Publicação de Histórias de Aprendizagem Com as TIC

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  Centro de Competência TIC (Orgs.) Fernanda Maria Pires Ledesma José António Oliveira Duarte

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Publicação de Histórias de Aprendizagem com as TIC

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  • Centro de Competncia TIC

    (Orgs.)

    Fernanda Maria Pires Ledesma

    Jos Antnio Oliveira Duarte

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    FICHA TCNICA

    Ttulo: Histrias de Aprendizagem das (com as) Tecnologias

    Organizadores: Fernanda Maria Pires Ledesma

    Jos Antnio Oliveira Duarte

    Edio: Escola Superior de Educao do Instituto Politcnico de

    Setbal

    Centro de Competncia TIC

    Design Grfico: David Carmo e Fernanda Ledesma

    ISBN: 978-972-8507-19-0

    Data: Junho 2009

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    ndice Apresentao ........................................................................................................ 3

    Do desenvolvimento curricular ao conhecimento profissional ....................................... 4

    Jos Duarte

    Das TIC em contexto educativo s TIC no currculo .................................................... 9

    Fernanda Ledesma

    Natureza e Ambiente em rea de Projecto - 8 Ano .................................................. 17

    Carlos Santos

    Fevereiro Aberto: voltar escola para aprender ....................................................... 25

    Mara Castro

    Da Escola Nasce a Escola: trabalho de projecto ........................................................ 30

    Margarida Teixeira

    A Imagem Digital no Currculo das TIC .................................................................... 35

    Lus Varela

    Desenvolvimento de competncias atravs de aprendizagens centradas nos alunos ...... 44

    Sandra Fernandes

    Conectando Mundos numa Viagem Virtual ............................................................... 51

    Fernanda Ledesma

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    Apresentao

    Nos anos de 2005 a 2008 houve uma enorme quantidade de professores a frequentar

    a Profissionalizao em Servio, consequncia do crescimento da componente de

    tecnologias nos currculos do ensino bsico e secundrio, nomeadamente com o

    aparecimento da disciplina de Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) no 9 e 10

    ano, o que exigiu a contratao de centenas de professores sem habilitao profissional

    para o Grupo 39, actualmente, 550.

    A ESE de Setbal, profissionalizou mais de uma centena destes professores e em

    2005/2006, no mbito da disciplina de Desenvolvimento Curricular e Didctica Especfica, o

    docente da cadeira e os professores em formao sentiram a necessidade de criar e

    partilhar um espao virtual: o Espao 39, alojado em http://nonio.ese.ips.pt/espaco39.

    Desde ento, a se partilharam projectos de boas prticas que foram implementados no

    terreno, se partilharam ideias, orientaes e materiais de apoio.

    Essa experincia gratificante justifica que se deixe um registo, com algumas das

    Histrias que acontecem sempre que se procura a contextualizao das TIC no sentido da

    promoo da Aprendizagem.

    Como todos os espaos de partilha, tambm este teve um ciclo de vida. Aproxima-se

    o final do actual processo de Profissionalizao em Servio, pelo que se deixou de justificar

    a existncia deste espao, com os objectivos com que foi criado, pelo que passar a integrar

    o site do Centro de Competncia em TIC da ESE de Setbal, enquanto este existir.

    Os artigos includos neste documento no constituem qualquer amostra representativa

    das boas prticas produzidas nos ltimos anos. So apenas bons testemunhos de alguns

    professores que responderam a um desafio lanado em Novembro de 2008 e que agora

    culmina na edio desta publicao.

    Com esta iniciativa, o Centro de Competncia TIC da ESE de Setbal articula o

    trabalho que vem desenvolvendo, ao nvel da formao contnua de professores na

    utilizao educativa das TIC, desde 1997, com a experincia da Profissionalizao em

    Servio, uma frente de interveno que acompanhou a vida da instituio desde o seu

    nascimento, em 1985.

    Coordenadora do CC TIC da ESE de Setbal

    M do Rosrio Rodrigues

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    Do desenvolvimento curricular ao conhecimento profissional

    Jos Duarte

    [email protected] Escola Superior de Educao de Setbal

    Jos Duarte iniciou a sua carreira como professor de Matemtica do Ensino

    Secundrio, em 1975. Dez anos depois ingressou na Escola Superior de Educao

    de Setbal como formador na rea da Educao Matemtica e das TIC. O

    desenvolvimento curricular e o conhecimento profissional constituem duas reas

    que tem privilegiado ao nvel dos projectos de interveno e de investigao e

    est neste momento em processo de doutoramento.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    O currculo

    O currculo um conceito multifacetado que serve para indicar coisas to diferentes

    como um programa global de uma disciplina ou nvel de ensino, emanado das entidades

    oficiais, ou o conjunto das experincias educativas que os alunos vivem sob orientao da

    escola.

    De qualquer modo, h muito que deixou de ser aquela lista de tpicos que os

    professores seguiam criteriosamente e que reproduziam por mtodos mais tericos e

    expositivos ou mais prticos e procedimentais, mas em qualquer dos casos alheados dos

    contextos onde se inseriam: os seus alunos, com as suas histrias pessoais e necessidades

    especficas, o meio escolar com as suas dinmicas organizacionais prprias e a envolvente

    social.

    Hoje os currculos oficiais integram cada vez mais, para alm dos contedos, um

    conjunto de finalidades e objectivos, indicaes metodolgicas sobre como conduzir o

    processo de aprendizagem, sugestes sobre processos de trabalho e experincias

    diversificadas que devem ser proporcionadas aos alunos e indicaes para usar diferentes

    dimenses e instrumentos de avaliao (Brocardo, 2001).

    Do currculo ao desenvolvimento curricular

    Todos sabemos que entre o currculo prescrito que chega escola, ao que lido e

    filtrado pelas diferentes concepes e formaes dos professores, ao que levado prtica

    em sala de aula e ao que realmente aprendido pelos alunos, existem enormes diferenas

    (Gimeno, 1998).

    O professor cada vez mais chamado a intervir neste processo de desenvolvimento,

    onde discute, elabora tarefas e cria materiais de trabalho adequados s suas turmas e

    alunos, sugere articulaes com temas de outras disciplinas ou simula problemas inerentes

    a diferentes contextos profissionais (Pacheco, 1996). Este trabalho de criao e

    desenvolvimento curricular facilitado se ocorrer no seio de um grupo que se encontra com

    alguma regularidade, mas que pode ser mediado por plataformas de gesto de

    aprendizagem a distncia. Encontrar e discutir boas ideias como suporte a tarefas que

    constituam desafios, a sua articulao em sequncias coerentes e a reflexo sobre os

    resultados da sua implementao em sala de aula, constituem um processo onde o

    professor aprende progressivamente a ensinar e se desenvolve profissionalmente.

    O conhecimento profissional para ensinar

    O conhecimento profissional do professor, embora conceptualizado de diferentes

    formas por diferentes autores, parece integrar o conhecimento de si prprio, dos contextos

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    e os aspectos mais directamente ligados com a actividade de ensinar (Elbaz, 1983;

    Shulman, 1986).

    Perceber qual o conhecimento que o professor precisa para ensinar, quais as suas

    componentes e como elas so mobilizadas, quando prepara e conduz o ensino na sala de

    aula, tem sido objecto de muitos esforos da investigao, ao longo dos anos.

    Muitos pensaram que um bom domnio dos contedos da disciplina a ensinar eram

    suficientes, outros defenderam que uma boa experincia prtica de ensino bastavam e

    outros ainda, que alguns conhecimentos de pedagogia, aliados com algum engenho e arte

    faziam um bom professor.

    Sem procurar antagonismos e falsas dicotomias, procurarei apenas identificar e

    caracterizar muito brevemente algumas vertentes do conhecimento profissional que esto

    associadas ao que designarei por conhecimento didctico, directamente ligado com a prtica

    lectiva: o conhecimento da disciplina para ensinar, o conhecimento dos alunos e dos seus

    processos de aprendizagem, o conhecimento do currculo e o conhecimento do processo de

    ensino (Canavarro, 2003).

    O conhecimento da disciplina para ensinar uma primeira dimenso que envolve o

    conhecimento do contedo disciplinar (factos e processos), dos principais conceitos e as

    suas articulaes e conexes e da forma como esse contedo se pode tornar claro e

    compreensvel para os alunos, aquilo que alguns designam como o conhecimento

    pedaggico do contedo. Ser capaz de ver os assuntos integrados numa rede de conceitos e

    de relaes, torna o professor mais capaz de ensaiar explicaes alternativas, perante

    dificuldades dos alunos, de criar tarefas cognitivamente exigentes e de ter flexibilidade para

    reorientar caminhos na fase de explorao das tarefas (Sowder, 2007).

    Conhecer os seus alunos, implica perceber o estdio dos seus conhecimentos actuais,

    as suas concepes, as suas disposies e a forma como enfrentam e resolvem os

    problemas. Este conhecimento que pode ser obtido, por exemplo, atravs da observao,

    de processos de comunicao que desenvolve e da anlise dos trabalhos dos alunos, quando

    integrado no planeamento do ensino pode ser um importante contributo para a

    aprendizagem (Sowder, 2007; Even & Tirosh, 2008).

    O conhecimento do currculo implica perceber os conceitos nucleares e estruturantes

    da disciplina num todo articulado, conhecer as grandes ideias que favorecem uma

    compreenso conceptual e lhe permitem ter uma perspectiva crtica sobre diferentes

    recursos e mediadores, como os manuais escolares, sites e materiais disponveis na

    Internet, que o vo informar na sua planificao (DEB, 2001; Sowder, 2008).

    Por ltimo, o conhecimento do processo de ensino, onde se integra a planificao e a

    conduo do processo de ensino na sala de aula que se desenvolve com a experincia e a

    reflexo sobre ela. O professor planifica para reduzir a incerteza, mas tambm para criar

    um quadro orientador do seu ensino. medida que se torna um professor experiente, ele

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    desenvolve imagens mentais do ensino, sequncias de ideias a desenvolver, prev possveis

    respostas dos alunos e toma notas que assinalam aspectos a ter em conta. O professor age

    e ajusta constantemente a sua aco de acordo com as respostas dos alunos e a sua

    experincia anterior (Clark & Peterson, 1986; Ruthven & Goodchild, 2008).

