tarde como perder a liberdade.

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Rappaport1 (1977 apud Gomes, 1999), fala da comunidade como um

grupo social que partilha características e interesses comuns, sendo distinta

em alguns aspectos da sociedade em geral a qual está inserida.

A Comunidade é considerada neste trabalho, como o lugar de

construção do saber psicológico comunitário, e da operacionalização de

técnicas psicológicas que sejam eficazes na construção desse saber, desta

forma, considera-se este termo como utilizado parcialmente de forma

inadequada, o que para a psicologia a comunidade restringiu-se há um

pequeno aglomerado de indivíduos, o qual o modo de vida depende de seus

membros como um todo e não individualmente.

O local, a comunidade, a família, por serem próximos, tendem a

representar segurança e proteção em um mundo aparentemente instável, de

proporções globais, uma vez estruturados com base em harmonia e

solidariedade, seriam espaços de abrigo e amparo em meio às turbulências da

vida urbana, entretanto, na realidade brasileira devido aos seus contrates de

riqueza e pobreza, falar da entrada do psicólogo em uma dada população pode

nos parecer uma tarefa nada fácil e sim questionadora, enquanto que se

levanta uma questão de preparação do profissional frente esta nova área,

quanto ao tipo de compromisso e papel que se deve assumir diante o trabalho

a ser desenvolvido, especialmente se pensarmos em uma psicologia que se

proponha, a trabalhar com problemáticas que afligem o cotidiano da nossa

população, gerando processos psicossociais nem sempre saudáveis, o que em

Montero (2004) fala da inserção de alunos na comunidade referente às

atividades acadêmicas, pois, existem divergências nos princípios, valores,

1 Rappaport, J. Community psychology: values, research and action. Nueva York, Holt, Rinehart y Winston. 977

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metas e métodos entre a psicologia comunitária e a universidade, trata-se de

um processo difícil para ambos os lados e que pode durar anos para que

aconteça uma familiaridade. Entretanto, nos dias iniciais exige um

reconhecimento do local, aprender suas características e deixar as pessoas

com os quais irão trabalhar se familiarizar compreendendo assim essa relação

existente. Considerando ao menos esta observação e lembrando que, no

Brasil, nestas últimas décadas, nossa profissão tem sido chamada a ocupar

novos espaços e a desenvolver trabalhos e/ou atividades que até então eram

pouco freqüentes.

1.2. Uma Breve história da Psicologia Comunitária

A Psicologia Comunitária é uma disciplina recente que surgiu devido há

uma crise emergente da psicologia social no final a década de 60, época, em

que segundo alguns autores estudados, este ramo da psicologia imitava a

abordagem experimentalista norte-americana, onde os psicólogos eram

criticamente avaliados a partir dos referenciais antropológicos, históricos e

políticos, tais críticas apontavam a pesquisa científica desvinculada de

conteúdos que possibilitavam a transformação social. Neste período os

psicólogos passaram a colocar em questão a neutralidade dos pesquisadores

centrados no modelo empírico-analítico e com isso ouve a necessidade de

mudar o foco da Psicologia Social.

Na América Latina, tal postura tornou-se inviável, perante a realidade de

pobreza vivida pela sociedade. Desta forma, alguns profissionais em seus

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18

países se propuseram a relacionar a atividade científica com a transformação

social tendo como princípio novas metodologias de trabalho, preocupada com

os problemas e mudanças sociais, como a inclusão e a redução das

desigualdades sociais.

Devido a estas posturas surgiu a psicologia comunitária nos anos 70 e

teve como uma de suas primeiras definições e divulgação ampla por Montero

(1982), no livro fundamentos teóricos da Psicologia Comunitária

especificamente no capítulo 2, a autora descreve que, esta disciplina constitui a

área da psicologia cujo objeto é o estudo dos fatores psicossociais que

permitem desenvolver, provocar e manter o controle assim como o poder que

os indivíduos podem exercer sobre seu ambiente individual e social, para

solucionar problemas que os afetam, conseguindo assim, mudanças nestes

ambientes e na estrutura social.

A mesma autora fez menções que, inicialmente embora, alguns autores

tenham tido algumas contribuições importantes como questões que

entrelaçavam e afetava a saúde mental eles não arriscavam, ou se

empenhavam em definir esta nova ramificação da psicologia e por isso

apresentam dificuldades em expressar o que se desejava realizar como

trabalho para o desenvolvimento deste campo psicológico. Mas, com o passar

das décadas a definição de Psicologia Comunitária surgiu visando desenvolver,

promover e manter o controle, no qual os indivíduos podem exercer seu

ambiente individual e social para resolver os problemas que assolam-los e

fazer, consequentemente, alterações nesses ambientes e o estudo de fatores

psicossociais da estrutura social. Isto implica que os psicólogos devem ser

agentes de transformação social, compartilhando seus conhecimentos com

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19

outros atores sociais, proveniente da comunidade, detentores de

conhecimentos e projetado pelos mesmos objetivos, trabalhando em conjunto,

para que possa se concretizar em transformações mútuas da realidade e do

habitat do grupo como uma relação dialética seja tanto de forma individual

como na sociedade, dever ter características como aceitar as diversidades nas

relações entre as pessoas e o ambiente em que vivem; é orientada em direção

a mudança social para a comunidade, o desenvolvimento de uma motivação

dupla, ou seja, de científicos e comunidade, deve ter ciência que a comunidade

tem o poder e o controle sobre processos que afetam, deve ter estatuto

político, como cidadania, suposta formação e fortalecimento da sociedade civil.

Segundo Vasconcelos (1987, p. 38), a Psicologia Comunitária pôde ser

pensada “como um novo paradigma de prática profissional do psicólogo, em

relação à prática predominantemente desenvolvida até então”.

No contexto dos autores citados acima se pode dizer que Psicologia

Comunitária enfatiza as pessoas enquanto seres sociais, cujos problemas não

se restringem à esfera individual e subjetiva, mas, também, são causados pela

estrutura social, onde a maioria das pessoas é excluída do acesso aos

recursos aos quais tem direito. Lane diz que, para fazer psicologia comunitária

deve:

“...estudar as condições internas e externas ao homem

que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem

sujeito numa comunidade, ao mesmo tempo que, no ato

de compreender, trabalhar com esse homem a partir

dessas condições, na construção de sua personalidade,

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20

de sua individualidade crítica, da consciência de si

(identidade) e de uma nova realidade social.” (1996, p.32).

Para Freitas:

“A psicologia comunitária utiliza o enquadre teórico da

psicologia social, privilegiando o trabalho com os grupos,

colaborando para a formação da consciência crítica e

para a construção de uma identidade social e individual

orientadas por preceitos eticamente humanos.” (1996,

p.73)

O que podemos dizer, ao analisar livros e artigos desta nova ramificação

da psicologia, é a presença de variadas formas de pensar e de fazer a

Psicologia Comunitária, no entanto, ela vem se desenvolvendo na busca de

uma maior solidez teórica, que vem caminhando para a aquisição de sua

particularidade, mas, ainda sim, na articulação entre teoria e prática tem se

predominado os objetivos em relação ao compromisso social.

De acordo com Alencastro2 (1996 apud Góis, 2001), especificamente o

contexto sócio-econômico, brasileiro e seus contrastes, explicam bem o porquê

da importância da mudança social e dos valores de libertação na Psicologia

Comunitária neste território, no qual as injustiças são grandes e muito há que

se fazer, pois o problema da exclusão social vem de longa data, e por isso,

esta psicologia se faz necessário já que temos como função de ir em busca de

2 Alencastro, Luís F.. Entrevista, Revista Veja, S.P., edição 1444, ano 29, nº 20, p.64, Editora Abril 1996.

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desenvolvimento e aplicação de técnicas psicológicas que sejam relevantes

para a melhoria da qualidade de vida na comunidade.

1.3. O psicólogo na comunidade

Ir à comunidade, conhecê-la, entrar e iniciar um processo de

familiarização, coloca o psicólogo em uma posição frágil diante de algumas

incertezas e desafios.

Montero (1994), fala das incertezas quanto à sua aceitação, entrada e

permanência na comunidade, quanto às decisões sobre o quê e como fazer, e

ao seu papel como profissional da psicologia, em um contexto comunitário,

inclusive com relação à sua autoridade no processo de conhecimento e ao seu

próprio processo de formação, em termos dos clássicos paradigmas que

aprendeu.

Segundo o que diz a mesma autora, o trabalho do psicólogo deve

basear-se no levantamento das necessidades da comunidade e dos recursos

que esta tem para suprir tais necessidades com a intenção de não só suprir a

carência que origina a demanda pedido, mas, sintoma das relações de

dependência entre agentes interno e externo da própria comunidade. (Montero,

2006)

As estratégias e instrumentais empregados, de acordo com as diretrizes

e características dos trabalhos realizados, situam-se no domínio da

investigação e, em certa medida, tratam-se de elementos que compõem as

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pesquisas sobre intervenção comunitária.

Acreditar na possibilidade de desenvolvimento de trabalhos em

comunidade, com estas preocupações, implica em não ver a população nem

como desamparada por natureza, nem desvalida, significa, sim descobrir que a

população é, diferente dos padrões e previsões tradicionalmente científicas,

sendo mais lutadora e sobrevivente do que tem sido considerada pelos centros

de investigação.

De acordo com Freitas (1998) os parâmetros para a inserção do

psicólogo na comunidade destacando a importância dos objetivos da

intervenção, e a seleção adequada dos instrumentos de coleta e análise dos

dados.

Campos (2007) fala da atuação do psicólogo enquanto condição de

facilitador apresentando temáticas para discussão, deste modo, os indivíduos

podem refletir sobre os interesses e necessidades inerentes a comunidade.

Segundo Guareschi (2007) as intervenções têm o objetivo de

desenvolver a autonomia do grupo, referindo-se a uma atitude crítica dos

indivíduos com o foco na resolução de problemas, no manejo adequado dos

conflitos, e na elaboração de projetos sociais. Desta forma, é importante o

diálogo entre o grupo comunitário para compartilhar experiências, deste modo,

espera-se que a partir deste procedimento as ações na esfera política possam

ser realizadas visando à satisfação dos indivíduos.

Segundo Montero (1994), O vínculo ocorre conforme se dá o processo

de intervenção, entretanto, refere-se a um custo próprio à profissão, de

existirem continuamente desafios, questionamentos e incertezas sobre o papel

do psicólogo, dentro do contexto, e pode-se referir ao ganho de algo que

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estaria no encontro de possibilidades para que a própria comunidade construa

relações mais solidárias e humanas, percebendo que os impedimentos e

problemas não se devem a características ou matrizes tão somente suas. Além

disso, este ganho também estaria, na necessidade, social e comunitariamente

construída, de serem produzidos outros conhecimentos em psicologia, a efeitos

da realidade concreta.

1.4. O significado de grupo

Existem várias teorias de grupo, neste capitulo por tanto, iremos

focalizar algumas noções básicas do que se refere esse enunciado. De acordo

com o dicionário Aurélio, grupo é o conjunto de pessoas ou de objetos

reunidos num mesmo lugar que apresentam os mesmos comportamento e

objetivos que condiciona a coesão.

Para Avila (1999), a palavra grupo vai além dos enunciados acima, pois

é possível constatar no individuo mesmo que isolado sempre a presença e o

efeito múltiplo das outras pessoas sobre cada um em particular e em cada um

de seus atos.

Freud (1921), afirma que na vida desde o início o indivíduo é

um ser organizado a partir da sua relação com outros indivíduos. O autor

estava preocupado em mostrar como as representações passam do

coletivo para o individual e de que maneira o social intervém na

representação individual de forma que os laços emocionais constituem a

base sob a trama da vida social, ou seja, identificação entre os membros

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num grupo, só é possível quando o indivíduo abre mão de sua

distintividade.

