Psicologia Da Saãšde

13
PSICOLOGIA DA SAÚDE: EXTENSÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE, ENSINO E PESQUISA M. Cristina O. S. Miyazaki 1 , Neide Ap. Micelli Domingos, Nelson I. Valerio, Ana Rita Ribeiro dos Santos e Luciana Toledo Bernardes da Rosa Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP O trabalho de psicólogos na área da saúde vem se desenvolvendo de forma crescente. O objetivo deste relato é descrever o desenvolvimento e estágio atual do Serviço de Psicologia do Hospital de Base da FAMERP, iniciado em 1981 com a contratação de uma psicóloga para atuar na enfermaria de Pediatria. Atualmente, o hospital conta com 40 psicólogos (docentes, contratados e aprimorandos) desenvolvendo atividades de extensão de serviços à comunidade, ensino e pesquisa em Psicologia da Saúde. A atuação abrange os níveis primário, secundário e terciário de atendimento e é realizada no ambulatório, no hospital, em Centro de Saúde Escola e na comunidade, principalmente em equipes interdisciplinares. O ensino envolve aulas para os cursos de graduação em medicina e enfermagem, estágio para alunos de psicologia, um Programa de Aprimoramento em Psicologia da Saúde, Cursos de Extensão, de Especialização e docência e orientação no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (mestrado e doutorado) da FAMERP. As pesquisas visam principalmente o estudo das relações entre comportamento e saúde, abordando temas como promoção da saúde, prevenção e auxílio no tratamento e manejo de doenças. Embora a área esteja em expansão, é preciso pensar que a manutenção da credibilidade e do espaço conquistado dependem de uma sólida formação profissional, de um desempenho ético e do desenvolvimento de pesquisas na área. Descritores: Psicologia da saúde. Ensino. Pesquisa. Hospital. Serviços de saúde. O Serviço de Psicologia do Hospital de Base da FAMERP 2 : breve histórico Em 1981, os docentes do Departamento de Pediatria do Hospital de Base da FAMERP, preocupados com os problemas comportamentais apresentados por crianças que permaneciam internadas durante longos períodos, solicitaram a contratação de uma psicóloga para atuar na enfermaria pediátrica. A organização de locais de lazer para as crianças internadas, na enfermaria e no pátio do hospital, bem como a avaliação de crianças mediante solicitação de parecer feita pelos pediatras, constituíram o início da estruturação do atual Serviço de Psicologia da instituição. As atividades inicialmente realizadas baseavam-se em um modelo clínico de atuação (ex.: diagnóstico, orientação de pais), compatível com a formação desta primeira psicóloga. O aprimoramento desta profissional por meio de supervisões, especialização (Terapia Comportamental), mestrado e doutorado, concomitantemente à contratação de novos profissionais e ampliação das áreas de atuação, combinando ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade, contribuíram para o crescimento do serviço, que foi constantemente modificado para adequar-se às necessidades da instituição. Apesar de conhecimentos em psicologia clínica serem fundamentais para a atuação na saúde, estes são insuficientes para o desenvolvimento do trabalho na área (Belar & Deardorff, 1995; Miyazaki, 1999a; Miyazaki & Amaral, 1995). Como os psicólogos contratados por meio de concursos ao longo dos anos continuavam a utilizar um modelo essencialmente clínico em uma instituição que exigia ajustes e aprimoramento profissional contínuos, a formação de profissionais com habilidades para o trabalho

description

.

Transcript of Psicologia Da Saãšde

PSICOLOGIA DA SADE: EXTENSO DE SERVIOS COMUNIDADE, ENSINO E PESQUISA

M. Cristina O. S. Miyazaki1, Neide Ap. Micelli Domingos, Nelson I. Valerio, Ana Rita Ribeiro dos Santos e Luciana Toledo Bernardes da RosaFaculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto - FAMERPO trabalho de psiclogos na rea da sade vem se desenvolvendo de forma crescente. O objetivo deste relato descrever o desenvolvimento e estgio atual do Servio de Psicologia do Hospital de Base da FAMERP, iniciado em 1981 com a contratao de uma psicloga para atuar na enfermaria de Pediatria. Atualmente, o hospital conta com 40 psiclogos (docentes, contratados e aprimorandos) desenvolvendo atividades de extenso de servios comunidade, ensino e pesquisa em Psicologia da Sade. A atuao abrange os nveis primrio, secundrio e tercirio de atendimento e realizada no ambulatrio, no hospital, em Centro de Sade Escola e na comunidade, principalmente em equipes interdisciplinares. O ensino envolve aulas para os cursos de graduao em medicina e enfermagem, estgio para alunos de psicologia, um Programa de Aprimoramento em Psicologia da Sade, Cursos de Extenso, de Especializao e docncia e orientao no Programa de Ps-Graduao em Cincias da Sade (mestrado e doutorado) da FAMERP. As pesquisas visam principalmente o estudo das relaes entre comportamento e sade, abordando temas como promoo da sade, preveno e auxlio no tratamento e manejo de doenas. Embora a rea esteja em expanso, preciso pensar que a manuteno da credibilidade e do espao conquistado dependem de uma slida formao profissional, de um desempenho tico e do desenvolvimento de pesquisas na rea.Descritores: Psicologia da sade. Ensino. Pesquisa. Hospital. Servios de sade.

