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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DANIEL PÁSCOA CAMARGOS
PURIFICAÇÃO DA LACTOFERRINA BOVINA A PARTIR DE
SORO DE LEITE E SUA INCORPORAÇÃO COMO PRINCÍPIO
ATIVO EM UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA.
OURO BRANCO - MG
2014
DANIEL PÁSCOA CAMARGOS
PURIFICAÇÃO DA LACTOFERRINA BOVINA A PARTIR DE
SORO DE LEITE E SUA INCORPORAÇÃO COMO PRINCÍPIO
ATIVO EM UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Gr-
aduação em Tecnologias para o Desenvolvime-
nto Sustentável da Universidade Federal de São
João Del-Rei como parte dos Requisitos necessá-
rios à obtenção do título de Mestre em Tecnolo-
gias para o Desenvolvimento Sustentável.
O
Orientadora: Dra. Sandra de Cássia Dias
OURO BRANCO - MG
2014
DANIEL PÁSCOA CAMARGOS
PURIFICAÇÃO DA LACTOFERRINA BOVINA A PARTIR DE
SORO DE LEITE E SUA INCORPORAÇÃO COMO PRINCÍPIO
ATIVO EM UMA FORMULAÇÃO SEMI-SÓLIDA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Gr-
aduação em Tecnologias para o Desenvolvime-
nto Sustentável da Universidade Federal de São
João Del-Rei como parte dos Requisitos necessá-
rios à obtenção do título de Mestre em Tecnolo-
gias para o Desenvolvimento Sustentável.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________________
Prof.ª Drª. Sandra de Cássia Dias – Universidade Federal de São João Del Rei
Orientadora
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Antônio Helvécio Totola – Universidade Federal de São João Del Rei
________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Aurélio de Santana – Universidade Federal de Ouro Preto
OURO BRANCO - MG
2014
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus pais que me deram muito apoio nos momentos mais
difíceis da minha vida, a minha namorada que esteve ao meu lado, aos meus
professores que me ensinaram que por mais que achamos que o nosso conhecimento já
está bem profundo, estamos enganados, pois o conhecimento é algo que está sempre se
renovando. A minha orientadora Dra. Sandra que sempre teve muita paciência comigo
e sem seu apoio não teria conseguido chegar até aqui. Obrigado por tudo!
AGRADECIMENTO
Agradeço a todos que me apoiaram durante esta etapa, a UFSJ, professores do
programa PPGTDS, familiares. A aluna de iniciação Ariane Verdan que me ajudou nas
etapas de laboratório e principalmente a minha orientadora pela paciência e
ensinamentos.
RESUMO
O Brasil é um grande produtor de queijo e para cada quilo de queijo produzido são
gerados 9 litros de soro. A produção anual de queijo chega a mais 500 mil toneladas,
gerando milhares de litros de soro. Esse subproduto não é completamente aproveitado
nos setores alimentícios e biotecnológicos, representando um grande desperdício
nutricional e financeiro. Grandes volumes de soro são enviados para a nutrição de
suínos ou direcionados a sistemas de tratamento de efluentes. Lactoferrina é uma das
proteínas presentes no soro de leite sendo considerada uma proteína multifuncional,
apresentando efeito antibacteriano, antiviral, antifúngico, imunomodulador e
cicatrizante. Ela é comercializada em alguns países, França, Japão, Portugal, como
nutracêutico. O objetivo desse trabalho foi purificar a lactoferrina a partir do soro de
leite e avaliar sua estabilidade em uma formulação semi-sólida. O soro de leite foi
centrifugado e o sobrenadante foi submetido a ultrafiltração tangencial utilizando uma
membrana de 30NMWC. O concentrado de 30NMWC foi aplicado a coluna de SP
Sepharose Fast Flow. Planejamento experimental, DCCR, utilizando 3 variáveis
independentes em cinco níveis diferentes foi utilizado para estimar o melhor fluxo
(mL.min-1
), concentração de amostra inicial (mg) e tamanho do gradiente (VC). A
melhor condição para purificação da lactoferrina estimada pelo planejamento
experimental e estatisticamente significativa foi fluxo 0,3 mL.min-1, amostra inicial
1000mg e tamanho do gradiente 5VC. A formulação semi-sólida contendo a lactoferrina
incorporada não foi estável.
Palavras-chave: soro de queijo; cromatografia; purificação e lactoferrina.
ABSTRACT
Brazil is a major producer of cheese. Every kilogram of cheese generates about nine
liters of whey. The annual cheese production has exceed 500 thousand tons which
produce thousands liters of whey. Whey cheese is not completely used by food and
biotechnology industries, representing a major nutritional and financial wastage. A
considerable quantity of whey is used for the treatment of swine or sent to effluent
treatment plants. Lactoferrin is one of the proteins present in the whey, it is considered a
multifunctional protein showing antibacterial, antiviral, antifungal, immunomodulatory
and healing activity. Lactoferrin is commercialized in some countries as a nutraceutical
(France, Japan and Portugal). In this work, the main goal was the purification of
lactoferrin from whey and evaluates its stability in a semi-solid formulation. The whey
was centrifuged and the supernatant was submitted a tangential ultra flow filtration with
30 NMWC membrane. The 30NMWC concentrate was applied to SP Sepharose Fast
Flow column. Experimental design, DCCR was done using three independent variables
at five different levels to estimate the best flow (mL.min-1
), initial sample concentration
(mg) and gradient size (VC). Experimental design dates for lactoferrin purification were
statistical treated and the best conditions for this were 0.3 mL.min-1
flow, initial sample
1000mg and gradient size 5VC. The incorporated lactoferrin semi-solid formulation was
not stable.
Key Words: whey; chromatography; purification and lactoferrin.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Diagrama esquemático da molécula de lactoferrina bovina.................. 15
FIGURA 2 – SDS-PAGE 12,5% sob condições redutoras. Análise eletroforética
das frações eluídas da coluna SP Sepharose Fast Flow...............................................
