Psicologia 12º

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INDIVIDUOS E GRUPOS Processos de relação entre indivíduos e grupos ATRAÇÃO, AGRESSÃO E INTIMIDADE As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo estão marcadas pela afetividade, estabelecendo entre si diferentes tipo de interação: - Atração: A atração interpessoal reflete-se pela preferência por determinadas pessoas, o que nos leva a procurar partilhar a sua presença. Baseia- se na avaliação cognitiva e afetiva que fazemos dos outros. A atração pessoal está muito marcada pelas emoções, afetos e sentimentos. Está relacionado com a história pessoal de cada um. Os fatores que intervêm no processo de atração pessoal são: 1.Proximidade 2.Familiaridade 3. Atração Física 4. Semelhanças Interpessoais 5. Qualidades Positivas 6.Complementaridade 7.Reciprocidade - Agressão: Comportamento que visa causar danos físicos ou psicológicos a alguém e que se reflete a intenção de destruir. Quanto à intenção do sujeito temos a agressão hostil – envolve emoção e impulsividade e visa causar danos a outrem -, e a agressão instrumental

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INDIVIDUOS E GRUPOS

Processos de relação entre indivíduos e grupos

ATRAÇÃO, AGRESSÃO E INTIMIDADE

As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo estão marcadas pela afetividade, estabelecendo entre si diferentes tipo de interação:

- Atração: A atração interpessoal reflete-se pela preferência por determinadas pessoas, o que nos leva a procurar partilhar a sua presença. Baseia-se na avaliação cognitiva e afetiva que fazemos dos outros.

A atração pessoal está muito marcada pelas emoções, afetos e sentimentos. Está relacionado com a história pessoal de cada um. Os fatores que intervêm no processo de atração pessoal são:

1. Proximidade2. Familiaridade3. Atração Física4. Semelhanças Interpessoais5. Qualidades Positivas6. Complementaridade7. Reciprocidade

- Agressão: Comportamento que visa causar danos físicos ou psicológicos a alguém e que se reflete a intenção de destruir.

Quanto à intenção do sujeito temos a agressão hostil – envolve emoção e impulsividade e visa causar danos a outrem -, e a agressão instrumental – visa um objetivo que, para ser atingido, pode ou não causar danos, é planeada logo não é impulsiva.

Quanto ao alvo há a agressão direta – dirige-se ao objeto que justifica a agressão -, a agressão deslocada – o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem -, e a autoagressão.

Quanto à forma de expressão temos a agressão aberta – agressão explícita -, a agressão dissimulada – recorre a meios não abertos ou não

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explícitos, como o sarcasmo e cinismo -, e a agressão inibida – o sujeito não manifesta a agressão e guarda rancor.

Origem da agressividade – Inata ou produto da aprendizagem?

Freud – A agressividade tem origem nas pulsões inatas (pulsões de vida – manutenção do individuo e pulsões sexuais -, e pulsões de morte – autodestrutivas, explicam os comportamentos agressivos). Se fossemos imortais não haveria guerra nem comportamentos agressivos;

Lorenz – A agressividade está programada geneticamente e é ativada por impulsos específicos. O ser humanos não a consegue regular e ela é fundamental à sua preservação;

Dollard – A agressividade é provocada pela frustração; Bandura – Os comportamentos agressivos são fruto da aprendizagem

social (observação e imitação desses comportamentos), já que se adquirem no processo de socialização.

Pode concluir-se que a agressão se relaciona com fatores de carater orgânico (envolve vários processos fisiológicos), o que não significa que o ser humano esteja geneticamente programado para desenvolver comportamentos agressivos. Fatores relacionados com o meio social, com a aprendizagem e com as experiências pessoais têm um papel fundamental na expressão da agressão.