O Servio de Psicologia do Hospital de Base da FAMERP2: breve histricoEm 1981, os docentes do Departamento de Pediatria do Hospital de Base da FAMERP, preocupados com os problemas comportamentais apresentados por crianas que permaneciam internadas durante longos perodos, solicitaram a contratao de uma psicloga para atuar na enfermaria peditrica. A organizao de locais de lazer para as crianas internadas, na enfermaria e no ptio do hospital, bem como a avaliao de crianas mediante solicitao de parecer feita pelos pediatras, constituram o incio da estruturao do atual Servio de Psicologia da instituio.

As atividades inicialmente realizadas baseavam-se em um modelo clnico de atuao (ex.: diagnstico, orientao de pais), compatvel com a formao desta primeira psicloga. O aprimoramento desta profissional por meio de supervises, especializao (Terapia Comportamental), mestrado e doutorado, concomitantemente contratao de novos profissionais e ampliao das reas de atuao, combinando ensino, pesquisa e extenso de servios comunidade, contriburam para o crescimento do servio, que foi constantemente modificado para adequar-se s necessidades da instituio.

Apesar de conhecimentos em psicologia clnica serem fundamentais para a atuao na sade, estes so insuficientes para o desenvolvimento do trabalho na rea (Belar & Deardorff, 1995; Miyazaki, 1999a; Miyazaki & Amaral, 1995). Como os psiclogos contratados por meio de concursos ao longo dos anos continuavam a utilizar um modelo essencialmente clnico em uma instituio que exigia ajustes e aprimoramento profissional contnuos, a formao de profissionais com habilidades para o trabalho na sade comeou a ser pensada e planejada, sendo implementada no incio da dcada de 90 com o Programa de Aprimoramento Profissional (PAP), subsidiado pelo governo do estado de So Paulo. Este programa, denominado Programa de Aprimoramento em Psicologia da Sade, atualmente com durao de dois anos, utiliza um modelo de formao baseado no treinamento em servio, que combina prtica e iniciao pesquisa em Psicologia da Sade.

Com as mudanas freqentes no estilo de funcionamento do Servio de Psicologia para adequar-se s demandas institucionais e evoluo do conhecimento na rea, permaneceram na instituio apenas os psiclogos interessados em um trabalho que envolvesse assistncia, ensino e pesquisa em Psicologia da Sade. Com a sada dos psiclogos com formao clnica, novos profissionais foram sendo contratados entre aqueles que concluam o Programa de Aprimoramento em Psicologia da Sade (PAP), contrataes autorizadas pela administrao do hospital mediante a apresentao da relao custos/benefcios das atividades a serem desenvolvidas. Atualmente, o servio constitudo principalmente por egressos do Programa de Aprimoramento em Psicologia da Sade da FAMERP. Estes so incentivados a continuar sua formao com cursos de mestrado e doutorado, dando portanto continuidade poltica de aprimoramento constante dos profissionais do servio.

O PAP, associado poltica de aprimoramento constante dos supervisores, levou a um aumento gradual de pesquisas nas diversas reas de atuao. Dissertaes de mestrado e teses de doutorado dos supervisores foram elaboradas com base em questes de interesse do servio e da instituio, como problemas associados ao manejo de doenas crnicas (Bernardes da Rosa, 1998; Miyazaki, 1993), relao entre comportamento e doenas especficas (Valrio, 1996), preparo de pacientes para procedimentos mdicos invasivos (Domingos, 1993), estresse em profissionais da sade (Pucci, 1999), estruturao de programa de atendimento para alunos (Miyazaki, 1997), produo cientfica (Domingos, 1999). Estas teses e dissertaes levantaram necessidades, auxiliaram a delinear programas de interveno e avaliaram programas existentes.

A atual estrutura e o funcionamento do Servio de Psicologia do Hospital de Base da FAMERP sero descritos a seguir.

Servio de Psicologia: estrutura atualOs psiclogos da instituio esto organizados em um nico Servio, atualmente ligado ao Departamento de Psiquiatria e Psicologia. Embora em muitas instituies os psiclogos estejam formalmente ligados aos diferentes departamentos ou servios onde exercem suas atividades (ex: clnica mdica, cirurgia), a unio de todos emumservio, ligado aumdepartamento favorece o estabelecimento de uma poltica para o desenvolvimento da rea, fortalece o grupo e possibilita maior integrao no desenvolvimento de atividades de extenso, ensino e pesquisa. Considerar constantemente as oportunidades e obstculos presentes no estabelecimento, manuteno e expanso do trabalho do psiclogo em faculdades de medicina e contextos de sade uma questo sria, da qual depende o futuro da rea (Sheridan, 1999).

