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Jornal de Filosofia 2012 Agrupamento de Escolas do Forte da Casa

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Jornal de Filosofia

2012

Agrupamento de Escolas

do Forte da Casa

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Caros leitores.

Tal como no ano letivo anterior este Jornal surge no âmbito da realização do pro-

jeto pedagógico do Grupo de Filosofia do Agrupamento de Escolas do Forte da Ca-

sa. Tentamos nele abranger o conteúdo programático da disciplina, principalmente

no âmbito do disciplina de Filosofia. Optámos por um tipo de abordagem diferente,

não tanto como um jornal mas mais como uma coletânea de ensaios elaborados

por alunos sobre temas chave para a disciplina. Por ser nossa intenção mostrar que

a disciplina pode e deve ser oferecida de forma acessível, inteligível, praticável, mes-

mo empolgante. Pretendemos mostrar que a Filosofia não tem que ser um “bicho

de sete cabeças” mas sim um instrumento de abertura de horizontes, de espíritos,

mentalidades, de participação, mas principalmente de abertura para o facto de, por

sermos seres pensantes, de termos capacidade de nos interrogar sobre o MUNDO

que nos rodeia, sobre NÓS e sobre os OUTROS,

Se tu ES, tu RESPIRAS

Se tu respiras, tu FALAS

Se tu falas, tu PERGUNTAS

Se tu perguntas, tu PENSAS

Se tu pensas, tu PROCURAS

Se tu procuras, tu EXPERIMENTAS

Se tu experimentas, tu APRENDES

Se tu aprendes, tu CRESCES

E quando cresces, tu DESEJAS

Se tu desejas, tu ENCONTRAS

Se tu encontras, tu DUVIDAS

Se tu duvidas, tu PERGUNTAS

Se tu perguntas, tu ENTENDES

Se tu entendes, tu SABES

Se tu sabes, tu QUERES SABER MAIS

E se tu queres saber mais, ESTÁS VIVO...

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Eu antes pensava que filosofia era uma coisa estúpida por ser ignorante. Ser ignorante não é não saber fazer contas de matemática ou não saber resolver a teoria quântica de não sei quem. Ser ignorante é pensar que sabemos tu-do, que tudo é assim, que não há volta a dar. Que o sol é amarelo, mas sei lá eu se o sol é o sol, se é amarelo, verde ou ás bolinhas ? Nin-guém me garante. Antes também acreditavam piamente que o mundo era quadrado, e séculos depois, uma alma pensadora, disse que não, apresentou uma teoria. Tal como os poucos se-res pensantes neste mundo, pois a maior parte é uma cambada de ignorantes, ele foi livre. Mas esta capacidade de ser livre é uma enorme res-ponsabilidade .Um ser livre, como Jean Paul Sar-tre disse , é uma grande responsabilidade, pois um Homem livre carrega o peso do mundo nos ombros. A liberdade pode nem sempre ser tão doce como nós pensamos. Ser livre implica esco-lher, decidir como agir , é errado vermos um ser livre como Deus Todo-Poderoso , ser omnipo-tente , a liberdade não significa poder fazer tu-do , a liberdade dá-nos não a completa capaci-dade de decidirmos o que acontece, ou o que fazemos, pois há muitas coisas que estão fora do nosso controlo, mas sim a capacidade , a manei-ra de respondermos , de reagirmos como quere-mos, dentro dos nossos limites. Podemos ligar isto um pouco ao livre arbítrio.

…/...

…/...

Um ser livre , como eu um dia me espero tor-nar , têm a capacidade de responder, de agir como quer , logicamente é um ser com livre arbítrio, por tomar as suas decisões, tendo em consideração a sua vontade. Mas não posso de deixar de pensar no que eu não controlo . Tão teoria afirmada como determinismo, em que basicamente, tudo o que acontece têm uma causa , e por consequentemente um efeito , e tal acontecimento completa o anterior. É basica-mente uma cadeia viciante. Mas os conceitos não valem nada se não forem aplicados, serão apenas mais palavras, mas entulho , para encher o mundo. Portanto , eu chamo-me Sofia. Não escolhi que o meu apelido seja Linguiça , não escolhi ser Portuguesa, não escolhi ter meio pal-mo de testa, não escolhi ter uma falha nos den-tes , nem muito menos ter nascido ás nove ho-ras da manhã de uma fria manhã de dia 18 de Fevereiro , isto supera-me. São coisas que não controlo, mas que independentemente da mi-nha vontade aconteceram. Agora com as tonela-das que o mundo me pesa, sou um pouco livre, posso reagir perante esses acontecimentos. Aceitar a minha falha nos dentes, usar sapatos altos para ficar com três quartos de palmo em vez de meio . Pedir para não me chamarem Lin-guiça e para não ser fria como a manhã de inver-no em que nasci. Está tudo á minha disposição , quando tiver a capacidade de ser livre , física e emocionalmente, logo vemos o que vou fazer, mas quer queira quer não, há coisas que estão traçadas.

Sofia Linguiça

Afinal, a Filosofia...

“A capacidade de ser livre é uma grande responsabilidade…”

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Ética e Moral O que é a Ética? Depois de refletir sobre o que eu acho do significado da mesma posso dizer que a Ética é um conjunto de valores que orientam o comportamento do Homem em relação aos outros Ho-mens na sociedade em que vive, garan-tindo assim o seu bem-estar a nível soci-al. Para mim a Ética está muito relacio-nada com a subjetividade de cada um de nós, porque a Ética está relacionada com a nossa consciência, por outras palavras a nossa voz interior. A nossa consciência é o que nos permite uma análise do Bem e do Mal, através dos princípios que a mesma nos dá. Claro que nem sempre realizamos ações muito corretas como por exemplo um indivíduo que decide roubar uma loja. Neste caso como o indivíduo não tomou a melhor das decisões, apesar de este pensar que conseguiu enganar toda a gente, engana-se, pois ele não consegue enganar a sua voz interior que o irá atormentar por não ter tido uma boa atitude. O que é a Moral? A Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do Ho-mem na sociedade, estabelecendo condições de convivência com respeito e liberdade, pois caso contrário se as mesmas não fossem estabelecidas, cada um de nós faria o que quises-se. Assim a Ética e a Moral completam-se uma à outra porque sem a Moral não seria possível a convivência entre a Ética de cada um de nós sem que as mesmas se sobrepusessem umas às outras e sem a Ética para além de nós não conseguir-mos distinguir o Bem do Mal não iríamos ter os nossos próprios princípios, seríamos como marionetas que seguiam as regras estabelecidas. Em suma a Ética e a Moral são duas coisas distintas, indispensáveis para a nossa vida, e que não vivem uma sem a outra. Assim concluo que sem a Moral não seria possível a convivên-cia, e sem a Ética a nossa vida não teria qualquer liberdade, tornando-se infeliz.

“...Ética...a nossa voz interior…”

“...sem a Ética a nossa vida não teria qualquer liberdade…”

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Ética e Moral . O novo bicho de sete cabeças. Ética e moral. Palavras banais ao início de aula passada. Eu sabia as definições que vêm no dicionário, eu acho que sou uma grande burra. Sou muito articulada, falo muito mas não sei metade do que digo. São letras que formam palavras e eu digo-as. É como se eu falasse do amor e não o conhecesse. Falo de ética e nem sei o que significa. Hesitei bastante ao escrever este texto pois não tinha inicialmente compreendido a conceito na aula. Estava demasiado aérea. E a filosofia requer muita concentração. Agora estou aqui em diante do meu portátil a tocar nas teclas e a ver o que sai. Sempre me disseram que eu era uma pessoa muito imoral , ou pelo menos a minha avó sempre disse, pois eu nunca consegui chegar ás expectativas dela. Fazia sempre o contrário do que ela me pedia. Quanto mais crescia mais me afastava do caminho que ela quisesse que eu tomasse, parece que ela tinha já tudo pensado e nisso saio muito a ela. Nestes meus anos de adolescência, que são vistos como os cruciais para a definição da minha personalidade, eu tenho-me afirmado bastante e mantido fiel aos meus princípios. O Homem está sempre na procura da linha reta, na “retidão da mente” , no modo de fazer as coisas da maneira mais certa. De se manter na linha. Apesar de eu me aparentar muito “alinhada” não é nada disso que parecem achar. Sempre tive opiniões muito vincadas e sempre me mantive fiel aos meus princípios. Á minha ética. Mas muita gente prefere a porcaria da moral. Se cada um de nós não acreditasse em ética, nos seus princípios eramos todos um bando de autómatos, sem coração e que faríamos tudo “by the book”. Eu não quero ser assim. Eu prefiro arranjar dez mil discussões do que ceder a normas, á moral. Que o diabo leve a moral e a enterre. Eu já arranjei tantos problemas devido a ela. Sou uma pessoa extremamente imoral para umas coisas, e muito ética para outras. Há coisas que necessitam da moral , ou melhor, da GRANDE FRASE “ é assim que nos devemos comportar, porque assim é que é certo”. Isso é neces-sário porque senão o mundo era uma enorme rebaldaria e não havia nenhuma ordem. Mas menospreza-se a voz interior das pessoas. Calam-na com um monte de regulamentos só porque “assim é que têm que ser “ diz a minha avó. Diz toda a sociedade. Ainda no outro dia, no Parlamento da Madeira , José Manuel Coelho sen-tou-se no lugar do Sr. Alberto João Jardim, para demonstrar a falta de comparência deste. Apareceram logo imensos guardas para o levarem de volta. Ele foi moral, seguiu as normas ? NEM PENSAR. Mas foi ético . Ou-viu a sua voz interior que dizia para ele protestar. E eu acho que as pessoas querem apagar a ética do mapa porque há muita coisa que não lhes interessa ouvir. A sociedade quer ficar agrilhoada nas normas. Natural-mente dizem que as leis são para proteger todos e que agradam a todos. Isso é tão mentira como eu ser boa a matemática. Estes dois conceitos só se poderão conjugar quando cada um deles se negar a si próprio. Os éti-cos negarem a sua ética e os moralistas a sua moral. E trocarem de lados. Viverem um dia com pressupostos diferentes e verem como a sua casmurrice possa afetar os outros seres humanos. Numa vida em sociedade têm que haver bastante “compromising” temos que saber lidar uns com os outros e o atual regime imposto quase na maioria dos países é a Democracia. Democracia significa povo ao poder. O povo não está nada no poder porque não é ouvido. O povo é que sabe o que sofre todos os dias , e sabe que as leis da constituição não estão de acordo com o que se passa no mundo. Eu estou bastante emocionada a escrever isto porque se as pessoas tivessem o tempo para se ouvirem umas

ás outras , viveríamos muito melhor. Será legítimo qualquer pessoa deixar de viver como quer porque não é

assim que deve ser? Que eu saiba não estamos enclausurados. Em suma, estes dois conceitos são completa-

mente conciliáveis. Cada um deles simplesmente têm que se negar a si próprio e ver o outro. Pode-se ser mo-

ral e ético . Pode-se ser correto e fiel e si mesmo. O problema disto tudo é que estamos muito acelerados

para perceber isso. Estamos mais ocupados a ver quando sai o novo iPhone. Quando a sociedade quiser tudo

se fará e estes dois conceitos conciliarão se perfeitamente. “ Como devemos agir, como devemos fazer e sim-

plesmente as coisas em que cada um acredita.” Não sei se isto está algo que preste, mas não o conseguia fa-

zer de outro modo. Não seria ético da minha parte. Não consigo escrever textos profundos com palavras ca-

ríssimas porque não sou assim. Eu não escrevo palavras eu escrevo sentimentos. Eu sou ética e simplesmente

estou bem assim. Sabe muito melhor estar fora da linha, do que viver a vida que outros escolheram para mim

e poder ser o que quero. Peço desculpa pela desilusão.

Sofia Linguíça

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Ética e Norma Moral Quantas vezes já quisemos ir contra as regras estabelecidas? Contra aquilo que é a lei, a dita norma moral? Quantas vezes já nos quisemos comportar de maneira diferente aquilo que é suposto e se espera de nós? Dar-lhes um gran-de encontrão e fazermos o que a nossa voz interior diz, a nossa ética? É que, talvez seja novidade para alguns, mas as leis nem sempre são éticas. As leis obedecem a preconceitos que a sociedade foi criando ao longo do tempo, limi-tam o pensar e o fazer, criam muros na nossa vida onde se pode ler em gran-des letras ‘NÃO PODES FAZER ISTO’. Por exemplo, a norma moral diz-me que eu não posso atirar um caderno ao chão enquanto estou a ler este texto, não é de bom tom. É extravagante. A minha ética diz-me para o fazer. Para arriscar. Ups! Tiago – 1 Norma Moral – 0. A minha ética não se importa com os olhares que neste momento me estão a lançar das mesas lá de trás. A ética, a minha ética, é livre. Procura uma liberdade que não se encontra num Código de Direi-to, é uma liberdade interior que se projeta para o meu exterior. Procura uma liberdade que me permita ser feliz, que melhore o meu modo de vida, que me ajude a construir uma escala de valores reais. É aquela voz que me sussurra ao ouvido “Vai para a direita, Tiago” quando todos os outros vão para a esquerda. No início, era apenas isso, um sussurro. Agora, que penso sobre tudo o que es-tá à minha volta mas também naquilo que está dentro de mim, é uma voz cla-ra, definida e que me orienta. Porém, não somos perfeitos, limitamo-nos à nossa simples condição humana e nem sempre seguimos o que a ética nos diz. Daí nos depararmos com os nos-sos problemas e situações menos agradáveis que vamos enfrentando ao longo da vida. Não receio no entanto todos esses desafios que me são colocados, tal como Sartre disse “O Homem está à altura de tudo o que lhe acontece”. Se eu pensar, se a Catarina aqui ao meu lado pensar, se nós pensarmos e se o mun-do pensar, talvez consigamos viver numa sociedade ética, numa dita utopia. Pensar. É tão gratuito. Tão vasto. Resta-me apanhar o caderno do chão. A normal moral exige. Por enquanto.

Ti- ago Silva

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“...atirar um caderno ao chão …” “...V

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“...Pensar. É tão gratuito. Tão vasto…”

“...não somos perfeitos…”

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Ética e norma moral em Filosofia

Ética e moral, que conceitos tão abstratos esses, com que me deparei no dia de hoje. Ética e moral, mas o que afinal é isso de ética e moral? Já utilizei tantas vezes estas miseras pala-vras e de repente, no momento em que me perguntam, qual o seu significado?, eu paraliso, paraliso não por não ter vontade de falar, mas pelo facto, de ao pensar nestas duas palavri-nhas deste modo eu não sei o que elas são. De facto, pergunto-me, o que é que faz com que a minha pessoa utilize expressões, sobre as quais desconhece o verdadeiro significado? E assim a minha mente ficou presa a essas expressões durante horas, ética, moral, moral, ética, porque é que eu não consigo responder? E esta pergunta permaneceu e permane-ceu, tentei ir até ao fundo da questão e procurar respostas para estas novas perguntas e perguntas para essas mesmas respostas, questionei-me, juntei ideologias, juntei significa-dos e eis que algo começou a fazer sentido. Se a ética é algo esta associada ao “bom”, isto é se quando somos generosos, amigáveis, compreensivos, estamos a ser éticos, então supo-nho que a ética se relacione com o conjunto de valores que cada ser humano possui. Sendo assim, cada um de nós vive mediante as nossas próprias Éticas, sendo que cada individuo tem as suas e rege a sua vida de acordo com as mesmas. Posto isto, se a ética na minha ma-neira de ver se relaciona com o facto de “algo” ser bom para nós próprios e para toda a so-ciedade, então julgo que a moral tenha a ver não com aquilo que nos achamos ser o “bem” mas sim com o que nós achamos ser o “justo”. Ou seja, se a ética se relaciona com os valo-res de cada um dos membros de uma comunidade então a moral associa-se ao respeito e à liberdade dos mesmos. Tornando-se então a moral a ponte que liga as diferenças éticas umas às outras, isto é, a moral é o que torna possível a convivência entre as inúmeras dife-renças éticas existentes, fazendo com que todas elas se respeitem sem que umas se sobre-ponham às outras, sendo que de certo modo a moral prevalecerá sobre a ética. Após ter culminado neste ponto, as minhas noções sobre este tema, passaram a fazer muito mais sentido, sendo que, pelo meu ver a ética está associada às noções que o ser humano possui de carácter, de virtudes, isto é, a ética relaciona-se com as decisões de cada um de nós so-bre aquilo que somos e não somos, sobre aquilo que um dia gostaríamos de ser, da manei-ra como cada um de nós enfrenta cada situação, seja ela positiva ou negativa, sendo que todas as decisões da qual o propósito irá dar um determinado sentido a nossa vida, serão então decisões éticas. O que já não acontece exatamente com a moral, uma vez que esta, está muito mais associada na minha maneira de ver aquilo que está correto para a socieda-de onde nos encontramos, ou seja, a todos os conceitos de justiça, responsabilidade e de limites. A moral tem sobretudo a ver com a nossa liberdade sendo que o direito de realiza-ção das nossas ações só é permitido até aos limites dos restantes, impedindo-nos de sobre-por os nossos limites, violando os limites dos outros indivíduos. Em suma, a conclusão a que chego é que ambas as coisas são indispensáveis à nossa existência. Com uma grande diferença, que quem age moralmente têm de respeitar a comunidade onde está inserido e pode ser contemplado ou crucificado por isso. No entanto quem age eticamente, respeita simplesmente os seus valores e as suas ideologias sendo que também pode ser contempla-do, mas no entanto não pode ser punido pelas suas ações, mesmo sendo estas infelizes. Resumindo a moral é a res-ponsável por tornar a nossa convivência com os restantes possível, visto que, sem moral a nossa convivência em co-munidade seria impossível, no entanto sem a ética, esta seria lamentável e desprezível.

