Psicologia do Ateísmo – Paul Vitz PhD

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Fonte: www.apologia.com.br

Psicologia do Atesmo Paul Vitz, Ph.D Traduo: Vitor Grando O ttulo desse ensaio, Psicologia do Atesmo, pode parecer estranho. Certamente, meus colegas na psicologia acharam incomum e at, devo acrescentar, um pouco perturbador. A psicologia, desde sua fundao h um sculo atrs, freqentemente se preocupou com o tpico oposto a psicologia da crena religiosa. De fato, em muitos aspectos a origem da psicologia moderna est intrinsecamente ligada com os psiclogos que explicitamente propuseram interpretaes da crena em Deus. William James e Sigmund Freud, por exemplo, estavam pessoal e profissionalmente envolvidos profundamente na questo. Lembre se de A Vontade de Crer de James, como tambm do seu famoso As Variedades das Experincias Religiosas. Essas duas obras so tentativas de entender a crena como resultado de causas psicolgicas, ou seja, causas naturais. James pode at ter sido compassivo com a religio, mas sua posio pessoal era de dvida e ceticismo e seus escritos eram parte de uma tentativa psicolgica de menosprezar a f religiosa. As criticas de Sigmund Freud religio, especialmente o cristianismo, so bem conhecidas e sero discutidas com mais detalhes mais a frente. Por hora, suficiente lembrar quo profundamente envolvidos com a questo de Deus e a religio, Freud e seus pensamentos estavam. Tendo em vista o estreito envolvimento entre os fundadores da psicologia e a interpretao critica da religio, no de se surpreender que muitos dos psiclogos vejam com certa desconfiana qualquer tentativa de propor uma psicologia do atesmo. No mnimo, um projeto como esse coloca os psiclogos na defensiva e os oferece um pouco do seu prprio veneno. Os psiclogos esto sempre observando e interpretando os outros e j hora de alguns deles aprenderem a partir de suas prprias experincias como estar sob a mira da teoria e experimentao psicolgicas. Eu espero demonstrar que muitos dos conceitos psicolgicos utilizados para interpretar a religio so espadas de dois gumes, que podem tambm ser usados para interpretar o atesmo. O que vale para o crente, igualmente vale para o descrente. Antes de comear, entretanto, eu quero fazer dois pontos que esto por trs das minhas pressuposies. Primeiro, eu creio que as maiores barreiras para a crena em Deus no so racionais, mas num sentido geral podem ser chamadas de psicolgicas. No quero ofender nenhum filsofo distinto tanto crentes quanto descrentes nesse auditrio, mas eu estou plenamente convencido que para cada pessoa fortemente convencida por argumentos racionais existem muitas, muitas mais afetadas por fatores psicolgicos no-racionais. Ningum pode decifrar o corao humano e seus caminhos, mas ao menos tarefa da psicologia tentar. Dessa forma, para comear, eu proponho que barreiras neurtico-psicolgicas para a crena em Deus so de grande importncia. Quais so elas mencionarei brevemente. Para os crentes importante ter em mente que motivaes e presses psicolgicas que muitos podem nem sequer se dar conta, muitas vezes esto por trs da descrena. Um dos mais antigos tericos do inconsciente, So Paulo, escreveu, com efeito o querer bem est em mim, mas o efetu-lo no estmas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo lei do pecado, que est nos meus membros Romanos 7.18,23. Assim, me parece que tanto pela teologia quanto pela psicologia fatores psicolgicos podem ser impedimentos crena como tambm ao comportamento, e que esses fatores freqentemente so inconscientes. Alm disso, razovel dizer que as pessoas variam extensamente na intensidade da presena desses fatores em suas vidas. Alguns de ns fomos abenoados com uma boa criao, um bom temperamento, envolvimento social, e outros dons que fizeram da crena em Deus algo muito mais fcil do que para muitos que sofreram mais ou cresceram num ambiente pobre espiritualmente ou tiveram outras dificuldades com as quais lidar. As Escrituras deixam claro que muitas crianas at a terceira ou quarta gerao sofrem dos pecados dos pais, incluindo os pecados dos pais que foram crentes. Resumidamente, meu primeiro ponto que algumas pessoas tm barreiras psicolgicas para a crena muito mais srias do que outras, um ponto consistente com a afirmao clara das Escrituras de que ns no devemos julgar os outros, entretanto somos instados a corrigir o mal. Meu segundo ponto que apesar de srias dificuldades para a crena, todos ns