    Na conduo do ensino na sala de aula, as principais preocupaes do professor so

    os alunos, que tm uma profunda influncia nas decises interactivas que toma, e as

    estratgias para os envolver (Clark & Peterson, 1986). No chega ter boas tarefas e

    desafios para conseguir que os alunos aprendam. Os aspectos da comunicao, da

    organizao dos processos de trabalho individuais e em grupo, a forma como monitoriza o

    trabalho dos alunos, selecciona algumas das suas estratgias, promove a partilha e integra

    as suas contribuies no curso da aula, determinam em grande parte, o sucesso da

    aprendizagem.

    Criar contextos favorveis ao desenvolvimento profissional e aprendizagem dos

    professores para ensinar, ter em conta estas diferentes dimenses, partir de problemas

    ou pequenos projectos que constituam desafios para os alunos, experiment-los na prtica

    e reflectir sobre essa mesma prtica, num processo em espiral que vai sempre

    acrescentando algo de novo.

    As boas prticas

    O Espao 39 correspondeu a uma ideia que surgiu no mbito da Profissionalizao em

    Servio - Desenvolvimento Curricular e Didctica Especfica, da Escola Superior de Educao

    de Setbal, em 2005/2006, a partir da experincia de trabalho com professores de

    Informtica, do ento Grupo 39, agora 550. A ideia emergiu numa altura em que o grupo

    enfrentava um grande desafio: deixava de ser um pequeno grupo de professores centrado

    na leccionao de cursos de pendor tecnolgico, para se alargar a um numeroso e jovem

    grupo de candidatos a professores ao qual era pedido que leccionassem uma disciplina

    considerada de formao geral e comum a todos os alunos, na charneira entre o ensino

    bsico e o ensino secundrio: a disciplina de TIC. Uma disciplina que se pretende

    transversal, ao servio da prtica, dos problemas e das necessidades dos alunos, baseada

    em metodologias activas de participao e, em particular, capaz de se apoiar na

    metodologia de trabalho de projecto.

    O site que se construiu (http://nonio.ese.ips.pt/espaco39), constituiu durante algum

    tempo um espao de divulgao de projectos, de divulgao de ideias e de partilha e

    comunicao de saberes, este ltimo aspecto, pouco conseguido.

    Talvez a sua melhor contribuio fosse ao nvel da divulgao de boas prticas que,

    embora realizadas num contexto especial do 1 ano da profissionalizao em servio,

    constituram uma referncia para o desenvolvimento de alguns projectos, apoiados em

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    metodologias activas de envolvimento dos alunos na resoluo de problemas e na sua

    relao com a escola e a comunidade.

    Assim, numa altura em que proliferam os espaos sociais da Web 2.0. e numerosas

    comunidades profissionais que se agrupam em torno de interesses mais ou menos

    duradouros, o Espao 39 termina enquanto tal, ficando os seus materiais relevantes,

    disponveis a partir do site do Centro de Competncia CRIE da ESE de Setbal.

    Esta pequena publicao constitui um testemunho de algumas dessas pequenas e

    grandes experincias que envolveram alunos, professores e pais e que fazem parte do

    patrimnio desta jovem comunidade de professores que combina o desenvolvimento

    curricular e o conhecimento profissional como duas dimenses indissociveis do

    desenvolvimento profissional dos professores de Informtica.

    Referncias bibliogrficas

    Brocardo, J. (2001). Investigaes na aula de matemtica: Um projecto curricular no 8.

    ano (Tese de doutoramento, Universidade de Lisboa). Lisboa: APM.

    Canavarro, A P. (2003). Prticas de ensino da Matemtica: duas professoras, dois currculos

    (Tese de doutoramento). Lisboa: DEFCUL.

    Clark, C. & Peterson, P. (1986). Teachers thought processes. In M. C. Wittrock (Ed.),

    Hanbook of research on teaching (pp. 255-296). New York: Macmillan.

    DEB (2001). Currculo Nacional do Ensino Bsico: Competncias essenciais. Lisboa: Editorial

    do Ministrio da Educao.

    Elbaz, F. (1983). Teacher thinking: a study of practical knowledge. New York: Nichols

    Publishing Company.

    Even, R. & Tirosh, D. (2008). Teacher knowledge and understanding of students

    mathematical learning and thinking. In L. English (Ed.), Handbook of international

    research in mathematics education (pp. 202-222). Mahwah, NJ: Laurence Erlbaum

    Associates.

    Gimeno, J. (1989). El curriculum: una reflexin sobre la prtica. Madrid: Morata.

    Pacheco, J. A. (1996). Currculo: Teoria e Prxis. Porto: Porto Editora.

    Ruthven, K. & Goodchild, S. (2008). Linking researching with teaching. In Lyn English (Ed.),

    Handbook of International Research in Mathematics Education (pp. 561-588). Mahwah,

    NJ: Laurence Erlbaum Associates

    Shulman, L. (1986). Those who understand: knowledge growth in teaching. Educacional

    Researcher, 15(2), 4-14.

    Sowder, J. T. (2007). The Mathematical Education and Development of Teachers. In F.

    Lester (Ed.), Second handbook of research on mathematics teaching and learning: A

    project of the National Council of Teachers of Mathematics (1. ed., Vol. I, pp. 157-

    223). Charlotte: Information Age Publishing.

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    Das TIC em contexto educativo s TIC no currculo

    Fernanda Ledesma

    [email protected] Escola Secundria D. Joo II

    Centro de Competncia TIC da ESE de Setbal

    Fernanda Ledesma professora do Quadro de Nomeao Definitiva, pertence ao grupo 550 Informtica. Exerce funes como docente desde 1997, leccionando disciplinas da rea de informtica. Actualmente est na Escola Secundaria D. Joo II Setbal, na qual exerceu o cargo de Coordenadora de TIC e de Delegada Profissionalizao de 2006 a 2008.

    O gosto pela dinamizao de projectos resultou na atribuio do prmio professor inovador 2008 dinamizado pela Microsoft e pelo ME, no mbito do qual representou Portugal 5th European Innovative Teachers Frum, que se realizou em Zagreb, Crocia em 2008.

    No presente ano lectivo est afecta parcialmente ao Centro Competncia em TIC da Escola Superior de Educao de Setbal, atravs da Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular.

    formadora da rea das Tecnologias Educativas da Formao Contnua de Professores, participou tambm nos projectos SeTTIC e CbTIC (Internet no primeiro ciclo de Ensino Bsico).

    Est neste momento a desenvolver a dissertao no mbito do mestrado Gesto de

    Sistemas de E-learning.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    As TIC em Contexto Educativo

    A introduo das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC) em contexto

    educativo tem vindo, passo a passo, a assumir um papel relevante, tendo hoje conquistado

    um espao prprio nos contextos de ensino e aprendizagem e no seio da escola.

    A partir da segunda metade da dcada de oitenta, assistimos implementao de

    vrios projectos educativos telemticos destinados a preparar e incentivar as escolas

    bsicas e secundrias para a utilizao dos meios computacionais. O projecto Minerva, o

    programa Nnio, seguido da iniciativa Internet nas Escolas entre outras, so alguns

    exemplos de dinmicas cuja pretenso era desenvolver o uso das tecnologias nas escolas.

    Entretanto, surgem normativos, que proporcionam o espao desejvel para que os

    professores integrem as TIC em contexto de sala de aula. Exemplo disso o Decreto-lei n.

    6/2001 de 18 de Janeiro que fundamenta e promove a utilizao das tecnologias da

    informao e da comunicao em ambientes de ensino e aprendizagem nas vrias

    disciplinas do currculo do ensino bsico. Este normativo ambicionava a implementao das

    TIC como formao transdisciplinar, vislumbrava que as competncias bsicas em TIC

    deveriam ser desenvolvidas de forma transversal pelas diversas disciplinas. Emergia

    tambm a oportunidade de criar ofertas educativas no mbito das Tecnologias da

    Informao e da Comunicao, integradas como actividades de enriquecimento do currculo.

    Esta legislao abria possibilidades para que os alunos aprendessem a realizar alguns

    procedimentos elementares no uso das TIC, levando a que depois, de forma flexvel e

    faseada, nos processos de aprendizagem transdisciplinar, em tempo significativo de prtica,

    lhes garantisse a transferibilidade das aprendizagens e a autonomia no uso das TIC.

    certo, que se deram passos em frente, pois surgiram alguns projectos dinmicos e

    interessantes em vrias escolas, mas tambm era visvel que nesta altura, a utilizao das

    TIC em ambientes de aprendizagem no atingia, ainda nveis desejados.

    A Reorganizao Curricular do Ensino Bsico, em 2003, constitui as TIC como

    disciplina obrigatria integrando o plano de estudos de 9 e 10 ano.

    O professor face s TIC no Currculo

    A introduo da disciplina de Tecnologias da Informao e da Comunicao, com

    carcter de obrigatoriedade no 9 e 10 ano, arrastou para esta rea os problemas

    existentes noutras disciplinas.

    At ao ano lectivo de 2004/2005 os professores do grupo de informtica leccionavam

    disciplinas de carcter opcional e apenas com alunos do ensino secundrio. Os alunos que

    frequentavam as disciplinas como as ITI (Introduo s Tecnologias de Informao) tinham

    idades superiores a 15, 16 anos e as turmas funcionavam em desdobramento ou seja os

    alunos eram divididos em dois turnos. O seu carcter opcional levava a que apenas

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    frequentassem as disciplinas da rea de Informtica alunos interessados, podemos salientar

    que, os alunos que faziam esta opo, tinham objectivos definidos nos seus estudos, bem

    como o propsito de obter um bom nvel de avaliao que contribusse para a mdia de

    ensino secundrio.

    Assim, o professor do grupo 550 (informtica) depara-se pela primeira vez com

    problemas que no existiam at ao momento nas suas disciplinas, entre eles podemos

    destacar os seguintes:

    So alunos do ensino bsico, frequentam a escolaridade obrigatria, alguns pouco

    motivados para a escola;

    O aluno que frequenta as Tecnologias da Informao e da Comunicao mais

    novo e menos autnomo;

    As turmas so numerosas, o que dificulta as aulas prticas;

    Diminui o tempo que o professor dispe para acompanhar cada grupo;

    Face a um novo contexto os professores do grupo de informtica sentem a

    necessidade de inovar, diferenciar pedagogias, de reflectirem e mudarem as suas prticas

    pedaggicas, no intuito de promover a articulao disciplinar e tambm de motivar os

    alunos e corresponder s suas expectativas em relao disciplina. Neste sentido refere

    Pinto que podemos afirmar ser hoje universalmente aceite a ideia de que, para uma

    sociedade em mutao permanente, s se pode aceitar uma escola em mutao

    permanente tambm. E serve tambm para constatar que ao tentar encontrar novos

    modelos e novas metodologias da aprendizagem no limiar do sculo XXI, as TIC vo

    desempenhar um papel cada vez mais activo, porventura sendo elas prprias motores e

    plos de anlise para que novas possibilidades se criem e se encontrem orientaes.