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? ? ? ? ? ? Ética e Norma Moral ! ! ! ! ! !

Eu não sou ninguém se não tiver ética. A ética é a voz inte-

rior, a consciência, que avisa quando algo está certo ou

quando algo está errado. É aquela vozinha que nos atormen-

ta se fazemos algo que ela já nos havia dito que estava er-

rado. Mas também pode fazer com que nos sintamos bem ao

tomarmos decisões corretas. Faz parte da minha subjetivi-

dade. Por exemplo, se eu roubar, a minha consciência vai

acusar-me que a minha ação está errada. Mas se eu roubar

muitas vezes, desrespeitando a minha consciência, ela vai

deixar de me acusar quando eu roubar. Na minha opinião, a

consciência tem de ser respeitada, por que ela é o verdadei-

ro guia da nossa vida.

A norma moral refere-se aos princípios já estabelecidos que

nos “obrigam” a seguir determinados comportamentos. A

ética pode ajudar-nos a discernir as consequências das nor-

mas de moral, mas também pode dizer-nos algo completamente contrário a elas. Por

isso, pode dizer-se que a nossa voz interior nem sempre está totalmente de acordo com

as normas morais. O que nos deixa numa posição um pouco ingrata. A quem devemos

obedecer? Às normas morais ou à consciência? A nossa consciência pode ser influencia-

da pelas nossas convicções ou até pela educação que nos deram, pelo que na minha opi-

nião devíamos tentar estabelecer um equilíbrio. Em determinados assuntos teremos de

respeitar as normas morais para evitar punição, mas em outras ocasiões temos seguir o

que a nossa vozinha interior nos diz. No entanto, é curioso notar que a nossa consciên-

cia dita como certas as ações que envolvem o respeito pelos outros e, acima de tudo,

quando essas ações envolvem as nossas crenças.

As normas morais são iguais para várias pessoas de várias nacionalidades, mas não exis-

te duas pessoas com éticas iguais. A ética é algo individual, que pertence a cada um de

nós. Por isso nem todos concordamos com tudo o que outros fazem, pois o que a nossa

voz interior nos diz que está errado, a outros, a sua voz interior pode dizer que está

correto.

Na minha opinião, apesar dos contrastes evidentes entre ética e normas morais, as nor-

mas morais não podiam existir sem a ética, porque se não existisse a consciência, quem

dita essas normas não poderia saber se o que estava a implantar estaria certo ou erra-

do.

Por fim, na minha opinião a ética também está intimamente relacionada com a liberda-

de, porque uma pessoa sem liberdade não pode fazer uso da sua ética para tomar ações

livres, apesar de ela continuar a existir se não houver liberdade. O que se pode dizer é

que ela não seria usada para a tomada de decisões mas apenas para julgar ações de ou-

tros, já que a nossa consciência também nos permite caracterizar as ações de outras

pessoas e julgá-las por essas mesmas ações. Por isso, eu digo que a vida não teria o mí-

nimo sentido sem ética, pois se não tivéssemos um guia próprio dentro de nós, vivería-

mos uma vida completamente vazia, já que não tomaríamos ações baseadas na nossa

própria consciência. A minha consciência pode influenciar, e muito, o tipo de pessoa que

sou, desde que eu siga as suas instruções.

Sofia Linguíça

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Ética e Norma Moral.

Todos os seres humanos possuem em si, uma “vida” no

seu interior, aquilo que modifica as suas ações. Essa vi-

da leva-nos a refletir e a consciencializar sobre o bem e

o mal, o correto e o incorreto,.. Afinal de contas o que é

esta vida, que nos faz ser diferente de todos os outros

seres?

A consciência assume-se como primeira resposta. To-

das as nossas ações são posteriormente analisadas a par-

tir da nossa reflecção e condenadas pela nossa consciên-

cia. Consciência essa que nos dá uma perceção de como

havemos de agir de uma forma posterior. Por exemplo, o facto de numa bela tarde de sol,

decidir em vez de brincar no parque ir roubar rebuçados na loja, faz com que por conse-

guinte a minha consciência me diga que tal Acão foi completamente errada. Com isto, a

dita consciência poderá penalizar-me de uma forma temporariamente indefinida. Podemos

de certa forma, aceitar toda essa penalização, mas temos a nossa grande arma, a liberdade.

Quero com isto dizer que temos liberdade para enfrentar a nossa própria consciência e aí

entrar numa grande guerra interior, de um lado a consciência e do outro aquilo que o nosso

coração nos diz. A única consequência de toda esta batalha é o sofrimento, aquilo que nos

consegue destruir das formas mais cruéis. Quero com isto dizer que a ética está ligada á

subjetividade de cada individuo.

Esta grande individualidade da ética é bastante importante para que seja possível a norma

moral.

A norma moral é determinada pelo conjunto de leis que faz com que um individuo as siga

de forma determinada. Ao contrário da ética a norma moral é algo exterior a nós próprios,

ou seja, algo que não conte-mos dentro de nós e que não detemos o controlo. Trata-se a

penas e só de uma prescrição, um código a seguir. Também contradizendo a ética, a norma

moral é algo que engloba a objetividade de cada individuo.

Apesar da adversidade entre estes dois grandes condutores da vida, existe uma compatibili-

zação entre elas. O grande exemplo desta afirmação verifica-se na politica, por exemplo,

ao estado se abrir á opinião pública, de forma a que a ética de cada um interfira na norma

moral do estado.

Para mim apenas ambos, estes grandes pilares, são importantes e mostram a sua relevância

na Acão de cada um de nós, e é óbvio que seria uma impossibilidade viver sem um deles,

pois estes são o grande motor da Acão humana. Personalizando, para mim seria-me total-

mente impossível existir sem ética. O que seria de mim se não tivesse a minha grande ami-

ga, que me alerta para o bem e para o mal? Poderia assim magoar alguém sem ter noção

que estava completamente a ser cruel (má) ou por outro lado estar a ajudar alguém e não

ter a perceção que lhe estava a ser boa. Se assim o fosse não me consideraria humana, mas

sim outro ser inimaginável. Por outro lado as normas morais também me são efetivamente

necessárias. O viver sem regras, nem que sejam leis próprias é completamente impensável,

é de certa forma um viver por viver. Com tudo isto quero dizer que a ética e as normas mo-

rais contribuem completamente para que eu seja um ser racional e não um ser completa-

mente impossível de visualizar, não só em ter-mos visuais mas também em termos filosófi-

cos. Simplesmente não seria nada.

Inês André

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Ética e normal moral

O que é a ética? A ética está ligada à subjetividade de cada um de nós, é aquela voz interior com que estamos todos familiarizados em chamá-la de consciência. Essa consciên-cia alerta-nos, quando estamos a fazer uma determinada Acão, do que é cor-reto ou errado. Cada indivíduo possui uma ética distinta de todas as outras, pois esta baseia-se no tipo de educação que cada um recebeu e o tipo de ambiente que o rodeia, influenciando, assim, a sua subjetividade. No entan-to, as normas morais tem características mais distintas. A norma moral é externa e objetiva, são as leis da sociedade que nos dizem qual é a maneira correta de todos agirmos, uma espécie de ética globalizada, ideal para a sociedade. O problema é que como a ética é subjetiva e individu-al, nem sempre se harmoniza com as normas morais. Alguns indivíduos com determinadas éticas podem estar de acordo com uma certa norma moral, mas outros podem estar contra esta mesma. Por exemplo, uma pessoa que acabou de mentir a um amigo, por razões que são irrelevantes para o caso, sente-se culpado por o ter feito pois a sua consciência sempre lhe disse que é errado mentir, mas se o sujeito da mesma Acão fosse um individuo cuja consciência lhe dissesse que não haveria mal algum em mentir, então esse individuo não sentiria tanto peso na consciência como o que se sentiu culpa-do pela Acão. Até mesmo quando existem protestos ou greves contra uma determinada lei imposta pelo governo, a causa por detrás disso é o facto da ética dessas pessoas estar contra essas leis, daí as pessoas revoltarem-se. Em síntese, a ética refere-se à reflexão do porquê de considerarmos válidos os costumes e as normas das diferentes morais. Faz-nos refletir sobre qual será a maneira mais correta de vivermos de acordo com a nossa subjetivida-de. A moralidade remete-nos para o conjunto de normas e de códigos exis-tentes em cada sociedade, fixando a noção do que será bom ou mau.

“...são as leis da sociedade que nos dizem qual é a maneira correta de todos

agirmos, uma espécie de ética globalizada, ideal para a sociedade.”

Catarina Sousa

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Bem, na minha opinião, a ética, trata-se de uma questão indivi-

dualista, pois é um conjunto de ações que cada pessoa toma considerando as

mesmas como corretas ou incorretas.

A ética defende o facto de que são as consequências que tornam uma Acão

moralmente correta ou incorreta, assim as intenções do agente são de um mo-

do geral desvalorizadas, pois o que se avalia não são propriamente as inten-

ções do agente, mas sim as consequências de uma mesma Acão tomada.

É como que adquiríssemos ética por hábito.

Para mim a ética é uma reflexão interior em relação a cada um de nós, é o

nosso modo de ser e pensar, o que nos atribui características boas, ou más, ou

especiais, ou egoístas, etc.

Acho que a ética também pode estar relacionada com a nossa liberdade, de

escolher entre fazer o certo ou o errado. A nossa liberdade e a nossa ética, são

elas que orientam o nosso comportamento em relação às outras pessoas.

Exemplificando, uma pessoa ao passar por nós deixa uma carteira cair no

chão, eticamente correto seria devolvermos a carteira, eticamente incorreto,

seria ficarmos simplesmente com a carteira sem dizermos nada á pessoa que a

perdeu.

Porém, aspetos eticamente corretos podem ser influenciados por fatores ex-

teriores a nós, como por exemplo, estarmos num grupo de amigos e os mes-

mos nos incitarem a não devolver a carteira, podemos até nem devolvê-la, o

que é moralmente incorreto, por sermos influenciados por esses mesmos ami-

gos. Aqui, já se trata um pouco mais de moral que de ética.

Basicamente, a moral é um conjunto de condutas pré-estabelecidas por uma

sociedade, que são consideradas assim mesmo como corretas ou incorretas

pelo grupo, pela sociedade e já não apenas por um só indivíduo.

Esta, a moral, está diretamente relacionada com costumes.

Em suma, ética e moral, são dois conceitos para uma mesma realidade.

Inês Lopes

ÉTICA…(S)….

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A Morte Moral

“A Morte de Ivan Ilitch” de Leo Tolstoy é uma das obras mais admiradas deste escritor. Deparei-me com este pequenino livro com não mais de 70 páginas numa estante que nem sequer salta à vista. Pensei ser uma leitura leve, uma simples história sobre o acontecimento da morte de uma pessoa. Não podia estar mais enganado, pois foi provavelmente dos livros que mais me fez pen-sar até hoje. Apresenta-nos a história de Ivan começando a narrativa logo com a notícia da sua morte, sendo os capítulos seguintes episódios anteriores da sua vida até ao momento fatídico da morte. E é precisamente no último excer-to do livro que é feita uma observação que me deu um clique, que mais uma vez me permite ir um pouco mais além na minha mente. “Ivan fechou os olhos para finalmente descansar. A morte tinha acabado”. A minha primeira reação foi de espanto mas então comecei a perceber: Ivan já estava morto há muito tempo. Não fisicamente, mas moralmente. A sua morte não é propriamente o momento em que o seu coração pára, Ivan vivia uma vida falsa e em constante negação com o seu eu. E não será uma vida artificial e construída em mentiras já uma espécie de morte, a morte moral que referi? Fiquei a pensar realmente nos conceitos de vida e de morte. Quantas pessoas com que nos cruzamos na rua apenas existem e não vivem? Quantos aniquila-ram completamente a sua voz interior, quantos a mataram? Quantos inverte-ram a sua escala de valores e já não perseguem aquilo que querem? E quantos já nem sequer pensam? Vivemos numa sociedade que está do avesso, e isso reflete-se em todos os sectores: na economia, na política, nas relações que nos rodeiam. Faz falta filosofia, faz falta pensar sobre quem somos e o que so-mos. Ou corremos o risco de já estar mortos e nem saber. Eu, Tiago Silva, sinto o teclado por baixo das minhas mãos. Sinto a luz do ecrã do computador a iluminar-me. Sinto o frio que está lá fora nesta noite de Ja-neiro e ouço o silêncio. Sinto a tempestade de pensamentos que me atravessa a mente, sinto a ânsia de saber tudo, de saber o mundo. Eu, Tiago Silva, estou vivo.

Tiago Silva

“Sinto o frio que está lá fora nesta noite de Janeiro e ouço o silêncio.”

“Eu... estou vivo.”

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“Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras.”

“Mantenha suas palavras positivas, porque suas pa-lavras tornam-se suas atitudes.”

“Mantenha suas atitudes positivas, porque suas ati-tudes tornam-se seus hábitos.”

“Mantenha seus hábitos positivos, porque seus há-bitos tornam-se seus valores.”

“Mantenha seus valores positivos, porque seus va-lores … Tornam-se seu destino.”

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O que é um valor? Se me perguntassem antes da aula, o que era um valor, o senso comum obrigar-me-ia a

dizer que é a importância que damos a uma coisa. Depois de pensar nele do ponto de vista

filosófico (começa a ser comum), consegui compreender que é algo muito mais complexo

que isso. O valor nasce da interação que nós, seres humanos, estabelecemos com os obje-

tos. Desse modo, o valor não vai estar nas próprias coisas, mas sim no que lhes vamos atri-

buir, dependendo da situação em que nos encontramos. É ele que ajuda a determinar as

nossas decisões, que nos leva a agir duma maneira e não doutra. Como exemplo, escolher a

água no deserto em vez de ouro, mas suceder o contrário se estivéssemos numa cidade.

Sendo assim, o valor não é algo fixo e inalterável, mas sim algo mutável e que se adapta.

Temos de ter em conta que existe sem dúvida uma hierarquia entre eles, valores que consi-

deramos mais importantes e que pesam mais na tomada da decisão. No entanto, será o

valor algo que nos torna independentes e que podemos escolher? Temos liberdade de hie-

rarquizá-los e condicioná-los perante a situação ou será ela que nos condiciona a nós? São

algo que vamos adquirindo por experiência própria e apenas dependentes da nossa própria

consciência, assimilados por influência humana alheia ou mesmo colocados em nós por um

ser superior, Deus?

O valor nasce do processo de reflexão, mas não o podemos classificar como algo completa-

mente subjetivo, pois não depende só de fatores inteligíveis e do nosso campo mental mas

também por muitas condicionantes do nosso mundo físico. No entanto, também não é algo

objetivo, pelo exemplo apresentado anteriormente.

Então afinal, o que é um valor? Começo por dizer aquilo que não é: Não é apenas uma

quantia monetária, ou princípios morais pelos quais nos regemos. O valor é a essência hu-

mana, é mais uma vez, aquilo que nos distingue de tudo o resto e nos confere identidade. O

valor é aquilo que dá sentido ao mundo, à vida, e pelo qual vale a pena viver. É algo que se

encontra em nós, daí a expressão “dar valor”. Dar um pouco de nós, emprestá-lo às coisas

preenchendo-as de significado. É a ideia e o conceito no seu estado mais expansivo.

No entanto, os valores são, como tudo, suscetíveis de dúvida e crítica, surgindo assim tam-

bém a expressão “juízos de valor”. Não nos dizem respeito só a nós, pois sendo algo bas-

tante idiossincrático irão provocar diversas reações nos outros. Não querendo de modo al-

gum limitá-lo, depois desta dissertação definiria valor tal como Lavelle disse: como a rutura

com a indiferença.

Tiago Silva

“Dar

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.”

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O que são os valores? Eu antes de começar a falar dos valores propriamente ditos tenho a dizer que me sinto confusa, pois com tanta reflexão, já não sei se o que sei é verdade, e

nem sei se o que digo vale alguma coisa e finalmente percebo o significado de “pertencer a algo maior que eu “, é uma constante inconstante, isto que sinto. Depois de passar 3 dias a debater-me com este minha horrível dúvida, lá articulei, balbuciando uma resposta fraturada. O valor não era o que eu pensava que era, confirmando a teoria de que eu não sei nada. Um valor não é eu estar tipo a pensar no preço de um lamborghini, e sinto-me saturada de passar os meus textos a dizer que é algo muito mais profundo que isso. Mas é assim que são as coisas e eu não tenho culpa disso, os meus olhos não vêem as coisas a preto e branco. São desconfiados e sabem que há mais por de trás. Um valor, disse-me a minha mãe, compadecida, “ é uma grande regra que todos cumprem”. E isso é tão verda-de como eu estar em Malibu agora. Se todos respeitassem essa grande regra, por exem-plo, a de cumprir promessas, não havia desilusões. O meu pai sempre me disse que me levaria ao Porto e eu nunca lá estive, portanto chego á conclusão que não devo basear o meu texto nisso e que existem desilusões. Eu penso que os valores sejam influências inconstantes, os valores mudam de um dia pa-ra o outro, de pessoa para pessoa. Os valores são uma balança grande, com uns grandes pratos dourados e que inconscientemente estamos sempre a pensar neles. Essa balança está na nossa cabeça, e pode ser para decisões banais como “ preto ou amarelo” ou co-mo a “desilusão ou a mentira?”. E é claro que eu vejo que os valores sejam muito corre-tamente aplicados em situações verdadeiras, em situações que exijam mais de nós, que tenham repercussões. Que façam barulho e que causem danos. Que façam mudar o meu conceito sobre qualquer coisa num clique, que me toldem visão, mas que me abram os olhos. E que todos os valores que a minha santa mãe me incutiu sejam verdadeiros ou não. É os interessantes os valores, da conceção de valor, porque num momento o “não min-tas” que a minha mãe me disse todos os dias passe a ser secundário. Que ela um dia me proíba de algo que eu pretendo genuinamente, e pode ser algo até elevado ao amor. Eu aí vou rejeitar o valor que ela me incutiu, vou mentir-lhe, apesar de o odiar e de me sentir culpada, iria me custar mais ter perdido a minha felicidade. A minha prioridade mudou. Ou então o exemplo de “ não roubes”. Se alguma vez eu me visse na situação de não ter capacidade de conseguir sustentar os meus filhos, eu roubaria. A minha prioridade mu-dou outra vez. Nestes exemplos, só se pode avaliar conhecendo o amor e o desespero, e quem não os conhecesse, ou até só mesmo eu própria podia avaliar, pois felizmente cada um de nós é diferente, não vê tudo com os mesmos olhos, não têm as mesmas priorida-des, não têm as mesmas influências. E isso torna-se algo interessante, nem toda a agente pensar da mesma maneira senão seríamos todos uns autómatos. Eu não sei se o valor que tenho é os corretos, se os vou destruir, se os vou preservar. Não sei as escolhas que vou ter que fazer, e as prioridades estão sempre a mudar. Só posso contar com a minha capacidade de avaliação, com a minha reflexibilidade recentemente adquirida, com a mi-nha ignorância, e por fim, com a balança.

