Public Management Challenge

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Transcript of Public Management Challenge

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Page 2: Public Management Challenge

O Movimento Minas é um projeto que incentiva o desenho colaborativo de

soluções para questões de interesse coletivo, através da mobilização de pessoas de

alguma maneira engajadas nessas questões. A cada tema, chamados de “desafios”, o

Movimento Minas lança uma pergunta que serve como gatilho para a interação entre

as pessoas via plataforma virtual e encontros presenciais. Através desses espaços, o

Movimento Minas procura não apenas possibilitar a interação desse público, mas

também a geração de ideias que tragam diferentes perspectivas sobre a temática do

desafio. Este documento traz os principais aspectos do mais recente desafio

conduzido pela equipe do projeto, que aborda a profissionalização da gestão pública.

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Page 3: Public Management Challenge

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Page 4: Public Management Challenge

O Movimento Minas é um projeto que

funciona no setor público e vive no seu

dia-a-dia uma série dificuldades que

vários governos brasileiros costumam

enfrentar. E faz parte do nosso papel

enquanto agentes governamentais

encontrar maneiras de resolver esses

problemas, o que passa

inevitavelmente por desenvolver

práticas que dotem o Estado brasileiro

de mais capacidade de transformação

social. Este desafio surgiu dessa

reflexão sobre a necessidade de

melhorar a gestão pública brasileira e

da criação de espaços mais inclusivos

e diversos para pensar novas

iniciativas que potencializem os

esforços e recursos para atender às

demandas da sociedade.

Nesse contexto, considerando que até

então os desafios propostos pelo

Movimento Minas tiveram temas

voltados para fora do governo,

resolvemos abrir um desafio que

trouxesse pessoas de dentro e fora do

setor público para conversar e

desenhar propostas que explorassem

as fronteiras da gestão pública. E para

guiar esse processo, partimos de uma

premissa: para gerar transformações relevantes é necessário colocar no centro do debate o recurso mais valioso em qualquer organização, e principalmente no setor público: as pessoas.

O principal gasto dos governos

brasileiros é com despesas de pessoal,

o que tem a ver com a natureza das

atividades exercidas pelos governos,

que são mais intensivas em recursos

humanos. Diferentemente de outros

setores, no setor público, o que é

entregue aos cidadãos se materializa,

em grande parte, na forma de serviços.

Para fazer este desafio, e conseguir

engajar diferentes cabeças,

estabelecemos uma parceria com os

estudantes universitários dos cursos do

Campo de Públicas. Entendemos que

os ambientes de maior reflexão e

desenvolvimento de novas ideias são

essas escolas, e justamente neste ano

ocorrerá em Minas Gerais um

congresso nessa área reunindo

estudantes de todo o país (ENEAP 2013).

Entendendo o momento que o país vive

como mais fértil à mobilização social,

enxergamos uma grande oportunidade

para convidar pessoas para desenhar

novos rumos para a administração

pública brasileira, e por isso

procuramos envolver, além dos

estudantes, professores, gestores

públicos e especialistas em RH. Apesar

de estarmos em Minas, acreditamos

que tais mudanças devem ser

pensadas enquanto propostas para o

país, e, por isso, ao final deste

processo esperamos contribuir para

que outras esferas catalisem mudanças

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positivas nas suas estruturas, trazendo

novas ondas de inovação na gestão

pública brasileira. E fazer isso de

maneira aberta à sociedade é a

essência do que consideramos mais

valioso para o Movimento Minas.

Este documento tem o objetivo de

tornar público, na forma de um relato, o

que ocorreu nos cinco meses em que

esse processo de colaboração esteve

aberto (fevereiro a junho de 2013). Por

isso o organizamos de acordo com o

andamento das nossas ações:

definição do desafio, levantamento de

ideias e prototipação.

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Para definir um desafio dentro da

temática profissionalização da gestão

pública, a equipe do projeto procurou

duas estratégias complementares e

paralelas. A primeira buscou, por meio

de um questionário virtual, mapear o

público-alvo e pergunta-los sobre o que

torna o trabalho no setor público

atrativo. A segunda estratégia buscou

levantar de forma mais aprofundada

pontos de vista diferentes sobre o

tema, por meio de conversas

individuais e em grupo.

