Publicação de Histórias de Aprendizagem Com as TIC
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Centro de Competncia TIC
(Orgs.)
Fernanda Maria Pires Ledesma
Jos Antnio Oliveira Duarte
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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FICHA TCNICA
Ttulo: Histrias de Aprendizagem das (com as) Tecnologias
Organizadores: Fernanda Maria Pires Ledesma
Jos Antnio Oliveira Duarte
Edio: Escola Superior de Educao do Instituto Politcnico de
Setbal
Centro de Competncia TIC
Design Grfico: David Carmo e Fernanda Ledesma
ISBN: 978-972-8507-19-0
Data: Junho 2009
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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ndice Apresentao ........................................................................................................ 3
Do desenvolvimento curricular ao conhecimento profissional ....................................... 4
Jos Duarte
Das TIC em contexto educativo s TIC no currculo .................................................... 9
Fernanda Ledesma
Natureza e Ambiente em rea de Projecto - 8 Ano .................................................. 17
Carlos Santos
Fevereiro Aberto: voltar escola para aprender ....................................................... 25
Mara Castro
Da Escola Nasce a Escola: trabalho de projecto ........................................................ 30
Margarida Teixeira
A Imagem Digital no Currculo das TIC .................................................................... 35
Lus Varela
Desenvolvimento de competncias atravs de aprendizagens centradas nos alunos ...... 44
Sandra Fernandes
Conectando Mundos numa Viagem Virtual ............................................................... 51
Fernanda Ledesma
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Apresentao
Nos anos de 2005 a 2008 houve uma enorme quantidade de professores a frequentar
a Profissionalizao em Servio, consequncia do crescimento da componente de
tecnologias nos currculos do ensino bsico e secundrio, nomeadamente com o
aparecimento da disciplina de Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC) no 9 e 10
ano, o que exigiu a contratao de centenas de professores sem habilitao profissional
para o Grupo 39, actualmente, 550.
A ESE de Setbal, profissionalizou mais de uma centena destes professores e em
2005/2006, no mbito da disciplina de Desenvolvimento Curricular e Didctica Especfica, o
docente da cadeira e os professores em formao sentiram a necessidade de criar e
partilhar um espao virtual: o Espao 39, alojado em http://nonio.ese.ips.pt/espaco39.
Desde ento, a se partilharam projectos de boas prticas que foram implementados no
terreno, se partilharam ideias, orientaes e materiais de apoio.
Essa experincia gratificante justifica que se deixe um registo, com algumas das
Histrias que acontecem sempre que se procura a contextualizao das TIC no sentido da
promoo da Aprendizagem.
Como todos os espaos de partilha, tambm este teve um ciclo de vida. Aproxima-se
o final do actual processo de Profissionalizao em Servio, pelo que se deixou de justificar
a existncia deste espao, com os objectivos com que foi criado, pelo que passar a integrar
o site do Centro de Competncia em TIC da ESE de Setbal, enquanto este existir.
Os artigos includos neste documento no constituem qualquer amostra representativa
das boas prticas produzidas nos ltimos anos. So apenas bons testemunhos de alguns
professores que responderam a um desafio lanado em Novembro de 2008 e que agora
culmina na edio desta publicao.
Com esta iniciativa, o Centro de Competncia TIC da ESE de Setbal articula o
trabalho que vem desenvolvendo, ao nvel da formao contnua de professores na
utilizao educativa das TIC, desde 1997, com a experincia da Profissionalizao em
Servio, uma frente de interveno que acompanhou a vida da instituio desde o seu
nascimento, em 1985.
Coordenadora do CC TIC da ESE de Setbal
M do Rosrio Rodrigues
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Do desenvolvimento curricular ao conhecimento profissional
Jos Duarte
[email protected] Escola Superior de Educao de Setbal
Jos Duarte iniciou a sua carreira como professor de Matemtica do Ensino
Secundrio, em 1975. Dez anos depois ingressou na Escola Superior de Educao
de Setbal como formador na rea da Educao Matemtica e das TIC. O
desenvolvimento curricular e o conhecimento profissional constituem duas reas
que tem privilegiado ao nvel dos projectos de interveno e de investigao e
est neste momento em processo de doutoramento.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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O currculo
O currculo um conceito multifacetado que serve para indicar coisas to diferentes
como um programa global de uma disciplina ou nvel de ensino, emanado das entidades
oficiais, ou o conjunto das experincias educativas que os alunos vivem sob orientao da
escola.
De qualquer modo, h muito que deixou de ser aquela lista de tpicos que os
professores seguiam criteriosamente e que reproduziam por mtodos mais tericos e
expositivos ou mais prticos e procedimentais, mas em qualquer dos casos alheados dos
contextos onde se inseriam: os seus alunos, com as suas histrias pessoais e necessidades
especficas, o meio escolar com as suas dinmicas organizacionais prprias e a envolvente
social.
Hoje os currculos oficiais integram cada vez mais, para alm dos contedos, um
conjunto de finalidades e objectivos, indicaes metodolgicas sobre como conduzir o
processo de aprendizagem, sugestes sobre processos de trabalho e experincias
diversificadas que devem ser proporcionadas aos alunos e indicaes para usar diferentes
dimenses e instrumentos de avaliao (Brocardo, 2001).
Do currculo ao desenvolvimento curricular
Todos sabemos que entre o currculo prescrito que chega escola, ao que lido e
filtrado pelas diferentes concepes e formaes dos professores, ao que levado prtica
em sala de aula e ao que realmente aprendido pelos alunos, existem enormes diferenas
(Gimeno, 1998).
O professor cada vez mais chamado a intervir neste processo de desenvolvimento,
onde discute, elabora tarefas e cria materiais de trabalho adequados s suas turmas e
alunos, sugere articulaes com temas de outras disciplinas ou simula problemas inerentes
a diferentes contextos profissionais (Pacheco, 1996). Este trabalho de criao e
desenvolvimento curricular facilitado se ocorrer no seio de um grupo que se encontra com
alguma regularidade, mas que pode ser mediado por plataformas de gesto de
aprendizagem a distncia. Encontrar e discutir boas ideias como suporte a tarefas que
constituam desafios, a sua articulao em sequncias coerentes e a reflexo sobre os
resultados da sua implementao em sala de aula, constituem um processo onde o
professor aprende progressivamente a ensinar e se desenvolve profissionalmente.
O conhecimento profissional para ensinar
O conhecimento profissional do professor, embora conceptualizado de diferentes
formas por diferentes autores, parece integrar o conhecimento de si prprio, dos contextos
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e os aspectos mais directamente ligados com a actividade de ensinar (Elbaz, 1983;
Shulman, 1986).
Perceber qual o conhecimento que o professor precisa para ensinar, quais as suas
componentes e como elas so mobilizadas, quando prepara e conduz o ensino na sala de
aula, tem sido objecto de muitos esforos da investigao, ao longo dos anos.
Muitos pensaram que um bom domnio dos contedos da disciplina a ensinar eram
suficientes, outros defenderam que uma boa experincia prtica de ensino bastavam e
outros ainda, que alguns conhecimentos de pedagogia, aliados com algum engenho e arte
faziam um bom professor.
Sem procurar antagonismos e falsas dicotomias, procurarei apenas identificar e
caracterizar muito brevemente algumas vertentes do conhecimento profissional que esto
associadas ao que designarei por conhecimento didctico, directamente ligado com a prtica
lectiva: o conhecimento da disciplina para ensinar, o conhecimento dos alunos e dos seus
processos de aprendizagem, o conhecimento do currculo e o conhecimento do processo de
ensino (Canavarro, 2003).
O conhecimento da disciplina para ensinar uma primeira dimenso que envolve o
conhecimento do contedo disciplinar (factos e processos), dos principais conceitos e as
suas articulaes e conexes e da forma como esse contedo se pode tornar claro e
compreensvel para os alunos, aquilo que alguns designam como o conhecimento
pedaggico do contedo. Ser capaz de ver os assuntos integrados numa rede de conceitos e
de relaes, torna o professor mais capaz de ensaiar explicaes alternativas, perante
dificuldades dos alunos, de criar tarefas cognitivamente exigentes e de ter flexibilidade para
reorientar caminhos na fase de explorao das tarefas (Sowder, 2007).
Conhecer os seus alunos, implica perceber o estdio dos seus conhecimentos actuais,
as suas concepes, as suas disposies e a forma como enfrentam e resolvem os
problemas. Este conhecimento que pode ser obtido, por exemplo, atravs da observao,
de processos de comunicao que desenvolve e da anlise dos trabalhos dos alunos, quando
integrado no planeamento do ensino pode ser um importante contributo para a
aprendizagem (Sowder, 2007; Even & Tirosh, 2008).
O conhecimento do currculo implica perceber os conceitos nucleares e estruturantes
da disciplina num todo articulado, conhecer as grandes ideias que favorecem uma
compreenso conceptual e lhe permitem ter uma perspectiva crtica sobre diferentes
recursos e mediadores, como os manuais escolares, sites e materiais disponveis na
Internet, que o vo informar na sua planificao (DEB, 2001; Sowder, 2008).
Por ltimo, o conhecimento do processo de ensino, onde se integra a planificao e a
conduo do processo de ensino na sala de aula que se desenvolve com a experincia e a
reflexo sobre ela. O professor planifica para reduzir a incerteza, mas tambm para criar
um quadro orientador do seu ensino. medida que se torna um professor experiente, ele
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desenvolve imagens mentais do ensino, sequncias de ideias a desenvolver, prev possveis
respostas dos alunos e toma notas que assinalam aspectos a ter em conta. O professor age
e ajusta constantemente a sua aco de acordo com as respostas dos alunos e a sua
experincia anterior (Clark & Peterson, 1986; Ruthven & Goodchild, 2008).
Na conduo do ensino na sala de aula, as principais preocupaes do professor so
os alunos, que tm uma profunda influncia nas decises interactivas que toma, e as
estratgias para os envolver (Clark & Peterson, 1986). No chega ter boas tarefas e
desafios para conseguir que os alunos aprendam. Os aspectos da comunicao, da
organizao dos processos de trabalho individuais e em grupo, a forma como monitoriza o
trabalho dos alunos, selecciona algumas das suas estratgias, promove a partilha e integra
as suas contribuies no curso da aula, determinam em grande parte, o sucesso da
aprendizagem.
