PSV 1500 OR: ASPECTOS DO PROJETO DE CONVERSÃO DE...

71
IV PSV 1500 OR: ASPECTOS DO PROJETO DE CONVERSÃO DE UM PSV 1000 Jorge Schubert Neto Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes Rio de Janeiro Agosto de 2014

Transcript of PSV 1500 OR: ASPECTOS DO PROJETO DE CONVERSÃO DE...

IV

PSV 1500 OR: ASPECTOS DO PROJETO DE CONVERSÃO DE UM PSV 1000

Jorge Schubert Neto

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Naval e Oceânica da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

II

PSV 1500 OR: ASPECTOS DO PROJETO DE CONVERSÃO DE UM PSV 1000

Jorge Schubert Neto

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL E

OCEÂNICO.

Examinado por:

_________________________________________________

Orientadora: Profª. Marta Cecilia Tapia Reyes, D.Sc

_________________________________________________

Prof. José Henrique Erthal Sanglard, D.Sc

_________________________________________________

Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2014

III

Schubert Neto, Jorge

PSV 1500 OR: Aspectos do projeto de conversão de um PSV

1000/ Jorge Schubert Neto. – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

VIII, 63 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Naval e Oceânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 63.

1. Projeto. 2. PSV 1500 OR. 3. Conversão. 4. Apoio Marítimo

I. Tapia Reyes, Marta Cecília. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval e Oceânica.

III. PSV 1500 OR: Aspectos do projeto de conversão de um PSV

1000.

IV

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

PSV 1500 OR: ASPECTOS DO PROJETO DE CONVERSÃO DE UM PSV 1000

Jorge Schubert Neto

Agosto/2014

Orientadora: Marta Cecilia Tapia Reyes

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

A partir da necessidade de afretamento de embarcações de apoio marítimo classe

PSV 1500 OR (recolhimento de óleo e suprimento) armadores nacionais optaram em

converter cascos de embarcações obsoletas - classe PSV 1000 - com 25 anos de

construção ao invés de construir outras novas. Serão apresentados todos os aspectos

relevantes deste projeto de conversão, desde as estimativas preliminares para atestar

a viabilidade técnica/econômica, as variáveis e alternativas consideradas durante a

evolução dos trabalhos, as soluções encontradas e as características finais da

embarcação alterada. A conversão visou atender as novas necessidades do mercado

de apoio marítimo, considerando que as embarcações teriam uma sobrevida de

aproximadamente 15 anos.

V

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Naval Engineer.

PSV 1500 OR: PROJECT ASPECTS OF A PSV 1000 CONVERSION

Jorge Schubert Neto

Agosto/2014

Advisor: Marta Cecilia Tapia Reyes

Graduation: Naval Engineering

From the necessity of chartering supply vessels class PSV 1500 OR (oil recovery and

supply) national ship-owners opted to convert the hulls of obsolete vessels - class PSV

1000 – with 25 years of construction rather than building new ones. All relevant aspects

of this conversion project will be presented from the preliminary estimates to prove the

technical and economic feasibility, the variables and alternatives considered during the

progress of the work, the solutions and the final characteristics of the modified vessel.

The conversion aimed to meet the new needs of the offshore market, considering that

vessels would have a new life time of about 15 years.

VI

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA EMBARCAÇÃO ........................................... 3

2.1. Características das embarcações classe PSV 1000 .......................................... 3

2.2. Características das embarcações classe PSV 1500 OR .................................... 5

3. VIABILIDADE ECONÔMICA E TÉCNICA DO PROJETO DE CONVERSÃO .......... 12

3.1. Viabilidade econômica do projeto de conversão .............................................. 12

3.2. Viabilidade técnica do projeto de conversão .................................................... 13

3.3. Principais decisões do projeto de conversão.................................................... 14

4. PROJETO DE CONVERSÃO DA ESTRUTURA ..................................................... 21

4.1 Arranjo estrutural e modificações nos compartimentos: .................................... 22

4.2 Principais alterações nos Conveses .................................................................. 26

4.3 Aspectos gerais ................................................................................................ 27

5. PROJETO DE CONVERSÃO DAS ACOMODAÇÕES ............................................ 33

6. PROJETO DE CONVERSÃO DOS EQUIPAMENTOS DE CASCO E CONVÉS ..... 38

6.1. Equipamentos de recolhimento de óleo ........................................................... 38

6.2. Demais equipamentos ..................................................................................... 44

7. PROJETO DE CONVERSÃO DOS EQUIPAMENTOS ........................................... 47

7.1 Praça de máquinas ........................................................................................... 47

7.2. Tubulação ........................................................................................................ 56

7.3. Eletricidade ...................................................................................................... 58

8. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 62

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 63

VII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Plano de balizas original e após as alterações..............................................20

Figura 2. Instalação do bloco de BE da jumborização..................................................23

Figura 3. Instalação de um dos blocos do blister de BB...............................................24

Figura 4. Etapas do processo de jumborização e blisterização....................................24

Figura 5. Seções típicas................................................................................................25

Figura 6. Perfil antes e depois da conversão................................................................30

Figura 7. Fundo antes e depois da conversão..............................................................31

Figura 8. Convés principal antes e depois da conversão..............................................32

Figura 9. Acomodações no convés principal antes e depois da conversão..................34

Figura 10. Acomodações no convés do castelo antes e depois da conversão.............35

Figura 11. Convés do passadiço antes e depois da conversão....................................36

Figura 12. Multiskimmer tipo tarântula com quatro flutuadores.....................................39

Figura 13. Guindaste de BE para lançamento do multiskimmer...................................40

Figura 14. Sarrilhos das saias e sarrilho dos umbilicais................................................41

Figura 15. Turco de BB lançando o bote de serviço.....................................................42

Figura 16. Unidade portátil do sistema de dispersante.................................................43

Figura 17. Instalação do bow thruster...........................................................................48

Figura 18. Instalação do stern thruster na nova rabeta.................................................48

VIII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características principais da embarcação existente......................................3

Tabela 2 - Capacidades de Carga para Suprimento da embarcação existente..............4

Tabela 3 - Capacidades dos equipamentos de manuseio da embarcação existente.....4

Tabela 4 – Capacidade das acomodações da embarcação existente............................4

Tabela 5 – Características dos equipamentos de comunicação da embarcação existente..........................................................................................................................5

Tabela 6 - Características principais da classe PSV 1500 OR.......................................7

Tabela 7 - Capacidades de Carga para Suprimento.......................................................8

Tabela 8 - Capacidades dos equipamentos de manuseio..............................................8

Tabela 9 - Capacidades do Sistema de Recuperação de Óleo Derramado...................9

Tabela 10 – Capacidade das acomodações...................................................................9

Tabela 11 – Requisitos dos equipamentos de comunicação........................................10

Tabela 12 – Requisitos gerais do projeto......................................................................15

Tabela 13 – Requisitos de máquinas e equipamentos..................................................16

Tabela 14 – Requisitos de estrutura..............................................................................18

Tabela 15 - Características da embarcação com a nova forma e compartimentação..18

Tabela 16 – Esquema de pintura..................................................................................29

Tabela 17 – Materiais das válvulas...............................................................................57

1

1. INTRODUÇÃO

A partir da necessidade de afretamento de embarcações de apoio marítimo classe PSV

1500 OR (recolhimento de óleo e suprimento) armadores nacionais optaram por utilizar os

cascos de embarcações obsoletas - classe PSV 1000 - com 25 anos de construção ao invés

de construir outras novas unidades.

O objetivo deste projeto de graduação é descrever todo o processo do projeto de conversão

de uma embarcação de apoio marítimo, classe PSV 1000, para transformá-la em um PSV

1500 OR, visando atender as novas necessidades do mercado de apoio marítimo,

considerando que as embarcações teriam uma sobrevida de pelo menos 15 anos.

Serão apresentados todos os aspectos relevantes do projeto de conversão, desde as

estimativas preliminares para atestar a viabilidade técnica/econômica, as variáveis e

alternativas consideradas, as soluções encontradas, as especificações para as alterações e

as características finais da embarcação alterada.

No segundo capítulo são apresentadas inicialmente as principais características da

embarcação – um PSV 1000 - antes da conversão e em seguida as principais

características de uma embarcação PSV 1500 OR – objetivo da conversão – assim como os

requisitos do mercado de apoio marítimo para esta nova classe, como capacidades de

armazenamento de líquidos, motorização, etc.

No terceiro capítulo será apresentada uma síntese da viabilidade econômica e da viabilidade

técnica da conversão, apresentando as principais vantagens de se realizar a obra de

conversão a partir de um casco existente em vez de construir um novo semelhante e

também as decisões relativas ao aumento do comprimento e da boca, para viabilizar os

principais requisitos técnicos. Na sequência serão apresentadas as principais decisões do

projeto de conversão, necessárias para converter a embarcação existente em um PSV 1500

OR.

No quarto capítulo serão apresentadas as principais decisões do projeto na disciplina de

estruturas, relacionando as modificações estruturais necessárias para atender a conversão.

As modificações nas acomodações para melhorar o grau de conforto são descritas no quinto

capítulo.

No sexto capítulo serão apresentadas as principais decisões do projeto para a instalação

dos equipamentos de recolhimento de óleo, bem como dos equipamentos de casco e

2

convés, relacionando as alterações necessárias para atender os requisitos da classe PSV

1500 OR.

No sétimo capítulo são apresentadas as principais decisões do projeto de conversão dos

equipamentos de praça de máquinas, com as modificações para atender as novas

necessidades de motorização e dos outros sistemas de máquinas. Em seguida são

apresentas as principais decisões do projeto de conversão nas disciplinas de tubulação e de

eletricidade, relacionando as alterações necessárias para atender os requisitos da classe

PSV 1500 OR e a substituição dos itens com desgaste acentuado.

E no oitavo capítulo são apresentadas as conclusões do projeto.

3

2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA EMBARCAÇÃO

2.1. Características das embarcações classe PSV 1000

Apresentamos inicialmente as principais características da embarcação classe PSV 1000,

que foi objeto do projeto de conversão.

Estas informações serão mais adiante confrontadas com os requisitos técnicos das

embarcações classe PSV 1500 OR, para que se possa definir as ações a serem

implementadas para o projeto de conversão, sempre buscando atender os requisitos do

mercado de apoio marítimo e os Regulamentos aplicáveis.

A tabela 1 apresenta as características principais da embarcação existente.

