Psicologia Evolutiva e Velhice

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PROGRAMA OPERACIONAL DO POTENCIAL HUMANO EIXO PRIORITÁRIO2 – ADAPTABILIDADE E APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA TIPOLOGIA DE INTERVENÇÃO 2.2 – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS Quadro da Psicologia Evolutiva Conceito de Psicologia Evolutiva Steven Pinker Segundo a Psicologia Evolutiva o cérebro consistirá num conjunto de mecanismos funcionais psicológicos que evoluíram, e continuam a evoluir, por selecção natural. Segundo a psicologia evolutiva, os nossos processos cognitivos são superiores aos processos biológicos e culturais. O raciocínio humano, como acontece hoje, é fruto das pressões evolutivas, relacionadas com as necessidades de sobrevivência dos nossos antepassados. O principal objectivo da Psicologia Evolutiva: É um termo que “refere uma determinada forma de aplicar a teoria evolutiva da mente, com

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PROGRAMA OPERACIONAL DO POTENCIAL HUMANO

EIXO PRIORITÁRIO2 – ADAPTABILIDADE E APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA

TIPOLOGIA DE INTERVENÇÃO 2.2 – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS

Quadro da Psicologia Evolutiva

Conceito de Psicologia Evolutiva

Steven Pinker

Segundo a Psicologia Evolutiva o cérebro consistirá num

conjunto de mecanismos funcionais psicológicos que

evoluíram, e continuam a evoluir, por selecção natural.

Segundo a psicologia evolutiva, os nossos processos cognitivos são superiores aos processos biológicos e culturais. O raciocínio humano, como acontece hoje, é fruto das pressões evolutivas, relacionadas com as necessidades de sobrevivência dos nossos antepassados.

O principal objectivo da Psicologia Evolutiva:

Identificar a evolução das adaptações emocionais e cognitivas que representam a “natureza humana psicológica.”, isto é, estudar e perceber de que forma os humanos tiveram de evoluir de forma a poderem adaptar-se às condições e situações que lhes surgem ao longo da vida.

É um termo que “refere uma determinada forma de aplicar a teoria evolutiva da mente, com ênfase

na adaptação.”

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A psicologia evolutiva recebe contributos de: Ecologia comportamental Inteligência artificial Genética Etologia Antropologia Arqueologia Biologia Zoologia

Princípios da Psicologia Evolutiva:Princípios da Psicologia Evolutiva:

1. O cérebro é um sistema físico que funciona como um computador. Os seus circuitos são criados para gerar comportamentos apropriado às circunstâncias ambientais.

2. Os nossos circuitos neuronais foram seleccionados de forma natural para resolver problemas/questões que os nossos antepassados enfrentaram durante a história evolutiva da nossa espécie.

3. A consciência é apenas a ponta do ice-berg, a maioria das coisas que se passa na nossa cabeça está escondida de nós próprios. Em resultado disso, a nossa consciência pode fazer-nos crer que um problema é muito simples de resolver, quando pode ter requerido processos muito complexos.

4. Existem diferentes circuitos neuronais especializados na resolução de diferentes problemas adaptativos.

5. A nossa mente moderna alberga uma mente da idade da pedra.

Tarefas evolutivas

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A vida dos seres humanos desenvolve-se por etapas que constituem o ciclo de vida. Ao longo dessas etapas, o indivíduo vai-se confrontando com tarefas, desafios que tem de ultrapassar, para passar à etapa seguinte – TAREFAS EVOLUTIVAS

A resolução da tarefa evolutiva depende das necessidades e características individuais e das pressões externas, e prepara o indivíduo para a

etapa de desenvolvimento seguinte, gerando ajustamento pessoal e social, o que se considera

e chama de maturidade.

As tarefas evolutivas são desafios normativos associados à idade cronológica. Esses desafios são influenciados por:

Maturação biológica

Pressão da sociedade, expectativas sociais

Desejos e aspirações pessoais

Oportunidades e competências

Valores que fazem parte da personalidade do indivíduo.

Exemplos de tarefas evolutivas

Idade adulta inicial (18 a 35 anos)

Constituição de família

É a forma como resolve esses desafios que conduz o seu desenvolvimento.

