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29a1b659-bd44-465b-b38a-9c640ab96eb5 PAULO PIMENTA FC Porto confirma tri no último passo Destaque, 3 a 10 O novo patriarca, D. Manuel Clemente, pede aos governantes que sejam mais solidários p16 Águas de Portugal, onde fora detectado contrato polémico, saiu subitamente da lista, entrando a CP p20 Governo desfasado da capacidade de resistência do povo AdP saiu da lista dos swaps dias antes do anúncio público CONSELHO DE ESTADO CAVACO QUER DISCUTIR O PÓS- TROIKA, MAS PODERÁ HAVER MAIS TROIKA NO PÓS- TROIKA Portugal, 12/13 Hezbollah apoia Assad em batalha vital para rebeldes sírios p24/25 SEG 20 MAI 2013 EDIÇÃO LISBOA Ano XXIV | n.º 8440 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos AMANHÃ Grandes Vozes Americanas Vol. 2 Nat King Cole Por + 6,90€ des sírios p2 CON CAV O PÓ HA V S

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29a1b659-bd44-465b-b38a-9c640ab96eb5

PAULO PIMENTA

FC Porto confi rma tri no último passo Destaque, 3 a 10

O novo patriarca, D. Manuel Clemente, pede aos governantes que sejam mais solidários p16

Águas de Portugal, onde fora detectado contrato polémico, saiu subitamente da lista, entrando a CP p20

Governo desfasado da capacidade de resistência do povo

AdP saiu da lista dos swaps dias antes do anúncio público

CONSELHO DE ESTADOCAVACO QUER DISCUTIR O PÓS-TROIKA, MAS PODERÁ HAVER MAIS TROIKA NO PÓS-TROIKA Portugal, 12/13

Hezbollah apoia Assad em batalha vital para rebeldes sírios p24/25SEG 20 MAI 2013EDIÇÃO LISBOA

Ano XXIV | n.º 8440 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos

AMANHÃ Grandes Vozes Americanas Vol. 2 Nat King Cole Por + 6,90€

des sírios p2

CONCAVO PÓHAVPÓS

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PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESTAQUE | 3

Dois erros depois, a festa do 27.º título do FC PortoOs “dragões” sagraram-se campeões com uma vitória, por 2-0, em Paços de Ferreira. Lucho e Jackson marcaram

Não houve muito FC Porto,

o Paços de Ferreira foi uma

réplica gasta do que mostrou

durante toda a época, o

futebol das duas equipas

alternou, quase sempre,

entre o soporífero e o deprimente,

mas quando o árbitro Hugo Miguel

apitou pela última vez, tudo isso já

tinha deixado de interessar e era

passado. Vítor Pereira já estava aos

saltos, os Super Dragões já tinham

esticado uma faixa a dizer “campeões

nacionais” e o tricampeonato estava

garantido pelo FC Porto. Para a

história, fi ca o resultado: 2-0, golos de

Lucho e Jackson. O 79.º campeonato

nacional é “azul e branco”.

Quando, no próximo sábado, Pinto

da Costa for reconduzido para um

13.º mandato como presidente do

FC Porto, terá no currículo 20 títu-

los de campeão nacional. O primeiro,

desde que foi eleito como 33.º presi-

dente portista, a 17 de Abril de 1982,

foi conquistado na época de 1984-85,

com oito pontos de vantagem sobre

o Sporting. Curiosamente, fazendo a

média dos pontos de avanço sobre o

vice-campeão no fi nal dos 19 campe-

onatos conquistados pelo FC Porto

até ontem, o resultado obtido são

esses mesmos oito pontos. Ou seja,

desde que Pinto da Costa é líder dos

“dragões”, os adeptos “azuis e bran-

cos” habituaram-se a festejar títulos

com antecedência, sem emoções

fortes ou apertos de última hora. A

história da conquista do 27.º campe-

onato nacional do FC Porto foi dife-

rente. Desta vez, foi preciso sofrer

até ao minuto 23 da última jornada.

No longo reinado de 31 anos de

Pinto da Costa, ontem foi a terceira

vez que os portistas chegaram aos

últimos 90 minutos com necessida-

de de vencerem para garantirem o

título. Nas duas anteriores, em 1985-

86 e 2006-07, o FC Porto, apesar de

uns ligeiros sustos, não fraquejou na

“hora H”, mas, em ambas ocasiões,

a partida decisiva foi em casa, frente

ao último classifi cado da prova (Sp.

Covilhã e Desp. Aves, respectivamen-

te). Desta vez, não houve “lanterna

vermelha” pela frente nem o con-

forto de ser anfi trião. Para conquis-

tarem um campeonato que, há um

par de semanas, quase nenhum por-

tista acreditava ser possível vencer,

os “dragões” tinham que superar a

equipa-sensação da prova.

Numa partida em que apenas jo-

gava para um resultado — a vitória

—, o FC Porto teria de ser autoritário

e atacar a baliza de Cássio desde o

apito inicial de Hugo Miguel. Sobre

isso, nenhum portista tinha qualquer

dúvida. Mas e o Paços de Ferreira?

Com que atitude iria surgir em cam-

po? Apesar da confi ança inabalável

em Lucho, Moutinho, James e Jack-

I LIGA 2012-13

O FC Porto deu o 20º título de campeão nacional a Pinto da Costa

David Andrade

ra a marca de grande penalidade.

A existir falta, seria fora da área,

mas o defesa pacense foi expulso e

Lucho não desperdiçou a benesse.

Com um duplo erro (de Luiz Carlos

e Hugo Miguel), os portistas passa-

vam para a frente, o Paços fi cava em

inferioridade numérica e as dúvidas

acabavam: a festa do 27.º título do FC

Porto, o 20.º de Pinto da Costa, segun-

do de Vítor Pereira, podia começar.

Seguiram-se 70 minutos dignos

de um jogo de pré-época, mas hou-

ve tempo para Miguel Nunes festejar

mais dois golos: aos 43’, quando o

Moreirense marcou na Luz e aos 51’,

quando Jackson fez o 26.º golo no

campeonato. Depois, foi a festa “azul

e branca” no relvado, a entrega da

taça e Vítor Pereira. Quando todos os

jogadores portistas já tinham recolhi-

do aos balneários, o treinador conti-

nuava junto às bancadas, a agradecer

aos adeptos. “Obrigado por tudo, Ví-

tor”, atirou um, com a camisola de

Lucho vestida, entre sorrisos.

Paços de Ferreira 0

FC Porto 2Lucho 23’ (g.p.), Jackson 52’

Estádio Capital do Móvel, P. Ferreira.Espectadores cerca de 5000

Paços de Ferreira Cássio, Toni, Tiago Valente, Ricardo a22’, Diogo Figueiras, André Leão a77’, Luiz Carlos, Manuel José (Christian, 46’), Vítor (Hurtado, 74’), Josué e Jaime Poulsen (Javier Cohène, 24’). Treinador Paulo Fonseca

FC Porto Helton, Danilo a17’aa56’, Otamendi, Mangala, Alex Sandro, Defour (Castro, 77’), Lucho González, João Moutinho, James Rodríguez (Kelvin, 81’), Varela (Liedson, 89’) e Jackson Martínez. Treinador Vítor Pereira

Árbitro Hugo Miguel (AF Lisboa)

PAULO PIMENTA

son, Miguel Nunes, de cachecol azul

e branco no pescoço, roía as unhas

enquanto assistia à chegada do auto-

carro da equipa da casa, hora e meia

antes do início da partida e, entre

dentes, dizia para o lado: “E se eles

se venderam ao Benfi ca?”

E Miguel Nunes, já dentro do está-

dio, onde os portistas venciam por

larga maioria, não deve ter gostado

nada do que viu nos primeiros 20

minutos. Ao contrário do que era ex-

pectável, os jogadores do FC Porto

estavam amorfos, quase inofensivos,

e os do Paços, mesmo sem incomo-

dar Helton, pareciam ter a lição bem

estudada, amarrando as peças-chave

“azuis e brancas”. Mas o nervosismo

daquele espectador e restantes por-

tistas terminou no minuto 23, quan-

do, em apenas uma jogada, dois er-

ros resolveram todos os problemas

do FC Porto: um atraso disparatado

do pacense Luiz Carlos isolou James,

o colombiano, com Ricardo por per-

to, caiu e Hugo Miguel apontou pa-

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4 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

I LIGA 2012-13

Não podia ser um bom

augúrio. Antes do início

do jogo, no voo habitual

da águia Vitória, algo a

assustou e ela não fez

a descida habitual na

direcção do seu tratador. O Benfi ca

precisava de tudo, de si próprio, de

um Paços de Ferreira inspirado, de

um FC Porto desinspirado e de todos

os bons presságios para conseguir

chegar ao 33.º título de campeão

da sua história. Os “encarnados”

cumpriram o seu papel e venceram

o Moreirense por 3-1, mas tudo o

resto falhou e foram os portistas a

chegar ao tricampeonato com um

O desalento dos jogadores do Benfica, apesar do triunfo sobre o Moreirense

Marco Vaza

Nenhuma festa na Luz. Nem do Benfi ca, nem do Moreirense

“Encarnados” vencem Moreirense por 3-1, um resultado que não foi sufi ciente para chegar ao título e que atirou a formação minhota para a II Liga

FRANCISCO LEONG/AFP

triunfo na Mata Real, por 2-0. Se a

vitória pouco signifi cado teve para o

Benfi ca, atirou a formação orientada

por Augusto Inácio para a II Liga.

As contas do Benfi ca eram fáceis

de fazer. Tinha de ganhar, nenhum

outro resultado interessava, porque

perderia sempre no desempate pon-

tual com os portistas, e esperar que

o Paços conseguisse roubar pontos

ao FC Porto. Só esta combinação

resultava para o Benfi ca corrigir os

estragos feitos nas duas jornadas an-

teriores, em que transformara uma

vantagem de quatro pontos numa

desvantagem de um. E, de alguma

forma, recuperar algum moral per-

dido depois do desaire em Ames-

terdão na fi nal da Liga Europa com

o Chelsea.

Frente a uma equipa que lutava

pela sobrevivência (e que, apesar de

tudo, dependia apenas de si), Jorge

Jesus optou por deixar Gaitán no

banco, apostando em Ola John de

início, no lado esquerdo do ataque.

O Benfi ca entrou dominador, mas

sem aquela faísca que tantas vezes

mostrou, de ataque continuado,

esmagador e com propensão para

marcar cedo. Mas o golo tardava em

acontecer. Onde o marcador funcio-

nou foi na Mata Real e para o lado

errado das aspirações benfi quistas.

Lucho marcava para o FC Porto e co-

locava o título na rota do Dragão.

Alguém terá dado a informação

a Jorge Jesus a partir do banco, mas

o técnico benfi quista manteve-se

impassível, a olhar para o relva-

do. A equipa é que deve ter senti-

do a reacção do estádio (estiveram

51.349 espectadores na Luz) e o chip

da motivação mudou. O domínio

continuou, mas foi o Moreirense a

marcar. Tudo começou num erro

de Jardel, que obrigou a uma falta

de Luisão sobre Ghilas. Os visitantes

marcaram o livre de imediato e o

franco-argelino chegou à área, fez

o cruzamento e Vinicius, sem mar-

cação, faz o 1-0 aos 43’.

Ainda antes do intervalo, o Benfi -

ca voltou a estar perto do golo, com

Lima a atirar ao poste depois de um

primeiro remate de Jardel, a mais fl a-

grante de uma série de oportunida-

des “encarnadas” na primeira parte.

Para o segundo tempo, Jorge Jesus fez

entrar Gaitán para o lugar do inefi -

caz Ola John e os efeitos foram quase

imediatos. Foi do argentino que saiu

o cruzamento, aos 49’, para o cabe-

ceamento certeiro de Cardozo.

Logo a seguir ao empate na Luz, o

marcador voltou a funcionar na Mata

Real ( Jackson fez o 2-0 para o FC Por-

to) e as esperanças benfi quistas fi ca-

ram reduzidas a quase nada. A única

equipa para quem o resultado seria

importante era o Moreirense, que,

depois de uma boa primeira parte,

estava cada vez mais enfi ado na sua

área. O Benfi ca intensifi cou a pressão

e, após várias oportunidades perdi-

das, chegou ao triunfo aos 80’, com

Lima a fazer o 2-1, que nada fez pelas

contas do título e que encaminhava

o Moreirense para a II Liga.

Quando o FC Porto já celebrava na

Mata Real, o Benfi ca ainda fez o 3-1,

com um penálti convertido por Li-

ma, após Paulinho (que foi expulso)

ter cortado a bola com o braço em

cima da linha. Fim de campeonato

na Luz e ninguém festejou, nem o

Moreirense (despromovido, enquan-

to o seu treinador passa a homem

forte de futebol do Sporting), nem o

Benfi ca, que celebrou apenas mais

uma vitória, com muito pouco sal.

Resta a Taça de Portugal.

Benfica 3Cardozo 50’, Lima 80’, Lima (g.p.) 90’+3’

Moreirense 1Vinicius 43’

Positivo/Negativo

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.

Assistência 51.549 espectadores

Benfica Artur, Maxi Pereira, Luisão, Jardel, André Almeida, Salvio, Enzo Pérez (Urreta, 76’), Matic a89’, Ola John (Nico Gaitán, 46’), Lima e Cardozo a26’ (André Gomes, 86’). Treinador Jorge Jesus.

Moreirense Ricardo Ribeiro, Paulinho a90’+1’, Aníbal Capela (Rafael Lopes, 90’), Diego Gaúcho a60’, Florent, Vinicius, Filipe Gonçalves (Tales, 79’), Pintassilgo (Kinkela, 81’), Fábio Espinho, Pablo Oliveira e Ghilas. Treinador Augusto Inácio.

Árbitro Marco Ferreira (Madeira)

Gaitán A sua entrada revolucionou o jogo do Benfica. Bem melhor que o ineficaz Ola John, fez a assistência para o primeiro golo e participou na jogada do segundo.

Lima Mais dois golos para o brasileiro. Também falhou algumas oportunidades, mas, se não fosse ele, o Benfica talvez não tivesse ganho.

Ola John Muito apagado, nunca fez a diferença no flanco esquerdo.

2.ª parte do MoreirenseRecuou demasiado cedo e entregou o jogo ao adversário.

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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

I LIGA 2012-13

Estava-se a 17 de Março de 2013.

Quatro dias depois de uma do-

lorosa derrota em Málaga, que

custou ao FC Porto a elimina-

ção da Liga dos Campeões, os

portistas empatam na Madeira,

frente ao Marítimo, a um golo. Com

sete jornadas por disputar, os “azuis e

brancos” fi cam a quatro pontos de um

fulgurante Benfi ca que, nesse fi m-de-

semana, passeia em Guimarães (4-0)

e fi cam a depender de terceiros para

chegarem ao “tri”.

Vítor Pereira, que nunca teve

bom ambiente no Estádio do Dra-

gão, passa, a partir dessa altura, a

ser tão elogiado nas ruas portuenses

como é Vítor Gaspar pelos utentes

de qualquer Repartição de Finan-

ças ou Pedro Mota Soares numa fi la

de espera num Centro de Emprego.

Para piorar ainda mais a vida ao

rotas, uma bofetada de luva branca

em muita boa gente.

No reinado de 730 dias como

treinador do FC Porto, Vítor Perei-

ra recebeu inúmeros comentários

desfavoráveis. Muitos justifi cados.

A qualidade do futebol apresentado

pelos “azuis e brancos” em alguns

jogos foi medíocre, as eliminações

na Taça de Portugal, em Coimbra

e Braga, foram difíceis de digerir, a

fase de grupos na Liga dos Campe-

David Andrade

Vítor Pereira, o mal-amado que dá títulos

O treinador não goza de grande popularidade entre muitos adeptos portistas, apesar de ter apenas uma só derrota em duas épocas no cargo

treinador espinhense, cerca de um

mês depois, o FC Porto perde a fi nal

da Taça da Liga e a comitiva “azul e

branca” é recebida no Dragão com

insultos por meia centena de adep-

tos. Bombardeado por críticas que

caem de todos os lados, o futuro de

Vítor Pereira de dragão ao peito pare-

ce traçado e ninguém arrisca apostar

um cêntimo na renovação de con-

trato do treinador no fi nal da época.

Porém, as notícias sobre a “morte”

do técnico, que conquistou ontem o

terceiro título no FC Porto (dois como

treinador principal e um no papel de

braço-direito de André Villas-Boas),

foram manifestamente exageradas.

O mais provável é que Vítor Perei-

ra tenha mesmo feito em Paços de

Ferreira o último jogo como líder da

equipa “azul e branca”, mas é ine-

gável que se o contrato do treinador

não for renovado, Vítor Pereira sai-

rá de cabeça bem erguida após dar,

com a conquista deste título sem der-

O FC Porto fez o xeque-mate ao Benfica nos confrontos directos. Na época passada, na Luz; este ano, no Dragão

Helton 30 jogos (30 como titular); 14 golos sofridos Perdeu

apenas 20 minutos da Liga, quando saiu, por precaução, na segunda parte da vitória fácil em casa frente ao Marítimo.

Fabiano 1 jogo (0); 0 golos sofridos Apenas 20 minutos em campo, por causa da tal pequena lesão de Helton com o Marítimo. Jogou mais na Taça da Liga e na Taça de Portugal.

Danilo 28 jogos (28); 2 golos Depois de uma primeira metade

de época discreta, subiu de nível na segunda, acabando por ser importante no apoio a um ataque que teve dificuldade em criar perigo através dos extremos. Fez três assistências para golo na Liga, todas para Jackson.

Miguel Lopes 2 jogos (2); 1 goloPerdeu o lugar para Danilo. Mais utilizado em Alvalade do que no Dragão, foi importante no empate em Vila do Conde, com um golo e uma assistência.

Alex Sandro 25 jogos (24); 1 goloFoi o melhor lateral dos “azuis e brancos” e um dos melhores da equipa durante a época. Resolveu com calma e técnica a maioria

dos problemas que teve de solucionar.

Quiñones 1 jogo (1) Face aos castigos de Alex Sandro e Mangala, o lateral-esquerdo colombiano teve de jogar contra o Rio Ave e cumpriu.

Maicon 15 jogos (12); 2 golosTeve uma época marcada pelas lesões e não jogou tanto como na anterior. Foi titular nas primeiras oito jornadas, mas a lesão frente ao Marítimo retirou-lhe a vantagem sobre os concorrentes na posição de central.

Mangala 23 jogos (22); 4 golos Foi a época de afirmação

deste central poderoso, que também foi usado como defesa-esquerdo. Destacou-se ainda na outra

ponta do campo, criando perigo nos lances de bola parada. Somou quatro golos na I Liga, o que fez dele o quarto melhor marcador do FC Porto na prova.

Otamendi 29 jogos (29) Apenas ausente num jogo da Liga, foi um dos pilares da defesa menos batida da competição.

Rolando 1 jogo (0) É um dos

melhores centrais portugueses, mas jogou apenas oito minutos para ajudar a segurar a vantagem sobre o Estoril antes de ser cedido ao Nápoles.

Abdoulaye Ba 6 jogos (2) As circunstâncias (pouca utilização de Rolando e lesão de Maicon) fizeram-no ser mais utilizado do que se previa na Liga. Cumpriu.

Fernando 24 jogos (23); 1 golo Voltou a realizar uma grande temporada, conseguindo acrescentar uma dimensão mais ofensiva ao seu jogo.

Castro 17 jogos (0); 1 golo Presente em mais de metade dos

Os jogadores do título

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PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESTAQUE | 7

FOTOS: PAULO PIMENTA

ões na primeira época fez lembrar

os tempos de Co Adriaanse e do FC

Artmedia. No entanto, no mais im-

portante, no título mais cobiçado

por qualquer adepto de um clube

português, Vítor Pereira esteve ir-

repreensível a nível de resultados.

Os números não mentem. Nos 60

jogos que o FC Porto disputou nas

duas últimas épocas na I Liga, com

Vítor Pereira como treinador, apenas

uma vez foi derrotado: em Barcelos,

a 22 de Janeiro de 2012. Com uma

percentagem de vitórias a rondar os

80%, os “azuis e brancos” foram nos

últimos dois anos, no campeonato,

de uma fi abilidade merecedora de

fortes elogios. Da boca dos detrac-

tores do (ainda) treinador portista,

é comum ouvir-se que “no FC Porto

qualquer um é campeão”. São dados

com exemplo outros técnicos, ale-

gadamente pouco qualifi cados, que

também conquistaram o “bi” como

portistas. No entanto, ao contrário do

que tantas vezes aconteceu no pas-

sado, desta vez ninguém pode dizer

que o FC Porto é campeão por falta

de comparência da concorrência.

Na época passada, mas principal-

mente nesta, Vítor Pereira teve que

lutar contra um Benfi ca competen-

te. Com um plantel vasto e de mui-

ta qualidade do meio-campo para a

frente, e um treinador cuja qualida-

de está acima de qualquer suspeita,

os “encarnados” pareceram sempre

estar mais bem colocados para che-

garem ao título. Mas na “hora H”,

foi sempre Vítor Pereira o último a

rir, mesmo não tendo as mesmas ar-

mas do adversário. Tanto este ano,

como em 2012, o FC Porto fez o xe-

que-mate ao Benfi ca nos confrontos

directos. Na época passada, na Luz;

este ano, no Dragão. E essa medalha,

tão desejada por qualquer portista,

ninguém pode tirar a Vítor Pereira:

para o campeonato, nunca perdeu

frente ao grande rival.

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jogos da Liga, mas sempre como suplente. Jogou para merecer mais oportunidades.

Defour 25 jogos (14); 2 golos Foi o canivete-suíço de Vítor Pereira: utilizado em seis dos 11 lugares diferentes da táctica habitual do treinador, que aprecia a sua multifuncionalidade.

João Moutinho 27 jogos (27); 1 golo Voltou a ultrapassar a barreira dos 40 jogos na soma de todas as competições. Raramente jogou mal e foi o portista com mais assistências na Liga (11).

Lucho González 29 jogos (29); 6 golos Já não tem o motor de

outros tempos, mas continua a ser importante e o melhor amuleto dos portistas: foi campeão em todas as épocas – esta é a sexta – no clube.

Tozé 1 jogo (0) Vítor Pereira recorreu ao médio-ofensivo para tentar — sem efeito — alterar o resultado no encontro em casa com o Olhanense (1-1).

Izmailov 13 jogos (6); 1 golo Foi uma das mudanças mais discutidas no mercado de Inverno. Estreou-se a marcar no segundo jogo em que vestiu a camisola portista, mas não segurou a titularidade e os seus minutos foram caindo.

Investiram em dois tratores e

dois reboques e fizeram-se à

estrada. Como já eram conhe-

cidos no meio não tiveram di-

ficuldade em arranjar negócio.

“Fomos logo subcontratados

por uma empresa que já nos

conhecia e que faz um milhão

de cargas por ano.

O destino é sempre a Inglater-

ra. Transportam produtos rela-

cionados com o setor automó-

vel, ferro e pedra. No regresso

para Portugal raramente vol-

tam vazios, transportando so-

bretudo ferro.

Passam as semanas mas o

percurso é sempre o mesmo:

Vilar Formoso, Salamanca,

Irún, Bordéus, Rouen e Dieppe

ou Le Havre. Depois, são mais

seis horas de ferry até Ingla-

terra. Este é o principal destino

dos Transportes “Os Rolas”,

um negócio de pai e filho que,

depois de terem ficado desem-

pregados, resolveram avançar

com o seu projeto. Escolheram

o que melhor sabem fazer:

transportes internacionais.

Tudo começou há cerca de

dois anos. A empresa de trans-

portes para onde trabalhavam

fechou e os dois começaram a

pensar em lançar um negócio

próprio. Experiência e contac-

tos já tinham, faltava o passo

final: a constituição da empre-

sa. Isso aconteceu no final de

maio de 2012, depois de terem

concluído “que tinham as con-

dições mínimas e clientes para

iniciar o negócio”, afirma o fi-

lho, Micael.

Os Rolas nunca tinham estado

juntos num negócio mas o fi-

lho há muito que acalentava o

sonho de trabalhar por conta

própria. O fim de atividade da

empresa onde trabalhavam

foi o “empurrão”.

Outro empurrão decisivo foi o do microcrédito. Clientes do Banco Espírito Santo (BES), Jorge e Micael Rola ouviram falar aos balcões do banco da possibilidade de recorrerem ao microcrédito. Contraíram um empréstimo de 10000 eu-ros que foram investidos na compra dos reboques. Foi um dinheiro que “facilitou o negó-

cio”, diz Micael.

O balanço é positivo, apesar

do preço elevado dos combus-

tíveis, que tem sido um trans-

torno. Mas “com orientação

temos conseguido alcançar os

nossos objetivos”, diz o filho. A

ambição é “crescer” para au-

mentar a frota de camiões e o

volume de negócios.

Desde Maio deste ano que Micael e Jorge Rola se lançaram por conta própria num

negócio que conhecem como a palma das suas mãos: os transportes de longo curso.

Micael Rola faz-se à estrada todas as semanas. Destino: Inglaterra.

Para mais informações consulte www.bes.pt/microcredito ou siga-nos no Facebook

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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Kelvin 8 jogos (1); 3 golos Apesar de ter sido titular apenas uma vez, teve impacto enorme na decisão do campeonato: fez os golos decisivos para o FC Porto vencer em casa o Sporting de Braga e, no “jogo do título”, o Benfica.

Iturbe 1 jogo (0) O argentino continua a não ser opção no Dragão. Apenas somou cerca de 30 minutos em campo na goleada ao Beira-Mar, quando o jogo já estava resolvido (3-0). Terminou a época no seu país, no River Plate.

Varela 25 jogos (19); 4 golos Não conseguiu um desempenho semelhante ao que teve nas

duas primeiras épocas no FC Porto, mas voltou a ter peso nas escolhas do treinador. Apontou quatro golos, o mais

importante no Estoril.

Atsu 17 jogos (9); 1 golo A temporada do extremo ganês chegou a prometer ser mais produtiva para a equipa do que realmente foi. Começou bem a época, mas esteve menos presente na parte final. Inaugurou o marcador no triunfo em Aveiro (0-2). Esteve ausente em Janeiro e Fevereiro, a disputar a CAN.

Sebá 4 jogos (0) Suplente utilizado em quatro rondas seguidas, o brasileiro da equipa B participou com uma assistência na goleada ao Gil Vicente (5-0).

James Rodríguez 24 jogos (19); 10 golos Terminou a época como o

segundo melhor marcador dos “dragões”, com dez golos, e também foi importante na hora de assistir os colegas.

Hulk 3 jogos (3); 2 golos O brasileiro fez falta ao FC Porto, mas não nas três primeiras

jornadas, pois só partiu depois para São Petersburgo. Marcou dois golos, um deles essencial para o triunfo sobre o Olhanense.

Kléber 5 jogos (0) Utilização muito limitada — e sempre a partir do banco — antes do empréstimo ao Palmeiras, a meio da época.

Liedson 6 jogos (0) Participou no lance que deu o triunfo à sua equipa sobre o Benfica, mas foi muito pouco usado para um jogador com o seu historial no campeonato e para as expectativas que os adeptos portistas criaram depois de ser anunciada a sua contratação. Manuel Assunção

Os jogadores do título

I LIGA 2012-13

O FC Porto não teve nenhum

totalista no campeonato,

mas Jackson Martínez foi

o que esteve mais perto e

esse estatuto corresponde

ao peso que teve no 27.º tí-

tulo do clube. O ponta-de-lança foi o

jogador mais importante da equipa

e, por isso, quase não saiu de campo

ao longo do campeonato, do qual se

sagrou melhor marcador.

Foi com golos — e foram 26 em 30

jogos só nesta prova, corresponden-

tes a 37% do total da equipa — que

o avançado desfez as dúvidas que

a sua contratação possa ter gerado.

Colombiano tal como Falcao, logo

foram feitas as comparações com

El Tigre, que tem um historial difí-

cil de igualar no Dragão. Jackson,

apesar de relativamente desconhe-

cido, tornou-se também no ponta-

de-lança mais caro da história do FC

Porto, que o comprou ao Jaguares,

do México, por 9,6 milhões de euros

(8,9 milhões pelo passe mais 750 mil

euros em encargos adicionais), e na

transferência mais alta do futebol

mexicano, superando os cerca de

Manuel Assunção

Jackson desfez desconfi anças

O avançado colombiano chegou ao Dragão esta temporada e rapidamente se impôs. Termina o campeonato como o goleador da I Liga e uma das revelações da prova

7,5 milhões que Sevilha e Manches-

ter United pagaram por Aquivaldo

Mosquera (em 2007) e Chicharito

(em 2010), respectivamente. Até a

sua idade quando chegou ao Dragão

foi motivo de discussão, pois aos 25

anos não estava no início de carreira

e a sua rentabilização futura poderia

ser mais difícil.

Mas Jackson rapidamente acabou

com as questões acerca da sua qua-

lidade e utilidade. “Quero escrever a

minha própria história no FC Porto”,

repetiu nos dias seguintes à ofi cia-

lização do negócio. A adaptação ao

futebol europeu foi rápida e a prova

foi o golo que valeu aos “dragões” o

primeiro troféu ofi cial da temporada,

a Supertaça, contra a Académica, na

sua estreia ofi cial em Portugal. E os

golos continuaram a surgir no cam-

peonato, ao ponto de se ter colocado

a um nível análogo ao dos melhores

goleadores da prova nos anos mais

recentes. O sul-americano obteve

uma média de 0,83 golos por jogo, re-

gisto semelhante aos de Cardozo (26

golos e média de 0,90) e Falcao (25;

0,89) em 2009-10, de Hulk (23; 0,88)

em 2010-11, de Lisandro (24; 0,89)

em 2007-08 e do colega de equipa

Liedson (25; 0,81) em 2004-05.

A apresentação a sério de Jackson

no futebol português aconteceu no

início da Liga, quando facturou em

sete jornadas seguidas (entre a 2.ª e

a 8.ª), uma sequência que na histó-

ria moderna do FC Porto só é menos

longa do que as obtidas no seu tempo

por Pena (9), Jardel (9) e Fernando

Gomes (14). Mas o colombiano, que

não foi opção na Taça de Portugal,

marcou igualmente nas outras provas

em que foi usado e, por isso, atingiu a

barreira dos 30 golos numa tempora-

da, um feito que nos últimos 25 anos

só Domingos, Jardel, Falcao e Hulk

tinham alcançado no FC Porto.

Os pontos baixos na sua época —

além do facto de nem sempre con-

seguir ser bem servido pela equipa

— acabaram por ser as três grandes

penalidades falhadas no intervalo de

seis jornadas, que ajudaram a colo-

car em causa a revalidação do título.

Dois desses erros custaram quatro

pontos à equipa, nos empates a um

com Olhanense e Marítimo.

A carreira profi ssional de Jackson

começou no Independiente Medellín,

clube em que chegou a ser contesta-

do pelo adeptos, mas do qual saiu

como ídolo depois da sua responsa-

bilidade (melhor marcador da prova,

com 18 golos) no título de campeão

em 2009. Depois chegou a ser dada

como certa a sua transferência para o

Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul, mas

o acordo caiu e acabou por rumar ao

Jaguares, no México, onde o FC Porto

o foi buscar. Tal como Wason Rente-

ria, outro avançado colombiano que

já representou os “dragões”, Jackson

nasceu em Quibdó, mas no seu caso

já poucos duvidam que o FC Porto

acertou em cheio.

Depois de uma primeira

jornada em que Benfi ca e

FC Porto empataram (os

portistas no terreno do Gil

Vicente, os benfi quistas na

recepção ao Sp. Braga), os

dois rivais ocuparam os lugares ci-

meiros da classifi cação logo à terceira

jornada e nunca mais os largaram.

O Benfi ca foi o primeiro a escorre-

gar. À quarta ronda, um empate em

Coimbra (2-2), frente à Académica,

deixou as “águias” com dois pontos

de atraso. Só que a diferença foi re-

cuperada logo na jornada seguinte

quando os portistas tropeçaram no

terreno do Rio Ave (2-2).

Lisboetas e portuenses mantive-

ram-se lado a lado até se encontra-

rem, na Luz, à 14.ª jornada. Um due-

lo que deixou tudo na mesma. Aos

golos de Mangala e Jackson Martínez

responderam Matic e Gaitán.

Só à passagem da jornada 18 é que

as coisas voltam a poder alterar-se.

O Benfi ca não vai além de um em-

pate (2-2) no terreno do Nacional.

Uma partida em que termina com

apenas nove jogadores em campo

(expulsão, nos minutos fi nais, de Car-

dozo e Matic). Mas o FC Porto não

foi capaz de aproveitar o deslize do

rival, pois fi cou-se por uma igualdade

caseira com o Olhanense (1-1).

Foi preciso o Sporting entrar em

cena, à 21.ª jornada, para FC Porto

e Benfi ca deixarem de estar empata-

dos. Em Alvalade, os “azuis e bran-

cos” fi caram-se pelo nulo e viram os

“encarnados” escaparem, após bate-

rem o Beira-Mar, em Aveiro (1-0).

O cenário piorou ainda mais pa-

ra o FC Porto duas rondas depois.

O empate na Madeira, frente ao Ma-

rítimo (1-1) conjugado com o triunfo

do Benfi ca em Guimarães sobre o Vi-

tória (4-0), colocou o avanço benfi -

quista em quatro pontos. Parecia que

os “encarnados” tinham embalado

para o título. Até que surgiu o empate

caseiro com o Estoril (1-1) e a derrota

no Dragão (2-1), com aquele golo de

Kelvin a 30 segundos dos 90’. Estava

consumada a reviravolta no topo que

a última jornada não alterou.

30 jogos sem perder e o golo de Kelvin

Jorge Miguel Matias

Jackson Martínez

Page 9: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESTAQUE | 9

Palmarés1934-35 FC Porto1935-36 Benfica1936-37 Benfica1937-38 Benfica1938-39 FC Porto1939-40 FC Porto1940-41 Sporting1941-42 Benfica1942-43 Benfica1943-44 Sporting1944-45 Benfica1945-46 Belenenses1946-47 Sporting1947-48 Sporting1948-49 Sporting1949-50 Benfica1950-51 Sporting1951-52 Sporting1952-53 Sporting1953-54 Sporting1954-55 Benfica1955-56 FC Porto1956-57 Benfica1957-58 Sporting1958-59 FC Porto1959-60 Benfica1960-61 Benfica1961-62 Sporting1962-63 Benfica1963-64 Benfica1964-65 Benfica1965-66 Sporting1966-67 Benfica1967-68 Benfica1968-69 Benfica1969-70 Sporting1970-71 Benfica1971-72 Benfica1972-73 Benfica1973-74 Sporting1974-75 Benfica1975-76 Benfica1976-77 Benfica

1977-78 FC Porto1978-79 FC Porto1979-80 Sporting1980-81 Benfica1981-82 Sporting1982-83 Benfica1983-84 Benfica1984-85 FC Porto1985-86 FC Porto1986-87 Benfica1987-88 FC Porto1988-89 Benfica1989-90 FC Porto1990-91 Benfica1991-92 FC Porto1992-93 FC Porto1993-94 Benfica1994-95 FC Porto1995-96 FC Porto1996-97 FC Porto1997-98 FC Porto1998-99 FC Porto1999-00 Sporting2000-01 Boavista2001-02 Sporting2002-03 FC Porto2003-04 FC Porto2004-05 Benfica2005-06 FC Porto2006-07 FC Porto2007-08 FC Porto2008-09 FC Porto2009-10 Benfica2010-11 FC Porto2011-12 FC Porto2012-13 FC Porto

TotalBenfica 32FC Porto 27Sporting 18Belenenses 1Boavista 1

Os estados de espírito de Vítor

Pereira e Jorge Jesus eram

logicamente distintos ao iní-

cio da noite de ontem: um

tinha acabado de ganhar ao

Paços de Ferreira, equipa-

sensação da I Liga, garantindo as-

sim o bicampeonato. O outro bateu

o Moreirense, condenando a equi-

pa minhota à despromoção — mas o

triunfo de nada valeu, e pela segunda

temporada seguida viu o campeonato

fugir nas derradeiras jornadas.

Vítor Pereira disse o que lhe ia na

alma assim que chegou à sala de im-

prensa, no fi nal do jogo. “Vou falar

muito pouco, a vontade que tenho

é de falar pouco”, confessou o téc-

nico, admitindo que o que mais lhe

apetecia era “sentir aquele ventinho

nos Aliados”. “Não sinto necessidade

Jorge Jesus diz que o campeão é justo, mas não dá os parabéns

coisas porque isto nos dá muito

mais experiência”, vincou o técni-

co. E acrescentou, em tom de desa-

fi o: “Não vou desvalorizar o que o

nosso rival fez, porque ganhou uma

competição importante. Mas o Ben-

fi ca fez uma temporada brilhan-

te e tenho de a valorizar

também, uma tempora-

da que pode terminar

com conquista da Taça

de Portugal.”

Jesus não quis des-

vendar qualquer

detalhe sobre a

sua continuida-

de no Benfica.

“Se eu fi car no

Tiago PimentelBenfi ca, o presidente já falou comigo,

será sempre dois anos. Os benfi quis-

tas sabem que o Benfi ca tem vindo

a recuperar muito da diferença que

havia para o nosso rival. Hoje o nosso

rival não ganha o campeonato com

dez ou 15 pontos de avanço. A pou-

co e pouco estamos a fazer uma

grande equipa, a cada ano mais

forte”, frisou.

Para já, no entanto, a prio-

ridade passa por vencer

a Taça de Portugal, do-

mingo: “É o segundo

troféu mais impor-

tante. É para os

adeptos, que

merecem.”

passo para a frente dizer que pas-

sou a ser sério. Para mim os vence-

dores são justos, e é assim que os

benfi quistas sempre estiveram. Não

vamos mudar a nossa identidade.

Quem ganha é um justo vencedor”,

disse o técnico.

Sem nunca dar abertamen-

te os parabéns ao FC Porto,

Jorge Jesus preferiu sublinhar

o percurso dos “encarnados”

na temporada 2012-13. “Que-

ro realçar o que o Benfi ca fez

até ao momento. Tomara

eu que para ano pudesse

dizer a mesma coisa. De

certeza que podemos

conquistar muito mais

PUBLICIDADE

nenhuma de falar de mim, mas de

falar dos meus jogadores, da minha

grande equipa e do privilégio que é

trabalhar com eles”, respondeu Vítor

Pereira, quando questionado sobre o

facto de ser um dos três treinadores

que chegaram ao fi nal do campeo-

nato sem derrotas. “O que vos digo

é que somos campeões, e com todo

o mérito”, acrescentou.

“Nos momentos cruciais, tal co-

mo no ano passado, fomos decisi-

vos. Ganhou a melhor equipa”, ti-

nha afi rmado Vítor Pereira na fl ash

interview com a SportTV, logo após

o fi nal do encontro. “Quando disse

‘sujinho’, referi-me a um jogo, falei

porque tinha de falar. Cresci [como

treinador] neste campeonato, no

anterior e crescerei nos próximos”,

vincou Vítor Pereira. “O campeonato

foi competitivo em todas as frentes.