Atratividade do setor público

Foi aberto no site do Movimento Minas um questionário entre os dias 4

de fevereiro e 15 de março de 2013 e

contou com a participação de pessoas

do país inteiro. A partir das respostas

obtidas, pudemos traçar um perfil de

nossos interlocutores em potencial. No

anexo A apresentamos alguns

resultados obtidos.

Grande parte das respostas veio de

universitários (dentre graduados ou

graduandos) ligados ao campo de

públicas, concentrados na região

sudeste. Foi perceptível uma

preferência para o trabalho no setor

público em relação a empresas

privadas e terceiro setor, com destaque

para o poder executivo federal.

Ao serem questionados sobre fatores

estimulantes ou desestimulantes ao

trabalho no setor público, sobressaiu o

sentimento de “trabalhar pela

sociedade” como principal estímulo

positivo. Por outro lado, o excesso de

“Burocracia/Morosidade” foi apontado

como a questão mais desmotivadora.

Outra questão de destaque foi a

remuneração, que foi apontada tanto

como item motivador quanto

desmotivador.

Conversas sobre desafios

O Movimento Minas sempre procurou

aliar a participação online a encontros

presenciais. Tais encontros aumentam

o nível de engajamento e interação,

gerando diversos efeitos de rede no

grupo participante.

Para esse desafio não foi diferente.

Após a coleta de dados pela pesquisa

em nosso site, organizamos um

encontro que reuniu estudantes,

professores, técnicos de governo, além

de membros da sociedade civil

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(usuários do site), para discutir desafios

da profissionalização da administração

pública.

Workshop de escuta: conversas em grupo para

definição do desafio.

Esse encontro aconteceu no dia 9 de

março de 2013, no Palácio Tiradentes,

sede oficial do Governo do Estado de

Minas, e serviu para que os presentes

debatessem questões específicas

ligadas ao tema. Na ocasião, os

convidados foram divididos em grupos

com a missão de levantar questões

essenciais guiados pelos seguintes

eixos:

- Modelos de capacitação e formação

- Seleção e ingresso no setor público

- Carreiras públicas

Todas as informações levantadas na

escuta foram compiladas e serviram

como insumo para a definição do

desafio. Por isso o encontro de escuta

tem especial relevância no processo:

permite refinar o olhar da equipe sobre

o problema principal a ser tratado e

resulta em uma pergunta-chave que

daria o tom de discussão ao longo de

todo o processo.

Observando de perto os pontos

emergentes do encontro, percebemos

que algumas questões perpassam os

três eixos. Ou seja, todos os grupos de

discussão mencionaram em maior ou

menor medida questões como a

necessidade de renovação da imagem

da administração pública brasileira

através da modernização dos métodos

de atração e desenvolvimento de

profissionais. Isso significa, em última

instância, adequar a realidade atual

aos novos perfis de profissionais que

buscam uma formação cada vez mais

interdisciplinar e procuram carreiras

mais flexíveis.

Além disso, outra questão latente nas

discussões, porém não explicitamente

descrita, foi a necessidade de enfoque

em mudanças nos governos municipais

onde, segundo os presentes, se têm a

maior necessidade de alocação de

administradores públicos e,

normalmente, menos recursos para

tanto.

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Após o encontro, nos concentramos

nas questões identificadas na fala dos

participantes, e partimos para um

período de conversas individuais com

profissionais que poderiam ajudar a

refinar nosso olhar.

Foram escutadas pessoas do setor

público e privado para trazer

percepções pessoais sobre os três

eixos que guiaram o encontro de

escuta, e também sobre aspectos

faltantes do panorama traçado.

Com toda essa variedade de

informações combinadas: a pesquisa

sobre atratividade do setor público,

levantamento de informações feito pela

equipe, os insumos gerados no

encontro de escuta e as críticas

surgidas nas entrevistas individuais,

chegamos a quatro premissas, que

seriam os pilares para o problema

central a ser tratado no desafio.

“Como atrair e desenvolver profissionais para transformar a administração pública no Brasil?”. A

pergunta sozinha fica incompleta. Ela

toma forma na medida em que for

pensada em conjunto com as quatro

premissas. No dia 26 de março foi

então aberto no site o desafio , para

guiar uma nova fase de participações

da sociedade pelo Movimento Minas,

desta vez focando em ideias de

soluções para a pergunta. As respostas

deveriam contemplar as premissas,

cada uma refletindo pontos importantes

identificados ao longo da primeira fase.