Zimerman e Osório (1997) também concluíram que “o ser humano é

gregário por natureza”, pois o primeiro grupo que o indivíduo integra é a família,

sendo assim este só existe em função de seus inter-relacionamentos grupais,

porque nasce, cresce e envelhece no grupo.

Para tanto o indivíduo então, passa a maior parte do tempo em uma

cadeia de relacionamentos interagindo com distintos grupos como família,

escola, esportivo, grupos profissionais dentre outros.

Na sociedade, existem vários grupos com variadas estruturas, coletivas

que interligam o homem com o conjunto dos homens, é em grupo que o

homem percebe-se como homem, se ajusta dentro da sociedade para que

então possa ser reconhecido, desta forma, sem o grupo não existe identidade,

é preciso haver outros, com quem se tem algo em comum, para ser-se um e

passa a agir, mas comporta-se como único.

1.5. Grupo Operativo

Pichon Riviére3 (1945 apud 1997 p.76), definiu o grupo operativo como

"um conjunto de pessoas com um objetivo em comum", ou seja, para o referido

autor as pessoas aprendem e concomitantemente também ensinam, mesmo

que seja apenas pela experiência de suas vidas. São grupos que trabalham

uma tarefa pré-determinada, porém não possui um fim psicoterápico especifico,

3 Pichon-Rivière E. O processo grupal. 3ª ed. São Paulo. SP: Martins Fontes; 1982.

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25

além do mais abrange também quatro campos. Sendo eles Zimerman (1997):

Ensino – aprendizagem, abre-se espaço para refletir sobre temas e discutir

questões;

Institucionais são aqueles formados em escolas, igrejas, sindicatos,

promovendo reuniões com vistas ao debate sobre questões de seus interesses;

Comunitários, utilizados em programas voltados para a Promoção da Saúde

Mental, como grupo de gestantes e de crianças, os profissionais são treinados

para a tarefa de integração e incentivo a capacidades positivas.

Terapêuticos: possui finalidade melhor as condições patológicas dos

indivíduos, seja a nível físico ou psicológico, que seriam os grupos de auto-

ajuda, Alcoólicos Anônimos, etc.

Conforme Zimerman e Osório (1997), a técnica do grupo operativo

permite a análise de inúmeros aspectos psicológicos da dinâmica individual dos

participantes, é portanto, um agente da cura, organizador dos processos de

pensamento, comunicação e ação que se dão entre os membros do grupo.

Neste sentido, são classificados, também como terapêuticos, visto como se

preocupa em esclarecer dificuldades individuais, romper com estereótipos,

identificação dos obstáculos que estão dificultando o desenvolvimento dos

indivíduos, além do auxílio de propor encontrar as próprias condições de

resolverresolve ou se enfrentar com seus problemas é terapêutico.

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55.PESQUISA PARTICIPANTE

Este trabalho está sob a perspectiva da Psicologia Comunitária, que

compartilha de uma perspectiva adotada também por quem trabalha com

educação popular e metodologias voltadas para a comunidade. A preocupação

ética e política de tal orientação privilegia a transformação social e pessoal de

forma contextualizada, participativa e preventiva, ou seja, é um campo de

natureza ativa, não só do pesquisador como do sujeito grupo ou comunidade,

na qual se intervém. Compreendemos, desta forma, sobre a importância e

necessidade de falar sobre a Pesquisa Participante, uma vez que partindo

desses pressupostos a questão da demanda é mais complexa, para tanto ela

visa não apenas a construção do saber produzido, mas nos conduz refletir que,

para que haja transformação nas relações tradicionais de poder e submissão

social, uma demanda de pesquisa deve surgir do próprio local de intervenção.

Para que a prática não corra risco de fracassar por falta de envolvimento

na comunidade, é importante e necessário em uma intervenção procurar

entender o que os sujeitos, grupos ou comunidades desenvolvem, ao longo de

sua história, conteúdos e forma, pois a partir do entendimento da comunidade

como um todo será possível conhecer a realidade e, ao tomar posse do mesmo

facilitará para a produção do conhecimento. Brandão (1983, p.10) diz que na

pesquisa participante, pesquisadores e pesquisados são sujeitos de um mesmo

trabalho comum, ainda que com situações e tarefas diferentes, o pesquisador

deve ser um instrumento a mais de reconquista popular, ou seja, ele também

deve ser parte da comunidade, mas, que, no entanto, serve armado de

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27

conhecimento científico.

Segundo menciona Borda (1985), a pesquisa participante é científica, de

ação social ou política, que se apodera de uma metodologia dentro de um

processo vivencial como fontes do conhecimento da análise crítica, do

diagnóstico de situações e a prática cotidiana. Através da pesquisa

participante, busca-se a melhoria da qualidade de vida, a participação política

não institucionalizada e não convencional, o desenvolvimento local baseado na

cidadania, democracia, igualdade e justiça social.

O autor destaca a importância de uma comunicação genuína, baseada

no afeto e no comprometimento verdadeiro entre os parceiros, além de

estabelecimento de funções não-hierarquizadas para a realização das

atividades. Menciona também a valorização do âmbito local, relacionando-o

sempre à esfera regional e à internacional; a utilização de técnicas

diferenciadas do verbal, tais como as artes filme, música, e teatro, a promoção

da autoconfiança nos representantes das camadas populares.

O mesmo autor prevê na pesquisa participante um espiral contínuo de

planejamento, que “reconhece a importância de se manter uma sincronização

permanente da reflexão e ação no trabalho de campo, como um ato de

permanente equilíbrio intelectual”. (Borda 1999, p.55).

Seguindo esta modalidade a pesquisa deve servir aos sujeitos que

fazem parte da realidade investigada e não apenas ser a pesquisa que serve

ao pesquisador, à sua carreira, à sua ascensão acadêmica nas instituições. Por

isso, é uma pesquisa que está mais fora do que dentro das Universidades e

está mais dentro do que fora nos Movimentos Sociais, com pretensão de

responder aos anseios de um projeto político e gerido por algum Movimento

Page 28: psic comunit. Relat Final  dez.doc

28

Social.

Finalizamos dizendo que a pesquisa participante se faz com um novo

projeto de história e de sociedade, em que trabalhadores e intelectuais se

transformam de conservadores a progressista, porque convivem uns com os

outros e juntos podem, indagar; problematizar; educar; pesquisar; conhecer; re-

educar e transformar, pois a partir desta abordagem participativa podemos

refletir sobre as ações desenvolvidas para melhor se adequar às necessidades

e demandas tanto dos pesquisadores como o da comunidade.

Page 29: psic comunit. Relat Final  dez.doc

29

56.AS ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS

As ONGs é um fenômeno recente, que se proliferaram nos anos 90 e

são organizações autônomas, sem participação governamental, sendo assim,

não visam ao acúmulo de lucros. Surgiu especificamente direcionado à

melhoria das condições de vida da população, justamente a partir das ações do

Banco Mundial no Terceiro Mundo, quando este acoplou à idéia do

voluntariado, dando início a um processo globalizante de ações com os

governos e a sociedade civil.

Desta forma, as ONGs foram criadas como canais de apoio,

investimento ou troca, que seriam financiadas por agências multilaterais e por

grandes corporações. Elas trazem o suporte político e organizacional para que

as pequenas entidades se apoderem de seu destino e busquem mudanças por

si mesmas.

De acordo com Freitas (2001), ao longo desta última década, cresceram

as propostas de ONGs, voltados para os chamados problemas sociais e, ao

mesmo tempo, nunca se presenciou um tão acentuado desalento da população

quanto à possibilidade de transformação concreta em suas vidas, assim como

de não crença em possibilidades de mudança.

O grande número de ONGs e entidades pró-comunidade revelam,

também, o aspecto da realidade e das problemáticas: são trabalhos pontuais e

curativos, dirigidos à particularidade de uma problemática, e que muitas vezes

perdem a dimensão histórica de totalidade, esvaziando os conteúdos políticos

Page 30: psic comunit. Relat Final  dez.doc

30

e conceituais, presentes na construção dos processos de mobilização e

participação comunitárias.

Este fenômeno, designado como entidades sem fins lucrativos ou do

terceiro setor hoje é discutido e pensado em todo o mundo, já que tem

apresentado alguns problemas, como, por exemplo, a sua definição na atual

legislação brasileira.

O filme de Bianchi (2005), “Quanto Vale ou é por Quilo?”, por exemplo,

se desenvolve em torno da atuação de uma ONG, abarca uma discussão

diferente do que essas entidades são ou pelo menos deveriam fazer, já que no

filme a entidade sem fins lucrativos busca captar recursos de empresas para

realizar projetos sociais, entre os recursos captados e o público beneficiado,

ocorrem muitas irregularidades e crimes, como superfaturamento, desvio de

verbas e contas fantasmas. Sendo desta forma, provocativo, quando

estabelece uma comparação entre dois períodos da história do Brasil para

explicar a lógica de perpetuação da miséria e dos excluídos. As ações sociais

se limitam ao assistencialismo e são vistas como favores, como benevolência,

ou simplesmente servem como alívio para a consciência dos privilegiados.

Enfim, inúmeros são os debates e as instâncias em que discutem e se

criam órgãos, grupos e propostas de ação cujos trabalhos têm como tese

alguma intervenção, independentemente de seu caráter transformador ou

mantenedor, junto aos mais pobres, oprimidos, explorados, enfim, aqueles que

estão excluídos da sua condição de cidadãos. (Escorel, 1999).

Page 31: psic comunit. Relat Final  dez.doc

31

Page 32: psic comunit. Relat Final  dez.doc

32

57.VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

De acordo com a realização de nosso trabalho não poderíamos deixar

de abordar este tema, já que presenciamos essas fatalidades no dia a dia das

mulheres, com isso falaremos o que determina a violência doméstica, quais

são as possíveis causas e suas conseqüências.

A Organização Mundial de Saúde4 (2002 apud Washington, 2003 p.20.),

definiu a violência como o:

“uso intencional da força ou poder em uma forma de

ameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa

ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem grandes

probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico,

alterações do desenvolvimento ou privações”. (O. M. S.,

2002)

No que se refere à violência doméstica e familiar, conforme a lei nº

11.340 sancionada em agosto de 2006 no Brasil, é caracterizado como

qualquer ação ou omissão baseada no gênero, contra a mulher que lhe cause

morte, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico e dano moral ou patrimonial

no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de

afeto na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,

independentemente de coabitação.4 Ver Relatório Mundial sobre a Violência e a Saúde. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2002;1:6-7.

Page 33: psic comunit. Relat Final  dez.doc

33

Para Day et al (2003), a violência intrafamiliar é entendida como

violência que acontecem dentro do âmbito familiar entre parceiros íntimos, pais,

filhos, avós e irmãos pertencentes ou não do mesmo domicílio.

Segundo Griesse (1991), um dos fatores que podem ser entendidos

como precipitantes da violência no ambiente familiar é o uso e/ou abuso do

álcool e das drogas e as situações de estresse.

Heise e colaboradores5 (1999 apud Dantas-Berger & Giffin) dizem que, a

violência física em relacionamentos íntimos é quase sempre acompanhada de

violência psicológica, sendo esta a mais freqüente.

Na Fundação Raça Negra, por exemplo, formou-se um grupo com

mulheres, e com o decorrer dos encontros, quando elas se sentiram como

pertencentes do ajuntamento, disseram que eram agredidas de forma verbal e

física pelos seus esposos, e isto ocorria, por conseqüência da dependência de

álcool, e segundo depoimento de uma das participantes inclusive por

sentimento de posse, de pertencer do marido.