ainda temos a livre escolha de aceitar Deus ou rejeit-lo. Esse ponto no est em contradio com o primeiro. Talvez um pouco mais de elaborao vai esclarecer esse ponto. Uma pessoa, como conseqncia do seu passado, envolvimento presente, etc., pode achar muito mais difcil acreditar em Deus do que a maioria das pessoas. Mas presumivelmente, a qualquer momento, certamente em muitos momentos, ela pode escolher se mover em direo a Deus ou pra longe dele. Um homem pode comear com tantas barreiras que mesmo depois de anos caminhando vagarosamente em direo a Deus ele ainda no esteja l. Alguns podem morrer antes de alcanar a crena. Ns acreditamos que eles sero julgados como todos ns quo longe eles viajaram em direo a Deus e quo bem amaram os outros o que eles

fizeram com o que lhes foi dado. Da mesma forma, um outro homem sem dificuldades psicolgicas ainda livre para rejeitar Deus, e sem dvidas muitos o fazem. Assim, apesar de que no fundo a questo da vontade do homem e de nossa natureza pecaminosa, ainda possvel investigar os fatores psicolgicos que predispe algum para a descrena, que faz a estrada em direo a Deu s dura e difcil. Psicologia do Atesmo: Motivaes Psicolgicas e Sociais Parece haver uma crena bem difundida na comunidade intelectual ocidental de que a crena em Deus baseada em todos os tipos de desejos e necessidades imaturas, mas o atesmo e o ceticismo so derivados de uma observao racional das coisas como elas so realmente. Para comear uma critica dessa idia, eu comeo com a minha prpria histria. Como alguns de vocs sabem, depois de uma frgil criao crist, eu me tornei ateu na faculdade nos anos 1950 e permaneci ass im durante minha graduao e meus primeiros anos como um jovem psiclogo experimental na New York University. Isto , eu sou um convertido adulto ou, mais tecnicamente, um reconvertido ao Cristianismo que voltou para a f, para sua prpria surpresa, no final dos meus 30 anos no meio do desenvolvimento secular da psicologia acadmica e Nova Iorque. m No estou entrando nisso para entedi-los com partes da histria da minha vida, mas para mostrar que atravs da reflexo sobre minha prpria experincia, claro para mim que as minhas razes para se tornar e permanecer ateu-ctico dos 18 aos 38 anos foram superficiais, irracionais e sem integridade moral e intelectual. Alm do mais, eu estou convencido de que minhas motiva es foram, e ainda so, um lugar comum entre os intelectuais especialmente cientistas sociais. Os principais fatores envolvidos na minha escolha pelo atesmo apesar de eu no estar ciente na poca foram as seguintes: Socializao geral. Uma influncia importante na minha juventude foi uma significante inquietao social. Eu estava de certa forma envergonhado de ser do centro-oeste, pois parecia terrivelmente obtuso, limitado e interiorano. No havia nada de romntico ou impressionante em ser de Cincinnati, Ohio e de uma origem Germano-Anglo-Suia. Terrivelmente classe-mdia. Alm de escapar do obtuso, e segundo eu mesmo sem-valor, passado social vergonhoso, eu queria fazer parte, de fato estar confortvel no novo, excitante e glamuroso mundo secular para o quo eu estava me dirigindo. Eu estou certo de que motivaes similares fortemente influenciaram as vidas de um sem-nmero de jovens emergentes nos ltimos dois sculos. Veja Voltaire, que se mudou para o aristocrtico e sofisticado mundo de Paris, e que sempre se sentiu envergonhado de sua origem interiorana e no -aristocrtica; ou dos guetos Judeus para os quais muitos judeus fugiram, ou da chegada dos jovens a Nova Iorque, envergonhados de seus pais fundamentalistas. Esse tipo de presso social afastou muitos da crena em Deus e tudo com o que a crena nele est relacionada. Eu me lembro de um pequeno seminrio na minha graduao no qual quase todos os membros expressavam algum tipo de vergonha devido s presses da socializao na vida moderna. Um estudante tentava fugir de seu passado Batista, um outro de uma comunidade Mrmon, um terceiro fugia de seu gueto judeu, e o quarto era eu. Socializao especifica. Uma outra grande razo para eu querer me tornar ateu foi que eu desejava ser aceito pelos poderosos e influentes cientistas do campo da psicologia. Em particular, eu queria ser aceito pelos meus professores. Como um estudante eu estava profundamente socializado com a cultura de pesquisa da psicologia acadmica. Meus professores em Stanford, apesar de discordarem muito entre si no que se refere s teorias psicolgicas, estavam unidos em apenas duas coisas uma intensa ambio profissional e a rejeio da religio. Como diz o salmista, Pois o mpio gloria-se do desejo do seu corao, e o que dado rapina despreza e maldiz o Senhor. Por causa do seu orgulho, o mpio no o busca; todos os seus pensamentos so: No h Deus.