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TEORIA DOS PAPÉIS

Moreno atribuía a inspiração de sua teoria dos papéis mais ao teatro do que à Sociologia Contemporânea.O significado da palavra do termo inglês role= papel, originário de uma antiga palavra que penetrou no francês e inglês medievais, deriva do latim rotula.

Na Grécia e também na Roma Antiga, as diversas partes da representação teatral eram escritas em rolos e lidas pelos pontos aos atores que procuravam decorar seus respectivos papéis; essa fixação da palavra role parece ter se perdido nos períodos mais incultos dos séculos iniciais e intermediários da Idade Média. Só nos séculos XVI e XVII, com o surgimento do teatro moderno, é que as partes dos personagens teatrais foram lidas em rolos ou fascículos de papel.Dessa maneira, cada parte cênica passou a ser designada como papel ou role.

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As teorias morenianas sempre se referem ao homem em situação, imerso no social e buscando transformá-lo pela ação. O conceito de papel que pressupõe inter-relação e ação é central nesse conjunto de teorias.

As teorias psicodramáticas levam o conceito de papel a todas as dimensões da vida.São utilizadas para abordar a situação do nascimento, e a existência, enquanto experiência individual e enquanto modo de participação na sociedade.

Papel, de acordo com os seus dois sentidos, compreendem unidades de representação teatral e de ação e funções sociais.

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Na vida real, em sociedade, os indivíduos têm funções, determinadas por circunstâncias sócio-econômicas, por sua inserção numa determinada classe social, por seu átomo social e por sua rede sociométrica. Assim, há papéis profissionais: marceneiro, metalúrgico, médico, entre outros; há papéis determinados pela classe social: patrão, operário, sem-terra, fazendeiro e outros; papéis constituídos por atitudes e ações adotadas a partir dos anteriores: líder, revolucionário, negociador, repressor, entre outros; papéis afetivos: amigo, inimigo, companheiro e outros; papéis familiares: pai, mãe, filho, sucesso da família, entre outros; papéis nas demais instituições: diretor, deputado, coordenador e outros.

O conceito de papel mais apropriado que o de personalidade, cujas formulações vagas impediam que fosse relacionado a fatos observáveis e mensuráveis. Definiu papel como a menor unidade observável de conduta.

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O papel é a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos. Todo papel é uma fusão de elementos privados e coletivos. Papel é a unidade de condutas inter-relacionais observáveis, resultante de elementos constitutivos da singularidade do agente e de sua inserção na vida social.

- Origem dos Papéis na Matriz de Identidade Matriz de Identidade constitui a base psicológica

para todos os desempenhos de papéis. Para Moreno “o ego deriva dos papéis” e o que

se costuma chamar de “personalidade” deriva de fatores GETA: genéticos, espontaneidade, tele e ambiente.

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As principais fases da Matriz são: Matriz de Identidade Total Indiferenciada ( Fase do

Duplo): os papéis psicossomáticos são também os primeiros dentre os papéis precursores do ego. A criança desse período ainda não tem uma unidade própria, e não estão diferenciados, para ela, outras pessoas e objetos.

Matriz de Identidade Total Diferenciada ou de Realidade Total ( Fase do Espelho ): cada criança vive de um determinado modo seus papéis psicossomáticos, dependendo das atitudes e satisfações que encontra nos primórdios da identidade.

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Desde a formação dos papéis psicossomáticos, tudo se passa como se cada surgido tendesse a se aglutinar com outros, formando um aglomerado ou “cacho” de papéis.

Na fase da realidade total, a criança começa a “imitar” algumas formas de ação que observa. Ainda não é capaz de representar ou desempenhar papéis, sem confundir com aspectos seus aquilo que observa e estabelecendo distinção entre papéis reais e imaginários.

c) Matriz da Brecha entre Fantasia e Realidade (fase de Inversão de Papéis)

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Nos papéis sociais é a contrapartida da função de realidade. Nos papéis sociais opera predominantemente a função de realidade, e nos papéis psicodramáticos, a fantasia ou função psicodramáticas. É importante salientar que, nesse período, a imaginação não perde seu poder nem a sua função. Apenas fica delimitado o seu âmbito.

Atingidas as condições para a “separação” entre produções imaginárias e realidade, conquistam-se os papéis psicodramáticos.