Este ato, por muitos anos, se apoiou na cultura patriarcal como forma de

justificativa para as agressões cometidas contra as mulheres, entende- se, por

tanto, que o uso das forças contra a mulher é decorrente das relações de poder

entre homem e mulher. A partir de situações cotidianas, da definição de papéis

na sociedade, atribuídos a cada sexo são definidos e legitimados. Dessa forma,

a aceitação, por parte da mulher, de um papel de submissão, é responsável

pela sua dificuldade em perceber a situação de violência em que se encontra

5 Heise L, Pitanguy J, Germain A. Violencia contra la mujer: la carga oculta sobre la salud. Washington DC: Organización Panamericana de la Salud/ Organización Mundial de la Salud; 1994. 

Page 34: psic comunit. Relat Final  dez.doc

34

daí sua sujeição, o que conseqüentemente, abre-se a porta para que a

violência se instale.

As conseqüências negativas da agressão atingem não apenas a saúde

física e emocional das mulheres, mas inclusive o bem-estar de seus filhos,

social e até a situação econômica, seja de forma imediata ou em longo prazo.

Além da auto estima rebaixada, inseguranças em relação aos seus valores,

tornando-as vulneráveis com tendência a sofrer mais devido à violência

conjugal.

Tende a desencadear ainda, problemas mentais, como depressão, fobia,

estresse pós-traumático, tendência ao suicídio e consumo abusivo de álcool e

drogas. No que se refere aos quadros orgânicos encontram-se as lesões,

obesidade, síndrome de dor crônica, fumo, invalidez, distúrbios gastrintestinais,

ginecológicos e aborto espontâneo, morte entre outros.

Essa violência, geralmente vem acompanhada do segredo e da

negação, fazendo com que muitos casos não chegam ao sistema de Justiça e

em princípio, os conflitos de interesse entre os homens são solucionados

mediante o uso da força. O respeito ao inimigo vem da necessidade de utilizar

a vítima para seus propósitos, bastando mantê-la subjugada e atemorizada.

Um dos pontos iniciais que favorece a violência é quando uma das

partes não escuta a outra, a ausência de diálogo na relação familiar é um dos

elementos que interferem na construção da identidade do homem que violenta

sua companheira, daí a existência de constantes agressões verbais.

É importante que a mulher seja orientada sobre todo e qualquer ato de

violência contra a sua vida, em nosso trabalho durante os depoimentos

realizamos orientações de como proceder, e o mais importante, as ouvimos e

Page 35: psic comunit. Relat Final  dez.doc

35

acolhemos neste processo doloso, entretanto, não estão apenas em nossas

mãos às tomadas de decisão, muitas vezes as mulheres estão coniventes com

esta situação seja por dependência de situação econômica ou por que

realmente gosta do agressor e chegam a pensar que ele vai mudar.

Page 36: psic comunit. Relat Final  dez.doc

36

58.FUNDAÇÃO RAÇA NEGRA A. FAMÍLIA

Caracterização

Fundação Raça Negra A. Família

Rua São Gonçalo do Rio das Pedras, 200- Vila Mara– São Paulo – SP

CEP: 08081-000

Telefone: (011) 2025 - 8277

Contato: Vera Lucia ou Renato

CNPJ: 04.303.998/0001-54

Presidente: Vera Lucia Maria da Silva

Objetivos da Fundação

Contribuir com a formação intelectual e a inclusão social. Promover arte

e educação a crianças, jovens, adultos e pessoas da terceira idade em

situação de risco social por meio de cursos integrados.

Oferece à População

Page 37: psic comunit. Relat Final  dez.doc

37

- Hidroginástica: para pessoas da terceira idade e reabilitação com

idosos com seqüelas de AVC, duas vezes por semana

- Capoeira: tem por objetivo ensinar técnicas de capoeira a crianças a

partir de 5 anos, jovens e adultos, as aulas acontecem três vezes por semana

- Balé: consiste em popularizar a arte da dança para crianças entre 4 a

7anos. Atualmente 50 pessoas estão matriculadas entre o período da manhã e

tarde.

- Futebol masculino /feminino: possui o objetivo de estimular a prática

esportiva 7 aos 14 anos.

Para participar das aulas acima é necessário fazer uma carteirinha de

sócio com foto, autorizados pelos responsáveis e devem estar matriculados na

escola.

- Tele centro: oferece curso de informática com capacidade de 20

pessoas e duração de 20 horas

- Cursos de qualificação profissional: É um programa destinado a

beneficiários do Programa do Governo Federal Bolsa Família, para pessoas

que busca uma recolocação no mercado de trabalho. Abrangem aulas práticas

e teóricas, além de palestras com especialistas. Oferecem certificados, os

alunos recebem transporte e alimentação.

Uma Pequena História

A Associação Raça Negra é uma organização social, sem fins

Page 38: psic comunit. Relat Final  dez.doc

38

econômicos, que foi fundada no ano 2000, pela Presidente Vera Lucia. Está

localizada no extremo da periferia da zona leste de São Paulo.

Segundo relato da presidente, o desejo de trabalhar com crianças e

adolescentes surgiu após morte de seu esposo, vítima de latrocínio.

Na época ainda jovem, se afastou por dois anos da cidade de São

Paulo. Quando voltou para o bairro onde morava, ingressou no curso superior

de gastronomia e concomitantemente iniciava uma jornada de visitas à

instituições para que ela pudesse ter idéia de como funcionavam essas

organizações.

Em seguida direcionou-se para a favela de seu bairro com o desejo de

conhecê-lo na íntegra, visto que, até o presente momento ela o desconhecia,

segundo conta Vera ela exercia a função de representante comercial e com

isso viajava freqüentemente para outros países. Mas, após o acontecido

nasceu o desejo de trabalhar com crianças de 7 a 14 anos, já que estes eram

mais vulneráveis ao contato com as drogas e conseqüentemente vir a roubar

no futuro.

Após esse percurso, resolveu abrir os portões da casa da família,

espaço amplo e com piscina para as crianças da faixa etária citada acima, com

isso todas as tardes a garotada se divertia, a cada dia os números de

freqüentadores aumentavam e para não virar bagunça, criou um cadastro onde

só era permitido a participação das crianças mediante a autorização dos

responsáveis.

Quando percebeu já havia 250 pessoas cadastradas, eram crianças que

brincavam. Em seguida, dirigiu-se aos comerciantes do bairro, apresentou o

projeto com o objetivo de apresentar o projeto a fim de alcançar parceria para

Page 39: psic comunit. Relat Final  dez.doc

39

que pudesse dar continuidade no que já havia projetado.

Conforme passava o tempo, as coisas aconteciam, começaram a

fornecer lanches, camisetas, chegaram às mulheres da terceira idade que duas

vezes por semana faziam hidroginástica, Vera não queria mais apenas hora de

lazer para as pessoas que freqüentavam a fundação, e então começou a

trabalhar para a implantação de cursos.

Há um ano e meio formalizou os contratos de abertura de empresa a fim

de obter convênio com a prefeitura, para que pudesse ter em seu espaço o tele

centro, curso de informática.

Vera disse ainda, que no período próximo dos pagamentos das dívidas,

ela entra em desespero, ela apanha todas as contas, entra em contato com os

parceiros que não são fixos e pergunta com quanto eles poderiam colaborar e

com isso dentro dos limites consegue liquidar os subsídios.

Situação Geográfica e relação com a comunidade

A Instituição está localizada no bairro de Vila Mara periferia da Zona

leste na Cidade de São Paulo. Tem maior concetração de moradia, porém o

comércio tem se expandido nos útilmos anos.

A associação não possui funcionários, a presidente conta com a

colaboração de parentes para que possa manter o funcionamento da

organização.

Os professores são voluntários, mas recebe um auxilio simbólico, já que

Page 40: psic comunit. Relat Final  dez.doc

40

segundo a presidente as pessoas que se candidatam para voluntariado ficam

em torno de duas semanas e logo desistem, sabe que é difícil para elas, já que

não trabalham e estão à margem do extremo da pobreza. No que se refere aos

professores dos cursos profissionalizantes é a prefeitura quem paga os

salários.

Relação com outras instituições

A Fundação Raça Negra não possui investidores. Ela conta com a

colaboração esporádica dos comerciantes do bairro para manter o

funcionamento da Instituição.

No que se refere aos cursos de qualificação profissional são realizados

através de parceria com a Prefeitura da cidade São Paulo.

Page 41: psic comunit. Relat Final  dez.doc

Anexo 1

Descrição física do local

Atualmente o espaço onde a Instituição presta seus serviços não é o mesmo,

a propriedade foi vendida, contudo, seus pais cederam parte da residência onde

moravam para a Instituição. No andar inferior existe a sala do tele centro, a sala da

presidente, e três salas adaptadas para oferecem cursos. A recepção é improvisada

no corredor do imóvel. No andar superior na parte da frente estão sendo realizadas

reformas, no espaço serão criadas mais duas salas, no mesmo andar aos fundos

reside uma família de laços sanguíneos da presidente. Dos recursos materiais

possui televisão; vídeo cassete; DVD e aparelho de som.

Estratificação Social & Avaliação dos Resultados

Enquanto estrutura organizacional é administrada conforme as exigidas por

leis. Em relação aos serviços prestados a população da região presta contas a

subprefeitura de São Miguel Paulista no que se refere às frequencias dos usuários,

débito de contas e dos resultados obtidos.

Na ausência da presidente o secretário torna-se responsável pela

organização. A partir das observações e entrevistas realizadas pudemos desenhar

as relações de hierarquia e atividades da Instituição da seguinte forma:

Page 42: psic comunit. Relat Final  dez.doc

42

Figura 05: Organograma da Hierarquia

Descrição física do local

Atualmente o espaço onde a Instituição presta seus serviços não é o mesmo,

a propriedade foi vendida, contudo, seus pais cederam parte da residência onde

moravam para a Instituição. No andar inferior existe a sala do tele centro, a sala da

presidente, e três salas adaptadas para oferecem cursos. A recepção é improvisada

no corredor do imóvel. No andar superior na parte da frente estão sendo realizadas

reformas, no espaço serão criadas mais duas salas, no mesmo andar aos fundos

reside uma família de laços sanguíneos da presidente. Dos recursos materiais

possui televisão; vídeo cassete; DVD e aparelho de som.

Presidente

Fundação Raça Negra

Professores dos cursos de qualificação profissional

Alunos

Estagiários Professores Voluntários de arte e cursos integrados

Secretário

(familiar)

Alunos

Page 43: psic comunit. Relat Final  dez.doc

43

Page 44: psic comunit. Relat Final  dez.doc

44

59.PROJETO DE INTERVENÇÃO

Page 45: psic comunit. Relat Final  dez.doc

45

a. Para a realização do trabalho realizamos visitas

semanais com objetivo de integração, estabelecimento de

confiança entre os membros do grupo e de conhecimento das

problemáticas que levaram aquelas pessoas a freqüentar o local.

Sob a perspectiva teórica de Borda (1985) e para facilitar o

desenvolvimento do estágio nos apropriamos do instrumento

metodológico etnográfico e da pesquisa participante.

Como tivemos que mudar de Instituição no fim do primeiro semestre, o

processo de integração na Fundação Raça Negra foi mais rápido, e em uma de

nossas conversas com a presidente, optamos por fazer um uma reunião social

com homens, mulheres e crianças tendo como finalidade facilitar no

levantamento de uma demanda emergente na Instituição.

Para a divulgação das possíveis intervenções a Fundação convidou

seus usuários, colocando inclusive um informativo na frente da organização

falando sobre o projeto, e quem tivesse interessado deveria se escrever no

local.

Page 46: psic comunit. Relat Final  dez.doc

46

Em média cinqüenta pessoas se inscreveram e todos foram chamados

para participarem de uma reunião prévia, quando convocados compareceram

17 pessoas. No dia da reunião havia três homens com problemas específicos

de conflitos com a sexualidade, agressividade e depressão. Oito crianças que

apresentavam indisciplinas e problemas de aprendizagem e 10 mulheres mães

das crianças com as quais enfrentavam dificuldades em lidar com seus filhos

e conflitos quanto as suas identidades assumidas dentro do contexto familiar.