Criar contextos favorveis ao desenvolvimento profissional e aprendizagem dos
professores para ensinar, ter em conta estas diferentes dimenses, partir de problemas
ou pequenos projectos que constituam desafios para os alunos, experiment-los na prtica
e reflectir sobre essa mesma prtica, num processo em espiral que vai sempre
acrescentando algo de novo.
As boas prticas
O Espao 39 correspondeu a uma ideia que surgiu no mbito da Profissionalizao em
Servio - Desenvolvimento Curricular e Didctica Especfica, da Escola Superior de Educao
de Setbal, em 2005/2006, a partir da experincia de trabalho com professores de
Informtica, do ento Grupo 39, agora 550. A ideia emergiu numa altura em que o grupo
enfrentava um grande desafio: deixava de ser um pequeno grupo de professores centrado
na leccionao de cursos de pendor tecnolgico, para se alargar a um numeroso e jovem
grupo de candidatos a professores ao qual era pedido que leccionassem uma disciplina
considerada de formao geral e comum a todos os alunos, na charneira entre o ensino
bsico e o ensino secundrio: a disciplina de TIC. Uma disciplina que se pretende
transversal, ao servio da prtica, dos problemas e das necessidades dos alunos, baseada
em metodologias activas de participao e, em particular, capaz de se apoiar na
metodologia de trabalho de projecto.
O site que se construiu (http://nonio.ese.ips.pt/espaco39), constituiu durante algum
tempo um espao de divulgao de projectos, de divulgao de ideias e de partilha e
comunicao de saberes, este ltimo aspecto, pouco conseguido.
Talvez a sua melhor contribuio fosse ao nvel da divulgao de boas prticas que,
embora realizadas num contexto especial do 1 ano da profissionalizao em servio,
constituram uma referncia para o desenvolvimento de alguns projectos, apoiados em
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metodologias activas de envolvimento dos alunos na resoluo de problemas e na sua
relao com a escola e a comunidade.
Assim, numa altura em que proliferam os espaos sociais da Web 2.0. e numerosas
comunidades profissionais que se agrupam em torno de interesses mais ou menos
duradouros, o Espao 39 termina enquanto tal, ficando os seus materiais relevantes,
disponveis a partir do site do Centro de Competncia CRIE da ESE de Setbal.
Esta pequena publicao constitui um testemunho de algumas dessas pequenas e
grandes experincias que envolveram alunos, professores e pais e que fazem parte do
patrimnio desta jovem comunidade de professores que combina o desenvolvimento
curricular e o conhecimento profissional como duas dimenses indissociveis do
desenvolvimento profissional dos professores de Informtica.
Referncias bibliogrficas
Brocardo, J. (2001). Investigaes na aula de matemtica: Um projecto curricular no 8.
ano (Tese de doutoramento, Universidade de Lisboa). Lisboa: APM.
Canavarro, A P. (2003). Prticas de ensino da Matemtica: duas professoras, dois currculos
(Tese de doutoramento). Lisboa: DEFCUL.
Clark, C. & Peterson, P. (1986). Teachers thought processes. In M. C. Wittrock (Ed.),
Hanbook of research on teaching (pp. 255-296). New York: Macmillan.
DEB (2001). Currculo Nacional do Ensino Bsico: Competncias essenciais. Lisboa: Editorial
do Ministrio da Educao.
Elbaz, F. (1983). Teacher thinking: a study of practical knowledge. New York: Nichols
Publishing Company.
Even, R. & Tirosh, D. (2008). Teacher knowledge and understanding of students
mathematical learning and thinking. In L. English (Ed.), Handbook of international
research in mathematics education (pp. 202-222). Mahwah, NJ: Laurence Erlbaum
Associates.
Gimeno, J. (1989). El curriculum: una reflexin sobre la prtica. Madrid: Morata.
Pacheco, J. A. (1996). Currculo: Teoria e Prxis. Porto: Porto Editora.
Ruthven, K. & Goodchild, S. (2008). Linking researching with teaching. In Lyn English (Ed.),
Handbook of International Research in Mathematics Education (pp. 561-588). Mahwah,
NJ: Laurence Erlbaum Associates
Shulman, L. (1986). Those who understand: knowledge growth in teaching. Educacional
Researcher, 15(2), 4-14.
Sowder, J. T. (2007). The Mathematical Education and Development of Teachers. In F.
Lester (Ed.), Second handbook of research on mathematics teaching and learning: A
project of the National Council of Teachers of Mathematics (1. ed., Vol. I, pp. 157-
223). Charlotte: Information Age Publishing.
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Das TIC em contexto educativo s TIC no currculo
Fernanda Ledesma
[email protected] Escola Secundria D. Joo II
Centro de Competncia TIC da ESE de Setbal
Fernanda Ledesma professora do Quadro de Nomeao Definitiva, pertence ao grupo 550 Informtica. Exerce funes como docente desde 1997, leccionando disciplinas da rea de informtica. Actualmente est na Escola Secundaria D. Joo II Setbal, na qual exerceu o cargo de Coordenadora de TIC e de Delegada Profissionalizao de 2006 a 2008.
O gosto pela dinamizao de projectos resultou na atribuio do prmio professor inovador 2008 dinamizado pela Microsoft e pelo ME, no mbito do qual representou Portugal 5th European Innovative Teachers Frum, que se realizou em Zagreb, Crocia em 2008.
No presente ano lectivo est afecta parcialmente ao Centro Competncia em TIC da Escola Superior de Educao de Setbal, atravs da Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular.
formadora da rea das Tecnologias Educativas da Formao Contnua de Professores, participou tambm nos projectos SeTTIC e CbTIC (Internet no primeiro ciclo de Ensino Bsico).
Est neste momento a desenvolver a dissertao no mbito do mestrado Gesto de
Sistemas de E-learning.
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As TIC em Contexto Educativo
A introduo das Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC) em contexto
educativo tem vindo, passo a passo, a assumir um papel relevante, tendo hoje conquistado
um espao prprio nos contextos de ensino e aprendizagem e no seio da escola.
A partir da segunda metade da dcada de oitenta, assistimos implementao de
vrios projectos educativos telemticos destinados a preparar e incentivar as escolas
bsicas e secundrias para a utilizao dos meios computacionais. O projecto Minerva, o
programa Nnio, seguido da iniciativa Internet nas Escolas entre outras, so alguns
exemplos de dinmicas cuja pretenso era desenvolver o uso das tecnologias nas escolas.
Entretanto, surgem normativos, que proporcionam o espao desejvel para que os
professores integrem as TIC em contexto de sala de aula. Exemplo disso o Decreto-lei n.
6/2001 de 18 de Janeiro que fundamenta e promove a utilizao das tecnologias da
informao e da comunicao em ambientes de ensino e aprendizagem nas vrias
disciplinas do currculo do ensino bsico. Este normativo ambicionava a implementao das
TIC como formao transdisciplinar, vislumbrava que as competncias bsicas em TIC
deveriam ser desenvolvidas de forma transversal pelas diversas disciplinas. Emergia
tambm a oportunidade de criar ofertas educativas no mbito das Tecnologias da
Informao e da Comunicao, integradas como actividades de enriquecimento do currculo.
Esta legislao abria possibilidades para que os alunos aprendessem a realizar alguns
procedimentos elementares no uso das TIC, levando a que depois, de forma flexvel e
faseada, nos processos de aprendizagem transdisciplinar, em tempo significativo de prtica,
lhes garantisse a transferibilidade das aprendizagens e a autonomia no uso das TIC.
certo, que se deram passos em frente, pois surgiram alguns projectos dinmicos e
interessantes em vrias escolas, mas tambm era visvel que nesta altura, a utilizao das
TIC em ambientes de aprendizagem no atingia, ainda nveis desejados.
A Reorganizao Curricular do Ensino Bsico, em 2003, constitui as TIC como
disciplina obrigatria integrando o plano de estudos de 9 e 10 ano.
O professor face s TIC no Currculo
A introduo da disciplina de Tecnologias da Informao e da Comunicao, com
carcter de obrigatoriedade no 9 e 10 ano, arrastou para esta rea os problemas
existentes noutras disciplinas.
At ao ano lectivo de 2004/2005 os professores do grupo de informtica leccionavam
disciplinas de carcter opcional e apenas com alunos do ensino secundrio. Os alunos que
frequentavam as disciplinas como as ITI (Introduo s Tecnologias de Informao) tinham
idades superiores a 15, 16 anos e as turmas funcionavam em desdobramento ou seja os
alunos eram divididos em dois turnos. O seu carcter opcional levava a que apenas
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frequentassem as disciplinas da rea de Informtica alunos interessados, podemos salientar
que, os alunos que faziam esta opo, tinham objectivos definidos nos seus estudos, bem
como o propsito de obter um bom nvel de avaliao que contribusse para a mdia de
ensino secundrio.
Assim, o professor do grupo 550 (informtica) depara-se pela primeira vez com
problemas que no existiam at ao momento nas suas disciplinas, entre eles podemos
destacar os seguintes:
So alunos do ensino bsico, frequentam a escolaridade obrigatria, alguns pouco
motivados para a escola;
O aluno que frequenta as Tecnologias da Informao e da Comunicao mais
novo e menos autnomo;
As turmas so numerosas, o que dificulta as aulas prticas;
Diminui o tempo que o professor dispe para acompanhar cada grupo;
Face a um novo contexto os professores do grupo de informtica sentem a
necessidade de inovar, diferenciar pedagogias, de reflectirem e mudarem as suas prticas
pedaggicas, no intuito de promover a articulao disciplinar e tambm de motivar os
alunos e corresponder s suas expectativas em relao disciplina. Neste sentido refere
Pinto que podemos afirmar ser hoje universalmente aceite a ideia de que, para uma
sociedade em mutao permanente, s se pode aceitar uma escola em mutao
permanente tambm. E serve tambm para constatar que ao tentar encontrar novos
modelos e novas metodologias da aprendizagem no limiar do sculo XXI, as TIC vo
desempenhar um papel cada vez mais activo, porventura sendo elas prprias motores e
plos de anlise para que novas possibilidades se criem e se encontrem orientaes.