Com pouco dinheiro relativamente

a outros campeonatos proporcioná-

mos grandes espectáculos. Temos de

valorizar a qualidade que temos, em

vez de fazermos sempre o papel dos

coitadinhos”, concluiu.

Liedson destoaMas se o tom das declarações de Vítor

Pereira foi marcado pela serenidade,

nem todos no FC Porto alinharam

por essa medida. Liedson — que até

fez a assistência para o golo de Kelvin

que deu aos “dragões” a vitória (2-1)

sobre o Benfi ca, mas somou poucos

minutos de utilização — destacou-se

por aquilo que disse após o jogo em

Paços de Ferreira. “Estou muito feliz

com esse título, mas gostava que ti-

vesse sido de outra forma. Gostava de

ter tido mais oportunidades, mas não

deixaram”, disse o avançado interna-

cional português. “Arrependido [de

vir para o FC Porto] não estou, mas

vim com o pensamento de participar

mais. O treinador não deixou, mas

não estou chateado. Não me deixa-

ram”, prosseguiu Liedson. Adiantou

que o seu futuro passa pelo regresso

ao Brasil: “Vou voltar ao Flamengo,

tenho contrato até ao fi nal do ano.

Depois logo se vê.”

“Época brilhante”Na Luz, Jorge Jesus era um homem

conformado com o título do FC Por-

to. Mas nem por isso deixou de atirar

uma alfi netada a Vítor Pereira: “Não

vou dizer que o campeonato não é

sério quando vou atrás, e quando

14Número de golos sofridos pelo FC Porto no campeonato, o valor mais baixo das últimas cinco épocas (em 2007-08 sofreu 13).

0Número de derrotas sofridas pelos “dragões” nos 30 jogos realizados na I Liga, tal como aconteceu em 2010-11.

7Melhor sequência de vitórias do campeão na prova. Aconteceu duas vezes: entre as jornadas 6 e 13 e entre a 24.ª e a 30.ª ronda.

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10 | DESTAQUE | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

I LIGA 2012-13

Joana celebrou, o namorado sofreu (por sms)

Um no Porto, outro em Lisboa, passaram o jogo a trocar mensagens. “Parabéns, este campeonato devia ter sido nosso, mas vocês também fi zeram por isso”, rematou o namorado de Joana Carvalho

Joana Carvalho, em baixo, foi para um bar ver o jogo. No intervalo, o namorado benfiquista em Lisboa quis saber tudo sobre o golo

Joana Carvalho preparou-se

para a festa. Vestiu umas

calças de ganga azul e

uma camisola de malha

da mesma cor e calçou

umas botas óptimas para

começar a noite aos saltos na

Avenida dos Aliados. “Allez, Porto,

allez!”

Àquela hora, o Porto parecia

uma cidade fantasma, mas tudo

podia mudar. A alegria explode

na Avenida dos Aliados sempre

que o FC Porto ganha um título.

E a engenheira civil, de 35 anos,

posicionou-se na rua paralela, a do

Almada, num dos mais ecléticos

bares da cidade, o Baixaria.

“Já estamos a guardar lugar na

primeira fi la”, dizia.

O namorado, benfi quista, rumara

ao Estádio da Luz. Fora ver o

Benfi ca jogar contra o Moreirense.

E ela, que gosta de ver jogos em

casa, achara que, desta vez, não

devia enchê-la de fervorosos

portistas. À pinha estava o bar com

caixas de fruta a fazer de bancos

e um ecrã gigante numa parede a

exibir o confronto entre o Paços de

Ferreira e o FC Porto.

Ela foi a primeira a celebrar.

Aos 23 minutos, um golo de Lucho

González na transformação de uma

Reportagem Ana Cristina Pereira

grande penalidade. O namorado

pediu-lhe confi rmação por SMS. E

ela explicou-lhe que fora um lance

entre James Rodríguez e Ricardo.

Quando Vinícius marcou, ela

agitou o cachecol do Moreirense,

que trouxera de casa, mas não lhe

mandou um SMS. “Não vou fazer

qualquer comentário. Respeito a

dor dele.”

À volta dela, cantoria. Muitos

quiseram tirar fotografi as com o

cachecol, menos por simpatia à

equipa de Moreira de Cónegos

do que por antipatia ao seu

adversário. Um deles, Paulo Pinto,

levantava-o o mais que podia. O

gestor de mercados, de 44 anos,

usava a sua camisola da sorte:

a que comprara a 21 de Maio de

2003, na fi nal da Taça UEFA, que

o FC Porto fora ganhar a Sevilha,

estava a mulher grávida do único

fi lho de ambos.

Não se considera anti-

benfi quista, nem qualifi ca o

namorado anti-portista, Joana. Nas

últimas semanas, mesmo assim,

não discutiram o assunto lá em

casa. Ela não suporta as piadas

dele sobre a legitimidade das

vitórias do clube das Antas. “Se

ganharmos, vou fazer o telefonema

da praxe, mas não vou provocar

muito. Se perdermos, também

posso telefonar. “Felizmente, ele

não vem para casa, fi ca em Lisboa

até segunda”, brincava.

Ele ligou-lhe no intervalo.

Queria saber tudo sobre o golo.

“Ele ia a correr, estava isolado.

Houve um pequeno toque, mas

na linha. Ele desequilibrou-se.

Foi por trás. Caiu dentro da

área”, explicava ela. “Como está

o ambiente por aí?”, perguntava-

lhe. “O que interessa é que um de

nós vai fi car feliz hoje”, concluía.

A sala já parecia convencida

da vitória. O FC Porto tinha um

golo de vantagem e o Paços de

Ferreira menos um jogador.

Paulo Pinto ainda não queria

celebrar, dizia ter aprendido “a

lição” com os benfi quistas, mas

sentia-se tranquilo. “Isto assim

tem mais piada”, dizia Joana.

“Estamos habituados a não ter

concorrência.”

Alegria quando, aos 52 minutos,

Jackson Martínez ampliou

a vantagem. “Porto! Porto!

Porto!” Ela ria. “Acho que somos

campeões.” A voz dela era abafada

pela festa à volta. “Viva o Porto

Olé!” Cardozo e Lima deram a

vitória ao Benfi ca, o namorado de

Joana deu-lhe notícia disso, mas tal

não impediu a festa do FC Porto.

“Campeões, campeões, nós somos

campeões”. A sala ainda se unia

num grito quando Joana recebeu

o último SMS: “Parabéns, este

campeonato devia ter sido nosso,

mas vocês também fi zeram por

isso.”

NFACTOS/PEDRO GRANADEIRO

NFACTOS/PEDRO GRANADEIRO

PAULO PIMENTA

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12 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Cavaco quer discutir o pós-troika sem assumir crise política e o ano que falta

A intenção do Presidente da Repú-

blica é olhar para a frente, muito lá

para a frente. Para daqui a um ano,

quando a troika deixar formalmente

Portugal. Cavaco Silva reúne-se hoje

com os seus conselheiros de Estado

para discutir o futuro da economia

nacional quando o país já não esti-

ver sob assistência fi nanceira. Mas

provavelmente esse será um olhar

demasiado para a frente. Porque o

pós-troika também passa pelo facto

de saber se o actual Governo e as su-

as políticas se – e como – aguentam

até lá.

Não será de estranhar, portan-

to, que boa parte dos conselheiros

queiram abordar a situação presen-

te, prevendo-se que o Presidente

da República difi cilmente consiga

orientar toda a reunião sem se falar

no longo caminho que será preciso

percorrer até a troika ir embora, em

Junho de 2014, e nas metas orçamen-

tais apertadas que deixa para anos

posteriores. Precisamente oito me-

ses depois do último Conselho de

Estado, Pedro Passos Coelho volta

a entrar em Belém com um Gover-

no debilitado. Mais ainda do que

em Setembro passado – e na altura

o primeiro-ministro deixou cair em

Belém as mudanças na Taxa Social

Única para patrões e empregados e

comprometeu-se perante o Conselho

a dominar a sua equipa, garantindo

estarem “ultrapassadas as difi culda-

des que poderiam afectar a solidez

da coligação partidária que apoia o

Governo”. Hoje, Passos pode voltar

a prometer o mesmo, mas será em

vão: Portas não está no Conselho de

Estado e duvida-se que assumisse tal

compromisso.

Solidez foi palavra que, porém,

nunca mais se pôde aplicar à coli-

gação. Nas últimas duas semanas a

novela do apoio-discordância-recusa

do CDS às alterações ao cálculo para

as pensões já em vigor veio alargar

o fosso entre Pedro Passos Coelho e

Paulo Portas e teve ainda a desvan-

tagem de ser representada na praça

pública. A que se soma, pelo lado do

PSD, um desconforto entre as bases

e as estruturas dirigentes e governa-

tivas do partido, notório na ausência

da maior parte das distritais do almo-

ço de aniversário.

O Presidente também não é total-

mente alheio ao cenário difícil do

Governo: foi o motor para os pedi-

dos de fi scalização do Orçamento ao

Tribunal Constitucional, o que obri-

gou Passos Coelho a arranjar 1300

milhões de euros adicionais. Na úl-

tima semana, Cavaco Silva juntou-se

às vozes críticas da criação de uma

taxa sobre as pensões: “Este grupo

[reformados e pensionistas] tem si-

do duramente atingido nos últimos

tempos e há limites de dignidade que

não podem ser ultrapassados.”

Por outro lado, ao querer debater

já o pós-troika com os seus conse-

lheiros, o Presidente mostra algu-

ma abertura e validade às reivindi-

cações do PS, cujo líder tem repeti-

do à exaustão a necessidade de criar

políticas de incentivo e crescimento

da economia. Não é de estranhar que

Seguro volte esta tarde a enumerar

propostas socialistas para a reindus-

trialização e revitalização da econo-

mia. Ou o tema da crise de regime.

Dossiers europeusA reunião do Conselho de Estado

que decorre esta tarde no Palácio

de Belém tem uma novidade. Pela

primeira vez, o Presidente da Repú-

blica enviou aos seus 19 conselheiros

documentação prévia ao encontro.

Foi o próprio Cavaco Silva que, na

semana passada, no Porto, revelou

este facto.

Os documentos enviados são, se-

gundo o PÚBLICO apurou, textos

sobre a situação na União Europeia

que o Presidente considerou de in-

teresse distribuir aos conselheiros

para abordar o tema que vai estar

em cima da mesa: “Perspectivas da

economia portuguesa no pós-troika,

no quadro de uma união económica

e monetária efectiva e aprofundada”.

É um dossier com documentação

sobre questões europeias que está

disponível no site da Comissão Euro-

peia. “Considerei que era importante

ouvir a refl exão dos conselheiros de

Estado sobre matérias de relevância

Cavaco Silva reuniu o Conselho de Estado há oito meses

Conselho de Estado reúne-se incompleto para analisar as perspectivas da economia quando o país se libertar da troika. Mas os conselheiros deverão querer debater o presente e pensionistas

Presidência Maria Lopes

clara em Portugal à medida que se

aproxima o fi m do programa de assis-

tência fi nanceira, mas também para

obter indicações para a posição por-

tuguesa a ser defendida pelo Gover-

no português no Conselho Europeu

do mês de Junho”, disse o Presidente,

justifi cando a convocação da reunião

– que fora anunciada dez dias antes

pelo conselheiro Luís Marques Men-

des, na SIC. Cavaco também visita as

instituições europeias em Bruxelas e

Estrasburgo dentro de um mês.

Outro facto novo é o da ausência

do presidente do governo regional

dos Açores na primeira reunião do

Conselho de Estado em que devia

participar desde que tomou posse

em Novembro passado. Vasco Cor-

deiro preferiu participar na sessão

solene do Dia da Região Autónoma

Seguro já fala em “crise de regime”

No sábado à noite, em Mangualde, António José Seguro alertou para a “crise de regime” que Portugal

poderá vir a enfrentar. “Estamos metidos numa grave crise. Numa crise social, numa crise económica, numa crise política, e estas três crises somadas podem dar origem a uma crise de regime”, disse. Para o líder socialista, “hoje já há muita gente que vive desiludida com a política” e que não acredita que ela lhe resolva os problemas. Por isso, sustentou, cabe ao PS

a dupla responsabilidade de “renovar a confiança dessas pessoas nas instituições democráticas do nosso país e, fundamentalmente, de dar respostas aos problemas dos portugueses”. O líder socialista voltou a afirmar que o país não conseguirá sair da crise se “se continuar a aplicar medidas de austeridade que, julgam, reduz a despesa, mas que apenas criam uma espiral recessiva”. E ontem acusou o Governo de não saber aproveitar as propostas do PS. (ver página 17) S.R.

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PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | PORTUGAL | 13

dos Açores, na Assembleia Legisla-

tiva regional, na cidade da Horta,

marcada para esta segunda-feira ao

fi m da manhã.

À margem deste facto novo, a reu-

nião vai decorrer nos moldes habitu-

ais. O Presidente da República abre

com a introdução do tema. Depois,

os conselheiros, por ordem institu-

cional – presidente da Assembleia

da República, primeiro-ministro,

presidente do Tribunal Constitucio-

nal, provedor de Justiça, presidentes

dos governos regionais, os nomea-

dos pelo PR e os indicados pelo Par-

lamento –, ou por ordem de inscrição

pronunciam-se. Estas intervenções,

entre dez a 20 minutos, podem ser

seguidas por um segundo turno ou

réplicas. Alguns dos conselheiros lê-

em um discurso previamente escrito,

outros completam a sua intervenção

com apontamentos da reunião. Ter-

minada a fase de audição, o Presi-

dente da República faz a conclusão

da reunião. Depois é discutido e

aprovado o comunicado fi nal a ser

divulgado ao país.

Normalmente, o guião não se des-

via muito desta estrutura – o que

pode acontecer é os conselheiros se

mostrarem mais ou menos interve-

nientes. Em Setembro, por exemplo,

o encontro demorou oito horas. Pa-

ra o jardim em frente ao Palácio de

Belém, tal como há oito meses, está

hoje marcada uma concentração pe-

lo movimento Que se lixe a troika. O

“Conselho do Povo”, como foi deno-

minado, vai pedir ao Presidente que

demita o Governo e o fi m da austeri-

dade. com Nuno Ribeiro

NUNO FERREIRA SANTOS

O cenário pós-troika não deverá re-

servar boas notícias para os portu-

gueses. Vários economistas ouvidos

pelo PÚBLICO admitem que o país

vai ter difi culdades em regressar ple-

namente aos mercados a partir de

2014 e que, em face disso, deverá

precisar de novo apoio fi nanceiro,

nos mesmos moldes da troika, ou

ligeiramente diferentes, através de

uma ajuda directa da União Euro-

peia/Banco Central Europeu (BCE).

Para os economistas contactados,

os actuais indicadores económicos

do país são muito negativos e as pers-

pectivas futuras sombrias, daí que o

país terá que continuar a ser apoiado

fi nanceiramente, a ter regras e metas

apertadas. A vigilância externa vai

continuar.

João Duque, presidente do ISEG,

reage com alguma ironia à pergunta

do PÚBLICO sobre o que pode ser o

pós-troika, afi rmando que “o melhor

é irmos todos a Fátima para ver se

mantemos a troika por cá”. Susten-

ta que, com a troika, “o dinheiro é

muito mais barato e vai aparecendo”.

“Não estou a ver qual é a alternativa.

Deixarem-nos na mão do mercado é

arrancarem-nos a pele”, defende o

economista.

Apesar de admitir que a economia

europeia está doente e que não está

a ser capaz de puxar pela economia

nacional, e que com base nos últimos

indicadores económicos o país não

consegue pedir dinheiro directamen-

te nos mercados, João Duque ainda

admite que o cenário possa melhorar

se a União Europeia mudar de estra-

tégia e começar a tomar “medidas

de fundo, como a compra de dívida

dos Estados”.

João Loureiro, economista da

Faculdade de Economia do Porto,

também admite que “não é absolu-

tamente claro que Portugal consiga

fi nanciar-se nos mercados, como es-

tava planeado”. Admite que as alte-

rações ao programa de ajustamento

mostram que as coisas não estão a

correr tão bem como o esperado e

diz que não o surpreende que “a liga-

ção à troika tenha de se prolongar”.

Defende que há sinais positivos do

lado da evolução das taxas de juro

Cenário económico pós-troika deverá implicar mais troika

da dívida portuguesa, mas admite

que “é tempo do Governo colocar

o crescimento no centro das preo-

cupações”.

Manuel Caldeira Cabral, da Univer-

sidade do Minho, admite como muito

provável um novo resgate, “que po-

derá ser encapotado ou menos for-

mal, com o envolvimento do BCE”.

Nesse resgate, “Portugal poderá ser

menos pressionado, mas terá de

cumprir metas e será vigiado”, de-

fende. Considerando que “a estra-

tégia da União Europeia (UE), sob

liderança alemã, apenas conseguiu

arrastar a Europa para um segundo

pico de recessão”, Manuel Caldeira

Cabral defende que Portugal aban-

done “a posição passiva e seguidista

que tem assumido face às políticas

europeias”.

Apesar de reconhecer que não há

margem para políticas expansionis-

tas, o economista defende que Por-

tugal deve “moderar a austeridade”,

de forma a estabilizar a economia no

curto prazo, o que terá efeitos positi-

vos ao nível do investimento nacional

e estrangeiro.

Ricardo Cabral também defende

que “não nos livramos da troika tão

cedo”. O economista da Universida-

de da Madeira destaca que a descida

dos juros da dívida portuguesa não

deve ser sobrevalorizada, porque

dois terços dos 200 mil milhões de

euros de dívida portuguesa estão no

sector ofi cial (FMI, BCE e UE) e que

no mercado está apenas um terço, do

qual boa parte está ainda em mãos de

bancos nacionais. Também não há

emissões regulares a médio e longo

prazo. Ou seja, “as taxas actuais es-

tão deturpadas, porque o mercado

não está a funcionar em condições

normais”, defende.

João Duque sustenta que com a troika o dinheiro vai aparecendo

O QUE ELES DIZEM

Eu gostaria mais de discutir a situação do país do que a situação da troika, mas não sou responsável. A coligação está em perigo e Portas continua a ser chantageadoMário SoaresEx-Presidente da República

A escolha do Presidente é desdramatizar o Conselho de Estado. Não discutir o presente para não piorar a situaçãoMarcelo Rebelo de SousaEx-presidente do PSD

Com a marcação do Conselho de Estado, acho que [Cavaco] faz uma ponte com o PS, porque o pós-troika já vai ser com outro GovernoMarques MendesEx-presidente do PSD

É uma visão [de Vítor Gaspar] maniqueísta, simplista, de que só há uma receita para a austeridade. Querer aplicar o mesmo modelo em circunstâncias diferentes está a falhar

Bagão FélixEx-ministro das Finanças

Economia Rosa Soares

Falta de crescimento da economia portuguesa deverá comprometer o regresso de Portugal aos mercados financeiros

Page 14: Publico 20052013

14 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

António Cluny, 57 anos, é

procurador-geral adjunto no

Tribunal de Contas e há dois anos

preside à associação Magistrados

Europeus para a Democracia

e as Liberdades (MEDEL), um

organismo fundado em 1985 e

que actualmente reúne cerca

de 20 associações profi ssionais

de juízes e procuradores. Esta

quinta-feira, dia em que se

contabilizam 21 anos sobre a

morte do juiz italiano Giovanni

Falcone, assassinado pelo seu

papel em processos ligados à

mafi a siciliana, a MEDEL discute

em Bruxelas a necessidade da

União Europeia (UE) defi nir

regras claras que garantam

a independência do poder

judicial. Apesar de quase todas as

constituições europeia preverem

essas garantias, a prática, diz

Cluny, mostra que países como

a Alemanha e a França têm

modelos que não garantem a

independência do poder judicial

face aos respectivos governos.

Actualmente quais são as

principais preocupações da

MEDEL?

Lutar por defender a nível

europeu princípios que

permitam que o poder judicial

se desenvolva de forma

independente face aos poderes

públicos e aos poderes fácticos,

como o poder económico e

o mediático. Quase todas as

constituições dos países europeus

falam na independência do

poder judicial e algumas falam

na independência do juiz. Umas

falam da autonomia do Ministério

Público, outras não. Em termos

teóricos, todas consagram

regras mínimas em termos de

independência. Na prática o

funcionamento dos diversos

sistemas não é todo igual.

Alguns muito diferentes, como

na Alemanha?

A Alemanha tem uma tradição

muito governamentalizada. Nem

o Ministério Público é autónomo,

nem há um órgão independente

de gestão da magistratura

judicial. Não gostamos de falar

em autogoverno porque parece

que defendemos que só os

magistrados se devem governar

a si mesmos. Não defendemos

isso, mas um governo próprio,

específi co da magistratura. Com

pessoas vindas da sociedade

política, da sociedade civil,

que ajudem a governar a

magistratura de uma forma

distinta do poder executivo, do

poder parlamentar e dos poderes

fácticos. De maneira que não haja

interferências e que exercam

um controlo efectivo sobre as

magistraturas.

Mas a realidade é bem

diferente...

O que nos parece realmente

estranho é que enquanto se

criaram critérios para aferir a

independência do poder judicial,

que comportam a existência de

conselhos, em países que querem

aderir à UE, há países fundadores

da União que não seguem esses

mesmos critérios.

Por exemplo, a Alemanha.

Embora se garanta a

independência constitucional

dos juízes, toda a gestão da

sua carreira é feita através dos

governo dos estados federados

e e do estado federal. Não há

mecanismos que garantam a

independência. O Ministério

Público também depende

directamente do ministro. Não é

um orgão autónomo como é em

Portugal, em Itália, na Espanha,

na Bélgica...O Conselho da

Europa tem vindo a acompanhar

a questão da independência do

poder judicial com resoluções

em que aponta claramente para

a necessidade de uma autonomia

do Ministério Público. E

relativamente à gestão dos juízes

para a criação de um conselho

superior e para a própria

composição desse conselho.

A Alemanha já foi visada numa

dessas resoluções.

Foi. E a França está com

um problema gravíssimo. O

Ministério Público francês é

entendido como autoridade

judiciária, com poderes

processuais penais, sem que o

Tribunal Europeu dos Direitos

do Homem lhe reconheça essa

qualidade, porque ele depende

directamente do ministro da

Justiça. E isso levou o tribunal

europeu a anular decisões. Ora

é a altura da Europa refl ectir

muito claramente sobre a criação

de standards mínimos, que

se traduzam em mecanismos

mínimos que garantam essa

independência.

Qual é o objectivo da iniciativa

de 23 de Maio?

A ideia surgiu de um conjunto

de situações mais graves que

a simples detecção destas

incongruências. De situações

concretas muito complicadas

como são os casos da Hungria, da

Roménia e da Sérvia.

As crises vireram pôr mais em

evidência estes problemas.

Sim, o problema que hoje existe

em todo o mundo e na Europa

em particular é o desfalecimento

das leis democráticas aprovadas

pelos parlamento ou dos

próprios tratados internacionais

em favor do poder fáctico dos

grandes grupos económicos. A

situação portuguesa é exemplo

disso. Temos uma Constituição,

temos leis, e há quem queira

interpretar a nossa Constituição à

luz da realidade troikista. O que o

a troika diz terá para muita gente

muito mais valor do que a própria

Constituição. Isto cria situações

de pressão muito grande sobre

os órgãos jurisdicionais que

António Cluny O magistrado fala do seu envolvimento com um movimento de magistrados europeus, o MEDEL, e defende que a justiça portuguesa aguenta melhor a comparação com outros países da União Europeia do que se possa pensar

“Há quem queira interpretar a nossa Constituição à luz da troika”

“Na prática, o funcionamento dos diversos sistemas não é todo igual [Na Europa, em termos de independência]”

EntrevistaMariana Oliveira TextoDaniel Rocha Fotografia

Page 15: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | PORTUGAL | 15

têm que julgar situações cada

vez mais complexas. Tudo isto

se traduz num conjunto de

problemas jurídicos, de direitos

fundamentais, que é necessário

salvaguardar sob pena de

cairmos na selva. Há aqui todo

um retrocesso civilizacional

que se traduz em confl itos que a

Justiça tem que regular o melhor

possível. E só pode fazê-lo se

puder actuar com independência.

Os magistrados estão

preparados para estes

desafi os?

Do ponto de vista técnico, os

magistrados e os estudantes de

Direito estão hoje muito mais

bem preparados do que no meu

tempo. A questão pode colocar-se

do ponto de vista do tempo que

tiveram ou não tiveram para se

prepararem enquanto cidadãos.

Em termos de vivência social. O

ensino universitário e depois no

Centro de Estudos Judiciários é

de tal maneira absorvente que

há o risco de muitos magistrados

verem os problemas só através

de uma folha de papel A4 ou de

um ecrã de um computador. Por

vezes em nome da celeridade, da

efi cácia e da efi ciência a redução

desse tempo que é necessário ao

contacto com o cidadão e com o

a realidade envolvente.

Há uns anos exigia-se uma

idade mínima para entrar

na magistratura. Faz sentido

repor a regra?

Isso permitiu que muitos

dos melhores candidatos à

magistratura acabassem por

encontrar colocações, onde se

ganha muito melhor. Hoje nos

grandes escritórios de advogados,

embora só para uma minoria,

é fácil encontrar remunerações

muito mais apetecíveis.

Mas a magistratura ainda

oferece a estabilidade e

“[Em Portugal] não sabemos fazer uma gestão correcta dos serviços”

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Linguagem de magistrados

“Grande parte da ineficiência do sistema resulta de gramáticas próprias”

Os profissionais estão preparados para a revolução do mapa judiciário?

Por exemplo, o Ministério Público, em conjunto com as autarquias onde fecham tribunais, podia continuar a oferecer apoio jurídico às populações. Mantendo um dia ou dois de atendimento ao público. Os magistrados deslocavam-se, por exemplo, a uma sala da autarquia para receber o cidadão. E davam uma dinâmica nova a este atendimento. Esse serviço é pouco conhecido do grande público?Na província as pessoas acorriam com grande regularidade ao atendimento. Há assuntos que se resolvem ali ou se encaminham

para a entidade competente. Esse atendimento tem a grande virtualidade de impedir que se acumulem coisas em tribunal. E é fundamental a ligação entre magistrado e cidadão. Isso leva-nos ao problema de preparação dos magistrados... Quando nasceu o Centro de Estudos Judiciários tinha a função imediata de criar o maior número de magistrados num mínimo de tempo. E conseguiu-o. O problema está em saber se entretanto evoluiu. Defendo o reforço de um tronco comum entre as carreiras judiciais. Um dos problemas da separação das carreiras é que a formação em laboratório afasta as pessoas. Criam-se culturas próprias e desenvolvem-se gramáticas e linguagens

que não se reconhecem umas nas outras. Grande parte da ineficiência do sistema resulta do desenvolvimento destas gramáticas.Isso transporta-nos para discursos como o do bastonário dos Advogados...Não quero falar do senhor bastonário. De facto, tem uma técnica muito própria que posso retratar com um poema do António Aleixo: “Para a mentira ser fecunda e atingir profundidade, deve trazer à mistura qualquer coisa de verdade”. Não quero dizer que minta. Mas pega num episódio que muitas vezes é verdadeiro e a partir daí generaliza uma situação que já não o é. Acaba por denegrir de tal maneira o sistema judiciário que denigre a própria

no início salário-base

relativamente alto.

É verdade, mas também

é verdade que as grandes

sociedades de advogados

conseguem oferecer melhores

condições remuneratórias

que o Estado. E perspectivas

de progressão na carreira.

As magistraturas estão

absolutamente bloqueadas.

O contacto com diferentes

problemas da Justiça na

Europa dá-lhe uma outra

forma de olhar para a

realidade portuguesa?

Apesar de todos os defeitos

apontados, temos um

sistema de conselho superior

relativamente equilibrado quer

na sua composição, quer nos

poderes que têm quer na forma

como actuam do ponto de

vista disciplinar e na avaliação

dos magistrados. Ainda não

vi lá fora nenhum sistema que

seja tão isento na notação dos

magistrados. Nesse aspecto tem

sido muitas vezes estudado e

até copiado. Mas não basta ter

conselhos superiores. Há países

onde foram instituídos conselhos

superiores, mas em que a

própria dinâmica interior desses

conselhos ou a própria realidade

social desses países acabou por

produzir orgãos oligárquicos

que passaram a reproduzir a

gestão de grupos de interesses,

alguns internos. Por isso a nossa

preocupação não passa apenas

pela independência face aos

poderes externos. Em Espanha

continua a haver um problema

grave com o conselho superior

do poder judicial, que é muito

partidarizada.

Vê Portugal melhor ou

pior depois de ter tido essa

experiência da MEDEL?

Do ponto de vista da capacidade

de intervenção dos conselhos

estamos muito acima da maioria

dos países. E temos a felicidade

de os próprios magistrados

acreditarem, no geral, no

sistema que os rege. Não

desconfi am dele.

O que temos de pior em

comparação com essa

realidade?

Não sabemos fazer uma gestão

correcta dos serviços. Mas para

termos essa cultura por um

lado temos de ter confi ança no

sistema. Temos de melhorar

as regras, organizar melhor as

procuradorias, especializá-las.

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Page 16: Publico 20052013

16 | PORTUGAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Novo patriarca de Lisboa garante que não deixará de lançar alertas por ter chegado ao topo da hierarquia

O recém-nomeado patriarca de Lis-

boa, D. Manuel Clemente, afi rmou

ontem que há um “desfasamento en-

tre a capacidade de resistir da popu-

lação” e as propostas apresentadas

pelos governantes, que devem ter

um papel mais “solidário” e “peda-

gógico” junto da sociedade.

O ainda bispo do Porto, que pre-

sidiu à eucaristia do Domingo de

Pentecostes na Sé do Porto, diz que

deixa a diocese com a “consciência

do que a crise representa na vida

das pessoas e de que vale a pena

resistir à crise”. No fi nal da mis-

sa, Manuel Clemente passou pelos

claustros da sé, onde foi aplaudido

pelas dezenas de seminaristas que

participaram na celebração e por

alguns grupos de jovens que visi-

tavam a catedral. Antes de sair da

igreja deu uma conferência de im-

prensa no auditório da diocese, sem

fugir a qualquer pergunta. Entrou

descontraído e bem-disposto e, no

fi nal, deixou um “voltem sempre”.

Um dia depois de ter sido anuncia-

do ofi cialmente que irá suceder a

D. José Policarpo no Patriarcado de

Lisboa, garantiu estar sereno: “Com

o tempo vamos ganhando calma”,

respondeu quando lhe perguntaram

como se sentia.

Na diocese do Porto desde 2007,

D. Manuel Clemente admite que é

com “muita pena” que deixa a re-

gião. “Tenho muita pena de aban-

donar a diocese do Porto, compos-

ta por gente muito participativa e

muito directa”. Dos seis anos aqui

passados diz que leva consigo “his-

tórias de resistência” de uma zona

que continua a ser muito afectada

pela crise, nomeadamente pelo de-

semprego. “É notável o esforço de

alguns empresários para não fecha-

rem as portas. Têm consciência de

que se fechassem não estavam a pôr

em causa só as suas famílias, mas

muitas outras”, conta, sublinhan-

do que encontrou pessoas que lhe

mostraram “como resistir criativa-

mente à crise”. D. Manuel Clemente

considera que existe “uma disponi-

bilidade grande por parte de muita

gente [para encontrar soluções] que

não é sufi cientemente respondida

Propostas dos governantes estão desfasadas da capacidade de resistência da população, diz bispo

pelos decisores nacionais e interna-

cionais”. Por isso pede aos gover-

nantes para assumirem um papel

mais “solidário” e “pedagógico”.

Coordenadora de um grupo de jo-

vens católicos no Instituto de Ciên-

cias Biomédicas Abel Salazar, Maria

Lopes Cardoso foi das que aplaudiu

ontem o futuro patriarca de Lisboa.

Mesmo assim reconheceu que a es-

colha lhe deixa um travo amargo.

“Vai fazer muita falta ao Porto. É

uma pessoa encantadora, que chega

muito às pessoas e é muito próximo

dos jovens”, resume a estudante.

Questionado sobre se será uma

voz incómoda para o poder quando,

a partir do dia 7 de Julho, assumir a

direcção do Patriarcado de Lisboa,

garante que não deixará de alertar

para os problemas dos portugueses.

A proximidade do poder vai fazer

com que a sua voz seja mais ouvi-

da? “Não sei, isso é uma profecia.

Mas não deixarei de fazer alertas”,

respondeu. Mesmo assim, insistiu

em que gosta de analisar os assun-

tos com a profundidade que estes

merecem, sem se fi xar em slogans.

“Não esperem de mim afi rmações

muito genéricas, abstractas, quer de

louvor quer de crítica”, resumiu.

Sobre um dos assuntos que mais

tem suscitado críticas à Igreja Católi-

ca, os abusos sexuais de sacerdotes

sobre menores, D. Manuel Clemente

mostrou-se cauteloso. O bispo recu-

sou pronunciar-se sobre casos em

concreto. “São casos que, assim que

aparecem — e felizmente não apa-

recem em catadupa, e esperemos

que não apareçam mesmo —, têm

que ser verifi cados e analisados quer

dentro da Igreja quer na ordem civil.

IgrejaMariana Oliveira

D. Manuel Clemente pediu ontem aos governantes para assumirem um papel mais solidário e pedagógico junto da sociedade

E nós, como cidadãos e como pes-

soas da Igreja, temos de respeitar o

que está previsto e andar com esses

casos para a frente”, afi rmou.

O prelado defendeu que, até por

respeito para com as vítimas, o as-

sunto merece uma “intervenção da

Igreja mediaticamente distante”,

devendo ser “acompanhado caso a

caso”. D. Manuel Clemente sublinha

que esta é uma realidade humana

que envolve pessoas: as vítimas, mas

também os agressores, que nalguns

casos começaram como agredidos.

“São casos sensíveis que, por vezes,

levam uma vida inteira a resolver”,

observou. “Facilmente se fazem

juízos e isso pode danifi car muito

o futuro da vida, mesmo quando a

pessoa se recupera. Temos de ter

muito cuidado”.

Até ao fi nal de Junho, D. Manuel

Clemente fi cará pelo Porto, pelo me-

nos fi sicamente. “Não garanto que

a cabeça esteja só aqui”, afi rmou,

confessando que quando assumiu o

cargo de bispo do Porto houve uma

“grande interrupção no acompa-

nhamento das coisas em Lisboa”,

circunscrição religiosa de que já foi

bispo auxiliar. Recordou, contudo,

que até aos 58 anos viveu na capi-

tal, conhecendo bem a cidade e a

região do Oeste, já que nasceu em

Torres Vedras.

Novo patriarca de Lisboa não se furtou a falar sobre abusos sexuais de padres sobre menores: “Se aparecerem têm de ser analisados quer no seio da Igreja quer na ordem civil. Temos que respeitar o que está previsto e andar com esses casos para a frente”

Há igrejas portuguesas roubadas em

plena luz do dia por falsos turistas

com mochilas e templos rurais ar-

rombados pela calada da noite. São

espoliados de sinos, caixas de esmo-

las, custódias, santinhos, cálices, cru-

cifi xos e às vezes até da água benta.

Os objectos mais furtados dos

templos religiosos são imagens de

santas, sinos, alfaias religiosas em

prata e ouro — como os cálices —,

pinturas amovíveis, crucifi xos, co-

roas de santos e terços, relata o co-

ordenador na Polícia Judiciária do

combate à criminalidade contra bens

culturais e obras de arte, João Olivei-

ra. Os azulejos são outros objectos

de cobiça dos amigos do alheio.

A crise económica fez aumentar o

roubo de arte sacra nas igrejas por-

tuguesas para venda no estrangeiro

a preços de saldo, explica o investi-

gador. Neste contexto de crise, co-

leccionadores, antiquários e outros

conhecedores de arte sacra sabem

das difi culdades dos portugueses e

percebem que podem fazer “aquisi-

ções de peças de valor cultural por

um valor pecuniário muito mais

baixo do que em tempos ditos nor-

mais”. O encerramento das igrejas

meses a fi o e a diminuição de fi éis

potenciam os roubos.

A nível nacional, há registos na Ju-

diciária de 85 furtos entre o princípio

do ano passado e o fi m do primeiro

trimestre de 2013. Trinta destes rou-

bos registaram-se na área de jurisdi-

ção da directoria da Polícia Judiciária

de Lisboa e Vale do Tejo, que é aquela

que, a nível nacional, mais ocorrên-

cias deste género regista. No entanto,

se se contabilizar apenas o primeiro

trimestre deste ano é a directoria do

Norte da Judiciária que lidera, ainda

que por pouco, o número de furtos

de arte sacra: houve 30 roubos em

locais de culto entre Janeiro e Mar-

ço. A GNR já registou, este ano, 33

assaltos a igrejas só no distrito de Bra-

gança, quase o triplo das ocorrências

verifi cadas no período homólogo de

2012. Os roubos de arte sacra fora dos

templos religiosos também não são

despiciendos, avisa João Oliveira: par-

ticulares, museus, coleccionadores e

antiquários são igualmente vítimas

do fenómeno. Lusa

Templos órfãos de sinos e até de água benta

Roubos

Falsos turistas usam mochilas para levar tudo o que apanham à mão de semear. Encerramento de igrejas potencia furtos

Page 17: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | PORTUGAL | 17

António José Seguro, disse ontem,

em Leiria, que “o Governo nem se-

quer é competente para aproveitar

as propostas do PS” para “dinami-

zar a economia e ajudar a criar em-

prego”. O secretário-geral do PS fa-

lava na sessão de encerramento do

fórum municipal da concelhia do

partido, onde se comprometeu a

“revisitar a organização adminis-

trativa do território”.

Num distrito conhecido pela sua

dinâmica empresarial, António José

Seguro enumerou “quatro propos-

tas concretas” que “não dependem

dos parceiros europeus, não depen-

dem da troika e só dependem da

vontade política do Governo de

Portugal”. “O problema é que nós

não temos governo, temos um go-

verno completamente desorienta-

do que nem sequer é competente

para aproveitar estas propostas do

partido socialista”, frisou.

Adiantando que os socialistas

não tencionavam cobrar “direitos

de autor” das suas ideiais e realçan-

do que estava a falar de medidas

que “são boas para o país, são boas

para as empresas, são boas para o

emprego”.

Propostas que passam por trans-

formar as dívidas das empresas ao

Estado em capital social das mes-

mas, a atribuição de benefícios

fi scais aos sócios que reforcem as

suas participações nas sociedades,

e às empresas que aplicam os seus

lucros no reinvestimento, bem co-

mo, a criação de uma conta corren-

te entre as empresas e o Estado. Até

porque “não faz sentido o Estado

fi nanciar-se à custa das empresas”,

disse.

Na opinião do líder nacional do

PS, “cada vez que uma empresa vai

à falência” a receita do Estado “di-

Seguro acusa Passos de não aproveitar propostas do PS

minui”, originando “um aumento

do défi ce”. Ainda segundo António

José Seguro, é essencial “dar um

pouco mais de rendimento às pes-

soas” para que “tenham dinheiro

para consumir”. Contudo, “o Go-

verno não tem sensibilidade social

nenhuma”, realçou.

Seguro frisou que estas eram al-

gumas das medidas que o Gover-

no deveria adoptar, “sem gastar di-

nheiro” de forma a promover uma

agenda de crescimento económico

e a defesa dos postos de trabalho.

