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Opção Opção LIVRE • PLURAL • DEMOCRATA Propriedade: A.U.T.B. – Registo Legal: 02/GABINFO-DEC/2009 SEDE: Av. Patrice Lumumba, 453 – Tel/Fax: 21300238 – 846120525 MAPUTO E-mail: [email protected] Preço: 25,00 Mt Pub. ------- Sai à Feira ------- Ano I ● Nº 9 ● Maputo, 09 de Abril de 2009 Directora: Anifa Tajú ● Editor: Afonso Brandão Pub. A CAPITAL DO PAÍS ESTÁ TRANSFORMADA NUMA VERGONHOSA LIXEIRA <<A CÉU ABERTO>> O problema do Lixo, na cidade de Maputo, já se arrasta há muitos anos. É uma das maiores preocupações sociais com a qual nos debatemos todos. Uma preocupação (também) dos nossos gover- nantes (sem excepção!) E de toda a População Moçambicana. O pior é que não vemos solução para este grave proble- ma, nem sequer de uma “luzinha ao fundo do túnel”. O problema ar- rasta-se desde os finais da Década de 70, logo após a Independência de Moçambique. A cidade agoniza, em silêncio, desde então. E a verdade é que ninguém consegue manter a Capital limpa e asseada… Quais são as razões imediatas deste “deixa andar”, deste verdadeiro desleixo e imundice?! São algumas. Pensamos que se prendem com o facto de não ter havido (nunca!) da parte de quem nos governa – e é Poder em Moçambique há cerca de 34 anos –, de soluções de decisão e estratégia disciplinadora. E de acção política di- recta. Pensamos que tem faltado (também!) um pouco de «pulso forte» (Cont. na Pág. 7) e da criação de “multas” (e leis) que punem sev- eramente todos aqueles que têm contribuído de uma forma sistemática para a LIXEIRA das nos- sas Ruas e Bairros da todo um Povo! LIXO, em abundância, por toda a parte. LIXO para “dar” e “vender”! E faltam contentores e recipientes de lixo. Capital — outrora, o orgulho de qualquer moçambicano – hoje, a vergonha de

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OpçãoLIVRE • PLURAL • DEMOCRATA

Propriedade: A.U.T.B. – Registo Legal: 02/GABINFO-DEC/2009SEDE: Av. Patrice Lumumba, 453 – Tel/Fax: 21300238 – 846120525 – MAPUTO

E-mail: [email protected]ço: 25,00 Mt

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------- Sai à 5ª Feira -------

Ano I ● Nº 9 ● Maputo, 09 de Abril de 2009Directora: Anifa Tajú ● Editor: Afonso Brandão

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A CAPITAL DO PAÍS ESTÁ TRANSFORMADA NUMA VERGONHOSA LIXEIRA <<A CÉU ABERTO>>

O p r o b l e m a do Lixo, na cidade de

Maputo, já se arrasta há muitos anos. É uma das maiores preocupações sociais com a qual nos debatemos todos. Uma preocupação (também) dos nossos gover- nantes (sem excepção!) E de toda a População Moçambicana. O pior é que não vemos solução para este grave proble-ma, nem sequer de uma “luzinha ao fundo do túnel”. O problema ar-rasta-se desde os finais da Década de 70, logo após a Independência de Moçambique.

A cidade agoniza, em silêncio, desde então. E a verdade é que ninguém consegue manter a Capital limpa e asseada…

Quais são as razões imediatas deste “deixa andar”, deste verdadeiro desleixo e imundice?! São algumas.

Pensamos que se prendem com o facto de não ter havido (nunca!) da parte de quem nos governa – e é Poder em Moçambique há cerca de 34 anos –, de soluções de decisão e estratégia disciplinadora.

E de acção política di-recta. Pensamos que tem faltado (também!) um pouco de «pulso forte»

(Cont. na Pág. 7)

e da criação de “multas” (e leis) que punem sev-eramente todos aqueles que têm contribuído de uma forma sistemática para a LIXEIRA das nos-sas Ruas e Bairros da

todo um Povo! Há LIXO, em abundância, por toda a parte. LIXO para “dar” e “vender”! E faltam contentores e recipientes de lixo.