PREMISSA 1. Despertar o interesse e o conhecimento sobre carreiras públicas: Melhorar o acesso a

informações e despertar o interesse em

candidatos com perfil adequado.

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PREMISSA 2. Repensar os mecanismos de recrutamento e seleção do Estado: Os mecanismos

de recrutamento e seleção influem

tanto no perfil das pessoas que entram

no setor público como na forma como

se preparam para ingressar no Estado.

PREMISSA 3. Desenvolver e engajar os profissionais e reter talentos:

Quem já atua no setor público precisa

manter-se engajado e motivado. É

preciso propor ações para o

desenvolvimento contínuo desses

profissionais em diferentes momentos

ao longo de sua trajetória.

PREMISSA 4. Considerar a realidade dos municípios: é importante propor

soluções aplicáveis ao contexto dos

municípios, onde ocorrem as principais

políticas públicas e onde é mais

carente de mão-de-obra.

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Página do desafio no site.

Page 10: Public Management Challenge

Com o lançamento da pergunta no site

do Movimento Minas, deu-se início às

rodadas de divulgação desse desafio

para o público-alvo. Esse momento foi

importante para que mais pessoas ou

organizações ligadas ao tema fossem

inseridas na construção colaborativa.

Para isso, contamos mais uma vez com

o apoio da equipe organizadora do

ENEAP, que fez rodadas de divulgação

do desafio em várias universidades do

país. Foram ao todo nove

universidades visitadas, aumentando

assim o contato com os estudantes do

campo de Públicas. Além disso, foram

organizados pela equipe do Movimento

Minas três workshops, que não só

serviram para promover o debate sobre

profissionalização da administração

pública, mas também para estimular a

geração e inserção de ideais para o

desafio em nosso site. Um dos

encontros aconteceu na UFMG (3 de

abril), outra no UNI-BH (29 de abril) e a

última na Fundação João Pinheiro (22

de maio).

Ao longo de 41 dias, foram agregadas

65 respostas no site do Movimento

Minas, além de vários comentários em

cada um delas ( Todas as ideias podem ser acessadas aqui ) . A tabela

a seguir mostra algumas categorias

identificadas em cada uma das

premissas.

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Consolidação das ideias

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Page 12: Public Management Challenge

Finalmente, com todas essas ideias em

mãos, pudemos nos organizar para a

fase seguinte do desafio, onde

procuraríamos refinar as ideias e

prototipar algumas propostas. Nessa

fase, contamos com a colaboração da

equipe da MJV Tecnologia & Inovação. Em conjunto, baseado em

na aplicação de abordagens de design,

conseguimos aproximar algumas das

ideias geradas de aspectos que

determinam sua viabilidade,

usabilidade e factibilidade. Com isso,

foi possível engajar potenciais agentes

implementadores dessas ideias no

Governo de Minas, trazendo-os para

tangibilizar as ideias, identificando

obstáculos e procurando representa-la

em funcionamento.

A partir dessa parceria entre a MJV e o

Movimento Minas, deu-se início a um

processo de refinamento das propostas

para o desafio. Em um primeiro

momento, organizamos as 65 ideias

emergentes no site, buscando aquelas

que se adequam melhor aos seguintes

critérios: número de apoios no site,

descrição detalhada (claro

entendimento), diversidade de

premissas contempladas, potencial

agregador, potencial mobilizador em

rede, viabilidade política/ técnica.

Depois disso, buscamos identificar

dentre as ideias que estavam no site,

aquelas que não apenas poderiam ser

alvo de prototipação, mas que, de certa

forma, fossem mais abrangentes, ou

seja, que trouxessem consigo soluções

para um maior número de problemas.

Esse processo implicou em grande

parte na convergência e aglutinação de

ideias distintas, de forma que, ao final,

pudemos chegar a cinco propostas que

seriam então levadas à etapa de

prototipação de baixa fidelidade. É

importante ressaltar que essas cinco

propostas, apesar de serem híbridas,

fruto da fusão de várias ideias

sugeridas no site, buscaram respeitar

ao máximo o perfil das participações

dos usuários no site do Movimento

Minas.

A seguir, apresentamos as ideias

resultantes dessa escolha. Além de

uma breve descrição, cada proposta

tem: público-alvo, restrições, e as

ideias relacionadas que surgiram no

site do Movimento Minas e que

inspiraram sua criação.