Os papéis psicodramáticos correspondem à dimensão mais individual da vida psíquica, “a dimensão psicológica do eu”, e os papéis sociais, à dimensão da interação social

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Cumpre assinalar que a função psicodramática também pode encontrar resistências, mas unicamente por parte do agente ( a criança ou adulto) quando ele, por exemplo, teme uma “ volta” a etapas anteriores da matriz.

Da dinâmica entre aglomerados de papéis, que são comunicantes entre si, por meio de “vínculos operacionais”, constitui-se o ego:

O ego inteiro, realmente integrado, de anos posteriores, ainda está longe de ter nascido. Têm de se desenvolver, gradualmente, vínculos operacionais e de contato entre os conglomerados de papéis sociais, psicológicos e fisiológicos, a fim de que possamos identificar e experimentar, depois de sua unificação, aquilo a que chamamos o “ego” e o “si mesmo”.

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É somente com a integração dos papéis precursores, por volta dos três anos de idade, que a criança dispõe de um ego e de uma identidade que lhe permitem relacionar-se como indivíduos=, com outros egos, outras pessoas, e entrar em relação mais ou menos télica com outras “identidades”.

Gradualmente, a experiência da realidade permite que, à adoção de papéis, iniciada com os papéis psicossomáticos, venham se acrescentar às várias possibilidades de interação dos papéis sociais e psicodramáticos.

O processo de desenvolvimento de um novo papel passa por três fases distintas:

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TEORIA DA AÇÃO

O principal pressuposto moreniano a respeito da ação é o seguinte: a experiência da ação livre, isto é, espontânea e correspondendo aos verdadeiros anseios do sujeito, permite-lhe recuperar sua melhor condição para a vida criativa.

AÇÃO ESPONTÂNEA E DESEMPENHO DE PAPEL

Moreno no Psicodrama pressupunha que, encontrando-se como seu ser em papéis imaginários ou correspondentes a funções assumidas dentro da realidade social, o indivíduo recuperava a capacidade de realizar transformações autênticas na sua vida, no relacionamento interpessoal e, até, na comunidade.

A realização da verdadeira ação espontânea equivale à criação e ao desempenho de papéis que correspondem a modelos próprios de existência.

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A realização da verdadeira ação espontânea equivale à criação e ao desempenho de papéis que correspondem a modelos próprios de existência.

A convalidação existencial refere-se à escolha radical de um papel transformador para si mesmo.

Ação Espontânea, Seinismo e Convalidação Existencial

Moreno foi um dos criadores do que era apresentado como uma nova filosofia: o seinismo ( do verbo sein, ser em alemão). Cada homem precisa encontrar o seu verdadeiro ser e agir de modo a convalidá-lo, agir em consonância com o reconhecimento profundo da própria escolha de valores.

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Um dos exemplos que ele nos legou, de convalidação existencial, foi o da transformação radical realizada em sua vida pelo escritor russo TOLSTÓI. Habituado a uma vida cercada de conforto material e famoso, Tosltói teria a esta renunciado para fazer a experiência de viver como um camponês, seguindo o seu verdadeiro desejo.

Ação Espontânea e Fatores Intervenientes

Toda ação é interação por meio de papéis.Para agir em conjunto ou deforma combinada, as pessoas precisam de um tempo de preparação.

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Para interagir é necessário ativar a sensibilidade, a captação do movimento, do ritmo, dos sentimentos de outra pessoa; uma verdadeira afinação entre os agentes é indispensável para a ação efetiva.

Para agir de modo espontâneo é preciso que”nos entendamos”, conosco e com o outro. Todo e qualquer ato está relacionado a três fatores, que se encontram também na origem do organismo humano, das idéias e dos objetos: lócus, matrix e status nascendi.

O lócus delimita a área ou local específico onde se dá um determinado processo.

A matrix é a parte nuclear de todo o processo.

O status nascendi é a pauta de ação primária, a preparação.

Estes conceitos,quando aplicados ao sujeito e suas inter-relações, recebem os nomes de zona, foco e aquecimento.

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Dessa forma temos que: - Zona: é o conjunto dos elementos atuantes e

presentes numa ação determinada. - Foco: é a região de coincidência dos diversos

componentes da zona,sendo portanto o núcleo principal da zona.

- Aquecimento: é a preparação para agir de acordo consigo mesmo ou com outrem.Ele é disparado pelos iniciadores, que são

Meios de provocação do organismo, voluntários e involuntários, e que podem ser de natureza física, química, mental e social.