(Pinto, M.L.S., 2004:4)
Com a implementao das TIC como disciplina, pretendia-se assegurar a todos os
jovens o acesso s tecnologias da informao e da comunicao como condio
indispensvel para a melhoria da qualidade e da eficcia da educao e formao luz das
exigncias da sociedade do conhecimento (Joo, 2003:3). Recomenda-se que seja uma
disciplina essencialmente prtica e experimental. Torna-se, por isso, necessrio implementar
metodologias e actividades que incidam sobre a aplicao prtica e contextualizada dos
contedos, a experimentao, a pesquisa e a resoluo de problemas. Neste sentido, as
aulas devero privilegiar a participao dos alunos em projectos, na resoluo de problemas
e de exerccios que simulem a realidade das empresas e instituies ou que abordem temas
de outras reas disciplinares. (Joo, 2003:5).
Para atingir estes objectivos, o ensino das TIC deve ser feito em articulao e
interaco com as demais disciplinas, e, deve ser posto em prtica atravs da realizao de
projectos, uma vez que se pretende desenvolver competncias que ajudem os alunos a
realizar autonomamente os trabalhos s vrias disciplinas e o apoiem nos desafios ao longo
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da sua vida. A disciplina de TIC assumiria assim, o papel central na dinamizao de
projectos promovendo a desejvel transversalidade entre as disciplinas.
Inovao precisa-se
O contexto altera-se, comea a generalizar-se o uso das TIC e a facilidade de acesso
ao equipamento, na escola e no meio envolvente. As Tecnologias de Informao e
Comunicao tornaram-se num novo meio de ensinar e aprender, oferecendo
interactividade pedaggica entre professores e alunos. Assim, teremos de confrontar os
alunos com problemas concretos e significativos, onde se sintam envolvidos e motivados,
privilegiando as metodologias que beneficiam o saber-fazer e o transformar. Usar as TIC
no privilegia apenas a memria, mas repousa na imaginao, no trabalho de grupo, na
iniciativa da descoberta, modificando a estrutura da aula e alterando o papel e o lugar do
professor na sala de aula.
Os alunos de hoje, a gerao digital, cresceram com as tecnologias, as TIC constituem
parte integrante das suas vidas. Desde crianas assumiram um papel interventivo, com o
comando da televiso na mo, controlam o que querem ver, nas consolas interagem com os
jogos, em tempo real, por isso, so cada vez menos receptivos a mensagens fechadas
interveno. Face a este contexto, j no podemos considerar as tecnologias, uma
novidade, que por si s atraem os alunos, como h algum tempo atrs, emerge a
necessidade do professor ser criativo quando as utiliza, de inovar, de diversificar
metodologias para conseguir motivar e envolver os alunos. No queremos com isto
expressar que todas as metodologias e estratgias implementadas anteriormente devam ser
substitudas, trata-se sim, de aproveitar as potencialidades de novos recursos e de ajustar
estratgias e metodologias a cada momento.
Atendendo s circunstncias e ao contexto actual, cremos fazer todo o sentido utilizar
metodologias, como a de resoluo de problemas, webquests, e.portflios e metodologia de
trabalho de projecto, sendo esta ltima sugerida no programa da disciplina, como
metodologia a adoptar e como contedo a abordar no incio do 10 ano.
Metodologia de Trabalho de Projecto nas TIC
"O projecto no uma simples representao do futuro, mas um futuro para fazer, um futuro a construir, uma ideia a transformar em acto".
Jean Marie Barbier
Projecto na acepo da palavra significa planeamento de aces, desgnio, teno,
esboo, roteiro, intento e iniciativa1.
1 Adaptado de http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx, consultado em Maio 2009
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Como menciona Leite (2000:2) autores vrios tm-se referido ideia de projecto
enquanto imagem antecipadora do caminho a seguir para conduzir a um estado de
realidade. No entanto, projecto no apenas inteno, tambm aco, aco essa que
deve trazer um valor acrescentado ao presente, a concretizar no futuro. Incorporando estas
duas dimenses (projecto enquanto inteno e plano antecipador da aco e projecto
enquanto aco).
Figura1. Projecto inteno aco (Leite C. 2000:2)
Sendo um projecto uma ideia para uma transformao do real e a sua concretizao,
ele deve conduzir a essa transformao (Leite, C., 1997: 182-183).
Ainda segundo a autora a ideia de projecto curricular parte da crena de que uma
escola de sucesso para todos e o desenvolvimento de aprendizagens significativas passam
pela reconstruo do currculo nacional, de modo a ter em conta as situaes e
caractersticas dos contextos onde ele se vai realizar. Incorpora, portanto, a dimenso social
da aco educativa.
O professor um interveniente activo na tomada de decises, na concepo e no
acompanhamento de projectos. A aco do professor exerce-se, no s ao nvel do
desenvolvimento do currculo, mas tambm a sua construo. O professor no deve ter um
papel de simples consumidor do currculo, pode ter o papel de configurador de um currculo
elaborado ou (re)elaborado de acordo com as realidades onde se vai desenvolver. Esta
(co)construo prev que se tenha em conta o contexto, o meio em que a escola se insere,
as particularidades da escola, o espao da sala de aula, a prpria organizao do espao,
os recursos disponveis, por outro lado as especificidades do grupo de alunos, a faixa etria,
as suas caractersticas pessoais, o seu ritmo de trabalho, o seu comportamento e o tempo
de que o professor dispe para implementar as actividades.
Trabalho de Projecto um mtodo que requer a participao de cada membro de um
grupo, segundo as suas capacidades, com o objectivo de realizar um trabalho conjunto,
decidido, planificado e organizado de comum acordo.
Na Perspectiva de Castro, L. e Ricardo M. (1993:9). O trabalho orientado para a
resoluo de um problema. Este deve obedecer a certas caractersticas:
a) ser considerado importante e real para cada um dos participantes;
b) permitir aprendizagens novas;
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c) ser de natureza tal que tenha que ser estudado/ resolvido tendo em conta as
condies da sociedade em que os alunos vivem.
Vrios autores (Leite et all., 1989; Castro, L. e Ricardo M., 1992) consideram trs etapas
para a realizao de um projecto, ainda que sem fronteiras rigorosamente definidas.
(i) Identificao /formulao do problema;
(ii) Pesquisa/produo
(iii) Apresentao/globalizao/avaliao
Em suma, estas etapas desdobram-se em nove fases, como sintetiza a figura
seguinte.
Figura 2. Etapas da metodologia de projecto
Na primeira fase teremos de definir em conjunto com os alunos e de acordo com o
Projecto Curricular de Turma, no caso do ensino bsico, o problema geral a abordar e
equacionar sobre os possveis problemas parcelares, de modo a no perdermos o fio
condutor do projecto, como um todo.
Refere Leite et al (1989:75) que o problema escolhido pelo grupo formulado,
descrito at ao pormenor possvel, estudado o seu enquadramento, levantados os
condicionalismos possveis em funo da seleco dos problemas parcelares, devero,
Escolha do Problema / Tema Geral
Identificar problemas parcelares /subtemas
Preparar e planificar as tarefas
Recolha de dados
Tratar os dados
Ponto da situao Um novo problema
Preparao da apresentao
Apresentao
Identificao
/formulao do problema
Pesquisa/
produo
Apresentao /globalizao/
avaliao
Avaliao
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ento ser definidas e calendarizadas as actividades, identificadas as necessidades e recursos
disponveis. Nesta fase inclumos tambm a formao dos grupos, a diviso de tarefas,
atribuio de papis e responsabilidades a cada elemento do grupo.
Na fase de pesquisa e produo os alunos devem recolher informao, atravs das
vrias fontes disponveis: livros; revistas; jornais; internet; recolha de fotografia; recolha
de imagem com o intuito de elaborar vdeos, fazer entrevistas, aplicar questionrios, entre
outras;
conveniente contactar instituies para recolha de informao e estabelecer
protocolos e parcerias, caso faam sentido, de forma a envolver o meio envolvente e
contextualizar o projecto, tornando-o o mais real possvel.
Posteriormente tratam-se e organizam-se os dados recolhidos, fazendo tambm o
ponto da situao. Pois algumas vezes verificamos que necessrio recuar alguns passos,
podendo este recuo ser apenas fase de recolha de dados, porque os dados recolhidos, no
respondem ao problema formulado ou at para reformular o prprio problema, porque
entretanto surgiram dados interessantes que permitiram novas solues pertinentes para a
resoluo do problema ou uma nova perspectiva do prprio problema.
Quando conclumos a segunda fase teremos de preparar a terceira, na qual os alunos
preparam a apresentao do trabalho, dependendo do formato e do pblico para o qual
pretendem divulgar o seu projecto.
Por fim, temos a apresentao do projecto e avaliao final. Na avaliao final,
algumas vezes pecamos por dar demasiada importncia ao produto final, em vez que
colocarmos a nfase no processo.
O trabalho de projecto uma alternativa pedaggica que valoriza o papel dos
pequenos grupos/pares no processo de ensino e aprendizagem, promovendo a participao
e cooperao em grupo, que conduziro a alteraes de valores e atitudes. As Tecnologias
da Informao e da Comunicao apresentam um potencial para tornar a educao mais
significativa, desde que seja dada oportunidade aos alunos de se envolverem em
actividades autnticas e/ou responder a desafios e problemas, que podem ser concretizados
implementando esta metodologia.
A Metodologia de Trabalho de Projecto centra-se no aluno, e no intercmbio verbal de
opinies e ideias entre os elementos do grupo, com vista ao desenvolvimento de
competncias de comunicao oral e escrita. Ao aluno cabe a iniciativa da aprendizagem, a
fundamentao do projecto em que se envolve. A interaco dos membros do grupo
permite uma clarificao dos objectivos e uma maior criatividade na elaborao das
sequncias de trabalho. Nos saberes e competncias adquiridos, aqueles que se consolidam
mais firmemente e perduram so os que resultam da sua prpria participao no processo
de aprendizagem. Pode considerar-se um trabalho de descoberta de solues para
problemas especficos, uma vez que o essencial da aprendizagem no fornecido, mas
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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apenas lhes so dados indicadores. Um processo de descoberta, em que para resolver uma
situao o aluno desenvolve uma pesquisa conducente aquisio de um novo saber e na
tentativa de melhor o preparar para a interveno na vida activa. O aluno procede ao
cruzamento do saber que j possua, com o que acabou de adquirir, reorganizando o seu
conjunto de informaes.