Sofia Linguiça

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O que são valores em filosofia? Quando optamos por realizar uma determinada ação no lugar de outra, ou seja, quando decidimos fazer um determinado “algo”, estamos a realizar uma escolha, escolha essa que não seria possível de obter caso não tivéssemos realizado uma profunda reflexão an-teriormente sobre ela mesma. Manifestando então, certas preferências da nossa parte, de umas em relação às outras. Isto é, acabamos então, por evocar inconscientemente, certos motivos para justificar as nossas decisões. Motivos, esses que se poderão apoiar em factos, pois é certo, que existirá uma razão no nosso subconsciente que nos fará optar por determinada coisa, face a outra, no entanto, essas mesmas escolhas tem sempre de ter implícitas nelas certos valores. Valores esses que acabaram por justificar ou legitimar essas nossas mesmas preferências. Ou seja, os valores são critérios segundo os quais va-lorizamos ou desvalorizamos algo, isto é, os valores são critérios segundo os quais damos uma determinada importância a uma determinada coisa, face a um determinado momen-to, necessidade ou situação. Pois os valores são algo que numa determinada situação irá ter uma diferente importância face a nossa necessidade, de modo que esses mesmos va-lores são algo que terá uma determinada importância quanto as nossas ações, pois são os nossos valores pré-concebidos que acabaram por influenciar qualquer uma das nossas ações. Por muito mínimas que estas sejam, tornando-as preferíveis em relação outras. Posto isto, julgo que um valor reporte-se pelas relações entre as razões pelas quais realizamos determinadas ações, justificando-as. Pois na minha humilde opinião os valores serão considerados de um certo modo aquele “algo” que acaba por “colocar em movimento”, todos os nossos comportamentos, bem como as condutas das pessoas pe-rante as suas próprias vidas. Pois ao longo da nossa vida estamos constantemente a reali-zar juízos de valor e a guiarmo-nos mediante os mesmos. Logo, julgo que, eles, os valores, acabam por orientar a nossa vida, marcando a nossa própria personalidade, ou seja a ver-dadeira essência humana, isto é, uma pessoa acaba por de certo modo se definir em fun-ção dos valores que possui. Cada um dos seres humanos nasce com a capacidade de ser livre e de procurar, dentro da sua própria mente, e do seu próprio coração aquilo que es-ta certo ou errado para ele, aquilo que de facto têm importância na sua vida e no que a rodeia, pois se todos nós somos presenteados com a capacidade de viver livres, porque é que teimamos em escondermo-nos atrás dos conceitos pré-concebidos da sociedade? Logo se somos livres e possuímos a capacidade de refletir, possuímos também a capacida-de de determinar aquele “algo” que de facto têm valor, ou seja temos a capacidade de criar os nossos próprios valores, e não apenas aceitar aqueles que nos são impostos por terceiros. E é isto, que de facto marca a diferença, que realmente nos torna diferentes, fazendo com que nos destaquemos, deixando de ser apenas “mais um” no meio de tantos outros, passando a ser “aquele um” entre todos os outros.

Tânia Amaral

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Liberdade

"Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau é escravo, ainda que seja livre." (Santo Agostinho)

"Liberdade é uma possibilidade de ser melhor, enquanto que escravidão é a certeza de ser pior." (Albert Camus)

"Liberdade é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem." (Barão de Montesquieu)

"O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado." (Jean-Jacques Rousseau)"

A liberdade não tem qualquer valor se não inclui a liberdade de errar." (Mahatma Gandhi)

"Quem pensa segundo a opinião dos outros, está muito longe de ser um homem livre." (Autor desconhecido)

"Aquele a quem você confia seu segredo torna-se senhor de sua liberdade." (François de La Roche Foucauld)

"Depois da ordem e da liberdade, a economia é uma das coisas essenciais a um governo livre. A economia é sempre uma garantia

de paz." (Calvin Coolidge)

"Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela." (Autor desconhecido)

"Tudo que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo que pode trabalhar em liberdade." (Albert Einstein)

"Liberdade sem socialismo é privilégio, injustiça; socialismo sem liberdade é escravidão e brutalidade." (Mijaíl Alexándróvich

Bakunin)

"Aqueles que negam liberdade aos outros não a merecem para si mesmos." (Abraham Lincoln)

"A liberdade é a única riqueza, porque do resto somos ao mesmo tempo amos e escravos." (William Hazlitt)

"A verdadeira liberdade consiste somente em fazer o que devemos, sem sermos constrangidos a fazer o que não deve-

mos." (Jonathan Edwards)

"A liberdade diminui à medida que o homem evolui e se torna civilizado." (Salazar)

"Apenas a opressão deve temer o exercício pleno das liberdades." (José Martí)

"A verdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num

cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão." (Massimo Bontempelli)

"Não devemos acreditar na maioria que diz que apenas as pessoas livres podem ser educadas, mas sim acreditar nos filósofos que

dizem que só as pessoas educadas são livres." (Epiteto)

"O que fica de pé, se cair a liberdade?" (Kipling)

"A liberdade é algo maravilhoso, mas não quando o preço que se paga por ela tem de ser a solidão." (Bertrand Russel)

"O destino dos homens é a liberdade." (Vinícius de Moraes)

"Não há excesso de liberdade se aqueles que são livres são responsáveis. O problema é liberdade sem responsabilidade." (Milton

Friedman)

"A liberdade, quando começa a criar raízes, é uma planta de crescimento rápido." (George Washington)

"A grande meia verdade: liberdade." (William Blake)

"A liberdade é o direito de fazer aquilo que não é prejudicial." (Autor desconhecido)

"Acima de todas as liberdades, dê-me a de saber, de me expressar, de debater com autonomia, de acordo com minha consciên-

cia." (John Milton)

"Liberdade é obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria." (Jean-Jacques Rousseau)

"Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se." (Lauro

de Oliveira Lima)

"Só peço para ser livre. As borboletas são livres." (Charles Dickens)

"Não são livres todos aqueles que fogem das suas cadeias." (Gotthold Ephraim)

"Parecemos tão livres - e estamos tão encadeados..." (Robert Browning)

"A liberdade me ensinou, e muito bem, que nela se concentra todo o prazer possível." (Margarida, rainha de Navarra)

"...Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo." (Luis Fernando Veríssimo)

"Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida." (Che Guevara)

"Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!" (Nicolau Maquiavel)

"É livre quem deixou de ser escravo de si mesmo." (Sêneca)

"O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão." (François Fénelon)

"Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade." (Luiz Márcio M. Martins)

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Determinismo e liberdade

O caso que nos é apresentado é o caso de assassínio. Dois rapazes nomeadamente entre os 18 e 19 anos, Loeb e Leopold ,licenciados, mataram um rapaz de 14 anos. Desmembraram-no. O caso foi conduzido a tribunal, sendo o seu advogado Clarence Darrow. Darrow defendeu os seus dois clientes argumentando a favor do determinismo. Ou seja, que tudo o que aconteceu foi predestinado, que tudo têm uma causa, e que todos os acontecimentos são a continuidade do acontecimento anterior, portanto aquele pobre rapaz desmembrado foi morto não pela vontade dos seus assassinos, mas segundo esta teoria porque a sua morta já estava predestinada, e devido a isso Loeb e Leopold não deveriam ser castigados. Tudo já estava , digamos , “escrito” e estes rapazes foram apenas o meio para um fim .

O que os levou a cometer esse crime , foi algo tão exterior a eles, algo tão fora do seu controlo como a cor dos seus olhos, afirma Darrow. Que esse acontecimento foi catapultado por outros, por outras causas, completamente exteriores ao livre arbítrio destes dois homens. A sua educação, os seus pais, até a sua descendência. Este acontecimento pode ter sido, deste ponto de vista, catapultado pelo Tio- avô da prima em segundo grau. Segundo esta teoria, vamos culpar o Tio-avô da prima em segundo grau.

Mas agora vamos ver isto por outro prisma, segundo a teoria da liberdade, do livre arbítrio. Diz-se que um ser tem livre arbítrio quando toma as decisões tendo como base a sua vontade, e um ser com livre arbítrio é notoriamente um ser livre, pois tem a capacidade, digamos, a liberdade de tomar as suas próprias decisões. A liberdade não é um conceito completamente claro, completamente definível. E custa-me bastante dizer o que a liberdade é , pois para mim a liberdade não se diz, não se sabe. A liberdade sente-se. A liberdade não é omnipotência, não é um poder que nos permite fazer tudo. É um poder, que me pesa nas costas que me permite responder, ter algum raciocínio próprio de acordo como quero. É o que me permite ser eu, e o eu não existe sem a minha Liberdade. A pesada liberdade. Estes dois rapazes não foram livres, pois negaram a liberdade a outro. Mataram-no, tiraram-lhe e vida. O rapaz não pode usufruir de tudo o que existe neste mundo. Ficou nem a meio, ficou a um quarto.

Mas agora exponho uma contradição. Os rapazes não foram livres, mas tiveram o livre-arbítrio, ou seja, as suas cabecinhas pensaram, decidiram matar o rapaz. Eles é que decidiram. Não foram coagidos, ameaçados ou simplesmente a vida deles dependia desse acto bárbaro. Ou se calhar sim, não sei.

Portanto, faço uma dedução final deste caso após toda a exposição de ambas as teorias. Sim, há coisas que estão predestinadas, e traçadas, coisas mais abstractas. Como já disse, a cor dos meus olhos, já estava determinada, já estava escolhida através de múltiplos processos biológicos. Eu não tive qualquer controlo nisso. Mas qualquer ser racional pensa pela sua cabeça, têm liberdade, têm livre- arbítrio. Tem a capacidade, dentro do que pode alcançar, de escolher, de fazer , de agir. E sempre se disse que “devemos ser responsabilizados pelos nossos actos” , assim bem seja, pois eu não acredito que enquanto estas duas almas estavam a matar o pobre rapaz, enquanto viam a vida a sair dos seu corpo, o brilho dos olhos a esmorecer, o faziam porque o Tio-avô da prima em segundo grau, o quis, o decidiu.

E também acho importante frisar, que tanto uma criança rica pode sair um serial killer, como uma pessoa pobre, um presidente da república. Nós temos a capacidade de escolher, só temos que querer e simplesmente não arranjar desculpas, não podemos justificar o injustificável com magia.

Sofia Linguíça

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Determinismo e Liberdade

Ser livre é a capacidade para me perder dentro de mim mesmo, para me per-

der nas minhas múltiplas decisões e saber que elas influenciam a minha vida,

que não sou uma marioneta controlada por algo invisível que já está determi-

nado, algo maior que mim mesmo e que não compreendo. É saber que tudo o

que eu faça levará a um resultado lógico (a maior parte das vezes) e que esco-

lhas diferentes levam a caminhos diferentes. Se tenho liberdade, sei que as

opções está nas minhas mãos e que eu é decido aquilo que quero fazer. Que

sou responsável pelos meus atos e que estes nascem da minha vontade. Com

liberdade posso fazer tudo mas nem tudo me irá trazer resultados positivos,

nem tudo me convém.

Já o determinismo defende que tudo o que fazemos e que nos acontece é o

resultado de ações e acontecimentos anteriores. Desse modo, nada nos perten-

ce e não existe individualidade, pois já está tudo definido à partida, vivemos

com um destino traçado. Pensamos estar a fazer escolhas quando na realidade

não estamos a escolher nada. Praticar boas ou más ações, ficar em casa ou sa-

ir à rua, tirar boa ou má nota nos testes, ser alguém com uma carreira ou um

vagabundo, tudo isso já se encontra definido. Somos como pequenas peças de

dominó, que eventualmente acabam por cair quando as anteriores lhes emba-

tem. Nenhuma decisão que tomemos irá afetar o ciclo da nossa vida, pois es-

tas já estavam previstas. Tomar café ou matar o vizinho será igual, porque

não têm repercussões não expectáveis na nossa vida: já estava destinado. Não

podemos ser culpados pelos nossos próprios atos e se temos de ir para ao sítio

B é lá que iremos eventualmente parar, não importa tentar escapar. Pensando

deste modo, o determinismo é um conceito assustador e massivo pois mostra-

nos que não temos qualquer hipótese de escolha ou planeamento para a nossa

vida, não temos liberdade.

A verdade é que há certas coisas que não determinamos: onde nascemos, os

nossos pais, o nosso país, os traços do nosso rosto. Mas na minha opinião, é

ingénuo pensar que não temos qualquer poder sobre a nossa vida. Fazer o cer-

to ou o errado não depende de algo predefinido, depende de uma escolha. Ser

alguém bem sucedido na vida ou não depende das decisões que tomamos e do

nosso esforço. Ser uma cópia autómata e igual a todos ou irmos contra a cor-

rente, destacarmo-nos no meio duma multidão, termos a coragem de admitir

que somos diferentes e levantarmo-nos por aquilo em que acreditamos requer

coragem e irreverência. Requer liberdade. E eu escolho ser diferente. Escolho

ser livre.

Tiago Silva

“E eu

esco

lho

ser dife

ren

te. Esco

lho

ser livre

.”

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Qual a diferença entre Determinismo e Liberdade?

O determinismo é a hipótese de que tudo acontece como resultado do que aconteceu an-teriormente. Isto é, todos e cada um dos acontecimentos do universo estão submetidos a um sistema de causas e efeitos necessários. De modo que, se nós, nos encontramos rodea-dos de teorias sobre as mais ínfimas coisas que nos circundam, teorias, essas que são de-terministas. Leva-me a concluir que segundo o determinismo a estrutura do mundo, é de tal modo óbvia, que todas as ações e acontecimentos podem ser racionalmente previstos com a maior precisão, ou seja, se possuirmos a capacidade de conhecer por completo o estado do universo atual, seriamos capazes de determinar todo o futuro. Pondo a generali-dade do determinismo de lado e focando-me nos exemplos do texto, suscitam-me algumas dúvidas. Partindo do pressuposto que o nosso destino está traçado e que todas as nossas ações já estão condicionadas à nascença, de modo que, independentemente de serem es-tas boas ou más nada as poderá alterar. Aceitando o facto de que nem eu, nem nenhum ser, possui um qualquer controlo sobre a sua vida e sobre os seus atos, sendo então tão culpado por um crime, por uma doença, pela sua maneira de falar, de escrever ou simples-mente por aspetos fisionómicos como o seu sexo, a sua cor de pele, de cabelo ou de olhos. Não tendo então nenhum de nós responsabilidade moral sobre nenhum acontecimento, como é possível sermos livres? Se o determinismo implica a negação da liberdade e da res-ponsabilidade, afirmando que tudo está determinado e que nada poderemos fazer para alterar o destino que para nós foi traçado, deixando bem assente que as nossas ações são resultado de algo que não é possível ser controlado por nós, então como é possível explicar que eu hoje esteja aqui, que eu hoje respire, como é possível explicar que eu neste preciso momento esteja a ler este texto. Eu poderia não o ler, aliás eu poderia não o ter escrito se-quer, poderia não me ter dado ao trabalho de refletir sobre estes assuntos e de deixar por escrito alguns dos pontos da minha reflexão, mas eu fi-lo. Porquê? Porque tive liberdade para o fazer, poderia o ter escrito de manhã, mas não optei por escreve-lo à noite, porque gosto mais de escrever à noite. E isto porque? Porque sou livre de o fazer, porque, possuo a capacidade de liberdade que os seres inteligentes possuem e porque tenho a capacidade de controlar parte das minhas ações. Depois de horas a escrever e a apagar, letras e mais letras e já agora, “letras”, o que é isso de “letras”? Porque que a união delas forma pala-vras? Porque que estas mesmas palavras podem ser tão importantes? Porque que quando me sento para simplesmente escrever um texto para uma aula, me surgem mais de vinte e nove mil questões do que as que seria suposto eu responder? Será que isso estava deter-minado? Será que eu estava determinada a questionar aquilo que outrem já me disse ser o correto? Ou será que isso é meramente liberdade? A minha liberdade. Liberdade, essa pa-lavra radiante que me aquece o coração e me faz sentir quase completa. Será? Será que o facto de eu estar a respirar neste momento indica que sou livre? Será que eu estar aqui, aqui e agora, sentada com inúmeros olhos postos em mim a ler algo que eu mesma escrevi faz de mim um ser livre? Eu não estou a intervir na liberdade dos restantes, eu não estou a

obrigar ninguém a ouvir-me, logo estou a ser livre, certo? Ou será que este momento já fora anteriormente determinado? E assim fiquei, assim fiquei eu horas a fio, a questionar-me sobre cada segundo que passava, e sobre o simples facto de eu estar a ser livre por estar ali a pensar e a digitar letras e mais letras, já estaria predestinado? Ou estaria eu exercer a minha liberda-de fazendo-o?