Capital — outrora, o orgulho de qualquer moçambicano – hoje, a vergonha de

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Afonso Brandão

O PECADO VEIO MORAR AO LADO

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Quando ele se voltou foi possível confirmar metade do que a Dona Maria assegurara. Aconteceu-lhe, então, o que já não se

lembrava de ter acontecido há muito tempo. Emudeceu e não foi capaz de responder ao cordato aceno de cabeça que acompanhou um “boa tarde” sereno. Carregou no botão de chamada do elevador e começou a vasculhar a carteira, procurando qualquer coisa que não sabia o que era. Como era possível ter ficado naquela perturbação? A simples presença daquele homem – que, daí para a frente, seria presença constante, ali mesmo à mão de semear – deixara-a num afrontamento nada menopáusico, mas, pelo contrário, muito juvenil. De repente, apercebeu-se de que se encontrava no elevador e ele fechava a porta. Passou-lhe, então, pela cabeça uma imagem fugaz de um qualquer filme em que qualquer coisa acontecia, o elevador parava e um casal amava-se violentamente. O flash desapareceu e lançou um dedo intempestivo ao painel de botões enquanto proferia um desajeitado “para que andar vai?” A resposta que obteve e a perturbação que a atormentava terão dado origem ao comentário mais desajeitado e inoportuno dos seus quarenta e sete anos de vida – “Então, vamos os dois juntos para o quarto!” Ainda não acabara a frase e já sentia um rubor explosivo inundar-lhe a face. Desastre total! Mas – quem sabe, de propósito? – ele veio auxiliá-la, comunicando-lhe tratar-se do novo proprietário do apartamento do quarto esquerdo e que esperava vir a fazer boa vizinhança.

Conseguiu recompor-se e esboçar um leve sorriso, em paga do que ele lhe lançara no acto da apresentação.

Naquela tarde, o elevador estava muito mais lento do que o costume. Habitualmente, a duração da viagem não era suficiente para proceder a uma inspecção detalhada frente ao espelho sobre o impacto da jornada no estado do cabelo, nas prováveis olheiras surgidas e nas rugas disfarçadas antes, pela manhã. Mas, daquela vez, demorava uma eternidade. Não deixava de ser curioso como desejava o fim da viagem e, simultaneamente, queria que o elevador avariasse ou, então, que não parasse mais…

Ali, a meio metro de distância, ele estaria a ouvir, de certeza, o coração a saltar-lhe pela boca fora. Mas porquê? Porquê acontecer-lhe aquilo?

Finalmente, o elevador parou. Saíram. Ele, calmo, a dar-lhe passagem. Ela, atarantada, a pisá-lo e a ba- ter-lhe com o saco das compras nas pernas. Ele, se-reno, a abrir a porta de casa e a dizer: “muito prazer, boa tarde, com licença”. Ela, a pousar e a entornar o saco, a deixar cair o porta-chaves e a proferir um atabalhoado e pouco conveniente “Até logo!” Conseguiu, finalmente, entrar em casa. Fechou a porta com estrondo pouco habitual, lançou o que transportava para longe e deixou-se cair na cadeira da entrada.

(Cont. na Pág. 4)

SUAVE BRISA

Reparou nele, mal chegou ao átrio. Estava a fechar a caixa do correio, a qual, tudo o indicava, encontrara vazia. Era o novo habitante do apartamento da frente, de certeza. A porteira já avisara da presença dos novos proprietários

– “É um casal muito parecido” – dissera.

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(Cont. Pág. 4)

A COR DOS DIAS

António Alçada Baptista

VOLTAS PELO MUNDOCOM CARDOSO PIRES

Dava-me muito com o Cardoso Pires. Em certa altura das nossas vidas, ele trabalhou comigo na Morais Editora. Foi na altura em que escreveu O Delfim que me ofereceu com uma dedicatória que, de vez em quando, vou ler. De feitio, éramos o con-trário um do outro: eu tenho uma imensa preguiça para ser combativo, o Zé tinha quase a necessidade de viver na luta. Mas era um grande companheiro.