O trabalho de projecto, ao possibilitar o envolvimento de todos os alunos de uma
turma, ou, nalguns casos de vrias turmas, vai ao encontro da ideia de que se aprende
melhor fazendo e transformando.
Ao professor cabem, entre outras, as funes de coordenador, facilitador, incentivador
e amigo. O Trabalho de Projecto requer da parte dos professores uma grande sensibilidade
e capacidade para apoiar e orientar os grupos de alunos a ultrapassar as dificuldades
emergentes ao longo do percurso. Se o Trabalho de Projecto no for acompanhado e
realizado de um modo sistemtico e rigoroso, pode criar uma situao em que a liberdade
relativa do mesmo, em vez de promover o ensino, se torna um obstculo.
Assim, em nossa opinio e a par da evoluo da sociedade de informao, as TIC
tero de ser integradas cada vez mais cedo no percurso escolar, atravs de propostas
criativas que promovam a pesquisa, a construo colaborativa e a comunicao.
Em jeito de concluso, foi reconhecendo os desafios que a internet nos proporciona,
que aceitmos embarcar no projecto Espao 39, com o intuito de partilhar experincias,
receios e opinies, com os professores do grupo 550, ex-grupo 39, de forma, a juntos
conseguirmos fazer face a este desafio que o Ministrio da Educao nos lanou, no sentido
de alterar as nossas prticas educativas.
Referncias bibliogrficas
Joo, S. M. (2003). Programa de Tecnologias da Informao e da Comunicao 9 e 10
anos. M.E. Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular.
Castro, L. e Ricardo, M. (1993). Educao Hoje: Gerir o Trabalho de Projecto, Lisboa: Texto
Editora, 2 Edio.
Leite, C. (2000). Projecto Educativo de Escola, Projecto Curricular de Escola, Projecto
Curricular de Turma, O que tm de Comum? O que os distingue? Consultado em Maio
de 2009 em http://www.netprof.pt/PDF/projectocurricular.pdf.
Leite, E. et al (1989). Trabalho de Projecto 1. Aprender por projectos centrados em
problemas. Porto: Edies Afrontamento.
Pinto, M.L.S. (2004). Reflexes em tornos dos novos programas: TIC. Edies ASA.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Natureza e Ambiente em rea de Projecto - 8 Ano
Carlos Santos
[email protected] Escola Secundria Joo de Barros
Carlos Santos, professor do grupo 550 - Informtica, actualmente est integrado
no Quadro de Zona Pedaggica.
Lecciona no presente ano lectivo (08/09) na Escola Secundaria Joo de Barros de
Corroios Seixal.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Resumo:
A utilizao de blogues em contexto educativo uma realidade presente no ensino. Esta ferramenta tem um enorme potencial para o desenvolvimento de projectos de turma, quer pelas funcionalidades que apresenta, quer pela capacidade integradora de outros servios da Web 2.0.
O presente projecto, explora essas potencialidades tcnicas, no contexto dos objectivos definidos pelo Ministrio da Educao para a rea de Projecto.
Palavras-chave:
Projecto, blogues, ambiente
Este projecto foi implementado com uma turma do 8 ano de escolaridade composta
por 25 alunos, distribudos da seguinte forma: 15 rapazes e 10 raparigas. Estes alunos tm
idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos. No que diz respeito ao percurso escolar, 10
alunos no apresentam quaisquer retenes em anos anteriores, 13 apresentam retenes
em anos anteriores e 2 no responderam. A totalidade dos alunos inquiridos afirma ter
computador em casa.
A imagem abaixo, mostra o blogue da Turma 8E, no endereo
http://turma8ejbarros.blogspot.com, dinamizado durante o ano lectivo 2007/2008, no
contexto da rea de Projecto, que ilustra, em parte, a actividade que me proponho
descrever no presente artigo.
Figura 3. Blogue da turma 8E2
No que diz respeito aos objectivos da actividade, sublinho, entre outros (i) a
importncia de valorizar a histria local e os seus recursos naturais (ii) promover a
interaco entre a Escola e a Comunidade e (iii) estimular a partilha de conhecimentos e
experincias.
2 Endereo electrnico do blogue da turma: http://turma8ejbarros.blogspot.com
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Iniciei este projecto no 2 Perodo, recorrendo aos grupos formados no perodo
anterior, com os necessrios reajustes.
O passo seguinte foi a apresentao do tema globalizador, ou seja, Natureza e
Ambiente. Aps o levantamento dos subtemas e de um debate com a turma, os alunos
foram distribudos pelos seguintes temas: Sapal de Corroios; ETAR da Quinta da Lomba;
Espaos Verdes da Freguesia; AMARSUL; Aves no Sapal de Corroios; Espaos Verdes no
recinto da Escola; Flora no Sapal de Corroios e Flamingos.
Antes do incio do trabalho, foi revista a metodologia a abordar no desenvolvimento do
trabalho em projecto.
A avaliao desta actividade passou pela elaborao de alguns produtos finais,
recorrendo a um processador de texto, um programa de apresentaes electrnicas e a
dinamizao colectiva de um blogue da turma. Foi igualmente sugerido aos alunos para
avanarem com entrevistas, reportagens fotogrficas, vdeos e outros produtos que
poderiam enriquecer os trabalhos e promover a utilizao das novas tecnologias de
comunicao. Alguns dos grupos seguiram estas propostas, nomeadamente a realizao de
reportagens fotogrficas e posterior colocao on-line.
No mbito deste projecto propus a realizao de e-porteflios. Aps ter transmitido os
objectivos da actividade, indiquei a plataforma blogger.com3 para a criao dos espaos, em
conjugao com o servio Filecrunch.com4 para o alojamento de ficheiros. Desta forma
procurei potenciar os conhecimentos adquiridos durante o 1 Perodo e mobiliz-los na
realizao e manuteno do blogue da turma.
Figura 4. Ligaes no blogue do 8E para os e-porteflios
A actividade de dinamizao do blogue colectivo teve uma enorme adeso por parte
dos alunos. Identifiquei como justificaes para este facto a utilizao regular da Internet
3 http://www.blogger.com 4 http://www.killerstartups.com/Site-Reviews/filecrunch-com-free-file-sharing
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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(recurso bem aceite pelos mais jovens) e a visibilidade/reconhecimento do trabalho
realizado.
No contexto em que os diferentes grupos desenvolveram subtemas distintos, a
Internet e em particular este blogue promoveram a aquisio de contedos diversos. Por
outras palavras, a publicao dos trabalhos on-line permitiu aos diferentes alunos
acompanharem e conhecerem os projectos realizados pelos seus colegas de turma.
A produo de trabalhos on-line possibilitou igualmente o acompanhamento e
participao dos Encarregados de Educao nos trabalhos dos seus educandos.
Figura 5. Comentrios de alunos e de um Encarregado de Educao
Alm disso, este projecto promoveu a interdisciplinaridade, um dos grandes objectivos
do trabalho em rea de Projecto. Os professores do Conselho de Turma acompanharam os
trabalhos, sugeriram contedos relacionados com cada disciplina e envolveram-se
directamente nas actividades respeitantes ao Projecto Curricular de Turma (PCT). Estes
aspectos so, no meu entender, valores acrescentados.
importante ainda referir a partilha dos resultados/trabalho com a comunidade
educativa, como factor de motivao e empenho adicional para os alunos. A interaco com
o exterior, atravs de comentrios deixados no blogue, despoletou reaces positivas no
que respeita ao envolvimento da turma na dinamizao do espao on-line e serviu de
motor para a incluso de novos contedos.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Figura 6. Mensagem do Presidente do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho
No que diz respeito metodologia utilizada, solicitei que cada grupo/aluno
identificasse as informaes relevantes nos seus procedimentos de pesquisa, e as
partilhasse no blogue, debaixo de um ttulo. Ao longo desses momentos sublinhei por vrias
vezes que deviam ser evitados textos longos. Esse mtodo de trabalho, permitiu aprofundar
competncias de pesquisa, tratamento de informao, leitura e sntese, de modo a obter
resultados significativos.
Os alunos mostraram motivao em manter o espao actualizado. Esta situao
promoveu uma pesquisa de contedos mais regular quando comparado com os trabalhos
realizados com o processador de texto e apresentaes electrnicas. Por essa razo, muitos
dos apontamentos referidos no blogue, no se encontram no documento final e na
apresentao electrnica.
A disponibilizao de recursos e ferramentas mltiplas na Internet (fotografias, vdeos,
slide shows, mapas entre outros) diversificou os contedos, estimulou a pesquisa,
aperfeioou competncias tcnicas e permitiu um trabalho diferenciado segundo interesses,
motivaes e dinmicas prprias de cada grupo/aluno.
Figura 7. Mapas do Wikimapia.org
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Figura 8. Galerias do Flickr.com Figura 9. Fotos das espcies arbreas da Escola
no Slide.com
Figura 10. Vdeos do YouTube.com
A interdisciplinaridade pode ser potenciada a diversos nveis, nomeadamente no
acompanhamento das novidades, por parte de outros professores, na sugesto de
contedos relacionados com cada disciplina e no envolvimento directo do Conselho de
Turma, no trabalho realizado em rea de Projecto.
Tendo por base subtemas relacionados com as realidades da Freguesia de Corroios e
Concelho do Seixal, onde a escola est inserida, este blogue serviu para despertar o
interesse e a pesquisa sobre a realidade local. A experincia dos alunos, nomeadamente em
actividades extracurriculares foi outro aspecto valorizado com a utilizao da ferramenta.
