Públicos de música relatório interpretativo (definitivo)

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1 OS PÚBLICOS DO SERVIÇO DE MÚSICA DA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN Um Estudo do Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica Portuguesa Rogério Santos Pedro Magalhães Lisboa Janeiro de 2006

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OS PÚBLICOS DO SERVIÇO DE MÚSICA DA

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

Um Estudo do Centro de Sondagens e Estudos de Opinião

da Universidade Católica Portuguesa

Rogério Santos

Pedro Magalhães

Lisboa

Janeiro de 2006

2

ÍNDICE

Sumário Executivo ........................................................................................................ 3

I. Objectivos e metodologia ......................................................................................... 4

II. Perfil dos públicos de música da Fundação Calouste Gulbenkian ...................... 6

III. Modos de ir aos concertos .................................................................................... 14

IV. Motivações e Atitudes ........................................................................................... 21

V. Consumos culturais ............................................................................................... 24

VI. Conclusão .............................................................................................................. 29

Anexo A: questionário utilizado ................................................................................ 32

3

Sumário Executivo

Do ponto de vista da sua composição sócio-demográfica, os públicos de música da

Gulbenkian exibem uma percentagem de homens e, especialmente, de indivíduos com mais de

55 anos claramente acima não apenas do que ocorre com a população nacional com 16 ou mais

anos mas também dos valores conhecidos para os públicos dos espectáculos ao vivo em Portugal;

65% dos espectadores dos concertos da Gulbenkian residem no concelho de Lisboa, e 95%

deles na Área Metropolitana de Lisboa;

73% dos espectadores dos concertos da Gulbenkian têm qualificações académicas iguais ou

superiores à licenciatura, capital escolar esse que resulta, em partes iguais, de percursos de

ascensão e consolidação de capital escolar familiar;

Mais de metade dos espectadores vivem em agregados familiares cujo rendimento mensal

líquido é superior a 2500 euros, denotando uma população com um poder de compra muito

acima da média nacional;

As fontes de informação sobre as actividades do Serviço de Música mais mencionadas pelos

inquiridos são as de produção própria da Fundação (para 84% dos inquiridos). Em contraste, as

fontes “interpessoais” (família, amigos, professores) têm um peso muito reduzido.

O carro particular é, de longe, o modo de deslocação mais utilizado para a frequência dos

concertos da Fundação (cerca de 70% dos espectadores);

O programa e os intérpretes são, de longe, os factores mais frequentemente avançados como

motivações para assistir a um concerto (cerca de 80% dos inquiridos);

A satisfação com os concertos, medida através da apreciação da relação qualidade-preço dos

bilhetes, é muito elevada, sendo que essa relação é vista como adequada ou mesmo vantajosa por

80% dos espectadores. A avaliação geral feita por estes espectadores das iniciativas da Fundação

é muito positiva, previsivelmente acima da já favorável avaliação feita pela população em geral;

Os espectadores de música da Fundação representam públicos particularmente activos e

ecléticos do ponto de vista dos consumos culturais, apesar de variações etárias importantes que

revelam um maior “ecletismo” do segmento mais jovem.

4

I. Objectivos e metodologia

O objectivo genérico deste estudo é caracterizar os públicos do Serviço de Música da Fundação

Calouste Gulbenkian (FCG). Este relatório descreve os principais resultados obtidos, e está

divido em cinco partes. Após a descrição dos objectivos e da metodologia utilizada (I), analisa-se

o perfil sociográfico dos públicos da música, recorrendo a indicadores como o sexo, a idade, as

habilitações literárias, o nível de rendimento familiar ou a situação profissional (II). No capítulo

III, descrevem-se as condições de ida aos espectáculos, as fontes de informação e os modos de

aquisição dos bilhetes. No capítulo IV, analisam-se as motivações e atitudes dos espectactores,

ao passo que no capítulo V se caracterizam os públicos da Gulbenkian do ponto de vista dos seus

restantes consumos culturais.

Entre o leque de técnicas disponíveis nas ciências sociais para recolha de informação, aquela que

dá melhores garantias de permitir inferências descritivas válidas e controladas acerca de uma

população é o inquérito por questionário aplicado a uma amostra representativa. Neste caso, a

opção foi pela condução de um inquérito face-a-face a uma amostra representativa de

espectadores de concertos da FCG com 16 ou mais anos. Este inquérito incluía 23 questões.

O trabalho de campo teve lugar entre os dias 3 e 20 de Outubro de 2005, antes, no intervalo e

após seis concertos ocorridos entre essas datas. A selecção dos concertos obedeceu a um critério

da maximização da variabilidade do “tipo” de concertos que normalmente caracterizam as

temporadas da Gulbenkian. Assim, um dos concertos cujos espectadores foram inquiridos

inseria-se no Ciclo de Música Antiga, outro no Ciclo de Canto, outro no Ciclo de Música de

Câmara, outro ainda no Ciclo Grandes Orquestras Mundiais e, finalmente, dois da Orquestra

Gulbenkian. Os espectadores foram inquiridos por equipas cuja dimensão variou entre os oito e

os quinze elementos que, partindo de diferentes pontos do exterior das salas de espectáculos,

seguiram um caminho aleatório. Foram obtidos 664 inquéritos válidos.

O critério de maximização da variabilidade do tipo de concertos cujos espectadores foram

inquiridos – de forma a captar o máximo de variação em termos de diferentes tipos de públicos

da música no FCG – teve a consequência de gerar uma amostra não representativa do ponto de

vista do peso relativo que cada tipo de público de cada tipo de concerto tem habitualmente no

conjunto dos espectadores da temporada Gulbenkian. Logo, para obviarmos a este problema,

todos os dados foram ponderados de acordo com o peso relativo que cada tipo de concerto, tal

5

como acima definido — Ciclo Música Antiga, Ciclo de Canto, Ciclo de Música de Câmara,

Grandes Orquestras Mundiais e Orquestra Gulbenkian — teve no total dos espectadores da

temporada Gulbenkian 2004/2005. Assim, por exemplo, apesar da 35,1% dos inquéritos válidos

terem sido obtidos em espectáculos da Orquestra Gulbenkian, o peso que estes inquéritos

assumem nas nossas análise será de 60,1%, dado que os concertos da Orquestra Gulbenkian

tiveram, na temporada 2004/2005, 60,1% dos espectadores aos vários tipos de concertos que

fazem parte da nossa amostra.

Dois problemas potenciais, contudo, permanecem e devem ser assinalados. Por um lado,

qualquer inferência destes dados para o universo dos públicos de música da Gulbenkian presume

quer estabilidade ao longo do tempo no peso relativo que cada tipo de concerto tem no total dos

espectadores quer que os públicos dos dias em que os inquéritos tiverem lugar não são

particularmente distintos dos públicos no resto do ano. Por outro lado, são excluídos do universo

que procuramos representar os públicos de alguns tipos de concertos cujos espectadores não

fizeram parte da nossa amostra, nomeadamente, do Ciclo Música Contemporânea, Ciclo de

Piano, Coro Gulbenkian, Novos Intérpretes e Solistas da Orquestra Gulbenkian, públicos esses

que, na temporada 2004/2005, representaram pelo menos 11% do total de espectadores. Contudo,

em face dos constrangimentos práticos existentes, esta pareceu-nos a melhor aproximação

possível ao universo que se desejou representar.

6

II. Perfil dos públicos de música da Fundação Calouste Gulbenkian

Quem são, do ponto de vista da sua caracterização sócio-demográfica, os públicos do serviço de

música da Gulbenkian? Do ponto de vista da sua distribuição por sexo, 52% dos espectadores

seleccionados aleatoriamente na nossa amostra são homens, contra 48% de mulheres. Essa

ligeira predominância do sexo masculino torna-se mais evidente não só quando se constata que, a

nível da população portuguesa do Continente com 16 ou mais anos (Censos 2001), a distribuição

é simétrica da encontrada na nossa amostra (47,7% de homens e 52,3% de mulheres), mas

também ao contrariar um padrão recorrente nos estudos mais recentes sobre a frequência de

espectáculos ao vivo no nosso país: um ligeiro predomínio do público feminino (Neves, 2001;

Santos et al., 2002).