31
FIGURA 3 – Cromatogramas obtidos a partir da cromatografia de troca catiônica
(coluna Hitrap SP- Sepharose Fast Flow)....................................................................
33
FIGURA 4 – SDS-PAGE 12,5% sob condições redutoras. Análise eletroforética
dascromatografias de troca catiônica (HiTrap SP Sepharose Fast Flow).................
35
FIGURA 5 – Gráfico dos valores preditos utilizando o modelo descrito na equação
(5) x valores observados experimentalmente para concentração de lactoferrina pico
3....................................................................................................................................
39
FIGURA 6 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a recuperação
de lactoferrina (mg) em função da amostra inicial (mg) e do fluxo (mL.min-
1)...................................................................................................................................
40
FIGURA 7 – Superfície de resposta (A)e curva de contorno (B) para a recuperação
de lactoferrina (mg) em função da amostra inicial (mg) e do tamanho do gradiente
(VC).............................................................................................................................
40
FIGURA 8 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a recuperação
de lactoferrina (mg) em função tamanho do gradiente (VC) e fluxo (mL.min-
1)...................................................................................................................................
41
FIGURA 9 – Gráfico dos valores preditos utilizando o modelo descrito na equação
(6) x valores observados experimentalmente para área do pico 3...............................
44
FIGURA 10 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para área do pico
3 (abs.mL) em função da amostra inicial (mg) e do fluxo (mL.min-1
)........................
45
FIGURA 11 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para área do pico
3 (abs.mL) em função do gradiente (VC) e da amostra inicial (mg)...........................
45
FIGURA 12 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para área do pico
3 (abs.mL) em função do gradiente (VC) e do fluxo (mL.min-1
)................................
46
FIGURA 13 – SDS-PAGE 12,5%, sob condições redutoras. Análise
eletroforéticadas formulações contendo lactoferrina 10% (m/m), durante o estudo
de estabilidade..............................................................................................................
48
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Propriedades físicas e bioquímicas das principais proteínas do soro
de leite..........................................................................................................................
13
TABELA 2 – Resinas utilizadas nas cromatografias de troca iônica........................
TABELA 3 – Valores considerados de α para o delineamento composto central
rotacional. K é o número de variáveis e ( ) ⁄ , utilizado para calcular as
variações em cada ponto do DCCR.............................................................................
TABELA 4 – Valores obtidos para uma variável hipotética utilizando cinco
níveis............................................................................................................................
19
21
22
TABELA 5 – Condições cromatográficas na cromatografia de troca-catiônica com
a coluna HiTrap™ SP Sepharose Fast Flow.............................................................
25
TABELA 6 – Níveis e parâmetros utilizados no planejamento
estatístico.....................................................................................................................
26
TABELA 7 – Concentração de proteína total do concentrado e filtrado de
30NMWC. A filtração foi realizada a 230 rpm, pressão de alimentação (Pfeed) 8 psi,
pressão de saída (Pret) 5 psi..........................................................................................
30
TABELA 8 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica SP-
Sepharose (10 mL)...............................................................................................................
32
TABELA 9 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica
HiTrapSP - Sepharose Fast Flow (5 mL)....................................................................
34
TABELA 10 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica
HiTrapSP - Sepharose Fast Flow (5 mL)....................................................................
34
TABELA 11 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica
HiTrap SP - Sepharose Fast Flow (5 mL).............................................................................
34
TABELA 12 – Perfil de eluição da lactoferrina das três corridas cromatográficas da
segunda condição.........................................................................................................
35
TABELA 13 – Valores codificados e variáveis independentes e resposta da
recuperação de lactoferrina (mg) e área do pico correspondente a eluição da
lactoferrina (abs.mL
-1)..................................................................................................
37
TABELA 14 – Coeficientes de regressão para a recuperação da lactoferrina em
mg.................................................................................................................................
38
TABELA 15 – Coeficientes de regressão para área do pico 3 (abs.min).................... 39
TABELA 16 – Análise de variância (ANOVA) da lactoferrina (mg) obtida a partir
do planejamento experimental DCCR 23, utilizando como variáveis o fluxo
(mL.min-1
), amostra inicial (mg) e tamanho do gradiente (VC)................................
42
TABELA 17 – Resultados do DCCR no estudo do fluxo (ml/min), concentração de
proteína total na amostra inicial (mg) e do tamanho do gradiente (VC) nas respostas
de recuperação de lactoferrina (mg) e área do pico correspondente a eluição da
lactoferrina (abs.mL)....................................................................................................
43
TABELA 18 – Análise de variância (ANOVA) da área do pico 3 (abs.mL obtida a
partir do planejamento experimental DCCR 23, utilizando como variáveis o fluxo
(mL.min-1
), amostra inicial (mg) e tamanho do gradiente
(VC).............................................................................................................................
44
TABELA 19 – Concentração de proteína total e pH da formulação contendo 10%
(m/m) de lactoferrina durante 3 meses.........................................................................
47
LISTA DE ABREVIATURAS
ABTS – 2,2’- azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)
DAB – 3,3'-Diaminobenzidine
DBO – Demanda bioquímica de oxigênio
DQO – Demanda química de oxigênio
DCCR – Delineamento composto central rotacional
kDa – Quilo Dalton
LA – Lactoferrina
LPS – Lipopolissacarídeo
NMWC – Membrana molecular de corte nominal
PBS – Tampão fosfato salino
pI – ponto isoelétrico
PVDF – Fluoreto de polivinilideno
SP – Sulfopropil
USPTO – Escritório de patentes dos Estados Unidos
VC – Volume de Coluna
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO...................................................................................................... 12
1.1Soro de leite..................................................................................................... 12
1.2 Lactoferrina.................................................................................................... 13
1.2.1 Atividades biológicas da lactoferrina....................................................... 15
1.3 Purificação da lactoferrina.............................................................................. 17
1.3.1 Cromatografia de Troca Iônica................................................................. 18
1.4 Delineamento Composto Central................................................................... 22
2 OBJETIVO............................................................................................................ 24
2.1 Objetivos específicos...................................................................................... 24
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 25
3.1 Material.......................................................................................................... 25
3.2 Métodos.......................................................................................................... 25
3.2.1 Centrifugação........................................................................................... 25
3.2.2 Ultrafiltração tangencial........................................................................... 25
3.2.3 Cromatografia de troca-catiônica............................................................. 26
3.2.3.1 Planejamento Experimental................................................................ 26
3.2.4 Dosagem de Proteína................................................................................ 27
3.2.5Eletroforese em gel de poliacrilamida contendo dodecil sulfato de s
s sódio (SDS-PAGE)...................................................................................