A zona oral é o conjunto da boca, lábios e língua do bebê e o peito, o leite e o mamilo da mãe, além do ar ambiental.

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Ação no Psicodrama: a Dramatização

A dramatização é o método por excelência, segundo Moreno,

recuperação de condições para o inter-relacionamento.Visam propiciar a ocasião para que o protagonista encontre os papéis que vem evitando ou mesmo desempenhando sem convicção,nem espontaneidade.

Moreno propunha a atores, egos-auxiliares e protagonistas a utilização de seu corpo para desempenhar, com emoção autêntica, os papéis a partir dos quais iriam interagir.

Os iniciadores são, pois,mecanismos próprios, deliberada e conscientemente desencadeados pelos atores,ou movimentos e várias formas de expressão corporal,que o diretor do Psicodrama pede que os protagonistas explorem, visando o aquecimento para o desempenho espontâneo e criativo de papéis na dramatização.

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Ação, Aquecimento e Teoria da Técnica. A dramatização só pode ocorrer de modo

proveitoso e espontâneo se o aquecimento for efetivo. A fase de aquecimento inespecífico, a serviço da apreensão do clima afetivo-emocional e da escuta daquilo que é dito, consciente e inconscientemente, pelos membros do grupo, reconhecendo o protagonista.

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Aquecimento Inespecífico e Emergência do Protagonista

O protagonista emerge, escolhido pelo grupo ou descoberto pelo terapeuta.Muitas vezes o grupo procura escolher um falso protagonista, alguém que não representa o sentimento ou emoção predominante no grupo,para evitar(inconscientemente) o confronto consigo mesmo.

Acontece,eventualmente,de o protagonista ser todo o grupo;propiciando a relação dos membros do grupo entre si ou com os terapeutas

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Aquecimento Específico e DramatizaçãoAquecimento específico é a preparação do

protagonista para a dramatização; é a preparação do protagonista para a dramatização; é,também,a manutenção do clima de envolvimento com a realidade vivida e dramatizada. Quando a pessoa ou o terapeuta não conseguem manter afinação “télica”,a dramatização ou não se inicia, ou é interrompida,ou cai no vazio.Se a transferência( no sentido moreniano) predomina sobre a tele-sensibilidade,o aquecimento específico é impossibilitado.Exemplo: o protagonista sente-se perseguido ou censurado pelo terapeuta ou pelo grupo; o terapeuta está tomado pelo desejo de exibir sua capacidade de dirigir ou quer provar alguma coisa para o protagonista.

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IX- FASES DE CADA ENCONTRO

Planejamento: improvisação versus criatividade

Todo encontro deve seguir um planejamento metodológico cuidadoso.Dentro da direção do encontro, cabem a flexibilidade e a criatividade: variações que podem ser feitas de acordo com as necessidades do momento e com o ritmo do grupo. Deve-se sempre saber onde está e onde quer chegar, o protagonista se torna criativo quando pode variar o como, sair de onde está para chegar à sua meta.

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Preparação do ambiente físico O ambiente físico é a extensão direta da pessoa do

protagonista. Os aprendentes podem se sentir bem-vindos,acolhidos e aceitos, ou não,dependendo em parte, de como foi preparado o ambiente.

Uma sala de grupo preparada de forma adequada transmite uma mensagem de disponibilidade por parte do ensinante.Este deve estar atento aos seguintes itens: limpeza, ausência de ruídos externos, claridade e temperatura adequadas, decoração e disposição das cadeiras.

Se, por um lado, um ambiente físico bem preparado transmite mensagens importantes aos aprendentes, por outro, sua preparação produz efeitos benéficos sobre o ensinante.

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Acolhimento Acolher ou receber as pessoas, no início de cada

encontro,permite o aquecimento da relação entre ela; é como o botão que liga um motor.É o conjunto de comportamentos de cordialidade e aceitação presentes no início dos encontros sociais ou profissionais,desde que, no caso do ensinante, não sejam posturas superficiais.Se sua postura não for genuína,seu corpo irá traí-lo, revelando a falsidade de seus gestos.

As habilidades de acolher ajudam o ensinante a entrar em sintonia mais facilmente com os aprendentes.

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Dramatização e Papéis Não Vividos A dramatização é uma oportunidade para que o

protagonista examine, através da experiência no “como se”, o sentido profundo de papéis em que vem investindo sua fantasia.