Contudo, não é este o aspecto em que os públicos de música da Gulbenkian se distinguem mais

quer da população nacional em geral quer dos públicos de espectáculos em Portugal. É na sua

distribuição etária que esse desfasamento é mais evidente. Como se verifica no quadro 2.1, nada

menos que 56% dos espectadores de música da Fundação têm 55 anos ou mais, muito acima da

percentagem da população nacional situada nesses escalões etários (33%). Congruente com estes

dados sobre a posição no ciclo de vida da maioria dos espectadores de música da FCG é o facto

de a maioria deles (55%) declararem viver com um cônjuge ou parceiro e apenas 20%

declararem ter ainda filhos a coabitarem consigo. Estas conclusões não são particularmente

surpreendentes. Por um lado, é certo que o marcado envelhecimento dos espectadores de música

da FCG contrasta com o padrão de forte juvenilidade detectada em estudos congéneres sobre os

públicos do teatro (Gomes et al. 2000), do Porto-Capital da Cultura 2001 (Santos et al. 2002) ou

dos espectáculos ao vivo em geral (Neves, 2001). Contudo, por outro lado, os mesmos estudos já

detectavam que, no que respeita aos públicos de música erudita, se via “relativamente atenuado o

efeito de predominante juvenilização característico de outras áreas” (Santos et al. 2002, p. 115).

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Quadro 2.1.Distribuição da amostra e da população portuguesa por escalões etários

Públicos Música

Gulbenkian

População

Continente 16 ou

mais anos (2001)

16-24 anos 8% 15,5%

25-34 anos 11% 18,3%

35-44 anos 9% 17,4%

45-54 anos 16% 15,6%

55-64 anos 23% 13,2%

65 ou mais anos 33% 19,9%

Não se detectam, a este nível, grandes diferenças entre os tipos de concerto organizados pelo

Serviço de Música: o predomínio dos escalões acima dos 55 anos é transversal a todos os tipos

de concerto integrados na nossa amostra, e as idades médias das assistências variam muito pouco

e de forma não estatisticamente significativa (entre os 52 anos, em média, para os concertos do

Ciclo de Música Antiga e os 54 anos, em média, dos espectadores dos concertos das Grandes

Orquestras Mundiais). Contudo, outros padrões curiosos a este nível emergem da comparação

entre tipos de concerto. Em primeiro lugar, o facto de os concertos do Ciclo de Música de

Câmara serem aqueles que têm uma maior percentagem de jovens dos 16 aos 24 anos (12%) em

comparação com os restantes, peculiaridade a que se junta o facto de serem o único tipo de

concerto em que as mulheres constituem uma parte maioritária da assistência. E, em segundo

lugar, deve assinalar-se o facto de os concertos da Grandes Orquestras Mundiais e da Orquestra

Gulbenkian terem uma percentagem abaixo da média de indivíduos entre os 35 e os 44 anos,

fenómeno a que não será estranho o facto de serem, na nossa amostra, os únicos concertos que

tiverem lugar num horário nocturno (menos favorável a casais com filhos mais novos).

Quanto à distribuição geográfica, outra variável de interesse no desenho do perfil de públicos,

verifica-se no quadro 2.2 que os públicos de música da Gulbenkian residem fundamentalmente

na cidade de Lisboa (65%). Dos restantes, 23% residem nos concelhos limítrofes a norte do Tejo,

o que dá uma noção precisa de proximidade espacial, com Lisboa e concelhos a norte do Tejo a

constituírem 88% do total. Também não há, a este nível, diferenças estatisticamente

significativas entre tipos de concertos.

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Quadro 2.2. Residência dos públicos de música da Gulbenkian

Lisboa cidade 65%

Grande Lisboa Norte Tejo 23%

Grande Lisboa Sul Tejo 7%

Fora da Grande Lisboa 5%

Factor normalmente responsável por uma grande selectividade social dos públicos dos

espectáculos é o da qualificação académica. O público de música da Gulbenkian não constitui

excepção, não se distinguindo, deste ponto de vista, das características detectadas em públicos

congéneres em Portugal. 73% dos espectadores de música da FCG possuem o grau de

licenciatura ou mesmo pós-graduações, sendo que os indivíduos com o nível abaixo (bacharelato

ou frequência do ensino universitário) somam 13%. O quadro 2.3 mostra a dramática diferença, a

nível de qualificações académicas, entre os públicos de música da Gulbenkian e população

portuguesa com 16 ou mais anos.

Quadro 2.3 Qualificações académicas dos públicos de música da Gulbenkian e da população

nacional

Públicos Música

Gulbenkian

População Continente

16 ou mais anos

(2001)

Menos que secundário 2% 77,9%

Secundário ou médio 25% 14,1%

Ensino superior 73% 8,0%

Já o Gráfico 2.1 permite ter a percepção da curva de evolução dos níveis de escolaridade por

grupos etários. A nossa atenção prende-se com a curva de licenciados ou com pós-graduação,

que se torna imediatamente maioritária quando saímos do grupo dos 16-24 anos de idade.

Convém também recordar que existem 8% de estudantes na amostra, exclusivamente entre os

espectadores com 16 ou mais anos, o que permite prever um aumento nos escalões mais elevados

de escolaridade num futuro próximo.

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Gráfico 2.1. Níveis de escolaridade por níveis etários

0

50

100

150

200

18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65 ou mais

4ª classe antiga, 6ª classe ou ciclo preparatório

5º ano antigo ou 9º unificado, 10º e 11º ano

7º ano antigo, ano propedêutico, 12º ano, curso médio

Frequência da Universidade ou bacharelato

Licenciatura, mestrado ou doutoramento

Este tipo de indicadores ligados à escolaridade podem, contudo, ser complementados à luz de

outros estudos já realizados no âmbito dos públicos de cultura, caso do de Santos et al. (2002),

onde se sugere que estas elevadas qualificações resultam, em grande medida, de um alargamento

social dos públicos da cultura através de percursos de ascensão escolar, ou seja, indivíduos que

atingem níveis de escolaridade superiores aos dos pais. Uma das questões colocadas no inquérito

dizia precisamente respeito às habilitações escolares do principal encarregado de educação,

permitindo-nos verificar se há percursos de mobilidade familiar ascendente ou descendente no

que respeita à acumulação de capital escolar.

Gráfico 2.2. Níveis de habilitações do principal encarregado de educação dos públicos de

música da Gulbenkian

4% 14%

8%

19%5%

50%

Menos do que a 4ª classe

4ª classe antiga, 6ª classe ou ciclo preparatório

5º ano antigo ou 9º unificado, 10º e 11º ano

7º ano antigo, ano propedêutico, 12º ano, curso médio

Frequência da Universidade ou bacharelato

Licenciatura, mestrado ou doutoramento

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Olhando para o gráfico 2.2, verificamos que metade dos inquiridos declaram que o seu principal

encarregado de educação completou uma licenciatura ou pós-graduação, enquanto 5% passaram

pela universidade ou adquiriram o primeiro grau universitário (bacharelato). As duas categorias

somam 55%, valor extraordinariamente elevado. Também impressionante é o dado seguinte: o

facto de o antigo 7º ano de liceu ou 12º ano, porta de entrada para a universidade, abarcar 19%

dos principais encarregados de educação. Tal conduz-nos a olhar para os quadros 2.4 e 2.5, que

nos fornecem dados para interpretar a mobilidade social através de indicadores de instrução.