A administrao do servio realizada por uma chefe e uma sub-chefe, por coordenadores cientficos, por supervisores de reas e por coordenadores de ensino, estes ltimos responsveis pelos estgios, pelo Programa de Aprimoramento Profissional, pelos Cursos de Extenso (nove cursos em 2000), pelo Curso de Especializao em Terapia Comportamental e Cognitiva (ministrado pela primeira vez em 2000), pelas atividades desenvolvidas nos cursos de graduao em medicina e enfermagem e no Curso de Ps-Graduao em Cincias da Sade (mestrado e doutorado).

Todos os psiclogos desenvolvem grande parte de suas atividades como membros de equipes interdisciplinares, em especialidades ou reas mdicas. As atividades destes profissionais incluem avaliao e acompanhamento de pacientes (individualmente ou em grupos), delineamento e implementao de programas de preveno, ensino/superviso e desenvolvimento de pesquisas.

O papel do psiclogo varia entre as equipes e sua atuao ocorre em diferentes contextos, como ambulatrio, enfermarias, Servio de Pronto Atendimento e Emergncia, Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), centro cirrgico, Centro de Sade Escola, comunidade e faculdade. ATabela 1fornece uma amostra de atividades desenvolvidas pelos psiclogos da instituio

Uma descrio das atividades desenvolvidas em algumas reas ser realizada a seguir e pode auxiliar a compreender exatamente "o que fazem" os psiclogos da instituio.

Atuao do Psiclogo na PediatriaO atendimento em Psicologia Peditrica constitui o marco inicial do trabalho do psiclogo na instituio. Duas psiclogas supervisoras, duas aprimorandas e duas estagirias desenvolvem atualmente o trabalho da psicologia na pediatria.

Psicologia Peditrica uma sub-rea da Psicologia da Sade que integra o atendimento, o ensino e a pesquisa de questes relacionadas sade e aos problemas fsicos, mentais e de desenvolvimento de crianas e seus familiares. Abrange

as relaes entre o bem-estar fsico e psicolgico de crianas e adolescentes, inclusive: compreenso, avaliao e interveno de transtornos do desenvolvimento; avaliao e tratamento de problemas comportamentais e emocionais concomitantes doena; o papel da psicologia na medicina peditrica; promoo da sade e do desenvolvimento; e a preveno de doenas e ferimentos entre crianas e jovens. (Roberts, LaGrecca, & Harper, 1988, p. 2)

ATabela 2contm um resumo das atividades desenvolvidas pelos psiclogos do servio junto pediatria do Hospital de Base. O preparo de crianas submetidas a cirurgias eletivas e o trabalho realizado na unidade de oncologia peditrica sero descritos com mais detalhes.

O procedimento de preparo para cirurgias eletivas realizado no ambulatrio de cirurgia peditrica. Na vspera da cirurgia, paciente peditrico e cuidador (geralmente a me) comparecem ao ambulatrio para que o mdico certifique-se de que a criana no apresenta nenhum problema que impea a realizao da cirurgia. Confirmada a cirurgia, cuidador e criana so encaminhados psicologia. Utilizando um livro de histria (Domingos, 1993), a psicloga orienta e discute com os pais e criana os passos envolvidos no procedimento cirrgico, desde o momento da internao at a alta hospitalar. Quando necessrio (ex: intensa ansiedade por parte da criana ou cuidador), uma interveno delineada de acordo com as necessidades (ex: relaxamento), a psicloga acompanha o paciente at o centro cirrgico e atua como ligao entre equipe cirrgica e pais.

O livro de histria utilizado para orientao do tipo brochura, em preto e branco, e fornecido criana para colorir. Foi elaborado por psicloga do Servio, comparado a outro mtodo de preparo (filme) e considerado superior, principalmente porque permanece com a criana, que o leva para casa e tem oportunidade de manusear repetidamente o material antes do procedimento.

Alm de atuar junto a pacientes com problemas cirrgicos, o atendimento a pacientes portadores de doenas crnicas tambm freqentemente realizado na pediatria e pode ser exemplificado com a atuao do psiclogo na equipe de oncologia.

A interveno em oncologia peditrica visa atender as necessidades da criana e de seus cuidadores, de acordo com as fases do tratamento. Os objetivos do atendimento realizado na rea (e algumas estratgias utilizadas) so: 1) auxiliar a famlia a obter informaes e a compreender o diagnstico e tratamento (so utilizadas informaes claras e objetivas com o uso de manuais, histrias e material ldico, adequadas s necessidades individuais); 2) avaliar habilidades do cuidador para compreender e processar as informaes necessrias para o tratamento; 3) ensinar estratgias para lidar com as necessidades bsicas da criana (recreao, relaxamento, informaes ou descanso); 4) preparar para procedimentos invasivos necessrios para o tratamento; 5) utilizar tcnicas psicoeducacionais para aumentar o conhecimento e fornecer habilidades para a resoluo de problemas especficos do tratamento (ex: prevenir infeces); 6) eliminar crenas irracionais que possam prejudicar a adeso ao tratamento.