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…/... Se este momento é então o desfecho de um acontecimento anterior, então qual terá sido o acontecimento anterior que originou esta minha vontade interminável de escrever e de me questionar sem limites? E foi assim, que as diferenças, ou melhor, talvez as semelhanças entre o determinismo e a liberdade começaram a fazer sentido. Eu não consigo determinar com qual eu estou mais de acordo ou estou menos. Mas a verdade é que passei grande parte da minha vida a pensar que o destino era algo que de facto já estaria preestabelecido e que se algo não aconteceu era porque não tinha de acontecer e eu não poderia fazer na-da contra isso. Será que isso faz de mim uma determinista? No entanto, se por um lado op-tei por acreditar em que tudo na vida tem uma razão de ser, e as minhas ações não muda-riam nada, por outro lado, não parei de agir, não parei de tentar, não parei de sorrir mes-mo se tudo na minha vida estivesse errado, logo, se eu embora acreditasse no destino, continuasse a fazer algo para o alterar, ou o tornar benéfico a meu favor, estaria então a usufruir da minha capacidade de ser livre. E na minha opinião talvez seja aqui que se esta-belece uma das grandes diferenças entre o determinismo e a liberdade, isto é, se por sua vez no que toca ao determinismo todos os acontecimentos têm uma causa, e nós, seres humanos não podemos fazer nada para a alterar ou para modificar aquilo que nos está pre-destinado no futuro, no que toca à liberdade, tudo isto se contradiz, visto que a liberdade, é o dom que nos permite escolher entre os milhões de ideologias que nos são impostas pe-la sociedade, fazendo com que nós, indivíduos, tenhamos as nossas próprias decisões e es-colhas, não nos deixando submeter a um outro “algo”. Logo, segundo o determinismo a liberdade é algo que também já está preestabelecido, ou seja, aquilo que nós aceitamos como liberdade não é nada mais, nada menos do que alguma coisa que já estaria anterior-mente determinada, mesmo antes de nós mesmos sabermos que seria isso a nossa escolha final. Já no que toca à liberdade, tudo aquilo que está no nosso futuro depende de nós mesmos e das decisões e ações momentâneas que estabelecermos, bem como tudo aquilo que estaria supostamente determinado poderá vir a ser alterado, se nós assim o entender-mos. Em suma, a conclusão a que me foi permitido chegar é que o determinismo e o libera-lismo são ambos duas doutrinas muito mais complexas do que aparentam, que se vão con-tradizendo constantemente uma à outra. Pois se, uma por sua vez afirma que o nosso futu-ro depende de algo que já fora determinado pelos nossos antepassados e que nada pode-remos fazer para o alterar, a outra, demonstra-nos que cada um de nós possui a capacida-de de alterar tudo aquilo que nos rodeia, cabendo-nos então apenas a nós a capacidade de decidirmos o nosso futuro e de alterar todo o nosso destino, se assim o entendermos.

Tânia Amaral

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Liberdade ou Livre arbítrio? Devo dizer que de longe este é o tema mais difícil com o qual me debati até hoje em filo-sofia, pois volta a chegar-me aquele grande questão do facto de eu não saber nada e quando mais me entranho, mas penso mais o sinto em mim. Vejo o livre arbítrio como a nossa verdadeira capacidade de escolher, de decidir. Talvez um pouco como a expressão verdadeira da nossa vontade, eu quero isto não aquilo. Eu vou para ali não para acolá. E nem sempre todas as nossas ações são uma reflexão do livre arbítrio, por vezes temos que fazer certas coisas que não nos apetecem, que não queremos ou simplesmente so-mos coagidos ou obrigados a fazê-los, portanto é muito importante não confundir os es-ses conceitos, reforçando que o livre arbítrio é a nossa vontade no seu estado mais puro. Dão me duas opções. Viver enjaulada nos meus próprios medos ou receios ou simples-mente sair e ser feliz á minha maneira, eu escolho ser feliz. Foi a minha vontade, e então poderei dizer que essa decisão foi uma decisão tomada por livre arbítrio, pois se fosse coagida e a escolhesse na mesma, a vontade já não era minha, podemos dizer que basica-mente era eu a tomar a decisão de outra pessoa. Em termos da liberdade, que é um grande palavrão, eu vejo a como tudo o que consegui-mos ou podemos alcançar. Os meus pais, o nosso país, impõem uma certa liberdade mas eu não acho que devemos limitar a definição de liberdade a isso. Há pessoas que são cer-tamente livres mas continuam enjauladas em si próprias, portanto vejo a liberdade, mas a liberdade genuína, como algo definido por nós. Acho que um ser só é completamente livre, não é só quando não está preso ou quando têm a liberdade de fazer tudo o que quer, um ser é verdadeiramente livre quando têm a liberdade suficiente para pensar so-bre tudo, sem ter qualquer medo. Mas esta liberdade é algo muito condicionada, daí que a minha liberdade acabe quando a dos outros começa, pondo a seguinte questão: Serei eu mesmo livre quando eu estiver a interromper a liberdade dos outros? Não, Eu sou livre quando tiver a liberdade de pensar sobre tudo e quando conseguir fazer quase tudo o que posso, e o que me proponho, cruzando esta definição com o livre arbí-trio, sendo um ser livre notoriamente um que possa tomar as suas próprias decisões ten-do como base a sua vontade. Portanto se eu negar a liberdade aos outros estou a ser a ser egoísta, correspondendo á libertinagem e aí estou, de livre vontade a escolher, o mal, a negar a liberdade aos outros. Em suma, posso dizer completamente que eu ainda não sou livre, não consigo fazer tudo o que quero nem tenho a capacidade de pensar sobre tudo, sobre o mundo. Não consigo ainda refletir como desejo. Também não sou livre ainda por ser muitas vezes egoísta, e passar a minha liberdade por vezes á frente das dos outros, e com o tempo chegarei lá.

Sofia Linguiça

“Dão

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“...eu escolho ser feliz…”

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Determinismo e Liberdade “A Questão da Responsabilidade”

Será que somos moralmente responsáveis? Será o determinismo verdadeiro? Será que so-

mos responsabilizados pelo que fazemos se o determinismo for verdadeiro? Estas são al-

gumas perguntas que podemos colocar sobre a responsabilidade e o determinismo, mas há

muitas mais.

Para arranjarmos respostas a estas perguntas temos de saber do que estamos a falar. Por

exemplo, o que é o determinismo?

O Determinismo é um conjunto de acontecimentos segundo o qual eles têm uma causa, por

palavras mais simples, tudo é o resultado/efeito de causas anteriores.

Ficaríamos intrigados se algo acontecesse e não houvesse explicação. É como irmos a um

médico, que nos diz que estamos doentes, mas não nos sabe dizer qual é a nossa doença/o

nosso mal.

Uma pessoa que tem uma perspetiva determinista vê o mundo como um conjunto de cau-

sas e efeitos, tudo o que é causado por acontecimentos anteriores tem os seus efeitos, e é

assim que o estado das coisas atualmente é o resultado do efeito de coisas anteriores.

Um grande exemplo que uma pessoa que acredita no determinismo pode dar, é o atual es-

tado do nosso país. Estamos agora nesta crise devido a acontecimentos anteriores que

“nós” causámos. Se anteriormente vivemos como ricos e eramos pobres, agora as conse-

quências estão a emergir e vamos ter de viver com elas.

Então se acreditarmos que o determinismo é verdadeiro, será que poderemos ser responsa-

bilizados pelo que fazemos? Nós achamos que é possível! Então se as nossas ações têm

efeitos posteriormente, obviamente que somos responsáveis!

Se fizermos uma má ação, como roubar ou matar, poderemos não sofrer logo as conse-

quências mas mais tarde ou mais cedo, vamos ser responsabilizados pelo que fizemos.

Mas o que é a responsabilidade? A responsabilidade é a qualidade/capacidade de respon-

der ou prestar contas pelos seus próprios atos e os seus efeitos. Tem a ver com a liberdade

de escolher o seu caminho, o bem ou o mal, levando cada pessoa a assumir a sua escolha e

agir em todas as suas consequências.

Será que somos sempre responsáveis pelas nossas ações?

Esta é uma questão que tem gerado muita contradição e confusão, pois não podemos resol-

ver este problema através do método das ciências, porque estas perguntas e respostas são

uma conceção da realidade.

Se as pessoas que defendem o determinismo dizem que tudo o que fazemos é determinado

pelo que já aconteceu, de certa forma as nossas ações não são livres. Então como é que

podemos ser responsabilizados se não temos liberdade de fazer as nossas escolhas?

Apenas o libertismo, torna racional a ideia de responsabilidade moral. Imaginemos que

uma pessoa decide roubar um Banco, e ninguém o forçou a tal escolha. De acordo com o

libertismo, só podemos considerar a pessoa moralmente responsável pela sua ação se ela

não foi causada, nem pelos seus próprios motivos, desejos ou objetivos.

Mas como só faz sentido considerarmos uma pessoa moralmente responsável pelas suas

escolhas se resultarem em parte pela sua necessidade ou desejos, então o libertismo está

incorreto?

…/...

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…/...

Entrámos num labirinto cheio de perguntas sem resposta!

Mas se uma pessoa está convencida que tem liberdade de escolha ou livre-arbítrio tem um

maior sentido de responsabilidade do que a pessoa que pensa que o determinismo absoluto

governa o mundo e a vida humana. Se realmente existe escolha na altura que temos de to-

mar uma decisão, os Homens têm claramente responsabilidade moral para decidirem entre

inúmeras alternativas e o alibi determinista não tem peso nenhum.

Mas a nossa vida é construída, é uma tarefa.

O que nos distingue dos animais é que podemos pensar, escolher. O poder da mente de

descobrir horizontes, projeta-los permite distinguir o que o homem é e quem é.

Como temos opções de escolha somos considerados livres.

A liberdade é algo com que nascemos e vivemos toda a vida. Não podemos simplesmente

deitá-la fora, nem podemos dizer que não somos livres, porque o somos, só que as conse-

quências da liberdade podem ser duras, às vezes, dependendo das nossas ações.

Como a liberdade é uma atitude, um ato de consciência e todos os homens tem um pouco

de consciência, o homem é livre!

Uma pessoa livre tem de ser responsável. A liberdade e a responsabilidade são como um

casal, um par, são inseparáveis.

Na vida, todos temos vitórias e fracassos. Construímo-la a partir de erros, que podem ser

transformados em lições para a vida. Tal como Eleanor Roosevelt disse acerca da respon-

sabilidade moral: “A filosofia de uma pessoa não é melhor expressa por palavras mas sim

pelas escolhas que a pessoa faz. Ao longo dos tempos, moldamos as nossas vidas e molda-

mo-nos a nós mesmos. O processo nunca termina até morrermos. E, as escolhas que fize-

mos são, no final de contas, a nossa própria responsabilidade."

Estamos sempre a aprender e a formar novas teorias para fazer o mundo girar. Temos de

saciar a nossa fome de conhecimento, pois é este que nos diferencia dos animais e nos tor-

na no que hoje somos.

Todos nós temos a responsabilidade de dar um bocado de nós ao mundo. Temos a liberda-

de de nos poder expressar e com esta liberdade podemos tornar o mundo um sítio melhor

para se viver!

Cláudia Alves

Ana Vieira

Tiago Vieira

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Liberdade e Determinismo Liberdade… Eu sou liberdade, sinto a liberdade, vivo em liberdade, sou e serei eternamente livre. Estou para sempre condenada a isso, e é algo que jamais me poderão retirar. Nasceu comigo e será sepultada comigo. Por mais que me interrogue a mim mesma, não consigo perceber qual o significado de tudo isto, que simplesmente está presente na pessoa que sou, pois de certa forma é aquilo que me faz ser diferente de todos os outros. Tudo em retorno de tão fácil palavra faz-me questionar vezes sem conta, dentro de mim. Desisti por completo de pensar com a cabeça e tive a livre vontade de pen-sar com o coração. Como é notório até no meu simples pensar a liberdade me influência. Com tudo isto os “porquês?” dançam sobre mim, afinal de contas, porque tenho a liberdade de ser a pessoa que sou?, porque tenho a liberdade de agir da forma que ajo?, porque tenho a liberdade de simplesmente falar quando quero?, … Poderia nunca fazê-lo, poderia achar que tudo isto se verifica porque tem de ser assim, e assim entregar tudo ao destino. Mas não, não quero ser uma pessoa que entrega tudo nas mãos de algo indefinido e que assim se torna uma pessoa vazia, de-sabitada de qualquer oportunidade de ser livre e voar com as suas próprias asas, deixando que voem por ela. Afinal de contas eu sou o espalho da minha própria liberdade. Mas como em todos os espelhos as pequenas imperfeições são notórias, então percebi que nem tudo se resume a liberdade. Não tenho a liberdade de ter olhos da cor que tenho, de ter a educação que tenho, … Tudo isto deve-se a causas completamente exteriores a mim mesma, contrariadas pela liberdade. Ou seja, o ter vontade de comer uma deliciosa maçã vermelha por estar cheia de fome, não depende de mim, mas sim do determinismo em aspetos externos à ação de comer a maçã (a fome que sinto, para consequentemente poder continuar viva). Em suma, como tudo no Mundo, tudo é contrariado por algo. Como verificamos o determinismo adversa a liberdade. Como pode ser possível, as nossas simples ações resultarem de aspetos totalmente opostos, on-de a subjetividade de um é contrariada pela objetividade do outro? Somos como ímanes que es-tamos em total equilíbrio com a adversidade de dois componentes opostos? Somos, afinal de contas, livres condenados. Condenados ao determinismo e livres com a liberdade. Finalizando, poderia nunca ter me utilizado como exemplo para explicar tais conceitos, mas quem

melhor que nós próprios para auxiliar em tais problemas que nos afligem. Ou seja o pensar por-

que tais fazem parte de mim e me modificam de uma forma estonteante. Resume-se ao facto de

ter a capacidade de refletir e de se manifestar um equilíbrio entre tais oponentes. Afinal de con-

tas, consegui debruçar-me sobre o impossível: a combinação da liberdade com o determinismo…

simplesmente ser eu própria.

Inês André

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Liberdade e Determinismo

“Eu quero ser livre”. A maioria das pessoas já disse esta frase, mas poucas foram as que realmente refletiram sobre ela. O conceito de liberdade é um conceito subjetivo e pode ter mui-tos tipos de resposta. Nunca se chegará a uma definição total de liberdade. Na minha opinião, uma pessoa é livre quando faz uso da sua capacidade de tomar certas e determinadas decisões, quando pode fazer as suas próprias escolhas sem ter nenhum tipo de influência externa. A liber-dade tem a ver com a nossa subjetividade. A liberdade faz parte do próprio conceito de vida hu-mana, uma vez que sem ela seriamos apenas como marionetas. Uma marioneta apenas realiza o que a pessoa que a manuseia quer, não tem qualquer vontade própria. Mas nós, felizmente, não somos assim. Temos vontade própria. Podemos dizer que a liberdade é como um dom que temos e distingue-nos dos outros seres vivos. No entanto, a liberdade tem condicionantes. Uma dessas condicionantes é o facto de a nossa liberdade estar intimamente relacionada com a liberdade de outros. Por exemplo, eu existo apenas porque os meus pais quiseram ter filhos. Os meus pais fize-ram uso da sua liberdade para me conceberem. De outra maneira, eu não existiria, logo não teria liberdade. Outro exemplo: Eu só posso usar a minha liberdade para escolher a roupa que devo vestir, porque outra pessoa tomou a liberdade de produzir aquela roupa. Outra condicionante da liberdade é o facto de que existem sempre fatores externos que podem comprometer as nossas ações. Por exemplo, se eu decidir viajar de avião para uma cidade e o avião tiver de fazer uma aterragem de emergência noutra cidade devido a uma avaria nos motores, não fui livre, pois a minha ação tomou um rumo que eu não podia prever, que não fazia parte do que eu havia anteri-ormente planeado e isso fez com que aquilo que correu mal (a avaria nos motores do avião) se sobrepusesse àquilo que era esperado (chegar ao destino).

Do outro lado da liberdade está o determinismo. Segundo os deterministas todas as ações que realizamos têm uma causa exterior a nós, nomeadamente a hereditariedade, o ambi-ente em que fomos criados e o modo como fomos educados, e que por isso não temos responsa-bilidade moral ou responsabilidade interior. Por exemplo, se uma pessoa assassina outra, os de-terministas defendem que ela não é responsável moral e interiormente por essa morte, uma vez que essa ação já estaria determinada que iria acontecer, devido a fatores externos à subjetivida-de do agente do crime. Por estas razões os deterministas acreditam não haver compatibilidade entre a teoria do determinismo e a teoria do libertismo. Mas será que é mesmo assim? Será que não existe um meio-termo que possa compatibilizar estas teorias? A verdade é que, se pensar-mos bem, não somos totalmente livres, porque se o fossemos seriamos totalmente independen-tes de tudo o que nos rodeia, mas também não faz sentido dizer que todas as nossas ações são determinadas, uma vez que se assim o fossem seriamos robôs, ou como já disse anteriormente, marionetas. Por isso, na minha humilde opinião, nem o libertismo nem o determinismo estão completamente errados, pois há ações que realizamos de forma livre e espontânea, mas também existem ações que somos coagidos a realizar, por isso talvez faça algum sentido conjugarmos os conceitos das duas teorias.