O balano desta actividade francamente positivo e as expectativas muito
ultrapassadas. O blogue ganhou vida prpria e os alunos revelaram momentos de dinmica
e criatividade que superaram o meu diagnstico inicial. Esta actividade exps novas
dimenses do trabalho, permitindo a aplicao dos recursos mais recentes disponibilizados
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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na Internet (Web 2.0), ao contexto dos projectos desenvolvidos em sala de aula. A
autonomia e o sentido de responsabilidade dos alunos foram igualmente desenvolvidos.
A formao especfica em tecnologias, de acordo com as necessidades e os contedos
publicados, foram aspectos importantes desta actividade. No entanto, ela permitiu ainda o
desenvolvimento do trabalho em equipa, mostrar a transversalidade dos programas
disciplinares e facilitar a divulgao dos trabalhos dos alunos.
Tendo por base esta plataforma, promovi uma actividade interescolar com a
Professora Ana Domingues da Escola EB23 da Trafaria. O objectivo da actividade foi a
partilha de experincias, suportado pelos trabalhos que os alunos de uma outra escola
estavam a realizar. Os alunos da Trafaria utilizaram o sistema de comentrios do blogue do
8E e os alunos da minha turma usaram o mesmo sistema do blogue do 81. Um momento
diferenciado e enriquecedor que suscitou reaces positivas de espanto e curiosidade.
Certamente algo a repetir.
Figura 11. Comentrios dos alunos da Trafaria
Uma votao dinamizada pelos alunos administradores no blogue revela a apreciao
global da turma sobre este projecto:
Figura 12. Votao inserida no blogue
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Tambm no mbito do mesmo, promovi a troca de ideias entre os alunos do 8E e os
alunos do 8F, que estavam a desenvolver um trabalho similar.
A criao e dinamizao do blogue de turma, no 8E, foi uma das actividades mais
enriquecedoras que experienciei na minha carreira docente. Por esta razo, voltarei a
repeti-la no futuro. A preparao das aulas e das ferramentas que apresentei aos alunos,
cruzou-se com os contributos que eles deram/partilharam. Esta dinmica permitiu-me
trocar, por diversas vezes, entre o papel do que ensina (professor) e o papel do que
aprende (aluno), tornando o espao da sala de aula num espao de dilogo.
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Fevereiro Aberto: voltar escola para aprender
Mara Castro
[email protected] Escola Secundria Dom Manuel Martins
Eva Mara dos Anjos Castro, professora do grupo 550 - Informtica, actualmente
est integrada no Quadro de Zona Pedaggica.
Lecciona desde 2006 (06/09) na Escola Secundria Dom Manuel Martins em
Setbal. Lecciona h 5 anos, sendo que nos anos lectivos anteriores foi colocada
em escolas na zona do Porto, na Escola Secundria Rodrigues de Freitas e na
Escola Secundria com 3 Ciclo do Cerco.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Resumo:
Considero que uma das maiores falhas das nossas escolas a falta de integrao dos Encarregados de Educao na Escola. Com este projecto procurei criar uma oportunidade de unir toda a comunidade escolar, colocando os alunos a ajudar todos aqueles que quisessem regressar escola para aprender.
Recorrendo inverso dos papis, os alunos passaram a professores e os pais passaram a alunos, mudou-se a perspectiva de cada um, ao mesmo tempo que se aproximaram os
Encarregados de Educao da escola. Desta forma foi tambm possvel preencher algumas lacunas ao nvel de conhecimentos da informtica que estes tinham, permitindo simultaneamente que os alunos colocassem em prtica os seus conhecimentos.
Palavras-chave:
Ensino-aprendizagem, comunidade escolar, encarregados de educao.
Enquadramento
Durante a minha curta experincia como docente, cheguei concluso que muitas
vezes so os pais que esto na base de certos problemas e por isso so eles que devemos
procurar ajudar.
Com isto em mente e tendo em conta uma turma onde leccionava a disciplina de
Instalao, Configurao e Operao em Redes Locais e Internet, um CEF - Operador de
Informtica, de nvel 2, tipo 3, correspondente ao 9 ano, formulei este projecto: voltar
escola para aprender - pequenas sesses de esclarecimento de dvidas em que os alunos
ensinavam os seus Encarregados de Educao a, por exemplo, enviar e-mails, escrever
cartas, jogar jogos, mexer num computador.
Mas houve dois problemas que se destacaram partida: primeiro, os alunos no
querem aturar os seus familiares, razo pela qual no os ajudam em casa; segundo, os
pais esto muito cansados para se deslocarem escola no fim do dia.
Figura 13. Figura ilustrativa do funcionamento do projecto Fevereiro Aberto
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Foi, por isso, preciso contornar as dificuldades, para no haver desculpas, como, por
exemplo, cruzar os alunos, isto , o filho de A fica com o pai de B. Quem diz pai, diz tio,
tia, irmo, etc., pois tratou-se de uma actividade aberta comunidade escolar. Quanto ao
segundo problema, da mesma forma que eram os interessados a dizer o que queriam
aprender, foram tambm eles a indicar quando que podiam aparecer, criando-se assim
um horrio de atendimento personalizado.
A Escola Secundria Dom Manuel Martins situa-se em Setbal, na rea perifrica da
zona urbana da cidade e pertence a um nvel econmico mdio-baixo. tambm neste
estrato social que se insere esta turma de 15 alunos, com idades compreendidas entre os
15 e os 18 anos, com um baixo rendimento escolar transversal a todas as disciplinas e um
elevado nmero de retenes, sobretudo no 6 ano. A pouca apetncia, motivao e falta
de pr-requisitos da maior parte dos alunos para um curso de Informtica foi notria ao
longo do ano (2007/2008). O objectivo dos alunos passava apenas pela obteno do
diploma escolar com o menor esforo possvel.
O Projecto
Esta actividade, intitulada de Fevereiro Aberto, consistiu ento em aproximar a
comunidade, disponibilizando a sala de aula a quem estivesse interessado em aprender a
trabalhar em computadores.
Como tal, durante 3 semanas, no horrio das minhas aulas (teras 5 blocos, quartas
e sextas - 4 blocos), a sala estava aberta a quem quisesse vir aprender processamento de
texto, Internet, apresentaes electrnicas, o que quisesse. O tempo de permanncia, os
contedos a aprender, os dias que vinham e as horas a que chegavam, eram deixados ao
critrio do aprendiz.
Foram sempre dois alunos voluntrios a ensinar, mas no os respectivos parentes,
enquanto o resto da turma realizava as fichas de trabalho com que estavam a trabalhar.
Para captar participantes, foram elaborados, nas aulas, um cartaz que foi afixado na
escola e folhetos, cuja distribuio ficou a cargo dos alunos, uma vez que faria parte das
funes deles nesta actividade, angariar familiares para virem aprender e por isso deveriam
entregar-lhes os desdobrveis e explicar os objectivos da aco.
Os alunos/formadores tinham uma ficha informativa que deveriam preencher no incio
de cada sesso de formao, dirigindo-se pessoa que iam ensinar, para saberem um
pouco mais sobre ela e o que vinha aprender, colocando assim a responsabilidade toda do
lado deles.
Enquanto professora, ia dando orientao, corrigindo-os e ajudando-os, quando no
se recordavam ou se enganavam no que estavam a transmitir, ao mesmo tempo que ia
avaliando o seu desempenho.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Este projecto permitiu aos alunos, colocarem em prtica alguns dos conhecimentos
que adquiriram ao longo do ano e que serviu como preparao para o estgio que
frequentaram no final do ano.
Os familiares quiseram sobretudo aprender processamento de texto e Internet, fazer
pesquisas e enviar e-mails e como no havia nada preparado, em termos de apoio s
explicaes, foi uma forma de os alunos potenciarem a sua autonomia e de se colocarem no
lugar de terceiros, para compreenderem quer o papel dos professores, quer a posio dos
familiares, com necessidades de aprendizagem superiores s deles.
A avaliao do Fevereiro Aberto foi baseada num conjunto de factores, agrupada num
sistema de pontuao e que no final se converteu numa nota da escala de avaliao do
ensino bsico.
No seguinte endereo possvel encontrar algumas fotos e o sistema de avaliao por
pontos, alvo desta actividade, para alm de outros projectos desenvolvidos no passado ano:
http://cef3icorli.no.sapo.pt/index_ficheiros/Page510.htm.
Reflexes Finais
Quanto ao sucesso desta iniciativa, as minhas expectativas iniciais foram
ultrapassadas, quando vi os alunos a colocarem na prtica aquilo que aprenderam nesse
ano, com enorme entusiasmo e tambm pela aprendizagem das pessoas que aderiram:
assistir ao percurso de uma me que chega pela primeira vez, sem saber mexer no rato e
quando vem pela ltima vez, j no precisa de olhar para a mo, para ver a sua colocao
na mesa e no ecr, muito significativo!
Figura 14. Entrega de diploma de Participao
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Foi muito gratificante ver esta evoluo e ver o empenho dos meus alunos nesta
actividade que lhes propus. Para alm do know-how que tanto alunos como familiares
adquiriram, houve ainda uma realizao a nvel pessoal e social, j que este tipo de
actividade leva a uma aproximao paisalunos e professor-pais. Era este outro dos
objectivos pretendidos, trazer a famlia escola e acolh-la para a fazer sentir integrada e
parte do nosso projecto comum.
importante realar que os ambientes de aprendizagem podem facilitar a construo
de novos conhecimentos, visto que os alunos aprendem nesses ambientes, procurando
informao na construo de novos conhecimentos.
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Da Escola Nasce a Escola: trabalho de projecto
Margarida Teixeira
[email protected] Escola Secundria Ferreira de Castro
Maria Margarida Teixeira, professora do grupo 550 - Informtica, actualmente est
integrada no Quadro de Zona Pedaggica.
Lecciona actualmente na Escola Secundria Ferreira de Castro em Oliveira de
Azemis. Lecciona h 8 anos, tendo j percorrido seis escolas entre o sul do pas
(Olho e Vila Real de Santo Antnio), o distrito de Setbal (Santiago do Cacm e
Pinhal Novo) e o norte (Espinho e Oliveira de Azemis).
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Resumo:
Os Cursos Profissionais nas Escolas Pblicas fazem parte da oferta formativa de nvel secundrio. Esto vocacionados para a qualificao inicial dos alunos, privilegiando a sua insero no mundo do trabalho e permitindo o prosseguimento de estudos.