A criana e sua famlia so acompanhadas durante todas as internaes, na sala de quimioterapia e no grupo de sala de espera do ambulatrio, onde so realizados dois grupos simultaneamente, um com as mes e um com as crianas. A psicologia tambm atua na casa de apoio (AMICC - Associao dos Amigos da Criana com Cncer), onde permanecem hospedados crianas e familiares que no residem na cidade, durante o diagnstico e tratamento. Na AMICC, o psiclogo responsvel pelo treinamento dos voluntrios e participa ativamente de campanhas para arrecadar fundos para a manuteno da associao.

Psiclogos atuam tambm em equipes que atendem adultos, atividade exemplificada com o trabalho desenvolvido junto equipe interdisciplinar de transplante de fgado, discutido a seguir.

Atuao em reas cirrgicas: o trabalho desenvolvido na equipe de transplante de fgadoOs resultados promissores dos transplantes de rgos levaram a uma demanda crescente por estes procedimentos. Atualmente, critrios mdicos e psicossociais so utilizados para avaliar candidatos a transplante de rgos slidos com os seguintes objetivos: identificar aqueles com maior probabilidade de se beneficiarem do procedimento, reduzir riscos, maximizar os benefcios da cirurgia e utilizar de forma conscienciosa um escasso recurso de sade (Lucey, 1994; Olbrish & Levenson, 1995).

A avaliao psicolgica faz parte do protocolo de avaliao de candidatos a transplante da Unidade de Transplante de Fgado do Hospital de Base e realizada por uma psicloga supervisora e dois aprimorandos (Pagotto, 2000).

Quando um paciente atendido no ambulatrio de transplante de fgado, aps a avaliao mdica inicial, considerado possvel candidato ao procedimento, encaminhado para avaliao por todos os profissionais que integram a equipe: mdicos (clnicos, cirurgies, gastroenterologista, cardiologista, intensivista e anestesista), fisioterapeuta, psiclogos, assistente social e dentista. Semanalmente, h uma reunio da equipe para discutir as avaliaes realizadas e definir acerca do encaminhamento (ou no) do paciente para lista de espera por um rgo (Miyazaki, 1999b).

A avaliao psicolgica visa obter dados acerca do funcionamento global do paciente (funcionamento cognitivo, estilo interativo, presena de transtornos mentais, estratgias de enfrentamento e habilidades ou "pontos fortes"), da presena de suporte social e histria anterior de adeso a tratamentos. Alm disso, a avaliao psicolgica identifica a compreenso que paciente e familiares tm acerca do procedimento (riscos e encargos envolvidos, prognstico na ausncia de cirurgia, limitaes e necessidade de um extenso programa de reabilitao ps-transplante), das expectativas e estratgias para enfrentar perodos de intenso estresse e dos recursos disponveis. Estes dados so obtidos junto ao paciente e familiares por meio de entrevistas, questionrios e inventrios, a partir dos quais um relatrio da avaliao psicolgica elaborado e anexado ao pronturio, sendo sua sntese apresentada na reunio semanal da equipe.

De acordo com a literatura na rea, os critrios psicossociais que parecem contra-indicar o procedimento so esquizofrenia em fase ativa, demncia, retardo mental grave e abuso atual de substncias, embora os critrios e o peso atribudo a cada um variem entre os diferentes programas (Chacko, Harper, Kunik, & Young, 1996). Uma anlise dos primeiros 53 pacientes (38 do sexo masculino e 15 do sexo feminino; IM:45,69; DP:11,16) avaliados pela equipe de transplante de fgado da FAMERP indicou que 29 tinham histria de abuso de substncias, principalmente lcool (Miyazaki et al., 2000a, 2000b). Este dado compatvel com a literatura sobre a associao entre abuso do lcool e necessidade de um transplante de fgado, levando a equipe a delinear um programa de preveno do abuso do lcool (Longo Jr., Zanin, Da Silva, Silva, & Nasser, 1999). Assim, o atendimento, a formao profissional (aprimoramento em Psicologia da Sade) e o desenvolvimento de pesquisas que avaliam e norteiam intervenes so realizados concomitantemente.

Ao expor os dados acerca da avaliao psicolgica de candidatos ao transplante, o psiclogo aponta possveis riscos e benefcios para cada paciente, sem concluir acerca de sua adequao ou no para o procedimento. Indicar ou contra-indicar o transplante uma concluso da equipe, aps avaliar cuidadosamente prs e contras do procedimento para cada paciente. A equipe considera que cada paciente selecionado utilizar "enorme quantidade de recursos da instituio e ir requerer um compromisso definitivo em relao monitorizao e cuidados de sade" (Riether & Mahler, 1994, p.574). Uma seleo adequada auxilia portanto na reduo de possveis complicaes, possibilita melhorar qualidade e quantidade de vida dos pacientes transplantados e reduz custos para a instituio e para o sistema de sade (Robertson, 1999; Sette Jr., Lopes Neto, & Barros, 1997).