28
3.2.6 Imunoensaio do tipo “Western Blot”........................................................ 28
3.2.7 Atividade enzimática da Lactoperoxidase................................................ 29
3.2.8 Avaliação da Formulação semi-sólida..................................................... 30
4.0 RESULTADOS e DISCUSSÃO........................................................................ 31
4.1Estabilidade da Formulação............................................................................ 47
5.0 CONCLUSÃO.................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 51
ANEXO A................................................................................................................ 57
ANEXO B................................................................................................................ 58
ANEXO C................................................................................................................ 63
ANEXO D................................................................................................................ 64
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 Soro de Leite
O consumo de leite de origem animal pelos humanos iniciou-se a
aproximadamente 11.000 anos a.C. O leite de origem bovina é um alimento composto
por água (87%), gordura (3,7%), proteína (3,4%), lactose (4,8%) e sais minerais (0,7%)
(PELEGRINE,2008).
As proteínas do leite são divididas em dois grupos: caseínas e proteínas do soro.
As caseínas constituem 80% das proteínas que existem no leite. Essas proteínas estão
associadas com cálcio e fosfato inorgânico formando uma suspensão coloidal de
micelas. As proteínas do soro de leite correspondem a 20% das proteínas totais,
distribuídas: α-lactoalbumina (3,7%), β-lactoalbumina (9,8%), soro albumina bovina
(1,2%), lactoferrina (0,3%), lactoperoxidase (0,1%), imunoglobulinas (2,1%), outras
proteínas (2,8%) (SGARBIERI, 2005; FARREL et al., 2004).
O soro de leite é obtido a partir do processamento do queijo. Durante o processo
de fabricação do queijo a caseína é precipitada no seu ponto isoelétrico pela ação da
renina ou de um ácido. O sobrenadante da precipitação com renina é denominado soro
doce (6<pH<7) e o sobrenadante obtido a partir da ação de um ácido é denominado soro
ácido (pH<5,0) (PELEGRINE,2008). O soro de leite representa, aproximadamente, 85 a
95% do volume de leite utilizado para a produção de queijo. Em algumas circunstâncias
esse subproduto, com elevada carga orgânica, é destinado a corpos de captação sem a
preocupação com o impacto ambiental. A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) do
soro de leite é de 30 a 50g/L e a demanda química de oxigênio (DQO) de 50 a 80g/L, a
título de ilustração o impacto ambiental gerado pelo lançamento de 50.000L de soro de
leite pode ser comparado ao impacto ambiental do esgoto doméstico de uma cidade de
25.000 habitantes (SERPA, 2009).
O soro de leite é composto por água (95%), lactose (3,5%), proteínas (0,5%),
sais minerais, vitaminas e ácido láctico (1,0%) (BARBOSA, 2010). As proteínas do
soro de leite têm alto valor nutritivo, devido à sua composição, biodisponibilidade de
aminoácidos essenciais e alta digestibilidade. Essas proteínas são ricas em resíduos de
aminoácidos que contém enxofre (metionina e cisteína) fato que favorece a sua elevada
solubilidade em tampão aquoso. As proteínas do soro de leite apresentam propriedades
de formação e estabilização de espuma, emulsibilidade, geleificação, formação de
13
filmes, estas características as tornam importantes para as indústrias de alimentos,
fármacos e cosméticos (SGARBIERI, 2005).
As principais proteínas do soro de leite são extensivamente estudadas e
caracterizadas nas suas propriedades físico-químicas (tabela 1), propriedades funcionais
e estruturais. Essas proteínas podem ser divididas em dois grupos: proteínas presentes
em maior e menor concentração. As proteínas presentes em maiores concentrações são a
-lactoalbumina (25%) e β-lactoglobulina (55%), essas duas proteínas globulares de
baixa massa molar representam, aproximadamente, 80% das proteínas totais do soro. Os
componentes protéicos do soro que apresentam menor concentração são: soro albumina
bovina, lactoferrina, imunoglobulinas, fosfoliproteínas, numerosos fatores bioativos e
enzimas (tabela 1) (ANTUNES, 2003; PEREIRA et al., 2009).
Tabela 1 – Propriedades físicas e bioquímicas das principais proteínas do soro de leite.
Proteína Massa molar (kDa) Ponto isoelétrico Concentração (g.L-1
)
-lactoglobulina 18,4 5,2 2,70
-lactoalbumina 14,15 4,2 - 4,8 1,20
Soro albumina bovina 69 4,7 - 4,9 0,4
Imunoglobulina 15 -1000 5,5 -8,3 0,65
Lactoferrina 78 8,0-9,0 0,1
Lactoperoxidase 89 9,5 0,02
Fonte: Adaptado de Pereira, 2009.
1.2 Lactoferrina
A lactoferrina bovina (LB) foi identificada no leite bovino em 1939 e isolada do
leite humano e bovino, simultaneamente, em 1960 (SANCHES, 2010). Sua
característica mais marcante é a intensa coloração vermelha quando incubada na
presença de íons Fe3+
(BAKER, 2009). Além do leite, a lactoferrina é encontrada em
secreções de mucosas, como: saliva, lágrima, sêmen, vaginal, nasais e brônquicas, bile,
fluídos gastrointestinais e urina (SANCHES, 2010; BAKER, 2009).