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O resultado do processo de convergência das cinco ideias a serem prototipadas pode

ser conferido a seguir:

1. Despertar vocação para o serviço público

Descrição - No momento da escolha da profissão,

carreiras tradicionais como Medicina, Direito e

Engenharia sempre são as opções mais cogitadas

entre os jovens. Dificilmente ser administrador

público é a primeira escolha, seja por falta de

interesse ou, simplesmente, por desconhecimento dessa possibilidade. Por isso, é

preciso não apenas divulgar as opções de carreiras, mas também despertar o

interesse de jovens, de diferentes municípios e regiões, através de um mecanismo de

imersão na rotina e no dia-a-dia do trabalho. O desafio aqui é estimular o intercâmbio

de conhecimento entre administradores públicos em atividade e estudantes do ensino

médio de vários municípios para, eventualmente, despertar nesses últimos a

inclinação para a carreira pública.

Público Alvo: Jovens do ensino Médio

Restrições:

- Envolvimento de municípios de todos

os portes e regiões

- Contrapartidas para o município de

origem

Ideias relacionadas do site:

“Políticas de qualificação no ensino

médio”

“Despertar o interesse dos jovens pela

administração pública”

“Despertar habilidades para se ter

qualidade”

2. Entradas laterais no setor público de profissionais mais experientesDescrição - Muitas vezes profissionais altamente

capacitados e com longa experiência de atuação, seja no

setor privado ou mesmo no setor público, se sentem

desincentivados a participarem de concursos porque não

querem ter que encarar as provas e todo o ciclo da carreira

desde o seu início. Assim, um mecanismo que pode ajudar

no recrutamento de tais profissionais é a possibilidade de

entrada lateral, isto é, no meio ou em níveis já elevados da

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estrutura da carreira. Seria de grande valor para alguns órgãos recrutar gestores

sênior para assumirem funções de direção e assessoramento.

Público Alvo: Profissionais de mercado com mais experiência

Premissas

- Incluir aposentados precoces

- Definir critérios técnicos para balizar a

entrada

Ideias relacionadas do site:

“Entrada Lateral”

“Aproveitar Experiência Profissional de

Aposentados Precoces”

“Definir e cobrar critérios técnicos para

cargos de confiança”

“Processo seletivo para gestores de

projetos”

3. Espaço de troca de experiências entre gestores públicos e privados

Descrição - Encontros que mesclam gestores

públicos (de diferentes esferas de governo e até de

ONGs e OSCIPs) e privados (de diferentes

empresas e organizações) podem ser relevantes

para propiciar ganhos de conhecimento tácito e

intercâmbio de experiências em gestão e outros

temas comuns.

Público-alvo: gestores públicos e privados

Premissas:

- Diversidade de perfis e de pessoas

- Predisposição e interesse de quem for

participar

Restrições:

- Evitar formatos muito expositivos -

palestras e seminários

Ideias relacionadas do site:

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“Facilitar o debate e a troca de

experiências entre gestores públicos e

privados”

“Adotar práticas da iniciativa privada na

iniciativa pública”

“Formação continuada de professores

através de iniciativas público x

privadas”

4. Centralizar informações sobre oportunidades de ingresso no setor público

Descrição - Já existe uma série de instrumentos e

canais consolidados (como revistas, jornais e editais)

para divulgação de oportunidades de concursos no

setor público. No entanto, um canal de centralização de

oportunidades de ingresso exclusivo para

administradores públicos pode ser um instrumento

poderoso para que os interessados possam ter uma

noção mais ampla do campo de atuação e vislumbrar

oportunidades fora da sua própria região. É importante

que esse instrumento incorpore de forma criativa

questões como: possíveis perfis de público e oportunidades além dos concursos

públicos.

Públicos: Aspirantes ao ingresso em carreiras públicas

Premissas:

- Deve ser atrativo e despertar

confiança

- Pode contemplar seleção para cargos

de confiança

- Deve ser transparente

Ideias relacionadas do site

“Divulgação das carreiras do Estado”

“Site nacional de divulgação de

concursos públicos”

5. Alocação e capacitação de recém-concursados por Competências, Habilidades e Atitudes

Descrição - Para melhorar a alocação de servidores

recém-admitidos no setor público, é preciso identificar

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melhor o perfil profissional desses funcionários e desenvolver instrumentos de

capacitação e avaliação para aprimorar sua inserção no setor público. Com essa ideia

podem ser pensados instrumentos como o servidor experimentar diferentes posições e

funções antes de ser inserido em um departamento específico do setor público, ou

cursos para recém-formados, como acontece com diplomatas ou EPPGGs. O mais

importante é que ele tenha uma visão de diversas partes do sistema e que seja

pensado um processo de desenvolvimento ao longo desse período, que trará à tona

suas competências, habilidades e atitudes e permitirá à Administração Pública melhor

alocar esse funcionário.