Tabela 1 - Características principais da embarcação existente

Calado máximo 3,65 m

Área de convés livre 245 m2

Potência máxima contínua 2.500 bhp

Potência lateral a vante máxima contínua 320 bhp

Potência lateral a ré máxima contínua não possui

Passo controlável não possui

Flap Rudder não possui

Velocidade de serviço 11,0 nós

Sistema de posicionamento dinâmico não possui

A tabela 2 apresenta as capacidades de carga e suprimento da embarcação existente.

4

Tabela 2 - Capacidades de Carga para Suprimento da embarcação existente

Item Capacidade Vazão de Descarga

Água potável 110 m3 800 m3/h

Óleo Diesel 320 m3 80 m3/h

Carga de convés 500 t -

Porte bruto 1.080 t -

A tabela 3 apresenta as capacidades dos equipamentos de manuseio da embarcação

existente.

Tabela 3 - Capacidades dos equipamentos de manuseio da embarcação existente

Item Capacidade

Guinchos auxiliares (tuggers) 2 x 5,0 t

Cabrestantes 2 x 8,0 t

A tabela 4 apresenta a capacidade das acomodações da embarcação existente.

Tabela 4 – Capacidade das acomodações da embarcação existente

Item Quantidade

Número de passageiros 8

Número de tripulantes 14

A tabela 5 apresenta aa características dos equipamentos de comunicação da embarcação

existente.

5

Tabela 5 – Características dos equipamentos de comunicação da embarcação existente

Item Característica

Radar alcance de 20 milhas

DGNSS não possui

GMDSS Área 3 não possui

SSB e VHF possui

Radiotelex possui

Equipamentos Telecom possui

2.2. Características das embarcações classe PSV 1500 OR

Antes do desenvolvimento um projeto, deve-se atentar para todos os requisitos

técnicos/operacionais que o objeto estará sujeito, de forma que todo o processo seja

desenvolvido de uma maneira otimizada.

Após apresentar no capítulo anterior as características da embarcação original, listamos

abaixo as principais características das embarcações classe PSV 1500 OR, que além da

capacidade de transporte de carga geral no convés e líquidos em tanques – função comuns

aos PSVs – são dotadas de equipamentos para recolhimento e armazenamento de óleo

derramado:

- A embarcação deverá estar dotada de equipamentos e materiais necessários ao

cumprimento das suas funções de suprimento às unidades off shore, sendo também

adequada para as operações de recolhimento de óleo em mar aberto em Águas sob

Jurisdição Brasileira.

- A embarcação deverá estar dotada de comando a ré do passadiço integrado ao comando

principal.

- A embarcação deverá estar dotada de ar condicionado nas acomodações (salão de

passageiros, camarotes, refeitórios e etc.).

6

- A embarcação deverá possuir capacidade para transporte e transferência de óleo diesel

e/ou água potável e deverá ser necessariamente dotada de oleômetro e/ou hidrômetro,

respectivamente, com certificado de aferição.

- A embarcação deverá possuir, no mínimo, dois motores principais acionando sistemas de

propulsão independentes.

- Adicionalmente às capacidades para transporte e suprimento, devem ser previstas as

quantidades de no mínimo 140 m3 de água doce e 190 m3 de óleo diesel para consumo

próprio, além de atender a autonomia requerida.

- O porte bruto deverá ser compatível com cada uma das capacidades oferecidas, incluindo-

se lastro se necessário, tripulação, pertences, rancho e consumíveis. As boas condições de

navegabilidade e estabilidade, conforme os critérios da Sociedade Classificadora, deverão

ser mantidas antes e depois do fornecimento dos produtos.

- Não será permitida a utilização de água salgada para lastro nos tanques de água potável

ou óleo diesel.

- Os tanques de água potável deverão estar pintados com esquema de pintura inerte à

água.

- Os tanques de colisão de vante e de ré não poderão ser utilizados com óleo diesel, seja

para consumo ou suprimento.

- Os tanques destinados à óleo diesel não deverão permitir que quando cheios e em alto

mar, venham derramar óleo diesel pelos suspiros considerados as condições ambientais da

Plataforma Continental brasileira. Portanto os tanques deverão ter um limite percentual

volumétrico e/ou outra(s) alternativa(s) para impedir o mencionado derramamento.

- A embarcação deverá possuir sistema de contenção de óleo derramado junto dos suspiros

e das tomadas de recebimento e fornecimento de óleo no convés principal.

- A velocidade de serviço deve ser baseada na velocidade média obtida pela relação entre

as distâncias e os tempos decorridos nos deslocamento porto x primeira unidade marítima,

última unidade marítima x porto ou ainda porto x porto, levando-se em consideração as

condições ambientais da Plataforma Continental brasileira e o carregamento máximo da

embarcação.

- O passadiço deverá ser equipado com sensor de movimento com alarme.

7

- A embarcação deverá estar dotada de fossa séptica com sistema de tratamento de esgoto

sanitário ou tanque séptico com capacidade igual ou superior a 70 litros por tripulante.

- A embarcação deverá estar classificada por Sociedade Classificadora reconhecida pela

Autoridade Naval brasileira.

A tabela 6 apresenta as características principais das embarcações classe PSV 1500 OR.

Tabela 6 - Características principais da classe PSV 1500 OR

Calado máximo 6,00 m

Área de convés livre mínima 360 m2 (*)

Potência máxima contínua 3.200 bhp (no mínimo)

Potência lateral a vante máxima contínua 700 bhp (no mínimo)

Potência lateral a ré máxima contínua 300 bhp (no mínimo)

Passo controlável deve possuir

Flap Rudder deve possuir

Velocidade de serviço 10,0 nós (no mínimo) (**)

Sistema de posicionamento dinâmico deve possuir (***)

Sistema de geração de energia (****)

(*) Nesta área poderão ser instalados equipamentos do sistema de recuperação de óleo

derramado.

(**) A embarcação desenvolverá a velocidade de serviço no calado de borda livre,

absorvendo no máximo 90% da MCR, em águas profundas, mar calmo e vento não superior

ao de número 2 na escala Beaufort, com casco e hélices limpos.

(***) A embarcação deverá ter posicionamento dinâmico com a integração de todos os

propulsores e lemes (se possuir), utilizando como referências os sistemas DGNSS e Laser.

8

Em quaisquer operações que requeiram posicionamento dinâmico em operação contínua, a

embarcação deverá ser capaz de operar, simultaneamente, todos os propulsores e laterais

até 90% das potências máximas contínuas dos respectivos motores diesel acionadores, ou

100% no caso de propulsores acionados por motores elétricos.

(****) A embarcação deverá prover energia para acionar simultaneamente os thrusters,

bomba de água potável, bomba de óleo diesel, sistema de DP, serviços gerais e as demais

demandas necessárias para o bom funcionamento da embarcação.

A tabela 7 apresenta os requisitos técnicos relativos às capacidades de carga e suprimento.

Tabela 7 - Capacidades de Carga para Suprimento

Item Capacidade (mínima) Vazão de Descarga

(mínima)

Água potável 300 m3 100 m3/h

Óleo Diesel 450 m3 100 m3/h

Carga de convés 500 t -

Porte bruto 1400 t -

A tabela 8 apresenta os requisitos técnicos relativos às capacidades dos equipamentos de

manuseio.

Tabela 8 - Capacidades dos equipamentos de manuseio

Item Capacidade (mínima)

Guinchos auxiliares (tuggers) 2 x 10,0 t

Cabrestantes 2 x 10,0 t

9

A tabela 9 apresenta os requisitos técnicos relativos às capacidades do Sistema de

Recuperação de Óleo Derramado.

Tabela 9 - Capacidades do Sistema de Recuperação de Óleo Derramado

Item

Capacidade (mínimos

exigidos)

Armazenamento de óleo derramado em tanques 450 m3

Vazão de recolhimento do sistema coletor 200 m3/h

Comprimento de barreira de contenção 4 x 100 m

Potência do barco de apoio 250 bhp

A tabela 10 apresenta os requisitos técnicos relativos à capacidade das acomodações.

Tabela 10 – Capacidade das acomodações

Item Acomodações (mínimos exigidos)

Número de passageiros 6

Número de camarotes para passageiros 2

Número de tripulantes 12

A tabela 11 apresenta os requisitos relativos aos equipamentos de comunicação.

10

Tabela 11 – Requisitos dos equipamentos de comunicação

Item Característica

Radar alcance mínimo de 20 milhas

DGNSS exigido

GMDSS Área 3 exigido

SSB e VHF exigidos

Radiotelex exigido

Equipamentos Telecom exigidos

Diversos:

- A embarcação deverá necessariamente atender aos requisitos das NORMAN 01 e 04,

ILLC 1966, RIPEAM 1972, SOLAS e Emendas em vigor.

- A embarcação deverá permanecer por jornadas de 60 dias em alto mar, sem entrada no

porto. Portanto deverá ser previsto um volume adequado na câmara frigorífica ou operar

com contêiner frigorífico exclusivo e permanente.

- A embarcação deverá ser dotada de um sistema completo para recuperação de óleo

derramado e ser classificada por Sociedade Classificadora como “Oil Recovery Vessel”,

para realização de operações de recolhimento de óleo com flash point acima de 60ºC.

- Todos os equipamentos do sistema de para recuperação de óleo derramado deverão ser

instalados em locais que não interfiram com as demais operações a serem realizadas pela

embarcação.

- A capacidade exigida para o armazenamento (450 m3) de para recuperação de óleo

derramado deverá ser exclusivamente para este fim, em tanques de fácil acesso. A

embarcação deverá dispor ainda de uma capacidade adicional de 500 m3 a qual poderá

utilizar os tanques de óleo diesel. Não serão utilizados para esta finalidade os paióis de

amarras, os tanques de colisão de vante e de ré e oil bags.

11

- O sistema de recolhimento de óleo derramado deverá ser composto dos seguintes

equipamentos:

- Sarilhos Motorizados com Barreira de Contenção;

- Multiskimmer;

- Sarilho motorizado com Umbilicais Flutuantes;

- Painel de Controle;

- Bomba de Descarga da Emulsão;

- Rede e Tomadas de Recolhimento e Descarga de Emulsão;

- Sistema de limpeza portátil para os tanques armazenadores de emulsão;

- Bote de serviço rígido;

- Sistema de aplicação de dispersante químico por braços articulados.

12

3. VIABILIDADE ECONÔMICA E TÉCNICA DO PROJETO DE

CONVERSÃO

3.1. Viabilidade econômica do projeto de conversão

O principal diferencial de se utilizar um casco existente - e a partir dele desenvolver uma

nova embarcação – é a economia gerada, principalmente, pelo aproveitamento do aço

estrutural e a entrega do navio especificado em um curto prazo.