A lactoferrina é uma proteína básica (pI8,0-9,0), glicosilada, possui uma cadeia
simples contendo, aproximadamente, 700 resíduos de aminoácidos e massa molar de
80-84kDa. A glicosilação da lactoferrina é dependente da espécie, os prováveis sítios de
glicosilação da lactoferrina humana são: asparagina (Asn) 137, 476 e 625; já a
lactoferrina bovina apresenta os resíduos de Asn 233, 281, 368, 476 e 545 como
prováveis sítios de glicosilação (STEVANATO, 2005; BRISSON et al., 2007; BAKER
e BAKER 2009). Os genes que codificam a lactoferrina são altamente conservados
14
entre as espécies e o RNAm apresenta uma organização, com cerca de 1900-2600pb
(FARNAUD, 2003).
Transferrina, ovotransferrina, melanotransferrina, inibidor de anidrase carbônica
e lactoferrina pertencem à família das proteínas não hêmicas, transportadoras de ferro
(WARD et al., 1996). A composição de aminoácidos da lactoferrina e da transferrina
apresenta uma homologia de 55%. No entanto, essas duas proteínas diferem nas
propriedades imunológicas e antigênicas, composição de carboidratos e sítios de
glicosilação, solubilidade à água, ponto isoelétrico, sítio de ligação ao ferro. A
lactoferrina retém os íons férricos em uma faixa de pH de 3 a 4, enquanto a transferrina
dissocia-se dos íons férricos em uma faixa de pH de 5 a 6. A afinidade da lactoferrina
para os íons férricos pode ser até 300 vezes maior que a transferrina (STEVANATO,
2005).
A cadeia polipeptídica da lactoferrina é dobrada em dois lobos simétricos (Ne C-
terminal) que apresentam homologia entre si de 33 a 41%. O lobo N-terminal é formado
pelos resíduos de aminoácidos 1 a 332 e o lobo C-terminal é formado pelos resíduos de
aminoácidos 344 a 703. Os lobos N e C-terminal são formados pelas estruturas de α-
hélice e folha-β pregueada (figura 1A). Os lobos são subdivididos em dois domínios N1
e N2, C1 e C2, respectivamente. A ligação do ferro em cada lobo ocorre entre estes
domínios (MOORE et al., 1997). A lactoferrina pode existir na forma Apo que é a
forma não ligada ao Fe3+
ou na forma Holo que é a forma ligada ao Fe3+
, essa ligação é
forte (kD ~10-20
M), porém reversível (BOKKHIM et al., 2014).
Os resíduos de aminoácidos envolvidos na ligação ao íon férrico são dois
resíduos de ácido aspártico (Asp, D), um de tirosina (Tyr, Y), um de histidina (His, H) e
um de arginina (Arg,R) que se liga ao íon carbonato que por sua vez se liga ao íon
férrico (figura 1B). Este sítio de ligação a cátions é conservado na lactoferrina de
diferentes espécies (BAKER; BAKER, 2009). A lactoferrina pode ligar-se aos íons Fe+2
,
Ca2+
, Cu2+
, Zn2+
e Mn2+
(GARCÍA-MONTOYA, 2011). A complexação da lactoferrina
com o ferro pode ser desfeita pela precipitação com sulfato de amônio em meio ácido
(pH2), transformando-a na forma Apo (OHASHI, 2003).
A conformação molecular da lactoferrina muda dependendo da saturação dos
sítios de ligação ao Fe3+
. A forma holo da lactoferrina apresenta uma estrutura terciária
mais compacta contribuindo para maior resistência a desnaturação térmica e proteólise
que a forma apo (BOKKHIM et al., 2014).
15
Figura 1 – Diagrama esquemático da molécula de lactoferrina bovina. A figura 1A apresenta a molécula
de lactoferrina bovina com os lobos N e C-terminal. As estruturas secundárias α-hélice estão apresentadas
como cilindro e as folhas β-pregueadas como setas. As glicosilações C-terminal estão apresentadas como
esferas pequenas. As esferas presentes no lobo N e C-terminal apresentam o Fe3+
complexado aos
resíduos de aminoácidos. Esta região foi ampliada (figura 1B) e apresenta o Fe3+
complexado aos resíduos
de tirosina (Y 92 e 192), histidina (H 253), ácido aspártico (D 60), o resíduo de arginina (R 121) que liga
o íon carbonato, que por sua vez participa da ligação ao íon Fe3+
. Modificado de MOORE et al. (1997);
BAKER; BAKER (2009).
1.2.1 Atividades biológicas da lactoferrina
A lactoferrina apresenta atividade antibacteriana contra bactérias gram-negativas
e gram-positivas; Staphylococcus aureus, Listeriamonocytogenes, Klebsiella
pneumoniae, Mycobacterium tuberculosis, Haemophillus influenzae e Streptococcus
mutans (GARCÍA-MONTOYA, 2011). A provável ação bacteriostática da lactoferrina
ocorre através do sequestro dos íons férricos diminuindo a disponibilidade desse
nutriente para a bactéria presente no sítio da infecção (JENSSEN; HANCOCK, 2009).
O efeito bactericida da lactoferrina é devido à interação direta da proteína com a
superfície da célula bacteriana. Em bactérias gram-negativas a lactoferrina se liga ao
lipídio A do LPS (lipopolissacarídeo) presente na parede celular, esta interação
lactoferrina-LPS impede a interação do LPS com íons Ca2+
e Mg2+
, modificando a
permeabilidade da parede celular. A ligação da lactoferrina com a molécula de LPS de
bactérias gram-negativas impede a interação do LPS com as moléculas do toll-like
receptor 4, limitando a ativação da cascata inflamatória (MISHRA et al., 2013).