Idade adulta média (35 a 60 anos)

Culminância da carreira profissional

Educação dos filhos

Manter o padrão de vida alcançado

Adaptação à velhice dos pais

Adaptação às mudanças fisiológicas da idade

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Velhice (depois dos 60 anos)

Afastamento dos papéis adultos

Ajustamento às perdas físicas e sociais da velhice

Reforma

Ter mais tempo livre

Perda de capacidades físicas

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Início e conquista da carreira profissional

Responsabilidades cívicas e comunitárias

Velhice No Quadro Da Psicologia Evolutiva

Quando se é velho?

Teoria de desenvolvimento psicossocial de EriksonIdade Crise de

desenvolvimentoCaracterísticas Virtude

Nascimento até 12-18

meses

Confiança vs Desconfiança

O bebé desenvolve um sentimento em relação ao mundo como um lugar bom e seguro ou não

Esperança

12-18 Autonomia vs A criança desenvolve um equilíbrio Vontade

A realização das tarefas evolutivas de

cada estádio de desenvolvimento é

considerada um indicador de

maturidade.

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meses até 3 anos

Vergonha entre a independência e a dúvida e vergonha.

3 a 6 anos Iniciativa vs Culpa A criança desenvolve iniciativa quando experimenta coisas novas e não é subjugada pelo fracasso

Propósito

6 anos até à puberdade

Produtividade vs Inferioridade

A criança/jovem deve aprender as habilidades da cultura ou enfrentar sentimentos de inferioridade

Habilidade

Puberdade ao início da

idade adulta

Identidade vs Confusão

O adolescente deve determinar a sua própria noção de identidade ou experimentar confusão entre papéis

Fidelidade

Jovem adulto

Intimidade vs Isolamento

A pessoa procura estabelecer um compromisso com os outros; caso não tenha êxito pode sofrer com o isolamento e o egocentrismo

Amor

Idade adulta

Geratividade vs Estagnação

O adulto maduro preocupa-se em estabelecer e orientar a geração seguinte, caso contrário sente empobrecimento pessoal

Cuidado

Terceira idade

Integridade vs Desespero

A pessoa aceita o seu percurso de vida, o que lhe permite aceitar a própria morte; caso contrário cai em desespero por incapacidade de reviver a vida

Sabedoria

Segundo Erikson:

O desenvolvimento humano ocorre em 8 fases, existindo em cada uma das fases uma crise de personalidade, uma questão que é particularmente importante naquela fase, e cuja resolução influenciará o percurso de vida.

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As crises ocorrem de acordo com uma sequência de maturação e devem ser resolvidas satisfatoriamente para um desenvolvimento saudável do indivíduo.

A resolução adequada de cada uma das 8 crises implica um equilíbrio entre um traço positivo e outro negativo correspondente.

A resolução das crises psicossociais inerentes aos ciclos do desenvolvimento descritas por Erikson é um exemplo

de tarefa evolutiva.

Geratividade (versus estagnação)

Para um envelhecimento harmonioso, o adulto maduro deve desenvolver a Geratividade, em equilíbrio com a estagnação.

Contribuir para causas futuras por meio de produção de algo significativo, pelo cuidado e manutenção dos outros. Dedicar-se a algo, acreditar e empenhar-se. Validar a própria existência.

Implica:

Investir nos seus conhecimentos e nas suas qualidades, preocupando-se em deixar um legado pessoal de experiências

Cuidar de outros seres humanos (família e fora dela)

Actuar como conselheiro, educador, orientador

Envolver-se na manutenção e progresso de instituições sociais, da sociedade, no bem-estar da humanidade.

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Integridade (versos Desespero)

Teoria do ciclo de vida:Teoria do ciclo de vida:

O desenvolvimento humano ocorre durante toda a vida, sendo cada período do ciclo de vida influenciado pelo que aconteceu antes e afectando o que virá depois.

Este modelo compreende um processo abrangente, influenciado pelo contexto histórico, que procura um equilíbrio entre ganhos e perdas.

A integridade caracteriza-se por uma adaptação a sucessos e desilusões inerentes à condição humana. É ter dignidade, sabedoria, aceitação do modo de vida, sensação de realização.

Para alcançar a integridade a pessoa deve fazer uma reflexão e revisão da própria vida dando-lhe sentido e reorganizando-a de forma positiva.

O desespero é a vertente negativa que advêm quando se renega a vida, mas se sabe que já não se pode recomeçar uma nova existência.

A sabedoria e a renúncia são as virtudes que resultam da crise psicossocial desta idade.