Mesmo com os custos não contabilizáveis em uma obra de construção de uma nova

embarcação – como docagem no início dos serviços, retiradas dos equipamentos, redes e

acessórios não utilizados, manutenção de equipamentos aproveitados, etc. – a economia

gerada pelo aproveitamento do casco continuaria ainda proporcionando uma grande

vantagem econômica.

O aproveitamento do casco também gera outra grande vantagem, que é o prazo de entrega

menor, tanto para o projeto como para a execução da obra, classificação e testes até a

entrega ao armador.

Considerando um custo de US$ 10.00 por quilo de aço estrutural processado e que o casco

existente a ser aproveitado possui cerca de 560 toneladas, tem-se uma redução - optando-

se pela obra de conversão - de cerca de US$ 5.6 mi em relação à construção de um casco

novo.

Além do aço estrutural, é possível economizar também em uma série de equipamentos

como os grupos diesel-geradores, tubo telescópico, equipamentos periféricos de máquinas e

eletricidade (bombas, seus acionadores, demarradores, quadros elétricos, etc), bombas,

acessórios de aço (portas estanques, escotilhões de acesso, portas de visita, escadas, etc.),

além da tubulação e do cabeamento elétrico em bom estado, cuja permanência a bordo não

comprometeriam a nova vida útil da embarcação.

Um ponto positivo com relação à tubulação é a possibilidade de um grande aproveitamento

de redes no fundo da embarcação e no interior de tanques, os quais demandariam mais

mão-de-obra de fabricação e instalação, gerando com isso grande economia de recursos e

prazo.

13

Tem-se ainda uma significativa redução dos custos de projeto, de classificação e de testes

(comissionamento de equipamentos e testes de cais), em relação aos mesmos serviços

para a construção de uma nova embarcação semelhante.

O empreendimento como um todo refletiu principalmente no preço ofertado para contratação

da embarcação, ou seja, a partir de uma embarcação já amortizada, com um investimento

muito menor em relação a uma nova construção e prazo de entrega relativamente pequeno,

chegou-se a uma taxa final de frete comercialmente atrativa ao mercado.

3.2. Viabilidade técnica do projeto de conversão

Após apresentarmos a viabilidade econômica, foi realizada a verificação da viabilidade

técnica.

Neste ponto foi decido a mais impactante alteração a ser realizada no projeto de conversão,

que consiste no aumento do comprimento (jumborização) e da boca (blisterização) da

embarcação para atender, de modo simultâneo, os seguintes requisitos:

- Área de convés;

- Porte bruto;

- Capacidade dos tanques de água doce e óleo diesel, tanto para o consumo em função da

autonomia requerida como para fornecimento;

- Capacidade dos tanques de óleo recolhido.

O aumento do comprimento e da boca foram determinados conforme a sequencia abaixo:

1- Inicialmente foi descartado o aumento do comprimento sem o aumento da boca, pois

verificou-se que a razão L/B ficaria muito grande para atender simultaneamente os

requisitos de porte bruto, área de convés e capacidade dos tanques.

2- De forma semelhante, foi descartado também o aumento da boca sem o aumento do

comprimento, pois verificou-se que a razão L/B ficaria muito pequena para atender

simultaneamente os requisitos de porte bruto, área de convés e capacidade dos tanques.

3- Foram então feitas várias simulações, combinando aumentos simultâneos de

comprimento e boca, tendo sempre em vista os seguintes aspectos:

14

A) O aumento do comprimento deveria ser um múltiplo de 650 mm, que é o espaçamento de

cavernas atual, assegurando assim uma coerência estrutural entre o bloco jumborizado e o

casco existente.

B) O aumento da boca não seria necessariamente um múltiplo de 725 mm, que é o

espaçamento de longitudinais atual, pois se verificou após a análise da seção mestra que os

reforçadores do convés e do fundo poderiam ser transversais, de modo a facilitar a

construção dos blisters.

4- Com estas premissas, determinou-se finalmente que a embarcação teria um aumento no

seu comprimento através de um bloco de 9,10 metros (equivalente a 14 cavernas) e um

aumento sua boca em 1,60 metros em cada bordo.

Importante destacar que os valores acima foram os menores encontrados que

possibilitavam o atendimento - sem margem - do requisito porte bruto e, simultaneamente, o

atendimento - com pequenas margens - para os requisitos de área de convés e capacidade

dos tanques de água doce, óleo diesel e óleo recolhido.

3.3. Principais decisões do projeto de conversão

Considerando os requisitos técnico/operacionais descritos anteriormente e os confrontando

com as características e capacidades da embarcação original, foram buscadas soluções

para o desenvolvimento do projeto de conversão, de modo que a execução de todos os

serviços necessários fosse realizada da maneira mais rápida e econômica possível.

A tabela 12 relaciona os requisitos gerais do projeto (capacidades, desempenho, etc.) para a

classe PSV 1500 OR, as características da embarcação original e as decisões para o

projeto de conversão.

15

Tabela 12 – Requisitos gerais do projeto

REQUISITOS PARA PSV 1500 OR

EMBARC.

ORIGINAL

DECISÕES DO PROJETO

DE CONVERSÃO

Calado máximo = 6,00 m 3,65 m Verificar o novo calado de

borda livre após as

alterações no casco.

Área de convés livre = 360 m2 (mín.) 245 m2 Aumento do comprimento e

da boca.

Porte bruto = 1.400 t (mín.) 1.080 t Acrescentar deslocamento,

através do aumento do

comprimento e da boca.

Carga de convés = 500 t 500 t Manter a configuração da

estrutura da área de carga.

Verificar a estabilidade após

alterar comprimento e boca.

Lotação = 12 tripulantes + 6

passageiros

14 trip. + 8

passag.

Redistribuir camarotes para

maior funcionalidade.

Capacidade de óleo diesel para

consumo e suprimento = 190 + 450 m3

320 m3 Acrescentar volume ao

casco, através do aumento

do comprimento e boca.

Capacidade de água doce para

consumo e suprimento = 140 + 300 m3

110 m3 Acrescentar volume ao

casco, através do aumento

do comprimento e boca.

Converter os tanques de

água industrial para água

doce.

16

Capacidade de recolhimento e

armazenamento (450 m3) de óleo

derramado

Não

possui

Instalar sistema de oil rec e,

através do aumento do

comprimento e da boca,

novos tanques para 450 m3.

Velocidade de serviço = 10 nós 11 nós Prever estimativa de potência

para 10 nós considerando as

novas dimensões do casco.

Comando a ré integrado ao de vante Não

possui

Estender o passadiço para ré

e incluir o novo console.

Autonomia mínima de 60 dias 30 dias Prever aumento do paiol de

mantimentos, frigoríficas e

dos tanques de óleo diesel e

água doce para consumo.

A tabela 13 relaciona os principais requisitos de máquinas e equipamentos para a classe

PSV 1500 OR, as características da embarcação original e as decisões para o projeto de

conversão.

Tabela 13 – Requisitos de máquinas e equipamentos

REQUISITOS PARA PSV 1500 OR

EMBARC.

ORIGINAL

DECISÕES DO PROJETO

DE CONVERSÃO

Sistema de posicionamento dinâmico Não

possui

Instalar.

Sistema de granel Não

exigido

Retirar.

17

Sistema de geração de energia 840 kW Prever aumento da demanda

elétrica, instalando novos

geradores e/ou substituindo

os existentes.

Potência máxima contínua = 3.200 bhp

(mín.)

2.500 bhp Substituir os MCPs, caixas

redutoras e as linhas de eixo.

Prever aproveitamento do

tubo telescópico.

Possuir 2 conjuntos de propulsão

independentes

Possui Manter configuração.

Potência lateral à vante máx.

contínua = 700 bhp (mín.)

320 bhp Substituir o bow thruster e

prever as alterações

estruturais necessárias.

Potência lateral à ré máx.

contínua = 300 bhp (mín.)

Não

possui

Instalar stern thruster e

prever as alterações

estruturais necessárias.

Sistema de transbordo para suspiros

dos tanques de óleo diesel

Não

possui

Instalar.

Tanque séptico Não

possui

Instalar tanque e sistema

associado.

Sistema de reboque Não

exigido

Retirar guincho de reboque e

rolo de popa, prevendo as

alterações estruturais

necessárias.

Hélice com passo controlável Não

possui CP

Substituir o existente.

Leme com flap rudder Não

possui FR

Substituir o existente.

18

A tabela 14 relaciona os principais requisitos de estrutura para a classe PSV 1500 OR, as

características da embarcação original e as decisões para o projeto de conversão.

Tabela 14 – Requisitos de estrutura

Borda falsa Possui Reposicionar para a nova

boca.

Horse bar (peação de carga) Possui Será substituído por outro

mais alto e de maior

capacidade.

Os aumentos do comprimento e da boca também acarretarão as seguintes alterações:

- Novo cálculo para o numeral de equipamento, devido ao aumento do deslocamento e da

área vélica lateral;

- Novo arranjo das luzes de navegação, devido ao aumento da boca.

Após a determinação das novas dimensões do casco, conforme descrito anteriormente e do

novo arranjo de tanques para atender os requisitos de volume disponível de água doce, óleo

diesel e óleo recolhido, a embarcação passou a ter as seguintes características,

apresentadas na tabela 15, atendendo plenamente e sem grandes margens todos os

requisitos da classe PSV 1500 OR.

Tabela 15 - Características da embarcação com a nova forma e compartimentação

Comprimento total 63,95 m

Comprimento entre perpendiculares 61,10 m

19

Boca moldada 14,80 m

Pontal moldado ao lado 4,60 m

Calado moldado de projeto 3,65 m

Calado moldado de borda livre 3,91 m

Óleo diesel 740 m3

Água potável 510 m3

Óleo recolhido (exclusivo) 510 m3

Óleo recolhido (exclusivo + tanques OD) 970 m3

Transbordo de óleo diesel e recolhido 40 m3

Lastro 136 m3

Capacidade de carga no convés 500 t

Porte bruto 1.400 t

Área livre de convés 390 m2

A figura 1 apresenta o plano de balizas original (em azul) superposto às balizas do casco

blisterizado e jumborizado (em verde), onde se pode visualizar a continuidade das linhas, de

forma a não comprometer o desempenho hidrodinâmico e, consequentemente, otimizando o

novo sistema propulsivo.