O encontro teve como objetivo de conhecer quem eram as pessoas que

haviam procurado ajuda, quais as eram as suas expectativas além de

proporcionarmos uma aproximação com a comunidade.

Das pessoas que participaram da reunião apenas duas freqüentavam a

Fundação Raça Negra, todas elas expuseram o quanto necessitavam de

auxílio, pois estavam vivenciando conflitos, os quais segundo elas não

conseguiriam solucioná-los sozinhos. Nós então, explicamos aos participantes

os objetivos e a intenção da realização de um trabalho dentro da comunidade e

em grupo. Em discussão conjunta com todos os participantes e por

conseqüência das demandas levantadas decidimos por montar um grupo com

as mães e em paralelo com as crianças. O trabalho com crianças foi realizado

com outro estagiário e por tanto, não foi mencionado ou relacionado no

decorrer do corpo deste trabalho específico.

Em relação aos homens, posteriormente foi realizado uma escuta

individual, os orientamos á procurarem um atendimento psicológico individual,

fornecemos a eles inclusive endereços das instituições que poderiam atendê-

los.

Page 47: psic comunit. Relat Final  dez.doc

47

59.1 Justificativa

Uma das temáticas da Psicologia Comunitária consiste na identificação das

necessidades de determinado grupo popular. Tendo em vista nós nos inserimos na

ONG com a finalidade de conhecer a Instituição como um todo, em paralelo após a

realização de um encontro com homens, mulheres e crianças verificou-se em

conjunto com os participantes a necessidade de desenvolver um trabalho com

mulheres uma vez que identificou relações de opressão destes sujeitos. O projeto de

intervenção passa por reconhecer e valorizar as experiências das mulheres;

respeitar a sua perspectiva e tomada de decisões; reconhecer e apoiar o direito à

informação de forma a aumentar o poder de escolha e decisão.

Através da pesquisa participante percebemos que existem alguns conflitos

existentes no cotidiano de trabalho entre monitores, estagiários e voluntários que

não são ditos, o que pode gerar angústia e sentimentos persecutórios, a idéia do

grupo é justamente proporcionar um espaço para entender essas situações.

Durante as entrevistas, também foram relatadas dificuldades no

desenvolvimento do trabalho em equipe, devido aos jovens muitas vezes não

saberem a capacidade que tem. Através das vivências destas discussões e

reflexões pretendemos promover o fortalecimento dos vínculos no grupo para que

assim eles possam melhorar ainda mais o atendimento prestado a comunidade os

laços de colaboração, assim como o aprendizado e transformações sociais.

Page 48: psic comunit. Relat Final  dez.doc

59.1 Objetivos

Objetivos Gerais

Promover um espaço de reflexão e trocas de vivências às mulheres da

Fundação Raça Negra.

Objetivos Específicos

- Conhecer a Instituição e a dinâmica de seu funcionamento;

- Realizar intervenções para minimizar problemas psicossociais que impedem

o desenvolvimento humano a saúde e a qualidade de vida da comunidade, através

de um processo contínuo e dinâmico;

- Reforçar a necessidade de participação da comunidade no diagnóstico,

planejamento, avaliação e monitoramento das ações realizadas, utilizando

metodologias participantes e inserindo-se nas instâncias comunitárias de discussão

das questões emergentes para a construção de conhecimento e respostas

inovadoras,

- Construir com as mulheres aspectos essenciais na estruturação de

possibilidades para enfrentamento da dificuldade em si;

- Articular nos encontros dimensão do aprender e ensinar, superação de

dificuldades, ampliando uma visão quanto à utilização de novas informações obtidas,

Page 49: psic comunit. Relat Final  dez.doc

49

focalizando as atenções para as fragilidades encontradas nesse respectivo grupo.

- Contribuir e provocar ao grupo de mulheres uma rede de apoio e

solidariedade, um espaço para troca de experiências e de vivências semelhantes,

que propiciem uma reflexão das questões subjetivas,

OS PROCESSOS DA

Page 50: psic comunit. Relat Final  dez.doc

50

A TRAJETÓRIA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

Daqui pra frente

No primeiro semestre iniciamos um trabalho no Projeto Esperança de São

Miguel Paulista. Neste período, nos apropriamos da pesquisa participante como

instrumento de pesquisa, e nos inserimos no grupo através de visitas semanais com

objetivo de integração e estabelecimento de confiança entre os membros do grupo,

a fim de conhecermos as problemáticas que levaram aquelas pessoas a freqüentar o

local. Assim, participamos de festividades, realizamos conversas informais

individuais e coletivas. Após todo esse processo foi possível levantar algumas

demandas da Instituiçãoimportantes informações sobre a instituição, dentre as

quais, que a ONG estava passando por dificuldades financeiras, com isso não tinha

mais condições de oferecer agarantir à população atendida um serviço de

excelência, – as refeições e as festividades que oferecidasoferecia anteriormente

agora eram dadas em condições mínimas. A estrutura da brinquedoteca

apresentava-se inadequada e a Instituiçãoinstituição não tinha condições de investir

em novos brinquedos e/ou jogos pedagógicos, bem como na qualificação da

educadora deixando-a desmotivada inclusive por atrasos de salários. Em meio a

esta situação delicada quando percebiam que um ou outro usuário não estava

comparecendo no programa pelo qual o individuo era integrante, a

Instituiçãoinstituição já não investigava o motivo do desaparecimento do mesmo,

tudo devido à crise financeira.

AÉ importante ressaltar que toda a diretoria da Instituição permanece em

outrado Projesp fica instalada na unidade localizada no bairro de Guainases. A

Page 51: psic comunit. Relat Final  dez.doc

51

coordenadora técnica mais próxima para resolver os problemas de imediato,

aparecia esporadicamente na Instituição.

Instituição. Embora estas demandas fossem emergentes, a coordenadora

propôs que continuássemos com o grupo de mulheres que já aconteciam há uns três

anos. Na ocasião explicamos que o grupo aconteceria se realmente existisse uma

demanda, pois gostaríamos de realizar uma intervenção não apenas alcançando os

objetivos da InstituiçãoInstituição, mas principalmente que o espaço fosse

emergente e construído com os colaboradores que faziam parte do grupo.

Realizamos o primeiro encontro com as mães cuidadoras das crianças

freqüentadoras do Projesp, a maioria era divorciada, viúva e mães solteiras com

idade entre 20 e 49 anos. No primeiro dia, expuseram o desejo da continuação de

grupo, para elas o espaço contribuiria de forma a acrescentar em suas vidas, tinham

o desenhodesejo de aprender algo novo. No segundo encontro compareceram duas

mulheres e nos demaisnas próximas quatro reuniões não compareceram nenhuma.

mulher ou cuidadora. A cada visita, ocorria um fato, novo: um dia era porque os

filhos haviam ido para uma excursão, outrora,outra porque a secretária esqueceu de

avisá-las, outras diziam que haviahaviam se esquecido, mas que

retornariaretornariam na semana seguinte e assim sucessivamente.

Percebemos que após várias tentativas o grupo não havia se formado e por

conseqüência das ocorrênciasdo não comparecimento dessas mulheres nas

reuniões marcadas, então realizamos uma reunião com a coordenadora, expomos a

ela a situação, as dificuldades encontradas e enfrentadas enfrentada por nós na

Organização, pois a cada encontro marcado, acontecia um evento, um dia foi devido

a excursão que ouve, o qual a Instituição, assim como os pontos positivos do

Projesp, houve a tentativa levou as crianças ao cinema, outra vez porque a

Page 52: psic comunit. Relat Final  dez.doc

52

secretária esqueceu de realizar avisar as mulheres, outro motivo foi pelo fato de um

feriado prolongado e provavelmente as mulheres esqueceram do grupo, ou quando

houve uma chuva intensa na região e devido as condições de cada uma, segundo a

secretária não puderam comparecer na reunião. Na ocasião, pensamos em até

desenvolver um trabalho, porém, devido com a recreadora da Instituição já que

estava desmotivada e não tinha orientações ou cursos para desenvolver o seu

trabalho, ou ainda, realizar um trabalho com as crianças portadoras de paralisia

cerebral, ou também um trabalho voltado para as questões financeiras, mas como o

problema financeiro da organização não estava sendo exposto abertamente

optamos por não apresentar essa proposta á Instituição. Enfim, devido às

incompatibilidades de horários entre nós e a Instituiçãoinstituição não seria possível

trabalhar mediante as demandas que existiam., expomos a coordenadora não

apenas as dificuldades as quais encontramos, mas inclusive os pontos positivos do

Projesp. Com isso, decidimos não intervir na Instituiçãoinstituição, explicamos para a

coordenaçãoela a importância da continuidade do vínculo entre a universidade e

Instituição, elainstituição, a coordenadora retribuiu de forma igual, deixou claro que

estadisse a nós sobre a importância do não rompimento da parceria e porentre o

Projesp e a Universidade e com isso as portas continuariam abertas para a

Universidade.

Ao término do contrato com o Projeto Esperança de São Miguel fomos em

busca de um novo local para que pudéssemos iniciar um novo processo de

intervenção. Na ocasião visitamos três instituições, a primeira foi o Centro de

Educação Popular da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, a

Instituiçãoinstituição proporciona para as crianças recreações e para os

adolescentes cursos com o objetivo de facilitar a inserção do jovem no mercado de

Page 53: psic comunit. Relat Final  dez.doc

53

trabalho. A segunda Instituiçãoinstituição visitada foi o Projeto Palmares ele oferece

cursos profissionalizantes para os adolescentes da região, ambos localizadas no

bairro de Ermelino Matarazzo Zona Leste de São Paulo.

A AssociaçãoFundação Raça Negra foi à última Instituiçãoinstituição visitada

e ana qual resolvemos desenvolver um trabalho. A ONG está localizada no extremo

da zona leste de São Paulo no bairro de Vila Mara.

No primeiro contato com a Instituiçãoinstituição participamos da festa junina,

na ocasião tivemos oportunidades de conhecer alguns usuários da Instituição, assim

como seus familiaresinstituição, assim como seus familiares. Foi possível perceber a

organização das pessoas envolvidas nesta festividade. Havia barracas de vendas de

comidas e bebidas, brincadeiras, pois a Instituição tinha a finalidade de arrecadar

verbas, mas se compararmos com a quantidade de pessoas que a ONG atende

segundo relato da presidente foram poucos os usuários que compareceram a festa.

Como a instituição não possui funcionários, faltaram pessoas para ficarem

responsáveis pelas barracas, com isso nos envolvemos e ajudamos na venda dos

produtos oferecidos e além de ajudarmos também na finalização dos preparativos da

festa.

As visitas tiveram os mesmos princípios, objetivos e moldes do estágio

realizados no semestre anterior já citado acima. Devido o espaço de tempo,

conforme íamos conhecendo a Instituição, também tentávamos esquematizar uma

demanda para se trabalhar.

No capítulo seguinte será ilustrado como foi os encontros, quandoTivemos a

oportunidade de conversar com uma pessoa que ficou responsável por uma das

barracas de comida, na ocasião ela disse que foi contratada para trabalhar em

conjunto com um dos irmãos da presidente, aos sábados e a tarde com um grupo de

Page 54: psic comunit. Relat Final  dez.doc

54

crianças em uma praça localizada próxima da Fundação. Ela disse que conheceu a

ONG, através de familiares da presidente que freqüentavam a mesma igreja

protestante e por isso foi convidada para desenvolver esse trabalho em um curto

período de tempo, já que este evento estava relacionado com propaganda política,

entretanto, não especificar exatamente como era a relação da instituição com cabos

eleitorais ou envolvimentos religiosos. Entretanto, em conversas posteriores com a

presidente e com o seu irmão, o qual esta funcionária temporária havia mencionado

ambos expuseram que a Instituição não mantinha nenhuma relação ou envolvimento

religiosos e/ ou políticos.