As ações livres são apenas influenciadas pelo nosso interior subjetivo, ou seja, são influ-enciadas pelos nossos valores, pelo nosso conceito do que é bom ou mau e também pela nossa personalidade. Essas ações partem unicamente de nós. Todavia, as ações que somos coagidos ou obrigados a realizar partem de fatores externos à nossa subjetividade. Não partem unicamente de nós. Pode dizer-se que o determinismo moderado é uma maneira encontrada para compatibi-lizar as duas teorias (libertismo e determinismo), um meio-termo entre elas, uma vez que defen-de que as nossas ações podem ser causadas, mas ainda assim serem livres, ou seja, as nossas ações que tiverem causas internas são livres, mas as ações com causas externas são determina-das. Por estas razões, o determinismo moderado pode ser a teoria mais credível para explicar o comportamento humano.

“...Eu quero ser livre…”.

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Análise filosófica ao livro “A Metamorfose” de Franz Kafka

Franz Kafka era um escritor genial e acima de tudo, um pensador e observador da mente e comportamento

humano. A Metamorfose retrata a história de Gregor Samsa, um caixeiro-viajante, que certa manhã, quando

acorda, encontra-se transformado num inseto. Ora, seria de esperar que se isto acontecesse a qualquer um

de nós a nossa reação seria berrar e entrar em pânico. Gregor apenas pensa que o seu chefe não vai gostar

daquilo. Anulou portanto a sua vontade, o seu eu, vive em função da sua família e do objetivo de os susten-

tar. É visto também por eles como apenas um sustento, comos podemos ver pelas atitudes demonstradas ao

longo da evolução da história.

Porém, A Metamorfose é muito mais do que apenas a história de um homem que se transforma em inseto e

das consequências que advém disso. Toda a história é uma metáfora (como Kafka bem nos habituou) para a

alienação social. Retrata perfeitamente o comportamento humano. Todas as pessoas que se encontram fora

dos nossos conceitos pré-estabelecidos, excluímos automaticamente. Prende-se também, a questão do medo

da perda de identidade, pois a metamorfose de Gregor resulta na adquirição de comportamentos, emoções e

opiniões completamente diferentes daquelas que tinha até então.

No entanto, não é apenas esta a metamorfose encontrada no livro. A sua família também sofre uma, visto

que são obrigados a começarem a trabalhar e alteram o seu estilo de vida. Estes, em vez de ajudarem Gregor

na sua nova condição, metem-no de lado, fechando-o num quarto, mostrando repulsa e aversão. Isto provo-

ca revolta no seu interior.

A única pessoa que se mostra interessada em Gregor, é uma mulher-a-dias contratada depois da antiga cria-

da se despedir depois da transformação ocorrer. Poderá esta personagem representar a Filosofia? O interes-

se pelo abstrato, pelo diferente, o ver para além do absurdo? Ela não demonstra medo, mas sim curiosidade

e por vezes, até alguma agressividade para com ele.

Penso que uma das coisas mais interessantes de observar, é que em nenhum momento do livro, Gregor se

apercebe naquilo que se transformou. Apenas se adapta aos seus novos membros, funções e estilo de vida.

Um pouco como nós, ele aceita o que lhe acontece sem procurar justificação alguma, está tão absorvido na

rotina e no seu trabalho que não se apercebe verdadeiramente da sua nova condição.

Para mim, A Metamorfose é uma das melhores obras de Kafka e fez-me pensar muito durante toda a noite,

muitas horas depois de o ler. Surgiram-me várias questões na cabeça. Não somos também nós, vítimas da

sociedade e da alienação que ela automaticamente nos impõe? Não somos também incestos como a perso-

nagem, presos a determinadas funções e obrigações que nos são impostas logo desde que nascemos? Penso

na Sociedade como uma espécie de monstro que nos acorrenta e nos berra na

sua atitude castigadora: Tem filhos! Casa-te! Paga os teus impostos! Trabalha!

Obedece à lei! Veste-te normalmente, segue a moda! Mas calma! Que isto aca-

ba por ter piada: somos livres. Temos de seguir uma data de regras e compor-

tamentos, correndo o risco de acabar como Gregor, completamente excluídos,

mas somos livres. (Note-se aqui o meu tom extremamente irónico e sarcásti-

co).

A Metamorfose é uma história de mudança, de alerta, que pelo menos a mim

me transmite uma ideia muito clara: Temos de rever rapidamente os nossos

comportamentos. A maneira como pensamos. Temos de ser nós a realizar a

metamorfose. Mas ao contrário do livro, deixarmos de ser incetos para passar-

mos simplesmente a ser humanos, em convivência com a nossa consciência e

Saber.

Tiago Silva

“...deixarm

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Qual a diferença entre liberdade e Livre -arbítrio?

A liberdade é um dom que os seres inteligentes recebem, dom esse a partir do qual podem

escolher de entre os milhentos clichés que a sociedade possui, isto é, de entre as várias for-

mas de bem, de mal, de mentira, de verdade ou de beleza existentes, por exemplo. A nossa

liberdade ou parte dela é algo que nasce connosco no entanto é também algo que acabamos

por ir adquirindo ao longo dos tempos. Na minha opinião a liberdade é a capacidade que

um indivíduo possui de modo a não se deixar submeter a um outro. Isto é, a liberdade é

algo muito mais confuso do que simplesmente chegar ao cume de uma montanha e gritar

“ESTOU LIVRE”, porque de certo modo nunca estamos totalmente livres, acabamos sem-

pre por estar presos a algo, e já nem falo do facto de os indivíduos estarem presos a clichés

falo apenas de cada um de nós estar preso a outras coisas banais como simplesmente o

simples ato de respirar, pois de certo que é algo que todos nós necessitamos, de modo que

se estamos assim tão dependentes de algo, como é que podemos dizer que somos livres?

Como é que podemos dizer que podemos fazer tudo aquilo que queremos? A verdade é

que não, não somos totalmente livre pois estamos demasiado dependentes de um grande

número de coisas para podermos afirmar que somos de facto livres, e não, não podemos

fazer tudo aquilo que queremos. Em primeiro lugar, um individuo apenas têm o poder de

exercer a sua vontade dentro dos limites da lei, assumindo a responsabilidade de seus atos.

E além disso, cada individuo só pode ser livre até ao inicio da liberdade de um outro. Pois

a liberdade de cada um de nós termina quando a do próximo começa. Isto é, nós só somos

livres até ao ponto em que as nossas decisões, actos e ações não interferem com as dos

restantes. E cada um de nós apenas consegue adquirir uma verdadeira liberdade se possui a

capacidade de reflectir, pois só um sujeito que pensa, poderá ser de facto livre. O que nos

remete para o livre-arbítrio, pois se não possuimos livre-arbítio, ou seja, se não possuimos

a capacidade e a liberdade de escolha e de ação, então quase por definição não poderiamos

decidir de um outro modo, e estariamos apenas limitados aquilo que um alguém nos diz

ser o correcto, limitando os nossos horizontes apenas àquilo a que a sociedade nos remete

diáriamente , isto é, se uma pessoa não poderia ter decidido de um outro modo, então essa

pessoa não seria responsável pelos seus pensamentos e ações. De modo que, tendo isso em

conta, se um individuo não poderia então ter decidido de um outro modo, então não

poderia ser responsável pelas decisões que faz ou que viria a fazer. Posto isto, calculo que

a liberdade é o direito que cada um e cada qual tem de falar e fazer o que quiser, desde que

não ultrapasse os limites de Liberdade de outro. No entanto o Livre-Arbítrio contradisce,

pois de certo modo, é a capacidade que cada um e cada qual tem de, individualmente,

ultrapassar esses limites, ou seja é o direito que todo o indivíduo tem de decidir, e escolher

em função dasua própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa

determinante, sujeitando-se então posteriormente às consequências que esses mesmos

factos acarretarem. Sendo então cada um de nós a limitar os limites da nossa própria

liberdade, recorrendo aos nossos valores e a nossa reflexão para determinar esses mesmos

limites. E será então essa mesma capacidade de reflexão que nos dará a hipotece de decidir

o que esta certo ou errado, e só essa mesma reflexão nos fará ser diferentes, e não apenas

mais uns outros adeptos de clichés pré-estabelecidos. Será então essa capacidade de

escolha que nos fará livres, sendo que se escolhermos ser livres em pró do bem, estaremos

a ter em conta na nossa reflexão, o respeito pelo valor do outro, logo o respeito pela

humanidade, já se contrariamente, escolher-mos o mal estaremos a negar a liberdade dos

outros, de modo a que isso fará com que as ações que estamos a tomar deixem de ser

classificadas como liberdade e passem a ser classificadas como libertinagem. O que me

leva a concluir que, de certo modo a Liberdade e a possibilidade de exercermos um

determinado comportamento sem restrições nem políticas nem sociais, de outrem.

Enquanto, o Livre-Arbítrio e a suposta capacidade que cada um de nós têm de exercer um

comportamento autónomo e sem restrições, regido pelo nosso proprio espírito. De modo

que o livre-arbítrio existe então para que o homem possua a ilusão de que tem algum

controle sobre sua limitada vida, sendo que só assim é possivel manter a esperança.

Tânia Amaral

“...A

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Filosofia: “Diferença entre Liberdade e Livre arbítrio” Uma das grandes diferenças entre liberdade e livre arbítrio é que, no livre arbítrio pode-mos escolher várias possibilidades, o bem ou o mal, enquanto a liberdade está limitada á escolha de uma só possibilidade, o que não significa e seja restrita. Não se pode falar de liberdade sem se falar de reflexibilidade. Aquilo que entendi por livre arbítrio é que tem a ver com o ser livre nas escolhas que fa-ço, eu arbitro a minha vida. Eu sou livre de escolher o que posso fazer. O livre arbítrio es-tá sempre relacionado com um valor que nos é dado ou adquirido por nós. A liberdade não é o espelho do livre arbítrio, ela é intersubjetiva. Não é individual. Não podemos negar a liberdade aos outros. As nossas ações, a nossa liberdade, não pode in-terferir com a liberdade dos outros. A nossa liberdade só acaba quando acabamos com a liberdade dos outros. Depois de outra reflexão que fiz após ter ouvido a sua opinião foi que tenho que me li-bertar mais dos livros e papéis. Quando me deparei com este tema de liberdade e livre arbítrio achei um pouco confuso. Sempre pensei que a liberdade era fazer tudo o que quisesse a menos que interferisse com a liberdade do próximo. Só agora percebi que a liberdade não está em fazer tudo o que quero mas sim no que posso fazer sem negar a liberdade aos outros, essa mesma liberdade que eu tenho direito de ter e que nego aos outros quando pratico a minha “falsa” liberdade. Só agora percebi que quem diz que é livre, pode estar a ser hipócrita pois, aqueles nazis que acabaram com a liberdade dos outros deram-se conta que acabaram com a liberdade deles? De um certo modo sim, pois sabiam o errado das suas ações, mas por outro lado não, pois continuavam a achar-se livres, continuavam a matar, logo a roubar a liberdade que é dada de igual modo a todos, só que, poucas pessoas desse “todos” é que a sabem usar. O livre arbítrio está relacionado com as minhas ações, com o ser eu a escolher o que faço e como o faço, eu comando a minha vida. Nós arbitramos a nossa vida segundo o que nos ensinam, logo está relacionado com um valor. A liberdade não é o mesmo que livre arbítrio, a liberdade não é individual, eu pratico a minha liberdade, e quando a pratico estou ou não, dependendo das minhas ações a negar a liberdade a outros, logo a liberdade não pode ser individual, pois todos nós a possuímos. Eu acho que de certa forma o livre arbítrio pode ser individual, pois sou eu que lidero a minha vida, é claro que posso ser influenciado, mas basta eu querer para mudar a minha opinião, basta eu refletir sobre o que considero certo ou errado para escolher a minha vida. Concluiu assim que a Filosofia faz-me ver, mais uma vez, que “Só sei que nada sei”.

Vera Gonçalves

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Livre Arbítrio e Liberdade Livre arbítrio e liberdade. Pensei saber algo sobre estes dois conceitos tão presentes no nosso dia-a-dia e na nossa vida mas revelou ser o assunto mais difícil de refletir e tentar compreender até agora. O livre arbítrio é a crença de que nós, seres humanos, é que temos controlo sobre as nossas ações. Somos nós que escolhemos aquilo que queremos fazer, depois de avaliar-mos as possibilidades que temos e qual nos parece a melhor. Porém, penso que isto é relativo, pois quantas vezes já demos por nós a pensar “devia antes ter feito isto” ou “como raio fui fazer aquilo”? A nossa conceção de melhor escolha varia com o tempo e ponderação e a maior parte das vezes só depois de observar os resultados que certa es-colha e Acão tiveram. Tendo livre arbítrio, temos a possibilidade de poder escolher o cer-to ou errado, tendo estes dois conceitos, impactos diferentes em nós e nos outros. Porém, a liberdade é um conceito mais abrangente. Ter livre arbítrio não é ser livre. O livre arbítrio é algo que parte de nós, é a nossa vontade. A liberdade é o bem. E quantas vezes a nossa vontade não é o bem? Ou irá beneficiar-nos a nós mas prejudicar outros seres? Ter liberdade é não ser subjugado e controlado por outrem, mas é também não o fazer, não interferir na liberdade de outro. Não podemos por isso dizer que é um concei-to isolado porque a liberdade só é possível em comunidade. Porém não podemos confun-dir a liberdade com a libertinagem. A liberdade está de acordo com a nossa consciência, pois diz-nos “Podes fazer isto, mas sabes que não é o melhor para ti” enquanto a liberti-nagem será algo como “Eu vou fazer isto porque quero e ninguém me vai impedir.” Ao termos liberdade, sabemos que qualquer Acão que tomemos vai ter uma consequência. A liberdade faz com que estejamos em sintonia com o nosso interior e exterior. Um racis-ta, por exemplo, não é uma pessoa livre pois interfere constantemente na liberdade de alguém que não considere igual a si mesmo. Porém, é-lhe dado o livre arbítrio de ser ra-cista ou não. A liberdade é colocar o bem acima de tudo e escolher sempre o que é certo, ajustando as nossas prioridades de modo a não prejudicar o exterior. Uma pessoa que pratique o bem vai ser sempre uma pessoa livre, mesmo que esta seja um sem-abrigo porque passamos na Avenida da Liberdade (irónico o nome, não é?). Já uma pessoa que pratique o mal pode ser um magnata poderoso e com todo o dinheiro do mundo que nunca irá ser livre. É um conceito que nasce no nosso interior.

Tiago Silva

“...

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“ A Acão Humana”

A Acão humana. Mas que grande palavrão. Eu podia ser básica, dizer que é comer, beber, dançar. Isso também é agir, mas a dita “Acão Humana”, com letras maiúsculas, num tamanho colossal, a meu ver é mais algo do que apenas digamos, “pensar e fazer”, é algo que necessita de reflexão, de muita leitura de vários pontos de vista. Não é algo que se faça de ânimo leve como comer uma sim-ples maçã, é algo tão mais profundo. É ir á raiz dessa Acão, e tal, como no pensamento reflexivo, ver a essência dessa Acão. Analisá-la em relação a vários contextos, é pô-la numa balança imaginá-ria e ver as suas raízes, o seu fundamento, as suas consequências. Boas, Más e assim-assim. Para agirmos, mas eu quero reforçar o significado filosófico deste palavrão “ Acão Humana” que eu até á passada terça, antes de me desagrilhoar das minhas velhas conceções deste conceito que agir ela algo como dar um pezinho de dança, mas agora vejo que é muito mais que isso, necessitamos de estar na posse de várias condições. Toda a Acão têm um motivo, algo que nos impele a agir ou a fazer algo, é a razão, é o impulsionador, é o que responde ao porquê? Porque é que as pessoas se-guem os sonhos? Porque é que as pessoas são tão cegas? Porque é que há fome quando andam pessoas a passear de BMW? e também, numa Acão existe a intenção . E apesar de este conceito ser similar com o de motivo, ainda apresenta algumas diferenças. A intenção pergunta-nos o que que-remos fazer, a meu ver parece um pouco perguntar-nos o que é o nosso desejo, penso que seja algo um pouco mais genuíno, que vai ao nosso âmago, á nossa essência. Outro componente da Acão humana é a finalidade, perguntando, questionado obviamente qual será o fim dessa Acão, dando eu como exemplos, eu irei trabalhar para ter um bom futuro, a Maria vai á escola par aprende, todas as manhãs apanho o autocarro para ir para a escola e mais mil fra-ses que nos darão o fim de algo, cujo fim será algo muito mais importante do que eu apanhar o au-tocarro para ir para a escola, a meu ver, algo mais filosófico. Algo com o dito “verdadeiro significa-do”. A decisão, também um importante componente, supõe escolher entre várias alternativas durante este extenso processo da avaliação da Acão humana, da sua formação, incidindo muitas vezes en-tre o chamado “realizável”, ou que se consegue atingir mais facilmente e a concentração numa me-ta que se pretende tornar alcançável. Eu vejo a decisão como uma das partes mais avaliadoras, é através dela, que por vezes conseguimos clarificar, tirar dúvidas. Os meios são os procedimentos que temos de cumprir para se chegar ao nosso objetivo, a o nosso resultado que deriva da nossa vontade de ser, ou de fazer, tendo em conta as circunstâncias ou o contexto. Eu dizer que “decidi ir para casa fazer exercícios de consolidação” foi o meio para “ ter uma boa nota “, que é o resultado. Apresentei este exemplo de fácil compreensão, mas logicamente, isto em termos da gigante mons-truosidade da Acão humana é algo elaboradamente mais complexo. E por fim, as consequências, pobres coitadas, muitas vezes vistas como negativas, são o resultado da nossa Acão, mas eu sou uma eterna otimista, não gosto quando pintam tudo de preto. Uma consequência de eu fazer al-guém sorrir é essa pessoa sentir felicidade ou um deslumbre de. Este texto pode parecer muito extenso e aborrecido, mas talvez sem estas diretrizes, sem estadas etapas sobre as quais as “Acão Humana” (a com letras maiúsculas e gordas) têm que passar, são tão importantes, que sem elas, o que seria agir?

