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BISUS BOLETIM DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE O Objetivo deste Boletim é promover o interesse dos alunos da PUCSP em colaborar com pesquisas sobre o tema de Inovação e Sustentabilidade como uma forma de contribuir com uma cultura de Desenvolvimento Sustentável na Universidade. BISUS 2s v3 2012 AGRONEGÓCIOS E SEU DESENVOLVIMENTO NO BRASIL: UM ESTUDO SOBRE A ALIMENTAÇÃO Natália Silva Martins ECONOMIA SOCIAL: FERRAMENTAS COLABORATIVAS COMO CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO SOCIAL Maikol Nascimento Pinto MARKETING DIGITAL Geraldo Ribeiro de Souza Neto O ABISMO DA MULHER NAS ORGANIZAÇÕES E NA SOCIEDADE Natália Maria Komatsu Dian PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS Julianne Calisto de Azevedo RESILIÊNCIA, ESTRESSE E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Gabriela Beatriz Toledo SUSTENTABILIDADE Fernanda El Hadi de Almeida

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BISUS

BOLETIM DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O Objetivo deste Boletim é promover o interesse dos

alunos da PUCSP em colaborar com pesquisas sobre o

tema de Inovação e Sustentabilidade como uma forma de

contribuir com uma cultura de Desenvolvimento

Sustentável na Universidade.

BISUS 2s v3 2012

AGRONEGÓCIOS E SEU DESENVOLVIMENTO NO BRASIL: UM ESTUDO SOBRE A ALIMENTAÇÃO Natália Silva Martins ECONOMIA SOCIAL: FERRAMENTAS COLABORATIVAS COMO CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO SOCIAL Maikol Nascimento Pinto MARKETING DIGITAL Geraldo Ribeiro de Souza Neto O ABISMO DA MULHER NAS ORGANIZAÇÕES E NA SOCIEDADE Natália Maria Komatsu Dian PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS Julianne Calisto de Azevedo RESILIÊNCIA, ESTRESSE E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Gabriela Beatriz Toledo SUSTENTABILIDADE Fernanda El Hadi de Almeida

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

ECONOMIA SOCIAL: FERRAMENTAS COLABORATIVAS COMO

CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO SOCIAL

Aluno: Maikol Nascimento Pinto

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2

CAPÍTULO I – ECONOMIA SOCIAL .................................................................. 3

1.1. REDES SOCIAIS ........................................................................... 4

1.2. PIONEIRISMO BRASILEIRO ......................................................... 4

1.3. ECONOMIA ASSOCIATIVA .......................................................... 5

1.4. ECONOMIA CRIATIVA .................................................................. 6

CAPÍTULO II – CAPITAL SOCIAL ...................................................................... 8

CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO LOCAL E EMPREENDEDORISMO

SOCIAL ..................................................................................... 10

3.1. A GESTÃO SOCIAL COMO POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O

DESENVOLVIMENTO LOCAL .......................................................... 11

3.2. OS ATORES SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO LOCAL .............. 16

3.3. A SUSTENTABILIDADE NA ECONOMIA SOCIAL ........................... 19

3.4. EMPREENDEDORISO SOCIAL ......................................................... 22

CONCLUSÕES .................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 24

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho, de caráter qualitativo, tem por objetivo geral estudar a

economia social, seus significados conhecidos e as ferramentas colaborativas que

contribuam à gestão social.

Seus objetivos específicos são apresentar o conceito de capital social, enquanto

componente do capital humano que possibilita os indivíduos de uma determinada

localidade confiarem uns no outros e, por intermédio da cooperação, formar novos

grupos e associações produtivas, inseridos na realidade local.

Em seguida, este trabalho apresenta propostas para o desenvolvimento local

organizado, cooperativo, confiante e participativo, contexto no qual os atores sociais

são empoderadas pela constituição de redes de solidariedade, fomentadas pelas

variadas formas de municipalidade e suas relações.

CAPÍTULO I - ECONOMIA SOCIAL

A economia na perspectiva social sugere a cooperação entre os diversos atores

sociais, numa atmosfera de desenvolvimento e interatividade em redes

colaborativas, apesar de não existir no Brasil um consenso das organizações que a

compõem e o papel de cada uma delas.

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Por esse prisma, a economia social se caracteriza cada vez mais como um

microcosmo semiautônomo, no qual se entrelaçam teoria e prática, discurso e ação,

e que vem construindo suas próprias normas, regras e códigos (ANDION, 2006;

SERVA, 2006).

Para Dowbor (2006)1 um circuito que envolve pequenas empresas, iniciativas

sociais, uma imensa área informal, os apoios consistem em alguns cursos de

formação, fragmentos de apoio tecnológico, iniciativas de microcrédito. Segundo ele,

na realidade brasileira, isso não pode ser chamado de política de apoio no sentido

amplo, comparável ao que existe em outros países.

Sugere Dowbor que inúmeras experiências de gestão local, dinamização de

pequenas e médias empresas, expansão econômica familiar, promoção de emprego

através de iniciativas da sociedade civil organizada e de poderes locais continuam

relativamente pouco conhecidas e permanecem frequentemente isoladas, quando

poderiam ter um impacto maior na economia como um todo.

Assim, redes de apoio (nomeadas também de redes sociais), podem ser capazes de

gerar efeitos multiplicadores das iniciativas da área da economia social, como

formas de organização da sinergia entre instituições financeiras de fomento, apoio

tecnológico, formação profissional, setores da academia, organizações da sociedade

civil e outros atores do processo.

1.1. Redes sociais

A compreensão da maneira pela qual as redes sociais são estabelecidas e suas

inter-relações no desenvolvimento econômico e social de comunidades e grupos

sociais mostram como o fenômeno de acesso à informação é importante.

Alicerçados no fato de que a superação da opressão realiza-se através da

constituição de uma nova forma de governo, na qual os cidadãos têm poder efetivo

1 Disponível em http://dowbor.org/2006/09/redes-de-apoio-ao-desenvolvimento-local-uma-estrategia-de-

inclusao-produtiva-doc.html/

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(ARENDT, 2007); e na certeza de que “nunca houve fome coletiva em uma

democracia multipartidária efetiva” (SEN, 2000, p. 208), a “repolitização” global da

gestão social (SANTOS, 1997), baseada numa rede intersetorial capaz de distribuir

recolher participação efetiva da sociedade garantirá um futuro mais qualitativo a

todos e a cada um.

1.2. Pioneirismo brasileiro

A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, realizada entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, na cidade do Rio

de Janeiro, no Brasil, foi um evento que ficou conhecido como ECO-92 ou Rio-92

que buscou fazer um balanço de problemas existentes e progressos realizados.

No evento, foram elaborados documentos importantes que continuam sendo

referencia para as discussões socioambientais. Configurou-se, como um importante

resultado da ECO-92, a Agenda 21: um plano de ações com o intuito de modificar os

padrões de consumo e produção em escala mundial, na tentativa de minimizar

impactos ambientais sem deixar de atender as necessidades básicas da

humanidade2.

A Agenda 21 foi um acordo estabelecido, na época, entre 179 países para a

elaboração de estratégias que objetivassem o desenvolvimento sustentável, ou seja,

a sustentabilidade.

Esse documento está estruturado em quatro seções: “Dimensões sociais e

econômicas”, “Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento”,

“Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais” e “Meios de

implementação”3.

Segundo o IBGE4, a Agenda 21 já foi adotada em diversas cidades por todo o

mundo, inclusive por intermédio de parcerias e de intercâmbio de informações entre

2 Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/rio-mais-

20/agenda/2012/05/30/noticias_internas_agenda,297329/conheca-os-principais-documentos-formulados-durante-a-eco-92.shtml>. 3 Disponível em <http://www.brasilescola.com/geografia/eco-92.htm>.

4 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/ecologia/eco92.html>.

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municipalidades. O IBGE destaca que o compromisso se desenrola no âmbito da

cooperação e do compromisso de governos locais, levando-se em conta,

principalmente, as especificidades e as características particulares de cada

localidade, de cada cidade, para planejar o que deve ser desenvolvimento

sustentável em cada uma delas.

Pode-se perceber que o Brasil foi palco de discussões pioneiras acerca do

desenvolvimento sustentável e, paralelamente, acerca da Economia Social em torno

do desenvolvimento local mundial.

1.3. Economia Associativa

O movimento da “Economia Solidária” vem se reinventando ao longo da história,

num processo inspirado por interesses comuns a todos os indivíduos.

Há duas décadas, no Brasil, a Cáritas, órgão da Igreja Católica, vem fazendo o que

ela denomina de economia popular solidária.

Na Índia e alhures, os discípulos de Prabhat Ranjan Sarkar preferem um termo que

é PROUT (Progressive Utilization Theory ou Teoria da Utilização Progressiva)

(CANDEIAS, 2005; MACDONALD, 2005; NETO, 2005).

O filósofo indiano Prabhat Ranjan Sarkar (1921-1990) propôs um modelo alternativo

socioeconômico que promove o bem estar e desenvolvimento de cada pessoa,

fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Conceitos sociais de Prout, inclui

garantias as necessidades básicas, o direito ao trabalho, a uma economia de três

níveis, incluindo empresas privadas e pequena escala, cooperativas e indústrias.

Prout propõe um modelo holístico que fornece um quadro abrangente para

efetivamente medir e comparar políticas para o bem de todas as pessoas e para o

planeta.

O tema “Um outro mundo é possível!" do Fórum Social Internacional, que começou

no Brasil em 2001 e tem crescido desde então, com milhares de pessoas

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participando de um eventos globais, regionais, nacionais e locais, são capazes de

educar o pessoas democraticamente e refletir na política e na econômica. Nesses

fóruns, é comum afirmar que os brasileiros são contra a economia mundial injusta,

baseada no egoísmo lucro e da ganância, o que exclui a maioria das pessoas se

beneficiem. No entanto, na Teoria da Utilização Progressiva, Prout oferece a

oportunidade de defender que as pessoas podem alcançar seus próprios objetivos.

O mundo que as pessoas querem é um mundo sem guerra, fome e pobreza, e com

paz e justiça. Há um poder tremendo neste sonho compartilhado, e há muitas

pessoas que estão lutando para ajudar a criá-lo.

O processo de resposta a pergunta em relação “Ao mundo que se quer”, é

fundamental para a criação de um futuro melhor. Assim, Prout promove uma

perspectiva ecológica e espiritual, que é universal e com os direitos humanos, a

democracia e a proteção ambiental.

1.4. Economia Criativa

Algumas estratégias de desenvolvimento sustentável para o século XXI estão sendo

criadas e estudadas. Assim, a Economia Criativa é posta a exemplo.

Para Deheinzelin, a Economia Criativa é o acolhimento de “todos os setores que

trabalham com cultura e criatividade como matéria-prima”. Explica que a razão para

o acolhimento é, que a partir da constituição de um setor, é possível formar políticas

públicas e fortalecer o setor em ambientes adequados para o desenvolvimento5.

Destaca que a Economia Criativa possui quatro áreas principais:

núcleo das artes: formado por teatro, música, artes plásticas, artes visuais,

entre outros;

núcleo da indústria de conteúdo: rádio, televisão, jornais, sites, entre outros;

5 Disponível em <http://economiadacultura.blogspot.com.br/2008/01/lala-deheinzelin-fala-sobre-

economia.html>. Acesso em 10 dez. 2012.

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núcleo de serviço criativo: dedicado à publicidade, design, moda, arquitetura,

entre outros;

núcleo de entretenimento, lazer e questões públicas: abrange a cultura

popular, as festas de rua, as festas tradicionais, o artesanato e todas as

manifestações ocorridas em espaços públicos.

Dessa forma, pode-se perceber que a economia criativa oferece oportunidades para

o crescimento de uma localidade, uma cidade, um munícipio ou país por intermédio

da atuação em negócios criativos, trabalhados simultaneamente com o fator

econômico junto à interação social, o que pode gerar, assim, mercado.

A “’culturalização’ dos negócios”, segundo Deheinzelin, é um campo pouco

explorado. Consiste na inovação de produtos e serviços, ampliação de mercados e

fidelização dos clientes, por intermédio da “incorporação de elementos culturais e

criativos ao negócio”6.

Assim, a implementação políticas públicas e sensibilização de autoridades privadas

que fomentem os negócios criativos inovadores são elementos fundamentais para

os processos relativos à condução deste tipo de economia, tal como sua

consolidação.

CAPÍTULO II - CAPITAL SOCIAL

O Capital Social pode ser definido como o resultado da cooperação confiante entre

atores sociais empoderados da capacidade de organização, participação e poder de

ação para o fortalecimento e desenvolvimento local.

6 Disponível em <http://economiadacultura.blogspot.com.br/2008/01/lala-deheinzelin-fala-sobre-

economia.html>. Acesso em 10 dez. 2012.

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Segundo Coleman (1990), o capital social é definido como o componente de capital

humano que possibilita aos membros de determinada sociedade confiarem uns nos

outros e cooperarem na formação de novos grupos e associações e, da mesma

forma que outros tipos de capital, o capital social é produtivo.

Nesse trabalho, o termo “capital social” pode ser visto sob dois prismas: pela

variável de desenvolvimento, tangente as características de uma organização social;

e empreendedor, pois o empoderamento organizado das pessoas em torno de um

objetivo comum pode fortalecer as comunidades e grupos sociais, gerando riqueza.

Tal empoderamento, segundo Costa (2007), pode ser entendido como o

envolvimento das pessoas na gestão política e econômica dos locais, por meio da

descentralização, do repasse de responsabilidades e da democratização do poder.

Costa completa que os indivíduos passam a interagir melhor, por intermédio da

compreensão e assumo de responsabilidades e consequências, o que pode

desencadear um maior poder de decisão na comunidade.

Segundo o SEBRAE7, capital social e a trama de relações que conforma o tecido

social. Quanto mais complexa essa trama, maiores as relações de confiança, esta

baseada nas relações de troca que suportam o mercado.

A Ação Coletiva é uma das variáveis que caracteriza o capital social, uma vez que,

sinteticamente, para Bordieu (1980), refere-se às redes permanentes e próximas de

um grupo que asseguram aos seus integrantes um conjunto de recursos atuais e

potenciais.

Segundo Coleman (1990), o capital social baseia-se nos aspectos da estrutura

social que facilitam certas ações comuns dos atores dentro da estrutura. Já

Fukuyama (1995), diz que o mesmo direciona-se aos recursos morais, confiança e

mecanismos culturais que reforçam os grupos sociais.

7 <http://www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-territorial/o-que-e/desenvolvimento-e-

territorio-2/capital-social>

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Costa (2007) explica que entre os diversos conceitos abordados pelos diferentes

autores, há consenso quanto à sua importância na definição das variáveis, assim

como de alguns aspectos de sua conjuntura, no sentido de desenvolver a

coordenação de atividades, e a cooperação em busca da construção de uma

realidade de projetos de benefícios comuns à sociedade.

Daí é possível perceber que sem capital social não há possibilidade de expansão

econômica, pois as características como confiança, normas e sistemas contribuem

para aumentar a eficiência de uma sociedade.

As transformações dependem das redes existentes entre os indivíduos do grupo e

atores localizados em outros espaços sociais, ou seja, do capital social da

comunidade ( MARTELETO e SILVA, 2004).

É importante ressaltar que se faz necessário conceber instrumentos de medição e

avaliação da intensidade do capital social em uma sociedade, que auxilie na

condução de levantamentos e pesquisas.

Baquero (2007) avaliou a qualidade de serviços públicos (saúde, educação, esporte

e lazer, transporte, segurança pública, saneamento básico, habitação e telefonia) em

três cidades latino-americanas: Porto Alegre, Montevidéu e Santiago do Chile. A

pesquisa revelou que persistem níveis de desigualdades significativas entre grupos

de pessoas de baixo poder aquisitivo em relação aqueles de alto poder de compra,

tangente à qualidade de serviços públicos.

Segundo a CEPAL (2005) tais desigualdades constituem um ciclo vicioso de

pobreza e falta de mobilidade social. Assim, o capital social torna-se um elemento

fundamental para a criação de políticas públicas participativas e mais eficientes.

CAPÍTULO III - DESENVOLVIMENTO LOCAL E EMPREENDEDORISMO SOCIAL

A maximização da capacidade das pessoas em associarem-se em torno de

interesses comuns faz com que as condições de crescimento sejam melhoradas e

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pessoas sejam empoderadas pela constituição da cooperação em redes de

solidariedade e ajuda altruísta.

São exemplos as intervenções e a gestão de OSG em projetos de escala local,

regional e nacional financiados por recursos de fontes nacionais e internacionais. Os

conjuntos integrados de projetos conformam-se em redes socioeconômicas

solidárias; nos chamados arranjos produtivos locais (especial- mente em territórios

de baixa densidade empresarial); em programas de desenvolvimento sustentável,

geração de emprego e renda, de gênero e outros (Fischer, 2004).

No contexto brasileiro, Dowbor (2006) vê um paradoxo de imensos recursos

subutilizados, de necessidades em diversos setores, enquanto milhões de pessoas

ficam sem emprego. Continua mostrando que e preciso encontrar caminhos para

que os desempregados passem a se organizar em frentes de trabalho, construindo

casas, participando de obras de saneamento básico, criando cinturões verdes em

torno às nossas cidades. Completa com a proposição de que o processo permite

melhorar a infraestrutura urbana, gerar renda para os desempregados, e dinamizar a

demanda na base da sociedade, com isto dinamizando os outros setores. Trata-se

de propostas práticas para colocar o “circulo virtuoso” em ação.

Franco (1999) formula o conceito de desenvolvimento local integrado e sustentável

da seguinte forma:

Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável é um novo modo de promover o desenvolvimento que possibilita o surgimento de comunidades mais sustentáveis, capazes de: suprir suas necessidades imediatas; descobrir ou despertar suas vocações locais e desenvolver suas potencialidades específicas; e fomentar o intercâmbio externo aproveitando-se de suas vantagens locais. (FRANCO, 1999, p.176).

A opção de Franco (1999) em falar da participação do poder local entendida por

Prefeitura advém da necessidade que processos integrados de desenvolvimento de

base local se façam presentes, pois, segundo ele, sem ela, dificilmente as políticas

sociais surtirão um efeito emancipador nas populações marginalizadas.

3.1. A gestão social como política pública para o desenvolvimento local

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Segundo Junqueira (2008), a gestão social configura-se como uma importante

questão dentro da economia e sua potencialidade de contribuir crescentemente no

PIB nacional, gerando empregos, qualificando o debate público e incidindo de novas

formas no ciclo das políticas públicas, especialmente as sociais e ambientais.

Ainda segundo Junqueira (2008), quando se fala em gestão social, está se referindo

à gestão de ações sociais públicas, ou seja, da demanda e necessidade dos

cidadãos.

O que se percebe nesta sociedade em transformação, contudo, é o cruzamento de

diversos sistemas de gestão, estimulando o funcionamento da sociedade com base

na articulação de interesses e na busca de uma maior produtividade social e não a

simples execução de tarefas (DOWBOR, 1996).

Tal realidade é discutida por diversos autores, que apresentam os reflexos desta

transformação da sociedade tendo como instrumento a gestão social e as políticas

públicas, particularmente.

(...) a esfera pública é tecida no interior das relações entre sociedade política e sociedade civil, que visa ultrapassar a dicotomia estatal-privado com a instauração de uma nova esfera capaz de introduzir transformações, nos âmbitos estatizados e privados da vida social, resultando daí um novo processo de interlocução pública (RAICHELIS, 2000, p. 74).

Iniciando a discussão, e despontando como autor mais referido no tema políticas

públicas, Santos (1997, p. 270), define de forma clara, a politização: “identificar

relações de poder e imaginar formas práticas de transformá-las em relações de

autoridade partilhada”. Ele ressalta a ideia de partilha, já que as definições de poder

geralmente vêm carregadas da idéia de opressão e exploração, como uma “relação

entre os sujeitos humanos que impõe a vontade de alguns sobre os outros pelo

emprego potencial ou real de violência física ou simbólica”. (CASTELLS, 2000, p.

51).

Surge em outro sentido, a definição de política como liberdade por Arendt (2007)

que retoma a origem grega e o verdadeiro sentido da palavra. E aqui, a autora nos

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diz que "a política baseia-se no fato da pluralidade dos homens", devendo então

assumir seu papel de representar os indivíduos com suas diversas características.

Enquanto representação social, o papel da política é claramente delineado por Spink

(1995, p.8):

Nessa perspectiva as representações são essencialmente dinâmicas; são produtos de determinações tanto históricas como ao aqui e agora em construções que têm uma função de orientação: conhecimentos sociais que situam o indivíduo no mundo e situando-o, definem sua identidade social: o seu modo de ser particular, produto de seu ser social.

Desse modo, pode-se compreender a assertiva de Raichelis acerca da

incompletude do verdadeiro sentido das políticas enquanto servidoras do bem

comum, especialmente no Brasil.

O público (no sentido de estatal) na história brasileira foi marcado (...) pela dominação oligárquica da troca como favor, base de um entranhado clientelismo. Por outro lado, até os dias de hoje, o pacto das oligarquias com as chamadas elites modernas vem assegurando a estabilidade do poder vigente. Numa simbiose típica, persistem relações de troca de favores políticos por benefícios econômicos e de favores econômicos por benefícios políticos. Mesclam-se o velho e o novo, sem rupturas radicais (RAICHELIS, 2004, p.17).

A estreita relação entre a gestão social e as políticas públicas fica nítida quando se

pensa nos direitos inerentes a cada membro que dela faz parte, como se descreve:

“temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o

direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza” (SANTOS,

2003, p.56).

Estes mesmos direitos, abordados diversas vezes em Bobbio (1992, 1997 e 2000),

se caracterizam e definem pela capacidade de normatizar as condições de vida das

pessoas, instituindo e modificando relações de poder e ajudando a compreender as

relações entre indivíduos diferentes que tentam se estabelecer como sujeitos

políticos dentro de uma mesma sociedade.

Desse modo, não há como falar em gestão social sem se referir à gestão de ações

sociais públicas, ou seja, da demanda e direitos dos cidadãos (JUNQUEIRA, 2008).

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Estas relações sociais, cada vez mais têm refletido a necessidade política de uma

construção democrática da responsabilidade governamental, que seja capaz de

estabelecer relações horizontais, onde a própria gestão pública caminhe para a

descentralização, através de decisões mais setorizadas e participadas (DOWBOR,

2000).

Entretanto, Bobbio (2000) afirma que este processo, ao mesmo tempo em que abre

canais de participação e possibilita ganhos à sociedade civil, e ao interesse privado,

aumenta e torna mais complexas as demandas por respostas do Estado.

Esta mesma democracia é abordada, frequentemente, pelo fato de não conseguir

resolver as necessidades estabelecidas pelos contratos sociais e ao mesmo tempo

controlar as exigências do mercado globalizado (SANTOS, 1998), dando origem, na

maioria das vezes à exclusão social.

O princípio da intersetorialidade enquanto articulação de saberes e experiências no

planejamento, realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em

situações complexas visando o desenvolvimento social, superando a exclusão

(JUNQUEIRA, 2008), aparecem então como facilitadores.

Acerca destas relações intersetoriais, e de seus impactos nas políticas, Dagnino

(2002) destaca:

[...] que é uma tarefa que não pode se apoiar num entendimento abstrato dessas categorias como compartimentos separados, mas precisa contemplar aquilo que as articula e as separa, inclusive aquilo que une e opõe as diferentes forças que as integram, os conjuntos de interesses expressos em escolhas políticas (p. 282).

O próprio desenvolvimento tecnológico desponta como um grande motor de

transformação desse processo democrático e de inclusão, potencializando a

comunicação e possibilitando o debate público.

Nesse sentido é que Castells (2000) introduz a discussão da Rede como uma nova

forma de participação dos cidadãos, por proporcionar a interdependência das

estruturas políticas e ao mesmo tempo, permitir a expressão ativa dos indivíduos.

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Assim, é de senso comum que, pensar individualmente hoje, não exime de pensar

também pensar globalmente, pois ainda que se viva de modo fragmentado, pelo fato

de cada lugar e tempo ter suas características próprias, como já destacava Bobbio

(1992, p. 18): “o que parece fundamental numa época histórica e numa determinada

civilização não é fundamental em outras épocas e em outras culturas”, estamos

ligados de alguma maneira. É isso que descreve, em paradoxo, Castells (2000, p.

504):

As funções dominantes são organizadas em redes próprias de um espaço de fluxos que as liga em todo o mundo, ao mesmo tempo em que fragmenta funções subordinadas e pessoas no espaço de lugares múltiplos, feito de locais cada vez mais segregados e desconectados uns dos outros.

E isto inegavelmente influencia o modo de pensar e agir político de uma sociedade.

Igualmente política é reflexão sobre as novas formas de Estado que estão a emergir em resultado da globalização, sobre a nova distribuição política entre práticas nacionais, práticas internacionais e práticas globais, sobre o novo formato das políticas públicas em face da crescente complexidade das questões sociais, ambientais e de redistribuição. (SANTOS, 2002, p.2)

Sendo toda estrutura social, em suas relações, tratada enquanto rede faz-se

necessário compreendê-las como um “sistema de nodos e elos, passando a

representar um conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em

torno de valores e interesses compartilhados.” (MARTELETO, 2004, p. 72)

Junqueira (2000, p. 39) ainda complementa:

[...] nas redes os objetivos definidos coletivamente, articulam pessoas e instituições que se comprometem a superar de maneira integrada os problemas sociais. Essas redes são construídas entre seres sociais autônomos, que compartilham objetivos que orientam sua ação, respeitando a autonomia e as diferenças de cada membro. Daí a importância de que cada organização pública, seja estatal ou privada, desenvolva seu saber para colocá-lo de maneira integrada a serviço do interesse coletivo.

De acordo com Carvalho (1999), há uma clara percepção de que os atores sociais

são corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às necessidades

sociais. Não que o Estado perca a centralidade na gestão do social, ou deixe de ser

o responsável na garantia de oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos; o

que se altera é o modo de processar esta responsabilidade.

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Sawaia (1999) confirma esta certeza, colocando sua visão em torno do pensamento

econômico:

Todos nós estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico. (p. 8)

Entretanto, é que se antes o termo “política” era utilizado para designar eventos de

natureza coletiva, ou para traçar limites entre o individual e o coletivo (BAUMAN,

2000), hoje o hibridismo recorrente entre o público e o privado tem marcado a

sociedade moderna, onde mesmo as atividades executadas privadamente passaram

a ter importância pública (ARENDT, 2007).

Neste sentido, Bauman (2005) recorre inúmeras vezes em seu pensamento, a este

mesmo dito, caracterizando o individualismo moderno em suas dimensões cada vez

maiores.

Na modernidade líquida, não existem mais valores sociais, mas individuais. Aquilo que, na modernidade, era considerado tarefa da coletividade, da sociedade, foi transferida para o indivíduo. De agora em diante, vale somente aquilo que interessa para o indivíduo. Ninguém quer gastar mais o seu tempo para que os valores sociais sejam alcançados e realizados: vale somente o interesse individual. É esta a lógica do mercado que afeta a vida política e as atitudes da vida corriqueira. (p.47)

Por isso, têm ganhado cada vez mais espaço aqueles que enxergam o

desenvolvimento ligado intimamente ao alcance de melhores condições para a

expansão das liberdades individuais, e não como o que se vê muitas vezes em que

no desenvolvimento “se renovam as principais fontes de privações de liberdade:

pobreza e tirania, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência

excessiva de Estados repressivos” (SEN, 2000, p. 18).

Por outro lado, Bobbio (2002) identifica uma recorrente tentativa da sociedade

moderna em reduzir a política à moral e afirma que uma das razões para se

estabelecer a separação entre moral e política está no fato de que a conduta política

é orientada em função de que os fins de proteção do Estado, do patrimônio público

do bem coletivo e outros, é tão superior aos bens dos morais dos indivíduos

isoladamente que a violação de valores morais é justificada em função dos

interesses do Estado.

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Assim, a gestão social começa a ser compreendida como uma gestão de ações

sociais públicas que objetivam o bem estar social das comunidades, não

estritamente sendo realizadas pelo Estado, mas também podendo ser exercidas

pela sociedade civil e pela iniciativa privada, ou pela parceria entre os três setores

(Estado, iniciativa privada e organizações sociais) (CARVALHO, 1999; DOWBOR,

1999).

Para Raichelis (2004) um dos grandes desafios é construir uma agenda em que os

projetos de capacitação sejam continuados e que trabalhem articuladamente as

dimensões técnica, política e ética no exercício da participação em espaços

públicos.

Tal participação refere-se a intersecção entre as pessoas, que remete a seus

objetivos e valores e o capital social e definido pelos relacionamentos que

possibilitam a cooperação dentro ou em diferentes grupos sociais. (JUNQUEIRA

2000).

Por conseguinte, Raichelis (2000), percebe que pela ação e pelo discurso dos

sujeitos sociais, podem-se estabelecer um conjunto de questões que dizem respeito

ao destino coletivo.

Por fim, sente-se restar o desejo de uma renovação da teoria política e, sobretudo

democrática, que se assente sobre pilares mais envolventes e credíveis, e que

implique numa articulação mais eficaz entre democracia simplesmente

representativa e democracia participativa.

3.2. Os atores sociais no desenvolvimento local

De acordo com Carvalho (1999, p.25), há uma clara percepção de que os atores

sociais são corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às

necessidades sociais. Não é que o Estado perca a centralidade na gestão do social,

ou deixe de ser o responsável na garantia de oferta de bens e serviços de direito dos

cidadãos; o que se altera é o modo de processar esta responsabilidade.

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Assim, a gestão social começa a ser compreendida como gestão de ações sociais

públicas que objetivam o bem-estar social das comunidades, não estritamente sendo

realizada pelo Estado, mas também podendo ser exercida pela sociedade civil, pela

iniciativa privada, ou pela parceria entre os três setores (Estado, iniciativa privada e

organizações sociais). (CARVALHO, 1999; DOWBOR, 1999).

Para Raichelis (2006) um dos grandes desafios é construir uma agenda em que os

projetos de capacitação sejam continuados e que trabalhem articuladamente as

dimensões técnica, política e ética no exercício da participação em espaços

públicos.

Tal participação refere-se à intersecção entre as pessoas, que remete a seus

objetivos e valores e o capital social e definido pelos relacionamentos que

possibilitam a cooperação dentro ou em diferentes grupos sociais. (JUNQUEIRA

2000, p. 39).

Por conseguinte, novamente Raichelis (1998a, p. 26), percebe que pela ação e pelo

discurso dos sujeitos sociais, podem-se estabelecer um conjunto de questões que

dizem respeito ao destino coletivo.

Para a plena compreensão da definição de “bem-estar social” tratada aqui é

necessário contextualizar, celeremente, os desdobramentos que a intervenção

estatal na economia, resquício do século XIX, período que sucedeu a Revolução

Francesa e a Independência dos Estados Unidos.

Segundo Alves (2000, p. 153), nesse período, era utilizado por várias nações

ocidentais o modelo chamado “Estado Liberal”, que significava uma mínima

intervenção estatal na vida das pessoas e da economia. Após várias crises

encaradas pelo citado modelo, acontecimentos como a Revolução Socialista de

1917 na Rússia, Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929 na Bolsa de Valores de

Nova York, ocasionaram mudanças e abalos consideráveis na esfera capitalista, o

que deu origem ao chamado “Estado de bem-estar social” ou “Estado-social”.

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A partir de 1970, houve uma grande corrosão do papel centralizador e assistencial

do Estado, devido a sua burocracia e impossibilitado de atender a crescente

demanda populacional necessitada de alguma espécie de ajuda econômica. Então,

constatou-se a ineficiência do setor público, relativa aos assuntos sociais.

Com o advento da globalização, Galbraith (2004) reconhece que as empresas

modernas tornaram-se fatores centrais na economia moderna, exercendo um papel

de extrema utilidade na vida econômica contemporânea, mais que as anteriores

entidades capitalistas, primitivas e exploradoras.

Uma empresa responsável esclarece Drucker (1993), tem que assumir

responsabilidade econômica como premissa para sua sustentabilidade e para a

responsabilidade social – com seus colaboradores, cumprimento de seu papel

corporativo e com a comunidade – onde atua. Assim, a degradação do Estado

enquanto provedor de bem-estar social dá margem para a discussão do papel das

grandes empresas na suplantação da miséria e atendimento das necessidades

essenciais das pessoas e da sociedade.

Para Amartya (1999), o desenvolvimento pode ser encarado como um processo de

expansão das liberdades reais das quais os indivíduos gozam. Mas as liberdades

dependem também de outros fatores, como as disposições sociais e econômicas e

os direitos civis.

Lembra Yunus (2008) que por causa da natureza das empresas, estas não estão

aparelhadas para lidar com problemas sociais, ainda menos na proporção em que

se encontram hoje, uma vez que as empresas estão regidas pelo pensamento

econômico ortodoxo de mercado livre de maximização do lucro e não apenas o

mantimento deste.

Porter e Kramer (2002) e (2006) afirmam que as empresas, a utilizar alguns

conceitos como dever moral e sustentabilidade, usam uma lógica genérica

desvinculada de sua estratégia de negócios e de sua operação.

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Ensina Peyrefitte (1999) que a empresa, instituição central da sociedade do

desenvolvimento e unidade de ação econômica, sempre se esperou dela uma

missão social, proveniente da tradicional sociedade agrária, onde o econômico e o

social sempre foram indissociáveis.

Yunus (2008) traz a definição de empresa social como aquela que é projetada a

atender a uma meta social, onde os proprietários podem receber seus investimentos

de volta após um período, mas os lucros permanecem na empresa e servem de

financiamento de sua expansão e não para pagar dividendos. A empresa social não

gera nem perdas nem dividendos.

3.3. A sustentabilidade na economia social

Segundo Silva (2010), a definição mais disseminada de sustentabilidade é a da

comissão Brundtland (World Comission on Enviromental and Development- WCED,

1987). De acordo com a comissão, o desenvolvimento sustentável deve satisfazer

as necessidades da geração de hoje sem comprometer as necessidades da geração

de amanhã.

Já Sachs (2008, p. 54), maximiza a definição de sustentabilidade sob os seguintes

prismas:

1. Social:

-alcance de um patamar razoável de homogeneidade social;

-distribuição de renda justa;

-emprego pleno com qualidade de vida decente;

-igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.

2. Cultural:

-mudanças no interior da comunidade (equilíbrio entre respeito à tradição e

inovação);

-capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado

e endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas);

-autoconfiança combinada com abertura para o mundo.

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3. Ecológica:

-preservação do potencial do capital natureza na sua produção de recursos

renováveis;

-limitar o uso dos recursos não renováveis.

4. Ambiental

-respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.

5. Territorial

-configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das inclinações

urbanas nas alocações do investimento público);

-melhoria do ambiente urbano;

-superação das disparidades inter-regionais;

-estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas

ecologicamente frágeis (conservação da biodiversidade pelo eco desenvolvimento).

6. Econômico

-desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado;

-segurança alimentar;

-capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção;

-razoável nível de autonomia na pesquisa cientifica e tecnológica;

-inserção soberana na economia internacional.

7. Política (nacional):

-democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos;

-desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional,

em parceria com todos os empreendedores;

-um nível razoável de coesão social.

8. Política (internacional):

-eficácia dos sistemas de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz e

na promoção da cooperação internacional;

-um pacote norte-sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio de igualdade

(regras do jogo e compartilhamento da responsabilidade de favorecimento do

parceiro mais fraco);

-controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios;

-controle institucional efetivo da aplicação do Princípio da Precaução na gestão

do meio ambiente e dos recursos naturais;

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-prevenção das mudanças globais negativas;

-proteção da diversidade biológica (e cultural);

-gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade;

-sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação

parcial do caráter de commodity da ciência e tecnologia, também como propriedade,

da herança comum da humanidade.

Ainda para Sachs (1997), a sustentabilidade, na perspectiva social está relacionada

ao processo de desenvolvimento que conduza a um crescimento estável, com

distribuição equitativa de renda, gerar melhoria das condições de vida das

populações e, consequentemente, a diminuição das atuais diferenças nos níveis

sociais.

Amartya (1999), por sua vez, entende que o desenvolvimento pode ser visto como

um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam.

Sob o prisma econômico, segundo Cavalcanti (2003), existe um viés quanto à ideia

de que a sociedade se beneficia pelo aumento da produção agregada a seu país, já

que o PIB per capita é usado como um indicador e não reflete a medida da renda

pessoal. E por isso, o PIB pode aumentar enquanto a maioria das pessoas fica mais

pobre ou proporcionalmente, não tão rica, já que o PIB não considera o nível de

desigualdade de renda de uma sociedade.

Furtado (1974, p. 20) trata como “inocente” a ação de pensar que todos os

problemas relativos às dimensões ambientais e sociais, causados pelo modelo

desenvolvimentista serão resolvidos tão somente pelo progresso tecnológico.

Segundo ele,

[...] não se trata de especular se teoricamente a ciência e a técnica capacitam o homem para solucionar este ou aquele problema criado por nossa civilização. Trata-se apenas de reconhecer que o que chamamos de criação de valor econômico temcomo contrapartida processos irreversíveis no mundo físico, cujas consequências tratamos de ignorar. Convém não perder de vista que na civilização industrial o futuro está condicionado por decisões que já foram tomadas no passado e/ou questão sendo tomadas no presente em função de um curto horizonte temporal. Na medida em que avança na acumulação de capital, maior é a interdependência entre futuro e passado. Consequentemente, aumenta a inércia do sistema e as correções de rumo tornam-se mais lentas ou exigem maior esforço.

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Veiga (2006, p. 17) traz duas abordagens contrárias do conceito de

desenvolvimento, que impacta diretamente na sustentabilidade. A primeira trata o

desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico. A segunda questiona

sua existência, sob a afirmação que desenvolvimento não é nada mais que

“manipulação ideológica”. Completa o autor que há uma alternativa para a saída, um

“caminho do meio” que “transita entre a miopia que reduz o desenvolvimento ao

crescimento, e o derrotismo que o descarta como inexeqüível”.

Castells (1999) ensina que os temas principais problematizados pelos ambientalistas

e as principais dimensões onde a transformação cultural é processada na sociedade

contemporânea por meio do ambientalismo são sobre conflitos envolvendo ciência e

tecnologia, controle do tempo e espaço e construção de novas identidades.

Morin e Kern (1993) salientam a necessidade de que o pensamento seja reformado,

ao ponto de ser capaz de conceber as coisas em seu contexto e definir a

comunidade de destino terrestre.

3.4. Empreendedorismo social

O empreendedorismo social pode ser entendido sob duas perspectivas: uma

reorganização da forma de pensar das empresas e como economia de colaboração.

Segundo Grisi (2008), a empresa ocupa o cerne do sistema produtivo e social e não

pode ser “colocado à margem” de uma profunda discussão sobre as novas

intenções da sociedade contemporânea; afirma que é necessário repensar a

economia.

A argumentação de Dowbor (2002) é que a empresa se organiza de forma livre,

atingindo “eficiência indiscutível”. Entretanto, a dinâmica da produção e geração de

riqueza, concebe estruturas que torna inviável a distribuição equilibrada, o que reduz

sua utilidade social.

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Algumas formas contribuição para a modificação deste cenário, apresenta Peyrefitte

(1999) que ainda é indispensável uma mudança social de cultura política, pela

presença de sindicatos, organizações populares, organizações empresariais

progressistas, entre outras esferas das micro, pequenas, médias e grandes

empresas.

Grisi (2008, p. 23) explica que:

A economia de colaboração, em contraposição à economia da competição, cresce em importância e necessidade, na medida em que as atividades das organizações de modo geral e as de empresas estão se tornando cada vez mais complexas e interativas, em ambientes que operam com tecnologia intelectual gerando capital intelectual e capital social.

Nessa perspectiva é possível posicionar o empreendedor social como aquele que

assume a postura de agente transformador social, com mentalidade nova, capaz de

repensar os rumos da sociedade e suas organizações de geração de riqueza.

CONCLUSÕES

A economia social envolve iniciativas sociais, fomentadas por políticas de caráter

público, ao passo que as instituições privadas configuram-se como parceiros

estratégicos de desenvolvimento.

Percebe-se, assim, que muitos frutos da gestão local dinamizada por pequenas,

médias empresas e até mesmo a economia familiar são gerados pela sociedade civil

devidamente organizada no contexto da municipalidade.

O resultado da cooperação entre os diversos atores sociais podem gerar efeitos

multiplicadores, como o aumento da participação e poder de ação para o

fortalecimento e desenvolvimento local.

O presente trabalho pode servir de incentivo à continuidade do aprofundamento nos

estudos das práticas sociais que promovam o aumento da dinâmica social que seja

capaz de prover poder de desenvolvimento local aos atores sociais e estes, por

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conseguinte, tenham ferramentas suficientes para elevar o capital social, gerando

riqueza.

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Sites visitados:

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<http://dowbor.org/2006/09/redes-de-apoio-ao-desenvolvimento-local-uma-

estrategia-de-inclusao-produtiva-doc.html/.> Acesso em 19 nov. 2012.

<http://economiadacultura.blogspot.com.br/2008/01/lala-deheinzelin-fala-sobre-

economia.html>. Acesso em 10 dez. 2012.

<http://www.brasilescola.com/geografia/eco-92.htm>. Acesso em 20 nov. 2012.

<http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/riomais20/agenda/2012/05/30/noticias_i

nternas_agenda,297329/conheca-os-principais-documentos-formulados-durante-a-

eco-92.shtml>. Acesso em 20 nov. 2012.

<http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/ecologia/eco92.html>. Acesso em 20 nov.

2012.

<http://www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-territorial/o-que-

e/desenvolvimento-e-territorio-2/capital-social>. Acesso em 04 out. 2012.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ATUARIAIS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ECONOMIA SOCIAL: FERRAMENTAS COLABORATIVAS COMO

CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO SOCIAL

MAIKOL NASCIMENTO PINTO

São Paulo – SP

2012

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2

MAIKOL NASCIMENTO PINTO

ECONOMIA SOCIAL: FERRAMENTAS COLABORATIVAS COMO

CONTRIBUIÇÃO À GESTÃO SOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Administração, da Faculdade de

Economia, Administração, Contabilidade e Atuária,

da Pontifica Universidade Católica de São Paulo, como

pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em

Administração, orientado pelo Professor Arnoldo José

de Hoyos Guevara.

São Paulo – SP

2012

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AVALIAÇÃO: .........................................................................................

ASSINATURA DO ORIENTADOR: .......................................................

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Quão profundas riquezas o saber e o

conhecer de Deus. Quão insondáveis

Seus juízos e Seus caminhos.

Ana Paula Valadão Bessa

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, fiel e constante, minha infinita fonte de inspiração, sabedoria e

conhecimento, que me mostrou que Ele foi, é e sempre será o maior e o melhor

empreendedor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais que plantaram as sementes da fé e da perseverança em

meu coração; mostraram a mim e aos meus irmãos Marcelo e Marllon, o caminho que devia

ser trilhado e o preço a ser pago pela opção de sermos profissionais e pessoas de sucesso,

conscientes do nosso papel na sociedade.

Agradeço ao meu grande amigo e companheiro Leandro, que sempre permaneceu ao meu

lado me alegrando nos piores momentos pelos quais passei na vida e incentivou a caminhar

firmemente até o fim da jornada.

Agradeço aos professores:

Arnoldo José de Hoyos Guevara, orientador deste trabalho, pela contribuição intelectual e

compreensão;

Luciano Antonio Prates Junqueira (meu orientador na Iniciação Científica) por algumas

“dicas”.

Agradeço aos meus amigos que compreenderam que eu precisava renunciar muitos momentos

de diversão para que a realização desse trabalho se tornasse possível.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10

1. ECONOMIA SOCIAL ......................................................................................................... 11

1.1. Economia Associativa ................................................................................................... 12

1.2. Economia Criativa ........................................................................................................ 13

1.3. Capital Social ................................................................................................................ 14

1.4. Redes sociais ................................................................................................................. 16

2. DESENVOLVIMENTO LOCAL ........................................................................................ 17

2.1. A gestão social como política pública para o desenvolvimento local .......................... 18

2.2. Os atores sociais no desenvolvimento local .................................................................. 23

2.3. A sustentabilidade na economia social ......................................................................... 25

2.4. Pioneirismo brasileiro................................................................................................... 28

3. EMPREENDEDORISMO SOCIAL E TECNOLOGIAS SOCIAIS ................................... 31

3.1. Empreendedorismo Social ............................................................................................. 31

3.1.1. Negócios sociais no Brasil ..................................................................................... 31

3.1.2. Prismas empreendedores ........................................................................................ 32

3.2. Tecnologias Sociais ....................................................................................................... 33

4. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 35

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RESUMO

A economia na perspectiva social sugere a cooperação entre os diversos atores sociais, numa

atmosfera de desenvolvimento e interatividade em redes colaborativas. Como resultado desta

dinâmica, configura-se o capital social, resultante da cooperação confiante entre atores sociais

empoderados da capacidade de organização, participação e poder de ação para o

fortalecimento e desenvolvimento local. A maximização da capacidade das pessoas em

associarem-se em torno de interesses comuns faz com que as condições de crescimento sejam

melhoradas e pessoas sejam empoderadas pela constituição da cooperação em redes de

solidariedade e ajuda altruísta.

Palavras-chave: Economia social, Desenvolvimento local, Empreendedorismo Social.

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ABSTRACT

The economy in perspective suggests social cooperation between the various social actors in

an atmosphere of development and interactivity in collaborative networks. As a result of this

dynamic, sets up social capital, resulting from the cooperation between social actors

empowered confident of the ability of organization, participation and power of action and to

strengthen local development. Maximizing the ability of people to associate themselves

around common interests makes growing conditions are improved and people are empowered

by the constitution of cooperation in networks of solidarity and selfless help.

Keywords: Social Economy, Local Development, Social Entrepreneurship.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho, de caráter qualitativo, tem por objetivo geral estudar a economia social,

seus significados conhecidos e as ferramentas colaborativas que contribuam à gestão social.

Seus objetivos específicos são apresentar o conceito de capital social, enquanto componente

do capital humano que possibilita os indivíduos de uma determinada localidade confiarem uns

no outros e, por intermédio da cooperação, formar novos grupos e associações produtivas,

inseridos na realidade local.

Em seguida, este trabalho apresenta propostas para o desenvolvimento local organizado,

cooperativo, confiante e participativo, contexto no qual os atores sociais são empoderadas

pela constituição de redes de solidariedade, fomentadas pelas variadas formas de

municipalidade e suas relações.

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1. ECONOMIA SOCIAL

A economia na perspectiva social sugere a cooperação entre os diversos atores sociais, numa

atmosfera de desenvolvimento e interatividade em redes colaborativas, apesar de não existir

no Brasil um consenso das organizações que a compõem e o papel de cada uma delas.

Por esse prisma, a economia social se caracteriza cada vez mais como um microcosmo

semiautônomo, no qual se entrelaçam teoria e prática, discurso e ação, e que vem construindo

suas próprias normas, regras e códigos (ANDION, 2006; SERVA, 2006).

Para Dowbor (2006)1 um circuito que envolve pequenas empresas, iniciativas sociais, uma

imensa área informal, os apoios consistem em alguns cursos de formação, fragmentos de

apoio tecnológico, iniciativas de microcrédito. Segundo ele, na realidade brasileira, isso não

pode ser chamado de política de apoio no sentido amplo, comparável ao que existe em outros

países.

Sugere Dowbor que inúmeras experiências de gestão local, dinamização de pequenas e

médias empresas, expansão econômica familiar, promoção de emprego através de iniciativas

da sociedade civil organizada e de poderes locais continuam relativamente pouco conhecidas

e permanecem frequentemente isoladas, quando poderiam ter um impacto maior na economia

como um todo.

Assim, redes de apoio (nomeadas também de redes sociais), podem ser capazes de gerar

efeitos multiplicadores das iniciativas da área da economia social, como formas de

organização da sinergia entre instituições financeiras de fomento, apoio tecnológico,

formação profissional, setores da academia, organizações da sociedade civil e outros atores do

processo.

1 Disponível em http://dowbor.org/2006/09/redes-de-apoio-ao-desenvolvimento-local-uma-estrategia-de-

inclusao-produtiva-doc.html/

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1.1. Economia Associativa

O movimento da “Economia Solidária” vem se reinventando ao longo da história, num

processo inspirado por interesses comuns a todos os indivíduos.

Há duas décadas, no Brasil, a Cáritas, órgão da Igreja Católica, vem fazendo o que ela

denomina de economia popular solidária.

Na Índia e alhures, os discípulos de Prabhat Ranjan Sarkar preferem um termo que é PROUT

(Progressive Utilization Theory ou Teoria da Utilização Progressiva) (CANDEIAS, 2005;

MACDONALD, 2005; NETO, 2005).

O filósofo indiano Prabhat Ranjan Sarkar (1921-1990) propôs um modelo alternativo

socioeconômico que promove o bem estar e desenvolvimento de cada pessoa, fisicamente,

mentalmente e espiritualmente. Conceitos sociais de Prout, inclui garantias as necessidades

básicas, o direito ao trabalho, a uma economia de três níveis, incluindo empresas privadas e

pequena escala, cooperativas e indústrias.

Prout propõe um modelo holístico que fornece um quadro abrangente para efetivamente medir

e comparar políticas para o bem de todas as pessoas e para o planeta.

O tema “Um outro mundo é possível!" do Fórum Social Internacional, que começou no Brasil

em 2001 e tem crescido desde então, com milhares de pessoas participando de um eventos

globais, regionais, nacionais e locais, são capazes de educar o pessoas democraticamente e

refletir na política e na econômica. Nesses fóruns, é comum afirmar que os brasileiros são

contra a economia mundial injusta, baseada no egoísmo lucro e da ganância, o que exclui a

maioria das pessoas se beneficiem. No entanto, na Teoria da Utilização Progressiva, Prout

oferece a oportunidade de defender que as pessoas podem alcançar seus próprios objetivos.

O mundo que as pessoas querem é um mundo sem guerra, fome e pobreza, e com paz e

justiça. Há um poder tremendo neste sonho compartilhado, e há muitas pessoas que estão

lutando para ajudar a criá-lo.

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O processo de resposta a pergunta em relação “Ao mundo que se quer”, é fundamental para a

criação de um futuro melhor. Assim, Prout promove uma perspectiva ecológica e espiritual,

que é universal e com os direitos humanos, a democracia e a proteção ambiental.

1.2. Economia Criativa

Algumas estratégias de desenvolvimento sustentável para o século XXI estão sendo criadas e

estudadas. Assim, a Economia Criativa é posta a exemplo.

Para Deheinzelin, a Economia Criativa é o acolhimento de “todos os setores que trabalham

com cultura e criatividade como matéria-prima”. Explica que a razão para o acolhimento é,

que a partir da constituição de um setor, é possível formar políticas públicas e fortalecer o

setor em ambientes adequados para o desenvolvimento2. Destaca que a Economia Criativa

possui quatro áreas principais:

núcleo das artes: formado por teatro, música, artes plásticas, artes visuais, entre outros;

núcleo da indústria de conteúdo: rádio, televisão, jornais, sites, entre outros;

núcleo de serviço criativo: dedicado à publicidade, design, moda, arquitetura, entre

outros;

núcleo de entretenimento, lazer e questões públicas: abrange a cultura popular, as

festas de rua, as festas tradicionais, o artesanato e todas as manifestações ocorridas em

espaços públicos.

Dessa forma, pode-se perceber que a economia criativa oferece oportunidades para o

crescimento de uma localidade, uma cidade, um munícipio ou país por intermédio da atuação

em negócios criativos, trabalhados simultaneamente com o fator econômico junto à interação

social, o que pode gerar, assim, mercado.

2 Disponível em <http://economiadacultura.blogspot.com.br/2008/01/lala-deheinzelin-fala-sobre-

economia.html>. Acesso em 10 dez. 2012.

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A “’culturalização’ dos negócios”, segundo Deheinzelin, é um campo pouco explorado.

Consiste na inovação de produtos e serviços, ampliação de mercados e fidelização dos

clientes, por intermédio da “incorporação de elementos culturais e criativos ao negócio”3.

Assim, a implementação políticas públicas e sensibilização de autoridades privadas que

fomentem os negócios criativos inovadores são elementos fundamentais para os processos

relativos à condução deste tipo de economia, tal como sua consolidação.

1.3. Capital Social

O Capital Social pode ser definido como o resultado da cooperação confiante entre atores

sociais empoderados da capacidade de organização, participação e poder de ação para o

fortalecimento e desenvolvimento local.

Segundo Coleman (1990), o capital social é definido como o componente de capital humano

que possibilita aos membros de determinada sociedade confiarem uns nos outros e

cooperarem na formação de novos grupos e associações e, da mesma forma que outros tipos

de capital, o capital social é produtivo.

Nesse trabalho, o termo “capital social” pode ser visto sob dois prismas: pela variável de

desenvolvimento, tangente as características de uma organização social; e empreendedor, pois

o empoderamento organizado das pessoas em torno de um objetivo comum pode fortalecer as

comunidades e grupos sociais, gerando riqueza.

Tal empoderamento, segundo Costa (2007), pode ser entendido como o envolvimento das

pessoas na gestão política e econômica dos locais, por meio da descentralização, do repasse

de responsabilidades e da democratização do poder. Costa completa que os indivíduos passam

a interagir melhor, por intermédio da compreensão e assumo de responsabilidades e

consequências, o que pode desencadear um maior poder de decisão na comunidade.

3 Disponível em <http://economiadacultura.blogspot.com.br/2008/01/lala-deheinzelin-fala-sobre-

economia.html>. Acesso em 10 dez. 2012.

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Segundo o SEBRAE4, capital social e a trama de relações que conforma o tecido social.

Quanto mais complexa essa trama, maiores as relações de confiança, esta baseada nas

relações de troca que suportam o mercado.

A Ação Coletiva é uma das variáveis que caracteriza o capital social, uma vez que,

sinteticamente, para Bordieu (1980), refere-se às redes permanentes e próximas de um grupo

que asseguram aos seus integrantes um conjunto de recursos atuais e potenciais.

Segundo Coleman (1990), o capital social baseia-se nos aspectos da estrutura social que

facilitam certas ações comuns dos atores dentro da estrutura. Já Fukuyama (1995), diz que o

mesmo direciona-se aos recursos morais, confiança e mecanismos culturais que reforçam os

grupos sociais.

Costa (2007) explica que entre os diversos conceitos abordados pelos diferentes autores, há

consenso quanto à sua importância na definição das variáveis, assim como de alguns aspectos

de sua conjuntura, no sentido de desenvolver a coordenação de atividades, e a cooperação em

busca da construção de uma realidade de projetos de benefícios comuns à sociedade.

Daí é possível perceber que sem capital social não há possibilidade de expansão econômica,

pois as características como confiança, normas e sistemas contribuem para aumentar a

eficiência de uma sociedade.

As transformações dependem das redes existentes entre os indivíduos do grupo e atores

localizados em outros espaços sociais, ou seja, do capital social da comunidade (

MARTELETO e SILVA, 2004).

É importante ressaltar que se faz necessário conceber instrumentos de medição e avaliação da

intensidade do capital social em uma sociedade, que auxilie na condução de levantamentos e

pesquisas.

Baquero (2007) avaliou a qualidade de serviços públicos (saúde, educação, esporte e lazer,

transporte, segurança pública, saneamento básico, habitação e telefonia) em três cidades

4 <http://www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-territorial/o-que-e/desenvolvimento-e-

territorio-2/capital-social>

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latino-americanas: Porto Alegre, Montevidéu e Santiago do Chile. A pesquisa revelou que

persistem níveis de desigualdades significativas entre grupos de pessoas de baixo poder

aquisitivo em relação aqueles de alto poder de compra, tangente à qualidade de serviços

públicos.

Segundo a CEPAL (2005) tais desigualdades constituem um ciclo vicioso de pobreza e falta

de mobilidade social. Assim, o capital social torna-se um elemento fundamental para a

criação de políticas públicas participativas e mais eficientes.

1.4. Redes sociais

A compreensão da maneira pela qual as redes sociais são estabelecidas e suas inter-relações

no desenvolvimento econômico e social de comunidades e grupos sociais mostram como o

fenômeno de acesso à informação é importante.

Alicerçados no fato de que a superação da opressão realiza-se através da constituição de uma

nova forma de governo, na qual os cidadãos têm poder efetivo (ARENDT, 2007); e na certeza

de que “nunca houve fome coletiva em uma democracia multipartidária efetiva” (SEN, 2000,

p. 208), a “repolitização” global da gestão social (SANTOS, 1997), baseada numa rede

intersetorial capaz de distribuir recolher participação efetiva da sociedade garantirá um futuro

mais qualitativo a todos e a cada um.

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2. DESENVOLVIMENTO LOCAL

A maximização da capacidade das pessoas em associarem-se em torno de interesses comuns

faz com que as condições de crescimento sejam melhoradas e pessoas sejam empoderadas

pela constituição da cooperação em redes de solidariedade e ajuda altruísta.

São exemplos as intervenções e a gestão de OSG em projetos de escala local, regional e

nacional financiados por recursos de fontes nacionais e internacionais. Os conjuntos

integrados de projetos conformam-se em redes socioeconômicas solidárias; nos chamados

arranjos produtivos locais (especial- mente em territórios de baixa densidade empresarial); em

programas de desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda, de gênero e outros

(Fischer, 2004).

No contexto brasileiro, Dowbor (2006) vê um paradoxo de imensos recursos subutilizados, de

necessidades em diversos setores, enquanto milhões de pessoas ficam sem emprego. Continua

mostrando que e preciso encontrar caminhos para que os desempregados passem a se

organizar em frentes de trabalho, construindo casas, participando de obras de saneamento

básico, criando cinturões verdes em torno às nossas cidades. Completa com a proposição de

que o processo permite melhorar a infraestrutura urbana, gerar renda para os desempregados,

e dinamizar a demanda na base da sociedade, com isto dinamizando os outros setores. Trata-

se de propostas práticas para colocar o “circulo virtuoso” em ação.

Franco (1999) formula o conceito de desenvolvimento local integrado e sustentável da

seguinte forma:

Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável é um novo modo de promover o

desenvolvimento que possibilita o surgimento de comunidades mais sustentáveis,

capazes de: suprir suas necessidades imediatas; descobrir ou despertar suas vocações

locais e desenvolver suas potencialidades específicas; e fomentar o intercâmbio

externo aproveitando-se de suas vantagens locais. (FRANCO, 1999, p.176).

A opção de Franco (1999) em falar da participação do poder local entendida por Prefeitura

advém da necessidade que processos integrados de desenvolvimento de base local se façam

presentes, pois, segundo ele, sem ela, dificilmente as políticas sociais surtirão um efeito

emancipador nas populações marginalizadas.

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2.1. A gestão social como política pública para o desenvolvimento local

Segundo Junqueira (2008), a gestão social configura-se como uma importante questão dentro

da economia e sua potencialidade de contribuir crescentemente no PIB nacional, gerando

empregos, qualificando o debate público e incidindo de novas formas no ciclo das políticas

públicas, especialmente as sociais e ambientais.

Ainda segundo Junqueira (2008), quando se fala em gestão social, está se referindo à gestão

de ações sociais públicas, ou seja, da demanda e necessidade dos cidadãos.

O que se percebe nesta sociedade em transformação, contudo, é o cruzamento de diversos

sistemas de gestão, estimulando o funcionamento da sociedade com base na articulação de

interesses e na busca de uma maior produtividade social e não a simples execução de tarefas

(DOWBOR, 1996).

Tal realidade é discutida por diversos autores, que apresentam os reflexos desta transformação

da sociedade tendo como instrumento a gestão social e as políticas públicas, particularmente.

(...) a esfera pública é tecida no interior das relações entre sociedade política e

sociedade civil, que visa ultrapassar a dicotomia estatal-privado com a instauração

de uma nova esfera capaz de introduzir transformações, nos âmbitos estatizados e

privados da vida social, resultando daí um novo processo de interlocução pública

(RAICHELIS, 2000, p. 74).

Iniciando a discussão, e despontando como autor mais referido no tema políticas públicas,

Santos (1997, p. 270), define de forma clara, a politização: “identificar relações de poder e

imaginar formas práticas de transformá-las em relações de autoridade partilhada”. Ele

ressalta a ideia de partilha, já que as definições de poder geralmente vêm carregadas da idéia

de opressão e exploração, como uma “relação entre os sujeitos humanos que impõe a vontade

de alguns sobre os outros pelo emprego potencial ou real de violência física ou simbólica”.

(CASTELLS, 2000, p. 51).

Surge em outro sentido, a definição de política como liberdade por Arendt (2007) que retoma

a origem grega e o verdadeiro sentido da palavra. E aqui, a autora nos diz que "a política

baseia-se no fato da pluralidade dos homens", devendo então assumir seu papel de representar

os indivíduos com suas diversas características.

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Enquanto representação social, o papel da política é claramente delineado por Spink (1995,

p.8):

Nessa perspectiva as representações são essencialmente dinâmicas; são produtos de

determinações tanto históricas como ao aqui e agora em construções que têm uma

função de orientação: conhecimentos sociais que situam o indivíduo no mundo e

situando-o, definem sua identidade social: o seu modo de ser particular, produto de

seu ser social.

Desse modo, pode-se compreender a assertiva de Raichelis acerca da incompletude do

verdadeiro sentido das políticas enquanto servidoras do bem comum, especialmente no Brasil.

O público (no sentido de estatal) na história brasileira foi marcado (...) pela

dominação oligárquica da troca como favor, base de um entranhado clientelismo.

Por outro lado, até os dias de hoje, o pacto das oligarquias com as chamadas elites

modernas vem assegurando a estabilidade do poder vigente. Numa simbiose típica,

persistem relações de troca de favores políticos por benefícios econômicos e de

favores econômicos por benefícios políticos. Mesclam-se o velho e o novo, sem

rupturas radicais (RAICHELIS, 2004, p.17).

A estreita relação entre a gestão social e as políticas públicas fica nítida quando se pensa nos

direitos inerentes a cada membro que dela faz parte, como se descreve: “temos o direito a ser

iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a

nossa igualdade nos descaracteriza” (SANTOS, 2003, p.56).

Estes mesmos direitos, abordados diversas vezes em Bobbio (1992, 1997 e 2000), se

caracterizam e definem pela capacidade de normatizar as condições de vida das pessoas,

instituindo e modificando relações de poder e ajudando a compreender as relações entre

indivíduos diferentes que tentam se estabelecer como sujeitos políticos dentro de uma mesma

sociedade.

Desse modo, não há como falar em gestão social sem se referir à gestão de ações sociais

públicas, ou seja, da demanda e direitos dos cidadãos (JUNQUEIRA, 2008).

Estas relações sociais, cada vez mais têm refletido a necessidade política de uma construção

democrática da responsabilidade governamental, que seja capaz de estabelecer relações

horizontais, onde a própria gestão pública caminhe para a descentralização, através de

decisões mais setorizadas e participadas (DOWBOR, 2000).

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Entretanto, Bobbio (2000) afirma que este processo, ao mesmo tempo em que abre canais de

participação e possibilita ganhos à sociedade civil, e ao interesse privado, aumenta e torna

mais complexas as demandas por respostas do Estado.

Esta mesma democracia é abordada, frequentemente, pelo fato de não conseguir resolver as

necessidades estabelecidas pelos contratos sociais e ao mesmo tempo controlar as exigências

do mercado globalizado (SANTOS, 1998), dando origem, na maioria das vezes à exclusão

social.

O princípio da intersetorialidade enquanto articulação de saberes e experiências no

planejamento, realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações

complexas visando o desenvolvimento social, superando a exclusão (JUNQUEIRA, 2008),

aparecem então como facilitadores.

Acerca destas relações intersetoriais, e de seus impactos nas políticas, Dagnino (2002)

destaca:

[...] que é uma tarefa que não pode se apoiar num entendimento abstrato dessas

categorias como compartimentos separados, mas precisa contemplar aquilo que as

articula e as separa, inclusive aquilo que une e opõe as diferentes forças que as

integram, os conjuntos de interesses expressos em escolhas políticas (p. 282).

O próprio desenvolvimento tecnológico desponta como um grande motor de transformação

desse processo democrático e de inclusão, potencializando a comunicação e possibilitando o

debate público.

Nesse sentido é que Castells (2000) introduz a discussão da Rede como uma nova forma de

participação dos cidadãos, por proporcionar a interdependência das estruturas políticas e ao

mesmo tempo, permitir a expressão ativa dos indivíduos.

Assim, é de senso comum que, pensar individualmente hoje, não exime de pensar também

pensar globalmente, pois ainda que se viva de modo fragmentado, pelo fato de cada lugar e

tempo ter suas características próprias, como já destacava Bobbio (1992, p. 18): “o que parece

fundamental numa época histórica e numa determinada civilização não é fundamental em

outras épocas e em outras culturas”, estamos ligados de alguma maneira. É isso que descreve,

em paradoxo, Castells (2000, p. 504):

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As funções dominantes são organizadas em redes próprias de um espaço de fluxos

que as liga em todo o mundo, ao mesmo tempo em que fragmenta funções

subordinadas e pessoas no espaço de lugares múltiplos, feito de locais cada vez mais

segregados e desconectados uns dos outros.

E isto inegavelmente influencia o modo de pensar e agir político de uma sociedade.

Igualmente política é reflexão sobre as novas formas de Estado que estão a emergir

em resultado da globalização, sobre a nova distribuição política entre práticas

nacionais, práticas internacionais e práticas globais, sobre o novo formato das

políticas públicas em face da crescente complexidade das questões sociais,

ambientais e de redistribuição. (SANTOS, 2002, p.2)

Sendo toda estrutura social, em suas relações, tratada enquanto rede faz-se necessário

compreendê-las como um “sistema de nodos e elos, passando a representar um conjunto de

participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses

compartilhados.” (MARTELETO, 2004, p. 72)

Junqueira (2000, p. 39) ainda complementa:

[...] nas redes os objetivos definidos coletivamente, articulam pessoas e instituições

que se comprometem a superar de maneira integrada os problemas sociais. Essas

redes são construídas entre seres sociais autônomos, que compartilham objetivos que

orientam sua ação, respeitando a autonomia e as diferenças de cada membro. Daí a

importância de que cada organização pública, seja estatal ou privada, desenvolva seu

saber para colocá-lo de maneira integrada a serviço do interesse coletivo.

De acordo com Carvalho (1999), há uma clara percepção de que os atores sociais são

corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às necessidades sociais. Não que o

Estado perca a centralidade na gestão do social, ou deixe de ser o responsável na garantia de

oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos; o que se altera é o modo de processar esta

responsabilidade.

Sawaia (1999) confirma esta certeza, colocando sua visão em torno do pensamento

econômico:

Todos nós estamos inseridos de algum modo, nem sempre decente e digno, no

circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo a grande maioria da

humanidade inserida através da insuficiência e das privações, que se desdobram para

fora do econômico. (p. 8)

Entretanto, é que se antes o termo “política” era utilizado para designar eventos de natureza

coletiva, ou para traçar limites entre o individual e o coletivo (BAUMAN, 2000), hoje o

hibridismo recorrente entre o público e o privado tem marcado a sociedade moderna, onde

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mesmo as atividades executadas privadamente passaram a ter importância pública (ARENDT,

2007).

Neste sentido, Bauman (2005) recorre inúmeras vezes em seu pensamento, a este mesmo dito,

caracterizando o individualismo moderno em suas dimensões cada vez maiores.