Alm de avaliar, acompanhar e intervir individualmente junto aos pacientes e seus familiares, um grupo de sala de espera (Santos & Miyazaki, 1999) realizado semanalmente antes da consulta mdica do ambulatrio de transplante de fgado. Este grupo, coordenado pela Psicologia, fornece oportunidade para pacientes em lista de espera, pacientes j transplantados e familiares, interagirem e trocarem informaes acerca de suas experincias, dificuldades e estratgias de enfrentamento utilizadas.

Alm da equipe de transplante de fgado, psiclogos da instituio participam tambm das equipes de transplante renal, transplante de medula ssea e transplante cardaco. Pesquisas na rea vm sendo realizadas e podero responder importantes questes sobre o impacto do trabalho do psiclogo na rea, bem como sobre a adequao dos recursos utilizados na avaliao e interveno junto aos pacientes e familiares.

Atuao da Psicologia junto Clnica Mdica: o trabalho na oncologiaA atuao da Psicologia junto clnica mdica est estruturada em equipes interdisciplinares como Oncologia, Nefrologia, Doenas Infecto-Parasitrias (DIP), Dermatologia, Gastroenterologia, Psiquiatria, Gentica, Endocrinologia, UTI Geral, Cardiologia, Emergncia e Clnica Mdica Geral.

Na oncologia, o contato inicial do psiclogo com pacientes com diagnstico de cncer realizado no ambulatrio de oncologia e hematologia durante a consulta mdica, principalmente quando o paciente est recebendo o diagnstico e iniciando o tratamento. O paciente participa de um programa educacional estruturado antes de iniciar o tratamento quimioterpico e acompanhado pelo psiclogo durante a continuidade das sesses. Na central de quimioterapia ou no leito, os pacientes so orientados e acompanhados durante o diagnstico e tratamento. A famlia tambm recebe orientaes e atendimento individual ou em grupo, dependendo das necessidades de cada caso.

As intervenes implementadas pelo psiclogo junto a estes pacientes envolvem o preparo para procedimentos invasivos, como o mielograma (exame de puno realizado no diafragma), puno ssea (realizado no quadril), intratecal (coleta da medula realizada no centro cirrgico) e as freqentes punes venosas, necessrias para realizar a quimioterapia. Alm disso, estratgias para controle do vmito antecipado e da dor so tambm utilizadas junto a estes pacientes.

As orientaes e intervenes realizadas pela psicologia junto a estes pacientes visam auxiliar no manejo e preveno dos efeitos colaterais do tratamento, como controle alimentar para diminuir riscos de infeco e leses bucais, hiperpigmentao da pele, etc. Um repertrio comportamental que auxilie paciente e familiares a enfrentar de forma positiva o tratamento envolve, por exemplo, a participao ativa no processo de tratamento, a mudana de cognies prejudiciais e o desenvolvimento de estratgias adequadas de enfrentamento e manejo da dor

Durante o tempo em que o paciente recebe a medicao so realizadas sesses de relaxamento com visualizao (imaginao guiada), com o objetivo de ensinar a tcnica, controlar a ansiedade e a estimulao aversiva associadas ao tratamento.

Na enfermaria, os pacientes so atendidos pelo psiclogo da Oncologia em parceria com o psiclogo da rea ou enfermaria especfica (ex: Ginecologia/Obstetrcia; Pediatria) onde o paciente encontra-se internado. Muitas vezes o paciente est ainda em processo de diagnstico, realizando procedimentos cirrgicos ou clnicos e este contato pode facilitar o vnculo com a equipe interdisciplinar e diminuir o nmero de dvidas e crenas incorretas acerca da doena e seu tratamento.

O trabalho na rea de oncologia tambm realizado na Casa de Apoio aos Pacientes com Cncer (CAPAC), onde um psiclogo participa dos grupos de orientao e fornece atendimento psicoterpico individual, quando necessrio.

A interveno psicossocial para pacientes com cncer permite o desenvolvimento de estratgias de enfrentamento frente s restries relacionadas ao tratamento e visa auxiliar na reabilitao destes pacientes.

Ainda na rea de Oncologia, o psiclogo faz parte da equipe interdisciplinar de transplante de medula ssea (TMO). Os pacientes candidatos ao procedimento e que posteriormente realizam o transplante de medula so avaliados pela psicologia e acompanhados na unidade de TMO durante todo o procedimento, bem como nas consultas mdicas subseqentes.

Alm de atuar junto a pacientes e familiares, psiclogos da instituio desenvolvem atividades junto a funcionrios, como ser descrito a seguir.

Psicologia e a Sade do TrabalhadorO interesse pela preservao da sade do trabalhador tem aumentado em relao a outras pocas da histria e a converso do potencial humano de uma empresa em realizaes um dos principais desafios atuais.

A equipe interdisciplinar que integra o Centro de Atendimento ao Trabalhador (CEAT) composta por engenheiro de segurana do trabalho, mdicos do trabalho, enfermeiros, assistentes sociais e psiclogos.