“Só neste últimos dois anos deste

Governo, Portugal perdeu 458 mil

postos de trabalho”, destacou o so-

cialista, reiterando a constatação

de que “a cada dia que passa o país

está a fi car mais pobre, com menos

empresas, menos economia e me-

nos empregos”.

No início da sua intervenção, o

secretário-geral do PS deixou uma

“promessa e um compromisso”.

“Quando for primeiro-ministro

quero revisitar essa organização ad-

ministrativa do território” e “fazer

as modifi cações e alterações com

o único objectivo de servir as po-

pulações”, reafi rmou. O socialista

defendeu “não ter sentido nenhum

negar às pessoas a única ligação

que têm com o Estado”.

O apoio de Jorge CoelhoUm dia antes, em Mangualde, Jorge

Coelho compareceu na iniciativa

socialista para dar o seu aval ao

recém-eleito secretário-geral do PS.

O ex-ministro de António Gu-

terres mostrou-se convicto de que

António José Seguro está pronto

para ser primeiro-ministro de Por-

tugal. O histórico do PS apelou a

que Seguro lidere um movimento

de mudança para que rapidamente

inverta o cenário da “destruição”

para onde caminha o país.

“Tens capacidade para ser pri-

meiro-ministro e ganhar”, susten-

tou durante a apresentação do

candidato à Câmara de Mangual-

de (Viseu).

“O país não pode continuar a ser

governado como está. Não pode

continuar a ver todos os dias a vida

dos portugueses a piorar. Portugal

tem condições se soubermos mudar

de política, se soubermos mudar de

protagonistas”, sublinhou.

Em vésperas de um Conselho

de Estado e no dia em que Seguro

afi rmou que o Governo “nem pa-

ra cair é competente”, Jorge Coe-

lho deixou a responsabilidade ao

secretário-geral do PS de liderar o

“movimento de mudança”.

Partidos Orlando Cardoso e Sandra Rodrigues

Líder socialista quer “dar mais dinheiro às pessoas” para que estas possam consumir e assim relançar a economia

Socialista disse que o seu partido não cobra direitos de autor das propostas que apresentou para a economia

Breves

Saúde

350 milhões de pessoas sofrem de depressãoAs doenças mentais e neurológicas afectam cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, a maioria das quais não está a tratar-se. A Organização Mundial de Saúde diz que este tipo de patologias já constituem um terço das doenças não transmissíveis e 13% do total de todas as doenças do mundo. Segundo as estimativas, cerca de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão e 90 milhões de desordens relacionadas com dependência de substâncias.

Uma aparente tentativa de assalto

em Tarrytown, nos EUA, acabou da

pior forma para Andrea Rebello: a

jovem portuguesa de 21 anos foi

atingida na cabeça por uma bala

disparada pela polícia, que tentava

travar um homem que lhe invadiu

a casa.

Dalton Smith foi o homem que en-

trou em casa de Andrea na madru-

gada de sexta-feira, perto das 2h20,

vestido de preto e com uma máscara

de esqui. A jovem vivia com a irmã

gémea, Jessica, que estava em casa

Estudante portuguesa morta pela polícia nos EUA alvo de homenagem

com o namorado e uma amiga. O

invasor aproveitou a porta aberta

deixada por um deles para ir buscar

as chaves do carro. Quando os agen-

tes chegaram ao local, a maior parte

das pessoas que se encontravam na

residência já tinha conseguido esca-

par. Andrea, não: a jovem tinha sido

feita refém. Smith tinha Andrea cola-

da ao corpo, usando-a como escudo

humano, e apontava-lhe uma arma

à cabeça. O detective John Azzata

contou, numa conferência de im-

prensa, que quando se sentiu cerca-

do, depois de tentar escapar pelas

traseiras, Smith virou a arma para

um dos agentes. O polícia disparou

oito tiros. Sete atingiram o suspeito.

O outro atingiu Andrea na cabeça. A

jovem ainda foi socorrida com vida,

mas acabou por morrer no hospital.

Andrea frequentava um mestrado

de Relações Públicas na Universida-

de de Hofstra, que lhe prestou ho-

menagem neste fi m-de-semana.

CrimeHugo Torres

Assaltante fez da jovem refém. Quando os agentes balearam o homem acabaram por atingir Andrea Rebello, de 21 anos

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Page 18: Publico 20052013

18 | LOCAL | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

NUNO ALEXANDRE MENDES

“Assumo que o IHRU é dos piores senhorios que o país tem”

O presidente do Instituto da Habita-

ção e da Reabilitação Urbana (IHRU),

Vítor Reis, afi rma que o instituto que

dirige é “dos piores senhorios que o

país tem”. E a todos os níveis. “Aban-

donou os bairros, não os fi scalizou,

não actualizou as rendas, não fez

obra e não desempenhou aquela que

é a sua obrigação principal em ter-

mos sociais, tendo centenas de fogos

vagos em todo o país”, assume.

A admissão surge na mesma sema-

na em que a Câmara do Porto apro-

vou, por unanimidade, uma moção

da CDU apelando ao investimento do

IHRU na requalifi cação dos seus bair-

ros e a um período de ajustamento

das novas rendas “mais distendido”.

Vítor Reis assume que o IHRU é

“um péssimo senhorio”, mas não

aceita a moção aprovada pelo exe-

cutivo municipal liderado por Rui

Rio — que tem mantido um aceso di-

ferendo com o instituto por causa da

Sociedade de Reabilitação Urbana

— e diz que ela assenta num “equí-

voco”. Porque há bairros do IHRU na

cidade que já estão a sofrer uma “re-

abilitação integral” (Contumil e Leo-

nardo Coimbra) e porque o Bairro de

S. Tomé, referido na moção, não per-

tence, integralmente, ao instituto.

“Temos oito bairros na cidade, mas

só cinco é que são completamente

nossos. Nos outros três há fracções

vendidas aos moradores, o que quer

dizer que nós somos condóminos,

como os restantes proprietários, e

um destes bairros é o de S. Tomé,

onde somos donos de 51% das casas.

No bairro de Pereiró já só temos 31%

das casas e no Viso 64%”, diz.

O responsável do IHRU argumen-

ta, por isso, que a obrigação de fazer

um plano de obras nestes três bair-

ros é “do condomínio”, assumindo

o IHRU a parte da despesa que lhe

couber: “As partes comuns não são

nossas, mas temos vindo a substituir

os condomínios quando há proble-

mas graves, como infi ltrações ou re-

parações de elevadores.”

Quanto à dilatação do prazo para

a aplicação da renda apoiada, Vítor

Reis garante que não o fará, apesar

da forte contestação que o aumento

de rendas tem tido, em bairros como

o Nossa Senhora da Conceição, em

Guimarães (com subidas de 6000%),

ou o dos Lóios, em Lisboa. O res-

ponsável do IHRU considera que os

três anos de ajustamento, aplicados

nos casos em que o aumento é supe-

rior ao dobro da renda actual, são

sufi cientes. Admite que precisa do

dinheiro e que as rendas próximas

dos 400 euros podem ser uma forma

de pressão para levar alguns mora-

dores a sair.

“Em Guimarães as rendas não

eram actualizadas há 34 anos, nos

Lóios, em Lisboa, há 25 e em alguns

bairros do Porto há mais de 30 anos.

À custa disto, e dos 15% de inquili-

nos que, simplesmente, não pagam

rendas, temos um enorme défi ce de

receitas. Elas não cobrem os custos.

Em Guimarães, onde a renda máxi-

ma rondará os 349 euros, dizem

que há ao lado um bairro de luxo

com rendas mais baixas. Pois bem,

mudem-se, porque a seguir vamos

atribuir as casas vagas a pessoas que

realmente precisam”, argumenta o

presidente do IHRU.

Vítor Reis garante que “os anos de

abandono” do parque habitacional

do IHRU, que abrange 12 mil fogos,

levaram a que, por exemplo, “30 a

40%” dos actuais arrendatários não

sejam aqueles com quem foi, efecti-

vamente, feito contrato. Mas garante

que não pretende despejar os actuais

inquilinos, avançando antes para um

período de “regularização” destes

casos. Para reverter o cenário actual

precisa, garante, de “quatro anos”.

Primeiro, para fazer o levanta-

mento da real situação dos bairros

— quem são os inquilinos, quais os

seus rendimentos e as necessidades

de reparação das casas —, o que de-

verá fi car concluído até ao fi nal do

primeiro semestre do próximo ano.

Depois, para avançar com as reabi-

litações exigidas pelos moradores.

Só daqui a quatro anos, e graças ao

aumento das rendas, é que Vítor Reis

acredita que conseguirá “libertar” os

cinco milhões de euros anuais de que

precisa — para pagar um empréstimo

contraído junto do Banco Europeu

de Investimento e para fazer as gran-

des e pequenas reabilitações de que

os bairros precisam.

Vítor Reis não se despede sem es-

quecer Rui Rio: “Em Gaia, onde tam-

bém temos obra, não nos cobraram

taxas para a colocação de andaimes.

A Câmara do Porto é a única do país

que nos cobra taxas e ainda aprova

moções contra nós.”

“Caves” do Bairro de Contumil onde viviam 21 famílias serão transformadas em 14 habitações a sério

Presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana diz que parque habitacional do Estado estava ao abandono e não recua nos prazos de aplicação das novas rendas, contestadas em vários municípios

Habitação socialPatrícia Carvalho

A mesa tem uma toalha, as camas possuem colchões e cobertores. Há um fogão na cozinha e um sofá na sala.

Mas tudo, literalmente tudo, está coberto por uma alta camada de excrementos de pombo. E por pombos, vivos ou mortos. O IHRU ainda não sabe há quanto tempo o 3.º esquerdo do bloco 50 do Bairro de Santiago, em Aveiro, está abandonado, porque a renda mensal, de cinco euros, estava em dia, mas as queixas dos vizinhos já datam de Setembro de 2008. “Isto é o expoente do que o IHRU não pode ser. É chocante”, refere Vítor Reis. As imagens foram

recolhidas pelo próprio IHRU (e cedidas ao PÚBLICO), no dia em que, “cometendo uma ilegalidade”, os técnicos do instituto arrombaram a porta do apartamento e entraram, finalmente, na casa. O contrato de arrendamento foi cancelado em Março, mas o IHRU ainda anda à procura dos inquilinos que, tendo abandonado a casa, continuaram a pagar, por transferência bancária, a renda. “Como presidente do IHRU só posso ter vergonha disto. Isto é uma casa de habitação do Estado. O que mais irei encontrar?”, acrescenta. Um outro caso que, para Vítor Reis,

é o símbolo do que tem de mudar no instituto aconteceu em Barcelos. “Pedi que me trouxessem a lista dos maiores devedores e apareceu-me uma casa com 200 meses de renda em dívida. Ou seja, dez anos em que ninguém fez nada. Eu pedi para accionarem o contacto e qual não é a nossa surpresa quando descobrimos que nos estávamos a preparar para despejar um morto. O inquilino tinha morrido e a casa estava abandonada. Este abandono tem precisamente a ver com o péssimo senhorio que nós somos. E isto tem de mudar”, diz o presidente do IHRU.

Casa em Aveiro, abandonada aos pombos, tinha a renda em dia

Page 19: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | LOCAL | 19

Breve

Torres Vedras

Torres Vedras produz mais de metade da energia que consome O concelho de Torres Vedras, onde vivem 80 mil pessoas, produz mais de metade da electricidade que consome e pode tornar-se auto-sustentável em 2015, devido à existência de fontes de energia renováveis. Dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia, disponibilizados à Lusa pela câmara municipal, revelam que as várias fontes renováveis no concelho já contribuem com a produção de 250 gigawatts (GW) para as necessidades anuais de consumo, que são de 336 GW.

Os municípios algarvios foram obri-

gados, por lei, a alienar a participa-

ção que detinham na agência de de-

senvolvimento regional Globalgarve,

cuja actividade principal é a prestação

de serviços informáticos às câmaras.

A empresa, de capitais maiorita-

riamente públicos, possui uma rede

de fi bra óptica com mais de 200 qui-

lómetros, subaproveitada, e corre o

risco de passar à história como mais

um investimento falhado, no valor de

dez milhões de euros. Os novos cor-

pos sociais eleitos na semana passa-

Globalgarve – agência de desenvolvimento regional do Algarve está à beira da falência

Manuel Alpalhão foi agora reeleito

presidente da administração da em-

presa, em representação do accionis-

ta BES. Mas avisa que só toma posse

com o compromisso dos municípios,

“por escrito, de que pagam tudo o

que devem [252 mil euros] até fi nal

do ano, e metade ainda em Maio”.

Lei dita saída às câmarasNo último ano e meio, a Globalgar-

ve foi liderada por Macário Correia,

presidente da Câmara de Faro, que

não conseguiu evitar que a empresa

fi casse à beira da falência. Na última

assembleia geral, o autarca evocou o

novo regime jurídico da actividade

empresarial local e das participações

em empresas mistas para justifi car a

alienação do capital social das autar-

quias. Segundo a Lei n.º 50/2012, o

facto de a Globalgarve acumular pre-

juízos há três anos consecutivos inibe

os municípios de a integrarem. “Im-

porta salvaguardar e rentabilizar o in-

da só tomarão posse “se houver um

compromisso formal, e por escrito”

das câmaras de que pagam o que de-

vem e continuam como clientes.

Do conjunto de mais de 50 agên-

cias de desenvolvimento regional e

local que existiam em Portugal, resta

cerca de uma dezena com sustenta-

bilidade fi nanceira. O caso da Global-

garve refl ecte o que se passa noutras

regiões. A empresa tem uma dívida

de 800 mil euros, sendo que 90%

da facturação (400 mil euros/ano)

depende das câmaras. A quebra das

receitas autárquicas levou os muni-

cípios a falharem nos pagamentos à

empresa de que são accionistas.

Por isso, no Verão de 2011, recorda

o então administrador Manuel Alpa-

lhão, “em situação de desespero”, foi

tomada uma atitude drástica: “um

apagão”. Durante algumas horas fo-

ram desligados os sites dos municí-

pios. Foi o bastante para se recupera-

rem 130 mil euros em três dias.

AutarquiasIdálio Revez

Administração eleita só toma posse com compromisso “escrito” dos municípios accionistas de que pagam o que devem

vestimento público”, disse Macário,

advertindo que tal só será possível

“se as câmaras se comprometerem a

pagar em Maio, com as verbas do IMI,

pelo menos metade dos valores da di-

vida, e o restante até fi nal do ano”.

Já os accionistas privados subli-

nham que empresa só terá futuro se

as câmaras se mantiverem clientes,

por mais três anos. Assim, Manuel

Alpalhão, que liderou a Globalgarve

entre 2006 e 2012, aceita regressar.

Macário está confi ante: “As coisas

vão no bom caminho, muitas das

câmaras já estão a pagar”.

Uma das propostas para rentabili-

zar a rede de fi bra óptica, instalada

nas 16 câmaras da região, passa por

um projecto de facturação electróni-

ca para os municípios. O projecto ar-

rancou, com apoios comunitários de

500 mil euros, mas parou por falta

de fi nanciamento. E a empresa con-

tratada para o desenvolver reclama

o pagamento de 104 mil euros.

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20 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

AdP retirada da lista dos swaps tóxicos pouco antes do anúncio do Governo

O grupo de empresas classifi cadas

como “explosivas” pela Agência de

Gestão da Tesouraria e da Dívida

Pública (IGCP), por terem subscrito

swaps que não serviam apenas pa-

ra fi xar a taxa de juro e que acumu-

lavam elevadas perdas potenciais,

sofreu uma alteração repentina nos

dias que antecederam o primeiro

anúncio público do Governo sobre

as negociações com os bancos que

comercializaram estes produtos.

A Águas de Portugal (AdP), empre-

sa onde o organismo presidido por

João Moreira Rato tinha detectado

um contrato problemático vendido

pelo BNP Paribas, desapareceu subi-

tamente da lista, dando lugar à CP.

Esta mudança ocorreu num curto

espaço de tempo. Três dias antes da

conferência de imprensa do executivo,

a 26 de Abril, a empresa ainda consta-

va nas listagens validadas pelo IGCP

como tendo celebrado um swap que

gerou preocupações. O instrumento

em causa tinha sido vendido pelo BNP

Paribas e não passou na avaliação que

o organismo fez aos contratos activos

em 15 empresas públicas.

O produto, que acumula uma per-

da potencial de cerca de 30 milhões

de euros (o que corresponde a pra-

ticamente 50% do risco de prejuízo

da totalidade dos swaps subscritos

pela AdP, no valor de 59,7 milhões),

falhou na análise ao day1 pv (rácio

que mede o custo imediato destes

instrumentos logo no primeiro dia de

existência). Este foi um dos critérios

tidos em conta na matriz da audito-

ria do IGCP, que incluiu ainda na sua

análise outros dois factores para de-

terminar a toxicidade dos contratos:

complexidade e alavancagem.

O facto de o produto comercializa-

do pelo BNP Paribas não ter passado

na avaliação fez com que a equipa

de Moreira Rato inscrevesse a AdP

na lista de empresas com contratos

problemáticos. Um grupo que abran-

gia ainda a Metro de Lisboa, a Metro

do Porto, a Carris, a SCTP e a Egrep,

gestora das reservas nacionais de

produtos petrolíferos, como o PÚ-

BLICO noticiou a 24 de Abril.

Foi essa notícia que desencadeou

uma troca de informações entre a ad-

ministração da AdP, presidida por

Afonso Lobato de Faria, e as suas

tutelas: a sectorial (o Ministério da

Agricultura, Mar, Ambiente e Orde-

namento do Território) e a fi nanceira

(o Ministério das Finanças). Esclare-

cimentos prestados pela equipa de

gestão sobre o swap comercializado

pelo BNP Paribas fi zeram com que o

produto acabasse por deixar de es-

tar englobado na lista de produtos

problemáticos, como viria depois a

confi rmar-se no dia do anúncio do

Governo.

No fi nal da conferência de impren-

sa de 26 de Abril, protagonizada pelo

presidente do IGCP e pela secretária

de Estado do Tesouro (Maria Luís Al-

buquerque), foi entregue um docu-

mento aos jornalistas, onde já não

constava a referência à empresa na

lista de entidades com swaps especu-

lativos. Em vez da AdP, que passou a

constar no grupo de empresas com

“um padrão aceitável de utilização

de derivados”, como se lia na nota

distribuída no fi nal do anúncio, sur-

giu o nome da CP.

A troca também se deveu ao facto

de ter sido analisado em maior de-

talhe um swap subscrito pela trans-

portadora ferroviária e que tinha si-

do igualmente comercializado pelo

BNP Paribas. No caso deste produto,

o IGCP terá detectado no decorrer da

auditoria níveis de complexidade e

de toxicidade elevados, mas não o

sufi ciente para o classifi car como es-

peculativo, numa primeira fase.

Apesar da insistência, os envol-

vidos neste processo têm preferido

manter-se em silêncio sobre o caso

da AdP. Questionados pelo PÚBLICO

sobre as razões que levaram à inclu-

são e posterior exclusão da AdP, a

empresa e o Ministério da Agricultu-

ra remeteram esclarecimentos para

o Ministério das Finanças. Já a tutela

de Vítor Gaspar não respondeu até

ao fecho desta edição. Também não

há, por enquanto, mais nenhuma

conferência de imprensa agendada

pelo Governo para abordar o caso

dos contratos swap. Mas esta questão

poderá vir a ser levantada na comis- A 23 de Abril, antes da conferência de imprensa, a AdP estava na lista do IGCP, liderado por Moreira Rato

MIGUEL MANSO

Auditoria do IGCP tinha detectado contrato problemático vendido pelo BNP Paribas, mas o nome da Águas de Portugal acabou por desaparecer dias antes da divulgação pública da lista das empresas

Empresas públicasRaquel Almeida Correia

Page 21: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | ECONOMIA | 21

são de inquérito parlamentar que já

foi aprovada no Parlamento, mas que

não tem ainda data para arrancar.

Espera-se que seja feito um novo

balanço público das negociações com

os oito bancos estrangeiros que ven-

deram produtos especulativos. No

primeiro anúncio de 26 de Abril, o

executivo informou que tinha chega-

do a acordo com três instituições fi -

nanceiras (Barclays, Nomura e Credit

Suisse) para a liquidação de 14 swaps

considerados tóxicos, o que permitiu

uma redução das perdas potenciais

com estes produtos em 400 milhões

de euros, de um bolo total de 2600

milhões.

Também nessa altura, o Gover-

no anunciou que iria avançar com

acções judiciais contra o Santander

e o JP Morgan, os bancos responsá-

veis pela comercialização de instru-

mentos com maior risco de prejuízo

(1700 milhões). Porém, e apesar de

as duas instituições terem decidido

processar já as empresas para faze-

rem valer os seus direitos, foram já

reatadas as negociações com o banco

norte-americano.

Nos últimos dias, têm sido dados

avanços importantes nas conversa-

ções com as restantes três institui-

ções fi nanceiras: Deutsche Bank,

BNP Paribas e Goldman Sachs. Numa

audição no Parlamento na semana

passada, o presidente do IGCP afi r-

mou aos deputados que os 14 contra-

tos tóxicos denunciados subiram já

para 23. Outros 13 swaps tradicionais

também foram liquidados. João Mo-

reira Rato disse ainda que o encerra-

mento destas transacções permitiu

cortar as perdas potenciais em 718

milhões de euros (513 milhões com

descontos no risco de prejuízo e 205

milhões relativos a juros).

O presidente do Bundesbank, Jens

Weidmann, tem sido crítico do BCE,

e ontem voltou ao ataque, susten-

tando que a política monetária se-

guida é contraproducente quando

se pretende resolver o problema

da dívida pública que afecta mui-

tos dos Estados-membros. “Temo

que o bom comportamento dos

mercados fi nanceiros, com desta-

que para a baixa do nível dos juros

da dívida pública [faça com que] se

combata as causas da crise com me-

nos pressão”, afi rmou o responsável

do banco central alemão em entre-

vista publicada ontem no Bild am

Sonntag, citado pelo El País.

O certo é que, desde o momen-

to em o presidente do BCE, Mario

Draghi, assumiu que tudo faria para

preservar a moeda única, incluindo

um programa de compra ilimitada

de dívida soberana no mercado se-

cundário (e ao qual Portugal pre-

tende aderir), os juros cobrados

pelos investidores nas transacções

de dívida têm vindo a descer, o que

facilita o fi nanciamento do Estado

(e das empresas).

De acordo com uma análise do

BPI emitida na sexta-feira, o mer-

cado de dívida dos países periféri-

cos “tem vindo a mostrar-se menos

turbulento e mais procurado pelos

investidores, numa lógica de ren-

tabilidade e de diversifi cação de

activos”.

No caso das obrigações do te-

souro a 10 anos, a taxa implícita da

Grécia situa-se nos 8,15% (contra os

28,1% de há um ano), valor que no

caso português desce para 5,2% (era

11,1%). Já Espanha e Irlanda estão

nos 4,21% e 3,43%, respectivamente

(contra 6,2%, e 7,3%). E, se isso não

agrada a Weidmann, por receios no

ritmo de aplicação de medidas, o

mesmo se passa com o corte da taxa

directora decidida pelo BCE, que

desceu de 0,75% para 0,5%.

Na lista de críticas, sobrou ainda

espaço para visar a França: o país

tem uma responsabilidade acres-

cida pelo seu peso na Europa, pelo

que, diz Weidmann, tem de “levar

a sério” a redução do défi ce para

menos de 3% do PIB.

Bundesbank ataca política seguida pelo BCE

Crise do euro Luís Villalobos

Jens Weidmann diz que a descida das taxas de juro da dívida pública afasta pressão para resolver as causas da crise

Breves

União Europeia

Inquérito

Reino Unido

Eurodeputados debatem evasão e fraude fiscal

Cipriotas querem permanência na moeda única

Mervyn King aconselha sucessor a mudar de estilo

Os eurodeputados vão debater esta terça-feira com o presidente da Comissão, José Manuel Barroso, os assuntos na agenda da cimeira europeia de 22 de Maio, como a luta contra a evasão e fraude fiscais e a melhoria da cobrança de impostos. Um relatório que vai ser votado no mesmo dia diz que se deve reduzir para metade o diferencial de tributação até 2020. Na UE, a fuga aos impostos ascende a um bilião de euros por ano.

A maioria dos cipriotas defende a permanência do país na zona euro e o acordo alcançado pelo Governo com a troika, apesar dos ajustes de austeridade a que estão sujeitos. Segundo um inquérito levado a cabo pela LS Prime Market Research & Consulting, difundido pela imprensa local, 69,2% são defensores da permanência no euro e só dois em cada dez (20,1%) consideram melhor que Chipre se desvincule.

O governador do Banco de Inglaterra afirmou ontem que a maior ameaça à recuperação da economia britânica é a manutenção do estado de fraqueza da zona euro. Mervyn King, que sairá do cargo no final de Junho, alertou ainda o seu sucessor, o canadiano Mark Carney, a não trazer consigo o hábito de revelar durante quanto tempo é que as taxas de juros irão permanecer baixas.

Após a divulgação dos dados

referentes ao desempenho das

economias da zona euro no

segundo trimestre de 2013, na

semana que hoje se inicia serão

conhecidos os indicadores de

actividade (índices PMI) e índice

IFO de sentimento empresarial na

Alemanha para o mês de Maio.

Na passada semana, de acordo

com os dados divulgados, durante

o primeiro trimestre, registou-

se uma contracção trimestral

de 0,2% do PIB (versus previsão

de -0,1%); evidenciou-se uma

desaceleração da recessão

económica no início deste ano

para o conjunto dos Dezassete,

com a França a entrar em

recessão técnica (-0,2% no

trimestre); Itália (-0,5%) e Portugal

(-0,3%) mantiveram-se em

recessão (-0,3%). Já a Alemanha

evoluiu em terreno positivo, ainda

que a um ritmo muito débil (0,1%).

Não obstante estes últimos registos

ao longo do primeiro trimestre, os

indicadores que serão conhecidos

esta semana poderão apontar para

uma estabilização da actividade

e de melhoria do sentimento

dos agentes económicos, não

sendo ainda claro se a zona

euro, ao longo deste segundo

trimestre, conseguirá regressar

a terreno positivo. Assim, os

indicadores PMI que antecipam

o desempenho da actividade

industrial e do sector dos serviços

na zona euro, bem como o índice

compósito para o conjunto da

actividade, a serem divulgados na

quinta-feira, deverão apresentar

uma ligeira melhoria no mês de

Maio, embora abaixo do patamar

dos 50 pontos (contracção da

actividade). Já para a Alemanha,

para além de, na sexta-feira, ser

conhecida a decomposição das

várias rubricas da despesa do PIB

referente ao primeiro trimestre,

as melhores perspectivas para a

economia alemã deverão, ainda

que marginalmente, refl ectir-

se na melhoria do sentimento

económico e empresarial, com

os índices PMI e IFO, relativos

também a Maio, a serem

conhecidos na quinta e sexta-

feira, respectivamente. França

deverá acompanhar a tendência

e registar também uma ligeira

melhoria dos seus índices de

actividade.

Nos Estados Unidos, no início

do 2º trimestre, os indicadores

divulgados têm sugerido uma

desaceleração da actividade.

Na passada semana, ao nível

da actividade industrial, foram

conhecidos os registos para a

produção industrial de Abril

(recuo mensal de 0,5%) e o

sentimento dos empresários

de Nova Iorque e de Filadélfi a

durante o mês de Maio que, em

ambas as regiões, apontaram para

uma deterioração do sentimento

económico. No entanto, em

sentido contrário, importa

salientar as melhores perspectivas

para a evolução do consumo

das famílias, como demonstra

o crescimento mensal de 0,1%

das vendas a retalho em Abril

e a subida do índice que mede

a confi ança dos consumidores

apurado pela Universidade de

Michigan.

Na próxima semana, para

perceber a evolução da economia

norte-americana já ao longo do

segundo trimestre deste ano,

serão importantes os anúncios

de dados referentes à evolução

do mercado imobiliário durante

Abril. Assim, fi caremos a

conhecer a evolução das vendas

de habitações existentes (quarta-

feira), bem como das vendas de

novas habitações (quinta-feira). É

também importante referir que

serão divulgadas as encomendas

de bens duradouros (sexta-feira),

um bom indicador avançado do

investimento nesta economia.

Indicadores de sentimento económico e empresarial na mira dos investidores

Pré-abertura João Pereira Miguel

ES Research BES

Os indicadores poderão apontar para uma estabilização da actividade e de melhoria do sentimento dos agentes económicos, não sendo ainda claro se a zona euro, ao longo deste segundo trimestre, regressará a terreno positivo

30O produto inicialmente identificado como tóxico na Águas de Portugal acumulava uma perda potencial de cerca de 30 milhões de euros

718é o valor, em milhões de euros (513 milhões com descontos no risco de prejuízo e 205 milhões relativos a juros), que o Governo afirma já ter cortado em perdas potenciais com swaps

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22 | ECONOMIA | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Aos 37 anos Ranjit de Sousa é

vice-presidente executivo para

Europa e Médio Oriente da Lee

Hecht Harrison-DBM (LHH-DBM),

uma multinacional de recursos

humanos que é líder global em

serviços de outplacement, os

programas de apoio à busca de

emprego ou transição de carreira

pagos pelas empresas e destinados

aos seus trabalhadores. Desde que

estalou a crise e o desemprego

cresceu na Europa, um serviço que

até há pouco tempo era destinado

apenas a gestores de topo passou

a abranger todos os trabalhadores.

Obrigatório em Espanha, França

ou Bélgica, o outplacement já

não é uma moda apenas para

multinacionais.

O que é que mudou no negócio

do outplacement desde a crise

mundial?

Houve grandes mudanças. As

empresas estão pressionadas

pelos custos e, sobretudo,

as multinacionais procuram

consolidar-se. Há mais operações

entre geografi as e regiões. Se

olharmos para a nossa base de

clientes, cresceu muito mais a

nível global nos últimos anos e a

relevância de dar serviços além-

fronteiras também subiu de forma

signifi cativa. Além disso, as taxas

de desemprego cresceram para

níveis nunca antes vistos desde

1970 em alguns países e isso criou

desafi os ao nosso trabalho de

ajudar as pessoas a encontrar um

novo emprego. Dependendo da

educação, idade, localização, a

taxa de desemprego varia. E olhar

para as capacidades que temos e

que podem ser “transferidas” para

outras funções é essencial para

aumentar as probabilidades de

encontrar trabalho.

Quem é que consegue encontrar

emprego mais facilmente?

Uma pessoa com uma carreira

feita na área da engenharia

com 35 ou 38 anos, que vive

numa área metropolitana,

independentemente do país, tem

mais probabilidades de encontrar

um emprego do que alguém com

48 anos, que é trabalhador fabril,

trabalhou toda a vida na mesma

empresa e mora numa zona rural.

O aumento de desemprego

benefi ciou o vosso negócio?

Têm mais clientes?

O aumento da taxa de desemprego

signifi ca mais despedimentos

e, por isso, mais procura de

serviços de transição de carreira.

Por um lado, as empresas estão

a alargar estes programas a mais

trabalhadores. Historicamente

era um serviço dado a directores e

gestores de topo. Agora é acessível

a todos os trabalhadores em casos

de reestruturação. Para nós, esta

realidade teve impacto na medida

em que temos de saber onde é que

estão os empregos. É mais difícil

encontrar trabalho. Mas a verdade

é que apenas um pequeno número

de empresas oferece outplacement

em países onde esta actividade

não está regulamentada, como

Portugal ou Holanda. E apenas

uma minoria de trabalhadores

têm este serviço. Isso dá-lhes

uma vantagem. Sabemos que,

em média, as pessoas que fazem

um programa de outplacement

encontram emprego 50% mais

depressa do que quem não tem

apoio.

O tipo de empresas que recorre

a este serviço também mudou?

Tornou-se numa ferramenta mais

comum de recursos humanos.

Em Portugal, há uma década

eram apenas multinacionais

norte-americanas que ofereciam

o serviço aos seus trabalhadores.

Hoje já há grandes empresas

nacionais com essa oferta.

Também já não é algo exclusivo de

grandes empresas. As pequenas e

médias também recorrem.

Como é que se encontra

trabalho em países como

Portugal, Espanha e Grécia com

taxas de desemprego recorde?

Há uma coisa que é universal e

independente do país: entre 75%

a 90% das pessoas encontram

trabalho através da sua rede

de contactos. Os consultores

desempenham aqui um papel

essencial porque têm a sua própria

rede de contactos com a qual

podem apoiar os candidatos.

Por outro lado, quem está nos

programas de outplacement

também pode oferecer a sua

rede de contactos aos outros

candidatos. Os consultores têm

ainda ligação a recrutadores e a

directores de recursos humanos

que têm acesso directo aos

currículos dos nossos candidatos.

Acontece proporem empregos

que, muitas vezes, nem sequer são

divulgados. Por último, também

estamos muito atentos às ofertas

que há na Internet. Mas na maior

parte dos países os anúncios online

de emprego só representam entre

5 a 15% dos empregos disponíveis.

A crise não veio alterar essa

tendência? A rede de contactos

continua a ser a melhor forma

de encontrar emprego?

Sim. A forma como fazemos

networking mudou. A tecnologia é

uma das grandes tendências, a par

da globalização, da pressão sobre

os custos e o aumento da taxa

de desemprego de que falava há

pouco. Hoje não basta ter apenas

um currículo em papel, é preciso

ter um perfi l online e o CV tem de

estar alinhado com esse perfi l. O

Linkedin é uma rede importante

para estabelecer contactos. Há

uma série de novos instrumentos.

Encontrar emprego hoje

implica estar disposto a sair do

país de origem?

Se formos mais fl exíveis, temos

mais oportunidades. Se me

perguntar como maximizar a

probabilidade de encontrar um

novo emprego, diria que há vários

factores. É preciso ter capacidades

Ranjit de Sousa O responsável pelo negócio europeu da Lee Hecht Harrison DMB, especialista em outplacement, diz que os anúncios de emprego na Internet são apenas 5 a 15% do total

Com ou sem crise, maioria encontra trabalho através da rede de contactos

Entrevista Ana Rute Silva TextoBruno Castanheira fotografia

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Page 23: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | ECONOMIA | 23

que se possam transferir [para

outras funções] e identifi cá-las.

É provável que um comercial de

uma empresa farmacêutica não

consiga arranjar emprego na

mesma área e com o mesmo cargo.

Tem de ser capaz de trabalhar

noutra função e indústria. Além

disso, terá de ter fl exibilidade para

trabalhar noutro país. Mas não é

só uma questão de querer, é uma

questão de poder. Pode ter fi lhos

na escola ou a família pode não

conseguir deslocar-se e, por isso, é

complicado afi rmar que é preciso

estar disposto a sair do país para

ter trabalho.

Em que áreas há mais ofertas de

emprego?

verdes. Também há oportunidades

na indústria. Os fabricantes de

automóveis ainda estão a recrutar.

E quem não tem qualifi cações?

Consegue emprego no comércio

ou em call centers?

Vindo de uma carreira na indústria,

talvez. Quanto aos call centers, se

olharmos para a realidade europeia

vemos que não estão a crescer.

Na Irlanda, onde há muitos, estão

a diminuir e a deslocalizar para

o Norte de África ou Filipinas.

Contudo, a questão fundamental

é que o número de empregos na

indústria na Europa está a descer.

Irá aumentar? Muitas empresas

norte-americanas deixaram de

produzir na China para regressarem

aos EUA e a primeira reacção foi

pensar que haveria novos postos

de trabalho. Mas a verdade é que

estas fábricas são supermodernas e

altamente automatizadas, logo, não

está a haver a criação de emprego

que se esperava.

Quem regressa ao mercado de

trabalho tem de estar disposto a

receber um salário mais baixo?

Sem dúvida. Pego no exemplo da

Irlanda que está agora a recuperar

depois de, à semelhança de

Portugal, ter adoptado medidas

de austeridade. As pessoas

tiveram de aceitar salários mais

baixos e empregos em posições

abaixo da que desempenhavam

até aqui. Num exemplo extremo,

um director de uma instituição

fi nanceira passou a motorista de

táxi. Houve pessoas que tiveram

de fazer duros cortes e assumo

que algo semelhante esteja a

acontecer em países como Portugal

e Espanha. Falava há pouco da

fl exibilidade e ser fl exível também

implica aceitar receber menos.

A percentagem de pessoas

que está a criar a sua própria

empresa como alternativa ao

desemprego está a aumentar?

Numa situação mais difícil, há

pessoas que estão dispostas

a correr o risco e a fazer algo

completamente diferente,

independentemente do percurso

de carreira. Temos o caso de um

cliente que tinha uma fábrica

de alumínios que encerrou e

muitos dos trabalhadores criaram

empresas na área do comércio

e serviços. Em alguns sectores

isso sucede, independentemente

da situação económica. Nos

serviços fi nanceiros, são muito

poucas as pessoas que se tornam

empreendedoras. Já na indústria

farmacêutica é o oposto. Há muitos

exemplos de clientes em que 20

a 25% dos trabalhadores querem

avançar com a sua empresa.

Está a dizer que essa tendência

tem mais a ver com o sector

onde a pessoa trabalhou do

que com o país onde vive ou

questões culturais?

Sim, penso que tem muito a ver

com isso. Em França há mais

aversão ao risco, no Reino Unido

não. Mas penso que apesar das

diferenças culturais, a indústria

onde se trabalha tem maior

infl uência na decisão. As empresas

têm de apoiar estes programas de

criação de empresas pelos seus

trabalhadores. Podem fazê-lo

através de fi nanciamento, dando

infra-estruturas ou ajudando-os

a contactar com investidores ou

capital de risco.

Em termos globais, qual é a

percentagem de pessoas que

criam empresas depois de

serem despedidas?

Não sei o número certo, mas a

percentagem é bastante baixa e

rondará entre os 5 e os 10%. No

máximo haverá pessoas do sector

das telecomunicações e tecnologias

onde a percentagem é de 15 a 20%,

tal como das farmacêuticas.

Quantas pessoas na Europa

fi zeram outplacement em 2012?

Mais de 100 mil. A nível global

apoiamos todos os anos 300 mil

pessoas.

Uma vez mais, depende do país.

Há algumas grandes tendências e

algumas estão relacionadas com

o contexto económico. As ofertas

de emprego na banca reduziram.

Não só pela crise, mas também

pelo facto de os bancos estarem

a automatizar processos e isso

signifi ca que a longo prazo haverá

menos postos de trabalho neste

sector. As vendas das grandes

farmacêuticas estão a cair e, por

isso, a força comercial também.

Do lado oposto, há indústrias que

estão a crescer massivamente: tudo

o que tenha a ver com tecnologia

de saúde, cuidados de saúde

(serviços de apoio aos hospitais),

tecnologias verdes, empregos

Análise nacional do outplacement

Em 2012, 171 gestores de topo em Portugal concluíram o seu processo de outplacement na Lee

Hecht Harrison DBM, que nasceu da fusão entre a Lee Hecht Harrison e a DBM em 2011. É a maior empresa de serviços de transição de carreira no mundo, com 15% de quota de mercado, e pertence à Adecco, grupo de recursos humanos com mais de 31 mil trabalhadores em 60 países.