Na modernidade líquida, não existem mais valores sociais, mas individuais. Aquilo

que, na modernidade, era considerado tarefa da coletividade, da sociedade, foi

transferida para o indivíduo. De agora em diante, vale somente aquilo que interessa

para o indivíduo. Ninguém quer gastar mais o seu tempo para que os valores sociais

sejam alcançados e realizados: vale somente o interesse individual. É esta a lógica

do mercado que afeta a vida política e as atitudes da vida corriqueira. (p.47)

Por isso, têm ganhado cada vez mais espaço aqueles que enxergam o desenvolvimento ligado

intimamente ao alcance de melhores condições para a expansão das liberdades individuais, e

não como o que se vê muitas vezes em que no desenvolvimento “se renovam as principais

fontes de privações de liberdade: pobreza e tirania, negligência dos serviços públicos e

intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos” (SEN, 2000, p. 18).

Por outro lado, Bobbio (2002) identifica uma recorrente tentativa da sociedade moderna em

reduzir a política à moral e afirma que uma das razões para se estabelecer a separação entre

moral e política está no fato de que a conduta política é orientada em função de que os fins de

proteção do Estado, do patrimônio público do bem coletivo e outros, é tão superior aos bens

dos morais dos indivíduos isoladamente que a violação de valores morais é justificada em

função dos interesses do Estado.

Assim, a gestão social começa a ser compreendida como uma gestão de ações sociais públicas

que objetivam o bem estar social das comunidades, não estritamente sendo realizadas pelo

Estado, mas também podendo ser exercidas pela sociedade civil e pela iniciativa privada, ou

pela parceria entre os três setores (Estado, iniciativa privada e organizações sociais)

(CARVALHO, 1999; DOWBOR, 1999).

Para Raichelis (2004) um dos grandes desafios é construir uma agenda em que os projetos de

capacitação sejam continuados e que trabalhem articuladamente as dimensões técnica, política

e ética no exercício da participação em espaços públicos.

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Tal participação refere-se a intersecção entre as pessoas, que remete a seus objetivos e valores

e o capital social e definido pelos relacionamentos que possibilitam a cooperação dentro ou

em diferentes grupos sociais. (JUNQUEIRA 2000).

Por conseguinte, Raichelis (2000), percebe que pela ação e pelo discurso dos sujeitos sociais,

podem-se estabelecer um conjunto de questões que dizem respeito ao destino coletivo.

Por fim, sente-se restar o desejo de uma renovação da teoria política e, sobretudo

democrática, que se assente sobre pilares mais envolventes e credíveis, e que implique numa

articulação mais eficaz entre democracia simplesmente representativa e democracia

participativa.

2.2. Os atores sociais no desenvolvimento local

De acordo com Carvalho (1999, p.25), há uma clara percepção de que os atores sociais são

corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às necessidades sociais. Não é que

o Estado perca a centralidade na gestão do social, ou deixe de ser o responsável na garantia de

oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos; o que se altera é o modo de processar esta

responsabilidade.

Assim, a gestão social começa a ser compreendida como gestão de ações sociais públicas que

objetivam o bem-estar social das comunidades, não estritamente sendo realizada pelo Estado,

mas também podendo ser exercida pela sociedade civil, pela iniciativa privada, ou pela

parceria entre os três setores (Estado, iniciativa privada e organizações sociais).

(CARVALHO, 1999; DOWBOR, 1999).

Para Raichelis (2006) um dos grandes desafios é construir uma agenda em que os projetos de

capacitação sejam continuados e que trabalhem articuladamente as dimensões técnica, política

e ética no exercício da participação em espaços públicos.

Tal participação refere-se à intersecção entre as pessoas, que remete a seus objetivos e valores

e o capital social e definido pelos relacionamentos que possibilitam a cooperação dentro ou

em diferentes grupos sociais. (JUNQUEIRA 2000, p. 39).

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Por conseguinte, novamente Raichelis (1998a, p. 26), percebe que pela ação e pelo discurso

dos sujeitos sociais, podem-se estabelecer um conjunto de questões que dizem respeito ao

destino coletivo.

Para a plena compreensão da definição de “bem-estar social” tratada aqui é necessário

contextualizar, celeremente, os desdobramentos que a intervenção estatal na economia,

resquício do século XIX, período que sucedeu a Revolução Francesa e a Independência dos

Estados Unidos.

Segundo Alves (2000, p. 153), nesse período, era utilizado por várias nações ocidentais o

modelo chamado “Estado Liberal”, que significava uma mínima intervenção estatal na vida

das pessoas e da economia. Após várias crises encaradas pelo citado modelo, acontecimentos

como a Revolução Socialista de 1917 na Rússia, Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929

na Bolsa de Valores de Nova York, ocasionaram mudanças e abalos consideráveis na esfera

capitalista, o que deu origem ao chamado “Estado de bem-estar social” ou “Estado-social”.

A partir de 1970, houve uma grande corrosão do papel centralizador e assistencial do Estado,

devido a sua burocracia e impossibilitado de atender a crescente demanda populacional

necessitada de alguma espécie de ajuda econômica. Então, constatou-se a ineficiência do setor

público, relativa aos assuntos sociais.

Com o advento da globalização, Galbraith (2004) reconhece que as empresas modernas

tornaram-se fatores centrais na economia moderna, exercendo um papel de extrema utilidade

na vida econômica contemporânea, mais que as anteriores entidades capitalistas, primitivas e

exploradoras.

Uma empresa responsável esclarece Drucker (1993), tem que assumir responsabilidade

econômica como premissa para sua sustentabilidade e para a responsabilidade social – com

seus colaboradores, cumprimento de seu papel corporativo e com a comunidade – onde atua.

Assim, a degradação do Estado enquanto provedor de bem-estar social dá margem para a

discussão do papel das grandes empresas na suplantação da miséria e atendimento das

necessidades essenciais das pessoas e da sociedade.

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Para Amartya (1999), o desenvolvimento pode ser encarado como um processo de expansão

das liberdades reais das quais os indivíduos gozam. Mas as liberdades dependem também de

outros fatores, como as disposições sociais e econômicas e os direitos civis.

Lembra Yunus (2008) que por causa da natureza das empresas, estas não estão aparelhadas

para lidar com problemas sociais, ainda menos na proporção em que se encontram hoje, uma

vez que as empresas estão regidas pelo pensamento econômico ortodoxo de mercado livre de

maximização do lucro e não apenas o mantimento deste.

Porter e Kramer (2002) e (2006) afirmam que as empresas, a utilizar alguns conceitos como

dever moral e sustentabilidade, usam uma lógica genérica desvinculada de sua estratégia de

negócios e de sua operação.

Ensina Peyrefitte (1999) que a empresa, instituição central da sociedade do desenvolvimento

e unidade de ação econômica, sempre se esperou dela uma missão social, proveniente da

tradicional sociedade agrária, onde o econômico e o social sempre foram indissociáveis.

Yunus (2008) traz a definição de empresa social como aquela que é projetada a atender a uma

meta social, onde os proprietários podem receber seus investimentos de volta após um

período, mas os lucros permanecem na empresa e servem de financiamento de sua expansão e

não para pagar dividendos. A empresa social não gera nem perdas nem dividendos.

2.3. A sustentabilidade na economia social

Segundo Silva (2010), a definição mais disseminada de sustentabilidade é a da comissão

Brundtland (World Comission on Enviromental and Development- WCED, 1987). De acordo

com a comissão, o desenvolvimento sustentável deve satisfazer as necessidades da geração de

hoje sem comprometer as necessidades da geração de amanhã.

Já Sachs (2008, p. 54), maximiza a definição de sustentabilidade sob os seguintes prismas:

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1. Social:

-alcance de um patamar razoável de homogeneidade social;

-distribuição de renda justa;

-emprego pleno com qualidade de vida decente;

-igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.

2. Cultural:

-mudanças no interior da comunidade (equilíbrio entre respeito à tradição e inovação);

-capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e

endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas);

-autoconfiança combinada com abertura para o mundo.

3. Ecológica:

-preservação do potencial do capital natureza na sua produção de recursos renováveis;

-limitar o uso dos recursos não renováveis.

4. Ambiental

-respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.

5. Territorial

-configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das inclinações

urbanas nas alocações do investimento público);

-melhoria do ambiente urbano;

-superação das disparidades inter-regionais;

-estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente

frágeis (conservação da biodiversidade pelo eco desenvolvimento).

6. Econômico

-desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado;

-segurança alimentar;

-capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção;

-razoável nível de autonomia na pesquisa cientifica e tecnológica;

-inserção soberana na economia internacional.

7. Política (nacional):

-democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos;

-desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional, em

parceria com todos os empreendedores;

-um nível razoável de coesão social.

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8. Política (internacional):

-eficácia dos sistemas de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz e

na promoção da cooperação internacional;

-um pacote norte-sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio de igualdade (regras do

jogo e compartilhamento da responsabilidade de favorecimento do parceiro mais fraco);

-controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios;

-controle institucional efetivo da aplicação do Princípio da Precaução na gestão do meio

ambiente e dos recursos naturais;

-prevenção das mudanças globais negativas;

-proteção da diversidade biológica (e cultural);

-gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade;

-sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação parcial

do caráter de commodity da ciência e tecnologia, também como propriedade, da herança

comum da humanidade.

Ainda para Sachs (1997), a sustentabilidade, na perspectiva social está relacionada ao

processo de desenvolvimento que conduza a um crescimento estável, com distribuição

equitativa de renda, gerar melhoria das condições de vida das populações e,

consequentemente, a diminuição das atuais diferenças nos níveis sociais.

Amartya (1999), por sua vez, entende que o desenvolvimento pode ser visto como um

processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam.

Sob o prisma econômico, segundo Cavalcanti (2003), existe um viés quanto à ideia de que a

sociedade se beneficia pelo aumento da produção agregada a seu país, já que o PIB per capita

é usado como um indicador e não reflete a medida da renda pessoal. E por isso, o PIB pode

aumentar enquanto a maioria das pessoas fica mais pobre ou proporcionalmente, não tão rica,

já que o PIB não considera o nível de desigualdade de renda de uma sociedade.

Furtado (1974, p. 20) trata como “inocente” a ação de pensar que todos os problemas

relativos às dimensões ambientais e sociais, causados pelo modelo desenvolvimentista serão

resolvidos tão somente pelo progresso tecnológico. Segundo ele,

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[...] não se trata de especular se teoricamente a ciência e a técnica capacitam o

homem para solucionar este ou aquele problema criado por nossa civilização. Trata-

se apenas de reconhecer que o que chamamos de criação de valor econômico tem

como contrapartida processos irreversíveis no mundo físico, cujas consequências

tratamos de ignorar. Convém não perder de vista que na civilização industrial o

futuro está condicionado por decisões que já foram tomadas no passado e/ou questão

sendo tomadas no presente em função de um curto horizonte temporal. Na medida

em que avança na acumulação de capital, maior é a interdependência entre futuro e

passado. Consequentemente, aumenta a inércia do sistema e as correções de rumo

tornam-se mais lentas ou exigem maior esforço.

Veiga (2006, p. 17) traz duas abordagens contrárias do conceito de desenvolvimento, que

impacta diretamente na sustentabilidade. A primeira trata o desenvolvimento como sinônimo

de crescimento econômico. A segunda questiona sua existência, sob a afirmação que

desenvolvimento não é nada mais que “manipulação ideológica”. Completa o autor que há

uma alternativa para a saída, um “caminho do meio” que “transita entre a miopia que reduz o

desenvolvimento ao crescimento, e o derrotismo que o descarta como inexequível”.

Castells (1999) ensina que os temas principais problematizados pelos ambientalistas e as

principais dimensões onde a transformação cultural é processada na sociedade contemporânea

por meio do ambientalismo são sobre conflitos envolvendo ciência e tecnologia, controle do

tempo e espaço e construção de novas identidades.

Morin e Kern (1993) salientam a necessidade de que o pensamento seja reformado, ao ponto

de ser capaz de conceber as coisas em seu contexto e definir a comunidade de destino

terrestre.

2.4. Pioneirismo brasileiro

A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

realizada entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no Brasil,

foi um evento que ficou conhecido como Eco 92 ou Rio 92 que buscou fazer um balanço de

problemas existentes e progressos realizados.

No evento, foram elaborados documentos importantes que continuam sendo referencia para as

discussões socioambientais. Configurou-se, como um importante resultado da ECO-92, a

Agenda 21: um plano de ações com o intuito de modificar os padrões de consumo e produção

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em escala mundial, na tentativa de minimizar impactos ambientais sem deixar de atender as

necessidades básicas da humanidade5.

A Agenda 21 foi um acordo estabelecido, na época, entre 179 países para a elaboração de

estratégias que objetivassem o desenvolvimento sustentável, ou seja, a sustentabilidade.

Esse documento está estruturado em quatro seções: “Dimensões sociais e econômicas”,

“Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento”, “Fortalecimento do papel dos

principais grupos sociais” e “Meios de implementação” 6.

Segundo o IBGE7, a Agenda 21 já foi adotada em diversas cidades por todo o mundo,

inclusive por intermédio de parcerias e de intercâmbio de informações entre municipalidades.

O IBGE destaca que o compromisso se desenrola no âmbito da cooperação e do compromisso

de governos locais, levando-se em conta, principalmente, as especificidades e as

características particulares de cada localidade, de cada cidade, para planejar o que deve ser

desenvolvimento sustentável em cada uma delas.

Vinte anos após a Eco 92, em 2012, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro (RJ) entre os

dias 13 a 22 de junho de 2012 a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Sustentável, que ficou conhecida como Rio+20.

A Rio+20 reuniu mais de 100 chefes de estado8 e teve por objetivos assegurar a renovação do

comprometimento político com o desenvolvimento sustentável, avaliar a progressão até o

momento e as lacunas ainda existentes na implementação dos resultados dos principais

encontros sobre desenvolvimento sustentável, além de ter abordado os novos desafios

emergentes9.

A Conferência Rio+20 focou-se em dois temas: a economia verde no contexto do

desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e o quadro institucional sobre a

5 Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/especiais/rio-mais-

20/agenda/2012/05/30/noticias_internas_agenda,297329/conheca-os-principais-documentos-formulados-

durante-a-eco-92.shtml>. 6 Disponível em <http://www.brasilescola.com/geografia/eco-92.htm>.

7 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/ecologia/eco92.html>.

8 Disponível em: <http://www.rioguiaoficial.com.br/node/11454>.

9 Disponível em: <http://www.rio20.info/2012/objetivos-e-temas>.

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possibilidade de um novo modelo sustentável para o planeta. Além disso, as delegações

fizeram uma análise do que foi realizado nos últimos 20 anos, em relação ao meio ambiente e

à erradicação da miséria, a partir de decisões tomadas na Eco 92.

Pode-se perceber que o Brasil foi palco de discussões pioneiras acerca do desenvolvimento

sustentável e, paralelamente, acerca da Economia Social em torno do desenvolvimento local

mundial.

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3. EMPREENDEDORISMO SOCIAL E TECNOLOGIAS SOCIAIS

3.1. Empreendedorismo Social

Na nova economia, o Empreendedorismo Social tem configurado como uma importante

ferramenta de desenvolvimento, pois se caracteriza por ser negócio lucrativo que,

simultaneamente traz desenvolvimento para a sociedade, ou seja, as empresas sociais,

diferentemente das empresas comuns, em suas atividades principais utilizam instrumentos de

mercado para buscar soluções aos problemas sociais.

Um exemplo de manifestação da preocupação mundial em gerar empreendedores imbuídos de

estratégias pautadas em valores sustentáveis foi o Fórum de empreendedorismo social na

nova economia, que aconteceu entre os dias 15 e 17 de junho de 2012, em paralelo à Rio+20.

Nele empreendedores sociais do mundo inteiro se reuniram para propor práticas que possam

contribuir para o surgimento de uma “Nova Economia”, ecologicamente e socialmente justa10

.

3.1.1. Negócios sociais no Brasil

Diante das mais variadas formas de definição de negócios sociais, ele pode ser entendido por

modelos de negócios economicamente viáveis que transformam e impactam positivamente a

vida das pessoas, em contribuição para um mundo melhor.

O portal Negócios Sociais11

usa três critérios para classificar um negócio como um negócio

social. São eles: impacto social através da atividade principal, sustentabilidade financeira

embutida no modelo de negócio e inclusão da base da pirâmide ou de grupos desfavorecidos.

Esses tipos de negócios têm se espalhado por todo o país, com colaboração de diversas

instituições que conceituam e fomentam negócios sociais. A organização social Artemisia, a

Ashoka (pioneira no campo da inovação social) e a Fundação Schwab (que foi responsável

pelo prêmio Empreendedor Social no Brasil), são exemplos de órgãos estimuladores do

desenvolvimentos destes negócios.

10

Disponível em: <http://www.empreendedorismosocial.org.br/index.php?lang=br>. 11

Disponível em: <http:// http://www.negociossociais.com>.

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3.1.2. Prismas empreendedores

O empreendedorismo social pode ser entendido sob duas perspectivas: uma reorganização da

forma de pensar das empresas e como economia de colaboração.

Segundo Grisi (2008), a empresa ocupa o cerne do sistema produtivo e social e não pode ser

“colocado à margem” de uma profunda discussão sobre as novas intenções da sociedade

contemporânea; afirma que é necessário repensar a economia.

A argumentação de Dowbor (2002) é que a empresa se organiza de forma livre, atingindo

“eficiência indiscutível”. Entretanto, a dinâmica da produção e geração de riqueza, concebe

estruturas que torna inviável a distribuição equilibrada, o que reduz sua utilidade social.

Algumas formas contribuição para a modificação deste cenário, apresenta Peyrefitte (1999)

que ainda é indispensável uma mudança social de cultura política, pela presença de sindicatos,

organizações populares, organizações empresariais progressistas, entre outras esferas das

micro, pequenas, médias e grandes empresas.

Grisi (2008, p. 23) explica que:

A economia de colaboração, em contraposição à economia da competição, cresce

em importância e necessidade, na medida em que as atividades das organizações de

modo geral e as de empresas estão se tornando cada vez mais complexas e

interativas, em ambientes que operam com tecnologia intelectual gerando capital

intelectual e capital social.

Nessa perspectiva é possível posicionar o empreendedor social como aquelas pessoas que

com seus trabalhos e ideias, assume a postura de agente transformador social, um agente de

mudança, com mentalidade nova, capaz de repensar os rumos da sociedade e suas

organizações de geração de riqueza.

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3.2. Tecnologias Sociais

O desenvolvimento das populações pode ser melhorado através do fortalecimento das redes

produtivas entre os diversos atores sociais no âmbito socioeconômico, por meio da

intervenção social e da capacidade de replicação de soluções colaborativas em diversas áreas.

Assim, é que a Rede de Tecnologias Sociais (RTS) conceitua tecnologia social como sendo a

compreensão de produtos, técnicas ou metodologias replicáveis, desenvolvidas na interação

com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social12

.

O Instituto Kairós13

desde 2007 promove a sistematização de seus métodos, produtos e

processos para a geração de tecnologias sociais que objetivam o desenvolvimento do território

e áreas das políticas públicas. Seu foco é gerar conhecimento e soluções por meio da interação

com os saberes populares, práticos, intuitivos, acadêmicos, técnicos e científicos, de modo a

disponibilizar seus resultados, transferindo-os a diversas realidades.

Algumas das ferramentas de tecnologia da informação que são utilizadas pelo Instituto Kairós

para registro de informações, monitoramento dos resultados, construção de pedagogias

sociais, pesquisa e aprimoramento de metodologias são estabelecidas em parceria contínua

com a comunidade, representantes do poder público, redes de parceria técnica e centros de

pesquisa.

Além do Instituto Kairós, outras iniciativas de tecnologias sociais são realizadas no Brasil.

São algumas delas: o Banco de Tecnologias Sociais da Fundação banco do Brasil, a Rede de

Tecnologias Sociais (citada anteriormente) e o Instituto de Tecnologias Sociais.

12

Disponível em: <http:// www.rts.org.br>. 13

Disponível em: <http://www.institutokairos.org.br>.

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4. CONCLUSÕES

A economia social envolve iniciativas sociais, fomentadas por políticas de caráter público, ao

passo que as instituições privadas configuram-se como parceiros estratégicos de

desenvolvimento.

Percebe-se, assim, que muitos frutos da gestão local dinamizada por pequenas, médias

empresas e até mesmo a economia familiar são gerados pela sociedade civil devidamente

organizada no contexto da municipalidade.

O resultado da cooperação entre os diversos atores sociais podem gerar efeitos

multiplicadores, como o aumento da participação e poder de ação para o fortalecimento e

desenvolvimento local.

O presente trabalho pode servir de incentivo à continuidade do aprofundamento nos estudos

das práticas sociais que promovam o aumento da dinâmica social que seja capaz de prover

poder de desenvolvimento local aos atores sociais e estes, por conseguinte, tenham

ferramentas suficientes para elevar o capital social, gerando riqueza.

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REFERÊNCIAS

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Paulo. Editora LTr, 2000.

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Brasil: história, correntes e atores. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO

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30, 2006, Salvador. Anais do 30.o Enanpad. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:

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BAUMAN, Z. Em busca da política. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2000.

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BAQUERO, Marcello. As múltiplas faces da desigualdade: capital social e empoderamento

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1

PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

MARKETING DIGITAL

Aluno: Geraldo Ribeiro de Souza Neto

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3

CAPÍTULOI - SOBRE O MARKETING ............................................................. 4

1.1 EVOLUÇÃO DO MARKETING ........................................................ 4

1.2 GLOBALIZAÇÃO E TECNOLOGIA ................................................ 8

1.3 EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO .................................................. 10

CAPÍTULO II - CENÁRIO ATUAL - QUAL A IMPORTÂNCIA DA INTERNET

PARA AS ORGANIZAÇÕES ..................................................... 15

2.1 O MARKETING DIGITAL ................................................................. 15

2.1.1 O MARKETING DE RELACIONAMENTO EM FACE DO

MARKETING DIGITAL .................................................................... 16

2.2 E-COMMERCE ................................................................................. 23

2.3 COMO APROVEITAR AS NOVAS PLATAFORMAS PARA

AUMENTAR O RETORNO DAS ORGANIZAÇÕES ........................ 27

CAPÍTULO III – PROJEÇÃO .............................................................................. 30

3.1 REDES SOCIAIS ............................................................................... 30

3.2 SITES DE COMPRAS COLETIVAS .................................................. 40

3.3 APLICATIVOS MOBILE (aplicativos para celular) ......................... 43

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 46

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INTRODUÇÃO

Após 50 anos de desenvolvimento da estrutura e aperfeiçoamentos das plataformas

de comunicação, a internet passa a ser integrada à vida das pessoas no mundo todo.

As mídias sociais são um fenômeno percebido por todo o planeta e em especial no

Brasil, com números muitíssimo expressivos. Tais mídias são compostas por ferramentas

que permitem aos usuários criarem redes de relacionamento e promover a interação e a

difusão de informações de muitos para muitos, envolvendo, além de relações pessoais,

relações comerciais, propaganda e marketing – objeto deste estudo.

A característica colaborativa ou social e mesmo a viral caracteriza-se como uma

nova oportunidade para o marketing no desenvolvimento de estratégias para a interação

com o consumidor. O conjunto de estratégias tem sido, pela literatura especializada, definida

como Marketing Digital. Atualmente são consideradas seis estratégias centradas na

interação com o público-alvo na publicidade, quais sejam: online; marketing de busca,

pesquisas online; games online; mobile marketing e marketing em mídias sociais.

Considera-se hoje em dia o Marketing Digital como um importante caminho, em

verdade “sem volta”, inevitável, pois a evolução é característica básica da internet (e a

internet é meio fundamental para a fruição de tais recursos inovadores, além de outros

suportes como são os celulares etc.); deste modo, novas ferramentas como essas podem

demandar o desenvolvimento de novas estratégias e, mesmo dentre as listadas, sua

continuação depende do tempo que prosseguirão a ser usadas a se manter relevantes para

os usuários, propiciando novas dinâmicas.

Completando o raciocínio – falando-se sobre evolução e inovação na comunicação

voltada para o marketing – os usuários gostam de se vincular a tais modernidades, sendo a

internet e outras mídias ferramentas de intenso convívio favorável ao marketing.

As estratégias conexas ao mundo digital que proporcionam o compartilhamento de

conteúdo e também a criação de redes sociais possibilitam várias abordagens, como se

verá ao longo do texto, como o é o caso do e-commerce e das próprias redes sociais, ponto

alto do estudo, imagina-se.

Para tanto o texto tentará, o quanto for possível, esmiuçar as ferramentas

disponíveis nas novas mídias ligadas às redes sociais, analisando o comportamento e as

repercussões da dinâmica que o marketing digital assume perante tal realidade.

CAPÍTULO I - SOBRE O MARKETING

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Neste primeiro capítulo, o panorama geral sobre o que vem a ser o marketing e sua

intensa relação os vários aspectos comunicacionais serão expostos, passando pela temática

não menos importante acerca dos fenômenos da tecnologia e da globalização.

1.1 Evolução do Marketing

De acordo com a American Marketing Association (apud CHURCHILL et al, 2000, p.

44), a associação profissional para organizações que lidam, ensinam e desenvolvem o

marketing pelo mundo, marketing é: “o processo de planejar e executar a concepção,

estabelecimento de preços, promoção e distribuição de ideias, produtos e serviços, a fim de

criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”. Essas trocas são as

transações que os clientes e empresas participam voluntariamente tendo por motivação

trazer benefícios para ambos (KELLER, 2006).

O conceito de marketing vem mudando ao longo dos anos. Antigamente as

empresas estavam preocupadas em concentrar suas forças para mudar a mentalidade dos

consumidores; atualmente, com o aumento da competição e do desenvolvimento da

tecnologia, as organizações estão percebendo que é mais importante concentrar seus

esforços em entender as exigências e expectativas dos clientes (CHURCHILL et al, 2000).

Seguindo essa visão, Kotler (2006) explica que a função do marketing é: “mais do

que lidar com outros negócios, é lidar com os clientes. Entender, criar, comunicar e

proporcionar ao cliente valor e satisfação que constituem a essência e pensamento do

marketing moderno.” Dessa forma, é possível concluir, segundo Ferrel (2002), que a

principal característica do pensamento e da prática do marketing nas ultimas décadas tem

sido o conceito que prioriza a satisfação do consumidor e a realização dos objetivos da

empresa.

Como se pode perceber, o marketing continua evoluindo, maior percepção esta

verificada a partir da Primeira Guerra Mundial com o surgimento do marketing de massa. O

desenvolvimento da tecnologia muda o escopo do marketing para os clientes e, de acordo

com Schiffman (2000, p.67) “a utilização de tecnologias avançadas de informações no

marketing permite modificações positivas, redução ou eliminação de restrições no marketing

antigo”.

Seguindo o conceito da função de marketing citado anteriormente, a administração

de marketing foi conceituada por Kotler (2006, p. 9) como:

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“Análise, planejamento, implementação, controle, e programas desenvolvidos para criar, construir e manter trocas benéficas com compradores-alvo para que sejam alcançados os objetivos organizacionais”.

Ou seja, é o processo de estabelecer as metas de marketing: planejar, implementar

e controlar as estratégias para alcançar as metas estabelecidas.

Dentro do contexto da administração de marketing tem-se o plano de marketing que

pode ser encarado como a ferramenta que se baseia na estratégia de mercado da

organização para colocar em prática os objetivos da empresa.

Churchill et al (2000) definiram o plano de marketing como: “os documentos criados

por organizações para registrar os resultados e conclusões das análises ambientais e

detalhar estratégias de marketing e resultados pretendidos com elas”. Assim, pode-se

concluir que tanto o plano de marketing quanto a estratégia de mercado devem estar

plenamente alinhados com as estratégias globais da empresa, pois um não anda sem o

outro - tudo depende dos objetivos organizacionais.

De acordo com Ferrel (2002), as organizações aplicam os processos de

planejamento estratégico de mercado a fim de capitalizar suas forças e fornecer bens e

serviços que satisfaçam as necessidades de seus clientes. De alguma forma ou outra,

qualquer empresa, desde o restaurante favorito de cada um às gigantescas corporações

globais, todas as empresas, sem exceção, estão envolvidas no desenvolvimento e/ou

implementação de estratégias de marketing.

Dessa forma pode-se concluir que para que uma empresa possa efetivamente

implementar um planejamento de mercado, toda a organização deve estar alinhada em

atender às necessidades do cliente (MUNDO MARKETING, 2012).

Uma organização orientada para o consumidor se concentra em descobrir o que os

compradores desejam, fornecendo isso de maneira que a empresa também atinja seus

próprios objetivos. Para se orientar para o consumidor, a empresa deve adotar uma política

que dê resposta inteligente ao mercado. Logo, pode-se observar que sem uma estratégia de

marketing eficaz a organização fica sem armas para capitalizar suas forças e auferir

vantagem competitiva - Ferrel (2002). Isso demonstra a importância de uma administração

de marketing eficiente.

Ferrel (2002) define ainda marketing como o plano que indicará como a

organização utilizará suas forças e capacidades para adequar-se às necessidades e

exigências do mercado. Em suma, o marketing de uma organização descreve como a

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empresa irá satisfazer as necessidades e desejos dos seus clientes. Por isso é de se

enfatizar a importância da organização em compreender seus clientes e mercados.

“Para desenvolver uma estratégia de marketing, uma organização deve escolher

uma combinação certa de mercado-alvo e compostos de marketing a fim de criar vantagens

competitivas distintas sobre seus rivais” França (2004, p.17), ou seja, a empresa deve ser

melhor que seus concorrentes, portanto, não é suficiente para uma estratégia de marketing

a análise, apenas, das necessidades de seus consumidores, a análise dos concorrentes

também é extremamente importante.

Pelo exposto, é de se considerar que se a empresa deseja entender as reais

necessidades de seus clientes é necessário que ela conheça não só as razões que fazem

seus clientes comprarem seus produtos, mas, também, o que leva o cliente a comprar um

produto concorrente. Isso é crucial para que a organização não perca seus clientes – tão

difíceis de serem conquistados - e também ser melhor do que seus rivais no que diz respeito

à satisfação dos consumidores-alvo – tudo isto viabilizado pelo conhecimento que uma visão

ampla de marketing é capaz de prover.

O que foi até agora colocado pode ser classificado como verdadeiras “gerações” do

marketing, e acabam, como é feito com as progressivas versões dos softwares de

computadores, sendo batizadas por números... Assim, fala-se em segmentar as gerações

do marketing em Marketing 1.0, Marketing 2.0 e, finalmente 3.0.

Resumidamente é possível dizer que as características de tais fases do

pensamento e da prática de marketing sejam:

Marketing 1.0:

- a venda de produtos é o principal objetivo;

- o cliente visto como integrante de uma massa desejosa de comprar, com pouca

ou nenhuma personalidade;

- o marketing é voltado para o produto.

Marketing 2.0:

- o marketing é voltado para o consumidor;

- entra a tecnologia da informação como elemento integrante de todo o processo

empresarial;

- o consumidor é visto como um ser dotado de vontades próprias, dotado de

“coração e mente”;

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- o marketing se preocupa com o produto, dando-lhe melhores feições e com a

empresa;

- objetiva-se satisfazer e fidelizar o consumidor.

Marketing 3.0:

- o marketing direciona-se para o mundo, querendo fazê-lo um lugar melhor;

- o cliente é visto como um ser humano pleno, detentor de coração, mente e

espírito;

- pensa-se na visão, missão e valores da empresa;

- o marketing é voltado para os valores, global e especificamente considerado;

- a tecnologia e seus diversos canais são valorizados.

Falando mais concentradamente sobre o marketing dos dias atuais (3.0), vale dizer

que o marketing passa, como ensinam Kotler et al (2010), necessariamente, pela

comunicação, como via de transmissão do pensar do que estabelece a dinâmica

empresarial. Essa dinâmica inicia-se no nível do indivíduo, levando-se em conta não apenas

as barreiras semânticas, psicológicas e culturais de cada um, mas também as experiências,

que estarão intimamente ligadas às probabilidades de compreensão ou não das

mensagens.

A grande evolução desse modelo é a preocupação com efeitos causados por

qualquer processo de comunicação; a finalidade e os propósitos assumem o ponto central

nas ciências da comunicação o que mostra a preocupação em considerar a intencionalidade

da comunicação. Além disso, os canais de comunicação, como se verá mais adiante,

constituem-se em novidade que parece trilhar um caminho sem volta, positivamente sem

volta, possibilitando o avanço sobre mais públicos consumidores (MUNDO MARKETING,

2012).

1.2 Globalização e Tecnologia

O desenvolvimento mais recente da comunicação (internet) tem sua história

fundamentada durante a disputa entre as duas maiores potências econômicas após a

Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Fala-se dos Estados Unidos da América e a antiga

União Soviética no confronto pela hegemonia do sistema que o representavam. Os EUA

representando o capitalismo e a URSS o socialismo em um confronto em que as duas

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potências não se enfrentaram diretamente no campo de batalhas - esse período da história

é definido como Guerra Fria (BERRY et al, 1992).

O conflito envolveu a disputa dos dois países e de seus aliados separados pelo

bloco dos países capitalistas e o bloco dos países socialistas, embora não tenha acontecido

uma guerra armada entre EUA e URSS, as duas estiveram envolvidas em guerras de outros

países que pertenciam ao bloco. A guerra entre as duas potências envolveu a corrida

armamentista, a promoção da superioridade de cada sistema - através de mensagens

persuasivas em filmes, cartazes, programas de tv, rádio, revistas e jornais - e o

desenvolvimento tecnológico para provar a superioridade do sistema a qual pertenciam. A

Guerra Fria chegou ao seu final em 1991 com a extinção da URSS e a “perda” do sistema

socialista para o sistema capitalista (CASTELLS, 2003).

Em um contexto que envolvia o desenvolvimento de tecnologias de guerra e armas

nucleares precisas, diversas pesquisas em ciência e tecnologia foram financiadas com altos

investimentos nos dois países. Com o sucesso do programa espacial soviético ao enviar o

primeiro homem ao espaço (1961) confirmou-se que a URSS dispunha de tecnologia e

recursos, num iminente risco ao poder e à segurança americana. Diante deste fato, uma das

medidas adotadas pelo EUA envolveu o planejamento de um meio para proteger o sistema

de comunicação, que até então estava centralizado no Pentágono, que, se atingido por um

ataque, afetaria todo o sistema de informações americano.

Em 1958, o Departamento de Defesa dos EUA organizou a agência ARPA (Agência

de Projetos para Pesquisas Avançadas) com o objetivo de desenvolver projetos de proteção

para o sistema de comunicação e informação do país. Um dos projetos visava o

desenvolvimento de uma estrutura em rede de computadores interligados por pontos

distintos, sem conter um computador central, evitando que um ataque localizado levasse à

perda de informações. A agência atuou em parceria com centros universitários e de

pesquisa no seu desenvolvimento (COMM, 2009).

Como resultado, o projeto fez nascer a transmissão de dados em comutação por

pacote, ou seja, o envio de informações divididas em pacotes por partes da rede sem um

centro definido. A comutação por pacote foi desenvolvida por dois pesquisadores: Paul

Barann e Donald Davies em 1964. Segundo Manuel Castells (2003), este projeto foi

essencial para o desenvolvimento da internet, assim dizendo:

“Ele desempenhou um importante papel na construção da Arpanet por causa de sua tecnologia de comutação por pacote, e porque inspirou uma arquitetura de comunicação baseada nos três princípios segundo os quais a Internet opera até os dias atuais: Uma estrutura de rede descentralizada,

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poder computacional distribuído através dos nós da rede e redundância de funções na rede para diminuir o risco de desconexão” (CASTELLS, 2003, p. 23).

Até a década de 1970 a transmissão de dados era realizada por telefonia analógica,

acarretando baixa velocidade na transmissão de dados, por este motivo os elementos

visuais eram rudimentares. Não havia a possibilidade de busca por índice ou palavras-

chave, o usuário deveria conhecer o nome dos arquivos para acessá-los, era uma

tecnologia ainda em desenvolvimento.

A implementação da fibra ótica por sua vez, como um dos fatores decisivos para a

globalização das informações se deu na década de 1980, possibilitando melhorias

significativas na transmissão dos dados, resultando no aperfeiçoamento dos protocolos com

a criação do ”http” uma abreviação de Hypertext Transfer Control (Protocolo de transferência

de hipertexto - internet) em 1989, por Tim Berners-Lee. O hipertexto é um sistema para

organizar as informações e, assim, permitir a busca e consulta de textos e que gerou

diversas inovações, dentre as principais, a possibilidade de adicionar sons e imagens e o

uso de palavras-chave e também de links para outras páginas – conforme ensina Castells

(2003).

Com a expansão da banda larga a partir dos anos 2000 a plataforma de

comunicação pela internet obteve inovações que facilitaram e impulsionaram o

compartilhamento de conteúdo gerado pelos próprios usuários sem a necessidade de

conhecimentos em programação. Antes das inovações a maioria dos usuários apenas

recebia informação e a comunicação estava limitada ao uso de fóruns e programas de

comunicação instantânea; após, usuários comuns passaram a produzir, editar e

compartilhar informações com outros usuários através de sites que permitem a criação de

redes, o compartilhamento de textos, áudios e vídeos e o desenvolvimento coletivo

(MUNDO MARKETING, 2012).

Em 2010 uma nova atualização na plataforma começou a ser desenvolvida para

tornar as buscas, que atualmente são baseadas na quantidade de referências e

visualizações de uma página, mais inteligentes, valendo-se de associações de ideias, com o

uso da semântica. Alguns autores e profissionais consideram essa inovação o que poderia

ser chamado de “Web 3.0”, com potencial para organizar a grande quantidade de

informação produzida de maneira mais perspicaz por assim dizer se comparada à atual.

1.3 Evolução da comunicação

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A palavra comunicação vem do latim communicatione, que significa tornar comum;

desta forma se uma pessoa consegue fazer que sua ideia seja captada e compreendida por

outras, neste exato momento ocorre de fato a comunicação. Ela é tão importante quanto o

sistema nervoso para o corpo, pois sem o sistema nervoso o corpo não se movimenta, não

se locomove e não se expressa. Pode-se citar que sem a comunicação, independente dos

diversos grupos humanos, seria impossível as pessoas estabelecerem algum tipo de

relação, sejam comerciais ou afetivas; ela está contida no ambiente social e pode exercer

influências positivas e negativas na vida das pessoas - se há uma habilidade que permeia a

vida profissional é com certeza a de se comunicar eficazmente com as pessoas (KUNSCHI,

1995).

A forma como as pessoas se relacionam entre si é chamado de comunicação,

dividindo e trocando experiência, ideias, sentimentos, informações e modificando

reciprocamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a comunicação, todos estariam em

um mundo isolado.

A comunicação pode ser vista, ouvida e tocada. As suas várias mensagens podem

chegar através das palavras, gestos, olhares, tom de voz, pela maneira de vestir, desenhos,

movimentos do corpo, imagens, sons, músicas e até por código Morse, entre outros. Ela

possui uma profunda relação com a cultura humana, e desperta a cultura de um povo que

abrange valores costume, hábitos, crenças e pode ser expressada da seguinte forma:

Linguagem Oral: Envolve a língua oficial do lugar. Ex: Língua Portuguesa e as

expressões gírias e dialetos dentre outros.

Linguagem escrita: Existem algumas regras para a linguagem escrita, visando

facilitar a sua compreensão, uma vez que ela ficará para sempre na memória das pessoas,

enquanto que o autor da mensagem nem sempre será lembrado. Mesmo usando a língua

oficial, há uma diferença entre como o povo fala e pela qual escreve. As normas e

permanência da escrita possibilitam a criação do seu próprio estilo, da literatura de cada

povo (KUNSCHI, 1995).

Seus Símbolos: Têm-se diversos símbolos no cotidiano. Ex: o Hino Nacional,

Bandeira, os heróis e outros sinais como:

Mandar flores (paixão, admiração, agradecimento, carinho etc.)

Vestir-se de preto no velório (respeito, afeição, dor)

Aliança de casamento (compromisso)

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Apesar de perceber semelhanças culturais entre vários povos que podem até obter

os mesmos hábitos, valores ou idioma em comum, nota-se que cada um tem suas

características próprias no modo de ser ou de falar, que os distinguem e garantem sua

identidade cultural.

Há aproximadamente cinco mil anos, a relação em que as pessoas tinham com o

tempo e o espaço sofreu alterações, pois utilizando a escrita, as informações a partir deste

momento puderam ser registradas e desta forma serem transportadas de um local a outro.

Vale a pena ressaltar que os registros eternizaram a cultura de um povo com o passar do

tempo.

Um grande salto na comunicação foi a tipografia. Há aproximadamente cinco

séculos permitiu reproduzir em larga escala o acesso às informações.

Com a chegada da eletricidade, há cinco séculos atrás, novas invenções na

comunicação surgiram: o telégrafo e o telefone. Com o telefone a comunicação tornou-se

mais rápida, e as informações passaram a ser transmitidas com a mesma velocidade da

corrente elétrica.

Atualmente não se sabe mais viver sem o telefone, pois além de trazer agilidade,

praticidade, conforto e segurança consegue-se efetuar e efetivar diversos serviços, dentre

eles: compras, transferências bancárias, serviços bancários etc. Entretanto, hoje se está na

era das redes sociais que têm uma grande influência na vida das pessoas, que a todo

momento estão conectadas e em fração de segundos estão obtendo e transmitindo

informações; esta é a mais nova era da comunicação, a Era Digital, questão temporal a

permear o presente trabalho.

Para França (2000):

“a comunicação exerce um poder formidável. Por meio da Comunicação, uma pessoa convence, persuade, atrai, muda ideias, influência, gera atitudes, desperta sentimento, provoca expectativas e induz comportamento, uma organização estabelece uma tipologia de consentimento, formando congruência, equalização, homogeneização de ideias ,integração de propósitos” (FRANÇA, 2000, p.162).

De acordo com Telles (2010), a teoria da comunicação trata do ponto de vista da

matemática aplicada, dos problemas de transferência de dados/informações e

alterações/perda de informações durante o processo de comunicação. O sistema de

comunicação inclui seis componentes:

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Fonte (Pode ser pessoa, processo ou equipamento que fornece a

mensagem);

Transmissor (Processo ou equipamento que codifica a mensagem e a

transmite ao canal);

Canal (Equipamento ou espaço intermediário entre transmissor e receptor);

Receptor (Processo ou equipamento que recebe e decodifica a mensagem);

Destino (Pessoa, processo ou equipamento a quem é destinada a

mensagem);

Ruído (Perturbações indesejáveis que pode alteram a mensagem de forma

imprevisível).

Segundo o contexto apresentado, deve-se ter atenção para não transmitir uma

informação ambígua ao cliente que chega carregada de ruídos. Para diminuir o impacto do

ruído, o ideal é transmitir a mesma informação de outra maneira para que o cliente possa

compreender de acordo com seu entendimento, a informação final (MUNDO MARKETING,

2012).

Apresentam-se os principais canais ou meios de informação que são utilizados no

cotidiano e na vida corporativa:

Face a face (Método em que se pode explorar as expressões, observar a

linguagem não verbal do cliente e proporcionar um feedback imediato;

Telefone (A comunicação é direta e pessoal, o feedback é instantâneo,

devendo ter atenção redobrada na entonação da voz que irá fazer toda a diferença ao

transmitir as informações ao cliente);

Cartas, fax, e-mail etc. (Estão no grupo de documentos escritos, endereçados

pessoalmente ao cliente, mas o feedback é lento, com exceção do e-mail, pois sua

comunicação é rápida, direta e pessoal);

MSN (A comunicação de forma ágil e instantânea, sem o deslocamento físico

e proporciona economia de tempo);

Skype (Permite fazer uma vídeo-conferência de qualquer lugar do mundo,

proporcionando agilidade, com sons e imagens com maior exatidão).

Desde a época dos homens das cavernas até os tempos atuais, a comunicação

sempre constituiu o mais importante meio de integração, divergência, de colaboração, de

conflito, de cooperação ou de competição. A comunicação mais uniu do que separou as

pessoas tornando-se uma habilidade humana que ajudou a superar a condição animal e a

tornar o ser humano um ente social, o diferenciando dos demais seres vivos do planeta.

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Vários pesquisadores se atraíram pela comunicação, por desvendar algumas

habilidades e regras, sendo que um dos mais famosos é Albert Mehrabian que chegou a

resultados fascinantes. Ele cita que as mensagens são transmitidas por diferentes canais:

“O quê dizemos, isto é, as palavras que usamos representa 7%” “Como dizemos, isto é, o uso da voz em termos de tom, volume, ritmo representa 38%” “Nossa linguagem Corporal representa 55%” (ALBERT MEHRABIAN apud COMM, 2009, p.53)

Ao apresentar o resultado da pesquisa a um grupo de pessoas, a maioria, somente

ao lê-la, pode nela não acreditar, uma vez que as pessoas supõem que as palavras ditas

são a parte mais importante da comunicação, entretanto, é preciso perceber qual o ângulo

em que se irá concentrar a comunicação e dar mais ênfase de acordo com a função

exercida. Sendo assim, as formas de comunicação caem perfeitamente bem para que se

possa ter uma excelente comunicação com os clientes internos e sobressair-se com os

clientes externos.

As palavras podem causar confusão se não forem bem esplanadas e objetivas, não

se deve causar o desconforto de palavras de duplo sentido no momento da comunicação

com os clientes.

De acordo com Mehrabian

“a mensagem transmitida está implícita em nossa voz, não importa muito as palavras usadas. A voz torna-se ainda mais importante ao telefone, quando está claro que o terceiro meio de comunicação, a linguagem corporal, não ocorre” (ALBERT MEHRABIAN apud COMM, 2009, p.56).

Um bom tom de voz pode fazer toda a diferença no momento de transmitir a

informação a um cliente, especialmente quando se está falando de uma instituição

financeira, aquela da qual você confia para administrar o seu dinheiro.

A linguagem do corpo é uma ótima ferramenta, pode-se afirmar que a comunicação

é um fenômeno humano.

A comunicação representa um aspecto extremamente amplo tanto na vida das

pessoas como nas organizações; muito se fala e se lê sobre as estratégias organizacionais,

mas o que realmente faz a diferença nesse contexto? A diferença está em como encantar os

clientes, na forma de se comunicar com os mesmos.

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Quando se fala em clientes é importante não se esquecer dos clientes internos

também, que na maioria das vezes estão somente envolvidos e não comprometidos com as

estratégias da organização. Por esse motivo ao se estabelecer as estratégias

organizacionais, deve-se incluir uma estrutura de comunicação que condiz com a realidade

da organização e do seu mercado de atuação.

O cliente interno ou externo é também muito importante para a organização, pois

envolve um conjunto de procedimentos e técnicas que intensificam o processo de

comunicação e o de propagação de suas atuações, resultados, normas, instrução de

serviços, missão, objetivos, projetos, processos e procedimentos entre outros.

Para obter um melhor desempenho dos funcionários através da comunicação

interna, é necessário desenvolver valores e técnicas. Os valores responsabilidade,

compromisso, cooperação, solidariedade e dedicação são fundamentais para uma excelente

comunicação. Outra questão importante é o que influencia a motivação dos funcionários

com os resultados da empresa, pois ele deve se sentir parte deste sucesso, valorizado e

indispensável para os bons resultados obtidos.

O grande desafio é garantir que a imagem da empresa no mercado tenha uma

articulação positiva. Um fator que influencia também na motivação dos funcionários é a

mídia; se a empresa for bem tratada por ela, a motivação dos funcionários será maior,

portanto, ter atenção para as atitudes e ações estratégicas é condição para a boa

comunicação organizacional. A comunicação interna passou a ser muito valorizada quando

se percebeu a influência da motivação dos funcionários nos resultados das empresas

(TELLES, 2010), compondo mais um item da revolução atual da Era Digital ou Era da

Comunicação.

Como, visto, por fim, o marketing exerce papel determinante no mundo dos

negócios, e, desde seu surgimento, passou recentemente por grandes transformações,

evoluindo juntamente com as tecnologias que permeiam as possibilidades de comunicação

entre pessoas e empresas, fenômeno globalizante inestimável para os que querem vender

produtos e serviços para o maior número de pessoas possível.

CAPÍTULO II - CENÁRIO ATUAL - QUAL A IMPORTÂNCIA DA INTERNET PARA AS

ORGANIZAÇÕES

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Alinhavando-se com o que se expôs no primeiro capítulo, e em continuidade, o

capítulo 2 contemporiza ainda mais o marketing na atualidade, ligando-o com evidência ao

nascimento da internet e à sua “digitalização”.

2.1 O Marketing Digital

Segundo Castells (2003), a internet e a World Wide Web propiciaram aos

executivos de marketing novos instrumentos que agregam conveniência a aumentar o

sucesso de seus esforços de marketing. Para o autor, embora o sucesso de um e-business

seja importante para determinar tráfego comercial para os sites, isso não é o bastante. A

conservação de perfis de clientes, o registro de visitas e a análise de resultados

promocionais e publicitários são essenciais para considerar a eficiência das campanhas do

marketing digital, além dos elementos contidos no marketing voltado ao comércio

habitualmente considerado, como o caso da gestão do marketing de relacionamento, visto

em item específico.

De acordo Cintra (2010), as campanhas de marketing por e-mail podem

proporcionar um modo comum e eficaz para alcançar potenciais compradores, só para citar

um exemplo do que vem a ser o marketing digital, na atualidade muito mais amplo em

termos de ferramentas do que somente o e-mail.

Em verdade o marketing digital criou uma nova e enorme realidade e grande

perspectiva para os futuros negócios de vários setores, agora com poder de penetração e

velocidade incomparavelmente superiores aos marketings “tradicionais” (CIPRIANI, 2008).

França et al (2000) explanam que mesmo que filmes, jornais, TV e revistas sejam

meios eficientes, a publicidade on-line ou digital é parte importante e inegavelmente vital no

mundo promocional. O uso de portais e outros sites como meio de comunicação já é algo

imperioso para grandes, médias e até pequenas companhias.

Hoje não se concebe que empresas de renome não tenham canais de comunicação

nos meios digitais, incluindo mensagens em celulares quando de saques bancários, envio

de notas fiscais eletrônicas via e-mail, sites repletos de informações com possibilidade de

compra virtual, e presença (com grande interação) nas chamadas redes sociais como são o

Facebook e o Twitter (MUNDO MARKETING, 2012).

A divulgação digital de produtos e serviços é uma necessidade, um imperativo que

possibilita que pessoas situadas em lugares dos mais diversos possam adquirir por muitos

modos de pagamento e milhões de produtos distintos, o que quiserem (FRANÇA, 2004).

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2.1.1 O Marketing de Relacionamento em face do Marketing Digital

O conceito de marketing de relacionamento (MR) é relativamente recente, tendo

surgido nos anos 90 da necessidade de reformulação da relação entre empresa e

consumidor. Essa então recente abordagem trouxe para as organizações uma nova visão

de marketing com o olhar para a retenção dos clientes ao invés do enfoque na aquisição dos

mesmos. No final das décadas de 70 e 80, ganhava a empresa que primeiro posicionasse

seu produto ou tecnologia no mercado - o marketing se resumia em obter a atenção do

público (SOLOMON, 2002). As pessoas compravam o que era novo, entretanto, o produto

total ou a solução total nunca eram conseguidos ou até mesmo perseguidos “até o fim”

pelas empresas. Comprava-se, apenas, o que era oferecido, e, igualmente, entregava-se o

pedido e pronto, sem construções relacionais de maior profundidade.

No final da década de 80 o mundo começa a mudar e, como observa Kotler (2005),

o cliente se torna o centro das atenções. Contudo, as organizações ainda concentravam

suas energias em mudar a mentalidade do cliente para adaptá-lo ao produto. Somente na

década de 90 é que a realidade – o cliente verdadeiramente como alvo principal das

empresas – vem à tona. O autor ainda afirma que o marketing está sofrendo uma transição:

“da manipulação do cliente ao atendimento de suas necessidades” (KOTLER, 2005, p.03).

Atualmente, as empresas que conservam as relações com seus clientes estão se adaptando

a um mundo em que a competição é muito mais difícil que nas décadas de 70 e 80. “As

empresas bem sucedidas estão se voltando para o mercado, adaptando seus produtos às

estratégias dos clientes” (KOTLER, 2005, p.03) – é o caso das novas constatações trazidas

por este texto, preocupando-se sobre o marketing na era digital a também demandar olhares

para o caráter relacional das atividades comerciais eletronicamente viabilizadas.

O marketing, desde modo, passa a se basear na criação e não no controle do

mercado, no processo contínuo e não em simples táticas para aumentar o marketing share

(fatia de mercado); a importância está no conhecimento e na experiência da organização.

Atualmente, as coisas mudam tão rapidamente que é difícil acreditar que pesquisas e

projeções de mercado sejam capazes de demonstrar o que o consumidor realmente deseja

(PUBLICIDADE DIGITAL, 2012).

A organização deve, então, passar a conhecer muito bem seus clientes,

fornecedores, concorrentes e, também, a si própria, para, assim, desenvolver seu perfil na

internet e outros acessos que atendam não somente às necessidades dos seus clientes,

mas os satisfaça plenamente. O desenvolvimento dessa infraestrutura de fornecedores,

clientes e revendedores tendo como uma das plataformas a internet e outros dispositivos

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eletrônicos como a troca de mensagens via celular, forma a base de um novo segmento de

divulgação, fazendo com que as empresas conheçam cada vez mais o mercado em que

atuam, podendo dessa forma oferecer cada vez mais (quantitativa e qualitativamente)

serviços e produtos aos seus consumidores (KOTLER, 2005). E, repisa-se, o Brasil é um

dos países em que o crescimento de acessos às redes e á internet como um todo só faz

crescer.

Tabela 1 - Dados referentes ao acesso à Internet - Brasil 2010.

Outubro - 2010 Brasil

Internautas c/ acesso doméstico - (milhões) 37,34

Usuários Ativos (milhões) 25,67

Número médio de sessões na Internet por mês 33

Número de sites visitados por mês 64

Tempo de navegação no mês (hs) 39:42

Tempo médio gasto em cada página visualizada (seg) 00:49

Fonte: IBGE (2012).

Hoje em dia os clientes estão repletos de escolhas e possibilidades. As empresas

acabam perdendo seus clientes com muito mais frequência que antigamente, e com tantas

opções, torna-se muito caro trazê-los de volta, sendo necessários altos investimentos em

comunicação digital (DIGITAL MARKETING, 2012).

Conquistar um novo cliente, aliás, como é largamente sabido, custa de cinco a dez

vezes mais do que manter o cliente atual. E esse fator é um dos principais motivos que está

fazendo com que as empresas mais reconheçam a importância do marketing de

relacionamento e do mix de comunicação integrada para alcançar ou manter os resultados

de seus negócios, isto também valendo para a área digital. Em razão disso, o marketing de

relacionamento está passando de ser uma mera vantagem competitiva para se tornar uma

obrigação nas organizações (FREITAS, 2007).

Segundo ainda Freitas (2007, p.11), “o marketing de relacionamento é uma filosofia

que prevê a construção e a manutenção de relacionamentos individuais com os clientes,

vislumbrando um horizonte de longo prazo”; isto vale para o marketing digital quando há

dimensões diferenciadas de atendimento, o que se dá em sites das chamadas redes sociais,

por exemplo.

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É definido por Spyer (2007, p. 32) também como uma estratégia que visa “construir

uma relação duradoura com o cliente baseada em confiança, colaboração, compromisso,

parceria, investimento e benefícios mútuos, resultando na otimização do retorno para a

empresa e seus clientes”. O conceito na definição de McKenna (1997, apud SPYER, 2007,

p.36) é definido como: “um marketing que encontra um modo de integrar o cliente à

empresa, como forma de criar e manter uma relação entre a empresa e o cliente”.

Além disso, Oliveira (apud TELLES, 2010, p.78) observa que o marketing de

relacionamento e a sua associação à qualidade e ao atendimento ao cliente “buscam criar

valor suficiente na venda para fazer com que o cliente volte a comprar mais”.

Avalia-se esse último conceito como o mais direto e simples do que é o marketing

de relacionamento, e também o que melhor expressa esse marketing atual, reconhecendo o

valor e as necessidades do cliente para que ele volte a comprar ou utilizar o serviço

novamente, cliente este que está sempre conectado deve-se dizer.

Afinal, o que é uma marca bem sucedida senão o poder que ela exerce e que faz o

cliente sempre comprar dela? Esse poder é uma relação bem sucedida da qual McKenna

(1997) afirma ser a base para a escolha dos clientes.

O MR, diferentemente do marketing transacional, trabalha a intangibilidade de um

produto ou serviço e também com a área subjetiva da mente do consumidor, lutando para

que ele realmente se torne leal à sua marca ou serviço, neste ponto bastante pertinente ao

marketing em sua “versão” digital (PUBLICIDADE DIGITAL, 2012).

O MR se preocupa com a administração da demanda, e isso significa de fato

administrar os clientes independentemente da proximidade física com estes. Pode-se dividir

a demanda em dois grupos: novos e antigos clientes. Originalmente, os profissionais de

marketing têm como objetivo atrair novos clientes e fazer transações com eles, sendo que o

ambiente de marketing digital atual é neste sentido bastante atraente e facilitador, como são

os ícones ou links patrocinados via Facebook. Além do mais, os custos para atraí-los pela

via digital são extremamente vantajosos se comparados com os tradicionais. Apesar de ser

muito importante atrair novos clientes, mais vantajoso ainda é reter os clientes lucrativos e

construir relacionamentos duradouros com eles, o que o encurtamento da distância

viabilizado pela conectividade se mostra favorável.

O marketing de relacionamento é considerado uma filosofia empresarial baseada

na aceitação da orientação para o cliente e para o lucro por toda a empresa, e, também, no

reconhecimento de que se devem buscar novas formas de comunicação para estabelecer

um relacionamento profundo e duradouro com os clientes. Ou seja, toda organização deve

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estar engajada com o cliente, notando novamente como as ferramentas comunicativas

atuais são por este entendimento positivas.

Embora inicialmente considerado aplicável apenas em mercados

interorganizacionais e no mesmo ramo de serviços, o MR vem ampliando a sua

abrangência. Mercados como o de consumo de massa, varejo, educação e o setor

financeiro vêm adotando suas práticas na busca por vantagens competitivas. Os bancos

foram os primeiros a usar o conceito de MR aplicando-o às pessoas físicas, notadamente

com incremento do contato via homebanking – justamente pela via digital (PUBLICIDADE

DIGITAL, 2012).

No princípio, de acordo com Schiffman (2000) a noção inicial do MR era de que as

organizações deveriam se empenhar na construção de laços pessoais e duradouros apenas

com os clientes, porém, mais recentemente, essa noção tem sido estendida para além dos

clientes, incluindo fornecedores, empregados, governos e até mesmo os concorrentes, ou

seja, todos os grupos com os quais a organização interage. Criam-se, assim, as redes de

relacionamento, igualmente existentes no campo virtual.

Não se pode confundir o conceito de MR com marketing de fidelização somente.

Deve-se ter claro que a fidelização faz parte, somente, do processo do MR. Algumas

confusões se estabelecem e algumas empresas ainda entendem o MR apenas como

retenção de clientes. Programas de fidelidade, gestão de banco de dados e “simples

barreira” à saída de clientes são termos que igualmente se confundem com o MR. O MR é

muito mais que isso. Fidelizar ou reter os clientes é sim um resultado da estratégia de

marketing. Segundo Solomon (2002), existem duas maneiras de se aumentar a taxa de

retenção de do consumidor:

1- Dificultando a troca de fornecedor. É mais difícil para os clientes procurar outro

fornecedor quando isso envolve altos custos de capital, de procura ou perda de descontos

por fidelidade e assim por diante. Como exemplo, pode-se citar as operadoras de telefonia

celular que cobravam uma multa para que o cliente se desvinculasse da empresa. Não é

esse tipo de retenção parece se ligar à era digital, mas ao constante fluxo de informações e

proximidade constante – de um ou outro modo positivo – com o cliente.

2- Entregando alta satisfação aos consumidores, pois se torna difícil para um

fornecedor atrair consumidores somente oferecendo preços mais baixos, já que o

consumidor procura é estar plenamente satisfeito com sua compra, sendo que o mundo

digital permite o contato com notícias sobre vários produtos, serviços e outras atividades das

empresas, como suas ações sociais ou até mesmo o patrocínio de eventos.

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O primeiro tipo de retenção ignora características básicas do MR como: orientação

para longo prazo, construção de vínculos emocionais com os consumidores,

desenvolvimento de confiança e lealdade e também a tentativa que as empresas devem

fazer para ter um conhecimento mais profundo de seus clientes.

Dessa maneira pode-se concluir que para entregar aos clientes “digitais” alta

satisfação as empresas necessitam estudar bem o mercado, principalmente seu público

alvo, para atender e conhecer de melhor forma suas necessidades, o que pode ocorrer pela

própria via digital escolhida. E não somente isso, como já falado anteriormente, as empresas

também devem conhecer profundamente, fornecedores, concorrentes, revendedores etc., e

assim criar uma rede de relacionamento a fim de criar alta satisfação com seus produtos e

serviços.

O principal objetivo do MR nas organizações é a constituição de vantagens

competitivas sustentáveis. A atividade de fidelização de clientes tem por objetivo conduzir as

empresas a alcançarem melhores resultados por meio de relacionamento de longo prazo

fazendo com que os clientes voltem a comprar da marca ou a utilizar o serviço

(PUBLICIDADE DIGITAL, 2012).

A ênfase estratégica do MR ligado ao mundo digital é igualmente manter e atrair

clientes. Como se pode observar, as organizações não devem ignorar a necessidade

constante da conquista de novos clientes, entretanto, precisa se concentrar na manutenção

dos já existentes. Solomon (2002) menciona como principais elementos da abordagem de

relacionamento os seguintes fatores:

● A interação com o cliente passa de um ponto de transação (negocial) para

relacionamento.

● Aumento do potencial do tempo de vida dos clientes junto à organização.

● Preocupação em se desenvolver e melhorar os relacionamentos com os

mercados chaves.

● Marketing de base multidisciplinar que pensa nas necessidades dos clientes

● Estratégias de MR que torne os elementos de gerenciamento como qualidade e

atendimento aos clientes integrados às redes.

Dessa forma, na busca de resultados satisfatórios, as empresas estão optando por

migrar do marketing transacional para o marketing de relacionamento digital.

Kotler (2005) acredita que cada vez mais as pessoas estão se afastando do

marketing de transação, cuja ênfase está nas vendas, para o MR, que, como já explanado

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anteriormente, enfatiza a construção e manutenção de relacionamentos lucrativos a longo

prazos com os clientes oferecendo-lhes maior valor e satisfação, dezenas de vezes

potencializado via relacionamento digital.

A meta do marketing de transação é conquistar clientes, enquanto a meta do MR é

manter clientes. Para Mckenna (1997, p.83), “o marketing não é função [...] É integrar o

cliente à elaboração do produto e desenvolver um processo sistemático de integração que

dará firmeza à relação”.

Essa combinação inclui o tangível e o intangível. Pode-se citar crenças, valores,

conhecimentos, habilidades e recursos diversos. Todos esses fatores devem estar

traduzidos na cultura organizacional da empresa, ou seja, pode-se concluir que toda a

organização deve estar engajada nesse propósito e comprometida com os princípios do

marketing. Por essa razão ter uma filosofia empresarial voltada para o cliente torna-se

fundamental para o sucesso da estratégia, somente depois de ter preenchido esse requisito

é que a empresa pode preocupar-se com a implementação do marketing de relacionamento

digital.

Na concepção de Kotler (2005) para entender o marketing atual deve-se também

entender o processo de atração e manutenção do cliente; em outras palavras como a

organização transforma o cliente em parceiro ou amigo. Para Telles (2009), um dos pontos

mais importantes desse processo é o início de uma campanha para conquista da

credibilidade, onde é aconselhável que se selecione cuidadosamente, o primeiro usuário do

produto.

Segundo o autor, eis os passos da transformação de um simples consumidor em

“amigo”:

O ponto de partida são os consumidores prováveis: todos os que podem comprar o

produto ou serviço;

A empresa deve trabalhar junto a eles para determinar os consumidores potenciais:

pessoas com interesse pelo produto e em condições de pagar por ele;

Os consumidores qualificados é o próximo passo: aqueles que a organização aceita

porque tem crédito ou são rentáveis;

A empresa espera converter muitos potenciais qualificados em consumidores

novos: aqueles que nunca compraram seus produtos antes;

E depois, esses em consumidores leais: indivíduos que dão preferência aos

produtos da empresa;

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Após, a empresa age no sentido de transformar esses consumidores leais em

clientes: pessoas que compram produtos relevantes apenas da empresa;

O passo seguinte é transformar os clientes em advogados: consumidores que

defendam a empresa e estimulem outras pessoas a comprar dela;

O desafio maior é transformar os “advogados” em parceiros: situação em que eles e

a organização trabalham em conjunto.

Para Telles (2009, p. 101), ”[...] apesar de todos os clientes serem importantes, as

organizações precisam identificar os clientes que lhes são mais valiosos e tratá-los de forma

especial”. A organização precisa se antecipar e identificar os desejos, anseios e

necessidades dos clientes antes mesmo que eles consigam perceber. Para isso, segundo

Vieira (2009, p.3) “a entidade deverá consolidar o relacionamento baseado na confiança,

redobrar a atenção nos dados, ao mesmo tempo que acompanha a evolução do mercado.”

Para fazer isso de modo eficaz, a empresa deve compreender muito bem os seus

consumidores, incluindo suas motivações, comportamentos, necessidades e desejos. Com

tal conhecimento em mãos, poderá então oferecer o composto do marketing certo para

aumentar a satisfação do consumidor e retê-los no longo prazo. A finalidade é identificar,

neste contexto digital, os clientes de forma individualizada e nominal para criar um

relacionamento entre as partes com o objetivo de que as transações se prolonguem e dessa

forma administrar esse relacionamento em benefício de todos: clientes, consumidores e

empresa (PUBLICIDADE DIGITAL, 2012).

O que diferencia uma organização de outra é cada vez mais o intangível poder

de estabelecer cumplicidade com o universo que a cercam (sociedade, fornecedores,

alunos, prospects e funcionários). A chave desta relação está na mensagem

subentendida na marca da instituição, conectada não somente aos serviços e produtos

que oferece, mas igualmente ao comportamento que a instituição demonstra (DIGITAL

MARKETING, 2012).

Neste contexto, o marketing oferece, com a sua plenitude estratégica,

ferramentas e estrutura para que as organizações possam alcançar o sucesso e

satisfazer e atrair os seus diversos públicos – pessoas desejosas de todo tipo de produto

(DIGITAL MARKETING, 2012).

Quanto à comunicação, é a variável mais visível e conhecida, que envolve o

diálogo com a coletividade ansiosa por ser conquistada; e, enfim, a distribuição, que não

é mais do que o modo de distribuição e localização e dos serviços que pode ser

(tradicionalmente) a distância ou presencial – para este texto importando no contado

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evidentemente realizado pela via eletrônica ou digital. Não pode haver marketing sem

ações integradas de comunicação, aspecto essencial na atualidade para a divulgação de

qualquer serviço ou produto (DIGITAL MARKETING, 2012).

As instituições que incluem em seus planos de negócios, os princípios e práticas

do marketing moderno, alcançam os seus objetivos com maior eficiência, pois este ajuda

a instituição a impender a sua missão e aumentar o interesse pelos seus públicos-alvo

(DIGITAL MARKETING, 2012).

2.2 E-Commerce

O comércio eletrônico está em franca e constante expansão desde seus primeiros

momentos, iniciados ainda nos anos 90. As pessoas, cada vez mais, estão ligadas à rede

mundial de computadores, e, cada vez mais querem satisfazer seus interesses e desejos de

modo rápido, aceitando a interatividade como algo progressivamente componente de suas

rotinas. Assim, cresce o comércio eletrônico pelo mundo e também no Brasil (SPYER,

2007).