Assim, verifica-se que os percursos de estabilidade e ascensão escolar dominam, em partes

praticamente iguais (43% e 44%), o panorama de mobilidade escolar familiar dos públicos de

música da Gulbenkian. Ao invés, há apenas 13% de assistentes aos concertos de música com

menos habilitações que os pais (declínio), embora, dado o elevado número de estudantes (num

total de 53 respondentes), num futuro próximo este valor tendesse previsivelmente a baixar se se

viessem a inquirir os mesmos espectadores.

Quadro 2.4. Habilitações do próprio em comparação com o principal encarregado de educação

(mobilidade escolar)

Declínio 13%

Estabilidade 43%

Ascensão 44%

Mais interessante ainda é cruzar estes dados com as qualificações académicas dos inquiridos, no

quadro 2.5. Verificamos, como já sabíamos, que a esmagadora maioria dos espectadores de

música da Gulbenkian têm o ensino superior. Mas verificamos também que, entre esses, são

ainda mais os percursos de “estabilidade” em termos de capital escolar do que de “ascensão”. Por

outras palavras, apesar de um terço dos espectadores da Gulbenkian serem licenciados em

percurso de ascensão escolar, uma parcela ainda maior é constituída por licenciados que

“reproduzem” o capital escolar familiar ou, nas palavras de Santos et al. (2002), por um público

de capital escolar familiar consolidado.

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Quadro 2.5. Cruzamento de grau de instrução com mobilidade escolar (% do total, respostas

válidas a ambas as questões)

Mobilidade Escolar

Declínio Estabilidade Ascensão

Gra

u d

e in

stru

ção d

os

inquir

idos

4ª classe antiga, 6ª classe ou ciclo

preparatório 0% 0% -

5º ano antigo ou 9º unificado, 10º e 11º ano 0% 1% 1%

7º ano antigo, ano propedêutico, 12º ano,

curso médio 5% 3% 3%

Frequência da Universidade ou bacharelato 8% 1% 4%

Licenciatura, mestrado ou doutoramento - 39% 36%

Outra variável analisada na caracterização dos públicos de música é a que se prende com o

rendimento mensal líquido do agregado familiar. Note-se que se trata da variável com menor

número de respostas (557), pois é uma questão normalmente mantida sob maior reserva de

intimidade. Contudo, os dados apontam para níveis de rendimento comparativamente elevados:

mais de metade dos inquiridos residem em agregados familiares onde se auferem mais de 2500

euros líquidos por mês (quadro 2.6). Assim, combinando as variáveis “rendimento” e

“instrução”, os resultados demonstram que praticamente metade dos espectadores de música da

Gulbenkian se situa simultaneamente nos escalões máximos de capital económico e escolar neste

inquérito: 45% desses espectadores são (pelo menos) licenciados que vivem em agregados

familiares onde se aufere mais de 2500 euros líquidos por mês.

Quadro 2.6. Rendimento mensal líquido do agregado familiar

Menos de 300 euros 1%

Entre 300 e 750 euros 4%

Entre 750 e 1500 euros 12%

Entre 1500 e 2500 euros 29%

Mais de 2500 euros 55%

Finalmente, auscultámos a situação profissional dos frequentadores dos concertos. Por uma

questão de economia de tempo, o inquérito não teve perguntas a precisar a profissão, mas

indagou da situação profissional (activo a tempo inteiro e a tempo parcial, desempregado,

estudante, reformado, doméstico), conforme se observa no Quadro 2.8. O conjunto destas

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categorias acabaria por fornecer dados importantes em termos de caracterização dos públicos

estudados e que reforçam, em alguns aspectos, o já apresentado, nomeadamente o que se

relaciona com os níveis etários dos respondentes.

Quadro 2.8. Situação actual face ao trabalho

Desempregado 2%

Estudante 8%

Doméstico(a) 2%

Reformado 35%

Empregado a tempo inteiro 47%

Empregado a tempo parcial 5%

Outra situação 3%

A principal fatia corresponde aos empregados a tempo inteiro (7%), seguindo-se a categoria

reformados (35%) e, a grande distância, os estudantes (8%).

Síntese do capítulo

Na medida em que é possível fazer um “retrato-robot” do espectador dos concertos da

Gulbenkian, ele teria de ser desenhado com os seguintes traços fundamentais: trata-se de um

público “maduro”, com idade média superior a 50 anos; com elevadas qualificações literárias,

resultante de percursos quer de ascensão quer (maioritariamente) de consolidação de um elevado

capital escolar familiar; com elevados níveis de rendimento; maioritariamente empregados a

tempo inteiro ou reformados; e residentes na Grande Lisboa, especialmente no próprio concelho

de Lisboa.

Particularmente merecedor de análise, de um ponto de vista comparativo, é o acentuado

envelhecimento destes públicos. Os jovens dos 16 aos 24 anos representam apenas 8% do total,

havendo uma nova redução na faixa dos 35 aos 44 anos (9%). Isto suscita duas interpretações

possíveis. A primeira está ligada ao conceito de ciclo de vida. Ao passo que os mais jovens

poderão ainda não estar sensibilizados para o tipo de música representativa dos concertos da

Gulbenkian — padrão comum a outros estudos — o grupo entre os 35 e os 44 anos, que

entretanto constituiu família e tem filhos e outras obrigações, terá eventualmente menos

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consumos culturais em geral. Deste ponto de vista, nada impedirá que, ganha a sensibilização

necessária e eliminados os factores da vida profissional e familiar que afastam da audição de

concertos, os indivíduos pertencentes a estes estratos etários venham mais tarde a tornar-se mais

assíduos frequentadores da Gulbenkian. Contudo, há uma segunda interpretação, desta vez de

natureza geracional. É possível que os públicos mais velhos pertençam a uma geração

particularmente marcada pelo papel quase exclusivo da FCG na promoção destas actividades ou

mais predisposta ao consumo da música erudita, ganhando assim hábitos cuja perpetuação futura

pelas gerações hoje mais jovens não se encontra de todo garantida. Certo é que o fenómeno

detectado noutros estudos, como o de Santos et al. (2001) — em que se interligam juvenilização

de práticas culturais e aumento de escolarização — não ocorre de forma tão clara no público aqui

analisado.

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III. Modos de ir aos concertos

Como definimos os públicos dos concertos musicais da Gulbenkian, para além das características

sociográficas como as traçadas no capítulo anterior? Sabemos já que possuem muita

homogeneidade em termos de idades, habilitações literárias, local de residência e rendimentos

familiares. Os quadros seguintes permitem traçar uma representação de cada concerto por

variáveis como modo de acompanhamento, número de acompanhantes, modo de deslocação e

frequência de concertos, factores que determinam a decisão de assistir a concertos, fontes de

informação dos públicos (interpessoal, media, Gulbenkian, outros) e tipos de aquisição de

bilhetes (ingressos), entre outras características.

Começamos por discutir a questão do acesso à informação através da qual os inquiridos tomam

conhecimento dos espectáculos da Gulbenkian. No quadro 3.1, listamos por ordem decrescente

as fontes de informação mais mencionadas pelos inquiridos. Como a questão era de resposta

múltipla, a soma das percentagens é superior a 100%. Há vários dados assinaláveis. O primeiro é

o facto de as duas fontes de informação mais referidas serem ambas produzidas pela própria

Fundação e de circulação relativamente limitada a um público habitual e especializado: os

próprios programas e folhetos distribuídos pela Fundação e a sua newsletter. O segundo dado

interessante consiste no facto de o site do Serviço de Música ser mencionado por mais

espectadores como fonte de informação do que qualquer meio de comunicação social, incluindo

os jornais, a rádio ou a televisão (esta mencionada por apenas 4% dos inquiridos). Finalmente, o

dado algo surpreendente, do ponto de vista comparativo, da relativa irrelevância das fontes de

informação “interpessoais” ou “informais”, tais como familiares e amigos ou professores.