A flexibilidade e a plasticidade do ser humanos leva-o a escapar a programas fechados e deterministas. Os esquemas inatos são flexíveis e moldáveis, como com a agressividade. A sua manifestação e expressão relaciona-se com o contexto social. A predisposição para a agressividade pode ser estimulada ou inibida. A agressão explica-se pela interação complexa de vários fatores:

Mecanismo biológicos; Álcool e drogas; Cultura; Mass media; Frustração, provocações, insultos e humilhações.

- Intimidade: Experiência que implica entre ambas as partes uma forte vivência, um grande envolvimento e uma comunicação profunda, na qual

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se partilham sentimentos, pensamentos e experiencia, criando, assim, uma relação de abertura, sinceridade e confiança.

As relações íntimas são um tipo particular de interação social que se manifesta em diferentes níveis dependendo das pessoas com quem nos relacionamos. Nem todas as pessoas mantêm ou estabelecem essas relações, devido à sua história pessoa, personalidade e experiencia.

As relações de intimidade não são todas iguais, havendo uma dimensão relacional e uma dimensão pessoal (personalidade, história de vida, contexto da vida em que se encontra). Podem, então, considerar-se cinco tipos de dimensão de intimidade:

1. Social (ter amigos);2. Sexual (partilhar contacto físico e/ou sexual);3. Emocional (proximidade de sentimentos, compreensão e apoio);4. Intelectual (partilha de ideias, conceções, teorias);5. Lúdica (partilhar tempos livres e de lazer e gostos comuns).

As relações interpessoais íntimas são, geralmente, relações intensas, duradouras, frequentes, nas quais é privilegiada a comunicação de sentimentos, crenças, dados pessoais e afetos.

As componentes das interações íntimas são as interações verbais – comunicação através da palavra -, e as interações não-verbais – manifestam-se através da proximidade física, do toque, da postura, da troca de olhares, das expressões faciais, e têm graus diferentes.

O contexto social condiciona, através das convenções sociais, as relações de intimidade e as suas expressões (amizade e amor, neste caso).

Intimidade e Amizade

Uma relação de amizade é pessoal, informal, voluntária, que envolve reciprocidade e atração pessoal, que facilita os objetivos que os envolvidos querem atingir, é positiva e de longa duração. Estas relações envolvem reciprocidade (há expetativas que quando não são atingidas podem comprometer a relação) e privilegiam qualidades como a confiança, a lealdade, o carinho e afeto.

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As relações de amizade correspondem a um importante suporte psicológico e a sua rutura pode ser um fator de grande perturbação. As amizades variam segundo um conjunto de fatores: Idade, Género, Contexto Social e Características Individuais.

Intimidade e Amor

O amor, ao contrário de gostar, inclui uma excitação e interesse noutra pessoa, uma oscilação de emoções e vários elementos de paixão. Dentro dele existe o amor apaixonado e o amor companheiro.

O amor apaixonado é um estado de envolvimento muito intenso, no qual existe um sentimento intenso e repentino de “amar”, um desejo de amor mútuo, de proximidade física e de medo que a relação acabe e onde intervém a excitação e o desejo sexual.

O amor companheiro é uma amizade muito íntima de ternura, cuidado e respeito mutos e de atração meramente platónica, onde existe um forte afeto pelas pessoas com quem temos essas relações fortes (familiares, amigos íntimos).

O amor tem três dimensões:

1. Intimidade – Sentimentos que visam a proximidade emocional, a união, a compreensão mútua e a partilha (Componente emocional);

2. Paixão – Intenso desejo sexual, vontade imensa de estar com o outro (Componente motivacional);

3. Compromisso – Intensão de um comprometimento em manter uma relação amorosa (Componente cognitiva).

O amor consumado integraria as três componentes.

ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO

- Estereótipos: São crenças que dão uma imagem simplificada das características de um grupo ou dos membros de um grupo; São formas rígidas e esquemáticas de pensar que resultam de processos de simplificação e que se generalizam a todos os elementos do grupo (p.e. Os alemães são sérios).