Público-alvo: Recém-admitidos em cargos efetivos do setor público

Premissas:

- Não mencionar carreiras específicas

- Foco em habilidades, conhecimentos

e atitudes

- Avaliação de desempenho específica

- Incorporar como etapa do processo

seletivo (a pessoa pode ser limada do

processo)

- Período logo após sua entrada - 3

anos (estágio probatório).

Ideias relacionadas do site:

“ Despertar habilidades para se obter

qualidade ”

“Alteração do formato dos concursos

públicos”

“Critérios de seleção para concursos

públicos”

“Habilidades de relacionamento

interpessoais podem ser usadas no

processo de seleção”

“Processo de seleção de acordo com

formação, aptidão e conhecimento”

“Curso de formação para recém-

concursado”

“Após concurso, processo de seleção

para cargos”

“Direcionar os servidores de acordo

com conhecimento, habilidade e

atitude”

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Page 17: Public Management Challenge

Para refinar essas cinco propostas e aproximá-las da realidade de implementação, foi

organizado mais um encontro presencial, dessa vez com o intuito de desenhar

protótipos a partir dessas ideias. No dia 12 de junho de 2013, recebemos na Cidade

Administrativa de Minas Gerais cerca de 30 pessoas, dentre eles membros do

governo, estudantes, participantes do site e membros da iniciativa privada, dispostos

em grupos e incumbidos da tarefa de dar corpo às cinco propostas.

Workshop de prototipação, no dia 12 de junho, na Cidade Administrativa, Belo Horizonte.

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Existem duas dimensões que devem

ser destacadas nesse encontro. Uma

delas relacionada ao conteúdo do

encontro, que foi construído de maneira

colaborativa ao longo do processo e

que foi compartilhado com os

participantes no início do workshop. O

principal insumo que eles tinham eram

as 5 propostas que acabamos de

apresentar.

Além disso, existe uma dimensão da

forma de engajar os convidados,

aspecto no qual a colaboração da

equipe da MJV foi essencial. Não

apenas por trazer material do

workshop, mas pelo desenho da

dinâmica colaborativa, sendo

determinante para dar vazão à

criatividade de todos e fazer desse um

momento distinto da rotina do governo,

onde atores diversos pudessem

interagir de maneira mais leve. Sua

missão era construir representações

das propostas para o desafio proposto:

Como atrair e desenvolver profissionais para transformar a administração pública no país?

Participantes durante a dinâmica criativa “3

brains”.

Foram formados então cinco grupos,

que tiveram uma composição

heterogênea dentro do perfil dos

presentes, e que trabalharam cada um

com uma das propostas durante todo o

dia.

O objetivo dos grupos era discutir a

proposta, trazendo suas percepções

sobre como ela poderia ser

desenvolvida na prática, sem estar

presos a uma Secretaria específica ou

até mesmo uma esfera governamental.

Processo de escolha da proposta de um dos

grupos.

Os grupos tiveram liberdade para

transitar na Cidade Administrativa de

Minas Gerais para conversar com

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Page 19: Public Management Challenge

outras pessoas e coletar opiniões. A

única restrição foi o tempo. Com isso,

cada grupo, ao desenvolver a sua

ideia, optou por um formato diferente:

uns preferiram o registro em vídeo, já

outro grupo escolheu a encenação,

enquanto outro optou por fazer um

teste junto aos servidores da Cidade

Administrativa. Tendo em vista as

particularidades, colocamos a seguir

um resumo da construção de cada

protótipo.