A ação no “como se” às vezes permite o reconhecimento, e a posterior libertação, de papéis idealizados, que vêm impedindo a ação espontânea no quotidiano do protagonista.Exemplo: na dramatização o protagonista,examina seu papel, de professor sabe-tudo; ignora o quanto está inconscientemente comprometido com esse papel. Com esta unidade cristalizada de fantasia (esse papel imaginário e não-vivido) é irrealizável, pois ninguém sabe tudo,ela se mantém perturbando o sujeito em suas atividades e relacionamentos, fonte de ansiedade e frustração.

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Passagem ao Ato: “ Acting-out” O termo acting-out é utilizado para expressar o “atuar

para fora aquilo que está dentro do paciente.” Ele distinguia dois tipos de acting-out: o irracional e

incalculável, tendo lugar na própria vida, que é prejudicial ao indivíduo e suas relações.Para referir-se ao acting-out, Freud,em 1905, utilizou o vocábulo alemão para o relato de um caso clínico chamado Dora; o terapêutico e controlado,que tem lugar no contexto dramático do tratamento. Em vez de provocar inadvertidamente o “atuar”dos conteúdos internos fora da relação terapêutica, o Psicodrama procura deliberadamente o acting-out como forma de intervenção.

O Psicodrama dramatiza para desdramatizar, isto é, pela acentuação, exagero até,pela encenação do ato enfim,permite que a tendência ao ato impulsivo e a repetitividade patológica dos papéis sejam esvaziadas.

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Catarse de Integração É a mobilização de afetos e emoções ocorrida

na inter-relação, télica ou transferencial, de dois ou mais participantes de um grupo terapêutico, durante uma dramatização. Possibilita a um ou mais desses participantes a clarificação intelectual e afetiva das estruturas psíquicas que o impelem de desenvolver seus papéis psicodramáticos e sociais, abrindo-lhe novas possibilidades existenciais.

A catarse se dá por meio da ação dramática, permitindo ao sujeito tornar-se inteiro,completando alguma etapa de seu processo de identidade.

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A Catarse do Grupo A depositação de seus próprios sentimentos e

emoções na figura e no drama do protagonista permite que venham à tona conteúdos que também estavam afastados da consciência de outros participantes do grupo.

Os interesses, sentimentos e emoções vividos conjuntamente permitem, freqüentemente ,que os integrantes do grupo dêem voz àquilo que vinha sendo evitado,comunicando-se com seus companheiros e, posteriormente,com o protagonista.

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TÉCNICAS DE PSICODRAMA PEDAGÓGICO Role-playing, treinamento ou desenvolvimento de

papéis.Deve-se limitar ao manejo do papel a desenvolver e do seu papel complementar.Neste caso os papéis a serem trabalhados são os de professor e aluno.

É importante pontuar que a formação em Psicodrama Pedagógico é longa e ao final de sua formação, os futuros psicodramatistas pedagógicos, realizam a sua prática de ensino e, recebem uma informação teórica acerca do papel que irão desempenhar.

Se ao invés desta informação, ministra-se nas disciplinas do último ano de formação,o role-playing,o futuro terapeuta terá a possibilidade de elaborar suas expectativas e temores,mediante o treinamento de papéis,tomando também consciência de suas idealizações com relação à futura profissão; e percebe,com maior objetividade,os limites de sua tarefa enquanto educador.

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O Psicodrama Pedagógico não pode se embasar na intuição,pois isso tornará sua atuação frágil para suportar as responsabilidades e as exigências próprias do papel.

Torna-se evidente que, diante dos fatos, nem a intuição,nem os conhecimentos teóricos ou mesmo técnicos, constituem uma base sólida para a ação,e os novos mestres percebem então a necessidade de instrumentos adequados para a mesma.

Com relação ao afeto que colocam na tarefa, os professores que se formam percebem que deve existir um limite em seu uso e em sua disponibilidade,uma vez que o professor é uma ponte que aproxima o aluno do conhecimento e vice-versa, com isto não podendo a relação professor-aluno superar a relação aluno-conhecimento.Os professores normalmente optam entre assumir e criar um papel ou aderir a um pseudopapel.

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No desenvolvimento do papel,consegue-se uma consciência maior do “espaço vida” da sala de aula e compreende-se melhor o papel desempenhado pelo tempo, o valor do período,no processo de aprendizagem.