Sofia Batista

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AÇÃO FILOSÓFICA

"Homens e mulheres, acrescentam à vida que têm a existência que criam. " Ao longo da minha vida, já ouvi inúmeras vezes esta frase, no entanto, nunca percebi por completo o seu significado, muito provavelmente, nunca o percebi por nunca me ter dado ao luxo de refletir sobre ela. No entanto, após uma breve reflexão sobre o que seria de fac-to uma Acão, bem como, o que seria no fim de contas a Acão humana. Surgiu-me então esta frase em mente. Partindo do pressuposto, que cada um de nós tem a capacidade de refletir, cada um de nós irá então possuir capacidades suficientes para ponderar, para re-fletir sobre todos os prós e contras de cada mínima coisa, para idealizar, para superar as nossas próprias expectativas e sermos então nos mesmos a acrescentar a tudo aquilo que já possuímos, tudo aquilo que ainda desejamos. Isto é primeiramente, ao pensarmos em ações humanas, é tentador pensar nos tipos de ações ou de comportamentos que se po-dem identificar com os tipos de movimentos corporais. Mas isso é obviamente incorreto pois ao pensarmos de um modo mais profundo no que são verdadeiramente as ações hu-manas, imediatamente iremos descobrir inúmeras diferenças entre elas e todos os outros acontecimentos do mundo natural. Pois a ação humana vai muito além dos simples movi-mentos corporais, no entanto, é um tanto ao quanto complicado encontrarmos uma expli-cação correta para o que é uma ação, pois em geral as pessoas procuram explicar as suas ações bem como as de outras pessoas sugerindo que uma ação é realizada devido á vonta-de de um determinado agente ou porque a pessoa realizou determinada Acão consciente-mente ou seja por iniciativa própria. Sendo então talvez aqui que se encontre o enquadra-mento geral do problema filosófico de ação, pois o problema está em encontrar critérios que definam o que é uma ação o que me remete para o facto de a definição de ação estar muito limitada aos horizontes das nossas mentes. Analisando cuidadosamente o exemplo do protagonista do texto leva-me a concluir que a ação humana esta dependente de um “N” número de constituintes, isto é, inicialmente o protagonista já teria o seu destino tra-çado por terceiros, no entanto, quando iniciou uma reflexão sobre toda a sua vida até ao momento, ele descobriu que o futuro que o esperava não era exatamente aquele que ele desejava, logo a ação humana inicia-se com uma profunda reflexão, posto esta reflexão, o protagonista apresentou as suas justificações, para não querer aquele futuro que lhe fora imposto, mostrando neste caso ao seu pai os motivos pelos quais não queria ser gestor, querendo então ser Actor, querendo fazer no futuro algo que lhe desse uma satisfação pes-soal, ou seja além de uma longa reflexão, para uma ação é também necessário ponderar e optar minuciosamente em relação a cada mínimo pormenor, pois temos de concluir aquilo que na realidade ambicionamos fazer, ponderando ainda como pretendemos lá chegar, o porque de queremos realizar essa determinada ação e por fim qual é para nós o objetivo final de tudo isso. Evidenciando então os exemplos do texto, concluo que para a realização de cada mínima ação é necessário procedermos a um inúmero número de critérios, crité-rios esses pelos quais diariamente passamos, no entanto, muitas das vezes nem nos aper-cebemos pois estamos demasiado centrados no que acontecerá no futuro, acabando por deixar de parte o facto de o nosso verdadeiro futuro estar então nas reflexões e nas esco-lhas realizadas por nós no presente.

Tânia Amaral

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Prove que é humano Muitas vezes na Internet, deparamo-nos com “Prove que é humano” quando nos regista-mos em alguns sites. Basta escrevermos um código que aparece, para provar que somos realmente uma pessoa e não um hacker ou qualquer outro tipo de programa automático. E então, pergunto-me eu, e se nos fizessem esta pergunta na nossa vida fora do computa-dor? Se chegassem ao pé de nós na rua e nos desafiassem a provarmos que somos huma-nos. O que faríamos? Provavelmente não teríamos resposta, seria uma questão que levaria à mesma reação como quando fomos questionados sobre o eu e sobre a mesa. “Então... eu sou eu!” ou “A mesa é uma mesa!”. Por muito que nos custe admitir, nós não temos certe-zas de nada. Não podemos dar nada como adquirido. O que nos garante a nós que somos humanos? Que o próprio conceito de ser humano não está errado? Não pretendo chegar a nenhuma conclusão: Eu próprio não consigo provar que sou huma-no. Pretendo apenas provar que se não percebemos o que se passa no nosso interior, co-mo podemos perceber aquilo que se passa à nossa volta? É por isto que a Filosofia é des-truidora: ajuda-nos a compreender que até agora vivemos em mentiras e ilusões. O verda-deiro filósofo não vê só a mesa: vê para além dela. A realidade ilusória O que nos garante a nós que este mundo é real? Que tudo isto é na verdade, a realidade? Os nossos olhos? Podermos ver o que se passa à nossa volta? Também podíamos ver que a mesa não se movia, e na verdade ela move-se. Então? Existem garantias que estamos real-mente vivos? O que me garante a mim que este mundo não é mero produto do meu cére-bro e imaginação? Que as pessoas à minha volta não são mais do que manifestações da minha personalidade? Ou que na verdade somos o sonho de alguém? E que quando essa pessoa decidir acordar: Vazio. Escuridão. Os nossos olhos mentem. A sociedade mente-nos. Limita-nos, agarra-nos no pescoço e obriga-nos a olhar em frente, sem questionar nada. É o típico “Ver para crer”. O vento existe, mas por acaso conseguimos nós vê-lo? Espero um dia conseguir obter resposta a todas estas perguntas. Ou então, quando morrer, perceber que o conceito que temos de morte está errado. Que na realidade, continuamos despertos, que os nossos átomos se integram no resto do universo. Ou que acordamos finalmente na verdadeira realidade. Há um sem-número de opções, mas um zero-número de respostas. Até agora, a Filosofia, tem-me feito questionar uma data de coisas que eu dava como cer-tas e sobre as quais nunca tinha pensado, pois achava que se me diziam que era assim, só podia mesmo ser. Apesar de reconhecer que continuo na minha condição de ignorante, sei que é uma ignorância mais rica. Que pelo menos, questiona os valores e procura. Procura novas formas de pensar. E vai-se expandindo. E mesmo que não chegue a nenhuma conclu-são, sinto-me mais consciente e livre de dogmas e preconceitos. O conhecimento filosófico

traz liberdade.

Tiago Silva

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“ A Relatividade do Errado”

De Isaac Asimov

O Texto de Isaac Asimov, intitulado de “ A Relatividade do errado”, Asimov responde a uma carta de um amigo seu, que se estava a licenciar em Literatura Inglesa que lhe pretendia

ensinar ciência. Á primeira vista, pareceu – lhe bastante estranho ser ensinado por um ba-charel de Literatura inglesa, mas Asimov toma a mesma postura que Sócrates, o homem mais sábio da Grécia tomou, dizendo, “Só sei que nada sei”, não desprezando os conheci-

mentos do seu amigo bacharel. O facto fascinante deste texto, é como é que um físico tão sábio e que confia cegamente na

ciência, consegue ter uma noção de ignorância tão patente na sua existência? Depois da minha milésima leitura deste texto, fiquei com esta impressão tão cravada na minha men-

te. Isaac Asimov constrói vários argumentos tendo como base a conceção que as pessoas têm

da Terra (Redonda, Quadrada, uma Esfera, uma Pêra Bartlett), que tantos defenderam cada uma destas teorias apresentadas por mim, com argumentos quase ditos como irrefutáveis. Mas depois o mais simples aglomerado de palavras, de frases, de letras, destrói por com-

pleto teorias elaboradas durante imensos anos, não me arriscando a dizer séculos. E é mesmo isso que Asimov frisa bastante no seu texto, que o ser humano vê tudo a preto

ou a branco. Certo ou Errado. Bom ou Mau. Cheio ou Vazio. Que o ser humano não consegue ter um meio-termo, e que ao julgarmos que todas as teo-rias estão erradas, estamos ainda a ser mais errados do que as próprias pessoas que elabo-

raram as ditas teorias, porque quem as elaborou foram seres extremamente filosóficos, que questionaram a veracidade das teorias que provavelmente aprenderam, que lhes fo-

ram ensinadas na escola, e começando do zero, mesmo que não fosse a verdadeira teoria, chegaram um passo mais perto da verdade, que nós ainda hoje não descobrimos.

Durante o decorrer do texto, Asimov demonstra essas mesmas situações, apresentando um vasto leque de argumentos que aparentemente são plausíveis, e depois com uma simples frase, com uma definição matemática ou com apenas um simples conhecimento universal,

o físico destrói, em milésimos de segundos, tudo o que criou. Portanto, a meu ver, o verdadeiro significado filosófico do texto de Isaac Asimov, é que to-dos devíamos ser humildes o suficiente para, como ele disse, admitirmos que “ só sei que

nada sei” e estas cinco palavras, serão talvez, as palavras mais verdadeiras de todo o mun-do, porque são a única certeza verdadeira que temos.

Sofia Batista

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«Parece que em um de meus inúmeros ensaios, eu expressei certa felicidade em viver em um século em

que finalmente, entendemos o básico sobre o universo.»

Lendo então estas palavras proferidas então por Isaac Asimov, provavelmente num (suposto) estado de plena

reflexão, levando então a minha própria pessoa a refletir, sobre estes mesmos pressupostos clichés aos quais

nos entregamos como verdade absoluta, considerando que tudo só poderá estar absolutamente certo ou absolu-

tamente errado, e cada vez mais aceitamos desde o primeiro segundo de vida aquilo que nos ensinam, desde o

simples facto de “que a colher é para ser agarrada com a mão direita e para levar a boca sem sujar tudo em seu

redor”, “que as meias são para calçar nos pés e não nas mãos”, “que a camisola têm de se vestir com as costu-

ras para dentro e não para fora”. Posteriormente ensinam-nos então “que a terra é redonda, redonda e achatada

nos pólos”, “que a terra é um planeta e que é neste planeta que se encontra a nossa casa”, que nós vivemos por-

que respiramos e que podemos ser tudo aquilo que quisermos porque somos privilegiados com a capacidade de

sonhar, de imaginar, de pensar e de refletir, e que por vezes, encontramos novas soluções ou versões para no-

vos problemas e observações, obtendo então uma nova visão sobre o mundo e sobre cada coisa existente nele,

o grande senão nesse novo mundo que descobrimos dentro da nossa mente é que naturalmente não será o mes-

mo, possível de encontrar dentro de qualquer uma outra mente e será então ainda menos aquela definição a

qual somos submetidos todos os dias. No entanto, dia após dia, deparamo-nos com uma nova realidade e um

novo conceito de verdade, de certo e errado, que posteriormente teriam nos transmitido como a única certeza

existente, mas que neste momento teria deixado de ser certa pois, um outro alguém, um outro ingénuo sonha-

dor, teria refletido e limado uma outra aresta sobre essa determinada conceção inicialmente existente, apresen-

tando uma outra evidência demasiado óbvia, o que faz com que todo o universo esqueça tudo aquilo que soube

até ao momento e tome então essa conceção como a única realidade existente. O que me leva a perguntar diari-

amente “o que é que na realidade está correto ou errado?”, que mediante uma vasta reflexão me leva a concluir

que nós sabemos nunca irá passar de uma “perfeição imperfeita”, pois se num momento tudo aquilo que sabe-

mos é o mais correto de sempre, num outro momento passará a ser totalmente incorreto, e ai está o problema

básico da sociedade, as pessoas pensam que “certo” e “errado” são absolutos; que tudo o que não é perfeita-

mente e completamente certo é totalmente e igualmente errado. No entanto, todas essas teorias não estão erra-

das, mas sim incompletas, pois independentemente das suas medidas serem enormemente refinadas o seu prin-

cípio permanece sempre. O é isto que está carta formalmente informal me leva a concluir, que se um bacharel

de literatura inglesa poderá ensinar um físico, porque é que uma criança inocente não poderá ensinar um filoso-

fo? Mas a verdade é que pode, pode, porque tudo aquilo que ela disser será verdadeiro e irá para além dos pres-

supostos da sociedade, pressupostos esses que ela não entenderá ainda, no entanto será capaz de os enfrentar a

sua maneira, voltando a teoria da terra ser redonda, mas se fosse redonda ela cairia, então terá de ser plana para

ela permanecer em pé, pois ela não saberá ainda a lei da gravidade, logo aos seus olhos a teoria da terra plana

será muito mais verdadeira do que a teoria da terra redonda. E assim, tal como esta mesma insignificante metá-

fora se procede todas as descobertas e aperfeiçoamentos da nossa realidade atual, “se eu penso, logo existo”,

dai se eu refletir irei chegar a uma qualquer conclusão de modo que se a realidade cientifica a qual estamos

acomodados atualmente não estivesse sempre a evoluir , então a vida teria sempre permanecido igual, sem uma

qualquer alteração, alterações essas que foram necessárias e que tenho a certeza que não ficaram por aqui, por-

que entre todos estes milhões de pessoas existentes pelo mundo fora, de certo que existirá um outro sonhador,

ambicioso de chegar mais além, além das catuais teorias, além dos catuais clichés. Quem saberá então se esse

mesmo novo “génio” não estará neste preciso momento ao nosso lado? Voltando finalmente a observação ini-

cial, de toda a certeza sobre não restarem dúvidas sobre todas as conceções que temos do universo, apenas adi-

anto que a única coisa que alguém poderá ter errado é a “certeza”, pois essa acaba por na verdade nunca ser

certa, e para concluirmos isso basta deixarmos de ser pri-

sioneiros de nos mesmos e de todas as conceções existen-

tes sobre tudo ao nosso redor, e passar a abrir a nossa

mente e não os nossos olhos.

Tânia Amaral

A Relatividade do Errado

Isaac Asimov

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Liberdade é o direito de fazer o próprio dever

A liberdade está presente nas nossas vidas, quer seja em sonhos, objetivos ou pensa-

mentos. Ser livre requer a ausência de submissão perante algo e a independência do

ser humano. Tal como o filósofo inglês Thomas Hobbes disse “ A liberdade não está

no querer, mas sim no fazer” , ou seja, não estamos a ser livres quando simplesmente

desejamos alguma coisa mas sim quando agimos a favor desta.

No filme O clube dos poetas mortos podemos testemunhar esse acontecimento pois

aqueles jovens ao inicio estavam submissos perante os pais e professores e não lhes

era permitido liberdade de expressão até o professor Keating aparecer. A partir daí,

Keating começou a dar liberdade aos alunos de exprimirem a sua subjetividade atra-

vés da máxima latina Carpe diem que se traduz como “aproveite o dia”. Keating quis,

através da poesia, ensinar aos seus alunos a dar valor à vida e aproveitá-la, excluindo

tudo o que está morto, ou seja, tudo aquilo que não tinha valor para eles era conside-

rado como algo que estivesse morto, sem vida. Um bom exemplo foi quando este os

mandou rasgar as páginas da introdução do livro de poesia, que apresentava uma ex-

plicação matemática para esta o que, para ele, não fazia qualquer sentido pois a poe-

sia não pode ser entendida através de gráficos, a poesia sente-se na alma.

Inspirados pelo lema “seize the day”, ao longo do filme, os alunos foram ganhando

coragem para experimentar desafios e experiências nas suas vidas que anteriormente

nunca tinham ousado enfrentar, como o exemplo do Neil que conseguiu entrar numa

peça de teatro apesar do descontentamento do pai que, mais tarde levou a uma das

causas do seu suicídio pois Neil sentia que estava constantemente a ser impedido de

fazer o que queria pela sua vida, não se sentia livre.

Acho que a lição que podemos tirar deste filme é termos a capacidade de quebrar bar-

reiras impostas em nós mas também é igualmente importante fazer isso de modo coe-

rente.

Catarina Sousa

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Filme “O Clube dos Poetas Mortos”

Depois do visionamento do filme “O Clube dos Poetas Mortos” pude compreender que este filme

retrata um colégio onde existe “Tradição”, “Honra”, “Disciplina”e “Excelência”, onde os alunos

são ensinados para que tenham profissões de grande importância e que lhes assegurassem um

bom rendimento. Neste colégio todos os professores eram rígidos e ensinavam a matéria aos

alunos de forma rigorosa, até que chega um novo professor ao colégio, Keating, que vinha substi-

tuir o professor de Inglês. Este professor ao contrário de todos os outros dava liberdade aos

alunos para que estes pudessem pensar por si próprios.