    (Pinto, M.L.S., 2004:4)

    Com a implementao das TIC como disciplina, pretendia-se assegurar a todos os

    jovens o acesso s tecnologias da informao e da comunicao como condio

    indispensvel para a melhoria da qualidade e da eficcia da educao e formao luz das

    exigncias da sociedade do conhecimento (Joo, 2003:3). Recomenda-se que seja uma

    disciplina essencialmente prtica e experimental. Torna-se, por isso, necessrio implementar

    metodologias e actividades que incidam sobre a aplicao prtica e contextualizada dos

    contedos, a experimentao, a pesquisa e a resoluo de problemas. Neste sentido, as

    aulas devero privilegiar a participao dos alunos em projectos, na resoluo de problemas

    e de exerccios que simulem a realidade das empresas e instituies ou que abordem temas

    de outras reas disciplinares. (Joo, 2003:5).

    Para atingir estes objectivos, o ensino das TIC deve ser feito em articulao e

    interaco com as demais disciplinas, e, deve ser posto em prtica atravs da realizao de

    projectos, uma vez que se pretende desenvolver competncias que ajudem os alunos a

    realizar autonomamente os trabalhos s vrias disciplinas e o apoiem nos desafios ao longo

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    da sua vida. A disciplina de TIC assumiria assim, o papel central na dinamizao de

    projectos promovendo a desejvel transversalidade entre as disciplinas.

    Inovao precisa-se

    O contexto altera-se, comea a generalizar-se o uso das TIC e a facilidade de acesso

    ao equipamento, na escola e no meio envolvente. As Tecnologias de Informao e

    Comunicao tornaram-se num novo meio de ensinar e aprender, oferecendo

    interactividade pedaggica entre professores e alunos. Assim, teremos de confrontar os

    alunos com problemas concretos e significativos, onde se sintam envolvidos e motivados,

    privilegiando as metodologias que beneficiam o saber-fazer e o transformar. Usar as TIC

    no privilegia apenas a memria, mas repousa na imaginao, no trabalho de grupo, na

    iniciativa da descoberta, modificando a estrutura da aula e alterando o papel e o lugar do

    professor na sala de aula.

    Os alunos de hoje, a gerao digital, cresceram com as tecnologias, as TIC constituem

    parte integrante das suas vidas. Desde crianas assumiram um papel interventivo, com o

    comando da televiso na mo, controlam o que querem ver, nas consolas interagem com os

    jogos, em tempo real, por isso, so cada vez menos receptivos a mensagens fechadas

    interveno. Face a este contexto, j no podemos considerar as tecnologias, uma

    novidade, que por si s atraem os alunos, como h algum tempo atrs, emerge a

    necessidade do professor ser criativo quando as utiliza, de inovar, de diversificar

    metodologias para conseguir motivar e envolver os alunos. No queremos com isto

    expressar que todas as metodologias e estratgias implementadas anteriormente devam ser

    substitudas, trata-se sim, de aproveitar as potencialidades de novos recursos e de ajustar

    estratgias e metodologias a cada momento.

    Atendendo s circunstncias e ao contexto actual, cremos fazer todo o sentido utilizar

    metodologias, como a de resoluo de problemas, webquests, e.portflios e metodologia de

    trabalho de projecto, sendo esta ltima sugerida no programa da disciplina, como

    metodologia a adoptar e como contedo a abordar no incio do 10 ano.

    Metodologia de Trabalho de Projecto nas TIC

    "O projecto no uma simples representao do futuro, mas um futuro para fazer, um futuro a construir, uma ideia a transformar em acto".

    Jean Marie Barbier

    Projecto na acepo da palavra significa planeamento de aces, desgnio, teno,

    esboo, roteiro, intento e iniciativa1.

    1 Adaptado de http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx, consultado em Maio 2009

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    Como menciona Leite (2000:2) autores vrios tm-se referido ideia de projecto

    enquanto imagem antecipadora do caminho a seguir para conduzir a um estado de

    realidade. No entanto, projecto no apenas inteno, tambm aco, aco essa que

    deve trazer um valor acrescentado ao presente, a concretizar no futuro. Incorporando estas

    duas dimenses (projecto enquanto inteno e plano antecipador da aco e projecto

    enquanto aco).

    Figura1. Projecto inteno aco (Leite C. 2000:2)

    Sendo um projecto uma ideia para uma transformao do real e a sua concretizao,

    ele deve conduzir a essa transformao (Leite, C., 1997: 182-183).

    Ainda segundo a autora a ideia de projecto curricular parte da crena de que uma

    escola de sucesso para todos e o desenvolvimento de aprendizagens significativas passam

    pela reconstruo do currculo nacional, de modo a ter em conta as situaes e

    caractersticas dos contextos onde ele se vai realizar. Incorpora, portanto, a dimenso social

    da aco educativa.

    O professor um interveniente activo na tomada de decises, na concepo e no

    acompanhamento de projectos. A aco do professor exerce-se, no s ao nvel do

    desenvolvimento do currculo, mas tambm a sua construo. O professor no deve ter um

    papel de simples consumidor do currculo, pode ter o papel de configurador de um currculo

    elaborado ou (re)elaborado de acordo com as realidades onde se vai desenvolver. Esta

    (co)construo prev que se tenha em conta o contexto, o meio em que a escola se insere,

    as particularidades da escola, o espao da sala de aula, a prpria organizao do espao,

    os recursos disponveis, por outro lado as especificidades do grupo de alunos, a faixa etria,

    as suas caractersticas pessoais, o seu ritmo de trabalho, o seu comportamento e o tempo

    de que o professor dispe para implementar as actividades.

    Trabalho de Projecto um mtodo que requer a participao de cada membro de um

    grupo, segundo as suas capacidades, com o objectivo de realizar um trabalho conjunto,

    decidido, planificado e organizado de comum acordo.

    Na Perspectiva de Castro, L. e Ricardo M. (1993:9). O trabalho orientado para a

    resoluo de um problema. Este deve obedecer a certas caractersticas:

    a) ser considerado importante e real para cada um dos participantes;

    b) permitir aprendizagens novas;

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    14

    c) ser de natureza tal que tenha que ser estudado/ resolvido tendo em conta as

    condies da sociedade em que os alunos vivem.

    Vrios autores (Leite et all., 1989; Castro, L. e Ricardo M., 1992) consideram trs etapas

    para a realizao de um projecto, ainda que sem fronteiras rigorosamente definidas.

    (i) Identificao /formulao do problema;

    (ii) Pesquisa/produo

    (iii) Apresentao/globalizao/avaliao

    Em suma, estas etapas desdobram-se em nove fases, como sintetiza a figura

    seguinte.

    Figura 2. Etapas da metodologia de projecto

    Na primeira fase teremos de definir em conjunto com os alunos e de acordo com o

    Projecto Curricular de Turma, no caso do ensino bsico, o problema geral a abordar e

    equacionar sobre os possveis problemas parcelares, de modo a no perdermos o fio

    condutor do projecto, como um todo.

    Refere Leite et al (1989:75) que o problema escolhido pelo grupo formulado,

    descrito at ao pormenor possvel, estudado o seu enquadramento, levantados os

    condicionalismos possveis em funo da seleco dos problemas parcelares, devero,

    Escolha do Problema / Tema Geral

    Identificar problemas parcelares /subtemas

    Preparar e planificar as tarefas

    Recolha de dados

    Tratar os dados

    Ponto da situao Um novo problema

    Preparao da apresentao

    Apresentao

    Identificao

    /formulao do problema

    Pesquisa/

    produo

    Apresentao /globalizao/

    avaliao

    Avaliao

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    15

    ento ser definidas e calendarizadas as actividades, identificadas as necessidades e recursos

    disponveis. Nesta fase inclumos tambm a formao dos grupos, a diviso de tarefas,

    atribuio de papis e responsabilidades a cada elemento do grupo.

    Na fase de pesquisa e produo os alunos devem recolher informao, atravs das

    vrias fontes disponveis: livros; revistas; jornais; internet; recolha de fotografia; recolha

    de imagem com o intuito de elaborar vdeos, fazer entrevistas, aplicar questionrios, entre

    outras;

    conveniente contactar instituies para recolha de informao e estabelecer

    protocolos e parcerias, caso faam sentido, de forma a envolver o meio envolvente e

    contextualizar o projecto, tornando-o o mais real possvel.

    Posteriormente tratam-se e organizam-se os dados recolhidos, fazendo tambm o

    ponto da situao. Pois algumas vezes verificamos que necessrio recuar alguns passos,

    podendo este recuo ser apenas fase de recolha de dados, porque os dados recolhidos, no

    respondem ao problema formulado ou at para reformular o prprio problema, porque

    entretanto surgiram dados interessantes que permitiram novas solues pertinentes para a

    resoluo do problema ou uma nova perspectiva do prprio problema.

    Quando conclumos a segunda fase teremos de preparar a terceira, na qual os alunos

    preparam a apresentao do trabalho, dependendo do formato e do pblico para o qual

    pretendem divulgar o seu projecto.

    Por fim, temos a apresentao do projecto e avaliao final. Na avaliao final,

    algumas vezes pecamos por dar demasiada importncia ao produto final, em vez que

    colocarmos a nfase no processo.

    O trabalho de projecto uma alternativa pedaggica que valoriza o papel dos

    pequenos grupos/pares no processo de ensino e aprendizagem, promovendo a participao

    e cooperao em grupo, que conduziro a alteraes de valores e atitudes. As Tecnologias

    da Informao e da Comunicao apresentam um potencial para tornar a educao mais

    significativa, desde que seja dada oportunidade aos alunos de se envolverem em

    actividades autnticas e/ou responder a desafios e problemas, que podem ser concretizados

    implementando esta metodologia.