A internet possibilita, ressalta-se, o poder de troca de mensagens em poucos

segundos ou frações de segundos; praticamente em tempo real pode-se comprar e vender

muitos produtos. Em tempo real pode-se conversar, trocar informações diversas, havendo

interações várias por meio de comunidades (redes sociais), e-mail, blogs, navegação em

sites etc. (DIGITAL MARKETING, 2012).

A terminologia e-commerce (ou comércio eletrônico) começou a ser empregada nos

Estados Unidos, com o início da Amazon – loja virtual até hoje famosa, com rápida

aceitação na América do Norte e Europa e, por extensão, os demais países do mundo. O

Brasil, país com elevado índice de conexão à rede e em desenvolvimento crescente nos

últimos vinte anos, não ficou atrás (DIGITAL MARKETING, 2012).

Lojas virtuais rapidamente se espalharam no Brasil, notadamente nos anos 2000,

com redes como Lojas Americanas, Livraria Saraiva e outras tantas com vendas muito

expressivas realizadas via internet. Não há quem, de algum modo, sendo grande, esteja fora

da rede, incluindo supermercados, montadoras de automóveis, agências de turismo etc.

(TELLES, 2009).

Gráfico 1 – Evolução do e-commerce no Brasil.

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Fonte: GOOGLE (2012).

Na atualidade o comércio eletrônico promove mais avanços, com múltiplas

interações disponíveis à clientela, como link para visualizar o produto, campo para negociar

preços etc. Há também, por novidade, as compras coletivas em que o barateamento já

natural das compras pela via eletrônica ganham ainda mais o fator volume de consumidores

dispostos a adquirir determinado produto (TELLES, 2009).

Como benefícios para os consumidores o comércio eletrônico ou e-commerce

podem assim ser listados:

- Conveniência, comodidade em comprar de onde estiver;

- Entrega rápida, principalmente para produtos de pequeno porte;

- Fácil cotação de preços e vantagens dos produtos;

- Facilidade em compartilhar informações com consumidores que já compraram de

determinada companhia;

- Variedade, com grande oferta de serviços e bens;

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- Participação em leilões virtuais;

- Uso das ofertas para renegociá-las no mundo real ou abastecer com comodidade

seu próprio negócio.

Para as empresas, é possível imaginar a seguinte listagem de benefícios:

- Aumento das vendas;

- Elevação da satisfação dos clientes;

- Elevação dos tipos de negócios e produtos ofertados;

- Eficiência na gestão de dados;

- Monitoramento de preferências ligadas ao consumidor;

- Redução de custos operacionais;

- Relação direta com seu público consumidor;

- Trabalhar com melhor monitoramento de estoques.

Por fim, vale citar os sites de compras de alcance cada vez mais potencializado e de

instrumentos para eles serem acessados, como o Google e seu principal serviço de anúncio

– com a existência de links patrocinados – por intermédio do Search Engine Marketing; no

Brasil cresce exponencialmente os negócio on-line via endereços conhecidos por Mercado

Livre, Buscapé, OLX, Submarino, Compra Fácil, Shopping Uol e outros tantos (DIGITAL

MARKETING, 2012).

Gráfico 2 – Participação das mídias de jan 2009 a nov 2009 – Investimento publicitário no

Brasil.

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Fonte: GOOGLE (2012)

2.3 Como aproveitar as novas plataformas para aumentar o retorno das organizações

Um dos caminhos para o aproveitamento do mundo virtual e das possibilidades do

comércio eletrônico, o mix de comunicação de marketing direcionado para o mundo digital,

como sugere Kotler et al (2006), parece ser o ideal, sem descarte de nenhum outro percurso

ou modelo.

Originalmente o mix de marketing é composto por seis vias fundamentais de

comunicação: promoção de vendas, propaganda, eventos/experiências, vendas pessoais,

relações públicas, e marketing direto (KOTLER et al, 2006, p. 432), assim descrito:

“1. Propaganda: uma maneira qualquer paga de apresentação e promoção não-pessoais de ideias, mercadorias ou serviços por anunciante identificado;

2. Promoção de venda: uma abundância de incentivos de curto prazo para incitar a experimentação ou a compra de um produto ou serviço.

3. Eventos e experiências: atividades e programas patrocinados pela empresa e projetados para criar interações relacionadas à marca, diariamente ou em ocasiões especiais.

4. Relações públicas e assessoria de imprensa: um grande número de programas ordenados para originar ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos.

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5. Marketing direto: uso de correio, telefone, fax, e-mail ou internet para se comunicar abertamente com clientes exclusivos e possíveis ou lhes requerer uma resposta direta.

6. Vendas pessoais: interação pessoal (cara a cara) com um ou mais compradores potenciais com vistas a proporcionar produtos ou serviços, contestar a perguntas e tirar pedidos.”

Para Kotler et al (2006), esta lista se aplica em boa parte ao comércio eletrônico,

sendo possível efetivar por meio dele vários de seus itens.

Assim, a rapidez e a amplitude com que as inovações tecnológicas vêm

acontecendo afetaram tal listagem, que pode ser reinterpretada por Godin (2007, p.45)

quando diz que:

Os meios tradicionais estão se tornando mais caros e menos eficientes. Em parte por que, com a Internet, as campanhas podem ir muito além disso. Em parte por que as pessoas aprenderam a ignorá-lo. Simples: mais anúncios, mais interrupções. O modelo está saturado. Há muita gente tentando fazê-lo funcionar. O consumidor médio vê cerca de mensagens de marketing por dia. Ninguém consegue prestar atenção a todas elas. Pouquíssimas pessoas que eu conheço ligam a TV ansiosas para ver um anúncio. Esse tipo de marketing interrompe algo que você queira fazer. Interrompe um programa de TV, a leitura de uma revista. E tudo bem, porque você pega a atenção das pessoas que você não conhece. Mas, uma vez que você tenha a atenção dessas pessoas, se houver uma forma de vender sua imagem para elas sem interrompê-las, você terá resultados muito melhores.

Como consequência para esse autor, o desafio, nos próximos anos, será convencer

as pessoas a prestarem atenção voluntariamente à comunicação.

Determinados meios habituais de comunicação como a TV precisarão passar por

grandes transformações. É questionável a sobrevivência desse instrumento já que se inicia

um mundo de programação pela grande demanda com a TV a cabo, fora a própria internet,

disponível nos computadores, celulares e tablets.

A credibilidade da comunicação ao mesmo tempo é um ponto fundamental para ser

analisado pelo gestor do produto e da marca; finalmente, existe sempre uma transferência

da credibilidade da mídia para a propaganda, como assinala Cintra (2010, p. 14) e que o e-

commerce também exige:

“A credibilidade de uma propaganda acaba sendo afetada também pela própria mídia na qual ela está sendo veiculada, pois sempre existe uma transferência de credibilidade da mídia para a propaganda. Ainda que esse não seja o fator mais preponderante na questão da credibilidade da propaganda, é sempre oportuno lembrar que muitas vezes as decisões sobre seleção das mídias levam apenas em conta aspectos técnicos como

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valor do investimento, índices de cobertura, desprezando a imagem do veículo junto ao público.

(...)

A imagem do veículo altera o grau de ceticismo do leitor. Assim, um único consumidor – portanto, com um mesmo perfil – pode perceber uma informação de forma diferenciada dependendo da mídia pela qual ele a está acessando.”

Com o consumidor final, a comunicação, por sua vez, pretende continuar a ser mais

interativa, e os meios que proporcionam o contato direto com a marca e, ainda, com seu

período de consumo, como internet e o ponto-de-venda carecerão receber mais importância

no mix de marketing.

Possivelmente, propostas personalizadas de comunicação, incorporadas ao contato

direto com a marca e a possibilidade de interação, derivem a ser a tônica da comunicação

na década seguinte, como são, a partir da identificação dos gostos e preferências dos

clientes, as ofertas dirigidas que já existem.

Desde que foi inventada, a internet, vem portanto modificando a maneira como as

pessoas vêm lidando com o entretenimento, a informação, a comunicação pessoal e a

venda entre empresas e pessoas. A internet apresenta uma ferramenta hábil e importante

no comércio e transações de mercadoria, aumentando ainda mais a importância do

desenvolvimento do marketing.

Como narrado por Schultz (2001, p. 13):

A diferença fundamental entre o mercado do século XXI e o histórico e o atual é ele ser interativo. A informação e o conhecimento fluem em mão dupla: do marqueteiro para o consumidor e também do consumidor para o marqueteiro. Se o mercado histórico e o atual são controlados pelas organizações de marketing, no mercado do século XXI, o controle será partilhado com os clientes e consumidores. A mudança desse deslocamento é fácil de explicar. O poder do mercado é resultado do acesso à tecnologia de informação e do seu uso (...). À medida que o consumidor obtém cada vez mais acesso à informação, ao conhecimento e à tecnologia, o poder se desloca do marqueteiro ou do canal para o consumidor.

As redes sociais, como se verá, e o grande palco para tal avanço, em verdade, um

acontecimento já em andamento e evolução constante.

A Social Media Marketing (SMM, Marketing para Mídia Social), como determinados

autores costumam denominar, pode ser entendida como a grande novidade que, de acordo

com Cipriani (2008), como técnicas onde determinadas redes sociais são articuladas, com a

finalidade de divulgar um conteúdo direcionado a um público determinado que está

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conectado de acordo com um interesse principal; essa ação terá a capacidade de provocar

tráfego e maior notoriedade para um site ou link de vendas de uma corporação.

Como percebido, o marketing passou a integrar a comunicação pela internet

viabilizada, equipando, por assim dizer, sistemas informativos e comerciais – como o e-

commerce – de modo a valorizá-lo como ferramenta imprescindível para, novamente afirma-

se, vender coisas, mesmo que “somente” ideias.

CAPÍTULO III - PROJEÇÃO

Este capítulo, o terceiro, tem por mérito, verificar o elemento “rede social” como

plataforma adequada para as novas concepções e aplicações do marketing.

3.1 Redes Sociais

As redes sociais é fenômeno recente, atribuído a espaços na internet onde as

pessoas mantêm relacionamentos para diversos fins, estando conectadas sob diversos

motivos e ferramentas.

A rede é constituída por dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos)

representados pelos usuários e conexões de acordo com o laço social formado. Assim, uma

rede é a representação das conexões estabelecidas entre os atores e a análise é centrada

nos padrões de conexão.

Segundo Telles (2010, p. 24):

“O estudo das redes sociais na internet foca o problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo são, como são compostas através da comunicação mediada pelo computador e como essas interações mediadas são capazes de gerar fluxos de informações e trocas sociais que impactam essas estruturas.“

Uma padronização aceita para a definição de redes sociais tem três pontos

fundamentais como características básicas. Esse modelo proposto por Boyd (apud SPYER,

2007) deve conter:

- Um perfil, para o usuário criar seu avatar virtual;

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- Listas de amigos;

- Compartilhamento de conteúdo.

Esses são somente três características básicas, porém, as redes podem ser

formadas com diversos graus de complexidade, dependendo do propósito e estrutura da

ferramenta, além, é claro, da interação entre os usuários. Por exemplo, se a ferramenta

(site) limita o tamanho da rede em x usuários por perfil, a dinâmica será diferenciada das

redes sem limitação, com capacidade de expansão ilimitada.

Padrões de conexão por sua vez são os objetos de estudo para pesquisadores das

redes sociais. As conexões são os laços sociais criados através da interação dos atores.

Interação é a comunicação estabelecida nas diversas ferramentas existentes (Orkut,

Facebook, Twitter, Fotolog, Linkedin, dentre outros). Essa comunicação pode ser síncrona,

quando ambos estão online, ou assíncrona, quando a comunicação não é em tempo real

para ambos (TELLES, 2010).

Através do padrão de um conjunto de interações entre atores que são definidos os

tipos de relações sociais. Estas relações são diversificadas, pois a comunicação mediada

por computador concede maior liberdade comparada ao contato real, pois mesmo que

conheça o outro, não está presente fisicamente e pode agir diferentemente do que seria

pessoalmente. São as relações criadas que interferem na força do laço social criado.

Laço social está ligado ao conceito de conexão entre os atores e não

necessariamente à interação. Existem dois tipos de laços:

a) “Laços Relacionais”, estes dependem das relações estabelecidas, dependendo da

interação entre os atores.

b) “Laços de Associação” que não dependem de interação - basta fazer parte da rede

ou grupo.

Os “Laços Sociais Relacionais” podem ser fortes ou fracos, dependendo do grau de

intimidade, de persistência e da quantidade de informações trocadas. Segundo Cipriani

(2008, p. 56) “a força de um laço é uma combinação (provavelmente linear) da quantidade

de tempo, intensidade emocional, intimidade (confiança mútua) e serviços recíprocos que

caracterizam um laço”.

Através dos tipos e forças dos laços é possível identificar e compreender a conexão

dos usuários de uma rede social. No Twitter, por exemplo, os laços sociais podem ser

associativos ou relacionais. O ator pode seguir ao outro apenas para receber informação,

sem que haja interação entre ambos. Ou pode trocar mensagens públicas e diretas, retwittar

conteúdo e, assim, construir um relacionamento. Há também a possibilidade de laços não

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recíprocos, o ator A pode seguir o usuário B, porém não é necessário que o ator B siga o A,

tratando-se de redes diferenciadas, pois a rede só existe de A para B.

Figura 1 - Rede Social como parte das Mídias Sociais.

Fonte: Produção própria.

Não basta analisar as conexões entre os atores sociais, mas também o conteúdo

trocado, permitindo a compreensão dos laços sociais formados e, assim, o capital social

envolvido e a possibilidade de negócios. Capital social é o valor do ator.

Como observa Cintra (2010, p. 53) “O capital social pode ser percebido de formas

diferentes nas diferentes ferramentas de redes sociais na Internet e a partir das formas de

interação nos diferentes sistemas”.

O capital social contém valores que formam o padrão das estruturas das redes

sociais. A seguir, os valores frequentemente contidos nas relações sociais da internet:

A visibilidade depende somente da presença do ator na rede, quanto mais possuir,

tecnicamente, maior é a sua visibilidade;

Reputação, a percepção do ator pelos demais.

Mídias Sociais

Rede Social

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Popularidade: refere-se à atenção dos outros pelo ator na rede, quanto mais pessoas

conectadas e maior a interação, maior a popularidade desse ator.

Autoridade: soma-se à visibilidade, à reputação e à popularidade do ator, para

determinar sua autoridade na rede, ou seja, é sua real influência, o jeito que

percebido pelos outros e a sua reputação.

Cada rede social possui diferentes valores, assim como as conexões estabelecidas

pelos atores. Para exemplificar, segue uma breve analise do blog, uma ferramenta que

permite a livre exposição de textos, imagens, vídeos e áudios e o Twitter, considerado um

microblog com restrição de 140 caracteres para o envio de mensagens, imagens e vídeo.

Mas há, notadamente, na atualidade, o grande apelo e profusão do Facebook, tendo o Brasil

como um de seus maiores usuários.

Existem variadas plataformas para a hospedagem de blogs, dentre eles, os mais

usados são: Blogger e Wordpress. Cada plataforma disponibiliza características próprias,

oferecendo um conjunto comum de ferramentas essenciais, como a possiblidade de

comentar posts, divulgar e receber atualização de posts e criar uma rede de seguidores. Os

laços criados por estas redes podem ser fracos ou fortes. Os fracos estão ligados às

relações associativas e as fortes aos relacionais - estes são predominantes. Os laços entre

blogueiros costumam ser fortes e principalmente relacionais.

Sendo assim, o capital social de blogs está concentrado na relação e no conteúdo

da informação. Dentre os valores, observa-se a interação por meio de comentários visando

acrescentar informação, reconhecer o valor de uma opinião, responder dúvidas. A reputação

através da influência e reconhecimento como autoridade. As redes tendem a serem

pequenas comparadas às de mídias sociais, porém, tendem a ter laços fortes e relacionais

(TELLES, 2010), capacitando agentes monitores a relacionar-se com outras pessoas a

objetivar a venda da imagem da empresa ou de determinado produto.

Acerca dos blogs corporativos, vale visualizar o que se segue:

Tabela 2 – Quatro principais categorias de blogs corporativos.

Principais categorias de blogs corporativos

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Relações Públicas Função é transmitir informações institucionais, notícias, responder à mídia e promover a marca, a fim de assegurar a reputação da empresa.

Comunicação Interna

Visa reforçar e alinhar os processos, estimular o desenvolvimento de ideias, projetos e a troca de informações e conhecimentos entre os colaboradores de diferentes áreas.

Suporte Técnico/ Atendimento ao Cliente

Implementado em casos de produtos ou serviços em que problemas mais frequentes possam ser resolvidos pelo próprio consumidor, atuando como um meio alternativo às centrais de atendimento e também como um manual com informações técnicas sobre o produto. Normalmente utilizado para produtos de informática e industriais.

Ferramenta de comunicação com público-alvo

O objetivo é divulgar notícias, informações, lançamentos, promoções e descontos através da comunicação informal. Abrangendo assuntos sobre o universo da marca com o intuito de estabelecer-se como referência no ramo em que atua, mantendo o público alvo em torno da marca, estabelecendo uma relação de parceria. Oportunidade para monitorar comentários espontâneos.

Fonte: Produção própria.

No Twitter, o capital social é centrado em conversações e informações. Sendo

assim, os valores são: acesso à informação; é através dos twetts que contêm informações

variadas, possibilitando assim a construção do conhecimento e a difusão de informações.

Também estão presentes os valores de visibilidade, reputação, popularidade, sociabilidade

e autoridade.

O Twitter possui três aspectos que merecem destaque: a rede dos seguidos, dos

seguidores e a possiblidade de repassar uma informação (RT ou Retweet), dando crédito ao

autor do tweet e reconhecimento e valor ao ator que repassa a informação. O retweet tem

motivações diversificadas, desde dar visibilidade a alguém ao interesse em divulgar

informações consideradas relevantes, novas ou engraçadas, dependente do propósito do

ator e sua dinâmica de uso e interação na ferramenta.

As duas redes principais, a dos seguidos (following) e a rede dos seguidores

(followers), não precisam ser iguais, ou seja, não é preciso seguir para ser seguido e vice-

versa.

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Vale, pensando sobre a relação blog e Twitter, assim verificar:

Tabela 3 – Comparativo de funcionalidades Blog x Twitter.

Comparativo de funcionalidades Blog x Twitter

Blog Twitter

Centrado no conteúdo. Centrado em Informação.

Especialista. Generalista.

Mensagens ilimitadas. Mensagens limitadas.

Atualizações e interações frequentes. Atualizações e interações em tempo

real e frequentes.

Serviço de busca interno tradicional Serviço de busca interno dinâmico e

inovador.

Posts separados por categorias que

facilitam a visualização de arquivos.

Tweets não possuem categorias para

facilitar visualização de arquivos.

Fonte: Produção própria.

A partir dos contatos em comum na rede de seguidos e seguidores uma terceira

rede é formada com os atores em comum, formando uma rede única. O Twitter parece ser,

dentre as redes sociais mais populares, a única que permite a formação de redes

separadas, sem a necessidade de uma rede em comum - as grandes empresas o utilizam

largamente como meio de divulgação de promoções e produtos.

Na rede de seguidos, o valor com maior destaque está contido na quantidade e

qualidade das informações divulgadas, pois interfere diretamente na percepção deste ator

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pelos demais da rede. Na rede de seguidores é onde se extraem os valores de visibilidade,

reputação, popularidade e autoridade.

Sites de mídias sociais são ferramentas que propiciam o compartilhamento de

conteúdo, em geral com a construção de redes sociais entre seus usuários. São diversas e

variadas ferramentas, cada qual, com particularidades, dinâmicas de interação e finalidades

próprias.

O Twitter é um serviço relativamente recente que alcançou relevância no Brasil a

partir de 2008. Difere-se do blog em ser centrado na geração de conversações e troca de

informações curtas em tempo real, podendo ser atualizado via celular. A desvantagem é a

dificuldade de visualização dos tweets antigos do usuário; já nos blogs a organização por

categorias permite e facilita a visualização de arquivos, porém esta deficiência é reflexo e

afirmação do propósito da ferramenta em ser um canal de atualização em tempo real, por

isso, o sistema de buscas por palavras-chave é dinâmico e conta com a inclusão de links

através da colocação do símbolo # antes de escrever a palavra - diferente do blog que usa o

padrão tradicional de busca através de tags.

Por ser uma ferramenta que proporciona a divulgação de informações, seu uso

corporativo tem como principal objetivo a interação e transmissão de mensagens às redes

de contato, divulgando promoções, por exemplo, como já se disse.

Além dos serviços pagos a utilização gratuita é utilizada pelas empresas como um

canal de relacionamento e divulgação de informações. O espaço limitado para divulgação

de.

A seguir segue uma descrição dos principais usos do Twitter corporativo:

- Gerar, divulgar e obter informações:

Devido à limitação de conteúdo por tweet o uso de encurtadores de link para sites

externos é comum para o aprofundamento da informação. A ferramenta é baseada na troca

de informações, sendo assim, a ferramenta proporciona a divulgação rápida e em tempo

real. A divulgação acontece em especial pela opção de retweet e artweets e o sistema de

atualizações e os links gerados por palavras-chave permite que um fato seja acompanhado

em tempo real na ferramenta.

- Promover a imagem pessoal ou corporativa:

O Twitter, como o blog, é meio de expressão na rede, sendo o conjunto de tudo que

se publica com a representação de suas características principais. Além de formar a

imagem da marca também serve como instrumento de marketing pessoal, com influência

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em especial para personalidades e profissionais reconhecidos no mercado. No caso de

empresas, pode-se promover produtos e serviços, eventos, promoções e campanhas.

- Ampliar a rede de contatos:

Os retweets são um meio de ampliar e rede de contatos no Twitter. Essa

funcionalidade repassa um tweet a redes que alcançam usuários que podem não seguir o

perfil originalmente retweetado. É uma oportunidade para conhecer novos usuários e

interagir a partir de pelo menos um usuário em comum na rede de ambas as partes.

- Gerar conversações:

O Twitter agrega funcionalidades dos três pilares de mídias sociais: blog, sites de

relacionamento e comunicadores instantâneos. A seguir, a pessoa espera receber

informações relevantes e se comunicar. Somados esses fatos percebe-se o valor da

ferramenta para desenvolver a comunicação com o público-alvo da empresa.

- Monitorar comentários sobre a marca:

As pessoas expressam seus gostos, preferências, desejos e opiniões sobre

marcas. Cabe à empresa monitorar esses comentários espontâneos como pesquisas e,

principalmente, poder agir frente a comentários negativos com o intuito de evitar que se

espalhem na rede ou, ao menos, dar uma posição sobre o assunto.

- Suporte às dúvidas:

O Twitter pode ser usado como um canal para identificar comentários sobre

problemas no produto e serviço e tentar ajudar o consumidor com um atendimento para dar

suporte à dúvidas ou a problemas e que pode oferecer ajuda sem que o usuário espere que

sua reclamação gere essa atitude da empresa, direcionando a resolução para o e-mail para

evitar a exposição dos dados do cliente e da reclamação em si.

O Facebook, nota-se, também tem boa parte destas características, bom boas

vantagens.

Assim, o Facebook, este que foi criado para promover entretenimento a partir da

possibilidade de conectar pessoas e facilitar a formação de novas amizades, acabou por

ser uma verdadeira plataforma de divulgação de negócios, gerando-os a partir da

publicidade. Não se mostra como mecanismo a fechar negócios propriamente, mas é um

potente gerador de negócios a partir da divulgação de produtos e serviços (TELLES,

2010).

Além disto, o Facebook, justamente por facilitar a comunicação de pessoas por

todo o mundo, serve de termômetro para o interesse sobre novos negócios, afora as

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opiniões serem compartilhadas e receberem constante feedback, com ampla e significativa

possibilidade de novas postagens a partir da primeira. Há os “curtir”, compartilhamentos e

conversas.

Por não ser uma ferramenta destinada especificamente para o comércio, ainda

não tendo perfis criados para pessoas jurídicas, o Facebook, por outro lado, viabiliza o

que se conhece por links patrocinados. Trata-se de pequenos espaços em que o

contratante – a empresa, o artista etc. – paga um determinado valor ao Facebook toda

vez que um usuário da plataforma clicar no seu anúncio. O usuário nada paga por tal

clique (TELLES, 2010).

É um sistema semelhante ao que o Google faz por meio de seus produtos

GoogleAdSense e GoogleAdWords, respectivamente permitindo a vinculação de

publicidades em sites e blogs ou para quem na página anuncia, bilateralmente havendo

troca de créditos em razão dos acessos realizados.

No caso do Google, o próprio site comissiona seus parceiros, havendo relações

comerciais principais e acessórias, multiplicando negócios e vínculos também.

Não é o que acontece com o Facebook. No Facebook o patrocínio é bem claro, ou

seja, o anunciante paga diretamente a ele pelo espaço vendido nesta rede social, o que dá a

partir da contagem dos cliques dos que no espaço/divulgação se interessam. Mas há outras

questões a serem observadas neste caso, pois há regras comerciais e éticas que todos

devem observar quanto ao uso do Facebook, que, como se disse, é um site de

relacionamento que, embora dê muito lucro – justamente por ter tais links patrocinados – faz

questão de manter sua essência de rede social; há, ratifica-se, regras a serem observadas

quanto a sua utilização.

Não é permitido no Facebook a realização de vendas diretas: não se pode

diretamente a partir dele “fechar negócios”.

Mais estratégias existem para melhor qualificar com fins comerciais indiretos os

relacionamentos na página do Facebook. Neste sentido, montar e editar perfis de usuários

sem a venda direta de produtos é possível e deve merecer especial atenção. É o caso de

expressar o desejo de “contatos profissionais”, dentre as opções de criação de perfis etc.

(MINWALK, 2012).

A estratégia de configurar o perfil de modo atraente e a construir imagens, é,

sem dúvida, algo hoje bastante praticado e que merece atenção. O mesmo deve valer

para as interações que são realizadas entre os que administram as páginas dos perfis

das empresas, que podem e devem ganhar publicidade orgânica, natural; construir

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presença; fomentar com consistência a edificação de comunidades engajadas

(D´EGMONT, 2012).

O Facebook tem ampliado seu faturamento a cada mês, como informa Minwalk

(2012), acrescentando que a própria páginas oferece constantemente avanços para seus

patrocinadores que querem divulgar seus produtos. É o caso dos guidelines a todos

disponíveis.

Há rumores regulares quanto a fusões, parcerias ou a novas iniciativas no sentido

do Facebook mergulhar no mundo corporativo, mas que, ainda segundo Minwalk (2012), é

pouco provável, dado ao seu sucesso, nunca dependente de ninguém, por demais

autossuficiente e inventor de suas próprias fórmulas. Prova disto é a colocação de ações do

Facebook na Bolsa de Valores de Nova Iorque e de sua ampliação maciça de funcionários

nos últimos tempos.

Muitos já ganham com o trabalho de administrar páginas corporativas no Facebook,

realizando por um ou outro meio (sempre a observar as regras do jogo da empresa

Facebook) um marketing de estratégia inegavelmente vantajosa para as empresas. Divulgar

notícias entre os que “curtem” (expressão própria da rede social) ou os que tomam parte das

comunidades vinculadas a determinados artistas, por exemplo, é uma realidade a render

bons lucros para os que querem divulgar o que fazem, incluindo, outro exemplo, agenda de

shows, entrevistas etc.

Muitos escritores estão criando páginas somente para divulgar cada um de seus

livros. Fãs e produtores artísticos começam, assim, a ficarem mais próximos, fortalecendo

os gostos e opções na hora de comprar ou propriamente fechar um negócio, mesmo isto

ocorrendo fora da rede. O simples “curtir” é um modo de fixação de marcas e produtos

(D´EGMONT, 2012).

Criar uma página na internet é, sem dúvida, um caminho que, gratuitamente, se

mostra como excelente negócio para as empresas, podendo-se mencionar, além da

divulgação da marca – o que se dá, insista-se, com adequação da linguagem e das ações

realizadas na rede ao padrão ético pertinente – mecanismos de imediata aferição de seu

público vinculado ao Facebook – há notícia de programas especialmente sendo

desenvolvidos para tanto, o que é muito natural.

Uma das dicas que os especialistas como Telles (2010) já dava há dois anos atrás,

era manter a página “comercial” sempre atualizada, com respostas rápidas ao seus

componentes ou seguidores.

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Atualmente a medição do perfil da audiência pode se dar a partir da checagem do

sexo, idade e país onde o usuário que curte aquela página está. Pode-se, com outros

programas, perceber qual conteúdo melhor funciona em determinada época a atrair mais e

mais “amigos/consumidores”.

É possível também, a partir de filtros específicos, direcionar seus links patrocinados

somente para seu público alvo, como pode ser exemplificado quando se têm, em barra

lateral somente exposta a mulheres entre 18 e 30 anos, por exemplo, determinado batom ou

produto feminino destinado para tal segmento.

Na medida em que o Facebook se desenvolve, os recursos nele inseridos ganham

mais dinâmica e alcance prático, elevando o seu potencial para negócios. Os desbravadores

na utilização destas ferramentas terão notadamente vantagens no que concerne aos seus

concorrentes (MINWALK, 2012).

3.2 Sites de Compras Coletivas

O nascimento dos sites de compra coletiva é indiscutivelmente um acontecimento

de grande sucesso, tanto para o vendedor quanto para o consumidor, este que consegue

adquirir serviços e bens diversos por preços muito mais atraentes, dada justamente à

coletividade interessada, melhor equacionando a relação (a seu favor) de oferta versus

demanda. Evidentemente, a procura e o interesse manifesto pela compra em quantidade faz

seu preço cair, por diversas e múltiplas razões conhecidas por todos economistas e

praticantes do comércio em geral.

As organizações, embora diminuindo sua margem de lucro, obtém em tempo curto

grande quantidade de vendas, servindo para esgotar mais rapidamente os estoques de

mercadoria com o giro baixo, novidades, pontas de estoque, ou mercadorias com baixo giro

etc. (D´EGMONT, 2012).

Conquanto haja desacertos e acertos no que concerne à estratégia empregada

para a utilização dos sites desta modalidade - compra coletiva -, há um grande problema

que pode afetar os negócios, qual seja, a desvalorização da marca (DIGITAL MARKETING,

2012).

Simultaneamente ao tempo em que a organização acomoda por intermédio de

um site especializado aumento repentino das vendas, a corporação perde a valorização

da marca, pois pode automaticamente desvalorizar de produtos e serviços de que dispõe,

despontando certa fragilidade ao consumidor em função do preço que se pratica

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(D´EGMONT, 2012), desmerecendo potencialmente o produto ou serviço... Ou ainda a

marca, artista, ideia etc.

O nicho de mercado pode inclusive mudar, alterando o fluxo do que fora

planejado para a empresa, incluindo seu futuro em determinado segmento (MINWALK,

2012).

Uma destas constatações pode ser formulada a partir da verificação que boa

parte – ou a maior parte – destes consumidores só comprarão novamente daquela marca

se o fizerem naquelas condições (MINWALK, 2012); isto pode ter por reflexo o

comportamento dos clientes que, mesmo já anteriormente afeitos à marca, notaram que

pagaram muito mais por um produto que, em determinado período, estava sob oferta,

incomparavelmente menor do que outra condição, preteritamente ocorrida, o produto

preteritamente adquirido. Ou seja, por que manter a fidelidade a uma empresa que vende

um produto hoje e o vende amanhã pela metade do preço, quando não o fizer por um

desconto ainda mais significativo?

Se não for bem ponderada, a iniciativa de se vender coletivamente pode ser uma

saída, como se disse, perigosa. Mas, se aliar qualidade e preço e, ainda, tais vendas se

derem em momentos muito pertinentes e por intermédio de páginas bastante confiáveis,

pode sim ser uma boa saída para vender, por exemplo, produtos com baixa procura, ou

até para testar sua aceitação no mercado (D´EGMONT, 2012).

Em verdade, é um grande sucesso tais sites, não devendo as empresas deixar

de sobre eles refletir periodicamente, não podendo abrir mão simplesmente de atingir

certo mercado por esta via se e somente se for alinhar-se à sua própria estratégia

(MINWALK, 2012).

Muitas organizações, na ânsia de vender acabam criando ofertas

desproporcionais, ou melhor, inadequadas para o seu futuro mesmo dentro das

chamadas compras coletivas. O super desconto raramente pode ser pensado em razão

do “desespero” ou de uma situação grave do ponto de vista da situação financeira da

empresa. Aliás, no campo empresarial, aventurar-se nada tem a ver com marketing ou

estratégia; longe disto, pode se tornar a ação uma grande dor de cabeça, um grande

problema (MINWALK, 2012).

Deve-se também lembrar que as empresas do setor de compras coletivas

exigem nome no mercado e certas garantias contratuais, além de cobrar pelo serviço. A

empresa deve ter condições de bancar o volume esperado (com boa margem de erro) e

bancar também o valor que se propõe a vender, administrando com inteligência tal

negociação.

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Como “jogada de marketing” pode ser uma boa maneira de divulgar produto ou

marca, até porque os sites de compras coletivas são muito frequentados, incluindo

públicos oriundos de outros nichos, sem poder desprezar o seu valor intrínseco

(D´EGMONT, 2012).

O melhor proveito destas iniciativas dependem, evidentemente, afora riscos

naturais neste tipo de negócio, muito planejamento, não exigindo dos profissionais de

comunicação, de marketing ou de vendas, menos esforços do que comumente havidos

em outras empreitadas.

Pesquisa de finais de 2011 dão conta que 10% dos internautas acessam os sites

de compras coletivas (EUA), representando um número muito significativo e que merece

total atenção (D´EGMONT, 2012).

As organizações precisam muito bem pensar sobre o seu posicionamento e

compreender a razão de seus clientes com eles comprarem, evitando empreender-se em

negócio mal sucedido. Uma das saídas sugeridas por Minwalk (2012) é, dentre outras,

realizar as vendas nestes sites a partir de certo tempo de permanência daquele serviço

ou produto no mercado. Ou seja, somente seria tal produto posto à venda coletivamente

após seu ciclo de sucesso (vendas no ápice) ter sido certificadamente esgotado.

Pode-se também escolher – também para preservar o produto e a marca –

determinados segmentos de produtos ou determinados momentos do ano para prover tais

atividades comerciais; só no natal e dia do namorado por exemplo; ou somente os

produtos de tecnologia produzidos a partir das plataformas tais; exclusivamente pontas de

estoque etc. (CINTRA, 2010)

Quem tem mais a auferir ganhos é o público consumidor, seja diretamente

porque adquire algo que deseja ou vem a desejar por preço mais acessível, seja porque

estimula e reestimula novas ofertas sobre o que compra, ganhando mais descontos sobre

mais produtos (CINTRA, 2010).

Uma novidade que fica em bom termo também é a compra coletiva realizada

dentro das próprias empresas, para seus funcionários e familiares, havendo ganhos

indiretos em tais ações e boas possibilidades de reforço de vínculos. Isto vale para

empresas de grande porte evidentemente (D´EGMONT, 2012).

Deve-se, em todo caso, pensar na não desvalorização da marca, novamente

havendo de se insistir no planejamento estratégico.

Outro problema são as questões legais para quem descumpre alguma das

cláusulas contratuais ou pratica qualquer ilicitude ou crime previsto no ordenamento

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jurídico. É o caso clássico da não entrega do produto no prazo, ou simplesmente de sua

não entrega. Isto tem gerado processos e reclamações junto aos organismos de proteção

ao consumidor, como Procons e Ministério Público brasileiro.

Economicamente outras discussões podem ser levantadas, como o caso de

gerar novos empregos e acabar com outros; há também a possibilidade clara de geração

de mais negócios, o desenvolvimento de novas tecnologias etc.

3.3 Aplicativos Mobile (aplicativos para celular)

O celular é notavelmente uma arma de divulgação fantástica quando se fala em

suporte adequado ao marketing destes tempos modernos.

Neste sentido, há aplicativos para tablets e celulares que gradativa e rapidamente

ganham eficácia e se mostram mais um relevante meio a transmitir desafios e valores de

toda sorte, não deixando a publicidade e a comunicação comercial de fora. É uma nova

mídia que profissionais de marketing e publicitários já entenderam como importante,

incluindo-a no “brand equity” da marca, produto ou serviço a ser vendido ou exposto

(COMM, 2009).

Os aplicativos para celular disseminam verdadeiramente serviços e produtos, além

de ideias, conceitos, campanhas etc. A própria marca pode ser rapidamente associada a

determinado aplicativo para celulares.

Um aplicativo, vale explicar, é um software (programa de computador) que se

constitui em ferramenta que normalmente realiza tarefas que são úteis ao usuário, no

caso, do celular. É o caso de guias e localizadores que, além de orientar o usuário em seu

deslocamento, vincula de um ou outro modo, uma marca á sua utilização. O smartphones

são tipos de celulares com aplicativos muito ágeis que trazem tal vinculação (VIEIRA,

2009).

Para os profissionais de marketing os aplicativos se mostram como ferramentas de

enorme valor, uma vez que, entre jogos, consultas e outras tarefas realizadas no aparelho

de tipo mobile, várias mensagens publicitárias podem estar inseridas, e, ademais, sem

atrapalhar a ação em andamento ou se mostrar de modo exclusivo. Deste modo,

“distraidamente” fazem a propaganda enquanto outras atividades são executadas

(MINWALK, 2012).

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Nota-se ainda que aplicativos são bastante flexíveis, fornecendo conteúdos amplos

e de modo simultâneo para milhões de pessoas que os utilizam.

Além disto, têm por vantagem a geração do que se conhece por mídia espontânea,

entremeada por ações rotineiras dos usuários mobile. E, se os celulares estão muito

presentes na vida de todos, como está na vida dos brasileiros em todas as cidades, é

mecanismo de muita relevância, não devendo ser desprezado pelas companhias, mesmo

aquelas que não são consideradas “gigantes”. É o caso, por exemplo, de dentro de um

mapa localizador, ver-se apontado pelo aplicativo acessado, o nome de uma locadora na

rua tal etc. (MUNDO MARKETING, 2012).

Assunto a ser entremeado nesta exposição sobre marketing e novas mídias,

sopesadamente sob a denominação de marketing digital, é a questão do chamado marco

regulatório. A própria profissão ligada ao marketing carece de regulação.

A realidade no Brasil – reflexo ainda, em parte, de disputas mundiais a envolver

grandes empresas e nações poderosas – é que a normatização dos negócios eletrônicos,

encontra mais obstáculos pela sua complexidade e, novamente, pelos interesses,

envolvidos, do que soluções.

Partindo-se do ideário construído em torno da internet no tocante à sua liberdade,

adia-se o controle legal sobre sua ação e atividades conexas.

Quanto ao comércio eletrônico, contudo, por ser questão pontual ligada ao Direito

do Consumidor, o Brasil tem em trâmite projeto de lei a fazer inserir, em seu código nesta

área, parte a contemplar o e-commerce, como é o caso da identificação das empresas que

se valem de meios digitais para comerciar.

Por fim, vale sempre a tônica de se dizer sobre atualizar-se, propondo a todos

entender os mecanismos que dia a dia se mostram como campo fértil para novos negócios e

políticas de marketing.

Deste modo, pacífico é o entendimento de que as ferramentas midiáticas do Twitter,

Facebook, blogs e outros, integram e devem tomar parte verdadeiramente, pelo estudado,

do mundo atual dos profissionais do marketing, ampliando consideravelmente seu campo de

atuação.

CONCLUSÃO

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O trabalho enveredou por temas afeitos de modo específico ao marketing, como

é o marketing de relacionamento, a comunicação integrada de marketing e outros, como

a questão das compras coletivas e assuntos conexos, com suas diversas e próximas

acepções. Tudo isto voltado para o melhor entendimento do marketing da era digital,

caminho que se mostra sem volta.

Pensa-se que o texto cumpriu seus objetivos, alargando em verdade os

conhecimentos sobre marketing e novas mídias, notadamente estudando com satisfação

tais temas de elevada relevância para os avanços do alcance das campanhas e políticas

de publicidade, propaganda e marketing.

A internet - desenvolvidada devido à necessidade americana de proteção do

sistema de informações através da colaboração contínua de pesquisadores (para a

estruturação de uma rede sem um ponto central que permitisse a conexão entre redes) é,

atualmente, uma mídia colaborativa com ferramentas de mídias sociais que permitem a

contrução de outras redes mundialmente, um acontecimento com permanentes

repercussões. As redes sociais, aliás, se mostram como outro fenômeno exsurgente de

alcance enorme, abrigando sites como o Facebook e Twitter, largamente usados,

respeitando-se os limites éticos das empresas que os mantêm, como grandes ferramentas

de negócios.

Os negócios viabilizados pela internet, e-commerce, se mostram como área de

crescente interesse e atividade, elevando os negócios ano a ano e demandando novas

soluções de marketing a torná-los mais eficazes. Nesse mundo digital, mesmo com

finalidades diferentes, foi possível também perceber o avanço das midias sociais como

ferramenta – notadamente sob os chamados links patrocinados – a fomentar os negócios

eletrônicos.

As mídias sociais são inclusive um fenômeno de grande despontamento no Brasil,

com a participação de grande parte dos usuários com acesso à internet e sem concentração

única nas classes A/B. O Brasil representadestacada liderança quanto ao acesso a esses

sites, sendo também um dos líderes em permanência a atrair a atenção de empresas e

profissionais de marketing para o desenvolvimento de estrátegias que peculiarmente se

devem valer das mídias digitais, diferencial na comunicação comercial.

Com vários nichos a serem alcançados e monitoração do conteúdo gerado sobre a

marca nas redes e exposição digital dos produtos, a internet e suas redes sociais, como

estudado, é algo transformador, um campo enorme a ser cultivado. O mesmo se aplica para

as publicidades realizadas pela via dos aparelhos mobile.

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Como visto, os chamados aplciativos para celular e tablets podem vincular, de

modo muito natural, produtos e serviços e marcas quando o usuário, ao acessar

determinada atividade ou requisitar determinada ação em seu aparelho móvel, vislumbra-se

com anúncios dos mais diversos, gerando inclusive, sem custo adicional, informações a se

replicarem espontaneamente.

E mesmo carente de reulação no país, o marketing digital e a própria atividade do

profissional do marketing se mostram como elementos de grande dinamismo, exigindo

atualizações permanentes.

Por fim, deve-se salientar a inovação trazida pelas mídias digitalmente existentes e

a obrigatoriedade de sobre elas estudar, dedicando, sempre sob o viés da estratégia, cada

vez maior atenção.

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Trabalho de Conclusão de Curso IPONTÍFICIA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

O ABISMO DA MULHER NAS ORGANIZAÇÕES E NA

SOCIEDADE

Aluna: Natália Maria Komatsu Dian

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3 CAPITULO I – DESIGUALDADE ............................................................................. 4

1.0. DEFININDO DESIGUALDADE ........................................................... 4 1.1. DESIGUALDADE SOCIAL ................................................................. 4 1.2. DESIGUALDADE ECONÔMICA ........................................................ 7 1.3. DESIGUALDADE POLÍTICA .............................................................. 9 1.4. DESIGUALDADE DE GÊNERO ......................................................... 11

CAPÍTULO II – A MULHER NA SOCIEDADE E NA ORGANIZAÇÃO ................... 13 2.0. A MULHER DE ANTIGAMENTE ............................................................ 13 2.1. LUTA PELOS DIREITOS ...................................................................... 14 2.2. EVOLUÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO ...................................... 16 2.2.1. EVOLUÇÃO .................................................................................. 16 2.2.2. EXIGÊNCIAS DO MERCADO ATUAL ......................................... 17 2.2.3. EVOLUÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO ............................. 18 2.3. A DUPLA JORNADA .............................................................................. 20 2.4. JORNADA DE TRABALHO DA MULHER X JORNADA DE TRABALHO DO HOMEM ...................................................................... 23 2.5. DISPARIDADE DE RENDA E CARGO .................................................. 25 CAPÍTULO III – TENDÊNCIAS PARA O ABISMO .................................................. 27 3.0. DIMINUIÇÃO DA DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL .............. 27 3.1. RELAÇÃO ENTRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E A DESIGUALDADE DE GÊNEROS ................................................... 28 3.2. IMPORTÂNCIA SUBJETIVA DA MULHER NAS ORGANIZAÇÕES .................................................................................. 31 3.3. ORGANIZAÇÕES QUE VALORIZAM A MULHER ............................... 32 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35

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INTRODUÇÃO

A mulher, durante milênios, se enxergou através do olhar masculino. Eram os

homens quem determinavam sua forma de ser e agir, fazendo-as acreditar que sempre

havia sido assim, e na sua fala transmitiam mentiras e preconceitos que se perpetuam

até hoje.

Durante muito tempo as mulheres não se questionavam, não se consideravam

capazes porque lhes foi incutido que eram inferiores por não terem as mesmas

condições mentais dos homens, sem a mínima capacidade de sobrevivência.

Constatamos que a sujeição da mulher em relação ao homem vem desde a

antiguidade, assim como a luta para serem reconhecidas como gente e terem seus

direitos respeitados como seres humanos, não obstante à existência de mulheres que se

destacaram, naquelas épocas remotas, em diferentes setores da atividade social.

A mulher busca espaço na atividade econômica e deve exercê-la com muita

eficiência; pois, ela antes de tudo é um ser humano que tem braços, tem pernas, tem

cabeça e raciocina como qualquer pessoa do planeta Terra.

Nesse contexto, a inserção da mulher no mercado de trabalho transformou o

papel feminino na tomada de decisões domésticas no que se trata de consumo, cuidados

das crianças, uso dos recursos de salário e padrões de gastos muito maiores (LAZEAR e

MICHAEL apud ROBIN,RINEI E MOLINA, 1990).

Em 2009, enquanto as mulheres responsáveis por famílias de casais com filhos

dedicaram, em média, 30,3 horas por semana aos trabalhos domésticos, os homens na

mesma posição gastaram 10,1 horas. Assim, as chefes, quando têm cônjuge, assumem

de maneira mais aguda a jornada dupla. Elas trabalham no mercado e aportam renda

para a casa, mas também dedicam muito tempo aos cuidados com a casa e com os

filhos. O resultado são jornadas totais de trabalho de impressionantes 66,8 horas por

semana, em média. (IPEA, 2009).

Existem diversos motivos pelos quais a inserção da mulher no mercado de

trabalho deve ser estudada e analisada. Em primeiro lugar, ela produz forte impacto nas

relações sociais, pois implica uma mudança de “paradigma” familiar e cultural. Outro

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2

motivo, não menos importante é relacionado com a discriminação de gênero, tanto em

relação a diferenciais de salários quanto a postos de trabalho.

Hoje em dia é difícil encontrar postos de trabalho que não tenham sido invadidos

pelas mulheres. Elas são sensíveis, persistentes, criativas e, ainda por cima, enfrentam

dupla jornada de trabalho, ou seja, deve-se levar em conta que a maioria das mulheres,

quando chega em sua casa, precisa cuidar dos afazeres domésticos.

A inserção da mulher no mundo do trabalho, ao longo desses anos, vem

acompanhada de elevada discriminação, não só em relação à qualidade de ocupações

que têm sido criadas tanto no setor formal como no informal, mas no que se refere à

desigualdade de remuneração entre homens e mulheres. (MAIA; LIRA, 2004).

CAPÍTULO I – DESIGUALDADE

1.0 – Definindo Desigualdade

Na História e nas Ciências Humanas, quanto mais precisos se tornam os

conceitos, mais responsabilidade social eles carregam. Há certas palavras que, dotadas

de um conteúdo apropriado, podem ajudar a mudar o mundo, e outras que parecem

ameaçar perdê-lo. Igualdade, Desigualdade e Diferença são destas noções complexas

que interagem entre si de diversas maneiras, e podem gerar problemas sociais

específicos de maior ou menor gravidade.

Enquanto pensar Diferenças significa se render à própria diversidade humana, já

abordar a questão da Desigualdade implica em considerar a multiplicidade de espaços

em que esta pode ser avaliada. Avalia-se a Desigualdade no âmbito de determinados

critérios ou de certos espaços de critérios: rendas, riquezas, liberdades, acesso a serviços

ou a bens primários, capacidades. Indagar sobre a Desigualdade significa sempre

recolocar uma nova pergunta: Desigualdade de quê? Em relação a quê? A Desigualdade

é sempre circunstancial, seja porque esta estará necessariamente localizada social e

historicamente dentro de um processo, seja porque estará obrigatoriamente situada

dentro de um determinado espaço de reflexão ou de interpretação que a especificará (um

determinado espaço teórico definidor de critérios, por assim dizer). Falar sobre

Desigualdade implica em nos colocarmos em um ponto de vista, em um certo patamar

ou espaço de reflexão (econômico, político, jurídico, social, e assim por diante). Mais

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ainda, implica em arbitrarmos ou estabelecermos critérios mais ou menos claros dentro

de cada espaço potencial de reflexão.

Deve-se acrescentar, também, que qualquer noção de Desigualdade não pode ser

senão circunstancial em parte porque estão sempre sujeitos a um incessante devir

histórico os próprios critérios diante dos quais a Desigualdade poderia ser pressentida

ou avaliada. As noções que afetam o mundo das hierarquias sociais e políticas

transfiguram-se, entrelaçam-se e desentrelaçam-se de acordo com os processos

históricos e sociais.

No mundo da Escravidão Antiga, como no mundo da Escravidão Moderna (o

Brasil ou a América Colonial, por exemplo), a Liberdade ou a Escravidão seriam noções

óbvias para serem consideradas em uma avaliação mais sistemática da desigualdade

humana. Hoje a Liberdade de todos os indivíduos, como valor ideal e no sentido lato, é

fundo comum para qualquer sociedade moderna que se declare democrática. Deixa,

portanto, de ser um critério a partir do qual se possa pensar a desigualdade (mas é claro

que podemos pensar na ‘liberdade de expressão’).

Assim, na oposição biológica entre homem e mulher tem-se uma realidade

contundente, ainda que esta possa se mostrar mais complexa através da ocorrência de

outros diferenciais sexuais. Da mesma forma, os seres humanos mostram-se todos

sujeitos a atravessarem diferentes faixas etárias sem reversibilidade possível, e não há

como lutar contra isto, mesmo que seja possível minimizar ou adiar os graduais efeitos

da passagem do tempo sobre o corpo humano individual.

Uma etnia pode marcar suas diferenças (físicas ou culturais) em relação a uma

outra, mas ao mesmo tempo ocorre que uma determinada sociedade pode produzir

igualdade ou desigualdade conforme se atribua a cada uma destas etnias maior ou

menor espaço social ou político. As colisões também podem ocorrer aqui: é possível

tratar um determinado grupo social com igualdade política, mas ocorrendo por outro

lado uma nítida desigualdade econômica. De todo modo, é preciso ainda acrescentar que

no mundo humano o objeto que reflete a diferença ou a desigualdade seria um ser

pensante, capaz de refletir sobre a diferença que o caracteriza ou sobre a desigualdade

que o atinge.

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Segundo o dicionário Aurélio da Editora Nova Fronteira, desigualdade em si

define-se por: “Qualidade ou estado de desigual; diferença; dessemelhança; relação

entre os membros de um conjunto, que envolve os sinas de ‘maior que’ ou ‘menor

que’”. Sendo assim, a desigualdade significa um desequilíbrio de forças, uma

desproporcionalidade inconstante, volúvel e mutável.

Um outro fator que auxilia na definição de desigualdade e implica na

concentração da sociedade é o estereótipo. Estereótipos são imagens construídas com

simplificações de comportamentos, procura-se acentuar semelhanças e diferenças,

criando generalizações. Os estereótipos desempenham, algumas vezes, o papel de

legitimador ideológico de políticas intergrupais, racionalizando e explicando

diferenciações de tratamento. Os brancos explicariam o sistema da escravidão, dizendo

que os negros se adaptaram melhor ao regime de exploração, por exemplo.

“Os estereótipos têm os seguintes pontos básicos: utilizam-se de generalizações

grosseiras para classificar extensos grupos humanos; são aprendidos e ensinados

durante a infância; permanecem inalterados e são muitos lentos para mudar; em climas

de tensão tornam-se hostis; e acabam sendo nocivos em um clima de tensão e conflito.

Diferente do preconceito que é uma atitude, o estereotipo fica mais no campo da

percepção” (Programa Nacional de Direitos Humanos - Discriminação: uma questão de

Direitos Humano, Brasília-DF, 2000).

1.1 – Desigualdade Social

O conceito de desigualdade social é um guarda-chuva que compreende diversos

tipos de desigualdades, desde desigualdades de oportunidades, resultados, etc., até

desigualdade de escolaridade, de renda, gênero, etc. De modo geral, a desigualdade

econômica, a mais conhecida, é chamada imprecisamente de desigualdade social, dada

pela distribuição desigual de renda (Orson Camargo, no artigo Desigualdade Social). No

Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de visitas para o mundo, pois é um dos

países mais desiguais. Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a oitava nação

mais desigual do mundo. O índice Gini, que mede a desigualdade de renda, divulgou em

2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior a

desigualdade), porém ainda é um número alarmante.

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O relatório 2001 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 162 países, referente a

1988/99 - período em que ocorreram recessões no Brasil, apontou que o País passou da

74a posição no ranking mundial, em 1988, para o 69o lugar. Mesmo assim, o Brasil

continuou atrás de seus principais vizinhos sul-americanos: Argentina (34a) e Uruguai

(37a). De acordo com o relatório, as mudanças nos indicadores de melhoria de vida da

população brasileira não têm mudado de forma significativa, tendendo para a

estabilidade. Por exemplo, em 2000, as políticas sociais do País consumiam 23% do

orçamento federal, sendo que pouco desse total chegava efetivamente aos mais pobres.

O relatório indica que, enquanto 9% da população vive com menos de US$ 1 por dia,

46,7% da renda nacional está concentrada nas mãos de apenas 10% da população. A

expectativa de vida do brasileiro permaneceu praticamente inalterada desde o último

relatório, indicando a média de 67,2 anos de vida para a população.

Em pesquisa realizada pelo IBGE nos anos de 2008 e 2009, detectou-se que a

família brasileira gasta cerca de 2.626,31 reais em média por mês. As famílias da região

Sudeste gastam 3.135,80 reais contra 1.700,26 das famílias do Nordeste. Essa

desigualdade no gasto mensal das famílias também é percebida entre as áreas urbana e

rural.

Na área urbana, a média de gasto é de 2.853,13 reais contra 1.397,29 nas áreas

rurais. Esse relatório faz parte das primeiras divulgações da Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF) de 2008/09. O estudo visitou 60.000 domicílios urbanos e rurais no

período de maio de 2008 a maio de 2009. O estudo considerou despesas, rendimentos,

variação patrimonial, e condições de vida das famílias.

A desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas últimas décadas, não

como herança pré-moderna, mas sim como decorrência do efetivo processo de

modernização que tomou o país a partir do século XIX. Junto com o próprio

desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as disparidades sociais –

educação, renda, saúde, etc. – a flagrante concentração de renda, o desemprego, a fome

que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa

escolaridade, a violência. Essas são expressões do grau a que chegaram as

desigualdades sociais no Brasil.

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A noção popular de que poucos com muito e muitos com pouco gera conflitos

sociais e o mal estar humano ainda é considerada a principal causa da desigualdade

social no Brasil e em diversos países do mundo. A desigualdade social no Brasil, apesar

dos avanços da primeira década dos anos 2000, ainda é considerada uma das mais altas

do mundo. Ela prejudica cidadãos de todas as faixas etárias, principalmente os jovens de

classe de baixa renda, impossibilitados de ascender socialmente pela falta de uma

educação de qualidade , de melhores oportunidades no mercado de trabalho e de uma

vida sadia e digna.

O principal desafio é promover o direito ao cidadão viver dignamente, tendo real

participação da renda de seu país através da educação e de oportunidade no mercado de

trabalho e, em situações emergenciais, receber do governos benefícios sociais

complementares até a estabilização de seu nível social e meios próprio de sustento

(Fernando Rebouças, no artigo Desigualdade Social).

Portanto a desigualdade social é um fenômeno que ocorre quando, em

determinadas sociedades, algumas pessoas detêm mais capital, poder e/ou influência

que outras. Constitui-se, portanto, em uma condição social que permite a determinadas

pessoas ter maior visibilidade e qualidade de vida em detrimento de outras. A

desigualdade social pode ser legitimada ou não, isto é, pode ser aceita como uma

condição natural dentro da sociedade por diversos fatores (religiosos, culturais, políticos

etc.) ou pode ser contestada por ser tida como uma condição historicamente construída.

Na atualidade, por ser um fenômeno comum a todos os países, dado que decorre

da própria lógica do sistema capitalista, a desigualdade social muitas vezes é legitimada

sem que se tome consciência, utilizando as justificativas mais variadas, sejam elas

baseadas em questões materiais ou simbólicas. No campo ambiental, as desigualdades

são especialmente observadas quando percebemos que os benefícios e os danos de

empreendimentos poluentes são mal distribuídos na sociedade. Por exemplo: todos

sabem que lixões, pedreiras, areais e indústrias poluentes não são alocados em regiões

nobres das cidades, mas sim em regiões pobres, afastadas dos grandes centros urbanos.

Utilizando o argumento do “interesse público”, governos e empresas muitas

vezes se unem no intuito de justificar a instalação de determinados empreendimentos

em zonas pobres, onde geralmente habitam pessoas de baixa escolaridade e necessitadas

de emprego e renda. Desta forma, conseguem convencer a opinião pública da

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importância social daquele empreendimento ao mesmo tempo em que atraem a

aceitação da população local.

“A desigualdade tende a se acumular. Os que vêm de família modesta têm, em

média, menos probabilidade de obter um nível alto de instrução, os que possuem baixo

nível de escolaridade têm menos probabilidade de chegar a um status social elevado, de

exercer profissão de prestígio e ser bem remunerado. É verdade que as desigualdades

sociais são em grande parte geradas pelo jogo do mercado e do capital, assim como é

também verdade que o sistema político intervém de diversas maneiras, às vezes mais, às

vezes menos, para regular, regulamentar e corrigir o funcionamento dos mercados em

que se formam as remunerações materiais e simbólicas” (ROUSSEAU, Discurso sobre

a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, 1755).

O capitalismo é um dos principais causadores da desigualdade no mundo, apesar

que ela vem impregnando a história desde o feudalismo, com isso notamos que a

desigualdade é um fato muito antigo, e sempre sem solução.

"Temos que deixar de ser uma sociedade preconceituosa e embrutecida pela

padronização de valores, em que ter vale mais que ser” (Autor Desconhecido).

1.2 – Desigualdade Econômica

Desigualdade econômica é um problema que afeta atualmente a maioria dos

países, mas principalmente os países menos desenvolvidos. Isso se dá principalmente

pela distribuição desigual de renda de um país, mas também existem outros fatores,

como a má formação educacional e o investimento ineficiente de um país em áreas

sociais

Conforme alguns estudiosos, a desigualdade ficou mais evidente a partir do

capitalismo, pois a transição do feudalismo para o capitalismo no século XVI, expulsou

muitos camponeses de suas terras, que ofereciam os meios para sustentar sua família e

por isso, precisaram de ajuda e caridade alheia

Os liberais acreditam que a desigualdade econômica é principalmente resultado

de pouca liberdade econômica. Alguns defendem que a desigualdade em si não é o

problema, e sim a existência da miséria. É preferido um país com maior desigualdade

entre as classes sociais mas com baixíssima miséria, do que um país menos desigual

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com alto índice de miseráveis. A desigualdade econômica é um fato natural do mercado

e das diferenças entre as pessoas e o curso de suas vidas. Sendo, para os liberais, a

igualdade absoluta uma utopia, algo impraticável e até mesmo indesejável.

Karl Marx acreditava que a miséria é utilizada como um instrumento pelas

classes dominantes. Acreditava também que a desigualdade é causada pela divisão de

classes, dentre aqueles que tem os meios de produção (burguesia) e aqueles que contam

apenas com sua força de trabalho para garantir sua sobrevivência (proletário).

Conforme Karl Marx, o socialismo seria uma forma de fazer uma luta contra as

desigualdades, apenas estaria em um país por meio de uma revolução proletária e que

seria a fase de transição do capitalismo para o comunismo, onde o comunismo que seria

uma sociedade sem classes sociais em que as riquezas seriam divididas ao povo e que

todos iriam contribuir com a sua força de trabalho.

O Anarquismo defende o fim de qualquer autoridade política, econômica e

religiosa, ou seja, defendem uma sociedade baseada na liberdade total, mas responsável.

E também defende a igualdade entre todas as pessoas e também o fim da propriedade

privada, sendo assim uma forma de sair da exploração capitalista.

Geralmente, existem diversas consequencias da desigualdade social e

econômica. A marginalização de parte da sociedade, o retardamento no progresso da

economia do país, a pobreza, a favelização e o crescimento da criminalidade e da

violência são algumas das consequências.

Rousseau acreditava que existia dois tipos de desigualdade. A primeira, a

desigualdade física ou natural, que é estabelecida pela força física, pela idade, saúde e

até mesmo a qualidade do espírito, e a segunda desigualdade era moral e política, que

dependia de uma espécie de convenção e que era autorizada e consentida pela maioria

dos homens. No livro Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre

os homens escrita por Rousseau, ele se preocupa em mostrar a desigualdade moral e

política, pois para ele, é desnecessário se preocupar com a origem da desigualdade

natural e física, pois a resposta é essa: é natural, e o que vem da natureza já está

justificado. No mesmo livro, diz que a desigualdade não pode ser estudada tendo como

ponto de partida o momento então da humanidade.Também diz que para estudar a

desigualdade moral e política, deve-se "ir até a essência do homem para julgar a sua

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condição atual" e deve-se fazer, sem atribuir ao homem primitivo, atributos do homem

civilizado.Sem esse cuidado, a busca pela origem da desigualdade estaria distorcida.

1.3 – Desigualdade Política

Por desigualdade política entendo a desigualdade no acesso ao poder e a

desigualdade na sujeição ao poder. Verifica-se uma desigualdade no acesso ao poder

quando para certas pessoas é mais fácil - por razões de etnia, fortuna, sexo, religião ou

outras - exercer funções de soberania ou ser ouvidas por quem as exerce. Verifica-se

uma desigualdade na sujeição ao poder quando para certas pessoas é mais fácil do que

para as restantes ficarem impunes pelo mal causado a terceiros ou obterem a punição de

terceiros pelo mal de que foram vítimas.

Se só houvesse desigualdades econômicas, por maiores que fossem, e não

houvesse desigualdades políticas a funcionar em sinergia com aquelas, não teria

cabimento falar em classes sociais. Mas isto é uma pura condição abstrata que não se

pode verificar na realidade.

Observa-se que o combate à desigualdade deixou de ser responsabilidade

nacional e sofre a regulação de instituições multilaterais, como o Banco Mundial.

Conforme argumenta a socióloga Amélia Cohn, a partir dessa ideia “se inventou a teoria

do capital humano, pela qual se investe nas pessoas para que elas possam competir no

mercado”. De acordo com a socióloga, a saúde perdeu seu status de direito, se tornando

um investimento na qualificação do indivíduo.

Ou, como afirma Hélio Jaguaribe em seu artigo ‘No limiar do século 21’: “Num

país com 190 milhões de habitantes, um terço da população dispõe de condições de

educação e vida comparáveis às de um país europeu. Outro terço, entretanto, se situa

num nível extremamente modesto, comparável aos mais pobres padrões afro-asiáticos.

O terço intermediário se aproxima mais do inferior que do superior”.

A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático,

não tem como combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade política no

Brasil.

O aperfeiçoamento da democracia significa dar voz e tornar cidadãs todas as

pessoas. Para isso, não basta o país ter crescimento econômico. A via do crescimento

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econômico não deve ser desprezada, entretanto deve ser perseguida juntamente com

outro.

A consolidação da democracia também é de suma importância por interferir

diretamente na legitimação do Estado frente à população mais marginalizada. Quando

essa população passa a participar ativamente da democracia, percebendo que seus

direitos sociais estão sendo respeitados, ela passa a valorizar o Estado e o regime

democrático. Segundo o relatório “Democracia na América Latina”, publicado pelo

PNUD em 2004, apenas 30,6% dos brasileiros se consideraram democratas, afirmando

preferir crescimento econômico em detrimento de um regime democrático. Essa

pesquisa comprova o fato de o brasileiro não se sentir representado politicamente

devido à falta de políticas sociais suficientemente eficientes, que possam atender aos

mais necessitados, apesar de a mesma pesquisa afirmar que os brasileiros são

considerados os mais participativos na política latino-americana, talvez justamente por

desconfiarem das instituições políticas e dos políticos.

É inevitável tal descrédito na política dado que os congressistas se mostram cada

vez mais distantes da realidade nacional. Estudo da organização não-governamental

Transparência Brasil mostra que o Congresso Nacional brasileiro é o segundo mais caro

para o contribuinte em comparação com o de outros onze países. Para se ter uma idéia,

cada deputado federal custa R$ 6,6 milhões por ano aos cofres públicos, enquanto cada

senador custa R$ 33,1 milhões por ano. Isso dá um gasto de absurdos R$ 11.545,04 por

minuto. A pesquisa também mostrou que muitas Assembléias Legislativas estaduais e

até Câmaras Municipais de algumas cidades possuem orçamentos maiores que o de

Congressos de muitos dos países pesquisados.

Gastos absurdamente altos e completamente desproporcionais em relação à

realidade nacional aliados a freqüentes escândalos de corrupção são capazes de mostrar

o quanto a democracia brasileira ainda precisa ser aprimorada. Em certa medida, o

próprio Congresso Nacional provoca grandes desigualdades de renda a partir do

momento em que cada parlamentar custa R$ 16.512,09 por mês – mais de 43 salários

mínimos – sem contar os outros benefícios concedidos, ao passo que 55 milhões de

pessoas vivem com menos de R$ 80,00 por mês.

Portanto, fica claro que as políticas públicas destinadas à redução da

desigualdade e a consolidação da democracia brasileira são assuntos entrelaçados e,

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como tais, não devem ser tratados de forma independente. É inevitável afirmar que a

diminuição da desigualdade é uma condição essencial para a consolidação do regime

democrático no país.

Por fim, a desigualdade política fere o princípio da representatividade, e assim,

as classes não representadas não conseguem garantir politicamente seus

interesses/necessidades, o que fatalmente acaba levando à desigualdade econômica e

social.

1.4 – Desigualdade de Gênero

“Discriminação contra a mulher significa toda distinção, exclusão ou restrição

baseada no sexo e que tenha por objeto o resultado de prejudicar ou anular o

reconhecimento, gozo ou o exercício pela mulher, independente de seu estado civil, com

base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades

fundamentais nos campos políticos, econômico, social, cultural e civil ou em quaisquer

outros campos” (Convenção da ONU/1979 sobre a Eliminação de todas as Formas de

Discriminação contra a Mulher).

A diferenciação e a discriminação de gênero nos ajudam a perceber outras

formas de discriminação. Diferentes papéis e características são atribuídos às pessoas,

não apenas com base no gênero, mas também na raça, na classe, na etnia, na idade, na

opção sexual etc. Estas características atribuídas às pessoas pela sociedade fazem com

que as pessoas também sejam colocadas em locais e com papéis determinados, que

podem ser tanto ponto de acordo como de conflitos. A diferença entre as mulheres de

grupos raciais ou de classe diferentes torna-se Desigualdades de Gênero, raça e classe.

Sheila Rowbotham (1998), considera que o conceito de gênero possibilita

compreender a maneira pela qual o poder é definido, estruturado e exercido, chamando

atenção, no entanto, para a necessidade de relativizarmos o seu potencial analítico.

Assim, essa autora alerta para o fato de que "… o conceito de gênero (…) pode congelar

nosso olhar tornando difícil enxergar aqueles aspectos da subordinação das mulheres

afetadas por outros fatores sociais".