C-terminal
N-terminal
A B
16
Em bactérias gram-positivas a lactoferrina se liga ao ácido lipoteicóico,
molécula presente na superfície externa da parede celular que apresenta carga negativa.
A ligação da lactoferrina às moléculas de ácido lipoteicoíco diminuiu as cargas
negativas presente na parede celular bacteriana, tornando as células mais susceptíveis à
ação da lisozima, enzima que degrada peptideoglicano (JENSSEN; HANCOCK, 2009).
Lactoferricina (LFcina) é um peptídeo catiônico N-terminal, gerado pela
clivagem da lactoferrina com a pepsina. O peptídeo LFcina é formado pelos resíduos de
aminoácidos 17 a 41, esta estrutura apresenta uma ponte dissulfeto (formada entre os
resíduos de cisteína 19 e 36), oito resíduos de aminoácidos básicos (três resíduos de
histidina e cinco resíduos de arginina). O mecanismo de ação antibacteriana deste
peptídeo é devido à atração eletrostática entre a molécula do peptídeo e as moléculas da
superfície celular. A ligação de LFcina à membrana celular aumenta a liberação de K+ e
internalização de H+, perturbando a função da membrana celular (BELLAMY et al.,
1992; WAKABASHI et al., 2003).
A LA se liga à glicosaminoglicanas presentes na célula do hospedeiro,
impedindo a internalização do vírus pela célula. Esse mecanismo de ação antiviral da
lactoferrina é observado para o vírus da hepatite B e C, rotavírus e vírus herpes simplex
(FARNAUD; EVANS, 2003).
As espécies de cândida: C. tropicalis,C. krusei, C. albincans, C. guilliermondii,
C. parapsilosis e C.grabrata são suscetíveis à ação da lactoferrina (JENSSEN;
HANCOCK, 2009). O provável mecanismo de ação da LA nesses micro-organismos é o
sequestro de Fe3+
(GONZÁLEZ-CHÁVES et al., 2009).
Lactoferrina é um modulador da resposta imune inata e adquirida, auxilia a
proliferação, diferenciação e ativação de células do sistema imune. A ação anti-
inflamatória da LA é devida a inibição da liberação de citocinas no local da inflamação.
A ligação da LA ao LPS diminui a interação do LPS com receptores, diminuindo a
liberação de citocinas inflamatórias. A LA inibe a liberação do Fator de Necrose
Tumoral (TNF), interleucina1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6); promove a secreção de
citocinas anti-inflamatórias interleucina 10 (IL-10) e interleucina 4 (IL-4). Em artrite
reumatóide a ligação da lactoferrina aos íons férricos previne a catálise e produção de
radicais livres. In vivo, a LA é liberada por neutrófilos presentes no local da inflamação
(LEGRAND et al., 2005; VOGEL, 2012).
Estudos em roedores mostraram que a ingestão oral de lactoferrina reduz a
tumorigênese química. Lactoferrina induz a apoptose e inibe o crescimento do tumor,
17
provavelmente, impedindo a transição da fase G1 para a fase S do ciclo celular das
células malignas. Estudo in vivo demonstrou que a ingestão da lactoferrina reduz o risco
de câncer de cólon em humanos (KOZU et al., 2009). Diversos estudos demonstraram a
ação anticarcinogênica da lactoferrina, entretanto, seu mecanismo de ação ainda não é
completamente conhecido (GARCIA-MONTOYA et al., 2012; HABIB et al., 2013).
A LA aumenta a mobilidade de fibroblastos, a migração de queratinócitos e a
contração do colágeno auxiliando no processo de cicatrização. A migração dos
queratinócitos e sua proliferação são essenciais para a re-epitalização e restabelecimento
da barreira da pele. Um dos fatores que contribui para a persistência das feridas crônicas
é a incapacidade de migração dos queratinócitos, provavelmente, devido a não
responsividade destas células (ENGELMAYER et al., 2008; TANG et al., 2010;
TAKAYAMA et al., 2003). Tang et al (2010) demonstraram que lactoferrina
recombinante humana (rhLA) estimulou a proliferação e migração de queratinócitos (in
vitro) e a re-epitetilização em modelo suíno de queimadura.
As atividades biológicas da lactoferrina tornam esta proteína um alvo para a
indústria de nutracêuticos, cosméticos, fármacos e alimentos. Formulações de leite, leite
fermentado, pasta de dente, cápsulas contendo a lactoferrina são comercializadas em
países como Japão, França e Portugal (CONESA; CALVO; SÁNCHEZ, 2010).
1.3 Purificação da Lactoferrina
A LA é purificada a partir de leite ou soro de leite utilizando vários métodos de
purificação (WAKABAYASHI et al., 2006).
A empresa Oleofina, localizada na Bélgica, em 1985 foi a primeira a purificar
esta proteína em escala industrial. Outra empresa foi a MILEI GmbH, localizada na
Alemanha, que purificou a LA bovina a partir do soro de leite ou leite desnatado
utilizando tecnologia desenvolvida pela indústria de laticínios Morinaga CO, Ltd.
Ultimamente, a LA bovina é produzida por diversas indústrias como, por exemplo,
MILEI na Alemanha, DMV International na Nova Zelândia, DOMO Food Ingredients
na Bélgica, Tatua Nutritionals e Fonterra na Nova Zelândia, MG Nutritionals na
Austrália, e Armor Proteins na França. A produção da lactoferrina bovina em escala
industrial ultrapassa 60 toneladas por ano. Embora o processo de purificação seja
relativamente simples e o Brasil produza quantidades significativas de soro de leite esta
proteína não é produzida no Brasil (TOMITA et al., 2009).
18
A cromatografia de troca-iônica é utilizada, pela maioria das patentes
depositadas no USPTO, para purificação da lactoferrina a partir de leite ou soro de leite.
