_Psicose_ Considerações Sobre o Conceito de Forclusão_ _ Palavra Escuta

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06/10/2015 "Psicose: considerações sobre o conceito de forclusão" | Palavra Escuta http://www.palavraescuta.com.br/textos/psicoseconsideracoessobreoconceitodeforclusao 1/1 Textos Principal "Psicose: considerações sobre o conceito de forclusão" Dom, 18/03/2007 22:11 — Anônimo Autora: Lais de Lima Na psicose, a lei encarnada pela mãe é uma lei pessoal, onipotente. O pai não aparece no discurso materno, o que impede que o pai simbólico emerja do lugar do pai real: não há lugar vago para o estabelecimento de um terceiro, que faria o corte na relação fusional mãefilho. Dessa forma, a criança permanece na posição de ser falo da mãe, numa posição de objeto da mãe, onde o Outro fica como completo, não barrado. A forclusão é um conceito operatório formalizado por Lacan para descrever o mecanismo específico de defesa que está na origem da psicose. Segundo Laplanche e Pontalis (2000), Lacan propõe este termo como equivalente ao termo utilizado por Freud, Verwerfung. No entanto, estes autores salientam que, para Freud, Verwerfung é um termo bastante amplo e que nem sempre este termo expressa a idéia de forclusão utilizada por Lacan, já que a forclusão parece estar ligada também a outras noções encontradas na obra de Freud, tais como: Ablehnen (afastar, declinar), Aufheben (suprimir, abolir) e Verleugnen (renegar, recusar). Lacan, ao desenvolver a noção de forclusão, se baseia no texto “O homem dos lobos”, texto em que Freud mostra a existência de uma recusa em admitir a castração. Na forclusão há uma rejeição do significante do NomedoPai para fora do simbólico do sujeito (está desligado de toda identificação com a função paterna), não sendo integrado no inconsciente. Segundo Rabinovitch (2000), o termo forclusão se diferencia dos outros mecanismos de defesa (recalcamento, renegação e a denegação), já que a forclusão intervém no plano da constituição primitiva do sujeito e instaura um lugar exterior ao sujeito, que é diferente do retorno do recalcado. A forclusão desordena as relações do real e do simbólico, alterando a estrutura. Na psicose não há um dito que designe o desejo, não há um laço entre o simbólico e o real; as representações de coisas estão ausentes e separadas das de palavras. Em virtude da falha na função do pai, enquanto função simbólica, o psicótico sofre as conseqüências de ter suas palavras aprisionadas à sua pura literalidade, onde a relação do sujeito com o significante ocorre em seu caráter puro (o significante não circula na cadeia). Nesse sentido, produzse o que Lacan chamou de “distúrbios da ordem da linguagem”: a metáfora é impossível, as palavras são os objetos, já que não podem representálos. O significante que foi forcluído retorna no real (alucinação, delírio), porque não há uma marca simbólica. É desta forma que se evidencia a presença do real na psicose, sendo algo irrepresentável, inacessível, um vazio constituído pela abolição de inscrição mnésicas, é um nada; uma presença invasora de algo que não foi simbolizado pelo sujeito. Bibliografia Dor, J. (1991) O pai e sua função em Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. Lacan, J. (1985) O Seminário. Livro 3. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. Rabinovitch, S. (2000). A Foraclusão – Presos do Lado de Fora. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. *É proibida a reprodução do texto publicado nesta página, no todo ou em parte, sem autorização escrita da autora, sujeito às penalidades previstas na Lei 9.610/98 de direitos autorais. Palavra Escuta

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Principal

"Psicose: considerações sobre o conceito de forclusão"

Dom, 18/03/2007 ­ 22:11 — Anônimo

Autora: Lais de Lima

Na psicose, a lei encarnada pela mãe é uma lei pessoal, onipotente. O pai não aparece no discurso materno, o que impede que o pai simbólico emerja do lugar do paireal: não há lugar vago para o estabelecimento de um terceiro, que faria o corte na relação fusional mãe­filho. Dessa forma, a criança permanece na posição de serfalo da mãe, numa posição de objeto da mãe, onde o Outro fica como completo, não barrado.

A forclusão é um conceito operatório formalizado por Lacan para descrever o mecanismo específico de defesa que está na origem da psicose.

Segundo Laplanche e Pontalis (2000), Lacan propõe este termo como equivalente ao termo utilizado por Freud, Verwerfung. No entanto, estes autores salientamque, para Freud, Verwerfung é um termo bastante amplo e que nem sempre este termo expressa a idéia de forclusão utilizada por Lacan, já que a forclusão pareceestar ligada também a outras noções encontradas na obra de Freud, tais como: Ablehnen (afastar, declinar), Aufheben (suprimir, abolir) e Verleugnen (renegar,recusar).

Lacan, ao desenvolver a noção de forclusão, se baseia no texto “O homem dos lobos”, texto em que Freud mostra a existência de uma recusa em admitir acastração.Na forclusão há uma rejeição do significante do Nome­do­Pai para fora do simbólico do sujeito (está desligado de toda identificação com a função paterna), não sendointegrado no inconsciente.

Segundo Rabinovitch (2000), o termo forclusão se diferencia dos outros mecanismos de defesa (recalcamento, renegação e a denegação), já que a forclusãointervém no plano da constituição primitiva do sujeito e instaura um lugar exterior ao sujeito, que é diferente do retorno do recalcado.

A forclusão desordena as relações do real e do simbólico, alterando a estrutura. Na psicose não há um dito que designe o desejo, não há um laço entre o simbólico eo real; as representações de coisas estão ausentes e separadas das de palavras.

Em virtude da falha na função do pai, enquanto função simbólica, o psicótico sofre as conseqüências de ter suas palavras aprisionadas à sua pura literalidade, onde arelação do sujeito com o significante ocorre em seu caráter puro (o significante não circula na cadeia). Nesse sentido, produz­se o que Lacan chamou de “distúrbiosda ordem da linguagem”: a metáfora é impossível, as palavras são os objetos, já que não podem representá­los.

O significante que foi forcluído retorna no real (alucinação, delírio), porque não há uma marca simbólica. É desta forma que se evidencia a presença do real napsicose, sendo algo irrepresentável, inacessível, um vazio constituído pela abolição de inscrição mnésicas, é um nada; uma presença invasora de algo que não foisimbolizado pelo sujeito.

BibliografiaDor, J. (1991) ­ O pai e sua função em Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.Lacan, J. (1985) ­ O Seminário. Livro 3. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.Rabinovitch, S. (2000). A Foraclusão – Presos do Lado de Fora. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

*É proibida a reprodução do texto publicado nesta página, no todo ou em parte, sem autorização escrita da autora, sujeito às penalidades previstas na Lei 9.610/98 de direitos autorais.

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