Um dos princpios orientadores da organizao e da gesto do currculo do ensino secundrio a flexibilidade na construo de percursos formativos, cuja expresso fundamental nos cursos profissionais.
Com vista concretizao deste princpio, cada professor deve sugerir solues que potenciem a construo de percursos formativos diferenciados que respeitem, entre outros, os ritmos de aprendizagem dos alunos.
Numa lgica de integrao, nos cursos profissionais, o aluno no meio em que se insere, aparece como elo de ligao entre a escola e o tecido produtivo/emprego.
Assim, a utilizao da metodologia de trabalho projecto, favorece a gesto das estruturas
modulares das disciplinas, caracterstica destes cursos, a articulao curricular e o desenvolvimento de competncias pessoais e sociais adequadas para a formao em contexto de trabalho e dos projectos conducentes prova de aptido profissional. Este artigo consiste na descrio de uma experincia sobre um trabalho de projecto, Da Escola Nasce a Escola, inserido na disciplina de Redes de Comunicao, com uma turma do curso profissional de Tcnico de Gesto e Programao de Sistemas Informticos.
Palavras-chave:
Trabalho de projecto, ensino profissional.
O trabalho de projecto decorreu na disciplina de Redes de Comunicao, integrante da
componente de formao tcnica do curso profissional de Tcnico de Gesto de
Programao de Sistemas Informticos, no seu primeiro ano de formao, durante a
leccionao dos mdulos dois e trs, Redes de Computadores e Redes de Computadores
Avanado, respectivamente, e consistiu na transformao de uma sala de aula regular num
laboratrio de informtica. Note-se que este projecto surgiu de acordo com uma
necessidade efectiva da Escola, expressa como objectivo no seu Projecto Educativo, para o
ano lectivo 2006/2007.
Esta disciplina visa dotar os jovens das ferramentas, tecnologias e tcnicas que
possibilitem instalar, configurar e efectuar a manuteno das estruturas de redes locais,
assim como desenvolver, configurar e monitorizar Sistemas de Informao que necessitam
dessa infra-estrutura para o seu correcto funcionamento, j que actualmente a
indisponibilidade destas infra-estruturas, ou dos servios e recursos que as usam, implicam
prejuzos importantes para o tecido empresarial.
Para dar cumprimento a estes objectivos, defini, para esta disciplina, um projecto de
formao profissional que decorre em contextos educativos mais amplos, mais
diversificados e ligados realidade social. Toda a realidade envolvente , potencialmente,
utilizvel como recurso de aprendizagens. fundamental criar condies para que os alunos
contactem com o maior nmero de experincias, em contexto real de trabalho.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Numa primeira fase, depois da definio do projecto e da aquisio de pr-requisitos
para a realizao das tarefas, os alunos procederam ao levantamento de necessidades e
requisio do material necessrio. Destas actividades resultaram a planta da sala e um
oramento.
Seguidamente, comearam as aulas eminentemente prticas, os alunos comearam os
trabalhos relativos colocao de calhas e da cablagem estruturada e implementaram uma
rede local no mbito geogrfico da sala de aula.
Na etapa seguinte, o projecto ganhou uma nova dimenso transdisciplinar. Na
disciplina de Arquitectura de Computadores, os alunos estudaram todo o hardware que
constitui um computador e atravs deste projecto, na prtica, procederam assemblagem e
configurao dos catorze computadores que foram disponibilizados na sala de aula, bem
como, dos respectivos perifricos. Por ltimo, os alunos interligaram a sala, rede Escolar e
Internet.
Este projecto fez a articulao entre os contedos programticos e a sua aplicao na
prtica. Atravs do manuseamento de objectos, tal qual se apresentam na realidade,
suscitou nos alunos grande motivao e levou-os a compreender a importncia dos
contedos tericos inerentes disciplina. Incentivou a aquisio de competncias bsicas
caractersticas dos contextos profissionais prprios do curso e permitiu aos alunos contactar
com tecnologias e tcnicas que se encontram para alm das situaes simulveis.
Para alm das competncias tcnicas, naturalmente, foram ainda desenvolvidas
competncias pessoais e sociais, como, a comunicao, a cooperao, a iniciativa, a
autonomia, a capacidade de deciso, a pesquisa e tratamento de informao, a tomada de
decises sustentadas, a organizao e o cumprimento de normas, indispensveis no
exerccio de uma profisso e de uma boa cidadania.
As aulas foram de carcter eminentemente prtico, recorrendo a mtodos de
aprendizagem activos, trabalho cooperativo, trabalho de grupo e tarefas realmente
desempenhadas por um tcnico de Programao e Gesto de Sistemas Informticos, de
nvel trs.
Como professora, fui responsvel por planear, criar um fio condutor no trabalho,
planificando as diversas actividades, tendo em conta alunos que aprendem de formas
distintas, recorrendo ao reforo de tarefas para alunos com atraso nas aprendizagens,
nomeadamente, o recurso colaborao entre alunos em diferentes nveis de
aprendizagem, e, por avaliar as aprendizagens dos alunos. Notei que a plataforma Moodle,
atravs dos seus recursos e actividades, favoreceu este processo, por exemplo, na
divulgao dos guies individuais de aula ou na recolha dos relatrios de aula.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Figura 15. Fotografias dos alunos em aco
A sala de aula tradicional, com alunos sentados, a ouvir a professora, em silncio
quase sempre forado, a passar conceitos para o caderno, as fichas de trabalho orientadas,
o manual e a porta fechada, no existe. Ela foi transformada em oficina de trabalho, onde
alunos e professora se movimentam ao ritmo das actividades, ao som do labor (medem,
cortam, cravam, furam, ), trocam conhecimentos, expem saberes, consultam diferentes
bibliografias (revistas, livros, vdeos, apresentaes, ), fazem esquemas, tiram notas,
discutem possveis solues e, em conjunto, resolvem problemas, tornando o aluno o
protagonista no seu processo de ensino/aprendizagem, valorizando a sua opinio e
desafiando-o a conhecer sempre mais.
A avaliao do projecto incidiu na observao directa do desempenho. Reflectiu, no
apenas, a verificao da assimilao dos contedos trabalhados, mas se os alunos
realmente os compreendem e se so capazes de os utilizar efectivamente e de maneira
autnoma, na execuo das diferentes tarefas propostas.
Foi de carcter eminentemente formativa e contnua. Incidiu na participao,
desempenho, interaco, envolvimento, demonstrao do entendimento dos contedos
propostos, realizao dos relatrios de aula e na organizao dos materiais. Mas tambm
teve em conta o uso correcto da linguagem tcnica e da lngua portuguesa, oral e escrita, o
cumprimento das regras de civismo, dentro e fora da sala de aula, o cumprimento das
regras de higiene e segurana no trabalho e a realizao de trabalhos individuais e ou de
grupo.
Reflectindo sobre esta experincia pedaggica, considero-a globalmente muito
positiva, pertinente e completa. Os alunos ficaram mais motivados e tambm mais
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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competentes. Dos diferentes rgos da escola chegaram manifestaes de reconhecimento
pelo sucesso do trabalho.
Concluindo, deixo um apontamento sobre o trabalho desenvolvido por estes alunos,
registado por uma equipa dos Recursos Humanos da Direco Regional de Educao do
Norte, que por sugesto do Conselho Executivo da Escola, assistiu a uma aula.
Da Escola Nasce a Escola. Assim na Escola Secundria Ferreira de Castro em Oliveira
de Azemis. Conceito sempre novo servido pelo Curso Profissional de Tcnico de Gesto e
Programao de Sistemas Informticos.
Fomos encontrar os alunos com a responsabilidade de criar uma sala de informtica,
desde a colocao de calhas e cabos, at montagem dos computadores e instalao dos
respectivos perifricos e da configurao da rede.
Saem bem formados, com o saber fazer bem fundamentado e testado e a Escola ganha
um novo espao funcional. Uma aposta que deve ter seguidores!
Equipa da DREN
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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A Imagem digital no Currculo das TIC
Lus Miguel Varela Fernandes
[email protected] Escola Secundria de Sampaio
Lus Varela Fernandes, professor do grupo 550 Informtica - desde 1998 e, ao
contrrio de muitos colegas, no teve a sorte (ou azar) de leccionar em muitas escolas.
Comeou na Escola Secundria de Moura, onde leccionou dois anos, depois esteve dois
anos na Escola Secundria Emdio Navarro de Almada e desde ento lecciona na Escola
Secundria de Sampaio, em Sesimbra, onde professor do Quadro de Nomeao
Definitiva.
Actualmente coordenador TIC/PTE, sub-coordenador da BE/CRE, coordenador da
rea de Projecto do 3 Ciclo e professor de rea de Projecto do 8 Ano e de Redes de
Comunicao no Curso Profissional de Informtica. Tambm professor externo na
Escola Superior de Educao de Setbal, onde lecciona a Unidade Curricular de
Tecnologias de Informao e Comunicao.
Do trabalho realizado nos ltimos anos salienta a colaborao no projecto Espao 39 do
Centro de Competncia da ESE de Setbal e o trabalho intenso no cargo de
Coordenador TIC na escola onde lecciona.
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Histrias de Aprendizagem das (com as) TIC
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Resumo:
A Imagem Digital no Currculo das TIC foi um projecto desenvolvido com 3 turmas do 10 Ano da Escola Secundria de Sampaio no ano lectivo 2004/2005. A proposta de trabalho passou pela integrao da Imagem Digital com outras unidades de aprendizagem, sem que se verificasse o espartilhamento dos contedos mas, pelo contrrio, que esses contedos ganhassem alguma utilidade e aplicabilidade no contexto do projecto.
O projecto assentou, essencialmente num trabalho de investigao acerca de uma
temtica de interesse dos alunos, sobre a qual foi escolhido um assunto para a realizao de uma recolha fotogrfica. Essas fotografias serviram para enriquecer visualmente os trabalhos e, tambm, para a realizao de uma exposio no 3 Perodo, includa num evento com apresentao de trabalhos, palestras, workshop e actividades ldicas.