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Considera factores normativos e factores não normativos

InteragemProduzem mudanças no indivíduoVariam de pessoa para pessoa Têm efeito cumulativo

Características fundamentais desta formulação (Baltes):

Multidirecionalidade – o desenvolvimento durante a vida envolve um equilíbrio entre crescimento e declínio. As pessoas ganham numa área, mas podem perder noutras.

Plasticidade – muitas capacidades podem ser modificadas com treino e prática, mesmo tarde na vida, mas o potencial para a mudança não é ilimitado.

História e contexto – cada pessoa desenvolve-se num conjunto específico de circunstâncias ou condições definidas pelo tempo e pelo lugar. Os seres humanos influenciam e são influenciados pelo seu contexto histórico e social, não respondem apenas ao ambiente, interagem com ele e modificam-no.

Causalidade múltipla – o desenvolvimento humano é influenciado por diversos factores e deve ser analisado tendo em conta todos eles.

A trajectória de vida implica Crescer – envolve o alcance de níveis cada vez mais altos de funcionamento ou de capacidade adaptativa;

Manter – envolve estabilidade dos níveis de funcionamento face a novos desafios contextuais ou de perda;

Regulação de perdas – significa funcionamento em níveis mais baixos quando a manutenção ou a recuperação não forem mais possíveis.

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TIPOLOGIA DE INTERVENÇÃO 2.2 – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS

O desenvolvimento intelectual, na idade adulta e na velhice ocorre segundo os seguintes princípios:

1. O envelhecimento é um processo que acarreta mudanças de natureza fisiológica, traduzidas no declínio das capacidades intelectuais dependentes do funcionamento neurológico, sensorial e psicomotor.

2. As mudanças intelectuais de base genética/fisiológica não significam descontinuidade da capacidade adaptativa e incompetência cognitiva generalizada.

3. O desenvolvimento intelectual é uma experiência heterogénea, ou seja, pode ocorrer de modos diferentes para indivíduos que vivem em contextos sociais e históricos distintos.

4. O envelhecimento intelectual é um processo multidimensional e multidireccional.

5. Respeitando os limites impostos pela biologia e as possibilidades abertas pela educação formal e não formal a que foram expostos ao longo da vida, é possível alterar o desempenho intelectual dos idosos por meio de intervenções educacionais.

Modelos Evolutivos

Procuram definir etapas de desenvolvimento, com tarefas específicas que as pessoas têm de resolver e que lhes vai permitir crescer/evoluir, tornar-se mais equilibradas. As pessoas têm assim de integrar a sua experiência, considerando-a parte essencial do desenvolvimento, e ultrapassar as barreiras que vão surgindo encarando-as como necessárias ao processo de crescimento. Faz parte também do desenvolvimento o estabelecimento de objectivos e prioridades que vão conduzir a resolução das tarefas e o percurso de vida.

Estudo científico do processo de envelhecimento:GERONTOLOGIA

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A Gerontologia é um campo de estudos interdisciplinar que investiga os fenómenos fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais relacionados com o envelhecimento do ser humano. É um campo multiprofissional e multidisciplinar. A Gerontologia procura alternativas adequadas de intervenção junto da população idosa, tendo como perspectiva final a melhoria da qualidade de vida e a manutenção da capacidade funcional desta população.

GERIATRIA

Geriatria é o ramo da medicina associado ao estudo, prevenção e tratamento das doenças e da incapacidade em idades avançadas.

A Geriatria é o ramo da medicina que foca o estudo, a prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas. O termo deve ser distinto de gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em si.

Objectivos da Geriatria: Manutenção da saúde em idades avançadas Manutenção da funcionalidade Prevenção de doenças

Detecção e tratamento precoce

Máximo grau de independência

Cuidado e apoio durante doenças terminais

Tratamentos seguros

Como tornar esta etapa da vida um percurso positivo?Como tornar esta etapa da vida um percurso positivo?Envelhecer com qualidade

Factores que aumentam a qualidade de vida do idoso: Autonomia para executar as actividades do dia-a-dia Manter uma relação regular com a família e com o meio exterior Recursos económicos suficientes Realização de actividades lúdicas e recreativas

O prestador de cuidados deve esta atento a:

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Bem-estar físico – cujos elementos são a comodidade em termos materiais, a saúde, a higiene e a segurança:

Promover hábitos saudáveis nos idosos (desporto, alimentação); Auxiliar o idoso na sua higiene, promovendo a sua autonomia e

reforçando os seus esforços; Transmitir ao idoso uma sensação de empatia, familiaridade e

segurança.