20

Figura 1. Plano de balizas original e após as alterações

21

4. PROJETO DE CONVERSÃO DA ESTRUTURA

Conforme descrito no capítulo 3, o ponto de partida para determinação das novas

dimensões de boca e comprimento foi o requisito da área mínima de convés de carga, com

a natural e necessária interação com os seguintes parâmetros:

- Aspectos hidrodinâmicos (a forma final do novo casco deveria ser semelhante ao

existente);

- Volume dos tanques abaixo do convés (nova compartimentação); e

- Porte bruto (resultado do novo deslocamento menos o novo peso leve após as alterações).

Uma vez que os elementos estruturais primários da embarcação foram vistoriados e

apresentaram-se em bom estado, considerando-se ainda que a região de meia-nau seria

totalmente nova (bloco da jumborização) e daria continuidade com a estrutura existente,

tanto a vante como a ré, e que o costado existente atuaria como uma antepara longitudinal

não estanque – para ligação dos tanques laterais existentes com os do blister, os cálculos

desenvolvidos comprovaram que o casco final era estruturalmente viável, sem necessidade

de elementos estruturais específicos para a transição entre as partes existentes e as novas.

Foi verificado ainda que a nova seção mestra atenderia o módulo mínimo requerido de

Regra, considerando as novas dimensões do casco.

Diretrizes gerais do projeto de estrutura a serem seguidas na execução da obra:

No projeto estrutural de conversão considerou-se que os novos blocos a serem adicionados

à embarcação seriam totalmente em aço soldado, respeitando a continuidade da estrutura

existente.

Os escantilhões dos elementos estruturais e a especificação dos materiais atenderam aos

requisitos das Regras da Sociedade Classificadora.

Foi usada solda contínua de filete, exceto onde o uso de solda intermitente era permitido

pela Sociedade Classificadora, conforme o casco existente.

O material utilizado foi aço grau “A” ASTM A-131 - certificado pela Sociedade Classificadora

- para chapas estruturais e aço ASTM A-36 - também certificado - para os perfis laminados.

22

4.1 Arranjo estrutural e modificações nos compartimentos:

A estrutura dos novos blocos (jumborização e blisters) foi reforçada transversalmente com

cavernas onde aplicável, hastilhas e vaus de convés, suportados por longarinas no fundo,

cavernas gigantes e longarinas no convés, sempre respeitando a configuração da estrutura

existente

Conforme descrito no capítulo 3, para viabilizar os requisitos de área de convés, porte bruto

e capacidades dos tanques, foi construído um bloco de 9,10 metros de comprimento (14

cavernas) e instalado entre as cavernas 35 e 36 (caverna imediatamente a ré da antepara

de ré da praça de máquinas). Para a localização do bloco da jumborização, o projeto

considerou:

- Deveria estar localizado na região do corpo paralelo; e

- O novo bloco deveria ser inserido preferencialmente na extremidade de um compartimento

existente, para não dificultar os trabalhos a bordo.

Desta forma o projeto decidiu pelo corte do casco no primeiro espaço de caverna a ré da

praça de máquinas, mantendo assim preservado este espaço onde se concentrariam a

maior parte dos serviços abaixo do convés principal.

Este bloco não possui tanque no fundo duplo e teve um peso líquido estimado em 83

toneladas.

- Deveria estar localizado na região do corpo paralelo; e

- O novo bloco não deveria ser inserido preferencialmente na extremidade de um

compartimento existente, para não dificultar os trabalhos a bordo.

Desta forma o projeto decidiu pelo corte do casco no primeiro espaço de caverna a ré da

praça de máquinas, mantendo assim preservado este espaço onde se concentrariam a

maior parte dos serviços abaixo do convés principal.

23

Figura 2. Instalação do bloco de BE da jumborização

Ainda conforme descrito no capítulo 3, foram construídos dois blocos laterais (blisters) de

1,6 metros cada e com peso líquido total estimado em 71 toneladas.

Foram instalados a vante a partir da caverna 60 até a popa. Desta forma a embarcação

poderia atender aos requisitos aumento da área de convés, do porte bruto e das

capacidades dos tanques, sendo que não seria necessário estender os blisters até o

extremo de vante, devido a maior complexidade da forma do casco nesta região.

24

Figura 3. Instalação de um dos blocos do blister de BB

Para otimizar a resistência ao avanço, as formas do blister acompanharam as linhas do

casco existente.

A relação L/B que era de 4,7 teve uma pequena alteração, passando para 4,3.

A figura 4 ilustra o processo de alteração no comprimento e na boca:

Figura 4. Etapas do processo de jumborização e blisterização

25

A figura 5 apresenta as seções típicas (caverna comum e gigante) na região dos tanques a

ré da praça de máquinas, que corresponde ao bloco da jumborização.

Figura 5. Seções típicas

26

Outros aspectos considerados pelo projeto de estrutura foram:

- Os conveses não tiveram abaulamento nem tosamento. O convés principal é contínuo em

toda parte blisterizada ao longo da embarcação.

- O convés principal exposto (área de carga) no bloco jumborizado foi reforçado para

suportar a carga estática distribuída (2,95 t/m2) compatível com a região de carga existente.

- Foram utilizados reforços estruturais localizados sob o convés nas regiões sujeitas a

esforços localizados, tais como guinchos auxiliares, cabrestantes, cabeços de amarração,

etc.

Seguindo as boas práticas da construção naval, foram observados os seguintes detalhes

estruturais:

- Os elementos estruturais dentro dos tanques foram providos de furos para dreno e

escoamento de ar;

- Hastilhas e vigas de fundo não estanques também foram providas de furos de dreno;

- Todas as aberturas no fundo, costado e convés principal tiveram cantos arredondados

para evitar concentração de tensões.

4.2 Principais alterações nos Conveses

No convés principal a casaria foi estendida para ré até a caverna 52, sem comprometimento

da área do convés de carga, aproveitando a área disponível com a retirada do guincho de

reboque. Desta forma foi possível criar uma oficina de máquinas e convés e o novo acesso

principal à praça de máquinas, retirando este do interior das acomodações. O projeto

decidiu por esta mudança para melhorar a funcionalidade da embarcação nestes dois

aspectos.

Foi retirado o rolo de popa e feitas as alterações necessárias na região do tanque de colisão

de ré, pois a embarcação atenderia somente as funções de suprimento e recolhimento de

óleo, não realizando mais reboque.

O paiol do convés de BB foi ampliado e transformado no novo compartimento do gerador de

emergência, pois na embarcação original este estava localizado no fundo, junto ao propulsor

27

lateral de vante; O projeto decidiu por esta mudança para aumentar o grau de segurança da

embarcação alterada;

Foi ampliado o compartimento do ar condicionado e o compartimento das máquinas da

frigorífica em BE, em função da nova máquina de ar condicionado a ser instalada para

atender à maior carga térmica exigida.

O compartimento do sistema fixo de CO2 foi transferido de BB para BE, devido à falta de

espaço em BB após a criação do compartimento do gerador de emergência;

A lavanderia foi desmembrada do banheiro coletivo, com a criação de um novo

compartimento entre as cavernas 72 e 74 (BB) com acesso pelo banheiro;

No Convés do Castelo o bloco das acomodações (camarotes) foi estendido entre as gaiutas

para ré até a caverna 52, para possibilitar a construção de dois novos camarotes, para

alocar os dois que foram retirados do convés principal, visando uma maior funcionalidade.

O convés do passadiço foi ampliado para ré até a caverna 52 e a cabine tipo “trapezoidal”

até a caverna 51 para atender o requisito de um comando de ré integrado ao comando de

vante, além de disponibilizar mais área no para instalação de um lavabo. Foi criada uma

passarela para limpeza das janelas pelos dois bordos.

O convés do tijupá foi ampliado até a caverna 51 e completado com balaustrada, devido ao

aumento do passadiço, conforme acima explicado.

Foi criada uma sala de controle de máquinas a vante da praça de máquinas, onde foi

instalado o QEP, pois o mesmo estava instalado dentro da praça de máquinas e não havia

um espaço dedicado para o controle de máquinas. O projeto decidiu por esta alteração para

aumentar a funcionalidade da embarcação alterada.

O compartimento do stern thrust a ré foi criado para a alocação este novo equipamento.

4.3 Aspectos gerais

Foram instaladas e reforçadas verticalmente anteparas transversais e longitudinais e os

prumos verticais foram conectados aos reforços de convés e fundo por meio de borboletas

estruturais.

28

Escalopes de escoamento de líquidos foram colocados nas ligações dos vaus com o

chapeamento do convés e das hastilhas com o chapeamento do fundo, de modo a que seja

garantida mais completa aspiração dos resíduos de esgoto dos tanques, praça de máquinas

e espaços vazios.

Todos os cordões de solda foram contínuos, inclusive no contorno dos escalopes,

borboletas e demais peças estruturais ou não, de modo que não seja possível o acúmulo de

água entre os elementos interligados.

Todos os tanques foram testados hidrostaticamente de acordo com os requisitos das regras

da Sociedade Classificadora.

Foi instalada na linha de centro, uma nova rabeta. Esta nova rabeta foi estruturada para a

instalação do impelidor lateral de ré (stern thruster).

As gaiutas foram ampliadas para vante devido a maior demanda de ar para a praça de

máquinas.

Os novos escovens foram feitos de tubo de aço adequados para novas âncoras de 1290 kg

do tipo patente.

Foram instaladas bordas falsas de chapas de aço no convés principal e no castelo. As

bordas falsas foram providas de tubo de aço DN 80 sch 40 na parte superior e com suportes

verticais alinhados com os vaus sob o convés, em geral.

Todos os novos tanques estruturais da embarcação foram dotados de bujão de fundo. Os

bujões foram fabricados em aço inox 316 L e com encaixe para chave quadrada de 20 mm

de lado. A nova rabeta também foi provida de bujões na parte superior e na parte inferior.

O casco da embarcação próximo aos bujões de fundo foi marcado com algarismos

utilizando cordão de solda com no mínimo 7 cm de altura, indicando o tanque a que o bujão

se refere.

O costado da embarcação foi marcado com chapa de aço de 8 mm de espessura, 25 mm de

largura e 300 mm de altura em todas as anteparas limítrofes dos tanques de óleo diesel e

óleo recolhido, indicando o número do tanque a que se referem.

Todas as chapas e perfis foram jateados de acordo com o padrão SA2½ e imediatamente

pintadas com uma demão de shop primer antes de sua utilização.