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Protótipo 1: “Pex Pública” – Programa de Experiência Pública

Baseado na proposta: “Despertar a vocação para o serviço público”

O primeiro grupo ficou a cargo da proposta 1, que discutia formatos para divulgação e

atração de jovens para o serviço público e, mais especificamente, para as carreiras de

administração pública. A partir disso, foi elaborado o “Pex Pública”. Para esse projeto, o

grupo imaginou um formato de estágio supervisionado com duração limitada para

jovens do ensino médio, que permita tanto uma experiência profissional para os

candidatos quanto uma oportunidade

de conhecer e, talvez, vislumbrar uma

carreira na administração pública. Para

tanto, foi sugerida pelo grupo a criação

de um portal interativo, onde os jovens

pudessem se inteirar de vagas de

estágio disponíveis e ofertadas por

órgãos públicos. Após a inscrição no

site e, caso o candidato seja aceito,

este seria convocado para um estágio

remunerado de quatro meses. Ali, o jovem passaria por um acompanhamento direto

com um gestor, que atuaria como tutor ao longo de quatro meses. As imagens mostram

um pouco do processo de prototipação que envolveu a simulação do portal e do

processo de acompanhamento do estagiário.

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Protótipo do portal de oferta de estágios da PEX Pública

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Exemplo de alguns quadros da jornada do usuário do serviço desenhado pelo grupo.

Protótipo 2 – “Entrada Lateral”

Baseado na proposta: “Entradas laterais no setor público de profissionais mais experientes.”

O segundo grupo simulou um processo seletivo de contratação de profissionais

através de entrada lateral. No teste, havia dois candidatos disputando uma

vaga para um cargo de gerência em um órgão público hipotético.

A grande ênfase que surgiu da aplicação do teste estava relacionada à

“blindagem” do processo organizacional a eventuais influências de parentesco

e políticas no resultado. Por isso o grupo simulou entrevistas com dois perfis de

candidatos: um claramente qualificado para o cargo e outro pouco qualificado,

porém, parente de um político local, que não

economizou esforços em tentar usar de sua

influência para encaminhá-lo à vaga. No

teste, simularam também o funcionamento de

um órgão de recrutamento para avaliação de

candidatos através de entrevistas e teste de

aptidões específicas para a vaga.

Com o protótipo, o grupo teve que observar

várias barreiras que surgiriam com a entrada

lateral para servidores já atuantes (evitando que esse percorra todas as fases

de um concurso público). No entanto, o foco das atenções deve estar no

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Construção do protótipo pelo grupo “Entradas Laterais”

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formato da seleção: dando ênfase à analise de experiência em gestão em

órgãos públicos, garantindo certa isenção do processo.

Protótipo 3 – “Dedim de prosa”

Baseado na proposta: “Espaço de troca de experiências entre gestores públicos e privados.”

O “Dedim de prosa” foi o projeto idealizado pelo grupo que buscava desenvolver

espaços que estimulassem trocas de experiências entre gestores públicos e privados,

com o objetivo de enriquecer o conhecimento dos profissionais envolvidos de ambas

as esferas.

Sabendo que uma das restrições atribuídas à ideia era justamente a rejeição aos

formatos já tradicionais (como seminários e palestras), o grupo optou por explorar

novas formas de se estimularem interações, dando mais ênfase à espontaneidade e

imprevisibilidade das conversas.

Com isso em mente, os participantes fizeram um exercício de imaginar como seria a

disposição desse espaço informal. Para tanto, desenharam um ambiente amplo, que

inspirasse liberdade e criatividade: com puffs e redes ao invés de cadeiras e mesas.

Segundo o grupo, esse espaço poderia ser reservado para execução de dinâmicas de

conversação e geração de ideias. Tudo de forma não

hierarquizada e natural.

Além do desenho de um espaço físico, o projeto

previa o desenvolvimento de um formato itinerante

para conversas. Por isso, o grupo foi a campo e testou

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Page 23: Public Management Challenge

no espaço dos ônibus circulares da Cidade Administrativa de Minas Gerais qual seria

a melhor forma de se estimular essas interações. Foram inseridos nas paredes e

painéis dos ônibus cartões com provocações que servissem como tema inicial de

conversas.

Protótipo 4: “Paramos de coçar”

Baseado na proposta: “Centralizar informações sobre oportunidades de ingresso no setor

público.”

Ainda que o objetivo principal desse protótipo fosse a centralização de oportunidades

de trabalho para administradores públicos, o 4º grupo sentiu a necessidade de

expandir a abrangência da própria ideia, desenvolvendo não apenas um site, mas

também uma feira que agregasse questões de inovação no serviço público,

apresentadas de forma divertida e interativa.