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Quadro 3.1. Fontes de informação

Folhetos/programas da FCG 49%

Newsletter da Fundação 32%

Site do Serviço de Música 25%

Jornais 24%

Familiares ou amigos 14%

Rádio 9%

Anúncios ou cartazes 8%

Outros sítios da internet 6%

Televisão 4%

Professores 2%

Outra 2%

Observação: como as respostas são múltiplas, o somatório ultrapassa 100%

Os mesmos dados são resumidos no quadro 3.2, onde as fontes de informação são agregadas em

quatro tipos: Produzidas pela FCG (site, newsletter, folhetos, programas, anúncios, cartazes);

Mediatizadas (jornais, rádio, televisão); Internet (categoria separada dos media convencionais,

pela sua especificidade); e Interpessoais. Como se verifica, ao passo que as fontes facultadas pela

Fundação atingem mais de 80% dos espectadores, todas as restantes são utilizadas por parcelas

muito mais reduzidas dos públicos da FCG, em particular as interpessoais, resultado que

contrasta com o forte papel das redes de convivialidade para este fim em outros estudos (Santos

et al. 2002, pp. 117-120).

Quadro 3.2. Fontes de informação agregadas

Gulbenkian (sítio, newsletter, folhetos, programas, anúncios, cartazes) 84%

Media (jornais, rádio, televisão) 30%

Interpessoais (família, amigos, professores) 15%

Internet (não o sítio da Gulbenkian) 6%

Observação: como as respostas são múltiplas, o somatório ultrapassa 100%

A este nível, a variação mais importante entre diferentes segmentos dos públicos é a que diz

respeito à idade: apesar das fontes próprias da FCG serem as mais mencionadas por todos os

escalões etários, a importância das fontes interpessoais é significativamente superior entre os

indivíduos com idades entre os 16 e os 24 anos (mencionadas, entre estes, por 43%). Todos os

restantes grupos etários conformam-se ao padrão geral detectado.

16

Um segundo aspecto importante ligado ao modo de ir aos concertos tem a ver com o ingresso.

Na amostra ponderada, o bilhete fazendo parte de uma assinatura teve 39% das respostas, logo

seguido pela compra avulsa de bilhete (38%). De notar o peso de bilhetes oferecidos (11%) e de

convites da Fundação (10%), perfazendo um total de 21%. A série 10+ obteve valores muito

baixos, presumivelmente devido à sua recente implementação (3%).

Quadro 3.3. Tipo de título de ingresso

Faz parte de uma assinatura 39%

É um bilhete avulso que comprou 38%

É um bilhete avulso que lhe foi oferecido 11%

É um convite da Fundação 10%

Pertence à série 10+ 3%

Distinguem-se, assim, três tipos principais de aquisição de bilhetes: por assinatura (público

assíduo), por compra para assistir a um dado espectáculo (público que vai pelo programa) e

bilhetes oferecidos (pela própria instituição ou por entidades que compram bilhetes para clientes

e colaboradores dessas entidades). O forte peso do público assíduo é assim, congruente com os

dados anteriores que apontavam para a grande importância das fontes de informação distribuídas

em circulação reduzida pela própria Fundação. Este dado é confirmado quando se cruzam as

duas variáveis, revelando que as fontes de informação mediáticas ou interpessoais são

tendencialmente mais mencionadas por quem comprou bilhetes avulsos do que pelos detentores

de assinaturas.

17

Quadro 3.4. Tipo de reserva/aquisição do bilhete/assinatura por níveis etários (% dentro dos

escalões etários)

Qual das seguintes hipóteses corresponde ao seu bilhete para o espectáculo

de hoje?

Faz parte

de uma

assinatura

Pertence

à série

10+

É um bilhete

avulso que

comprou

É um bilhete

avulso que lhe

foi oferecido

É um convite

da Fundação Total

Escalões

etários

16-24 anos 13% - 22% 35% 31% 100,0%

25-34 anos 17% 3% 32% 28% 21% 100,0%

35-44 anos 14% 5% 68% 4% 9% 100,0%

45-54 anos 39% 4% 39% 14% 6% 100,0%

55-64 anos 46% 7% 37% 3% 8% 100,0%

65 ou mais

anos 54% 2% 36% 5% 4% 100,0%

A observação do Quadro 3.4 permite-nos extrair várias conclusões adicionais. Por um lado,

constata-se que os grupos etários mais jovens — como já sabemos, pouco representados no

conjunto de espectadores da Gulbenkian — são também, em grande número (e maioritariamente

entre o grupo 16-24 anos), não compradores de bilhete, ou seja, assistem ao espectáculo

beneficiando de bilhetes oferecidos ou convites da Fundação. Por outro lado, o grupo entre os 35

e os 44 anos é maioritariamente composto por espectadores não habituais, que compram bilhetes

avulso. Finalmente, o grupo acima dos 55 anos (o mais numeroso entre os públicos da

Gulbenkian) é dominado por detentores de assinaturas anuais.

Entre os que adquiriram o seu título de ingresso, a forma mais frequente de reserva na nossa

amostra ponderada é o recurso à correspondência (carta ou e-mail), seguida da aquisição na

bilheteira e, a curta distância, a aquisição online, no site do Serviço de Música. Também

previsivelmente, a aquisição na bilheteira predomina entre os que compraram bilhetes avulso, em

contraste com as assinaturas (cuja reserva é feita predominantemente por correspondência). De

destacar ainda a reserva através do sítio da internet da Gulbenkian, o que ilustra uma boa

recepção ao mais moderno sistema de comunicação, por oposição ao telefone, o qual ocupa a

posição mais modesta em termos de pedidos de reserva de bilhetes. Podemos analisar de outro

ângulo e ponderar o uso da reserva de bilhetes no local (28%) em face de 72% dos inquiridos que

usaram os meios à distância, o que corresponde a uma prática estimulada na Gulbenkian (e

noutras instituições, que aceitam marcação prévia e levantamento dos bilhetes alguns minutos

antes do concerto começar).

18

Quadro 3.5. Tipo de reserva/aquisição do bilhete/assinatura

Por correspondência (carta ou e-mail) 38%

Na bilheteira 28%

Online, no site do Serviço de Música 21%

Pelo telefone 13%

Finalmente, procurou-se também obter informação sobre os modos de frequentação dos

espectáculos do Serviço de Música da FCG, em particular, sobre a maneira como os espectadores

se deslocam aos concertos e em que companhia. Quando questionados sobre os meios de

deslocação usados para ir ao concerto, nada menos que 70% indicam o carro particular, de longe

a opção mais mencionada. Tendo em conta que a pergunta era de resposta múltipla, dado ser

possível usar vários meios de transporte para ir aos concertos, vale a pena apurar a percentagem

daqueles que apontaram exclusivamente o automóvel como meio de deslocação: 69%, ou seja,

quase todos os que usaram o seu carro particular usaram-no como único meio de transporte. A

enorme distância aparecem os transportes públicos, mencionados apenas por 19% Não há

diferenças significativas entre os tipos de concertos ou mesmo a sua localização (Fundação vs.

Coliseu dos Recreios), sendo que o único factor que parece exercer alguma distinção é o horário

dos concertos (com o domínio do automóvel a ser ainda mais avassalador nos concertos de

horário nocturno).

Quadro 3.6. Meio de deslocação aos concertos

Carro particular 70%

(Exclusivamente em carro particular 69%)

Transporte público 19%

A pé 6%

Táxi 5%

A utilização exclusiva do carro particular como meio de deslocação nem sequer é

particularmente sensível à área geográfica de residência do espectador. Apesar de os residentes

na Grande Lisboa a Norte do Tejo serem mais propensos a utilizar exclusivamente o automóvel

(87% do total), os residentes na cidade de Lisboa estão logo a seguir (65%), acima dos residentes

fora da Grande Lisboa (59%) e na Grande Lisboa a Sul do Tejo (54%).