(Salmo 10.3-4). No desenvolver disso tudo, assim como eu aprendi a me vestir como um estudante universitrio colocando as roupas adequadas, e u tambm aprendi a pensar como um psiclogo adotando as idias e atitudes corretas isto , idias e atitudes atestas. Convenincia pessoal. Finalmente, nessa lista de superficiais, mas no menos fortes presses irracionais para se tornar ateu, eu devo listar simplesmente a convenincia pessoal. A verdade que bastante inconveniente ser um crentedevoto na cultura poderosa e neo-pag da atualidade. Eu teria que abrir mo de muitos prazeres e de tempo til. Sem entrar em detalhes no difcil de imaginar os prazeres sexuais que teriam que ser rejeitados se eu me tornasse um crente devoto. E tambm eu sabia que me custaria tempo e algum dinheiro. Haveria cultos, grupos de comunho, tempo de orao e leitura das Escrituras, tempo gasto ajudando os outros. Eu j estava por demais ocupado. Obviamente, se tornar religioso seria uma verdadeira inconvenin cia. Agora talvez voc pense que razes como essas esto restritas a jovens imaturos como eu nos meus vinte e poucos anos. Entretanto, essas razes no so to restritas. Tomo como exemplo o caso de Mortimer Adler, um conhecido filsofo Americano, escritor, e intelectual que gastou boa parte de sua vida pensando sobre Deus e a temtica religiosa. Um de seus livros mais recentes intitulado HowtoThinkAboutGod: A Guide for the 20th CenturyPagan (1980) (Como pensar sobre Deus: Um guia para o pago do sculo XX). Nessa obra, Adler examina minuciosamente os argumentos para a existncia de Deus e nos captulos finais ele est prximo a aceitar o Deus vivo. Ainda assim ele recua e continua entre a vasta companhia dos religiosos no-

comprometidos) (Graddy, 1982). Mas Adler deixa a impresso de que essa deciso mais da vontade do que do intelecto. Como um de seus resenhistas notou (Graddy, 1982), Adler confirma essa impresso em sua autobiografia, PhilosopheratLarge (1976). Nessa obra, enquanto investiga as razes para j duas vezes parar quando esteve prximo de um comprometimento religioso, ele escreve que a resposta est na vontade, e no na mente. Adler vai alm e comenta que se tornar seriamente religioso requereria uma mudana radical no meu estilo de vida e A verdade simples da questo que eu no desejava viver como uma pessoa genuinamente religiosa (Graddy, p.24). Ai est! Uma memorvel admisso honesta e consciente de que ser uma pessoa genuinamente religiosa seria muito problemtico e muito inconveniente. Tais so as razes por detrs de muito do ceticismo dos descrentes. Resumidamente, por causa das minhas necessidades sociais, por causa das minhas necessidades profissionais de ser aceito como parte da psicologia acadmica, e por causa das minhas necessidades por um estilo de vida conveniente por todas essas necessidades o atesmo era simplesmente a melhor escolha. Refletindo sobre essas motivaes, eu posso afirmar honestamente que um retorno ao atesmo o mesmo do que um retorno adolescncia. A Psicologia do Atesmo: Motivaes psicanalticas. Como sabemos, o centro da critica Freudiana crena em Deus que tal crena no confivel por causa de sua origem psicolgica. Isto , Deus uma projeo de nossos prprios e intensos desejos inconscientes; Ele a satisfao de um desejo derivado das necessidades infantis de proteo e segurana. Visto que esses desejos so inconscientes, no deve ser dado muit o crdito a qualquer negao de tal interpretao. Devemos notar que ao desenvolver esse tipo de crtica, Freud formulou um argumento ad hominem de grande influncia. na obra O Futuro de Uma Iluso (1927, 1961) que Freud explica sua posio: Idias religiosas surgiram das mesmas necessidades de que surgiram todos as conquistas da civilizao: da necessidade de defender-se da impetuosa e superior fora da natureza. (p.21) Logo, crenas religiosas so: Iluses, satisfao dos mais antigos, mais fortes, e urgentes desejos da raa humana Como j sabemos, a pavorosa impresso de abandono na infncia fez surgir o desejo de proteo de proteo pelo amor que foi provida pelo pai Dessa forma a benevolente regra de Providncia Divina apazigua nosso medo dos perigos da vida. (p.30) Vamos examinar esse argumento cuidadosamente, pois