A criação do 4º protótipo teve como inspiração a necessidade de mudança de

paradigma na forma como os servidores são vistos pela sociedade. Segundo o grupo,

existe uma nova geração de administradores que são competentes e muito distantes

do estereótipo do servidor acomodado e ineficiente. A mensagem principal nesse caso

foi mostrar que existem novas ideias na administração pública que precisam ser

espalhadas para a opinião pública.

Além disso, o grupo decidiu que, para que ambos

os projetos tivessem um impacto proporcional à

mudança de paradigma sugerida, era preciso ter

um nome impactante. Por isso, o projeto foi

chamado de: “Paramos de coçar”. Um título

provocador que fazia menção à mudança de

postura dos servidores públicos.

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Nesse projeto, tanto o site como a feira teriam conteúdos compartilhados. No conteúdo

do site, por exemplo, seria possível não apenas procurar por oportunidades de

emprego, mas também ver vídeos sobre cases de sucesso em administração pública.

Além disso, o grupo previu a confecção de um game onde o jogador pudesse simular

decisões sobre políticas públicas de forma divertida. A feira serviria como uma

materialização dos produtos do site em formato expositivo.

Protótipo 5: Trainees Públicos

Proposta relacionada: “Alocação e capacitação de recém-concursados por competências, habilidades e atitudes”

O último grupo trabalhou com uma das temáticas mais debatidas ao longo do

processo de participação: a alocação e capacitação de servidores. Trata-se de um

tema central para o entendimento dos principais problemas que envolvem a eficiência

no setor público. Após o momento inicial de discussão, o 5º grupo trabalhou com três

momentos do ingresso de servidores recém-concursados: seleção, inserção e

alocação.

A ideia que inspirou o protótipo foi a

criação de um modelo de ingresso que

incluísse ciclos de formação, avaliação de

perfil e políticas de rotatividade em

diferentes áreas durante o estágio

probatório. Esse período seria semelhante

a um programa de “trainee”, em que o

servidor passaria por um curso introdutório, reconheceria áreas diferentes da

organização antes de ser alocado, intercalando experiência prática com cursos

específicos de formação. Após isso, seria possível aloca-lo melhor observando suas

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Simulação do curso introdutório do programa de

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habilidades e competências, e sua adequação a atividades específicas. Para tanto,

seria necessária a criação de um núcleo central de recursos humanos, responsável

pela gestão do processo em parceria com as unidades setoriais de RH. Para o

protótipo, o grupo optou por fazer um vídeo mostrando o funcionamento o processo

desde o ponto de vista do servidor, desde a realização da prova, passando pela

seleção, até o momento em que é alocado.

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Page 26: Public Management Challenge

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Page 27: Public Management Challenge

Chegamos ao final deste desafio com

algumas reflexões sobre contribuições

e desdobramentos possíveis.

Primeiramente, vale ressaltar que o

processo de construção de propostas,

feito de maneira colaborativa em todas

suas fases, traz alguns resultados de

engajamento, que são difíceis de

mensurar, mas nem por isso deixam de

ser tangíveis e extremamente

relevantes para avaliar os resultados

do processo. Ao convidar a sociedade

para colaborar com um tema

essencialmente técnico, sabíamos que

teríamos dificuldades em engajar um

público amplo, mas justamente por isso

focamos a divulgação em ambientes

que já tivessem alguma relação com a

temática. Mesmo assim, tivemos

algumas participações inusitadas de

pessoas que chegaram pelo site e

acabaram se surpreendendo:

“Sempre me senti incomodado por não conseguir opinar, e ser ouvido, pelas decisões que são tomadas diariamente em minha cidade, estado e país. (...) Fiquei muito feliz em constatar que através do Movimento Minas isso está se tornando realidade!” (Lucio Santana)

Se cada uma das cerca de 1000

pessoas que participaram deste desafio

sair desse processo com um olhar

diferente sobre a relação Estado-

sociedade, teremos contribuído para a

mudança de percepção das pessoas

quanto à capacidade de aproximar

Estado e sociedade. Nesse sentido, foi

essencial ter a presença da sociedade

civil, atuais e futuros gestores públicos,

professores universitários, além de

gestores do setor privado, para trazer

diferentes partes do sistema que pensa

e opera a gestão pública.

Outra dimensão de grande relevância

para o projeto diz respeito ao conteúdo

das propostas desenhadas, que por

mais que ainda estejam no campo das

ideias, indicam futuros possíveis para

administração pública brasileira.