19

Finalmente, procurou-se determinar em que medida a frequência dos concertos é uma actividade

individual ou de grupo. 22% dos inquiridos declararam ter ido sozinhos ao concerto,

percentagem consideravelmente superior à detectada em estudos congéneres (cf. Santos et al.,

2002, p. 128), mas que converge com esses estudos noutro aspecto: a ida aos concertos sozinho é

um fenómeno mais predominante entre homens (25%) do que entre mulheres (17%).

Quadro 3.7. Dimensão dos grupos

Uma pessoa 22%

Duas 68%

Três a cinco 24%

Mais de cinco 8%

A dimensão dos grupos de acompanhamento revela um outro fenómeno interessante, comum a

estudos congéneres sobre espectáculos: como se verifica no quadro 3.7, dois em cada três

espectadores assistem aos espectáculos em grupos de dimensão mínima, duas pessoas. Isso não

implica, contudo, que estes grupos sejam invariavelmente compostos por casais. Tal como se

verifica no quadro 3.8, as opções “cônjuge/parceiro” ou “namorado(a)” é mencionada por

“apenas” 43% dos inquiridos. Seja como for, a opção “cônjuge/parceiro” é, de facto, a mais

mencionada, e apenas nos ciclos de Canto e de Música de Câmara é que a maioria de

acompanhamento com “cônjuge/parceiro” é ultrapassada por outros grupos (“sozinho” ou com

“amigos”). Quanto ao acompanhamento de amigos, existe um valor bem distribuído pelo

conjunto de concertos. A ida aos concertos com “namorados”, “filhos” é mais rara, o que resulta

espectadores de níveis etários mais elevados.

Quadro 3.8. Composição dos grupos

Sozinho 22%

Cônjuge/parceiro 40%

Amigos 31%

Outros familiares 7%

Pais 4%

Filhos 4%

Namorado(a) 3%

Outra 1%

Observação: como as respostas são múltiplas, o somatório ultrapassa 100%

20

Síntese do capítulo

Do ponto de vista dos modos de ir aos concertos, os espectadores do Serviço de Música da

Gulbenkian recolhem a sua informação, em grande medida, de fontes produzidas pela própria

Fundação e de circulação mais restrita a pessoas com ela ligada ou frequentadores habituais. Os

meios de comunicação social e as fontes interpessoais jogam um papel comparativamente menos

relevante, com a excepção do público mais jovem. Confirmando esta ideia de um público

consolidado e habitual, cerca de 40% dos frequentadores afirmam-se detentores de uma

assinatura, ao passo que os bilhetes avulsos e (especialmente) os convites/ofertas são os modos

de ingresso preferenciais das camadas mais jovens (e de menor peso no público global) dos

espectadores. O uso dos meios à distância para reserva de bilhete/assinatura é predominante,

havendo uma percentagem considerável de inquiridos (cerca de um em cada cinco) que afirma

recorrer ao próprio site do Serviço de Música para esse efeito. Finalmente, o automóvel é o meio

preferencial de transporte utilizado para a deslocação a Fundação, sendo que, apesar de uma

percentagem considerável de inquiridos (mais de 20%) declarar deslocar-se sozinho ao concerto,

o grupo-tipo é composto por duas pessoas.

21

IV. Motivações e Atitudes

Uma parte do inquérito aplicado aos espectadores dos concertos da Gulbenkian visava obter

informação sobre aspectos subjectivos ligados quer às motivações fundamentais para assistir aos

concertos quer em relação à avaliação feita das iniciativas de Fundação em geral e dos concertos

do Serviço de Música em particular.

Uma questão de resposta múltipla pedia aos espectadores que seleccionassem os dois factores,

entre uma lista pré-definida, que mais influenciam a sua decisão de assistirem a um concerto. A

distribuição das respostas é apresentada no quadro 4.1: o programa e os intérpretes são, de longe,

os factores mais mencionados, cada um deles por cerca de quatro em cada cinco espectadores,

sendo que a menção simultânea de “programa” e “intérpretes” como os dois factores mais

influentes foi feita por 64% dos inquiridos.

Quadro 4.1. Factores que influenciam decisão de assistir a um concerto

Programa 84%

Intérpretes 80%

Instituição organizadora 11%

Local do concerto 8%

Conselhos de familiares, amigos ou colegas 4%

Preço dos bilhetes 3%

Sugestões dos media 2%

Observação: como as respostas são múltiplas, o somatório ultrapassa 100%

No que respeita ao cruzamento entre os factores mais mencionados e algumas características do

público, dois pormenores curiosos emergem. Por um lado, importa notar a menor importância

relativa dada ao programa ou ao local do concerto pelos inquiridos mais jovens, que por sua vez

tendem a assinalar com mais frequência as sugestões dos meios de comunicação social e o

conselho de familiares, amigos ou colegas. Por outro lado, este último factor tende também a ser

assinalado com mais frequência por indivíduos com menores níveis de rendimento.1 Note-se

ainda que, para os detentores de assinatura, o local do concerto é indicado como factor relevante

acima da média.

1 Estes resultados foram obtidos através de análise de regressão logística, que testaram o efeito de várias variáveis

sócio-demográficas na probabilidade de mencionar cada um dos factores de motivação.

22

O indicador utilizado para medir genericamente a satisfação dos espectadores foi a sua avaliação

da relação qualidade/preço. Por outras palavras, aos espectadores que pagaram pelo seu título de

ingresso, foi-lhes perguntado se, tendo em conta o espectáculo, o preço pago pelo bilhete tinha

sido mais alto do que via, o preço certo, ou mais baixo do que devia ser. As respostas a esta

questão são apresentadas no quadro 4.2.

Quadro 4.2. Preço do bilhete

Mais alto do que devia ser 21%

O preço certo 75%

Mais baixo do que devia ser 5%

Assim, três em cada quatro espectadores entendem que a relação qualidade/preço é a adequada,

havendo inclusivamente 5% que se predisporia a pagar um bilhete mais caro. Curiosamente,

quando analisamos os determinantes sócio-demográficos das opiniões sobre a relação

qualidade/preço (testando o efeito dessas variáveis na probabilidade de achar o preço “certo” ou

“mais baixo do que devia ser”), verifica-se que o rendimento do inquirido não exerce qualquer

efeito. Pelo contrário, apenas o sexo e a idade parecem influenciar essa atitude: ao passo que as

mulheres tendem a fazer uma avaliação da relação qualidade/preço menos positiva, quanto mais

velhos os inquiridos, melhor essa avaliação, independentemente de factores como os níveis de

rendimento ou de instrução.

Finalmente, pediu-se aos inquiridos que fizessem uma avaliação global das iniciativas da

Fundação Calouste Gulbenkian, numa formulação semelhante à utilizada no inquérito nacional.

Estamos a lidar com um público cujo contacto com as actividades da FCG é muito mais próximo

do que o da generalidade da população nacional, o que poderia, à partida, potenciar uma melhor

avaliação, especialmente tendo em conta que a Fundação fornece serviços que vão de encontro

aos interesses desta população. Contudo, poderia também suceder que essa avaliação fosse

menos favorável, tendo em conta a maior exigência e especialização deste público. Na verdade, é

a primeira hipótese que se confirma: 97% dos espectadores do Serviço de Música fazem uma

avaliação “muito positiva” (63%) ou “positiva” (34%) das actividades da Fundação, valores que,

somados, estão acima dos já altos índices de aprovação encontrados para a população nacional

em geral.