Por outro lado, o treinamento de papéis permite adquirir maior habilidade no manejo de situações concretas,com relação ao princípio de autoridade e de problemas de disciplina, além de uma maior objetividade quanto a como é sentido ou valorizado o conhecimento,a avaliação dos alunos, provas,exames,entre outros dos contextos, porque no cenário ocorre, com freqüência, uma cena dentro da outra. Respeitar os contextos é em si mesmo um fator de esclarecimento e compreensão.

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O professor ou especialista na área,desenvolve seu papel com o auxílio de técnicas dramáticas, é quem melhor pode avaliar os benefícios que pode produzir, usando a metodologia psicodramática,quando no exercício de sua função.

Do ponto de vista estrutural,a locomoção do grupo é a mudança de um grupo, de uma região a outra, dentro do campo psicológico, isto é, as características do grupo em si mesmo, as dos indivíduos que o compõem, como também seu ambiente, as finalidades do grupo e os caminhos que percorrerá para alcançá-los.

Do ponto de vista “dinâmico” concebe-se o grupo com a função é resolver os sistemas de tensão aos quais está submetido, a saber:

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- Sistema de tensão positiva,em relação ao caminhar do grupo frente aos seus objetivos, os quais são alcançados graças à resolução positiva do sistema de tensão,progressivamente.

- Sistema de tensão negativa, em relação aos mecanismos de funcionamento do grupo e seus membros (a resolução permanente deste sistema de tensão é indispensável à manutenção e sobrevivência do grupo).

Se adotamos uma perspectiva de eficácia,uma vez definida a quantidade de energia utilizável,quanto mais um grupo gasta energia para manter sua coesão a qualquer preço(utilizando diferentes meios,que são outros tantos mecanismos de defesa),menos energia resta para atingir seus objetivos,e mais reduzida será sua produção. Graças à eficácia de funcionamento de seus mecanismos auto-reguladores, o grupo poderá manter um equilíbrio satisfatório entre as necessidades e as obrigações contraditórias.

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Teatro Espontâneo: tudo é improvisado,a obra,a ação,o tema,as palavras,o encontro e a resolução de conflitos;participação do auditório: todos são autores,espectadores participantes; não há cenários construídos classicamente: o cenário é aberto cenário-espaço, espaço aberto,espaço de vida,a vida mesma.

Jornal Vivo: pode ser considerado o antecessor do Sociodrama, porque permite ao grupo vivenciar o presente sociocultural da comunidade, numa experiência de criação coletiva, onde não há um protagonista individual,mas onde todos o são, a partir das notícias.Busca o processo criador espontâneo, em status nascendi, no “aqui e agora” da situação.

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As finalidades das últimas técnicas são: - Estudo diagnóstico; exploratório,de situações

existenciais,psicológicas e relacionais do grupo social.

- Estudo de qualquer acontecimento para conclusões, dos pontos de vista psicossocial e institucional;

- Busca de soluções dos problemas por meio da catarse de integração grupal e conseqüentes modificações da relação sociométricas do grupo, instituição ou comunidade trabalhada

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VIII- ETAPAS DO PSICODRAMA PEDAGÓGICO Aquecimento: onde sobressai a gênese das idéias do grupo,

a proposta da tarefa a ser executada e a pergunta: o que o grupo deseja protagonizar.

Dramatização e Criação: onde sobressaem a busca da concepção dramática, a distribuição dos papéis, a “armação” do cenário e alenta metamorfose dos atores.

Compartilhar: onde é finalizada a dramatização específica, central na preocupação do grupo,compartilhando as emoções levantadas,para possíveis transformações.

Comentários: há um predomínio da reflexão intelectual,buscando-se a elaboração do acontecido com o grupo como um todo e com cada um,atingindo em sua individualidade.

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IX- FASES DE CADA ENCONTRO Planejamento: improvisação versus criatividade Todo encontro deve seguir um planejamento metodológico

cuidadoso. O ensinante deve ter uma direção bem clara para não se perder. Dentro dessa direção, cabem a flexibilidade e a criatividade: variações que podem ser feitas de acordo com as necessidades do momento e com o ritmo do grupo.

Sabendo sempre onde está e onde quer chegar, o ensinante se torna criativo quando pode variar o como sair de onde está para chegar à sua meta.

Preparação do ambiente físico O ambiente físico é a extensão direta da pessoa do ensinante.