apesar da aceitao entusistica do argumento pelos ateus e cticos nocrticos, um argumento muito frgil. No primeiro pargrafo Freud falha em notar que seu argumento contra as crenas religiosas , em suas prprias palavras, igualmente vlido contra todas as conquistas da civilizao, incluindo a prpria psicanlise. Isto , a origem psquica de uma conquista intelectual invalida sua veracidade, ento a fsica, a biologia, e a prpria psicanlise, so vulnerveis a mesma a cusao. No segundo pargrafo Freud faz outra alegao estranha, de que os mais antigos e urgentes desejos da humanidade so de proteo e orientao amorosa por um poderoso Pai de amor, pela divina Providncia. Entretanto, se esses desejos fossem to fortes e antigos como ele alega, era de se esperar que as religies pr-crists enfatizassem Deus como um pai benevolente. Em geral, isso bem distante do caso das religies pags do mundo Mediterrneo e, por exemplo, ainda no o caso em muitas religies populares como o Budismo ou o Hindusmo. De fato, o Judasmo e mais especificamente o Cristianismo so em muitos aspectos distintos em sua nfase em Deus como um Pai de amor. Entretanto, deixemos de lado essas duas gafes intelectuais e voltemos para um outro entendimento da teoria da projeo de Freud. Pode ser demonstrado que essa teoria no realmente parte integrante da psicanlise e, dessa forma no tem a teoria psicanaltica como fundamento de apoio. essencialmente um argumento autnomo. De fato, a atitude crtica de Freud em relao religio enraizada em suas predilees pessoais e um tipo de meta-psicanlise ou se origina em fundamentos sem relao com seus conceitos clnicos. (Essa separao ou autonomia em relao a muito da teoria psicanaltica muito provavelmente responsvel pela influncia do argumento fora do mbito da psicanlise). Existem duas evidncias para essa interpretao da t oria e da projeo. A primeira que essa teoria foi articulada claramente muitos anos antes por Ludwig Feurbach em seu livro A Es sncia do Cristianismo (1841, 1957). A interpretao de Feurbach foi popular no meio dos intelectuais europeus, e Freud, quando jovem, lia Feurbach avidamente (veja Gedo& Pollock, 1976, pp.47,350) Seguem algumas significativas citaes de Feurbach que escl recem a isso: O que o homem sente necessidade seja essa uma necessidade articulada, portanto consciente, ou uma necessidade inconsciente Deus (1841, 1957, p. 33) O homem projeta sua natureza no mundo exterior a si mesmo antes de encontr-lo dentro de si (p.11) Viver por meio de sonhos projetados a essncia da religio. A religio sacrifica a realidade em prol do sonho projetado. (p. 49)

Muitas outras citaes de Feurbach poderiam ser usadas para descrever a religio em termos Freudianos como satisfao-dedesejo (wish-fulfillment), etc. O que Freud fez com esse argumento foi reconstru-lo em uma forma mais eloqente, e public-lo num perodo posterior onde a audincia ansiosa por ouvir uma teoria como essa era muito maior. E, claro, de alguma forma as descobertas e a prpria teoria psicanaltica foram utilizadas como se apoiassem fortemente a teoria. O carter Feurbachiano da posio de Freud que taxa a religio de iluso demonstrado tambm em noes como a esmagadora fora superior da natureza e a apavorante impresso de desamparo na infncia, que no so psicanalticas em terminologia ou sentido. A outra evidncia que comprova que as bases da teoria da projeo no so psicanalticas, vem diretamente do prprio Freud, q ue explicitamente afirma isso. Numa carta escrita em 1927 para seu amigo OskarPfister (um antigo psicanalista e pastor protestante), Freud escreveu: Vamos ser bem claros quanto questo de que as opinies difundidas em meu livro (O Futuro de uma Iluso) no so parte da teoria analtica. So minhas vises pessoais. (Freud/Pfister, 1963, p; 117) H outra interpretao um pouco diferente da crena em Deus que Freud desenvolveu tambm, mas apesar de essa teoria ter um certo embasamento psicanaltico, na verdade, ainda, uma adaptao da teoria Feurbachiana da projeo. a interpretao negligenciada de Freud quando ao ego ideal. O super-ego, incluindo o ego ideal o herdeiro do complexo de dipo, representando a projeo de um pai idealizado e presumivelmente do Deus-Pai (veja Freud, 1923, 1962, pp. 26-28; p.38) A dificuldade aqui que o ego ideal no recebeu muita ateno ou desenvolvimento nos escritos de Freud. Alm do mais, facilmente interpretado como uma adoo da teoria da projeo de Feurbach. Assim, podemos concluir que a psicanlise na verdade no