    A Metodologia de Trabalho de Projecto centra-se no aluno, e no intercmbio verbal de

    opinies e ideias entre os elementos do grupo, com vista ao desenvolvimento de

    competncias de comunicao oral e escrita. Ao aluno cabe a iniciativa da aprendizagem, a

    fundamentao do projecto em que se envolve. A interaco dos membros do grupo

    permite uma clarificao dos objectivos e uma maior criatividade na elaborao das

    sequncias de trabalho. Nos saberes e competncias adquiridos, aqueles que se consolidam

    mais firmemente e perduram so os que resultam da sua prpria participao no processo

    de aprendizagem. Pode considerar-se um trabalho de descoberta de solues para

    problemas especficos, uma vez que o essencial da aprendizagem no fornecido, mas

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    16

    apenas lhes so dados indicadores. Um processo de descoberta, em que para resolver uma

    situao o aluno desenvolve uma pesquisa conducente aquisio de um novo saber e na

    tentativa de melhor o preparar para a interveno na vida activa. O aluno procede ao

    cruzamento do saber que j possua, com o que acabou de adquirir, reorganizando o seu

    conjunto de informaes.

    O trabalho de projecto, ao possibilitar o envolvimento de todos os alunos de uma

    turma, ou, nalguns casos de vrias turmas, vai ao encontro da ideia de que se aprende

    melhor fazendo e transformando.

    Ao professor cabem, entre outras, as funes de coordenador, facilitador, incentivador

    e amigo. O Trabalho de Projecto requer da parte dos professores uma grande sensibilidade

    e capacidade para apoiar e orientar os grupos de alunos a ultrapassar as dificuldades

    emergentes ao longo do percurso. Se o Trabalho de Projecto no for acompanhado e

    realizado de um modo sistemtico e rigoroso, pode criar uma situao em que a liberdade

    relativa do mesmo, em vez de promover o ensino, se torna um obstculo.

    Assim, em nossa opinio e a par da evoluo da sociedade de informao, as TIC

    tero de ser integradas cada vez mais cedo no percurso escolar, atravs de propostas

    criativas que promovam a pesquisa, a construo colaborativa e a comunicao.

    Em jeito de concluso, foi reconhecendo os desafios que a internet nos proporciona,

    que aceitmos embarcar no projecto Espao 39, com o intuito de partilhar experincias,

    receios e opinies, com os professores do grupo 550, ex-grupo 39, de forma, a juntos

    conseguirmos fazer face a este desafio que o Ministrio da Educao nos lanou, no sentido

    de alterar as nossas prticas educativas.

    Referncias bibliogrficas

    Joo, S. M. (2003). Programa de Tecnologias da Informao e da Comunicao 9 e 10

    anos. M.E. Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular.

    Castro, L. e Ricardo, M. (1993). Educao Hoje: Gerir o Trabalho de Projecto, Lisboa: Texto

    Editora, 2 Edio.

    Leite, C. (2000). Projecto Educativo de Escola, Projecto Curricular de Escola, Projecto

    Curricular de Turma, O que tm de Comum? O que os distingue? Consultado em Maio

    de 2009 em http://www.netprof.pt/PDF/projectocurricular.pdf.

    Leite, E. et al (1989). Trabalho de Projecto 1. Aprender por projectos centrados em

    problemas. Porto: Edies Afrontamento.

    Pinto, M.L.S. (2004). Reflexes em tornos dos novos programas: TIC. Edies ASA.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    17

    Natureza e Ambiente em rea de Projecto - 8 Ano

    Carlos Santos

    [email protected] Escola Secundria Joo de Barros

    Carlos Santos, professor do grupo 550 - Informtica, actualmente est integrado

    no Quadro de Zona Pedaggica.

    Lecciona no presente ano lectivo (08/09) na Escola Secundaria Joo de Barros de

    Corroios Seixal.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    18

    Resumo:

    A utilizao de blogues em contexto educativo uma realidade presente no ensino. Esta ferramenta tem um enorme potencial para o desenvolvimento de projectos de turma, quer pelas funcionalidades que apresenta, quer pela capacidade integradora de outros servios da Web 2.0.

    O presente projecto, explora essas potencialidades tcnicas, no contexto dos objectivos definidos pelo Ministrio da Educao para a rea de Projecto.

    Palavras-chave:

    Projecto, blogues, ambiente

    Este projecto foi implementado com uma turma do 8 ano de escolaridade composta

    por 25 alunos, distribudos da seguinte forma: 15 rapazes e 10 raparigas. Estes alunos tm

    idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos. No que diz respeito ao percurso escolar, 10

    alunos no apresentam quaisquer retenes em anos anteriores, 13 apresentam retenes

    em anos anteriores e 2 no responderam. A totalidade dos alunos inquiridos afirma ter

    computador em casa.

    A imagem abaixo, mostra o blogue da Turma 8E, no endereo

    http://turma8ejbarros.blogspot.com, dinamizado durante o ano lectivo 2007/2008, no

    contexto da rea de Projecto, que ilustra, em parte, a actividade que me proponho

    descrever no presente artigo.

    Figura 3. Blogue da turma 8E2

    No que diz respeito aos objectivos da actividade, sublinho, entre outros (i) a

    importncia de valorizar a histria local e os seus recursos naturais (ii) promover a

    interaco entre a Escola e a Comunidade e (iii) estimular a partilha de conhecimentos e

    experincias.

    2 Endereo electrnico do blogue da turma: http://turma8ejbarros.blogspot.com

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    19

    Iniciei este projecto no 2 Perodo, recorrendo aos grupos formados no perodo

    anterior, com os necessrios reajustes.

    O passo seguinte foi a apresentao do tema globalizador, ou seja, Natureza e

    Ambiente. Aps o levantamento dos subtemas e de um debate com a turma, os alunos

    foram distribudos pelos seguintes temas: Sapal de Corroios; ETAR da Quinta da Lomba;

    Espaos Verdes da Freguesia; AMARSUL; Aves no Sapal de Corroios; Espaos Verdes no

    recinto da Escola; Flora no Sapal de Corroios e Flamingos.

    Antes do incio do trabalho, foi revista a metodologia a abordar no desenvolvimento do

    trabalho em projecto.

    A avaliao desta actividade passou pela elaborao de alguns produtos finais,

    recorrendo a um processador de texto, um programa de apresentaes electrnicas e a

    dinamizao colectiva de um blogue da turma. Foi igualmente sugerido aos alunos para

    avanarem com entrevistas, reportagens fotogrficas, vdeos e outros produtos que

    poderiam enriquecer os trabalhos e promover a utilizao das novas tecnologias de

    comunicao. Alguns dos grupos seguiram estas propostas, nomeadamente a realizao de

    reportagens fotogrficas e posterior colocao on-line.

    No mbito deste projecto propus a realizao de e-porteflios. Aps ter transmitido os

    objectivos da actividade, indiquei a plataforma blogger.com3 para a criao dos espaos, em

    conjugao com o servio Filecrunch.com4 para o alojamento de ficheiros. Desta forma

    procurei potenciar os conhecimentos adquiridos durante o 1 Perodo e mobiliz-los na

    realizao e manuteno do blogue da turma.

    Figura 4. Ligaes no blogue do 8E para os e-porteflios

    A actividade de dinamizao do blogue colectivo teve uma enorme adeso por parte

    dos alunos. Identifiquei como justificaes para este facto a utilizao regular da Internet

    3 http://www.blogger.com 4 http://www.killerstartups.com/Site-Reviews/filecrunch-com-free-file-sharing

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    20

    (recurso bem aceite pelos mais jovens) e a visibilidade/reconhecimento do trabalho

    realizado.

    No contexto em que os diferentes grupos desenvolveram subtemas distintos, a

    Internet e em particular este blogue promoveram a aquisio de contedos diversos. Por

    outras palavras, a publicao dos trabalhos on-line permitiu aos diferentes alunos

    acompanharem e conhecerem os projectos realizados pelos seus colegas de turma.

    A produo de trabalhos on-line possibilitou igualmente o acompanhamento e

    participao dos Encarregados de Educao nos trabalhos dos seus educandos.

    Figura 5. Comentrios de alunos e de um Encarregado de Educao

    Alm disso, este projecto promoveu a interdisciplinaridade, um dos grandes objectivos

    do trabalho em rea de Projecto. Os professores do Conselho de Turma acompanharam os

    trabalhos, sugeriram contedos relacionados com cada disciplina e envolveram-se

    directamente nas actividades respeitantes ao Projecto Curricular de Turma (PCT). Estes

    aspectos so, no meu entender, valores acrescentados.

    importante ainda referir a partilha dos resultados/trabalho com a comunidade

    educativa, como factor de motivao e empenho adicional para os alunos. A interaco com

    o exterior, atravs de comentrios deixados no blogue, despoletou reaces positivas no

    que respeita ao envolvimento da turma na dinamizao do espao on-line e serviu de

    motor para a incluso de novos contedos.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    21

    Figura 6. Mensagem do Presidente do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho

    No que diz respeito metodologia utilizada, solicitei que cada grupo/aluno

    identificasse as informaes relevantes nos seus procedimentos de pesquisa, e as

    partilhasse no blogue, debaixo de um ttulo. Ao longo desses momentos sublinhei por vrias

    vezes que deviam ser evitados textos longos. Esse mtodo de trabalho, permitiu aprofundar

    competncias de pesquisa, tratamento de informao, leitura e sntese, de modo a obter

    resultados significativos.

    Os alunos mostraram motivao em manter o espao actualizado. Esta situao

    promoveu uma pesquisa de contedos mais regular quando comparado com os trabalhos

    realizados com o processador de texto e apresentaes electrnicas. Por essa razo, muitos

    dos apontamentos referidos no blogue, no se encontram no documento final e na

    apresentao electrnica.

    A disponibilizao de recursos e ferramentas mltiplas na Internet (fotografias, vdeos,

    slide shows, mapas entre outros) diversificou os contedos, estimulou a pesquisa,

    aperfeioou competncias tcnicas e permitiu um trabalho diferenciado segundo interesses,

    motivaes e dinmicas prprias de cada grupo/aluno.

    Figura 7. Mapas do Wikimapia.org

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    22

    Figura 8. Galerias do Flickr.com Figura 9. Fotos das espcies arbreas da Escola

    no Slide.com

    Figura 10. Vdeos do YouTube.com

    A interdisciplinaridade pode ser potenciada a diversos nveis, nomeadamente no

    acompanhamento das novidades, por parte de outros professores, na sugesto de

    contedos relacionados com cada disciplina e no envolvimento directo do Conselho de

    Turma, no trabalho realizado em rea de Projecto.

    Tendo por base subtemas relacionados com as realidades da Freguesia de Corroios e

    Concelho do Seixal, onde a escola est inserida, este blogue serviu para despertar o

    interesse e a pesquisa sobre a realidade local. A experincia dos alunos, nomeadamente em

    actividades extracurriculares foi outro aspecto valorizado com a utilizao da ferramenta.