23

Quadro 4.3. Avaliação das iniciativas da Fundação Gulbenkian

Avaliação Público de Música Inquérito Nacional

Muito positiva 63% 19%

Positiva 34% 44%

Nem positiva nem negativa 2% 7%

Negativa 0% 1%

Muito negativa 0% 0%

Síntese do capítulo

Este capítulo, fornece indicações acerca das motivações e da satisfação dos espectadores da

Gulbenkian. Dado tratar-se de um público assíduo e que se desloca voluntariamente para os

espectáculos, muitos mantendo assinaturas anuais, seria de esperar respostas positivas. Por outro

lado, poderia ocorrer também que esta especialização resultasse em acrescida exigência,

favorecendo a expressão de insatisfações localizadas. Contudo, o resultado final é francamente

positivo. Contudo, a grande maioria dos espectadores faz uma avaliação positiva da relação

qualidade/preço dos espectáculos do Serviço de Música e das iniciativas gerais da Fundação.

Trata-se também de um público que se diz fundamentalmente motivado por factores específicos

a cada concerto e ao seu conhecimento musical — o programa e os intérpretes— desvalorizando

relativamente outros factores extrínsecos ao conteúdo propriamente dito dos espectáculos.

24

V. Consumos culturais

Um indicador de capital cultural é o da persistência de hábitos de consumo de cultura. Este

consumo pode ser analisado enquanto acto social e acontecimento cultural, como escreveram

Sintas e Alvarez (2002, p. 11), possibilitando a compreensão de estilos de vida ou padrões de

consumo. Por isso, o inquérito procurou saber, junto dos públicos de música da Gulbenkian,

quais os consumos no ano transacto quanto a espectáculos de música erudita e, depois, em

termos de outros espectáculos, como ópera, bailado, concertos de jazz e música popular. Fixemo-

nos, primeiro, na frequência de concertos de música erudita, assunto que interessa sobremaneira,

dado estarmos a caracterizar públicos que cultivam concertos desse tipo de música.

Quadro 5.1. Frequência no último ano

No último ano assistiu a um

Concerto de música orquestral/sinfónica 91%

Recital de piano 76%

Concerto de música de câmara 66%

Recital de canto 55%

Concerto de música antiga 51%

Concerto de música contemporânea 43%

Observação: como as respostas são múltiplas, o somatório ultrapassa 100%

Sem surpresas, tendo em conta todos os elementos apresentados até ao momento, os

espectadores do Serviço de Música da Gulbenkian não são presença meramente episódica em

concertos de música erudita. Na verdade, apenas 4% dos espectadores inquiridos na nossa

amostra afirmaram não ter assistido a nenhum destes tipos de concerto no ano anterior,

percentagem quase igual à verificada, entre a população portuguesa, para aqueles que afirmam

ter assistido a um concerto de música erudita/clássica no ano anterior.2 Por exemplo, mais de

um em cada três inquiridos tinha assistido, pelo menos uma vez no ano passado, a um concerto

de música orquestral/sinfónica, a um recital de piano ou a um concerto de música de câmara. E

apesar de nenhum dos concertos durante os quais foram recolhidos inquéritos ser de música

2 Inquérito à Ocupação do Tempo, 1999, Lisboa, Instituto Nacional de Estatística.

25

erudita contemporânea, mesmo assim 44% dos inquiridos afirmaram ter assistido a um concerto

desse tipo de música.

Mais do que isso, os públicos de música da Gulbenkian parecem, dentro dos limites da música

erudita, substancialmente ecléticos. O quadro 5.2 mostra a distribuição dos públicos de acordo

com o número de diferentes tipos de concerto/recital a que assistiram pelo menos uma vez

durante o último ano, dentro da lista descrita no quadro 5.1. Os valores desse índice variam entre

zero (não assistiu a nenhum desses tipos de concerto durante o último ano) até seis (assistiu pelo

menos uma vez a cada um dos diferentes tipos de concerto durante o último ano). Como se vê no

quadro 5.1, mais de metade dos inquiridos assistiu, pelo menos uma vez, e durante o último ano,

a pelo menos quatro tipos diferentes de concerto de música erudita.

Quadro 5.2. Índice aditivo de tipos de concerto (tipos de concerto a que assistiu no último ano)

0 4%

1 9%

2 10%

3 15%

4 20%

5 23%

6 18%

De notar, contudo, que quando questionados sobre se foi a própria Fundação que organizou os

concertos a que disseram ter assistido no ano transacto, 52% responderam afirmativamente em

relação à “maior parte” desses concertos, enquanto 30% chegaram mesmo a responder que

“todos” esses concertos tinham sido organizados pelo Serviço de Música da FCG. Assim, este

público assíduo, consolidado e eclético do ponto de vista dos gostos musicais eruditos é também,

contudo, muito circunscrito do ponto de vista dos locais onde consome este tipo de produto

cultural.

Tendo em conta os elevados níveis de instrução dos públicos de música da Gulbenkian, seria de

esperar que os seus consumos culturais para além da música erudita fossem elevados. E assim

acontece. O quadro 5.3 compara a percentagem de inquiridos que afirmou ter desenvolvido as

26

actividades listadas na primeira coluna pelo menos uma vez durante os últimos doze meses com

as mesmas percentagens detectadas num inquérito geral à população de 1999.

Quadro 5.3. Actividades feitas pelo menos uma vez no último ano

Públicos música

Gulbenkian, 16+ anos

População nacional

(1999), 15+ anos

Leu um livro 97% 31%

Visitou museus, exposições 96% 31%

Foi ao cinema 91% 30%

Foi ao teatro 75% 10%

Foi a um espectáculo de bailado 55% 7%

Foi a um concerto música pop 28% 23%

Acresce a isto que 62% dos inquiridos afirmam ter também assistido a uma ópera, 35% a um

espectáculo de jazz e 35% ter assistido a um evento desportivo. Ressaltam assim, desta

comparação, duas conclusões gerais. Primeiro, a de que estamos perante um público

particularmente activo do ponto de vista dos consumos culturais em comparação com a média

nacional. Por outro lado, a de que esse público não deixa de fazer distinção entre, por um lado, a

cultura “popular” (eventos desportivos, música pop), de que está maioritariamente afastado, e

uma cultura “erudita” (museus, exposições, ópera, música erudita, teatro), onde participa

activamente. Não deixa de ser curioso verificar, contudo, que mesmo nalgumas práticas da

cultura dita de “massas” (leitura, cinema), o público da Gulbenkian exibir uma participação mais

intensa do que a população em geral, algo que provavelmente nos diz menos sobre esse público

do que sobre as práticas culturais entre população portuguesa. Como mostra o quadro 5.4, esses

consumos de “massas” são particularmente intensos entre o grupo dos mais jovens entre o

público da Gulbenkian.

27

Quadro 5.4. Frequência de outros espectáculos no último ano para além da música erudita por

escalões etários (% dentro dos escalões etários)

No último ano assistiu a espectáculo ou visitou ou leu

Jazz Pop Bailado

Teatro

Ópera Evento

desportivo

Museu ou

galeria de

arte

Livro Cinema

Escalões

etários

16-24

anos 59 62 27 71 35 57 95 95 98

25-34

anos 53 58 47 77 46 36 100 96 97

35-44

anos 53 53 67 71 68 35 88 97 95

45-54

anos 41 25 61 72 62 28 99 100 94

55-64

anos 23 19 63 83 71 35 97 99 92

65 +

anos 23 11 53 73 65 31 96 97 83

Apesar dos consumos culturais dominantes serem muito idênticos em todas as idades, convém

fazer uma análise mais fina. Assim, enquanto o grupo etário mais jovem consome cinema acima

de outras práticas culturais, o grupo 25-34 anos visita museus, lê livros e vê cinema com a

mesma amplitude, no que se encara como maior homogeneidade. Constituem um público

eclético e quase omnívoro (frequentador regular de uma multiplicidade de práticas culturais). Já

o público de 35-44 anos consome mais livros e têm um igual comportamento em termos de

consumos de bailado e ópera (práticas que evoluem em termos de consumo consoante a idade

dos espectadores aumenta). Leitura de livros e visitas a museus representam as maiores práticas

culturais dos grupos etários mais velhos.