O atendimento psicolgico est disponvel para os funcionrios da instituio que apresentam problemas relacionados ao prprio trabalho ou de outra ordem (ex: diagnstico de um transtorno mental). O atendimento realizado em grupos ou individualmente, dependendo do problema e de uma avaliao individual realizada previamente. O atendimento individual focado no problema e os grupos so organizados conforme as queixas mais freqentes. Alguns dos grupos atualmente em funcionamento visam desenvolver estratgias adequadas de manejo dos seguintes problemas: depresso, estresse, hipertenso arterial e doenas ocupacionais.

Alm do atendimento individual e em grupos, programas preventivos so extremamente importantes e vm sendo delineados, implantados e avaliados pelos profissionais do CEAT. Um exemplo deste tipo de atividade o Programa de Preveno de Risco Ambiental, do qual participam todos os setores da Instituio. Este programa visa identificar a vulnerabilidade do trabalhador para doenas ocupacionais, contribuir para o controle da alta rotatividade nos setores, desenvolver e aprimorar a produtividade e a qualidade dos servios de sade prestados comunidade.

Outra forma de prestar servios comunidade, principalmente em termos preventivos, ocorre no trabalho desenvolvido nas Unidades Bsicas de Sade.

Atuao em Unidade Bsica de Sade (UBS)A formao de profissionais da sade deve prever atividades ligadas assistncia primria, secundria e terciria. Para fornecer assistncia primria e secundria de sade, a FAMERP dispe de uma Unidade Bsica de Sade (UBS) ou Centro de Sade Escola, onde os alunos, sob a superviso de profissionais, participam de programas preventivos. O atendimento psicolgico nesta UBS realizado por supervisores e aprimorandos e inclui atividades como orientao profissional, orientao de pais, de grupos de gestantes, de pacientes portadores de doenas crnicas (ex: diabetes e hipertenso) e o Programa de Sade da Famlia. O atendimento integral ao hipertenso ser descrito brevemente a seguir, como modelo de atuao do psiclogo em uma UBS.

Este programa visa diagnosticar, tratar e acompanhar indivduos com hipertenso arterial, oferecendo orientaes e esclarecimentos ao paciente e a sua famlia sobre a doena e seu tratamento. A equipe interdisciplinar composta por clnico geral, psicloga, enfermeira, assistente social e visitador sanitrio.

Aps o diagnstico, o paciente convidado para participar de um grupo educativo, concomitante ao incio do tratamento. Neste grupo, composto de sete sesses e cujos participantes so os mesmos durante todo o programa, so desenvolvidas atividades voltadas integrao psicolgica e acompanhamento clnico do quadro de hipertenso.

Todos os pacientes que participaram deste primeiro grupo so convidados a uma segunda fase do programa, concomitante aos retornos ambulatoriais para a consulta mdica de rotina. Neste segundo momento, alm dos procedimentos de controle clnico, os pacientes discutem a respeito da doena e da importncia e necessidade do controle da hipertenso para a qualidade de vida pessoal e profissional. As atividades so desenvolvidas em grupo e incluem trabalhos manuais, relaxamento, atividades ldicas, exerccios respiratrios, informaes sobre atividades fsicas e outras, sugeridas pelos prprios membros do grupo.

Alm do atendimento na UBS, visitas domiciliares so realizadas pela equipe, possibilitando um trabalho de orientao de toda a famlia.

A atuao da psicologia na UBS visa oferecer um atendimento abrangente e integrado comunidade, uma vez que a qualidade de vida est relacionada a comportamentos saudveis, adaptativos e ao estilo de vida, sendo a aquisio de habilidades de auto-cuidados um passo importante para o controle da hipertenso arterial.

Alm de atuar junto a pacientes e funcionrios, profissionais do Servio de Psicologia dedicam-se ao atendimento e preveno de problemas em futuros profissionais da sade, isto , alunos dos cursos de medicina e enfermagem, residentes e aprimorandos.

Servio de Orientao Psicopedaggica ao Aluno (SOPPA):Embora projetos anteriores de atendimento ao aluno da FAMERP tenham existido, a atual estrutura do SOPPA funciona desde 1992 ligada ao Servio de Psicologia do Hospital de Base e oficialmente sob coordenao do Servio deste 1995.O SOPPA oferece psicoterapia e orientao para alunos de medicina e enfermagem, para aprimorandos e residentes, desenvolve programas preventivos e participa de atividades eventuais junto ao corpo discente (ex.: seleo e treinamento de alunos para o Projeto Universidade Solidria).

Alm do atendimento clnico e fornecimento de orientaes, os psiclogos do SOPPA participam da Semana de Integrao de Calouros e de outras atividades que envolvem alunos. Programas de preveno tm sido tambm delineados para o atendimento dos principais problemas identificados junto aos alunos da instituio (Miyazaki, 1997) e com a atual restruturao curricular h uma proposta para incluir alguns destes programas (ex: desenvolvimento de hbitos adequados de estudo e manejo do tempo) nas atividades regularmente oferecidas aos alunos durante a graduao.