As tintas, próprias para uso marítimo, foram aplicadas obedecendo à prática do estaleiro e

as recomendações e demais instruções do fabricante das tintas.

29

Foram seguidas todas as recomendações do fabricante das tintas no que diz respeito ao

tratamento de superfície, número de demãos, espessura total de película, intervalo de tempo

máximo e mínimo entre as aplicações das demãos, processo de aplicação, condições

ambientais, etc.

A tabela 16 apresenta um resumo do esquema de pintura especificado pelo projeto.

Tabela 16 - Esquema de pintura

REGIÃO ESQUEMA

Fundo (incluem lemes, rabeta, pés de

galinha e caixas de mar)

Epóxi Mastik

Costado e borda falsa externa Poliuretano

Conveses expostos e equipamentos Poliuretano ou conforme recomendação

do fabricante

Exterior de casarias

Casaria interna – aço aparente

Poliuretano

Compartimentos de máquinas Poliuretano

Tanques de água Poliuretano

Tanques de óleo diesel Poliuretano (faixa de um metro abaixo

do teto)

Tanques de óleo recolhido Poliuretano (total)

Espaços vazios e paióis de amarras Poliuretano

Anodos de sacrifício em liga de zinco foram previstos para proteção catódica do casco e

caixas de mar. A proteção catódica foi dimensionada para um período de trinta meses entre

docagens e para uma densidade de corrente de 100 mA/m2.

As figuras 6, 7 e 8 nas páginas seguintes ilustram o arranjo geral da embarcação antes e

depois da conversão:

30

Figura 6. Perfil antes e depois da conversão

31

Figura 7. Fundo antes e depois da conversão

32

Figura 8. Convés principal antes e depois da conversão

33

5. PROJETO DE CONVERSÃO DAS ACOMODAÇÕES

Para o atendimento do projeto de conversão, foram previstas acomodações para até doze

tripulantes e seis passageiros na região da superestrutura.

Dois dos três camarotes no convés principal foram convertidos em paiol de segurança e

paiol de mantimentos. No paiol de segurança foi instalada a saída de emergência dos

espaços de máquinas;

O banheiro do convés principal foi reduzido e foi instalada uma lavanderia com um paiol de

câmara.

No convés do castelo foram criados dois camarotes para passageiros, a ré das

acomodações existentes, todos com beliche duplo, armário duplo, escrivaninha e cadeira,

sendo um dotado de banheiro privativo. Um dos camarotes existentes para tripulantes foi

convertido em camarote para passageiros.

Ainda no convés do castelo foi criado um banheiro independente para cada oficial

(comandante e chefe de máquinas), a partir do banheiro antes compartilhado. O paiol

existente foi transformado em banheiro para a tripulação e foi instalado um banheiro

privativo para o camarote de BB a ré, servindo aos tripulantes do sexo feminino.

O passadiço foi dotado, além do console do comando de ré, de um WC, uma mesa de

reunião e duas saídas adicionais. O comando de vante foi totalmente reformulado.

Em geral os novos compartimentos habitáveis foram dotados de isolamento térmico e

acústico nas anteparas e tetos que os separam das áreas externas. Para o piso das

acomodações foi previsto um revestimento de placas vinílicas, exceto nos banheiros e

cozinha, onde foram instalados pisos com ladrilhos de cerâmica antiderrapantes.

As figuras 9, 10 e 11 nas páginas seguintes ilustram as modificações nas acomodações

antes e depois da conversão:

34

Figura 9. Acomodações no convés principal antes e depois da conversão

35

Figura 10. Acomodações no convés do castelo antes e depois da conversão

36

Figura 11. Convés do passadiço antes e depois da conversão

37

Paióis e Compartimentos de Serviço Fora da Praça de Máquinas:

Foram acrescentados os seguintes compartimentos:

- Um paiol de convés a BB e um paiol de tintas a BE no convés principal:

- Um compartimento do gerador de emergência no convés principal a BB;

- Uma oficina de convés e máquinas no convés principal LC, dotado do novo acesso

principal para a praça de máquinas, que foi retirado do interior das acomodações;

- Um compartimento para cilindros de oxigênio e acetileno, separados por chapa de aço e

com ventilação natural independente no convés principal na LC;

- Uma sala de controle de máquinas no fundo e a vante da praça de máquinas.

Adicionalmente foram instaladas no compartimento do ar condicionado (convés principal BE)

duas máquinas novas (unidades completas), com capacidade para atender a nova demanda

térmica das acomodações. Os seguintes compartimentos fora da praça de máquinas e

espaços auxiliares de máquinas serão atendidos pelo novo sistema de ventilação e ar

condicionado:

- Camarotes, refeitório, circulação e passadiço: ar condicionado;

- Cozinha, banheiros e lavanderia: exaustão forçada e ventilação natural;

- Demais compartimentos: ventilação natural.

38

6. PROJETO DE CONVERSÃO DOS EQUIPAMENTOS DE CASCO E

CONVÉS

6.1. Equipamentos de recolhimento de óleo

A para atender os requisitos da classe PSV 1500 OR, foram instalados os seguintes

equipamentos e acessórios para o sistema de recolhimento de óleo, todos no convés

principal entre as acomodações e a área de carga:

6.1.1. Sarilhos Motorizados e Barreiras de Contenção: dois Sarilhos Motorizados, contendo

um total de 200 m de Barreira de Contenção, dividido em dois segmentos de 100 m para

cada sarilho motorizado, para trabalhar com ondas de até 3,0 m de altura significativa e

vento de 25 nós.

As barreiras foram previstas com câmaras individuais de ar para enchimento através de

ventilador de alta capacidade, o qual é capaz de encher até 200 metros de barreira em 12

minutos. As barreiras são ainda previstas com acessórios para lastro e reboque, tem altura

total de 2,20 m e borda livre de 0,80 m.

O sarilho para armazenamento, lançamento e recolhimento das barreiras, é acionado

hidraulicamente, apresenta cabresteira para içamento e recolhimento da barreira, cobertura

e guia para alinhamento da barreira no sarilho.

Para reboque e manobra das seções de barreiras no mar é previsto um conjunto de

acessórios basicamente composto por 2 barras de reboque, 2 cabrestos de reboque, 2

linhas de reboque com 2 bóias cada uma.

6.1.2. Multiskimmer: dotado de vertedouro, discos e escovas oleofílicas para aspirar óleo

derramado. A vazão mínima de cada dispositivo a ser utilizado na operação deverá ser:

vertedouro: 200 m3/h, disco: 140 m3/h e escovas oleofílicas: 160 m3/h. Para buscar o melhor

posicionamento possível do Multiskimmer em relação à mancha de óleo derramado, o

mesmo é dotado de dois thrusters, controlados por joystick.

39

O multiskimmer é do tipo tarântula para operações offshore, adequado para trabalhar com

duas bombas do tipo parafuso e em materiais mais leves para facilitar sua flutuação e

manobra.

Figura 12. Multiskimmer tipo tarântula com quatro flutuadores

As bombas incorporadas ao multiskimmer são verticais, acionadas hidraulicamente, com

capacidade de bombeamento de fluidos de alta viscosidade (até 1.000.000 cSt) e são

dotadas de lâminas na aspiração de forma a poder trabalhar com detritos sólidos

comumente achados nos derramamentos de óleo.

Como a câmara de aspiração é independente e montada no vertedouro, seu nível é auto

ajustável, possibilitando assim a aspiração contínua com compensação do movimento das

ondas.

O sistema de propulsão e manobra para posicionamento do multiskimmer é feito através de

dois propulsores (thrusters) acionados hidraulicamente, com caixa redutora incorporada e

montados nos braços flutuantes do multiskimmer.

Para lançamento do multiskimmer na água foi instalado um guindaste telescópico no convés

do castelo a BE, com acionamento eletro-hidráulico e com capacidade de içamento e

alcance para fora da borda (0,5 t SWL @ 5,7 m) adequados ao serviço. Este guindaste faz

também serviços auxiliares tais como auxílio nas manobras dos mangotes a bordo.

40

Figura 13. Guindaste de BE para lançamento do multiskimmer

6.1.3. Sarilho motorizado e Umbilicais Flutuantes: um Sarilho Motorizado, instalado a ré dos

Sarilhos Motorizados da Barreira de Contenção, contendo dois Umbilicais Flutuantes, ambos

de 60 m contínuos, um deles contendo feixe de 60 m de mangueiras hidráulicas para

acionamento do multiskimmer (vertedouro, discos e escovas oleofílicas) e dos seus dois

thrusters e o outro Umbilical, também com 60 m, destinado à descarga da emulsão do

Multiskimmer para os tanques de óleo recolhido.

41

Figura 14. Sarrilhos das saias e sarrilho dos umbilicais

6.1.4. Painel de controle: destinado ao comando e controle do sarilho motorizado, do

multiskimmer, incluindo seus thrusters e dos sarrilhos motorizados das barreiras de

contenção.

6.1.5. Uma unidade eletro-hidráulica dedicada para o acionamento dos equipamentos de

recolhimento de óleo, com potência de 110 kW, alimentação em 440 Vca e instalada na

praça de máquinas.

6.1.6. Bomba de descarga da emulsão: foram instaladas duas bombas, sendo uma reserva,

com vazão mínima de 150 m3/h a uma altura manométrica de 60 mca, horizontais, com

acionamento elétrico, que deverão escoar a emulsão dos tanques de óleo recolhido até uma

das tomadas de recebimento e descarga de emulsão nos bordos do convés de carga.

6.1.7. Rede e tomadas de recolhimento e descarga de emulsão: a rede de emulsão é do tipo

rígida, constituída de uma tubulação de recebimento e uma tubulação de descarga,

totalmente independentes e segregadas de quaisquer outros sistemas.

42

6.1.8. Os tanques de armazenamento de óleo recolhido são dotados de sistema de limpeza

portátil e equipados com bocal duplo de jateamento, fixados no teto dos tanques.

6.1.9. Bote de Serviço com motor de centro de 250 bhp e capaz de rebocar a barreira de

contenção. O bote é do tipo rígido, com cabine e propulsor protegido para oferecer maior

segurança para operação com mergulhadores. O lançamento e recolhimento deste bote são

feitos através de turco específico, com acionamento hidráulico, conforme mostrado na figura

15.

Figura 15. Turco de BB lançando o bote de serviço

6.1.10. A embarcação foi equipada com um sistema completo de aplicação de dispersante

químico por meio de dois braços articulados em tubo de alumínio, com três difusores cada,

instalados em ambos os bordos do convés principal, conforme mostrado na figura 16.