Neste artigo tentarei evidenciar o percurso do trabalho desenvolvido nesse ano lectivo, salientando os pontos fortes que valorizaram o esforo e dedicao dos alunos e os
pontos fracos, to teis no processo reflexivo que a profisso de professor exige.
Palavras-chave:
Imagem digital, TIC, trabalho de projecto, workshop, fotografia
Introduo
No incio do ano lectivo 2004/2005 surgiu no plano curricular de todos os cursos do
Ensino Secundrio uma nova disciplina: Tecnologias da Informao e da Comunicao
(TIC). Foram implementadas, tambm, as salas TIC que abriam uma nova perspectiva de
trabalho especialmente para os professores do grupo de Informtica. Com o parque
informtico renovado e com centenas de alunos para trabalhar, as perspectivas eram as
melhores. No entanto, havia uma novidade que assustava alguns professores e com a qual
no estavam habituados a lidar: o nmero de alunos 25 a 30 alunos por turma, em
simultneo. Diversas questes se colocavam: i) com dois ou trs alunos por computador
como vamos fazer? ii) O que que cada aluno poder aprender numa aula de 90 minutos?
iii) Que estratgias utilizar para conseguir que a grande maioria dos alunos tenha um
percurso positivo nesta disciplina? Era um ano de novos desafios e de experimentaes. Um
ano de novidades e de oportunidades. Tambm eu, como professor do grupo 550, passei
por estas dvidas antes de iniciar esse ano lectivo. Por ter passado recentemente pelo
processo de profissionalizao em servio na Escola Superior de Educao, os conceitos de
Projecto e Metodologia de Trabalho de Projecto estavam ainda muito frescos e foram a
minha primeira opo para iniciar a preparao dos trabalho a desenvolver nesse ano.
Decidi ento lanar um projecto que permitisse integrar alguns dos contedos
programticos da disciplina, que possibilitasse algum tipo de interdisciplinaridade e que
conseguisse mobilizar e motivar os alunos num trabalho com as TIC.
Decidi utilizar a Fotografia Digital e os conceitos associados para integrar os contedos
programticos. Portanto, antes de iniciar o trabalho com os alunos, escolhi uma rea que
deveria ser comum e o mote para a escolha das temticas a desenvolver. De uma forma
simplificada, a minha ideia base centrava-se na realizao de um trabalho de investigao
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no qual deveriam incluir uma recolha fotogrfica associada ao tema. Dessa investigao
deveriam resultar os seguintes produtos comuns: Relatrio de Investigao utilizando o
processador de texto, apresentao comunidade escolar atravs de apresentaes
electrnicas, divulgao do trabalho realizado numa aplicao de paginao electrnica e
fotografia digital. Posteriormente, com o decorrer do Projecto, outras ideias surgiram no
seio das turmas e na parte final do ano lectivo foi feita uma apresentao na escola que
ser relatada mais adiante. O trabalho foi desenvolvido com trs turmas do Ensino
Secundrio e contou com a colaborao de professores dos respectivos Conselhos de
Turma.
Espero que as minhas palavras consigam ser suficientemente claras para que seja
possvel apresentar e entender os pontos fortes e os pontos fracos mais marcantes deste
percurso.
Imagens Digitais e as TIC
Iniciou o ano lectivo e, numa primeira fase, tentei conhecer as turmas, as suas
dinmicas, as competncias gerais dos alunos na rea das tecnologias e as suas
perspectivas para a disciplina. Comecei por trabalhar de forma orientada, com fichas de
trabalho orientadas e denotei que a grande maioria dos alunos se sente muito bem neste
formato de aula. Esto muito vocacionados para este tipo de trabalho e revelam alguma
competitividade na realizao do trabalho proposto. Nesta altura comecei a pensar: ser
que o trabalho de projecto ser uma boa opo para estes alunos?.
Figura 16. Design do projecto
Com pouca experincia na realizao de trabalho de projecto, tambm para mim as
fichas de trabalho so uma segurana. muito mais fcil preparar e orientar uma aula em
que tudo est definido partida. Foi ento que recordei alguns dos ensinamentos da
profissionalizao: no devemos temer a insegurana na nossa profisso, devemos
enfrent-la e super-la com trabalho significativo com os alunos. O Trabalho de Projecto
pode, na maior parte dos casos, resultar num trabalho muito mais enriquecedor, tanto para
os alunos como para o professor, apesar de causar momentos de alguma insegurana e
instabilidade.
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Depois desta primeira fase iniciei com as trs turmas um primeiro contacto com a
ideia central do projecto. Enquanto a apresentao era feita, alguns alunos j comeavam a
demonstrar alguma renitncia ao trabalho que tinham de realizar: Estava mesmo a gostar
destas aulas, agora temos de investigar?, E quando que vamos tirar fotografias?, No
podemos ficar a fazer mais fichas de trabalho?, No gosto nada disto. Tentei motiv-los
ripostando mais ou menos desta forma: Vo ver que vai ser muito mais interessante
trabalhar em equipa, A investigao no tem de ser obrigatoriamente algo chato ou No
gostam de tirar fotografias? Ento vamos tentar fazer algumas com mais qualidade, eu
mostro-vos alguns stios de fotgrafos profissionais para que possam ter alguma
inspirao. Naturalmente que, naquele momento, no terei convencido muitos dos alunos
que insistiam nas fichas de trabalho.
No cedi s presses, iniciou-se a escolha dos grupos e, como normalmente fao,
no interferi na escolha dos elementos que constituem cada grupo. Julgo que importante
que sejam criadas equipas que, partida, tenham algumas perspectivas de funcionar bem.
Limitei-me a sugerir o nmero mnimo (3) e mximo (5) de elementos e a reforar a ideia
da heterogeneidade da sua constituio. Esta fase era fcil e rapidamente foram feitas as
escolhas.
Inicimos o trabalho de planificao geral do projecto, alinhavando, em conjunto, um
cronograma e definindo como seria a fase de apresentao dos trabalhos. Comearam a
surgir ideias muito interessantes e sobre as quais ainda no tinha pensado. nestes
momentos que conseguimos verificar que os alunos podem ser uma ajuda fantstica na
elaborao de projectos desta ou de outra natureza. Quem trabalha frequentemente nesta
metodologia entender bem esta ideia, sabero certamente que se a escola tivesse mais
recursos (materiais e humanos) conseguiria realizar projectos muito mais ambiciosos. Da
imensido de ideias que sugiram escolheram-se algumas, nomeadamente: Exposio das
fotografias de cada grupo, Apresentao dos trabalhos comunidade escolar, Convite a um
fotgrafo de Sesimbra para fazer um workshop e Espectculo musical com grupos musicais
de alunos da escola. Com base nesta seleco, o culminar do projecto seria uma exposio
e apresentao de trabalhos na escola no final do 3 Perodo.
Com o formato da apresentao definido, a maior parte dos grupos entendeu qual
seria o reflexo e o objectivo dos trabalhos, portanto, a escolha das temticas a investigar
ficou facilitada. Quando chega este momento em que lhes dada alguma liberdade de
escolha, normal que apaream os temas eternos da sua faixa etria e do seu contexto
geogrfico: surf, bodyboard, skate, futebol, etc. ou ento os temas sucessivamente
trabalhados desde o 1 Ciclo: DSTs, alimentao, reciclagem, problemas ambientais, etc..
A escolha das temticas era totalmente livre com a limitao intrnseca s caractersticas de
um dos produtos finais: a fotografia. Ou seja, para alm dos pressupostos inerentes
escolha dos temas, acrescia a necessidade de existir uma recolha fotogrfica. Os temas
escolhidos foram muito diversificados, no entanto, uma grande percentagem foi
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direccionada para o patrimnio histrico do concelho de Sesimbra. As temticas foram
muito variadas mas, quase todas, sobre o concelho de Sesimbra: Castelo de Sesimbra
(mitos e lendas) (2), Cabo Espichel (Santurio, Pegadas de dinossauro, Capela) (3), Vila de
Sesimbra (antes e depois, problemas da vila, Turismo em Sesimbra, Vila Piscatria) (5),
Espeleologia (Descrio, grutas de Sesimbra) (1), Surf (Influncia na Sociedade) (2) e
SkateBoard (Histria, o Skateboard em Sesimbra) (1) e A Histria da nossa escola (1). De
todos os temas escolhidos, muitos deles com alguma qualidade e com interesse no mbito
curricular de algumas disciplinas dos cursos, h um que rapidamente despertou a minha
curiosidade, um grupo decidiu investigar sobre a histria da escola, um grande desafio por
no existir, at esse momento, qualquer documento que reunisse informaes desta
natureza.
Iniciou-se a etapa da investigao. Inicialmente, como vem sendo habitual, a maioria
dos grupos centralizou-se na pesquisa de informaes na Internet. Se para alguns este
caminho trouxe alguns dados vlidos e importantes, para outros este procedimento foi
muito desanimador. Altura ideal para o estmulo e o encaminhamento para outras fontes de
informao, infelizmente menos habituais para a maior parte destes alunos.
Figura 17. Visita de Estudo ao Cabo Espichel - Grupo de alunos no monumento Me dgua Fotografia: Ana Silva, Elosa Silva, Rita Cidade, Sofia Sousa e Joo Embaixador
nesta fase que se geram algumas confuses com o formato das minhas aulas de
TIC. Foram diversos os colegas, incluindo elementos do Conselho Executivo, que me
chamaram e alertaram para o facto de algumas pessoas acharem que as minhas aulas eram
uma rebaldaria. Eram alunos a entrar e a sair da sala de aula, ora iam ao Centro de
Recursos, oram iam tirar fotografias. Mais estranho se tornou quando as alunas que
realizaram o trabalho sobre a histria da escola decidiram sair da escola para entrevistar
alguns moradores que assistiram a todo o processo de implantao do edifcio. Todos
achavam muito estranho que as aulas de Informtica decorriam fora dos laboratrios.