Gênero não se refere exatamente aos homens e mulheres, mas sim às relações

entre os dois sexos. Se fatores biológicos produzem ou não diferenças nos dois sexos, é

a isso que gênero se refere, seu enfoque requer o exame de fatores estruturais na

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sociedade, isto é, as regras e práticas dentro e fora de casa, no trabalho, com a família,

na comunidade, no estado e na sociedade em geral, a qual ainda mantém uma posição

desigual entre grupos diferentes de homens e mulheres. Seja qual for a situação, a

igualdade de tratamento tem que estar de acordo com as respectivas necessidades de

homens e mulheres, referindo-se aos direitos, benefícios, obrigações e oportunidades

iguais. Porém, em matéria de direitos humanos, as mulheres ainda têm velhos e novos

desafios a conquistar.

A análise das desigualdades de gênero tem sido fortalecida pela interpretação

dos dados estatísticos que apontam, por exemplo, para a pequena representação política

das mulheres e para seus baixos salários.

O Programa de População das Nações Unidas – PNUD revelou a preocupação

com a invisibilidade das mulheres e com a ausência de políticas voltadas para superar as

históricas discriminações, e elaborou uma metodologia para medir tanto o

desenvolvimento social dos países – Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, como

para medir os progressos obtidos pelas mulheres – Índice de Desenvolvimento da

Mulher – IDM, fundamental para a classificação dos países no cômputo do

Desenvolvimento Humano. Segundo o Informe elaborado por essa Agência da ONU

“(…) Comparando as categorias segundo o IDM com os níveis de renda dos diferentes

países, fica confirmado o fato de que a eliminação da desigualdade entre os sexos não

depende do fato de um país ter uma alta renda. A igualdade entre os sexos pode ser

promovida sejam quais forem os níveis de renda de um país. O que é necessário é um

firme compromisso político e não uma riqueza econômica”.

É preciso um novo olhar para se poder perceber que a “desigualdade” entre

homens e mulheres em nossa sociedade se reflete em pequenas (e grandes)

discriminações, em pequenas (e grandes) dificuldades enfrentadas pelas mulheres em

seu cotidiano, em dificuldades de inserção no mercado de trabalho, em dificuldades de

acesso a serviços, em um cotidiano penoso na esfera doméstica.

As ações governamentais, as políticas públicas e os programas desenvolvidos

por governos podem exercer um papel importante diante deste quadro de desigualdades:

Podem reforçar as desigualdades, o que ocorre, em geral, pelo fato de os governos e as

agências estatais não estarem “atentos” às desigualdades de gênero. E, mais que isto, em

decorrência também de a própria sociedade não estar atenta a estas desigualdades.

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Mas também podem: em primeiro lugar, reconhecer que esta desigualdade existe

e que ela deve e pode ser reduzida. Em segundo lugar, integrar o combate à

desigualdade de gênero à agenda de governo, junto com o combate a “outras

desigualdades”. Em terceiro lugar, identificar como e onde estas desigualdades se

manifestam e quais seus impactos – para se poder planejar estratégias de ação. Em

quarto lugar, a identificação concreta das formas como se manifestam as desigualdades

de gênero permite identificar prioridades de ação, como as apontadas pela agenda de

gênero:

a) combate à violência contra a mulher;

b) políticas de atenção integral à saúde da mulher;

c) programas de geração de emprego e renda e de capacitação;

d) acesso a crédito;

e) acesso à propriedade;

f) combate à discriminação no trabalho, dentre outras.

Mas, é muito importante, para além destas ações dirigidas, incorporar um olhar de

gênero a todas as políticas públicas.

APÍTULO II – A MULHER NA SOCIEDADE E NA ORGANIZAÇÕES

2.0 – A mulher de antigamente

Desde que o homem começou a produzir seus alimentos, nas sociedades

agrícolas do período neolítico (entre 8.000 a 4.000 anos atrás), começaram a definir

papéis para os homens e para as mulheres. Nas sociedades agrícolas já havia a divisão

sexual do trabalho, marcada desde sempre pela capacidade reprodutora da mulher, o

fato de gerar o filho e de amamentá-lo. O aprendizado da atividade de cuidar foi sendo

desenvolvido como uma tarefa da mulher, embora ela também participasse do trabalho

do cultivo e da criação de animais. Surgem as sociedade humanas, divididas em clãs,

em tribos e aldeias. Na fase pré-capitalista o modelo de família era multigeracional e

todos trabalhavam numa mesma unidade econômica de produção. O mundo do trabalho

e o mundo doméstico eram coincidentes. A função de reprodutora da espécie, que cabe

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à mulher, favoreceu a sua subordinação ao homem. A mulher foi sendo considerada

mais frágil e incapaz para assumir a direção e chefia do grupo familiar. O homem,

associado à ideia de autoridade devido a sua força física e poder de mando, assumiu o

poder dentro da sociedade. Assim, surgiram as sociedades patriarcais, fundadas no

poder do homem, do chefe de família. A ideia de posse dos bens, e a garantia da herança

dela para as gerações futuras, levaram o homem a interessar-se pela paternidade. Assim,

a sexualidade da mulher foi sendo cada vez mais submetida aos interesses do homem,

tanto no repasse dos bens materiais, através da herança, como na reprodução da sua

linhagem, sendo identificada como o sexo frágil.

No século dezenove, alguns pensadores já cogitavam a idéia de que no futuro,

teríamos uma sociedade, governada pelas mulheres, sociedade matriarcal, que

desbancaria a sociedade da época, sociedade patriarcal, governada por homens, na qual,

as mulheres tinham pouco ou nenhum valor.

Às mulheres cabiam basicamente, as atribuições de afazeres domésticos,

trabalharem na lavoura e a maternidade. Não lhes era reconhecido o direito ao trabalho

e muito menos ao salário, que quando era pago, era muito inferior ao salário dos

homens.

2.1 – Luta pelos direitos

A década de setenta constituiu um marco para o movimento de mulheres no

Brasil, com suas vertentes de movimento feminista, grupos de mulheres pela

redemocratização do país e pela melhoria nas condições de vida e de trabalho da

população brasileira. Em 1975, comemora-se, em todo o planeta, o Ano Internacional da

Mulher e realiza-se a I Conferência Mundial da Mulher, promovida pela Organização

das Nações Unidas – ONU, instituindo-se a Década da Mulher.

Em fins dos anos setenta e durante a década de oitenta, o movimento se amplia e

se diversifica, adentrando partidos políticos, sindicatos e associações comunitárias. Com

a acumulação das discussões e das lutas, o Estado Brasileiro e os governos federal e

estaduais reconhecem a especificidade da condição feminina, acolhendo propostas do

movimento na Constituição Federal e na elaboração de políticas públicas voltadas para

o enfrentamento e superação das privações, discriminações e opressões vivenciadas

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pelas mulheres. Como exemplo, destaca-se a criação dos Conselhos dos Direitos da

Mulher, das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, de programas

específicos de Saúde integral e de prevenção e atendimento às vítimas de Violência

Sexual e Doméstica.

Nos anos noventa, amplia-se o movimento social de mulheres e surgem

inúmeras organizações não governamentais (ONGs). Além de uma diversidade e

pluralidade de projetos, estratégias, temáticas e formas organizacionais. Também nesta

década, consolidam-se novas formas de estruturação e de mobilização, embasadas na

criação de redes/ articulações setoriais, regionais e nacionais.

Paralelamente, são desencadeadas campanhas como "Mulheres Sem Medo do

Poder", visando estimular e apoiar a participação política das mulheres nas eleições

municipais de 1996; "Pela Vida das Mulheres", visando manter o direito ao aborto nos

casos previstos no Código Penal Brasileiro (risco de vida da mãe e gravidez resultante

de estupro); "Pela Regulamentação do Atendimento dos Casos de Aborto Previstos em

Lei, na Rede Pública de Saúde"; e "Direitos Humanos das Mulheres", por ocasião da

comemoração dos 50 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos

Humanos, visando incorporara história das mulheres.

Nessa década, o movimento aprofunda a interlocução com o Legislativo e o

Executivo – e, em menor medida, com o Judiciário -, tanto no sentido da

regulamentação de dispositivos constitucionais, quanto no sentido da implementação de

políticas públicas que levem em conta a situação das mulheres e perspectiva de

equidade nas relações de gênero.

As mulheres brasileiras, atualmente são integrantes e representantes de

organizações do movimento de mulheres, estão articuladas e sintonizadas com o mundo

globalizado e fazem parte e diferença no mesmo.

Com a luta pelos seus direitos, a mulher conquistou muitos marcos, dentre eles o

seu direito na família, no trabalho, e na aprovação de emendas e leis, como:

Lei 9.278/96 – regula a união estável como entidade familiar .

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Lei 9.263/96 – regula o planejamento familiar. O direito à esterilização

voluntária de mulheres e homens é conquistado em agosto/97, com a derrubada

dos vetos do Presidente à lei .

Lei 9.100/95 e 9.504/97 – estabelecem quotas mínimas e máximas por sexo para

candidaturas nas eleições proporcionais para Vereadores e Deputados

Estaduais/Federais, respectivamente .

Aprovação de Emendas ao Plano Plurianual (1995-1999) e ao Orçamento da

União referentes à cidadania das mulheres (97,98 e 99) .

2.2 – Evolução do mercado de trabalho

2.2.1 - Evolução

Com a revolução industrial do século XIX, começaram a surgir algumas

profissões levando a um grande aumento da economia. Começaram a surgir as pequenas

oficinas domésticas e as grandes manufaturas peritas especialmente na produção de

tecidos. Surgiu a máquina a vapor que realizavam trabalho até ai efetuado por várias

pessoas. O Setor têxtil foi o que mais ganhou com esta revolução devido à

maquinização dos setores têxteis com o algodão à cabeça.

À medida que a Indústria ia evoluindo começaram a aparecer fábricas, surgindo

assim novas profissões que por sua vez provocavam o desaparecimento de outras. O

trabalho manual deu lugar à maquinização fazendo com que muitas profissões

evoluíssem no seu conceito de trabalho e outras ficassem esquecidas até desaparecerem

na sua totalidade. Assim podemos dizer que o ato de trabalhar molda-se à medida que o

tempo avança e consoante a necessidade de cada consumidor. A todo momento surgem

novas tecnologias que extinguem por completo profissões, muitas delas já esquecidas

pelo tempo. Com o passar do tempo, todos os profissionais de uma determinada

profissão começaram a evoluir e a renovar os seus campos de atuação. Enquanto uns

começaram a poder escolher uma profissão futura outros tinham a oportunidade de

renovar os seus campos de atuação com novos conhecimentos através de cursos,

explicações ou diversos ensinamentos das pessoas mais experientes em determinada

função.

Quando fazemos uma profunda análise do mercado, profissões e tarefas, vamos

tentando distinguir o que é verdadeiramente profissão visto que estas não aparecem de

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um dia para o outro e têm de ser encontradas. Se muitas profissões estão desde há muito

legisladas, outras surgem ou surgiram pelas novas necessidades da sociedade.

Algumas profissões que têm surgido com o passar do tempo são baseadas num

conceito inovador completamente impensável há anos atrás. O teletrabalho, o mais novo

conceito em forma de trabalho, oferece um novo sentido às profissões visto que o

trabalho vai até ao trabalhador e não o contrário. Isto só é possível devido à evolução da

tecnologia de informação e comunicação que suportam diversas atividades desde a

produção até ao atendimento a clientes, planejamento entre outras, sendo que todas elas

podem até ser realizadas a partir do próprio lar. Se as profissões evoluíram, esta nova

forma de trabalho demonstra que ainda existe espaço para que evoluam cada vez mais.

2.2.2 – Exigências do mercado atual

O mercado de trabalho, além de mudar constantemente, exige cada vez mais

conhecimento e habilidades para se atuar nele também. O diploma de um curso superior

já foi garantia de emprego, até meados da década de 70; hoje não é mais. Pensar que

após o término da faculdade você está "livre" do estudo é simplesmente decretar o fim

da sua carreira profissional. Hoje precisamos estar sempre estudando, sempre nos

atualizando. Estamos vivendo a "era da informação, da velocidade e da orientação para

resultados". Muitas vezes, ficamos atônitos com a rapidez com que as mudanças

acontecem. Já não basta mais sermos especialistas em uma única área: Engenharia,

Administração, Economia, Direito, etc. Precisamos "entender do negócio", isto é,

conhecer todos os aspectos relacionados com o ramo da empresa onde trabalhamos,

senão como poderemos aplicar nossos conhecimentos em benefício da empresa, ou em

outras palavras: gerar resultados.

Muitos consultores e autores bem-sucedidos de livros de negócios e carreira

dizem que estamos vivendo a era dos multiespecialistas. Precisamos entender de muitos

assuntos: administração, finanças, informática, outros idiomas, pessoas (esta talvez seja

a aptidão mais importante e mais difícil), trabalho em equipe, etc. Eles estão certos.

Precisamos entender de muitos assuntos e a única maneira de dominá-los é através do

estudo e aprendizado contínuos.

Nem tudo mudou. É evidente que você precisa ter ótimos conhecimentos na sua

área de atuação, ou você teria coragem de se submeter a uma cirurgia com alguém que

não é formado em medicina? É claro que não. Um ponto importante é que não basta

conhecer o básico, para se destacar e ser um profissional requisitado pelo mercado, você

precisa dominar os conhecimentos da sua área de atuação. O mercado está muito

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seletivo, não existe mais lugar para enganadores. De nada adianta você ter ótimos

conhecimentos se não for capaz de traduzi-los em resultados para a empresa. Lembre-

se: você não é paga para ficar oito horas na empresa, você é paga para gerar resultados.

Sem resultados = sem emprego.

Existem conhecimentos que são fundamentais, independente da área em que

você atue. Conhecimentos de informática, tais como: Microsoft Word, Microsoft Excel

e, principalmente, saber utilizar os recursos disponibilizados pela Internet. O

conhecimento de idiomas também é muito importante. O inglês ainda é o mais

importante, seguido de perto, para nós brasileiros, pelo Espanhol. Pode ser que, para a

sua profissão/cargo atuais, não seja obrigatório o conhecimento de idiomas, mas, com

certeza, o domínio de um ou mais idiomas estrangeiros será um diferencial importante.

Habilidade na comunicação quer seja para escrever, falar ou fazer apresentações,

são fundamentais. Independente da função, o profissional atual deve dominar as

técnicas de redação, o que inclui um bom vocabulário e um bom conhecimento da nossa

Gramática. Desde a elaboração de relatórios, projetos e memorandos, até na

comunicação via e-mail, o domínio das técnicas de redação é um diferencial importante,

que pode ajudar você na busca por melhores posições dentro da empresa. Além de saber

por as ideias no papel é importante que você saiba apresentá-las para os seus colegas e

superiores. A capacidade de fazer boas apresentações é muito importante. O profissional

que domina as técnicas para uma boa apresentação, vê muitas portas se abrirem.

Trabalho em equipe e delegação de tarefas são de extrema importância, não

importa o cargo que você ocupa, é fundamental que saiba trabalhar em equipe, em

outras palavras: "colaboração e cooperação". Isso não significa que não deva existir

competição, porém em doses saudáveis. Mas o fato é que somente o trabalho em equipe

é capaz de obter os resultados exigidos atualmente. Na medida em que você vai

ocupando cargos com características mais gerenciais do que operacionais a delegação

de tarefas torna-se um instrumento indispensável. Se você chefia uma equipe é

fundamental que confie nela. Com isso é possível delegar tarefas e manter um nível de

acompanhamento racional; pois de nada adianta delegar uma tarefa e depois

acompanhar, passo a passo a execução.

2.2.3 – Evolução da trabalhadora

A participação da população feminina no mercado de trabalho tem apresentado

significativos avanços nas últimas décadas, muito embora ainda se constate um forte

desequilíbrio entre homens e mulheres no que concerne à inserção produtiva e

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evidências de discriminação na ascensão profissional. Vários estudos sobre o mercado

de trabalho apontam que esta participação diferenciada está relacionada ao persistente

paradigma sócio cultural criado em torno de distintos papéis que cabem à homens e

mulheres enquanto atores sociais. Com base nesse paradigma, cabe aos homens o papel

de principal provedor da família, reservando-lhes uma maior participação e maior

rendimento nas atividades produtivas, enquanto às mulheres cabem as tarefas voltadas à

complementação do orçamento familiar, devendo conciliar trabalho e maternidade,

muito embora apresentem maiores níveis de escolaridade em relação aos homens.

A expansão das mulheres no mercado de trabalho tem sido alvo de muitos

estudos, pelo fato de ser um fenômeno recente e estar carregado de relações sociais.

Estudos a respeito da crescente participação da mulher no mercado de trabalho

concluem este estar relacionado a fatores culturais, demográficos e econômicos.

Há algumas décadas a porcentagem de mulheres economicamente ativas tem

aumentado consideravelmente. Isso se deve também, entre outros fatores, aos

movimentos políticos e sociais ocorridos no mundo entre as décadas de 60 e 70. Essa

mudança de padrões culturais impulsionou as mulheres a estudarem mais e a participar

do mercado de trabalho de forma consistente.

Vários estudos sobre a crescente participação da mulher no mercado de trabalho

concluem que esse aumento das mulheres tem vários motivos, e não somente a

mudanças de padrões culturais. “Na literatura nacional há um consenso de que o fator

primordial a determinar a “feminização” do mercado de trabalho é o aumento do nível

de escolaridade da mulher brasileira nos últimos anos, graças à evolução dos seus

valores sociais. Este fator tem levado também à queda da taxa de fecundidade devido à

adoção de métodos anticonceptivos, os quais se tornaram mais acessíveis e

diversificados nos últimos tempos. Desse modo, mulheres mais instruídas acabam tendo

menor número de filhos, o que as torna mais disponíveis para a atividade econômica.”

(BRUSCHINI ; LOMBARDI, 1996 apud MAIA ;LIRA).

Outro fator de grande relevância para a crescente participação das mulheres no

mercado de trabalho refere-se a estagnação econômica, elevada inflação e mudanças na

estrutura do emprego vividas pelo Brasil na década de 80. (LEONE, 1997). Esta autora

ressalta que os fatores econômicos reforçaram a maior participação feminina no

mercado na tentativa de evitar o empobrecimento das famílias, não deixando de

considerar as profundas transformações sociais que vem ocorrendo ao longo dos anos.

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Seja por motivos financeiros ou mudanças nos padrões culturais ou até por

realização pessoal é fato que as mulheres têm entrado de forma consistente no mercado

de trabalho. O que fica evidenciado em estudos de vários autores é que o aumento da

participação das mulheres no mercado de trabalho não correspondeu a uma diminuição

da discriminação.

Para Abramo (2001) a maior participação das mulheres no mercado de trabalho

não foi acompanhada por uma diminuição das desigualdades profissionais entre homens

e mulheres. Estas ocupam alguns setores e profissões, uma segmentação que torna mais

forte as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

2.3 – A dupla jornada

Na antiguidade a mulher vivia sobre os domínios do homem, não possuía

direitos próprios, assim como de exercer uma profissão e até mesmo de responder por

si. Para grande parte da população masculina, a mulher era vista apenas como uma

doméstica, alguém para cuidar da casa, dos filhos e para satisfazer os seus prazeres.

Nesta época, se as mulheres engravidassem eram obrigadas a se casarem, deixar

de lado os estudos para cuidar de uma família e nem tinham oportunidade de escolher

em quem gostariam de eleger politicamente.

Ao decorrer dos tempos, a mulher vem ganhando grande espaço na sociedade

por sua inteligência e dedicação. Hoje muitas atuam em cargos que antes eram

designados apenas para homens, apesar de ainda existir grande diferença de salários de

um homem para uma mulher. A independência feminista mostra que elas podem muito

bem sobreviver por si próprias, acredita-se que elas têm capacidade de fazerem várias

coisas ao mesmo tempo. São donas de suas próprias vidas, e estão tendo grande

reconhecimento no mercado de trabalho.

A autonomia da mulher atual vem crescendo dia após dia, pois agora ela

consegue tanto manter uma casa, cuidar de filhos e manter uma vida profissional

estável. Elas lutam por seus objetivos e seguem sem medo algum para consegui-los e

ainda por cima sentem-se realizadas e assim por diante.

Há consenso que três fatores, agindo simultaneamente e de forma integrada,

foram os responsáveis pela inserção da mulher no mercado de trabalho: a necessidade

de complementar ou mesmo prover a renda familiar, a abertura de postos de trabalho

considerados mais "adequados" para as mulheres e, naturalmente, uma mudança do

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papel da mulher na sociedade, em busca de participação mais ativa na vida social e nos

destinos da sociedade. A situação da mulher no mercado de trabalho está longe de ser

igualitária quando comparada com a dos homens: as tarefas cotidianas no âmbito da

família ainda são praticamente de responsabilidade da mulher, de tal forma que o

cotidiano da maioria daquelas que trabalham ainda está marcado por uma dupla jornada

de trabalho; em média, as mulheres recebem bem menos que os homens pelo

desempenho de tarefas semelhantes; estão mais concentradas em trabalhos precários ou

em um grupo de atividades em geral carimbadas como próprias para serem

desempenhadas por mulheres, exatamente porque apresentam alguma semelhança com

suas funções familiares - empregadas domésticas, professoras, enfermeiras, secretárias,

gerentes, etc.

A mulher que tem uma dupla jornada de trabalha acaba por atuar em várias

“vidas”. A vida particular, vida profissional, vida amorosa, vida familiar e vida social.

Então, essas vidas acabam por depender da situação financeira da mesma, fazendo com

que ela assuma um compromisso de estar inserida ativamente em todas elas, tornando

seu papel cada vez maior e mais importante. Sendo assim, nas famílias com menor

poder aquisitivos o que acontece, na prática, é que tanto a mulher quanto seu marido

utilizam parte de seu tempo em casa para tentar resolver problemas do trabalho e sua

situação financeira, assim como seu trabalho pode ser afetado pelos problemas pessoais,

afetando ainda mais a situação atual.

Figura 1 - Evolução da atuação da mulher latino - americana

Entre os casais com filhos, a renda das mulheres chefes de família representa

73% da renda média de seus maridos. De qualquer modo, a mulher continua ganhando

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menos do que o homem. Com relação ao nível de escolaridade, as mulheres,

independentemente da posição na família, estudaram mais anos em média, e aquelas

responsáveis por famílias com filhos apresentam a mais alta escolaridade. Para os

pesquisadores, os dados significam que a educação não interfere na posição de chefia da

família.

O fator que mais influencia, embora não seja decisivo, é a ocupação. Homens

estão mais inseridos no mercado de trabalho, assim como a maioria das chefes de

família com filhos (59,1%) possui emprego. As mulheres que chefiam a casa têm níveis

de ocupação significativamente mais elevados do que as mulheres em idade ativa, em

geral (57,7% contra 51,5%). Elas também ocupam posições consideradas de melhor

qualidade.

A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho não as isentou

nem reduziu a jornada delas com os afazeres domésticos. Pelo contrário, nas faixas

etárias onde a inserção das mulheres no mercado de trabalho é maior e que coincide

com a presença de filhos menores, a intensidade do trabalho doméstico ainda é mais

elevada. Entre as mulheres ocupadas, 92% cuidam de afazeres domésticos, enquanto

para os homens ocupados esse percentual é de 51,6% (IBGE, 2008).

Porém, esses afazeres domésticos variam em relação à situação financeira da

família, já que as mulheres com menor poder aquisitivo têm a necessidade de cumprir

essa dupla jornada, pois não podem contratar alguém para realizar essas tarefas

enquanto está no trabalho. Sendo assim, a situação financeira da mulher em questão é

um ponto fundamental para estabelecer o tempo dedicado ao trabalho e à família.

A tradicional responsabilização das mulheres pelos afazeres domésticos não

somente parece permanecer intocada ao longo dos anos, como também não sofre

influência da posição ocupada pela mulher na família. Apesar de haver algumas

diferenças, mulheres na posição de chefe e na posição de cônjuge respondem por grande

parte do trabalho não-remunerado, essencial para a reprodução das famílias.

Por fim, em relação a tudo dito anteriormente neste tópico, não podemos deixar

de lado uma pergunta que muitos se questionam há tempos, mas que ainda ninguém

chegou a uma resposta perfeita e que a solucione: “Se a nível de licenciaturas há mais

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mulheres a entrarem nas faculdades, e também são elas a terem mais sucesso, por que

será que não são elas que estão no topo?”.

Procurei dentre artigos, autores, entre outros meios, a solução desta resposta,

porém encontrei somente razões para essa desigualdade (a mulher de antigamente) e

motivos para acabar com essa desigualdade, mas não foi possível encontrar como

solucionar essa questão. No entanto, esta citação de Machado, Oliveira e Wajnman

(2005, p.26) afirma que, em grande parte, este fato ocorre devido à discriminação

existente, ocorrendo tratamento desigual para trabalhadores com o mesmo potencial

produtivo ou com maior potencial, como é o caso das mulheres, que apresentam

maiores níveis de escolaridade.

“Se a escolaridade feminina é, em média, superior à masculina, as razões para

o persistente diferencial de rendimentos em favor dos homens devem ser buscadas nas

possíveis diferenças entre formas de inserção e também nas práticas discriminatórias

que valorizam diferentemente homens e mulheres igualmente produtivos”. (p.27).

2.4 – Jornada de trabalho da mulher x Jornada de trabalho do homem

Uma diferença fundamental entre os sexos é que, para a maioria das mulheres,

família e trabalho andam juntos e, para a maioria dos homens, trabalho significa

emprego assalariado que exige tempo fora de casa. As atividades de trabalho das

mulheres não são bem captadas pelas estatísticas oficiais, principalmente quando

trabalham na agricultura. Homens e mulheres usam seu tempo diferentemente:

1. As mulheres trabalham mais que os homens. Pesquisas feitas na década de 90,

principalmente em países desenvolvidos, concluiu que em 13 países elas trabalham pelo

menos 2 horas a mais por semana que eles, sendo que o comum é de 5 a 10 horas; em

oito países, a quantidade de trabalho foi igual. Só nos Estados Unidos as mulheres

disseram que trabalham menos, em média 3 horas por semana.

2. O trabalho doméstico não remunerado é o que mais ocupa o tempo das

mulheres. Na maioria dos países, as mulheres gastam a mais o dobro do tempo em

trabalho não pago que os homens.

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3. O tempo de trabalho dos homens tende a ser o mesmo durante sua vida

produtiva; o das mulheres varia bastante, dependendo da idade dos filhos.

De meados da década de 60 a meados da década de 80, houve uma diminuição

no tempo de trabalho não pago das mulheres e aumento do trabalho remunerado. Está

havendo mudanças no sentido do casal partilhar mais esses trabalhos.

Quanto à divisão do trabalho doméstico, dois terços a três quartos dele são feitos

pelas mulheres nos países desenvolvidos. Na maioria desses países, a mulher gasta 30

ou mais horas por semana nesse trabalho, enquanto os homens gastam 10 a 15. O que

consome mais o tempo das mulheres é a preparação das refeições e limpeza quando não

há filhos. Quando os há, é cuidar deles. O tempo que as mulheres levam para preparar

uma refeição caiu de 1961 a 2000 de 90 minutos para 60 minutos por dia. O tempo que

os homens levam cozinhando subiu um pouco, de 15 a 20 minutos. Das tarefas

domésticas, a de que os homens participam mais é no cuidado das crianças pequenas,

em média menos de 1 hora por dia. Quanto ao trabalho não pago, eles contribuem mais

fazendo compras e consertando coisas na casa.

Figura 2 - Atuação do homem e da mulher na América Latina

Analisando os salários recebidos, temos que as mulheres recebem menos que os

homens. No ano de 2007, os salários das mulheres eram 40 a 50% do dos homens.

Interessante é a situação das mulheres com diploma de nível superior. As com 1o. grau

incompleto recebem 48% a 49% ( setor público e privado) do salário dos homens; 1o.

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grau completo, de 52 a 58%; 2o. grau completo, de 53 a 62%. Até aí temos um

crescendo. No 3o. grau completo, o salário baixa para 50%. Como já vimos antes, a

maior participação feminina na força de trabalho veio acompanhada de uma queda

acentuada na taxa de fertilidade, menos de 2,7 filhos por mulher em idade fértil.

2.5 – Disparidade de renda e cargo

A maior autonomia das mulheres no mercado de trabalho não se traduziu

necessariamente em igualdade em relação aos homens. Segundo o IBGE em 1991 a

renda das mulheres equivalia 63,1% da dos homens. Já em 2000 esta relação subiu para

71,5% reduzindo-se a desigualdade entre homens e mulheres.

As mulheres de hoje são mais educadas do que foram há trinta anos atrás e já

conseguem ultrapassar os homens. No Brasil entre os que têm curso universitário as

mulheres superam os homens tanto nos que possuem curso completo quanto os que têm

curso incompleto. Os investimentos em educação da mulher têm impactos que vão

muito além do seu progresso pessoal.

A maioria dos pesquisadores enfatiza que o investimento na mulher produz

resultados significantes. O impacto produzido na sociedade em geral é grande, devido

ao efeito multiplicador de uma boa educação da mulher. “Por outro lado, a intensa

afluência das mulheres ao mercado de trabalho não foi acompanhada por uma

diminuição significativa das desigualdades profissionais entre homens e mulheres. A

maior parte dos empregos femininos continua concentrada em alguns setores de

atividades e agrupada em um pequeno número de profissões, e essa segmentação

continua estando na base das desigualdades existentes entre homens e mulheres no

mercado de trabalho, incluindo as salariais” (ABRAMO: 2001; 78).

Ikeda (2000) em pesquisa sobre diferenças de remuneração no mercado de

trabalho formal salienta que mesmo com o aumento da participação da mulher no

mercado de trabalho brasileiro as desigualdades em relação ao trabalho masculino ainda

persistem. Ainda argumenta que mesmo no mercado de trabalho formal a segmentação

por gênero existe, pois em todos os setores analisados a remuneração feminina é

claramente menor que a masculina.

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Grzybovski, Boscarin e Migot (2001) discutindo o mercado formal de trabalho

no Brasil em relação ao papel da mulher executiva, através de levantamento de dados

compreendidos entre 1990 e 1999 do Ministério do Trabalho e Emprego, IBGE,

Ministério da Fazenda e universidades chegaram à conclusão que mesmo em cargos

similares de gerência, as mulheres recebem remuneração inferior a dos homens. Nos

últimos 15 anos, entraram no mercado de trabalho do Brasil mais de 12 milhões de

mulheres. Em 1998, a proporção de mulheres ocupadas era de 42%. Na década de 60,

foi de apenas 23%. A expansão foi extraordinária. O trabalho da mulher fora de casa

vem sendo estimulado pela demanda do mercado e pelo crescimento da sua

competência profissional que decorre em grande parte da melhoria educacional. Nos

dias atuais, mais de 30 milhões de mulheres trabalham fora de casa no Brasil. Cerca de

50% estão no comércio, serviços e administração; 22% estão na agricultura; 16% na

área social; 9% na indústria; 3% em outros setores.

Para a maioria dos casos, os salários das mulheres brasileiras são cerca de 25%

menores do que os homens - para a mesma jornada de trabalho e com o mesmo nível

educacional. As mulheres estão pouco representadas nos estratos de salários altos.

O mercado de trabalho mantém fortes desigualdades, principalmente em relação

aos salários. No Brasil, o desemprego feminino fica sempre acima do masculino (10%)

e a informalidade é mais alta entre as mulheres. Apenas 36% estão no mercado formal.

Para a grande maioria de mulheres, faltam postos de trabalho de boa qualidade. Além

disso, as mulheres trabalham mais do que os homens. Na verdade, o uso do tempo da

mulher é muito diferente do homem. O tempo remunerado é maior entre os homens e o

não remunerado é maior entre as mulheres.

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CAPÍTULO III – TENDÊNCIAS PARA O ABISMO

3.0 Diminuição da desigualdade de renda no Brasil

A disparidade de renda entre indivíduos existe ou existiu em todas as sociedades,

sejam as pré-industriais, sejam as economias de mercado ou socialistas modernas. A

diferença é a possibilidade de mover-se, pelo próprio esforço, de um espectro social

baixo para outro mais alto.

O Brasil está se tornando menos desigual graças ao capitalismo. No conjunto dos

países desenvolvidos e das principais economias emergentes, nenhuma outra nação

reduziu tanto a diferença entre ricos e pobres nas últimas duas décadas quanto o Brasil.

Há duas maneiras consagradas de medir a desigualdade de renda. O índice de

Gini, cuja escala varia de zero, menos desigual, a 1, mais desigual, abrange toda a

sociedade e é o mais usado para avaliar as disparidades sociais no Brasil. Entre 1995 e

2008, o coeficiente de Gini caiu de 0,605 para 0,549. Na comparação dos extremos da

população nacional, o avanço também foi impressionante. Em 1995, a renda média dos

10% mais ricos era 83 vezes a dos 10% mais pobres. Essa relação passou para menos de

cinquenta vezes em 2008. Desde 2000, a taxa de crescimento da renda per capita das

classes A e B foi de 10%. Já a metade mais pobre da população teve um ganho real per

capita de 68% no mesmo período.

O Brasil vive hoje um fenômeno conhecido dos estudiosos de desigualdade.

Quando uma nação pobre abre sua economia, há uma fase inicial de valorização dos

profissionais com nível superior. Conforme o país se desenvolve, investe-se mais em

formação educacional e essa demanda é suprida. “No Brasil, a renda dos pobres

aumentou em níveis chineses, e a dos ricos, no mesmo ritmo de um país europeu

estagnado. Mais vinte anos assim e teremos um índice de desigualdade parecido com o

dos americanos”, diz o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas.

A redução da disparidade social no Brasil tomou forma em 1994, com a chegada

do Plano Real. Na década anterior, a de 80, a inflação impedia as pessoas de renda

muito baixa de ter acesso ao banco, enquanto as mais abastadas possuíam contas-

correntes com indexadores para evitar a desvalorização do dinheiro aplicado. O abismo

entre as classes sociais era quase institucionalizado. Quando a inflação foi subjugada,

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pedreiros, operários, empregadas domésticas e costureiras viram o valor de seu salário

manter-se estável em relação aos preços dos produtos, as agências bancárias abriram as

portas e eles puderam planejar o futuro.

A tranquilidade macroeconômica também permitiu a sucessivos governos

concentrar esforços na educação – a mais efetiva e reconhecida ferramenta de ascensão

social. Desde 1996, diversos programas estatais, como o Fundef (substituído em 2007

pelo Fundeb) e o Bolsa Escola (transformado em Bolsa Família), melhoraram as

condições do ensino ao racionalizar os gastos do governo e incentivar o

comparecimento às aulas.

Porém somente crescimento econômico robusto não basta para tornar mais

igualitária a distribuição de renda. Se bastasse, Rússia, Índia e China estariam

experimentando uma espantosa redução na desigualdade social. O oposto está

acontecendo. A disparidade de renda aumentou 24% na China, 16% na Índia e 6% na

Rússia desde 1995.

Por que a desigualdade diminuiu desde 1995

Os brasileiros estão estudando mais

A informalidade no mercado de trabalho caiu

A inflação foi controlada

Aumentou a oferta de crédito pessoal

Foram criados programas assistenciais como o Bolsa Escola (hoje Bolsa

Família)

3.1 Relação entre a qualidade de vida no trabalho e a desigualdade de

gêneros

Em seu artigo Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho , Bom

Sucesso (2002) citou uma definição de Maximiano à respeito da administração

participativa: “administração participativa é uma filosofia ou doutrina que valoriza a

participação das pessoas nos processos de tomar decisões sobre diversos aspectos de

administração das organizações”. O mais forte desafio nos dias atuais para os

trabalhadores em geral, tem sido viver com qualidade em um mundo de alto

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desenvolvimento tecnológico e baixo desenvolvimento humano, que evidencia a

dificuldade de conciliar trabalho e vida pessoal. Não se concebe mais, que o sucesso na

carreira implique fracasso no casamento, na vida afetiva, argumento utilizado por

aqueles que aceitam como inevitável a divergência família e trabalho. A família

enfrenta dificuldades para alterar essa realidade. Os lares e os casamentos não tem sido

bons modelos de qualidade de vida. Dificuldades de dialogo, ciúmes, cobranças,

competição e falta de acordo quanto aos papeis dos cônjuges ainda constituem focos de

conflito entre outros problemas trazidos pela falta de qualidade de vida das pessoas em

prol de seu trabalho.

Para Bom Sucesso, 2002. P.13: "O profissional moderno é aquele que se dedica

totalmente à conquista do seu sucesso, mas não se esquece da felicidade encontrada na

família, nos filhos e nos detalhes importantes da vida. Qualidade de vida é ter

comprometimento com a vida profissional e a vida pessoal. Felicidade e sucesso só

existem de verdade quando estão juntos".

"Qualidade de vida no trabalho, é o conjunto das ações de uma empresa que

envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente

de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento

em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque

biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a

realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos

voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho na

empresa." (FRANÇA, 1997, p. 80).

Bem-estar no trabalho é um conceito integrado por três componentes: satisfação

no trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional afetivo.

Sendo assim, estas três dimensões podem representar tanto os vínculos positivos com o

trabalho (satisfação e envolvimento) quanto com a organização, representado por

comprometimento organizacional afetivo (SIQUEIRA; PADOVAM, 2004).

O lugar de trabalho representa uma parte muito significativa nas vidas das

pessoas, pois nele elas passam a maior parte do seu tempo. Por isso é importante não só

procurar prevenir a ocorrência de doenças decorrentes do trabalho como também

procurar promover o bem-estar das pessoas neste ambiente. Tem-se constatado que os

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empregadores manifestam interesse crescente no bem-estar no trabalho, uma vez que

tem se confirmado que afeta positivamente o desempenho no trabalho (HARTER et al.,

2003).

Siqueira (1995) esclarece que a satisfação do trabalho é multidimensional,

tratando-se de um vínculo afetivo positivo decorrente de satisfações obtidas em cinco

domínios específicos, a saber: nos relacionamentos com as chefias, com colegas de

trabalho, com o salário e com oportunidades de promoção e pela satisfação com as

tarefas realizadas. Relacionamento com as chefias e com os colegas de trabalho são

dimensões relacionadas ao ambiente de trabalho. Salários e oportunidades de promoção

referem-se à retribuição conferida aos empregados, e a satisfação com as tarefas tem

relação com as próprias tarefas. É interessante observar a natureza complexa destas

relações. Estas emoções, quando presentes, levam à criação de vínculos das pessoas

entre si, com o trabalho e com a organização (HARTER et al. 2003).

Considera-se que há uma ligação psicológica entre a organização e o empregado

quando os valores da organização são internalizados e há um envolvimento efetivo com

os papéis a ele atribuídos. O empregado procura, neste estado, se desdobrar para a

consecução das metas e objetivos determinados (SIQUEIRA, 1995).

Sendo assim, para se obter um ambiente de trabalho no qual os colaboradores se

comprometam com a organização, é preciso satisfazer os cindo domínios específicos

citados acima. É ai que se coloca em contrapartida o bem estar do homem e o bem estar

da mulher na organização. Supondo que a empresa tenha um bom domínio dessas

especificidades, ainda hoje em dia, e infelizmente a maioria das organizações, não

possui uma igualdade de renda e de cargos para as mulheres e os homens. Os homens

acabam ficando com os melhores cargos, e, por conseguinte, os melhores salários,

enquanto que as mulheres ficam sempre com aqueles cargos designados para o gênero

feminino. Essa desigualdade tem um profundo impacto na qualidade de vida no

trabalho, pois ao sentirem-se deslocadas e injustiçadas, as mulheres acabam por não se

comprometer com a empresa tanto quanto queriam ou poderiam, e o resultado disso é a

insatisfação com as tarefas, com os colegas, prejudicando o progresso da empresa e da

carreira profissional da mesma.

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Portanto, já que a disparidade de renda vem diminuindo cada vez mais ao longo

dos anos, e com a atual e alta valorização que as empresas estão atribuindo às mulheres,

acredito que o bem estar da mulher na organização pode melhorar muito, o que significa

melhores resultados para a empresa, um ambiente de trabalho saudável e eficiente, e,

como a qualidade de vida no trabalho interfere naquela da vida pessoa, e vice e versa,

com essa valorização, as famílias podem ter menos conflitos, e ser mais feliz, e,

querendo ou não, isso tem impacto na qualidade de vida no trabalho do homem

também, pois já que “em casa” as coisas estão bem, ele tem mais disposição para

realizar melhor suas tarefas também.

3.2 Importância subjetiva da mulher nas organizações

As mulheres ocupam 44,5% dos postos de trabalho nas melhores companhias do

País, sendo que a participação feminina nas dez primeiras do ranking atinge a marca de

53%, de acordo com a edição 2008 do estudo "Melhores Empresas para Trabalhar -

Brasil". Conduzido pela consultoria global Great Place to Work, o levantamento é

realizado com base em avaliações feitas com os colaboradores e com a própria empresa.

A avaliação dos funcionários responde por 67% do cálculo da média final. Segundo o

CEO (diretor executivo, na sigla em inglês) do Great Place to Work, Ruy Shiozawa, a

análise do ambiente corporativo brasileiro na última década mostra que a forma de as

empresas tratarem a presença feminina nos postos de trabalho mudou. "Os gestores das

melhores empresas passaram a associar a mulher com competências que são valorizadas

pelas organizações", afirmou. As empresas reconhecem que as profissionais têm a

capacidade de lidar com diferentes perfis de pessoas, com situações adversas e estão

empenhadas em inspirar e motivar as equipes, o que em um momento de crise é

altamente positivo."Sabemos, inclusive, que as empresas mais produtivas e lucrativas

são as que cuidam dos colaboradores - e as mulheres sabem gerir com maestria esse

cuidado", disse Shiozawa, que ainda acrescentou que, especialmente em tempos de

crise, as habilidades das mulheres têm sido valorizadas pelas organizações.

A maior ascensão da mulher no mercado de trabalho e o maior

comprometimento com o desenvolvimento de sua carreira tem ajudado na diminuição

das barreiras da sociedade e organizacionais. Visto que, a mulher tem sido como uma

importante força de crescimento econômico, mas ainda encontra dificuldades em

organizações tradicionais.

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As características básicas dessa imagem originária vão tender a sempre se

superpor à outra, sendo vistas como barreiras e limitações a uma adequada inserção da

mulher no trabalho, em especial no mundo industrial, que continua sendo visto como

basicamente masculino. O crescimento de formas alternativas de gerenciamento de

carreira pessoal, mostrou-se, no caso da mulher, apenas uma forma de diminuir o

preconceito e questões discriminatórias sociais ainda bem latente na realidade do

mercado de trabalho. De modo geral, a menor remuneração em relação ao trabalho

desenvolvido pelo homem e o tipo de trabalho ao qual são orientadas fazem diferença

significativa ainda nos dias de hoje, e a escolha por carreiras alternativas pode ser uma

forma de driblar esse problema.

3.3 – Organizações que valorizam a mulher

A Sophia Mind, empresa de inteligência de mercado do grupo Bolsa de Mulher,

realizou uma pesquisa em setembro do ano de 2011 com 465 entrevistadas, entre 25 e

50 anos e nível superior completo, funcionárias do setor público ou privado de todo o

Brasil.

Para as entrevistadas, a empresa ideal não é a que paga o melhor salário apenas.

Ela deve respeitar a qualidade de vida de suas funcionárias, já que ser empregada de

uma empresa é apenas um dos muitos papéis que a mulher contemporânea desempenha

no seu dia-a-dia. Oitenta e quatro por cento das entrevistadas disseram que as atividades

profissionais não anulam as domésticas. Quando questionadas sobre os critérios para

escolher uma empresa para trabalhar, elas atribuem um peso maior às oportunidades de

crescimento e à valorização da carreira do que às vantagens financeiras. Já quando se

trata de benefícios oferecidos, 63% delas citaram o aconselhamento de carreira como o

principal fator de retenção em uma empresa. Os demais benefícios têm pesos diferentes,

de acordo com o momento pessoal de cada uma.

Plano definido de cargos e salários (59%), stock options (50%) e prioridade no

recrutamento interno (47%) têm peso maior para reter mulheres sem filhos, enquanto

sala de aleitamento (54%), berçário (50%), programas sociais e ambientais (49%) e a

possibilidade de trabalhar em casa (41%) agradam mais àquelas que são mães. Em

relação à nota que atribuem ao quadro de benefícios oferecidos pelas empresas em que

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trabalham hoje, em uma escala de um a dez, a média foi 5,3. Apenas 7% delas deram

notas nove ou dez a suas empresas, enquanto 10% deram nota zero ou um.

Foi observado também um desencontro sobre alguns benefícios que as mulheres

gostariam de ter e o que as empresas onde atuam oferecem. 93% delas gostariam de ter

bolsa de estudos, mas apenas 22% das entrevistadas possuem o benefício; 86% delas

gostariam de ter um horário de trabalho flexível, mas apenas 37% podem usufruir disso;

75% delas gostariam de ter auxílio educação para os filhos, mas apenas 11% das

entrevistadas o têm; e 72% valorizam programas de prevenção a doenças, e eles só

ocorrem para 38% das mulheres pesquisadas.

De uma forma geral, elas avaliam que as mulheres são mais sensíveis, melhores

nas relações pessoais e priorizam o trabalho em equipe. 66% delas também acreditam

que se uma mulher ocupasse o maior cargo da empresa onde trabalham, ela brigaria

mais pela qualidade de vida, benefícios e direitos das funcionárias.

Em pesquisa recente, a revista Você S/A listou as 40 Melhores Empresas Para a

Mulher. Confira abaixo as iniciativas das empresas brasileiras que estão entre as

melhores para a mulher trabalhar:

Laboratório Sabin: O Laboratório Sabin é o maior da região Centro-

Oeste, com unidades no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Bahia,

Minas Gerais, Amazonas e Tocantins. Fundado por duas mulheres,

Janete Vaz e Sandra Costa, em 1984, é conhecido no Brasil não apenas

pela qualidade, agilidade e exatidão nas análises, mas também por figurar

na lista das 100 melhores empresas para se trabalhar no Brasil e na

América Latina, segundo o ranking da Great Place to Work Institute

(GPTW) e Revista Exame - Você S/A. Nele a mãe-funcionária pode

optar pela transferência para uma unidade mais próxima da residência,

após a licença-maternidade;

Chemtech – A Siemens Business: Com sede no Rio de Janeiro, a

Chemtech conta com mais seis escritórios distribuídos pelo país (Belo

Horizonte, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Vitória e Natal), além de

estar presente em Manaus e Recife. Internacionalmente, a empresa conta

com representações na Alemanha, EUA e Abu Dhabi. Hoje, a equipe

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Chemtech é composta 1.300 funcionários, das mais diversas áreas,

graduados e especializados nas melhores instituições do Brasil e do

mundo. A Chemtech é reconhecida pelas práticas de RH e gestão

diferenciadas. A empresa já conquistou títulos como os de Melhor

Empresa para se Trabalhar no Rio, Brasil e América Latina e de Empresa

mais Inovadora do Brasil. E é líder em tecnologia no Brasil. Ela adota a

licença-maternidade de seis meses, mesmo antes da aprovação no

Congresso Nacional - e oferece um horário flexível que começa com

quatro horas diárias de trabalho e passa a seis horas, no período de

adaptação da licença-maternidade;

AES Eletropaulo: A AES Eletropaulo é a maior distribuidora de energia

elétrica em consumo e faturamento da América Latina. Em 2010, chegou

à marca de 6,1 milhões de clientes, atingindo o número de 16,5 milhões

de pessoas atendidas. Sua área de concessão abrange 24 municípios da

região metropolitana de São Paulo, inclusive a capital, onde se localiza a

sede administrativa. Ela custeia todas as despesas da funcionária com

babá ou creche até o sexto mês de vida do bebê;

Advise Brasil: A Advise do Brasil é uma empresa de tecnologia da

informação essencialmente diferente que fornece soluções para tornar o

trabalho de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos mais ágil e

descomplicado. São sistemas robustos e relevantes, projetados para

suprir a demanda de escritórios de todos os portes permitindo que a

rotina diária seja realizada com eficiência e segurança. as mães-

funcionárias, após a licença-maternidade, podem optar por permanecer

em casa pelo período de dez meses, trabalhando com o sistema home

office. A empresa oferece equipamentos e condições para o

desenvolvimento do trabalho em casa;

Itaucred: A Itaucred é a parte do banco Itaú que concede crédito, por

meio de financiamento, leasing, entre outros. A empresa criou uma Sala

de Apoio ao Aleitamento Materno para facilitar a retirada e

armazenamento de leite no retorno da licença-maternidade;

Microsoft Brasil: Microsoft é uma empresa de tecnologia que oferece

programas, servidores, entre outros para computador, é mundialmente

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conhecida pela sua qualidade. Ela oferece à funcionária a possibilidade

de trabalhar em casa nos dois meses posteriores à licença-maternidade.

CONCLUSÁO

O mundo da mulher passa por uma enorme transformação. Nos últimos 30 anos,

as mulheres ganharam muito mais liberdade do que ao longo de toda a sua história. A

elevação do seu nível educacional e a redução do tamanho da família - além das

necessidades econômicas de contribuir para o orçamento familiar – fizeram da mulher

um elemento fundamental no desenvolvimento das nações.

A evolução das mulheres no mundo do trabalho fez com que suas características

fossem se alterando, passando a ocuparem postos de trabalho tidos como masculinos. A

forte entrada das mulheres nas universidades produziu um impacto nas carreiras

profissionais de prestigio, onde antes predominavam os homens. Hoje elas estão

ocupando postos cada vez mais elevados em empresas, e estão se inserindo de forma

consistente nas carreiras técnicas e científicas.

Porém todas essas reestruturações que se seguiram no mundo do trabalho com

relação às mulheres, continuaram produzindo uma segregação por gênero, ou seja,

mesmo as mulheres possuindo as mesmas características profissionais que os homens,

elas continuam recebendo menores salários. Contudo, com a atual diminuição dessa

diferença de renda, e pelo fato das empresas estarem cada vez mais procurando e

valorizando os atributos que as mulheres podem oferecer às organizações, a tendência é

que esse abismo continue a diminuir e a mulher conquiste mais um marco histórico em

sua longa luta pela igualdade.

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<http://www.cepia.org.br/doc/generoedesigualdades.pdf>. Visualizado em: 15 maio

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construcao-de-sociedades-sustentaveis.html>. Acesso em: 15 maio 2012.

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS

Aluna: Julianne Calisto de Azevedo

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3

CAPÍTULO I – O QUE É SUSTENTABILIDADE? ................................................ 3

1.1. PENSANDO DIFERENTE ................................................................... 4

1.2. TRÊS TENDÊNCIAS ........................................................................... 5

1.3.SUSTENTABILIDADES INCORPORADA ........................................... 6

1.3.1. SUSTENTABILIDADE ESTRATÉGICA ................................... 7

CAPÍTULO II - PROGRAMAS SUSTENTÁVEIS .................................................. 8

2.1. COMO AMPLIAR O PROGRAMA CIDADES

SUSTENTÁVEIS EM NOSSO MUNICÍPIO? ........................................ 9

2.2. INDICADORES, METAS E CASOS EXEMPLARES

DE ACORDO COM CADA EIXO DA PLATAFORMA

CIDADES SUSTENTÁVEIS ................................................................ 12

2.2.1. GOVERNANÇA ......................................................................... 13

2.2.2. BENS NATURAIS COMUNS .................................................... 15

2.2.3. EQUIDADE, JUSTIÇA SOCIAL E CULTURA DE PAZ ........... 17

2.2.4. GESTÃO LOCAL PARA A SUSTENTABILIDADE ................... 20

2.2.5. PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO ............................... 21

2.2.6. CULTURA PARA A SUSTENTABILIDADE ............................... 23

2.2.7. EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE E

QUALIDADE DE VIDA .............................................................. 24

2.2.8. ECONOMIA LOCAL, DINÂMICA, CRIATIVA E

SUSTENTÁVEL ......................................................................... 28

2.2.9. CONSUMO RESPONSÁVEL E OPÇÕES DE

ESTILO DE VIDA ...................................................................... 30

2.2.10. MELHOR MOBILIDADE, MENOS TRÁFEGO ........................ 31

2.2.11. AÇÃO LOCAL PARA A SAÚDE ............................................. 34

2.2.12. DO LOCAL PARA O GLOBAL ............................................... 37

CAPÍTULO III – IMPORTÂNCIA DA INTERNET PARA O PROGRAMA ............. 38

3.1. BRASILEIROS E A POLÍTICA ..................................................... 39

CONCLUSÃO ......................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 41

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INTRODUÇÃO

O estudo apresentado destaca a importância do Programa Cidades Sustentáveis para chegar a

municípios com maior qualidade de vida e com cidadãos justos, democráticos e sustentáveis,

preservando assim a existência e a qualidade de vida das futuras gerações.

Esta pesquisa procura destacar quais as metas estabelecidas pelo programa e práticas

empregadas no mundo que são possíveis de serem replicadas.

O relatório irá explicar sucintamente, o que é sustentabilidade e como torna-la parte essencial

das políticas empregadas.

Este estudo é importante para mostrar que há maneiras de mudar a situação em que vivemos,

de um mundo onde os recursos estão declinando. A pesquisa apresentada tem característica

exploratória e explicativa, através de pesquisa bibliográfica, utilizando apenas material

publicado em livros e documentos eletrônicos.

CAPÍTULO I – O QUE É SUSTENTABILIDADE?

Uma das ideias é a de que devemos utilizar os recursos para atender às necessidades atuais sem

comprometer a capacidade das gerações futuras em atender as suas próprias necessidades.

As definições sobre sustentabilidade em geral procuram integrar viabilidade econômica com

prudência ecológica e justiça social, formando assim o tripé da sustentabilidade.

Na atualidade tem se falado muito nos problemas sociais e ecológicos. Muitas revistas já

declararam o verde como principal assunto dos negócios, mas para os governantes e executivos

até os assuntos mais básicos permanecem contenciosos.

Segundo o livro “Sustentabilidade e geração de valor: A transição para o século XXI” a

Sustentabilidade visa a redução da desigualdade, a inclusão social, a atitude ética e respeito as

minorias e os valores democráticos (que para se efetivarem é necessário que tenha ética na

governança pública e nas relações sociais). Para tanto é preciso que haja um modelo eficiente

de governança democrática e com cidadania, para tenha cobrança para que a execução do

Programa seja realizado.

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A ideia central da sustentabilidade é que é possível continuarmos vivendo e nos desenvolvendo

de forma com que haja continuidade e equilíbrio em relação aos recursos disponíveis. Tudo o

que se retira sem reposição, uma hora acaba. Assim, devemos oferecer ao planeta tanto quanto

retiramos dele.

A sustentabilidade correlaciona e integra de forma organizada os aspectos econômicos, sociais,

culturais e ambientais da sociedade. Devemos dar continuidade a esses fatores por um longo

tempo.

Pode-se dizer que a sustentabilidade se aplica a qualquer empreendimento humano, de um país

a uma família. Toda atividade para ser sustentável, precisa ser economicamente viável,

socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta.

Para finalizar podemos destacar o “Relatório Brundtland”, publicado em 1987, que diz que

sustentabilidade é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das

gerações futuras de suprir as suas”.

1.1. Pensando diferente

Começar a pensar diferente deve ser a primeira medida como caminho estratégico para chegar

a sustentabilidade. Não apenas os prefeitos devem ter seus pensamentos mudados, mas todos os

outros agentes da sociedade, principalmente os cidadãos devem pensar diferente.

Alguns fatores nos mostra a importância e urgência em destacamos a sustentabilidade em todos

os setores do município. As três tendências que estão se destacando nesse mundo globalizado,

mostra a clara importância de fazermos tudo diferente a partir de agora.

Aplicar a Sustentabilidade é muito diferente de incorpora-la na estratégia e na essência de todas

as ações do governo. Com isso podemos afirmar que uma das coisas mais importantes para

iniciar a implementação da sustentabilidade é a disseminação entre as pessoas, pois são as

pessoas as principais direcionadoras de esforços.

A tarefa de integrar o valor social e ambiental ao DNA da sociedade exige um pensamento

novo de todos.

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1.3. Três Tendências

O livro sustentabilidade incorporada de Chris Laszlo e Nadya Zhexembayeva (2011) mostra

que há três tendências que estão mudando as regras de lucros e crescimento em quase todos os

setores da economia. “Examinando mais profundamente as pressões econômicas, sociais, de

saúde e ecológicas abrigadas sob o guarda-chuva da sustentabilidade, pode-se encontrar três

tendências diversas, mas interconectadas: recursos declinantes, transparência radical e

expectativas crescentes” (LASZLO, ZHEXEMBAYEVA, 2011, p.04).

Iremos explicar as três tendências para analisarmos a importância e a influência de cada uma

para os diferentes setores da sociedade.

Os recursos declinantes é tema recorrente nos ambientes acadêmicos, governamentais e

empresariais. Isso porque é evidente que os recursos naturais têm diminuído com o tempo e há

claramente um consumo excessivo, que faz com que esses recursos diminuam ainda mais,

podendo assim ser escassos resultando no não atendimento da demanda de futuras gerações.

Temos consumido produtos naturais mais rápido do que a natureza consegue recuperar, como

no caso do petróleo, minerais, ar limpo, água potável, florestas tropicais, solos, e temos

também influenciado na redução das diversidades de espécies animais e vegetais e na mudança

no habitat natural. O declínio desses recursos pode ser visto como oportunidade de fazer

diferente, criando novos produtos que não degradem nossos recursos e que criem maior valor

ao negócio ou em nosso caso que criem maior valor à sociedade.

A transparência radical é evidente nos dias de hoje, onde há meios de comunicações de baixo

custo e cultura de alta conectividade (que a tecnologia nos proporciona) que nos direciona a

exigir que todas as ações do governo nos sejam expostas para verificar sua importância e

veracidade. A população de uma cidade deseja controlar quais os gastos do prefeito, quais as

ações em seu bairro, qual o investimento na saúde, etc. Os prefeitos que tentam camuflar suas

atitudes e gastos estarão obsoletos e perderão a confiança da população. Os cidadãos tem tido

maior consciência que faz com que desejem saber qual o impacto das ações do governo no

mundo que o cerca.

Um novo valor tem sido inserido, na mente das pessoas, o valor da sustentabilidade. No

momento das eleições os cidadãos têm buscado por candidatos que tenham propostas de ações

sustentáveis e essa é uma pratica que tende a crescer com o tempo. “A medida que o declínio

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dos recursos continua a ocupar o centro do palco num mundo cada vez mais transparente, a

sustentabilidade está se tornando rapidamente a norma” (LASZLO, ZHEXEMBAYEVA, 2011,

p.28). As expectativas crescentes é uma tendência forte e que tem transformado a demanda da

sociedade.

Com as três tendências interconectadas e interdependentes a sociedade tem criado um novo

valor para os municípios. A sociedade como um todo tem começado a exigir ações com

qualidade e baixo custo, mas que também sejam socialmente e ambientalmente inteligentes.

É importante que os prefeitos estejam atentos a essas mudanças para conseguirem atender as

necessidades atuais sem prejudicar as futuras gerações e assim conseguirem maior valor

agregado em seu mandato e melhor aceitação perante a sociedade.

1.3. Sustentabilidade Incorporada

A sustentabilidade incorporada tem como objetivo inserir a sustentabilidade na estratégia das

ações e não apenas aplicar a sustentabilidade como uma atividade extra na sociedade. A

inserção da sustentabilidade deve ser nos cidadãos, para que todos entendam sua importância e

disseminem a ideia por todas suas atividades.

A sustentabilidade tem que ser vista como uma oportunidade de lucro, de absorção de novos

benefícios e não como um custo ou tempo gasto. A sustentabilidade é uma nova maneira de

agregar valor.

É importante que a Sustentabilidade seja inserida em nosso DNA, ou seja, todos os agentes da

sociedade devem saber qual sua urgência e importância para agirem de forma sustentável por

toda sua vida, dessa maneira todos irão colaborar com uma única causa e assim o resultado será

muito maior.

É importante que os governantes não vejam a Sustentabilidade como um único departamento

do governo, esse é um valor que deve estar em todas as estratégias do governo, conseguindo

assim diminuir a desigualdade social, melhorando o meio ambiente, ao mesmo tempo em que

beneficia a economia da cidade.

Chris Laszlo e Nadya Zhexembayeva (2011) nos incentiva a seguir alguns passos que nos leva

a chegar a sustentabilidade incorporada. Iniciar pensando qual a situação atual pode ser o

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melhor caminho como estratégia do governo, depois disso deve estabelecer o objetivo do

município, ou seja, deve ser estabelecido onde queremos chegar em termos sustentáveis. Por

fim, o prefeito tem que determinar um caminho para atingir esses objetivos.

1.3.1. Sustentabilidade Estratégica

Não devemos pensar na estratégia para a sustentabilidade, mas sim sustentabilidade da

estratégia, ou seja, a sustentabilidade deve estar inserida na estratégia do negócio.

A sustentabilidade está em um patamar, que vemos sua importância e as expectativas em sua

implementação, mas há um grande questionamento sobre sua importância para obter retorno

financeiro. É possível que para realizar uma ação sustentável em sua essência seja necessário

gastar mais ou deixar de ganhar alguma quantia, mas é preciso agir rapidamente realizando

mudanças nas questões fundamentais.

No livro Sustentabilidade Incorporada (2011), com base em experiências com as empresas

Walmart, Fairmount Minerals e Green Mountain Coffee Roasters, foram estabelecidos três

passos simples, claros e poderosos para iniciar as transformações sustentáveis.

1. Preparar a equipe sênior no mais alto nível com as ferramentas de estratégia: Podemos

reunir os membros dos mais altos cargos e incentiva-los a expor ideias incrementais, e

que outros municípios já realizam, e expor ideias totalmente inovadoras. Esse passo

resultará em ideias de oportunidades que surgirão através da colaboração de todos.

2. Aproveite o estado da arte do planejamento de grandes grupos, é fácil, rápido e

produtivo: Pode ser feita uma reunião com os funcionários e outros interessados, todos

com objetivo de estabelecer as futuras estratégias, dando seus melhores pensamentos.

Todos devem estar unidos para compartilharem a liderança e transformarem o futuro

em oportunidade benéfica, como o foco é a sustentabilidade nada melhor do que o

poder do todo. Para integrar a sustentabilidade ao município é importante envolver

todos em um mesmo ideal.

3. Comece com seus pontos fortes: É importante destacar os pontos fortes, não é certo

gastarmos esforços em determinar quais atitudes nos prejudicam mais, mas sim destacar

as ações que nos beneficiarão. Os investimentos nos pontos fortes leva a inovação

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confiante e transformadora, e inovação confiante de valor sustentável gera valor para o

mundo.

CAPÍTULO II - Programa Cidades Sustentáveis

Para as eleições deste ano, a Rede Nossa São Paulo, juntamente com centenas de parceiros, está

oferecendo aos partidos políticos e candidatos o Programa Cidades Sustentáveis.

O Programa Cidades Sustentáveis nasceu para contribuir com as próximas gestões municipais

oferecendo instrumentos de planejamento e execução de políticas públicas incorporando a

sustentabilidade a projetos e ações dos poderes executivos e legislativos municipais, e também

para incentivar o comprometimento dos setores privados e das sociedades locais.

O Programa Cidades Sustentáveis aproveita as eleições municipais do Brasil de 2012, para

incluir a sustentabilidade na agenda da sociedade, dos partidos políticos e dos candidatos a

prefeitos. O Programa tem como objetivo oferecer aos candidatos uma agenda completa de

sustentabilidade urbana, indicadores associados a essa agenda e casos exemplares de cidades

que já atuam sustentavelmente no mundo e que são modelos a serem seguidos.

Para influenciar os candidatos a prefeitos a adotar a agenda da sustentabilidade, foi implantada

uma campanha de incentivo aos eleitores para votarem utilizando a sustentabilidade como um

novo critério de escolha.

O Programa Cidades Sustentáveis busca sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que

as cidades brasileiras se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente

sustentável. Os desafios são grandes e para que existam ações que contribuam com a

sustentabilidade efetivamente, se faz necessária a mobilização não apenas do governo, mas

também dos cidadãos, organizações sociais e empresas.

O Programa tem o mérito de se basear em práticas exemplares de diversos municípios do Brasil

e do mundo, ressaltando políticas públicas que já apresentaram bons resultados em todas as

áreas da administração. Isso evidência que é possível agir sustentavelmente, a partir de

mudanças na liderança política para conseguir qualidade de vida no presente sem inviabilizar o

futuro das próximas gerações.

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Dessa forma podemos afirmar que as eleições municipais deste ano poderão resultar no avanço

definitivo rumo ao desenvolvimento sustentável. Esta é uma tarefa que passa pelas políticas de

educação, cultura, saúde, esporte, mobilidade, cidadania, entre outras. Aos poderes públicos

podemos dizer que cabe, principalmente, o papel da liderança, da vontade política, da boa

gestão e da exemplaridade, buscando ampliar sua função pedagógica e indutora das

transformações necessárias.

Em suma o Programa Cidades Sustentáveis pode ser vista como uma grande oportunidade para

nos inspirarmos no que já deu certo em pequena escala e buscarmos ampliar para todos os

brasileiros a qualidade de vida de uma sociedade justa, democrática e sustentável.

O Programa Cidades Sustentáveis oferece algumas ferramentas para facilitar sua

implementação, como os 12 eixos temáticos, que incorporam de maneira integrada as

dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural. Outra ferramenta são os

indicadores que farão parte dos compromissos dos prefeitos. E as boas práticas nacionais e

internacionais de excelência, que podem servir de exemplo para as futuras cidades sustentáveis.

2.1. Como aplicar o Programa Cidades Sustentáveis em nosso município?

A Plataforma Cidades Sustentáveis esta dividida em 12 eixos (12 temas) que são caracterizados

cada um com uma cor diferente e podem ser definidos como diferentes caminhos por onde uma

cidade pode seguir para chegar à sustentabilidade. Esses eixos temáticos poderão ser utilizados

para o planejamento e a gestão das administrações municipais de 2013 a 2016.

O Programa Cidades Sustentáveis oferece alguns exemplos de boas práticas em diversos

municípios nacionais e internacionais, indicadores de desempenho e dá exemplo de metas que

podem ser implementadas nas cidades.

Para confirmar seu engajamento com o desenvolvimento sustentável, partidos políticos,

candidatos e prefeitos devem assinar a Carta Compromisso. Os signatários deverão estar

dispostos a promover a Plataforma Cidades Sustentáveis em suas cidades e a prestar contas das

ações desenvolvidas e dos avanços alcançados por meio de relatórios, revelando a evolução dos

indicadores relacionados a cada eixo.

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Como beneficio as cidades participantes ganharão visibilidade em materiais de divulgação e na

mídia, terão acesso a informações estratégicas e trocarão experiências com outras cidades, além

de fazerem parte de um movimento inédito no Brasil que representa um passo a mais no

processo de construção de cidades mais justas, democráticas e sustentáveis.

Os signatários da carta receberão um selo de participação do programa, que será enviado pela

equipe do Programa Cidades Sustentáveis.

A carta compromisso é a seguinte:

Eu, ______________________________________________________________, candidato(a)

pelo Partido _________________________________________________________, à

Prefeito(a) na cidade ______________________________________ estado

____________________________, assumo a responsabilidade, caso minha candidatura seja

validada na convenção partidária, a partir deste momento, através da assinatura da Carta

Compromisso abaixo, de adotar o Programa Cidades Sustentáveis.

CARTA COMPROMISSO

1. Assumo o compromisso com a Plataforma Cidade Sustentáveis.

2. Concordo em produzir um documento de Diagnóstico da Situação Atual que contenha, no

mínimo, os indicadores básicos da Plataforma Cidades Sustentáveis e que sirva de referência

para o estabelecimento de um Plano de Metas, contemplando os 12 eixos da Plataforma, para

os quatro anos da gestão. O Diagnóstico e o Plano de Metas serão apresentados em até 90

dias após a data da nossa posse. Uma revisão do Plano de Metas poderá ser feita no final do

primeiro ano da gestão e deverá ser acompanhada de notas explicativas.