Se o engajamento virtual proporcionou

maior abrangência, pela maior

facilidade de acesso ao público, por

outro, os encontros presenciais criam

uma atmosfera de troca de informações

e experiências mais impactantes para

os presentes. Nesse sentido, um

aprendizado que tem sido constante a

cada desafio que fazemos, é valorizar e

reconfigurar os espaços presenciais

que criamos. E uma questão essencial

é aproveitar espaços já existentes.

Com esse intuito, as propostas

surgidas ao longo do processo serão

levadas ao 12º Encontro Nacional dos

Estudantes dos Cursos do Campo de

Públicas (ENEAP) para que sejam

discutidas e priorizadas nesse fórum.

Com essa ação, pretende-se mobilizar

não apenas os estudantes, que serão

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Page 28: Public Management Challenge

futuros administradores públicos,

pesquisadores, professores e políticos.

Isso permite que seja fomentado o

debate e que, com a presença de

atuais especialistas e líderes políticos,

seja criada uma agenda de mais ampla

para o campo no Brasil.

Como contribuição adicional ao

ENEAP, serão feitos esforços para

repercutir as propostas construídas em

outros fóruns, para que não apenas

atores que participaram deste processo

possam reverberar as discussões para

espaços relevantes ao tema, e

aprofundar aquilo que faltou para

transformar ao longo dos próximos

anos essa agenda de propostas em

realizações concretas.

E o recente contexto social brasileiro

não poderia ser melhor para que

propostas como esta ocupem espaço

nas agendas políticas do país. Isso

requer que lideranças do país

reconheçam que a melhoria dos

serviços públicos, tão demandada por

toda população brasileira, seja

propiciada também por reformas que

revejam o modelo de gestão de

pessoas vigente. É necessário pensar

em novas formas de atrair as pessoas

para trabalhar no setor público,

preocupar-se com a oscilação de suas

motivações ao longo da carreira e

facilitar com que os agentes

governamentais estejam

constantemente orientados a serviços

públicos. Este é um grande desafio

para todos os governos do mundo, e

não há soluções únicas e certas.

Portanto, este processo pode ser visto

como um catalizador, diante de tantas

mudanças necessárias. Para gerar

transformações significativas, o

primeiro passo é sempre conversar

sobre futuros possíveis; e esta é, em

última instância, a contribuição deste

projeto.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a todos que participaram deste processo em alguma das

etapas, pois nada aconteceria se não tivessem dispostos a colaborar com a matéria-

prima dessa construção. Além de todas as pessoas que responderam à pesquisa,

foram aos workshops, participaram com ideias ou comentários, agradecemos também

às instituições que colaboraram livremente facilitando de alguma maneira.

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Page 29: Public Management Challenge

Escola de Governo Paulo Neves de CarvalhoFederação de Empresas Juniores do Estado de Minas Gerais - FEJEMGFederação Nacional dos Estudantes de Administração Pública - FENEAPMembros do Congresso Nacional dos Estudantes de Administração Pública - CONEAPMJV – Tecnologia & InovaçãoSecretaria de Estado de Planejamento e Gestão (MG)Universidade Federal de Lavras - UFLAUniversidade Federal de Minas Gerais - Curso Ciências do EstadoCentro Universitário Uni-BH

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Page 30: Public Management Challenge

ANEXO A - Gráficos com os resultados consolidados da pesquisa de opinião sobre administração pública e serviço público.

Foi aberto no site do Movimento Minas um questionário durante 40 dias (do dia

04/02 à 15/03) que contou com a participação de 593 pessoas do país inteiro.

Abaixo temos gráficos com alguns dos resultados consolidados da pesquisa de

opinião sobre administração pública e serviço público.

30

10%

36%

26%

9%

19%

Em qual esfera do setor público você atua ou

gostaria de atuar?MunicipalEstadualFederalNão tenho preferências / in-teresseOther

4% 4% 1%

80%

11%

Região do Brasil

Centro-oesteNordesteNorteSudesteSul

45%

48%

6%

1%

Onde você cursou a maior parte do ensino médio?

Escola públicaEscola particularEscola particular com bolsa de es-tudosOutro

17%

75%

3%2% 3%

Onde você trabalha ou se vê trabalhando?

Setor PrivadoSetor PúblicoTerceiro SetorAcademiaOther

Page 31: Public Management Challenge

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