Durante os ltimos quatro anos 93 alunos da instituio foram atendidos, a maioria dos cursos de graduao em medicina e enfermagem. O aluno pode procurar espontaneamente o servio ou ser encaminhado ao SOPPA por outros alunos, professores e diretores (ex: Diretor de Alunos). Agenda a primeira entrevista com a secretria do Servio de Psicologia, avaliado por um dos psiclogos envolvidos no atendimento a alunos, orientado ou encaminhado para psicoterapia e/ou para outro profissional.

Dos 93 alunos atendidos pelo SOPPA nos ltimos quatro anos, a maioria (n:62) era do sexo feminino, com idade entre 17 e 23 anos (n:73), principalmente do curso de medicina (n:54). Os problemas atendidos com maior freqncia foram depresso (25%), dificuldades de relacionamento (22%), ansiedade (15%), incerteza quanto adequao da escolha profissional (13%) e dificuldades com hbitos de estudo e manejo do tempo (10%).

A maioria dos alunos procurou o Servio encaminhada por colegas. Aps uma avaliao inicial, foram encaminhados para psicoterapia cognitivo-comportamental (45%) ou receberam orientaes (35%).

Nos ltimos dois anos o SOPPA foi divulgado durante a Semana de Integrao de Calouros, com uma palestra sobre o servio e a apresentao de dados colhidos na instituio acerca dos principais problemas enfrentados no decorrer do curso (Miyazaki, 1997).

A literatura sobre problemas psicossociais em universitrios, o nmero de atendimentos realizados e a avaliao do servio pelos usurios indica a necessidade deste tipo de atendimento (Miyazaki, 1997). O trabalho clnico, entretanto, deve ser apenas uma parte do programa de atendimento ao aluno e programas preventivos devem prioritrios e delineados de acordo com as necessidades identificadas na instituio.

Alm das reas descritas acima, outros exemplos de atividades desenvolvidas pelos psiclogos da instituio, encontram-se apresentados de forma resumida naTabela 03.

A formao do psiclogo para atuar na sadeEmbora a Psicologia da Sade venha apresentando desenvolvimento crescente no Brasil (Amaral, 1999; Conselho Regional de Psicologia, 1995; Kerbauy, 1999b; Miyazaki & Amaral, 1995; Secretaria da Sade do Estado de So Paulo, 1997), os cursos de graduao ainda no desenvolvem no aluno um repertrio profissional compatvel com as necessidades da rea. Como a competncia profissional fundamental para atender s necessidades dos usurios do sistema de sade, para oferecer servios efetivos de extenso comunidade e para realizar pesquisas que possibilitem o desenvolvimento da rea, a preocupao com a formao profissional fundamental.

Profissionais brasileiros cujo trabalho na sade reconhecido como competente geralmente aprimoraram sua formao em cursos de ps-graduao (mestrado e doutorado) e desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extenso comunidade, fato que ressalta o importante papel da universidade em relao qualidade dos servios de psicologia prestados na rea da sade (Kerbauy, 1999a).

O modelo de formao utilizado atualmente pelo Servio de Psicologia da FAMERP inclui o oferecimento de cursos de extenso e estgio na instituio durante a graduao, seguidos pelo Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) em Psicologia da Sade subsidiado pelo Estado de So Paulo (Fundao do Desenvolvimento Administrativo [FUNDAP], 1997), conforme mostra aFigura 01.

O PAP em Psicologia da Sade da FAMERP tem dois anos de durao. Visa abordar aspectos do repertrio profissional no contemplados durante a graduao, desenvolver uma viso crtica e global do sistema de sade e as competncias necessrias para o atendimento em servios de sade. O programa foi delineado de acordo com diretrizes fornecidas pela Fundao do Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP, 1997) mas tm caractersticas prprias, compatveis com a instituio, com necessidades da comunidade e recursos disponveis.

O PAP em Psicologia da Sade da FAMERP associa prtica e iniciao cientfica na rea. O programa visa, principalmente, ensinar os aprimorandos a: ler criticamente trabalhos cientficos; identificar e descrever problemas; delinear intervenes com procedimentos apoiados em dados de pesquisa e avaliar continuamente as intervenes implementadas; desenvolver postura profissional adequada (ex: comportamento tico, clareza de expresso, postura orientada para a interveno, reconhecimento de limites, habilidades para o trabalho interdisciplinar).

Observaes do comportamento e da trajetria profissional dos membros do servio tm indicado que conhecimentos e habilidades tcnicas so imprescindveis porm insuficientes para o sucesso na rea. Alm de conhecimentos, necessrio que o psiclogo compreenda tambm o funcionamento da instituio e do prprio sistema de sade para adquirir credibilidade como profissional da rea. Alm disso, caractersticas pessoais tm sido consideradas importantes variveis para o sucesso profissional na rea. Belar e Deardorff (1995) utilizam os termos "ativo, engajado, aberto, direto, assertivo e dinmico" para descrever profissionais bem sucedidos na rea. Em uma pesquisa realizada junto a mdicos, acerca de caractersticas vistas como qualidades em psiclogos, os seguintes adjetivos foram levantados: agradvel, simptico, sensvel, emptico, interessado, disponvel, cooperativo, inteligente, aberto, perceptivo e possuidor de bom senso (Schenkenberg, Peterson, & Wood, 1981, citados por Belar & Deardorff, 1995).