Em média, os executivos portugueses demoraram 6,9 meses a regressarem ao mercado de trabalho depois de terem sido dispensados. O tempo aumenta para quem tem mais de 40 anos (7,5 meses) e diminui para os gestores com menos de 40 (5,7 meses). Estes trabalhadores estavam há 13 anos na empresa, com uma remuneração base média de mais de 4400 euros por mês. Saíram essencialmente por motivos de “reorganização” (71%). A grande maioria era do sector farmacêutico e de saúde (30%), seguido do ramo alimentar, banca e seguros, telecomunicações ou grande consumo. A rede de contactos foi usada com sucesso para procurar emprego: 56% foram recolocados graças aos seus conhecimentos. Do total, 34% decidiram criar o seu negócio.

A fl exibilidade gera oportunidades, e “ser fl exível implica aceitar receber menos”

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24 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Apoiadas pelo Hezbollah, forças de Assad entram em bastião dos rebeldes

O Exército sírio, com o apoio do He-

zbollah libanês, entrou ontem em

Qusair, bastião rebelde que é vital

para garantir a ligação de Damasco

ao litoral, incluindo à base russa ins-

talada no porto de Tartus. A ofensiva

contra a cidade, próxima da fronteira

com o Líbano, acontece um dia de-

pois de o Presidente Bashar al-Assad

ter reafi rmado que não abandonará

o poder e faz aumentar o cepticismo

sobre a conferência de paz acordada

entre Rússia e os Estados Unidos.

Há semanas que as tropas sírias,

apoiadas por milícias leais a Assad

e pelos guerrilheiros do movimento

xiita libanês, cercam a cidade, e logo

às primeiras horas do dia surgiram

indícios de que o assalto fi nal estava

em marcha. “O Exército está a dispa-

rar com tanques e artilharia a partir

do Norte e do Leste, enquanto o Hez-

bollah ataca de sul e de oeste”, disse

à Reuters Hadi Abdullah, um activista

local, contando que, ao início da ma-

nhã, a aviação de Assad bombardeou

intensamente a cidade.

O director do Observatório Sírio

dos Direitos Humanos, organização

que recolhe informações a partir de

activistas e médicos no terreno, con-

fi rmou à AFP que “o assalto tinha co-

meçado” e havia “combates encarni-

çados entre os rebeldes e o Exército

nas entradas da cidade”. Rami Abdel

Rahman disse ter informações de que

o Hezbollah desempenha “um papel

central” na ofensiva, que, segundo

fontes no local, provocou pelo me-

nos 40 mortos, entre combatentes e

civis apanhados nas explosões.

Horas depois, a televisão estatal

noticiou que o Exército tinha sob

controlo a praça central e os edifí-

cios vizinhos, “incluindo a câmara

onde os soldados hastearam a ban-

deira síria”. A estação adiantou que

“70 terroristas” (o termo do regime

para os combatentes da oposição)

tinham sido mortos. Contactado pela

AP, Hadi Abdullah negou que o cen-

tro da cidade estivesse em poder do

Exército e disse que o edifício da câ-

mara foi destruído há meses.

Perder Qusair seria um duro golpe

para os rebeldes, que fi cariam priva-

dos do seu principal ponto de acesso

ao Líbano (fonte de abastecimento,

mas também porta de entrada para

centenas de sunitas que se juntaram

à oposição síria). “Se o Exército con-

quista a cidade, é toda a província de

Homs que caiu nas mãos do regime”,

avisou Abdel Rahman.

Para o regime, recuperar a cidade

perdida há mais de um ano signifi ca-

ria desimpedir o acesso de Damasco

ao porto mediterrânico de Tartus, e

garantir ligação directa entre o vale

de Bekaa, bastião do Hezbollah no

Norte do Líbano, e o “país alauita”, a

região costeira onde Assad nasceu e

a minoria religiosa no poder é maio-

ritária. Prémios tão apetecidos que

explicam a intensidade da ofensiva e

o envolvimento directo do Hezbollah

na frente de combate.

Um novo impulsoA confi rmar-se, a perda de Qusair

será o último revés para os rebeldes

face a forças governamentais que,

“animadas pelo apoio aparentemen-

te incondicional da Rússia, Irão e do

Hezbollah, tiveram nas últimas se-

manas um novo impulso”, escrevia

ontem o correspondente da BBC no

Líbano, Jim Muir.

Da Rússia chegaram nos últimos

dias novos mísseis e também a pro-

messa, noticiada pelo jornal Wall

Street Journal, de reforçar com 12 na-

vios o dispositivo de dissuasão naval

na base de Tartus. Mas igualmente

importante para Damasco tem sido

o pouco apetite manifestado pelos

países ocidentais num envolvimento

directo no confl ito. Ontem, o jornal

New York Times noticiou que, num

recente encontro com políticos li-

baneses, Assad disse acreditar que

os Estados Unidos aceitarão que ele

continue no poder, se concluírem

que é o único com condições para

vencer a guerra e derrotar os jihadis-

tas que ganham força entre os grupos

da oposição. As ofensivas em curso

na região de Homs, explicou, visam

precisamente chegar às negociações

de paz em posição de força.

O Presidente sírio repetiu a pose

de desafi o na entrevista dada neste

Tropas do regime de Assad em Qusair, uma porta vital para garantir a ligação de Damasco ao litoral

Apoio dos aliados dá novo impulso ao regime de Damasco. Presidente sírio diz acreditar que Washington aceitará que continue no poder, se demonstrar no terreno a sua superioridade

Guerra na SíriaAna Fonseca Pereira

Quem controla o petróleo são os guerrilheiros islamistas

Problemas da decisão da UE de levantar embargo a favor da oposição

São os grupos jihadistas que combatem na Síria que podem vir a beneficiar da decisão da União Europeia

de levantar o embargo contra o petróleo proveniente das regiões controladas pelos rebeldes. Se as tribos sunitas tinham assumido o controlo dos poços de petróleo de Deir Ezzor, na ausência do regime de Assad, agora quem manda são os guerrilheiros da Jabhat al-Nusra, associada ao ramo iraquiano da Al-Qaeda, o Estado Islâmico do Iraque. Aliás, os campos de petróleo sírios ficam nas três províncias mais próximas do Iraque — Hasakeh, Deir Ezzour e Raqqa. Nas zonas petrolíferas onde hoje há refinarias ao ar

livre (na foto), sob o controlo dos rebeldes da Frente Al-Nusra, produz-se petróleo de baixa qualidade, mas suficiente para os gastos quotidianos, que estes combatentes islâmicos vendem para obter dinheiro para financiar a luta. Mas em algumas áreas, a Nusra fez acordos com o regime de Assad para poder transferir o crude através das

frentes de combate e alcançar a costa do Mediterrâneo, diz o Guardian.

A oposição moderada não tem hipóteses de entrar nesta corrida. “Quem conseguir deitar a mão ao petróleo, à água, ou à agricultura agarra a Síria pela garganta. E neste momento, é a Frente Al-Nusra”, comentou ao Guardian Joshua Landis, um especialista na região da Universidade do Oklahoma (EUA). A decisão da UE de 22 de Abril sobre o petróleo — que ainda não entrou em vigor — “apressou as coisas”. Num remate irónico, afirma: “A conclusão lógica desta loucura é que a Europa está a financiar a Al-Qaeda.” Clara Barata

Page 25: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | MUNDO | 25

fi m-de-semana ao jornal argentino

Clarín, na qual não só admite a inten-

ção de se candidatar às presidenciais

de 2014, como diz estar convencido

que a conferência internacional não

trará a paz. “Não acredito realmen-

te que os países ocidentais queiram

uma solução para a Síria”, disse, acu-

sando-os de estarem mais interessa-

dos em “apoiar os terroristas”.

A oposição síria, que insiste no

afastamento de Assad como condi-

ção para negociar, ainda não decidiu

se aceita o convite para a conferên-

cia. Mas a Coligação Nacional Síria,

que encabeça a oposição, avisou on-

tem que a nova ofensiva e o silêncio

do Ocidente “arriscam retirar todo

o sentido a qualquer conferência e

a qualquer esforço de paz”.

De Israel veio, entretanto, um avi-

so. Apesar das críticas russas e dos

alertas dos EUA, o primeiro-ministro,

Benjamin Netanyahu, avisou que não

hesitará em agir para evitar que o He-

zbollah se apodere de armas sofi sti-

cadas, dando a entender que pode

ordenar novo ataque contra a Síria.

JOSEPH EID/AFP

Protestos contra a fraude eleitoral em Carachi

Imran Khan, a antiga estrela de crí-

quete paquistanesa, acusou o partido

que há décadas domina a política em

Carachi pelo assassínio de uma das

vice-presidentes do seu partido. Zo-

hra Hussein foi morta sábado à porta

de casa, na véspera de parte dos elei-

tores da principal metrópole do país

votarem de novo para as legislativas,

na sequência das fraudes detectadas

na votação da semana passada.

Hussein foi morta por três homens

armados que a atacaram quando saía

de casa, atingindo-a com dois tiros.

“Ela pensava que lhe queriam rou-

bar a mala e por isso entregou-a, mas

eles mataram-na”, contou à AFP um

dirigente local do Movimento para a

Justiça (PTI). A polícia está ainda a

investigar se se tratou de um assalto

ou se o propósito dos atacantes era

mesmo matar a dirigente política.

O ataque ocorreu numa zona re-

sidencial reservada, a mesma onde

morava a ex-primeira-ministra pa-

quistanesa Benazir Bhutto, assassi-

nada em 2007 após regressar ao país

para concorrer às eleições presiden-

ciais. Ninguém reivindicou o homi-

cídio e dos atacantes sabe-se apenas

que abandonaram o local de moto.

Khan, ainda na cama do hospital

por causa de fracturas sofridas numa

queda durante um comício, acusou

no Twitter o Movimento Muttahida

Quami (MQM) de ser “directamente

responsável pelo homicídio”. Re-

corda que o líder da formação, Altaf

Dirigente do partido de Khan assassinada em Carachi

Hussein, “ameaçou abertamente

os membros e dirigentes do PTI em

mensagens públicas”.

O MQM, um partido secular que

tem o seu principal apoio entre a

população que migrou do estado

indiano de Sindh para o Paquistão

no momento da partição da colónia

britânica da Índia e a independência

das duas nações, em 1947, domina

a política em Carachi desde a déca-

da de 1980, recorda a BBC. Os seus

adversários acusam-no de governar

pelo terror e de se manter no poder

através de fraudes eleitorais, acusa-

ções repetidas durante as legislativas

do fi m-de-semana passado.

O partido de Khan liderou os pro-

testos, que levaram a comissão elei-

toral a anular a votação em 43 das

250 mesas de voto na cidade, que on-

tem foram a votos. Altaf Hussein, que

vive desde 1991 exilado em Londres,

alegando que a sua vida corre perigo

no Paquistão, rejeitou as acusações.

Mas, num discurso transmitido pela

rádio no início da semana passada

terá ameaçado activistas e dirigentes

do PTI. A polícia londrina confi rmou

ter aberto um inquérito para apurar

se Altaf Hussein violou as condições

de asilo, mas Khan diz que o Governo

britânico deve também responder

por ter ignorado os seus alertas.

O MQM decidiu boicotar a repeti-

ção do escrutínio, abrindo caminho

a que o PTI consiga eleger deputados

por aquela que é a capital comercial

do Paquistão.

Qualquer que seja o desfecho, não

deverá alterar os resultados das le-

gislativas, ganhas pelo ex-primeiro-

ministro Nawaz Sharif. O Partido do

Povo, da dinastia Bhutto, após cinco

anos no Governo, corre ainda o risco

de ser remetido para o terceiro pos-

to, se o PTI conseguir arrecadar boa

parte dos votos em Carachi.

ZOHRA BENSEMRA/REUTERS

Paquistão

Ex-estrela do críquete acusa rival do crime, no dia em que se repetiu a votação em alguns locais da cidade, devido a fraude

Marcada pela experiência do Afega-

nistão, cujos veteranos semearam o

terror no reino após terem regressa-

do dos combates ao lado dos taliban,

a Arábia Saudita tenta estancar o fl u-

xo de jovens jihadistas que se juntam

à luta na Síria. Várias centenas, ou

mesmo alguns milhares de sauditas,

estarão a combater ao lado dos rebel-

des sírios na nova “terra da jihad”.

Nas redes sociais sucedem-se as

referências a sauditas transforma-

dos em “mártires”. Na quinta-feira,

o Observatório Sírio para os Direi-

tos Humanos avançou que o homem

que aparece num vídeo onde vários

apoiantes do regime de Bashar al-

Assad são executados é um saudita

que integra a Frente al-Nusra.

O fenómeno levou o rei Abdullah,

habitualmente parco em declarações,

a avisar sem se referir directamente

à Síria: “[Cuidado com] aqueles que

enganam os nossos fi lhos, alguns dos

quais foram mortos e outros presos.”

“Infelizmente há pessoas que enga-

nam os nossos jovens e devem ser

punidas com a pena de prisão ou

ainda mais”, disse o rei saudita.

O mufti — a mais alta autoridade

religiosa do reino — também falou no

mês passado contra a “jihad nos pa-

íses afectados (...), sobretudo numa

situação caótica, com uma prolifera-

ção de organizações armadas”. “Isto

não é a jihad, porque a jihad deve ter

o consentimento dos governantes”,

sublinhou.

Em Junho de 2012, o Grande Con-

selho dos Ulema, a mais alta autori-

dade religiosa do reino, emitiu uma

fatwa (decreto religioso) contra a

jihad na Síria sem a autorização das

autoridades. Mas os anteriores apelos

no mesmo sentido não dissuadiram

os sauditas de lutarem no Iraque em

2003. Um responsável iraquiano, que

pediu anonimato, diz que “centenas

de sauditas combateram no Iraque”

após a queda de Saddam Hussein.

“Hoje em dia, a questão repete-se

em relação à Síria: o poder e as au-

toridades religiosas desencorajam

os candidatos à jihad”, diz Stéphane

Lacroix, investigador do Instituto de

Estudos Políticos de Paris. Tudo por-

que o reino continua a pagar o preço

da partida de milhares de jovens para

o Afeganistão na década de 1980, in-

cluindo Osama Bin Laden.

Arábia Saudita tenta dissuadir jihadistas de irem para a Síria

“A partir de meados da década de

1980, o Governo da Arábia Saudita

apoiou a partida para o Afeganis-

tão de jovens sauditas que queriam

lutar contra os soviéticos”, lembra

Lacroix, especialista em islamismo

saudita. “Um certo número desses

‘afegãos árabes’ estiveram mais tarde

envolvidos em actos de violência na

Arábia Saudita, no seio da Al-Qaeda”,

que reivindicou vários ataques no rei-

no entre 2003 e 2006.

A mobilização para a jihad através

das redes sociais assenta na defesa

dos sunitas face ao regime de Bashar

al-Assad, que pertence à minoria

alauita, um ramo do xiismo.

Os responsáveis sauditas tentam

minimizar a amplitude do fenóme-

no. “Acho que o número de sauditas

que combatem na Síria não é subs-

tancial”, afi rmou o porta-voz do Mi-

nistério do Interior saudita, Mansour

al-Turki. Um outro responsável do

ministério, Said al-Bichi, garantiu

que os seus serviços tentam dissuadir

os candidatos à jihad na Síria. “Por

vezes, os pais entram em contacto

connosco para nos dizerem que os

fi lhos querem ir para a Síria e o nosso

conselho é que não os deixem ir”,

acrescentou o general.

As autoridades do país tentam

também controlar as doações à opo-

sição síria. “Na verdade, o poder não

consegue controlar as redes de fi nan-

ciamento privadas, e é através delas

que passa parte dos fundos que bene-

fi ciam os grupos salafi stas na Síria”,

frisa Stephane Lacroix.

Sauditas combatem na Síria

Page 26: Publico 20052013

26 | MUNDO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Construir a Estrela da Morte e mudar o gosto do tofu? A Casa Branca responde

ALEX WONG/AFP

O site das petições foi criado pela Administração Obama para promover a transparência

Há pouco tempo, num país não mui-

to distante, um Governo viu-se obri-

gado a explicar a um cidadão que

seria pouco razoável construir uma

Estrela da Morte, a estação espacial

que simboliza o poderio do Império

Galáctico na Guerra das Estrelas. Pa-

ra além dos custos fi nanceiros, que

rebentariam com o défi ce público,

“a Administração não concorda com

a destruição de planetas”, argumen-

tou Paul Shawcross, responsável pe-

lo orçamento da Casa Branca para a

ciência e exploração do espaço.

A resposta da Administração Oba-

ma foi publicada em Janeiro no si-

te We the People, uma plataforma

de petições que oferece “a todos os

americanos uma forma de envolver

o seu Governo nos temas que mais os

preocupam”, e que obriga a uma res-

posta ofi cial a partir de um número

de assinaturas pré-estabelecido. E o

que mais preocupava um cidadão da

cidade de Longmont, no estado do

Colorado, era a vulnerabilidade da

segurança nacional dos EUA e a lenta

criação de postos de trabalho. Por

isso, ele e outras 34.434 pessoas pe-

diram a Obama que se concentrasse

nos planos para a construção de uma

base espacial esférica de pelo menos

uns 160 quilómetros de diâmetro e

um superlaser capaz de reduzir a cin-

zas um planeta inteiro.

As regras eram claras: como a pe-

tição recebeu mais de 25.000 assi-

naturas em menos de um mês, tinha

direito a resposta por parte da Ad-

ministração. Coincidência ou não,

apenas quatro dias depois de Wa-

shington ter respondido à ironia com

ironia, o número de assinaturas para

que uma petição seja avaliada subiu

de 25.000 para 100.000. Quando o

site foi lançado, em Setembro de

2011, bastavam 5000 para que a Casa

Branca fosse obrigada a debruçar-se

sobre um assunto.

E há temas para todos os gostos.

Nas últimas semanas, o We the Peo-

ple tem sido invadido com petições

de cidadãos chineses, e algumas não

fi cam atrás da Estrela da Morte em

grandiosidade humorística. “Pe-

dimos que o Governo dos Estados

Unidos estabeleça que o sabor ofi cial

do tofu seja doce, com a adição de

açúcar granulado, açúcar não refi na-

já foi assinada por mais de 146.000

pessoas.

A mistura de petições sérias com

referências à Guerra das Estrelas e à

culinária leva os criadores do site a

questionarem a sua utilidade.

Em Janeiro, após a resposta da Ca-

sa Branca sobre a proposta de cons-

trução da Estrela da Morte, a revista

Mother Jones fazia eco da frustração

de um funcionário da Administração

que trabalhou no projecto: “Se me

tivessem dito há um ano e meio que

a Casa Branca iria dedicar tempo a

escrever sobre como o Lord Vader

poderia resolver os nossos proble-

mas económicos, eu ter-me-ia des-

feito em gargalhadas.” A sensação

na Casa Branca é que se criou um

monstro: “Por vezes, dou comigo a

pensar ‘Meu Deus, o que é que nós

fi zemos?’”

O Presidente Barack Obama ex-

plica as razões na página de entrada

do e outros adoçantes”. Esta petição

tinha ontem 2560 assinaturas, por

isso, para se fi car a saber a posição da

Casa Branca sobre o sabor do tofu, é

preciso o apoio de mais 97.440 até ao

próximo dia 6 de Junho. (Esta é uma

altura tão boa como outra qualquer

para lembrar o endereço do site: ht-

tp://petitions.whitehouse.gov).

Mas a atenção dos cidadãos chi-

neses foi chamada por uma petição

que nada tem de humorístico — o en-

venenamento da estudante universi-

tária Zhu Lin, em 1995, um caso que

fi cou por resolver e que continua a

ser discutido na China. A principal

suspeita, Sun Wei, colega de quar-

to de Zhu, chegou a ser interrogada

pela polícia, mas terá escapado para

os EUA com a ajuda da infl uência da

família. O autor da petição pretende

que as autoridades norte-america-

nas deportem Sun e já conquistou

o direito a uma resposta — a petição

do site: “A minha Administração está

decidida a criar um nível de abertu-

ra sem precedentes na governação.

Trabalharemos em conjunto para

garantir a confi ança pública e para

estabelecer um sistema de transpa-

rência, de participação pública e de

colaboração.”

Para John Wonderlich, da Sunlight

Foundation, que se dedica ao refor-

ço da transparência no governo dos

EUA, o resultado é positivo: “Acho

que é uma experiência com valor,

mesmo com as petições menos sé-

rias. Não está a mudar a forma como

poder funcona, mas não signifi ca que

não seja importante”, cita a Mother

Jones. “Está a criar muito entusias-

mo e atenção. Haverá muitas pessoas

que só ouviram falar do site por causa

da petição da Estrela da Morte. Se isso

faz com que elas fi quem a conhecer

melhor o funcionamento da Casa

Branca, isso é bom”, conclui.

O site de petições We the People foi criado para “estabelecer um sistema de transparência, de participação pública e de colaboração”. Um ano e meio depois, há quem se pergunte se valeu mesmo a pena

EUAAlexandre Martins

100mil assinaturas em 30 dias é o mínimo necessário para que uma petição seja avaliada e mereça uma reacção oficial por parte da Casa Branca

807assinaturas por hora chegam ao site We the People, segundo números de Janeiro de 2013. A petição mais participada recebeu 318.283 assinaturas

Page 27: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 27

David Cameron “abriu uma caixa de

Pandora política e parece estar a per-

der o controlo do seu partido”, ao ter

tornado claro que “se opõe aos ter-

mos actuais de permanência do Reino

Unido na União Europeia”, escreveu

num artigo de opinião publicado on-

tem Geoff rey Howe, ex-ministro das

Finanças e ex-vice-primeiro-ministro

de Margaret Thatcher.

O discurso que Howe fez quando

se demitiu do Governo em 1990, por

causa das políticas de Thatcher em

relação à União Europeia, é consi-

derado como a faísca que desenca-

deou a cadeia de acontecimentos

que levou ao fi m do longo mandato

de Thatcher. As suas palavras no se-

manário Observer têm, por isso, uma

ressonância especial, num momento

em que o primeiro-ministro conser-

vador está, claramente, aprisiona-

do pela ala mais eurocéptica do seu

partido, que clama pela realização

de um referendo sobre a perma-

nência do país na União, enquanto

o partido de protesto UKIP (Partido

da Independência do Reino Unido),

que pede o mesmo, atinge 19% de

intenções de voto.

Do lado dos trabalhistas, Peter

Mandelson, ex-ministro e conselhei-

ro próximo de Tony Blair e Gordon

Brown, usou uma comparação tele-

visiva. “O partido do isolamento do

Reino Unido [o UKIP] e os conserva-

dores, que são os seus companheiros

de viagem, estão a criar uma espécie

de esquema de extorsão ao estilo dos

Sopranos dentro do Partido Conser-

vador”, afi rmou na BBC. “Estão a

dizer: ‘Façam o que nós queremos,

dêem-nos o que estamos a exigir, ou

deitamos fogo à vossa casa.’”

A crise entre os elementos mais à

direita do Partido Conservador e a

liderança do primeiro-ministro David

Cameron promete continuar — não

só por causa da Europa, mas agora

também por causa do casamento gay,

que hoje voltará ao Parlamento. Uma

petição de 34 dirigentes locais tories

foi ontem entregue em Downing Stre-

et, alertando contra a “crise do con-

servadorismo” e os “três temas que

estão a destruir o partido: a Europa, o

casamento entre pessoas do mesmo

sexo e o desprezo pelos militantes”.

Cameron acusado de ceder a chantagens

Reino Unido

Demissão de Geoffrey Howe acelerou queda de Thatcher. Agora ex-ministro avisa para risco de recuo face aos eurocépticos

Apoiantes do Ansar a-Sharia defendem a aplicação da lei islâmica

As ruas da cidade tunisina de Kai-

rouan foram palco de confrontos

entre apoiantes do movimento ra-

dical islâmico Ansar al-Sharia e a

polícia. O Governo tunisino, lidera-

do pelo partido islamista modera-

do Ennahda, proibiu a realização do

congresso anual do grupo salafi sta

naquela cidade do centro do país, o

que motivou os protestos de milha-

res de pessoas, que se espalharam

também ao distrito de Ettadamen,

na capital, Tunes.

O Ansar al-Sharia é o grupo mais

radical a surgir na Tunísia após a

queda do ditador Ben Ali, em 2011.

Tem ligações à rede terrorista Al Qa-

eda e exige a entrada em vigor da lei

islâmica no país.

Na sexta-feira, o ministro do In-

terior, Lotfi Ben Jeddou, anunciou

que o Governo tinha proibido a

realização do congresso anual do

movimento, que estava marcado

para ontem, em Kairouan. “Deci-

dimos proibir esta reunião porque

seria uma violação da lei e porque

representaria uma ameaça à ordem

pública”, disse o ministro, numa de-

claração citada pela Al-Jazira. O res-

ponsável garantiu que “todos os que

desafi arem a autoridade do Estado e

as suas instituições, e que incitarem

à violência e ao ódio, vão ter de assu-

mir toda a responsabilidade”.

Em Kairouan, os apoiantes do mo-

Confrontos na Tunísia entre salafistas e polícia

vimento salafi sta atiraram pedras

à polícia, que respondeu com gás

lacrimogéneo, segundo o relato da

agência Reuters. “A lei do tirano

deve cair”, gritavam os apoiantes

do movimento enquanto lançavam

pedras em direcção da polícia anti-

motim, ateavam fogo a automóveis

e substituíam a bandeira da Tuní-

sia por uma bandeira negra da rede

terrorista Al-Qaeda. A agência Reu-

ters avançou que a polícia deteve o

porta-voz do grupo radical islâmico,

Saifeddine Rais.

A organização norte-americana

SITE Intelligence Group, que moni-

toriza declarações de movimentos

jihadistas, anunciou ontem que a Al-

Qaeda no Magrebe Islâmico encora-

jou os islamistas radicais tunisinos a

continuarem “no bom caminho” e a

terem cuidado com “as provocações

do Governo”.

O líder do Ansar al-Sharia da Tu-

nísia, Saif Allah Bin Hussein — tam-

bém conhecido como Abu Iyadh

—, foi combatente da Al-Qaeda no

Afeganistão. Detido na Turquia em

2003, esteve preso na Tunísia até

2011, tendo sido libertado após a re-

volta que depôs o antigo ditador Ben

Ali. O seu paradeiro é desconhecido

e está a ser procurado pela polícia

por ter alegadamente comandado

o ataque contra a embaixada dos

Estados Unidos em Tunes, no dia

14 de Setembro do ano passado, no

auge dos protestos contra o fi lme

Inocência dos Muçulmanos. No ata-

que morreram quatro pessoas e 46

fi caram feridas.

O partido Ennahda, no poder, tem

afi rmado que o Ansar al-Sharia re-

presenta um perigo para a seguran-

ça do país, mas a oposição acusa-o

de fechar os olhos ao crescimento

dos grupos radicais na Tunísia.

ANIS MILI/REUTERS

IslamistasAlexandre Martins

Governo proibiu realização do congresso do grupo Ansar al-Sharia e os seus apoiantes responderam nas ruas com violência

Page 28: Publico 20052013

extern

SÉRIE ESPECIALEXPORTAÇÕESAumentar as exportações ajuda a economia portuguesa a crescer. É mesmo assim? E como? Em que sectores? Estamos a mudar? Que obstáculos uma empresa enfrenta até conseguir chegar ao mercado externo? O que falta aos nossos exportadores? São algumas das perguntas para as quais o Público procura respostas, numa série especial.

COM O APOIO DO:

15 MAIO » 30 JUNHOJornal e site: publico.pt/exportacoes

Page 29: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | CIÊNCIA | 29

Planta carnívora aquática não precisa de “lixo” no seu ADN para nada

Uma equipa internacional sequenciou o mais pequeno genoma vegetal de sempre e chegou a uma inesperada conclusão sobre sequências que não codifi cam genes, presentes no ADN de muitas espécies vivas

ENRIQUE IBARRA-LACLETTE, CLAUDIA ANAHÍ PÉREZ-TORRES E PAULINA LOZANO-SOTOMAYOR

Em cima, uma das pequenas mas vorazes vesículas da Utricularia gibba; em baixo, uma das suas flores a sobressair da água

No ADN humano, os genes propria-

mente ditos — ou seja, as sequências

que codifi cam proteínas — represen-

tam uma ínfi ma fracção da totalidade

do genoma, de cerca de 2%. O res-

to, conhecido como “ADN-lixo” ou

junk-DNA (quase 98% do total!) não

codifi ca nada. E há muito que os es-

pecialistas se perguntam para que

serve ao certo.

A ideia actualmente mais aceite é

que esse ADN não codifi cante — res-

mas de sequências genéticas duplica-

das ou invertidas que se encontram

inseridas entre os genes — são, apesar

de tudo, indispensáveis à construção

de organismos multicelulares com-

plexos. Mas resultados publicados

há dias na edição online da revista

Nature vêm agora contradizer esta

teoria.

As equipas de Luis Herrera-Es-

trella, do Laboratório Nacional de

Genómica para a Biodiversidade (Mé-

xico), e de Victor Albert, da Univer-

sidade de Buff alo (EUA), juntamente

com colegas de várias outras univer-

sidades de ambos esses países e ain-

da da China, Singapura, Espanha e

Alemanha, sequenciaram o ADN de

uma planta aquática carnívora cha-

mada Utricularia gibba e mostraram

que 97% do seu genoma é composto

por genes que codifi cam proteínas.

Ou seja, a proporção genes/lixo no

património genético desta planta é

precisamente o inverso da que se ve-

rifi ca em plantas como o milho ou o

tabaco, por exemplo.

“A grande história aqui é que

apenas 3% do material genético da

planta é ADN-lixo”, diz Albert em co-

municado da sua universidade. “De

alguma maneira, esta planta conse-

guiu expurgar a maior parte daquilo

que compõe o genoma das plantas.

Portanto, eis uma planta multicelu-

lar, em perfeito estado de funciona-

mento — com muitos tipos de células,

de órgãos, de tecidos diferentes, com

fl ores —, que não precisou de lixo ge-

nético para nada”.

A Utricularia gibba, que existe em

Portugal, é de facto uma planta com-

plexa. De aspecto frágil, de caule fi no

e alongado, dá umas bonitas fl ores

amarelas que parecem orquídeas e

que sobressaem inocentemente da

água. Mas na realidade, é uma vo-

acumulam lixo genético por isso lhes

conferir um qualquer benefício. O

que acontece, segundo eles, é que

há espécies com uma tendência para

acumular lixo e outras para apagá-lo

— e que o facto de o fazerem (ou não)

se deve em grande parte à pressão

que a selecção natural exerce e não

necessariamente a uma função cru-

cial desse ADN.

Seja como for, o certo é que a Utri-

cularia gibba não parece precisar de

ADN-lixo para nada. O seu genoma

é feito de uma cadeia de apenas 80

milhões de pares de bases (as ba-

ses são os “tijolos de construção”,

as letras A, C, G e T do alfabeto do

ADN), enquanto o de outras plantas

suas “primas” em termos evolutivos,

como a vinha ou o tomate, contêm

muitos mais: 490 e 780 milhões de

pares de bases, respectivamente. Já

agora, o nosso ADN é uma gigantesca

cadeia de três mil milhões de pares

de bases com muito ADN-lixo pelo

meio, mas o número total de genes

da Utricularia gibba — 28.500 — não

é muito diferente do número de ge-

nes humanos... Claramente, o enig-

ma em torno da eventual função do

ADN-lixo não acaba aqui.

E o que é ainda mais surpreen-

dente, dado o reduzido tamanho

do genoma da Utricularia gibba em

relação ao de outras plantas, dizem

os cientistas, é que esse genoma so-

freu três duplicações completas ao

longo da sua história (que começou

quando a linhagem da planta diver-

giu da do tomate). Por três vezes, os

descendentes da espécie herdaram

duas cópias completas do genoma

dos seus progenitores!

Daí que os autores concluam que

a Utricularia gibba tem eliminado ac-

tivamente o ADN supérfl uo ao longo

das gerações. “Esta história, surpre-

endentemente rica em duplicações,

aliada à pequenez actual do genoma

da Utricularia gibba”, diz Herrera-

Estrella, “é mais uma prova de que

a planta tem sido prolífi ca em apagar

o ADN não essencial, mantendo ao

mesmo tempo um conjunto funcio-

nal de genes semelhantes aos de ou-

tras espécies vegetais.”

GenéticaAna Gerschenfeld

uma pressão negativa no interior das

vesículas, faz com que elas se com-

portem como verdadeiros aspirado-

res, sugando, através da sua abertura

milimétrica — e em apenas um milis-

segundo —, os pequenos crustáceos

e as larvas de insectos que dela se

aproximam incautos. Os sucos con-

tidos nos utrículos encarregam-se de

digerir as presas em poucas horas.

Teoria posta em causa

Quanto à possível função do ADN-

lixo, uma série de artigos recentes no

âmbito do projecto ENCODE (Enci-

clopédia de Elementos de ADN) for-

necia um início de explicação, suge-

rindo que grande parte desse ADN

desempenha um papel na regulação

da actividade dos genes e na sua con-

versão para ARN, molécula seme-

lhante ao ADN que é utilizada pela

maquinaria celular para converter a

informação dos genes em proteínas

(ver Vem aí uma nova era da genética,

PÚBLICO de 06/09/2012).

Mas Herrera-Estrella e colegas ar-

gumentam que os organismos não

raz carnívora que desenvolveu um

sistema particularmente astuto para

arranjar sustento, apesar da escassez

de nutrientes presentes nas lagoas ou

pântanos onde vive.

Tudo graças a uma peculiar ar-

madilha anatómica, constituída por

uma série de pequenas vesículas

(ou utrículos, daí o seu nome), bem

agarradas às folhas e dissimuladas

debaixo da água. A planta, ao criar

Page 30: Publico 20052013

30 | CULTURA | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Os Coen a dobrar em Cannes: como eles são e como eles eram

É um dos melhores fi lmes de Joel e

Ethan Coen em três décadas, só que

não é um fi lme dos irmãos Coen. É a

segunda longa-metragem de Jeremy

Saulnier, nome que há pouco tempo

foi avistado pelos que frequentaram

as sessões do IndieLisboa e viram I

Used to be Darker, de Matthew Por-

terfi eld. Saulnier tem sido o direc-

tor de fotografi a deste realizador de

Baltimore.

Jeremy Saulnier chega à Quinze-

na dos Realizadores, secção alter-

nativa do Festival de Cannes, com

Blue Ruin, segunda longa depois de

Murder Party (2007). E com uma

anunciada intenção de reformu-

lar o género “fi lme de vingança”.

A “garganta” de Jeremy explica-

se com a necessidade que teve de

propagandear as suas ambições em

plataformas de crowdfunding, onde

arranjou 37 mil dólares para ajudar

a fi nanciar Blue Ruin. Um fi lme que

evoca o início dos Coen, é verdade,

concretamente Blood Simple (1984),

e essa vontade de habitar a paranóia

com sentido de humor e de seguir

um fi lão negro americano.

Há uma componente de exercício

de estilo, de manipular as expectati-

vas — e violentar de forma infantil a

tolerância do espectador em relação

ao gore. Mas nesta história de um ho-

meless que recebe a notícia de que o

assassino dos pais vai sair da prisão

e começa a engendrar a vingança

não há só esperteza saloia. Sendo,

é certo, uma forma ambígua de falar

do acesso dos americanos às armas

(“Pessoalmente, adoro atirar. Mas é

preciso rendermo-nos à evidência:

os americanos não sabem utilizar

correctamente nem as armas nem

seus revólveres. Mais vale que lhos

tirem, isso é verdade”, disse o reali-

zador), é sobretudo uma meditação

melancólica e triste sobre a obsessão

e a perda.

Decisiva é a personagem principal

e a forma como o anúncio da liber-

tação do assassino dos pais funciona

como uma espécie de fl ashback de si

próprio: o sem-abrigo sai das ruas e

regressa aos locais e pessoas do seu

passado, fi cando o espectador a vis-

lumbrar o que teria sido essa vida

anterior. O que é surpreendente na

personagem é que a fi gura que nos

surge, depois de apagados os adere-

Blue Ruin, de Jeremy Saulnier, conta a história de um homeless que fi ca a saber que o assassino dos pais vai sair da prisão e começa a planear a vingança. Um falso Coen, melhor que o dos originais — Inside Llewyn Davis

Festival de cinemaVasco Câmara, em Cannes

DR

Macon Blair é o sem-abrigo que sai das ruas e regressa aos locais e pessoas do seu passado. Tudo por causa de uma vingança

ços, é alguém socialmente inepto,

refém da infância (os traços físicos

do actor Macon Blair, uma certa as-

sexualidade, ajudam). É essa fi gura

que vai vingar o resultado de uma

inimizade entre duas famílias e, li-

teralmente, acabar com ela.

Depois de tudo terminar, mas antes

do fi m do fi lme, Jeremy Saulnier faz-

nos regressar aos objectos atirados,

espetados e disparados durante a vin-

gança, resgatando Blue Ruin ao exer-

cício, suspendendo-o na gravidade.

Jogo de máscarasE por falar neles: no mesmo dia hou-

ve mesmo um fi lme dos irmãos Co-

en, Inside Llewyn Davis, a sua oitava

participação na competição de um

festival que deu a Palma de Ouro, em

1991, a Barton Fink. O projecto, a evo-

cação das dark ages da cena folk em

Greenwich Village no fi nal dos anos

1950, antes de Bob Dylan, antes dos

ícones, um mundo ainda dos que de-

sistiram, parece à partida estranho

aos Coen, mesmo se há muito eles

alternam a relevância com a excentri-

cidade inconsequente. Mas começa a

perceber-se que não é propriamente

um retrato, muito menos afectuoso,

de um mundo, e que é, como noutros

fi lmes da dupla, o retrato da obsessão

de uma personagem, Llewyn Davis

(interpretação já celebrada de Oscar

Isaac, actor de origem guatemalte-

ca), que é uma construção a partir

de uma fi gura real da era pré-Dylan,

Dave van Ronk.

Tudo o que gira à volta de Llewyn

Davis pode bem ser a distorção de

um obsessivo. O que faz com que

os Coen não resistam a usar Carey

Mulligan, Justin Timberlake ou John

Goodman, que interpretam perso-

nagens com quem Davis se cruza,

para um habitual e meticuloso jogo

de aparições e máscaras.

A coisa é bem feita, humor incluí-

do, o fi lme, provavelmente o melhor

dos cineastas desde Este País Não É

para Velhos, faz pausas para se ouvir

a música e até para se rir com a músi-

ca, o que parece mais pretendido pe-

los Coen — há momentos que na ses-

são de imprensa arrancaram palmas

aos espectadores. Mas fi ca-se com a

sensação de que o compromisso dos

cineastas é, não com uma história

ou com um grupo de personagens,

mas com a engenharia do argumen-

to, com o polimento das peças do seu

dispositivo, que até inclui um gato

chamado Ulisses.

No início do festival, na conferên-

cia de imprensa do júri, um jorna-

lista holandês perguntou a Steven

Spielberg se ele tinha ouvido falar

do seu compatriota Alex van War-

merdam, que tem Borgman em

competição. Era uma pergunta cí-

nica, porque quereria demonstrar

que os jurados ao não conhecerem

o trabalho dos concorrentes não se-

rão as pessoas mais indicadas para

julgarem. Spielberg, que não conhe-

ce o trabalho de Van Warmerdam,

respondeu bem: “Tornamo-nos

familiares com [o trabalho de um

realizador], se o fi lme nos levar a

ter consciência da existência desse

realizador.”