Durante as nossas visitas na Fundação Raça Negra, verificamos que havia

três ou quatro pessoas que trabalhavam diretamente para a ONG e que não eram

familiares. Havia uma secretária, mas ela não ficou muito tempo. Segundo a

presidente essa secretária não tinha iniciativas e só fazia alguma coisa se fosse

solicitado a ela, se tivesse algum problema a ser resolvido de imediato na ONG e se

a presidente não estivesse presente ela ligava imediatamente para ela para saber o

que e como fazer. Em seu lugar a presidente colocou um sobrinho, ele embora

fosse uma pessoa com iniciativas e forças de vontade não ficou no cargo por mais

de três meses, segundo as informações que tivemos, ele foi morar em outra cidade.

Atualmente quem ocupa esse cargo, é outro sobrinho da presidente e pelo o que

constatamos, ele tem ficado durante todos os dias em período integral inclusive aos

fins de semana quando acontecem eventos.

Em nossas visitas também tivemos a oportunidade de conhecermos outras

duas funcionárias que não faziam parte do núcleo familiar da presidente, elas não

trabalharam muito tempo no local, embora fossem gratas por tudo que a instituição

fez por elas, de ter o prazer de trabalhar na instituição e das pessoas que

Page 55: psic comunit. Relat Final  dez.doc

55

freqüentavam ali, não hesitaram em sair, ao se depararem com uma oferta de

trabalho melhor, já que além de tudo teriam o salário definido e a data certa de

pagamento dos trabalhos realizados por elas.

Devido ao espaço de tempo, conforme íamos conhecendo a instituição

tentávamos também delimitar uma possível demanda para se trabalhar.

Em uma de nossas visitas e durante uma conversa com a presidente,

decidimos em conjunto fazer um uma reunião social com homens, mulheres e

crianças tendo como finalidade facilitar no levantamento de uma demanda

emergente na instituição, de conhecer as expectativas do grupo a respeito de uma

nova proposta em relação as suas necessidades.

Para a divulgação das possíveis intervenções a Fundação convidou seus

usuários colocando inclusive um informativo na frente da organização falando sobre

o projeto, e quem estivesse interessado deveria se escrever no local.

Em média cinqüenta pessoas se inscreveram e todos foram chamados para

participarem de uma reunião prévia, contudo quando convocados compareceram 17

pessoas. No dia da reunião havia três homens com problemas específicos de

conflitos com a sexualidade, agressividade e depressão. Oito crianças que

apresentavam indisciplinas e problemas de aprendizagem e 10 mulheres mães das

crianças com as quais enfrentavam dificuldades em lidar com seus filhos e conflitos

quanto as suas identidades assumidas dentro do contexto familiar. O encontro teve

como objetivo conhecer quem eram as pessoas que haviam procurado ajuda, quais

as eram as expectativas de cada um ali presente, além de proporcionar aproximação

com a comunidade.

Das pessoas que participaram da reunião apenas duas freqüentavam a

Fundação Raça Negra, todas elas expuseram o quanto necessitavam de auxílio,

pois estavam vivenciando conflitos, os quais segundo elas não conseguiriam

solucioná-los sozinhos. Nós então, explicamos aos participantes os objetivos e a

intenção da realização de um trabalho dentro da comunidade e em grupo. Em

discussão conjunta com todos os participantes e por conseqüência das demandas

levantadas decidimos por montar um grupo com as mães, visto como elas tinham

Page 56: psic comunit. Relat Final  dez.doc

56

grandes dificuldades em lidar com os filhos, lar e esposos e com isso, propomos um

projeto de intervenção; em paralelo um trabalho com os filhos dessas mulheres já

que eles apresentavam segundo as mães apresentavam indisciplinas e problemas

de aprendizagem. A intervenção com as crianças foi realizado com outro estagiário e

por tanto, não foi mencionado ou relacionado no decorrer do corpo deste trabalho

em específico.

Em relação aos homens, posteriormente foi realizado uma escuta individual,

os orientamos á procurarem um atendimento psicológico individual, e fornecemos a

eles, inclusive endereços das instituições que poderiam atendê-los.

A seguir falaremos como foram os encontros, e ao nos referirmos a umaas

pessoas utilizaremos nomes fictícios para que seja reservado a identidade das de

cada uma evitando assim qupessoas e qualquer tipo de

constrangimentoconstrangimento. .

1. AS EXPERIÊNCIAS DOS ENCONTROS

Primeiro encontro

Tema: Convite e enquadre

Page 57: psic comunit. Relat Final  dez.doc

57

O primeiro encontro, agora sóiniciou com mulheres foi realizado com a

finalidadetrinta minutos de convidar as mulheres a participarem do grupo. Noatraso e

teve duração de 50 minutos aproximadamente, motivo pelo qual no dia

compareceram quatro mulheres menos da metade se comparado com a primeira

reunião que foi realizada há duas semanas. Falamos mais uma vez dos objetivos

das reuniões, pois estávamos abrindoanteriormente e que teve como objetivo

levantar as possíveis demandas emergentes para verificar o tipo de intervenção que

poderia ser realizado na ONG.

Nesse encontro, foi realizada a apresentação novamente de cada participante

e de forma individual. Em seguida convidamos as mulheres a participarem do

grupo.que estava se formando, explicamos a elas que tratava-se de um espaço para

troca de experiências, escutas e reflexões. As mulheres embora surpresas com a

quantidade de pessoas que compareceram, ainda sim se comprometeram em

participar, pois segundo elas enfrentavam grandes conflitos em suas vidas, não

tinham com quem desabafar e acreditavam que aquele espaço poderia contribuir de

forma positiva para a vida delas.

Falamos também do enquadre e das responsabilidades de cada uma como:

- os Os dias e horários dos próximos encontros que aconteceriam

semanalmente aos sábados, às 11h da manhã e com duração de duas horas e

provavelmente as reuniões estavam previstas e aconteceram em seis encontros, no

entanto, dependeria de como seria o desenvolvimento do grupo e dos temas que já

estavam pré estabelecidos, mas que provavelmente sofreria mudanças conforme

fosse surgindo outras necessidades de discussão;

- a delimitação de tempo para cada grupo;

Page 58: psic comunit. Relat Final  dez.doc

58

- o - Foi sigiloexposta à questão do sigilo em relação aos conteúdos

emergidos.

Houve a auto apresentação das pessoas presentes para que pudéssemos

nos integrar aos conflitos vividos e expostos por elas dentro do grupo. Em seguida

Ao término do enquadre, Letícia começou a falar de suas expectativas e

angústias relacionadas aà filha caçula quea qual possui dificuldades de

aprendizagem, de linguagem e comportamento indisciplinados, ela como mãe não

sabe lidar com a situação e logo começou a chorar, nos a acolhemos e, então, .

Rresolvemos usar a história de dela. como instrumento para integrar as outras

participantes ao grupo, e as pessoas que estavam ali atentas com o depoimento da

mãe desesperada. As mães, embora receosas, inicialmente por estarem diante de

pessoas desconhecidas, aos poucos começaram a expor suas opiniões e de dizer

como elas lhe davamlidavam com as situações, já que a maioria passava por

problemas parecidos como, por exemplo, das quatro mulheres presentes três delas

não sabiam como lidar com a indisciplina dos filhos em casa e na escola, estavam

angustiadas com a situação,

. É óbvio queSabemos que cada pessoa olha e age de maneira diferente,

umas são até parecidas, mas cada caso é único, gera um sentimento inigualável,

entretanto, percebemos que as participantes realizaram a tarefa estabelecida, já que

aparentemente quebraram suas barreiras de se exporem, elas falaram e se

referiram sempre a elas mesmas e não as o modo como uma ou outra reagem frente

a uma determinada situação, podemos dizer que houve sensibilização, acolhimento

e participação das mulheres que estavam aliparticiparam desse primeiro encontro.

Page 59: psic comunit. Relat Final  dez.doc

59

Fechamos o trabalho dizendo às mulheres que se pode fazer a diferença em

todos os momentos de nossas vidas, porém para que isto aconteça temos que

ocupar um lugar de agente transformador de si próprio no espaço social.

Ao término do encontro, elas disseram em reflexão, que embora tenha sido o

primeiro encontro, estavam saindo aliviadas pelo fato de ter falado de suas

intimidades que aparentemente são simples, mas que para elas é processo doloso

de dialogar com qualquer outra pessoa Na ocasião não sabíamos se o grupo iria

realmente acontecer, as pessoas acreditam que elas só podem superar alguma

situação conflituosa quando se realiza terapia e além de tudo individual, e vimos que

as pessoas que compareceram são aquelas que realmente precisam de acolhimento

e estavam pedindo que alguém pudesse olhar para elas.

Segundo encontro

Tema: Mãe e mulher: possibilidades e desafios relacionamento entre mãe e

filho

Neste encontro compareceram cinco mulheres, sendo que Mercedes que

participou na semana anterior não compareceu, e duas eram novas. Apresentamo-

nos rapidamente á elas, falamos dos objetivos e do enquadre e convidamos para

que elas incorporassem em nosso grupo. Elas aceitaram, então voltamos para iniciar

o trabalho planejado para o dia. Optamos por trabalhar a relação de mãe e filho, pois

foi um assunto que emergiu no primeiro encontro.

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60

Como instrumento utilizamos a música de Vinícius de Moraes intitulada “O

filho que eu quero ter”6. Ao término da melodia iniciamos a discussão.

Nas discussões, as mulheres expuseram a tamanha dificuldade de ser mãe e

amiga dos filhos. Disseram que embora tentem fazer o melhor para eles sabem que

erram, já que na maioria das vezes perdem a paciência com eles, o que acaba por

gritarem com as crianças, e conseqüentemente acabam punindo-as com palmadas.

No entanto, também existem mães que agem com o filho de maneira diferente,

através do diálogo e da escuta e de estratégias, essas mostraram para as demais

que elas obtêm um resultado favorável no que se refere à educação dos filhos,

ressaltam inclusive que elas não conseguem e não são mães ideais, mas

conseguem controlar ar os filhos. Neste momento as questionamos sobre controlar

os filhos, e se as conseqüências deste, reproduzirão apenas de forma positiva tanto

para oos pais como para o filho, houve. Houve é claro, controversas nas opiniões

das mães. Disse que, no que se refere controlar e ser amiga dos filhos, já que por

vezes se os pais seguem regras rígidas, provavelmente os filhos irão fazer coisas

erradas e escondidas e quando, se revelarem não terá quequem os segurem. Elas

por um momento ficaram em silêncio esperando que nós déssemos a resposta de

qual conduta a ser tomada, entretanto, fomos problematizadoras das questões

emergidas e não solucionadoras das situações que surgiram.questionávamos diante

das dificuldades apresentadas por elas e em momento algum oferecemos a elas

qualquer respostas mas antes

Falaram também, que os pais na maioria das vezes estão e são ausentes,

devido a trabalho ou por motivo de separação, no entanto, quando se fazem

presentes tiram totalmente a autoridade das mães, deixando-as como o foco pelo

6Em anexo 1Anexo 1

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61

fracasso do filho enquanto pessoa e comportamentos apresentados, assim como no

desenvolvimento escolar, com isso, de acordo com Letícia faz com que ela se sinta

insegura, solitárias e desamparada, ela se emocionou e começou a chorar, houve

um silêncio, dissemos a ela que o espaço era dela, que não precisaria se preocupar,

oferecemos um lenço a ela e após alguns instantes foi amparada por outra

integrante a Anezia. Na sua fala dizia para mãe não se desesperar e muito menos

desanimar, pois entendia que era uma situação difícil, mas solúvel, as demais

companheiras foram lhe fornecendo o apoio e como se aproximava do final

resolvemos fechar o encontro. DizemosDissemos que o tema tragoproposto não foi

por acaso, e como havíamos dito anteriormente foi pensado a partir do que

vivenciamos na semana anterior.