    O balano desta actividade francamente positivo e as expectativas muito

    ultrapassadas. O blogue ganhou vida prpria e os alunos revelaram momentos de dinmica

    e criatividade que superaram o meu diagnstico inicial. Esta actividade exps novas

    dimenses do trabalho, permitindo a aplicao dos recursos mais recentes disponibilizados

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    23

    na Internet (Web 2.0), ao contexto dos projectos desenvolvidos em sala de aula. A

    autonomia e o sentido de responsabilidade dos alunos foram igualmente desenvolvidos.

    A formao especfica em tecnologias, de acordo com as necessidades e os contedos

    publicados, foram aspectos importantes desta actividade. No entanto, ela permitiu ainda o

    desenvolvimento do trabalho em equipa, mostrar a transversalidade dos programas

    disciplinares e facilitar a divulgao dos trabalhos dos alunos.

    Tendo por base esta plataforma, promovi uma actividade interescolar com a

    Professora Ana Domingues da Escola EB23 da Trafaria. O objectivo da actividade foi a

    partilha de experincias, suportado pelos trabalhos que os alunos de uma outra escola

    estavam a realizar. Os alunos da Trafaria utilizaram o sistema de comentrios do blogue do

    8E e os alunos da minha turma usaram o mesmo sistema do blogue do 81. Um momento

    diferenciado e enriquecedor que suscitou reaces positivas de espanto e curiosidade.

    Certamente algo a repetir.

    Figura 11. Comentrios dos alunos da Trafaria

    Uma votao dinamizada pelos alunos administradores no blogue revela a apreciao

    global da turma sobre este projecto:

    Figura 12. Votao inserida no blogue

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    24

    Tambm no mbito do mesmo, promovi a troca de ideias entre os alunos do 8E e os

    alunos do 8F, que estavam a desenvolver um trabalho similar.

    A criao e dinamizao do blogue de turma, no 8E, foi uma das actividades mais

    enriquecedoras que experienciei na minha carreira docente. Por esta razo, voltarei a

    repeti-la no futuro. A preparao das aulas e das ferramentas que apresentei aos alunos,

    cruzou-se com os contributos que eles deram/partilharam. Esta dinmica permitiu-me

    trocar, por diversas vezes, entre o papel do que ensina (professor) e o papel do que

    aprende (aluno), tornando o espao da sala de aula num espao de dilogo.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    25

    Fevereiro Aberto: voltar escola para aprender

    Mara Castro

    [email protected] Escola Secundria Dom Manuel Martins

    Eva Mara dos Anjos Castro, professora do grupo 550 - Informtica, actualmente

    est integrada no Quadro de Zona Pedaggica.

    Lecciona desde 2006 (06/09) na Escola Secundria Dom Manuel Martins em

    Setbal. Lecciona h 5 anos, sendo que nos anos lectivos anteriores foi colocada

    em escolas na zona do Porto, na Escola Secundria Rodrigues de Freitas e na

    Escola Secundria com 3 Ciclo do Cerco.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    26

    Resumo:

    Considero que uma das maiores falhas das nossas escolas a falta de integrao dos Encarregados de Educao na Escola. Com este projecto procurei criar uma oportunidade de unir toda a comunidade escolar, colocando os alunos a ajudar todos aqueles que quisessem regressar escola para aprender.

    Recorrendo inverso dos papis, os alunos passaram a professores e os pais passaram a alunos, mudou-se a perspectiva de cada um, ao mesmo tempo que se aproximaram os

    Encarregados de Educao da escola. Desta forma foi tambm possvel preencher algumas lacunas ao nvel de conhecimentos da informtica que estes tinham, permitindo simultaneamente que os alunos colocassem em prtica os seus conhecimentos.

    Palavras-chave:

    Ensino-aprendizagem, comunidade escolar, encarregados de educao.

    Enquadramento

    Durante a minha curta experincia como docente, cheguei concluso que muitas

    vezes so os pais que esto na base de certos problemas e por isso so eles que devemos

    procurar ajudar.

    Com isto em mente e tendo em conta uma turma onde leccionava a disciplina de

    Instalao, Configurao e Operao em Redes Locais e Internet, um CEF - Operador de

    Informtica, de nvel 2, tipo 3, correspondente ao 9 ano, formulei este projecto: voltar

    escola para aprender - pequenas sesses de esclarecimento de dvidas em que os alunos

    ensinavam os seus Encarregados de Educao a, por exemplo, enviar e-mails, escrever

    cartas, jogar jogos, mexer num computador.

    Mas houve dois problemas que se destacaram partida: primeiro, os alunos no

    querem aturar os seus familiares, razo pela qual no os ajudam em casa; segundo, os

    pais esto muito cansados para se deslocarem escola no fim do dia.

    Figura 13. Figura ilustrativa do funcionamento do projecto Fevereiro Aberto

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    27

    Foi, por isso, preciso contornar as dificuldades, para no haver desculpas, como, por

    exemplo, cruzar os alunos, isto , o filho de A fica com o pai de B. Quem diz pai, diz tio,

    tia, irmo, etc., pois tratou-se de uma actividade aberta comunidade escolar. Quanto ao

    segundo problema, da mesma forma que eram os interessados a dizer o que queriam

    aprender, foram tambm eles a indicar quando que podiam aparecer, criando-se assim

    um horrio de atendimento personalizado.

    A Escola Secundria Dom Manuel Martins situa-se em Setbal, na rea perifrica da

    zona urbana da cidade e pertence a um nvel econmico mdio-baixo. tambm neste

    estrato social que se insere esta turma de 15 alunos, com idades compreendidas entre os

    15 e os 18 anos, com um baixo rendimento escolar transversal a todas as disciplinas e um

    elevado nmero de retenes, sobretudo no 6 ano. A pouca apetncia, motivao e falta

    de pr-requisitos da maior parte dos alunos para um curso de Informtica foi notria ao

    longo do ano (2007/2008). O objectivo dos alunos passava apenas pela obteno do

    diploma escolar com o menor esforo possvel.

    O Projecto

    Esta actividade, intitulada de Fevereiro Aberto, consistiu ento em aproximar a

    comunidade, disponibilizando a sala de aula a quem estivesse interessado em aprender a

    trabalhar em computadores.

    Como tal, durante 3 semanas, no horrio das minhas aulas (teras 5 blocos, quartas

    e sextas - 4 blocos), a sala estava aberta a quem quisesse vir aprender processamento de

    texto, Internet, apresentaes electrnicas, o que quisesse. O tempo de permanncia, os

    contedos a aprender, os dias que vinham e as horas a que chegavam, eram deixados ao

    critrio do aprendiz.

    Foram sempre dois alunos voluntrios a ensinar, mas no os respectivos parentes,

    enquanto o resto da turma realizava as fichas de trabalho com que estavam a trabalhar.

    Para captar participantes, foram elaborados, nas aulas, um cartaz que foi afixado na

    escola e folhetos, cuja distribuio ficou a cargo dos alunos, uma vez que faria parte das

    funes deles nesta actividade, angariar familiares para virem aprender e por isso deveriam

    entregar-lhes os desdobrveis e explicar os objectivos da aco.

    Os alunos/formadores tinham uma ficha informativa que deveriam preencher no incio

    de cada sesso de formao, dirigindo-se pessoa que iam ensinar, para saberem um

    pouco mais sobre ela e o que vinha aprender, colocando assim a responsabilidade toda do

    lado deles.

    Enquanto professora, ia dando orientao, corrigindo-os e ajudando-os, quando no

    se recordavam ou se enganavam no que estavam a transmitir, ao mesmo tempo que ia

    avaliando o seu desempenho.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    28

    Este projecto permitiu aos alunos, colocarem em prtica alguns dos conhecimentos

    que adquiriram ao longo do ano e que serviu como preparao para o estgio que

    frequentaram no final do ano.

    Os familiares quiseram sobretudo aprender processamento de texto e Internet, fazer

    pesquisas e enviar e-mails e como no havia nada preparado, em termos de apoio s

    explicaes, foi uma forma de os alunos potenciarem a sua autonomia e de se colocarem no

    lugar de terceiros, para compreenderem quer o papel dos professores, quer a posio dos

    familiares, com necessidades de aprendizagem superiores s deles.

    A avaliao do Fevereiro Aberto foi baseada num conjunto de factores, agrupada num

    sistema de pontuao e que no final se converteu numa nota da escala de avaliao do

    ensino bsico.

    No seguinte endereo possvel encontrar algumas fotos e o sistema de avaliao por

    pontos, alvo desta actividade, para alm de outros projectos desenvolvidos no passado ano:

    http://cef3icorli.no.sapo.pt/index_ficheiros/Page510.htm.

    Reflexes Finais

    Quanto ao sucesso desta iniciativa, as minhas expectativas iniciais foram

    ultrapassadas, quando vi os alunos a colocarem na prtica aquilo que aprenderam nesse

    ano, com enorme entusiasmo e tambm pela aprendizagem das pessoas que aderiram:

    assistir ao percurso de uma me que chega pela primeira vez, sem saber mexer no rato e

    quando vem pela ltima vez, j no precisa de olhar para a mo, para ver a sua colocao

    na mesa e no ecr, muito significativo!

    Figura 14. Entrega de diploma de Participao

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    29

    Foi muito gratificante ver esta evoluo e ver o empenho dos meus alunos nesta

    actividade que lhes propus. Para alm do know-how que tanto alunos como familiares

    adquiriram, houve ainda uma realizao a nvel pessoal e social, j que este tipo de

    actividade leva a uma aproximao paisalunos e professor-pais. Era este outro dos

    objectivos pretendidos, trazer a famlia escola e acolh-la para a fazer sentir integrada e

    parte do nosso projecto comum.

    importante realar que os ambientes de aprendizagem podem facilitar a construo

    de novos conhecimentos, visto que os alunos aprendem nesses ambientes, procurando

    informao na construo de novos conhecimentos.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    30

    Da Escola Nasce a Escola: trabalho de projecto

    Margarida Teixeira

    [email protected] Escola Secundria Ferreira de Castro

    Maria Margarida Teixeira, professora do grupo 550 - Informtica, actualmente est

    integrada no Quadro de Zona Pedaggica.

    Lecciona actualmente na Escola Secundria Ferreira de Castro em Oliveira de

    Azemis. Lecciona h 8 anos, tendo j percorrido seis escolas entre o sul do pas

    (Olho e Vila Real de Santo Antnio), o distrito de Setbal (Santiago do Cacm e

    Pinhal Novo) e o norte (Espinho e Oliveira de Azemis).