Além dos braços, compõe também o sistema de dispersante uma unidade portátil de

bombeamento acionada por motor diesel com capacidade até 30 m3/h (mostrada na figura

16), um conjunto de mangueiras para sucção de água salgada, sucção de dispersante e

43

para descarga para os braços e um tanque de dispersante com edutor para dosagem da

concentração.

Figura 16. Unidade portátil e braço articulado do sistema de dispersante

6.1.11. Foram também instalados jazentes para os seguintes equipamentos deste sistema:

multi-skimmer, carretéis de barreiras, carretel de mangueiras hidráulicas e para o bote de

serviço.

6.1.12. O projeto também previu um sistema de bandejas na área dos equipamentos de

recolhimento de óleo, com braçolas soldadas no convés e com dreno para os tanques de

óleo recolhido.

Descrição da operação:

Na eventualidade de chamada de emergência por vazamento de óleo, a embarcação inicia a

preparação para lançamento dos equipamentos de recolhimento de óleo durante o período

de deslocamento até o local da ocorrência.

Na chegada ao local posiciona-se a embarcação de acordo com a distribuição da mancha

de óleo, levando em conta a direção da corrente marítima e do vento.

A atividade inicia-se com a colocação das barreiras de contenção, lançadas através do

guindaste telescópico e rebocadas pelo bote de serviço. Estas barreiras evitam o aumento

da área da mancha de óleo ou até mesmo sua subdivisão.

44

Após esta etapa, lança-se o multiskimmer com o umbilical e mangote de descarga já

instalados e este é posicionado adequadamente na região da mancha para início das

operações de recolhimento, onde aspira a emulsão da água do mar com óleo derramado e a

descarrega para os tanques de óleo recolhido da embarcação.

Ao final da operação, dependendo ainda das características de óleo derramado, a

embarcação lança produtos químicos com características óleo-dispersantes na área do

derramamento de óleo, através do sistema de aplicação de dispersante.

Finalizados os serviços de recolhimento e/ou dispersão do óleo, inicia-se o recolhimento dos

equipamentos para acondicionamento a bordo.

6.2. Demais equipamentos

Por não serem necessários ao novo perfil de operação, o projeto de conversão optou por

retirar os seguintes equipamentos e acessórios de casco e convés:

- Todo o sistema de granel, com seis silos, compressor, filtros e redes;

- Guincho de reboque;

- Rolo de popa;

- Molinete, amarras e âncoras;

- Conjunto de defensas em 1/2 tubo de aço;

- Horse bar foi removido por decisão do projeto – ao invés de apenas deslocar o existente

em função da nova boca da embarcação – para ser instalado um novo com maior altura e

capacidade de peação, de acordo com a tendência do mercado de apoio marítimo.

Foram instalados os seguintes equipamentos e acessórios de casco e convés, para atender

os requisitos da classe 1500 OR e demais necessidades do projeto de conversão:

- Um novo conjunto de defensas de pneus. A vante foram instalados dois conjuntos de

defensas em cada bordo, cada um composto por dois pneus. Os outros conjuntos são

45

defensas simples instaladas em cada bordo no convés principal. As defensas foram

fixadas ao casco por correntes de aço galvanizado;

- Um horse bar com 2,00 m de altura em tubo de aço φ 8” sch 40 no convés exposto em

ambos os bordos em toda a região de carga;

- Os mastros de luzes existentes não foram aproveitados, devido ao estado de

conservação e também por não atender mais os Regulamentos preconizados no

RIPEAM 72, devido ao aumento da boca da embarcação. Desta forma o mastro de vante

foi retirado do convés do castelo e instalou-se um novo (de menor dimensão) na região

de vante do convés do tijupá (cav. 72). O mastro de ré existente foi retirado e um novo

foi colocado na região de ré do convés do tijupá (caverna 56);

- Dois novos escotilhões estanques para saída de emergência, de aço para a praça de

máquinas e outro para o compartimento da máquina do leme. Os escotilhões possuem

juntas de vedação de borracha, dobradiças de aço e pinos de bronze ou latão. Os

escotilhões existentes foram retirados;

- Cinco portas de aço, estanques, para acesso externo dos novos compartimentos no

convés principal e no convés do castelo. As portas de aço são providas de juntas de

vedação de borracha, dobradiças de aço e pinos de bronze ou latão;

- Um novo madeirame no convés de carga, em madeira tipo pino com 3000 x 150 x 50

mm cada peça;

- Uma passarela com balaustrada para acesso às janelas de ré do passadiço entre as

cavernas 51 e 52, com corrimão na antepara do passadiço;

- Oito novas janelas para as extensões de ré e substituições no passadiço;

- Todos os novos tanques e compartimentos estanques foram providos com porta de visita

com tampas aparafusadas, suspiro e tubo de sondagem;

- Escadas verticais e inclinadas para acesso onde necessário.

Foram instalados os seguintes equipamentos e acessórios para amarração, fundeio (devido

ao aumento no Numeral de Equipamento) e Movimentação de Cargas:

- Dois guinchos auxiliares (tugger winch), com capacidade dinâmica de 10 toneladas, com

acionamento eletro-hidráulico, a vante da região de carga;

46

- Dois cabrestantes, com capacidade dinâmica de 10 toneladas, acionamento eletro-

hidráulico, a ré da região de carga;

- Duas âncoras tipo Patente, com peso de 1440 kg cada uma;

- Amarras de aço grau 3, com elo φ 30 mm, comprimento total de 412,5 m. Essa nova

amarra de grau 3 foi especificada para que não haja alteração estrutural no paiol de

amarras e no paiol do mestre;

- Seis cabeços duplos de amarração com φ 10”;

- Um molinete duplo, de acionamento eletro-hidráulico e com duas coroas de Barbotin

com capacidade de acordo com os requisitos das regras da Sociedade Classificadora e

duas saias de amarração, cada uma com capacidade de tração de cerca de 10

toneladas;

- Uma unidade eletro-hidráulica instalada no paiol do mestre para acionamento do

molinete;

- Uma unidade eletro-hidráulica instalada na praça de máquinas para acionamento dos

guinchos auxiliares;

- Uma unidade eletro-hidráulica instalada no compartimento da máquina do leme para

acionamento dos cabrestantes.

Foram instalados ainda os seguintes equipamentos e acessórios para salvatagem e

detecção/combate a incêndio:

- Um conjunto de equipamentos de combate a incêndio (extintores portáteis e semi-

portáteis, postos de incêndio, equipamentos de bombeiro, etc.) do tipo SOLAS Classe I

em quantidade de acordo com os requisitos das Regras da Sociedade Classificadora;

- Um sistema fixo de CO2 para praça de máquinas no convés principal a BE;

- Um sistema de detecção de incêndio com sensores de calor e fumaça, botoeiras de

aviso de incêndio e um painel de alarme no passadiço;

- Um conjunto de equipamentos de salvatagem (balsas salva vidas, coletes, balsas, bóias,

etc.) do tipo SOLAS Classe I e em quantidade compatível com a nova lotação.

47

7. PROJETO DE CONVERSÃO DOS EQUIPAMENTOS

De acordo com as boas práticas de projeto, todos os equipamentos selecionados para as

condições tropicais e os motores de combustão interna deverão ser adequados à queima de

óleo diesel marítimo. Todos os acessórios fornecidos com equipamentos são de acordo com

a prática dos fabricantes destes equipamentos.

7.1 Praça de máquinas

Sistema de Propulsão

O sistema de propulsão é composto por dois novos conjuntos independentes, para atender

os requisitos de potência mínima instalada e velocidade de serviço. Cada conjunto contém

os seguintes itens:

- Um motor principal, do tipo diesel marítimo, 4 tempos, simples efeito, partida por

baterias, refrigerado a água, com potência de serviço contínuo cerca de 2260 bhp @

1800 rpm, com gerador de eixo (PTO) a vante do motor;

- Uma linha de eixo com jogo de mancais. O projeto da nova linha de eixo levou em conta

o aproveitamento do pé de galinha existente;

- Um hélice de passo controlável de quatro pás com diâmetro de aproximadamente 2,00

metros. A unidade hidráulica do sistema de passo controlável é acoplada à caixa

redutora;

- Um hélice de passo controlável com dimensões aproximadas de 1,70 x 2,40 metros. A

madre do leme existente foi aproveitada. O sistema possui duas máquinas de leme

independentes.

Ainda compõem o sistema de propulsão da embarcação:

- Um impelidor lateral de vante (Bow Thruster) de 700 bhp, com passo variável e acionado

por um motor elétrico refrigerado a água, mostrado na figura 17.

48

Figura 17. Instalação do bow thruster

- Um impelidor lateral de ré (Stern Thruster) de 300 bhp, com passo fixo e acionado por

um motor elétrico refrigerado a água, mostrado na figura 18.

Figura 18. Instalação do stern thruster na nova rabeta

49

Posicionamento Dinâmico (DP System)

A embarcação foi equipada com sistema de posicionamento dinâmico (DP System) e

joystick, para controle da propulsão principal, dos lemes e dos impelidores laterais. O

sistema deverá ter como referência os sistemas DGNSS e a LASER.

Sistema de Governo

O sistema de governo será composto basicamente pelos propulsores e impelidores laterais

acima descritos e respectivos comandos e os lemes do tipo flap rudder com acionamento

independente. O conjunto de propulsão terá comando independente sendo, no entanto

possível comandar as duas unidades por intermédio do posicionamento dinâmico.

Sistema de Esgoto Sanitário

O sistema de esgoto sanitário e águas servidas é composto pelos seguintes itens:

- Um tanque de retenção sanitária construído estruturalmente entre as cavernas 74 e 76;

- Uma bomba de esgoto sanitário, acionamento elétrico, tipo monofuso, capacidade

aproximada de 10 m3/h x 40 mca;

Os sistemas de drenos de esgoto sanitário e águas servidas são levados por gravidade para

o tanque de retenção sanitária.e foi previsto um by-pass ao tanque para permitir a descarga

direta pelo costado.

A bomba de esgoto sanitário aspira do tanque de retenção sanitária e descarrega para uma

tomada com válvula no convés do castelo exposto ou para o costado.

Ventilação

Praça de máquinas

Foi previsto um novo sistema de ventilação forçada composto pelos seguintes itens:

- Dois ventiladores, axiais, acionamento elétrico, com capacidade aproximada de 700

m3/m x 30 mca;

50

- O sistema de exaustão existente foi mantido.