prov conceitos tericos significativos para caracterizar a crena em Deus como neurtica. Freud tanto usou a antiga teoria de projeo ou iluso de Feurbach como incorporou Feurbach em sua noo de ego ideal. Presumivel ente, essa a razo m por que Freud reconheceu a Pfister que seu livro O Futuro de uma Iluso, no parte integrante da psicanlise Atesmo como Satisfao-de-Desejo Edipiano Apesar de tudo, Freud de certa forma est certo ao se preocupar que a crena em Deus possa ser uma iluso por se derivar de desejos poderosos tanto necessidades inconscientes quanto infantis. A ironia que ele claramente proveu uma poderosa e nova forma de entender as bases neurticas do atesmo. (Para um desenvolvimento detalhado dessa posio veja Vitz e Gartner, 1984a, b; Vitz, 1986, in press.) O Complexo de dipo O conceito central na obra de Freud, alm do inconsciente, o bem conhecido complexo de dipo. No caso do desenvolvimento da personalidade masculina, os aspectos essenciais desse complexo so os seguintes: Por volta do perodo que vai dos trs aos seis anos o filho desenvolve um forte desejo sexual pela me. Ao mesmo tempo o filho desenvolve um intenso dio e medo do pai, e um desejo de substitu-lo, uma nsia por poder. Esse dio baseado no conhecimento que o garoto tem de que o pai, com sua fora e tamanho, obstrui o caminho do seu desejo. O medo da criana do pai pode explicitamente ser um medo de castrao pelo pai, mas mais tipicamente, tem um carter menos especifico. O filho no quer realmente matar o pai, claro, mas presumido que o patricdio uma preocupao comum em suas fantasias e sonhos. A soluo do complexo deve ocorrer atravs do reconhecimento de que ele no pode substituir o pai, e atravs do medo da castrao, que eventualmente leva o garoto a se identificar com o pai, se identificar com o agressor, e recalcar os pavorosos componentes originais do complexo. importante ter em mente que, de acordo com Freud, o complexo de dipo nunca totalmente solucionado, e passvel de retorno em perodos posteriores quase sempre, por exemplo, na puberdade. Assim os poderosos ingredientes do dio homicida e do desejo sexual incestuoso no contexto familiar nunca so removidos de fato. Ao invs disso, eles so cobertos e recalcados. Freud explica o potencial neurtico dessa situao: O complexo de dipo o ncleo da neurose O que permanece do complexo no inconsciente representa a disposio ao desenvolvimento de neuroses no adulto (Freud, 1919, Standard Edition, 17, 0. 193; also 1905, S.E. 7, p. 226ff; 1909, S.E., 11, p. 47) Resumidamente, todas as neuroses humanas se derivam desse complexo. Obviamente, na maioria dos casos, esse potencial no expresso em nenhuma maneira neurtica sria. Ao invs disso, o complexo expresso na relao com autoridades, sonhos, atos falhos, irracionalidades transitrias, etc. Agora, ao postular um complexo de dipo universal como a origem de todas as neuroses, Freud inadvertidamente desenvolveu um entendimento racional da origem da rejeio de Deus na Satisfao-de-Desejo. Alm de tudo, o complexo de dipo inconsciente, estabelecido na infncia e, acima de tudo, sua motivao dominante o d io pelo pai e o desejo de sua no-existncia, especificamente representada pelo desejo de substitu-lo ou mat-lo. Freud freqentemente descrevia Deus como psicologicamente equivalente ao pai, ento uma expresso natural da motivao Edipiana seriam desejos poderosos e inconscientes da no-existncia de Deus. Logo, sob o ponto de vista Freudiano, o atesmo uma iluso causada pelo desejo Edipiano de matar o pai e substitu-lo por si mesmo. Agir como se Deus no existisse obviamente, uma mscara sutil do desejo de mat-lo, do mesmo modo num sonho, a imagem de um parente indo embora ou desaparecendo pode

representar um desejo como esse: Deus est morto simplesmente uma Satisfao-de-Desejo Edipiana desmascarada. Certamente no difcil de entender o carter edipiano no atesmo e ceticismo contemporneos. Hugh Hefner, at James Bond, com sua rejeio a Deus mais suas inmeras mulheres, esto obviamente vivendo o dipo de Freud e a rebelio primitiva (e.g. Totem e Tabu). Assim tambm esto inmeros outros cticos que vivem variaes do mesmo cenrio de permissividade sexual exploradora combinada com auto-adorao narcsica. E, claro, o sonho de dipo no apenas matar o pai e possuir a me ou outras mulheres no grupo, mas tambm retir-lo de seu lugar. O Atesmo moderno tem tentado alcanar isso. Agora o homem, no Deus, conscientemente a fonte ltima de bondade e fora do