Seria caso para perguntar agora ao

jornalista o que é que Borgman traz

para tornar Spielberg consciente da

existência do seu realizador. Que põe

em marcha um assalto a uma famí-

lia da burguesia com ares de grande

senhor, cheio de si (é ele que diz que

o seu é um “fi lme forte”), quando,

afi nal, ao fi m de dez minutos se sa-

be o que vai acontecer e como tudo

vai acabar. Estará Alex van Warmer-

dam familiarizado com o cinema de

Michael Haneke, terá visto Teorema,

de Pasolini?

Page 31: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | CULTURA | 31

Maestro Peter RundelApesar de longo e de uma heteroge-

neidade que poderia não favorecer

a fruição de cada uma das obras, o

programa que o Remix Ensemble

apresentou no último concerto de-

nota algumas opções inteligentes.

Como encaixar uma peça tão

afastada dos clássicos do séc. XX (e

de um consagrado que continua a

criar no séc. XXI) como You Should

Be Blind to Watch TV (2013), do mui-

to jovem português Igor C. Silva

(1989)? A solução foi cumprir logo

no início do espectáculo a tarefa da

estreia dessa encomenda da Sonae.

E o Remix fê-lo com toda a energia

que se pode arrancar de um agrupa-

mento que já deu muitas provas de

extraordinária versatilidade.

Com efeitos imediatos, alguma

homorritmia, uma certa quadra-

tura e um carácter bastante ligeiro

(apesar da predominância de sons

pesadamente graves), You Should

Be Blind to Watch TV (2013), para

agrupamento e electrónica, suge-

re directamente um resultado de

maior honestidade, um largo passo

em frente na produção que a Casa

da Música (CdM) tem apresentado

do mesmo compositor. Se, por um

lado, esta ideia de evolução pode pa-

recer justifi car o investimento que a

CdM tem feito em compositores em

formação, também poderá levar-nos

a questionar se não haverá outras

soluções mais adequadas ao cresci-

mento dos jovens compositores que

não passem por fazê-los irreparavel-

mente “brincar em público aos pro-

fi ssionais”, num ingrato confronto

demasiado precoce com o grande

repertório.

Inequívoca e superlativa impôs-se

a Serenata nº 2, de Bruno Maderna

(1920-1973), cuja delicada poesia

o Remix bem soube exponenciar

criando a sedutora interpelação

que antecedeu a interpretação de

um outro grande clássico, porven-

tura mais celebrado.

A Suite op. 29 (1925-26), de Ar-

nold Schönberg (1874-1951), é uma

Estreias incomparáveis

das primeiras obras dodecafónicas,

com aquele traço marcante do rigor

associado às formas clássicas. So-

mos tentados a centrar elogios na

irrepreensível prestação do pianista

Jonathan Ayerst, simultaneamente

enérgica e etérea, mas é inegável o

óptimo equilíbrio que Peter Rundel

conseguiu entre os diversos instru-

mentos, todos eles num elevadíssi-

mo nível de execução.

A segunda parte iniciou-se com

outra solução inteligente. Evitando

agora o caminho das longuíssimas

mudanças de palco e conferindo um

elemento de interesse extra que be-

nefi ciou a música de Giacinto Scelsi

(1905-1988), os intérpretes de Okana-

gon (1968), para harpa, contrabaixo

e tam-tam, foram colocados no coro,

atrás de uma escura cortina transpa-

rente. Este singelo elemento seria o

bastante para que o mais irrequieto

dos ouvintes se mostrasse paciente-

mente expectante em relação à mú-

sica algo atemporal de Scelsi.

Por fi m, mais um investimento

seguro da CdM seria dado a conhe-

cer com a estreia nacional de Finis

Terrae (2012), obra para seis vozes e

agrupamento instrumental de Brian

Ferneyhough (n. 1943), resultante

de uma encomenda conjunta com

o Festival d’Automne à Paris, o En-

semble musikFabrik e a Kunststif-

tung NRW, com a editora Peters a

esquecer-se de referir na partitura

a participação da CdM.

Estreada em Paris, em Novembro

passado, pelo mesmo agrupamento

vocal que a interpretou no Porto —

nessa altura acompanhado pelo gru-

po musikFabrik e sob a direcção de

Emilio Pomàrico —, Finis Terrae tem

inscrita a solidez do trabalho de Fer-

neyhough, mas sugere um conjunto

de alusões à tradição ocidental, do

Renascimento à voz amplifi cada de

um Luciano Berio.

Crítica de Música

Remix EnsembleExaudi Vocal Ensemble

Peter Rundel, direcção

Obras de Igor Silva, Maderna,

Schönberg, Scelsi e Ferneyhough

Porto, Casa da Música (Sala Suggia)

Sábado, 18 de Maio, 21h00

Meia Sala

Diana Ferreira

mmmMM

Breves

Animação

Óbito

Filme de Regina Pessoa premiado no Festival de Badajoz

Morreu o realizador russo Alexeï Balabanov

Uma semana após ter sido distinguido como a melhor curta-metragem no Festival de São Francisco, nos Estados Unidos, o último filme de animação de Regina Pessoa, Kali, o Pequeno Vampiro (2012), arrecadou este fim-de-semana dois novos prémios. Desta vez aconteceu no 19º Festival Ibérico de Cinema de Badajoz, no qual foi duplamente distinguido com o prémio para a melhor banda sonora (da banda suíça The Young Gods) e com uma menção especial do júri. Kali, o Pequeno Vampiro, que relata a história de um rapaz diferente dos outros que sonha com encontrar o seu lugar no mundo, completa uma trilogia, que Regina Pessoa iniciou com A Noite (1999) e continuou com História Trágica com Final Feliz (2005).

Alexeï Balabanov, realizador russo de filmes de culto sobre a violência das últimas décadas na Rússia, nomeadamente com Cargo 200 (2007), sobre o Afeganistão, A Guerra (2002), sobre a Tchetchénia, e Irmão (1997), sobre a criminalidade, morreu no sábado perto da sua cidade natal, São Petersburgo, aos 54 anos, vítima de doença não especificada. “Os filmes de Alexeï Balabanov [1959-2013] são um retrato colectivo do nosso país no momento mais dramático da sua história. Eu gostava muito do trabalho dele”, escreveu o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, no Facebook, citado pela AFP. Já o jornal Kommersant considerou a morte do realizador “uma enorme tragédia para o cinema russo”.

Rithy Panh vai à procura da sua infância, que o regime dos khmers vermelhos eliminou

Esta criança que se diz viva e que

conta é ele, Rithy Panh, cineasta

cambojano, aos 50 anos procurado

pela sua infância.

O que fazer, quando a infância foi

eliminada pela sociedade perfeita

que os khmers vermelhos quiseram

construir entre 1975 e 1979, destruin-

do a emoção, a doçura e o humano,

enviando os dois milhões de habitan-

tes de uma cidade, Phnom Penh, pa-

ra o campo para serem transforma-

dos em homens de metal, ou fazendo

de uma panela de cozinha um crime

individualista?

Que fazer quando a imagem que

falta – a infância, os tempos antigos

de Phnom Penh, o odor a caramelo

e peixe no mercado – não cessa de

vir ao nosso encontro?

Que fazer quando a imagem do

extermínio está em falta? Mas o que

fazer quando revelar a imagem da

morte – como falar do pai, que dei-

xou de se alimentar porque não quis

mais comer insectos e répteis como

os animais — pode signifi car transpor

uma fronteira para o obsceno?

Rithy Panh ouviu o apelo e sentiu

a inquietação a que cineastas como

Marcel Ophuls ou Claude Lanzmann

têm ouvido e respondido, no caso

dos dois últimos, e cada um à sua

maneira, a propósito do Holocausto:

qual a responsabilidade pelo traba-

lho da memória em relação ao hor-

ror e qual a responsabilidade que

um cineasta deve ter ao revelar essa

imagem de uma experiência limite?

Ophuls e Lanzmann têm fi lmes nesta

edição do Festival de Cannes em que

continuam as suas interrogações, Un

Voyageur e Le Dernier des Injustes,

respectivamente. Rithy Panh vem

colocar-se entre eles com L’Image

Manquante (Un Certain Regard).

A posição do cambojano, o autor

de documentários como S21, La ma-

chine de mort Khmère rouge (2003)

ou Duch, le Maître des forges de l’enfer

(2012), começa por ser no essencial

a posição de Ophuls e Lanzmann: há

coisas que ninguém deve ver porque

isso signifi ca fi car demasiado perto

da morte. Mas se alguém viu deve

contar. Como? Suspendendo a obs-

cenidade e a irrelevância. O que Pa-

nh conclui é que essa imagem não

será nunca encontrada e que deverá

continuar perdida. Mas o cinema, e

L’Image Manquante, pode mostrar

essa demanda.

À necessidade, comoventíssima,

do cineasta em receber os seus mor-

tos, em falar deles para lhes restituir

a humanidade e talvez falar com eles,

L’Image Manquante alia uma distân-

cia protectora e veemente: recria

com bonecos de argila quadros do

quotidiano feliz de Phnom Penh e

da caminhada para a aniquilação

empreendida pelo regime khmer.

Não para substituir o vazio — por

exemplo, da ausência de imagens

do êxodo dos habitantes de Phnom

Penh para os campos. Mas para evi-

denciar que uma perda nunca será

substituída. Esta criança que se diz

viva e que conta em L’Image Man-

quante é ele, Rithy Panh, cineasta

cambojano, aos 50 anos procurado

pela sua infância.

DR

Filme recria com bonecos de argila o dia-a-dia feliz de Phnom Penh

Page 32: Publico 20052013

32 PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H

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Por referência à Assembleia Geral Anual dos Accionistas do BANCO L. J. CARREGOSA, S.A., cuja realização terá lugar no próximo dia 28 de Maio de 2013, pelas 18 horas, no Auditório do edifício sito à Avenida da Boavista, 1043, no Porto, em conformidade com as convocatórias expedidas, dá-se conhecimento, para cumprimento do disposto no n.º 1 e n.º 2 do art.º 110.º do RGICSF, (Regime Jurídico das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo DL n.º 298/92, de 31/12) que os Exms.º Senhores Accionistas detentores de participações sociais, superiores a 2%, no capital social, são os indicados na seguinte relação:

- Maria Cândida Cadeco da Rocha e Silva;- Jorge Manuel da Conceição Freitas Gonçalves;- Amorim Projectos, SGPS, S.A.;- António José Paixão Pinto Marante;- Maria Eugénia Dias Fernandes;- Maurício Zlatkin;- António Manuel de Carvalho Baptista Vieira;- Imocarregosa - Gestão e Comercialização Imobiliárias, S.A.;- RuasGest, SGPS, S.A.;- Pedro José Malheiro Duarte.

Porto, 20 de Maio de 2013

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Anúncio - Consulta PúblicaAvaliação de Impacte Ambiental

Projecto: Conjunto Turístico São Lourenço do BarrocalProponente: São Lourenço do Barrocal) - Investimentos Turísticos e

Imobiliários, S.A.Licenciador: Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz

O projecto acima mencionado está sujeito a um procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, conforme estabelecido no Despacho 12777/2012, publicado no Diário da República n.º 189, 2.ª Série, de 8 de Setembro de 2012.Este projecto localiza-se na freguesia de Monsaraz, pertencente ao concelho de Reguengos de Monsaraz.Nos termos e para efeitos do preceituado nos n.ºs 1 e 2 do art.º 14.º e nos art.ºs22.º, 23.º, 24.º, 25.º e 26.º do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, enquanto Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental, informa que o Estudo de Impacte Ambiental, incluindo o Resumo Não Técnico, se encontra disponível para Consulta Pública, durante 20 dias úteis, de 21 de Maio a 18 de ]unho de 2013, nos seguintes locais:

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do AlentejoAv.ª Eng.º Arantes e Oliveira, n.º 193, 7004-514 ÉvoraAgência Portuguesa do AmbienteRua da Murgueira, 9/9A - Zambujal, 2611-865 AmadoraCâmara Municipal de Reguengos de MonsarazAvenida da Liberdade, Apartado 6, 7201-970 Reguengos de Monsaraz

O Resumo Não Técnico pode ainda ser consultado na Junta de Freguesia de Monsaraz, Concelho de Reguengos de Monsaraz, encontrando-se também disponível na Internet (www.ccdr-a.gov.pt).No âmbito do processo de Consulta Pública, serão consideradas e apreciadas todas as opiniões e sugestões apresentadas por escrito, desde que relacionadas especifi camente com o projecto em avaliação. Essas exposições deverão ser dirigidas ao Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo até à data do termo da Consulta Pública.O licenciamento do projecto só poderá ser concedido após Declaração de Impacte Ambiental Favorável ou Condicionalmente Favorável, emitida pelo Senhor Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, ou decorrido o prazo para a sua emissão.A Declaração de Impacte Ambiental deverá ser emitida até 2/7/2013.Évora, 14 de Maio de 2013

O Presidente - António Costa Dieb

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Page 33: Publico 20052013

33PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 CLASSIFICADOS

A CREDITAL, LDA.R. Guilhermina Suggia, n.º 8-A Lisboa

Dia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.

Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa

ALVES & CARREIRAR. da Graça, n.º 32 - Lisboa

Dia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.

Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa

CIFRÃOBURGOAv. 25 de Abril, n.º 15-C - Mafra

Dia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.

Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa

COMPANHIA AUXILIAR DE CRÉDITO AGRÍCOLO-INDUSTRIAL, S.A.

R. José da Costa Pedreira, n.º 1, Letra A - LisboaDia 11 de Junho de 2013, das 9.30 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas, venda em leilão de todos os objetos que garantam empréstimos e que à data tenham juros vencidos e não pagos há mais de 3 meses. Artigo 19.º do DL n.º 365/99.

Exposição a partir das 7.30 horas às 9.30 horas.R. Morais Soares, n.º 82 - A/B - Lisboa

EDITALHASTA PÚBLICA: CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO PRIVATIVO DO DOMÍNIO PÚBLICO COM A INSTALAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO

AMOVÍVEL PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE BEBIDAS(BAR/ESPLANADA) NO PARQUE DO MANUEL S. PINTO NA

FREGUESIA DE FORNOS, CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRACelestino Augusto Soares Portela, Vereador da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:Torna público que no próximo dia 30 de Maio de 2013, na Sala Anexa ao Gabinete da Presidência do Município de Santa Maria da Feira, terá lugar pelas 11.00 horas a hasta pública com vista à adjudicação do contrato de Concessão de uso privativo com a instalação de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no Parque do Manuel S. Pinto, na freguesia de Fornos, concelho de Santa Maria da Feira.A praça será dirigida pela comissão nomeada em Reunião Ordinária da Câmara Mu-nicipal datada de 13 de Maio de 2013 e composta por três membros, o Presidente da mesma, o Vereador Dr. Celestino Portela, os Vogais, Dr.ª Ana Santos e Dr.ª Graça San-tos, e os respetivos Suplentes, o Vereador Dr. Emídio Sousa e Dr.ª Sónia Azevedo.Procedimento - Licitação por apresentação de propostas: As propostas poderão ser apresentadas até às 16.00 horas do dia útil imediatamente anterior à data da realização da hasta pública, no serviço de atendimento deste Muni-cípio, em invólucro fechado, identifi cando-se no exterior do mesmo o proponente e a identifi cação da hasta pública, que por sua vez é encerrado num segundo sobrescrito dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira;Condições:• Terreno do Parque com a área de 3229 m2 (que faz parte do prédio omisso na matriz

predial e descrito na competente conservatória sob o n.º 382/ de Fornos) - local de instalação do equipamento amovível e respetiva esplanada: 20m2 (estrutura amoví-vel) + 20m2 (esplanada);

Preço-base:• A base de licitação, para o preço a pagar mensalmente pelo adjudicatário pela

concessão de uso privativo do domínio público com a instalação/exploração de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no Parque do Manuel S. Pinto - Freguesia de Fornos, é fi xado pela Câmara Municipal em € 150 (cento e cinquenta euros), tendo como referência o valor da taxa aplicável à licença de exploração do domínio público, multiplicado pela área a ocupar com a estrutura amovível e respetiva esplanada, como base de licitação, arredondado por excesso às centenas de euros.

O mínimo de cada lanço é fi xado em 50,00 €.Intervenientes:• Todos os interessados podem licitar, quer tenham apresentado proposta ou não;• A praça inicia-se com a abertura das propostas recebidas, se existirem, havendo

lugar a licitação a partir do valor da proposta mais elevada, ou, se não existirem, a partir do valor-base da licitação;

• Podem intervir na praça, os interessados, ou seus representantes devidamente iden-tifi cados, e no caso de pessoas coletivas, habilitados com poderes bastantes para arrematar, independentemente da apresentação de proposta em sobrescrito fecha-do.

Adjudicação e pagamento do preço:• A licitação termina quando o Presidente tiver anunciado por três vezes o lanço mais

elevado e este não for coberto;• Terminados os procedimentos enumerados, o contrato de concessão de uso priva-

tivo de exploração é adjudicado pela Comissão, constituída pela Câmara Municipal em reunião ordinária de 13 de Maio de 2013, a quem tiver oferecido o preço mais elevado;

• Pode não haver lugar à adjudicação quando haja fundados indícios de conluio entre os proponentes ou qualquer outra causa justifi cativa;

• No fi nal da praça será elaborado o respetivo auto de arrematação que deve ser assinado pelos membros da Comissão e pelo adjudicatário;

• Com o auto de arrematação o adjudicatário pagará ao concedente:a) A quantia de __euros, a título de adiantamento, e de valor correspondente ao preço fi xado para um dos meses;b) Na data da assinatura do contrato, a realizar no prazo máximo de 30 dias a contar da data da adjudicação, pagará o valor de __euros, correspondente ao preço fi xado para o primeiro mês da concessão.

• O atraso de qualquer pagamento vencerá juros de mora, à taxa legal em vigor.• Ultrapassados os prazos sem que se concretizem todos os encargos em atraso

(prestação e juros), considera-se que houve desistência do candidato e, por tal facto operar-se-á a caducidade da adjudicação com perda das quantias já pagas pelo adjudicatário;

• As condições da concessão de uso privativo do domínio público com a instalação, exploração de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no Parque do Manuel S. Pinto - Freguesia de Fornos, estão fi xadas no Caderno de Encargos que se encontra anexo ao processo;

• O processo encontra-se disponível para consulta, no GAJ - Gabinete de Apoio Ju-rídico, todos os dias úteis durante as horas de expediente, ou seja das 09h00 às 17h00.

Paços do Município, 15 de Maio de 2013

O VereadorCelestino Augusto Soares Portela, Dr.

EDITALHASTA PÚBLICA: CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO PRIVATIVO DO DOMÍNIO PÚBLICO COM A INSTALAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO

AMOVÍVEL PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE BEBIDAS(BAR/ESPLANADA) NO PARQUE DO MONTE DO COTEIRO NA

FREGUESIA DE MOZELOS, CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRA

Celestino Augusto Soares Portela, Vereador da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:Torna público que no próximo dia 30 de Maio de 2013, na Sala Anexa ao Gabinete da Presidência do Município de Santa Maria da Feira, terá lugar pelas 10.00 horas a hasta pública com vista à adjudicação do contrato de Concessão de uso privativo com a instalação de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no parque do Monte do Coteiro na freguesia de Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira.A praça será dirigida pela comissão nomeada em Reunião Ordinária da Câmara Municipal datada de 13 de Maio de 2013 e composta por três membros, o Presi-dente da mesma, o Vereador Dr. Celestino Portela, os Vgais, Dr.ª Ana Santos e Dr.ª Graça Santos, e os respetivos Suplentes, o Vereador Dr. Emídio Sousa e Dr.ª Sónia Azevedo.Procedimento - Licitação por apresentação de propostas:As propostas poderão ser apresentadas até às 16.00 horas do dia útil imediatamente anterior à data da realização da hasta pública, no serviço de atendimento deste Mu-nicípio, em invólucro fechado, identifi cando-se no exterior do mesmo o proponente e a identifi cação da hasta pública que por sua vez é encerrado num segundo sobres-crito dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira:Condições:• Terreno do Parque com a área de 834 m2 (que faz parte do prédio inscrito na ma-

triz predial rústico de Mozelos sob o artigo 761 e descrito na competente conser-vatória sob o n.º 240/) - local de instalação do equipamento amovível e respetiva esplanada: 50m2 (estrutura amovível) + (50m2 esplanada);

Preço-base:• A base de licitação, para o preço a pagar mensalmente pelo adjudicatário pela

concessão de uso privativo do domínio público com a instalação/exploração de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplana-da) no parque do Monte do Coteiro na freguesia de Mozelos, é fi xado pela Câmara Municipal em € 250 (duzentos e cinquenta euros), tendo como referência o valor da taxa aplicável à licença de exploração do domínio público multiplicado pela área a ocupar com a estrutura amovível e respetiva esplanada, como base de licitação arredondado por excesso às centenas de euros.

O valor minimo de cada lanço é fi xado em 50,00 €.Intervenientes:• Todos os interessados podem licitar, quer tenham apresentado proposta ou não;• A praça inicia-se com a abertura das propostas recebidas, se existirem, havendo

lugar a licitação a partir do valor da proposta mais elevada, ou, se não existirem, a partir do valor-base da licitação;

• Podem intervir na praça, os interessados, ou seus representantes devidamente identifi cados, e no caso de pessoas coletivas, habilitados com poderes bastantes para arrematar, independentemente da apresentação de proposta em sobrescrito fechado.

Adjudicação e pagamento do preço:• A licitação termina quando o Presidente tiver anunciado por três vezes o lanço

mais elevado e este não for coberto;• Terminados os procedimentos enumerados, o contrato de concessão de uso pri-

vativo de exploração é adjudicado pela Comissão, constituída pela Câmara Muni-cipal em reunião ordinária de 13 de Maio de 2013, a quem tiver oferecido o preço mais elevado;

• Pode não haver lugar à adjudicação quando haja fundados indícios de conluio entre os proponentes ou qualquer outra causa justifi cativa;

• No fi nal da praça será elaborado o respetivo auto de arrematação que deve ser assinado pelos membros da Comissão e pelo adjudicatário;

• Com o auto de arrematação o adjudicatário pagará ao concedente:a) A quantia de __euros, a título de adiantamento, e de valor correspondente ao preço fi xado para um dos meses;b) Na data da assinatura do contrato, a realizar no prazo máximo de 30 dias a con-tar da data da adjudicação, pagará o valor de __euros, correspondente ao preço fi xado para o primeiro mês da concessão.

• O atraso de qualquer pagamento vencerá juros de mora, à taxa legal em vigor;• Ultrapassados os prazos sem que se concretizem todos os encargos em atraso

(prestação e juros), considera-se que houve desistência do candidato e, por tal facto operar-se-á a caducidade da adjudicação com perda das quantias já pagas pelo adjudicatário;

• As condições da Concessão de uso privativo com a instalação de um equipamento amovível para o exercício da atividade de bebida (bar/esplanada) no parque do Monte do Coteiro na freguesia de Mozelos, concelho de Santa Maria da Feira, estão fi xadas no Caderno de Encar-gos, que se encontra anexo ao processo;

• O processo encontra-se dis-ponível para consulta, no GAJ - Gabinete de Apoio Jurídico, todos os dias úteis durante as horas de expediente, ou seja das 09h00 às 17h00.

Paços do Município, 15 de Maio de 2013

O VereadorCelestino Augusto Soares Portela, Dr.

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE

COMARCA DO SEIXAL1.º Juízo Cível

Processo n.º 2199/13.7TBSXL

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Público do SeixalRequerido: Valdemar Pereira GonçalvesFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Valdemar Pereira Gonçalves, com residência em domicílio: Rua João Palma Ferreira, Lote 474, Pinhal Con-de Cunha - Foros de Amora, 2845 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psiquíca.N/Referência: 10413990Seixal, 13-05-2013

A Juíza de DireitoDr.ª Francisca Martins Preto

A Ofi cial de JustiçaAna Paula Carreiro

Público, 20/05/2013

COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE

Sintra - Juízo Família e Menores 4.ª Secção

Processo n.º 278/08.1TBMFR-D

ANÚNCIOAlteração da Regulação das Res-ponsabilidades ParentaisRequerente: Ana Raquel Rosa da Silva Pinto de AmaralRequerido: Pedro Manuel Iniguez Freire Pinto de AmaralNos autos acima identifi cados, cor-rem éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publica-ção do anúncio, citando o reque-rido Pedro Manuel Iniguez Freire Pinto de Amaral, BI - 115311580, domicílio: Rua de Timor, n.º 10 - 2.º Esq.º, 1685-488 Caneças, com última residência conhecida na morada indicada para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos alegar o que tiver por con-veniente, nos termos do disposto no art.º 182.º, n.º 3 da OTM, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Terminando o prazo em dia que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o pri-meiro dia útil seguinte.Fica advertido de que não é obri-gatória a constituição de man-datário judicial, salvo na fase de recurso.N/Referência: 22028798Sintra, 10-05-2013

O Juiz de DireitoDr. Rogério PereiraA Ofi cial de Justiça

Maria Adélia Rodrigues MacelaPúblico, 20/05/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNALDO TRABALHO DO

BARREIROSecção Única

Processo n.º 3/13.5TTBRR

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutora: Maria de Lurdes Pinto GomesRéu: Iguana - Actividades Hotelei-ras, Lda.Nos autos acima identifi cados, cor-rem éditos citando o(a) ré(u) Iguana - Actividades Hoteleiras, Lda., com última residência conhecida em do-micílio Rua Cintura Porto de Lisboa, Armazém H, Nave C, 1350-372 Lis-boa, para comparecer pessoalmen-te neste Tribunal no dia 27-06-2013, às 14.00 horas, a fi m de se proceder a audiência do partes.Fica ainda advertido de que, em caso de justifi cada impossibilidade de comparência, se deve fazer re-presentar por mandatário judicial com poderes de representação e os especiais para confessar, desistir ou transigir, fi cando sueito às sanções previstas no CPC para a ligância de má fé (art.º 456.º CPC), se faltar in-justifi cadamente à audiência.Fica ainda advertido de que é obri-gatória a constituição de mandatá-rio judicial.O duplicado da petição inicial encontra-se nesta secretaria à dis-posição do citandoN/Referência: 1156251Barreiro, 16-05-2013

A Juíza de DireitoDr.ª Anabela Gomes Marques

A Ofi cial de JustiçaNoélia da Silva M. Cabrita

Público, 20/05/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DE FAMÍLIAE MENORES E DE

COMARCA DO BARREIROFamília e Menores

Processo n.º 2061/12.9TBBRR

ANÚNCIODivórcio sem consentimento do outro CônjugeAutora: Maria Gorete Resendes de Sousa CâmaraRéu: Nelson Filipe Carreiro de Sousa CâmaraNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o ré Nelson Filipe Car-reiro de Sousa Câmara, com última residência conhecida em domicílio: Rua João do Rego de Cima, n.º 145 - 9500-204 Ponta Delgada, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, que-rendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a con-fi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es), tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de manda-tário judicial.N/Referência: 5945480Barreiro, 13-05-2013

O Juiz de DireitoDr. Pedro RobertoFernandes Nunes

A Ofi cial de JustiçaMaria da Graça Dias

Público, 20/05/2013 - 1.ª Pub.

INSTITUTO POLITÉCNICODE BRAGANÇA

ANÚNCIOAvisam-se os interessados que se encontra aberto Proce-dimento Concursal Comum, para a constituição de rela-ção jurídica de emprego público por tempo indetermina-do tendo em vista a ocupação de 1 posto de trabalho do mapa de pessoal do IPB, para a carreira e categoria de Assistente Técnico, pelo aviso abaixo discriminado, publi-cado em Diário da República, n.º 95, II Série, de 17 de maio de 2013, cujo prazo para candidatura termina no dia 31 de maio de 2013.Aviso n.º 6492/2013 - Instituto Politécnico de Bragança

A Administradora do I.P.B.Dra. Elisabete Vicente M. Madeira Camelo

Amadora

Page 34: Publico 20052013

34 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

SAIR

CINEMALisboa CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420A Música Que Nunca Acabou M12. Sala 1 - 13h20, 15h25, 17h30, 19h35, 21h45, 23h50; Gladiadores M6. Sala 2 - 13h25 (V.P.); O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h30, 18h25, 21h20, 00h15; Assalto à Casa Branca M12. Sala 3 - 13h20, 15h35, 21h35, 24h; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 17h50; Incompatíveis e Não Só... M12. Sala 4 - 13h35, 00h30; O Grande Gatsby M12. Sala 4 - 16h, 18h50, 21h40 (3D); Incompatíveis e Não Só... M12. Sala 5 - 15h40, 17h45, 21h50; O Grande Dia M12. Sala 5 - 13h35, 19h50, 23h45; Esquecido Sala 6 - 21h30; Gladiadores M6. Sala 6 - 16h05 (V.P./3D); Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 18h30; O Grande Gatsby M12. Sala 6 - 13h15, 00h10 (3D); Os Amantes Passageiros M16. Sala 7 - 19h40; Homem de Ferro 3 M12. Sala 7 - 13h10, 15h50, 23h55; Transe M16. Sala 7 - 21h55; Esquecido Sala 8 - 00h05; Nome de Código Paulette M12. Sala 8 - 13h55; Gladiadores M6. Sala 8 - 15h45 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 8 - 17h55, 21h25 CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045República di Mininus M12. Sala 1 - 13h20, 15h10, 16h45, 18h20, 19h55, 21h45; Os Amantes Passageiros M16. Sala 2 - 13h25; Além de Ti M12. Sala 2 - 19h55; O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Não Sala 3 - 17h35, 19h40; O Capital M12. Sala 3 - 15h15, 19h50, 22h; Comboio Nocturno Para Lisboa M12. Sala 4 - 17h30; A Essência do Amor M12. Sala 4 - 13h10, 15h20, 21h55 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200O Raio Verde M12. Sala Félix Ribeiro - 21h30; Um Verão em Okinawa Sala Félix Ribeiro - 15h30; O Mistério do Templo de Ouro Sala Félix Ribeiro - 19h; Bleak Moments M12. Sala Luís de Pina - 22h; Vidas Nocturnas M12. Sala Luís de Pina - 19h30 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; O Grande Dia M12. Sala 2 - 14h20; Só Precisamos de Amor M12. Sala 2 - 16h45, 19h15, 21h45; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 14h30 (V.Port.), 18h30, 21h30 (V.Port.) Medeia KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808Photo M12. Sala 1 - 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45, 00h15; Os Nossos Filhos M12. Sala 2 - 13h20, 15h30, 17h40, 19h50, 22h, 00h30; Os Amantes Passageiros M16. Sala 3 - 13h30, 15h20, 17h30, 19h30, 21h30, 24h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223O Grande Gatsby M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h, 16h, 19h, 22h; A Essência do Amor M12. Sala 1 - 14h30, 17h, 19h30, 21h45; Não Sala 2 - 14h, 16h30, 21h30; Viagem de Finalistas M16. Sala 2 - 19h15; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15 (3D) NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Decameron M16. Sala 1 - 18h30; Fausto M12. Sala 1 - 15h30; A Rapariga de Parte Nenhuma M12. Sala 1 - 21h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Os Amantes Passageiros M16. Sala 1 - 19h15; Viagem de Finalistas M16. Sala 1 - 14h10, 16h35, 21h50, 00h10; Só Precisamos de Amor M12. Sala 2 - 14h10, 16h50, 19h20, 22h, 00h30; Regra de

Silêncio M12. Sala 3 - 14h, 16h35, 21h45, 00h20; Gladiadores M6. Sala 3 - 14h15 (V.P.); Transe M16. Sala 3 - 19h10; Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 14h, 16h35, 19h15, 21h50; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 4 - 00h30; O Grande Dia M12. Sala 5 - 14h15, 16h45, 19h05, 21h40, 23h55; Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h55, 00h30; Esquecido Sala 7 - 16h20, 23h45; Nome de Código Paulette M12. Sala 7 - 14h15, 19h10, 21h30; Não Sala 8 - 16h45, 22h, 00h30; É o Amor M16. Sala 8 - 14h, 19h10; O Grande Gatsby M12. Sala 9 - 14h, 17h, 21h15, 00h15 (2D); O Guarda M12. Sala 10 - 14h05, 16h50, 19h15, 21h55, 00h20; O Capital M12. Sala 11 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45, 00h20; O Grande Gatsby M12. Sala 12 - 15h15, 18h15, 21h30, 00h25 (3D); A Essência do Amor M12. Sala 13 - 14h05, 16h30, 19h, 21h40, 00h10; Lawrence da Arábia M12. Sala 14 - 15h, 21h ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 15h45, 18h40, 21h35; Aprovado M12. 16h20, 19h, 21h30; Nome de Código Paulette M12. 15h20, 17h30, 21h50; Assalto à Casa Branca M12. 16h50, 21h; O Grande Gatsby M12. 16h40, 21h20; Esquecido 15h50, 21h35; O Grande Gatsby M12. 18h30; A Sangue Frio M16. 16h30, 18h50, 21h40; A Noite dos Mortos-Vivos M18. 15h30, 18h, 22h; Incompatíveis e Não Só... M12. 21h45; Gladiadores M6. 16h10, 18h20 (V.Port.); Viagem de Finalistas M16. 16h, 18h45, 21h15; Os Croods M6. 15h40, 18h10 (V.Port.); O Grande Dia M12. 21h10; Transe M16. 16h25, 19h, 21h25 ZON Lusomundo AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996República di Mininus M12. 13h, 15h10, 17h30, 19h30, 21h50, 00h20; Nome de Código Paulette M12. 13h30, 15h40, 18h, 21h15, 23h30; A Essência do Amor M12. 13h10, 16h, 18h40, 21h30, 00h15; O Grande Dia M12. 13h50, 16h30, 19h, 21h35, 23h55; Renoir M12. 13h15, 15h30, 18h10, 21h05, 23h35; O Capital M12. 13h30, 16h10, 21h20, 00h05; O Grande Gatsby M12. 13h45, 17h, 21h, 24h; Só Precisamos de Amor M12. 18h45 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996Viagem de Finalistas M16. 12h55, 15h35, 21h45, 00h15; Assalto à Casa Branca M12. 12h45, 15h30, 18h15, 21h15, 24h; O Grande Gatsby M12. 18h; A Sangue Frio M16. 13h10, 15h50, 18h25, 21h25, 23h50; O Outro Lado do Coração M12. 13h15, 16h, 18h20, 21h10, 23h35; O Grande Gatsby M12. 13h30, 16h40 (2D), 21h, 00h10 (3D); Incompatíveis e Não Só... M12. 17h50; Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h40, 18h35, 21h30, 00h25; O Grande Dia M12. 13h, 15h25, 21h20, 23h45 ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; A Essência do Amor M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h50, 00h20; Aprovado M12. 13h, 15h20, 18h, 21h, 23h40; Gladiadores M6. 13h30, 16h (V.Port.); O Grande Dia M12. 18h10, 23h50; Assalto à Casa Branca M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h10, 24h; O Grande Gatsby M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h30, 00h30 (3D)

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030O Grande Gatsby M12. VIP Light - 13h15, 16h, 18h50, 21h40, 23h40 (3D); O Capital M12. VIP 1 - 13h20; O Grande Gatsby M12. VIP 1 - 15h30, 17h35, 18h25, 21h20, 00h15; Gladiadores M6. Sala 2 -

O Grande GatsbyDe Baz Luhrmann. Com Leonardo DiCaprio, Carey Mulligan, Tobey Maguire. EUA. 2013. 143m. Drama, Romance. M12. No início dos anos 1920, numa

profusão de luxo, álcool e dinheiro,

uma fi gura misteriosa instala-se

em Long Island, EUA. Quem é esta

personagem sedutora, cujas festas

na mansão privada em West Egg

atraem a alta sociedade de toda a

região? Os mais variados rumores

sobre a origem da sua fortuna

circulam. Será ele um espião ou

um lord inglês? Um herói de guerra

ou um exibicionista? Mais tarde,

a verdade será revelada e, para

surpresa de todos, tudo se resume

a uma trágica - e obsessiva - história

de amor.

O Outro Lado do CoraçãoDe John Cameron Mitchell. Com Nicole Kidman, Aaron Eckhart, EUA. 2010. 91m. Drama. M12. Há oito meses, Becca e Howie eram

um casal feliz e cheio de planos para

o futuro. Hoje, devido ao trágico

acidente que causou a morte ao

seu fi lho pequeno, cada um deles

tenta, à sua maneira, lidar com a

dor da perda e com o sentimento

de impotência face ao sucedido.

Mas, apesar de se esforçarem por

reencontrar a normalidade das suas

vidas, ambos estão conscientes

dessa impossibilidade.

O GuardaCom John Michael McDonagh, Ronan Collins, Brendan Gleeson, Don Cheadle. IRL. 2011. 96m. Drama, Animação. M12. Galway, Irlanda. Possuidor de

uma personalidade confl ituosa

e de moral duvidosa, o detective

Gerry Boyle tem em mãos

um importante caso de

tráfi co de drogas. Mais

interessado num modo

de vida libertino do que

na resolução daquele

caso, é apanhado de

surpresa quando é

confrontado

com o seu

novo

parceiro: Wendell Everett,

um agente do FBI que chega

directamente dos EUA para o

ajudar na investigação. Apesar de

muito relutante em fazer parceria

com um “gringo“ em quem não

deposita a mínima confi ança,

Boyle é obrigado a encontrar uma

maneira de conciliar as diferenças

para, em tempo recorde, resolver

aquele caso de uma vez por todas.

República di MininusDe Flora Gomes. POR. 2010. 78m. Drama. M12. Num país sem nome, algures no

continente africano, as crianças

foram abandonadas à sua sorte.

Por causa disso, uniram-se,

criando uma república com vista

à sobrevivência de todos. Nesse

lugar, união, respeito e harmonia

são deveres inestimáveis. Só

serão postos em causa com

o surgimento de cinco novas

crianças. Trazem consigo marcas

de um passado difícil e, para

poderem adaptar-se àquele

mundo, terão de passar uma

prova imposta por todos os

outros: ou se aceitam como um

grupo, ou terão de partir.

A Música Que Nunca AcabouDe Jim Kohlberg. Com Jim Kohlberg, J.K. Simmons, Cara Seymour. EAU. 2011. 105m. Drama. M12. Em pequeno, Gabriel sempre

teve uma ligação especial com

Henry, o seu pai. Porém, à medida

que foi crescendo, foram-se

afastando até quase deixarem de

conseguir comunicar. Quando é

diagnosticado a Gabriel um tumor

cerebral que requer uma cirurgia

de alto risco, toda a família se une

para o ajudar a ultrapassar aquele

momento. Porém, apesar

do sucesso da operação,

fi cam a saber que a parte

cerebral responsável pelas

memórias foi afectada. E

então que Henry recorre

a uma terapeuta musical

que, através de um método

incomum, tem conseguido

recuperar a memória a

vários dos seus pacientes.

Assim, usando um novo

processo de comunicação

a partir dos gostos

musicais de ambos, pai e

fi lho recriam a relação há

muito perdida...