As relações interpessoais: Tentar que a família tenha uma participação activa na vida do

idoso; Promover as relações sociais com os amigos ou companheiros; Estimular a participação do idoso em serviços nos quais possa ser

útil à comunidade ou até à instituição.

O desenvolvimento pessoal Manter um envolvimento/compromisso activo com a vida

(Cultivar sempre projectos, ter objectivos, metas que pretenda alcançar, fazer de cada dia uma etapa a cumprir)

Dar ao idoso oportunidades de se desenvolver intelectualmente (exercitar a sua memória, ler um livro, participar em jogos);

Permitir que o idoso pratique auto-expressão de opiniões e sentimentos.

Actividades recreativas Criar momentos de socialização entre os idosos e outras pessoas Entretenimento passivo (ver televisão, ouvir rádio, ouvir música...); Entretenimento activo (jogos, teatro, cantar, tocar um instrumento)

Actividades espirituais ou transcendentais (rezar, assistira celebrações da sua religião)

Envelhecimento bem sucedido?Quando se coloca a questão do envelhecimento bem ou mal sucedido estamos a definir padrões de adaptação do idoso às suas actuais capacidades de funcionamento, no seu contexto de vida, implicando com isso quer critérios

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externos sociais (relativos ao que se espera do idoso em cada cultura), quer critérios internos - individuais (o sentir e a vontade subjectiva).

A questão da qualidade vs. quantidade de vida depende em grande parte do que acontece ao nosso corpo com o passar dos anos e da forma como cada pessoa lida com as mudanças do seu corpo, sejam elas pequenas e graduais ou acentuadas e repentinas.

Se a pessoa, apesar das mudanças, continuar a ter objectivos de vida, a gostar de si, a ter prazer em fazer determinadas coisas, a sua vida decorrerá de forma mais fácil, mais leve e com maior qualidade.

As pessoas que lidam com idosos diariamente devem: Encorajá-los a lidarem com os seus problemas de forma positiva;

Encorajá-los a darem mais atenção às coisas boas que acontecem/aconteceram ou que têm e não tanto às doenças ou aos problemas

Levá-los a perceberem o que conseguem retirar de bom de cada situação, o que aprenderam, mesmo que a situação seja menos positiva

Recordá-lo dos momentos bons, tentando pôr de lado os mais negativos.

Desta forma, podemos potenciar o sentimento de qualidade de vida da pessoa, apesar de este ser um conceito com significados diferentes para cada um de nós.

REDES DE APOIO

Barrón (1996)Apoio Social “Conceito interactivo que se refere às transacções que se estabelecem entre indivíduos, no sentido de promover o seu bem-estar físico e psicológico”.

Vaz Serra (1999) Apoio Social “Quantidade e coesão das relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo”.

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O apoio assume-se como um processo promotor de assistência e ajuda através de factores de suporte que facilitam e

asseguram a sobrevivência dos seres humanos.

A REDE SOCIAL

A rede social pessoal diz respeito ao conjunto de todas as relações percebidas como significativas pelo indivíduo, que incluem os seus vínculos interpessoais: família, escola/profissão, amizade e comunidade.

O ser Humano é um ser social, as outras pessoas são um aspecto necessário da sua vida, tendo desde o nascimento

uma tendência natural para interagir com os outros.

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A Rede Social: É essencial na experiência individual de identidade, bem-estar, e

competência, incluindo hábitos de saúde e a capacidade de adaptação a situações de crise.

Contribui para o seu reconhecimento enquanto indivíduo e para a sua auto-imagem.

Existem diversas evidências de que a falta de saúde afecta negativamente a rede, pois restringe a mobilidade do

indivíduo para contactar com os outros.

Família Amigos

Ocupação

Ocupação

Comunidade

REDE SOCIAL

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As pessoas idosas e o meio ambienteO suporte social com qualidade é um dos factores mais importantes, na

adaptação ao processo de envelhecimento e às mudanças daí advindas.

Há muitos idosos autónomos que podem participar activamente no seio da comunidade demonstrando o elemento válido, activo e útil que ainda são. Porém, apesar de possuírem as capacidades, nem sempre os idosos se lançam nestas actividades pela sua própria iniciativa.