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    31

    Resumo:

    Os Cursos Profissionais nas Escolas Pblicas fazem parte da oferta formativa de nvel secundrio. Esto vocacionados para a qualificao inicial dos alunos, privilegiando a sua insero no mundo do trabalho e permitindo o prosseguimento de estudos.

    Um dos princpios orientadores da organizao e da gesto do currculo do ensino secundrio a flexibilidade na construo de percursos formativos, cuja expresso fundamental nos cursos profissionais.

    Com vista concretizao deste princpio, cada professor deve sugerir solues que potenciem a construo de percursos formativos diferenciados que respeitem, entre outros, os ritmos de aprendizagem dos alunos.

    Numa lgica de integrao, nos cursos profissionais, o aluno no meio em que se insere, aparece como elo de ligao entre a escola e o tecido produtivo/emprego.

    Assim, a utilizao da metodologia de trabalho projecto, favorece a gesto das estruturas

    modulares das disciplinas, caracterstica destes cursos, a articulao curricular e o desenvolvimento de competncias pessoais e sociais adequadas para a formao em contexto de trabalho e dos projectos conducentes prova de aptido profissional. Este artigo consiste na descrio de uma experincia sobre um trabalho de projecto, Da Escola Nasce a Escola, inserido na disciplina de Redes de Comunicao, com uma turma do curso profissional de Tcnico de Gesto e Programao de Sistemas Informticos.

    Palavras-chave:

    Trabalho de projecto, ensino profissional.

    O trabalho de projecto decorreu na disciplina de Redes de Comunicao, integrante da

    componente de formao tcnica do curso profissional de Tcnico de Gesto de

    Programao de Sistemas Informticos, no seu primeiro ano de formao, durante a

    leccionao dos mdulos dois e trs, Redes de Computadores e Redes de Computadores

    Avanado, respectivamente, e consistiu na transformao de uma sala de aula regular num

    laboratrio de informtica. Note-se que este projecto surgiu de acordo com uma

    necessidade efectiva da Escola, expressa como objectivo no seu Projecto Educativo, para o

    ano lectivo 2006/2007.

    Esta disciplina visa dotar os jovens das ferramentas, tecnologias e tcnicas que

    possibilitem instalar, configurar e efectuar a manuteno das estruturas de redes locais,

    assim como desenvolver, configurar e monitorizar Sistemas de Informao que necessitam

    dessa infra-estrutura para o seu correcto funcionamento, j que actualmente a

    indisponibilidade destas infra-estruturas, ou dos servios e recursos que as usam, implicam

    prejuzos importantes para o tecido empresarial.

    Para dar cumprimento a estes objectivos, defini, para esta disciplina, um projecto de

    formao profissional que decorre em contextos educativos mais amplos, mais

    diversificados e ligados realidade social. Toda a realidade envolvente , potencialmente,

    utilizvel como recurso de aprendizagens. fundamental criar condies para que os alunos

    contactem com o maior nmero de experincias, em contexto real de trabalho.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    32

    Numa primeira fase, depois da definio do projecto e da aquisio de pr-requisitos

    para a realizao das tarefas, os alunos procederam ao levantamento de necessidades e

    requisio do material necessrio. Destas actividades resultaram a planta da sala e um

    oramento.

    Seguidamente, comearam as aulas eminentemente prticas, os alunos comearam os

    trabalhos relativos colocao de calhas e da cablagem estruturada e implementaram uma

    rede local no mbito geogrfico da sala de aula.

    Na etapa seguinte, o projecto ganhou uma nova dimenso transdisciplinar. Na

    disciplina de Arquitectura de Computadores, os alunos estudaram todo o hardware que

    constitui um computador e atravs deste projecto, na prtica, procederam assemblagem e

    configurao dos catorze computadores que foram disponibilizados na sala de aula, bem

    como, dos respectivos perifricos. Por ltimo, os alunos interligaram a sala, rede Escolar e

    Internet.

    Este projecto fez a articulao entre os contedos programticos e a sua aplicao na

    prtica. Atravs do manuseamento de objectos, tal qual se apresentam na realidade,

    suscitou nos alunos grande motivao e levou-os a compreender a importncia dos

    contedos tericos inerentes disciplina. Incentivou a aquisio de competncias bsicas

    caractersticas dos contextos profissionais prprios do curso e permitiu aos alunos contactar

    com tecnologias e tcnicas que se encontram para alm das situaes simulveis.

    Para alm das competncias tcnicas, naturalmente, foram ainda desenvolvidas

    competncias pessoais e sociais, como, a comunicao, a cooperao, a iniciativa, a

    autonomia, a capacidade de deciso, a pesquisa e tratamento de informao, a tomada de

    decises sustentadas, a organizao e o cumprimento de normas, indispensveis no

    exerccio de uma profisso e de uma boa cidadania.

    As aulas foram de carcter eminentemente prtico, recorrendo a mtodos de

    aprendizagem activos, trabalho cooperativo, trabalho de grupo e tarefas realmente

    desempenhadas por um tcnico de Programao e Gesto de Sistemas Informticos, de

    nvel trs.

    Como professora, fui responsvel por planear, criar um fio condutor no trabalho,

    planificando as diversas actividades, tendo em conta alunos que aprendem de formas

    distintas, recorrendo ao reforo de tarefas para alunos com atraso nas aprendizagens,

    nomeadamente, o recurso colaborao entre alunos em diferentes nveis de

    aprendizagem, e, por avaliar as aprendizagens dos alunos. Notei que a plataforma Moodle,

    atravs dos seus recursos e actividades, favoreceu este processo, por exemplo, na

    divulgao dos guies individuais de aula ou na recolha dos relatrios de aula.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    33

    Figura 15. Fotografias dos alunos em aco

    A sala de aula tradicional, com alunos sentados, a ouvir a professora, em silncio

    quase sempre forado, a passar conceitos para o caderno, as fichas de trabalho orientadas,

    o manual e a porta fechada, no existe. Ela foi transformada em oficina de trabalho, onde

    alunos e professora se movimentam ao ritmo das actividades, ao som do labor (medem,

    cortam, cravam, furam, ), trocam conhecimentos, expem saberes, consultam diferentes

    bibliografias (revistas, livros, vdeos, apresentaes, ), fazem esquemas, tiram notas,

    discutem possveis solues e, em conjunto, resolvem problemas, tornando o aluno o

    protagonista no seu processo de ensino/aprendizagem, valorizando a sua opinio e

    desafiando-o a conhecer sempre mais.

    A avaliao do projecto incidiu na observao directa do desempenho. Reflectiu, no

    apenas, a verificao da assimilao dos contedos trabalhados, mas se os alunos

    realmente os compreendem e se so capazes de os utilizar efectivamente e de maneira

    autnoma, na execuo das diferentes tarefas propostas.

    Foi de carcter eminentemente formativa e contnua. Incidiu na participao,

    desempenho, interaco, envolvimento, demonstrao do entendimento dos contedos

    propostos, realizao dos relatrios de aula e na organizao dos materiais. Mas tambm

    teve em conta o uso correcto da linguagem tcnica e da lngua portuguesa, oral e escrita, o

    cumprimento das regras de civismo, dentro e fora da sala de aula, o cumprimento das

    regras de higiene e segurana no trabalho e a realizao de trabalhos individuais e ou de

    grupo.

    Reflectindo sobre esta experincia pedaggica, considero-a globalmente muito

    positiva, pertinente e completa. Os alunos ficaram mais motivados e tambm mais

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    34

    competentes. Dos diferentes rgos da escola chegaram manifestaes de reconhecimento

    pelo sucesso do trabalho.

    Concluindo, deixo um apontamento sobre o trabalho desenvolvido por estes alunos,

    registado por uma equipa dos Recursos Humanos da Direco Regional de Educao do

    Norte, que por sugesto do Conselho Executivo da Escola, assistiu a uma aula.

    Da Escola Nasce a Escola. Assim na Escola Secundria Ferreira de Castro em Oliveira

    de Azemis. Conceito sempre novo servido pelo Curso Profissional de Tcnico de Gesto e

    Programao de Sistemas Informticos.

    Fomos encontrar os alunos com a responsabilidade de criar uma sala de informtica,

    desde a colocao de calhas e cabos, at montagem dos computadores e instalao dos

    respectivos perifricos e da configurao da rede.

    Saem bem formados, com o saber fazer bem fundamentado e testado e a Escola ganha

    um novo espao funcional. Uma aposta que deve ter seguidores!

    Equipa da DREN

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    35

    A Imagem digital no Currculo das TIC

    Lus Miguel Varela Fernandes

    [email protected] Escola Secundria de Sampaio

    Lus Varela Fernandes, professor do grupo 550 Informtica - desde 1998 e, ao

    contrrio de muitos colegas, no teve a sorte (ou azar) de leccionar em muitas escolas.

    Comeou na Escola Secundria de Moura, onde leccionou dois anos, depois esteve dois

    anos na Escola Secundria Emdio Navarro de Almada e desde ento lecciona na Escola

    Secundria de Sampaio, em Sesimbra, onde professor do Quadro de Nomeao

    Definitiva.

    Actualmente coordenador TIC/PTE, sub-coordenador da BE/CRE, coordenador da

    rea de Projecto do 3 Ciclo e professor de rea de Projecto do 8 Ano e de Redes de

    Comunicao no Curso Profissional de Informtica. Tambm professor externo na

    Escola Superior de Educao de Setbal, onde lecciona a Unidade Curricular de

    Tecnologias de Informao e Comunicao.

    Do trabalho realizado nos ltimos anos salienta a colaborao no projecto Espao 39 do

    Centro de Competncia da ESE de Setbal e o trabalho intenso no cargo de

    Coordenador TIC na escola onde lecciona.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    36

    Resumo:

    A Imagem Digital no Currculo das TIC foi um projecto desenvolvido com 3 turmas do 10 Ano da Escola Secundria de Sampaio no ano lectivo 2004/2005. A proposta de trabalho passou pela integrao da Imagem Digital com outras unidades de aprendizagem, sem que se verificasse o espartilhamento dos contedos mas, pelo contrrio, que esses contedos ganhassem alguma utilidade e aplicabilidade no contexto do projecto.

    O projecto assentou, essencialmente num trabalho de investigao acerca de uma

    temtica de interesse dos alunos, sobre a qual foi escolhido um assunto para a realizao de uma recolha fotogrfica. Essas fotografias serviram para enriquecer visualmente os trabalhos e, tambm, para a realizao de uma exposio no 3 Perodo, includa num evento com apresentao de trabalhos, palestras, workshop e actividades ldicas.