A Sangue FrioDe Stefan Ruzowitzky. Com Eric Bana, Olivia Wilde. EUA. 2012. 95m. Drama, Thriller. M16. Os irmãos Addison e Liza

encontram-se em fuga após um

assalto mal sucedido. Quando

ele, durante uma perseguição

sob um violento nevão, atinge

mortalmente um polícia, os dois

resolvem separar-se e seguir em

direcção à fonteira com o Canadá.

No percurso, enquanto Addison

segue o seu caminho deixando

atrás de si um rasto de destruição,

Liza aceita boleia de Jay, que

regressa a casa com o intuito de

passar o Dia de Acção de Graças

com os pais. É junto desta família

que os dois se vão reunir, num

terrível confronto que vai pôr em

causa a força da sua ligação.

AprovadoDe Paul Weitz. Com Tina Fey, Paul Rudd, Ann Harada. EUA. 2013. 107m. Comédia Romântica. M12. Portia Nathan é responsável pelas

admissões dos alunos a bolsas

universitárias na Universidade

de Princeton. A sua vida fi ca

virada do avesso quando, numa

visita a um liceu alternativo,

reencontra um antigo colega que

se convenceu que um dos seus

estudantes mais brilhantes é o

fi lho que ela deu para adopção

quando era muito jovem. O rapaz

prepara-se para se candidatar a

Princeton. Portia, que agora se vê

obrigada a examinar as qualidades

do seu próprio fi lho, vai ter de

reavaliar não apenas a sua vida

profi ssional como também todo o

seu percurso pessoal.

Os Nossos FilhosDe Joachim Lafosse . Com Niels Arestrup, Tahar Rahim, Émilie Dequenne. SUI/BEL/FRA/LUX. 2012. 111m. Drama. M12. Murielle e Mounir são jovens e

apaixonados. Após o casamento,

aceitam viver em casa de um

benfeitor que sempre ajudou

Mounir e que ele considera um

segundo pai. Porém, com o passar

do tempo, o que seria uma situação

provisória acaba por se prolongar

indefi nidamente. Sentindo-se cada

vez mais distante do marido e mais

presa a uma situação que nunca

desejou, Murielle perde o controlo

da sua vida, seguindo em direcção a

uma tragédia que ninguém poderia

prever...

Em [email protected]@publico.pt

República di Mininus

um importante caso de

tráfi co de drogas. Mais

interessado num modo

de vida libertino do que

na resolução daquele

caso, é apanhado de

surpresa quando é

confrontado

com o seu

novo

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Lisboa recebe a 9.ª edição da iniciativa gastronómica. Até 26 de Maio, mais de 70 restaurantes de topo propõem menus a 20€, que incluem entrada, prato principal e sobremesa. O lema mantém-se: cozinha de excelência a preços acessíveis, promovendo estilos de vida saudáveis através de uma ementa inspirada na

dieta mediterrânica. Organizada pela Sabor do Ano, interliga a gastronomia com a solidariedade: por cada menu servido, 1€ reverte para as instituições Abraço e Movimento Mulheres de Vermelho. As reservas são feitas exclusivamente pelo Guia BestTables. A lista de restaurantes aderentes está disponível em www.restaurantweek.pt.

Lisboa Restaurant WeekNUNO FERREIRA SANTOS

13h20, 15h20, 19h45 (V.Port./2D), 17h55 (V.Port./3D); A Essência do Amor M12. Sala 3 - 13h10, 15h25, 18h30, 21h30; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 3 - 23h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 4 - 16h10, 19h50; O Grande Dia M12. Sala 4 - 14h10, 16h05, 18h, 21h50, 00h30; Homem de Ferro 3 M12. Sala 5 - 13h30, 15h50, 17h55, 21h25, 00h05; Esquecido Sala 6 - 17h25, 21h45; Transe M16. Sala 6 - 00h20; Assalto à Casa Branca M12. Sala 7 - 13h35, 15h55, 18h40, 21h30, 00h05; A Sangue Frio M16. Sala 8 - 13h40, 15h35, 17h30, 19h25, 21h35, 24h; Viagem de Finalistas M16. Sala 9 - 15h55, 22h, 23h55; Beat Girl M12. Sala 10 - 13h35, 15h45, 20h, 21h55, 23h50 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Os Croods M6. Sala 1 - 14h, 16h35 (V.P.); Fogo Contra Fogo M12. Sala 1 - 19h05, 21h40; O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h, 21h15 (3D), 18h15 (2D); Nome de Código Paulette M12. Sala 3 - 19h15, 21h25; Gladiadores M6. Sala 3 - 13h45 (V.P./2D), 16h15 (V.P./3D); O Grande Dia M12. Sala 4 - 14h05, 16h40, 19h05, 21h35; Só Precisamos de Amor M12. Sala 5 - 14h15, 16h50, 19h20, 21h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 6 - 14h20, 16h45, 21h50; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 6 - 19h20; Esquecido Sala 7 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45; O Guarda M12. Sala 8 - 13h50, 16h30, 19h, 21h30; Assalto à Casa Branca M12. Sala 9 - 13h55, 16h25, 19h10, 21h50; Homem de Ferro 3 M12. Sala 10 - 13h45, 16h20, 19h, 21h40; República di Mininus M12. Sala 11 - 14h10, 16h40, 19h5, 21h30

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 15h30 (2D), 18h30, 21h30 (3D); Homem de Ferro 3 M12. Sala 2 - 15h10 (2D), 18h10, 21h10 (3D); O Grande Dia M12. Sala 3 - 15h40, 18h40, 21h40; Assalto à Casa Branca M12. Sala 4 - 15h20, 18h20, 21h20

Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Incompatíveis e Não Só... M12. 18h40; Homem de Ferro 3 M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h20, 00h10; A Essência do Amor M12. 13h10, 16h, 21h05, 23h30; Aprovado M12. 12h50, 15h40, 18h20, 21h15, 24h; Assalto à Casa Branca M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h30, 00h05; Nome de Código Paulette M12. 17h50, 21h40, 23h40; Gladiadores M6. 13h20, 15h50 (V.Port.); O Grande Dia M12. 13h, 15h10, 18h, 21h50, 23h50; O Grande Gatsby M12. 13h30, 17h30, 21h, 00h20 (3D)

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h20; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 2 - 15h20, 18h, 21h30; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 15h10, 18h15, 21h15; Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 15h25, 18h15, 21h10; Nome de Código Paulette M12. Sala 5 - 15h20, 18h25, 21h35

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653

O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; A Essência do Amor M12. Sala 2 - 21h45; Renoir M12. Sala 2 - 15h45

Sintra CinemaCity Beloura ShoppingEstrada Nacional nº 9 - Quinta Beloura. T. 219247643A Música Que Nunca Acabou M12. Sala 1 - 15h25, 17h35, 19h40, 21h45; Fogo Contra Fogo M12. Sala 2 - 22h05; O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h30, 17h20, 18h25, 21h20; O Grande Dia M12. Sala 3 - 22h; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 16h, 18h50, 21h40 (3D); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 4 - 16h20 (V.Port.); Nome de Código Paulette M12. Sala 4 - 20h10; Gladiadores M6. Sala 4 - 15h20 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 18h45; Homem de Ferro 3 M12. Sala 5 - 15h45, 19h10, 21h25; Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 15h25, 17h40, 21h30; Taxi Driver M16. Sala 7 - 19h55; O Capital M12. Sala 7 - 16h15, 18h30, 21h50 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 15h50, 18h40, 21h10; Homem de Ferro 3 M12. Sala 2 - 15h40, 18h30, 21h30 (3D); O Grande Dia M12. Sala 3 - 15h20, 18h45, 21h40; O Grande Gatsby M12. Sala 4 - 15h30 (2D), 18h20, 21h20 (3D); Viagem de Finalistas M16. Sala 5 - 16h05, 18h50, 21h; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 6 - 16h10, 19h, 22h; A Sangue Frio M16. Sala 7 - 13h40, 16h, 18h10, 21h50

Leiria CinemaCity LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira Cunha. T. 244845071O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 15h30, 18h25, 21h20 (3D); Esquecido Sala 2 - 21h45; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. Sala 2 - 19h45; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 16h, 18h50, 21h30; O Grande Gatsby M12. Sala 4 - 15h30, 18h25, 21h20; Os Croods M6. Sala 5 - 16h15 (V.Port.); O Grande Dia M12. Sala 5 - 18h20, 22h; A Noite dos Mortos-Vivos M18. Sala 5 - 20h10; Taxi Driver M16. Sala 6 - 21h35; O Grande Dia M12. Sala 6 - 15h45; O Grande Gatsby M12. Sala 6 - 17h35; Gladiadores M6. Sala 7 - 15h35, 17h40 (V.Port.); Assalto à Casa Branca M12. Sala 7 - 16h10, 18h45, 21h50

Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h20, 21h10; Assalto à Casa Branca M12. 15h40, 18h30, 21h15; Nome de Código Paulette M12. 16h, 18h40, 21h30; Gladiadores M6. 15h50, 18h10 (V.Port.); O Grande Dia M12. 21h20; O Grande Gatsby M12. 15h, 18h (2D), 21h (3D)

Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Nome de Código Paulette M12. 18h, 21h10, 23h55; Gladiadores M6. 13h05, 15h25 (V.Port.); Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h30, 00h25; O Grande Dia M12. 13h15, 16h, 21h40, 24h; O Grande Gatsby M12. 14h, 17h30 (2D), 21h, 00h10 (3D); A Sangue Frio M16. 13h10, 15h45, 18h10, 21h50, 00h15; A Essência do Amor M12. 13h, 15h50, 21h45, 00h20; O Grande Gatsby M12. 18h40; Só Precisamos de Amor M12. 18h50

Miraflores

ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMANome de Código Paulette M12. 21h; Gladiadores M6. 15h30, 18h (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h10, 18h10, 21h10; Assalto à Casa Branca M12. 15h20, 18h20, 21h20; O Grande Gatsby M12. 15h, 18h30, 22h

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220O Grande Gatsby M12. Sala 1 - 12h40, 15h35 (2D), 18h30, 21h30 (3D); Assalto à Casa Branca M12. Sala 2 - 12h50, 15h30, 18h20, 21h10; Homem de Ferro 3 M12. Sala 3 - 13h, 15h50 (2D), 18h40, 21h20 (3D)

Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Nome de Código Paulette M12. 15h15, 17h20, 19h30, 21h50; Gladiadores M6. 16h15, 19h (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h20, 21h10; O Grande Dia M12. 21h40; Assalto à Casa Branca M12. 15h45, 18h40, 21h25; O Grande Gatsby M12. 17h (2D), 21h (3D)

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Dou-lhes Um Ano M12. Sala 1 - 16h10, 18h50; Nómada M12. Sala 1 - 21h; G. I. Joe Retaliação M12. Sala 2 - 15h50, 18h35, 21h10; O Grande Gatsby M12. Sala 3 - 15h30 (2D), 18h25, 21h20(3D); Homem de Ferro 3 M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h25 (3D); O Grande Dia M12. Sala 5 - 15h05, 17h10, 19h15, 21h40; Assalto à Casa Branca M12. Sala 6 - 16h, 18h40, 21h30

Setúbal Auditório CharlotAvenida Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446A Criança M12. Sala 1 - 21h30 ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Incompatíveis e Não Só... M12. 18h45; Esquecido 12h30, 15h25, 18h15, 21h15, 00h10; Nome de Código Paulette M12.

12h50, 15h05, 17h50, 21h05, 23h20; Homem de Ferro 3 M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30, 00h25; O Grande Dia M12. 13h10, 15h25, 17h55, 21h40, 23h50; Fogo Contra Fogo M12. 13h20, 15h55, 21h05, 23h35; Assalto à Casa Branca M12. 12h35, 15h20, 18h05, 21h20, 24h; O Grande Gatsby M12. 13h30, 16h40 (2D), 21h, 00h10 (3D); Aprovado M12. 12h50, 15h55, 18h40, 21h10, 23h40; Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme M12. 13h40, 16h15, 18h55, 21h45, 23h55; A Sangue Frio M16. 13h, 16h10, 18h50, 21h55, 00h25; Viagem de Finalistas M16. 13h15, 15h40, 21h40, 24h; A Noite dos Mortos-Vivos M18. 13h35, 15h55, 18h20, 21h, 23h30; Só Precisamos de Amor M12. 12h55, 16h, 18h40, 21h25, 00h15; O Grande Gatsby M12. 18h30; Gladiadores M6. 13h25, 15h45, 18h05 (V.Port.); O Capital M12. 21h20, 00h05 ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Assalto à Casa Branca M12. 15h50, 18h40, 21h20; O Grande Gatsby M12. 16h30 (2D), 20h50 (3D); Aprovado M12. 15h40, 18h10, 21h30; Esquecido 20h45; Nome de Código Paulette M12. 16h, 18h, 21h10; Gladiadores M6. 16h10, 18h30 (V.P.); Homem de Ferro 3 M12. 15h30, 18h20, 21h

Tomar Cine-Teatro Paraíso - TomarRua Infantaria, 15. T. 249329190G. I. Joe Retaliação M12. Sala 1 - 21h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 1 - 21h30

Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h30; O Expatriado M12. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15

Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Assalto à Casa Branca M12. Sala 1 - 15h, 17h15, 19h20, 21h30; Gladiadores M6. Sala 2 - 14h (V.Port.); O Grande Gatsby M12. Sala 2 - 15h45, 18h15, 21h45

Tavira Zon Lusomundo TaviraC. Com. Gran-Plaza, R. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996

Nome de Código Paulette M12. 15h20, 17h25, 19h30, 21h35; Homem de Ferro 3 M12. 15h35, 18h20, 21h10; A Noite dos Mortos-Vivos M18. 15h15, 17h30, 19h40, 21h45; Assalto à Casa Branca M12. 15h30, 18h10, 21h15; O Grande Gatsby M12. 15h40, 18h35 (2D), 21h30 (3D)

TEATROLisboaCentro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Frágil Enc. Carla Maciel, Mónica Garnel. De 20/5 a 2/6. 2ª a 6ª às 10h30 (para escolas, excepto dia 27). Sáb e Dom às 11h30 (Espaço Fábrica das Artes). Dos 0 aos 5 anos. Cinema São JorgeAvenida da Liberdade, 175. T. 213103400 Vamos lá então perceber as mulheres. Só um bocadinho... Enc. Sofia Bernardo. Com Marta Gautier. De 6/5 a 29/7. 2ª às 21h30. Largo do Chiado Arthur, The Drunk Puppet Com Cillian Rogers. De 17/5 a 20/5. 6ª, Sáb e 2ª às 18h (FIMFA Lx13). Duração: 20m. Teatro BocageR. Manuel Soares Guedes, 13A. T. 214788120 País da Música Enc. Mónica Sousa. De 20/5 a 24/5. 2ª a 6ª às 10h30 (escolas). Dia 26/5 às 16h. M/6. Duração: 50m. Teatro do BairroR. Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T. 213473358 LX Comedy Club Com Luís Franco Bastos, Ricardo Vilão, Rui Sinel de Cordes, Salvador Martinha. De 13/5 a 29/7. 2ª às 21h30. Stand-up comedy. M/16. Duração: 75m. Teatro RápidoRua Serpa Pinto, 14. T. 213479138 A-Bor-Todas! Enc. Alberto Sogorb Jover. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h20, 18h50, 19h20, 19h50 e 20h25 (na Sala 4). M/12. Duração: 15m. Debaixo de Água Enc. Eduardo Frazão. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h, 18h30, 19h, 19h30 e 20h (na Sala 1). M/16. Duração: 15m. Gisberta Enc. Eduardo Gaspar. Com Rita Ribeiro. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h15, 18h45, 19h15, 19h45 e 20h15 (na Sala 3). M/12. Duração: 15m. Nana (Canção de Embalar) Enc. Silvina Pereira. De 2/5 a 31/5. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h05, 18h35, 19h05, 19h35 e 20h05 (Sala 2). M/12. Duração: 15m.

EXPOSIÇÕESLisboaBES Arte & FinançaPça Marquês de Pombal, 3-B. T. 213508975 BES Revelação 2012 De Diana Carvalho, Joana Escoval, Tiago Casanova, Mariana Calé + Francisco Queimadela. De 19/4 a 31/5. 2ª a 6ª das 09h às 19h. Fotografia. Biblioteca Nacional de PortugalCampo Grande, 83. T. 217982000 Dos Céus ao Universo De 2/5 a 26/7. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Carlos Carvalho - Arte ContemporâneaR. Joly Braga Santos, Lote F - r/c. T. 217261831 Levantamento do Palácio da Rosa, Lisboa De Alberto Mallaguerra, Eurico Lino do Vale, João Favila Menezes. De 11/5 a 22/6. 2ª a 6ª das 10h às 19h30. Sáb das 12h às 19h30.Caroline Pagès GalleryR. Ten. Ferreira Durão, 12 - 1Dto. T. 213873376 Pulsar De Jesus Alberto Benitez. De 18/4 a 15/6. 2ª a Sáb das 15h às 18h.

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

É o Amor mmmmm mmmmm mmmmm

A Essência do Amor mmmmm mmmmm mmmmm

O Grande Gatsby mmmmm mmmmm mmmmm

Lawrence da Arábia mmmmm mmmmm mmmmm

Não mmmmm mmmmm mmmmm

Os Nossos Filhos – mmmmm mmmmm

O Outro Lado do Coração mmmmm – –Photo mmmmm mmmmm –A República di Mininus mmmmm – –Viagem de Finalistas mmmmm mmmmm mmmmm

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

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36 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

SAIRCarpe Diem Arte e PesquisaR. de O Século, 79. T. 211924175 Colectiva De Gabriela Albergaria, Irit Batsry, João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira, Nelson Leirner, Valter Ventura, Alex Gabassi. De 9/3 a 25/5. Todos os dias.Casa da Achada - Centro Mário DionísioR. da Achada, 11 r/c. T. 218877090 José Júlio De 25/4 a 19/8. 2ª das 15h às 20h. Sáb e Dom das 11h às 18h.Casa da América LatinaAvenida 24 de Julho, 118B. O Lugar das Cores De Flávio Caporali, Inês Correia, Jorge Costa, Jorge Filipe Teixeira, Judith Klein, Rita Portugal Lima, Saíra Fátima Kleinhans Inoue. De 10/4 a 28/6. Todos os dias das 09h30 às 13h e das 14h às 18h30.Casa-Museu da Fundação António Medeiros e AlmeidaRua Rosa Araújo, 41. T. 213547892 Peças com história... A partir de 25/3. 2ª a 6ª das 13h às 17h30. Sáb das 10h às 17h30.Fundação José SaramagoRua dos Bacalhoeiros. T. 218802040 José Saramago: a Semente e os Frutos A partir de 13/6. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 10h às 14h. Documental, Biográfico, Outros. Fundação Mário SoaresR. S. Bento, 160. T. 213964179 Millôr De 9/4 a 31/5. 2ª a 6ª das 14h30 às 19h30. Desenho. Galeria 36Rua S. Filipe Nery, 36. T. 918972966 Quadricula Versátil De Pedro Noronha. De 18/4 a 25/5. 2ª a Sáb das 16h às 19h30. Pintura. Galeria António Prates - Arte ContemporâneaRua Alexandre Herculano, 39A. T. 213571167 Intervenção De Telmo Alcobia. De 10/5 a 8/6. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Telmo Alcobia De 10/5 a 8/6. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Pintura. Galeria de Arte UrbanaCalçada da Glória. T. 213227000 Almada por Se7e De Fidel Évora, João Samina, Mário Belém, Miguel Januário, Pantónio, Pedro Batista, Tamara Alves. De 7/4 a 30/9. Todos os dias (24h).Galeria Luís Serpa - ProjectosRua Tenente Raúl Cascais, 1B. T. 213977794 Apanhar Cogumelos é uma Atitude Perigosa #2 De Matt Franks, Gerard Hemsworth, Paula Soares, João Teixeira da Motta, Susanne

Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Joana Vasconcelos - Palácio Nacional da Ajuda De 22/3 a 25/8. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e Dom das 10h às 19h. Sáb das 10h às 21h.Perve Galeria de AlfamaRua Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 Eros. Exposição de Arte Erótica. Colecção Dr. Jorge Rocha Mendes De 16/5 a 22/6. 2ª a Sáb das 14h às 20h.Teatro Nacional de São CarlosLargo de São Carlos, 17. T. 213253045 Colectiva De Ana Rito, Helena Ferreira/Susana Rocha, Luísa Paiva Sequeira, Madre Barreira de Sousa. De 14/5 a 26/5. 2ª a 6ª das 13h às 19h.

Caldas da RainhaMuseu Barata Feyo R. Dr. Ilídio Amado. T. 262840540 Paisagens com Retrato e Natureza Morta De Albuquerque Mendes. De 15/5 a 30/6. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30. Sáb e Dom das 10h às 13h e das 15h às 18h.

CascaisCasa das Histórias - Paula RegoAvenida da República, 300. T. 214826970 As Óperas e a Colecção da Casa das Histórias Paula Rego De Paula Rego. De 17/5 a 29/9. Todos os dias das 10h às 19h.

Linda a VelhaGaleria de Arte da Fundação Marquês de PombalAvenida Tomás Ribeiro, 18. T. 214158160 UrbanizArte De Eduarda Andrino. De 9/5 a 31/5. 2ª a 6ª das 14h30 às 17h30. Sáb das 15h às 18h.

Estoril

Galeria de Arte do Casino do EstorilPç. José Teodoro dos Santos. T. 214667700 Uma Lisboa Inacabada De Paulo Ossião. De 11/5 a 12/6. Todos os dias das 15h às 00h.

MoraFluviário de MoraParque Ecológico do Gameiro. T. 266448130 Biodiversidade dos Rios Portugueses A partir de 22/3. Todos os dias das 10h às 19h. Biotério Todos os dias das 10h às 19h.

Vila Nova da BarquinhaCentro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo (CIAAR)Largo do Chafariz. Dimensões do Passado - Homenagem a José da Silva Gomes De 3/4 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30.Vila Nova da Barquinha Parque de Escultura Contemporânea Almourol De Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Rui Chafes, Zulmiro Carvalho, Xana, entre outros. A partir de 6/7. Todos os dias. Escultura.

MÚSICALisboaPalácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 Ronaldo Rolim Dia 20/5 às 18h.

PERFORMANCELisboaCulturgestRua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Peixe Lua Com Carla Galvão, Fernando Mota. De 18/5 a 26/5. 2ª a 6ª às 10h e 11h (para grupos, necessária marcação prévia).

SAIRThemlitz, João Vilhena. De 14/5 a 21/6. 2ª a 6ª das 15h às 19h. Pintura, Outros. Galeria MillenniumRua Augusta. Baixa em Tempo Real De 2/2 a 24/5. 2ª a Sáb das 10h às 13h e das 14h às 17h.Grémio LiterárioR. Ivens 37. Rui Chafes | Rui Macedo De 9/5 a 31/5. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Escultura, Pintura. Institut Français du PortugalAv. Luís Bivar, 91. T. 213111400 Alexandra Nobre | Paulo Lourenço | Rui Serra De 10/5 a 20/5. 2ª a 6ª das 08h30 às 21h. Sáb das 08h30 às 13h.Instituto CamõesRua Rodrigues Sampaio, 113. T. 213109100 Por entre as fontes De 2/5 a 7/6. 2ª a 6ª das 09h30 às 13h30 e das 14h30 às 18h30. Lagartagis - BorboletárioR. Escola Politécnica, 54-56. T. 210443510 Lagartagis - Exposição de Borboletas Vivas Todos os dias das 10h às 17h. Lisboa Story Centre Terreiro do Paço. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (últ. admissão às 19h).Museu Arqueológico do CarmoLargo do Carmo. T. 213478629 Rui Chafes | Elsa Bruxelas | Lara Roseiro De 9/5 a 31/5. 2ª a Sáb das 10h às 18h.Museu da CervejaTerreiro do Paço. T. 210987656 Contos Murais De Júlio Pomar. A partir de 3/4. Todos os dias das 12h às 23h.Museu de Artes Decorativas PortuguesasLargo das Portas do Sol, 2 (Palácio Azurara). T. 218814600 i em pessoa De Teresa Gonçalves Lobo. De 13/3 a 24/6. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 17h.Museu das ComunicaçõesRua do Instituto Industrial, 16. T. 213935000 Casa do Futuro A partir de 1/3. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb às 16h. Mala Posta A partir de 1/12. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Obras da Colecção de Arte Contemporânea Portugal Telecom De Paula Rego, Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, António Palolo, Alberto Carneiro, Álvaro Lapa, Eduardo Batarda, Michael Biberstein, entre outros. De 17/5 a 25/7. 2ª a 6ª das 10h às 18h (última 5ª do mês até às 22h, com entrada livre das 18h às 22h). Sáb das 14h às 18h. Vencer a Distância

- Cinco Séculos de Comunicações em Portugal A partir de 2/5. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb das 14h às 18h. Exposição permanente. Museu do CombatenteForte do Bom Sucesso. T. 213017225 A História da Aviação Militar A partir de 16/10. Todos os dias das 10h às 17h. Cruzeiro Seixas e Hélio Cunha De 4/5 a 30/6. Todos os dias das 10h às 17h. Engenharia e Tecnologia Militar na Antiguidade: Catapultas e Máquinas de Cerco De 1/3 a 30/1. Todos os dias das 10h às 18h. Guerra do Ultramar - 50 anos depois A partir de 11/2. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 17h. O Combatente Português do Século XX Todos os dias das 10h às 17h.Museu do OrienteAv. Brasília. T. 213585200 Cartazes de Propaganda Chinesa - A Arte ao Serviço da Política De 25/1 a 27/10. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h). Macau. Memórias a Tinta-da-China De Charles Chauderlot. De 1/2 a 30/6. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (entrada gratuita a partir das 18h).Oceanário de LisboaDoca dos Olivais. T. 218917002 Tartarugas Marinhas. A Viagem A partir de 7/4. Todos os dias das 10h às 19h.Paços do ConcelhoPraça do Município. Freguesias de Lisboa - Passado e Futuro De Daniel Rodrigues. De 13/5 a 30/9. 2ª a Sáb das 10h às 20h. Fotografia. Padrão dos DescobrimentosAv. Brasília . T. 213031950 Fotógrafos do Mundo Português 1940 De Mário e Horácio Novais, Eduardo Portugal, Paulo Guedes, Kurt Pinto, António Passaporte, Ferreira da Cunha, Abreu Nunes, Casimiro Vinagre, entre outros. De 24/2 a 26/5. Todos os dias das 10h às 19h.

As Óperas e a Colecção da Casa das Histórias Paula Rego

CARLOS POMBO

FARMÁCIAS

LisboaServiço PermanenteDalva (Saldanha) - Av. Duque D’Avila, 125 - Tel. 213545225 Europa (Sapadores -) - Av. General Roçadas, 27 A - Tel. 218143880 Galeno (Campo Pequeno - Av. de Roma) - Av. Oscar Monteiro Torres, 38 - A - Tel. 217974920 Martins (Estrela) - Calçada da Estrela, 165-167 - Tel. 213960823 São Tomé (Lumiar) - Estrada do Desvio, Lt 12 - C - Tel. 217590704 Simão (Olivais) - Rua Cidade Cabinda, 16 A - Tel. 218510581

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Belo Marques, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Cuco, Matos Coelho Aljustrel - Dias Almada - Ramaldinho, Vale Fetal, Magalhães Herd., Central - Trafaria (Trafaria) Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Aurea

Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Carmele, Central, Vaz Martins Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Mascarenhas Neto Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Franca Borba - Central Cadaval - Misericórdia, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Central Cartaxo - Correia dos Santos Cascais - de São Gonçalo (Carcavelos), D’Aldeia, São João (Estoril) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira)

Castelo Branco - Rodrigues dos Santos (Sarzedas) Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Pinto Rodrigues (Parreira) Constância - Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Lux Entroncamento - António Lucas Estremoz - Costa Évora - Motta Faro - Alexandre Ferreira do Alentejo - Salgado Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Vidigal Fronteira - Costa Coelho Fundão - Vitória Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - José Maceta Lagos - A Lacobrigense Leiria - Lis (Gandara dos Olivais) Loulé - Nobre Passos (Almancil), Pinto, Algarve (Quarteira) Loures - Alto da Eira, Das Colinas, Das Olaias, Paula de Campos (Portela) Lourinhã - Correia Mendes (Moita dos Ferreiros), Leal (Rio Tinto) Mação - Saldanha Mafra - Barros (Igreja Nova), Afonso de Medeiros

(Milharado) Marinha Grande - Central Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Teixeira (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - São Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Silva Monteiro (Ponte da Bica/Odivelas) Oeiras - Central, Combatentes, Mourão Vaz Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Iriense, Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Coelho Marques Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Higiénica Pombal - Torres e Correia Lda. Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Chambel Suc. Portel - Misericordia Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz -

Moderna Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - Francisco Viegas Sucrs Santiago do Cacém - Corte Real São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Nobre Guerreiro (Amora) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Bio-Latina, da Cotovia, Lopes Setúbal - Alice, Isabel Silves - Guerreiro Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - Clotilde Dias, Cristina, Portela, De Colares (Colares), André (Queluz), Viva (Rio de Mouro) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Tomar - Misericórdia Torres Novas - Nicolau Torres Vedras - Quintela Vendas Novas - Santos Monteiro Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Botto e Sousa, Estevão (Brejo), Higiénica (Póvoa de Santa Iria), Higiene Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha

Page 37: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 37

FICAROs mais vistos da TVSexta-feira, 18

FONTE: CAEM

TVITVITVISICSIC

14,413,412,1

10,710,0

Aud.% Share

30,831,227,1

23,322,5

RTP1

2:

SICTVI

Cabo 32,0

Big Brother Vip: DiárioDestinos CruzadosJornal das 8Gosto Disto!Jornal da Noite

12,4%%2,0

18,123,6

33,3

CINEMA Dick e Jane — Ladrões sem Jeito [Fun with Dick and Jane]AXN White, 21h50Os anos duros de trabalho de

Dick ( Jim Carrey) são fi nalmente

recompensados quando é

promovido. Mas apenas um dia

depois a empresa em que trabalha

entra em colapso fi nanceiro. Dick,

que nunca pensou em poupar

a pensar que um dia poderiam

chegar dias menos afortunados,

vê então, juntamente com a

mulher, Jane (Téa Leoni), a sua

qualidade de vida a eclipsar-se.

Farto de jogar segundo as regras

e não desistindo do seu sonho

americano, Dick resolve então

tentar jogadas menos legais...

Planos Ocultos [Best Laid Plans]FOX Movies, 20h28A história de um casal que se

envolve em problemas quando

tenta encontrar uma maneira

fácil de ganhar dinheiro. Nick

(Alessandro Nivola) e Lissa (Reese

Witherspoon) conhecem-se num

bar em Tropico. Nick está com

Bryce ( Josh Brolin), um velho

amigo que voltou à cidade.

Nick resolve ir para casa. Mais

tarde Bryce telefona em pânico

a Nick e pede-lhe que vá até à

casa dele. Quando Nick lá chega

depara-se com um ambiente

de total insanidade: depois de

Bryce ter levado Lissa para casa,

ela acusou-o de violação e ele

amarrou-a. Mas nem tudo é o

que parece e o enredo do fi lme

de Mike Barker vai apresentando

algumas surpresas.

Coriolano [Coriolanus]TVC1, 23h30A coragem do general Caius

Martius “Coriolano” é lendária e

o seu nome respeitado por todos

os cidadãos de Roma. Porém,

durante a sua candidatura a

cônsul, é desacreditado perante

o eleitorado. E assim, contra

todas as previsões, acaba vencido.

Enfurecido, desmente e denigre

o próprio senado, acabando por

perder a cidadania romana e ser

exilado. Agora, tornado apátrida,

procura vingança. Com um plano

em mente, faz uma proposta a

Tullus Aufi dius, o maior inimigo

de Roma: juntar estratégias e

arrasar defi nitivamente a nação

que o viu nascer. Realizado por

Ralph Fiennes.

DOCUMENTÁRIOS

Negócio FechadoDiscovery, 20h05Depois de uma estranha caixa

cheia de bonecas de voodoo

chegar à galeria, Paul e a sua

equipa fazem uma lista das dez

peças mais estranhas com que já

tiveram contacto.

Operações OcultasOdisseia, 22h03Um percurso pelas unidades de

elite, algumas mundialmente

conhecidas e outras

preferencialmente desconhecidas.

Num itinerário sobre o seu

funcionamento interno, caso

dos SEAL norte-americanos, dos

Alpha Group russos ou dos Gatos

Pretos indianos, são revividos

certos atentados, tais como os

ataques organizados a Bombaim,

os reféns do Teatro Dubrovka

em Moscovo ou a caça a Osama

Bin Laden, em que estas forças

especiais aparecem em último

recurso, quando já não há mais

alternativas e com a possibilidade

de graves consequências políticas.

MAGAZINE

A Química das CoisasSIC K, 17h00Uma produção nacional,

concretizada pela empresa

Science Offi ce Portugal e pela

Universidade de Aveiro. Com

apresentação de Cláudia Semedo,

a série compreende 13 breves

episódios, nos quais se pretende

desvendar o misticismo negativo

da química, mostrando que é

uma constante presença no nosso

quotidiano, e revelar como os

desenvolvimentos recentes desta

ciência contribuem para o bem-

-estar da sociedade.

INFANTIL

Art AttackDisney, 11h15 e 11h40Salvador Nery continua a

conduzir as crianças e os pais

numa viagem pela criatividade,

dando simples instruções passo

a passo de como criar peças

de arte recorrendo a objectos

caseiros do dia-a-dia. De segunda

a sexta.

SIC, 2.15 O Encantador de Cães

RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde - Directo 14.15 Windeck - O Preço da Ambição 15.00 Éramos Seis 15.45 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.00 O Preço Certo 19.45 Direito de Antena 20.00 Telejornal - Inclui 360º - Directo 21.00 Termómetro Político 21.30 AntiCrise 22.15 Bem-vindos a Beirais 22.45 Prós e Contras 0.15 5 Para a Meia-Noite 1.15 Nikita 02.00 Californication 2.30 Vidas em Jogo

RTP27.00 Zig Zag 13.00 National Geographic 14.00 Sociedade Civil 15.30 Iniciativa 15.34 Janela Indiscreta com Mário Augusto 16.03 RTP Premium 17.00 Zig Zag 18.00 A Fé dos Homens 18.35 Viagem ao Centro da Minha Terra 19.19 Iniciativa 19.22 Eurodeputados 20.00 Zig Zag 21.00 National Geographic 21.53 A Hora da Sorte 21.59 24 Horas - Sumário - Directo 22.35 Cinco Noites, Cinco Filmes - Chicago 0.00 24 Horas - Directo 1.00 U24 1.30 Escola das Artes da Universidade Católica do Porto - Não Linear 2.00 Euronews

SIC7.00 Edição da Manhã 8.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.10 Querida Júlia 13.00 Primeiro Jornal - Directo 14.40 Vingança 15.45 Boa Tarde 18.30 Cheias de Charme 20.00 Jornal da Noite - Directo 21.30 Dancin’Days 22.30 Avenida Brasil 23.35 Páginas da Vida 0.40 Mentes Criminosas 1.20 C.S.I Miami 2.15 O Encantador de Cães 3.00 Podia Acabar o Mundo

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.00 Você na TV! - Directo 13.00 Jornal da Uma - Directo 14.30 Ninguém como Tu 16.00 A Tarde É Sua - Directo 18.00 Doce Fugitiva 19.00 Doida por Ti 20.00 Jornal das 8 - Directo 21.30 Big Brother Vip - Diário 22.15 Destinos Cruzados 23.15 Mundo ao Contrário 00.15 Big Brother Vip - Extra 02.00 Eureka 03.45 Deixa-me Amar

TVC1 11.35 Underworld: O Despertar 13.05 Justiça para Natalee Holloway 14.30 Florbela 16.25 Fastest - Guerreiros da Pista 18.15 Underworld: O Despertar 19.40 Imortais 21.30 Prometheus 23.30 Coriolano 1.30 Imortais

FOX MOVIES11.00 Tempestade 13.06 Ensaio sobre a Cegueira 15.04 Os Outros 16.46 Os Filhos do Homem 18.33 Nove 20.28 Planos Ocultos 22.00 Armadilha em Banguecoque 23.39 Alien - O Regresso 1.26 Alta Fidelidade

HOLLYWOOD11.50 O Menino de Cabul 14.00 Armadilha em Alto Mar 15.35 As Amigas do Meu Namorado 17.20 Cavalgada para a Morte 19.05 Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban 21.30 O Santo 23.35 Anaconda 1.10 Gritos 2

AXN18.56 O Mentalista 19.46 Era Uma Vez 20.36 Castle 21.30 Mentes Criminosas 22.26 Hannibal 23.20 C.S.I. Nova Iorque 0.15 Hannibal 1.10 Medium 1.58 Londres Distrito Criminal

AXN BLACK14.45 Filme: 13 Fantasmas 16.16 Torchwood 17.10 Boardwalk Empire 18.11 Chuck 18.58 Torchwood 19.52 Sobrenatural 20.38 Roma Criminal 21.35 Sem Escrúpulos 22.34 Filme: El Mariachi 23.59 Sem Escrúpulos 0.58 Sobrenatural 1.44 Filme: El Mariachi

AXN WHITE15.15 Melissa e Joey 15.59 Filme: Basta 17.52 Lotação Esgotada 18.39 Gossip Girl 19.26 Las Vegas 20.12 Melissa e Joey 21.00 Era Uma Vez 21.50 Filme: Dick e Jane - Ladrões sem Jeito 23.20 Era Uma Vez 0.10 Mágoas de Grandeza 1.00 Melissa e Joey

FOX 14.35 Os Simpson 15.20 Foi Assim Que Aconteceu 16.10 Ossos 17.40 Lei & Ordem 18.25 Lei & Ordem: Intenções Criminosas 19.40 Family Guy 20.00 Os Simpson 20.50 Foi Assim Que Aconteceu 21.20 Casos Arquivados 22.20 Touch 23.05 Jo 0.00 Touch 0.55 Spartacus: os Deuses da Arena

FOX LIFE 14.56 Tudo Acaba Bem 15.43 Masterchef USA 16.25 No Meio do Nada 16.50 Uma Família Muito Moderna 17.34 Tudo Acaba Bem 18.17 90210 19.01 Masterchef USA 20.31 O Sexo e a Cidade 21.25 The Good Wife 22.17 American Idol 23.00 O Sexo e

a Cidade 23.55 Masterchef USA 0.42 Medium 1.30 Scandal

DISNEY15.20 Casper – o Fantasminha 15.45 Rekkit Rabbit 16.10 Timon e Pumba 17.00 Phineas e Ferb 17.50 Monster High 17.53 Shake It Up 18.15 A.N.T. Farm – Escola de Talentos 18.40 Professor Young 19.05 A Minha Banda 19.30 Boa Sorte, Charlie! 19.55 Austin & Ally 20.20 Jessie 20.45 Phineas e Ferb 21.00 Hannah Montana

DISCOVERY18.20 O Segredo das Coisas 19.10 Máquinas Gigantes: Ski Dubai 20.05 Negócio Fechado: As Peças Mais Estranhas 21.00 Duo de Sobreviventes 22.00 Criaturas Estranhas com Dominic Monaghan 22.55 O Grande Azul 23.45 Fanáticos por Armas 0.35 Negócio Fechado

HISTÓRIA 16.00 O Preço da História: As Apostas do Oeste 16.25 O Preço da História: da Selva Amazónica 16.50 Misteriosos Naufrágios: O SS Leopoldville 17.45 Monstros Lendários: Cães Selvagens 18.35 Caçadores do Pântano: Isto É Pessoal 19.25 O Preço da História: As Apostas do Oeste 19.50 O Preço da História: da Selva Amazónica 20.15 O Preço da História: O Chapéu de John Wayne 20.40 O Preço da História: As Fotos da NASA 21.05 O Universo: Como se Formou o Sistema Solar 22.00 10 Coisas Que Não Sabia: Benjamin Franklin 22.25 10 Coisas Que Não Sabia: Abraham Lincoln 22.50 Mistérios Enterrados: Segredos Maias 23.40 Os homens Que Construíram a América: O Início de Uma Nova Guerra 0.30 O Preço da História: O Chapéu de John Wayne

ODISSEIA15.47 Órbita, a Viagem da Terra 16.36 Madagáscar: Mundos Perdidos 17.28 Código Jurássico 18.20 Ligação Selvagem: Uma Construção Natural 19.17 Rotas Míticas IV: Cuba, uma Viagem ao País do Bloqueio 20.10 Os Demolidores: Ep.2 21.00 1000 Formas de Morrer II 22.03 Operações Ocultas: Noite de Terror 22.53 Combates Corpo a Corpo: Operações Especiais da Polícia 23.21 Combates Corpo a Corpo: O Exército Russo na Tchetchénia 23.48 1000 Formas de Morrer II

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Page 38: Publico 20052013

38 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

JOGOSCRUZADAS 8440

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

*de amanhã

Viana do Castelo

Braga4º 20º

Porto5º 17º

Vila Real4º 17º

6º 18º

Bragança5º 16º

Guarda2º 12º

Penha Douradas0º 9º

Viseu3º 16º

Aveiro6º 18º

Coimbra5º 18º

Leiria5º 18º

Santarém6º 20 º

Portalegre4º 17º

Lisboa8º 19º

Setúbal6º 21º Évora

5º 16º

Beja5º 19º

Castelo Branco5º 18º

Sines8º 17º

Sagres11º 16º

Faro11º 19º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

14º 19º

13º 19º

Flores

Terceira13º 19º

15º 21º

16º 22º

13º 19º

16º

15º

06h21

Cheia

20h46

05h2525 Mai.