Tinha um anticlericalismo à moda antiga e, para ele, um padre era naturalmente um inimigo. Uma vez, estávamos a almoçar com o José Rabaça e ele conta-va-nos, com o tom inerente à gravidade do aconteci-mento, como se passara um acidente de automóvel que tinha tido às três da madrugada, acidente que deu hospital e tudo, em que a vítima o consolava a dizer-lhe: “Desta vez foi o senhor o culpado, po-deria ter sido eu”. E, no fim de contar a história, com a mesma voz grave, volta-se para nós e diz-nos: “E sabem onde é que se passou isto tudo?...”. De-pois fez uma pausa e concluiu: “Na Av. Gonçalves Cerejeira!” Não disfarçava nada. Gostava de pegar de caras qualquer situação. Já poucos se lembrarão que a Av. da República estava cortada no Campo Pequeno. Uma barreira de terra segurava a linha do caminho-de-ferro e, passar para o Campo Grande tinha que se cortar à Av. 5 de Outubro, onde havia um pequeno túnel, que dava passagem a um carro de cada vez.

Um velhinho “estabeleceu-se” naquele lugar, senta-do num pequeno banco, com uma raqueta de pingue-pongue, vermelha de um lado e verde do outro, que ia virando conforme o carro que pudesse passar. A gente depois dava (os que davam) um dinheirinho ao senhor. Um dia, quando o Cardoso Pires chegou ao túnel, estava um homem muito bem posto a ralhar com o velhinho. O Zé não aguentou. Saiu do carro, virou-se ao tipo e disse: “Não se envergonha de estar a ralhar com um homem desta idade e que ainda por cima nos está a fazer um favor?” O outro ficou sur-preendido como se a sua compostura do traje, por si só, não fosse suficiente para manter respeito. Pergun-tou: “O senhor sabe com quem está a falar?”. O Zé respondeu logo: ´´Sei, sim senhor. Estou a falar com um parvo que está a levar nos cornos não tarda nada!”

O homem me-teu-se no carro e andou. O Zé lá disse adeus ao velhinho e veio embora. Por duas vezes viajei com

o José Cardoso Pires “em missão”.A primeira foi ainda nos fins dos Anos 50, em que fomos a Estocolmo, ao Congresso Mundial da Paz.

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O PECADO MORA AO LADO(Cont. da Pág. 2)

A pouco e pouco, a respiração voltava ao normal, o coração tor-nara a descer até ao pei-to, embora continuasse a bater forte. Mas a cabeça ficara à razão de juros.

Como era possível, tan-tos anos depois, voltar a sentir aquele turbi -lhão por todo o corpo, motivado pela súbita presença de alguém, até aí desconhecido?

Bateu com as mãos nos joelhos e pôs-se de pé – “Vamos lá tra-tar do jantarinho!”Nessa noite, pela pri-meira vez em vinte e oito anos de intimidade, fin-giu que estava ali, quando o João se encostou a ela.

Era uma iniciativa do Partido Comunista e, antes de partir, tivemos uma reunião clandestina numa casa no fundo da Av. Casal Ribeiro. Eu tinha para aí 30 anos e não podem imaginar o que era conhecer a Suécia, as suas meninas, os seus costumes e, no âmbito do Congresso, o folclore que o rodeava. Conheci um padre checo, do chamado Partido Católico da Checoslováquia, que estava rigorosamente vestido de padre. Falei muito com ele. Não sei sequer se ele estava de boas intenções ou se era fanático só. Falava-me com toda a naturalidade da vida política da Checoslováquia. Conheci lá também — e trouxe um autógrafo —, o célebre Zatopek, que nos anteriores Jogos Olímpicos tinha ganho tudo o que era corrida. Estava o Ilya Erenbourg, um homem muito simpático que deixou o Cardoso Pires editar um dos seus livros. Quando lhe perguntou quanto queria de direitos, ele disse: “Mandem-me uma garrafa de Vinho do Porto”. As relações de escritores com algum talento, como este Erenbourg, com o comunismo e a União Soviética, deixaram-me sempre alguma perplexidade. Tenho a impressão que já não acreditava naquilo, mas que também já era tarde para mudarem de vida. A Zélia Gatai contou-me que, quando ela e o Jorge Amado estavam exilados na Checoslováquia, passou por lá o Brenbourg, muito desgostoso, porque fora proibido de entrar em França. Uma “camaradinha” quis consolá-lo e disse-lhe: “Não se importe, camarada. Qualquer dia temos um governo comunista em França e depois o camarada vai lá quando quiser”. Ao que ele comentou: “E quem disse à camarada que eu quero ir a França quando lá estiver um go- verno comunista?” Outra vez fui com o Cardoso Pires a uma reunião do Pen Club, em Dublin. Foi no tempo em que o Pierre Emmanuel era presidente do Pen. Lembro-me que estávamos a almoçar, os três e um escritor ainda novo, alemão do Leste, que era um “escuteirinho”. Dizia que tinha aparecido um escritor muito prometedor que contava a vida de um operário a trabalhar numa fábrica onde encontrara a sua felicidade. Eu e o Pierre Emmanuel ouvíamos o “rapazinho” com uma certa paciência, mas o Cardoso Pires não aguentou e disse que isso não era literatura nem era nada. Lá acabámos o almoço e eu disse-lhe: “ Ó Zé, não valia a pena teres descomposto o homem”. dizia-me, ainda irritado: “É que eu não posso com estes gajos que não sabem o que é a Liberdade”