O Voluntariado assume um papel principal:

1. Contadores de histórias.2. Orientadores culturais/turísticos 3. Orientadores em museus 4. Direcção 5. Animadores sociais6. Professores e alunos 7. Dinamizadores de tradições ancestrais

Funções fora do voluntariado:1. Consultoria 2. Vigilantes de parques e jardins

Funções do Apoio Social

Wills, em 1985, propôs quatro tipos de apoio social: Apoio à estima – um grupo de pessoas contribui para aumentar a auto-

estima do próprio indivíduo;

Apoio informativo – existem pessoas que estão disponíveis para oferecer conselhos;

Acompanhamento social - engloba o apoio conseguido através de actividades sociais;

Apoio instrumental - diz respeito a toda a ajuda do tipo físico.

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Barrón (1996) sugere um modelo mais simples e integrador:

O apoio emocional – disponibilidade de alguém com quem se pode falar, e inclui as condutas que fomentam sentimentos de bem-estar afectivo.

Apoio material e instrumental – acções ou materiais proporcionados por outras pessoas e que servem para resolver problemas práticos e/ou facilitar a realização de tarefas quotidianas.

Apoio de informação – processo através do qual as pessoas recebem informações ou orientações relevantes que as ajuda a compreender o seu mundo e/ou ajustar-se às alterações que existem nele.

Vaz Serra (1999) diferencia seis tipos de funções nomeadamente:

Apoio afectivo – faz com que as pessoas se sintam estimadas e aceites pelos outros, apesar dos seus defeitos, erros ou limitações, o que contribui para melhorar a auto-estima;

Apoio emocional – corresponde aos sentimentos de apoio e segurança que a pessoa pode receber e que a ajuda a ultrapassar os problemas;

Apoio perceptivo – ajuda o indivíduo a reavaliar o seu problema, a dar-lhe outro significado e a estabelecer objectivos mais realistas;

Apoio informativo – constitui o conjunto de informações e conselhos que ajudam as pessoas a compreender melhor situações complexas, facilitando a tomada de decisões;

Apoio instrumental – ajuda o indivíduo a resolver problemas através da prestação concreta de bens e serviços;

Apoio de convívio social – conseguido através do convívio com outras pessoas em actividades de lazer ou culturais, que ajuda a aliviar as tensões e faz a pessoa sentir-se incluída na sociedade e participante de determinada rede social.

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TIPOLOGIA DE INTERVENÇÃO 2.2 – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS

O papel protector das forças sociais sobre o Homem e a sua influência no bem-estar e qualidade de vida

são hoje indiscutíveis.

Estabelecerem elos afectivos mais firmes aumentando assim a segurança;

Contribuem para a integração social dos indivíduos favorecendo o reconhecimento, valor e competências do indivíduo;

Possibilitam as trocas de conselhos e informações orientadoras;

Proporcionam a prestação de cuidados a outras pessoas reforçando deste modo sentimentos de utilidade.

O Apoio Social pode ter dois tipos de efeitos:

· o efeito directo

· o efeito amortecedor

O apoio social poderá ter um efeito directo sobre o bem-estar, fomentando a saúde

independentemente do nível de stress, o que significa que quanto maior for o apoio

social menor será o mal-estar psicológico experimentado e quanto menor for o

apoio social maior será a incidência dos transtornos.

O efeito protector ou amortizador do apoio social manifesta-se sempre que este

actua como moderador de outras forças que também influenciam o bem-estar.

Neste caso, as situações indutoras de stress só teriam efeitos negativos nos

indivíduos que possuíssem um apoio social baixo.

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TIPOLOGIA DE INTERVENÇÃO 2.2 – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS

Podemos dividir as redes sociais de apoio em dois grupos principais:

Redes de apoio formal

Redes de apoio informal

Redes de apoio formal:

Incluem-se Serviços Estatais, de Segurança Social e os organizados pelo Poder Local

(Lares para a Terceira Idade, Serviços de Apoio Domiciliário, Centros de Dia)

Apoia sobretudo idosos com incapacidades físicas e psicológicas.

Redes de apoio informal:

Incluem-se a família do próprio idoso, os amigos e os vizinhos. A rede de

apoio informal é também chamada rede natural de ajuda.

Apoia os idosos quando há manutenção de autonomia funcional.

As redes sociais de apoio revestem-se de importância crucial nos idosos

dado que o sentimento de ser amado e valorizado, a pertença a grupos

de comunicação e obrigação recíprocas, levam os indivíduos a escapar ao

isolamento e ao anonimato.