Com a expressão “Carpe Diem” (aproveita o dia), Keating ensinou-os a ver a vida de forma dife-

rente, e a avaliar as suas crenças, pois ao longo dos tempos o colégio tinha vindo a seguir uma

corrente de ideias que tinham como único objectivo a obtenção de bons resultados escolares dos

seus alunos, impedindo-os de serem livres, e de poderem pensar de forma criativa e por eles

próprios.

Deste modo, antes da chegada deste professor pouco ortodoxo ao colégio, os alunos não tinham

qualquer liberdade, pois só faziam o que os pais queriam. A partir do momento em que Keating

começou a dar-lhes aulas, os alunos passaram a ser mais livres, pois Keating encorajava-os a vi-

ver uma vida plena de sentimentos e emoções, a libertarem-se dos invisíveis grilhões das con-

venções sociais que o colégio lhes impunha, e a sentirem verdadeiramente a poesia. Para além

disso com a chegada deste professor ao colégio, houve a recriação do Clube dos Poetas Mortos,

que foi mais uma coisa importante para a alteração do comportamento e forma de pensar destes

alunos.

Deste modo com a chegada de Keating ao colégio, os alunos não só passaram a ter uma maior li-

berdade, por poderem pensar mais por eles próprios, como também ganharam mais confiança

neles próprios para conseguirem realizar os seus sonhos, e enfrentar os seus pais. Assim sendo,

a partir do momento em que Keating chegou ao colégio, os alunos puderam aprender com este

que eles deviam dar mais importância aos seus sonhos, às suas ideias, à poesia, e não a coisas

matérias e sem valor, como por exemplo os manuais, pois Keating pensava que os alunos deviam

de pensar por eles próprios e não seguirem simplesmente coisas escritas.

Em suma este filme pretende transmitir-nos a ideia de que nós devemos procurar viver a vida

intensamente, aproveitando-a ao máximo, procurando entender as paixões, os amores, sob o nos-

so ponto de vista, mas sempre de maneira examinada, isto é “Eliminando tudo o que não é vida”.

Cristiana Pinto

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Poetas Vivos, Poetas Mortos Poderia dizer que a expressão “Clube dos Poetas Mortos” se refere apenas ao facto dos alunos declamarem poemas de pessoas que já morreram, mas isso seria negar a profundidade simbólica deste filme. Através da poesia e dos ensi-namentos do professor Keating, os alunos aprendem a viver e a gostar de vi-ver, aprendem a libertar-se das amarras da mente e dos agentes opressores que negam a sua liberdade. Deixam de olhar apenas numa direção, aprendem a usar o seu pescoço metafísico. Estes estavam como mortos, não literalmente e fisicamente mas moralmente, como podemos encontrar em vários textos de Tolstoy, questão já anteriormente discutida com o professor de Filosofia. O fil-me aborda os conceitos de liberdade e libertinagem mas também da falta de-les, mostrando os extremos de cada situação. O suicídio de Neal mostra-nos que para ele talvez fosse melhor estar morto fisicamente do que viver uma vi-da falsa e vazia assente nos valores do seu pai. Talvez aí, a morte acabasse. Há no filme uma constante busca pela essência da vida, pela essência do eu. Os poemas são uma metáfora para a consciência do Homem. Poetas somos todos nós que choramos e rimos e desafiamos as leis da gravi-dade tal como o conjunto de secretária que voa do telhado. Os que sugam o tutano da vida e abraçam as árvores, pois talvez as árvores falem e haja poesia dentro delas. A nossa vida talvez seja um enorme livro de poemas, onde escre-vemos todos os dias, e que contém todos os estilos literários. E quem não pen-sa, talvez esteja sempre a escrever no mesmo estilo monótono, ler uma página ou um capítulo inteiro será igual. Poetas somos todos nós.

Quantos estão mortos?

Tiago Silva

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“ O Clube dos Poetas Mortos “

"Digamos que existem dois tipos de mentes poéticas: uma apta a inventar fábulas outra disposta a crer nelas. (Galileu Galilei) “ Esta citação de Galileu Galilei dá muita luz a este tema. Numa sociedade caracterizada pela grande influência da ciência, da política ,da economia , existem mesmo esses dois tipos de pessoas. As que levam e as que se deixam levar. Antigamente a cultura, o brilhantismo, a inteligência, eram excessi-vamente olhados com reverência. Felizmente hoje em dia estamos entupidos disso, apesar de ainda existirem pessoas verdadeiramente burras. O que deve ser olhado com admiração é a pouca capaci-dade das pessoas se expressarem verdadeiramente. Talvez de fazerem música, de fazerem poesia. Nem eu consegui iniciar o texto sem uma citação, não sou poeta o suficiente. Não consigo extrair a poesia de mim. Todos nós somos um pouco poetas , não o conseguimos ver. Estamos tão entupidos pela realidade que existe neste mundo pouco válido e insensato para mim, que não temos tempo para nos vermos a nós. Eu acho brilhante o que este mundo retrata. A poesia é encarada como sinal de cultura, estudá-la, decorá-la , percebê-la é fundamental para se ser um ser consciente do mundo. Mas ser poeta é irre-alista. Dizer sentimentos ás três pancadas é sinal de barbaridade. Seria muito mais correto e educa-do fazer uma dissertação de vinte páginas explicando o meu amor por ti através da biologia. As massas acorrem a esses temas, mas há umas poucas ovelhas que fogem do rebanho e que res-suscitam o poeta morto dentro deles. Eu acho que até é exagerado dizer que ele está morto, está é um bocadinho abafado pela excentricidade do agora. Ninguém perde tempo a pegar num pedaço de papel e a pressionar a caneta contra ele, deixando que a sua alma tome o controlo de todo o seu discernimento cognitivo. Será que daqui a um tempo a arte morrerá e a física tomará o seu lu-gar? Será que vamos passar a ser Robots? A poesia é algo mais que um género literário. Eu sou poesia, e cada vez que começo a bater lenta-mente nas teclas do meu computador dou lhe vida. A poesia não é algo que têm necessariamente de ser partilhada. A poesia é a música que a alma esconde. O que se têm feito agora é amarrar as mãos do pianista que a cria. Divaguei imenso neste texto, achei-o imensamente difícil de escrever, sem saber na totalidade o que poesia quer mesmo dizer. Os poetas mortos, andam aí escondidos pelas almas. Se me abrisses o peito, verias um sentado a chorar, porque eu estou demasiado ocupada para o libertar. Há demasiadas coisas que me envol-vem. Também não posso deixar de pensar que as pessoas inteligentes não são proporcionalmente as pessoas poéticas. Mas claro que uma pessoa poética é inteligente, pois conseguiu ter a inteligên-cia que eu não tenho de abafar o ruído e de o deixar sair cá para fora. A poesia torna-se como que um grito doido da alma. Os poetas estão mortos pois a sociedade está preocupada com a intelectu-alidade. Se calhar ser poeta não parece bem, talvez ser poeta seja coisa de doidos. Ser médico é muito mais certo, do que andar á deriva e escrever livros, ficando embebida na minha própria inte-lectualidade. Ser médico é mais certo. Ser livre sabe melhor. Os Poetas andam mortos porque as pessoas se deixam levar pelos braços do que se deve fazer. Co-mo vimos no filme, os rapazes não liam , não estudavam poesia. Os rapazes viviam poesia. A poesia não é algo pomposo que só Poetas laureados podem escrever. A poesia é algo que homens aluados de certos dogmas, de certas conceções podem escrever. Homens que levam, não que se deixam levar. Há poucos desses. Balanço-me agora neste impasse para tentar encontrar algo que defina a poesia morta do meu ser. O clube dos poetas mortos é um local, que não têm de ser físico, em que em segredo, pois se escan-dalosamente isto fosse público, Deus sabe o desdém com que iríamos ser olhados ,porque somos emocionais, não técnicos ou científicos. É Onde se dizem todas as palavras que aparentemente não têm nenhum sentido, e que na escola são substituídas por teoremas. Um local onde as pessoas acendem de novo o seu poeta por um bocadinho. Onde se lê trovas durante duas horas. Tristemen-te, quando se sai desse local, físico ou imaginário, somos novamente entupidos por tudo o que nos rodeia. Agora vejo-nos, e estamos agarrados á matemática, e o poeta voltou a chorar.

Sofia Linguíça

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No colégio onde o filme é retratado venera-se a quantidade em desprimor da

qualidade, ou seja, os professores ensinam os alunos para que estes possam ir

para as melhores universidades, impingindo-lhes as matérias e não os ensinan-

do a pensar por si. O filme ilustra a rigidez e a retidão das regras impostas aos

alunos e á consequente rebeldia por parte deles em quebrá-las. O filme mos-

tra-nos também as relações pais-filhos em que os filhos abdicavam dos seus

sonhos seguindo os dos seus pais, como sucedeu com Neil que queria seguir

uma carreira artística e o sei pai não o permitia. Neil não teve a coragem de se

impor, acabando por cometer o suicídio. No colégio, o professor Keating expli-

cava a matéria de um modo completamente diferente, motivava os alunos, in-

centivava-os a falar, a intervir, a pensar e deixava-os correr riscos pois confiava

neles. A expulsão de Keating não conseguiu deter as suas lições e ideias, estes

encontravam-se nos corações dos próprios alunos, sendo isso depois refletido

nos seus comportamentos no final do filme. Houve uma expressão do profes-

sor, cito “Carpe Diem” que tem como significado “aproveita o dia”, com isto,

permitiu com que os alunos vissem a vida de uma perspetiva diferente, mais

alargada, avaliassem as suas crenças, pois ao longo dos tempos a escola tinha

como único objetivo a obtenção de bons resultados académicos, criando uma

forte barreira para serem criativos e de usufruírem de um pensamento pró-

prio.

Ana Rita Namura da Silva

...CARPE DIEM...

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O clube dos poetas mortos “Fui à floresta porque queria viver profundamente e sugar a essência da vida. Eliminar tudo o que não era vida. E não, ao morrer, descobrir que não vivi”. Vou ler em voz alta, vou subir para cima de uma mesa, vou deitar-me debaixo dela e vou ver de todas as perspectivas que eu consiga. Vou estar em movimento e ela irá se encontrar parada no mesmíssimo lugar e ao mesmo tempo eu vou estar parada enquanto ela se encontra em movimento em meu redor. Vou estar ali, vou fechar os olhos e ao mesmo tempo sei que irei ver de muitas mais perspectivas do que aquelas que me foi permitido ver até hoje, mesmo de olhos bem abertos. Vou escrever com a alma e não ter medo de o dizer. Vou abrir os olhos novamente, vou sorrir e proferir cada palavra que eu escrevi sem medos, vou rasgar páginas chatas e reescreve-as eu mesma, vou ser um dia artista porque assim eu quero, e no outro dia serei jogadora profissional do último jogo da minha lista, vou ser talvez pintora de qua-dros abstractos e quem sabe escritora de histórias infantis, e por fim depois de tudo isso irei ser poeta, não num dia, mas em todos eles sem excepção. Vou testar um pouco de tudo e não vou que-rer ter o completo de nada, vou amar até ao limite, vou chorar até as lágrimas secarem, vou rir até ficar sem fôlego e vou correr até ao horizonte, ou mesmo até depois dele. Vou fazer tudo isso ao mesmo tempo que continuarei aqui sentada. Vou ser feliz porque sou livre e vou ser livre porque sou feliz. Vou viver intensamente até ao último segundo. Neste segundo, e neste também. Nestes e em todos os outros que se seguirem. Porque um dia, “um destes” (segundos) será o último e quan-do esse último chegar eu quero estar completa. Completa de nada mas a transbordar de tudo. Tal-vez não tenha sido ontem totalmente livre mas hoje ainda o posso ser, e se for essa a minha esco-lha, nenhum outro ser a pode impedir. São morais proferidas nas entrelinhas como estas, que tanto me prenderam ao clube dos poetas mortos. Este não é apenas um filme como tantos outros de co-légios masculinos, com rapazes extremamente disciplinados até ao dia em que descobrem que exis-te uma vida atrás do livro. Mas é sim, um filme que nos ensina que é preciso saber reescrever os livros, reeditar as histórias e abrir a mente. Desta vez não apenas para ir um pouco mais além, mas para ir o todo mais além, para viver, não apenas para fazer as horas, os dias e os anos passarem. Para nos ensinar não apenas como passar o tempo, mas sim como é viver, o que é viver e o que é a vida, a verdadeira essência da vida, seja ela qual for. E acho que acima de tudo é essa a mensagem que o filme nos passa, que para viver a vida verdadeiramente não é preciso mil anos, é preciso ape-nas uma alma recheada de sonhos e pensamentos fortes. Um poeta é um sonhador e um sonhador pode ser qualquer coisa que ele deseje. E na minha opinião o filme é uma verdadeira obra de arte, não por nos dizer que temos de aproveitar a vida, mas sim pela maneira como essa mensagem nos é transmitida. Deste o simples facto de o segundo antes de um insignificante chutar de uma bola se tornar num cume de liberdade tão grande que acaba por se tornar numa das mais incríveis procla-mações poéticas de sempre, até ao ponto de posteriormente “um alguém” optar pela morte em lugar de uma vida determinada por terceiros. E se aqui o suicídio foi um acto livre, então, a perso-nagem demostra melhor que ninguém o ideal do filme. Para viver não é preciso uma vida longa mas sim saber aproveitar cada segundo de uma vida curta. E eu, eu hoje estou aqui, estou aqui porque quero estar, estou a ler este texto porque o quero ler e talvez um dia esteja a ler este ou um outro texto, num lugar totalmente diferente, talvez um dia parte deste texto faça parte de um dos meus livros já editados ou então talvez nunca mais o leia, talvez nunca mais ninguém o leia. Mas isso tam-bém não me importa porque num determinado momento da minha vida eu o escrevi, eu o li, e cada palavra proferida fez diferença pelo menos a uma pessoa, a mim mesma. E sabem que mais, sim “é preciso rasgar-se as introduções e extinguir o ensino de técnicas de entendimento” comuns, obri-gando cada um a “criar a sua maneira de pensar”. E por isso mais uma vez digo, que se lixem os es-tereótipos e os ideais perfeitamente concebidos pela nossa sociedade retrógrada, se querem viver então força, “Carpe Diem”, aproveitem o dia ao máximo.

Tânia Amaral

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Liberdade é Viver…. (baseado no filme: “Dead Poets Society”)

O Clube dos poetas Mortos é sem dúvida alguma uma magnífica encenação onde a liberdade é a grande mensagem que o filme pretende transparecer. Ao longo de toda a metragem, todos aqueles jovens são totalmente oprimidos e colocados numa cú-pula onde a liberdade e a possibilidade de expressão estão totalmente colocados num Mundo longín-quo. Em todos aqueles jovens não existia nada que eles próprios pudessem ter total controlo, eram considerados próprios robots das suas vidas. Estes não tinham a capacidade de viver por eles e que de certa forma, era rapida-mente substituída por outras identidades que os comandavam. Aquelas vidas não eram vidas, mas sim existências necessária à felicidade de outros. Com o filme, todos aqueles jovens percebem o grande poder de liberdade que até então desconheciam na totalidade. Como não podia deixar de ser o grande meio de transporte para tal mu-dança foi a grande narrativa dos poetas, a Poesia. Desconheço algo melhor, do que a esta para conseguir mudar a perspetiva de todas aqueles mentes distantes do Mundo Real. Em muitos casos estavam tão presos ao triste que nem tinham a capacida-de de soletrar palavra após palavra, frase após frase… As amar-ras eram tão fortes que não existia a possibilidade de serem soltos por si próprios. Ao longo de toda a encenação existe uma mudança não só de pensamentos, de estados de alma, e até mesmo de pessoas… Uma única pessoa juntamente com o grande espetacular da poesia conse-guiram transformar toda aquela obscuridade. No final do filme, ao terem de enfrentar uma situação de confronto com o poder de liberdade, todos eles se manifestam soltando todas as lições até então consolidadas. É notório ao longo de todo o filme uma clarificação de uma subjetividade totalmente roubada, ou seja, existia a negação de liberdade à qual se dá a forte designação de violência. Tudo era completa-mente uniforme e encontrava-se de uma forma estereotipada. Para mim, toda aquela situação não era um modo de vida mas sim um modo de criação de seres perfeitos privados de uma vida exterior completamente maravilhosa. É completamente desprezível uma vida não vivida por nós próprios, onde os sentimentos não exis-

tem. Não existe possibilidade de dizer um “amo-te” um

“odeio-te” um “gosto” e um “não gosto”. Toda está

subjetividade é retirada de um forma completamente

bruta e mortífera. Por isso a grande mensagem deixada

pelo filme, é para que cada pessoa viva a sua vida de

uma forma livre, de encontro com a sua vontade. Caso

contrário tudo o que possam achar viver é mera hipo-

crisia, onde a única solução pode ser a perda de vonta-

de de viver. Por isso, a grande chave da vida, é ser-mos

nós próprios, contrariando toda a universalidade que possa existir à nossa volta. Afinal de contas o

que nos faz viver é o poder ser diferente de todos os outros e onde o poder dos meus sentimentos

ainda me tornam algo mais diferente e especial. Por isso acima de tudo vivam de uma forma espontâ-

nea e criativa.