no dedo, a aliança das bodas de prata, colocada pelo João, a vinte e sete de Março, há uma sema-na atrás! O João, o seu marido, a quem fora sempre fiel e que respeitava muito!Não! Aquela pertur-bação momentânea, o comportamento de-sadequado, tinham fica-do a dever-se ao stress, a um dia de trabalho in-tenso, à aterosclerose da mãe e às específicas do Francisco.O que é que acontece-

ria a seguir? Claro que não podia acontecer nada a seguir! Não po-dia acontecer mesmo nada! Era preciso que não acontecesse nada!Ela estava casada há vinte e cinco anos – aliás, tinha ali,

A figura mais extraordinária que conheci nesse Congresso foi o Julian Gorkin. Era um espanhol que representava os escritores no exílio. Pudera, se ele já estava no exílio mesmo antes de o Franco tomar o poder! Tinha uma cicatriz na testa feita pelo assassino de Trotsky porque ele estava ao lado dele quando o mataram. Foi quem escreveu L’ Assassinat de Trotsky, donde o Losey tirou o filme com esse nome. Contava-me coisas surpreendentes, que se passaram com aqueles homens que andavam à volta da revolução soviética. Conheceu o Lenine, mas não o Estaline. Quando o Victor Serge morreu, no México, o coveiro não deixava que fizessem o enterro sem que o Victor Serge, que era apátrida, tivesse uma nacionalidade. Foi quando ele disse para o filho de Victor Serge:– Não achas que o teu pai gostaria de ser espanhol?– Acho – respondeu.Assim, ele está enterrado no México com a nacio- nalidade espanhola. Já me lembrei de ir lá certificar-me.

VOLTAS PELO MUNDO COM CARDOSO PIRES(Cont. na Pág. 3)

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O MULTIBANCO QUE (NÃO) TEMOS EM MOÇAMBIQUE

Existem espalhadas por toda a cidade, de Norte a Sul do

País. São cerca de cinco mil, no total. Entre nós são conhecidas por ATM, vulgo Caixas de Multibanco. Denominações à parte, a verdade é que as “nossas” ATM´s são ainda muito limitadas nas suas funções e não oferecem a gama de serviços que as suas “irmãs” sul-africanas oferecem (por exemplo).

E porquê? Porque ne-nhuma ATM, no nosso País, não está preparada para efectuar operações de depósito directo, quer em dinheiro, quer em cheque. Daí, as filas irritantes que se verifi-cam um pouco por todo o lado, aos balcões dos bancos.

É inaceitável que às portas do Séc. XXI as ATM´s, em Moçam-bique, tenham parado no tempo e que conti-nuem “agarradas” à pré-história (quase…) E a verdade é que a maioria dos bancos a operar em Moçambique são bancos cuja sede principal está localizada em Portugal, Inglaterra e na África do Sul. Não dá para en-tender… Fazemos outro reparo às instituições bancárias deste país. Não podemos aceitar “aberrações” e “ama-dorismo” desta natureza em pleno Séc. XXI.