universo. Filosofias humanistas glorificam o homem e seu potencial quase da mesma forma que a religio glorifica o Criador. Samos de um Deus para vrios deuses e agora cada um como deus. Essencialmente, o homem atravs de seu narcisismo e desejos Edipianos tem tentado fazer o que Satans no conseguiu, se assentar no trono de Deus. Graas a Freud agora mais fcil entender a profundidade neurtica e no confivel da descrena. Um exemplo interessante da motivao Edipiana proposta aqui Voltaire, um expoente do ceticismo que negou a noo judaico crist de um Deus pessoal de Deus como Pai. Voltaire foi um testa ou desta que acreditava num Deus csmico, impessoal de carter desconhecido. A questo psicolgica importante sobre Voltaire que ele insistentemente rejeitou seu pai tanto que ele rejeitou o nome de seu pai e usou o nome Voltaire. No certo de onde o nome veio, mas uma interpretao aceita pela maioria que o nome foi construdo a partir das letras do sobrenome de sua me. Quando Voltaire estava nos seus vinte anos (em 1718), ele publicou uma pea intitulada dipo, a primeira de suas peas a ser apresentada ao pblico. A pea reconta a clssica lenda com fortes aluses a rebelio religiosa e poltica. Por toda sua vida, Voltaire (assim como Freud) brincou com a idia de que ele no era filho de seu pai. Ele aparentemente ansiava por ser de uma famlia aristocrtica e mais importante do que sua famlia de classe mdia. (Uma expresso dessa preocupao de ter um pai mais digno a pea Cndido). Resumidamente, a hostilidade de Voltaire ao seu prpr io pai, sua rejeio religiosa ao Deus-Pai, e sua rejeio poltica do rei tambm uma figura do pai so todas reflexes dos mesmos desejos bsicos. Psicologicamente falando, a rebelio de Voltaire contra seu pai e contra Deus so facilmente interpretadas como Satisfao-de-Desejo Edipiana, como iluses confortadoras, e logo, seguindo Freud, como crenas e atitudes indignas da mente madura. Diderot, o grande Enciclopedista e um renomado ateu de fato ele um dos fundadores do atesmo moderno tambm tinha insights e preocupaes Edipianas. Freud em tom de aprovao cita a observao de Diderot: Se o pequeno brbaro fosse deixado por si mesmo, preservando toda sua tolice e adicionando ao pequeno sentido de criana no bero as violentes paixes de um homem de trinta anos, ele estrangularia seu pai e se deitaria com sua me (de Le neveau de Rameau. citado por Freud na Lio XXI de suas Lies Introdutrias (1916- 1917), S.E., 16, pp. 331-338). Psicologia do Atesmo: A Teoria do Pai Defectivo Estou bem ciente do fato de que h boas razes para darmos apenas uma limitada aceitao teoria freudiana do dipo. De qualquer forma, minha viso de que apesar de o complexo de dipo ser vlido para alguns, a teoria est longe de ser uma representao universal da motivao inconsciente. Visto que h necessidade de um mais profundo entendimento do atesmo e visto que eu no conheo nenhum fundamento terico exceto o de dipo sou forado a rascunhar um modelo prprio, ou realmente desenvolver uma no-desenvolvida tese de Freud. Em seu ensaio sobre Leonardo da Vinci, Freud fez a seguinte observao: A psicanlise, que nos ensinou a intima conexo entre o complexo do pai e a crena em Deus, tem nos mostrado que o Deus pessoal logicamente nada mais do que um pai exaltado e diariamente demonstra como jovens pessoas abandonam sua crena religiosa assim que a autoridade do pai no se faz mais presente (Leonardo da Vinci, 1910, 1947 p. 98). Essa declarao no faz nenhuma afirmao sobre desejos sexuais inconscientes pela me, ou at algum dio universal pelo pai. Ao invs disso, ele diz simplesmente que uma vez que a criana se desaponte ou perca seu respeito pelo pai terreno, ento a crena em Deus se torna impossvel. Existem, claro, muitas formas de um pai perder sua autoridade e desapontar uma criana seriamente. Algumas dessas formas para as quais evidncias clnicas so dadas abaixo so: 1. Ele pode estar presente, mas ser fraco, covarde, ou indigno de respeito mesmo que de alguma outra forma for simptico ou legal. 2. 3. Ele pode estar presente, mas ser abusivo tanto fsica, sexual ou psicologicamente. Ele pode estar ausente por motivo de morte ou por abandonar a famlia.

Unidas essas determinantes do atesmo sero chamadas de hiptese do pai defectivo. Para apoiar a validade dessa abordagem, eu vou concluir provendo material histrico da vida de ateus proeminentes, pois foi a partir da leitura das biografias de ateus que essa hiptese veio a minha mente pela primeira vez.