3. Concordo em atualizar e divulgar, no mínimo, os indicadores básicos da Plataforma no

final de cada ano da gestão.

4. Concordo em publicar e divulgar um relatório de prestação de contas que contenha, no

mínimo, os indicadores básicos da Plataforma e um primeiro balanço do Plano de Metas em

andamento. As informações serão apresentadas em Audiência Pública, no final do segundo

ano da gestão.

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5. Concordo em publicar e divulgar, no mínimo, os indicadores básicos da Plataforma e o

balanço do Plano de Metas da gestão, assim como apresentá-los em Audiência Pública, em até

cinco meses antes do final do mandato. (Esses compromissos podem comportar demandas

locais extras, em documento anexo.)

Local e data:

____________________________________________________________________________

Nome:

____________________________________________________________________________

E-mail:

____________________________________________________________________________

Telefone:

____________________________________________________________________________

Assinatura:

___________________________________________________________________________.

Após assumir a prefeitura, o prefeito terá 90 dias para elaborar um Plano de Metas. Para

elaborar esse Plano de Metas o prefeito deve analisar os indicadores de cada eixo para analisar

qual a situação atual do município, depois deve estabelecer metas, ou seja, determinar qual o

objetivo no final de quatro anos que deseja atingir, e depois estabelecer qual o caminho seguirá

para conseguir atingir o objetivo final.

O caminho é difícil, por isso é necessário que todos colaborem para que o município consiga

atingir novos patamares em sustentabilidade. Para facilitar vamos explicar cada passo a ser

seguido:

1. Assinatura da carta compromisso: Os candidatos a prefeitos ou os prefeitos assinam

uma carta, se comprometendo com o Programa Cidades Sustentáveis.

2. Análise dos Indicadores: É necessário verificar onde está posicionado o município em

termos de desempenho de sustentabilidade. Os prefeitos utilizam os indicadores de

desempenho para analisar qual a atual situação do município de acordo com cada eixo

do Programa.

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3. Estabelecimento de metas: Após analisarmos onde está posicionado o município em

termos de desempenho sustentável, os prefeitos devem estabelecer metas a serem

atingidas ao longo dos próximos anos até o final de seu mandato, para melhorar a

situação em que vivemos. O Programa dá o prazo de 90 dias para cada prefeito

estabelecer um Plano de metas, que servirá como direcionador de tarefas no município.

O Plano deve abordar os 12 eixos (temas) do Programa.

4. Estabelecimento de ações: Após determinar qual o objetivo a ser atingido, o prefeito irá

determinar quais as ações que poderão direcionar o município em direção das metas

estabelecidas. Para facilitar o estabelecimento das ações, o programa oferece 12 eixos

(temas), e em cada um há alguns bons exemplos de práticas que deram certo em

municípios nacionais e internacionais.

5. Verificação do andamento dos indicadores: Ao final de cada ano cada município deve

apresentar qual a situação dos indicadores de desempenho, para analisar se houve

melhora ou não.

6. Apresentação de relatórios: No final do segundo ano de mandato, o prefeito deve

apresentar um relatório que contenha pelo menos os indicadores básicos e um balanço

para verificar como as metas estabelecidas (Plano de Metas) estão evoluindo. Esse

relatório deve ser apresentado em Audiência Pública. O prefeito deve apresentar outro

relatório em até 5 meses antes de terminar seu mandato.

2.2. Indicadores, Metas e Casos exemplares de acordo com cada Eixo da

Plataforma Cidades Sustentáveis.

Para facilitar na implementação do Programa de forma eficiente serão explicados os 12 eixos,

ou seja, 12 temas que o prefeito deve abordar em suas metas e práticas. Para cada eixo, serão

expostos seus indicadores básicos, metas já estabelecidas (que devem ser adaptadas de acordo

com cada município) e boas práticas que poderão servir de exemplos para outras cidades.

É importante destacar que serão dados alguns exemplos, mas que há várias outras referências

pelo mundo todo e que podem ser encontradas no site do Programa. Além disso, iremos expor

somente os indicadores básicos para cada eixo.

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2.2.1. Governança

Esse tema tem como objetivo fortalecer os processos de decisão através da utilização dos

instrumentos da democracia participativa.

Podendo ser colocado em prática a partir da convocação de todos os setores da sociedade civil

local para participar dos processos de decisão, monitoramento e avaliação das práticas

políticas, sociais e econômicas.

Outra maneira é tornando públicas, transparentes e abertas todas as informações da

administração municipal, os indicadores da cidade e os dados orçamentários.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Mulheres empregadas no governo do município: esse índice mede a porcentagem de

mulheres empregadas no governo do município sobre o total de funcionários. Meta:

Garantir a igualdade de participação de homens e mulheres no Executivo e Legislativo

do município.

Negros empregados no governo do município: medir a porcentagem de negros

empregados no governo do município sobre o total de funcionários. Meta: Garantir a

igualdade de participação de negros e brancos no Executivo e Legislativo do município.

Pessoas com deficiência empregadas no governo do município: porcentagem de pessoas

com deficiência empregadas no governo do município sobre o total de funcionários.

Meta: Garantir a inclusão de pessoas com deficiência no Executivo e Legislativo do

município.

Conselhos Municipais: porcentagem de secretarias de governo que contam com

conselhos municipais com participação da sociedade. Meta: Conselhos Municipais

funcionando, no mínimo, em todas as secretarias de governo.

Espaços de participação deliberativos e audiências públicas na cidade: listar os espaços

de participação deliberativos que existem na cidade. Determinar qual a periodicidade

dos encontros, qual o número de participantes, com quanto tempo de antecedência são

convocadas as reuniões e quais veículos de comunicação são utilizados para fazer a

convocatória. Meta: Publicar em formato aberto e atualizar constantemente todas as

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informações relativas aos espaços de participação que existem na cidade. Promover

encontros periódicos com a participação efetiva do maior número possível de cidadãos.

Convocar as reuniões, no mínimo, com uma semana de antecedência por meio de

diferentes veículos de comunicação, buscando atingir o maior número de pessoas

possível.

Orçamento executado decidido de forma participativa: percentual do orçamento

executado decidido participativamente. Meta: Implantar o Orçamento Participativo,

publicar em formato aberto e atualizar constantemente todos os dados referentes ao

orçamento da cidade.

Uma boa prática que exemplifica esse eixo é chamada de “Orçamento Participativo (OP)”. Há

22 anos, a Prefeitura de Porto Alegre possui um sistema que utiliza a participação da

comunidade para a estruturação do orçamento da cidade. A participação social acontece de

forma direta, nas Plenárias Regionais e Temáticas e na Assembleia Municipal, e por

representação, nos Fóruns de Delegados e no Conselho do Orçamento Participativo, que

também são compostos por comissões em áreas temáticas específicas da cidade. A comunidade

apresenta propostas e informações, assessoria técnica e infraestrutura, além de possuir

representatividade sobre as instâncias deliberativas do Orçamento Participativo.

O OP tem como objetivo superar as desigualdades graves nas condições de vida entre os

moradores da cidade. Desde sua implementação foram verificadas diversas melhorias em toda

a cidade.

A cidade foi reconhecida por construir políticas públicas que priorizem o diálogo, o respeito e a

solidariedade, planejando de forma estratégica o território e suas comunidades. Alem disso,

houve melhoria na infraestrutura em áreas mais pobres, melhoria no transporte público,

triplicação do número de creches, triplicação do número de crianças que frequentam a escola,

aumento de investimentos no setor de saúde, transparência, responsabilização e maior eficácia

na gestão municipal, redução da corrupção, forte inclusão das mulheres, melhoria na qualidade

de vida, aumento da satisfação de necessidades básicas entre outras melhorias.

Os projetos decorrentes do Orçamento Participativo têm contribuído para o aumento na

cobertura de esgoto e água, no número de crianças nas escolas municipais e na criação de

novas unidades habitacionais populares.

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O OP é um processo dinâmico de planejamento do orçamento que se ajusta periodicamente às

necessidades locais, buscando sempre um formato facilitador do debate entre o governo

municipal e a população. Por ser um importante instrumento de participação popular o OP é

uma referência para o mundo.

2.2.2. Bens Naturais Comuns

Esse tema nos mostra o caminho para assumir plenamente as nossas responsabilidades para

proteger, preservar e assegurar o acesso equilibrado aos bens naturais comuns, podendo ser

através da redução do consumo de energia, melhora na qualidade da água, proteção dos espaços

verdes urbanos, melhoria da qualidade do solo e também da qualidade do ar, etc.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Área verde por habitante: Metros quadrados de área verde por habitante. Áreas verdes

públicas. Meta: Garantir, no mínimo, um parque e 12 m² de área verde por habitante por

distrito. Referência de Meta: A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um

mínimo de 12 m² de área verde por habitante (Fonte: OMS/RNSP).

Concentrações de PM10* (material particulado – MP): Média anual diária de

concentrações de PM10 (μg/m³). *As PM10 são um tipo de partículas inaláveis, de

diâmetro inferior a 10 micrometros (μm), e constituem um elemento de poluição

atmosférica. Referência de Meta: Duração da exposição – 24 horas: 50 μg/m³. Duração

da exposição – 1 ano: 20 μg/m³ (Fonte: Valores recomendados pela OMS).

Concentrações de PM2,5* (material particulado – MP): Média anual diária de

concentrações de PM2,5 (μg/m³). *As PM2,5 são um tipo de partículas inaláveis, de

diâmetro inferior a 2,5 micrometros (μm), e constituem um elemento de poluição

atmosférica. Referência de Meta: Duração da exposição – 24 horas: 25 μg/m³. Duração

da exposição – 1 ano: 10 μg/m³ (Fonte: Valores recomendados pela OMS).

Concentrações de O3 (ozônio): Media anual diária de concentrações de O3 (μg/m³).

Referência de Meta: 100 μg/m³ (Fonte: Valores recomendados pela OMS).

Concentrações de monóxido de carbono (CO): Média anual diária de concentrações de

CO. Referência de Meta: Duração da exposição – 15 min. 100.000 μg/m³. Duração da

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exposição – 30 min. 60.000 μg/m³. Duração da exposição – 1 hora. 30.000 μg/m³.

Duração da exposição – 8 hora. 10.000 μg/m³ (Fonte: Valores recomendados pela

OMS).

Concentrações de NO2 (dióxido de nitrogênio): Média anual diária de concentrações de

NO2 (dióxido de nitrogênio). Referência de Meta: Duração da exposição – 1 h: 200

μg/m³. Duração da exposição – 1 ano: 40 μg/m³ (Fonte: Valores recomendados pela

OMS).

Concentrações de SO2 (dióxido de enxofre): Média anual diária de concentrações de

SO2 (dióxido de enxofre). Referência de Meta: Duração da exposição – 10 min: 500

μg/m³. Duração da exposição – 24 horas: 20 μg/m³(Fonte: Valores recomendados pela

OM).

Abastecimento público de água potável na área urbana: porcentagem da população

urbana do município que é atendida pelo abastecimento público de água potável. Meta:

100% da população urbana do município atendida pelo abastecimento público de água

potável.

Perda de água tratada: porcentagem de perda de água no sistema de abastecimento.

Referência de Meta: Tóquio, Japão: 3,1% (2008) (Fonte:

http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_praticas/exibir/23).

Rede de esgoto: porcentagem de domicílios urbanos sem ligação com a rede de esgoto

sobre o total de domicílios. Meta: 100% de domicílios urbanos ligados à rede de esgoto.

Esgoto que não recebe nenhum tipo de tratamento: percentual de esgoto que não recebe

nenhum tipo de tratamento Meta: 100% do esgoto tratado.

Consumo de energia produzida por fontes renováveis: Consumo de energia produzida

por fonte renovável sobre o total de energia produzida (A Agência Europeia para o

Ambiente define energia renovável como: “Fontes que não dependem de combustíveis

encontráveis apenas em quantidades finitas. A fonte renovável usada mais amplamente

é a energia hidrelétrica; outras são de biomassa, solar, das marés, das ondas e eólica”).

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Meta: Fazer o levantamento das fontes da energia consumida pelo município e

incentivar a geração com fontes renováveis.

Uma boa pratica encontrada no mundo se chama “Cultivando Água Boa”. Cultivando Água

Boa trata-se de um programa de desenvolvimento local para o enfrentamento das mudanças

climáticas nos 29 municípios na bacia hidrográfica do Paraná 3, na confluência dos Rios

Paraná e Iguaçu, onde se encontra o Reservatório de Itaipu.

A ideia do programa é reconhecer que a mesma água que gera energia para uma grande parte

da população, traz renda aos pescadores da região, fecunda os campos, é fonte de sustento para

famílias, abastece cidades, gera saúde e traz equilíbrio para o meio ambiente, a partir de uma

visão integral e sistêmica, de interdependência dos seres humanos com o meio.

Nesse exemplo foram desenvolvidos 20 programas e 65 ações, os quais abordam diversos

temas, como: recuperação de microbacias, proteção de matas ciliares e biodiversidade,

disseminação de valores e saberes para a formação de cidadãos éticos e amigos do meio

ambiente.

O programa envolve mais de 2 mil parceiros de diferentes setores: órgãos governamentais,

ONGs, instituições de ensino, cooperativas, associações comunitárias e empresas.

Alguns dos bons resultados foi que 44 milhões de árvores foram plantadas em terras brasileiras

e paraguaias (110 mil hectares de florestas com espécies nativas), 200 metros de cumprimento

de matas ciliares foram reconstituídas em todo o entorno do lago represado, foi implementada a

execução de pesquisas sobre a biodiversidade local, para estruturar intervenções sobre

corredores ecológicos e de dispersão de fauna e flora e oito reservas e refúgios biológicos são

mantidos no Brasil e no Paraguai, que juntos somam mais de 41 mil hectares de mata

protegida. Sendo assim, houve grandes conquistas oriundas do programa.

2.2.3. Equidade, Justiça Social e Cultura de Paz

O ideal incumbido por esse tema é o de promover comunidades inclusivas e solidárias, ou seja,

promover a inclusão social e a igualdade entre os gêneros, raças e etnias e o respeito à

diversidade sexual, aumentar a segurança da comunidade e promover a cultura de paz,

garantindo o direito à habitação em condições socioambientais de boa qualidade.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

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Pessoas com renda per capita até 1/4 do salário mínimo: determinar a porcentagem da

população municipal com renda per capita até 1/4 do salário mínimo. Meta: 100% da

população com renda per capita maior ou igual a um salário mínimo.

Pessoas com renda per capita até 1/2 salário mínimo: calcular a porcentagem da

população municipal com renda per capita até 1/2 salário mínimo. Meta: 100% da

população com renda per capita maior ou igual a um salário mínimo.

Demanda atendida de creche: porcentagem de matrículas efetuadas sobre o total de

procura por vagas. Meta: Zerar o déficit de creches em relação à demanda real até 2016.

Transferência de renda: porcentagem de famílias que recebem recursos dos programas

de transferência de renda existentes na cidade, em relação ao total de solicitações. Meta:

100% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza recebendo recursos dos

programas de transferência de renda existentes na cidade.

Agressão a crianças e adolescente: número de internações de crianças de 0 a 14 anos

por causas relacionadas a possíveis agressões, por dez mil crianças nessa faixa etária.

Meta: Zerar as agressões a crianças e adolescente na cidade. Garantir proteção integral a

crianças contra toda forma de violência.

Agressão a idoso: número de internações na rede pública de pessoas de 60 anos ou mais

por causas relacionadas a possível agressão, por dez mil habitantes nessa faixa etária,

por local de moradia. Meta: Zerar as agressões a idosos na cidade. Garantir proteção

integral a idosos contra toda forma de violência.

Agressão a mulheres: número de internações de mulheres de 20 a 59 anos por causas

relacionadas a possíveis agressões, por dez mil mulheres nessa faixa etária. Meta:

Eliminar todas as formas de violência contra as mulheres. Garantir proteção integral às

mulheres contra toda forma de violência,

Crimes sexuais: crimes sexuais (estupro e atentado violento ao pudor) por dez mil

habitantes. Meta: Zerar os crimes sexuais na cidade.

Crimes violentos fatais: número de crimes violentos fatais por dez mil habitantes, por

local de ocorrência. Meta: Zerar os crimes violentos fatais na cidade.

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Homicídio juvenil: número de mortes por homicídio de jovens de 15 a 29 anos, por dez

mil habitantes, por local de moradia da vítima. Meta: Zerar as mortes por homicídio de

jovens de 15 a 29 anos.

Adolescentes envolvidos em ato que infringe a lei: número de adolescentes envolvidos

em ato de infração sobre o total de atos de infração. Meta: Atingir o indicador da

melhor prefeitura do estado.

Homicídios: número de óbitos por homicídio, por dez mil habitantes, por local de

moradia da vítima. Meta: Zerar as mortes por homicídio.

Roubos: número de roubos por dez mil habitantes, por local de ocorrência. Meta:

Atingir o indicador da melhor prefeitura do estado.

População em situação de rua (moradores de rua): porcentagem da população em

situação de rua. Meta: Zerar a população em situação de rua (moradores de rua).

Distribuição de renda: distribuição por faixas de renda (pessoas de 10 anos ou mais de

idade). Meta: Diminuir as distâncias entre as faixas de renda da população.

Domicílios com acesso à internet de banda larga: domicílios com acesso à internet de

banda larga sobre o total de domicílios. Meta: 100% dos cidadãos com acesso integral à

banda larga.

A prática citada nesse texto é a “Segurança Pública - Medidas de Transformação”,

desenvolvido em 2001, na cidade de Diadema, no estado de São Paulo, com a participação da

população por meio de audiências públicas. Esse programa tem como objetivo reduzir os

índices de criminalidade, especialmente homicídios, com políticas de inclusão social que

promovam a prevenção e a melhoria da qualidade de vida, contribuindo principalmente para a

cultura da paz.

Em 1999, a cidade de Diadema era considerada a cidade mais violenta do país. O Plano buscou

estabelecer compromissos que buscassem alterar o cenário da criminalidade na cidade.

Como resultado da continuidade das políticas públicas, com trabalho integrado de diferentes

instituições públicas e criação de programas de inclusão social, houve queda da criminalidade,

principalmente em homicídios.

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Com a implantação do Plano, houve importantes reduções como 60% na taxa de homicídios,

particularmente no grupo etário mais jovem e de 55% dos incidentes de violência doméstica.

As mulheres vítimas da violência passaram a denunciar sua situação e participar em programas

de gênero. Isto criou condições para criar uma nova norma na igualdade entre homens e

mulheres.

O Programa Adolescente Aprendiz é uma ferramenta importante para o Plano, dado que, até

2005, reduziu os assassinatos de jovens entre 16 e 20 anos em 85,7% e também o número de

adolescentes que eram enviados a detenção juvenil em 44%.

A cidade teve reconhecimento nacional como modelo de segurança, o que induziu a replicação

do sistema para outras cidades brasileiras e na recuperação da imagem da cidade e da

autoestima da população.

2.2.4. Gestão Local para a Sustentabilidade

Esse eixo tem como meta implementar uma gestão eficiente que envolva as etapas de

planejamento, execução e avaliação.

Para tanto pode ser estabelecidas metas e prazos concretos face aos Compromissos da

Plataforma Cidades Sustentáveis, bem como um programa de monitoramento destes

Compromissos. Garantindo a transparência administrativa e envolvendo atores diversos para

monitorar e avaliar o desempenho, tendo em vista o alcance das metas de sustentabilidade

estabelecidas.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Proporção do orçamento para as diferentes áreas da administração: porcentagem do

orçamento liquidado do município que corresponde ao gasto público total em cada área

administrativa. Meta: Publicar em formato aberto e atualizar constantemente todos os

dados referentes ao orçamento da cidade.

Compras Públicas Sustentáveis: porcentagem de Compras Públicas Sustentáveis sobre o

total das compras efetuadas pelo Município (uso de seu poder de compra para a

promoção do desenvolvimento sustentável). Meta: 100% de compras públicas

sustentáveis/certificadas para todas as áreas da administração municipal.

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O exemplo destacado nesse relatório, para esse tema é o “Juruti sustentável: construindo

indicadores da cidade com participação social”. O plano foi iniciado em 2005, quando a Alcoa

convidou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

(Funbio) para apresentar uma proposta de modelo de desenvolvimento local de longo prazo

para a cidade de Juruti, no Pará, que se encontrava no início de grandes e profundas mudanças,

devido à chegada da empresa para um projeto de mineração na região.

O processo de construção de indicadores de monitoramento se deu a partir da participação

ampla e efetiva da sociedade local, além do desenvolvimento de uma metodologia para a

definição de um território de monitoramento. Foram dois anos de construção, com a

participação de mais de 500 representantes de instituições locais e regionais, a partir da

realização de pesquisas, oficinas, reuniões, coleta de dados, levantamento bibliográfico e de

campo.

Um dos objetivos era identificar os municípios do entorno que poderiam sofrer influências a

partir da instalação da Alcoa em Juruti, e sugerir indicadores para acompanhar o

desenvolvimento da região. Além de entender melhor a situação do município, por meio da

discussão com sua família, seus vizinhos, nas igrejas, comunidades e instituições e usar as

informações em escolas, cursos técnicos e universidades, como fonte de estudo e pesquisa.

Como resultado os indicadores passaram a auxiliar a população sobre a situação das questões

relacionadas ao desenvolvimento do município, assim como definir e apontar quais prioridades

e caminhos a seguir.

2.2.5. Planejamento e Desenho Urbano

Esse tema visa reconhecer o papel estratégico do planejamento e do desenho urbano na

abordagem das questões ambientais, sociais, econômicas, culturais e da saúde, para benefício

de todos.

Podendo ser colocado em prática assegurando a compatibilidade de usos do solo nas áreas

urbanas, oferecendo adequado equilíbrio entre empregos, transportes, habitação e

equipamentos socioculturais e esportivos, dando prioridade ao adensamento residencial nos

centros das cidades. E também adotando critérios de desenho urbano e de construção

sustentáveis, respeitando e considerando os recursos e fenômenos naturais no planejamento.

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Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

População em Favelas: porcentagem da população urbana que reside em favela.

(Considerou-se ‘favela’ as regiões (setores censitários) classificadas pelo IBGE como

‘subnormais’). Meta: Reduzir a 0% a população que reside em domicílios considerados

"favelas".

Área desmatada: porcentagem da área desmatada acumulada, ano a ano, sobre a área

total do município. Meta: Zerar o desmatamento ilegal no município.

Reservas e Áreas Protegidas: porcentagem do território com finalidades de

conservação. Referência de Meta: Vitoria-Gasteiz – 52,43% (2009) (Fonte:

http://www.vitoria-

gasteiz.org/we001/was/we001Action.do?aplicacion=wb021&tabla=contenido&idioma=

es&uid=u_3637f52f_12e3216119a__7ffd).

Edifícios novos e reformados que têm certificação de sustentabilidade ambiental:

parcela de edifícios novos e reformados que têm avaliação em termos de critérios de

sustentabilidade frente ao número total de edifícios e projetos de reforma (edifícios de

propriedade ou incorporação municipal) no ano anterior. Critérios nacionais e

internacionais existentes poderão ser relevantes. Ao estabelecer metas de

sustentabilidade, os processos referentes a edifícios públicos poderão introduzir a

iniciativa privada nas metodologias de construções sustentáveis. Meta: Implementar

critérios de sustentabilidade para todas as novas construções e as reformas da cidade

considerando as melhores práticas e certificações nacionais e internacionais.

Calçadas consideradas adequadas às exigências legais: porcentagem de quilômetros de

calçadas consideradas adequadas às exigências legais sobre extensão total em km de

calçadas, por ano, para a cidade. Meta: 100% das calçadas consideradas adequadas às

exigências legais.

Uma boa prática que explica muito bem esse tema é chamada de “Planejamento Urbano

Orientado pela Sustentabilidade”.

Desde 1990, o foco principal do planejamento da cidade de Curitiba foi o desenvolvimento

sustentável e a integração na Região Metropolitana de Curitiba. Uma das ações da cidade, são

seus corredores inteligentes para o transporte público que existem desde 1970.

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Outra importante ação da cidade, que faz dela um exemplo de planejamento orientado pela

sustentabilidade no Brasil é que desde 1989, a cidade possui um programa de reciclagem, no

qual os moradores da cidade separam os materiais que são coletados na cidade três vezes por

semana.

Além disso, desde 2009, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente tem conduzido um estudo

sobre o nível de absorção de CO2 obtido pelas áreas verdes e também tem avaliado o total de

emissões de CO2 da cidade, como parte de um plano local para o controle das emissões.

Essas ações têm como objetivo garantir em longo prazo, uma boa qualidade de vida aos

cidadãos de Curitiba.

Como resultado, Curitiba se tornou uma vitrine de urbanismo ecológico e humano, com

melhorias contínuas, ao longo dos últimos 38 anos, nas condições sociais, econômicas e

ambientais da cidade e de seus moradores.

Outro importante resultado é que 70% do lixo da cidade são reciclados e moradores que vivem

em favelas têm acesso a programas sociais e serviços de saúde financiados por programas de

reciclagem. O tráfego de automóveis diminuiu em 30%, mesmo com o crescimento da

população (o número de habitantes dobrou) e com a cidade possuindo o maior índice de donos

de carros per capita do Brasil.

2.2.6. Cultura para a sustentabilidade

O tema Cultura para a sustentabilidade desenvolve políticas culturais que respeitem e

valorizem a diversidade cultural, o pluralismo e a defesa do patrimônio natural, construído e

imaterial, ao mesmo tempo em que promovam a preservação da memória e a transmissão das

heranças naturais, culturais e artísticas, assim como incentivem uma visão aberta de cultura, em

que valores solidários, simbólicos e transculturais estejam ancorados em práticas dialógicas,

participativas e sustentáveis.

Pode ser através da garantia ao amplo acesso aos espaços culturais existentes, promovendo

múltiplos usos junto à população local, assim como disseminá-los para regiões que ainda não

os possuem e da promoção e desenvolvimento de políticas públicas de cultura sustentáveis que

integrem as demais áreas da administração municipal.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

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Campanhas de educação cidadã: porcentagem de recursos destinados a campanhas de

educação cidadã sobre o total da verba destinada à comunicação/publicidade do

município. Meta: 100% de recursos destinados a campanhas de educação cidadã sobre o

total da verba destinada à comunicação/publicidade do município.

Centros culturais, casas e espaços de cultura: número de centros culturais, casas e

espaços de cultura, por dez mil habitantes. Meta: No mínimo um centro cultural a cada

dez mil habitantes.

Acervo de livros infanto-juvenis: número de livros infanto-juvenis disponíveis em

acervos de bibliotecas municipais por habitante na faixa etária de 7 a 14 anos (Não

contabilizadas nesse indicador as bibliotecas dos CEUs). Meta: Uma biblioteca por

distrito que garanta dois livros por habitante do distrito. Referência de Meta: Dois livros

per capita (Fonte: UNESCO).

Acervo de livros para adultos: número de livros disponíveis em acervos de bibliotecas

municipais por habitante com 15 anos ou mais (Não contabilizadas nesse indicador as

bibliotecas dos CEUs). Meta: Uma biblioteca por distrito que garanta dois livros por

habitante do distrito. Referência de Meta: Dois livros per capita (Fonte: UNESCO).

A boa prática destacada nesse relatório é a “Festa da Música” que tem como objetivo principal

a democratização do acesso à arte e à cultura.

Na festa da música que acontece na França desde 1982, há vários concertos gratuitos com

amadores e profissionais, o que permite o acesso à música de todos os tipos e origens por um

amplo público. O objetivo principal é a democratização do acesso à arte e à cultura. O festival

já acontece em 116 países, com mais de 450 cidades participantes em todo o mundo. Os shows

gratuitos, os apoios institucionais, a divulgação na imprensa, o apoio das autoridades locais e a

grande adesão da população fizeram do evento, em poucos anos, uma das principais

manifestações culturais francesas.

2.2.7. Educação para a Sustentabilidade e Qualidade de Vida

A principal visão desse eixo é integrar na educação formal e não formal, valores e habilidades

para um modo de vida sustentável e saudável. Disponibilizando a todos, crianças adolescentes,

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jovens, adultos e idosos, oportunidades educativas que lhes permitam papel protagonista no

desenvolvimento sustentável local e regional.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb*) de 1ª a 4ª série: Nota média do

Ideb no município na rede pública de 1ª a 4ª série. *O Ideb (Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica) é um indicador de qualidade educacional que combina

informações de desempenho em exames padronizados (Prova Brasil ou Saeb) –

realizados pelos estudantes ao final da 4ª série do ensino fundamental – com

informações sobre rendimento escolar. O índice varia de 0 a 10. Meta: Atingir o melhor

indicador do país. Referência de Meta (Rede Pública): Cajuru (SP), Brasil: 8.6 (Fonte:

Ideb (http://www.portalideb.com.br/)).

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb*) de 5ª a 8ª série: Nota média do

Ideb no município na rede pública de 5ª a 8ª série. *O Ideb (Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica) é um indicador de qualidade educacional que combina

informações de desempenho em exames padronizados (Prova Brasil ou Saeb) –

realizados pelos estudantes ao final da 8ª série do ensino fundamental – com

informações sobre rendimento escolar. O índice varia de 0 a 10. Meta: Atingir o melhor

indicador do país. Referência de Meta (Rede Pública): Jeriquara (SP), Brasil: 6.2

(Fonte: Ideb (http://www.portalideb.com.br/)).

Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): nota média do Enem* no município. *O

Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma prova realizada pelo Ministério da

Educação do Brasil. Ela é utilizada para avaliar a qualidade do ensino médio no país e

seu resultado serve para acesso ao ensino superior em universidades públicas

brasileiras. Meta: Atingir a nota da melhor escola do município.

Taxa de analfabetismo na população com 16 anos ou mais: porcentagem da população

analfabeta com 16 anos ou mais. Meta: Erradicar o analfabetismo até 2016. Referência

de Meta: Estocolmo, Suécia: 0% de analfabetos com 16 anos ou mais (Fonte:

STADSLEDNINGSKONTORET. KOMMUNIKATIONSSTABEN.

www.stockholm.se).

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Matrículas em curso superior sobre a demanda: número de alunos matriculados em

cursos de graduação sobre a demanda total. Meta: 100% de alunos matriculados em

relação à demanda total.

Escolas públicas com Esporte educacional no turno obrigatório: porcentagem das

escolas públicas com Esporte educacional no turno obrigatório. Referência de Meta:

100% das escolas públicas com esporte educacional no turno obrigatório até 2016 nas

12 cidades sede da Copa; 100% nas escolas públicas do país até 2022 (Fonte: Atletas

pela Cidadania (http://www.atletas.org.br/)).

Acesso à internet nas escolas do ensino fundamental e médio: porcentagem de escolas

do ensino fundamental e médio com acesso à internet. Meta: 100% das escolas do

ensino fundamental e médio com acesso à internet.

Ensino superior concluído: porcentagem de pessoas de 25 anos ou mais de idade com

ensino superior concluído. Referências de Metas: Estocolmo, Suécia: 53% de pessoas

de 25 anos ou mais de idade com ensino superior concluído (Fonte:

STADSLEDNINGSKONTORET. KOMMUNIKATIONSSTABEN.

www.stockholm.se)

Jovens com ensino médio concluído até os 19 anos: porcentagem de jovens com ensino

médio concluído até os 19 anos. Meta: Até 2022, 95% ou mais dos jovens brasileiros de

16 anos deverão ter completado o Ensino Fundamental e 90% ou mais dos jovens

brasileiros de 19 anos deverão ter completado o Ensino Médio (Fonte: Todos Pela

Educação (http://www.todospelaeducacao.org.br/institucional/as-5-metas/)).

Crianças e jovens de 4 a 17 anos na escola: porcentagem de crianças e jovens de 4 a 17

anos na escola. Meta: Até 2022, 98% ou mais das crianças e jovens de 4 a 17 anos

deverão estar matriculados e frequentando a escola (Fonte: Todos Pela Educação

(http://www.todospelaeducacao.org.br/institucional/as-5-metas/)). Referência de Meta:

Estocolmo, Suécia: 100% de crianças e jovens de 4 a 17 anos matriculados e

frequentando a escola (Fonte: STADSLEDNINGSKONTORET.

KOMMUNIKATIONSSTABEN. www.stockholm.se).

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Crianças plenamente alfabetizadas até os 8 anos: porcentagem de crianças plenamente

alfabetizadas até os 8 anos. Meta: Até 2010, 80% ou mais, e até 2022, 100% das

crianças deverão apresentar as habilidades básicas de leitura e escrita até o final da 2ª

série ou 3º ano do Ensino Fundamental (Fonte: Todos Pela Educação

(http://www.todospelaeducacao.org.br/institucional/as-5-metas/)).

Demanda atendida de vagas em pré-escolas municipais: porcentagem de matrículas

sobre o total de procura por vaga em pré-escolas municipais. Meta: 100% da demanda

atendida em pré-escolas até 2016 (Fonte: PNE 2011-2020

(http://fne.mec.gov.br/images/pdf/notas_tecnicas_pne_2011_2020.pdf)).

Demanda atendida de vagas no ensino fundamental: porcentagem de matrículas sobre o

total de procura por vaga no ensino fundamental. Meta: 100% da demanda atendida de

vagas no ensino fundamental até 2016 (Fonte: PNE 2011-2020

(http://fne.mec.gov.br/images/pdf/notas_tecnicas_pne_2011_2020.pdf)).

Demanda atendida de vagas no ensino médio: porcentagem de matrículas sobre o total

de procura por vaga no ensino médio. Meta: 100% da demanda atendida em vagas no

ensino médio até 2016 (Fonte: PNE 2011-2020

(http://fne.mec.gov.br/images/pdf/notas_tecnicas_pne_2011_2020.pdf)).

O “Bairro-Escola” é uma prática que demonstra diretamente o tema abordado. O projeto,

iniciado em 1997, no bairro da Vila Madalena em São Paulo, tem o desafio de transformar a

comunidade em um ambiente de aprendizagem que amplie os limites das salas de aula. Dessa

forma, a educação se transforma numa responsabilidade coletiva, com a articulação permanente

entre professores, gestores e parcerias públicas e privadas, além da família. Com isso, espera-se

criar uma rede interdisciplinar capaz de utilizar todas as oportunidades do dia-a-dia para a

realização de uma educação integral.

Com o programa, podemos entender que a educação não é tarefa única da escola, mas

responsabilidade conjunta de todos, e que também não é restrita às fases da infância e

juventude, mas um processo contínuo de aprendizagem que acompanha os indivíduos ao longo

de suas vidas.

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O programa oferece cursos e publicações voltados para educadores e gestores de escolas

públicas de diversas cidades brasileiras.

A Vila Madalena é hoje um autêntico bairro-escola, referência no Brasil e no mundo. A

transformação do bairro em uma escola a céu aberto ocorreu ao longo dos últimos dez anos, em

um processo de resignificação dos espaços públicos e da participação ativa de crianças e jovens

e do envolvimento de toda a comunidade.

Há o atendimento atual a 60 crianças e 70 jovens em horários extracurriculares e até 2006, 10

mil educadores brasileiros passaram pela organização.

2.2.8. Economia Local, Dinâmica, Criativa e Sustentável

Esse tema tem como desafio apoiar e criar as condições para uma economia local dinâmica e

criativa, que garanta o acesso ao emprego sem prejudicar o ambiente.

Pode ser introduzidas medidas para estimular e apoiar o emprego local, o trabalho decente, a

contratação de aprendizes e a formação de empresas.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Eficiência energética da economia: razão entre Consumo Interno Bruto de Energia

(carvão, eletricidade, petróleo, gás natural e fontes de energia renovável – disponíveis

para consumo) e o Produto Interno Bruto (PIB), calculado para um ano civil, a preços

constantes, com base no ano anterior. Meta: Apoiar a inovação e as transferências de

tecnologia destinadas a reduzir o consumo de energia, aumentar a eficiência energética

e a utilização de energia renovável, bem como reduzir e prevenir a poluição do ar.

Promover campanhas de educação cidadã para a redução do consumo e a eliminação do

desperdício comercial, industrial, público e doméstico.

Desemprego: taxa média de desemprego no município. Meta: Alcançar até 2015 o

pleno emprego produtivo e trabalho decente para todos, incluindo mulheres, negros e

jovens.

Desemprego de jovens: taxa média de desemprego de jovens de 16 a 29 anos. Meta:

Alcançar até 2015 o pleno emprego produtivo e trabalho decente para todos da faixa

etária.

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Aprendizes contratados no município: porcentagem de aprendizes contratados no

município sobre o total estipulado pela lei. Meta: 100% de aprendizes contratados

segundo o estipulado na lei.

Trabalho Infantil: número de notificações de trabalho infantil, registradas pelo

Conselho Tutelar. Meta: Erradicar o trabalho infantil imediatamente.

A boa prática destacada com esse tema é o “Banco Palmas”. Em janeiro de 1998, a Associação

dos Moradores do Conjunto Palmeira (em Fortaleza) criou o Banco Palmas, uma rede de

solidariedade entre produtores e consumidores. A ideia é de implantar programas e projetos de

trabalho e geração de renda, utilizando sistemas econômicos solidários, na perspectiva de

superação da pobreza urbana local.

O banco tem como objetivo garantir microcréditos para produção e consumo local a juros

baixos, sem exigência de consultas cadastrais, comprovação de renda ou fiador. Manter

também a riqueza produzida pelo bairro no próprio bairro, por aceitar a compra e a venda com

a moeda local.

A moeda social Palmas é indexada ao real (1 palmas = 1 real), dessa forma, a quantidade de

Palmas que circula no bairro é exatamente a quantidade de Reais acumulada. 240

empreendimentos (produção, comércio e serviço) locais aceitam a moeda e dão descontos para

estimular seu uso.

Os empreendimentos cadastrados podem fazer o câmbio no Banco Palmas em caso de

necessidades de estoques.

Nos anos de 2007 a 2009 o Instituto Palmas realizou 3.139 operações de crédito, com um

volume emprestado de R$ 4.126.712,79, beneficiando 2.500 famílias, com manutenção de

8.000 postos de trabalho e geração de outros 2.000.

Foram realizados cursos, oficinas e palestras para os moradores do bairro e para outros locais,

estimulando a rede solidária de economia.

Houve a criação da Rede Brasileira de Bancos Comunitários por iniciativa do Banco Palmas,

com a articulação de todos os Bancos Comunitários do Brasil, na qual todos os bancos prestam

contas de suas atividades durante o Encontro Nacional da Rede de Bancos Comunitários.

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2.2.9. Consumo Responsável e Opções de Estilo de Vida

Esse tema adota e proporciona o uso responsável e eficiente dos recursos e incentivar um

padrão de produção e consumo sustentáveis.

Podendo assim, evitar e reduzir os resíduos, e aumentar a reutilização e a reciclagem com a

inclusão social das cooperativas de catadores e recicladores, gerindo e tratando os resíduos de

acordo com técnicas e modelos sustentáveis.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Consumo de água total: média mensal do consumo de água (residencial, comercial,

público, industrial e misto) estimado, em metros cúbicos, por habitante, por mês.

Referência de Meta: Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa

necessita de 3,3 m³/pessoa/mês (cerca de 110 litros de água por dia).

Inclusão de catadores no sistema de coleta seletiva: número de catadores incluídos no

sistema de coleta seletiva sobre o número total de catadores da cidade. Meta: Incluir

todos os catadores avulsos existentes na cidade no sistema de coleta seletiva.

Coleta seletiva: porcentagem de domicílios que dispõem de coleta seletiva de lixo.

Meta: 100% de domicílios com cobertura de coleta seletiva de lixo.

Quantidade de resíduos per capita: quantidade total de resíduo urbano gerado em um

ano sobre o número de habitantes da cidade. Sua unidade de medida é kg/pessoa/ano.

Este indicador não inclui resíduo produzido por redes e estações de tratamento de

esgoto municipal e resíduo proveniente de construção e demolição.

Reciclagem de resíduos sólidos: porcentagem de resíduos sólidos que é reciclada sobre

o total produzido na cidade por ano. Meta: Reciclar 100% dos resíduos da cidade (secos

e orgânicos).

Resíduos depositados em aterros sanitários: porcentagem do lixo da cidade que é

depositada em aterros sanitários por ano. Meta: Eliminar lixões até 2014. Diminuir a

porcentagem de lixo enviada a aterros sanitários, buscando a recuperação de 100% dos

resíduos produzidos na cidade, priorizando em todos os casos a reciclagem (secos e

orgânicos) com inclusão social dos catadores.

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Consumo total de eletricidade per capita: quantidade total de eletricidade consumida

pelos cidadãos (residencial, industrial e outros) em um ano, em todas as edificações do

município, independentemente da razão para o uso. Meta: Estimular a fabricação,

comercialização e uso de produtos mais eficientes, do ponto de vista energético,

minimizando os impactos ambientais, e promover campanhas de educação cidadã para a

redução do consumo e a eliminação do desperdício comercial, industrial, público e

doméstico.

Um exemplo que representa eficientemente esse eixo é a “Avemare - Cooperativa de

Catadores”. A associação tem sua origem no aterro sanitário do município de Santana de

Parnaíba (SP), de onde foram retirados seus cooperados.

Com apoio de diversos parceiros, a Avemare criou o Programa Lixo da Gente – Reciclando

Cidadania, que tem com objetivo a coleta seletiva por meio de conscientização da população

sobre a importância da reciclagem para a preservação ambiental, assim como a inclusão e o

desenvolvimento social. Assim, sua atuação se dá por três frentes: empresas e indústrias;

escolas; e residência e comércio.

O programa visa promover a inserção social e o desenvolvimento local, a partir da criação,

manutenção e desenvolvimento da cooperativa, realizar 100% de coleta seletiva em Santana de

Parnaíba por meio de conscientização da população sobre a importância da reciclagem para a

preservação ambiental, abrir novas vagas de empregos para a população e aumentar também a

eficiência da cooperativa.

O resultado foi o atendimento de 50% de coleta seletiva na cidade, cerca de 70 cooperados, de

seu início até julho de 2007, foram poupados: 35.521 árvores e 95.856 kg de Minério de Ferro.

2.2.10. Melhor Mobilidade, Menos Tráfego

Esse eixo visa promover a mobilidade sustentável, reconhecendo a interdependência entre os

transportes, a saúde, o ambiente e o direito à cidade.

Podendo assim: reduzir a necessidade de utilização do transporte individual motorizado e

promover meios de transportes coletivos acessíveis a todos, a preços justos; aumentar a parcela

de viagens realizadas em transportes públicos, a pé ou de bicicleta; desenvolver e manter uma

boa infraestrutura para locomoção de pedestres e pessoas com deficiências, com calçadas e

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travessias adequadas; acelerar a transição para veículos menos poluentes. reduzir o impacto dos

transportes sobre o ambiente e a saúde pública; e desenvolver um plano de mobilidade urbana

integrado e sustentável.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Frota de ônibus com acessibilidade para pessoas com deficiência: porcentagem da frota

de ônibus com acessibilidade para pessoas com deficiência. Meta: 100% da frota de

ônibus com acessibilidade para pessoas com deficiência.

Mortes no trânsito: número de mortes em acidentes de trânsito por dez mil habitantes,

por local de moradia da vítima. Meta: Zerar as mortes em acidentes de trânsito.

Mortes com bicicleta: número de mortes de ocupantes de bicicleta por dez mil

habitantes, por local de ocorrência. Meta: Zerar as mortes de usuários de bicicletas.

Mortes por atropelamento: número de mortes por atropelamentos por dez mil

habitantes, por local de ocorrência. Meta: Zerar as mortes por atropelamentos.

Mortes com motocicleta: número de mortes de ocupantes de motocicleta por dez mil

habitantes, por local de ocorrência. Meta: Zerar as mortes de usuários de motocicleta.

Mortes com automóvel: número de mortes de ocupantes de automóveis e caminhonetes

por dez mil habitantes, por local de ocorrência. Meta: Zerar as mortes usuários de

automóveis e caminhonetes.

Acidentes de trânsito: número total de acidentes de trânsito. Meta: Reduzir, a cada ano,

10% dos acidentes de trânsito.

Atropelamentos: número total de atropelamentos. Meta: Zerar os atropelamentos.

Corredores exclusivos de ônibus: porcentagem de quilômetros da rede de corredores

exclusivos de ônibus sobre o total de extensão em km de vias da cidade. Meta:

Implantar corredores exclusivos de ônibus, no mínimo, nas avenidas com três ou mais

faixas de tráfego por sentido.

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Ciclovias exclusivas: porcentagem de km de ciclovias permanentes sobre o total de km

de vias da cidade.

Divisão modal: distribuição percentual da média diária dos deslocamentos: a pé, por

transporte coletivo e por transporte individual (carros, taxis, motos, ônibus, bicicletas).

Orçamento do município destinado a transporte motorizado público e privado:

porcentagem do orçamento do município destinada ao transporte motorizado público e

porcentagem destinada ao transporte motorizado privado. Meta: Destinar 100% dos

recursos públicos da área para a melhoria substantiva do transporte público.

Índice de Congestionamentos: média aritmética anual dos congestionamentos, em km,

nos horários de pico (manhã e tarde). Meta: Implementar metodologia de medição

efetiva dos congestionamentos em todas as vias da cidade. Reduzir em 50% as médias

até 2016.

A boa prática a seguir é chamada de “Uma Cidade sem Carros e Ambientalmente Amigável”.

Quando a área militar conhecida como Vauban, em Friburgo do Sul, na Alemanha, fechou em

1992, o município comprou os 38 hectares de terra desocupados para criar um novo distrito

onde o planejamento fosse baseado na sustentabilidade. Foi dada ênfase à participação da

comunidade, à interação social, à mobilidade, à eficácia energética e às construções

ambientalmente sustentáveis.

Um dos principais objetivos foi manter o centro da cidade com o trânsito livre e um número

reduzido de carros particulares. Isto foi conseguido com a criação de um bom número de

possibilidades de transporte público. Além disso, o município criou um sistema de

compartilhamento de carro, estabeleceu 500 km ciclovias e acrescentou 5 mil lugares de

estacionamento para bicicletas.

O objetivo era criar um de bairro completamente novo, onde o planejamento fosse baseado na

sustentabilidade ambiental, econômica e social.

Como resultado, o distrito de Vauban é de 38 hectares, 40% dos cidadãos de Vauban não têm

automóveis particulares e carros no centro da cidade não andam a mais de 5 km / hora.

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2.2.11. Ação Local para a Saúde

Proteção e promoção a saúde e o bem-estar dos nossos cidadãos são os principais objetivos

desse tema.

As medidas tomadas a partir desse eixo é a disseminação de informações no sentido de

melhorar o nível geral dos conhecimentos da população sobre os fatores essenciais para uma

vida saudável, muitos dos quais se situam fora do setor restrito da saúde. Ou também a

promoção do planejamento urbano para o desenvolvimento saudável das nossas cidades,

garantindo ações integradas para a promoção da saúde pública.

Garantir a equidade no acesso à saúde com especial atenção aos pobres, o que requer a

elaboração regular de indicadores sobre o progresso na redução das disparidades.

Promover a prática de atividades físicas que busquem enfatizar os valores de uma vida

saudável.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Unidades Básicas de Saúde: número de unidades básicas públicas de atendimento em

saúde por dez mil habitantes. Meta: garantir, no mínimo, uma UBS (Unidade Básica de

Saúde) com Programa Saúde da Família para cada dez mil habitantes, por menor

unidade administrativa, distribuídos de forma a garantir o acesso fácil e rápido por toda

a população.

Leitos hospitalares: número de leitos hospitalares públicos e privados disponíveis por

mil habitantes. Meta: garantir entre 2,5 e 3 leitos hospitalares para cada mil habitantes,

por menor unidade administrativa, distribuídos de forma a garantir o acesso fácil e

rápido por toda a população.

Mortalidade por doenças do aparelho respiratório: número de mortes por doenças do

aparelho respiratório por dez mil habitantes. Meta: Reduzir, a cada ano, 10% da

mortalidade, até 2016.

Mortalidade por doenças do aparelho circulatório: número de mortes por doenças do

aparelho circulatório por dez mil habitantes. As principais causas de morte relacionadas

ao aparelho circulatório são o AVC (acidente vascular cerebral), também conhecido

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como derrame, doença isquêmica do coração e infarto do miocárdio. Meta: Reduzir, a

cada ano, 10% da mortalidade, até 2016.

Pré-natal insuficiente: porcentagem de nascidos vivos cujas mães fizeram menos de 7

consultas pré-natal. Meta: 100% das mães com no mínimo 7 consultas pré-natal. As

consultas deverão ser mensais até a 28ª semana, quinzenais entre as 28 e 36 semanas e

semanais posteriormente.

Gravidez na adolescência: porcentagem de nascidos vivos cujas mães tinham 19 anos

ou menos sobre o total de nascidos vivos. Meta: Reduzir, a cada ano, 10% da gravidez

na adolescência, até 2016.

Mortalidade infantil: mortes de crianças menores de um ano em cada mil nascidas

vivas. Referências de Metas: Reykjavík, Islândia (2010): 2,1 mortes de crianças

menores de um ano em cada 1000 nascidas vivas (Fonte: Demography and census -

STATISTICS ICELAND - www.statice.is).

Mortalidade materna: número de mortes femininas por causas maternas por dez mil

nascidos vivos. Meta: Zerar a mortalidade materna.

Baixo peso ao nascer: porcentagem de crianças nascidas vivas com menos de 2,5 kg.

Referência de Meta: Reykjavík, Islândia (2010): 3,76% de crianças nascidas vivas com

menos de 2,5 kg (Fonte: Demography and census - STATISTICS ICELAND –

www.statice.is).

Desnutrição infantil: proporção de crianças menores de 5 anos desnutridas. Meta:

Nenhuma criança menor de cinco anos desnutrida.

Equipamentos esportivos: número de equipamentos públicos de esporte para cada dez

mil habitantes. Meta: Garantir, no mínimo, um equipamento esportivo para cada dez

mil habitantes, por menor unidade administrativa, distribuídos de forma a garantir o

acesso fácil e rápido por toda a população.

Pessoas infectadas com dengue: número de pessoas infectadas com dengue por dez mil

habitantes, por ano, na cidade. Meta: Zerar número de pessoas infectadas com dengue

na cidade.

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Doenças de veiculação hídrica (incidência de doenças transmitidas pela água): número

de atendimentos por doenças de veiculação hídrica por dez mil habitantes (principais

doenças: Febre Tifóide, Febre Paratifóide, Shigeloses, Cólera, Hepatite, Amebíase,

Giardíase, Esquistossomose, Ascaridíase, Leptospirose). Meta: Índice de Qualidade das

Águas (IQA) com condição boa ou ótima nos corpos d’água da cidade.

O “Biossistema Integrado” mostra como o tema pode ser colocado em prática pelos

municípios. Trata-se de um projeto de saneamento ambiental que envolve o tratamento

biológico de dejetos humanos a partir da reciclagem de nutrientes e da produção de biogás. Em

1994, houve a implementação do primeiro biossistema completo em Petrópolis (RJ), na

comunidade Sertão do Carangola, em parceria com o SEOP (Serviço de Educação e

Organização Popular) e com a associação de moradores local.

Os biossistemas integrados representam uma mudança no processo produtivo, alterando a

concepção linear de produção para uma estrutura cíclica, onde os resíduos são transformados e

reaproveitados como recursos para um novo ciclo de produção, como nos ciclos naturais. Com

isso, são compostos por aves, tanques de peixes, cultivo de flores e produção de adubo

orgânico e utilizam equipamentos de baixo custo, que podem ser controlados pelos próprios

moradores locais, como forma alternativa de produção de renda. Esse é um exemplo de

tecnologia social que, por meio do tratamento local do esgoto em biossistemas, faz a água

insalubre ficar com boa qualidade e também fornece adubo orgânico para hortas e pomares.

Como objetivo o projeto queria construir biodigestores integrados para o tratamento biológico

de dejeto humano com reciclagem de nutrientes e produção de biogás.

O resultado obtido foi que as verduras e legumes produzidos são vendidos em feiras próximas,

contribuindo para o aumento da renda mensal das famílias; o biogás produzido é utilizado para

cozinhar, sendo canalizado para o Centro Educacional Infantil Casa da Paz, o qual atende por

volta de 50 crianças em idade de 2 a 5 anos; mais de 50 comunidades, criatórios de animais e

produtores agrícolas estão sendo beneficiados pela tecnologia difundida; tem produzido

diariamente mil e duzentos metros cúbicos de biogás, utilizados para auxiliar na preparação de

alimentos para cerca de três mil pessoas por dia a custo zero; evita o corte de duas toneladas de

madeira por dia além de proteger a camada de ozônio por deixar de lançar metano livre na

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atmosfera; os alimentos foram analisados pela Fiocruz e avaliados com qualidade equivalente

aos produtos adquiridos no mercado convencional .

2.2.12. Do Local para o Global

Esse último tema, tem como objetivo assumir as responsabilidades globais pela paz, justiça,

equidade, desenvolvimento sustentável, proteção ao clima e à biodiversidade. Elaborar e seguir

uma abordagem estratégica e integrada para minimizar as alterações climáticas, e trabalhar para

atingir níveis sustentáveis de emissões de gases geradores do efeito estufa. Disseminar

informações sobre as causas e os impactos prováveis das alterações climáticas, e promover

medidas socioambientais de prevenção. Reforçar a cooperação regional, nacional e

internacional de cidades e desenvolver respostas locais para problemas globais em parceria

com outros governos locais e regionais, comunidades e demais atores relevantes.

Os índices e as respectivas metas relacionados a esse eixo são:

Total de emissões de CO2 equivalente per capita: inventário detalhado das emissões

que impactam sobre o clima do planeta. Meta: Fazer inventário de emissões e

estabelecer metas de redução.

Variáveis meteorológicas – Temperatura média mensal: temperatura média mensal.

Meta: Elaborar mapa de temperaturas por regiões da cidade e adotar medidas de

mitigação nas "ilhas de calor".

Número de mortes por desastres socioambientais: número de mortes causadas por

desastres socioambientais por ano. Meta: Estabelecer uma política de prevenção e

gestão de riscos urbanos baseada no uso de informações e indicadores para zerar as

mortes causadas por desastres socioambientais.

A boa prática que representa o eixo é nomeado de “Conexões Sustentáveis (São Paulo -

Amazônia)”.

Desde outubro de 2008, a iniciativa busca mobilizar os ciclos de valor dos setores da pecuária,

da madeira e da soja por meio de pactos setoriais para a preservação da Floresta Amazônica e

seus povos. Os pactos são formalizados por documentos que determinam para os signatários a

obrigação do financiamento, da distribuição e da comercialização de produtos com certificação

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(ou que estejam em processo de regularização) e provenientes de fornecedores que não façam

parte da Lista Suja do Trabalho Escravo ou da Lista de Embargos do Ibama, e, no caso do

Pacto da Soja, que estejam localizados nas áreas liberadas pela "Moratória da Soja". Os

documentos também preveem a mobilização por parte dos signatários para ampliar o número

de adesões e a realização de campanhas de esclarecimento com seus consumidores e

fornecedores.

A prefeitura de São Paulo se comprometeu com a iniciativa, assinando um termo de

compromisso para que as compras públicas ajudem a preservar a Amazônia, uma vez que essa

cadeia de responsabilidades atinge diretamente o município, que é o maior centro consumidor

do país.

O resultado foi a apresentação de um estudo inédito, durante o primeiro seminário "Conexões

Sustentáveis”, realizado pela ONGs Repórter Brasil e Papel Social Comunicação, mostrando os

reais beneficiários do desmatamento da Amazônia. Jornalistas das duas organizações

verificaram os impactos sociais e ambientais causados pelo avanço da agropecuária e do

extrativismo sobre a floresta.

Além disso, houve a identificação das empresas que mantiveram relações comerciais com

proprietários e investidores rurais flagrados pelo poder público cometendo crimes ambientais

ou valendo-se do trabalho escravo. E também a aprovação dos três pactos empresariais de

controle das cadeias produtivas dos setores da Pecuária, da Madeira e da Soja.

CAPÍTULO III - Importância da internet para o Programa

A internet tem grande importância para disseminação do Programa Cidades Sustentáveis pelo

Brasil. A começar pelo site do Programa, www.cidadessustentaveis.org.br, que explica com

clareza quais seus objetivos, disponibiliza a Carta Compromisso para os que desejem ser

adeptos e também disponibiliza ferramentas importantes para sua implementação como a

agenda da sustentabilidade, indicadores atuais, e metas a serem atingidas com exemplos de

práticas referenciais que podem ser utilizadas como modelo para as novas cidades adeptas.

Outra importante ferramenta é sua página no facebook

Facebook.com/programacidadessustentaveis. Através dessa página é possível compartilhar

inúmeras campanhas de incentivos direcionadas aos cidadãos, para que vejam a

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sustentabilidade como algo determinante no momento em que escolhem o candidato a prefeito,

também é uma ferramenta de incentivo aos cidadãos para que iniciem uma cobrança aos atuais

prefeitos para realizarem boas práticas e assinarem a Carta Compromisso, incentivo também

aos próprios cidadãos a realizarem boas práticas. Essa é uma das principais ferramentas do

programa para incentivar e disseminar a todo instante a sustentabilidade pelas mentes das

pessoas.

Além dessas, há o site www.cidadessustentaveis.org.br/youtube, onde estão disponíveis alguns

vídeos sobre o Programa Cidades Sustentáveis e o site

www.cidadessustentaveis.org.br/googlemais que também ajuda a espalhar a ideia do Programa

entre as pessoas.

É evidente que a internet no mundo globalizado em que vivemos é uma ferramenta importante

para qualquer organização que deseje adentrar a mente da população. A internet é utilizada de

várias maneiras para disseminar, incentivar e explicar o Programa Cidades Sustentáveis. E é

uma forma dos cidadãos também agirem a favor da causa.

3.1. Brasileiros e a Política

Todos os anos em que há eleição centenas de candidatos fazem e dizem tudo para ganhar os

votos dos eleitores. Para que consigam chegar ao objetivo é necessário que façam suas

promessas, ou seja, que estabeleçam suas propostas eleitorais, mas muitas dessas não

costumam ser concretizadas após a conquista do cargo.

Este é um fato que já se tornou costumeiro nas cidades brasileiras, mas há algumas táticas que

possibilitam a tomada de decisão pelo candidato mais apropriado, ou então, no que possui

propostas possíveis de serem cumpridas.

Alguns projetos têm nascido com o objetivo de cessar as promessas não cumpridas pelos

prefeitos. Com esse intuito foi criado o “Portal Compromisso Público”, para registro das

promessas e as ações dos políticos por todo o país.

Outro importante projeto de emenda constitucional foi apresentado pela Rede Nossa São Paulo,

que reúne mais de 600 ONGs. Esse projeto exige que os políticos eleitos determinem, em até

90 dias após a posse, um Programa de Metas e Prioridades para seu mandato, além de propor o

cumprimento das promessas políticas.

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Essa prática de prometer e não cumprir é característica da política brasileira, porque os

cidadãos não têm o hábito e a consciência de buscar por seus direitos, através da cobrança das

promessas feitas pelos prefeitos.

É necessário que haja uma mudança no pensar do brasileiro, pensando na política como algo

primordial para chegarmos a nossa tão sonhada qualidade de vida e redução da desigualdade

social.

Para que o Programa Cidades Sustentáveis se concretize, há a necessidade dos cidadãos e os

órgãos como a Rede Nossa São Paulo, cobrarem dos prefeitos as práticas sustentáveis nos

municípios brasileiros a fim de cumprir com as metas definidas.

CONCLUSÃO

O que pensar da construção de viadutos ou chafarizes enquanto há crianças passando fome,

mães desassistidas ou pessoas vivendo em condições de miséria? Trata-se de uma tomada de

posição ética fundamental. Somos uma sociedade rica, temos os conhecimentos necessários,

sabemos as medidas e as formas de organização necessárias. Trata-se aqui de uma tomada de

decisão pela construção de uma cidade civilizada e sustentável.

Temos a responsabilidade de assegurar o desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo,

responder aos desafios em cooperação com outros níveis de governo. Para isso, precisamos

adotar uma abordagem mais efetiva e integrada nas políticas locais e regionais,

compatibilizando os objetivos ambientais, sociais, políticos, culturais e econômicos. E garantir

que esforços para melhorar a qualidade de vida local não ponham em risco a qualidade de vida

de pessoas noutras partes do mundo ou das gerações futuras. As administrações municipais são,

no dia-a-dia, o nível de governo mais próximo dos cidadãos brasileiros.

O Programa Cidades Sustentáveis está ganhando cada vez mais visibilidade e força. Já

contamos com muitas adesões importantes e continuamos recebendo demandas das diferentes

regiões do país.

Com o estudo, ficou evidente a importância do envolvimento dos cidadãos, do governo, das

empresas e das ONGs para efetivação do Programa. Foi possível destacar que um único agente

não consegue mudar a situação da sociedade atual. É necessário mobilização de todos.

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É importante destacar que devemos aprimorar alguns instrumentos de gestão, principalmente

no que diz respeito à produção e qualidade das informações, fundamentais para o bom

planejamento e para o estabelecimento e cumprimento das metas propostas. Além disso, é

importante que a sociedade esteja bem informada, que perceba a transparência e os esforços da

gestão por sua participação, o que resulta geralmente em uma sociedade comprometida e

parceira para alcançar os resultados que levam à melhoria da qualidade de vida e ao bem-estar

de todos.

Podemos pensar em um Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável, utilizando as práticas

exemplares como referências de metas para todos os municípios que precisam avançar em

diferentes áreas. Ressaltamos, ainda, que a definição de metas baseadas em indicadores é um

dos compromissos assumidos pelos signatários do Programa Cidades Sustentáveis.

A capacidade de liderança dos políticos em administrar e planejar as práticas a serem

implementadas é importante, mas se faz necessário também o incentivo a participação

compartilhada entre poderes públicos, sociedade civil e setor privado. É de extrema

importância respeitar as necessidades locais e as prioridades da população.

Podemos dizer que o Programa Cidades Sustentáveis é a oportunidade para nos inspirarmos no

que já deu certo em pequena escala e buscarmos ampliar para todos os brasileiros a qualidade

de vida de uma sociedade justa, democrática e sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LASZLO, Christopher; ZHEXEMBAYEVA, Nadya. Sustentabilidade Incorporada: a nova

vantagem competitiva. 1ª edição. Rio de Janeiro: Quallitymark, 2011.

VEIGA, José Eli da. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: Senac,

2010.

PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania. 2ª edição. São Paulo:

Cortez, 2010.

ZYLBERSZTAJN, David; LINS, Clarissa. Sustentabilidade e geração de valor: a transição

para o século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

Programa Cidades Sustentáveis. Disponível em: <http://www.cidadessustentaveis.org.br/>.

Acesso em: 10 de novembro de 2012.

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Programa Cidades Sustentáveis. Disponível em:

<Facebook.com/programacidadessustentaveis>. Acesso em: 10 de novembro de 2012.

Programa Cidades Sustentáveis. Disponível em:

<www.cidadessustentaveis.org.br/googlemais>. Acesso em: 10 de dezembro de 2012.

Programa Cidades Sustentáveis. Disponível em: <www.cidadessustentaveis.org.br/youtube>.

Acesso em: 10 de dezembro de 2012.

Rede Nossa São Paulo. Disponível em: <http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/>. Acesso em:

10 de dezembro de 2012.

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

RESILIÊNCIA, ESTRESSE E QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO

Aluna: Gabriela Beatriz Toledo

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................... 5 CAPÍTULO I – A MUDANÇA NO MUNDO DO TRABALHO E ESTRESSE OCUPACIONAL ........................................ 6

1.1. MUNDO EM GERAL ........................................................ 6 1.1.1. MUDANÇAS NO MUDANÇAS NO MUNDO DO

TRABALHO ............................................................ 7 1.2. ESTRESSE OCUPACIONAL ............................................ 10

1.2.1. ESTRESSORES OCUPACIONAL ......................... 10 1.2.2. AVALIAÇÃO DE ESTRESSE EM ADULTOS ...... 14 1.2.3. MEDICINA INTEGRATIVA .................................... 16

CAPÍTULO II – RESILIÊNCIA ............................................................... 18 2.1. CONCEITO DE RESILIÊNCIA ............................................. 19 2.2. PERSPECTIVA HISTÓRICA DO TERMO ............................ 20 2.3. CARACTERÍSTICAS DA PESSOA RESILIENTE ............... 21 2.4. ESCALA DE RESILIÊNCIA ................................................. 26 2.5. RESILIÊNCIA PLANETÁRIA ............................................... 27 CAPÍTULO III – QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ..................... 29 3.1. CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .. 29 3.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ............................... 29 3.3. MODELOS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ..... 36 CAPÍTULO IV – PESQUISA SOBRE AS MELHORES EMPRESAS PARA TRABALHAR ..................................................... 38 4.1. REVISTA ÉPOCA EDIÇÃO ESPECIAL: AS 130 MELHORES EMPRESAS PARA TRABALHAR ......................................... 38 4.1.1. ETAPAS DA PESQUISA ............................................ 39 4.1.2. PESOS DO GUIA ........................................................ 40 4.1.3. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ............................. 40 4.2. REVISTGA VOCÊ S/A. GUIA 2012: AS MELHORES EMPRESAS PARA VOCÊ TRABALHAR .............................. 41 4.2.1. ETAPAS DA PESQUISA .............................................. 42 4.2.2. PESOS DO GUIA .......................................................... 42 4.3. ANÁLISE DAS PESQUISAS .................................................. 43 4.4. RESULTADOS ....................................................................... 67 CONCLUSÃO........................................................................................... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................71

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INTRODUÇÃO

Atualmente um dos maiores ativos de uma empresa é o capital intelectual. Deste

modo exigem-se cada vez mais certas competências para o trabalho, como alto nível de

escolaridade, capacidade de adaptação a diferentes tipos de funções e o domínio de novas

tecnologias de comunicação e informação. Porém as competências requisitadas muitas vezes

não são correspondidas pelos trabalhadores já que as empresas adotam práticas de trabalho

mais flexíveis sem ter antes preparado os seus colaboradores para enfrentá-las.

Além das competências citadas, o mundo corporativo exige valores como

velocidade, competição e individualismo o que leva os seus colaboradores muitas vezes a

enfrentar adversidades. Para encarar os desafios cotidianos é importante que a empresa invista

em estratégias que proporcionem qualidade de vida no trabalho para que o colaborador se

sinta mais confortável ao encarar os desafios do dia a dia minimizando os danos causados

pelas adversidades e desenvolvendo em sua vida a resiliência, termo que será definido

posteriormente.

Diante deste cenário corporativo o presente estudo toma como base a área de

Recursos Humanos com ênfase em Gestão de Pessoas, o que possibilitou o questionamento

como os programas de qualidade de vida podem amenizar o estresse e promover a resiliência

nas organizações, pois surge o interesse de aprofundar os conhecimentos, uma vez que, a

questão emocional influencia de maneira bastante significativa as organizações atuais.

A partir do questionamento acima proposto, apresentam-se as seguintes perguntas

que são o escopo de pesquisa deste trabalho: Qual o impacto causado pelo estresse no dia a

dia do indivíduo trabalhador? Quais são os efeitos da resiliência e de um bom programa de

qualidade de vida frente ao estresse dos trabalhadores? Qual a importância do estudo da

resiliência para uma organização? Qual a importância da qualidade de vida para o

desenvolvimento de uma organização?

Estas questões vão ser respondidas e desenvolvidas ao longo deste trabalho para

que justamente consiga-se um melhor entendimento deste tema.