A pequena concentração da lactoferrina no leite e no soro de leite é o principal desafio
destes processos para a produção de uma lactoferrina com grau de pureza adequado
(UCHIDA et al., 1996).
1.3.1 Cromatografia de Troca Iônica
A cromatografia é um método físico-químico que permite a separação de
componentes de uma mistura, através da distribuição destes componentes em duas
fases, que estão em contato íntimo. Em todas as separações cromatográficas, a amostra é
dissolvida numa fase móvel (líquido, gás ou fluído supercrítico). A fase móvel flui
através de uma fase imiscível (fase estacionária) a qual é fixa na coluna ou em uma
superfície sólida. A alimentação é introduzida na coluna como um pulso e os
componentes individuais são separados devido a sua distribuição diferencial entre as
fases (ZUÑIGA, 2003).
A cromatografia de troca-iônica é uma cromatografia adsortiva e pode ser
dividida em dois tipos de acordo com o grupo ligante ligado à matriz. Na cromatografia
de troca aniônica o ligante é um grupo funcional com carga positiva ao qual se liga
proteínas carregadas negativamente. Já a cromatografia de troca catiônica apresenta
como ligante um grupo funcional com carga negativa ao qual se liga proteínas
carregadas positivamente. Ambos os trocadores podem ser classificados como forte ou
fraco como mostrado na Tabela 2. O termo fraco ou forte não estão relacionados com a
força de ligação da proteína ao grupo ligante, mas descreve o grau de ionização do
grupo ligante em função do pH. Trocadores de íons fortes são completamente ionizados
sobre uma ampla faixa de pH, enquanto os trocadores de íons fracos são apenas
parcialmente ionizados em uma estreita faixa de pH (CUMMINS; DOWLING;
CONNOR, 2011). Grupos amino alquilado, carboxi e sulfo para trocadores de aníons,
bem como os grupos fosfato de trocadores de cátions são os grupos funcionais mais
comuns utilizados em suportes de cromatografia de troca iônica. Trocadores de ácidos
sulfônicos são conhecidos como fortes trocadores de cátions, tipo ácido. Grupos
funcionais de amina quaternária são trocadores de base forte, as aminas menos
substituídas são conhecidas como trocadores de bases fracas (ACIKARA, 2013).
19
Cromatografia de troca iônica é geralmente utilizada como um passo
intermediário num esquema de purificação de proteínas, no entanto, pode-se obter alta
resolução para algumas proteínas quando utilizado mais cedo ou mais tarde durante a
purificação (RITCHIE, 2013).
Todas as proteínas exibem uma carga líquida que depende da composição de
aminoácidos da proteína. A carga global de uma proteína é influenciada pelo pH do
meio ao qual ela se encontra. O ponto isoelétrico (PI) de uma proteína é o pH no qual a
carga líquida da proteína é zero. A proteína terá carga líquida negativa quando estiver
presente em um meio com pH acima do seu pI, enquanto que sua carga líquida será
positiva quando estiver em um meio com pH abaixo do seu pI. Assim, o pH da fase
móvel na cromatografia de troca iônica pode ser ajustado para facilitar a adsorção ou
para promover a eluição de uma proteína adsorvida à resina (RITCHIE, 2013).
Tabela 2- Resinas utilizadas nas cromatografias de troca iônica.
Tipo de
Troca
Grupo de Troca
Iônica
Contra Íons
presente no
tampão
Faixa de
estabilidade
pH
Nome Comerciais
CaptoS
Cátion Forte Ácido Sulfônico (SP) Na+, H
+, LI
+ 4-13 SP Sepharose
SP Sephadex
TSKgel SP_5PW
Cátion Fraco
Ácido Carboxílico
Na+, H
+, Li
+
6-10
CM Cellulose
CM Sepharose
CM Sephadex
CM Sepharose CL6B
TSKgel CM-5PW
Q Sepharose
Ânion Forte
Amina Quaternária
(Q)
Cl-, HCOO3
-,
CH3COO, SO42-
2-12
CaptoQ
Dowex 1X2
Amberlite/ Amberjet
QAE Sephadex
Ânion Fraco
Amina Primária
Amina Secundária
Amina Terciária
(DEAE)
Cl-, HCOO3
-
CH3COO-, SO4
2-
2-9
DEAE- Sepharose
Capto DEAE
DEAE Cellulose
Fonte: Acikara, 2013
Os grupos ionizáveis dos aminoácidos que compõem as proteínas conferem a
estas uma natureza poliônica responsável pelas interações eletrostáticas com o grupo
ligante das resinas. As moléculas de proteína se ligam ao grupo ligante do adsorvente
deslocando os contra-íons. Como consequência deste fenômeno, na região de adsorção a
resina se torna eletricamente neutra. Este mecanismo de adsorção recebe o nome de
troca de íons e possui grande importância na separação de proteínas (QUADRI; CRUZ;
20
SANTANA, 1998). Solutos com interação mais fraca com o grupamento trocador
acabam ligando-se menos fortemente à resina e são eluídos primeiro. Solutos que
apresentam ligação mais intensa com a fase estacionária são eluídos por último ou não
são eluídos, devido à forte adsorção à resina (AHAMED, 2008).
Na cromatografia de troca iônica, a fase estacionária (derivada de matriz
orgânica quimicamente inerte, com grupos funcionais inertes) é equilibrada com um
tampão de baixa força iônica 10 a 50 mM. A amostra contendo a proteína de interesse é
aplicada a coluna no mesmo tampão de baixa força iônica utilizado para o equilíbrio. A
resina é lavada antes da eluição com o mesmo tampão de equilíbrio. Durante a eluição é
utilizado um tampão com força iônica maior que o tampão de equilíbrio, íons do tampão
de eluição deslocam a proteína adsorvida à fase estacionária. Certos sais são mais
eficientes para utilização em cromatografia de troca iônica que outros, devido à sua
capacidade em deslocar as proteínas ligadas e os seus efeitos sobre a estabilidade da
proteína (TSUMOTO, 2007). O cloreto de sódio é, provavelmente, o eluente mais
amplamente utilizado para a separação de proteínas por não causar alterações na
estrutura da proteína; no entanto nem sempre é o melhor eluente para a separação de
proteínas. Os tempos de retenção, as larguras do pico eluído e a resolução do
cromatograma são afetados pela natureza dos ânions e cátions utilizados (ACIKARA,
2013).