Vamos comear pela relao de Sigmund Freud com seu pai. Que o pai de Freud, Jacob, foi um grande desapontamento ou at pior geralmente aceito em suas biografias. (Para acesso ao material biogrfico de apoio sobre Freud veja, por exemplo, Krull, 1979, e Vitz, 1983, 1986). Especificamente, seu pai foi um homem fraco incapaz de sustentar financeiramente sua famlia. O suporte financeiro parece ter sido provido pela famlia de sua esposa e outras pessoas. Alm do mais, o pai de Freud era passivo em resposta ao anti-semitismo. Freud relembra um episdio que o seu pai o contou, no qual Jacob permitiu que um anti-semita o chamasse de Judeu sujo e derrubasse seu chapu. O jovem Sigmund, ao ouvir a histria, ficou profundamente abalado pelo fracasso do pai e pela sua fraqueza. Sigmund Freud foi um homem complexo e em muitos aspectos ambguo, mas todos concordam que ele foi um lutador corajoso e que ele admirava profundamente a coragem nos outros. Sigmund, quando jovem, muitas vezes lutou fisicamente contra o anti-semitismo e, claro, ele foi um dos maiores lutadores intelectuais. As aes de Jacob como um pai defectivo, entretanto, provavelmente vo ainda mais fundo. Especificamente, em duas de suas cartas de quando j adulto Freud escreve que seu pai era um pervertido sexual e que os prprios filhos de Jacob sofriam com sso. i Existem outros possveis desastres morais que eu no me preocupei em citar. A conexo de Jacob com Deus e a religio tambm estavam presentes para seu filho. Jacob estava envolvido num tipo de reforma Judaica quando Freud era criana, e os dois gastavam horas lendo a Bblia juntos, e mais tarde Jacob se tornou cada vez mais envolvido em ler o Talmude e debater sobre as escrituras judaicas. Resumidamente, esse cara legal fraco e passivo, esse schlemiel, estava claramente ligado ao Judasmo e Deus, e tambm a uma sria falta de coragem e possivelmente perverso sexual e outros fracassos que abalaram o jovem Sigmund. Sucintamente, outros famosos ateus parecem ter tipo um tipo de relacionamento com seus pais, similar ao de Freud. Karl Marx deixou claro que no respeitava seu pai. Uma parte importante nisso foi que seu pai se converteu ao Cristianismo no a partir de qualquer convico religiosa mas a partir de um desejo de tornar a vida mais fcil. Ele se converteu por convenincia. Nisso o pai de Marx quebrou uma antiga tradio familiar. Ele foi o primeiro na famlia que no se tornou um rabino; de fato, Karl Marx veio de uma longa tradio rabnica em ambos os lados de sua famlia. O pai de Ludwig Feurbach fez algo que poderia facilmente ter ferido profundamente seu filho. Quando Feurbach tinha 13 anos, s eu pai deixou sua famlia e abertamente foi viver com outra mulher numa outra cidade. Isso aconteceu na Alemanha no inicio do sculo 19 e uma rejeio pblica dessa proporo seria um grande escndalo e deixaria um grande sentimento de rejeio no jovem Ludwig e, claro, para sua me e os outros filhos. Vamos avanar cem anos e examinar a vida de uma das atestas mais famosas da Amrica Madalyn Murray OHair. Aqui eu cito o livro mais recente de seu filho sobre como era a sua famlia quando ele era criana. (Murray, 1982) O livro comea quando ele tinha oito anos de idade: Ns raramente fazamos algo juntos como famlia. O dio entre meu av e minha me impedia situaes como essas.(p. 7) Ele diz que no sabia realmente o porqu do dio de sua me pelo pai mas ela o odiava, pois o capitulo de abertura conta uma briga feia na qual ela tenta matar seu pai com uma faca. Madalyn falhou mais esbravejou: Eu vou v-lo morto. Eu ainda te pego. Eu vou pisar da sua cova!

Qualquer que fosse a causa do intenso dio de OHair pelo seu pai claro, no livro, que foi profundo e que remonta a sua infncia ao menos psicolgico (e.g.p. 11) e possivelmente abuso fsico uma causa plausvel. Alm do abuso, rejeio, ou covardia, uma forma do pai ser seriamente defectivo simplesmente no estar presente. Muitas crianas, claro, interpretam a morte de seu pai como um tipo de traio ou ato de desero. Nesse aspecto notvel que o padro de um pai morto to comum na vida de muitos ateus proeminentes. Baron dHolbach (nascido como Paul Henri Thiry), o racionalista francs e provavelmente o primeiro ateu confesso publicamente, ficou rfo aos 13 anos e viveu com seu tio. (De quem ele tomou o nome Holbach). O pai de Bertrand Russel morreu quando ele tinha quatro anos; Nietzsche tinha a mesma idade de Russell quando perdeu seu pai; o pai de Sartre morreu antes de Sartre nascer e Camus tinha um ano quando perdeu seu pai. (As informaes bibliogrficas foram tiradas de fontes de referncia padro). Obviamente, muito mais evidncias podem ser obtidas para a hiptese do pai defectivo. Mas as informaes j citadas so substanciais; improvveis de serem uma mera coincidncia. A psicologia de como um pai falecido ou no-existente poderia fornecer base emocional para o atesmo pode no ser clara a primeira vista. Mas se o pai de algum ausente ou fraco a ponto de morrer, ou to indigno a ponto de deserdar, ento no difcil colocar os mesmos atributos no Pai celeste. E por ultimo, h tambm a experincia precoce de sofrimento, morte, de mal, algumas vezes aliadas raiva contra Deus por permitir que tais coisas acontecessem. Raiva precoce contra Deus pela perda do pai e o sofrimento subseqente ainda outra e diferente