0,5-1m

1-2m

17º

1-2m

21º0,5-1m

19º1,5-2m

11h54 2,800h11* 2,9

05h37 1,217h59 1,2

11h30 2,823h47 3.0

05h12 1,317h34 1,4

11h30 2,823h47 3.0

05h12 1,317h34 1,4

11h35 2,723h56 2,9

05h08 1,217h31 1,2

1,5-2m

1,5-2m

1-2m

12º

16º

15º

Horizontais 1. O qual. Ler por sílabas. 2. Luz da Lua. Lista. 3. Época. A face interna e côncava da mão. 4. Bom ca-çador de ratos (falando-se do gato ou cão). O tio dos americanos. 5. Que tem muito peso (fem.). 6. Planície à beira de um rio. Marido da tia. Quilolitro (abrev.). 7. Atmosfera. Esposa do filho. Jibóia. 8. Bolsa usada pelas senhoras. Sufixo (agente). 9. Casualidade. Que é de bron-ze. 10. Causa dor. Conjunto dos ramos e folhas das árvores. 11. Queima. O natural ou habitante da Malásia.

Verticais: 1. A pessoa ou as pessoas que. Grande vala. 2. Dirigir-se. Tira do ves-tido ou da calça, que rodeia a cinta. 3. Segurar-se com as gavinhas. Em maior quantidade. 4. Somente. 5. Estado de equilíbrio e completo bem-estar físi-co, mental e social. Perfume. 6. Seguir até. Molusco bivalve que pode produ-zir pérolas. Antes do meio-dia (abrev.). 7. Capital de Cabo Verde. Ave corredo-ra sul-americana. 8. Altar. República Dominicana (domínio de Internet). Verbal. 9. Saquinho onde se traz o di-nheiro. Desavença. 10. Pedaço de ma-deira ou metal entre a sola e a palmilha de um sapato. Abreviatura de knock-out. Regra. 11. Espaçosas. Contracção dos pronomes “me” e “o”. Depois do problema resolvido encon-tre o provérbio nele inscrito (7 pala-vras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Atado. Autor. 2. Pise. Enduro. 3. Ama. Isto. Fr. 4. Girante. VÃ. 5. An. Chispa. 6. Graal. Ruga. 7. Loro. Ar. 8. Apupa. Ictio. 9. Mona. Toural. 10. Apitei. Rodo. 11. Sarou. Ramo.Verticais: 1. Apaga. Damas. 2. Timing. Popa. 3. Asar. Reunir. 4. De. Aca. Pato. 5. Inhala. Eu. 6. Estilo. Ti. 7. Antes. Rio. 8. Udo. PROCURA. 9. Tu. Vau. Trom. 10. Orfã. Gaiado. 11. Ror. Parolo.Título da Obra: Vã Procura.

Oeste Norte Este Sul 1♠X XX passo 3♠passo 4♠ Todos passam

Leilão: Equipas ou partida livre.Carteio: Saída: A♥. Depois de encaixar o Ás e o Rei de copas, Oeste joga o 2 de paus pa-ra o Ás do morto. Qual o seu plano de jogo?

Solução: A Dama de copas permitir-nos-á baldar um dos ouros perdentes da nossa mão. O outro ouro poderá ser cortado no morto. Não haverá qualquer problema no carteio, a não ser que os trunfos se apre-sentem 4-0, situação em que podemos perder duas vazas a trunfo. Jogar já uma espada para o 9, procurando abarcar desde logo a hipótese de Este ter os quatro trun-fos que faltam, não é uma solução prática. Correríamos o risco de perder para uma fi-gura singleton em Oeste e, mais tarde, um recorte de Este na terceira volta de ouros.Existe uma outra forma de lidar com essa possibilidade, e bem mais segura que aque-la. Esta linha de jogo envolve uma redução de trunfo, e dado que não existem muitas entradas no morto o melhor a fazer é come-çar desde já a cortar um pau na mão. Se tem consideração pelas cartas pequenas, não desperdice o 3 de espadas da sua mão, po-derá vir a ser útil mais tarde. A jogada corre-ta é cortar o pau com o 6 de espadas. De se-guida, o Ás de espadas para perceber o que se passa em trunfo.

Dador: SulVul: NS

Problema 4868 Dificuldade: fácil

Problema 4869 Dificuldade: médio

Solução do problema 4866

Solução do problema 4867

NORTE♠ 1054♥ Q74♦ K7♣ AJ753

SUL♠ AK9763♥ J5♦ A952♣ 9

OESTE♠ -♥ AK108♦ QJ863♣ K1042

ESTE♠ QJ82♥ 9632♦ 104♣ Q86

João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Se todos assistirem, tudo muito simples, batemos também o Rei de trunfo, vamos ao morto no Rei de ouros, tiramos a Dama de copas no qual baldamos um ouros, ouro para o Ás e ouro cortado. A defesa só terá direito a uma vaza de trunfo (se os trunfos estiverem 3-1).Se Oeste não assistir, jogamos um ouro para o Rei, baldamos um ouro na Dama de copas e cortamos outro pau, com 7 desta vez. Continuamos com o Ás de ouros e ouro que cortamos com o 10 de trunfo. Se Este assistir, podemos agora garantir o contrato jogando uma qualquer carta do morto e, assim que Este intercalar uma das suas figu-ras de trunfo, jogamos o 3 para o deixar em mão e forçado a jogar trunfo para os nossos Rei e 9 da mão, a passagem dá-nos as dez vazas.A questão de preservar o 3 de trunfo torna-se relevante quando Este tiver apenas du-as cartas de ouros, como é o caso de hoje. Depois de Este recortar com o Valete de trunfo, sobre o 10 do morto, estará reduzido a Q8 de trunfo e uma outra carta, que deve-rá ser uma copa. Mais uma vez, uma volta a trunfo permite-nos fazer as restantes vazas depois da passagem. E, se Este resolver vol-tar a carta que lhe sobra, uma copa, estare-mos na posição de atribuir o justo valor a es-sa carta fantástica: o 3 de espadas! Jogamos o 3 da mão e recortamos com o 5 do morto! Na altura certa a mão está no morto para capturar os restantes trunfos de Este.

Oeste Norte Este Sul 1ST 2♠?O que marca com a seguinte mão?♠83 ♥J1085 ♦KJ72 ♣K32

Resposta: Com mais algum jogo sabería-mos o que fazer, mas desta vez a mão não é suficientemente boa para forçar a parti-da. A solução passa pelo uso do dobre ne-gativo, uma ferramenta extremamente útil para complementar o Lebenshol. O dobre, nestas circunstâncias, promete uma mão com cerca de 8-9 pontos e, uma distribui-ção tendencialmente tricolor (curto no nai-pe de intervenção). O parceiro irá decidir o contrato final. A boa voz: dobre.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt

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40 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Oito minutos bastaram para o Sporting afundar de vez o Beira-Mar

Para o Sporting, era a honra que es-

tava em causa. Para o Beira-Mar, a

continuidade na II Liga. E aqueles

oito minutos, entre os 22’ e os 29’,

ajudaram a inclinar a balança a fa-

vor dos visitantes. A 17.ª derrota dos

aveirenses (1-4) neste campeonato

foi a que ofi cializou a descida de di-

visão e foi também uma espécie de

resumo da matéria dada, fechando

uma temporada em que a equipa an-

dou sempre à procura da máscara

de oxigénio.

A história do jogo conta-se prati-

camente em três lances, todos eles

dentro da casa dos 20 minutos. Aos

22’, Nuno Lopes carrega Carrillo na

área e Adrien mostra como se mar-

ca uma grande penalidade; aos 28’,

Miguel Lopes desce pela direita, des-

cobre Wolfswinkel no lado contrá-

rio e o holandês, com frieza e classe,

domina e dispara com efi cácia; aos

29’, o ponta-de-lança surge isolado,

tira Rui Rego do caminho e atira sem

oposição para a baliza.

Ainda Costinha, sentado no ban-

co, repunha as peças no tabuleiro

após o 0-2 e já o Beira-Mar elevava

para três o número de golos sofridos.

Um golpe demasiado profundo nas

aspirações de uma equipa que pre-

cisava desesperadamente de vencer

(e de uma conjugação favorável de

resultados noutros dois estádios) pa-

ra começar a pensar em 2013-14 ao

mais alto nível.

Ao intervalo, três mexidas de uma

assentada na equipa da casa. Entram

Tonel, Dias e Abel Camará, saem Nu-

no Lopes, Fleurival e Serginho. Em

clara desvantagem no marcador,

frente a um Sporting que havia feito

três golos em quatro remates à bali-

za, o Beira-Mar tentava reeguer-se.

Aos 69’, Ruben Ribeiro deu um ar

da sua graça, com um remate colo-

cado depois de uma falha de marca-

ção dos centrais leoninos. Mas o 1-3

estava longe de se aproximar sequer

das necessidades pontuais dos avei-

renses e, apesar de uma maior pres-

são, o Sporting foi sacudindo sempre

com relativa facilidade os solavancos

atacantes do adversário.

No contra-ataque, os “leões” nem

sempre tiveram discernimento para

explorar os espaços proporcionados

pelo forcing aurinegro, mas o 1-4 che-

gou mesmo, aos 89’, pelos pés de

Adrien (o único médio da equipa a

fazer dois golos num jogo da Liga es-

ta época), com um remate colocado

já dentro da área.

Era a despedida da equipa (e de

Jesualdo Ferreira, que ontem tor-

nou ofi cial a saída do clube) com a

maior goleada da época, que atirou

o Beira-Mar para II Liga com a defesa

mais batida da prova (55 golos), lado

a lado com a do V. Setúbal.

Crónica de jogoNuno Sousa

Os “leões” alcançaram, em Aveiro, a maior goleada da época na I Liga, com golos de Wolfswinkel e Adrien, no último jogo de Jesualdo Ferreira como técnico “leonino”. A equipa da casa não evitou a despromoção

O holandês Van Wolfswinkel marcou dois golos no seu último jogo ao serviço do Sporting

FRANCISCO LEONG/AFP

REACÇÕES

“Não fizemos nada do que trabalhámos na primeira parte. A descida não se deve apenas a este jogo”

“A primeira parte foi magnífica, na segunda não fomos tão eficazes, mas ganhámos o jogo com toda a justiça”

CostinhaBeira-Mar

Jesualdo FerreiraSporting

Beira-Mar 1Rúben Ribeiro 69’

Sporting 4Adrien 22’ (g.p.), 89’, Van Wolfswinkel 28’, 29’

Positivo/Negativo

Estádio Municipal de AveiroEspectadores cerca de 10.000

Beira-Mar Rui Rego, Nuno Lopes a20’ (Tonel, 46’), Hugo, Bura a90+1’, Hélder Lopes, Fleurival (Dias, 46’), Dani Abalo, Rúben Ribeiro a49’, Balboa, Serginho (Abel Camará, 46’) e Yazalde. Treinador Costinha

Sporting Rui Patrício, Miguel Lopes, Boulahrouz, Rojo a47’ Joãozinho, Rinaudo, Adrien, André Martins (Ricardo Esgaio, 59’), Carrillo (Schaars, 72’), Bruma (Nil Plange, 90+1’) e Ricky Van Wolkswinkel. Treinador Jesualdo Ferreira

Árbitro Duarte Gomes (AF Lisboa)

AdrienNão é todos os dias que um médio faz dois golos num só jogo e ontem Adrien fez por merecê-los. Teve critério com a bola nos pés e soube pressionar o adversário sempre que era preciso recuperá-la.

Wolfswinkel Despediu-se dos adeptos da melhor forma, antes da nova aventura que terá pela frente no Norwich. O holandês fechou o campeonato com 12 golos, justamente um terço do total alcançado pela equipa em toda a temporada.

Rúben RibeiroTem velocidade, visão de jogo e técnica q.b. O golo foi apenas um pormenor num jogo em que não teve hipóteses de fazer mais.

Defesa do Beira-MarO erro de Nuno Lopes no lance da grande penalidade e os da dupla de centrais nos dois golos seguintes deitaram tudo a perder demasiado cedo.

Page 41: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESPORTO | 41

Outros jogos

O Olhanense precisava de vencer para se manter na I Liga e depois logo veria o que lhe acontecia, dependendo dos restantes resultados. Só que os algarvios não cumpriram sequer a sua parte e a despromoção tornou-se inevitável.

Nenhuma das equipas tinha algo a ganhar ou a perder, tirando a sua posição final na classificação. O triunfo acabou por cair para os homens da casa, num jogo em que não foram mostrados cartões.

Olhanense 0

Marítimo 0

Jogo no Estádio José Arcanjo, em Olhão.

Assistência 3352 espectadores

Olhanense Rafael Bracalli, Luís Filipe, André Micael, Fernando Alexandre, Jander, Lucas (Leandro, 75’), Nuno Piloto, Ivanildo (Djalmir, 75’), Rui Duarte, Targino a59’ (Abdi, 59’) e Evandro Brandão a71’. Treinador Bruno Saraiva.

Marítimo Salin, Briguel, Márcio Rozário, Igor Rossi, Rúben Ferreira, Marakis, Artur a45’ (Luís Olim, 80’), Sami a16’, Danilo Dias (Fidélis, 65’), Suk e Heldon (Rúben Brígido, 56’ a70’). Treinador Pedro Martins.

Árbitro Rui Costa (Porto)

Nacional 2Candeias 42’, Keita 65’

Académica 1Edinho (g.p.) 48’

Jogo no Estádio da Madeira, na Choupana.

Assistência Cerca de 1200 espectadores

Nacional Gottardi, Nuno Campos (João Aurélio, 57’), Miguel Rodrigues, Mexer, Marçal, Aly Ghazal (Revson, 28’), Claudemir, Jota, Candeias (Mateus, 72’), Keita e Mário Rondon. Treinador Manuel Machado.

Académica Ricardo, João Dias, Flávio, Halliche, H. Cabral, B. China, Marcos Paulo, Rodrigo Galo (Amessan, 67’), Marinho (Cissé, 76’), Edinho e Wilson Eduardo. Treinador Sérgio Conceição.

Árbitro João Ferreira (Setúbal)

Há um ano, o Estoril-Praia comemo-

rava o regresso ao grupo das melho-

res equipas portuguesas. Ontem, fez

a festa do acesso à Liga Europa, um

feito inédito na história do clube e

que fi cou garantido com a vitória

sobre o Gil Vicente (que, apesar de

derrotado, conseguiu escapar à des-

promoção).

Se um empate e o ponto corres-

pondente chegavam para pagar o

bilhete do sonho europeu, as contas

pareceram complicar-se após o 1-0

a favor da equipa de Barcelos, ca-

rimbado por Sandro Cunha, aos 25

minutos. Em Guimarães, o Rio Ave

colocava-se em vantagem e acentua-

va a pressão. O resultado em Barce-

los manteve-se até aos 55 minutos,

momento em que o Estoril equili-

brou o marcador com um cabece-

amento do defesa Steven Vitória.

Pouco tempo depois, o Estoril,

que vinha embalado por um em-

pate na Luz e pela vitória frente ao

Beira-Mar, numa época que fi cará

para a história do clube, acabou

por se adiantar no marcador atra-

vés de uma grande penalidade (67’)

após falta de Murta sobre Luís Leal.

Steven Vitória bisou e o Gil Vicente

viu-se reduzido a dez jogadores, por

expulsão de Murta. A partir daqui

tudo foi mais fácil, e a equipa co-

mandada por Marco Silva acabou

mesmo por dilatar a vantagem para

1-3 após um golo de Luís Leal (74’),

com o avançado a fi xar o Estoril no

quinto lugar da classifi cação.

Estoril segura o seu lugar na Liga Europa

Futebol

Gil Vicente 1Sandro 26’

Estoril 3Steven Vitória 55’, Steven Vitória 66’ (g.p.), Gerso 73’

Jogo no Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos.

Assistência 7485 espectadores

Gil Vicente Murta a65’, Éder, Sandro, Halisson, Luís Martins, André Cunha, João Vilela a70’, Tiero a29’ (Adriano Facchini, 65’), Brito (Valdinho, 84’), Hugo Vieira a72’ e Luís Carlos (Yero, 59’). Treinador Paulo Alves.

Estoril Vagner a26’, Anderson Luís, Yohan Tavares, Steven Vitória, Jeff erson, Gonçalo Santos, Diogo Amado, Carlos Eduardo (João Coimbra, 76’), Gerso (Diego, 83’), Luís Leal (Tony Tayler, 85’) e Licá. Treinador Marco Silva.

Árbitro Pedro Proença (Lisboa)

Rui Vitória termina o campeonato com uma derrota em casa

Bastou um golo de Braga para dar

ontem ao Rio Ave a vitória, em Gui-

marães, e a sexta posição na I Liga,

enquanto os minhotos somaram

a segunda derrota consecutiva na

prova. Os vitorianos entraram na

última jornada do campeonato em

quinto lugar, mas acabaram na no-

na posição.

O grande remate do experiente

médio dos vila-condenses, já na se-

gunda parte, foi o melhor que se viu

Rio Ave fez o que tinha a fazer, mas isso não chegou

numa partida globalmente fraca, em

que foi notório que a cabeça dos vi-

maranenses já está no Estádio Nacio-

nal, onde, daqui a uma semana, vai

disputar a fi nal da Taça de Portugal

com o Benfi ca.

Já a equipa de Nuno Espírito San-

to ainda tinha uma ténue esperança

de, muitos anos depois, regressar às

competições europeias, onde o Vi-

tória já tinha presença assegurada

via Taça de Portugal. Só que o Esto-

ril-Praia venceu o Gil Vicente (3-1) e

“destruiu-a”.

O ritmo da partida e a qualidade

do jogo foi quase sempre baixo, so-

bretudo na primeira parte.

Destaque para um bom cabece-

amento de Soudani, após canto de

Tiago Rodrigues, mas a bola saiu à

fi gura de Oblak (14).

A melhor oportunidade nos pri-

meiros 45 minutos pertenceu ao Rio

Ave, com Marcelo, sem qualquer

oposição, a cabecear ao lado, após

livre de Edimar (17’).

Aos 27’, Wires quase traía o seu

guarda-redes, mas Oblak fez uma

excelente defesa.

O Rio Ave marcou o seu golo bem

cedo na segunda parte (51’): Diego

trabalhou bem sobre a direita, cen-

trou atrasado e Braga, vindo de trás,

rematou cruzado, com muita força e

sem hipóteses para Douglas.

O Vitória tentou reagir, mas de

forma muito desgarrada e foram os

forasteiros a estar mais perto do go-

lo depois de uma grande jogada de

Hassan, que passou por vários ad-

versários, mas em frente a Douglas

rematou por cima (57’).

A turma de Rui Vitória ainda dis-

pôs de algumas boas chances para

empatar, mas André teve má ponta-

ria e Oblak fez uma grande defesa a

cabeceamento de El Adoua (77).

LUIS NEVES/AFP

Futebol

Os vila-condenses precisavam de ganhar em Guimarães para ir à Europa e esperar por uma ajuda do Estoril, que não chegou

V. Guimarães 0

Rio Ave 1Braga 51’

Jogo no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

Assistência 16.430 espectadores

V. Guimarães Douglas, Kanu (João Ribeiro, 61’), Paulo Oliveira, El Adoua, Addy (Hernâni, 86’), Leonel Olímpio (Barrientos, 74’), André, Tiago Rodrigues, Ricardo, Soudani a33’ e Amidó Baldé. Treinador Rui Vitória.

Rio Ave Oblak, Lionn, Marcelo, Rodriguez, Edimar, Wires a90’+3’, Tarantini, Diego a48’ (Filipe Augusto, 65’), Braga (Del Valle, 80’ a87’), Ukra e Hassan (André Villas Boas, 82’). Treinador Nuno Espírito Santo.

Árbitro Bruno Paixão (Setúbal)

CLASSIFICAÇÃO

Jornada 30V. Guimarães-Rio Ave 0-1Olhanense-Marítimo 0-0Beira-Mar-Sporting 1-4Gil Vicente-Estoril 1-3P. Ferreira-FC Porto 0-2Nacional-Académica 2-1V. Setúbal-Sp. Braga 0-1Benfica-Moreirense 3-1

J V E D M-S PFC Porto 30 24 6 0 70-14 78Benfica 30 24 5 1 77-20 77P. Ferreira 30 14 12 4 42-29 54Sp. Braga 30 16 4 10 60-44 52Estoril 30 13 6 11 47-37 45Rio Ave 30 12 6 12 35-42 42Sporting 30 11 9 10 36-36 42Nacional 30 11 7 12 45-51 40V. Guimarães 30 11 7 12 36-47 40Marítimo 30 9 11 10 34-45 38Académica 30 6 10 14 33-45 28V. Setúbal 30 7 5 18 30-55 26Gil Vicente 30 6 7 17 31-54 25Olhanense 30 5 10 15 26-42 25Moreirense 30 5 9 16 30-51 24Beira-Mar 30 5 8 17 35-55 23

I LIGA

II LIGA

MELHORES MARCADORESI Liga26 golos Jackson Martínez (FC Porto) 20 golos Lima (Benfica) 17 golos Cardozo (Benfica)

II Liga24 golos Joeano (Arouca) 17 golos Ricardo Esgaio (Sporting B), Miguel Rosa (Benfica B), Rabiola (Sp. Braga B)

sa p. Braga B)

Jornada 42V. Guimarães B-Oliveirense 1-0Penafiel-Sporting B 2-1Leixões-Sp. Covilhã 0-1Portimonense-Atlético 2-1Desp. Aves-Marítimo B 0-2Tondela-Arouca 4-2União Madeira-Trofense 5-3Belenenses-Freamunde 2-1Naval-FC Porto B 0-0Benfica B-Santa Clara 2-2Feirense-Sp. Braga B 3-0

J V E D M-S PBelenenses 42 29 7 6 75-41 94Arouca 42 21 10 11 65-48 73Leixões 42 18 14 10 49-36 68Sporting B 42 17 15 10 62-47 66Desp. Aves 42 16 17 9 47-42 65Portimonense 42 17 13 12 61-50 64Benfica B 42 15 17 10 71-54 62Oliveirense 42 16 12 14 52-49 60Penafiel 42 16 12 14 48-44 60Tondela 42 16 11 15 55-60 59Santa Clara 42 15 14 13 55-48 59U. Madeira 42 13 17 12 47-46 56Feirense 42 15 11 16 61-59 56FC Porto B 42 13 15 14 49-49 54Marítimo B 42 14 7 21 40-46 49Sp. Braga B 42 12 13 17 39-51 47Naval 42 13 18 11 51-50 45Atlético 42 12 8 22 45-63 44Trofense 42 9 13 20 41-60 40Sp. Covilhã 42 7 17 18 37-52 38V. Guimarães B 42 7 15 20 30-56 36Freamunde 42 7 12 23 46-75 33

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Page 42: Publico 20052013

42 | DESPORTO | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

Alex Ferguson no seu último jogo como treinador

Uma carreira de quase 27 anos no

comando de um clube como o Man-

chester United não podia acabar de

qualquer forma. E o 1500.º e último

jogo de Alex Ferguson enquanto trei-

nador dos red devils foi, a todos os tí-

tulos, memorável. O terreno do West

Bromwich foi o palco de uma partida

alucinante, na qual foram apontados

dez golos e que terminou com um

empate. “5-5... que resultado louco.

Sejamos honestos, o chefe jamais se

despediria com um aborrecido 0-0!”,

escreveu o defesa Rio Ferdinand na

rede social Twitter.

Ferdinand foi um dos ícones do

Manchester United que não fez parte

do “onze” inicial, assim como Giggs,

Scholes ou Vidic. Mas, mesmo assim,

os red devils já venciam por 3-0 aos

30 minutos. Porém, os baggies ainda

reduziram a desvantagem antes do

intervalo. O West Bromwich tornou a

marcar no início do segundo tempo,

mas Robin van Persie e “Chicharito”

Hernández deixaram o marcador em

5-2.

Vitória por goleada na despedida

de sir Alex Ferguson? Não, porque o

West Bromwich não baixou os braços:

Lukaku (dois golos) e Mulumbu res-

tabeleceram a igualdade no marca-

dor. O veterano técnico escocês não

se despediu com uma vitória, mas o

espectáculo foi inesquecível. E valeu

um recorde histórico ao United: há

Uma despedida memorável para Alex Ferguson

quase 29 anos que um encontro do

primeiro escalão do futebol inglês

não terminava com empate 5-5.

O dia também foi de despedida

para Jamie Carragher, que ajudou o

Liverpool a bater o QPR por 1-0. E

a carreira de Michael Owen, que na

presente temporada representou o

Stoke City, terminou após 150 golos

na Premier League.

Tottenham na Liga EuropaNa luta pelos lugares que dão acesso

à Liga dos Campeões, o Tottenham

de André Villas-Boas fi cou a perder

para Chelsea e Arsenal e vai ter de

contentar-se com a Liga Europa. Os

spurs receberam e venceram o Sun-

derland por 1-0, com golo de Gareth

Bale nos derradeiros minutos da par-

tida. O Tottenham somou 72 pontos e

terminou a Premier League no quin-

to lugar, atrás de Arsenal (73 pontos)

e Chelsea (75).

Depois de, a meio da semana, ter

batido o Benfi ca na fi nal da Liga Eu-

ropa (2-1, em Amesterdão), o Chel-

sea ganhou ao Everton pelo mesmo

resultado e segurou o terceiro lugar.

No quarto posto fi cou o Arsenal, que

venceu o Newcastle por 1-0.

Ainda em Inglaterra, o Yeovil To-

wn ganhou ao Brentford por 2-1 em

Wembley, na fi nal do play-off de su-

bida da League 1, e pela primeira vez

vai disputar o Championship, o se-

gundo escalão do futebol inglês. Há

tão-só dez anos o Yeovil jogava na

Conference (quinto escalão).

O Deportivo ganhou ao Espanyol

por 2-0, com golos dos portugueses

Bruno Gama e Nélson Oliveira — este

mandou calar os próprios adeptos,

um gesto que caiu mal na Corunha.

Hélder Postiga marcou pelo Sarago-

ça, mas os aragoneses perderam em

casa com o Athletic Bilbau (1-2).

ADRIAN DENNIS/AFP

FutebolTiago Pimentel

O 1500.º e último encontro do técnico no comando do Manchester United terminou com dez golos e um empate no marcador

O Sporting de Braga encerrou o cam-

peonato com um triunfo (1-0) na visi-

ta ao Vitória de Setúbal. O resultado

não mudou nada na classifi cação das

duas equipas: os minhotos já sabiam

que fi cavam no quarto lugar, enquan-

to os sadinos mantiveram o 12.º pos-

to na tabela, apesar da derrota. Os

mais directos adversários na luta pela

permanência não venceram e, assim,

a equipa de José Mota conseguiu a

manutenção.

A equipa sadina mandou na par-

tida nos minutos iniciais, mas seria

o Sporting de Braga a adiantar-se no

marcador. Aos 32’, na sequência de

uma jogada de Rúben Amorim, Zé

Luís fez o remate que deu a vitória

aos bracarenses. O Vitória de Setúbal

reagiu de imediato, e com perigo: Ve-

nâncio, de cabeça, acertou no poste

da baliza do Sp. Braga. Ainda antes

do intervalo, Pedro Santos proporcio-

nou uma boa defesa ao guarda-redes

Cristiano.

Na segunda parte o Vitória de Se-

túbal continuou à procura do golo,

mas sem sucesso. Um dos melhores

lances surgiu aos 77’, com Venâncio

a corresponder, de cabeça, a um cru-

zamento de José Pedro. A equipa de

José Peseiro responderia logo no mi-

nuto seguinte, com Hélder Barbosa a

rematar rasteiro, mas fraco, permitin-

do a defesa do guarda-redes sadino.

“Foi uma vitória difícil, com algu-

ma felicidade”, admitiu José Peseiro.

“Quisemos manter o profi ssionalismo

por nós e pela competição”, acres-

centou. PÚBLICO/Lusa

Zé Luís deu a vitória ao Sp. Braga em Setúbal

Futebol

V. Setúbal 0

Sp. Braga 1Zé Luís 32’

Jogo no Estádio do Bonfim, em Setúbal.

Assistência cerca de 3000 espectadores

V. Setúbal Kieszek, Pedro Queirós, Venâncio, Jorge Luiz, Kiko, Ney a90’+2’, Paulo Tavares (José Pedro, 71’), Bruno Gallo (Jorginho, 54’), Pedro Santos, Miguel Pedro e Bruninho (Ricardo Horta, 65’). Treinador José Mota.

Sp. Braga Cristiano, Leandro Salino, Paulo Vinicius, Aderlan Santos, Elderson, Mauro a57’, Ruben Micael (Hugo Viana, 77’), João Pedro (Custódio, 67’), Rúben Amorim, Zé Luís e Hélder Barbosa (Mossoró, 82’). Treinador José Peseiro.

Árbitro Artur Soares Dias (Porto)

如果你的未来之梦与中国相连?

E se o seu futuro passar pela China?

Page 43: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | DESPORTO | 43

O domínio de Rafael Nadal no ATP

World Tour desde que regressou

ao circuito, em Fevereiro, resume-

se a duas estatísticas: o espanhol

conquistou no Internazionali BNL

D’Italia o sexto torneio da época e

só perdeu dois dos 38 encontros que

realizou. Foi também o seu sétimo

título em Roma e o 24.º da categoria

Masters 1000, o que lhe vai permitir

chegar a Roland Garros no quarto

lugar do ranking, evitando encon-

trar um dos outros top 4 antes das

meias-fi nais.

“É um dia importante e muito fe-

liz, depois de um último ano difícil.

É muito emocionante ganhar um tor-

neio com uma longa história como

o de Roma. Valorizo este momento

mais do que nunca, porque sei onde

estava há uns meses”, frisou Nadal,

depois de vulgarizar Roger Federer

em 69 minutos: 6-1, 6-3. O suíço quis

entrar super-agressivo mas só acu-

mulou erros e ao fi m de 15, entregou

o set inicial. No segundo set e após

uma série de nove jogos para o es-

panhol, Federer reduziu para 1-3,

mas o balanço entre winners e erros

não forçados continuou negativo e

Nadal serviu para fechar o encontro

a 5-1. Surpreendentemente, o núme-

ro três do ranking fez um break em

branco, mas acabou por ceder com

32 erros, quatro vezes mais do que

os de Nadal.

Antes, Serena Williams dominou

Victoria Azarenka, como atestam

os parciais de 6-1, 6-3. A líder do

ranking concluiu o torneio com

apenas 14 jogos cedidos nos cinco

encontros — o recorde, em Roma,

pertence a Gabriela Sabatini (13).

Sempre apoiada no forte serviço

(leva já 227 este ano), Serena somou

no derradeiro encontro em Roma 41

winners contra 12 de Azarenka.

Com esta vitória, Serena elevou pa-

ra 24 o número de encontros ganhos

e para quatro os torneios conquis-

tados consecutivamente (recorde

pessoal), o que faz dela a principla

favorita para Roland Garros, onde,

em 2012, foi eliminada na ronda inau-

gural. “Este ano estou mais cautelosa

e quero trabalhar forte e estar focada

em cada ponto que jogar”, adiantou

Serena. Por cá, Frederico Silva, de 18

anos, obteve ontem o primeiro título

no circuito profi ssional, ao derrotar o

espanhol Ivan Arenas-Gualda (549.º

ATP), por 6-4, 7-6 (7/5), na fi nal do

future Ô Hotels & Resorts Termas de

Monfortinho.

O império de Nadal estendeu-se a Roma

Ténis Pedro Keul

Breves

Basquetebol

Ciclismo

Benfica volta a bater a Académica e ficaa um triunfo do título

Visconti vence nos Alpes e Nibali segura camisola rosa

O Benfica venceu ontem a Académica por 94-62, no segundo jogo da final do play-off da Liga de basquetebol, no pavilhão da Luz, e está agora a um triunfo de revalidar o título. Ao contrário da partida da véspera, que terminou com uma vitória das “águias” por uns tangenciais 69-67, o segundo jogo da final foi bem mais desequilibrado. Muito por culpa do acerto do Benfica nos ressaltos e da inspiração de Lace Dunn na altura de lançar ao cesto: o norte-americano foi o MVP da partida, com 31 pontos, 7 ressaltos e duas assistências. Ao intervalo, o Benfica já vencia por 43-23, vantagem que ampliaria para 94-62 no final. O próximo embate entre as duas equipas, que pode já decidir o título, está marcado para 25 de Maio, em Coimbra.

O italiano Giovanni Visconti (Movistar) venceu ontem a 15.ª etapa da Volta à Itália, na qual o compatriota Vincenzo Nibali (Astana Pro Team) manteve a liderança e a distância para o segundo classificado, o australiano Cadel Evans. Visconti percorreu os 149kms da subida aos Alpes franceses em 4h40m48s, seguindo-se o trio formado pelo colombiano Carlos Gomez e os polacos Przemyslaw Niemiec e Rafal Majka, a 42s. Nibali mantém a camisola rosa, após ter sido 7.º na etapa, a 54s de Visconti, o mesmo tempo do segundo na geral, Cadel Evans, foi o 8.º da etapa. Tiago Machado e Bruno Pires foram os melhores portugueses, em 58.º e 59.º respectivamente, a 9m53s de Nibali. Na geral, Machado é o melhor português (32.º, a 37m de Nibali).

Dani Pedrosa venceu o seu segundo GP da temporada

E, à quarta corrida do Mundial, o

campeonato conheceu os primei-

ros repetentes. Dani Pedrosa, em

MotoGP, e Maverick Viñales, em

Moto3, venceram o Grande Prémio

de França nas respectivas categorias

e foram os primeiros pilotos a somar

dois triunfos na presente temporada.

Numa jornada marcada pelas condi-

ções húmidas do circuito de Le Mans,

o português Miguel Oliveira saiu da

primeira linha da grelha de partida

mas não chegou a terminar a corrida

porque se despistou.

As condições do circuito ditaram

um desfecho precoce para a corrida

do português, que só completou qua-

tro voltas. “Estava a levar a cabo uma

corrida isenta de erros, mas a curva 2

estava bastante fria e foi crucial para

perder a frente”, disse Oliveira, em

declarações reproduzidas pela sua

assessoria de imprensa. “Saio de Le

Mans com um sentimento misto. In-

satisfeito por não terminar a corrida,

como queria, e satisfeito por sentir

que demos um passo em frente na

evolução da moto”.

“A equipa, obviamente, não está

satisfeita com o resultado do fi m-de-

semana, primeiro pela lesão do meu

companheiro de equipa Efrén Váz-

quez e depois porque não merecia

terminar a jornada com uma queda”,

concluiu Miguel Oliveira, cujo pensa-

mento já está na corrida de Mugello,

em Itália, que se disputa dentro de

duas semanas. O primeiro lugar no

Pedrosa e Viñales são os primeiros repetentes

pódio da categoria coube a Maverick

Viñales, que tinha começado a corri-

da na pole position e venceu o segun-

do Grande Prémio seguido.

Em MotoGP, Dani Pedrosa estreou-

se a ganhar no circuito de Le Mans en-

quanto piloto da categoria principal,

oferecendo a terceira vitória da tempo-

rada à Honda. Pedrosa ultrapassou o

compatriota e companheiro de equipa

Marc Márquez na liderança do Mun-

dial de pilotos. “Foi uma corrida muito

boa para mim. Perdi algumas posições

no início, mas consegui recuperar”,

resumiu o piloto espanhol.

BENOIT TESSIER/REUTERS

MotociclismoTiago Pimentel

Português Miguel Oliveira teve corrida azarada em Moto3: despistou-se e desistiu após completar quatro voltas

CLASSIFICAÇÕES

GP de FrançaMotoGP1.º Dani Pedrosa (Honda) 49m17,707s2.º Cal Crutchlow (Yamaha) a 4,863s3.º Marc Márquez (Honda) a 6,949sMundial pilotos1.º Dani Pedrosa (Honda) 83 pontos2.º Marc Márquez (Honda) 773.º Jorge Lorenzo (Yamaha) 66Moto21.º Scott Redding (Kalex) 36m43,583s2.º Mika Kallio (Kalex) a 1,090s3.º Xavier Simeon (Kalex) a 1,234sMundial pilotos1.º Scott Redding (Kalex) 76 pontos2.º Esteve Rabat (Kalex) 523.º Mika Kallio (Kalex) 47Moto31.º Maverick Viñales (KTM) 42m05,448s2.º Álex Rins (KTM) a 1,264s3.º Luis Salom (KTM) a 1,387s(...)Miguel Oliveira (Mahindra) não terminouMundial pilotos1.º Maverick Viñales (KTM) 90 pontos2.º Luis Salom (KTM) 773.º Álex Rins (KTM) 61(...)10.º Miguel Oliveira (Mahindra) 20

Peter Uihlein já tinha demonstrado

ser um amador fora-de-série (ven-

ceu o US Amateur de 2010) e ago-

ra prova que também tem enorme

potencial como profi ssional. Filho

do CEO da Acushnet (que detém as

famosas marcas de tacos Titleist e sa-

patos Footjoy), o norte-americano

conquistou o seu primeiro título no

European Tour ao vencer ontem o

21.º Open da Madeira. Filipe Lima foi

o melhor português, no nono lugar,

e o campeão de 2012, o também luso

Ricardo Santos, acabou em 19.º.