Os aprendentes podem se sentir bem-vindos,acolhidos e aceitos,ou não,isso depende,em parte,de como foi preparado o ambiente.

Uma sala de grupo preparada de forma adequada transmite uma mensagem de disponibilidade por parte do ensinante.Deve estar atento aos seguintes itens: limpeza,ausência de ruídos externos,claridade e temperatura adequadas,decoração,entre outros.

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Se por uma lado, um ambiente físico bem preparado transmite mensagens importantes aos aprendentes,por outro,sua preparação produz efeitos benéficos sobre o ensinante.

Todas as tarefas do dia-a-dia,há sempre um ritual de preparação sendo cumprido.À medida que se prepara externamente, a pessoa intensifica o estado de atenção, ficando pronta para a tarefa que vai realizar e incorporando o papel que vai desempenhar.A preparação do ambiente lhe dá consciência do que está fazendo e lhe permite entrar em sintonia com o grupo que vai chegar.

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Acolhimento Acolher ou receber as pessoas, no início de

cada encontro,permite o aquecimento da relação entre elas; é como o botão que liga um motor.É o conjunto dos comportamentos de cordialidade e aceitação presentes no início dos encontros sociais ou profissionais,desde que, no caso do ensinante,não sejam posturas superficiais.Se sua postura não for genuína,seu corpo irá traí- lo,revelando a falsidade de seus gestos.

As habilidades de acolher ajudam o ensinante a entrar em sintonia mais facilmente com os aprendentes.

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Aquecimento Nesta etapa,os aprendentes iniciam uma conversa

informal e descontraída entre si,desde o encontro na sala de espera até o momento em que se assentam na sala de grupo. No início do encontro,não estão prontos ainda para as atividades didáticas,apenas para esse contato informal.Este é um momento importante para a dinâmica de grupo; é quando seus participantes começam a se conhecer,até que possam aprofundar seu relacionamento mais tarde.

O ensinante deve estar atento para não participar da conversa nessa fase, evitando polarizar as atenções para si e facilitando o entrosamento dos aprendentes.

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Revivência Esta fase é responsável pela ligação entre o último

encontro e o que está se iniciando nesse momento. O ensinante pede a cada aprendente que compartilhe

com o grupo: - o que mais o tocou no grupo anterior; - se continuou trabalhando com algum aspecto

importante no decorrer da semana; - como introjetou a experiência vivida no encontro

anterior; - como ele a transferiu para seu cotidiano:em casa,no

trabalho, na escola,com os amigos,entre outros. A passagem da fase do aquecimento para a revivência

é muito suave: na primeira,os aprendentes falam de si e das situações vividas durante a semana; na segunda,falam de si em relação ao grupo,como foram tocados e quais as descobertas que fizeram a partir do último encontro.

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Revisão O ensinante pede aos aprendentes que respondam,às

questões: o que é,para que e como, relativas à última habilidade apresentada. É importante,que cada um dê suas próprias respostas,sem repetir o que está escrito no livro.

No item para que, os aprendentes devem buscar razões para o treinamento da habilidade em questão tanto para o ensinante quanto para o aprendente.

Ao final,cada um compartilha com o grupo o que escreveu.Vivência É um exercício experencial,que deve envolver a participação

de todo o grupo e que serve como introdução para o novo passo.Sua finalidade é aumentar a prontidão dos aprendentes para a aprendizagem de uma nova habilidade.

Muitas vezes, a vivência funciona como uma técnica para instigar a curiosidade do consumidor, fazendo-se um certo “suspense” em torno do produto a ser divulgado. O mesmo acontece na fase da vivência: os aprendentes fazem o exercício sem saber o que virá em seguida, o que instiga sua curiosidade em relação ao próximo passo.

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Explanação Teórica O ensinante explica teoricamente a habilidade que foi

introduzida com a vivência, dividindo essa explicação em três partes: o que é habilidade(conceito),para que serve(finalidade) e como pode ser desenvolvida(passos do treinamento).

Essa fase deve ser de curta direção, para não cair na monotonia das aulas teóricas ou no estrelismo de um conferencista que faz uma palestra.

Mesmo envolvendo conteúdo teórico, o Psicodrama Pedagógico é um processo ativo, não a aprendizagem passiva das aulas convencionais na base do giz e quadro.

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Treinamento É a fase do como, que deve durar a maior parte do

encontro.Eminentemente prática, é feita geralmente pelos exercícios em duplas.