Estereótipos e Categorização

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Os estereótipos aprendem-se no processo de socialização e correspondem a um processo de categorização social que ter a função de simplificar a interpretação que fazemos do real, de modo a orientarmo-nos na vida social e a assegurar a integração social.

As funções dos estereótipos

Função sociocognitiva – Ao categorizar a realidade social, transmitem dados que promovem a nossa adaptação;

Função socioafetiva – Dão um sentimento de identidade social ao grupo que os partilha, reforçando o sentimento do “nós” por oposição aos “outros” e a identidade do nosso grupo. Ao desenvolver uma imagem negativa dos outros, os estereótipos contribuem para reforçar a identidade positiva do nosso grupo.

Os estereótipos caracterizam-se por simplificar, uniformidade, tonalidade afetiva (nunca é neutro), durabilidade e constância, e pregnância (grau de adesão varia – superficial até profunda).

- Preconceitos: São atitudes que envolvem um pré-juízo, um pré-julgamento, geralmente negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais.

O preconceito tem como base a categorização social e distinguem-se do estereótipos porque não se limita a atribuir características a um determinado grupo ou pessoa: envolve uma avaliação, frequentemente negativa. Subjacente ao estereótipo está o preconceito, já que o estereótipo fornece os elementos cognitivos e o preconceito acrescenta-lhes uma componente afetiva/avaliativa constituída, normalmente, por sentimentos negativos. O preconceito é uma disposição adquirida cujo objetivo é uma diferenciação social. Eles aprendem-se no processo de socialização e uma vez adquiridos é difícil abandoná-los.

O preconceito tem três componentes:

Componente cognitiva – Corresponde a um estereótipo geralmente negativo que se formula face a um grupo social;

Componente afetiva – Refere-se aos sentimentos que se experimentam relativamente ao objeto do preconceito;

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Componente comportamental – Refere-se à orientação do comportamento face à pessoa ou grupo.

Nos preconceitos predominam a função socioafetiva, assumindo, frequentemente, posições radicais contra grupos sociais, o que podem levar a atos de discriminação.

- Discriminação: Comportamento que decorre do preconceito (atitude) e que, no limite, pode conduzir à eliminação física do objeto da discriminação.

As atos discriminatórios são intencionais e assentam em distinções injustas e injuriosas relativamente a uma pessoa ou a um grupo social.

Na base da discriminação está o preconceito que a fundamenta, seja ele racial, sexista, religioso, etc.

Os comportamentos discriminatórios manifestam-se com mais intencionalidade em períodos de crise económica ou social: o sentimento de impotência leva a que dirijam sentimentos negativos e a agressividade contra grupos ou pessoas inocentes.

A discriminação pode ir desde uma atitude de evitamento até a comportamentos hostis e a agressões aos indivíduos e grupos visados (outsiders – estão à margem ou fora do sistema social reconhecido).

A discriminação pode ser positiva quando nos referimos às medidas que pretendem apoiar aqueles que sofrem a exclusão económica, física e/ou social.

Discriminação e Autoestima

Os grupos frequentemente discriminados acabam por partilhar juízos negativos sobre si próprios – baixa autoestima.

CONFLITO E COOPERAÇÃO

- Conflito: Tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis entre eles.

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A situação de conflito pode assumir o carater de conflito intrapessoal (interno), conflito interpessoal (entre pessoas) e conflito intergrupal (entre grupos).

Conflito e relação

O conflito apenas ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes, e pode ser visto de uma perspetiva positiva.

A vivência e a ultrapassagem dos conflitos correspondem a processo de desenvolvimento pessoal e grupal, já que depois de ultrapassados, favorecem respostas mais adaptadas.

Os conflitos têm aspetos negativos porque correspondem a períodos de tensão e de insatisfação das pessoas e dos grupos sociais, e têm aspetos positivos porque o confronto é gerador de mudança, que é o fundamento da evolução e do desenvolvimento social.

Os conflitos são vistos como estados de relacionamento inerentes à vida social.