Iniciando a última volta ao cam-

po do Santo da Serra, no concelho

de Machico, empatado no segundo

lugar com o escocês Craig Lee, a

uma pancadas do líder chileno Ma-

rk Tullo, Uihlein concluiu-a com 68

pancadas para vencer com duas à

melhor sobre Tullo (71) o dinamar-

quês Morten Madsen (67), que po-

deria ter forçado o play-off não fosse

o duplo bogey com que encerrou a

prestação. Craig Lee (71) foi quarto

a três shots do primeiro.

“Estou muito feliz por ter vencido,

tanto mais que joguei muito bem nos

últimos nove buracos, quando mais

importava”, disse Uihlein, que tota-

lizou 15 abaixo do par 72 e levou para

casa um prémio de 100 mil euros.

Conquistou também o cartão para

competir no European Tour nos pró-

ximos 18 meses e um lugar no impor-

tante BMW PGA Championship, na

próxima semana.

Filipe Lima, membro do Challenge

Tour, acabaria por descer três posi-

ções numa volta fi nal de 70 — para

um total de 8 abaixo — que o desi-

ludiu. Se tivesse conseguido fi car

no top 5 voltaria aos grandes palcos

europeus, com o acesso ao Nordea

Masters do European Tour, na Sué-

cia que se disputa no fi nal do mês.

“Não vou dizer que não foi uma boa

semana, mas esperava mais. Falhei 13

ou 14 putts hoje e isso faz a diferença

para quem quer chegar aos primei-

ros lugares”, disse.

Ricardo Santos, 24.º no ranking

europeu, fez uma digna defesa do tí-

tulo: começou em 118.º e acabou no

top 20, fechando com uma segunda

ronda consecutiva de 69 pancadas.

Uihlein, de bom amador a profissional prometedor

GolfeRodrigo Cordoeiro

Jovem norte-americano de 23 anos sucedeu ao português Ricardo Santos na lista dos vencedores do Open da Madeira

Page 44: Publico 20052013

44 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

A ilusão de um Conselho de Estado

Paulo Portas vai ser o grande ausente

da reunião, hoje, do Conselho de

Estado, na qual as fracturas dentro

da coligação vão ser um tema central.

Evidentemente, o tema do dia são as

estratégias para o pós-troika. E, ao escolher

este tema, o Presidente quis pôr um ponto

fi nal na crise da “TSU dos pensionistas”.

Depois de ter tido um papel decisivo para

evitar a ruptura na coligação, Cavaco acha

que já não está refém de Passos Coelho nem

do Governo. E quer, com este Conselho de

Estado, recuperar o espaço de manobra

que perdera após a votação do Tribunal

Constitucional. Para voltar ao centro do

espaço político, o Presidente precisa de

assumir o vértice de uma estratégia que se

prolonga pela próxima legislatura: o pós-

É impossível separar a discussão sobre o o pós-troika dos desentendimentos na coligação

troika. É uma forma de poder vir a dizer,

para os livros de História, que a crise foi

superada graças a ele e não aos primeiros-

ministros que, de Sócrates a Passos Coelho,

não o quiseram ouvir. Nessa estratégia terá

de caber o líder da oposição que poderá

vir a ser o próximo primeiro-ministro. E

ainda o presidente da Comissão Europeia,

Durão Barroso, que também reivindicou

para si os louros de se ter evitado a crise

no Governo. E que precisa de apresentar

aos portugueses a narrativa do homem que

salvou o país em Bruxelas para manter em

aberto a possibilidade de uma candidatura

presidencial em 2016. Por isso Barroso não

gostou das críticas de Berlim à acção da

Comissão nos países sob assistência, que

põem em causa essa narrativa.

O Presidente gostaria, portanto, de ter o

apoio dos conselheiros para uma estratégia

para o pós-troika que o actual primeiro-

-ministro e o seu putativo sucessor aceitem.

Se as opiniões dos conselheiros valessem

votos, Passos Coelho sairia em mau estado da

reunião, pelo menos a julgar pelas posições

públicas que são conhecidas de muitos deles,

nomeadamente dos que estão no centro-

direita. Mas não é de estratégias para este

Governo que se vai falar.

Só que esse pós-troika não existirá, se este

Governo não se aguentar, por causa das

contradições internas ou do seu crescente

isolamento no país. Por isso não é possível

separar o pós-troika da crise actual. Nem

o regresso aos mercados, se vier a ser bem

sucedido (e que muito provavelmente ainda

precisará de um programa de apoio de

outro tipo), signifi cará o fi m do problema.

A recessão e o desemprego vão continuar.

As reformas fundamentais que terão de ser

executadas são as que estão a ser decididas

agora, por este Governo e pela troika. E não

parece que esse processo esteja a correr

exactamente da melhor forma. Temos um

programa de cortes na despesa pública

(alguns dos quais são reprovados por

Cavaco), não uma reforma do Estado. E uma

situação social que se agrava de dia para

dia. O país precisa de uma estratégia para

o pós-troika e o Presidente cumpre o seu

papel ao introduzir esta questão na agenda.

Mas não é possível alimentar a ilusão de que

a discussão sobre o futuro pode ser feita

ignorando o presente.

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

CARTAS À DIRECTORA

Futebolisticamente

Sofremos uma invasão nestes dias.

O país parou. O Benfi ca foi a uma

fi nal europeia. Tornamos a nascer

das cinzas de Fénix. Cavaco fala

nos milagres de Nossa Senhora

de Fátima a respeito da sétima

avaliação da troika (a importância

duma primeira-dama!...) e diz que

seria bom que o Benfi ca ganhasse

a Taça. Não diz o caneco por que

não fi ca bem a um Presidente da

República e caneco só o FCP é

que o levanta. O Benfi ca perdeu o

jogo, mas teve uma vitória moral.

Centenas de adeptos esperaram

a equipa até de madrugada para

a incentivar a continuar. As

incessantes montagens televisivas

mostram tudo: a dor e o desespero,

a alegria e a esperança. Os

comentadores especializados

conseguem comentar o que toda

a gente comenta: o Benfi ca foi

superior, o Benfi ca não teve sorte.

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

Portugal parou. Existe, por aqui,

um qualquer e desalentado cheiro

a mofo.

Não vi nem ouvi, no entanto,

ninguém a falar, racionalmente, do

jogo. Se o fi zesse, teria de alertar

para as falhas ofensivas do Benfi ca

(não conseguiu marcar quando

teve oportunidade para isso) e

para os vazios defensivos (deixar

um jogador ir ao encontro da bola

que ia planando, caprichosa, sobre

a área do Benfi ca, nos últimos

segundos do jogo, ou deixar um

jogador isolar-se perante um passe

com a mão do guarda-redes), na

sorte que o Benfi ca teve com a bola

no poste (a oitava na sua escalada

até à fi nal!) e na não expulsão de

um defesa (o capitão) quando o

avançado do Chelsea se isolava

perante o guarda-redes.

Preferem, antes, colocar o

enfoque nas opiniões dos jogadores

que transitaram do Benfi ca para

o Chelsea, os quais, obviamente,

constroem a narrativa que mais

lhes convém.

J. Ricardo, Torre de Moncorvo

E por que não?

As ideias que vão surgindo

propondo o recurso à

retroactividade para socorrer

as condições fi nanceiras actuais

e supostamente as futuras, não

sendo surreais provocam, no

mínimo, arrepios com associação

de náuseas. Como pode alguém,

fazendo parte de um país

europeu, propor às pessoas para

dispensarem parte dos seus

proventos; as pessoas que viveram

um percurso de trabalho, estando

agora numa fase diferente, sem

trabalho ordinário, mas com tarefas

mais próprias e dependendo

dos recursos dos contratos

estabelecidos com as leis de uma

sociedade de direitos e obrigações

pré-estabelecidas. Uma grande

parte dos que são agora chamados

a contribuir para um suposto

equilíbrio fi nanceiro do país são

fi lhos dos que foram espoliados não

só dos seus direitos básicos para

uma vida digna, como do acesso ao

que verdadeiramente produziram

ou ajudaram a produzir. Esses

mesmos, que de forma ingénua

acreditaram nas propostas de

líderes de uma sociedade plena de

direitos e obrigações, facilmente

compreenderam que os seus

fi lhos, os netos dos espoliados, só

podiam aspirar algum conforto

fora da terra onde nasceram. Os

pais já morreram, os fi lhos foram-

se desta terra, nós fi camos e não

queremos morrer acabrunhados

e sós. Temos de vir para as ruas e

praças da nossa terra e, quando

de lá sairmos, teremos de certeza

a garantia que outras gentes, mais

próximas, dirigirão os nossos

destinos.

Gens Ramos, Porto

Page 45: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 45

Um avanço civilizacional?

Na sexta-feira passada, a

Assembleia da República

aprovou por escassa

margem legislação que

permite a chamada “co-

adopção de crianças”

por casais homossexuais,

(tendo simultaneamente

rejeitado projectos para a

chamada “adopção plena”).

Este resultado foi classifi cado como

“avanço civilizacional” por alguns dos

seus defensores. Não creio que seja claro,

todavia, de que avanço se trata.

A defesa da medida funda-se basicamente

no argumento da não discriminação.

Recusar a adopção por homossexuais seria

uma discriminação e a discriminação é um

abuso que não deve ser tolerado.

O argumento é válido, se disser respeito a

discriminações arbitrárias. Mas nem todas

as discriminações são arbitrárias. Se um

anúncio de emprego pedir economistas, ele

está a discriminar contra todos os que não

são economistas. Um campeonato de ténis

para pares mistos está a discriminar contra

os pares não mistos. A idade mínima para

votar, ou para conduzir, ou para consumir

álcool está a discriminar contra todos os

que têm idade inferior a esse mínimo.

Estes são apenas alguns exemplos de

discriminações legais que são em regra

aceites consensualmente. Isso deve-se a que

a discriminação em causa tem relevância

funcional, isto é, assenta num requisito

discriminatório que é julgado relevante

para a função pretendida.

Por este motivo, não basta dizer que uma

dada regra é discriminatória para poder

concluir que ela é injusta. É preciso saber

se a discriminação tem ou não relevância

funcional.

No caso da adopção, a função pretendida

é bastante clara. Trata-se de proporcionar

um ambiente familiar saudável à criança

ou crianças adoptadas. Idealmente, o

juízo sobre essa matéria deveria competir

ao interessado, isto é, à criança. No

entanto, devido a uma discriminação que

aceitamos como funcionalmente relevante,

consideramos que essas escolhas não podem

ser feitas por menores, sobretudo crianças.

É por isso que o legislador fi ca, então,

com a pesada responsabilidade de decidir

se casais homossexuais podem ou não,

em regra, garantir um ambiente familiar

saudável para as crianças, comparável, em

regra, ao dos casais heterossexuais.

Não creio que esta pergunta possa

ser respondida com segurança. Temos

experiência milenar de famílias

heterossexuais com fi lhos, mas não temos

experiências representativas comparáveis

de famílias homossexuais com crianças.

Não podemos por isso comparar dados

empíricos com relevância comparável.

Perante esta ignorância fundamental,

temos de escolher uma presunção,

não uma certeza. A presunção que tem

prevalecido até agora é semelhante à

presunção de inocência. Quando alguém é

acusado, presumimos que é inocente, até

ser provado culpado. Em caso de dúvida,

preferimos considerá-lo inocente — não

porque saibamos que é inocente, mas

apenas porque não sabemos se é culpado.

O caso da adopção é muito semelhante.

Nós na verdade não sabemos, nem

devemos fi ngir que sabemos, que os

casais homossexuais serão prejudiciais

às crianças. O que sabemos é que não

sabemos. Não sabemos se, em regra, o

ambiente familiar proporcionado por

casais homossexuais será ou não favorável

às crianças.

Em rigor, haveria uma forma de tirar a

limpo esta dúvida: fazer experiências com

números alargados de crianças adoptadas

por casais homossexuais e comparar os

resultados com crianças adoptadas por

casais heterossexuais. Mas existe um

escrúpulo moral, ou civilizacional, que

não nos permite: esse escrúpulo proíbe-

nos de fazer experiências com menores.

Teremos, por isso, de continuar a viver

com a ignorância acerca do impacto de

ambientes familiares homossexuais na

educação dos menores.

É daqui — e não de uma alegada

discriminação homofóbica — que resulta a

norma legal tradicional que veda a adopção

por casais homossexuais. Não havendo

certezas sobre o impacto dos casais

homossexuais na educação de menores, é

necessário adoptar

uma presunção.

Dado que a

relevância funcional

da adopção reside

em proporcionar

o melhor possível

para a criança,

optamos pela

presunção prudente

de proteger a

criança de uma

solução cujos

resultados não

conhecemos.

Ao alterar esta

presunção, como

foi parcialmente

decidido na

passada sexta-feira,

nós estamos na

verdade, embora

provavelmente sem

plena consciência

disso, a alterar a

presunção favorável

à criança. Estamos

a dizer que, na

dúvida, preferimos

que a presunção favoreça a escolha dos

adultos que querem adoptar, em vez de

proteger a criança que vai ser adoptada.

Não estou seguro de que esta mudança de

presunção corresponda efectivamente a um

avanço civilizacional.

Professor universitário, IEP-UCP e Colégio da Europa, Varsóvia. Escreve à segunda-feira

Estamos a dizer que, na dúvida, preferimos que a presunção favoreça a escolha dos adultos que querem adoptar, em vez de proteger a criança que vai ser adoptada

João Carlos EspadaCartas de Varsóvia

Lição de humildade

Como judeu que sou tenho

orgulho em elogiar os católicos

portugueses, que não só são

como estão cada vez melhores.

Quando a Maria João e eu

estávamos a atravessar os piores

bocados foram muitos padres

e bispos que nos escreveram,

animando-nos e falando menos

do Deus que nos une do que das

orações e esperanças que juntam os seres

humanos que estão bem aos que passam

mal. Escreveram sem sugerir resposta.

Até essa liberdade me deram. Respondo-

lhes hoje, obliquamente. Foi graças ao D.

António Ribeiro, por intercessão da minha

mãe, que as minhas fi lhas, por vontades

próprias, foram baptizadas com 12 anos.

Devemos-lhe também uma das poucas

grandes traduções da Bíblia: uma das duas

em língua portuguesa. A outra, posterior,

foi de Joaquim Carreira das Neves, outro

grande padre, teólogo e ser humano.

No PÚBLICO de anteontem a capa

anunciava, com uma fotografi a certa, que

“D. Manuel Clemente, bispo do Porto, é

hoje anunciado como o novo patriarca

de Lisboa”. Deixou-me uma impressão

de felicidade, a aliança de coração e de

inteligência que tem Manuel Clemente.

Mas o que mais me comoveu foi uma

citação, na página 13, do bom do D. José

Policarpo (o cardeal-patriarca de Lisboa

até ontem), uma pessoa com sensibilidade,

coragem, generosidade e clareza. Disse

ele, caracteristicamente: “[A] mudança da

pessoa é um pormenor. Se vier outro, no

dia seguinte [à minha saída] continua onde

eu estava.” Sim. É mesmo assim: como

deveria ser. Ainda bem.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

BARTOON LUÍS AFONSO

Page 46: Publico 20052013

46 | PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013

O que deve a oposição responsável fazer? Preparar-se. Salvar o que resta do Estado, da administração, do brio dos portugueses

Trabalhos de casa

Com o Governo parado e o país

à espera da próxima vaga de

más notícias, mais austeridade

para tapar os buracos da

austeridade anterior, devemos

começar a pensar no dia de

amanhã. O Governo pode levar

meses ou semanas a cair e há

que saber por onde começar

a reconstrução anímica e

material do país. O que proponho não

é identifi car mais áreas de “poupança”,

nem mais receita a sugar de indefesos

cidadãos, nem massajar as contas públicas,

nem almofadar as idas ao mercado. O

que necessitamos é de saber onde e como

investir, como produzir mais e como

exportar mais. Quando o Governo perdeu

a iniciativa, dividido, a viajar como em fi m

de mandato, quando vemos a oposição

em permanente guerra de palavras com o

Governo e o Presidente a saudar os poderes

do Além mesmo que com pretensa ironia,

estamos perto da mudança.

Razões não faltam para começarmos a

olhar para o futuro próximo. Em notável

artigo da semana passada, o economista

Manuel Caldeira Cabral chama a nossa

atenção para os 229 mil postos de trabalho

perdidos num ano, para os 130 mil

portugueses que saíram do país em 2012,

para a boa inversão da tendência, em 2010

e 2011, de maior descida do gasto público

que do privado, para se observar agora,

em 2012 e 2013, maior queda no emprego

nos sectores transaccionáveis que nos não

transaccionáveis. Lembra que a quebra

das exportações no mês de Março levou

o reequilíbrio externo a ser conseguido,

enganador sinal de equilíbrio, quase só pela

redução das importações, consequência do

arrefecimento da procura. E assinala que,

ao contrário do que aconteceu em 2010 e

2011, em 2012 e provavelmente em 2013,

a quebra do consumo privado foi ou será

superior à quebra do gasto público.

Investimento, produção e exportação são

três palavras-chave a considerar.

Certamente o investimento directo

estrangeiro continuará arredio, enquanto

a confi ança não regressar. E ter ido aos

mercados em condições melhores que nas

anteriores emissões é um factor positivo,

apesar de investidores institucionais

continuarem ao largo. Certamente que

o registo de saldo primário positivo no

gasto público é sinal de emagrecimento

saudável. Mas quem, no seu juízo perfeito,

que não por razões especulativas, pode

interessar-se por investir em Portugal?

País com desemprego acima dos 18%,

emigração em massa de jovens, um

mercado interno em diminuição, um

sistema fi scal ultrapesado, uma justiça

ausente, embargante, entediante e

irreformável e uma administração pública

maltratada e decapitada, um país que

exporta essencialmente para economias em

arrefecimento, com o povo em profunda

depressão social.

O Governo continua embrulhado na

ilusão de um banco de investimento

para PME, mas em vez de o exigir nas

negociações com a UE limita-se a acolher,

passivamente, promessas de uma Comissão

Europeia que perdeu, ela própria, a sua

carta de missão,

recebendo

críticas duras dos

seus “donos”,

logo depois

diplomaticamente

negadas. Alguns

referem que os

instrumentos

de crédito para

a economia das

PME existem e

funcionam. Se assim

é, então usem-nos.

A produção

para exportação

talvez seja a que

mais activa se

encontra, por

mérito próprio. Sem

crédito na origem,

com obstáculos

no destino e pagamentos quase sempre

relapsos, sobrevive não por milagre, mas

por vantagem competitiva. É quem mais

necessita do carinho público, dispensando

a retórica? Vivendo em permanente stress,

compreende-se que a maior parte da sua

inovação seja interna, que não lhe sobre

o dinheiro para pagar licenciados, quanto

mais mestres e doutores. Mesmo assim faz

milagres.

Com um ministério da Economia

mordido por predadores oportunistas,

sem força política para mais que piedosas

intenções, sem ideias sólidas, oscilando

entre ambientalistas e desenvolvimentistas,

o país está sem projecto. Atónitos,

assistimos à apresentação, como novos,

de projectos anteriores, como o comboio

de alta velocidade entre Lisboa e Madrid,

que este Governo havia paralisado dois

O que necessitamos é de saber onde e como investir, como produzir mais e como exportar mais

anos, por sectarismo e ignorância. A

sucção fi scal retirou-nos energias, o pavor

da sobrevivência económica na velhice

abalou a confi ança das classes médias,

o desencanto instalou-se. Surgiu agora

nova previsão de quebra do produto no

primeiro trimestre, em -3,9%, em meses

homólogos. O Governo nem reagiu. Os

seus defensores perderam a voz. Alguns,

mais corajosos, começam a atrever-se a

assinalar os erros na governação. Como

Miguel Frasquilho, que alertou para o

“perigoso círculo vicioso que tem de ser

refreado para não provocar danos sociais

tais que coloquem em causa a democracia

europeia — e portanto, o próprio projecto

europeu”. É neste contexto delido que o

Governo não encontra melhor linha política

que cortar mais 4,5 milhares de milhões nos

gastos públicos. E não acompanho os que

vêem nesta nova punção uma conspiração

para derrubar o que resta do modelo social

europeu. Não, mesmo que em tempos o

tivesse pretendido, não é agora, acossado

de todos os lados, que o Governo teria força

para mais uma patifaria. E certamente só

apressaria o seu fi m.

O que deve a oposição responsável

fazer? Preparar-se. Preparar alternativas

ao marasmo do passado e à destruição

mais recente, dupla tarefa. Salvar o que

resta do Estado, da administração, do brio

dos portugueses, da sua energia criadora,

do seu espírito inovador e também da sua

capacidade de recuperação. Um pouco

de aventura também não fará mal. É

importante começar um diálogo com o

país sobre os grandes temas que granjeiem

investimento, aumentem a produção e

alarguem a exportação.

Deputado do PS ao Parlamento Europeu.Escreve à segunda-feira

ENRIC VIVES-RUBIO

António Correia de CamposTerra e Lua

Bem prega frei Tomás

As economias da zona euro registaram,

neste primeiro trimestre, forte

contracção económica. O PIB da

zona euro contraiu-se 0,2% e no

conjunto dos países da UE 0,1%. Ou

-0,1% e -0,7% respectivamente, quando

comparamos com o 1° trimestre de 2012. A

recessão prossegue. Desde o 3° trimestre de

2011, já lá vão seis trimestres consecutivos,

que o crescimento económico na UE é

negativo. Desde a criação do euro, este

é o período mais longo de contracção da

actividade económica na Europa.

A recessão não só atinge as economias

do Sul, como alastra agora à Holanda, Fin-

lândia e França. Nestes primeiros meses

do ano, a Alemanha apenas cresceu 0,1%.

Se as políticas económicas não infl ectirem

signifi cativamente, a UE estará condenada

à recessão e ao desemprego. Nunca como

hoje, em tempos de paz, se viveram, na Eu-

ropa, semelhantes perdas de rendimento.

De pouco têm servido as advertências do

próprio FMI. Sair da crise é uma emergên-

cia. Esta parece ser agora a preocupação

dominante dos altos dirigentes e respon-

sáveis da Europa.

Paradoxalmente, persiste a indefi nição

na política orçamental interna da UE. O

reinício das negociações do Quadro Fi-

nanceiro Plurianual, 2014-2020 (QFP),

decorre sob a condicionalidade das pro-

postas para os orçamentos rectifi cativos

de 2013. Primeiro, para evitar quaisquer

novas transferências de pagamentos de

2013 para o próximo QFP; segundo, pa-

ra fi nanciar a entrada da Croácia e para

cobrir todos os compromissos de 2012,

ainda por pagar. As divergências persis-

tem. O Conselho submeteu à aprovação do

Ecofi n uma primeira proposta de 7,3 mil

milhões de euros, menos 3,9 mil milhões

que os 11,2 mil milhões propostos pela Co-

missão e indispensáveis, no mínimo, para

alcançar um compromisso entre Conselho

e Parlamento. Espera-se que, ultrapassa-

do o impasse, o orçamento não agrave os

efeitos recessivos e possa proporcionar

crescimento e emprego, eliminando o

desnível entre a orientação política e os

meios orçamentais. Se não, é como pre-

ga Frei Tomás: “Faz o que eu digo, não

olhes para o que eu faço.” João Ferreira

da Cruz, economista

Page 47: Publico 20052013

PÚBLICO, SEG 20 MAI 2013 | 47

DR

Taur Matan Ruak, perfil e visão de um herói da resistência

Após a invasão de Timor-

Leste pela Indonésia, em

Dezembro de 1975, Portugal

apoiou a resistência timorense

e desempenhou um papel

importante na obtenção da

restauração da independência

de Timor-Leste, em 20 de Maio

de 2002. Esse facto, a par das

importantes ligações históricas

e culturais existentes, criou laços estreitos

no relacionamento entre os dois países.

Ao evocar a personalidade do actual

Presidente de Timor-Leste e o seu

contributo na transição bem sucedida

nas Forças de Defesa de Timor-Leste

(Falintil-FDTL) teremos de regressar ao

seu passado de sacrifício e luta contra um

invasor impiedoso. Representa os que

sucumbiram e aqueles que sobreviveram no

longo combate por um país independente,

livre e com futuro. Muitos podem

testemunhar o seu percurso. Desde logo a

comunidade internacional, testemunhando

as transformações pacífi cas em que

ajudou o seu país a atingir a liberdade e a

democracia, constituindo Timor-Leste um

exemplo de sucesso. Como comandante

das Falintil-FDTL a acção desenvolvida

foi determinante para a construção do

regime democrático, desenvolvimento do

país e defesa da soberania nacional. O seu

historial é elucidativo.

O Presidente de Timor-Leste foi o último

comandante das Forças Armadas para a

Libertação e Independência de Timor-Leste

(Falintil), tendo sido promovido a brigadeiro-

general e nomeado comandante das Falintil-

FDTL. Pela primeira vez na história das

Nações Unidas, esta organização confi rmou,

em 20 de Agosto de 2000, a patente de

general a um combatente da libertação.

José Maria de Vasconcelos — general Taur

Matan Ruak que, na tradução em português,

signifi ca “dois olhos muito atentos”) —

despiu a farda para se entregar ao exercício

da política. Depois de se demitir de

comandante das Falintil-FDTL candidatou-se

às eleições presidenciais de 2012, que venceu

à segunda volta com 61,23% dos votos,

apoiado pelo partido do primeiro-ministro,

Xanana Gusmão (Congresso Nacional de

Reconstrução de Timor-Leste).

Taur Matan Ruak tem referido como

principais prioridades do seu mandato a

segurança e o bem-estar dos timorenses.

Tem um modelo claro de desenvolvimento

para Timor-Leste no qual a formação de

recursos humanos e a construção das

infra-estruturas são prioritários para o

crescimento económico, melhoria das

condições sociais e erradicação da pobreza.

O Presidente pretende construir uma

nação sustentável e interligada, alicerçada

num quadro institucional de segurança

com forte cooperação internacional,

regional e nacional (entre as F-FDTL e

as forças de segurança). Em simultâneo,

quer combater a excessiva dependência

externa provocada pelos rendimentos da

exploração petrolífera, diversifi cando a

economia e incrementando a formação de

quadros nas diversas instituições críticas,

designadamente o sector da Justiça, Saúde,

Educação, a Administração Pública e as

Forças de Segurança e Defesa.

Para melhor se entender a dimensão do

Homem e do político, relevam-se alguns

dos aspectos daquele que é considerado um

herói do passado e um líder do futuro.

De origens humildes, Taur Matan Ruak

abdicou dos seus anos de juventude e

viveu no mato, em grutas. “Esteve de

pé no topo da montanha, carregando a

bandeira da liberdade” (Ramos Horta, 2012),

enfrentando inúmeros riscos. É um homem

inteligente, com apurada visão estratégica,

com espírito de lealdade, sentido de justiça e

capacidade de liderança, respeitado não só

pela hierarquia da luta armada e das demais

frentes de luta (diplomática e clandestina),

como também

pela comunidade

internacional.

Tem igualmente

revelado grande

tolerância e

capacidade de

gerar consensos.

Sabe defender as

suas ideias com

convicção, sendo

reconhecido por ser

conciso e fi rme na

decisão. A seguinte

frase proferida em

Junho de 2006, no

âmbito da análise da

crise, é ilustrativa

do que atrás foi

descrito: “Não vale

a pena afrontar nem

confrontar. Temos

que contornar para não nos desviarmos dos

nossos objectivos. Ser inteligentes e fazer

a estratégia de aproximação sem deixar de

infl uenciar as nossas decisões.”

Nos momentos difíceis com que se viu

confrontado — desde os tempos da guerrilha

até à resolução da crise político-militar de

2006 e à construção do regime democrático

—, evidenciou grande sentido de Estado

colocando os interesses nacionais acima de

outros, sendo um defensor intransigente da

independência e soberania nacionais.

O general Ruak demonstrou por factos,

aos órgãos de soberania, bem como à

Comissão Especial de Inquérito da ONU,

que a crise de 2006 teve origem numa

estratégia cuidadosamente arquitectada e

multifacetada.

O objectivo principal dessa estratégia

O actual Presidente de Timor-Leste é um homem de convicções, princípios e valores

passava pela divisão da sociedade

timorense — criação do pretexto

“Loromonu vs Lorosae” (Oeste-Leste) e

da promoção de confl itos entre as forças

de segurança e defesa —, impedindo o

normal funcionamento das instituições

para descredibilizar o Estado de direito

e interromper o processo político em

curso. Só assim foi possível promover a

desestabilização política, militar, social

e cultural, através de acções de carácter

subversivo identifi cadas a partir do fi nal

de 2004.

A sua postura nestes momentos de

crise garantiu a integridade nacional

do país, face a outros interesses. Será,

provavelmente, o líder timorense que,

pelo seu carisma e credibilidade interna,

poderá concretizar a transição geracional –

essencial à consolidação da democracia e do

desenvolvimento de Timor-Leste –, tal como

conseguiu na transição bem sucedida que

conduziu nas F-FDTL.

Transformou uma força de guerrilha numa

força militar convencional, ao serviço da

sociedade e subordinada ao poder político

constitucional. As F-FDTL já atingiram níveis

de credibilidade que permitiram iniciar a sua

participação em operações de apoio à paz e

humanitárias sob a égide da ONU.

Nessa transformação foi determinante

a visão estratégica do general Taur Matan

Ruak, com a implementação do novo

paradigma das F-FDTL, através do Plano

de Desenvolvimento das F-FDTL (PDF 2011-

2017). Este importante instrumento de

gestão estratégica — homologado ao nível

político — está alinhado com os objectivos do

Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED

2011-2030), aprovado pelo Parlamento.

Em síntese, podemos afi rmar que

o general Taur Matan Ruak como

comandante militar pensou, combateu,

defi niu estratégias, escreveu, discutiu,

organizou e mobilizou o povo timorense

em torno da defesa intransigente dos

interesses e da soberania nacional. É

um homem de convicções, princípios e

valores, cuja liderança e compreensão têm

contribuído, inegavelmente, para superar

divisões ideológicas internas, ambições e

estratégias, consolidando o processo de

reconciliação e coesão nacional decisivo

para o futuro de Timor-Leste.

Capitão-de-fragata SEF (reserva)

Tribuna Timor-LesteJosé Manuel Neto Simões

Uma Europa da Justiça

É hoje um facto incontestado

que nos tempos sombrios

que pairam sobre a Europa a

solidez do direito europeu e o

papel que a jurisprudência do

tribunal da União tem vindo

a ter na defesa dos direitos

dos cidadãos europeus são

ainda a última esperança para

a construção de uma Europa

solidária e assente em princípios comuns.

Veja-se, por exemplo, a decisão recente

do tribunal da União que “validou” a

jurisprudência dos tribunais espanhóis

que impediram a aplicação de leis que

levavam ao despejo imediato de cidadãos

com dívidas hipotecárias.

É por isso que a aplicação de um

mesmo direito em todos os Estados, por

juízes independentes, cumprindo as leis

nacionais, os tratados europeus e a Carta

Europeia dos Direitos Fundamentais,

assume, nos tempos de crise global, um

papel fundamental.

A existência de

normas mínimas

comuns em

todos os Estados

que garantam a

independência

dos juízes e a

autonomia do

Ministério Publico

é uma garantia dos

cidadãos europeus.

Só assim terão a

certeza de ter, em todo o espaço da União,

tribunais independentes que apliquem um

direito que já é hoje comum e efectivamente

igual para todos. Não basta a proclamação

formal do princípio da independência do

poder judicial – é necessário que existam

regras comuns que a tornem efetiva.

Coincidindo com o aniversário do

assassinato do juiz italiano Giovanni

Falcone, a MEDEL (Magistrados Europeus

para a Democracia e as Liberdades) celebra

no próximo dia 23 de Maio, em toda a

Europa, o Dia da Independência da Justiça.

Num tempo em que as dúvidas sobre a

credibilidade de um discurso económico

são cada vez maiores, é tempo de

reconhecer que o direito e a justiça são

ainda a esperança de que há uma Europa

de direitos para todos os cidadãos que vale

a pena defender.

É esse o desafi o que propomos aos

cidadãos europeus.

Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP); representante da ASJP junto da MEDEL

Tribuna Direito e cidadaniaJosé Mouraz Lopes e Filipe César Marques

Por uma Europa da Justiça ao serviço dos cidadãos

Page 48: Publico 20052013

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ESCRITO NA PEDRA

“No final de contas, o valor de um Estado é o valor dos indivíduos que o compõem” John Stuart Mill (1806-1873), filósofo e economista inglês

I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8

SEG 20 MAI 2013

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares, Miguel Almeida, Pedro Nunes Pedro E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Agenda 210111007; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de mais de 10% do capital: Sonae Telecom, BV Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Logista Portugal – Distribuição de Publicações, SA; Lisboa: Telef.: 219267800, Fax: 219267866; Porto: Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123; Algarve: Telef.: 289363380; Fax: 289363388; Coimbra: Telef.: 239980350; Fax: 239983605. Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Abril 41.267 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

Dirigido à participação cívica, We the People tem petições inúteis p26

Equipa internacional chega a inesperada conclusão, resultados na Nature p29

Entrevista a Ranjit de Sousa: anúncios de emprego na Internet são só 5% a 15% p22

O site de petições que quer Obama a definir sabor de tofu

Para que serve o “ADN-lixo” que nada codifica?

Maioria encontra trabalho através da rede de contactos

Joker

0 8 2 8 5 2 5

SOBE E DESCE

Vítor Pereira

Continua a pagar o preço de ser visto como um ex-número 2 de André Villas

Boas. Vítor Pereira é o exemplo perfeito de um treinador mal amado e sem carisma que apresenta resultados. Conquistou o seu segundo título sem perder um único jogo e foi um justo vencedor de uma época disputadíssima. Se sair, é Pinto da Costa quem lhe fica a dever uma. Escusava era de ter dado por perdida e suja uma Liga que acabaria por ganhar. (Págs. 3 a 10)

António José Seguro

No dia seguinte à eleição dos órgãos dirigentes do partido, que consagram

a estratégia de unidade interna do partido, António José Seguro marcou a reunião do Conselho

de Estado de hoje ao afirmar que o país está à beira de uma “crise de regime”. Com o partido unido, e face

aos desentendimentos dentro da coligação, Seguro aproveita para dizer que a sua posição está reforçada no momento em que o Presidente quer discutir o pós-troika, enquanto o Governo está fragilizado (Pág. 17)

D. Manuel Clemente

Na sua primeira intervenção pública após ter sido conhecida

a sua designação para o cargo de patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente deu sinais de que continuará a ter uma postura activa face à crise. O ainda bispo do Porto, que critica a austeridade, disse que continuará a dar os seus alertas e apelou aos governantes para que sejam mais solidários e pedagógicos. (Pág. 16)

Jorge Jesus

Podia ter ganho tudo e já perdeu quase tudo. Poderá ser acusado de

não ter sabido escolher o que queria ganhar e de ter esticado a equipa ao ponto de esta ter ficado sem fôlego nos momentos decisivos. Mas o treinador temperamental que é Jorge Jesus nunca abdicou do espectáculo, das boas exibições... E da ambição de tentar ganhar tudo. Ficará para a história por ter caído de joelhos no Dragão, como um herói de uma tragédia. Imperdoável é que não tenha sido capaz de dar os parabéns ao vencedor. (Págs. 3 a 10)

CONSOANTE MUDA

E porém mexe

Não têm faltado ocasiões

para deplorar o estado do

sistema político-partidário

e a pressão negativa

que ele exerce sobre

as potencialidades da

democracia portuguesa. Por isso,

quando há ocasião para louvar,

aproveite-se.

A semana passada aconteceu

uma coisa preciosa. Uma decisão

justa foi tomada na Assembleia da

República, aprovando um projeto

de lei que visava possibilitar que

“quando duas pessoas do mesmo

sexo sejam casadas ou vivam em

união de facto, exercendo um

deles responsabilidades parentais

em relação a um menor, por via

da fi liação ou adoção, pode o

cônjuge ou o unido de facto co-

adotar o referido menor”.

É uma decisão justa porque

permite ao Estado reconhecer

laços de família que já existem

entre as pessoas, evitando assim

padecimento desnecessário

e gratuito por parte de fi lhos,

pais naturais e os seus cônjuges,

com quem já partilham a vida

e responsabilidades parentais.

Acautela-se também os interesses

do fi lho, no caso de morte do

pai ou mãe natural. No caso

Rui Tavares

de casais de pessoas de sexos

diferentes essa possibilidade já

existia na lei, pelo que a proposta

aprovada também elimina uma

discriminação injustifi cada.

Uma decisão boa, portanto,

porque é a lei que deve servir

as pessoas, respeitando as

relações de familiaridade e

interdependência que elas

já têm, e não as pessoas que

devem servir de instrumentos

às teimosias da lei. Nada a

acrescentar.

Ou melhor: uma coisa a

acrescentar. Pois naquela votação

não foi só interessante “o quê”

mas também “o como”. A

proposta de lei, que tinha como

primeira signatária a deputada do

PS Isabel Moreira, foi aprovada

por 99 votos a favor, 94 contra, e

nove abstenções.

Os maiores grupos

parlamentares, do PSD e do PS,

bem como o do CDS, “deram”

liberdade de voto aos seus

deputados — o que signifi ca que

houve deputados do PS a votar

contra, ao invés da maioria da

bancada, e vice-versa na bancada

do PSD, com alguns deputados

a votar a favor. No CDS houve

algumas abstenções. O PCP

mudou o seu sentido de voto em

relação a uma votação idêntica

no passado recente. No BE e

nos Verdes, que apresentaram

projetos legalizando a adoção em

geral para casais do mesmo sexo,

não era de esperar que houvesse

diferenças entre os deputados do

grupo parlamentar.

O resultado foi uma surpresa.

Sou de opinião que o mero

facto de assim ter sido valoriza

a democracia representativa e o

parlamentarismo.

Faz uma diferença signifi cativa

que o resultado fi nal de um

processo legislativo não seja

completamente previsível só pela

contagem de cabeças nos grupos

parlamentares.

É bom que em Portugal possa

ter acontecido ganhar uma

proposta de esquerda numa

legislatura em que há maioria

absoluta de direita. Um dia talvez

venha a suceder o contrário,

e talvez eu não goste tanto

do resultado, mas gostarei do

processo. Porque ele dignifi ca o

trabalho dos deputados e leva os

cidadãos a estarem mais atentos

ao que se passa no Parlamento.

Também aqui é importante

que a política se adeque aos

tempos. Não são os partidos

que “dão” liberdade de voto aos

deputados. São os deputados que

têm esse dever constitucional e

a obrigação de dar um cunho de

independência e autonomia ao

trabalho que fazem.

Se as estruturas partidárias

aprenderem, de uma forma geral,

a não impedir esse processo e

até a promovê-lo, estarão a dar

razões para que os cidadãos se

reconciliem com a democracia

representativa.

Historiador e eurodeputado