    Neste artigo tentarei evidenciar o percurso do trabalho desenvolvido nesse ano lectivo, salientando os pontos fortes que valorizaram o esforo e dedicao dos alunos e os

    pontos fracos, to teis no processo reflexivo que a profisso de professor exige.

    Palavras-chave:

    Imagem digital, TIC, trabalho de projecto, workshop, fotografia

    Introduo

    No incio do ano lectivo 2004/2005 surgiu no plano curricular de todos os cursos do

    Ensino Secundrio uma nova disciplina: Tecnologias da Informao e da Comunicao

    (TIC). Foram implementadas, tambm, as salas TIC que abriam uma nova perspectiva de

    trabalho especialmente para os professores do grupo de Informtica. Com o parque

    informtico renovado e com centenas de alunos para trabalhar, as perspectivas eram as

    melhores. No entanto, havia uma novidade que assustava alguns professores e com a qual

    no estavam habituados a lidar: o nmero de alunos 25 a 30 alunos por turma, em

    simultneo. Diversas questes se colocavam: i) com dois ou trs alunos por computador

    como vamos fazer? ii) O que que cada aluno poder aprender numa aula de 90 minutos?

    iii) Que estratgias utilizar para conseguir que a grande maioria dos alunos tenha um

    percurso positivo nesta disciplina? Era um ano de novos desafios e de experimentaes. Um

    ano de novidades e de oportunidades. Tambm eu, como professor do grupo 550, passei

    por estas dvidas antes de iniciar esse ano lectivo. Por ter passado recentemente pelo

    processo de profissionalizao em servio na Escola Superior de Educao, os conceitos de

    Projecto e Metodologia de Trabalho de Projecto estavam ainda muito frescos e foram a

    minha primeira opo para iniciar a preparao dos trabalho a desenvolver nesse ano.

    Decidi ento lanar um projecto que permitisse integrar alguns dos contedos

    programticos da disciplina, que possibilitasse algum tipo de interdisciplinaridade e que

    conseguisse mobilizar e motivar os alunos num trabalho com as TIC.

    Decidi utilizar a Fotografia Digital e os conceitos associados para integrar os contedos

    programticos. Portanto, antes de iniciar o trabalho com os alunos, escolhi uma rea que

    deveria ser comum e o mote para a escolha das temticas a desenvolver. De uma forma

    simplificada, a minha ideia base centrava-se na realizao de um trabalho de investigao

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    37

    no qual deveriam incluir uma recolha fotogrfica associada ao tema. Dessa investigao

    deveriam resultar os seguintes produtos comuns: Relatrio de Investigao utilizando o

    processador de texto, apresentao comunidade escolar atravs de apresentaes

    electrnicas, divulgao do trabalho realizado numa aplicao de paginao electrnica e

    fotografia digital. Posteriormente, com o decorrer do Projecto, outras ideias surgiram no

    seio das turmas e na parte final do ano lectivo foi feita uma apresentao na escola que

    ser relatada mais adiante. O trabalho foi desenvolvido com trs turmas do Ensino

    Secundrio e contou com a colaborao de professores dos respectivos Conselhos de

    Turma.

    Espero que as minhas palavras consigam ser suficientemente claras para que seja

    possvel apresentar e entender os pontos fortes e os pontos fracos mais marcantes deste

    percurso.

    Imagens Digitais e as TIC

    Iniciou o ano lectivo e, numa primeira fase, tentei conhecer as turmas, as suas

    dinmicas, as competncias gerais dos alunos na rea das tecnologias e as suas

    perspectivas para a disciplina. Comecei por trabalhar de forma orientada, com fichas de

    trabalho orientadas e denotei que a grande maioria dos alunos se sente muito bem neste

    formato de aula. Esto muito vocacionados para este tipo de trabalho e revelam alguma

    competitividade na realizao do trabalho proposto. Nesta altura comecei a pensar: ser

    que o trabalho de projecto ser uma boa opo para estes alunos?.

    Figura 16. Design do projecto

    Com pouca experincia na realizao de trabalho de projecto, tambm para mim as

    fichas de trabalho so uma segurana. muito mais fcil preparar e orientar uma aula em

    que tudo est definido partida. Foi ento que recordei alguns dos ensinamentos da

    profissionalizao: no devemos temer a insegurana na nossa profisso, devemos

    enfrent-la e super-la com trabalho significativo com os alunos. O Trabalho de Projecto

    pode, na maior parte dos casos, resultar num trabalho muito mais enriquecedor, tanto para

    os alunos como para o professor, apesar de causar momentos de alguma insegurana e

    instabilidade.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    38

    Depois desta primeira fase iniciei com as trs turmas um primeiro contacto com a

    ideia central do projecto. Enquanto a apresentao era feita, alguns alunos j comeavam a

    demonstrar alguma renitncia ao trabalho que tinham de realizar: Estava mesmo a gostar

    destas aulas, agora temos de investigar?, E quando que vamos tirar fotografias?, No

    podemos ficar a fazer mais fichas de trabalho?, No gosto nada disto. Tentei motiv-los

    ripostando mais ou menos desta forma: Vo ver que vai ser muito mais interessante

    trabalhar em equipa, A investigao no tem de ser obrigatoriamente algo chato ou No

    gostam de tirar fotografias? Ento vamos tentar fazer algumas com mais qualidade, eu

    mostro-vos alguns stios de fotgrafos profissionais para que possam ter alguma

    inspirao. Naturalmente que, naquele momento, no terei convencido muitos dos alunos

    que insistiam nas fichas de trabalho.

    No cedi s presses, iniciou-se a escolha dos grupos e, como normalmente fao,

    no interferi na escolha dos elementos que constituem cada grupo. Julgo que importante

    que sejam criadas equipas que, partida, tenham algumas perspectivas de funcionar bem.

    Limitei-me a sugerir o nmero mnimo (3) e mximo (5) de elementos e a reforar a ideia

    da heterogeneidade da sua constituio. Esta fase era fcil e rapidamente foram feitas as

    escolhas.

    Inicimos o trabalho de planificao geral do projecto, alinhavando, em conjunto, um

    cronograma e definindo como seria a fase de apresentao dos trabalhos. Comearam a

    surgir ideias muito interessantes e sobre as quais ainda no tinha pensado. nestes

    momentos que conseguimos verificar que os alunos podem ser uma ajuda fantstica na

    elaborao de projectos desta ou de outra natureza. Quem trabalha frequentemente nesta

    metodologia entender bem esta ideia, sabero certamente que se a escola tivesse mais

    recursos (materiais e humanos) conseguiria realizar projectos muito mais ambiciosos. Da

    imensido de ideias que sugiram escolheram-se algumas, nomeadamente: Exposio das

    fotografias de cada grupo, Apresentao dos trabalhos comunidade escolar, Convite a um

    fotgrafo de Sesimbra para fazer um workshop e Espectculo musical com grupos musicais

    de alunos da escola. Com base nesta seleco, o culminar do projecto seria uma exposio

    e apresentao de trabalhos na escola no final do 3 Perodo.

    Com o formato da apresentao definido, a maior parte dos grupos entendeu qual

    seria o reflexo e o objectivo dos trabalhos, portanto, a escolha das temticas a investigar

    ficou facilitada. Quando chega este momento em que lhes dada alguma liberdade de

    escolha, normal que apaream os temas eternos da sua faixa etria e do seu contexto

    geogrfico: surf, bodyboard, skate, futebol, etc. ou ento os temas sucessivamente

    trabalhados desde o 1 Ciclo: DSTs, alimentao, reciclagem, problemas ambientais, etc..

    A escolha das temticas era totalmente livre com a limitao intrnseca s caractersticas de

    um dos produtos finais: a fotografia. Ou seja, para alm dos pressupostos inerentes

    escolha dos temas, acrescia a necessidade de existir uma recolha fotogrfica. Os temas

    escolhidos foram muito diversificados, no entanto, uma grande percentagem foi

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    39

    direccionada para o patrimnio histrico do concelho de Sesimbra. As temticas foram

    muito variadas mas, quase todas, sobre o concelho de Sesimbra: Castelo de Sesimbra

    (mitos e lendas) (2), Cabo Espichel (Santurio, Pegadas de dinossauro, Capela) (3), Vila de

    Sesimbra (antes e depois, problemas da vila, Turismo em Sesimbra, Vila Piscatria) (5),

    Espeleologia (Descrio, grutas de Sesimbra) (1), Surf (Influncia na Sociedade) (2) e

    SkateBoard (Histria, o Skateboard em Sesimbra) (1) e A Histria da nossa escola (1). De

    todos os temas escolhidos, muitos deles com alguma qualidade e com interesse no mbito

    curricular de algumas disciplinas dos cursos, h um que rapidamente despertou a minha

    curiosidade, um grupo decidiu investigar sobre a histria da escola, um grande desafio por

    no existir, at esse momento, qualquer documento que reunisse informaes desta

    natureza.

    Iniciou-se a etapa da investigao. Inicialmente, como vem sendo habitual, a maioria

    dos grupos centralizou-se na pesquisa de informaes na Internet. Se para alguns este

    caminho trouxe alguns dados vlidos e importantes, para outros este procedimento foi

    muito desanimador. Altura ideal para o estmulo e o encaminhamento para outras fontes de

    informao, infelizmente menos habituais para a maior parte destes alunos.

    Figura 17. Visita de Estudo ao Cabo Espichel - Grupo de alunos no monumento Me dgua Fotografia: Ana Silva, Elosa Silva, Rita Cidade, Sofia Sousa e Joo Embaixador

    nesta fase que se geram algumas confuses com o formato das minhas aulas de

    TIC. Foram diversos os colegas, incluindo elementos do Conselho Executivo, que me

    chamaram e alertaram para o facto de algumas pessoas acharem que as minhas aulas eram

    uma rebaldaria. Eram alunos a entrar e a sair da sala de aula, ora iam ao Centro de

    Recursos, oram iam tirar fotografias. Mais estranho se tornou quando as alunas que

    realizaram o trabalho sobre a histria da escola decidiram sair da escola para entrevistar

    alguns moradores que assistiram a todo o processo de implantao do edifcio. Todos

    achavam muito estranho que as aulas de Informtica decorriam fora dos laboratrios.