psicologia da descrena, mas estreitamente ligada com a teoria do pai defectivo. Parte dessa psicologia clara na recente autobiografia de Russell Baker. (Baker, 1982) Russel Baker um famoso jornalista e escritor comediante do New York Times. Seu pai foi levado para o hospital e morreu subitamente quando Russel tinha cinco anos. Baker chorou e sofreu e falou para a governanta de sua casa, Bessie: Pela primeira vez eu pensei seriamente sobre Deus. Entre soluos eu disse a Bessie que se Deus podia fazer coisas como essa s s pessoas, ento Deus era detestvel e eu no precisava dEle. Bessie me falou sobre a paz no cu e a alegria de estar entre os anjos e a felicidade de saber que meu pai j estava l. O argumento falhou em aliviar minha ira. Deus ama a ns todos como Seus prprios filhos, Bessie disse. Se Deus me ama, por que Ele fez meu pai morrer? Bessie disse que eu entenderia algum dia, mas ela estava apenas parcialmente certa. Aquela tarde, apesar de eu no ter conscientemente formulado dessa forma, eu decidi que Deus estava muito menos interessado nas pessoas do que qualquer um em Morrisonville admitiria. Naquele eu decidi que Deus no era confivel. Aps isso eu nunca mais chorei com convico real, nem esperei muito do Deus de qualquer um alm de indiferena, nem amei profundamente sem medo de que isso me custasse uma profunda dor. Aos cinco anos eu me tornei ctico(GrowingUp, p. 61). Concluo lembrando que por mais que existam motivos superficiais que prevaleam no atesmo do individuo, os fatores psicolgic os profundos e perturbadores ainda esto presentes em muitas instncias tambm. Por mais fcil que seja afirmar a hiptese do pai defectivo, no podemos esquecer a dificuldade, a dor e a complexidade que esto por trs de cada caso individual. E para aqu ele cujo atesmo foi condicionado por um pai que o rejeitou, negligenciou, odiou, manipulou ou o abusou fsica ou sexualmente, tem que haver compreenso e compaixo. Certamente uma criana odiar o prprio pai algo trgico. Apesar de tudo, a criana deseja amar seu pai. Para qualquer descrente cujo atesmo repousa em tal experincia, o crente, abenoado pelo amor de Deus, deve orar mais especificamente para que no final ambos se encontrem no paraso. Encontrem e experimentem grande alegria. Se for assim, talvez o ex-ateu experimentar ainda mais alegria do que o crente. Pois, alm da felicidade do crente, o ateu ainda ter o incremento de se surpreender rodeado de alegria e, entre todos os lugares, na casa de seu Pai. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Adler, M. (1976). Philosopher at large. New York: Macmillan. Adler, M. (1980). How to think about God: A guide to the twentieth century pagan. New York: Macmillan. Baker, R. (1982). Growing up. New York: Congdon& Weed. Feuerbach, L. (1891/1957). The essence of Christianity. Ed. and abridged by E. G. Waring& F. W. Strothman. New York: Ungar. Freud, S. (1910/1947). Leonardo da Vinci, New York: Random. Freud, S. (1927/1961). The future of an illusion. New York: Norton. Freud S. (1923/1962).The ego and the id. New York: Norton. Freud S. &Pfister, 0. (1963). Psychoanalysis and faith: The letters of Sigmund Freud and Oskar Pfister. New York: Basic. Gedo, J. E. & Pollock, G. H. (Eds.). (1967). Freud: The fusion of science and humanism. New York: International University. Graddy, W.E. (1982, June).The uncrossed bridge. New Oxford Review, 23-24. Krull, M. (1979).Freud und seinVater. Munich: Beck. Murray, W.J. (1982). My life without God. Nashville, TN: Nelson. Vitz, P.C. (1983). Sigmund Freuds attraction to Christianity: Biographical evidence. Psychoanalysis and Contemporary Thought, 6, 73-183. Vitz, P.C. (1986). Sigmund Freuds Christian unconscious. New York: Guilford, in press. Vitz, P.C. & Gartner, J. (1984a). Christianity and psychoanalysis, part 1: Jesus as the anti-Oedipus. Journal of Psychology and Theology, 12, 4-14. Vitz, P.C., & Gartner, J. (1984b). Christianity and psychoanalysis, part 2: Jesus the transformer of the super-ego. Journal of Psychology and Theology, 12, 82-89. NOTA DE RODAP Address: New York University, Department of Psychology, 6 Washington Place, New York 10003. Eu sei que h uma continuao para a histria de Adler. Recentemente ouvi falar que h aproximadamente 2 anos atrs Adler se tornou Cristo-Anglicano.