Já em termos de menores consumos culturais, verifica-se uma homogeneidade a partir do nível

35-44 anos para cima: o espectáculo de música pop é o menos frequentado, seguindo-se o

espectáculo de jazz (apesar deste tipo de música ser cada vez mais consumido pelas elites

culturais, pelo menos na Europa) e o evento desportivo (na faixa dos 45-54 há uma inversão

entre a frequência do evento desportivo, que surge em segundo lugar de menores idas, e o

espectáculo de jazz, em terceiro lugar). Na faixa mais jovem, existe um equilíbrio entre

frequência de espectáculos de jazz e pop, conquanto os menores consumos se situem na idade a

espectáculos de bailado, ópera e eventos desportivos por esta ordem do menor para um maior

consumo. Os níveis de 55-64 e 65 ou mais anos destacam-se em termos de consumos culturais de

28

museus, leitura de livros e cinema mas aproximam-se dos outros escalões etários quanto a

frequência de eventos desportivos e espectáculos de música pop.

Encontra-se, assim, uma tipologia constituída por três elementos: 1) práticas mais juvenis

(concertos de jazz e pop, idas ao cinema e eventos desportivos), 2) práticas mais velhas

(espectáculos de ópera e bailado), e 3) práticas transversais em termos de níveis etários (leitura,

idas a museus e teatro). Assim apesar de tudo, o público de música da Gulbenkian tem muito

concretizadas as práticas de saída (ao invés de outros estudos, como o de Santos et al., 2002, para

quem as populações mais velhas constituem o que chamaram de públicos recatados,

caracterizadas por poucas saídas a espectáculos e muito consumo doméstico, nomeadamente

televisão), o que ilumina outra das diferenças dos públicos da Gulbenkian face a públicos de

outras instituições e outras práticas culturais.

Síntese do capítulo

Como principais elementos saídos do capítulo, destacam-se os consumos culturais elevados dos

públicos de música da Gulbenkian. Para além de frequentarem os concertos realizados por esta

instituição, os seus públicos são também consumidores de produtos como livros e visita de

museus e galerias, e assistem com regularidade a eventos como cinema, teatro e, a mais

distância, ópera e bailado, podendo configurar um público altamente eclético. A esse ecletismo

genérico adiciona-se um ecletismo mais específico, aplicado a diferentes tipos de concerto de

música erudita. Mais de metade dos inquiridos afirmam ter assistido, no ano passado, a quatro ou

mais diferentes tipos de concertos. Contudo, a grande maioria dos espectadores da Gulbenkian

afirmam, neste domínio, que a própria Fundação é a organizadora da maioria ou totalidade dos

concertos a que assistiram no ano transacto. Se bem que isto pode ser, em grande medida, uma

consequência da estrutura da própria oferta deste tipo de eventos em Portugal em geral e na

cidade de Lisboa em particular, o fenómeno sinaliza também um fenómeno de dependência

mútua entre os públicos da FCG e a própria Fundação: ao passo que os primeiros parecem

depender quase exclusivamente da Fundação para a realização dos seus consumos de

espectáculos musicais eruditos, a segunda também depende deste conjunto regular, bem definido

e circunscrito de consumidores habituais.

29

VI. Conclusão

Para caracterizar os perfis dos espectadores de música da Gulbenkian foi feito um inquérito de

23 questões, realizado em Outubro de 2005 em seis concertos, obtendo-se 664 respostas válidas.

Os resultados surgem agrupados em cinco capítulos. Para além da metodologia, o trabalho traça

o perfil sociográfico dos públicos (capítulo II), as condições de ida aos espectáculos e fontes de

informação (capítulo III), as atitudes dos públicos face à Fundação e ao Serviço de Música

(capítulo IV) e as práticas e consumos culturais (capítulo V).

Tiram-se as seguintes conclusões principais: o público de música da Gulbenkian tem elevadas

qualificações literárias (73% apresenta nível de licenciatura ou pós-graduação) e níveis de

rendimento (53% possui mais de 2500 euros de rendimento mensal líquido do agregado

familiar). Com nível etário médio superior a 50 anos, o espectador dos concertos vive

preferencialmente em Lisboa (65%) e nos concelhos a norte do Tejo da Grande Lisboa (23%).

O inquérito apurou também os modos de frequentação dos concertos, sendo o carro particular o

meio de transporte mais usado para chegar ao local do espectáculo (70%), não havendo

influência nesse hábito a área de habitação do espectador. Por outro lado, procurou-se saber se a

frequência tende a ser individual ou em grupo, concluindo-se que o acompanhamento mais

regular é o do inquirido mais outra pessoa (68%), muito acima do modo de ir sozinho ao

concerto (22%).

A informação recolhida sobre a programação dos concertos de música advém fundamentalmente

das fontes produzidas pela Fundação (84%), como o site e os programas, com peso irrelevante de

outras fontes, caso das interpessoais. Já quanto ao ingresso, o bilhete como parte de assinatura

tem um número de respostas mais elevado (39%), seguido pela compra avulsa de bilhetes (38%).

De destacar que os grupos etários mais jovens (em especial o de 16-24 anos) beneficiam de

bilhetes oferecidos ou convites da Gulbenkian, o que pode contribuir para a criação e fixação de

novos públicos.

Sobre as motivações que levam os espectadores à Gulbenkian, as respostas incidiram

basicamente sobre o programa e intérpretes, recolhendo ambos os factores respostas acima de

80%. Além disso, uma maioria (75%) entende que paga um valor justo por cada espectáculo. No

global, os inquiridos fazem uma avaliação bastante positiva da oferta musical da Gulbenkian, o

que seria de esperar, aliás, dado ser um público aficionado e assíduo.

30

Pelo inquérito, procurou-se também saber os consumos culturais no ano interior, para adquirir

uma visão de continuidade dessas práticas. Apenas 4% dos espectadores não havia assistido a um

concerto no ano anterior. As respostas traçaram um perfil eclético dentro da oferta da Fundação

(mais de metade dos inquiridos assistiu, no ano anterior e pelo menos uma vez, a mais de quatro

tipos diferentes de música erudita).

De outras práticas culturais realizadas no ano anterior ao inquérito, ler, visitar museus e

exposições e ver cinema são consumos muito mais elevados nos públicos da Gulbenkian quando

em comparação com a média da população nacional. Visto a nível dos escalões etários dos

públicos aqui em estudo, ventilam-se algumas distinções nesses consumos, levando à concepção

de uma tipologia constituída por práticas mais juvenis, práticas de grupos mais velhos e práticas

culturais que agradam a grande parte dos grupos etários (transversalidade de gostos).

Recapitulando as conclusões, evidencia-se um público de elevadas qualificações académicas e

económicas, com indivíduos desempenhando profissões a tempo inteiro ou tendo alcançado o

estatuto de reformado, residente em Lisboa e portador de assinatura anual. A essa assiduidade

junta-se um forte ecletismo em consumos culturais dos vários tipos de música erudita e noutras

práticas culturais de saída (museus, cinema, teatro), com grande sociabilidade (68% dos

respondentes iam aos concertos acompanhados com uma pessoa, 24% com duas ou mais

pessoas) e consumos domésticos (livros de livros) também elevada. A ida aos concertos não é

casual mas decidida por factores objectivos como programa e intérpretes. E a informação que

leva à escolha dos programas e dos intérpretes é obtida substancialmente junto de canais

produzidas pela Fundação (84%), a que se seguiram os media (30%). Caracteriza-se, assim, um

público fiel, cultivado e de elevadas práticas culturais de saída.

31

Bibliografia

Gomes, Rui Telmo (2004). “A distinção banalizada? Perfis sociais dos públicos da cultura”. In

Rui Telmo Gomes (coord.) Públicos de cultura. Lisboa: Observatório de Actividades Culturais.