    Actualmente, com o impacto positivo e com a repetio destas metodologias na disciplina

    de rea de Projecto j ningum fica escandalizado, at elogiam esta dinmica. O que

    mudou? Julgo que as pessoas comearam a entender que existe aprendizagem para alm

    das quatro paredes da sala de aula. Confesso que foi estranho e que alguns alunos tambm

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    40

    sentiam que algo de diferente se estava a passar, at porque outros professores de TIC

    estavam a trabalhar de forma diferente, facto que suscitava dvidas. Enfim, com alunos

    fora da sala de aula, na Biblioteca, na vizinhana, na Biblioteca Municipal, Cmara Municipal

    ou no Registo Predial, o processo decorreu com alguma confuso, com muita barafunda,

    com muitas desiluses, mas sobretudo com desenvolvimento de muitas competncias na

    procura de informaes. Neste processo destaco, como exemplo, um grupo de trabalho que,

    a partir do momento que iniciou a investigao, decidiu ocupar a sua tarde livre para reunir,

    semanalmente, na Biblioteca Municipal, no sentido de consultar documentos histricos sobre

    a vila de Sesimbra que no poderiam encontrar/consultar fora daquele local. Estas

    metodologias de trabalho surgiram, essencialmente, de ideias de elementos de cada grupo,

    confesso que fui dando algumas dicas, no entanto as ideias mais interessantes saram das

    discusses dos grupos.

    Neste processo de recolha de informaes, os alunos realizaram tambm a recolha

    fotogrfica. Antes de iniciarem este processo, preparei-lhes uma aula de introduo

    fotografia onde abordei alguns conceitos bsicos relacionados com a histria e evoluo da

    fotografia, aspectos tcnicos da fotografia digital e outros relacionados com a esttica e

    composio de imagem. Sem ser um profissional (nem sequer amador) na rea da

    fotografia, tentei mostrar alguns stios de fotgrafos profissionais, estudantes de fotografia

    ou amantes desta arte. A abordagem no foi muito aprofundada, mas tentei sensibiliz-los

    para a importncia da fotografia na Histria da Humanidade e para as questes da

    composio, de modo a que a sua recolha fotogrfica no fosse somente um amontoar de

    fotografias. Preparados para tirar as suas melhores fotografias, os alunos partiram para o

    trabalho de campo. Foi interessante verificar a quantidade de fotografias que iam fazendo e

    os mecanismos desenvolvidos para a seleco das melhores. Outro aspecto positivo foi a

    interaco que em alguns casos se conseguiu com os Encarregados de Educao. Os

    horrios nem sempre possibilitavam a recolha fotogrfica durante os dias da semana,

    portanto, aos fins-de-semana l iam, alunos, pais e outros familiares, tirar fotografias ao

    Cabo Espichel, ao Castelo, aos surfistas

    Figura 18. Barco de Pesca (Doca de Sesimbra) Figura 19. Fortaleza de Sesimbra Fotografia: Lus Marques Fotografia: Ana Antunes, Cludia Janeiro, Ins Martelo e Joana Graa

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    41

    Outro dos produtos previstos neste projecto era o relatrio final sobre o tema

    investigado. Neste caso, apesar de os alunos j terem tido contacto com a realizao deste

    tipo de documentos e com o processador de texto, investi algum tempo na definio da

    estrutura, na normalizao das formataes, na utilizao de ferramentas avanadas do

    processador de texto (ndices automticos, seces, legendas, etc), nas regras para a

    realizao da bibliografia e tambm incentivar a criatividade e o desenho grfico da

    apresentao. O mesmo se verificou com a realizao dos cartazes, dos flyers e das

    apresentaes electrnicas. Tentei que os documentos seguissem a mesma linha grfica de

    modo a associar todos os produtos ao mesmo tema. Este processo decorreu com

    normalidade, com todos os grupos a mostrarem empenho e com resultados bastante

    satisfatrios para o nvel etrio e acadmico dos alunos. Nesta fase iniciou-se tambm a

    criao de equipas com vista organizao e preparao da apresentao comunidade

    escolar. Surgiu-me pouco antes de partir para esta etapa a ideia de criar equipas inter-

    turmas. Em vez de dividir as tarefas por cada turma, optei por criar grupos de trabalho

    mistos com alunos de cada turma. A princpio pensei que iria ter alguns problemas mas

    criou-se uma dinmica muito interessante. Os grupos iniciaram a preparao dos dias da

    apresentao e exposio de trabalhos. Uma equipa ficou responsvel pela organizao da

    exposio de fotografia, outra pela exposio dos trabalhos e outra pela logstica necessria

    concretizao do Workshop e do espectculo musical. A juntar presena do fotgrafo

    profissional, Carlos Sargedas, que iria dinamizar o workshop e uma palestra, no sentido de

    enriquecer estes 3 dias de exposio, convidei o professor Fernando Pinho da Escola

    Superior de Educao para abordar a importncia e o papel da imagem em contexto

    educativo e foi possvel, pela mesma instituio, a cedncia de um diaporama sobre

    Monsaraz para projeco num dos dias.

    Figura 20. Palestra do prof. Fernando Pinho Figura 21. Palestra do Fotgrafo Carlos Sargedas Fotografias: Roque Oliveira

    O que comeou por ser uma exposio de trabalhos, acabou por se concretizar como

    um mini-seminrio, devido s ideias lanadas pelas turmas. Naturalmente que se tornou um

    processo trabalhoso, com muitas horas de dedicao mas com uma iluso muito grande

    para que chegasse essa semana.

    Chegou o momento esperado. A semana que tinha 5 dias, 3 dos quais dedicados

    exposio, deveria ter mais 4 ou 5, tal no era a quantidade e intensidade de trabalho que

    tinha de ser desenvolvido. O mais curioso verificar a imensido de novas aprendizagens e

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    42

    competncias que adquirimos nestes eventos. Os retoques finais, o palco que no est

    montado, a exposio que no est a ficar como tinha sido planeada, os alunos que fogem

    das tarefas mais rduas, os outros que arregaam as mangas e trabalham at exausto

    so momentos que s quem j se aventurou pode recordar com muita alegria. Nesses 3

    dias as actividades previstas decorreram com os percalos comuns, mas com muita

    participao da comunidade escolar. As palestras foram muito ricas e participadas. Dois

    relatos de experincias de vida que deixaram alguns alunos com ideias mais concretas

    sobre o mundo da fotografia e a importncia das imagens no nosso dia-a-dia.

    Figura 22. Cartaz do evento Figura 23. Espectculo Musical com alunos Fotografia: Lus Varela

    No final desse ano lectivo, olhei para trs e vi um percurso difcil mas com um final

    bastante rico em experincias. Verifiquei que todas as hesitaes e inseguranas foram

    suplantadas e substitudas por uma sensao de dever (mais ou menos) cumprido.

    Naturalmente que o percurso apresentou momentos menos positivos, estratgias mal

    definidas, planos incongruentes aspectos naturais e muito normais para projectos desta

    natureza. E volto a frisar, a minha postura ps-profissionalizao mudou essencialmente no

    sentido de aprender, reflectir e experimentar sem receio de errar mas com uma atitude

    crtica muito acentuada. S assim conseguimos fugir s aulas que nos do segurana total,

    quer em termos de contedos, quer em termos de avaliao dos nossos alunos. Muito alm

    da avaliao esto as competncias e capacidades que se aprendem na entrega a um

    trabalho significativo e contextualizado.

    Para terminar, deixo duas mensagens de alunos que, no final, reflectiram e

    escreveram sobre o projecto realizado.

    Penso que, acima de tudo, o mais importante nesta disciplina foi o facto de termos

    passado a olhar de maneira diferente para o mundo que nos rodeia. Quando vemos um

    anncio publicitrio, um panfleto, um cartaz ou at mesmo uma pgina na Internet,

    passmos a ver com outros olhos. Ou seja, passmos a tomar mais ateno ao modo

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

    43

    como explcita a informao que se pretende transmitir e, em funo do pblico-alvo, o

    modo como foi apresentado. (Joana Graa)

    Gostei destas novas aulas na minha experincia curricular, apesar de ter tido no ano

    passado informtica, mas era diferente deste ano. Pelo que percebi ao falar com os meus

    amigos, o stor estava a levar um plano das aulas diferente dos outros professores,

    porque os outros faziam testes e ns no, achei uma boa proposta e foi bem

    concretizado. Enquanto ns trabalhvamos os outros estudavam e faziam testes e fichas.

    Ento, assim foi uma melhor forma de aprendermos a trabalhar, e para alm disso

    aprendemos a fazer um trabalho de grupo mais completo. (Rui Cardoso)

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    Desenvolvimento de competncias atravs de aprendizagens centradas nos

    alunos

    Sandra Maria Miranda Fernandes

    [email protected]

    Sandra Maria Miranda Fernandes, professora do grupo 550 - Informtica.

    Leccionou na Escola Secundria Dom Manuel Martins e na Escola Secundria

    Padre Benjamim Salgado.

    Realizou a profissionalizao em Servio na Escola Superior de Educao de

    Setbal.

  • Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC

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    Resumo:

    O presente artigo apresenta algumas actividades desenvolvidas com alunos dos cursos tecnolgicos e profissionais de Informtica.

    Estas actividades permitiram diversificar as situaes de interaco entre professores, alunos e encarregados de educao e impulsionar diferentes prticas educativas, no interior e exterior da sala de aula, que implicaram uma diferente gesto do tempo, do espao, dos programas e o agrupamento de alunos (projectos em equipa com alunos de

    diferentes nveis e vrios professores) e a criao de situaes de aprendizagem focadas nos alunos e nas quais estes so os produtores de recursos pedaggicos.

    Palavras-chave:

    Galerias tridimensionais; tutorial; aprendizagem; professores; alunos; encarregados

    de educao; mapas mentais.

    Objectivos de aprendizagem:

    Fomentar o desenvolvimento de competncias ao nvel do trabalho em equipa e,

    consequentemente, uma melhoria nas atitudes e comportamento dos alunos.

    Fundamentao

    Nos anos 60 e 70 assistiu-se ao incio de uma tendncia para a introduo de

    inovaes nas escolas com base no poder coercivo da administrao (Canrio, 1992). Alm

    disso, procurou-se adaptar ao domnio educativo um modelo industrial de produo de

    inovaes (Canrio, 1992). Contudo, os resultados alcanados ficaram muito aqum das

    expectativas o que conduziu a que se questionassem os fundamentos das estratgias para a

    promoo da inovao, visto que a lgica que lhes estava subjacente subestimava a

    especificidade, a singularidade e o potencial criativo de cada escola, bem como as inter-

    relaes e desempenhos dos vrios intervenientes.

    Em contrapartida, nos anos 80 assiste-se ao reconhecimento da crescente importncia

    estratgica do estabelecimento de ensino, enquanto unidade estratgica crucial de uma