O ensinante dá as instruções e observa as duplas enquanto fazem o exercício.Ao final deste,cada uma compartilha sua vivência com o restante do grupo.

O ensinante avalia as dificuldades de cada aprendente, jamais deixando de apontar também seus pontos positivos e seus progressos.

Para Casa O ensinante pede aos aprendentes que reapliquem esse

exercício durante a semana. É a aplicação direta da habilidade aprendida às situações do dia- a- dia. Ao final de algum tempo, torna-se um estilo de vida, e não uma estratégia de relacionamento.

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1º O primeiro encontro: É o encontro de reconhecimento do grupo.Pede-se a cada

participante que se apresente, por meio de um símbolo construído tendo como material: uma folha de papel ofício e as mãos. Construir um símbolo que o represente,apresentando-se ao grupo e o porquê do símbolo. No final o ensinante se apresenta e convida a todos iniciar seu portifólio.

A finalidade dessa apresentação é facilitar a integração dos aprendentes. É muito difícil nos aproximarmos e gostarmos daquilo que não conhecemos.A melhor maneira de nos fazermos conhecer é falarmos de nós mesmos. O problema é que temos receio de nos expor,isso nos ameaça e por causa desta ameaça, continuamos desconhecidos para o outro.

Precisamos aprender a dizer de nossa pessoa para o outro, simplesmente porque é a única maneira de construirmos relações verdadeiras.Aprender a falar de si é como nascer de novo.

O ensinante precisa ter alguns cuidados essenciais ao bom funcionamento do grupo.

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- Sigilo: deve- se fazer um pacto de absoluto sigilo com os aprendentes.Cada um deve ter a garantia de absoluta privacidade em relação às coisas que vai dizer.

- Respeito:é importante que o ensinante deixe muito claro que a história de cada pessoa é tão importante quanto a própria pessoa. Tem sua razão de ser e deve ser respeitada.Sua função é permitir que se conheça a pessoa e, não invadir a sua privacidade.

Deve- se avisar aos aprendentes que não digam nada que possa lhes trazer incômodo ou desconforto depois.A verdade pode ser dita em pequenas doses,à medida que cada um se sentir livre,confiante e seguro em relação ao grupo.

Nesta atividade é iniciada,de maneira informal,a aprendizagem do escutar e responder,passos que serão vivenciados em todos os encontros.

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2º Fases da Vida Neste encontro, entrega- se a cada participante três

folhas de papel ofício e lápis de cor. Pede- se que em uma folha pinte a sua infância, na outra a sua adolescência e na última sua fase atual.Posteriormente, faça a união destas três partes da maneira que mais lhe convier,montando desta forma a segunda página de seu portifólio.

O ensinante não deve apressar a realização desta atividade, não passando ao grupo sua impaciência. Coloca- se um fundo musical relaxante como estímulo à realização.

Abre-se uma roda de conversa e cada participante apresenta a sua história de vida,caso queira. Mediante a aceitação ou não da apresentação,respeita- se a sua vontade e o seu silêncio.

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3º Trabalhando com Jornal: Cada participante receberá uma folha de jornal, tinta ou

giz de cera, para que neste momento registre por meio de desenhos, palavras ou rabiscos, todas as sensações e emoções desconfortáveis de que se lembrem.

Após, o ensinante, pede que cada um rasgue, pique seu papel o mais que puder livrando-se pela ação destes momentos de desprazer.

Diante da montanha de papel picado, entrega-se ao aprendente uma cartolina, papel madeira,cola e possibilite que reelabore por meio da colagem ressignificando a aprendizagem.

Abre-se a roda de conversa para as devidas apresentações e diálogos espontâneos entre os participantes e pontuados pelo ensinante.

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4º A pessoa significativa: Convida- se o grupo a uma viagem interna, um passeio

pelo arquivo emocional, em busca de uma pessoa que tenha marcado intensamente a vida de cada um,seja de modo positivo.

Pergunta- se; Como é ou era essa pessoa? Quais são ou eram suas características mais marcante? Sua aparência física? Sua postura? O que,exatamente,fez com que essa pessoa se tornasse

tão especial a ponto de ser lembrada nesse momento como uma pessoa significativa?