Terceiro encontro

Tema: "auto-estima" auto estima

Neste encontro comparecem três mães, então percebemos que o grupo ainda

não havia se fechado. Não nos detemos pelas quantidades de mulheres presentes,

pois nosso papel era dar continuidade doao trabalho, principalmente com aquelas

pessoas que precisavam de ajuda, e que elas, pudessem perceber que na verdade

poderiam também oferecer auxílio às outras, através de suas experiências.

Pensamos em um assunto no qual, elas pudessem pensar qual erapudesse

ser trabalhados fatos que geralmente afetavam a auto estima dessas mulheres e

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62

que as fizessem refletir o tipo e imensidão do afeto existente para com elas próprias

e de que maneira elas se percebiam.

Utilizamos como disparador7 para facilitar o trabalho, uma caixa de presentes

e dentro dela havia um espelho, colocamos sobre uma mesa, com uma melodia, e

em silêncio elas tiveram que se direcionar de uma a uma e abrir o presente que

simbolicamente havia sido oferecido a elas, em seguida tiveram que voltar para seus

assentos e aguardar até que todas passassem pelo mesmo processo, ao término

aguardamos mais cinco minutos para que então, abríssemos o espaço para que elas

expusessem o que viram, sentiram e o que pensaram.

Falaram que há muito tempo, não se observavam, com a correria do dia a dia,

com os filhos e os maridos e com as reais condições vividas por elas, voltaram-se

para seus lares e acabaram-se esquecendo que eram mulheres.

Quando pararam para analisar os momentos de suas vidas as quais a auto

estima estava elevada, confessaram que há muito tempo não sabiam o que

significava olhar para elas mesmas. Expuseram ressaltando mais os momentos

negativos, como a frustração no casamento, já que Cintia, por exemplo, estava no

segundo casamento e marcada pela violência física do marido, a falta de autonomia

devido a situação, e a frustração depela incompetência da justiça, pois quando

precisou de proteção, no período de separação do primeiro casamento, houve falha

e ela não obteve auxílio e refúgio adequado das autoridades do estadoEstado. Cintia

era uma pessoa que estava ali no grupo desde o primeiro dia, entretanto, uma

pessoa que não se integrou rapidamente as propostas das atividades. Neste

encontro se emocionou muito e foi acolhida pelas demais participantes, afirmou que

conhecia as leis de proteção a mulher, mas se sentia impotente, de mãos atadas e

7 Dinâmica em Anexo 2

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63

não conseguia entender porque não conseguia tomar a atitude de separação, disse

inclusive que participava dos encontros escondida do marido e se ele descobrisse

não saberia qual seria sua reação, acrescentou inclusive que se de repente parasse

de comparecer as sessões era pelo motivo de ter ido embora de casa.

Questionamos sobre, a que condutas poderiam ser tomadas para mudar

situações como estas, Gilda, outra mãe que evitava falar, também expôs seu

conflito, disse a Cintia, que nesta caminhada ela não estava sozinha, pois o marido

era dependente de álcool, e encontrava-se em situação extrema, também apanhava

do marido, ele era tão viciado que só tomava banhos depois de muitos dias, e isto

era porque ela e os filhos ficavam em cima dele, a família passava fome, pois G.

tinha 2 filhos pequenos e uma adolescente que não se detinha em partir para cima

da mãe, G. não conseguia lidar com a filha caçula, ela era indisciplinava, provocava

freqüentemente as pessoas e inclusive a mãe.

Com as discussões e depoimentos das mulheres, observamos em conjunto,

as opressões e sofrimentos vividos pelas mulheres que agora fazem parte da ONG,

com tudo, se deram conta de que as coisas não acontecem somente com elas, e

isto as consolaram, pois encontraram em um grupo pessoas que partilham das

mesmas situações, observaram que existe alternativas para se fazer um caminho

diferente. Independente das coisas que acontecem, elas possuem os filhos que

ainda sim os fazem ter um pouco de auto estimaauto estima além de potencializar

suas forças.

Bruna, foi àa líder do dia, falou de suas experiências, dos momentos difíceis

que também passou no casamento, mas que deu a volta por cima, não desanimou

dizendo inclusive que há situações que podem ser resolvidos com pequenos gestos.

Page 64: psic comunit. Relat Final  dez.doc

64

Neste encontro houve desabafo de duas integrantes que foram e são vítimas

de violência doméstica o que nos faz compreender o tamanho da fragilidade dessas

mulheres, já que as conseqüências pode incluir efeitos permanentes na auto-estima

e auto-imagem, o que ficou evidente o quanto essas situações vividas às deixam

menos seguras do seu valor e dos seus limites pessoais, com menos possibilidade

de se proteger e mais propensas a vitimização, o que conseqüentemente facilita

para a aceitação da situação de violência como parte de sua condição de mulher.

Para finalizar o trabalho passamos um desenho que na verdade era uma

sátira com o Cebolinha da turma do Mônica, pois gostaríamos de dizer a elas que

independente de suas vivencias e do que os outros falam ou pensam, elas tem que

se valorizar, olhar e cuidar de si própria.

Fechamos o encontro com acolhimento, apoio e solidariedade fornecendo

orientações dos direitos e condutas que devem ser tomadas tanto para nós que

somos profissionais quanto para elas que são vítimas.

Quarto encontro

Tema: Quem eram elas? x Quem são elas?

Neste encontro fomos surpreendidas pelo número de participantes já que

compareceram nove mães. Como havia cinco pessoas novas, fizemos o enquadre,

falamos dos objetivos dos encontros. Na seqüência, nos apresentamos rapidamente

para que todas pudessem se conhecer proporcionando o vínculo. Após decidimos

por fazer uma breve retrospectiva dos encontros que já haviam acontecidos. Cada

Page 65: psic comunit. Relat Final  dez.doc

65

integrante que já faziam parte do grupo pode falar um pouco de suas experiências

vividas ali. Ao término deste processo podemos dar continuidade no foco de nosso

trabalho e iniciamos o trabalho a partir do tema proposto, pois visava uma reflexão

sobre as mudanças que ocorrem com elas no decorrer do tempo.

Colocamos sobre uma mesa revistas, tesouras, colas, canetas e cartolinas. E

solicitamos asàs mulheres que colassem na cartolina qualquer objeto, pessoa ou

paisagem que as representassem no passado e atualmente e proporcionamos um

tempo de quinze minutos para que a tarefa fosse executada.

Para a realização das tarefas cada participante agiu de forma diferente, umas

eram mais ágeis do que as outras, outras não conseguiram se identificar com nada.

Durante a discussão todas se visualizaram desestimulada, atestando que se

imaginavam-se totalmente diferentediferentes, eram bonitas e se valorizavam, mas

com o passar do tempo se perceberam dentro de um o casamento com uma vida

totalmente diferente do que um dia elas imaginaram para elas. Voltaram para as

questões de como lidar com os filhos, não recebem apoio dos esposos ou quando

não, eles em várias ocasiões tiram a autoridades delas. Eles não as observam, elas

podem se vestirem de qualquer jeito, os esposos não reparam ou nunca está bom e

mediante esta situação elas se sentem frustradas.

Houve choros e grande sensibilização, percebemos que temos que respeitar

o espaço de cada uma, já que as manifestações ocorrem de diferentes maneiras,

mulheres que inicialmente não quiseram falar expuseram a forma de como lidaram

com situações freqüentesfrequentes, ofereceram confortos e deram ânimos aquelas

que estavam em situação de desespero.

Ainda houve desabafo de Rita, ao término do enquadre ela achou que não

deveria participar, saiu da sala e depois resolveu voltar e participar, ao final disse

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66

que chegou ali imaginando que eram seus filhos que precisavam de tratamento, mas

percebeu que quem precisa de tratamento, de terapia era ela.

Inicialmente o clima grupal estava meio pesado e parecendo estar fechado

para as vivências, resistência esta presente por grande maioria das pessoas que

estavam ali, tanto que optaram por se prenderem nas relações com os filhos. Essas

sensações, percepções, foram se desajustando conforme cada participante falava

sobre suas angústias, com isso as demais iam se entregando e percebendo que não

estavam sozinhas e percebíamos suspiros, alívios a cada instante. Ao final

expuseram do receio de chegar a um lugar, e falar de suas experiências mediante

as pessoas desconhecidas, mas ao mesmo tempo conhecidas, pois se conheciam

de vista já que todas moram na mesma região.

Falaram que, este foi um encontro que proporcionou a elas um momento de

poder parar e analisar o que elas foram e o que se tornaram no momento atual,

disseram que analisando perderam o auto cuidado consigo própria, entretanto,

também perceberam que é possível começar de novo, a aprender se valorizar e

olhar nem que seja um pouco mais, completaram, o tempo passa, os maridos

também e os filho se vão sem ao menos olhar para trás, por isso devemos começar

a olhar e fazer um caminho diferente.

Compreendemos que as mulheres valorizavam os papéis femininos mais

relacionados aos estereótipos culturais de mulher, como por exemplo, a submissão

e a dedicação à família, entretanto, elas se perdem pelo caminho, e

conseqüentemente, com o passar do tempo a beleza e delicadeza vai morrendo

dentro delas.

Page 67: psic comunit. Relat Final  dez.doc

67

Quinto encontro

Tema: Família

Este encontro aconteceu após um mês desde a nossa última reunião, motivo

pelo qual houvedevido aos feriados e também às comemorações na Instituição, –

então, os encontros foram sendo adiados.

Para tantoAssim, compareceram quatro mulheres, três das que já

permaneciam no grupo desde o início, então, percebemos. Percebemos que esse

movimento grupal aberto conduz para as diversas formas de sentir e perceber de

cada membro em relação ao contexto social. É um movimento de idas e vindas,

enquanto modos de ser, de se   apresentar e de estar no mundo não vinculados às

infrações, já, uma vez que muitas das mulheres que compareceram durante o

decorrer dos encontros participavamparticiparam uma única vez,. Com isso não

podemos chegar a conclusão o que as levaram desistir, o que pode haver várias

possibilidades de resistência, como de, acreditar que um encontro com grupo não

faça alguma diferença e não traz nenhum benefício diante dos conflitos pessoais, ou

que possa ainda e inclusive ter ido dese deparado durante o encontro em algo mais

profundoprofundos conflitos das próprias subjetividades. .

Voltando para o trabalho realizado no dia, optamos por falar de família, já que

em todos os encontros anteriores ele foi se emergindo e nosso trabalho na ONG

estava se encaminhando para o final. Teve como objetivo explorar os que as

participantes pensavam, sentiam, observavam, gostariam que fossem e o que fazem

para mudar os conflitos existentes no ambiente familiar.

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68

Como disparador, nos apropriamos de três pequenos textos8. Iniciamos a

discussão através de uma sátira, no qual se tratava das conseqüências da

convivência de anos de um casal, do autor Luís Fernando Veríssimo,, em seguida,

nos apropriamos do texto que falava sobre o que já foi uma família, da saudade e

dos afeto, terminamos com o texto de Gonçalves e Padre Zezinho que descrevia

sobre o ideal de ser realmente uma família.

Na discussão falaram que se sentem sozinhas, e com freqüência estão, já

que os espososmaridos pensam e acreditam que trabalho é o essencial para uma

família feliz. Chegam em casa para dormir, não falam bom dia, tampouco boa noite e

como foi o dia dentro de casa. Não possuem momentos de lazer, não apenas por

dificuldades financeiras, mas, por que elas próprias não procuram alternativas.