Alternativamente, o pH do tampão pode ser alterado para reduzir a carga de
proteínas e perturbar a sua interação com a fase estacionária. Para as proteínas ligadas a
uma fase estacionária de troca catiônica, o aumento do pH do tampão conduzirá a uma
menor carga positiva sobre a proteína e subseqüente eluição a proteína adsorvida. Para
as proteínas ligadas a uma fase estacionária de troca aniônica, a diminuição do pH do
tampão conduzirá a uma menor carga negativa sobre a proteína e subsequente eluição
da proteína (RITCHIE, 2013).
A cromatografia de troca-iônica é amplamente aplicável para a análise de um
grande número de moléculas, é facilmente transferida para as escalas de produção com
baixo custo, altos níveis de purificação podem ser conseguidos e está presente na
maioria dos protocolos de purificação de proteínas. Os protocolos de purificação de
proteínas são desenvolvidos com base no conhecimento e experiência da equipe
envolvida, utilizando a abordagem da tentativa e erro. Essa abordagem torna os
protocolos trabalhosos e às vezes a melhor condição não é estabelecida (ACIKARA,
2013).
21
1.4 Delineamento Composto Central
Delineamento de Experimentos (DOE) é o plano formal para a condução do
experimento, ou seja, são testes conduzidos de forma planejada, onde os fatores (ou
variáveis controladas) são alterados de modo a avaliar seu impacto sobre uma variável
resposta. Quando se necessita desenvolver, ou melhorar um processo, o pesquisador
precisa planejar um experimento para avaliar os efeitos que suas variáveis
independentes têm sobre as respostas (RODRIGUES; IEMMA, 2005).
Técnicas de planejamento estatístico como o Delineamento Composto Central
(DCC) podem ser utilizadas para analisar o efeito de um ou mais fatores de controle ao
mesmo tempo. O Delineamento Composto Central (DCC) é um delineamento simétrico
e de segunda ordem, desenvolvido com o objetivo de permitir encontrar o ponto de
resposta máxima ou mínima, em ensaios com k fatores, cada um com cinco níveis e
com um número de pontos inferior a outros tipos de delineamentos utilizados.
Considerado um delineamento ótimo, pertence a uma família de delineamentos
eficientes, os quais requerem poucos ensaios para sua realização. Possui características
interessantes para a busca do ponto que dê a resposta ótima, que são: um número menor
de tratamentos em relação aos fatoriais completos e pode ser realizado sequencialmente,
de forma a otimizar o sistema (MATEUS, 2001).
O DCC é constituído por três partes: cúbica (fatorial), central e axial (α). O
fatorial depende da combinação do número de fatores k analisados no experimento. O
ponto central, além de ser responsável também pela estimativa dos efeitos quadráticos,
possibilita a estimativa do erro puro, quando ele é repetido (MENDONÇA, 2012). Os
pontos axiais são situados nos eixos do sistema de coordenadas com distância ± α da
origem; um delineamento Composto Central que tem pontos axiais definidos como na
Tabela 3 é dito Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR) (RODRIGUES;
IEMMA, 2005).
Tabela 3 – Valores considerados de α para o delineamento composto central rotacional. K é o número de
variáveis e ( ) ⁄ utilizado para calcular as variações em cada ponto do DCCR.
K 2 3 4 5 6
Α ± 1,4142 ± 1,6818 ± 2,0000 ± 2,3784 ± 2,8284
22
De acordo com a tabela 3, o número de variáveis K está relacionada
estatisticamente com os valores limites + e - de α. Supondo que se escolha 3 variáveis
para um experimento os valores representativos de +1,6818 a -1,6818 serão escolhidos
de acordo com o intervalo de estudo que o pesquisador desejar. O pesquisador escolhe
um valor máximo ou um mínimo para cada variável analisada. Entretanto, a diferença
entre os valores deverá ser proporcional.
Suponha que um pesquisador esteja trabalhando com uma variável X em 5
níveis diferentes. Ele escolheu de acordo com seu conhecimento um nível mínimo (2
minutos) e um nível máximo (7 minutos) para a variável em questão, utilizando a
equação 1, ele determinou que o Δ é de 1,48. Os outros valores serão calculados
utilizando o valo máximo ou mínimo e o Δ é de 1,48 (equação 2, tabela 4).
Tabela 4 – Valores obtidos para uma variável hipotética utilizando cinco níveis.
Níveis -1,68 -1 0 +1 +1,68
Variável
(min)
2 3,03 4,51 5,98 7
( ) (1)
onde = valor da variável que será utilizada no nível +1 (2)
23
2 OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi purificar a lactoferrina bovina a partir do soro de leite,
subproduto de baixo valor agregado e estudar a estabilidade de uma formulação semi-
sólida contendo a lactoferrina como princípio ativo.
2.1 Objetivos específicos
1 Utilizar o planejamento experimental DCCR para estimar as melhores condições
cromatográficas (troca catiônica com resina SP Sepharose) da purificação da
lactoferrina bovina a partir do soro de leite;
2 Desenvolver uma formulação semi-sólida contendo a lactoferrina como
princípio ativo;
3 Avaliar a estabilidade da formulação contendo a lactoferrina bovina como
princípio ativo.