A hipótese deste trabalho se baseia na ideia de que indivíduos que possuem uma

boa qualidade de vida no trabalho suportem melhor as adversidades que o atingem em seu

cotidiano ficando menos estressados e maximizando o resultado da empresa na qual

empregam o seu trabalho.

Através disso, pode-se destacar que o objetivo geral é justamente apresentar

reflexões sobre a resiliência e a qualidade de vida no trabalho e suas influências no estresse

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sentido pelos trabalhadores. Em relação aos objetivos intermediários destacam-se o

levantamento da literatura escrita sobre resiliência, qualidade de vida no trabalho na área

organizacional e estresse ocupacional bem como o levantamento de dados em um estudo

sobre duas pesquisas realizadas com o intuito de verificar quais são as melhores empresas

para se trabalhar. O estudo dessas pesquisas busca esclarecer em que medida as empresas

estão atualizadas com as necessidades dos trabalhadores no mundo de hoje no que se refere a

qualidade de vida no trabalho.

Este trabalho está delimitado no sentido de que pretende utilizar os principais

conceitos e fundamentos sobre os temas da resiliência e da qualidade de vida no mundo

moderno onde há constantes mudanças de paradigmas a todo momento e para avaliar o

impacto causado nas pessoas que não possuem resiliência.

Sendo assim, este estudo vai ter como base fundamental a análise aprofundada de

duas pesquisas feitas junto a empresas que são consideradas as melhores empresas para se

trabalhar, verificando o que é levado em consideração para a escolha dessas empresas. Após

isso serão então observadas as empresas que aparecem nas duas pesquisas analisadas a fim de

perceber se o reconhecimento por ser uma das melhores empresas para se trabalhar afetam os

resultados financeiros das mesmas. Estas pesquisas são realizadas por organizações

respeitadas e publicadas por revistas conhecidas e que atingem um alto número de leitores.

Feito este estudo, será possível analisar a questão da qualidade de vida nas

empresas e se estas promovem formas para que a resiliência seja desenvolvida pelos seus

colaboradores, de forma a suportarem as adversidades e fatores estressantes que os cercam no

dia a dia no novo mundo do trabalho.

Este trabalho busca contribuir com um material teórico baseado em uma análise

de uma pesquisa realizada junto a organizações consideradas como as melhores empresas para

se trabalhar, com o intuito de possibilitar a novos acadêmicos e ao mundo científico

informações adicionais para o estudo da resiliência e da qualidade de vida na área

organizacional. O que vai ajudar a perceber os problemas existentes e ajudar a corrigi-los, a

fim de auxiliar as pessoas a enfrentar esses problemas e não serem abatidos por eles, a fim de

que elas desenvolvam as tarefas com eficiência e que, este trabalho permita a progressão e o

desenvolvimento destes indivíduos para se tornarem pessoas de referência na sociedade

proporcionando também o seu crescimento e melhoria.

Para a fundamentação da pesquisa deste trabalho, o mesmo será dividido em três

partes de referenciais teóricos e uma parte que será utilizada para a exibição da pesquisa.

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O Capítulo 1 é apresenta as mudanças ocorridas nos últimos tempos no mundo do

trabalho assim como das exigências atualmente requeridas pelas empresas a cerca dos

atributos esperados dos seus colaboradores. Este capítulo trata também do estresse

ocupacional, de que forma as pessoas podem reagir a esse estresse e como a medicina

integrativa trabalha a fim de evitar o estresse agindo de modo integrado.

O Capítulo 2 aborda o conceito da resiliência e sua perspectiva histórica,

ilustrando as características que se espera de um indivíduo resiliente, as tendências para a

promoção da resiliência e também a resiliência planetária.

O Capítulo 3 expressa a questão da qualidade de vida no trabalho, o seu conceito,

a sua evolução histórica e a importância do seu desenvolvimento no contexto corporativo para

a satisfação e desenvolvimento de seus colaboradores.

O Capítulo 4 relata a forma utilizada para analisar as pesquisas publicadas pela

Revista Época e pela Revista Você/SA e os resultados obtidos dessas análises.

Capítulo 1. A Mudança no mundo do trabalho e Estresse ocupacional

No mundo globalizado em que vivemos onde as coisas devem ser feitas de

forma rápida e otimizada cada vez mais se percebe o sofrimento psíquico da sociedade que é

cobrada por ser um modelo de excelência assim como os seus trabalhadores. Essa cobrança

pode acarretar níveis alarmantes de estresse e provocar doenças nesses indivíduos.

1.1 Mudanças no mundo em geral

Nos dias atuais onde o mundo passa por mudanças constantemente,

proporcionado um clima de incertezas, as pessoas se tornam cada vez mais ansiosas por

resultados e buscam certezas. A sociedade passa por uma acelerada mudança onde as certezas

do passado se misturam as com as novas informações que devem ser absorvidas de forma

rápida a fim de manter-se atualizado. As cobranças por um alto desempenho e adaptação

provoca um sofrimento psíquico quando não consegue manter sua energia física e mental. As

pessoas se tornam então ansiosas e para controlar isso fazem uso de ansiolíticos e acabam se

tornando dependentes deste tipo de fármaco e com o tempo caso a pessoa fique sem a droga

ela acaba por sentir alguns efeitos como: muita irritabilidade, insônia, dor pelo corpo todo.

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Dessa forma é necessário buscar formas de controlar a ansiedade sem a utilização dessas

drogas que prejudicam a qualidade de vida das pessoas.

1.1.1. Mudanças no mundo do trabalho

Profundas mudanças ocorreram no mundo do trabalho nos últimos séculos e

atualmente em plena era da globalização as mudanças tornaram-se ainda mais marcantes,

posto que a globalização provoca uma necessidade de que constantemente sejam promovidas

reestruturações nas empresas a fim de que elas mantenham uma vantagem competitiva no

mercado. Essas reestruturações e a busca pela vantagem competitiva suscitam o

desenvolvimento de novas tecnologias, a descoberta de novos materiais e também novas

formas de organização e gestão do trabalho. Isso acarreta aos profissionais de diversas áreas

uma carga excessiva de trabalho mental e de tarefas requeridas.

Antes o processo produtivo era baseado nas teorias científica e clássica e era feito

principalmente em indústrias onde trabalhavam uma grande quantidade de pessoas e que

pertenciam a uma estrutura ampla e verticalizada onde havia diversos níveis hierárquicos

como operacional, de supervisão e de planejamento e gestão. A produção era feita de forma

racionalizada e mecanizada e possuía a finalidade de fazer produtos homogêneos a fim de

atender demandas de massa e pouco diversificadas. Os funcionários atuavam em seus postos

de trabalho com operações que pouco exigia conhecimento, apenas precisavam memorizar

movimentos operacionais pré-determinados e com pouca variação, repetindo assim uma

mesma sequencia.

No final dos anos sessenta, devido a crises sindicais, econômicas e do modo típico

de autoridade patronal houve quedas significativas na lucratividade e na produtividade e este

sistema de produção começou a ser deixado de lado, já que ele não conseguia resolver os

problemas que se apresentavam naquele período. Neste período surge então o “modelo

japonês” também conhecido por Toyotismo que se espalhou a partir da década de 1960 e que

tinha como características um sistema flexível de mecanização onde deve ser evitada ao

máximo a formação de estoques, produzindo apenas o suficiente para atender a demanda do

mercado no tempo necessário e visando sempre a qualidade total nos seus produtos que eram

feitos a fim de atender as exigências do mercado. Contava como uma mão de obra qualificada

para a execução das tarefas e polivalente, podendo atuar em diversas áreas do sistema de

produção da empresa.

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Essa mudança de paradigma taylorista-fordista para o modelo japonês ocasionou

uma nova forma de se perceber o trabalho. As organizações estão hoje em dia com a sua

estrutura de níveis hierárquicos reduzidas, valorizam mais a educação de seus colaboradores,

exige cada vez mais qualidade ao mesmo tempo em que custos devem ser reduzidos, exigindo

também que a flexibilidade seja valorizada. O trabalho em equipe é incentivado.

Essas alterações constantes no ambiente e modo do trabalhador executar as suas

tarefas impacta os trabalhadores que devem se readaptar a uma nova forma de trabalhar. Essas

mudanças requerem tempo para a adaptação do trabalhador e também causam um desgaste

nos envolvidos na mudança que passam por um período de incertezas referente ao que a nova

mudança trará e se ele será favorecido com isso, sendo importante que o indivíduo desenvolva

uma forma de superar essas adversidades.

Os colaboradores por sua vez estão cada vez mais heterogêneos, o que é uma

dificuldade para a organização que precisa alinhar todos os seus colaboradores e ao mesmo

tempo satisfazê-los.

Atualmente as empresas buscam profissionais qualificados que possuam

conhecimentos atualizados acompanhando as mudanças do cenário internacional e também

resistindo ao estresse provocado por essas mudanças. As novas tecnologias demandam que

esses profissionais dominem as novas ferramentas tecnológicas e faça uso das mesmas de

forma a promover uma comunicação apropriada para promover bons negócios entre diferentes

organizações. Devido as rápidas mudanças o profissional necessita possuir uma autonomia

para não atravancar o processo decisório assim também como comprometimento e

responsabilidade com as suas tarefas. Para manter um nível competitivo com vantagem

competitiva é importante que o funcionário seja criativo para lidar com diferentes situações e

agir de modo inovador para atingir o sucesso no seu trabalho.

Dado a globalização do mundo o teletrabalho ganha cada vez mais importância e

surge como uma alternativa diante da complexidade que envolve as mudanças no processo de

trabalho. Porém o teletrabalho limita o contato entre os colaboradores que já não mais

convivem no mesmo espaço, o que ocasiona mudanças de comportamento, pois o indivíduo

passa a ficar mais distante das relações sociais. Dessa forma é importante que as empresas ao

estruturarem esse modo de trabalho se preocupem para que não gere no profissional um

enclausuramento em sua residência.

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1.2 Estresse ocupacional

Devido as constantes mudanças advindas do mundo globalizado as pessoas

precisam estar em constante adaptação, o que gera ansiedade e preocupação sobre quais serão

as consequências da mudança.

“Para Albrech (1988), o estresse pode ser caracterizado como a

doença endêmica da nossa era. [...] Para esse autor, esta “era da

ansiedade” tem sido o resultado dos grandes processos de mudanças

vivenciados no século XX: 1. a passagem da vida rural para a vida

moderna; 2. a passagem do estacionário para o móvel; 3. a passagem

da autossuficiência para o consumo; 4. a passagem do isolamento para

a interligação; 5. a passagem da atividade física para a vida sedentária.

Para o autor, o ritmo em que se processam tais mudanças tem-se

refletido em altos custos em termos de bem-estar físico e mental. Tal

opinião é compartilhada por Tofler (1970). Para esse autor, tal ritmo

de mudanças tem-se revelado extremamente prejudicial à manutenção

de níveis aceitáveis de bem-estar emocional, de saúde física e de

qualidade de vida. Segundo ele, os excessos de mudanças

característicos de nossa era têm levado à perda do sentido de

continuidade e previsibilidade, elementos fundamentais à manutenção

da saúde humana.” (SANTANA e KILIMNIK, 2011, p. 177).

Um dos principais fatores do Estresse no Trabalho é a ausência das manifestações

das angústias, frustrações e emoções sentidas no ambiente corporativo, já que a sociedade não

aprova essa atitude. Por isso as pessoas acabam obrigadas a aparentar um comportamento

emocional diverso do que realmente sente.

“O termo estresse provém do verbo latim stringo, stringere, strinxi,

strictum que tem como significado apertar, comprimir, restringir. A

expressão existe na língua inglesa desde o século XIV sendo utilizada,

inicialmente para exprimir uma pressão ou uma contração de natureza

física. Apenas no século XIX o conceito se alargou para passar a

significar também as pressões que incidem sobre um órgão corporal

ou sobre a mente humana.” (Bicho, 2007).

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Estresse é definido pelo Dicionário Aurélio (2001) como o conjunto de reações do

organismo a agressões de origens diversas, capazes de perturba-lhe o equilíbrio interno.

O termo estresse ocupacional, porém se restringe apenas aos estressores

organizacionais que possibilitam a identificação de demandas organizacionais.

“Em meio à multiplicidade de pesquisas, nota-se que o termo estresse

ocupacional tem sido utilizado de modo pouco consistente, havendo

desentendimentos sobre seu significado e formas de medição.

Segundo Jex (1998), as definições de estresse ocupacional dividem-se

de acordo com três aspectos: (1) estímulos estressores: estresse

ocupacional refere-se aos estímulos do ambiente de trabalho que

exigem respostas adaptativas por parte do empregado e que excedem a

sua habilidade de enfrentamento (coping); estes estímulos são

comumente chamados de estressores organizacionais; (2) respostas

aos eventos estressores: estresse ocupacional refere-se às respostas

(psicológicas, fisiológicas e comportamentais) que os indivíduos

emitem quando expostos a fatores do trabalho que excedem sua

habilidade de enfrentamento; (3) estímulos estressores-respostas:

estresse ocupacional refere-se ao processo geral em que demandas do

trabalho têm impacto nos empregados.” (PASCHOAL e TAMAYO,

2004).

1.2.1 Estressores organizacionais

No ambiente de trabalho podemos perceber diversos estímulos estressores. Estes

estressores segundo Albrecht (1988) podem ser agrupados em três categorias, como: natureza

física, social ou emocional. Os estressores de natureza física podem ser provenientes de:

Ventilação

Barulho

Poluição

Falta de espaço

Calor ou frio excessivo

Iluminação

Ruído

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Ergonomia

Falta de ferramentas adequadas

Lesão física

Os estressores de natureza social podem se originar de:

Insatisfação salarial

Relacionamento com colegas, chefe, clientes, stakeholders da empresa, etc.

Mudanças determinadas pela empresa

Os estressores de natureza emocional podem se decorrer de:

Sobrecarga de trabalho

Horários de trabalho diversos, viagens e variações do ritmo das atividades

sociais, etc.

Mudanças Constantes

Falta de Estímulos (Tédio, sensação de nulidade, solidão)

Falta de Perspectivas

Os efeitos desses estressores podem piorar quando os procedimentos

organizacionais não ficam claros e nas tarefas que devem ser realizadas por cada um dos

colaboradores.

Essa adaptação fisiológica que é necessária para a preservação da espécie, quando

apresentada diariamente em um ambiente de trabalho estressante pode fazer com que essas

alterações metabólicas, que deveriam ser temporárias, se tornem crônicas.

O estresse pode afetar o organismo de várias formas, inclusive contribuindo para

o surgimento de doenças. As doenças causadas pelo estresse dependem da natureza,

intensidade e duração da situação, além das tendências hereditárias e dos acontecimentos

ocorridos durante os primeiros anos de vida do indivíduo. O estresse pode atingir os sistemas:

imunológico, nervoso e endócrino.

É válido resaltar que não são apenas situações ruins que deixam as pessoas

estressadas. Todas as mudanças que o indivíduo passa na vida e que proporcione algum tipo

de reação maior do que a sua capacidade interna pode aguentar geram situações de estresse.

Por mais que seja uma situação feliz o organismo pode alterar a pressão arterial e a frequência

cardíaca do indivíduo que foi acometido pelo estresse.

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A Tabela 1 apresenta alguns sintomas que atingem os indivíduos que são

acometidos pelo estresse, nas esferas física, psicológica e comportamental.

Sintomas

Físicos Psicológicos Comportamentais

Alteração na pressão arterial Ansiedade Absenteísmo

Dermatoses Baixa autoestima Abuso de drogas

Distúrbios do sono Depressão Excesso ou perda de apetite

Dores de cabeça Desmotivação Evitar contatos com os colegas

Esgotamento físico Emoção acentuada Imobilidade ou passividade

Gastrite Irritabilidade Redução na produção

Mudança de apetite Memória fraca Redução na qualidade do trabalho

Baixa imunidade Dificuldade para se concentrar Sensibilidade para críticas

Tabela 1 – Sintomas causados pelo estresse nos indivíduos

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

O tipo de doença que o indivíduo poderá desenvolver relativa ao estresse

dependerá do tipo de desgaste que ele será submetido rotineiramente no seu local de trabalho

e nas suas relações de trabalho. Tantos os estressores físicos quanto os psicossociais podem

ser danosos para a saúde do profissional, pois alguém que foi afetado por um ou mais

estressores psicossociais não consegue trabalhar de forma produtiva e normalmente está

deprimido e nervoso. A exposição aos danos causados por essas alterações metabólicas atinge

desde o operário até o mais alto cargo de gestão, cada qual será afetado com o efeito do

estressor a que foi exposto.

1.2.2. Avaliação de Estresse em Adultos

Segundo o site do Centro Psicológico de Controle do Estresse pertencente ao

Instituto de Psicologia e Controle do Stress Marilda Emmanuel Novaes Lipp, o estresse

emocional é o que sentimos no corpo e na mente quando nos deparamos com exigências de

certa situação que suplantam a nossa capacidade de adaptação. O estresse só pode ser

considerado como patológico quando o nosso organismo não mais consegue se adaptar a

aquela situação, ficando exausto. Então se alguma adversidade maior surge ou se o fator

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estressante permanece por muito tempo, então o desgaste que já havia pode permitir a

manifestação de doenças.

Para um diagnóstico na identificação do estresse, bem como o processo de

estresse nos quais os indivíduos se encontram foi criado um Inventário de Sintomas de Stress

para Adultos (ISSL),

“[...] padronizado por Lipp e Guevara (1994) que baseou-se num

modelo trifásico desenvolvido por Selye. No período da padronização

do inventário, uma quarta fase foi identificada, denominada de quase-

exaustão, por se encontrar entre a fase de resistência e a de exaustão.

Nesta fase, as defesas do organismo começam a ceder e ele já não

consegue resistir às tensões e restabelecer a homeostase.”

(BARRIONUEVO et al, 2008).

O ISSL baseia-se então em um modelo quadrifásico composto pelas fases: alerta,

resistência, quase exaustão e exaustão. O stress envolve sintomas tanto de ordem física como

de ordem psicológica. Quanto mais avançada a fase, mais doente podemos ficar. Calais,

Andrade & Lipp (2003) caracterizam essas fases como,

“[...] a fase de alerta se caracteriza por reações do sistema nervoso

simpático, quando o organismo percebe o estressor (o evento). A fase

de resistência apresenta-se quando esse estressor permanece presente

por períodos prolongados ou se é de grande dimensão. Na fase de

quase exaustão, há um enfraquecimento e aparecimento de doenças

não muito graves, já na fase de exaustão, o stress ultrapassou a

possibilidade do indivíduo conviver com ele e está associado a

diversos problemas como úlceras, gengivites, psoríase, hipertensão

arterial, depressão, ansiedade, problemas sexuais, dentre outros. Cada

fase envolve uma sintomatologia diferenciada que é acompanhada de

mudanças hormonais correspondentes (SELYE, 1956).”

Ter o conhecimento das causas que provocaram o estresse é fundamental para

poder saber como aliviá-lo e até mesmo evitá-lo no futuro quando o indivíduo novamente se

defrontar com a situação que anteriormente o deixou estressado.

O ISSL foi elaborado a fim de responder a três questões:

A pessoa tem stress?

Em que fase (alerta, resistência, quase-exaustão ou exaustão) está?

Há prevalência de sintomas físicos ou psicológicos?

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De acordo com Barrionuevo et al. (2008)

“O ISSL fornece uma medida objetiva da sintomatologia do estresse

em jovens acima de 15 anos e adultos. Sua aplicação leva

aproximadamente 10 minutos e pode ser realizada individualmente ou

em grupos de até 20 pessoas. Não é necessário ser alfabetizado, pois

os itens podem ser lidos para a pessoa. O Instrumento é formado por

três quadros referentes às fases do estresse. O primeiro quadro,

composto de 15 itens refere-se aos sintomas físicos ou psicológicos

que a pessoa tenha experimentado nas últimas 24 horas. O segundo,

composto de dez sintomas físicos e cinco psicológicos, está

relacionado aos sintomas experimentados na última semana. E o

terceiro quadro, composto de 12 sintomas físicos e 11 psicológicos,

refere-se a sintomas experimentados no último mês. Alguns dos

sintomas que aparecem no quadro 1 voltam a aparecer no quadro 3,

mas com intensidade diferente. No total, o ISSL apresenta 37 itens de

natureza somática e 19 psicológicas, sendo os sintomas muitas vezes

repetidos, diferindo somente em sua intensidade e seriedade. A fase 3

(quase-exaustão) é diagnosticada na base da frequência dos itens

assinalados na fase de resistência.”

O diagnóstico de estresse só pode ser realizado por um profissional da área.

Abaixo há um questionário retirado do site do Centro Psicológico de Controle do Stress

(CPCS) e foram feitas algumas adaptações em sua estrutura para a apresentação neste

trabalho. Este instrumento permite apenas verificar se o que o respondente do questionário se

sente se parece com o que pessoas estressadas relatam sentir. Este método de avaliação foi

elaborado pelo Centro Psicológico de Controle do Stress.

Selecione na caixa à esquerda cada um dos sintomas que você tem sentido nos

últimos dez dias.

Sintomas psicológicos em adultos

Queda de produtividade

Confusão mental

Apatia

Dificuldade de concentração

Sensação de desgaste ao acordar

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Auto-estima baixa

Dificuldade com a memória

Depressão

Irritabilidade acima do justificável

Sintomas físicos em adultos

Tensão muscular

Dores de cabeça

Dores de estômago ou gastrite

Pressão alta

Herpes

Taquicardia

Problemas dermatológicos

Aftas, retração das gengivas

Resfriados

Infecções

Tontura

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Outros sintomas em adultos

Acidentes de carro

Derrubar documentos ou objetos

Sentir-se desnorteado em lugares

conhecidos

Esbarrar em paredes ou objetos

Perder objetos

Pequenos acidentes (cortes, etc.)

Tabela 2: Avaliação de Estresse em Adultos

Fonte: Instituto psicológico controle do Stress (Com adaptação)

Pontos para refletir quanto ao Levantamento de Sintomas:

Quanto mais sintomas assinalados, mais intenso está o seu nível de tensão.

Verifique se os sintomas assinalados são mais psicológicos ou físicos e reflita.

• Qual deles mais o preocupa?

• Para quais você deveria dar atenção imediata?

• Que problemas de saúde futuros esses sintomas poderão lhe acarretar?

• Que ações você pode tomar para eliminar alguns destes sintomas?

Após a descoberta do nível de estresse apresentado pelo indivíduo é aconselhável

que o mesmo busque formas de amenizá-lo. Algumas técnicas utilizadas para isso são:

práticas de esportes, tempo para se dedicar a atividades consideradas agradáveis e relaxantes,

desenvolvimento de capacidades de gestão de tempo ou de resolução de conflitos.

Também é importante que o trabalhador aprenda a administrar o seu tempo e a

lidar com o trabalho que lhe é proposto.

1.2.3 Medicina Integrativa

O estresse pode afetar o organismo de várias formas, inclusive contribuindo para

o surgimento de doenças tanto agudas como crônicas. Devido a rotina repleta de

compromissos e obrigações na qual as pessoas atualmente vivem o estresse não pode ser

evitado, mas deve-se buscar formas para controlá-lo e ajuda para mudança. O modo como

lidamos com as mudanças é importante para seguirmos em frente e nos adaptarmos a ela ou

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cultivarmos um grau de insatisfação que aos poucos torna esse sentimento em um agente

causador de doenças.

Face ao entendimento de que o estresse pode resultar em doenças para o indivíduo

que deve dividir a sua atenção em diversas atividades é importante conhecer o conceito da

medicina integrativa que busca ver o ser humano de forma holística.

A Medicina integrativa é um enfoque médico que busca abordar de modo integral

e completo o processo de cura do paciente, envolvendo sua mente, corpo e espírito. Ela

combina a Medicina Convencional com as práticas de Medicina Complementares, que tenham

se mostrado mais promissoras, segundo o site do Hospital Albert Einstein.

Conforme o Site Medicina Integrativa, o Dr. Tarso de Lima diz que na medicina

integrativa “O paciente é visto como um todo e, a partir de então, o melhor tratamento é

indicado por meio de uma análise cuidadosa. Trata-se não apenas o sintoma, mas também a

sua origem”.

A medicina integrativa pensa sempre no todo e age de forma a articular saberes e

práticas, acolher a diversidade e ter competência cultural. Não há uma exclusão do tratamento

tradicional e utilização de um tratamento alternativo, e sim uma junção de ambos os

tratamentos, a fim de que haja uma sinergia no tratamento.

A estratégia terapêutica utilizada é a de que cada pessoa é única e assim cada

processo de adoecer também é único. Segundo o site de Cristina Sales, “no processo de

instalação das doenças crônicas intervêm muitos fatores que estão relacionados com o estilo

de vida e com a relação consigo mesmo e com o ambiente envolvente”.

Com o passar do tempo o passou a ser observado de forma fragmentada, de modo

que cada parte foi confiada aos cuidados de um profissional distinto. De acordo com o site

Medicina Integrativa,

“Para alcançarmos o bem-estar é fundamental ver o sistema como um

todo integrado e a partir desta visão integrar o homem no seu pensar,

sentir e agir. Integrá-lo com seu semelhante, restar o vínculo original

com a espécie, para isso reconciliá-lo com sua família de origem, sua

família atual, assim como com a sociedade em geral, representada

principalmente, pelo trabalho e círculo de amizades. Quando podemos

nos ver como membros de uma mesma espécie e reverenciarmos a

vida tornando cada gesto um ato sagrado, nos reconciliamos com o

universo inteiro.”

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O “[...] objetivo é facilitar as pessoas em seu caminho de auto-

evolução e expansão da consciência, de modo a utilizarem de forma

integrada seu potencial criativo, intelectual, emocional e energético

(espiritual) na vida diária e com isso alcançar a saúde. Nascemos com

grandes potenciais que foram inibidos pela nossa criação, pelas nossas

crenças pessoais e arquetípicas”.

[...] “O “corpo” não é capaz de realizar a cura quando está

sobrecarregado com stressores diversos: emocionais, tóxicos ou

ambos, mas quando lhe damos a informação apropriada ele se cura a

si próprio. “Corpo” está entre aspas porque não estamos falando

apenas do nosso corpo físico, mas também dos nossos corpos

emocional, mental e de energia. Aqui apenas faço essa separação, para

fins de entendimento didático, uma vez que esses corpos não estão

separados, mas são uma Unidade Indivisível. E essa compreensão já

faz parte da cura.”

Percebe-se portando que para a cura dos males que atingem o ser humano é

preciso observar o individuo de modo integrado, pois o que afeta uma parte do indivíduo gera

consequências em outras partes. O site Medicina Integrativa diz ainda que,

“O principal objetivo é integrar o psíquico e o somático, que na

realidade nunca estiveram separados, mas que desde dos tempos de

Platão, vêm sendo considerados como duas entidades distintas. Graças

a esse "mal entendido", o homem vem se dissociando e com isso

gerando mal estar e doenças em si, na família e na sociedade.”

Dessa forma é possível entender que o ser humano é afetado pelo ambiente em

que vive e que precisa se adaptar a este ambiente compreendendo o seu ser de modo holístico.

Capítulo 2. Resiliência

A resiliência se mostra uma característica extremamente necessária tanto para o

ser humano quanto para o mundo que o cerca visto que o atual estilo de vida repleto de

cobranças e preocupações causa uma constate sensação de tensão. Ela se mostra assim

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fundamental para uma condição de vida e de trabalho satisfatórios de forma que as

adversidades sejam superadas.

2.1 Conceito de Resiliência

A resiliência pode ser explicada através da capacidade interna que um indivíduo

tem de desenvolver dentro de si características que possibilitam a ele enfrentar dificuldades

agindo de uma maneira de que a situação em que ele se encontra não altere seu emocional, de

modo que ele volte rapidamente a sua anterior condição sem prejudicar as suas atitudes.

Resiliência é uma palavra que provém da Física e que significa no contexto físico

como a propriedade pela qual a energia armazenada em um determinado corpo deformado é

devolvida quando cessa a tensão causadora de uma deformação elástica (Dicionário Aurélio),

ou seja, a capacidade de um corpo voltar ao seu estado normal após ter sofrido uma pressão

que foi removida. Já o dicionário de língua inglesa Longman Dictionary of Contemporary

English define o termo de duas formas. Psicologicamente define o termo como a capacidade

de tornar-se forte, feliz ou bem-sucedido novamente depois de uma situação difícil ou evento.

Já a sua definição física é de que resiliência é a capacidade de uma substância tal como a

borracha para retornar à sua forma original depois de ter sido pressionada ou dobrada.

Segundo o site consultado IGF (Intelect Gerenciamento Financeiro) o conceito de

resiliência:

Em Ciências Sociais, a resiliência é “uma qualidade de resistência e

perseverança da pessoa humana face às dificuldades que encontra”.

Em Medicina, é “a capacidade que o indivíduo tem de resistir, por si próprio

ou por medicamentos, a uma doença, infecção ou intervenção”.

Em Biologia, é “a capacidade que a natureza tem de se reorganizar após

passar por uma situação de devastação”.

Em Psicologia é “a capacidade que o ser humano tem em superar situações

adversas (perdas, estresse, crises) com o mínimo de disfuncionalidade no seu

comportamento, adaptando-se ou ajustando-se à nova situação”.

Atualmente, percebe-se que as pessoas lidam no seu cotidiano cada vez mais com

situações difíceis, e que compete a elas conseguir suportar ou não essas situações.

Acontecimentos internos e externos fazem com que as pessoas sintam-se alarmadas, com uma

sensação de insegurança crescente que se torna cada vez mais definida. É justamente por isso

que a resiliência surge. Para fazer com que os seres humanos busquem dentro de si formas

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para serem flexíveis aos desafios que sempre surgem e se tornem capazes de fazerem as

coisas da forma esperada, para transformarem suas condutas e permanecerem dispostos a

continuar fazendo suas tarefas de rotina.

Segundo Pesce (2004) “compreende-se resiliência como o conjunto de processos

sociais e intrapsíquicos que possibilitam o desenvolvimento de uma vida sadia, mesmo

vivendo em um ambiente não sadio”.

Zimmerman e Arunkumar (1994) apud Dell’Aglio, Koller, Yunes (2006, p.23)

“afirmam que a resiliência e a invulnerabilidade não são termos que se equivalem, ou seja, a

resiliência seria uma habilidade de superar adversidades. Não significa, no entanto, que o

indivíduo saia completamente ileso de determinada situação adversa, como na idéia associada

ao termo invulnerabilidade”.

Dell’Aglio et al (2006) aponta que o enfoque da resiliência é estudar as situações

que levam ao desenvolvimento humano sadio e positivo. Dessa forma quando consideramos

que o ser humano atua em um ambiente que está repleto de condições estressantes e adversas,

maior será o desenvolvimento de habilidades que o favorecerá. Assim além de compreender

as situações e os fatores de risco, os estudos sobre a resiliência permitiram também que se

pesquisassem formas de diminuir as implicações provenientes de tais circunstâncias a fim de

mostrar que o ser humano não está reprimido a um ciclo sem saída.

Assim Ryff (1998) considera que a resiliência pode ser entendida como a

capacidade do ser humano de se manter bem, restaurar-se, podendo até, obter sucesso frente

às adversidades.

2.2 Perspectiva histórica do termo

Segundo Dell’Aglio et. al (2006) historicamente falando, a noção de resiliência

vem sendo empregada já a bastante tempo pela física e pela engenharia, sendo um de seus

precursores o cientista inglês Thomas Young, que em 1807, considerando tensão e

deformação, introduz pela primeira vez a noção de módulo de elasticidade. Young descrevia

experimentos sobre tensão e compressão de barras, buscando a relação entre a força que era

aplicada num corpo e a deformação que essa força produzia. Esse cientista foi também o

pioneiro na análise dos estresses causados pelo impacto, tendo elaborado um método para o

cálculo dessas forças (Timosheibo, 1983) apud (YUNES, 2003, p.77).

Segundo Infante (1997),

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Um dos primeiros elementos que aparecem na literatura desses

últimos anos é o acordo explícito, entre os especialistas em

resiliência, de que existem duas gerações de pesquisadores

(Masten, 1999; Luthar e outros, 2000; Luthar e Cushing, 1999;

Kaplan, 1999). A primeira, nos anos 1970, se pergunta: “Entre

as crianças que vivem em risco social, o que distingue os que se

adaptam positivamente dos que não se adaptam à sociedade?”

(Luthar, 1993, em Kaplan, 1999).

Pesquisas como esta buscam identificar os fatores de risco e de resiliência que

influenciam no desenvolvimento de crianças que se adaptam positivamente, apesar de

viverem em condições de adversidade. Segundo Infante (1997) um marco nessa primeira

geração é o estudo longitudinal de Emmy Werner e Ruth Smith (1992) em Kauai, Havaí.

Neste estudo,

“Foram estudadas 505 pessoas, durante 32 anos, do período pré-natal,

em 1955, até a vida adulta. O estudo consistiu em identificar, em um

grupo de indivíduos que viviam em condições de adversidade

similares, os fatores que diferenciavam os que se adaptavam

positivamente à sociedade daqueles que assumiam condutas de risco.

No desenvolvimento histórico dessa primeira geração, começa-se a

ampliar o foco de pesquisa, que se desloca de um interesse em

qualidades pessoais, que permitiriam superar a adversidade (como a

auto-estima e autonomia) para um interesse maior em estudar os

fatores externos ao indivíduo (nível socioeconômico, estrutura

familiar, presença de um adulto próximo). A maioria dos

pesquisadores dessa geração se identificou com o modelo triádico de

resiliência, que consiste em organizar os fatores resilientes e de risco

em três grupos: os atributos individuais, os aspectos da família e as

características dos ambientes sociais a que as pessoas pertencem”

(Infante, 1997).

A segunda geração de pesquisadores começou a publicar nos anos 1990, se

pergunta: “Quais são os processos associados a uma adaptação positiva, já que a pessoa viveu

ou vive em condições de adversidade?”. O foco de pesquisa desta segunda geração retoma o

interesse da primeira em entender que fatores estão presentes nos indivíduos com alto risco

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social, que se adaptam de modo positivo à sociedade, ao que acrescentam o estudo da

dinâmica entre fatores que estão no alicerce da adaptação resiliente. De acordo com Infante

(1997) dos “pesquisadores pioneiros na noção dinâmica de resiliência, Michael Rutter (1991)

propôs o conceito de mecanismos protetores e Edith Grotberg (1993) formulou o conceito

que, como veremos, dá base ao Projeto Internacional de Resiliência (PIR)”.

Michael Rutter (1991, em Infante, 1997) entende resiliência:

Como uma resposta global em que estão em jogo os mecanismos de

proteção, entendendo por estes não a valência contrária aos fatores de

risco, mas aquela dinâmica que permite ao indivíduo sair fortalecido

da adversidade, em cada situação específica, respeitando as

características pessoais.

Segundo Infante (1997) Edith Grotberg foi precursora na noção dinâmica da

resiliência, já que em seu estudo PIR define que esta requer a interação de fatores resilientes

advindos de três diferentes níveis: suporte social (eu tenho), habilidades (eu posso) e força

interna (eu sou e eu estou). Dessa forma, apesar de organizar os fatores de resiliência num

modelo triádico, incorpora como elemento essencial a dinâmica e a interação entre esses

fatores.

Infante (1997) relata que dessa segunda geração autores mais recentes como

“Luthar e Cushing (1999), Masten (1999), Kaplan (1999) e Benard

(1999), que entendem resiliência como um processo dinâmico em que

as influências do ambiente e do indivíduo interatuam em uma relação

recíproca, que permite à pessoa se adaptar, apesar da adversidade. A

maioria dos pesquisadores, pertencentes a essa geração, simpatiza

com o modelo ecológico-transacional de resiliência, que tem suas

bases no modelo ecológico de Bronfenbrenner (1981). A perspectiva

que norteia o modelo ecológico-transacional de resiliência consiste em

o indivíduo estar imerso em uma ecologia determinada por diferentes

níveis, que interatuam entre si, exercendo uma influência direta em

seu desenvolvimento humano. Os níveis que formam o marco

ecológico são: o individual, o familiar, o comunitário (vinculado aos

serviços sociais), e o cultural (vinculado aos valores sociais). Ao

decifrar esses processos dinâmicos de interação entre os diferentes

níveis do modelo ecológico, poder-se-á entender melhor o processo

imerso na resiliência. Consequentemente, o desafio dessa geração de

pesquisadores é a identificação dos processos da base da adaptação

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resiliente, que permitirá avançar na teoria e na pesquisa, além de

possibilitar a criação de estratégias programáticas dirigidas a

promover resiliência e qualidade de vida.”

2.3 Características da pessoa resiliente

Resiliência refere-se ao processo que age na presença do risco e através do qual

decorre efeitos tão bons ou ainda melhores do que os alcançados na falta de risco. Assim,

pessoas consideradas resilientes são aquelas que ao invés de fugirem ao risco, evidenciam boa

adequação frente a ele (Cowan, Cowan & Schulz, 1996).

Os primeiros pesquisadores que se dedicaram ao estudo da resiliência

apresentando-a como um fator que levava os indivíduos que viviam em circunstâncias

desfavoráveis a um bom desenvolvimento foram Pesce, Assis, Avanci, Malaquias e Oliveira

(2005). Eles estudaram o desenvolvimento infantil e do adolescente analisando a relação da

resiliência com acontecimentos de vida desfavoráveis e fatores de proteção. A amostra do

estudo realizado por eles foi de 997 adolescentes escolares da rede pública de ensino de São

Gonçalo/RJ. Como medida de resiliência utilizou-se a Escala de Resiliência desenvolvida por

Wagnild e Young (1993). Para medir eventos de vida os pesquisadores Pesce, Assis, Avanci,

Malaquias e Oliveira (2004) utilizaram escalas de violência física e psicológica, itens de

violência na escola e na localidade, violência entre irmãos e entre pais, e violência sexual

entre outros. Como fatores de proteção utilizou-se: Escala de Apoio Social de Shebourne e

Stewart, Escala de Auto-Estima de Rosemberg, itens abordando supervisão familiar,

relacionamento com amigos e professores. Os eventos de vida negativos não apresentaram

relação com a resiliência, enquanto os fatores de proteção mostraram-se todos correlacionados

com o constructo (Pesce et al., 2004).

Inicialmente caracterizada através de resultados positivos ou com base em traços

de personalidade, a resiliência é, atualmente, definida como um processo que conglomera

particularidades individuais (auto-estima e auto-eficácia) bem como fatores sociais, como a

rede de apoio social e a coesão familiar (Hardy, 2004 apud Couto, 2005).

Quanto às características individuais, a perspectiva no indivíduo é evidente, já que

conforme Couto (2005), é válido dizer que a resiliência refere-se a variações individuais, num

sentido positivo, em resposta ao risco. Dessa forma, algumas pessoas são afetadas

negativamente pelo estresse e adversidades enquanto outros conseguem lidar de maneira

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satisfatória com eles. Porém não se pode atribuir a resiliência como uma característica

inalterável do ser humano. A mesma pessoa pode ter uma reação favorável a certa

adversidade em determinado período de sua história e, em outro, não conseguir fazê-lo

alcançando, dessa forma, resultados negativos (Rutter, 1987 apud Couto, 2005). Assim o foco

no indivíduo procura identificar resiliência a partir de características pessoais, como sexo,

temperamento e background genético (DELL’ AGLIO, KOLLER, YUNES, 2006).

De acordo com Couto (2005),

“o julgamento que o indivíduo faz de suas capacidades para a

realização de tarefas em diferentes domínios (cognitivo,

comportamental, etc.) foi definido por Bandura (1997) como auto-

eficácia. Para o autor, a auto-eficácia tem um papel fundamental na

produção de competências. Assim, de acordo com as variações nas

crenças de auto-eficácia, indivíduos com as mesmas competências, ou

o mesmo indivíduo em contextos diversos, podem ter diferentes

resultados na realização de uma tarefa. Assim, para Bandura, o

funcionamento efetivo requer não só competências, mas crenças de

auto-eficácia para usá-las bem. Um baixo senso de auto-eficácia, desta

forma, leva a auto-avaliações negativas que afetam o funcionamento

cognitivo e comportamental.”

A diferença está em como o indivíduo reage. A vivência de algo negativo nos

ensina a reagir de forma diferente e mais serena caso o mesmo evento venha a se repetir, o

que faz com que não tenhamos as mesmas reações. E não iremos tê-las porque nos

reajustamos e aprendemos a reagir de forma mais inteligente para não chegarmos, novamente,

a um estado de espírito abatido.

O Dr.Alberto D’Auria fornece o seguinte exemplo: “um indivíduo submetido a

situações de crises, estresse ou perdas e que sabe vencer sem lesões severas (rachaduras) é um

resiliente. Já aquele (a) que não possui resiliência é chamado (a) “homem ou mulher de

vidro”, que se “quebra” ao ser submetido a pressões e situações estressantes. A idéia de

resiliência pode ser comparada às modificações da forma de uma bexiga parcialmente inflada:

se comprimida, adquirindo as formas mais diversas e retornando ao seu estado inicial após a

remoção das pressões exercidas sobre a mesma”.

Já Tavares, J. (2001), define resiliência como “a capacidade de responder de

forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade

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de recuperação diante de desafios e circunstâncias desfavoráveis, obtendo uma atitude

otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio dinâmico durante e após os

embates”.

Deste modo, resiliência é a disposição que o indivíduo possui em saber lidar com

pressões e situações difíceis e adversas, sem prejuízo de sua saúde física e de seu equilíbrio

emocional. Quem é resiliente consegue recuperar-se após vencer cada desafio. E, quanto mais

resiliente é a pessoa, menor será o índice de doenças e maior será seu desenvolvimento

pessoal.

Resiliência significa equilíbrio entre tensão e capacidade de lutar, além de servir

de aprendizado para estarmos preparados quando outra situação adversa acontecer. Pessoas

resilientes abrem-se para outro nível de consciência.

Hoje em dia, várias organizações têm provido ferramentas e treinamentos nesta

área, pois aquele colaborador que não desenvolve a resiliência poderá apresentar queda de

produtividade e desenvolvimento de doenças. Com isto, todos os colaboradores e gestores

terão a oportunidade de aumentar o conhecimento de si mesmos, mudar suas respostas, tanto

comportamentais como emocionais, atenuando a ansiedade e o estresse diante das

adversidades e aumentando sua confiança quando incertezas se fizerem presentes.

Para Frederic Flach (1991), as características da pessoa resiliente são:

capacidade de aprender;

auto-respeito;

criatividade na solução de problemas;

habilidade em recuperar a auto-estima quando diminuída ou temporariamente

perdida;

independência de espírito: autonomia;

liberdade e interdependência;

habilidade de fazer e manter amigos;

disposição para sonhar;

bom senso de humor;

grande variedade de interesse.

Já, para Eduardo Camello (2004), são resilientes as pessoas que possuem uma combinação

das seguintes qualidades:

são bastante confiantes: acreditam em si mesmos e naquilo que são capazes de

fazer;

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gostam e aceitam mudanças: encaram as situações de estresse e adversidades

como desafios a serem sempre superados;

têm baixa ansiedade e alta extroversão: são abertos a novas experiências e

formas de fazer as coisas. Nunca desanimam:

têm autoconhecimento e auto-estima positivos: conseguem administrar seus

sentimentos e suas emoções em ambientes imprevisíveis e emergenciais;

são emocionalmente inteligentes: conhecem suas emoções, sabem administrá-

las, conseguem automotivar-se, reconhecem emoções em outras pessoas e sabem manejar

relacionamentos;

são altamente criativos: procuram constantemente por inovações. Não se

conformam com a monotonia;

dispõem de uma eficaz capacidade de resposta: mantêm altos níveis de clareza,

concentração, calma e orientação frente a uma situação adversa.

2.4 Escala de Resiliência

A Escala de Resiliência foi desenvolvida por Wagnild e Young (1993). Este é um

dos poucos instrumentos usados para medir níveis de adaptação psicossocial positiva face a

eventos de vida adversos.

Possui 25 itens descritos de forma positiva com respostas tipo Likert de sete

pontos: 1 (discordo totalmente) e 7 (concordo totalmente). Os valores totais são obtidos por

somatório dos valores das respostas obtidas e podem variar entre 25 a 175, onde valores altos

equivalem à elevada resiliência.

O estudo da “Adaptação transcultural, confiabilidade e validade da escala de

resiliência” foi realizado por Pesce, Assis, Avanci, Malaquias e Oliveira (2005).

Na escala inicial os itens estão divididos em três fatores. O fator I, denominado de

“competências pessoais” contem 17 itens, que sugerem autoconfiança, independência,

determinação, invencibilidade, controle, desenvoltura e perseverança.

Os oito itens do fator II, denominado de “aceitação de si mesmo e da vida”

representam adaptabilidade, equilíbrio, flexibilidade e perspectiva de vida equilibrada.

Na adaptação os itens foram distribuídos da seguinte forma: o fator I agrupou sete

itens de competência pessoal e sete de aceitação de si mesmo e da vida; no fator II apenas

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dois dizem respeito a competências pessoais e os outros quatro dizem respeito à aceitação de

si mesmo e da vida, o fator III agrupou cinco itens de competência pessoal.

A validade de critério foi estabelecida através de estudos da correlação com outras

escalas tais como: Escala de auto-estima de Rosenberg, Escala de Satisfação de Vida, Escala

de Apoio Social e Escala de Violência Psicológica.

O questionário de resiliência desenvolvido pelos pesquisadores encontra-se no

anexo A.

2.5 Resiliência Planetária

Aos poucos a sociedade começa a perceber que os problemas ambientais são

problemas de relevância planetária já que afeta todos os habitantes do planeta. O grande

causador destes problemas é o próprio ser humano que não planejou o desenvolvimento de

forma sustentável, mas sim exauriu os recursos naturais e degradou o meio ambiente. A

população deve começar a agir de forma a garantir um planeta que propicie qualidade de vida

as futuras gerações mudando alguns comportamentos prejudiciais ao planeta, buscando fazê-

lo de modo a não perder os benefícios adquiridos ao longo do processo evolutivo do homem.

Segundo Soglio (2008),

“Como qualquer outra espécie, a nossa espécie está causando

mudanças nos nossos meios e ao mesmo tempo recebendo a pressão

dessas mudanças. A capacidade das espécies de adaptação ao meio, de

resistência às suas mudanças, ou mesmo de recuperação após as

catástrofes naturais (resiliência), são chaves para a sobrevivência ou

extinção das mesmas. No caso da espécie humana, temos condições de

avaliar nossos caminhos, e eles apontam para diferentes direções de

mudanças no Planeta. Em algumas das direções podemos até nos

adaptar, porém em outras somos ameaçados de extinção. Todavia,

temos que utilizar nossa capacidade de reflexão sobre o futuro para

decidir por onde ir, e como fazer para minimizar nossos riscos e

maximizar nossas chances no futuro.”

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Para evitar a degradação do planeta deve-se capacitar as pessoas de modo que elas

optem por fazerem escolhas sustentáveis. Escolhas individuais podem afetar de forma global,

devido a globalização e as pressões por recursos naturais.

O Relatório do Painel de Alto Nível do Secretário-Geral das Nações Unidas Sobre

Sustentabilidade Global lembra que,

[...] o problema não se limita às escolhas não sustentáveis, mas

principalmente à falta de escolhas. A verdadeira escolha só será

possível quando os direitos humanos, necessidades básicas, segurança

e resiliência humanas forem garantidos. As áreas prioritárias de ação

incluem:

Cumprimento dos princípios fundamentais do

desenvolvimento: compromissos internacionais para erradicar

a pobreza, promover os direitos humanos e a segurança

humana e avançar a igualdade de gênero;

Promover a educação para o desenvolvimento sustentável,

inclusive educação secundária e vocacional, e capacitação

para ajudar a assegurar que toda a sociedade possa contribuir

para soluções para os desafios atuais e aproveitem as

oportunidades;

Criar oportunidades de emprego, especialmente para mulheres

e jovens, para fomentar um crescimento verde e sustentável;

Capacitar os consumidores para fazerem escolhas sustentáveis

e promover o comportamento responsável de maneira

individual e coletiva;

Gerenciar os recursos e possibilitar uma revolução verde do

século XXI: agricultura, oceanos e sistemas costeiros, energia

e tecnologia, cooperação internacional;

Construir resiliência por meio de redes sólidas de segurança,

redução de risco de desastres e planos de adaptação.

É possível mudar o panorama atual, basta que a sociedade se mobilize em prol de

uma recuperação dos recursos do planeta e se preocupe com o desenvolvimento do mundo de

modo sustentável, atendendo as suas necessidades, mas também preservando o ecossistema e

a biodiversidade que a cerca.

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Capítulo 3. Qualidade de vida no trabalho

No cenário atual no qual as empresas se encontram onde mudanças são

constantes, a troca de informações deve ser veloz, a busca pela vantagem competitiva para

atender clientes cada vez mais exigentes é uma realidade, as organizações devem

compreender que o grande diferencial é promovido pela sua força de trabalho que deve ser

percebida como o seu principal ativo, pois são essas pessoas que detém o capital intelectual

que nenhuma máquina é capaz de substituir.

Dessa forma os trabalhadores devem ser motivados a empregarem o seu potencial

da melhor forma possível e se sentirem confortáveis para isso, atendendo as suas expectativas

com o trabalho e a empresa. Para isso a abordagem do tema da qualidade de vida no trabalho

é de grande importância para as organizações, já que ela busca motivar e satisfazer as

necessidades de seus colaboradores, gerando assim resultados positivos para todos os

stakeholders da empresa.

3.1 Conceito de qualidade de vida no trabalho

Cada vez mais a qualidade de vida no trabalho se faz necessária e exigida para a

escolha seja da empresa ou da profissão pelo trabalhador. Inserido em um mundo do trabalho

que passou por grandes modificações e ainda está constantemente sendo transformado o

trabalhador busca um emprego que não seja estressante e que ele possa sentir prazer ao

executá-lo.

A qualidade de vida no trabalho pode ser definida segundo França (1996) como o

conjunto das ações de uma empresa que tem como objetivo implantar melhorias e inovações

gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho.

3.2. Evolução histórica do conceito de qualidade de vida no trabalho

O tema da qualidade de vida no trabalho é uma preocupação que provém dos

tempos mais remotos, onde o homem tem buscado desenvolver artefatos, ferramentas e

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métodos que possibilitem minimizar os desgastes decorrentes do trabalho e/ou mesmo torná-

lo mais prazeroso.

Quando então ocorre a Revolução Industrial o homem que trabalhava no campo

ou como artesão em uma corporação passa a produzir produtos manufaturados, passando

então a maior parte de sua existência em seus locais de trabalho, empregando sua energia,

força e esforços para as organizações. Ou seja, o tempo destinado a famílias e amigos que eles

possuíam quando trabalhavam no campo se tornou escasso, já que as jornadas de trabalho

eram bastante longas.

A Revolução Industrial também acarretou a formação dos grandes centros urbanos

que ficavam em sua maioria ao redor das grandes áreas de produção, causou a modernização

das máquinas, a evolução das relações trabalhistas e a ampliação dos mercados de trabalho e

consumo suscitando uma grande mudança no modo de viver das pessoas, que se por um lado

passaram a ter mais oferta de emprego e ter a sua disposição mais objetos de consumo por

outro lado os empresários passaram a exigir dos trabalhadores uma melhor qualificação

profissional, causando assim desigualdades de acesso a emprego. Além disso, a

implementação de políticas públicas referentes à urbanização, economia, saúde e o avanço da

degradação do meio ambiente e poluição, interferiram significativamente na qualidade de vida

da população.

Em meio a esses fatos com o crescimento das empresas industriais, aparece a

necessidade de se encontrar formas e métodos para aumentar cada vez mais a produção. A fim

de encontrar soluções para elevar a capacidade produtiva Frederick Taylor iniciou estudos na

administração das tarefas, fragmentando-as. Esse estudo consistia em não permitir que o ser

humano pensasse, mas sim fosse capaz de executar tarefas repetitivas e constantes de forma

que ele atuasse apenas como parte de uma máquina, e que fosse controlado pelo ritmo de

trabalho a que lhe era conferido. Porém essa forma de tratamento conferida aos trabalhadores

não o deixavam satisfeitos.

Surgiu então um movimento de valorização das relações humanas no trabalho a

partir da constatação da necessidade de considerar a relevância dos fatores psicológicos e

sociais na produtividade, diante das insatisfações dos trabalhadores pelo ritmo e controle de

trabalho a que estavam sendo submetidos. O principal estudioso desse movimento foi o

psicólogo Elton Mayo.

No fim da década de 1920 Elton Mayo inicia seus estudos sobre as Relações

Humanas. Esses estudos tem início no bairro de Hawthorne em Chicago nos Estados Unidos,

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onde Mayo chefiou uma experiência com um grupo de operárias na fábrica da Western Eletric

Company. O objetivo inicial da pesquisa era verificar a tese de que aumentando a

luminosidade do ambiente de trabalho, a produtividade também aumentaria. Para isso, foram

formados dois grupos de moças, um grupo experimental e um grupo de controle, que

trabalhavam na montagem de componentes telefônicos. Entretanto os primeiros resultados

mostraram que não havia relação entre produção e nível de luminosidade já que quando foi

elevado o nível de luminosidade no ambiente do grupo experimental a produtividade

aumentou em ambos e espantosamente quando a luminosidade foi reduzida na sala do grupo

experimental a produtividade aumentou novamente nos dois os grupos. Percebeu-se então que

as operárias aparentemente agiam de acordo com o que imaginavam fosse ser a ação

pretendida pelos pesquisadores.

Elton Mayo juntamente com os seus colaboradores começaram então a estudar em

uma segunda fase os efeitos provocados pela alteração de várias condições de trabalho na

produtividade do grupo, tais como os efeitos gerados por alteração na temperatura, mudanças

de horários ou introdução pausas durante o período de trabalho, além de observarem também

a fadiga no trabalho. Um grupo formado por 6 moças constituindo o grupo experimental. Elas

foram colocadas em uma sala que era separada apenas por uma divisória de madeira do

restante do departamento que formava o grupo de controle. Esta fase da pesquisa foi dividida

em doze períodos experimentais, onde foram analisadas as alterações de produtividade

decorrentes das novidades a que eram submetidas o grupo experimental.

As moças participantes da experiência eram avisadas quanto as modificações a que seriam

submetidas, assim como dos objetivos da pesquisa e dos resultados obtidos. Durante os dozes

períodos experimentais analisados percebeu-se que a produção apresentou pequenas

alterações, por isso não se obteve os resultados esperados. Ou seja, novamente como no

estudo com a iluminação havia um fator que não podia ser explicado. Com isso os

pesquisadores então chegaram a conclusão de que o grupo experimental gostava de trabalhar

na sala de provas porque lá elas trabalhavam com maior liberdade já que a supervisão não era

severa como na sala de montagem onde trabalhavam na sua rotina, o supervisor agia como um

orientador. Com isso as moças trabalhavam em um ambiente sem pressões e com uma maior

interação interpessoal já que a conversa era permitida, o que também fez com que o

sentimento de equipe surgisse entre elas, assim como o desenvolvimento de objetivos

comuns, como o de aumentar o ritmo de produção, apesar da solicitação dos pesquisadores de

que o trabalho continuasse a ser feito normalmente.

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Com o objetivo de descobrir os motivos que levavam os funcionários a adotar

posturas tão diversas nos seus departamentos e na sala de provas foi criado um programa de

entrevistas, onde todos os funcionários da empresa seriam entrevistados anualmente. A maior

parte dos supervisores foi incluída no programa como entrevistadores que poderiam então

conhecer o que os seus subordinados almejavam e quais problemas os incomodavam. Esse

programa de entrevistas ocasionou no aumento da produtividade já que eles se sentiam

valorizados e na melhora da supervisão que passou a observar os interesses dos funcionários.

Os pesquisadores concluíram com esse programa que os fatores psicológicos influenciavam

de modo expressivo o desempenho dos funcionários. Percebeu-se também que a união da

equipe de trabalho motivava os resultados de produção de cada membro da equipe, pela

influência de uma organização informal dos operários que se mantinham unidos através de

uma espécie de laço de lealdade entre si a fim de zelar pelo seu bem estar e se resguardarem

das ameaças da administração. Porém por vezes os funcionários desejavam ser leais a

empresa também. Isso poderia trazer certa inquietação e possível descontentamento por parte

do funcionário que se sentiam divididos entre o grupo e empresa.

Os pesquisadores então para estudar a relação entre a organização informal dos

operários e a organização formal da fábrica constituíram um grupo experimental formado por

nove operadores, nove soldadores e dois inspetores, todos da montagem de terminais para

estações telefônicas, que foram postos em uma sala específica com as mesmas condições de

trabalho do departamento. Dentro da sala ficava um observador e do lado de fora ficava um

entrevistador que de vez em quando entrevistava os funcionários do grupo experimental. O

plano de remuneração era conforme a produção do grupo, o salário variava de acordo com a

produção, ou seja, um salário mínimo horário, para o caso de paradas na produção e havia um

salário hora com base em inúmeros fatores, caso a produção total aumentasse os salários

também seriam elevados. A expectativa da experiência era a de que o funcionário visaria

apenas o seu interesse financeiro e de que aqueles que possuíssem maior agilidade no seu

número de produção acabariam pressionando os seus colegas de trabalho a produzirem mais.

Contudo os pesquisadores observaram que apesar da pressão surtir certo efeito já que os

membros do grupo se sentiam impelidos a serem nem demasiado e nem pouco produtivo, mas

sim produzirem numa proporção que os fizessem aceitos no grupo, o fato mais relevante

observado foi a solidariedade grupal que os trabalhadores apresentavam onde caso houvesse

uma delação por parte de um membro da equipe ou alguma ação que prejudicasse alguém do

grupo ele passaria a ser visto como um traidor. Concluíram, portanto que o plano de

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remuneração era menos importante para o trabalhador do que a sua segurança e o sentimento

de pertencer a um grupo e ser aceito por este.

Esta experiência feita em Hawthorne e que foi batizada também com este nome

foi um marco fundamental no enfoque comportamental na administração e ocasionou na

constatação de Elton Mayo e seus colaboradores de que a colaboração humana é determinada

antes pela organização formal do que pela organização formal e que os funcionários são mais

estimulados por incentivos psicológicos e sociais do que por estímulos econômicos. A fadiga,

por exemplo, não pode ser considerada apenas de origem física, mas também psicológica. A

produtividade por sua vez pode estar relacionada com a atenção que estava a sendo dada às

pessoas.

A seguir uma tabela comparativa (Tabela 3) entre as Teorias Clássica versus

Relações Humanas, onde evidencia-se a importância que as pessoas passaram a ter para as

organizações com o passar do tempo.

Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas

Trata a organização como uma máquina Trata a organização como um grupo de

pessoas

Enfatiza as tarefas ou a tecnologia Enfatiza as pessoas

Inspirada em sistemas de engenharia Inspirada em sistemas de psicologia

Autoridade centralizada Delegação plena de autoridade

Linhas claras de autoridade Autonomia do empregado

Especialização e competência técnica Confiança e abertura

Acentuada divisão do trabalho Ênfase nas relações humanas entre as pessoas

Confiança nas regras e nos regulamentos Confiança nas pessoas

Clara separação entre linha e staff Dinâmica grupal e interpessoal

Tabela 3: Teoria Clássica versus Teoria das Relações Humanas

FONTE: Portal ADM

Segundo Maximiano (2004, pág. 238), o tema central da Escola das Relações

Humanas é o comportamento coletivo nas organizações, ou seja, a percepção do funcionário

como um indivíduo que pertence a um grupo de trabalho. A Escola das Relações Humanas

teve como ênfase as pessoas, com o estudo do comportamento humano nos ambientes sociais

e de trabalho. Partindo desses pressupostos, surgiu a Teoria Comportamental ou

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Behaviorismo, tratando de assuntos relacionados aos fenômenos da motivação humana

(MUSSETI, 2002) apud (FERREIRA, 2006).

Na mesma época dos estudos sobre a Teoria das Relações Humanas surgem

estudos a cerca do comportamento que geralmente é investigado pelos métodos utilizados

pela ciência chamada Análise do Comportamento, onde o comportamento é definido por meio

da análise de estímulos e respostas. Estes estudos ficam conhecidos como Teoria

Comportamental ou Behaviorismo.

O Behaviorismo surgiu nos Estados Unidos da América, no início do século XX,

e teve como um de seus principais precursores John Broadus Watson. Segundo Carrara

(1998),

“Na época, a comunidade científica, sobretudo a norte-americana,

demandava uma maior objetividade nos estudos do comportamento

humano e vários pesquisadores tentaram elaborar uma forma de

Psicologia que atendesse a essa demanda. Woodworth (em 1899),

Pierón (em 1904) e Cattel (no Congresso de Artes e Ciências de Saint

Louis em 1904) são alguns exemplos. Em 1911, Max Meyer,

considerado um dos precursores mais diretos do Behaviorismo,

publicou “The fundamental laws of human behavior”.

Após Watson, o mais importante behaviorista foi B. F. Skinner que teve como

principal preocupação o estudo da ciência a fim de que o desenvolvimento de termos e

conceitos permitissem explicações verdadeiramente científicas e não apenas o estudo

utilizando os métodos das ciências naturais como os seus antecessores.

Também merecem destaques os estudos desenvolvidos por Herzberg (1968) e por

Maslow (1977).

Teoria de Frederick Herzberg foi, desde o início, baseada no estudo das atitudes e

motivações dos funcionários dentro de uma organização. A Teoria de Herzberg, também

conhecida como Teoria dos dois fatores foi formulada e desenvolvida por Frederick Herzberg,

a partir de entrevistas feitas com 200 engenheiro e contadores da indústria de Pittsburgh. As

entrevistas buscavam identificar quais as consequências de certos tipos de acontecimentos na

vida profissional dos entrevistados, tendo em vista a determinação de fatores que os levaram a

se sentirem muito felizes e aqueles que os fizeram sentirem-se infelizes na situação de

trabalho. Os fatores que agradavam ao funcionário foram chamados de Motivadores. Aqueles

que desagradavam levaram o nome de fatores de Higiene.

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36

Os fatores higiênicos referem-se: às condições que cercam o empregado enquanto

ele trabalha, considerando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os

benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão recebido, o clima

organizacional, etc., ou seja, o seu ambiente externo. Geralmente os fatores mencionados são

utilizados pelas empresas para obter motivação dos empregados. Herzberg considera que

esses fatores higiênicos quando são ótimos eles apenas evitam o descontentamento do

funcionário, por serem bastante limitados em sua capacidade de influenciar os seus

comportamentos. A expressão “higiene” foi eleita por Herzberg por justamente refletir seu

caráter preventivo e profilático.

Os fatores motivacionais referem-se: aos fatores intrínsecos, já que estão

relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa.

Dessa forma, os fatores motivacionais intimamente ligados ao nível de satisfação que o

trabalhador tem em relação ao seu cargo e as suas tarefas, que afetará a forma que os

sentimentos de crescimento individual e de reconhecimento profissional serão percebidos

pelos trabalhadores.

Os estudos de Herzberg levaram a conclusão que a satisfação no cargo é função

do conteúdo ou atividades desafiadoras e estimulantes do cargo e que a insatisfação no cargo

é função do ambiente, da supervisão, dos colegas, e do contexto geral do cargo.

Abraham H. Maslow, psicólogo e consultor americano, apresenta uma teoria da

motivação segundo a qual as necessidades humanas estão dispostas em níveis, numa

hierarquia de importância e influência, onde as necessidades de nível mais baixo devem ser

satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Para atingir a auto-realização o indivíduo

deve "galgar" a sua hierarquia de necessidades. Nessa hierarquia das necessidades (pirâmide

de Maslow), encontram-se cinco níveis de necessidades, subdivididas em: necessidades

primárias (necessidades fisiológicas e necessidades de segurança) e necessidades secundárias

(necessidades sociais, necessidade de estima e necessidades de auto-realização). Os cinco

níveis de necessidades são:

necessidades fisiológicas (básicas): fome, sede, sono, sexo, excreção, abrigo;

necessidades de segurança: abrange desde o sentir-se seguro dentro de uma

casa até a segurança de um emprego estável, de um plano de saúde, etc.;

necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimento de pertencer a um

grupo;

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necessidades de estima: depende da forma como a pessoa se avalia, que passam

por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos

outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;

necessidades de auto-realização: onde o indivíduo procura tornar-se aquilo que

ele pode ser, busca desenvolver o seu potencial.

Dessa forma quando alguém passa por algum problema que se enquadra em um

nível mais baixo da pirâmide, a motivação por um meio da tentativa de satisfação de uma

necessidade em um nível mais acima na pirâmide não surtirá efeitos de satisfação, posto não

ser o adequado no momento para aquele caso..

Do mesmo modo, um profissional que atingiu uma posição elevada na pirâmide

de necessidades também não ficará muito animado com a idéia de uma pequena gratificação

em um nível mais abaixo na pirâmide.

Pode-se observar melhor o agrupamento dessas necessidades de acordo com a

Figura 1, que ilustra a hierarquia das necessidades de Maslow:

Figura 1 – Hierarquia das necessidades de Maslow

3.3. Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho

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Para demonstrar os fatores que afetam a qualidade de vida no trabalho foram

desenvolvidos modelos de indicadores de qualidade de vida. Exemplos de pesquisadores que

criaram modelos de indicadores a fim de evidenciar os fatores que influenciam qualidade de

vida no trabalho são Nadler e Lawler, Hackman e Oldhan.

Nadler e Lawler afirmam que a variável qualidade de vida no trabalho deveria ser

claramente definida em um conceito que expressasse o seu real significado, abrangendo

assim, os benefícios e as condições para que esta produza os resultados almejados.

Chiavenato (1999) apud Cavassani, Cavassani e Biazin (2006),

[...] descreve que para Nadler e Lawler, a QVT está

fundamentada em quatro aspectos:

• Participação dos funcionários nas decisões.

• Reestruturação do trabalho através do enriquecimento das

tarefas e de grupos autônomos de trabalho.

• Inovação no sistema de recompensas para influenciar o clima

organizacional.

• Melhoria no ambiente de trabalho quanto às condições físicas e

psicológicas, horário de trabalho etc.

Para Hackman e Oldhan, as dimensões do cargo são fundamentais na QVT, visto

que com uma alta motivação interna, alta satisfação no trabalho e um bom desempenho o

trabalhador se sentirá mais entusiasmado com o seu emprego.

Para Freitas e Souza (2008),

“Este modelo propõe que resultados positivos pessoais e do

trabalho são obtidos quando três estados psicológicos críticos‟

(percepção da significância do trabalho, percepção da

responsabilidade pelos resultados e conhecimento dos reais

resultados do trabalho) estão presentes para um certo

trabalhador.”

Hackman e Oldhan definiram variáveis a fim de estudar qual o potencial

motivador de uma tarefa em função de seus atributos e que cria os estados psicológicos

críticos.

As variáveis baseadas nos cargos são segundo Chiavenato (1999, p.392) apud

Cavassani, Cavassani e Biazin (2006),

“• Variedades de habilidades: o cargo exercido deve exigir

várias e diferentes habilidades e conhecimento.

• Identidade da tarefa: ressalta a importância do indivíduo sobre

as suas tarefas, o trabalho deve ser realizado do inicio ao fim,

para que este perceba que produz um resultado palpável.

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39

• Significado da tarefa: a pessoa deve ter uma clara percepção de

que forma o seu trabalho produz conseqüência e impactos sobre

o trabalho dos demais.

• Autonomia: defende-se a responsabilidade pessoal para

planejar e executar as tarefas e independência para desempenhá-

las. Um exemplo seria a prática de gerência por objetivos, pois

proporciona um papel importante aos trabalhadores no

estabelecimento de seus próprios objetivos e na busca de planos

para conseguí-los, DAVIS e NEWSTROM (1992).

• Feedback: refere-se às informações, pode ser dividido em

retroação do próprio trabalho e retroação extrínseca.