Neste encontro voltaram para a religiosidade a partir do relato de Rita, pois, ela

disse que foi mãe e pai ao mesmo tempo, já que o marido era alcoólatra, por vezes

pensou em desistir, mas foi sábia e paciente, encontrou na fé a solução dos

problemas do marido, hoje ele é uma pessoa diferente. Mesmo diante da fragilidade

e solidão elas concluíram que deve ser diferente, não tratá-los da mesma maneira

que eles as tratam, e irão procurar alternativas para renovarem o casamento.

Letícia expôs que sentiu-se um pouco frágil por não ter tido os encontros

nesse último mês, mas tem procurado alternativas depara dar a volta por cima,

falando. Falando de seu relacionamento com o marido referiu que ele não reconhece

as coisas que ela faz em relação aos cuidados com a casa, com a filha caçula e até

do cuidado dela, isso a reflete diretamente de forma negativa e

8 Em anexoEm anexo 3 estão os textos utilizados.Desabafos de um bom marido.de. Luís Fernando

Veríssimo;, Oração da família de Pe. Zezinho SCJ em conjunto foi utilizado o texto Parei para pesquisar o

significado de família de Nessynha Gonçalves e Saudade de quando eu sentia a família de Mariana Y. Shiraishi .

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69

conseuqentementeconsequentemente se sente desanimada com tudo, tem vontade

de pegar suas coisas e voltar para seu estado de origem, de conviver com sua mãe,

pois sabe que perto dela terá apoio e será ouvida, mas no fundo sabe que ele é uma

boa pessoa.

Todas concordaram em um ponto, disseram que, é difícil confiar em alguém,

pois ao mesmo tempo em que as pessoas te abraçam elas falam pelas costas, já

sofreram muito com esses tipos de amizade e este é um dos motivos que a fazem

serem mais reservadas.

Gilda desabafou dizendo que não agüenta mais ver a situação do marido, de

vê-lo caindo pelas ruas, todas às vezes antes de ir aos encontros, o convida para

participar junto com ela, pois sabe que o marido precisa de ajuda, contudo se recusa

e diz que não precisa de tratamentos, ela disse que no final do ano vai passear com

os filhos em outro estado e tem vontade de não voltar mais, no entanto, não tem

coragem de fazer isto, de largá-lo e deixar aao Deus dará, é difícil e complicado

disse Gilda.

Corina, a primeira vez que participou do grupo, disse que estar ali era como

reviver o seu passado, passou por todas essas dificuldades, pensou em ir embora,

jogar tudo para o alto, mas ao encontrar apoio em sua religião decidiu por lutar, hoje

vê a sua vida transformada e a solução não foi separação já que percebeu que duas

das mulheres presentes almejavaalmejavam por isso, disse que elas não deveriam

desistir de tentar e querer ser feliz, de analisar e ver qual seria a saída já que no

fundo todos sabem o que devem fazer, optam por caminho de insistência que

sabesabem que ao final não dará certo. Cada um Corina completou que cada

mulher ali presente, tem que levantar a cabeça, prosseguir e conseguir lutar pra

ganharpara que possa conquistar o seu valor na sociedade.

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Ao final chegaram à conclusão que precisam se ouvir mais, de ter paciência

não apenas com os filhos, mas inclusive com o marido, pois no final de tudo não

querem a separação e sim a restauração e mudanças nos casamentos, usarão de

estratégias para fazer a diferença dentro de casa. Rita e Corina as apóiam dizendo ,

“nós conseguimos vencer e vocês também conseguirão precisam ser”, mas para que

isso aconteça é preciso que sejam sábias na conduta, quando marido e filhos as

pirraçarem tem que retribuir amor e bondade, enquanto, fala-se na serenidade as

pessoas nunca perdem a razão até mesmo se estiverem erradas. HáRoseli finaliza e

disse para todas as mulheres que há ocasiões que não são propíciapropícias a

discussão, em momentos de ira muitas vezes a melhor saída é o silêncio.

Para finalizar nós estagiárias fechamos o encontro fechamos dizendo que

sabemos o quanto é difícil uma relação, seja entre homem e mulher, mãe e filhos,

mulher e terceiros, tentamos e procuramos sempre o que achamos o que será

melhor, mas infelizmente, não são todas as ocasiõesno entanto nem sempre

optamos pelapor uma escolha certa. Contudo, devemos, mas, tudo deve ser visto

como experiência de aprendizado e. porque não parar e analisar nem que se for por

um instante, pensar se não vale a pena dar um voto de confiança a alguém que um

dia já pisou na bola para conosco, afinal todos nós temospossui defeitos, erra-se no

dia a dia e erramos, caímos eao mesmo tempo aprendemos todos os diasa cada

instante seja de forma positiva ou não.

Último Encontro

Tema: Perspectiva e retrospectiva

Page 71: psic comunit. Relat Final  dez.doc

No último encontro compareceram quatro mulheres. Como disparador

realizamos uma atividade com balões9 e teve como objetivo estimular a

responsabilidades e o lado afetivo, além de trabalhar motivação. Ao término da

atividade realizamos uma discussão sobre o que aconteceu, o que adquirimos

durante os encontros e o que poderá ser feito para dar continuidade no processo

enquanto aprendizagem.

As participantes emocionadas demonstraram pesar com o término dos

encontros do grupo, falaram que uma das barreiras que venceram foi ter que falar

das suas particularidades num grupo desconhecido, entretanto, elas se superaram,

encontrouencontraram ali apoio das situações que nunca tiveram, também

perceberam que os seus problemas não são nada se comparados com os dos

outros. Tiveram espaço e liberdade, encontraram companheiras com situações

parecidas, elas puderam se apoiar no depoimento de uma ou outra colega para

continuar a caminhada, adquiriram ainda fôlego e esperança.

Rita disse:As participantes emocionadas demonstraram pesar com o término

dos encontros do grupo, falaram que uma das barreiras que venceram foi ter que

falar das suas particularidades num grupo desconhecido, entretanto, elas se

superaram, encontraram ali apoio que nunca tiveram, também perceberam que os

seus problemas não são nada se comparados com os dos outros. Tiveram espaço e

liberdade, encontraram companheiras com situações parecidas, elas puderam se

apoiar no depoimento de uma ou outra colega para continuar a caminhada,

adquiriram ainda fôlego e esperança. Rita disse:

9Em anexos 4 está ? Dinâmica anexada no anexo ao final do trabalha dinâmica dos problemas , porém foi readaptada, em vez de problemas, falamos sobre sonhos e perspectivas

Page 72: psic comunit. Relat Final  dez.doc

“eu me surpreendi comigo mesmo, não sou de me

expor e quando eu me vi já havia falado tudo, é um

desabafo..... eu achava que não tinha problemas, mas

tenho”......... já estou estudando informática e para mim é um

avanço, eu não tinha ânimo para fazer qualquer coisa que não

fosse cuidar dos filhos e da casa.”.(relato de Rita, Ong, 2010)

Com o decorrer dos encontros as mulheres começaram a se

indagaremindagar que espaço elas ocupam na sociedade como um todo, procurarão

utilizar-se de estratégias como amor a si própria, amor aos familiares demonstrados

através da paciência e escuta, Letícia, elas, por exemplo, por exemplo, já fez

diferente, citou quetem procurado segundo seu relato modificar seus

comportamentos, como o de ter mais paciência não apenas com a filha, mas

também com o seu esposo, nesta última semana não foi dormir antes do

esposomarido chegar, quando ele chegou perguntou como ele estava e como foi o

dia dele de trabalho, no primeiro momento ainda não percebeu mudanças por parte

do marido, sabe que vai ser difícil, pois eles, os maridos não querem mudar,

acreditam que está tudo bem sem problemas algum, mas não vai desistir e sim ao

menos tentar e ver se realmente vale a pena lutar pelo casamento.

As mulheres demonstraram ansiedade com o término do grupo. No entanto,

mostrou-se desejosas em querer pelo menos voltar-se para elas próprias, o que

almejam e de que maneira possa realizar naquilo que poderá fazer o bem a elas, ou

seja, foi possível observar que essas as mulheres quererem ser reconhecidas tanto

no meio intrafamiliar quanto no meio social os quais elas vivem, isso foi possível

observar já que, segundo elas tentaram mudar seus comportamentos dentro de suas

Page 73: psic comunit. Relat Final  dez.doc

73

residências, a Rita por exemplo, começou a fazer curso, vencer suas barreiras de

ser uma pessoa totalmente reservada, porém a cada dia se integrava mais no grupo

e ao término deste era a líder do grupo.

Page 74: psic comunit. Relat Final  dez.doc

74

Elas querem se reconhecerem e ser reconhecidas na sociedade, de

pertencerem de um novo processo coletivo de existência, de se perceber como

produto e produtor da sociedade.

RESULTADOS DO GRUPO COM MULHERES

O trabalho com o grupo, teve como objetivo acima de tudo provocar ar as

mulheres, a ser um sujeito atuante, que precisam e podem fazer a diferença, a

ocupar um lugar de agente transformador de si próprio no espaço social.

Apesar dos receios das participantes com relação à confiança, o grupo se

configurou como um espaço que teriam para falar e refletir os problemas

enfrentados por elas. Desde o início se deram conta que ali existiam pessoas com

problemas semelhantes ou piores que os seus. O que favoreceu para a

concretização da finalidade do trabalho, que era inclusive de gerar um espaço de

ajuda mútua, através das trocas de experiências. Desta forma, compartilharam e

trabalharam o sofrimento relacionado ao comportamento de cada uma ali.

Embora o grupo vivencial não tenha se fechado, percebemosPercebemos que

os encontros foram mobilizadores para as mulheres. Algumas delas compareceram

apenas uma ou duas vezes e logo abandonaram o grupo depois do segundo

encontro, talvez por causa dessa grande mobilização. ou talvez pelo grande espaço

entre um encontro e outro encontro. Permaneceram aquelas que estavam

comprometidas com seus questionamentos, e entre elas passaram a se estabelecer

uma concessão para o compartilhamento de suas intimidades, inclusive de pontos

polêmicos..

Page 75: psic comunit. Relat Final  dez.doc

75

No decorrer das reuniões o grupo foi ganhando coesão e percebendo jeitos

de pensar, sentir e agir. Embora nunca tenha se apresentado de forma homogênea

durante as reflexões, caminhou sempre com respeito aos diferentes pensamentos

expostos. As mulheres tiveram a oportunidade de se colocar no lugar umas das

outras sem julgamento, buscando compreendê-las nos seus papéis tradicionais,

havia então, afetivamente no grupo o que pode proporcionar as participantes um

acolhimento, sentimento de abrigo e pertencimento, sensação de paz, bem-estar e

tranqüilidade; trabalhou-se com as dores emocionais e sofrimento; partilha e

cumplicidade. Puderam se expressar em quase todas as sessõesalém do mais

puderam perceber que não eram elas apenas que tinham dificuldades em lidar

consigo própria, com o esposo e com os filhos, perceberam então, que estes

conflitos estavam bem próximos delas e por isso não estavam sozinhas Puderam

através dos relatos e das trocas de experiências se apoiarem uma nas outras e

juntas discutirem quais as possíveis soluções, ou seja, auxiliaram as abrindo um

leque de possibilidades e de alternativas. Expressaram-se em quase todos os

encontros através de choro.

Percebemos através de observação mudanças nas falas e atitudes das

mulheres para consigo mesmas.

Comentaram sobre possíveis mudanças, de sair ainda em busca de novos

papéis, o que pode indicar uma alteração no nível de auto-estimaautoestima e

autoconfiança, mas, que só poderá ser contatadoconstatado em médio ou em longo

prazo se realmente esses encontros gerougeraram alguma transformação

socialnelas.

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76

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência do Estágio Básico Supervisionado em Psicologia Comunitária

me proporcionou, ao longo do ano um conhecimento dos métodos utilizados nesta

especialidade, práticas essas essenciais para a atuação do psicólogo na

comunidade.