Conflito e identidade grupal

O conflito entre os dois grupos implicava uma aplicação das ocorrências em que o endogrupo era encarado como “bom” e o exogrupo era avaliado como “mau”. O conflito gera avaliações que atribuem ao próprio grupo comportamentos positivos decorrentes das suas características, sendo que qualquer aspeto negativo é atribuído a causas externas ao grupo e decorrentes da situação ou ao outro grupo (exogrupo).

Os conflitos intergrupais reforçam a identidade grupal, aumentam a coesão do endogrupo, o que pode aumentar a rejeição do exogrupo. Estes sentimentos relacionam-se com o desenvolvimento dos preconceitos e da discriminação.

Os conflitos impedem a estagnação, podendo estimular o surgimento de novas ideias e estratégias, o que integrará os grupos na sociedade de forma mais adequada, ajustada e dinâmica.

Conflito e cooperação

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A superação de conflitos será alcançada mais facilmente se o contacto envolver a cooperação, a entreajuda e a interdependência e não só o simples contacto entre grupos hostis.

- Cooperação: Acão conjunta que implica a colaboração dos envolvidos para se atingir um objetivos comum.

Conflito e mediação

- Mediação: Forma de resolver um conflito recorrendo a uma outra parte – mediador – que não está envolvida no conflito.

A mediação pode ocorrer no meio familiar, laboral e nas relações internacionais. O papel do mediador é promover a comunicação entre as partes em conflito.

Etapas: Conflito – Decide recorrer a uma mediação – Método usado – Resultados da mediação (Se não solucionar o problema, começa-se o processo de novo).

Conflito e negociação

- Negociação: Processo de resolução de conflitos em que as partes intervenientes, voluntariamente, procuram construir um acordo no sentido de impedir o desenvolvimento da hostilidade para fases mais agudas e que visa evitar a confrontação direta.

A cooperação, a mediação e a negociação são os meios a que se recorre para se ultrapassarem conflitos.

Inter-relações entre os contextos

REDES SOCIAIS

Cada individuo possui uma rede de pessoas a quem está ligado e com quem se relaciona. Ligamo-nos a ela através de comportamentos ou interações particulares.

Todas as pessoas têm diferentes redes sociais, já que eles variam quanto à dimensão, à coesão, à quantidade de apoio de que necessitem, etc.

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- Rede social: Conjunto das ligações entre pessoas, às relações e interações particulares que estabelecem entre si.

Para além de providenciarem ou requisitarem apoio material ou afetivo, as redes sociais são fontes de informação sobre o contexto, sobre o que é esperado de cada um, o modo como se podem ou devem comportar em certas situações, etc.

Da múltipla informação contextual veiculada no seio das redes sociais, salientam-se os valores e normas partilhados que orientam as interações e que concorrem para a adaptação e regulação das ações das pessoas nos seus contextos socioculturais.

As redes sociais influenciam o desenvolvimento e o comportamento dos indivíduos.

O papel contextos no comportamento dos indivíduos

As influências dos contextos da vida nas pessoas são sempre dinâmicas e as suas consequências, no desenvolvimento dos indivíduos, dependem das características pessoais e da forma como cada um interpreta a sua posição.

No desenvolvimento do individuo tem-se em conta quatro dimensões:

Pessoa – Características pessoais, contexto cultural e história pessoal; Contexto – Microssistema, mesossistema, exossistema e

macrossistema; Processo – Interações reciprocas entre ambiente e pessoa; Tempo – Tempo pessoal, sequência histórica dos acontecimentos.

A adaptação, a plasticidade e a possibilidade de mudança desempenham um papel fundamental no desenvolvimento.

Modelo bioecológico – Brofenbrenner passou a dar maior enfase a papel do individuo nos contextos e à importância dos microssistemas no processo de desenvolvimento.

Processos proximais – Interações que decorrem nos microssistemas em que se insere o individuo.