Nós passamos a expli-car. Qualquer empresa ou estabelecimento comercial que abra uma conta ao balcão de uma qualquer dependência bancária em Moçam-bique não tem direito a ser portador de um simples «Cartão Multi-banco».

Não percebemos as razões que levam os bancos em Moçam-bique a proceder assim, pois em parte nenhuma do Mundo estas coisas acontecem. Em toda a parte as Empresas têm os seus cartões normais e de crédito. Gostá-vamos que alguém ex-plicasse detalhada e convincentemente o que leva os Bancos em Moçambique a não dis-ponibilizarem os ditos «Cartões Multibanco» às empresas e estabele-cimentos comerciais que o solicitem. Se isto não é brincadeira não sabemos o que será… Lá fora – não importa se é em Joanesburgo, Paris, Londres ou em Lisboa – as “simpáticas” Caixa Multibanco executam já as mais variadas ope-rações.Que são sofistica-das e melhoradas todos os dias, em termos de modernidade e actuali-zação. Em Moçambique continuamos na «idade das cavernas»… Em contrapartida, so- fremos (e lamentamos!) as horas infindáveis que passamos nas «bichas» dos Bancos, todos as manhãs, a conversar uns com os outros, enquanto não somos atendidos pelas “zelosas” fun-cionárias e funcionários

de cada um dos balcões da nossa cidade, em monótona e cadenciada sinfonia. É vergonhoso o que acontece com as ATM´s, em Moçam-bique. Vergonhoso e ina-creditável. Se os bancos apresentam anualmente lucros fabulosos, não compreendemos porque não investem em áreas mais prementes, tais como na área do at-endimento ao público e respectivas melhorias. Até quando vamos con-tinuar a permanecer na “cauda” dos países em vias de desenvolvimen-to? Estamos à espera de quê e de quem para incrementar moderni-dade e actualização às ATM´s, em Moçam-bique? Acabem com a vergonha das «bichas» de uma vez por todas.

Digam BASTA! Criem condições reais (e não surrealistas) aos Cli-entes para que possa-mos, todos, apanhar o “comboio da civiliza-ção e da modernidade”. Chega de andarmos «a passo de lesma»…- A.F

Em Moçambique as ATM´s efectuam apenas meia dúzia de operações: levantamentos de dinhei-ro, saldos, pagamento de Água, de Luz, da TDM e TVCabo. Pelo meio, vão “engolindo” um ou outro cartão duvidoso…. Con-venhamos que é pouco, muito pouco mesmo. Por estas e outras é que as filas nos bancos “en-grossam” a olhos vis-tos, são intermináveis e doentias.

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DESTE LADO DO ATLÂNTICO

Pedro Cid

TUDO É EFÉMERO E RELATIVO

O sortilégio de passar os primeiros oito anos deste Novo Século, deste Novo Milénio, faz de nós testemunhas privilegiadas de um

tempo único na História da Humanidade. Pertenço à geração que nasceu logo a seguir à guerra. Tendo dobrado o meio século, do qual mais de quatro dé-cadas a exercer esta apaixonante profissão, dou-me conta de como tudo é efémero e relativo. Admiro os homens que foram capazes de renunciar ao poder e desgosto-me com os infortúnios dos que, fazendo parte do rol dos servidores do povo, acabaram por ser envolvidos no descrédito público, por acções ou omissões gravosas para os interesses da comu-nidade. Acima de tudo, o que é mais espantoso no tempo que vivemos é a aceleração do progresso científico e tecnológico, a par da consciência aguda de que é preciso salvar o nosso planeta, tantas têm sido as agressões ao espaço terreno onde a Providên-cia nos colocou. O progresso continua imparável no seu desenvolvimento. As agressões ao planeta também. Como será no momento da convergência: Vida ou Morte? Libertação ou Condenação? Fim de Tudo ou Princípio de um Mundo Novo? Com to-dos os sobressaltos, vivemos nos últimos 60 anos numa situação de paz universal, o que não é sufi-ciente para repugnarmos todos os conflitos bélicos que assolaram todos os continentes, provocando desolação e morte, numa permanente violação aos princípios consignados na Carta das Nações Unidas, aprofundados e desenvolvidos noutras instâncias in-ternacionais.Como recordação pessoal, a imagem mais longínqua que tenho, como honras, é a dos Anos 50. Aprendi a ler no monárquico semanário “O Debate”, voraz-mente lido por um avô que nunca se deu bem com o regime salazarista, sobretudo pelas hesitações que o ditador terá tido no que diz respeito à essência do regime. Lembro aquele jornalzinho, de que poucos terão memória, por causa de uma frase misteriosa que levei tempo a perceber e que, de alguma forma, espicaçou precocemente o meu interesse pelas