Durante a realização do estágio, enfrentamos dificuldades em lidar com um

campo heterogêneo e, imprevisível e improvisado, onde o trabalho não depende

somente de nós alunos, mas da Instituiçãoinstituição e das pessoas envolvidas.

Com todosDentre os acontecimentos pude vivenciar e aprender a trabalhar as

minhas angústias, de entender que se não deu certo por um caminho podemos

traçar outros e começar de novo acreditandodificultaram o nosso trabalho na

Fundação Raça Negra, foram os feriados. Outra dificuldade foi o manejo que vai dar

certotivemos que ter, já que os encontros aconteceram em uma sala aberta, com

isso, conforme as pessoas chegavam para obter as informações de como fazer os

cursos oferecidos pela Instituição, atrapalhavam a dinâmica do andamento do grupo,

pois quem fazia parte do grupo tinha receio de que outras pessoas pudessem ouvir

as questões particulares e que estavam senso emergidas ali, em paralelo conforme

as pessoas conversavam na recepção, o grupo também ouvia o que estava

dialogando do outro lado.

Page 77: psic comunit. Relat Final  dez.doc

77

Percebemos, vivenciamos e aprendemos situações que não depende de nós,

por isso temos que remodelar nossos comportamentos procurando uma alternativa

que se enquadra na situação.

É importante ressaltar que a direção da ONG sempre apoiou à realização de

nosso trabalho na Instituição, quando as pessoas não compareciam, ela se esforçou

durante todo o tempo de nossa estadia, a organização demonstrava durante todo o

tempo, o quanto era importante o desenvolvimento de um trabalho que atendesse as

necessidades psicológicas e sociais da sua comunidade

A vontade da Instituição e das mulheres que participaram dos encontros, e

que se envolveram e sentiram-se como pertencentes de um grupo, era de que esse

trabalho se prolongasse por mais alguns encontros. No entanto, não foi possível dar

continuidade devido o avanço do término do curso e também percebemos que as

questões de conflitos foram trabalhadas conforme as demandas que surgiram dentro

do grupo.

Esse possibilitou a reelaboração das referências das mulheres participantes e a

construção de novas falas, mobilizando-as para uma reflexão interna e social,

facilitando assim o seu desenvolvimento pessoal e social, ou seja, foi possível

observar a mudança das falas e atitudes das mulheres participantes para consigo

mesmas, num sentido mais positivo ao final do processo do que no seu início.

Verificamos, também, um possível avivamento na auto-estima e autoconfiança

dessas mulheres, além do apoio mútuo entre essas mulheres, mãe e esposas que

facilitou na compreensão de se perceberem mais, porém só será possível analisar

se realmente esses encontros surgiram efeitos a partir de uma avaliação a médio e

longo prazos, feitos por elas mesmas já que não as acompanharemos mais.

O estágio foi importante, pois a partir deste percebemos que podemos ir

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78

muito além do que achamos que somos capazes, além de permitir um contato com

parte do que aprendemos ao longo desses cinco anos. Ao término do estágio, posso

concluir que foi realizado um trabalho satisfatório e importante, pois me deparei com

situações do cotidiano que muitas vezes são camuflados e passam despercebidos

pela sociedade e mais do que tudo trouxe sensibilização e início de uma possível

mudança por partes das mulheres que fizeram parte do trabalho.

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79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Armed, 1997

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ANEXOS

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Anexo 1

Música: O Filho Que Eu Quero Ter Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

É comum a gente sonhar, eu seiQuando vem o entardecer

Pois eu também dei de sonharUm sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçarCom o pranto a me correr

E assim, chorando, acalentarO filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininhoDorme que a noite já vemTeu pai está muito sozinhoDe tanto amor que ele tem

De repente o vejo se transformarNum menino igual a mim

Que vem correndo me beijarQuando eu chegar lá de onde vim

Um menino sempre a me perguntarUm porquê que não tem fim

Um filho a quem só queira bemE a quem só diga que sim

Dorme, menino levadoDorme que a vida já vem

Teu pai está muito cansadoDe tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levarPelo tanto que me deu

Sentir-lhe a barba me roçarNo derradeiro beijo seu

E ao sentir também sua mão vedarMeu olhar dos olhos seus

Ouvir-lhe a voz a me embalarNum acalanto de adeus

Dorme, meu pai, sem cuidadoDorme que ao entardecerTeu filho sonha acordado

Com o filho que ele quer ter

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Anexo 1

DINÂMICA DO ESPELHO

Objetivo: Despertar para a valorização de si. Encontrar-se consigo e com seus

valores.

Material: Um espelho escondido dentro de uma caixa. O ambiente deve ser de

silêncio e interiorização.

Desenvolvimento:

O facilitador motiva o grupo: “Existe alguém que lhes é de grande s

ignificado. É uma pessoa muito importante para você, a quem você gostaria de

dedicar a maior atenção em todos os momentos, alguém que você ama de verdade.

com quem estabeleceu íntima comunhão que merece todo seu cuidado, com quem

está sintonizado permanentemente. Entre em contato com esta pessoa, com os

motivos que a tornam tão amada por você, que fazem dela o grande sentido da sua

vida.”(Deixar um tempo para esta interiorização)

Agora vocês vão encontrar-se aqui, frente a frente com esta pessoa que

é o grande significado de sua vida.

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Anexo 2

Textos

Textos1

DESABAFOS DE UM BOM MARIDO

Luís Fernando Veríssimo

Minha mulher e eu temos o segredo para fazer

um casamento durar:

Duas vezes por semana, vamos a um ótimo

restaurante, com uma comida gostosa, uma boa

bebida e um bom companheirismo. Ela vai às

terças-feiras e eu, às quintas.

Nós também dormimos em camas separadas: a

dela é em Fortaleza e a minha, em SP.

Eu levo minha mulher a todos os lugares, mas

ela sempre acha o caminho de volta.

Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso

aniversário de casamento, "em algum lugar que

eu não tenha ido há muito tempo!" ela disse.

Então, sugeri a cozinha.

Nós sempre andamos de mãos dadas...

Se eu soltar, ela vai às compras!

Ela tem um liquidificador, uma torradeira e uma

máquina de fazer pão, tudo elétrico.

Então, ela disse: "nós temos muitos aparelhos,

mas não temos lugar pra sentar".

Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

Lembrem-se: o casamento é a causa número 1

para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos

divórcios começam com o casamento. Eu me

casei com a "senhora certa".

Só não sabia que o primeiro nome dela era

"sempre".

Já faz 18 meses que não falo com minha

esposa. É que não gosto de interrompê-la.

Mas, tenho que admitir: a nossa última briga foi

culpa minha.

Ela perguntou: "O que tem na TV?"

E eu disse: "Poeira"

Textos 2

PAREI PARA PESQUISAR O SIGNIFICADO

DE FAMÍLIA...

Nessynha Gonçalves

No dicionário diz que: família é um conjunto

de ascendentes, descendentes, colaterais e

afins de uma linhagem. Grupo de indivíduos,

constituído pelo mesmo sangue.

Na verdade, é um grupo de pessoas, que

dividi o mesmo gosto pela vida.

Que divide o mesmo sentimento.

Que não importa não dividir o mesmo sangue.

Mas consegue tornar-se um para o outro mais

que isso...

Sabe que é necessário seu conselho...

Quando é preciso rir e se divertir

Ou até mesmo dividir as mesmas lágrimas...

Pois a família somos nós que escolhemos...

E não começa em qualquer de repente

As pessoas que amamos, que passamos a

conhecer...

Que percebemos que tem mais em comum

que apenas laços de sangue...

São essas pessoas que passam a se tornar

essencial em nossas vidas.

Esposos...filhos... Apenas por dividir os

mesmos sentimentos...

http://www.imotion.com.br/frases/?p=9494

Page 87: psic comunit. Relat Final  dez.doc

Textos

Textos 3

ORAÇÃO DA FAMÍLIAPadre. Zezinho SCJ

Que nenhuma família termine por falta de amor.Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente.E que nada no mundo separe um casal sonhador.

Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte.Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois.Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte.Que eles vivam do ontem, no hoje em função de um depois.

Que a família comece e termine sabendo onde vai.E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai.Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor.E que os filhos conheçam a força de onde brota o amor.

Que marido e mulher tenham força de amar sem medida.Que ninguém vá dormir sem pedir ou dar seu perdão.Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida.Que a família celebre a partilha do abraço e do pão.

Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos.Que o ciúme não mate a certeza do AMOR entre os dois.Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho.Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois.

http://pensador.uol.com.br/texto_sbre_familia/

Textos 4

SAUDADE DE QUANDO EU SENTIA A FAMÍLIAMariana Y. Shiraishi

De sentar em uma mesa cheia de família..De pensar que família é sempre unida..Antes mesmo de conseguir distinguirDe conseguir saborearO que eu mais temia aconteceu!

Saudade da minha infância..Dos olhares.. Dos sorrisos..Saudade de quando não via maldadeDe quando não sentia o desprezo...Saudade de uma alma que fez toda a diferençaQue levou consigo, parte do meu coraçãoE todo afeto familiar..

Saudade de quando estava doente e sentia uma mão pousarlevemente a minha testa..De ouvir cininhos e o barulho da porta ao se abrir..A vida é realmente indescritível!Quando pensamos que tudo está bem...Lá vem as lembranças. as saudades...

A vontade de retornar e ser criança novamente!Por quê? Criança é feliz.Não tem preocupações.É afastado de muita coisa ruim.O dia é cheio de brincadeiras, sorrisos, mimos..Cheio de alegria. de amor, simplesmente e verdadeiramente..Aaa essa saudade.

http://pensador.uol.com.br/poesia_sobre_familia/2/

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Anexo 4

DINÂMICA DOS PROBLEMAS

Material: Bexiga e pedaços de papelObjetivo: Refletir os problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia

Desenvolvimento:

Formação em círculo, uma bexiga vazia para cada participante, com um tira de papel dentro (que terá uma palavra para o final da dinâmica)O facilitador dirá para o grupo que aquelas bexigas são os problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia (de acordo com a vivência de cada um), desinteresse, intrigas, fofocas, competições, inimizade, etc.Cada um deverá encher a sua bexiga e brincar com ela jogando-a para cima com as diversas partes do corpo, depois com os outros participantes sem deixar a mesma cair.

Aos poucos o facilitador pedirá para alguns dos participantes deixarem sua bexiga no ar e sentarem, os restantes continuam no jogo. Quando o facilitador perceber que quem ficou no centro não está dando conta de segurar todos os problemas peça para que todos voltem ao círculo e então ele pergunta:

1) a quem ficou no centro, o que sentiu quando percebeu que estava ficando sobrecarregado;

2) a quem saiu, o que ele sentiu.

Depois destas colocações, o facilitador dará os ingredientes para todos os problemas, para mostrar que não é tão difícil resolvermos problemas quando estamos juntos.

Ele pedirá aos participantes que estouram as bexigas e peguem o seu papel com o seu ingrediente, um a um deverão ler e fazer um comentário para o grupo, o que aquela palavra significa para ele.

Dicas de palavras:- amizade, solidariedade, confiança, cooperação, apoio, aprendizado, humildade, tolerância, paciência, diálogo, alegria, prazer, tranqüilidade, troca, crítica, motivação, aceitação, etc.(as palavras devem ser feitas de acordo com o seu objetivo)

Observação: Readaptamos essa atividade e em vez de falarmos dos problemas, falamos dos sonhos das mulheres e o que poderão fazer para conquistá-los

http://www.catequisar.com.br/texto/dinamica/volume02/94.htm

Page 89: psic comunit. Relat Final  dez.doc

A conclusão deste trabalho aconteceu por contribuições diretas dos colegas

de sala, Instituição onde foi realizado o estágio e participantes, supervisor e

compreensão dos familiares, enfim, valeu por tudo que enfrentamos, nós alunos

quinto anos do curso de Psicologia chegamos lá.

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