Neves, José Soares (2001). “Práticas culturais dos portugueses (2): espectáculos ao vivo”, Folha

OBS nº 3, Junho.

Santos, Maria Lurdes Lima, et al. (2002). Públicos do Porto 2001. Lisboa: Observatório de

Actividades Culturais.

Sintas, Jordi López, e Ercília García Álvarez (2002). El consumo de las artes escénicas y

musicadas en España. Madrid: Fundación Autor

32

Anexo A: questionário utilizado

Fundação Calouste Gulbenkian

Inquérito ao público do Serviço de Música

Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica Portuguesa

Data____/____/2005 Hora do início ___:____ Hora do fim ___:____

Entrevistador:__________________________ _____

Boa tarde [Boa noite] Chamo-me _______ e estou a colaborar com o Centro de Estudos e Sondagens da Universidade Católica num inquérito para a Fundação Calouste Gulbenkian. A Fundação faz 50 anos em 2006 e está a fazer um estudo sobre os públicos das suas actividades. Peço-lhe o favor de me responder a algumas perguntas sobre este assunto. As suas respostas são confidenciais e serão utilizadas apenas para fins estatísticos.

[CONFIRMAR QUE TEM PELO MENOS 16 ANOS E QUE É RESIDENTE EM PORTUGAL]

P1. Registar sexo

Masculino

Feminino

P2. Registar concerto

3 de Outubro de 2005 (Ciclo de Música Antiga)

7 de Outubro (Orquestra Gulbenkian)

11 de Outubro (Ciclo de Canto)

16 de Outubro (Grandes Orquestras Mundiais, Coliseu)

18 de Outubro (Ciclo de Música de Câmara)

20 de Outubro (Orquestra Gulbenkian)

P3. Pode-me dizer a sua idade?

anos

Não responde

P4. Com quem veio hoje assistir ao concerto? [ASSINALE TODAS AS RELEVANTES]

Veio sozinho Passa para a P6.

Com cônjuge/parceiro(a)

Com namorado

Com os filhos

Com os pais

Com outros familiares

Com amigos

Outra

Não responde Passa para a P6.

33

P5. Contando consigo, quantos elementos integram o grupo de pessoas com quem veio assistir ao

concerto?

Dois

Três a cinco

Mais de cinco

Não responde

P6. Como se deslocou até aqui? [MÚLTIPLA]

A pé

Carro particular

Táxi

Transporte público

Transporte de excursão

Transporte escolar

Outro

Não responde

P7. Gostaria agora de lhe perguntar se assistiu a alguns tipos de concertos no último ano. No último ano,

assistiu a…

Sim

Não

Não s

abe

Não

responde

Um concerto de música de câmara

Um recital de canto

Um recital de piano

Um concerto de música contemporânea

Um concerto de música orquestral/sinfónica

Um concerto de Música Antiga

P8. [SE RESPONDEU NÃO A TODOS, PASSAR À P10] Aproximadamente, no último ano, quantos destes

concertos a que assistiu foram organizados pela Fundação Gulbenkian: diria que foram todos, a maior

parte deles, menos de metade, ou nenhum?

Todos

A maior parte

Menos de metade

Nenhum

Não sabe

Não responde

P9. Em geral, desta lista, quais são os dois factores que mais determinam a sua decisão de assistir a um

concerto? [MÚLTIPLA ATÉ DOIS; MOSTRAR CARTÃO]

O programa

Os intérpretes

O local onde o concerto tem lugar

A instituição que o organiza

O preço dos bilhetes

O conselho de familiares, amigos ou colegas

Sugestões nos meios de comunicação social

Não sabe

Não responde

34

P10. Qual das seguintes hipóteses corresponde ao seu bilhete para o espectáculo de hoje [LER]:

Faz parte de uma assinatura

Pertence à série 10+

É um bilhete avulso que comprou

É um bilhete avulso que lhe foi oferecido Passa à P13

É um convite da Fundação Passa à P13

Não responde Passa à P13

P11. Como fez a reserva da assinatura/bilhete?

Por correspondência (carta ou e-mail)

Pelo telefone

Online, no site do Serviço de Música

Na bilheteira

Não sabe

Não responde

P12. Tendo em conta este espectáculo, acha que o preço que pagou pelo bilhete foi mais alto do que devia

ser, foi o preço certo, ou foi mais baixo do que devia ser?

Mais elevado do que devia ser

O preço certo

Mais baixo do que devia ser

Não sabe

Não responde

P13. De que forma costuma informar-se sobre as actividades do Serviço de Música da Fundação

Gulbenkian? (ASSINALE TODAS AS RELEVANTES; MOSTRAR CARTÃO)

Família ou amigos

Professores

Jornais

Rádio

Televisão

Site do Serviço de Música

Outros sites da Internet

Newsletter da Fundação

Outros folhetos/programas

Anúncios ou cartazes

Outra. Qual?

Nenhuma

Não sabe

Não responde

P14. Em geral, qual é a avaliação que faz das actividades e iniciativas da Fundação Gulbenkian: muito

positiva, positiva, nem positiva nem negativa, negativa ou muito negativa?

Muito positiva

Positiva

Nem positiva nem negativa

Negativa

Muito negativa

Não sabe

Não responde

35

P15. Gostaria agora de lhe fazer algumas perguntas sobre a forma como passa os seus tempos livres.

Para cada uma das actividades que lhe vou mencionar, gostaria que me dissesse se a fez alguma vez

durante o último ano?

Sim

Não

Não s

abe

Não

responde

Assistiu a um espectáculo de jazz?

Assistiu a um espectáculo de música pop (rock, rap, blues, soul, etc)?

Assistiu a um espectáculo de bailado?

Foi a uma peça de teatro?

Assistiu a uma ópera?

Assistiu a um evento desportivo?

Visitou um museu ou galeria de arte?

Leu um livro, sem contar com livros escolares ou de trabalho?

Foi ao cinema?

P16. Para terminar, queria fazer-lhe algumas perguntas sobre si. Pode dizer-me qual é o seu grau de

instrução?

Menos do que a 4ª classe

4ª classe antiga, 6ª classe ou ciclo preparatório recentes

5º ano antigo ou 9º ano unificado, 10º ano, 11º ano

7º ano antigo, ano propedêutico, 12º ano recente ou curso médio

Frequência da universidade ou bacharelato

Licenciatura, mestrado ou doutoramento

Não responde

P17. Pense por favor na pessoa da sua família que foi mais responsável pela sua educação. Qual foi o

grau de instrução mais elevado que ela atingiu?

Menos do que a 4ª classe

4ª classe antiga, 6ª classe ou ciclo preparatório recentes

5º ano antigo ou 9º ano unificado, 10º ano, 11º ano

7º ano antigo, ano propedêutico, 12º ano recente ou curso médio

Frequência da universidade ou bacharelato

Licenciatura, mestrado ou doutoramento

Não sabe

Não responde

P18. Qual é a sua situação actual face ao trabalho? É ou está…(LER OPÇÕES)

Desempregado

Estudante

Doméstico(a)

Reformado

Empregado a tempo inteiro

Empregado a tempo parcial

Outra situação

Não responde

36

P19. Contando consigo, quantas pessoas vivem na sua casa?

pessoas

Não responde

P20. Vive com um cônjuge ou parceiro?

Sim

Não

Não responde

P21. Tem filhos a viverem consigo?

Sim

Não

Não responde

P22. Dos seguintes escalões, qual corresponde melhor ao rendimento do seu agregado familiar (médio,

mensal, líquido, em euros)?

Menos de 300 euros

Entre 300 e 750 euros

Entre 750 e 1500 euros

Entre 1500 e 2500 euros

Mais de 2500 euros

Não sabe

Não responde

P23. Pode dizer-me o código postal da sua residência?

Não sabe

Não responde