Actualmente, com o impacto positivo e com a repetio destas metodologias na disciplina
de rea de Projecto j ningum fica escandalizado, at elogiam esta dinmica. O que
mudou? Julgo que as pessoas comearam a entender que existe aprendizagem para alm
das quatro paredes da sala de aula. Confesso que foi estranho e que alguns alunos tambm
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sentiam que algo de diferente se estava a passar, at porque outros professores de TIC
estavam a trabalhar de forma diferente, facto que suscitava dvidas. Enfim, com alunos
fora da sala de aula, na Biblioteca, na vizinhana, na Biblioteca Municipal, Cmara Municipal
ou no Registo Predial, o processo decorreu com alguma confuso, com muita barafunda,
com muitas desiluses, mas sobretudo com desenvolvimento de muitas competncias na
procura de informaes. Neste processo destaco, como exemplo, um grupo de trabalho que,
a partir do momento que iniciou a investigao, decidiu ocupar a sua tarde livre para reunir,
semanalmente, na Biblioteca Municipal, no sentido de consultar documentos histricos sobre
a vila de Sesimbra que no poderiam encontrar/consultar fora daquele local. Estas
metodologias de trabalho surgiram, essencialmente, de ideias de elementos de cada grupo,
confesso que fui dando algumas dicas, no entanto as ideias mais interessantes saram das
discusses dos grupos.
Neste processo de recolha de informaes, os alunos realizaram tambm a recolha
fotogrfica. Antes de iniciarem este processo, preparei-lhes uma aula de introduo
fotografia onde abordei alguns conceitos bsicos relacionados com a histria e evoluo da
fotografia, aspectos tcnicos da fotografia digital e outros relacionados com a esttica e
composio de imagem. Sem ser um profissional (nem sequer amador) na rea da
fotografia, tentei mostrar alguns stios de fotgrafos profissionais, estudantes de fotografia
ou amantes desta arte. A abordagem no foi muito aprofundada, mas tentei sensibiliz-los
para a importncia da fotografia na Histria da Humanidade e para as questes da
composio, de modo a que a sua recolha fotogrfica no fosse somente um amontoar de
fotografias. Preparados para tirar as suas melhores fotografias, os alunos partiram para o
trabalho de campo. Foi interessante verificar a quantidade de fotografias que iam fazendo e
os mecanismos desenvolvidos para a seleco das melhores. Outro aspecto positivo foi a
interaco que em alguns casos se conseguiu com os Encarregados de Educao. Os
horrios nem sempre possibilitavam a recolha fotogrfica durante os dias da semana,
portanto, aos fins-de-semana l iam, alunos, pais e outros familiares, tirar fotografias ao
Cabo Espichel, ao Castelo, aos surfistas
Figura 18. Barco de Pesca (Doca de Sesimbra) Figura 19. Fortaleza de Sesimbra Fotografia: Lus Marques Fotografia: Ana Antunes, Cludia Janeiro, Ins Martelo e Joana Graa
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Outro dos produtos previstos neste projecto era o relatrio final sobre o tema
investigado. Neste caso, apesar de os alunos j terem tido contacto com a realizao deste
tipo de documentos e com o processador de texto, investi algum tempo na definio da
estrutura, na normalizao das formataes, na utilizao de ferramentas avanadas do
processador de texto (ndices automticos, seces, legendas, etc), nas regras para a
realizao da bibliografia e tambm incentivar a criatividade e o desenho grfico da
apresentao. O mesmo se verificou com a realizao dos cartazes, dos flyers e das
apresentaes electrnicas. Tentei que os documentos seguissem a mesma linha grfica de
modo a associar todos os produtos ao mesmo tema. Este processo decorreu com
normalidade, com todos os grupos a mostrarem empenho e com resultados bastante
satisfatrios para o nvel etrio e acadmico dos alunos. Nesta fase iniciou-se tambm a
criao de equipas com vista organizao e preparao da apresentao comunidade
escolar. Surgiu-me pouco antes de partir para esta etapa a ideia de criar equipas inter-
turmas. Em vez de dividir as tarefas por cada turma, optei por criar grupos de trabalho
mistos com alunos de cada turma. A princpio pensei que iria ter alguns problemas mas
criou-se uma dinmica muito interessante. Os grupos iniciaram a preparao dos dias da
apresentao e exposio de trabalhos. Uma equipa ficou responsvel pela organizao da
exposio de fotografia, outra pela exposio dos trabalhos e outra pela logstica necessria
concretizao do Workshop e do espectculo musical. A juntar presena do fotgrafo
profissional, Carlos Sargedas, que iria dinamizar o workshop e uma palestra, no sentido de
enriquecer estes 3 dias de exposio, convidei o professor Fernando Pinho da Escola
Superior de Educao para abordar a importncia e o papel da imagem em contexto
educativo e foi possvel, pela mesma instituio, a cedncia de um diaporama sobre
Monsaraz para projeco num dos dias.
Figura 20. Palestra do prof. Fernando Pinho Figura 21. Palestra do Fotgrafo Carlos Sargedas Fotografias: Roque Oliveira
O que comeou por ser uma exposio de trabalhos, acabou por se concretizar como
um mini-seminrio, devido s ideias lanadas pelas turmas. Naturalmente que se tornou um
processo trabalhoso, com muitas horas de dedicao mas com uma iluso muito grande
para que chegasse essa semana.
Chegou o momento esperado. A semana que tinha 5 dias, 3 dos quais dedicados
exposio, deveria ter mais 4 ou 5, tal no era a quantidade e intensidade de trabalho que
tinha de ser desenvolvido. O mais curioso verificar a imensido de novas aprendizagens e
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competncias que adquirimos nestes eventos. Os retoques finais, o palco que no est
montado, a exposio que no est a ficar como tinha sido planeada, os alunos que fogem
das tarefas mais rduas, os outros que arregaam as mangas e trabalham at exausto
so momentos que s quem j se aventurou pode recordar com muita alegria. Nesses 3
dias as actividades previstas decorreram com os percalos comuns, mas com muita
participao da comunidade escolar. As palestras foram muito ricas e participadas. Dois
relatos de experincias de vida que deixaram alguns alunos com ideias mais concretas
sobre o mundo da fotografia e a importncia das imagens no nosso dia-a-dia.
Figura 22. Cartaz do evento Figura 23. Espectculo Musical com alunos Fotografia: Lus Varela
No final desse ano lectivo, olhei para trs e vi um percurso difcil mas com um final
bastante rico em experincias. Verifiquei que todas as hesitaes e inseguranas foram
suplantadas e substitudas por uma sensao de dever (mais ou menos) cumprido.
Naturalmente que o percurso apresentou momentos menos positivos, estratgias mal
definidas, planos incongruentes aspectos naturais e muito normais para projectos desta
natureza. E volto a frisar, a minha postura ps-profissionalizao mudou essencialmente no
sentido de aprender, reflectir e experimentar sem receio de errar mas com uma atitude
crtica muito acentuada. S assim conseguimos fugir s aulas que nos do segurana total,
quer em termos de contedos, quer em termos de avaliao dos nossos alunos. Muito alm
da avaliao esto as competncias e capacidades que se aprendem na entrega a um
trabalho significativo e contextualizado.
Para terminar, deixo duas mensagens de alunos que, no final, reflectiram e
escreveram sobre o projecto realizado.
Penso que, acima de tudo, o mais importante nesta disciplina foi o facto de termos
passado a olhar de maneira diferente para o mundo que nos rodeia. Quando vemos um
anncio publicitrio, um panfleto, um cartaz ou at mesmo uma pgina na Internet,
passmos a ver com outros olhos. Ou seja, passmos a tomar mais ateno ao modo
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como explcita a informao que se pretende transmitir e, em funo do pblico-alvo, o
modo como foi apresentado. (Joana Graa)
Gostei destas novas aulas na minha experincia curricular, apesar de ter tido no ano
passado informtica, mas era diferente deste ano. Pelo que percebi ao falar com os meus
amigos, o stor estava a levar um plano das aulas diferente dos outros professores,
porque os outros faziam testes e ns no, achei uma boa proposta e foi bem
concretizado. Enquanto ns trabalhvamos os outros estudavam e faziam testes e fichas.
Ento, assim foi uma melhor forma de aprendermos a trabalhar, e para alm disso
aprendemos a fazer um trabalho de grupo mais completo. (Rui Cardoso)
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Desenvolvimento de competncias atravs de aprendizagens centradas nos
alunos
Sandra Maria Miranda Fernandes
Sandra Maria Miranda Fernandes, professora do grupo 550 - Informtica.
Leccionou na Escola Secundria Dom Manuel Martins e na Escola Secundria
Padre Benjamim Salgado.
Realizou a profissionalizao em Servio na Escola Superior de Educao de
Setbal.
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Resumo:
O presente artigo apresenta algumas actividades desenvolvidas com alunos dos cursos tecnolgicos e profissionais de Informtica.
Estas actividades permitiram diversificar as situaes de interaco entre professores, alunos e encarregados de educao e impulsionar diferentes prticas educativas, no interior e exterior da sala de aula, que implicaram uma diferente gesto do tempo, do espao, dos programas e o agrupamento de alunos (projectos em equipa com alunos de
diferentes nveis e vrios professores) e a criao de situaes de aprendizagem focadas nos alunos e nas quais estes so os produtores de recursos pedaggicos.
Palavras-chave:
Galerias tridimensionais; tutorial; aprendizagem; professores; alunos; encarregados
de educao; mapas mentais.
Objectivos de aprendizagem:
Fomentar o desenvolvimento de competncias ao nvel do trabalho em equipa e,
consequentemente, uma melhoria nas atitudes e comportamento dos alunos.
Fundamentao
Nos anos 60 e 70 assistiu-se ao incio de uma tendncia para a introduo de
inovaes nas escolas com base no poder coercivo da administrao (Canrio, 1992). Alm
disso, procurou-se adaptar ao domnio educativo um modelo industrial de produo de
inovaes (Canrio, 1992). Contudo, os resultados alcanados ficaram muito aqum das
expectativas o que conduziu a que se questionassem os fundamentos das estratgias para a
promoo da inovao, visto que a lgica que lhes estava subjacente subestimava a
especificidade, a singularidade e o potencial criativo de cada escola, bem como as inter-
relaes e desempenhos dos vrios intervenientes.
Em contrapartida, nos anos 80 assiste-se ao reconhecimento da crescente importncia
estratgica do estabelecimento de ensino, enquanto unidade estratgica crucial de uma