IInês André

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MILL

VS

KANT

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Mill e Kant Vejamos a questão pelo seguinte prisma: Mill e Kant são como os dois melhores trabalhadores duma empresa, competindo entre si. São ambos brilhantes mas acabam por ter perspectivas completamente diferentes no que toca às nossas decisões (como as devemos tomar e o que se encontra na base das mesmas). Stuart Mill é um convicto apoiante do Utilitarismo, focando-se nas consequências dos nossos actos, ou seja, nada deve ser feito se puder provocar um mau resultado, o que acaba por limitar o nosso campo de acção. Para além disso, as intenções não têm qualquer valor, apenas as acções praticadas. Neste caso, a expressão “de boas intenções está o inferno cheio” acaba por ter um certo sentido. O pilar do Utilitarismo é o agir sempre de modo a fazer com que o maior número de pessoas seja feliz. Mas será a felicidade algo possível de medir e fabricar? Imaginemos uma situação extrema: Durante um incêndio temos a possibilidade de salvar o nosso melhor amigo ou 8 pessoas com que nunca nos cruzámos na vida. A resposta e atitude óbvia de qualquer humano seria salvar o amigo devido às ligações emocionais inevitáveis. Amamos o que conhecemos e o que temos como nosso. Não fará muito sentido abdicar dos nossos sentimentos e valores pela necessidade de provocar a felicidade geral. Isso é entrar num estado psicótico. Mill nega assim o egoísmo tão tipicamente humano. Mas não será o egoísmo um traço natural da nossa personalidade que se prende com questões de sobrevivência maiores? Já Kant diz-nos que a boa vontade é a única coisa intrinsecamente boa. A intenção conta bastante e é o mais importante independentemente de qualquer resultado posterior da acção. Se a minha intenção era boa, como poderia adivinhar que o resultado no futuro iria ser drástico? O conhecimento humano restringe-se ao tempo vivido, pois não podemos imaginar o depois. Nem sempre a nossa acção tem de ser realizada de modo a provocar a aprovação geral mas sim com o que nos parecer mais conforme na altura em que tomamos a nossa decisão, depende daquilo a que decidirmos dar mais valor. Penso que são ambas teorias interessantíssimas e alvo de reflexões e dissertações infindáveis. O mais interessante, se estivermos atentos, é perceber que Kant, Mill ou qualquer outro filósofo, independentemente do conteúdo estudado e pontos de vista se inclina sempre para a mesma questão comum: O que é o Homem? Quem somos nós?

Tiago Silva

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Diferenças entre Kant e Mill

À medida que o tempo passa e eu me perco cada vez mais entre os meus pensamentos, mais certezas ganho de

que tudo o que existe no mundo não passa de uma constante dúvida. Cada vez mais me deparo com inúmeras

soluções difíceis e contraditórias para um mesmo problema simples. Neste ponto em que me encontro, tudo

passou a ser um problema, tudo passou a conter dúvidas, e quando me refiro a tudo, englobo tudo mesmo.

Desde o simples facto de uma mesa estar parada ou em movimento, de eu ser livre ou determinada ou até

mesmo ao ponto de eu ter passado a vida toda de olhos abertos, sem no entanto ter-me sido permitido ver a

essência de nada. Pegando num molho de dúvidas e contradições existentes em mim, fortaleço-as ainda

novamente, desta vez apoiando-me nas teorias de dois grandes senhores. Falo então de Immanuel Kant e John

Stuart Mill. Debruçando-me então sobre duas teorias éticas bastante diferentes , pois tal como já seria de

esperar ambos os filosofos referidos em cima fundamentam teorias bastante diferentes em relação aos

mesmissimos assuntos. Isto é Kant fundamenta a ética deontológica, e John Stuart Mill fundamenta a ética

consequencialista. A ética deontológica é uma teoria moral segundo a qual as acções devem ser realizadas,

independentemente das consequências que resultem da sua realização. É uma ética centrada na noção do

dever. Isto é, segundo kant a boa vontade é a única coisa absolutamente boa. Isto é, independentemente das

consequências e independentemente de nos prejudicar-mos a nós mesmos e à maioria da socieadade que nos

rodeia. O nosso dever é o nosso dever, e este encontra-se acima de tudo o resto, visto que o nosso dever é único

e inegociável. No entanto, Kant adiciona ainda uma famosa distinção as nossas ações, visto que segundo ele, nós

poderemos agir não somente por dever mas também poderemos agir em conformidade com o dever, isto é, se

realizar-mos uma ação simplesmente por saber-mos que essa é a ação correta , que essa é a ação que devemos

fazer e nada mais nos condiciona a não fazê-la, então esta é uma ação por dever. No entanto, se realizar-mos

uma determinada ação em conformidade com o dever esta significa que mais importante ainda do que o

cumprimento do dever encontra-se o nosso interesse pessoal. Contudo isto não significa que neste tipo de

ações, nós iremos agir de modo contrário ao dever, antes pelo contrário, nestes casos iremos também agir de

acordo com o dever sim. Mas, no entanto precisamis de razões suplementares para o fazer, nomeadamente o

facto de aqui, colocar-mos o nosso interesse pessoal acima do dever. Já Mill fundamenta a ética

consequencialista. Ética esta que é designada por uma teoria moral segundo a qual as acções são avaliadas

como correctas ou incorrectas em virtude das suas consequências. Nomeadamente o utilitarismo, sendo esta

uma das principais formas de consequencialismo. Mill, contrariamente a Kant, pensa que o bem é,

simplesmente aquele, que se revela mais útil à maioria, ou seja o que beneficia o maior número de pessoas

possível. Mill apresenta como princípio da utilidade o princípio da maior felicidade. Assim o agir será eticamente

correcto se proporcionam felicidade ou ausência de sofrimento, sendo deste modo considerados menos éticos

os comportamentos geradores de sofrimento ou de menos felicidade. Em suma,Kant defendia que uma acção

era correcta ou incorrecta, consoante a máxima que lhe deu origem, isto é, defende que os juízos morais da

acção humana não têm como justificação a obtenção de bons resultados ou a sua utilidade avaliando assim as

acções do Homem em função do seu princípio implícito e independentemente dos seus efeitos, tratando-se

assim de uma ética do dever na qual o dever se eleva em relação à felicidade, ao que o ser humano nem sempre

deseja, pois, primeiramente o conceito de dever e só posteriormente o conceito de bem, de felicidade não

tendo justificação a obtenção de bons resultados ou a sua utilidade. Contrariamente a Mill, que defende que as

acções são corretas ou incorrectas, aceitáveis ou inaceitáveis, conforme os seus fins, as suas consequências, pois

as acções deveram ser julgadas de acordo com os resultados que é esperado alcançarem, visto que a felicidade e

o nosso bem-estar pessoal é a finalidade de todas as nossas ações.

Tânia Amaral

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ARISTÓTELES:

"O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar o mestre."

"O homem que é prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz."

"O homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua própria consciência."

"A principal qualidade do estilo é a clareza."

PLATÃO:

"O que mais vale não é viver, mas viver bem".

"A harmonia se consegue através da virtude".

"Teme a velhice, pois ela nunca vem só".

"O belo é o esplendor da verdade".

SÓCRATES:

"A palavra é o fio de ouro do pensamento."

"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus."

"A verdade não está com os homens, mas entre os homens."

"Uma vida não examinada não merece ser vivida."

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Escola: Simples edifício ou conceito utópico?

É certo e sabido que qualquer pessoa da minha idade, se obedecer aos padrões

morais estabelecidos pela sociedade, se encontra a estudar numa escola. À

partida, opinião geral, é o que faz mais sentido pois é na escola que aprendemos

sobre vários assuntos que nos preparem para sermos cidadãos e exercer uma

profissão no futuro. Visto de fora, tudo parece perfeito e nos seus conformes.

Mas a situação é diferente se formos alunos que têm conhecimento da situação

actual e que saibam pensar sobre aquilo que os rodeia. O conceito de escola está

adulterado. Somos bombardeados todos os dias com matérias de várias

disciplinas que não irão ter qualquer aplicação prática na nossa vida nem

contribuem minimamente para o nosso intelecto. De que me irá servir dentro de

10 anos saber que determinados ventos sopram numa região com um nome

russo impossível de dizer por um mero mortal? Para além do mais, muitas vezes

os conteúdos são dados partindo dos pressupostos de que tudo realmente é

assim. Mas a questão essencial que deveríamos colocar a nós mesmos como

estudantes e aos nossos professores é: De onde vem o conhecimento? Decorar

textos inteiros para nos “safarmos” na pergunta de desenvolvimento não é a

solução, o ensino não deveria passar por nos fazer decorar determinados factos

mas sim saber analisá-los, questioná-los, rejeitá-los e percebê-los, perceber os

porquês. Caso contrário, corremos o risco de nos tornarmos autênticas ovelhas

que caminham sempre na mesma direcção. Não seria mais interessante saber

todos os ideais que estão por detrás de uma decisão histórica, do que saber que

ela aconteceu na data x no sítio y? Não será mais importante perceber o que nos

move como seres humanos, o nosso motivo? Tentar compreender minimamente

o nosso modus operandi? A escola deveria ser sobretudo um lugar onde

deveríamos ser ensinados a desenvolver a nossa autonomia e o nosso

pensamento crítico. Não, a Filosofia não é uma disciplina inútil: é aquela que

questiona os conhecimentos sem os dar de mão beijada, o que acaba por ser

criticado por pessoas que se encontram há 10 anos habituadas a um método de

ensino com um ponto de vista objectivo que não se preocupa minimamente em

perceber os pressupostos e que não é capaz de fazer um esforço para pensar,

porque nunca havia sido feito anteriormente.

Este texto pode e deve ser encarado como um manifesto. Como a opinião de

um aluno do ensino secundário que não se conforma com o que vem apenas nos

manuais mas que anseia saber o mundo. Que valoriza mais a experiência. Por

uma educação que estimule a nossa criatividade. Por uma educação que nos

ajude a crescer interiormente e nos dê maturidade. Por uma educação que nos

ajude a pensar e não que nos ensine a obedecer.

Tiago Silva

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FILOSOFIA FINANCEIRA Hoje, vivemos num mundo dominado pelos grandes poderes económico, afirmação corrente nos nossos órgãos de comunicação social. Perante esta afirmação Podíamos pensar que quem produz, “anda na lavoura”, dominaria o mundo, o que teria sentido, pois

quem trabalha deve usufruir de melhor vida do que aqueles que pouco ou nada produzem. Perante uma aná-lise, reflexão, dentro da óptica de quem produz começamos a perceber que quem produz é escravo de um outro grande poder, que nada produz (no sentido da lavoura, de transformar produtos ou produzi-los) mas que domina a economia real, ou seja, o poder financeiro, com todos os seus órgãos, FMI (Fundo Monetário Internacional), Bancos Centrais, Agência de Rating.Emprestam o dinheiro que é de todos nós e depois dizem-nos que com os instrumentos de controlo monetário conseguem controlar a inflação, ou seja, fazer descer/subir preços, injetarem/retirarem liquidez na economia real, no fundo controlarem a nossa vida economica. Podem argumentar dizendo-me, como construtor civil, só recorres ao crédito porque assim o entendes. Ve-jamos se é assim, um construtor civil que recorre ao crédito bancário pode fasear os seus gastos em função do seu rendimento, isto é, ao pagar de modo faseado tem mais tempo para rentabilizar o seu investimento. O construtor que não recorre ao crédito bancário está à partida em desvantagem competitiva com os seus con-correntes. Uma forte razão para recorrer ao crédito bancário. Até mesmo os particulares reconhecem vanta-gem no Crédito Habitação doutra forma nunca teríamos casa própria.Reparem que as empresas (quem pro-duz realmente, necessita das vantagens competitivas que o crédito bancário permite obter). Contudo, ficamos aprisionados, na alçada dos ditames deste mundo financeiro, e o poder passa a estar nas mãos não de quem produz mas de quem empresta dinheiro e cobra um juro. Os defensores do mundo financeiro podem dizer-me, mas nós financiamos a Economia, sem o dinheiro que possuímos para emprestar o desenvolvimento eco-nómico era na realidade bem inferior. Contudo, é neste terreno que temos de colocar as grandes questões, procurar os pressupostos da nossa vida económica/financeira, perceber como o mundo económico, as nossas empresas, e agora de forma premente os nossos Estados são dominados pelo financeiro, correndo o risco de bancarrota ou de insolvência, sobretudo pelo o agiotismo não controlado, encapotado de livre mercado de capitais, ou seja, tudo se passa numa óptica da livre oferta e procura, e neste jogo se estabelece a taxa de juro. Sabemos que isto nem sempre é assim, muitas empresas tem os seus créditos (investimentos) indexados a taxas diretoras( por exemplo, Euribor), e os Bancos Centrais (BCE ,FED, Banco Central do Japão), se subirem as taxas de referência, que também significa começam a emprestar mais caro, os bancos subordinados reper-cutem nos seus clientes, nas empresas. Dito de uma forma clara, as empresas passam a pagar mais pelos em-préstimos contraídos, de tal forma que tem de repercutir tais custos nos preço final dos seus produtos. A vida da empresa depende como vemos da taxa de juro cobrada pelo banco financiador, o chamado Spread (lucro do banco), contudo esta margem pode aumentar se a taxa diretora subir. Dito de uma forma simples, os Ban-cos passam a ganhar mais e as empresas menos. Perguntam-me, como é possível? Deve-se sobretudo ás for-mas de aprisionamento que o mercado financeiro foi colocando no económico. Sem retirar a importância ao mercado financeiro devemos em primeiro lugar tentar percebe-lo, criticá-lo, até para que possa servir-nos melhor. Vejamos, as empresas ao fazer análise de investimentos sabem até onde a taxa de juro cobrada pelo mercados financeiros é suportável, condição necessária do investimento, contudo não está nas suas mãos o limite da taxa de juro, esta é sempre indexada, colocando problemas graves à economia real. Uma das gran-des questões difíceis de resolver, mas que deve ser colocada, é se o mercado financeiro que advoga o desen-volvimento económico, o controlo da inflação através dos seus instrumentos que são poderosos como já vimos, não provocará margens especulativas que não se ajustam ao desenvolvimento da economia real? Por-que não regular a taxa de juro entre parâmetros que seja sustentável o desenvolvimento da Economia real? Seria uma forma de controlar a especulação da própria banca seus agentes e dos especuladores em geral, contudo, perdiam poder, isto é, o sistema financeiro retiraria um grilhão ao mundo económico. Esse é o verda-deiro obstáculo a uma regulamentação séria, ou que visasse efetivamente um livre mercado (falo também de capitais) à maneira de Adam Smith, em que o preço( no caso do mercado financeiro, o juro do capital) fosse estabelecido no jogo livre das forças do mercado, em que nem a oferta nem a procura tem o poder de deter-minar o preço do produto( a taxa de juro, no mercado financeiro), seria o preço justo, a taxa de juro apropria-da.Como sabemos, não é isso que acontece, o mercado monetário com as suas instituições já referidas, mani-pulam a seu belo prazer a forma como enriquecem e deixam ou não enriquecer outros.

…/...

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…/... Uma outra questão que parece-me não menos interessante é, até que ponto alguém que vende dinheiro (cobrando um juro) tem noção que está a especular, não falo dos Hedge Funds( que são a potenciação máxi-ma da origem do problema, e os seus promotores sabem qual a sua base- a especulação), mas da Banca Co-mercial que vive dos empréstimos que faz para a Economia real, para os particulares, que concede crédito sem uma verdadeira análise daquilo que a economia produz, o que estou a afirmar é o desajustamento entre o dinheiro que é emprestado e aquilo que se produz( isto por si, no meu conceito já é especulação). Dois exem-plos, uma família aufere um salário médio mensal que não permite ter capacidade para comprar casa, acon-tecia nos anos oitenta, contudo a banca comercial para angariar mais clientes passou a promover créditos habitação com limites de pagamento (alargados) a quarenta anos, como consequência, os créditos dispara-ram, o preço das casa sobem, aproveitando um aumento distorcido desta procura. Pergunto, essas pessoas melhoraram o seu rendimento, a sua produção? Não. Consequência, endividamento. O mesmo passou-se com os Estados soberanos, crescente endividamento, não acompanhado pela produção dos países. Penso que é na falta de ajustamento entre o que se produz e a dívida que temos capacidade de contrair que reside o proble-ma, com consequências desastrosas para a vida de todos nós. É um claro exemplo que a atuação do mundo financeiro provoca inflação, assim como a sua atuação está longe de perceber a quem e como emprestar, ou seja, concede crédito não considerando apenas a riqueza criada, mas também especulando. É neste ponto que reside um dos problemas fundamentais do mundo financeiro. Exige-se que se faça uma crítica sobre os seus próprios pressupostos. É urgente distinguir margens permitidas das especulativas. Os críticos responde-ram que não é benéfico limitar as leis do mercado. Contudo, devemos perceber que qualquer margem deve estar de acordo com o princípio do balanceamento entre riqueza criada e margens correspondentes. Qualquer margem que se afasta deste princípio deve ser considerada especulativa, destruidora da economia real e por isso mesmo devemos intervir para evitar essas margens. Toda a banca comercial e de investimento tem de fazer essa análise, e deverão ser os reguladores que devem mostrar como fazê-lo. Parece-me que existe obs-táculos, desde a limitação das margens de lucro, perda de poder do mundo financeiro, mas, sem dúvida, um mundo mais sustentável para todos nós. Não defendo a exterminação do mundo financeiro, mas que deve ser reformulado nos seus pressupostos para uma prática diferentes e mais justas para todos nós. Quando falo de uma estruturação dos pressupostos, estou a falar de uma Filosofia que se ajuste melhor à realidade e sobretu-do com preocupações éticas, ou seja, que se preocupe na construção de um mundo melhor.

O Professor: Rui Santos

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FICHA TÉCNICA: Coordenação: Prof. Rui Santos Revisão de Texto: Prof. Rui Santos Edição de Imagem a Cargo dos alunos responsáveis pelos tra-balhos apresentados. Agrupamento de Escolas do Forte da Casa Abril de 2012