Os novos ventiladores foram instalados no local dos existentes a bordo e foram previstas

alterações na base de fixação e nas aberturas de sucção do ar. Os ventiladores

descarregarão o ar para a praça de máquinas através de dutos independentes. Saídas de ar

foram previstas para os motores principais, motores auxiliares e próximos aos

compressores. As saídas de ar foram projetadas prevendo um balanço na distribuição de ar

havendo ainda saídas de ar para outros equipamentos.

Os dutos de ventilação são em chapa fina de aço galvanizado e dimensionados para a

demanda dos equipamentos.

Compartimento da máquina do leme, do stern thruster e corredores de acesso

(compartimento entre a caverna 20 e 36 BB e BE):

Foi previsto um sistema com ventilação e exaustão forçadas, composto pelos seguintes

itens:

- Dois ventiladores, axiais, acionamento elétrico, reversíveis, com capacidade aproximada

de 50 m3/m x 20 mca cada um, operando como ventilador ou exaustor.

- Exaustão – ou ventilação - natural em cada bordo, através de suspiro.

Os ventiladores succionarão o ar do convés principal através de trunk com dispositivo de

fechamento estanque e descarregarão o ar para estes compartimentos através de dutos

independentes.

Os dutos de ventilação serão em chapa fina de aço galvanizado e ou dutos espiralados de

aço.

Compartimento do bow thruster:

Foi previsto um sistema com ventilação forçada composto basicamente pelos seguintes

itens:

- Um ventilador, axial, acionamento elétrico, reversível, com capacidade aproximada de 30

m3/min x 30 mca.

- Exaustão natural através de suspiro.

51

Os dutos de ventilação serão em chapa de aço galvanizado.

Sistema de Gases de Descarga

O sistema de gases de descarga será composto basicamente pelos seguintes itens:

- Silencioso para cada motor principal, de acordo com o padrão do fabricante;

- Juntas de expansão em aço inoxidável.

Os gases de descarga de cada motor principal serão levados independentemente para o

exterior pela chaminé, conforme o caminho mecânico existente.

Sistema de Circulação de Água Salgada

O sistema de circulação de água salgada foi projetado de acordo com o padrão dos

fabricantes dos novos equipamentos, sendo independente para cada motor, inclusive para

os motores elétricos do bow e stern thrusters.

Para cada MCP foi previsto com uma bomba de circulação de água salgada acoplada que

succiona da caixa de mar através de filtro simples e descarrega para seu respectivo trocador

de calor.

Os trocadores de calor foram montados juntos aos motores e a descarga de água salgada é

direcionada para o costado.

Sistema de Circulação de Água Doce

O sistema de circulação de água doce foi projetado de acordo com o padrão dos fabricantes

dos novos equipamentos e é independente para cada motor inclusive os elétricos do bow e

stern thrusters.

Sistema de keel cooler

Foi mantido o atual sistema e previsto uma bomba de água doce de resfriamento acoplada

em cada motor, que circula a água do trocador de calor e um tanque de expansão, de

acordo com o padrão do fabricante.

52

Sistemas de Óleo Combustível

O sistema de óleo diesel doméstico foi projetado com os seguintes itens:

- Dois tanques de serviço de óleo diesel, dois tanques de sedimentação de óleo diesel e

quatro tanques de armazenamento;

- Uma bomba de transferência de óleo diesel (mantida a existente a bordo);

- Sistemas de alimentação de acordo com o padrão dos fabricantes dos motores;

- Sistema de filtros do tipo Racor para cada motor;

- Um filtro de sucção, tipo simples;

Cada motor é alimentado pelo seu próprio sistema, aspirando dos tanques de serviço de

óleo diesel através dos filtros Racor. As redes existentes desse sistema servem também aos

motores auxiliares e foi criada uma nova rede para a alimentação dos motores principais. O

retorno de cada motor será levado aos tanques de serviço. Os filtros Racor serão do tipo

duplo de modo que a limpeza e/ou a substituição do elemento filtrante não acarrete a

paralisação do motor.

Todos os motores poderão ser alimentados por ambos os tanques de serviço.

Para cada tanque de serviço de óleo diesel foi previsto uma torneira para retirada de

amostras.

Foi prevista uma tubulação (suspiro) independente para cada tanque de serviço.

O sistema de suprimento externo de óleo diesel será de acordo com as regras da Sociedade

Classificadora e composto basicamente pelos seguintes itens:

- Tanques de armazenamento de óleo diesel conforme descrito no item anterior;

- Uma bomba de suprimento de óleo diesel externo, tipo rotativa, com capacidade de 100

m3/h x 60 mca, acionada por motor elétrico;

- Um filtro de sucção, tipo simples;

- Um oleômetro (fluxômetro para óleo diesel) tipo contador digital,com indicador local.

53

A bomba de suprimento de óleo diesel aspirará dos tanques de armazenamento através do

filtro de sucção e descarregará para a tomada de enchimento com válvula. Um pressostato

será previsto para atuar em caso de baixa pressão na rede de descarga.

Será prevista uma tubulação (suspiro) de todos os tanques de óleo diesel para o tanque de

transbordo.

O fluxômetro será arranjado na tubulação de enchimento de forma que possa medir a

quantidade de óleo tanto na descarga quanto no carregamento.

Sistemas de Óleo Recolhido

O sistema de óleo recolhido foi projetado de acordo com as regras da Sociedade

Classificadora. No arranjo dos tanques de armazenamento de óleo recolhido foi previsto que

alguns tanques de óleo diesel sejam compartilhados, aumentado assim a capacidade total

de armazenamento.

O sistema de óleo recolhido será composto basicamente pelos seguintes itens:

- Duas bombas de descarga de emulsão com vazão mínima de 150 m3/h x 60 mca,

acionada por motor elétrico;

- Uma rede de descarga e uma rede recebimento independentes, com conectores tipo

Camlock em cada bordo.

Foi prevista uma rede de suspiro nos tanques dedicados de óleo recolhido para o tanque de

transbordo. A rede existente dos tanques compartilhados de óleo diesel será utilizada como

rede desse sistema quando na operação de recolhimento de óleo.

Sistema de Esgoto, Lastro, Incêndio e Serviços Gerais

Esse sistema foi projetado com seguintes itens:

- Duas bombas (mantidas as existentes a bordo) de esgoto, lastro, incêndio e serviços

gerais, acionamento elétrico, centrífuga, auto-escorvante, capacidade de 100/50 m3/h x

25/40 mca;

- Duas caixas de mar, sendo uma alta e outra baixa;

54

- Um separador de água e óleo (mantido o existente a bordo), tipo estático, com bomba

acoplada, capacidade 0,5 m3/h x 15 ppm;

- Uma bomba de esgoto oleoso (mantida a existente a bordo), capacidade de 5 m3/h x 40

mca;

- Uma bomba de borra, acionamento elétrico, do tipo monofuso, capacidade de 5 m3/h x

40 mca;

- Uma bomba de incêndio de emergência, acionamento elétrico (alimentada pelo QEP e

pelo QEE), centrífuga, capacidade de 30 m3/h x 50 mca;

- Uma bomba de água salgada para combate à poluição no mar, acionamento elétrico,

centrífuga, capacidade de 30 m3/h x 70 mca.

As bombas de esgoto, incêndio e serviços gerais, quando operando no serviço de esgoto,

aspirarão dos pocetos, espaços vazios, praça de máquinas e tanques de esgoto oleoso e

descarregarão para o costado.

A bomba de esgoto oleoso aspirará dos pocetos, espaços vazios, praça de máquinas e

poderá descarregar para o tanque de esgoto oleoso, para o costado e para uma tomada no

convés exposto. Quando a bomba aspirar do tanque de esgoto oleoso, poderá descarregar

para o costado e para a tomada no convés exposto.

As bombas de esgoto, incêndio e serviços gerais, quando operando no serviço de incêndio,

aspirarão da caixa de mar e descarregarão para os hidrantes de incêndio. Foi prevista uma

ligação na rede principal de incêndio com a rede de incêndio de emergência.

A bomba de água salgada para combate à poluição aspirará do crossover e descarregará

para o convés exposto.

Sistemas de Água Doce

O sistema de água doce doméstico foi projetado com os seguintes itens:

- Sistema hidrofor composto de: tanque e duas bombas, dois aquecedores; redes

(incluindo as das acomodações) e acessórios;

O sistema de suprimento (externo) de água doce foi projetado com os seguintes itens:

- Tanques de armazenamento de água doce;

55

- Uma bomba de suprimento de água doce (externo), centrífuga, auto-escorvante,

acionada por motor elétrico, 100 m3/h x 60 mca;

- Um filtro de sucção, tipo simples;

- Um hidrômetro (fluxômetro para água) tipo contador mecânico, indicador local.

A bomba de suprimento de água doce aspira dos tanques de armazenamento através do

filtro de sucção e descarrega para a tomada de enchimento com válvula. Foram previstos

meios para permitir a transferência de água doce para os tanques de lastro.

O fluxômetro foi arranjado na tubulação de enchimento de forma que possa medir a

quantidade de água tanto na descarga quanto no carregamento.

Sistema de Suspiro e Sondagem

O sistema de suspiro e sondagem foi projetado com os seguintes itens:

- Sondas novas para todos os tanques de acordo com as das regras da Sociedade

Classificadora;

- Indicadores de nível local para os dois tanques de serviço de óleo diesel, para os dois

tanques de sedimentação de óleo diesel, para os dois tanques de óleo lubrificante, para

os dois tanques de transbordo, para os quatro tanques de óleo recolhido centrais, do tipo

vidro plano, com válvula de auto-fechamento;

- Alarme de nível baixo para os tanques de serviço de óleo diesel;

- Alarme de nível alto para o tanque de esgoto oleoso;

- Alarmes de nível alto e baixo para os tanques de transbordo de óleo diesel/óleo

recolhido;

- Alarmes de nível alto e baixo para o tanque de retenção sanitária.

Os suspiros dos tanques de óleo diesel e óleo recolhido foram conectados através de uma

rede para o tanque de transbordo e neste tanque o suspiro será previsto com tela anti-

chama e bandeja anti-poluição.

56

Bombas

Foram previstas instalações (elétricas e jazentes) para as bombas a seguir:

- Duas bombas de resfriamento (água salgada) dos motores elétricos do bow thruster e

stern thruster, sendo uma bomba para cada motor elétrico;

As bombas serão fornecidas com os seguintes materiais:

- Bombas centrífugas – água salgada: carcaça – bronze

rotor – bronze

eixo – aço inoxidável

- Bombas centrífugas – água doce: carcaça – ferro fundido

rotor – bronze

eixo – aço inoxidável

- Bombas rotativas – materiais de acordo com o padrão do fabricante.