• Retroação do próprio trabalho: os superiores devem

proporcionar informação de retorno para que o próprio

indivíduo possa avaliar o seu desempenho.

• Retroação extrínseca: deve haver um retorno dos superiores

hierárquicos ou cliente a respeito do desempenho de sua tarefa.

A idéia do feedback é simples, mas de grande importância para

as pessoas no trabalho, pois através desse retorno é que o

trabalhador poderá fazer uma auto-análise, visando melhorias

em sua conduta profissional.

• Inter-relacionamento: o contato interpessoal do ocupante com

outras pessoas ou clientes devera ser estimulado e

possibilitado.”

Pelos indicadores citados, observa-se a importância dos administradores para a

conscientização da qualidade de vida dos trabalhadores. Por exemplo, no quesito significado

da tarefa depende da visão administrativa em mostrar a importância da tarefa para o executor.

Ou seja, a tarefa pode ser simples, mas de vital importância para o processo e isso ser

entendido pelo executor, o que traz um sentido de satisfação pessoal ao indivíduo no ato de

desempenhar o trabalho que lhe foi designado.

Da mesma forma, o feedback permite ao colaborador avaliar e corrigir as

possíveis falhas na execução das atividades.

Capítulo 4. Pesquisa sobre as Melhores Empresas Para Trabalhar

Com o decorrer do tempo as empresas passaram a compreender a importância da

qualidade de vida no trabalho para a satisfação de seus colaboradores. Isso pode ser percebido

por ser uma das variáveis utilizadas como um dos principais critérios para a eleição das

melhores empresas para se trabalhar. Um dos indicadores da pesquisa da Revista Guia Você

S/A — As Melhores Empresas para Você Trabalhar é o Índice de Qualidade do Ambiente

de Trabalho (IQAT), que vem da percepção do funcionário. A pesquisa levantada pelo

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instituto Great Place to Work (GPTW) e publicada pela Revista Época Edição Especial: As

130 melhores empresas para trabalhar também conta com um indicador sobre o que os

funcionários mais valorizam e aparece como uma das opções a qualidade de vida.

A seguir uma breve explicação a cerca das edições especiais da Revista Você S/A

e da Revista Época, além do funcionamento do levantamento e análise dos dados feitos por

essas revistas.

4.1 Revista Época Edição Especial: As 130 melhores empresas para trabalhar

Segundo dados do site da Revista Época, o guia começou há 16 anos. O guia “As

130 Melhores Empresas para Trabalhar” é produzido após o levantamento feito pelo

instituto Great Place to Work (GPTW). Para a edição de 2012, inscreveram-se 1.013 empresas

– o maior número desde que o estudo começou. Durante meses, o GPTW analisou as políticas

internas dessas empresas (quem podem ser de porte pequeno, médio ou grande), que

empregam juntas 1,8 milhão de funcionários.

4.1.1 Etapas da Pesquisa

As principais etapas do processo são:

Preenchimento do questionário denominado Trust Index pelos funcionários das

empresas inscritas para o processo de seleção;

Preenchimento do questionário denominado Culture Audit pela área de

recursos humanos da empresa inscrita para o processo de seleção;

Visita dos jornalistas da Revista Época às empresa pré-classificadas pelo

GPTW (essa etapa não vale nota, mas caso alguma irregularidade seja percebida a

empresa pode ser desclassificada);

Na última etapa do processo, as equipes da Revista Época e da GPTW fazem

uma reunião para classificar as melhores empresas para trabalhar no país e elabora

duas listas: uma onde lista as melhores para se trabalhar entre as grandes e

multinacionais e outra específica para as melhores para se trabalhar entre as

pequenas e médias empresas.

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4.1.2 Pesos do Guia

A GPTW aponta as empresas que tiveram a melhor pontuação e que integrarão a

lista considerando o questionário que é respondido pelos funcionários e atribuindo a ele um

peso de 67% na média e atribuindo peso de 33% ao questionário respondido pela empresa.

4.1.3. Apresentação da pesquisa

Cada empresa que aparece na lista é acompanhada por uma ficha com

informações importantes e que permitem conhecer em detalhes as vencedoras e compará-las

entre si. Os números e gráficos trazem dados como o faturamento da empresa, porte, estados

onde está presente, a política de remuneração, detalhes sobre o pacote de benefícios e os anos

em que esteve presente no ranking. Os números que aparecem nos gráficos, tabelas e textos

têm como base a data de 30 de dezembro de 2011.

Abaixo o gráfico apresentado na revista.

1) O QUE A EMPRESA TEM DE

ESPECIAL: Os jornalistas produzem o

texto com base em informações coletadas

em entrevistas e na análise dos

questionários dos funcionários e da

empresa. São destacadas características

que revelam detalhes da cultura interna da

organização e do modelo de gestão de

pessoas adotado.

2) PERFIL

O quadro traz informações básicas sobre a

empresa. Como avaliar se ela se encaixa no

seu perfil profissional.

• SETOR

• ANO DE FUNDAÇÃO:

A empresa é tradicional ou está se

consolidando

• FATURAMENTO: É referente ao

ano de 2011

• LOCALIZAÇÃO:

Indica se a empresa tem atuação regional

ou nacional para avaliar chances de

crescimento ou transferência

• CARGOS DE CHEFIA:

Informa o total de posições de liderança na

empresa

• HOMENS X MULHERES:

Mostra o numero de homens e mulheres

que trabalham na empresa e o percentual

de acordo com o gênero em cargos de

chefia

3) DEMOGRAFIA E

MOVIMENTAÇÃO

• FAIXA ETÁRIA:

Um equilíbrio entre pessoas de idades

variadas indica que a empresa não faz

distinção na hora de contratar

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• ESCOLARIDADE

• MOVIMENTAÇÃO:

Grau de estabilidade da empresa. O item

Demitido inclui os que saíram da empresa

por vontade própria.

4) INTERNACIONALIZAÇÃO E

MELHORAS PRÁTICAS: O quadro

“Internacionalização” revela quantos

funcionários brasileiros trabalham em

outros países e quantos estrangeiros atuam

aqui. Já o quadro “O que os funcionários

mais valorizam” aponta quais os fatores

que eles mais prezam na empresa:

desenvolvimento, qualidade de vida,

estabilidade ou remuneração e pacote de

benefícios.

5) REMUNERAÇÃO: Traz detalhes

sobre a política salarial da empresa, se tem

ou não programa de participação nos

resultados, se oferece premiações em caso

de bom desempenho e se há programa de

ações para os funcionários ou executivos e

outras formas de gratificação financeira.

6) CARACTERÍSTICAS DO

PRESIDENTE: Revela o perfil

profissional que a empresa mais valorizada

e busca no mercado. As características do

presidente indicam a idade, o tempo de

casa e o tempo em que ele está no

comando.

7) O QUE A EMPRESA OFERECE:

Destaca alguns dos benefícios oferecidos

pela empresa como bolsas de estudos para

graduação, pós-graduação, cursos técnicos

e de idiomas, sistema de Possibilidade de

horário flexível a 100% dos seus

funcionários., estímulos para a pratica de

atividades físicas e esportivas, plano de

previdência privada e programas de

aconselhamento e universidade

corporativa.

8) HISTÓRICO DO PRÊMIO: Mostra

em quais anos a empresa esteve presente

na lista ao longo dos 16 anos de pesquisa.

(Fonte: Revista Época Edição Especial: As 130 melhores empresas para trabalhar, 2012)

4.2 Revista Você S/A Guia 2012: As melhores empresas para você trabalhar

Segundo dados do site da Revista Guia VOCÊ S/A, o guia nasceu em 1997 com a

missão de valorizar as empresas que melhor cuidam de seus colaboradores. Esse trabalho é

baseado em uma metodologia que foi se aperfeiçoando ao longo dos anos, tornando-se mais

abrangente, crítica e rigorosa quando ganhou a parceria da Fundação Instituto de

Administração (FIA), em 2006. Hoje, o Guia VOCÊ S/A - As Melhores Empresas para

Você Trabalhar é a maior pesquisa de clima organizacional do país e virou referência no

mercado quando se busca avaliar exemplos de organizações que mantêm clima e práticas de

gestão na sua lista de prioridades. Segundo o Guia, em 2012, 16 jornalistas viajaram pelo

Brasil para visitar 234 empresas que se pré-classificaram para o Guia VOCÊ S/A - As

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Melhores Empresas para Você Trabalhar, e conversou com cerca de cinco mil

funcionários. Devido ao tamanho do projeto, as inscrições abrem no início de fevereiro e o

resultado final é divulgado apenas em setembro quando o anuário chega às bancas.

4.2.1 Etapas da Pesquisa

As principais etapas do processo são:

Preenchimento do questionário pelos funcionários das empresas inscritas para

o processo de seleção;

Preenchimento do questionário pela empresa inscrita para o processo de

seleção;

Visita dos jornalistas da Revista VOCÊ/AS às empresa pré-classificadas;

Na última etapa do processo, as equipes da VOCÊ S/A e da FIA fazem uma

reunião para classificar as melhores empresas para trabalhar no país.

4.2.2 Pesos do Guia

A nota final da empresa é composta por três índices. O primeiro índice tem peso

de 70% e é calculado através das respostas recebidas do questionário que avalia o grau de

satisfação do funcionário com o trabalho, que resulta no Índice de Qualidade do Ambiente de

Trabalho (IQAT). O segundo índice compõem o Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas

(IQGP) possui peso de 20% e vem das práticas da empresa, apontadas tanto no questionário

respondido pelo RH da empresa, quanto pela análise do caderno de evidências. O último

índice que tem peso de 10% é formado pela nota dada pelo jornalista após a visita, o Índice de

Felicidade no Trabalho (IFT).

NOTA FINAL

Índice de Felicidade no Trabalho (IFT)

PRESENÇA NO

GUIA

SOBRE A EMPRESA

Número de funcionários

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Número de executivos

Idade média dos funcionários

Tempo médio na casa (em anos)

Homens Mulheres

NOTA DO FUNCIONÁRIO

Índice de Qualidade no Ambiente de Trabalho (IQAT)

O QUE OS FUNCIONÁRIOS DIZEM

Se identificam com a empresa

Estão satisfeitos e motivados

Acreditam ter desenvolvimento

Aprovam os seus líderes

NOTA DA EMPRESA

Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas (IQGP)

O QUE A EMPRESA OFERECE

Estratégia e Gestão

Liderança

Cidadania Empresarial

Políticas e Práticas

Carreira

Desenvolvimento

Remuneração e Benefícios

Saúde

Tabela 4: Extraído e adaptado da Revista Você S/A Guia 2012: As melhores empresas para

você trabalhar

4.3 Análise das pesquisas

Observando as empresas listadas nas pesquisas publicadas pelas revistas Você

S/A e Época percebe-se que 41 organizações aparecem em ambas as publicações. Assim

foram essas organizações escolhidas para ilustrar os seus diferenciais em termos de

importância dada a qualidade de vida de seus colaboradores e assim verificar o motivo de

terem sido eleitas em meio a tantas outras empresas.

Nesta análise será exposto o resultado final dos três indicadores da Revista Você

S/A Guia 2012, quanto a Revista Época serão apresentados as porcentagens do que os

funcionários mais valorizam na empresa. Também serão apresentadas informações presentes

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na pesquisa e na reportagem produzida por estas revistas e que se relacionam aos temas deste

trabalho: resiliência, estresse e qualidade de vida.

Após fazer as intersecções entre as duas pesquisas, as 41 empresas encontradas

em ambas serão expostas a seguir em ordem alfabética:

Ampla

Revista Você S/A

IFT 78,5

IQAT 73,2

IQGP 90,9

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 44%

Qualidade de vida 36%

Estabilidade 5%

Remuneração e benefícios 15%

A empresa Ampla é uma concessionária de energia elétrica do Grupo Endesa que

possui 1388 trabalhadores. A empresa proporciona a possibilidade de horário flexível a 100%

dos seus funcionários. E incentiva práticas esportivas: academia dentro da empresa, academia

fora da empresa e atividades coletivas. Observa-se o destaque da no índice de Qualidade na

Gestão de Pessoas (IQGP), pois conforme a reportagem da revista Você S/A para passar todas

as mensagens sem ruídos, a Ampla desenvolveu diversas ações e canais para transmitir sua

cultura e suas metas de forma eficiente. Quase metade dos seus funcionários indicam que o

que mais eles valorizam é o desenvolvimento profissional e a empresa oferece oportunidade

de coaching e aqueles que se destacam podem ser promovidos, receber aumentos salariais e

ganhar o direito de fazer cursos com o subsídio da empresa.

Banco Bradesco

Revista Você S/A

IFT 75,1

IQAT 77,1

IQGP 70,6

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 65%

Qualidade de vida 19%

Estabilidade 1%

Remuneração e benefícios 15%

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O Banco Bradesco é o segundo maior banco privado do país. O banco incentiva

práticas esportivas com atividades coletivas. Mais da metade dos seus funcionários indicam

que o que mais valorizam é o desenvolvimento profissional e a empresa oferece oportunidade

de coaching e também financia 100% do valor de cursos técnicos e especializações, como

MBAs, no Brasil e no exterior. O banco também oferece aos seus funcionários em casos de

emergência apoio social e psicológico.

Caterpillar

Revista Você S/A

IFT 88,5

IQAT 89,5

IQGP 85,9

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 42%

Qualidade de vida 39%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 17%

A Caterpillar é uma que produz tratores, escavadeiras e motoniveladoras, entre

outros equipamentos para terraplanagem e movimentação de materiais. A empresa

proporciona a possibilidade de horário flexível a 100% dos seus funcionários. Incentiva as

práticas esportivas com academia dentro da empresa e atividades coletivas.

Sua maior pontuação na revista Você S/A foi a do Índice de Qualidade no

Ambiente de Trabalho (IQAT), pois conforme a reportagem da revista Você S/A a Caterpillar

acredita que ter chefes bem preparados está diretamente relacionado a um bom ambiente de

trabalho. Por isso, uma das metas até 2015 é que ao menos 80% deles sejam responsáveis por

gerir um clima positivo em seus times.

O item que os funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional, a

empresa oferece oportunidade de coaching, universidade interna e também possui uma

parceria com uma escola de inglês que oferece cursos online com dois anos de duração.

O item Qualidade de Vida também foi bem pontuado e os funcionários da

empresa costumam dizer que “todos ali dentro fazem parte de uma grande família” e não é

para menos já que o tempo médio na casa é de cerca de 9 anos segundo a pesquisa da Revista

Você S/A.

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Cemar

Revista Você S/A

IFT 76,7

IQAT 75,6

IQGP 79,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 56%

Qualidade de vida 32%

Estabilidade 1%

Remuneração e benefícios 11%

A Cemar (Companhia Energética do Maranhão) atua na distribuição de energia

elétrica do Estado do Maranhão. Mais da metade dos seus funcionários indicam que o que

mais eles valorizam é o desenvolvimento profissional e a empresa procura reconhecer aqueles

que demonstram potencial, o seu Plano de Desenvolvimento, Carreira e Remuneração foi

relançado em 2012 com bastante barulho. A empresa também oferece oportunidade de

coaching. A empresa adotou um sistema de gestão participativa, que procura dar mais espaço

para o funcionário opinar e ser ouvido. Para os mais tímidos ou aqueles que não querem se

identificar, há uma linha 0800 para receber sugestões e reclamações.

Cisco

Revista Você S/A

IFT 86,5

IQAT 88,8

IQGP 81,1

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 51%

Qualidade de vida 21%

Estabilidade 1%

Remuneração e benefícios 27%

A Cisco é uma multinacional de origem americana que desenvolve soluções de

redes de comunicações integradas para empresas, governos e residências. A empresa

proporciona a possibilidade de horário flexível a 100% dos seus funcionários e muitos

funcionários adotaram a cultura do home office. Incentiva práticas esportivas oferecendo

academia fora da empresa e atividades coletivas. Um pouco mais da metade dos seus

funcionários indicam que o que mais eles valorizam é o desenvolvimento profissional e a

empresa oferece oportunidade de mentoring, coaching e universidade interna. Os líderes

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demonstram confiança em suas equipes e, dão autonomia e discutem os objetivos que

precisam ser alcançados.

Cobap

Revista Você S/A

IFT 75,1

IQAT 82,8

IQGP 57,1

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 61%

Qualidade de vida 31%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 4%

A Cobap é uma indústria de produção e comercialização de papel ondulado e

caixas para embalagem. A maior parte dos funcionários indicam que o que mais eles

valorizam é o desenvolvimento profissional e a empresa investe em programas de

treinamento e desenvolvimento para a formação de seus colaboradores.

Coelce

Revista Você S/A

IFT 79,9

IQAT 74,6

IQGP 92,2

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 36%

Qualidade de vida 47%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 13%

A Coelce (Companhia Energética do Ceará) é uma empresa responsável pela

distribuição de energia elétrica. Quase metade dos seus funcionários indicam que o que mais

eles valorizam é a qualidade de vida e afim de promover uma maior satisfação para os seus

colaboradores a Coelce criou a Oficina de Inteligência Emocional, que promove treinamentos

teóricos e práticos para estimular a motivação, a autoestima, o autoconhecimento e a maior

socialização das pessoas de sua equipe.

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A empresa proporciona a possibilidade de horário flexível a 100% dos seus

funcionários e também incentiva práticas esportivas oferecendo academia dentro da empresa e

atividades coletivas. A empresa oferece coaching como oportunidade de formação.

Diageo

Revista Você S/A

IFT 75,6

IQAT 74,5

IQGP 78,1

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 61%

Qualidade de vida 25%

Estabilidade 1%

Remuneração e benefícios 13%

A empresa Diageo é uma multinacional inglesa e atua no setor de bebidas

premium, com marcas como Smirnoff, Guinness e Johnnie Walker. A empresa proporciona a

possibilidade de horário flexível a 100% dos seus funcionários e incentiva práticas esportivas

proporcionando academia fora da empresa e atividades coletivas.

Mais da metade dos seus funcionários indicam que o que mais eles valorizam é o

desenvolvimento profissional e a empresa oferece oportunidade de coaching e os chefes dão

retornos constantes e orientam na condução da carreira.

EcoRodovias

Revista Você S/A

IFT 72,6

IQAT 77,8

IQGP 60,6

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 59%

Qualidade de vida 22%

Estabilidade 5%

Remuneração e benefícios 14%

A EcoRodovias é uma empresa de infraestrutura logística que engloba cinco

concessões rodoviárias. Mais da metade dos seus funcionários indicam que o que mais eles

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valorizam é o desenvolvimento profissional e a empresa possui planos de desenvolvimento

individual para os profissionais e também oferece oportunidade de coaching para os

funcionários.

A empresa incentiva práticas esportivas com atividades coletivas. Uma pesquisa

de clima aplicada no ano passado (2011) pela empresa mostrou que 95% dos funcionários

consideram que as pessoas são bem tratadas, independente de cor ou orientação sexual.

Elektro

Revista Você S/A

IFT 92,5

IQAT 95,4

IQGP 85,8

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 45%

Qualidade de vida 43%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 10%

A Elektro é uma distribuidora de energia que atua em municípios do Estado de

São Paulo e do Mato Grosso do Sul. A Elektro foi apontada pela pesquisa da Revista Você

S/A como a melhor empresa para se trabalhar dentre as empresas escolhidas como melhores

para se trabalhar no guia de 2012. Atribui-se isto ao fato da empresa possuir uma consolidada

política de gestão de pessoas e a motivação de seus funcionários.

O item que os funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional e

com uma porcentagem bem próxima aparece o item qualidade de vida. A qualidade de vida é

uma preocupação da companhia e existe uma meta de zero hora extra que inclui todos os

colaboradores, inclusive o presidente.

A empresa oferece oportunidade de coaching, mentoring e oferece bolsas de

estudos para diversos tipos de cursos. Possui planos de desenvolvimento profissional,

promove recrutamentos internos e incentiva a autonomia de seus funcionários. A Elektro

incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia dentro e

fora da empresa e também atividades coletivas.

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Embracon Administradora de Consórcio

Revista Você S/A

IFT 80,5

IQAT 90,0

IQGP 58,5

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 69%

Qualidade de vida 18%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 11%

A Embracon é uma administradora de crédito por meio de consórcios de imóveis,

carros, motos e até cirurgia plástica. Sua maior pontuação na revista Você S/A foi a do Índice

de Qualidade no Ambiente de Trabalho (IQAT), pois conforme a reportagem da revista Você

S/A a Embracon investe em liderança.

O item que a maioria dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento

profissional, a empresa oferece oportunidade de coaching, universidade interna, mentoring e

outros programas de desenvolvimento.

A empresa incentiva as práticas esportivas com atividades coletivas. A Embracon

promove encontros diários das equipes com os líderes da companhia para receber orientações

e trabalhar mais concentradas. Antes do expediente, a empresa oferece um lanche composto

de pão com frios, biscoitos, iogurte e frutas.

Embraer

Revista Você S/A

IFT 82,8

IQAT 84,4

IQGP 78,9

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 49%

Qualidade de vida 24%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 25%

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52

A Embraer é uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo. O item que

quase a metade dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A empresa

oferece oportunidade de coaching, mentoring e oferece bolsas de estudos para diversos tipos

de cursos.

A Embraer estrutura planos de desenvolvimento individual e promove

recrutamentos interno. A Embraer incentiva as práticas esportivas possibilitando ao

funcionário frequentar academia fora da empresa e também atividades coletivas. A empresa

valoriza e cuida de quem está perto da aposentadoria com um programa que ajuda na

elaboração de um novo projeto de vida.

Endesa Geração

Revista Você S/A

IFT 82,9

IQAT 81,3

IQGP 86,5

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 36%

Qualidade de vida 41%

Estabilidade 5%

Remuneração e benefícios 18%

A Endesa é uma distribuidora de energia de origem espanhola. O item que os

funcionários mais valorizam é a qualidade de vida. Na empresa o clima interno é bom, as

pessoas são amigas e se ajudam na realização do trabalho. Elas dizem que a empresa faz com

que todos se sintam importantes para o sucesso dos negócios. Os chefes dão retornos

constantes e orientam na condução da carreira dos funcionários. A Endesa possui um serviço

de assistência social que orienta quem tem problemas pessoais e incentiva os funcionários a se

engajarem em ações de voluntariado, a Endesa entra com o dinheiro e os funcionários com o

trabalho e o espírito de ajudar o próximo.

A empresa possui planos de desenvolvimento profissional e oferece oportunidade

de coaching, mentoring e oferece bolsas de estudos para cursos de línguas e graduação. A

empresa incentiva práticas esportivas oferecendo academia dentro da empresa, academia fora

da empresa e atividades coletivas.

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53

Gazin

Revista Você S/A

IFT 85,1

IQAT 89,9

IQGP 74,1

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 68%

Qualidade de vida 20%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 10%

A Gazin é uma empresa varejista e vende colchões, móveis e eletrônicos. O item a

maior parte dos funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional.

A empresa oferece oportunidade de mentoring, coaching, universidade interna,

bolsas de estudos para diversos tipos de cursos, além de outros programas de

desenvolvimento que o funcionário quiser fazer.

A empresa incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário

frequentar academia dentro e fora da empresa e também atividades coletivas.

Logo ao entrar na empresa o funcionário escreve uma carta contando os seus

sonhos. Os líderes e os profissionais de recursos humanos se encarregam de ajudá-lo a

elaborar um orçamento doméstico que possibilitará a realização dos desejos descritos na carta

com o resultado de seu trabalho.

Google

Revista Você S/A

IFT 90,3

IQAT 92,3

IQGP 85,7

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 68%

Qualidade de vida 19%

Estabilidade 0%

Remuneração e benefícios 13%

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54

O Google é o maior site de buscas no mundo da internet. O item que os

funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A empresa oferece

oportunidade de coaching, mentoring e oferece bolsas de estudos para diversos tipos de

cursos. Possui diversos prêmios de reconhecimento, geralmente são monetárias. A empresa

possibilita a utilização de horário flexível a 100% dos seus funcionários e incentiva as práticas

esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia fora da empresa e também

atividades coletivas.

Grupo Boticário

Revista Você S/A

IFT 79,4

IQAT 81,5

IQGP 74,5

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 62%

Qualidade de vida 22%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 14%

O Grupo Boticário atua no ramo de perfumaria e cosméticos. O item que a

maioria dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional, a empresa oferece

oportunidade de coaching, universidade interna, mentoring. A empresa possui um Programa

de Captação de Ideias, a fim de incentivar a sugestão dos funcionários. Os autores das

melhores propostas ganham reconhecimento público e financeiro. Para cada ideia que sai do

papel a empresa promove o plantio de sementes de árvores frutíferas.

A empresa incentiva práticas esportivas oferecendo academia dentro da empresa e

atividades coletivas.

Grupo Rio Quente

Revista Você S/A

IFT 74,5

IQAT 75,9

IQGP 71,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 50%

Qualidade de vida 25%

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55

Estabilidade 4% Remuneração e benefícios 21%

O Grupo Rio Quente é um resort aquático que está localizado em Goiás. O item

que cerca da metade dos funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A

empresa possui um processo de integração e reciclagens frequentes a fim de assegurar a

manutenção no nível de atendimento.

A empresa oferece oportunidade de coaching, mentoring e oferece bolsas de

estudos para diversos tipos de cursos. Incentiva as práticas esportivas possibilitando ao

funcionário frequentar academia dentro e fora da empresa e também atividades coletivas.

GVT

Revista Você S/A

IFT 77,5

IQAT 80,3

IQGP 71,0

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 67%

Qualidade de vida 14%

Estabilidade 1%

Remuneração e benefícios 18%

A GVT é uma empresa do setor de telefonia. O item que a maioria dos

funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional, os funcionários se dizem

satisfeitos por trabalhar em uma organização dinâmica e desburocratizada. A partir de três

meses de casa, qualquer profissional já pode se candidatar a um novo cargo na companhia. A

GVT incentiva as práticas esportivas com atividades coletivas.

A empresa oferece oportunidade de coaching, mentoring e universidade interna.

A empresa oferece um pacote de benefícios flexível, de modo que cada funcionário possa

montá-lo de acordo com as suas necessidades.

Intelbras

Revista Você S/A

IFT 77,5

IQAT 79,1

IQGP 73,9

Revista Época

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O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 53%

Qualidade de vida 26%

Estabilidade 5%

Remuneração e benefícios 16%

A Intelbras atua no setor de telecomunicações. O item que mais da metade dos

funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A empresa estimula a gestão

participativa, que permite ao funcionário opinar sobre processos de trabalho, o

comportamento dos gestores, a comunicação interna e até o clima da organização.

A empresa oferece oportunidade de coaching e bolsas de estudos para diversos

tipos de cursos. Possui planos de desenvolvimento profissional e promove recrutamentos

internos. A Intelbras possibilita a utilização de horário flexível a 100% dos seus funcionários

e incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia dentro da

empresa e também atividades coletivas.

Itaú Unibanco

Revista Você S/A

IFT 76,6

IQAT 73,8

IQGP 83,2

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 53%

Qualidade de vida 24%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 21%

O Itaú Unibanco é considerado o maior banco do país, contando com mais de 94

mil colaboradores. O item que mais da metade dos funcionários mais valorizam é o

desenvolvimento profissional e o banco possui planos de carreira e promoção por mérito. O

Itaú Unibanco oferece a seu pessoal uma grande variedade de treinamentos. A empresa

oferece oportunidade de coaching, mentoring, universidade interna e bolsas de estudo.

O Itaú Unibanco incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário

frequentar academia dentro e fora da empresa e também atividades coletivas. O banco oferece

o treinamento Uso Consciente do Dinheiro, criado para ajudar a equipe a manter uma vida

financeira equilibrada.

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57

Laboratório Sabin

Revista Você S/A

IFT 87,1

IQAT 88,4

IQGP 84,0

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 57%

Qualidade de vida 31%

Estabilidade 3%

Remuneração e benefícios 9%

O Laboratório Sabin é uma referência em medicina diagnóstica. O item que mais

da metade dos funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A empresa

oferece oportunidade de mentoring e bolsas de estudos para diversos tipos de cursos. Possui

planos de desenvolvimento profissional e promove recrutamentos internos. A empresa

incentiva práticas esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia dentro e fora

da empresa e também atividades coletivas.

Losango

Revista Você S/A

IFT 87,0

IQAT 87,8

IQGP 85,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 46%

Qualidade de vida 36%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 14%

A Losango é uma instituição financeira do setor de varejo. O item que a maioria

dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional, a empresa oferece

oportunidade de coaching e mentoring além de bolsas de estudos para diversos tipos de

cursos. Possui planos de desenvolvimento profissional e promove recrutamentos internos

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58

Losango incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia

fora da empresa e também atividades coletivas.

Magazine Luiza

Revista Você S/A

IFT 78,6

IQAT 78,5

IQGP 78,6

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 61%

Qualidade de vida 23%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 12%

O Magazine Luiza é uma rede de varejo de móveis e eletrodomésticos. O item que

a maioria dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A empresa oferece

oportunidade de coaching e bolsas de estudos para diversos tipos de cursos. Possui planos de

desenvolvimento profissional e promove recrutamentos internos. O Magazine Luiza incentiva

as práticas esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia dentro da empresa.

MAN Latin America

Revista Você S/A

IFT 89,3

IQAT 90,9

IQGP 85,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 58%

Qualidade de vida 28%

Estabilidade 3%

Remuneração e benefícios 11%

A MAN Latin America é uma montadora de caminhões, ônibus e motores a diesel

rodoviários. O item que mais da metade dos funcionários mais valorizam é o desenvolvimento

profissional. A empresa estimula o Comitê de Carreira, criado para identificar os funcionários

com perfil de liderança. Também possui um Plano de Desenvolvimento Acelerado, com

formação pela Fundação Getulio Vargas e promove recrutamentos internos.

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59

A empresa oferece oportunidade de coaching, universidade interna e bolsas de

estudos para diversos tipos de cursos.

Possibilita a utilização de horário flexível a 100% dos seus funcionários e

incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário frequentar academia dentro da

empresa e também atividades coletivas.

Marelli Móveis

Revista Você S/A

IFT 75,4

IQAT 84,4

IQGP 54,6

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 42%

Qualidade de vida 27%

Estabilidade 6%

Remuneração e benefícios 25%

A Marelli Móveis é uma fabricante de móveis de escritórios. O item que os

funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional, a empresa oferece

oportunidade de concorrer a bolsas de estudo de até 50%.

Moinho Globo Alimentos

Revista Você S/A

IFT 83,3

IQAT 85,9

IQGP 77,2

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 40%

Qualidade de vida 41%

Estabilidade 3%

Remuneração e benefícios 16%

A Moinho Globo Alimentos é uma fabricante de produtos para uso doméstico e

industrial. O item que os funcionários mais valorizam é a Qualidade de Vida e a empresa

busca engajar os seus funcionários com diversos tipos de ações, como: oferta de dez pães por

dia a cada um dos colaboradores, cursos de panificação e mecânica aos familiares e

construção e venda de casas para os empregados pelo valor de custo.

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60

O item sobre desenvolvimento profissional também teve uma alta pontuação, a

empresa tem uma meta de até 2014 fazer com que todos os seus profissionais completem o

ensino médio.

Monsanto

Revista Você S/A

IFT 78,8

IQAT 81,9

IQGP 71,7

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 57%

Qualidade de vida 17%

Estabilidade 24%

Remuneração e benefícios 2%

A Monsanto é uma empresa que atua no setor agrícola e desenvolve herbicidas e

sementes convencionais e geneticamente modificadas. O item que mais da metade dos

funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A empresa oferece

oportunidade de mentoring, coaching e universidade interna. Também oferece bolsas de

estudos para diversos tipos de cursos. Possui planos de desenvolvimento profissional e

promove recrutamentos internos.

A Monsanto incentiva as práticas esportivas possibilitando ao funcionário

frequentar academia fora da empresa e também atividades coletivas.

Ourofino Agronegócio

Revista Você S/A

IFT 78,7

IQAT 84,5

IQGP 65,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 51%

Qualidade de vida 29%

Estabilidade 3%

Remuneração e benefícios 17%

A Ourofino Agronegócio é uma fabricante de produtos para saúde animal e

defensivos agrícolas. O item que um pouco mais da metade dos funcionários mais valorizam é

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61

o desenvolvimento profissional, a empresa se preocupa com o desenvolvimento do time, ela

promove movimentação interna, aumento salarial e investe na capacitação de seus

colaboradores.

Pormade

Revista Você S/A

IFT 87,8

IQAT 93,5

IQGP 74,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 71%

Qualidade de vida 23%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 4%

A Pormade é uma fabricante de portas. O item que a maioria dos funcionários

mais valoriza é o desenvolvimento profissional, a empresa se preocupa com o

desenvolvimento do time e investe em educação para os seus funcionários. A Pormade

estimula que os seus profissionais opinem sobre a estratégia do negócio.

Sua maior pontuação na revista Você S/A foi a do Índice de Qualidade no

Ambiente de Trabalho (IQAT), pois conforme a reportagem da revista Você S/A a Pormade

proporciona um ambiente de trabalho amigável.

Portal Educação

Revista Você S/A

IFT 76,4

IQAT 82,4

IQGP 62,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 56%

Qualidade de vida 26%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 14%

O Portal Educação atua no setor de educação e oferece mais de 900 opções de

cursos online. O item que a maioria dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento

profissional, a empresa se preocupa com o desenvolvimento de seus colaboradores e oferece a

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62

oportunidade deles usufruírem os produtos da casa já que cada empregado tem o direito a 100

horas gratuitas de cursos por ano, com livre escolha entre as áreas de conhecimento.

Prezunic

Revista Você S/A

IFT 77,7

IQAT 80,9

IQGP 70,3

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 65%

Qualidade de vida 20%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 11%

O Prezunic é uma rede de supermercados. O item que mais da metade dos

funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A empresa investe na

formação dos empregados, que muitas vezes não concluíram o Ensino Médio ou

Fundamental, oferecendo aulas do Telecurso durante o horário de expediente, com uma

professora contratada para cada loja. A empresa também possui uma Loja Formadora que

serve para fazer uma imersão para os recém-contratados e para proporcionar aos gerentes uma

reciclagem ou rodízio entre as diferentes seções do supermercado. Outra ação da empresa é o

Programa de Estágio que permitem que os funcionários façam treinamentos na área em que

gostariam de trabalhar. O Prezunic incentiva as práticas esportivas com atividades coletivas.

Prudential

Revista Você S/A

IFT 76,0

IQAT 76,6

IQGP 74,6

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 53%

Qualidade de vida 16%

Estabilidade 6%

Remuneração e benefícios 25%

O Prudential é uma empresa americana do setor de seguros. O item que mais da

metade dos funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional. A empresa possui

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63

política de recrutamento interno, investe em programas de desenvolvimento de liderança e

conta com um calendário de treinamentos para que os funcionários desenvolvam suas

competências comportamentais. Tem um plano de sucessão estruturado e investe na formação

dos empregados com programas de coaching para os funcionários de nível operacional e com

programas de mentoring para os gestores. O Prudential incentiva as práticas esportivas com

atividades coletivas.

P&G

Revista Você S/A

IFT 78,0

IQAT 76,9

IQGP 80,7

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 67%

Qualidade de vida 12%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 17%

A P&G é uma empresa de bens de consumo que possui 174 anos de existência. O

item que mais da metade dos funcionários mais valorizam é o desenvolvimento profissional.

A empresa usa o processo de avaliação de desempenho para facilitar o planejamento da

carreira onde o funcionário analisa com o auxílio do gestor suas habilidades e as

possibilidades de crescimento dentro da empresa. A empresa oferece oportunidade de

mentoring, coaching e universidade interna. Também incentiva as práticas esportivas

possibilitando ao funcionário frequentar academia fora da empresa e também atividades

coletivas.

Sama

Revista Você S/A

IFT 88,3

IQAT 89,8

IQGP 84,9

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 22%

Qualidade de vida 57%

Estabilidade 4%

Remuneração e benefícios 17%

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64

A Sama atua no setor de mineração. O item que a maioria dos funcionários mais

valoriza é a qualidade de vida e com o intuito de promover uma maior satisfação para os seus

funcionários a Sama contribui com um pacote de benefícios completo: casas revendidas aos

empregados a preço simbólicos e escola para os filhos da pré-escola ao Ensino Médio 100%

subsidiadas. Possui um programa de qualidade de vida chamado Vida Ativa, conta com uma

academia superequipada onde os funcionários e os seus dependentes podem participar

gratuitamente de aulas de futebol e de tênis, ministrados por professores especializados. Para

o desenvolvimento da carreira a empresa tem um programa chamado Cuidando da Minha

Carreira, que estabelece um programa de carreira específico para cada área.

Sydle

Revista Você S/A

IFT 83,1

IQAT 86,7

IQGP 74,9

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 47%

Qualidade de vida 51%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 0%

A Sydle atua no setor de Tecnologia da Informação. É interessante observar que

os itens que a maioria dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional e a

qualidade de vida, tendo este último obtido uma pequena vantagem em sua pontuação.

A empresa proporciona horário flexível a todos os seus funcionários e é adepta da

gestão sem paredes, mantendo os funcionários em um mesmo ambiente. Para o

desenvolvimento da carreira a empresa fornece um mapa de carreira com o intuito de

estimular o recrutamento interno. Também busca desenvolver seus profissionais com

treinamentos técnicos e de qualificação superior.

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65

Symantec

Revista Você S/A

IFT 76,0

IQAT 81,0

IQGP 64,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 50%

Qualidade de vida 23%

Estabilidade 3%

Remuneração e benefícios 24%

A Symantec atua no setor de Tecnologia da Informação. O item que metade dos

funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A empresa possui um sistema de

desenvolvimento individual onde a meta é que cada um deve participar de no mínimo 30

horas de treinamento anuais, que podem ser presenciais ou e-learning. A empresa utiliza o

modelo de avaliação 360 graus e o resultado dessa avaliação é utilizado para ditar o rumo do

desenvolvimento do colaborador.

A empresa oferece oportunidade de mentoring, coaching e bolsas de estudos para

diversos tipos de cursos. A empresa incentiva práticas esportivas com atividades coletivas.

Telefônica Vivo

Revista Você S/A

IFT 81,8

IQAT 81,8

IQGP 81,8

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 57%

Qualidade de vida 19%

Estabilidade 1%

Remuneração e benefícios 23%

A Telefônica Vivo atua no setor de telecomunicações. O item que mais metade

dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A empresa oferece

oportunidade de mentoring, coaching e universidade interna. A empresa incentiva práticas

esportivas com academia fora da empresa e atividades coletivas.

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Ticket

Revista Você S/A

IFT 83,4

IQAT 84,6

IQGP 80,5

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 62%

Qualidade de vida 28%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 8%

A Ticket é uma empresa do grupo francês multinacional Edenred e tem como

negócio cartões e vouchers de serviços pré-pagos. O item que mais metade dos funcionários

mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A Ticket investe em treinamentos com cursos

técnicos e comportamentais para todos os níveis. A empresa oferece oportunidade de

coaching e oferece bolsas de estudos para diversos tipos de cursos.

A empresa pensando na saúde e bem estar de seus funcionários conta com uma

equipe multidisciplinar composta de médico, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta que

atende os dois escritórios da empresa em São Paulo e convênios para atender as demais

regiões do país. A empresa incentiva práticas esportivas com atividades coletivas.

Unimed Missões

Revista Você S/A

IFT 80,5

IQAT 92,6

IQGP 52,5

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 52%

Qualidade de vida 29%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 17%

A Unimed Missões é uma empresa do setor de serviços de saúde. O item que mais

metade dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A Unimed Missões

investe em treinamentos com cursos técnicos e comportamentais tanto presenciais quanto por

videoconferência. A empresa oferece bolsas de estudos para cursos de graduação.

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67

Unimed Rio

Revista Você S/A

IFT 78,7

IQAT 76,8

IQGP 83,2

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 47%

Qualidade de vida 32%

Estabilidade 2%

Remuneração e benefícios 19%

A Unimed Rio é uma empresa do setor de serviços de saúde. O item que a maior

parte dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional. A Unimed Rio investe

em capacitação e todos precisam cumprir um banco de horas de treinamento definido

previamente pelos gestores, as aulas são ministradas em duas plataformas: e-learning e in

company. A empresa oferece oportunidade de coaching e oferece bolsas de estudos para

cursos de graduação e de línguas. Incentiva práticas esportivas com academia fora da empresa

e atividades coletivas.

Whirlpool

Revista Você S/A

IFT 79,1

IQAT 79,3

IQGP 78,4

Revista Época

O que os funcionários valorizam:

Desenvolvimento Profissional 55%

Qualidade de vida 25%

Estabilidade 5%

Remuneração e benefícios 15%

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A Whirlpool é a maior fabricante de eletrodomésticos do mundo. O item que mais

metade dos funcionários mais valoriza é o desenvolvimento profissional e para o

desenvolvimento da carreira de seus profissionais a empresa possui várias iniciativas, como:

Programa de Monitoramento de Performance, Talent Pool que é uma avaliação de potencial e

o programa de carreira Y para aqueles que querem seguir um caminho técnico na área de

engenharia ou tecnologia. A Whirlpool investe em treinamentos presenciais e e-learning. A

empresa oferece oportunidade de mentoring, universidade interna e oferece bolsas de estudos

para diversos tipos de cursos. A empresa incentiva práticas esportivas com academia dentro

da empresa e atividades coletivas.

4.4 Resultados

Observando as pesquisas é possível perceber que as empresas cada vez mais

dedicam uma atenção especial às necessidades de sua força de trabalho. A tabela 2 reflete a

evolução das práticas dos recursos humanos nos últimos três anos de acordo com a pesquisa

da Revista VOCÊ S/A.

Tabela 5: Fonte: Guia 2012 VOCÊ S/A — As Melhores Empresas para Você Trabalhar

Ao avaliar as análises das pesquisas realizadas pelas duas revistas foi possível

perceber que mesmo com o cenário econômico apresentando incertezas, devido as crises

econômicas que atingem seriamente alguns países e que afetam todo o globo, as empresas

consideradas as melhores para se trabalhar não economizaram ao buscar investir em

treinamentos para o desenvolvimento dos seus colaboradores assim como em formas de

Índices 2010 2011 2012

Estratégia e Gestão 64,39 74,14 77,11

Liderança 68,14 74,08 75,02

Políticas e Práticas 63,49 67,95 69,36

Remuneração 64,69 69,32 67,12

Carreira 55,48 61,43 63,37

Saúde 64,16 67,87 71,37

Desenvolvimento 69,63 73,19 75,58

Cidadania Empresarial 58,24 63,77 68,28

IQGP 63,55 69,58 71,83

Evolução das práticas de recursos humanos

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promover qualidade de vida. Esse cuidado com o seu capital intelectual gera para a empresa

comprometimento dos seus colaboradores o que influencia no aumento da sua produtividade

visto estarem satisfeitos com o modo como são notados pela organização e isso origina

benefícios financeiros para a empresa. Muitas das empresas presentes nas duas listagens

apresentam uma preocupação não apenas com o funcionário, mas também com a sua família.

Ou seja, todos ganham, empresas aumentam os dividendos para os seus acionistas

e os funcionários encontram satisfação e motivação para empregarem o seu labor.

A Revista Época fez uma listagem de 20 empresas que aparecem no Guia das

melhores empresas para se trabalhar levando em consideração apenas as empresas que

obtiveram as melhor avaliação dos funcionários no quesito qualidade de vida e destas 20

empresas apenas 8 foram encontradas em ambas as pesquisas, são elas:

Pormade

Sydle

Elektro

Sama

Marelli

Google

Laboratório Sabin

Gazin

Com a pesquisa foi possível perceber que a qualidade de vida é um dos itens mais

valorizados pelos funcionários, aparecendo na maior parte das vezes na segunda colocação,

perdendo apenas para o item de desenvolvimento profissional. Devido as constantes

mudanças que ocorrem no mundo do trabalho, as pessoas e as empresas buscam

constantemente formas de se desenvolverem a fim de atender a demanda do mercado. Porém

para manter um ambiente favorável ao melhor desenvolvimento das competências adquiridas

pela força de trabalho a qualidade de vida se torna imprescindível para um crescimento

sustentável.

CONCLUSÃO

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Com esse trabalho pode-se perceber que as constantes alterações no mundo e as

pressões que cercam as pessoas impactam de forma acentuada o modo de vida dessas pessoas.

As cobranças por uma elevada performance e adaptação pode provocar um sofrimento

psíquico. Com a globalização da economia e a rapidez das mudanças tecnológicas a pressão

no trabalho passou a ser cada vez maior, gerando estresse no colaborador e a sua prejudicando

a qualidade de vida já que o mesmo busca desesperadamente se adequar ao novo cenário a

fim de garantir o seu emprego.

Considerando a importância desse tema, pode-se perceber que as alterações

constantes no ambiente e no modo do trabalhador executar as suas tarefas impacta os

colaboradores que precisam se readaptar a uma nova configuração de trabalho, gerando

estresse ocupacional nos trabalhadores.

O estresse ocupacional atinge diversas áreas e setores do mundo do trabalho. E se

intensifica à medida que a pressão para suportar e se adequar as mudanças do mundo

globalizado crescem e acaba por gerar ansiedade e preocupação no indivíduo. O estresse pode

ocasionar diversas doenças graves, que são denominadas psicossomáticas, por terem origem

na mente da pessoa. Estas doenças devem ser tratadas observando o indivíduo como um todo

como nos ensina a Medicina Integrativa que trata o indivíduo de maneira holística,

contemplando o seu corpo físico, emocional, mental e de energia.

Para que o ser humano consiga superar o estresse ele deve buscar manter o

equilíbrio emocional e ter uma boa qualidade de vida. Para isso é mister que a resiliência seja

desenvolvida de forma que ele consiga lidar com as situações adversas do seu cotidiano e a

perceber as dificuldades que uma pessoa poderá enfrentar tanto no seu contexto pessoal

quanto de labor e também que o indivíduo saiba administrar o seu tempo, de forma a não

abrir mão do seu descanso. O conceito de resiliência já é utilizado até em nível planetário, e é

importante que as empresas e as pessoas se preocupem com desenvolvimento de um mundo

sustentável, atendendo as suas necessidades, mas também preservando o ecossistema e a

biodiversidade que o cerca, pois se as degradações que são cometidas no planeta se

mantiverem ou piorarem não haverá a possibilidade do emprego do conceito de qualidade de

vida.

Desse modo é possível perceber que o desenvolvimento da resiliência se mostra

importante também na promoção da qualidade de vida, seja dentro ou fora do ambiente das

organizações. Já que a promoção da qualidade de vida no trabalho ao lado da promoção da

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resiliência acarreta na em uma adequada saúde para as pessoas e satisfação no trabalho e

pessoal.

Ao avaliar as análises das pesquisas realizadas pelas duas revistas estudadas

(Revista Época e Você S/A) foi possível perceber que a maioria delas direcionam a sua forma

de gestão de recursos humanos para o desenvolvimento dos seus colaboradores já que todas

buscam investir em treinamentos. É certo que a maioria das empresas pesquisadas mostraram

como item que o profissional mais valoriza como desenvolvimento profissional, mas a dúvida

que fica é se os funcionários valorizam em primeiro lugar o seu desenvolvimento profissional

por que realmente acha importante, ou se busca esse desenvolvimento profissional justamente

para atender as expectativas da empresa e da sociedade que fazem parte de um mundo

globalizado e repleto de exigências.

Contudo as pesquisas também demonstraram que a qualidade de vida é um item

bastante valorizado pelos funcionários, aparecendo na maior parte das vezes na segunda

colocação. Pode-se perceber que as empresa atualmente buscam formas para manter um

ambiente de trabalho favorável ao melhor desenvolvimento das competências adquiridas pela

força de trabalho. Também apresentam muitas empresas presentes nas duas listagens uma

preocupação não apenas com o funcionário, mas também com a sua família, o que é

importante para o funcionário manter o seu foco no trabalho e não se preocupar com

problemas pessoais. Esse cuidado com o seu capital intelectual gera para a empresa

comprometimento dos seus profissionais o que influencia no aumento da sua produtividade

visto estarem satisfeitos com o modo como são notados pela organização e isso origina

ganhos financeiros para a empresa.

Com a análise das pesquisas foi possível perceber também que as empresas ainda

não expressão uma preocupação o estudo de formas de aumentar a resiliência de seus

colaboradores, o que seria bastante importante para deixá-los mais fortes as demandas da

empresa e por sua vez proporcionar que a organização consiga aumentar as suas vantagens

competitivas. Porém o aparecimento do indicador de felicidade já é um grande avanço para a

boa gestão dos colaboradores. Compreende-se portanto que para o sucesso da empresa e a

satisfação dos seus profissionais ter uma visão mais integrada do problema é fundamental, já

que todos os aspectos acabam por terem influências uns sobre os outros.

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Anexo A: Questionário da Escala de Resiliência

Marque o quanto você concorda ou discorda com as seguintes afirmações:

Totalmente Muito Pouco Pouco Muito Totalmente

1. Quando eu faço planos, eu levo eles até o fim. 1 2 3 4 5 6 7

2. Eu costumo lidar com os problemas de uma forma ou de outra. 1 2 3 4 5 6 7

3. Eu sou capaz de depender de mim mais do que qualquer outra pessoa. 1 2 3 4 5 6 7

4. Manter interesse nas coisas é importante para mim. 1 2 3 4 5 6 7

5. Eu posso estar por minha conta se eu precisar. 1 2 3 4 5 6 7

6. Eu sinto orgulho de ter realizado coisas em minha vida. 1 2 3 4 5 6 7

7. Eu costumo aceitar as coisas sem muita preocupação. 1 2 3 4 5 6 7

8. Eu sou amigo de mim mesmo. 1 2 3 4 5 6 7

9. Eu sinto que posso lidar com várias coisas ao mesmo tempo. 1 2 3 4 5 6 7

10. Eu sou determinado. 1 2 3 4 5 6 7

11. Eu raramente penso sobre o objetivo das coisas. 1 2 3 4 5 6 7

12. Eu faço as coisas um dia de cada vez. 1 2 3 4 5 6 7

13. Eu posso enfrentar tempos difíceis porque já experimentei

dificuldades antes.

14. Eu sou disciplinado. 1 2 3 4 5 6 7

15. Eu mantenho interesse nas coisas. 1 2 3 4 5 6 7

16. Eu normalmente posso achar motivo para rir. 1 2 3 4 5 6 7

17. Minha crença em mim mesmo me leva a atravessar tempos difíceis. 1 2 3 4 5 6 7

18. Em uma emergência, eu sou uma pessoa em quem as pessoas

podem contar.

19. Eu posso geralmente olhar uma situação de diversas maneiras. 1 2 3 4 5 6 7

20. Às vezes eu me obrigo a fazer coisas querendo ou não. 1 2 3 4 5 6 7

21. Minha vida tem sentido. 1 2 3 4 5 6 7

22. Eu não insisto em coisas as quais eu não posso fazer nada sobre elas. 1 2 3 4 5 6 7

23. Quando eu estou numa situação difícil, eu normalmente acho uma saída. 1 2 3 4 5 6 7

24. Eu tenho energia suficiente para fazer o que eu tenho que fazer. 1 2 3 4 5 6 7

25. Tudo bem se há pessoas que não gostam de mim. 1 2 3 4 5 6 7

6 7

1 2 3 4 5 6 7

NEM CONCORDO

NEM DISCORDO

CONCORDODISCORDO

1 2 3 4 5

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Anexo B: Forma de avaliação da pesquisa da Revista Você S/A.

1- O QUESTIONÁRIO DOS FUNCIONÁRIOS

O Questionário do Funcionário foi criado para medir o grau de satisfação dos colaboradores

em relação à empresa em que trabalham. Ele representa a parte subjetiva da pesquisa porque

as respostas para as perguntas se baseiam na percepção que as pessoas têm sobre a

organização que as emprega, o trabalho em si, os chefes e os colegas.

Esse questionário gera o Índice de Qualidade do Ambiente de Trabalho (IQAT), que tem o

maior peso na composição da nota final da empresa (70%). Um dispositivo de seleção

randômica, disponível após a inscrição da empresa, sorteia os funcionários que responderão a

esse questionário. O Questionário dos Funcionários traz questões que cobrem as quatro

categorias abaixo:

IDENTIDADE – como os funcionários veem a empresa, o negócio em que ela atua

e sua estratégia. Tem a ver com "vestir a camisa", com o orgulho que a pessoa

sente em trabalhar naquela organização.

SATISFAÇÃO/MOTIVAÇÃO – o objetivo é medir como os funcionários se

sentem em relação ao que fazem, ao que recebem, aos processos de gestão

adotados pela empresa e ao ambiente de trabalho.

LIDERANÇA – avaliação da capacidade da chefia de inspirar, orientar e ser

imparcial com seus subordinados.

APRENDIZADO/DESENVOLVIMENTO – como os funcionários avaliam as

oportunidades de aprendizado oferecidas pela empresa e o que ela efetivamente

faz para promover seu desenvolvimento profissional.

2- O QUESTIONÁRIO DA EMPRESA

As etapas 1 e 2 ocorrem simultaneamente, porque o prazo para a devolução dos dois

questionários, o dos funcionários e o da empresa, é o mesmo. O Questionário da Empresa,

junto com o Book de Evidências, que veremos mais a frente, gera o Índice de Qualidade na

Gestão de Pessoas (IQGP).

A primeira parte do Questionário da Empresa inclui informações gerais sobre a empresa (total

de funcionários, missão, valores e grau de instrução dos funcionários, entre outros dados).

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A segunda parte do questionário entra na avaliação da empresa em si e inclui quatro

categorias, que verificam não só as políticas e práticas de RH adotadas, mas também incluem

questões para medir a consistência, a sustentabilidade e a abrangência dessas ações. Vamos

supor, por exemplo, que a empresa declara que adota uma política de recolocação para

empregados demitidos. Nós queremos saber também há quanto tempo, em média, isso

acontece e se qualquer funcionário, seja qual for o cargo, tem direito a esse benefício. A

abrangência e o tempo têm impacto na nota da empresa. Isso vai valer para todas as quatro

categorias do Questionário da Empresa, que estão listadas abaixo:

ESTRATÉGIA E GESTÃO – avalia não só como a empresa aplica e mantém sua

estratégia, mas o quanto ela comunica, consulta e envolve seus funcionários nas

questões referentes a esse assunto. Essa categoria tem peso de 20% na nota final

do Questionário da Empresa.

LIDERANÇA – essa categoria tem peso de 20% no Questionário da Empresa. As

questões avaliam se a empresa tem mecanismos para identificação e formação de

líderes, além da formalização da responsabilidade do gestor na gestão do clima

organizacional.

POLÍTICAS E PRÁTICAS –essa categoria tem o maior peso na composição da

nota final (40%) e avalia a empresa em quatro subcategorias: remuneração e

benefícios; carreira, saúde e desenvolvimento.

CIDADANIA EMPRESARIAL - impacto das ações, programas de voluntariado,

questões relacionadas à ética, à maneira como a empresa lida com as pessoas com

deficiência – tudo isso é avaliado nessa categoria, que também tem 20% de peso

na composição da nota final deste questionário.

3- VISITAS ÀS EMPRESAS PRÉ-CLASSIFICADAS

As companhias pré-classificadas são aquelas que alcançaram as maiores notas dadas pelos

funcionários e que também tiveram um número mínimo de questionários respondidos pelos

funcionários (esse número, chamado de amostra mínima, varia de acordo com o total de

empregados), não zeraram em nenhuma categoria avaliada e obtiveram pelo menos 25 pontos

de média no questionário da empresa.

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As pré-classificadas serão visitadas pelos jornalistas da VOCÊ S/A. Essa visita compõe uma

das notas da empresa e pode eliminar a empresa, caso sejam detectados fatos que contrariem

os dados obtidos no questionário dos funcionários e da empresa. Além disso, na etapa que

antecede a escolha das 150 melhores empresas, quando as notas das pré-classificadas estão

muito próximas e variam pontos decimais, a visita dos jornalistas é utilizada como fator de

desempate e leva em conta aspectos qualitativos e comparativos.

A visita é um dos grandes diferenciais da pesquisa VOCÊ S/A EXAME AS MELHORES

EMPRESAS PARA VOCÊ TRABALHAR. Os jornalistas viajam por todo o país para falar

com os funcionários do nível operacional e gerencial. É uma forma de identificar na prática e

olho no olho o que os questionários revelam em números, além de conhecer – in loco – onde e

como trabalham esses profissionais. Em 2011, 243 companhias em todo o Brasil foram

visitadas pelos jornalistas.

4- REUNIÃO DE CONSENSO ENTRE A FIA E A VOCÊ S/A

Na última etapa do processo, as equipes da VOCÊ S/A e da FIA fazem uma reunião para

classificar as melhores empresas para trabalhar no país.

Todas as informações sobre o progresso da empresa na pesquisa estão em uma página

exclusiva que fica no http://melhoresempresas2012.abril.com.br/homedaempresa. Para

acessar essa página, a empresa deve utilizar o login e a senha criados por ela no ato da

inscrição.

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Anexo C: Etapas da pesquisa da Revista Você S/A.

1. As inscrições, gratuitas, começam em 1º de fevereiro e vão até o dia 31 de março de 2012.

Para participar da pesquisa, a empresa precisa dar Ok no Termo de Compromisso

(documento em que constam as regras do processo).

2. De acordo com a data de inscrição da empresa, funcionários escolhidos aleatoriamente

recebem um prazo para responder ao questionário de 77 questões relativas ao ambiente de

trabalho. Ao mesmo tempo, o responsável pelo RH preenche outro questionário, no qual

declara suas práticas de gestão de pessoas. Toda empresa deve enviar também um Caderno

de Evidências (Book), relatando suas práticas.

3. Os questionários são processados pela Editora Abril. A partir daí, são definidas as

empresas pré-classificadas — aquelas que atingem um mínimo de respostas de acordo com

o número de funcionários—, e a nota de corte da pesquisa do ano.

4. Entre os meses de junho e julho, a equipe da VOCÊ S/A vai a todas as empresas pré-

classificadas. Os jornalistas checam as instalações da companhia, entrevistam profissionais

de RH e fazem reuniões com representantes dos níveis operacional e gerencial.

5. Em meados de julho, os jornalistas da VOCÊ S/A e a equipe da Fundação Instituto de

Administração (FIA) comparam os dados da pesquisa com a percepção das visitas. Nessa

reunião, são definidas as 150 melhores empresas do ano.

6. Até o final de agosto, o material editorial do Guia é preparado: mais de 200 páginas de

reportagens sobre as melhores. A produção é, em média, de 45 textos por semana.

7. Em setembro, é hora de comemorar. A festa, que premia as melhores empresas e os

destaques em gestão de pessoas no ano, reúne os principais executivos das companhias em

um evento em São Paulo.

Tradicionalmente, o Guia publica a lista das 150 melhores empresas para trabalhar. Em 2011,

o Guia ganhou novas premiações e adotou uma organização já demandada pelo mercado.

Agora, as empresas são apresentadas de acordo com o seu setor de atuação — e não mais por

porte de acordo com o número de funcionários, como era feito desde 2005. Também

ganharam destaques a empresa revelação (aquela que, entre as estreantes, recebeu a maior

nota geral), a melhor cooperativa do ano, e as melhores empresas para trabalhar nas regiões

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Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte-Nordeste. A melhor empresa do ano (a posição mais

desejada pelas companhias que se inscrevem na pesquisa) continua com o mesmo destaque.

Além desses destaques, o anuário traz empresas que se sobressaem nas seguintes categorias:

CIDADANIA EMPRESARIAL

ESTRATÉGIA E GESTÃO

CARREIRA

DESENVOLVIMENTO

LIDERANÇA

SAÚDE

Pelo sexto ano consecutivo, o Guia irá conceder o prêmio DESAFIO DE RH para a empresa

que está passando um por um momento de grande complexidade na gestão de pessoas. Além

de avaliar o momento da companhia, para entregar esse prêmio, o Guia seleciona as maiores e

melhores em número e qualificação de funcionários, locais de trabalho e faturamento. São

avaliadas notas do IFT e IQGP. Em 2011, o Desafio de RH foi concedido ao Itaú Unibanco.

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1

PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

SUSTENTABILIDADE

Aluna: Fernanda El Hadi de Almeida

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

\

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4 CAPÍTULO I – DESENVOLVIMENTO, COMPETI;ÁO E SUSTENTABILIDADE ................................................................. 5 1.0. O QUE É E QUANDO SURGIU O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE ....................................................................... 8 1.1. DEFINIÇÕES DA SUSTENTABILIDADE .......................................... 9 1.1.1. ECONÔMICA .................................................................................. 10 1.1.2. AMBIENTAL ................................................................................... 10 1.1.3. SOCIOCULTURAL ......................................................................... 11 1.2. QUAL É A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE? .................. 12 1.3. QUAIS SÁO AS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS? ............................... 12 1.3.1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................................................. 12 1.3.1.1. PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................ 12 CAPÍTULO II – A SUSTENTABILIDADE NOS CONDOMÍNIOS ....................... 18 2.0. POR QUE PRATICAR SUSTENTABILIDADE NOS CONDOMÍNIOS .................................................................................. 18 2.0.1. CONDOMÍNIOS SUSTENTÁVEIS .................................................. 19 2.0.2. EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS (SUSTENTÁVEIS) .................................................................... 20 2.0.2.1. COMO PLANEJAR CONDOMÍNIOS SUSTENTÁVEIS? ............ 22 2.0.2.2. SENSIBILIZA OS MORADORES ................................................. 23 2.0.2.2.1. FAÇA UMA PRIMEIRA REUNIÃO DE CONDOMÍNIO ............. 23 2.0.2.2.2. NA SEGUNDA REUNIÁO, ESTABELEÇA PRIORIDADES .... 23 2.0.2.2.3. ACOMPANHE A EXECUÇÃO DAS OBRAS E MANTENHA OS CONDÔMINOS INFORMADOS .......................................... 23 2.0.3. EMPREENDIMENTOS SUSTENTÁVEIS ........................................ 24 2.0.4. CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS ................................................. 25 2.0.4.1. EXEMPLO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ........................ 26 2.0.4.2. QUAIS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PODEM SER INSTITUÍDAS NESSES CONDOMÍNIOS? ................................... 27 2.1. QUAIS SÃO OS MEIOS QUE OS CONDÔMINOS UTILIZAM PARA CONTRIBUIR COM A SUSTENTABILIDADE EM SEUS LARES? .................................................................................... 28 2.1.1. ECONOMIA DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................... 31 2.1.2. ECONOMIA DE ÁGUA .................................................................... 31 2.1.2.1. VAZAMENTOS ............................................................................. 32 2.1.2.2. VASO SANITÁRIO ....................................................................... 32 2.1.2.3. TORNEIRAS ................................................................................. 32 2.1.2.4. LOUÇA ......................................................................................... 33 2.1.2.5. VERDURAS .................................................................................. 33 2.1.2.6. ROUPAS ....................................................................................... 33 2.1.2.7. JARDINS E PLANTAS ................................................................. 33 2.1.2.8. ÁGUA DA CHUVA ........................................................................ 34 2.1.2.9. CARRO ......................................................................................... 34 2.1.2.10. CALÇADA .................................................................................. 35 2.1.3. SELEÇÃO E SEPARAÇÃO DO LIXO ............................................ 35 2.2. EXISTEM VANTAGENS AO REALIZAR ESSA PRÁTICA SUSTENTÁVEL NOS CONDOMÍNIOS? ........................... 36

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2.3. O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) …… 36 2.3.1. TIPOS DE LEED NO BRASIL ........................................................ 39 CAPÍTULO III – SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA ....................................... 40 3.0 ECONOMIA VERDE ........................................................................... 41 3.1. EMPREGOS VERDES ....................................................................... 43 3.2. BRASIL SUSTENTÁVEL ................................................................... 44 3.2.1. RIO+20 ............................................................................................ 46 3.2.1.1. RIO+20- CIDADES ....................................................................... 46 3.2.1.1.1. PROPOSTAS PARA A RIO+20 PARA O TEMA CIDADES .... 48 3.2.2. EXPECTATIVAS DA RIO+20 .......................................................... 48 3.3. PROGRAMAS CIDADES SUSTENTÁVEIS ....................................... 51 3.3.1. PROGRAMA QUE CIDADES SUSTENTÁVEIS OFERECE .......... 52 3.3.1.1. FERRAMENTAS ........................................................................... 52 3.3.1.2. MOBILIZAÇÃO ............................................................................. 52 3.3.1.3. COMPROMISSOS ........................................................................ 53 3.3.1.4. BENEFÍCIOS PARA AS CIDADES PARTICIPANTES ............... 53 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 54

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INTRODUÇÃO

Esse Trabalho de Conclusão de Curso esta relacionado à matéria Gestão de Pessoas,

pelo fato de ser uma área situacional e contingencial, pois essa depende da cultura presente

em cada uma das organizações.

Gestão de Pessoas tem como função cuidar, instruir, observar, contratar, demitir,

treinar, avaliar, e orientar os indivíduos que compõe determinada equipe dentro de uma

empresa, por exemplo.

Essa matéria esta de certo modo atrelada e conta com o apoio do setor de Recursos

Humanos, com o intuito de proporcionar um maior desempenho tanto do indivíduo

(funcionário) quanto da empresa na qual ele esta inserido.

É uma disciplina intrigante pelo fato de se preocupar com os indivíduos de uma forma

mais geral. Esse é um fator de extrema importância para obtenção do sucesso tanto da

empresa quanto do individuo.

O trabalho a seguir irá apresentar assuntos que abordam um tema que está em grande

destaque atualmente, a Sustentabilidade. Irá descrever o seu significa, a sua importância, e as

suas práticas.

Além disso, irá relatar sobre a Sustentabilidade nos Condomínios, explicando quais as

vantagens que se podem obter ao realizar esse tipo de prática, a importância dela, e dar até

mesmo algumas dicas de como realizar essas práticas sustentáveis em seus próprios lares. E

não menos importante, relatar sobre construções novas que estejam dentro da lei, e que são

consideradas importantes, e de extrema relevância no mundo por serem consideradas

sustentáveis. Menciona e explica sobre um sistema de certificação e orientações ambientais

edificiais (LEED), que é muito prestigiado e levado em consideração pelo mundo todo.

Como abordagem final, esse trabalho irá mostrar a importância da existência de

Economias Sustentáveis de forma geral, a Economia Sustentável do Brasil, e explicar sobre o

projeto Rio+20 que está sendo bastante abordado atualmente no Brasil, explicando sobre o

que se trata, e quais são as expectativas desse projeto. Além de relatar também sobre um dos

temas discutidos pela Rio+20, cidades, que está relacionado com o fator condições de vida,

moradia, edifícios, população e sustentabilidade.

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Isso tudo relatado de uma forma clara, com diversas citações de pessoas importantes, e

entendedoras do assunto.

A questão sustentabilidade parte do pressuposto que para que uma sociedade progrida

e que tenha crescimento econômico estável, é preciso dar certa atenção aos fatores que

possam afetar esta estabilidade no futuro.

Sustentabilidade é um assunto pertinente, pois se preocupa de certa forma com o

futuro de todos, mostrando que é possível desenvolver uma economia sem precisar agredir a

todo instante o meio ambiente, ou seja, existem formas de conseguirmos fazer com que os

nossos países cresçam atualmente, sem agredir o futuro das próximas gerações que ainda

estão por vir, e fazer isso de maneira correta, sem danificar o meio no qual vivemos.

Capítulo 1: Desenvolvimento, Competição e Sustentabilidade.

Atualmente estamos vivendo em uma época na qual tecnologia, inovação, informação,

e criação, são aspectos de extrema necessidade e importância para as nossas vidas

empresariais. O fato de o mercado estar em amplo crescimento significa que novas empresas

estão sendo inseridas de forma competitivas e agressivas nele, com o objetivo de conseguirem

ingressarem e se manterem nesse vasto mercado no qual estão sendo introduzidos.