coisas históricas e jornalísticas: “Portugal não é só uma nação europeia. Tende a sê-lo cada vez mais, cada vez menos…”

Lembro-me de Salazar no seu famoso discurso “para Angola, rapidamente e em força”; e a exaltação que o outro ramo da família teve, talvez por estar há algumas gerações ligado a África. Tive a percepção do cinismo da intervenção do então presidente do Conselho de Ministros, quando falou na televisão sobre Humberto Delgado, pouco tempo depois do aparecimento do corpo do «general sem medo». Assisti à posse de Marcelo Caetano, e tenho sido testemunha ocular de alguns dos mais relevantes eventos da história da nossa democracia, sobretudo a partir do 25 de Novembro. Fui testemunha activa do processo de Descolonização de Moçambique, com a inenarrável e única experiência de ter repatriado alguns milhares de portugueses.

O país que tenho e que amo – Portugal – é fruto das suas circunstâncias. Penalizo-me por sentir que se foram escoando as grandes causas e que os princípios deixaram de ter significado na sociedade de hoje.

Se a Esperança é a última coisa que morre, dei- xem-me hoje ter uma palavra de confiança nas novas gerações, as da sociedade de informação. Conheço bem essas novas gerações, já que tenho filhos entre os 40 e os 20 anos. Sei que é através delas que Portugal se pode eternizar, corrigindo as terríveis injustiças dos dias de hoje. E é através delas que saúdo estes primeiros oito anos do Novo Século, estes primeiros oito anos do Novo Milénio!

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A CAPITAL DO PAÍS ESTÁ TRANSFORMADA NUMA VERGONHOSA LIXEIRA <<A CÉU ABERTO>>

Damos uma volta pelo Chamanculo, pelo Xi-pamanine ou pela Ma-falala (só para citar três conhecidos Bairros da Capital), e a verdade é que não encontramos “um único” receptáculo para o LIXO. Está tudo a «céu aberto»! É tudo despejado no chão, aos montes… Os becos são os mais afectados, sem dúvida! Estamos perante uma situação complexa e de difícil solução à vista. Porque os nossos responsáveis não estão ao que parece (assim) tão interessados em resolver “coisa ne-huma”. Só com acções concentradas e enér-gicas – repetimos –, emanadas por quem de direito, por quem tem poder de decisão (e não decide), é que podería-mos (todos!) acabar com o LIXO na cidade de Maputo. Em todo o país, em suma. A População, de uma maneira geral, e os Residentes, de uma forma particular, devem ser responsabilizados pela sujeira que fazem.

O Lixo não aparece por “obra e graça do Espíri-to Santo”. Tem de ha-ver gente que faz Lixo e provoca Lixo. Quem são eles, afinal? Onde estão?!... Não há multas para aplicar? Pois que se criem essas multas e se-jam aplicadas às pessoas quem fazem LIXO. Não há fiscalização ca-marária (ou policial)? Pois que se criem ur-gentemente “brigadas” próprias para fiscalizar a cidade (ou que se no-meiem mais Chefes de Quarteirão), para que cada Avenida, cada Rua, cada Praceta, cada Es-quina ou cada Bairro volte a encontrar o asseio e a higiene de outrora. O povo e a população, de uma maneira geral, tem de estar sensibilizada, tem de respeitar as nor-mas existentes do bom senso e do Civismo, e saberem coabitar como seres humanos uns com os outros e não como… bichos. A cidade de Maputo está transfor-mada numa verdadeira (e vergonhosa!)