Cada participante se utiliza sua criatividade para ir dando vida a esta pessoa.A medida que cada um apresenta seu trabalho e fala da pessoa significativa,está falando de si, de uma experiência de extrema importância em sua vida. É importante que o ensinante respeite o ritmo do grupo, que precisa de todo o tempo necessário para reviver fatos que podem ter sido determinantes em relação a muitos de seus comportamentos atuais.

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5º Pré- Teste e Retrato do Grupo O importante nesse momento é fazer com que os

ensinantes se vejam por um momento como pessoas que estão sendo ajudadas. Mais importante ainda é que façam, o pré-teste. Este consiste em uma auto- exploração, por escrito, por recorte e colagem, das áreas emocional, física,intelectual ,social e espiritual. É importante ressaltarem os aspectos de sua vida que querem mudar, assim como aqueles com os quais estão plenamente satisfeitos.

Abre- se uma roda de conversa para apresentação dos trabalhos ao grupo,compartilhando as descobertas evocadas pelo exercício.

Este é o momento ideal para o ensinante tirar fotos do grupo, lógico com a permissão do mesmo.Devem ser feitas três fotos, no mínimo, pedindo- se aos aprendentes que determinem suas posições a cada vez.

Estas fotos têm grande utilidade tanto para o ensinante quanto para os aprendentes. O primeiro entra em sintonia com cada participante mais facilmente quando estiver se preparando para o próximo encontro.

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6º Treinando a Acolhida Considerando que chamar as pessoas pelo nome é um

elemento fundamental na habilidade de acolher, o ensinante pede aos aprendentes que se lembrem das pessoas com quem se encontraram no dia anterior:da hora em que se levantaram até a hora em que se deitaram,à noite. É importante que e lembrem do maior número possível de nomes: desde as pessoas de casa até os colegas de trabalho ou escola,passando por funcionários,porteiros,o limpador do carro, o rapaz do posto de gasolina ou o vendedor de uma loja,entre outros.

Numa folha de papel, os aprendentes escrevem numa coluna à esquerda os “papéis” das pessoas (chefe, subordinado, colaborador, companheiro)e, à direita,os nomes correspondentes a cada um. Terminada a tarefa relatam o que descobriram com a atividade: quantas pessoas mencionaram e o número de nomes lembrados, como é sua habilidade de memorizar os nomes das pessoas no dia-a-dia, a freqüência com que chamam as pessoas pelos nomes,como se sentem quando são chamadas pelos nomes e quando não são,entre outros.

Pontua-se desta forma a importância do reconhecimento.

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XI- CONCLUSÃO

Praticamos o Psicodrama Pedagógico constantemente em nossa vidas. A partir do momento que permitimos nos conhecer, conquistando Liberdade, Conhecimento, Saber,que culminam em Educação e Reflexão.

Psicopedagogia: aprender é para todos!

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Dialética HumanaO homem se preocupa tanto em não morrerQue mal encontra tempo para viverA violência está constanteExistem vítimas a todo instante.Sonhos de um mundo melhor e fascinanteMas a paz é algo distanteO que fazer para não matar ou morrer?Será que é isso que o homem sabe fazer?Os seres humanos devem se respeitar mutuamenteSomente assim poderão viver sem ao menos viverSem medo de perder a vida sem ao menos viverVivendo na verdade apenas um perecer.Mas ainda há uma salvaçãoComo nos embalos de uma cançãoDeixando a alma ser guiada pelo coração. Emerson Rogério

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XII – BIBLIOGRAFIA CONSULTADABORIS, Georges. O Psicodrama de Jacob Levy

Moreno.In:Noções básicas de Fenomenologia.Fortaleza: UNIFOR-Universidade de Fortaleza,2006.( mimeo)

CONSUELO, Dulce. Os vínculos como passaporte da aprendizagem: um encontro D’EUS.Rio de Janeiro:Editora Caravansarai,2003.

FONSECA FILHO, José S. Psicodrama da Loucura. 3.ed.São PAULO: Agora,1980.

GONÇALVES,Camila Salles; WOLFF. José Roberto; ALMEIDA, Wilson Castelo.Lições de Psicodrama: introdução ao pensamento de J.L.Moreno.São Paulo: Agora,1988.

MIRANDA, Márcio Lúcio de.Construindo a Relação de Ajuda: guia do treinador.2.ed. Belo Horizonte: Editora Crescer,1995.

MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix,1998.

ROMAÑA, Maria Alicia.Psicodrama Pedagógico.2.ed. São Paulo: Papirus Editora,2000.