De acordo com Michael Porter, no livro “Competitive Strategy: Techniques for

analysing Industries and Competitors”, ele mostra uma de suas criações, que é basicamente

um modelo de análise mercadológica, mais conhecida como “As Cinco Forças de Porter”.

Essas forças são: Rivalidade entre os concorrentes; Ameaça de entrada de novas

empresas (entrantes); Ameaça de produtos e serviços substitutos; Poder dos fornecedores; e

Poder dos compradores (clientes).

A Rivalidade entre os Concorrentes: são rivalidades ligadas ao preço, a propaganda,

entrada de novos produtos por determinada empresa, melhoria no programa de distribuição,

esses e entre alguns outros fatores representam de forma clara essa primeira força definida e

estudada por Michael Porter.

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A segunda força que ele aborda é a Ameaça de Entrada de Novas Empresas, em

outras palavras, são aquelas empresas que estão sendo inseridas no mercado, mais conhecida

como empresa entrante, que significa a ameaça de um novo concorrente para aquelas empresa

que já estão inseridas e de certo modo estabelecidas no mercado.

Essas novas empresas só são consideradas como reais ameaças quando existe uma

baixa economia em escala, quando a diferenciação do produto também é baixa, facilitando

assim com que elas consigam se estabelecer no mercado de forma acessível e não precisem

gastar um dinheiro significativo com esse tipo de informação e investimento, e entre outros

motivos.

A terceira forma de força descrita e explicada por Porter é a Ameaça de Produtos e

Serviços Substitutos, sendo que esses produtos podem ser considerados como uma forma de

ameaça quando eles estão sujeitos a certas tendências que poderão trazer determinadas

melhorias quando relacionamos o seu preço com as demais concorrentes, e também o fato de

que esses produtos possam trazer e até mesmo provocar determinadas inovações tecnológicas

fazendo com que determinadas empresas obtenham um destaque maior em relação a outras.

A quarta força que Porter descreveu foi o Poder dos Fornecedores, pois esses podem

exercer seu poder de barganha e de certo modo influenciar o preço, a qualidade de

determinados produtos.

A ultima força descrita por Porter é o Poder dos Compradores, que são chamados e

conhecidos como clientes, esses são fatores chaves para o mercado, e consequentemente

influencia de forma drástica, podendo “obrigar” o mercado a diminuir preços, aumentar

demanda, e qualidade, podendo então acirrar a concorrência em determinados tipos de

mercado.

FIGURA 1.0

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Fonte: As Cinco Forças de Porter. 1

Essa Figura 1.0 representa de forma clara o papel e a função de cada uma dessas forças

retratadas anteriormente.

Michael Porter explica de forma detalhada e clara como se faz uma análise

mercadológica nos dias de hoje, o que não é algo muito simples, pois podemos notar a

complexidade dessa análise pelos diversos fatores que devemos levar em conta para que ela

seja feita de modo preciso e correto.

Essa análise é importante ser feita para entendermos a complexidade do mercado

atualmente causado pelo aumento da concorrência.

Devido ao aumento do desenvolvimento humano, as empresas estão evoluindo,

aumentando, ampliando, e ganhando um grande espaço e importância no nosso planeta, mas,

1 GOMEDE,Everton. Poucos Vitais, Muitos Triviais: Assuntos relacionados à pesquisa em ambientes de

tecnologia da informação e assuntos em geral. Disponível em: <http://evertongomede.blogspot.com>. Acesso

em: 16 mar. 2012

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para que elas cresçam é necessário algo muito maior do que apenas o desenvolvimento

tecnológico, e industrial, por exemplo, é necessário que elas façam isso de maneira

sustentável, com o objetivo de não afetar e de não prejudicar o meio ambiente e

consequentemente as próximas gerações que estão por vir.

1.0: O que é e quando surgiu o conceito de Sustentabilidade?

De acordo com os autores; Adriana Camargo Pereira, Gibson Zucca da Silva e Maria

Elisa Ehrhardt Carbonari, em seu livro “Sustentabilidade, responsabilidade social e meio

ambiente” eles explicam que “o conceito de sustentabilidade explora as relações entre

desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e equidade social”. 2

O conceito de sustentabilidade começou a ser retratada na Conferência

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizado pela

própria ONU (Organizações das Nações Unidas) em meados do ano

de 1972, em Estocolmo, na Suécia. 3

A Conferência discutiu na época sobre as contradições existentes entre

ao desenvolvimento e ao meio ambiente. E posteriormente estudos

realizados comprovaram que o capitalismo instituído estava causando

diversas formas de impactos ambientais. Nessa Conferência estavam

presentes 113 países, e a primeira grande reunião internacional que o

assunto abordado era meio ambiente.4

2 PEREIRA,Adriana Camargo; SILVA Gibson Zucca da; CARBONARI,Maria Elisa Ehrhardti,

Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 66.

3 PEREIRA,Adriana Camargo; SILVA Gibson Zucca da; CARBONARI,Maria Elisa Ehrhardti,

Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 66

4 PEREIRA ,Adriana Camargo; SILVA Gibson Zucca da; CARBONARI, Maria Elisa Ehrhardti,

Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 67

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Os impactos ambientais causaram problemas há vários países, nações, regiões e povos

diferenciados. Por essas razões especificamente que se é importante tomar um devido cuidado

com esses aspectos, e tentar buscar sempre meios que equilibrem de certo modo essa

preservação ambiental com relação ao desenvolvimento econômico, isso tudo com o objetivo

de evoluir e preservar o meio tentando satisfazer as necessidades das gerações atuais, e sem

prejudicar as próximas gerações.

Outra definição dada pelo conceito de sustentabilidade, que consegue expressar de

forma clara e pontual é a seguinte:

Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades

humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos,

sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a

sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento

econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os

recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no

futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o

desenvolvimento sustentável.5

1.1: Definições da Sustentabilidade

Sustentável,adj. que se pode sustentar, capaz de se manter mais ou

menos constante, ou estável, por longo período.6

A sustentabilidade apresenta diversas definições, e algumas das mais conhecidas e

abordadas pela ONU seriam as seguintes:

1.1.1: Econômica:

5 SUSTENTABILIDADE: desenvolvimento presente garantindo o futuro das próximas gerações. Disponível

em:< http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/sustentabilidade.htm >. Acesso em: 10 abr. 2012.

6 DICIONÁRIO Aurélio da Língua Portuguesa. 2 ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1993.

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A ideia central da sustentabilidade é a de que as decisões atuais não

devem prejudicar as perspectivas de qualidade de vida futura. Isto

significa que a gestão do nosso sistema econômico deve ser feita a

partir dos dividendos dos nossos recursos. 7

1.1.2: Ambiental:

Desenvolvimento sustentável está relacionado à preservação dos

processos ecológicos essenciais à sobrevivência e ao desenvolvimento

humano, à preservação da diversidade genética e ao aproveitamento

sustentável das espécies e ecossistemas. 8

1.1.3: Sociocultural:

Desenvolvimento econômico sustentável está diretamente relacionado

com o aumento da qualidade de vida das pessoas de baixa renda, que

pode ser medida em termos de alimentos, renda, educação, saúde,

abastamento de água, saneamento, e apenas indiretamente relacionado

com o crescimento econômico global. 9

FIGURA 1.1.

7 REPETTO, 1986 apud ROGERS, P.; JALAL, K.; BOYD, J. An introduction to sustainable development.

Londres: Earthscan, 2008. p. 43.

8 UNEP apud ROGERS, JALAL e BOYD, 2008, p.44.

9 BARBIER, 1987 apud ROGERS, JALAL e BOYD, 2008, p. 44.

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Fonte: Sustenta essa Ideia 10

A FIGURA 1.1 representa o tríplice resultado baseado nas três dimensões do

desenvolvimento sustentável: a Economia, a Ambiental (Ecologia), e a Social, que essas

dimensões são consideradas como os pilares da sustentabilidade.

Quando o tríplice resultado apresenta é positivo, quer dizer que irá desencadear em um

aumento positivo e significativo para a empresa, tanto relacionado ao retorno para os seus

acionistas, quanto à lucratividade.

A perspectiva Social tem como preocupação o bem estar dos seres humanos e da

qualidade de vida deles.

A Econômica acredita que a sustentabilidade econômica está relacionada a duas

dimensões: de um lado, a alocação e a gestão mais eficiente dos recursos e, de outro, um fluxo

regular do investimento público e privado.11

10

O que você entende sobre sustentabilidade?

Disponível em: <http://sustentaessaideia.blogspot.com> . Acesso em: 12 abr. 2012.

11 SACHS, Ignacy..Desenvolvimento includente, sustentável e sustentado. Rio de Janeiro: Garamond,2006.

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E a perspectiva Ambiental se preocupa com os possíveis impactos que os homens e

podem e/ou causam sobre o ambiente.

1.2: Qual é a importância da Sustentabilidade?

Vivemos atualmente em uma época de acontecimentos inesperados quando abordamos

o assunto relacionado, por exemplo, ao clima. Isso é apenas consequência do modo que a

nossa sociedade está escolhendo para vivermos o nosso cotidiano atualmente.

De certo modo, deixamos com que o nosso planeta ficasse “doente” e prejudicamo-lo,

a partir desse, e de outros motivos temos que ter a conscientização de fazermos práticas

sustentáveis relacionadas ao nosso dia-a-dia para ajuda-lo a melhorar.

Essa mudança deve ocorrer o quanto antes, e deve estar na mente de todos os cidadãos

do nosso planeta Terra. Devem então mudar a forma em que explora, extrai recursos naturais

da natureza, pois se continuar dessa forma, não terão recursos para as próximas gerações

conseguirem usufruir.

A sustentabilidade é importante para conseguirmos preservar o meio em que vivemos,

e sem deixarmos de fazer com que a economia do nosso mundo continue a crescer cada vez

mais fazendo isso de modo que todas as pessoas consigam viver com alta qualidade de vida

na Terra, e preservem as gerações futuras.

1.3: Quais são as práticas sustentáveis?

Para que ocorram essas práticas sustentáveis de forma correta, é preciso que haja

primeiramente uma conscientização e uma educação ambiental há todos os indivíduos.

1.3.1: Educação Ambiental

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais

o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

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13

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial

à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.12

1.3.1.1: Práticas da Educação Ambiental

A seguir serão relatadas algumas práticas que podem, e devem ser utilizadas no dia-a-

dia de cada indivíduo para que consigam participar de ações sustentáveis fazendo com que

vivam em um mundo melhor.

Essas práticas foram retiradas do ALMANAQUE PARA PRÁTICAS

SUSTENTÁVEIS, por Thomas Enlazador

1. Racione o uso do ar-condicionado. Na maior parte das vezes, uma

janela aberta resolve o incômodo do calor. Quando for usar o ar

condicionado aumente em 2 graus. Com essa atitude você evita que

900 kg de dióxido de carbono por ano, subam para atmosfera13

;

2. Se não for suficiente, tente um bom ventilador, que consome menos

energia do que o ar condicionado14

;

3. Troque as lâmpadas incandescentes por versões fluorescentes mais

econômicas. Elas podem gastar até 65% menos energia e durar até 10

12

Artigo 1º da Lei nº 9.795/99

13Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

14 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

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14

vezes mais do que as lâmpadas de filamento, reduzindo, assim, a

geração de resíduos15

4. Compre apenas eletrodomésticos que tenham avaliação A no selo

Procel. Eles ajudam a diminuir sua conta de luz e permitem uso mais

eficiente de energia elétrica16

5. Mais da metade do lixo da sua casa pode ser reciclado. Separe os

materiais recicláveis do lixo orgânico e do que não pode ser reciclado.

Consulte a prefeitura para saber mais sobre os horários e condições da

Coleta Seletiva na sua cidade 17

6. Mantenha a tampa da panela fechada. Com essa atitude você

concentra mais calor e economiza gás de cozinha18

7. O relatório impresso hoje pode virar papel de rascunho amanhã.

Aproveite sempre os dois lados das folhas e poupe o corte de muitas

árvores19

15

Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

16 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

17 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

18 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

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15

8. Quando sair da sala, desligue o monitor do computador. As proteções

de tela também gastam energia que podem ser economizada apenas ao

apertar um botão20

9. Não coloque a geladeira perto do fogão ou de uma janela que recebe

muito Sol; ela terá de trabalhar mais para se manter fria21

10. Feche sempre bem a porta da geladeira. Aberta, há um maior

consumo de energia para manter a temperatura. Não deixe a porta

aberta enquanto pensa no que vai tirar dela, nem a abra e feche

repetidas vezes22

11. Evite manter a temperatura interna do refrigerador inferior a 5 ou 6

graus. Isso aumenta o consumo energético em cerca de 7%23

19

Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

20 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

21 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

22 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

23 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

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16

12. Prefira geladeira com descongelamento manual por gastar menos

energia24

13. Se a sua atividade profissional permite, trabalhe remotamente em

casa alguns dias por semana. Você gasta menos combustível e diminui

o stress dos deslocamentos25

14. Tire ruído: Se a porta estiver rangendo, faça uma mistura de raspa de

grafite (ponta de lápis) e algumas gotas de óleo de cozinha. Coloque

aos poucos nas dobradiças, fazendo um movimento de abrir e fechar a

porta, para que a mistura penetre bem nas dobradiças26

15. Racionalize o uso de pilhas, procure usar pilhar recarregáveis.

Quando acabar seu prazo, encaminhe as caixas coletoras específicas.

As pilhas contaminam a água e o solo, com mercúrio e cádmio, e a

atmosfera com vapores tóxicos27

16. A fabricação de mais papel faz com que sejam derrubadas mais

árvores, aumentando o aquecimento global e diminuindo a qualidade

do ar e da água. O cloro utilizado para o branqueamento é altamente

24

Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

25 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

26 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

27 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

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17

contaminante. Opte sempre pelo papel reciclado, imprima só o

necessário, no modo econômico e utilize os dois lados da folha28

17. Fique atento na conta de luz da sua casa e perceba quantos aparelhos

eletrônicos ficam no modo de espera (stand by ) constantemente. Crie

o habito e tire televisão, dvds, sons e outros da tomada e calcule a

economia na conta29

18. Seja um agente voluntário do “apagão”; Saia por ai apagando todas as

luzes desnecessárias na sua casa, trabalho, banheiros públicos,

shoppings, restaurantes e afins. A conta em real nem sempre é você

quem paga, mas o ônus ambiental reflete em todo o planeta30

19. Evite a indústria dos descartáveis: prefira o coador de pano, os

alimentos fora das bandejas de isopor, o copo de vidro, as sacolas e

guardanapos de pano, enfim, todo produto que se use, lave e use

novamente, em vez de jogar fora. Assim, você economiza os recursos

da natureza e diminui a quantidade de lixo, um dos grandes problemas

do nosso tempo.31

28

Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

29 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

30 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

31 Disponível em:

<http://www.catalogosustentavel.com.br/arquivos/file/praticas_sustentaveis%20almanaque.pdf>. Acesso 18.abr.

2012

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18

Capítulo 2: A Sustentabilidade nos Condomínios

Para ajudarmos com o meio ambiente podemos começar com pequenas ações dentro

de nossos próprios lares. Cada dia mais assuntos relacionados à sustentabilidade estão sendo

abordados e adotados por muitos indivíduos; por muitas empresas; por muitos locais de

moradia; resumidamente, esses assuntos estão se espalhando pelo mundo todo e de diversas

maneiras, em forma de um prol social e universal, para ajudar o nosso planeta.

Instituir essa ideia de sustentabilidade nos condomínios não é uma tarefa considerável

fácil. O fato de ter que conscientizar moradores, fazer com que eles modifiquem certos

hábitos que eles já estão acostumados a realizar, e fazer com que eles percebam que não é a

melhor maneira para ajudar o meio ambiente e ajam de forma diferenciada de seu costume,

não é nada fácil.

Para que isso ocorra de forma eficiente os síndicos devem em primeiro lugar tomar

consciência da importância desse aspecto para toda a comunidade, não apenas aquela que esta

inserida no condomínio que ele tem certa responsabilidade, mas de toda a população de uma

nação. Devem promover campanhas sustentáveis, conversar com os funcionários que realizam

atividades rotineiras no condomínio, alertar as possíveis consequências, e até mesmo

punições, realizar metas que ajudem para que essas ações sigam de exemplos para os

moradores, pedir auxilio e ajuda de administradores que fazem a administração do

condomínio, e ter controles sobre tudo isso.

2.0: Por que praticar Sustentabilidade nos Condomínios?

A sustentabilidade é uma prática que deve estar presente, ser consciente e entendida

por todos os indivíduos. Essa prática pode e deve começar partindo dos próprios lares, com

pequenas ações cotidianas que tem por finalidade melhorar as condições de vida de todos.

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19

2.0.1: Condomínios Sustentáveis:

O conceito de condomínios sustentáveis vem se popularizando em

nosso país conforme cresce a consciência ecológica e os problemas e

distúrbios climáticos se espalham pelo mundo manifestando-se com

cada vez mais violência e frequência. As preocupações de uma grande

parcela da população só aumentam conforme notícias de eventos

climáticos nunca antes vistos começam e espalhar-se pelo planeta e a

assustar até os mais céticos críticos do aquecimento global.32

O autor Carlos Abreu explica também que:

Cada vez mais empresários do ramo de construção civil vêm

investindo na construção de condomínios sustentáveis com grande

sucesso e obtendo lucros substanciais com a comercialização das

unidades e “vendendo a ideia” da sustentabilidade.33

O autor, por fim afirma que:

Os condomínios sustentáveis serão capazes de garantir uma correta e

racional utilização de recursos naturais cada vez mais escassos e caros.

Economizando dinheiro para seus moradores e garantindo ao planeta a

possibilidade de recuperar-se de forma adequada para fazer frente ao

consumo dos recursos necessário a manutenção das futuras gerações

de habitantes do planeta. Garantindo um correto uso da água e sua

reciclagem; a economia de energia elétrica e, consequentemente, dos

recursos necessários a sua geração e transmissão; além de assegurar

um destino correto para os resíduos e dejetos provenientes desses

32

ABREU, Carlos. Condomínios Sustentáveis: Investimentos Ecologicamente Corretos. Disponível em: <

http://www.atitudessustentaveis.com.br/conscientizacao/a-importancia-da-educacao-ambiental-

sustentabilidade/>. Acesso em 9 mai. 2012.

33 ABREU, Carlos. Condomínios Sustentáveis: Investimentos Ecologicamente Corretos. Disponível em: <

http://www.atitudessustentaveis.com.br/conscientizacao/a-importancia-da-educacao-ambiental-

sustentabilidade/>. Acesso em 9 mai. 2012.

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20

condomínios, essas construções representarão a “ponta de lança” do

movimento de recuperação ambiental a longo e médio prazo.34

2.0.2: Empreendimentos Imobiliários (Sustentáveis)

De acordo com pesquisas realizadas pelo Roberto M.F. Mourão, ele conseguiu captar

as seguintes informações relacionadas aos Condomínios sustentáveis:

Estima-se que a construção civil seja responsável pelo consumo entre

15 e 50% dos recursos naturais extraídos no planeta, 66% de toda a

madeira, 40% da energia consumida, 16% da água potável e é o

terceiro maior responsável pela emissão de gases que causam o efeito

estufa, incluindo toda a cadeia produtiva que une fabricantes de

materiais e usuários finais, como construtoras e empreiteiras.

Através da implantação de diferenciais sustentáveis que vão desde o

processo construtivo até os procedimentos adotados durante a vida útil

do imóvel, moradores de condomínios sustentáveis podem ser

contemplados com uma taxa de condomínio de 20% a 30% menor que

o valor cobrado em edifícios convencionais, melhor qualidade de vida

e contribuição da preservação ao meio ambiente. Estes são

diferenciais que possibilitam argumentos de venda com maior chance

de sucesso na comercialização.

No Brasil, por ser uma prática recente, ainda não se tem uma

avaliação dos resultados de comercialização de prédios sustentáveis.

Nos Estados Unidos, uma construção que possua certificação

atestando sustentabilidade - “Green Building” - chega a valorizar em

até 20%.

A concepção de um condomínio sustentável deve incorporar maior

planejamento e integração de materiais, tecnologias e sistemas para

promover melhor aproveitamento de recursos naturais, tendo como

34

ABREU, Carlos. Condomínios Sustentáveis: Investimentos Ecologicamente Corretos. Disponível em: <

http://www.atitudessustentaveis.com.br/conscientizacao/a-importancia-da-educacao-ambiental-

sustentabilidade/>. Acesso em 9 mai. 2012.

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21

premissa a adoção de medidas desde o projeto até a execução que

também contemplem responsabilidade social.

A partir de um diagnóstico ambiental devem ser propostas tecnologias

que possibilitem a implantação segura da área do empreendimento,

sobretudo na ausência ou em caso de reduzida infra-estrutura urbana

pública (área urbana não urbanizada). O programa de projeto deve

levar em conta o essencial para a devida utilização humana, ao invés

do mínimo custo e máximo adensamento usuais em habitação.

Devem ser empregadas análises e simulações de insolação e

ventilação natural, acessibilidade, especificação de tecnologias e

materiais de baixo impacto ambiental.

Na implantação de um empreendimento convencional percebe-se uma

visão linear de processos onde normalmente os recursos materiais não

são questionados, desde sua origem até seu descarte. Durante a

operação também não há questionamentos e consciência da fonte dos

recursos naturais e energéticos, gerando-se resíduos em grande

volume sob a forma de esgotos e materiais diversos para aterros

sanitários ou lixões.

Os projetos de condomínios sustentáveis deve considerar uma

abordagem sistêmica, contemplando todos os aspectos envolvidos ao

longo de seu ciclo de vida, desde a concepção do projeto, implantação

e operação, mostrando-se viável perante a visão moderna de

sustentabilidade.

No Brasil, ainda não há normas para avaliação e certificação de

produtos sustentáveis ou ambientalmente corretos, com exceção da

madeira certificada. Mas, aos poucos, algumas práticas na linha da

sustentabilidade começam a surgir como diferenciais em

empreendimentos imobiliários.

Em caso de empreendimentos multifamiliares, como prédios e

condomínios de casas, além do aproveitamento da luminosidade e

ventilação naturais, abundantes no país, principalmente no Nordeste, é

possível contar com esses recursos - sol e vento - para a produção de

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22

energia visando economia para o condomínio e mitigação ou menor

impacto ambiental.

Estudo realizado pelo WBCSD World Business Council for

Sustainable Development (Conselho Mundial de Negócios para o

Desenvolvimento Sustentável), por meio das respostas de 1,4 mil

pessoas de todo o globo, estimou que o custo para tornar uma

construção “verde” é cerca de 5%. Ao mesmo tempo, que as emissões

de gases do efeito estufa vindo de edificações respondem por 40% do

total mundial. (2006).

O estudo revela ainda que menos de uma em cada sete indústrias

questionadas participaram diretamente em projetos de construções

verdes. O envolvimento varia de 45% na Alemanha a 5% na Índia.

Cerca de 20% dos arquitetos e engenheiros tem se envolvido nesses

projetos, comparado com apenas 9% dos proprietários.35

2.0.2.1. Como planejar condomínios sustentáveis?

De acordo com os autores Adriana Vieira, Mariana Lacerda, Priscilla Santos e Yuri

Vasconcelos, eles fizeram uma retratação explicando exatamente, passo por passo, de como se

deve fazer para conseguir fazer com que o seu condomínio seja algo mais sustentável.

2.0.2.2: Sensibilize os moradores

Afixe bilhetes e recortes de jornais sobre as vantagens de adotar

algumas medidas sustentáveis no quadro de avisos ou no elevador.

35

MOURÃO Roberto M.F., Condomínios Sustentáveis. Disponível em: <

http://www.ecobrasil.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=452&sid=68> Acesso em: 21 de

Setembro de 2012.

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23

Converse com os moradores influentes e forme um grupo que

encabece a idéia.36

2.0.2.2.1: Faça uma primeira reunião de condomínio

Será um bate-papo sobre como transformar o prédio em um edifício

sustentável, com explicação das vantagens, inclusive econômicas. A

implementação do projeto deve ser discutida em outra reunião,

marcada para 15 ou 30 dias depois. Nesse intervalo de tempo,

continue divulgando informações sobre sustentabilidade para não

deixar a iniciativa perder a força.37

2.0.2.2.2: Na segunda reunião, estabeleça prioridades

Com base nas necessidades e nos recursos financeiros disponíveis,

deve-se hierarquizar o que é mais importante e elaborar um

cronograma de execução. Tente começar por obras mais simples,

como gramar a calçada, ou por medidas que tragam a redução de

custos, como a instalação de torneiras temporizadas nas áreas comuns

do prédio.38

2.0.2.2.3: Acompanhe a execução das obras e mantenha os condôminos informados

36

VIEIRA Adriana, LACERDA Mariana, SANTOS Priscilla e VASCONCELOS Yuri. Como planejar um

condomínio sustentável? Disponível em:

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/conteudo_414443.shtml>. Acesso em 15 de Setembro 2012.

37 VIEIRA Adriana, LACERDA Mariana, SANTOS Priscilla e VASCONCELOS Yuri. Como planejar um

condomínio sustentável? Disponível em:

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/conteudo_414443.shtml>. Acesso em 15 de Setembro 2012.

38 VIEIRA Adriana, LACERDA Mariana, SANTOS Priscilla e VASCONCELOS Yuri. Como planejar um

condomínio sustentável? Disponível em:

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/conteudo_414443.shtml>. Acesso em 15 de Setembro 2012.

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24

Divulgar os impactos causados, por exemplo, na redução de despesas,

é importante porque as pessoas são sensíveis aos resultados e, quando

eles surgem, o projeto ganha ainda mais força.39

2.0.3: Empreendimentos Sustentáveis

Carlos Abreu, explica ainda nessa mesma reportagem sobre o os empreendimentos

sustentáveis e o sucesso que existem sobre eles:

O sucesso alcançado por esses pioneiros da construção de

condomínios sustentáveis prova que esses empreendimentos

sustentáveis possuem um grande atrativo para indivíduos de todas as

classes sociais e com poder aquisitivo suficiente para garantir a

compra, mesmo financiada, dessas unidades habitacionais. No entanto,

curiosamente, ainda vemos com certa timidez a proliferação

de condomínios sustentáveis em nossas cidades por fatores muito mais

culturais do que econômicos.40

FIGURA 2.0

39

VIEIRA Adriana, LACERDA Mariana, SANTOS Priscilla e VASCONCELOS Yuri. Como planejar um

condomínio sustentável? Disponível em:

<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/conteudo_414443.shtml>. Acesso em 15 de Setembro 2012.

40 ABREU, Carlos. Condomínios Sustentáveis: Investimentos Ecologicamente Corretos. Disponível em: <

http://www.atitudessustentaveis.com.br/conscientizacao/a-importancia-da-educacao-ambiental-

sustentabilidade/>. Acesso em 9 mai. 2012.

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25

A FIGURA 2.0 representa uma planta ideal de um condomínio sustentável. Mostrando assim

com detalhes como seria realmente um condomínio de caráter ecológico.

2.0.4: Construções Sustentáveis

O autor Roberto M.F. Mourão, ainda em sua pesquisa dá explicações e dicas de tudo

aquilo que se deve ter para conseguir fazer determinadas construções de forma sustentáveis, e

de forma com que os indivíduos que residam nessas construções consigam viver de forma

saudável, confortável e confiável.

Gestão sustentável da implantação da obra;

Consumir mínima quantidade de energia e água na

implantação e ao longo de sua vida útil;

Uso de matérias-primas eco-eficientes;

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26

Gerar mínimo de resíduos e contaminação;

Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;

Não provocar ou reduzir impactos no entorno - paisagem,

ventilação e temperatura;

Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;

Criar um ambiente interior saudável.41

2.0.4.1 Exemplo de Construção Sustentável:

O Colégio Estadual Erich Walter Heine, em Santa Cruz é importante de ser relatado, pois é

uma construção sustentável. Isso serve de exemplo para as demais construções, e não apenas

para as construções em Colégios. A relevância dessa construção se da também pelo fato de

estar presente em uma instituição de ensino, o que de certo modo pode influenciar

positivamente os futuros jovens e crianças que fazem parte desse Colégio.

FIGURA 2.1

41

MOURÃO Roberto M.F., Condomínios Sustentáveis. Disponível em: <

http://www.ecobrasil.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=452&sid=68> Acesso em: 21 de

Setembro de 2012.

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27

FIGURA 2.1 É a representação do Colégio Estadual Erich Walter Heine, e seu exemplo de

construção sustentável apresentam o seu telhado verde, e foi considerada a primeira escola

totalmente sustentável da América Latina.

2.0.4.2: Quais práticas sustentáveis podem ser instituídas nesses condomínios?

1. Painéis solares para aquecimento de água - banho, cozinha,

piscinas, etc.;

2. Geradores eólicos - armazenando energia dos ventos em

baterias podendo suprir parte da demanda do condomínio, por

exemplo; nas áreas de serviços;

3. Placas fotovoltaicas de produção de energia - iluminação

externa, bombas d’água, etc.;

4. Aquecimento de chuveiros a gás - garante que o consumo de

energia elétrica será reduzido nos apartamento, maior conforto

e economia aliados à responsabilidade ambiental.

5. Captação de água de chuva - ajuda na economia de água que

pode ser utilizada para irrigação, lavagem de pisos e descarga;

6. Reuso de água - a incorporação em empreendimentos do

reuso da água proveniente dos lavatórios e dos chuveiros

passa por uma estação de tratamento de esgoto e é novamente

armazenada, para uso exclusivo nos vasos sanitários.

7. Bacias sanitárias de duplo fluxo (3 ou 6 litros) - possibilitam

economia/redução de até 60% do consumo no anual per capita

anual ± 10 mil litros;

8. Telhados/lajes e jardins suspensos - impermeabilizados e

adequadamente drenados possibilitando captação de água de

chuva e melhoria do conforto térmico-acústico, etc.;

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28

9. Utilizar o ozônio para a tratamento de água da piscina - ao

invés do cloro - existem diversos estudos que indicam que o

cloro tem potencial cancerígeno, além dos efeitos já

conhecidos como desgaste dos cabelos ou poluição química;

10. Orientação de edificações - promove aumento da ventilação

e luminosidade naturais;

11. Melhor aproveitamento da iluminação natural - levando-se

em conta a necessidade do seu controle;

12. Medidores de água e gás individuais - proporcionando

economia à medida que os usuários serão responsáveis pelo

pagamento exato do consumo próprio;

13. Coleta seletiva - ajuda na reflexão dos princípios base da

sustentabilidade pelos condôminos: os 5 “Rs”: Repensar,

Recusar, Reduzir, Reusar e Reciclar, além de poder gerar

renda extra para o condomínio ou gerando oportunidade de

trabalho para comunidades locais em associações de

reciclagem;

14. Tratamento de efluentes / esgotos e águas cinza - para o

adequado lançamento no ambiente natural, evitando a

contaminação do lençol freático e corpos d’água (rios, lagoas,

mar, etc.), podendo auxiliar na redução do uso para irrigação e

lavagem de pisos;

15. Uso de alvenaria estrutural - um processo construtivo que

não usa madeira a não ser nos acabamentos, produz o mínimo

de entulho e resíduos - entre 0 e 1% - economiza matéria-

prima, entre outras vantagens;

16. Estrutura não armada - as paredes sustentam o peso da

construção sem necessidade de pilares e vigas e sem a

utilização de ferros. Os reforços metálicos são colocados

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29

apenas em cintas, vergas, na amarração entre paredes e nas

juntas com a finalidade de evitar fissuras;

17. Madeira certificada / reflorestada - só é utilizada em

acabamentos e, mesmo assim, é exigido que seja reflorestada;

18. Pomar, herbário e horta comunitária - além de possibilitar

a criação de postos de trabalhos para a comunidade local,

permite aos moradores, principalmente as crianças, tenham

contato com frutas e verduras diretamente da natureza, vendo-

as crescer e aprendendo a cuidá-las, além do prazer de poder

colhê-las diretamente “no pé”;

19. Iluminação - de baixo consumo energético nas áreas comuns

de uso contínuo e iluminação com acionadores por sensor de

presença nas áreas de uso esporádico ou intermitente - válido

também, com maior tolerância, para as unidades privadas;

Além disso, tem a presença de lâmpadas econômicas, que no caso, a lâmpada mais econômica

é a fluorescente. São lâmpadas vendidas em supermercados, e apresenta três tipos de formato:

tubular, circular e compacta.

Um estudo realizado pelo Instituto de Defesa do Consumidor

(Idec) revelou que as lâmpadas fluorescentes chegam a ser

79% mais econômicas e produzem 70% menos calor que as

incandescentes.42

20. Adoção preferencial de acabamentos claros em áreas de

grande incidência de luz solar;

21. Equipamentos com menor consumo e melhor eficiência

possível na utilização do gás natural para todos os fins;

42

Disponível em: http://www.sindiconet.com.br/6914/Informese/Economia-de-energia/Tipos-de-Lampadas.

Acesso em 21 de Novembro de 2012.

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30

22. Churrasqueira “ecológica” - possui o sistema de

aquecimento a gás em rochas vulcânicas, não produz fuligem

e não consome carvão vegetal;

23. Melhor condição de conforto térmico evitando a incidência

da radiação solar direta através da adoção de soluções

arquitetônicas tipo brises-soleil, venezianas, telas termo-

screen externas, prateleiras de luz, vidros especiais que

dispensam o uso de brises, etc.;

24. Pinturas reflexivas - para diminuir a absorção de calor para o

edifício;

25. Torneiras com acionamento eletrônico ou temporizador por

pressão em todas as aplicações passíveis;

26. Evitar ao máximo a impermeabilização do solo;

27. Evitar danos à fauna, flora, ecossistema local e ao meio

ambiente;

28. Evitar grandes movimentos de terra, preservando sempre que

possível a conformação original do terreno;

29. Gruas e guindastes - no processo construtivo, são utilizadas

gruas ou guindastes para levantar lajes e outros itens mais

pesados que antes necessitassem de andaimes;

30. Criar e promover curso de gestor ambiental do condomínio,

envolvendo todo corpo de funcionários com treinamento

adequado visando a educação e a criatividade;

31. Construção com tijolos de solo-cimento - quando possível e

adequado.

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31

2.1: Quais são os meios que os condôminos utilizam para contribuir com a

Sustentabilidade em seus lares?

Os condôminos devem estar conscientes de que eles precisam melhorar a qualidade de

vida dos seus lares, e que isso só depende deles para acontecer de verdade. Por essas, e outras

razões eles devem fazer economias, tais como as seguintes

2.1.1: Economia de Energia Elétrica:

Para economizar energia elétrica os condôminos devem de certa forma:

1. Valorizar e utilizar corretamente a luz vinda de janelas e varandas, assim poupando

com que a luz dos cômodos de seus lares fiquem sempre acessos;

2. Utilizar aquecimento solar para o aquecimento da água de seus lares;

3. Racionalizar o número de pontos de iluminação, e coloca-los em pontos e posições

estratégicas, com a finalidade de obrigar o morador a desligar a luz quando for

necessário;

4. Colocar detectores de presença com o intuito de evitar certo esquecimento de locais

acessos sem devidas necessidades.

2.1.2: Economia de Água

Algumas dicas relacionadas à economia de água são as seguintes:

2.1.2.1 Vazamentos

Uma torneira mal fechada pode desperdiçar 46 litros de água em um

dia. Com uma abertura de 1 ml, o fiozinho de água escorrendo será

responsável pela perda de 2068 litros de água em 24 horas.

No caso de vazamentos em vasos sanitários, verifique se há água

escorrendo. Para isso, jogue cinzas, talco ou outro pó fino no fundo da

privada e observe por alguns minutos. Se houver movimentação do pó

ou se ela sumir, há vazamento. Outra forma de detectar um vazamento

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é através do hidrômetro (ou relógio de água) da casa. Para tanto, siga

os seguintes passos:

1. Feche todas as torneiras e desligue os aparelhos que usam água na

casa (só não feche os registros na parede, que alimentam as saídas de

água).

2. Anote o número indicado no hidrômetro e confira depois de

algumas horas para ver se houve alteração ou observe o círculo

existente no meio do medidor (meia-lua, gravatinha, circunferência

dentada) para ver se continua girando.

3. Se houver alteração nos números ou movimento do medidor, há

vazamento.

4. Caso seja viável, instale redutores de vazão em torneiras e chuveiro.

43

2.1.2.2 Banho

Ao ensaboar-se, feche as torneiras. Não deixe a torneira aberta

enquanto ensaboam as mãos, escova os dentes ou faz a barba. Evite

banhos demorados. Reduzindo 1 minuto do seu banho você pode

economizar de 3 a 6 litros de água. Imagine numa cidade onde vivem

aproximadamente 2 milhões de habitantes. Poderíamos ter uma

economia de, no mínimo, 6 milhões de litros. 44

2.1.2.3 Vaso sanitário

Quando construir ou reformar, dê preferência às caixas de descarga no

lugar das válvulas; ou utilize aquelas de volume reduzido. Não deixe a

descarga do banheiro disparar.45

43

Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

44 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

45 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

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33

2.1.2.4 Torneiras

Instale torneiras com aerador ("peneirinhas" ou "telinhas" na saída da

água). Ele dá a sensação de maior vazão, mas, na verdade, faz

exatamente o contrário.46

2.1.2.5 Louça

Lave as louças em uma bacia com água e sabão e abra a torneira só

para enxaguar. Use uma bacia ou a própria cuba da pia para deixar os

pratos e talheres de molho por alguns minutos antes da lavagem, pois

isto ajuda a soltar a sujeira. Utilize água corrente somente para

enxugar.47

2.1.2.6 Verduras

Para lavar verduras use também uma bacia para deixá-las de molho

(pode ser inclusive com algumas gotas de vinagre), passando-as

depois por um pouco de água corrente para terminar de limpá-las.48

2.1.2.7 Roupa

Lave de uma vez toda a roupa acumulada. Deixar as roupas de molho

por algum tempo antes de lavar também ajuda. Ao esfregar a roupa

com sabão, use um balde com água, que pode ser a mesma usada para

manter a roupa de molho. Enquanto isso mantenha a torneira do

tanque fechada.

46 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

47 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

48 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

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Enxagüe também utilizando o balde e não água corrente. Se você tiver

máquina de lavar, use-a sempre com a carga máxima e tome cuidado

com o excesso de sabão para evitar um número maior de enxágües.

Caso opte por comprar uma lavadora, prefira as de abertura frontal

que gastam menos água que as de abertura superior.49

2.1.2.8 Jardins e plantas

Regar jardins e plantas durante 10 minutos significa um gasto de 186

litros. Você pode economizar 96 litros se tomar estes cuidados:

- Regue o jardim durante o verão pela manhã ou à noite, o que reduz a

perda por evaporação;

- Durante o inverno, regue o jardim em dias alternados e prefira o

período da manhã;

- Use uma mangueira com esguicho tipo revólver;

- Cultive plantas que necessitam de pouca água (bromélias, cactos,

pinheiros, violetas);

- Molhe a base das plantas, não as folhas;

- Utilize cobertura morta (folhas, palha) sobre a terra de canteiros e

jardins. Isso diminui a perda de água.50

2.1.2.9 Água da chuva

Aproveite sempre que possível a água de chuva. Você pode armazená-

la em recipientes colocados na saída das calhas ou na beirada do

telhado e depois usá-la para regar as plantas. Só não se esqueça de

49

Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

50 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

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deixá-los tampados depois para que não se tornem focos de mosquito

da dengue!51

2.1.2.10 Carro

Substitua a mangueira por um balde com pano para retirar a sujeira do

veículo. Lavar o carro com a torneira aberta é uma das piores e mais

comuns maneiras de desperdiçar água52

.

2.1.2.11 Calçada

Evite lavar a calçada. Limpe-a com uma vassoura, ou lave-a com a

água já usada na lavagem das roupas. Utilize o resto da água com

sabão para lavar o seu quintal. Depois, se quiser, jogue um pouco de

água no chão, somente para "baixar a poeira". Para isto, você pode

usar aquela água que sobrou do tanque ou máquina de lavar roupas.53

2.1.3 Seleção e Separação do lixo

Cada condômino deve saber como separar o seu lixo de forma correta, para ajudar na

hora de realizar a reciclagem.

FIGURA 2.2

51

Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

52 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

53 Disponível em: <http://idec.org.br/>. Acesso em: 16 abr. 2012

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A FIGURA 2.2 retrata os diversos e possíveis tipos de lixos presentes em casa, e como cada

um deve ser separado, ou seja, explica exatamente qual categoria a cada um deles pertence.

2.2: Existem vantagens ao realizar essa prática sustentável nos Condomínios?

Sim existem vantagens. As vantagens são justamente o fato de contribuir com o meio

ambiente ao realizar todas as possíveis tarefas sustentáveis dentro de seus lares, e

condomínios e também, o fato de que a partir disso tudo conseguir economizar

financeiramente devido a esses fatores.

2.3: O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design):

O LEED é um sistema de certificação e orientação ambiental de

edificações. Criado pelo U.S. Green Building Council, é o selo de

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maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em todo o

mundo, inclusive no Brasil.

Além dos diferentes tipos e necessidades, a certificação também tem

diferentes níveis de acordo com o desempenho do empreendimento

como Silver, Gold e Platinum.54

Para que uma construção tenha o LEED, é necessário que ela apresente os seguintes fatores:

1 - Escolha do terreno

De acordo com o engenheiro Marcos Casado, gerente-técnico do GBS

Brasil, para ser verde um edifício precisa ocupar um espaço

sustentável, ou seja, a escolha do terreno deve levar em conta o menor

impacto durante a construção, bem como a proximidade à rede de

transportes públicos e serviços. Dessa forma, evita-se o uso do carro,

altamente poluente, e estimula-se a locomoção a pé e através de

ônibus ou metrô, por exemplo. Por isso, é importante apostar em

telhados verdes, com jardim, uma vez que a vegetação, além de

promover a biodiversidade, ajuda a amenizar a temperatura do prédio.

Outra opção é o telhado com cobertura clara, que reflete a luz

ajudando a bloquear o calor e, consequentemente, reduzindo o uso do

ar condicionado.

2 - Uso racional da água:

Para reduzir ao máximo o consumo, devem ser usados aparelhos

economizadores como torneira eletrônica, mictório a seco, válvulas de

descarga dual flush ou até mesmo vaso sanitário a vácuo. E o sistema

de irrigação, por sua vez, deve ser automático. Outro recurso

importante é o reaproveitamento da água não potável. A da chuva ou a

do esgoto tratado, por exemplo, deve ser captada para ser usada vasos

sanitários ou na lavagem de pisos, por exemplo.

3 - Eficiência energética

O aproveitamento da luz e da ventilação naturais para iluminar e

deixar os ambientes mais frescos ajuda a reduzir o consumo de

energia. Equipamentos de ar condicionado e outros eletro-eletrônicos

54

Disponível em: <http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao>. Acesso 9 out. 2012

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devem ter o selo Procel, que garante os melhores níveis de eficiência

energética. Já as lâmpadas dos prédios verdes são frias, pois são as

que apresentam melhor compensação energética. As LED, por

exemplo, consomem 26 watts cada contra os 32 watts da tradicional.

Edifícios ecologicamente corretos investem também em fontes de

energia renováveis, como eólica e fotovoltaica. Há ainda a opção de

comprá-la do Aterro de Gramacho, que produz energia a partir do lixo,

ou de pequenas hidrelétricas, que causam menor impacto ambiental.

4 - Qualidade ambiental interna

Um prédio verde deve oferecer conforto e bem-estar aos ocupantes, o

que, no caso dos empreendimentos comerciais, implica em aumento

da produtividade dos funcionários. Janelas com paisagem e produtos

como tinta, cola e verniz sem cheiro, por exemplo, contribuem para a

saúde das pessoas, tanto física quanto mental. Não à toa, um edifício

verde prioriza aspectos como a vista, boa iluminação natural e

produtos sem teor de compostos orgânicos voláteis, que deixam cheiro

forte. O controle de qualidade do ar através de filtros de ar

condicionado, por exemplo, também é um ponto importante.

5 - Materiais e recursos

O selo LEED também avalia a matéria-prima utilizada na construção.

As madeiras certificadas, a de reflorestamento ou a de ciclo vegetativo

rápido, como bambu e eucalipto, são bons exemplos de material

sustentável, bem como as tintas ecológicas à base d’água, como o

epóxi, com baixo teor de química e sem cheiro.

6 - Inovações e tecnologias

As construtoras e os escritórios de engenharia devem também ser

criativos se quiserem conquistar o selo verde com pontos adicionais

(não à toa existe o LEED Prata, o Gold e o Premium). No escritório do

próprio GBC Brasil, em São Paulo, há, por exemplo, um moderno

sistema de descontaminação do ar. Revitalizar parques no entorno do

prédio, ao invés de concentrar esforços apenas na própria obra,

também é uma atitude sustentável extra bem avaliada no LEED.

7 - Créditos regionais

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39

Diz respeito a adaptações que estimulem mudanças culturais de

comportamento.55

2.3.1: Tipos de LEED no Brasil:

LEED NC – Novas construções e grandes projetos de renovação

LEED ND – Desenvolvimento de bairro (localidades)

LEED CS – Projetos da envoltória e parte central do edifício

LEED Retail NC e CI – Lojas de varejo

LEED Healthcare – Unidades de saúde

LEED EB_OM – Operação de manutenção de edifícios existentes

LEED Schools – Escolas

LEED CI – Projetos de interiores e edifícios comerciais 56

FIGURA 2.3

55

Disponível em: <http://vejario.abril.com.br/especial/predios-verdes-sustentabilidade-646852.shtml>. Acesso

em 25 Nov. 2012

56 Disponível em: <http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao>. Acesso 9 out. 2012

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40

FIGURA 2.3 Rio Office Tower, no Rio de Janeiro, um exemplo de construção sustentável,

que está esperando para o recebimento do selo LEED Gold.

A figura anterior mostra uma das áreas presentes no Rio Office Tower. Essa é uma construção

muito importante para o nosso país por estar aguardando o selo LEED Gold por apresentar

um sistema de ventilação diferenciada, em outras palavras, um ar condicionado interno que

apresenta determinado sensor de CO2.

Esse sistema funciona da seguinte forma: quando o nível de gás carbônico está relativamente

elevado, é feita então a troca de ar, o que de acordo com a ANVISA é algo que consegue

poupar determinada energia.

Hoje, o Brasil é o quarto país no ranking mundial de empreendimentos

buscando o LEED, com 384 registrados, atrás apenas de Estados

Unidos, Emirados Árabes e China. No Rio, seis edifícios já têm o

certificado e 51 estão em fase de análise. Os grandes eventos

esportivos - Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 - vão

impulsionar ainda mais o avanço dos edifícios verdes no Rio. O GBC

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41

Brasil já firmou inclusive um protocolo com o Comitê Olímpico

Brasileiro para que as obras que servirão aos jogos sejam todas

certificadas.

FIGURA 2.4

FIGURA 2.4 – Retrata o Edifício Cidade Nova, localizado no Centro da cidade do Rio de

Janeiro, é o primeiro prédio do Brasil que ganhou um certificado de construção verde.

O Edifício Cidade Nova, construído pela Bracor especialmente para a

Petrobras, é o primeiro prédio sustentável certificado pelo LEED no

estado do Rio de Janeiro e o primeiro Core & Shell da América

Latina.

Com 52 mil metros quadrados de área construída, o empreendimento

teve sua obra concluída em janeiro de 2008, estando localizado no

bairro Cidade Nova, região central da capital carioca.

A arquitetura é assinada pelo escritório Ruy Resende e compreende

seis fachadas compostas por grandes planos de vidro que barram a

radiação solar (utilização de vidros isotérmicos). Além disso, a

construção, assinada pela Racional Engenharia, com consultoria

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42

ambiental da Cushman & Wakefield, segue as normas que diminuem

o impacto sobre o meio ambiente, como captação e reuso de água,

concepção de paisagismo e área verde proporcionais à edificação,

controle de ar condicionado individual, descontaminação do solo,

disponibilização de vagas especiais para veículos de baixa emissão de

poluentes.57

Capítulo 3: Sustentabilidade Econômica

A sustentabilidade econômica é à base de uma sociedade estável e

mais justa, além de abrir diversas possibilidades dentro de todos os

setores da comunidade. O país que consegue conciliar

desenvolvimento econômico com desenvolvimento sustentável se

torna livre da dependência de recursos e da concessão de outros países

ou uniões econômicas.58

A sustentabilidade econômica busca, em primeiro plano, soluções que

não sejam caras e que dêem resultados rápidos. Mas para que o país

possa implantar uma sustentabilidade econômica é preciso contar com

medidas estatais ou políticas que sejam favoráveis a todos os setores

da economia. Incentivos por parte do Governo que busquem auxiliar

as empresas a mudarem suas atitudes e focos.59

A sustentabilidade econômica de um país não está somente

relacionada ao âmbito econômico, mas também diretamente ligada ao

futuro da nação. A busca por um desenvolvimento sustentável tem o

objetivo de atingir um futuro promissor, mas também gerar mudanças

positivas na vida de cada cidadão.60

57

Disponível em: http://www.revistainfra.com.br/textos.asp?codigo=10286 Acesso em: 26 Nov. 2012

58 Disponível em: <http://www.brasilsustentavel.org.br/economia>. Acesso em: 17 mai. 2012

59 Disponível em: <http://www.brasilsustentavel.org.br/economia>. Acesso em: 17 mai. 2012

60 Disponível em: <http://www.brasilsustentavel.org.br/economia>. Acesso em: 17 mai. 2012

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43

3.0. Economia Verde

Economia Verde pode ser definida como aquela em que a produção, a

distribuição e o consumo de bens e serviços se dão por meio de

processos em que os recursos não são utilizados mais rapidamente do

que a capacidade que a natureza tem de renová-los.61

A Economia Verde já se desenha nos cenários globais, e que vem para

permanecer por tempo indeterminado. Os autores Adriana Camargo

Pereira, Gibson Zucca da Silva e Maria Elisa Ehrhardt Carbonari

defendem esse argumento por um motivo muito simples: nas palavras

do professor de Economia, diretor do Instituto Terra da Universidade

Columbia e conselheiro especial da Secretaria Geral das Nações

Unidas para Metas do Milênio, Jeffrey D. Sachs, “O mundo está

rompendo os limites no uso de [seus] recursos [naturais...]62

A Economia Verde não funcionou como foi anunciada. Milhões de

norte-americanos estão hoje no paraíso do consumo e no inferno do

trabalho, [...]. A verdade é que nenhum país industrializado pode

continuar consumindo mais do que produz sem que a economia

desabe – assim como as esperanças e sonhos de seus povos.63

3.1 Empregos Verdes

Aumentar a oferta de empregos verdes é um dos principais problemas

no contexto das mudanças climáticas. De acordo com a Organização

Internacional do Trabalho (OIT), Empregos Verdes são postos de

61

PEREIRA ,Adriana Camargo; SILVA Gibson Zucca da; CARBONARI, Maria Elisa Ehrhardti,

Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 109

62 PEREIRA ,Adriana Camargo; SILVA Gibson Zucca da; CARBONARI, Maria Elisa Ehrhardti,

Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 109

63 VAN JONES, Anthony K.; CONRAD, Ariane. The green collar economy: how one solution can fix our two

biggest problems. Nova York: Harper Collins Publishers, 2009. p. 3

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44

trabalho decente em atividades econômicas que contribuem

significativamente para reduzir emissões de carbonos e/ou para

melhorar/conservar a qualidade ambienta. Algumas características dos

Empregos Verdes são:

Reduzir o consumo de energia e de matérias-primas (desmaterializar

as economias);

Evitar as emissões de gases do efeito estufa (descarbonizar as

economias);

Minimizar a geração de lixo e poluição;

Proteger e restaurar ecossistemas e serviços ambientais.64

Para a OIT, trabalho decente é um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de

liberdade, de equidade e de segurança, e capaz de garantir uma vida digna.

A OIT acredita que hoje existem alguns desafios:

1. A necessidade de ampliar a oferta de Empregos Verdes;

2. A eliminação de certos tipos de empregos, como os que contribuem

para o aumento da emissão de CO2 na atmosfera;

3. A transformação “de muitos empregos existentes em outros que

valorizam o equilíbrio entre o planeta e o ser humano”.65

3.2 Brasil Sustentável

No Brasil, a economia é caracterizada por ser aberta, forte e sólida,

ocupando o 10º lugar no ranking das maiores economias mundiais, de

acordo com dados do ano de 2007. 66

64

MUÇOUÇAH, Paulo Sérgio. Empregos Verdes no Brasil: quantos são, onde estão e como evoluirão nos

próximos anos. Organização Internacional do Trabalho. Brasil: OIT.2009.

65 PEREIRA ,Adriana Camargo; SILVA Gibson Zucca da; CARBONARI, Maria Elisa Ehrhardti,

Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 122.

66 Brasil Sustentável: Economia e Meio Ambiente no Brasil.

Disponível em:<http://www.brasilsustentavel.org.br/economia>. Acesso em: 23 mai. 2012.

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45

O Brasil está cada dia mais buscando desenvolver a sua economia de maneira

sustentável.

A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que o grande

desafio da Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) é encontrar um modelo

que combine desenvolvimento sustentável, crescimento

econômico e inclusão social.67

A Rio+20 começa amanhã, no Rio de Janeiro, e vai até o dia 22,

com a participação de delegações de governos de diversos países

e de órgãos diversos da sociedades civil.68

É possível ter um País que se desenvolva economicamente, que

cresça e inclua sua população, que seja um desenvolvimento do

ponto de vista social, com justiça, e que, ao mesmo tempo,

respeite o meio ambiente. É esse o grande desafio dessa

conferência Rio+20", disse a presidenta, ao discursar em Belo

Horizonte, durante cerimônia de reformulação e modernização

do anel rodoviário da cidade [...]”69

A presidenta Dilma exaltou a honra de receber um evento da

importância do Rio + 20 e citou alguns avanços na política

67 Jornal Brasil. Disponível em: <http://www.jb.com.br/ambiental/noticias/2012/06/12/dilma-desafio-e-

combinar-sustentabilidade-economia-e-inclusao/>. Acesso em: 12 Jun. 2012.

68 Jornal Brasil. Disponível em: <http://www.jb.com.br/ambiental/noticias/2012/06/12/dilma-desafio-e-

combinar-sustentabilidade-economia-e-inclusao/>. Acesso em: 12 Jun. 2012.

69 Jornal Brasil. Disponível em: <http://www.jb.com.br/ambiental/noticias/2012/06/12/dilma-desafio-e-

combinar-sustentabilidade-economia-e-inclusao/>. Acesso em: 12 Jun. 2012.

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ambiental brasileira. Entre eles, a queda de 67% no

desmatamento desde 2004, o fato de o País ter atingido o menor

índice de desmatamento este ano e ter 45% de sua energia

oriunda de fontes renováveis. Além disso, Dilma ainda falou da

agricultura sustentável praticada no Brasil com a utilização de

técnicas como rotação agrícola e concentração de nitrogênio no

solo. 70

3.2.1 Rio + 20

O Ri0+20 como sendo uma Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável ocorre na cidade do Rio de Janeiro entre os

dias 13 a 22 de junho e deverá contribuir para a definição da agenda de

discussões e ações sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco

principal na economia verde e na erradicação da pobreza. 71

3.2.1.1: Rio+ 20. Tema: Cidades

Esse programa teve discussões sobre diversos temas e um deles foi relatar fatos, problemas, e

possíveis soluções que ocorreram e/ou que devem acontecer nas cidades.

Cerca de metade da humanidade vive hoje em cidades. Populações

urbanas cresceram de cerca de 750 milhões em 1950 para 3,6 bilhões

em 2011. Até 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas

urbanas.

70

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-13/dilma-inaugura-pavilhao-

brasil-na-rio+20.html> . Acesso em: 13 Jun. 2012.

71 Jornal Brasil. Disponível em: <http://www.jb.com.br/ambiental/noticias/2012/06/12/dilma-desafio-e-

combinar-sustentabilidade-economia-e-inclusao/>. Acesso em: 12 Jun. 2012.

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O crescimento das cidades significa que elas serão responsáveis por

prestar serviços a um número sem precedentes de pessoas. Isso inclui

educação e habitação acessíveis, água potável e comida, ar limpo, um

ambiente livre do crime e transporte eficiente.

Nas próximas décadas, 95% do crescimento da população urbana

mundial ocorrerá em países em desenvolvimento.

No entanto, cidades também podem ter a chave para as soluções para

muito dos desafios mundiais. Elas estão numa posição única para

liderar o esverdeamento da economia global ao melhorar a eficiência

do uso da energia para transporte e construção, assim como para água

e sistemas de resíduos.

Muitos desafios existem para administrar cidades de forma que

continue a criar empregos e prosperidade sem comprometer o meio

ambiente e os recursos. Desafios urbanos comuns incluem

congestionamento, infraestrutura declinante, falta de fundos para

serviços básicos e escassez de habitação adequada.

Atualmente, 40% do uso global de energia está em construção e o

setor de construção é o maior contribuinte da emissão global de gases-

estufa. Construções existentes representam significativas

oportunidades de economizar energia porque seu nível de performance

é frequentemente muito abaixo dos atuais potenciais de eficiência. Em

países em desenvolvimento, as novas construções verdes produzem

enormes oportunidades. O investimento em construção de eficiência

energética é acompanhado por significativas economias diretas e

indiretas, que ajudam a compensar os custos adicionais,

proporcionando um rápido retorno sobre o investimento.

Os moradores de cidades usam 75% dos recursos naturais do planeta.

Ecossistemas saudáveis e a diversidade biológica são vitais para as

cidades funcionarem adequadamente. Biodiversidade e ecossistemas

funcionais dão resiliência à biosfera, mas como a biodiversidade é

degradada, comunidades tornam-se mais vulneráveis. A

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48

biodiversidade degradada pode ter efeitos imprevistos na saúde e no

bem-estar das cidades e seus residentes.72

3.2.1.1.1: Propostas para a Rio+20 para o tema Cidades

Integrar o desenvolvimento urbano sustentável como um

componente-chave para as políticas nacionais.

Empoderar autoridades locais para trabalharem mais estreitamente

com governos nacionais;

Promover uma abordagem integrada para planejar e construir

cidades sustentáveis por meio de redes eficientes de transporte e

comunicação; prédios mais verdes; assentamentos humanos

eficientes e sistemas de prestação de serviços; melhora da

qualidade do ar e da água; preparação e resposta a desastres e

maior resiliência climática.

Buscar o desenvolvimento e a expansão urbana ambientalmente

saudável e a utilização da terra.

Promover e implementar a reciclagem e a reutilização do lixo.73

3.2.2 Expectativas do Rio + 20

Os itens a seguir irão relatar sobre as expectativas do Rio + 20 sob o ponto de vista de

político, como a Presidenta Dilma Rousseff; pesquisador, como Sir John Sulston,

ambientalista, como Julia Marton-Lefevre, e entre outros:

Dilma Rousseff:

72

Disponível em: < http://www.onu.org.br/rio20/temas-cidades/> Acesso: 17 out. 2012

73 Disponível em: < http://www.onu.org.br/rio20/temas-cidades/> Acesso em: 17 out. 2012

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Teremos uma missão difícil, que será a de propor um modelo de

crescimento que não seja muito confuso ou fantasioso.

Devemos fazer propostas que levem em conta que milhões de pessoas

não têm acesso às condições mínimas de vida.

Deve-se formular um plano de crescimento sustentável a partir do qual

o mundo será melhor se respeitarmos o meio ambiente, tirarmos as

pessoas da miséria e conseguirmos nos desenvolver.74

Sir John Sulston:

O mundo tem uma opção muito clara. Podemos escolher reequilibrar o

uso dos recursos segundo um esquema de consumo mais igualitário e

reformular nossos valores econômicos, para refletir realmente sobre o

que nosso consumo significa para o planeta e ajudar os indivíduos de

todo o mundo a tomar decisões informadas e livres. Ou podemos

escolher não fazer nada e nos deixar levar por um redemoinho de

problemas econômicos, sociopolíticos e ambientais que conduzem a

um futuro menos equitativo e inóspito.75

Brice Lalonde:

Os governos estão lutando contra a crise, com o olhar voltado para o

imediato. A Rio+20 os convida a esboçar serenamente um futuro para

o mundo. Fazer as duas coisas é difícil, mas é o papel dos chefes de

Estado.

74

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-12/especialistas-apontam-o-

que-se-deve-esperar-da-rio+20.html>. Acesso em: 13 Jun.2012.

75 Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-12/especialistas-apontam-o-

que-se-deve-esperar-da-rio+20.html>. Acesso em: 13 Jun.2012.

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É preciso desbloquear o caminho para as metas universais de

desenvolvimento sustentável para a Humanidade, e, ao mesmo tempo,

manter, inclusive acentuar, os esforços para erradicar a miséria.76

Julia Marton-Lefevre:

Quanto mais à biodiversidade se perde, mais vulneráveis ficamos às

mudanças climáticas e às crises alimentar, hídrica e energética. Nosso

principal desejo para a Rio+20 é que os governos e empresários vejam

a necessidade de se investir na natureza, e que o façam rapidamente.77

Philippe Joubert:

Não podemos continuar funcionando como se o capital natural do

planeta fosse ilimitado e gratuito.

O ponto sem retorno se aproxima, o mundo empresarial deve

participar, mas é necessário que os governos fixem regras claras.78

Manish Bapna:

O mundo mudou profundamente nos últimos 20 anos devido à

expansão da classe média, motivo pelo qual consumimos mais,

usamos mais energia, exercemos mais pressão sobre os recursos

naturais. A pobreza diminui, mas a desigualdade aumenta. Esta é uma

76

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-12/especialistas-apontam-o-

que-se-deve-esperar-da-rio+20.html>. Acesso em: 13 Jun.2012.

77 Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-12/especialistas-apontam-o-

que-se-deve-esperar-da-rio+20.html>. Acesso em: 13 Jun.2012.

78Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-12/especialistas-apontam-o-

que-se-deve-esperar-da-rio+20.html>. Acesso em: 13 Jun.2012.

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oportunidade para incluir o desenvolvimento sustentável no centro da

agenda política e econômica.79

3.3 Programa Cidades Sustentáveis:

O Programa Cidades Sustentáveis tem como função fazer com que grande parte das

cidades brasileiras consiga desenvolverem de forma sustentável, tanto a sua economia,

quanto a sua sociedade, e até mesmo ambientalmente. E para que esse projeto consiga dar

certo, é necessário da contribuição e a da aprovação de todos, como: organizações sociais,

cidadãos como um todo, empresas, e principalmente do governo.

FIGURA 3.0

79

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-12/especialistas-apontam-o-

que-se-deve-esperar-da-rio+20.html>. Acesso em: 13 Jun.2012.

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52

FIGURA 3.0 representa a explicação do logo do Programa Cidades Sustentáveis. Isso quer

dizer que cada eixo do programa é presentado por uma única cor, e a cima explica a legenda

de cada plataforma do programa.

3.3.1 O Programa Cidades Sustentáveis oferece:

3.3.1.1 Ferramentas

– Plataforma Cidades Sustentáveis, uma agenda para a

sustentabilidade das cidades que aborda as diferentes áreas da gestão

pública, em 12 eixos temáticos, e incorpora de maneira integrada as

dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural;

– Indicadores gerais associados aos eixos da plataforma;

– Indicadores básicos, mínimos, que farão parte dos compromissos de

candidatos(as) e prefeitos(as);

– Casos exemplares e referências nacionais e internacionais de

excelência para a melhora integrada dos indicadores das cidades.80

3.3.1.2 Mobilização

– Campanha para os(as) candidatos(as) a prefeitos(as) adotarem a

plataforma e assumirem compromissos com o Programa;

– Campanha para os partidos políticos apoiarem o Programa;

–Campanha para eleitores valorizarem os(as) candidatos(as) a

prefeitos(as) comprometidos com o Programa Cidades Sustentáveis.81

80

Disponível em: < http://www.cidadessustentaveis.org.br/downloads/publicacoes/publicacao-programa-

cidades-sustentaveis.pdf>. Acesso 18 de Novembro de 2012

81 Disponível em: < http://www.cidadessustentaveis.org.br/downloads/publicacoes/publicacao-programa-

cidades-sustentaveis.pdf>. Acesso 18 de Novembro de 2012

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3.3.1.3 Compromissos

Os (as) candidatos (as) a prefeitos (as) podem confirmar seu

engajamento com o desenvolvimento sustentável assinando a Carta

Compromisso. Com isso, os signatários eleitos deverão estar dispostos

a promover a Plataforma Cidades Sustentáveis em suas cidades e a

prestar contas das ações desenvolvidas e dos avanços alcançados por

meio de relatórios, revelando a evolução dos indicadores básicos

relacionados a cada eixo.82

3.3.1.4 Benefícios para as Cidades Participantes

As cidades participantes ganharão visibilidade em materiais de

divulgação e na mídia, terão acesso a informações estratégicas e

trocarão experiências com outras cidades, além de fazerem parte de

um movimento inédito no Brasil que representa um passo a mais no

processo de construção de cidades mais justas, democráticas e

sustentáveis.83

Conclusão:

Diante de tudo que foi exposto anteriormente, é possível concluir que a

sustentabilidade é um assusto que deve ser levado em consideração e deve estar na mente de

todos os seres humanos.

Isso com o intuito de termos e vivermos em um ambiente mais limpo, onde gerações

futuras possam habitar; cuidar, e viver nele.

Para que isso ocorra é preciso com que todos, e/ou grande parte da população do

Planeta Terra, tenham consciência dessa importância.

82

Disponível em: < http://www.cidadessustentaveis.org.br/downloads/publicacoes/publicacao-programa-

cidades-sustentaveis.pdf>. Acesso 18 de Novembro de 2012

83 Disponível em: < http://www.cidadessustentaveis.org.br/downloads/publicacoes/publicacao-programa-

cidades-sustentaveis.pdf>. Acesso 18 de Novembro de 2012

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54

E a partir dai consigam construir e instituir iniciativas responsáveis por ajudar

preservar o meio ambiente que habitam.

Podendo ser iniciativas pequenas: aquelas que começam no nosso local de moradia,

cuidando do lixo, economizando na água, na energia elétrica; mas também, podendo ter ações

que possam influenciar outros indivíduos a realizarem atividades e tarefas sustentáveis para

ajudar a melhorar o ambiente no qual vivemos, como também economizar com algumas

formas de gastos.

Esse assunto, sustentabilidade, está sendo muito discutido nos dias de hoje, pois cada

vez mais especialistas estão comprovando o quanto é importante preservar o meio ambiente

para se obter desenvolvimento de uma economia. E que é possível desenvolve-la sendo

sustentável ao mesmo tempo.

A sustentabilidade de uma forma geral esta fazendo com que especialistas

desenvolvam ainda mais os seus conhecimentos sobre o assunto, para assim, poderem dispor

de ferramentas concretas para que todos os indivíduos consigam entender a importância da

preservação do ambiente, e que é possível ter uma qualidade de vida ainda melhor se cada um

fizer a sua parte no mundo.

Não é um assunto que possa entrar com determinada facilidade na mente de todos os

cidadãos, porém não é algo impossível que não se possa tentar ao menos fazer. Um assunto

um tanto quanto polêmico e que apresenta bastante material, por ser algo de extrema

relevância na atualidade.

Esse trabalho tem o objetivo de mostrar a importância da conscientização, da ação e da

iniciativa de cada um. Tentar mostrar que é possível, só basta querer lutar por um mundo

melhor.

Bibliografia:

- ABREU, Carlos. Condomínios Sustentáveis: Investimentos Ecologicamente Corretos.

Disponível em: < http://www.atitudessustentaveis.com.br/conscientizacao/a-importancia-da-

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- Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2012-06-

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