«Lixeira a Céu Aberto»! Toda a Cidade de Mapu-to constitui actualmente (e desde sempre, afinal de contas!) sérios e peri-gosos «focos de doença» para a Saúde Pública e para qualquer cidadão. As nossas CRIANÇAS Estão permanentemente ameaçadas e expostas ao perigo que espreita. São vítimas da incúria e da irresponsabilidade dos adultos. Estamos, em suma, todos sujeitos

a nossa maior vergonha nacional, o «cartaz turístico» que oferece-mos a todos aqueles que nos visitam…A verdade é que não tem havido coragem política suficiente por parte de quem tem (ou devia ter!) responsabili-dades na governação de Moçambique. Já lá vão 34 anos de Independên-cia – e de Poder Político Único –, e os resultados estão à vista de todos,

ao LIXO que veio para ficar, ao virar de cada esquina, de cada rua, de cada Bairro. O LIXO é

Será que não há ninguém que consegue acabar com o LIXO na nossa Cidade?

neste e em (tantos) ou- tros domínios da vida social, económica e

(Cont. na Últ. Pág.)

(Cont. da Pág. 1)

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------- Sai à 5ª Feira -------Ano I ● Nº 9 ● Maputo, 09 de Abril de 2009

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(Cont. da Pág. 7)

A ´´Capital´´ do Nosso Lixo política do País! Será que andam todos distraídos ou a fingir? Este modelo de go- vernação está total-mente desgastado.

Há quem diga que está (também!) corrompido e serve apenas os in-teresses de um grupo de abusadores e in-competentes. A nós es-panta-nos o silêncio e a passividade das pes-soas de bem. Será que são assim tão poucas que tenham medo de manifestar a sua in-dignação? De gritarem bem alto que Moçam-bique se parece mais com um «Caixote de Lixo» do que com um País propriamente dito? Por onde andam os “homens da escrita” do meu País? Parece-nos óbvio que o

Parlamento não traba- lha, o Parlamento não produz aquilo que deveria produzir e o pior de tudo é mesmo o facto de o Par-lamento dar um péssimo exemplo de educação, civismo e responsabili-dade à NaçãoO modo como o Parla-mento funciona apenas contribui para o descrédi-to da classe política e para o atraso em que Moçam-bique se encontra. Pen-samos que o exemplo do “nosso” LIXO e das “nos-sas” Avenidas e Ruas ES-BURACADAS é um ex-emplo negativo para quem é Poder em Moçambique. A FRELIMO tem-se regido por um modelo ca-duco. O prazo de validade deste modelo que não re-solve está ultrapassado. É necessário refrescar a Democracia, o sentido de Estado e o caminho para uma democracia evoluída

e uma economia forte. É necessária uma ope-ração “mãos limpas” no modo como se governa Moçambique.Entendemos – e por isso mesmo acusamos p e r e m p t o r i a m e n t e a FRELIMO como Partido Único no Poder há 34 anos! –, por esta calamidade e por esta “ V E R G O N H O S A CHAGA” social! Não significa, porém, que os

Partidos Políticos — com assento na Assem-bleia da República — e a População Moçambi-cana, em geral, esteja isenta de culpas. Nada disso!... A culpa é de to-dos, sem excepção. Resta saber, isso sim, até quando é que esta CULPA e este estado de coisas vão perdurar. A culpa não pode (nem deve) persistir e morrer solteira…- A.B.

OpçãoDirectora: Anifa Tajú – Editor: Afonso Brandão Departamento Comercial: Paulo Santos - Colaboram Nesta Edição: Almeida Fernandes, Alçada Baptista, Daniel Lipanga e Pedro Cid - Fotografia: Albino Mahumana –Direcção Gráfica: Faizal Tajú – Redacção, Direcção e Administração: Av. Patrice Lumumba, Nº 453 – Telef./Fax. 21300238 e 846120525 - E-mail: [email protected] - Tiragem Média: 3.000 exemplares - Periodicidade: Semanal – Propriedade: AUTB - N. de Registo: 02/GAMBINFO-DEC/2009. Opção é o único jornal que dá voz ao artigo de opinião, ao comentário e à analise pormenorizada.Nota: É interdita a reprodução total ou parcial por quaisquer meios de textos, fotos e ilustrações sem a expressa autorização da Direcção ou do Editor.

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