Perspectivas futurasO futuro da Psicologia da Sade depende de variveis internas e externas rea.

Fatores externos, como as mudanas nos padres de morbidade e mortalidade, a evoluo do conhecimento e da tecnologia na rea mdica e a administrao do sistema de sade criam novos desafios e possibilidades de atuao para o psiclogo. Entre os fatores internos encontra-se a capacidade da rea para responder de forma adequada a estas possibilidades. Neste sentido, preciso destacar o papel da universidade na formao de profissionais que sejam capazes de associar atividades de extenso, pesquisa e ensino. O PAP da FAMERP tem feito essa associao, na medida em que aprimorandos e supervisores desenvolvem pesquisas, concomitantemente s atividades de extenso.

Utilizar estratgias de avaliao e interveno cientificamente apoiadas, avaliar intervenes utilizando metodologia cientfica, documentar custos/benefcios das intervenes em um sistema de sade onde existe presso contnua para a conteno de custos, so questes fundamentais para o desenvolvimento e fortalecimento da rea.

Miyazaki, M. C. O. S., Domingos, N. A. M., Valerio, N. I., Santos, A. R. R., & Bernardes da Rosa, L. T. (2002). Health Psychology: Extended Community Services, Education and Research.Psicologia USP,13(1), 29-53.

Abstract: Psychologists have had an increasing role in the medical area. The objective of this study is to report the development and current status of the Psychology Service at Hospital de Base, So Jos do Rio Preto Medical School (FAMERP), which started in 1981, when a psychologist was hired to work at the Pediatrics Outpatient Ward. Currently, the hospital has a staff of 40 psychologists (professors, supervisors, and residents), developing community services, education and research activities in Health Psychology. Such activities are carried out at a primary, secondary and tertiary level at the outpatient ward of the hospital and at a Medical School Health Community Center, especially with interdisciplinary teams. Teaching involves classes in post-graduation courses in medicine and nursing; internships for psychology students; a Residency Program in Health Psychology; Extension, Specialization, and Teaching Courses; and assistance to graduate students from the Post-Graduation Program in Health Sciences (masters degree and PhD) at FAMERP. Research is aimed at assessing the relationship between behavior and health, approaching issues such as providing health, prevention and assistance in the treatment and management of diseases. Even though this is an expanding area, the maintenance of credibility and the progress achieved depend on a solid professional training, ethics and the development of research in the area.

Index terms: Health psychology. Education. Research. Hospital. Health care service.

Miyazaki, M. C. O. S., Domingos, N. A. M., Valerio, N. I., Santos, A. R. R., & Bernardes da Rosa, L. T. (2002). Psychologie de la Sante: Services Communautaires Etendus, Education et Recherche.Psicologia USP,13(1), 29-53.

Resume: Les psychologues ont un rle croissant dans le secteur mdical. Ce rapport a pour objectif de dcrire le dveloppement et le stade actuel du Service de Psychologie de lHpital de Base de la FAMERP, commenc en 1981 par lembauche dune psychologue pour travailler linfirmerie de pdiatrie. Aujourdhui, lhpital compte 40 psychologues (professeurs, superviseurs et rsidents) qui dveloppent des activits dextension de services la communaut, denseignement et de recherche en Psychologie Mdicale. Ces activits comprennent les niveaux primaires, secondaire et tertiaire de soins en urgence, lhpital, au centre Hospitalier Universitaire, principalement en quipes interdisciplinaires. Lenseignement comprend des cours de 3me cycle en mdecine et infirmerie, des stages pour des tudiants en psychologie, un programme de Perfectionnement en Psychologie de la Sant, Cours de Spcialisation, de Spcialisation professoral, de recherches du programme de post-graduation en Sciences de la sant (matrise et doctorat) la FAMERP. Les recherches visent principalement ltude des relations entre comportement et sant, en abordant des thmes comme la promotion de la sant, de la prvention et laide au traitement et l mange des maladies. Bien que ce secteur soit en expansion, il faut penser que lentretien de la crdibilit et de lespace conquis dpendent dune solide formation professionnelle, dthique et de dveloppement des recherches dans ce secteur.Mots-cls: Psychologie de la sant. Enseignement. Recherche. Hpital. Services de Sant.Referncias (...)1Endereo para correspondncia: Faculdade de Medicina do Rio Preto - FAMERP. Depto de Psiquiatria e Psicologia. Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416 - CEP: 15090-000, So Jos do Rio Preto, SP. Endereo eletrnico:[email protected] de Medicina de So Jos do Rio Preto.