Em geral as bombas foram previstas com os seguintes acessórios:

- Manômetro e manovacuômetro com válvulas nas aspirações e descargas

respectivamente;

- Selagem por gaxetas para bombas centrífugas e por selo mecânico para bombas

rotativas;

- Válvula de segurança e alívio para as bombas rotativas.

7.2. Tubulação

Os tubos e acessórios foram projetados de acordo com os padrões do Estaleiro e atendendo

aos requisitos das Regras da Sociedade Classificadora.

As tubulações e acessórios fornecidos como acessórios dos equipamentos foram de acordo

com os padrões dos fabricantes dos equipamentos.

57

Todas as redes que se encontravam deterioradas foram substituídas, considerando que

embarcação terá uma nova vida útil de pelo menos 20 anos após o conversão.

Em geral foram utilizados tubos de aço ASTM A-106 ou equivalente, sch 80 para DN 50 e

abaixo e sch 40 para acima de DN 50, sem costura, de acordo com os requisitos das Regras

da Sociedade Classificadora, exceto para a tubulação de gases de descarga que poderá ser

feita em chapa de aço calandrada. A tubulação que passa dentro de tanques são de sch 80.

Todos os tubos para os sistemas de água doce (exceto para os sistemas de refrigeração

dos motores), esgoto sanitário e água salgada são galvanizados.

A tabela 16 apresenta a relação dos materiais empregados nas válvulas.

Tabela 16 – Materiais das válvulas

Aplicação

Diâmetro Nominal

(mm)

Corpo

Internos

Uso geral DN ≤ 40 Bronze Bronze

DN ≥ 50 Ferro fundido Bronze ou aço inoxidável

Costado DN ≤ 40 Bronze Bronze

DN ≥ 50 Ferro fundido ou

aço fundido

Bronze ou aço inoxidável

As válvulas de fechamento rápido dos tanques de óleo diesel serão operadas através de

cabos de aço a partir de local seguro fora da praça de máquinas.

Filtros:

- Filtros tipo “Y”: corpo - DN ≤ 40 - bronze

DN ≥ 50 – ferro fundido ou aço fundido

Elemento filtrante – aço inoxidável

58

- Filtros tipo simplex e duplex: corpo - ND ≤ 40 - bronze

ND ≥ 50 - ferro fundido ou aço fundido

cesta – aço inoxidável

7.3. Eletricidade

Em geral o grau de proteção e classe de isolamento dos novos equipamentos elétricos foi

projetado de acordo com os requisitos das Regras da Sociedade Classificadora e

regulamentos.

Sistema de Geração de Energia

O sistema de geração de energia será composto basicamente de dois grupos diesel

geradores existentes a bordo – que foram mantidos devido ao bom estado – e serão

instalados mais dois geradores de eixo de 900 kW cada, 440 Vca x 60 Hz x 3 fases, para

atender à nova demanda de energia da embarcação após a conversão.

A capacidade final dos geradores está de acordo com o balanço elétrico principal, elaborado

de acordo com os requisitos das Regras da Sociedade Classificadora.

O novo QEP foi instalado dentro da sala de controle.

Foi instalado no convés principal (no local do antigo paiol de convés em BB) um gerador de

emergência de 80 kW @ 440Vca e um quadro elétrico de emergência.

Sistema de Distribuição de Energia

Em geral o sistema de distribuição de energia é em 440 Vca.

Os equipamentos de comunicação, equipamentos náuticos e alarmes são alimentados em

24 Vcc.

O sistema de distribuição de iluminação é em 110 Vca (a partir de transformador).

Foi instalada uma tomada de energia de terra em 440 Vca no convés exposto.

59

Prevendo-se o transporte de containeres frigorificados, foram instalados no convés principal

exposto quatro tomadas de 440 Vca, tipo marítimo e estanques.

Motores Elétricos

Os motores elétricos em geral são do tipo gaiola de esquilo, dotados de ventilação externa e

alimentados em 440 Vca, com grau de proteção e classe de isolamento de acordo com os

requisitos das Regras da Sociedade Classificadora.

Iluminação

O sistema de iluminação principal é composto por luminárias fluorescentes (2 x 20W),

alimentado em 110 Vca com partida eletrônica.

O sistema de iluminação de emergência é composto por luminárias fluorescentes (interno) e

incandescentes (externo), alimentado pelo gerador de emergência.

Foram também previstos os seguintes itens:

- Uma luminária para cartas na mesa de cartas;

- Duas luminárias com difusor vermelho para instalação no passadiço;

- Dois holofotes de busca, de halogênio, 1.000 W;

- Oito projetores de convés, vapor de sódio, sendo seis (6) de 400 W e dois (2) de 250W;

- Luminárias nos novos camarotes.

Baterias

Foram previstos os seguintes grupos de baterias e acessórios:

- Um grupo para uso geral e emergência com o respectivo carregador e capacidade de

suprir os consumidores de emergência por pelo menos seis horas;

- Um grupo para o equipamento de rádio com respectivo carregador.

Sistema de Comunicação Interna e Alarmes

60

O sistema de comunicação interna e alarmes foi projetado de acordo com os requisitos das

Regras e inclui os seguintes itens:

- Sistema de comunicação interna tipo central telefônica entre o passadiço (console de ré

e de vante), refeitório, convés de carga, praça de máquinas, compartimento da máquina

do leme e para os camarotes dos oficiais e os dois camarotes do cliente;

- Sistema de telefone auto-excitado de acordo com a Regra da Sociedade Classificadora.

Sistema de Comunicação Externa

O novo sistema de comunicação externa foi projetado de acordo com os requisitos das

Regras, devendo atender ao GMDSS - área A3 – Rádio telex – Mini-M.

Foi prevista a instalação de dois rádios VHF e um SSB tipo de mesa no console de vante.

Equipamentos de Auxílio à Navegação

Os equipamentos de auxílio à navegação foram instalados de acordo com os requisitos das

Regras, incluindo os seguintes itens:

- Um radar, banda X, alcance de 20 milhas náuticas, com alarme anti-colisão no

passadiço, no camarote do comandante, no refeitório e na praça de máquinas;

- Um piloto automático;

- Um conjunto de luzes de navegação e sinalização;

- Um ecobatímetro/hodômetro de fundo com instalação do novo transdutor;

- Um sistema GPS;

- Dois indicadores de ângulo dos novos lemes (console de vante e de ré);

- Um apito elétrico com lâmpada Morse;

- Um jogo de acessórios para a mesa de cartas;

- Seis limpadores de para brisas no passadiço, sendo três a vante e três à ré.

61

Sistema de Supervisão

Um sistema de supervisão/alarmes e de controle foi instalado para os novos equipamentos

e sistemas de acordo com os requisitos das Regras da Sociedade Classificadora.

Foi previsto na praça de máquinas um alarme de nível alto de esgoto (alagamento).

Cabeamento

Todos os cabeamentos que se encontravam deterioradas foram substituídos, considerando

que embarcação terá uma nova vida útil de pelo menos 20 anos após a conversão.

Em geral os cabos elétricos são de cobre com isolamento de EPR e cobertura de PVC.

Em geral os cabos elétricos são armados somente onde requeridos pelos requisitos das

Regras da Sociedade Classificadora e dos novos equipamentos.

O quadro elétrico principal (QEP) será instalado na sala de controle de máquinas, com

frente morta, contendo um painel de cada gerador, um painel para os consumidores em 440

Vca, um painel de consumidores de 110 Vca e o painel de energia de terra. O quadro

elétrico principal conterá todos os instrumentos necessários, incluindo voltímetros,

amperímetros, medidores de frequência, etc. O QEP será de acordo com os requisitos das

Regras da Sociedade Classificadora.

Os painéis de distribuição serão instalados em locais adequados de acordo com os

respectivos serviços.

62

8. CONCLUSÕES

O texto apresentou os principais aspectos do projeto de conversão de uma embarcação de

porte médio empregada na atividade de apoio marítimo, onde se utilizou um casco da classe

PSV 1000 para convertê-lo em um PSV 1500 OR.

A indústria de construção naval também oferece casos semelhantes em escala bem maior,

que é a conversão de cascos de petroleiros em FPSO, cujos aspectos a serem observados

pela equipe de projeto evidentemente são diferenciados aos aqui apresentados.

Assim como no desenvolvimento do projeto de uma embarcação nova, o projeto de

conversão também exige da equipe responsável uma visão geral e acurada de todas as

variáveis envolvidas.

De acordo com o texto, fica evidenciado que cada projeto de conversão apresenta

particularidades notórias, onde se deve levar em conta:

- As características, capacidades e estado de conservação da embarcação original;

- As características, capacidades e demais requisitos técnicos e de mercado da classe de

embarcação para a qual se executará a conversão;

- Uma avaliação detalhada confrontando as características atuais com as desejadas para a

nova classe, gerando uma lista de ações para a execução do projeto de conversão.

- Deve-se ainda ser analisado, caso a caso, o estado de conservação de todos os sistemas

e equipamentos presentes na embarcação original, pois o grau de aproveitamento pode

variar fortemente de um sistema para o outro. Neste caso é importante verificar se estes

aproveitamentos não irão comprometer o grau de confiabilidade das operações futuras,

considerando a nova sobre vida que a embarcação terá na sua nova classe.

O projeto de conversão possibilita ainda implementar melhorias em relação ao projeto

anterior. Podemos citar a transferência do gerador de emergência que estava no

compartimento do bow thruster (no fundo e a vante) para o convés principal na ré da

casaria, em uma posição que privilegia a segurança. Uma das melhorias funcionais foi a

transferência da escada de acesso à praça de máquinas que estava dentro das

acomodações – junto ao refeitório – para fora das acomodações, ficando agora na oficina de

máquinas e convés.

63

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CSR Consultoria e Engenharia Ltda., “Plano de Arranjo Geral” no.01D101 rev.D – projeto

PSV 1500 OR, Rio de Janeiro, 2005.

CSR Consultoria e Engenharia Ltda., “Plano de Linhas” no.01D130 rev.B – projeto PSV 1500

OR, Rio de Janeiro, 2005.

CSR Consultoria e Engenharia Ltda., “Seção Mestra e Seções Transversais Típicas”

no.02D201 rev.A – projeto PSV 1500 OR, Rio de Janeiro, 2005.