24
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Material
O Soro de leite utilizado neste trabalho foi doado pela empresa Laticínio 5 estrelas
(Barbacena MG). A lactoferrina bovina, anticorpo policlonal contra lactoferrina
humana, anticorpo anti IgG de coelho conjugado com peroxidase, 3,3´-
diaminobenzidina e ABTS foram adquiridos da Sigma-Aldrich. A coluna SP-Sepharose
Hi-Trap Fast Flow, cartucho de fibra oca 30NMWC (Hollow fiber cartridge) foram
adquiridos da GE® Life Sciences. Lactoferrina bovina (comercial) foi adquirida da
Smart Pharmaceuticals (South Africa). Todos os outros reagentes utilizados no
desenvolvimento dos experimentos foram de grau analítico.
3.2 Métodos
3.2.1 Centrifugação
O soro de leite doce foi centrifugado a 3400 rpm a 4ºC durante 30 minutos.
Após a centrifugação o pellet foi descartado e o sobrenadante foi utilizado para purificar
a lactoferrina bovina.
3.2.2 Ultrafiltração Tangencial
O sobrenadante do soro de leite foi concentrado utilizando uma membrana tipo
cartucho de fibra oca corte nominal 30 kDa, área total de 650cm2, acoplada a um
sistema QuixStand Benchtop System® (Watson Marlow). A filtração foi realizada a
230rpm, pressão de alimentação (Pfeed) 8psi, pressão de saída (Pret) 5psi. O concentrado
de 30NMW foi submetido a dialfiltração com troca de tampão fosfato de sódio 50mM
pH 6,5. Nesse processo foi adicionado um volume de tampão equivalente ao volume do
concentrado, a mistura foi filtrada até obter novamente o mesmo volume do
concentrado. Este processo foi repetido 3x utilizando as condições descritas acima. O
diafiltrado foi congelado e/ ou liofilizado, e utilizado para purificar a lactoferrina
bovina.
25
3.2.3 Cromatografia de Troca-catiônica
A coluna XK16/20 foi empacotada com10mL da resina SP Sepharose Fast Flow
e conectada ao cromatógrafo AktaPurifier 10. A coluna foi equilibrada com cinco
volumes de coluna do tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (tampão A). Após o
equilíbrio, a amostra foi aplicada e a coluna lavada com tampão A até atingir a linha de
base. As proteínas adsorvidas foram eluídas utilizando 5 VC (volume de coluna) do
tampão A e tampão B (tampão A acrescido de NaCl 1,5M pH 6,5), fluxo constante de
0,5mL/min durante todo o processo.
As próximas cromatografias de troca-iônica utilizaram coluna pré-empacotada
HiTrap™ SP Sepharose Fast Flow (5mL) para diminuir o tempo gasto no processo de
empacotamento. A coluna foi conectada ao cromatógrafo AktaPurifier 10. Três corridas
cromatográficas foram realizadas (tabela 5). Na 1ª e 2ª corridas foram utilizados
diferentes volumes de amostra inicial. A terceira corrida utilizou tampão de equilíbrio e
eluição diferente da 1ª e 2ª condição (tabela 5). Em todas as corridas a coluna foi
equilibrada, lavada e eluída com fluxo constante de 0,5 mL/min durante todo o
processo.
Tabela 5 – Condições cromatográficas na cromatografia de troca-catiônica com a coluna HiTrap™ SP
Sepharose Fast Flow.
Corrida Tampão A Tampão B
1ª Fosfato de sódio 50mM, pH 6,5 Fosfato de sódio 50mM, pH 6,5 acrescido de 1,5M de
NaCl
2ª Fosfato de sódio 50mM, pH 6,5 Fosfato de sódio 50mM, pH 6,5 acrescido de 1,5M de
NaCl
3ª Fosfato de sódio 50mM, pH 7,0
acrescido de 0,1M de NaCl
Fosfato de sódio 50mM, pH 7,0 acrescido de 1,5M de
NaCl
3.2.3.1 Planejamento Experimental
O DCCR (planejamento estatístico) foi realizado para estimar as melhores
condições da purificação da lactoferrina bovina a partir do soro de leite com 3 variáveis
independentes, sendo elas: fluxo (mL/min), concentração da amostra inicial (mg),
tamanho do gradiente (VC). O delineamento foi composto por 17 ensaios (
ensaios + 6 pontos axiais + 3 centrais), aplicável a metodologia de superfície de
resposta. Cada variável foi avaliada em 5 níveis diferentes, conforme apresentado na
26
Tabela 6, com três repetições no ponto central. Através da ferramenta estatística os
níveis são determinados a partir do número de variáveis escolhidas, sendo que os
valores dos níveis são de escolha livre. As corridas foram realizadas aleatoriamente e
cada coluna usada no máximo 4 vezes.
Tabela 6 – Níveis e parâmetros utilizados no planejamento estatístico.
Variáveis
Níveis
-1,68 -1 0 +1 +1,68
Fluxo (mL/min) 0,300 0,381 0,500 0,619 0,700
Amostra inicial (mg) 280 425,7 640 854,3 1000
Tamanho do gradiente (VC) 5 7,02 10 12,98 15
Os resultados do planejamento experimental DCCR foram analisados
utililizando o Software Statistica 8.0.
3.2.4 Dosagem de Proteína
A concentração de proteína total foi determinada utilizando o método de Lowry,
essa metodologia possui alta sensibilidade para determinar concentrações de proteína.
Inicialmente foram preparadas as soluções: solução A (sulfato de cobre 1%), solução B
(tartarato de sódio e potássio 2%), solução C (2% carbonato de sódio + 0,1M de
hidróxido de sódio). Os reagentes acima foram misturados na proporção de 1:1:100 da
solução A:B:C, respectivamente, gerando o reagente E. O reagente de Folin-Ciocateau
foi diluído 1:2 com HCl 1M (LOWRY et al., 1951).
Em tubos de ensaio foram adicionados 200µL de amostra utilizando uma
diluição adequada para que a concentração de proteína da amostra estivesse dentro da
faixa de linearidade do método. Em seguida foram adicionados 2 mL do reagente E em
cada tubo, agitado e incubado a temperatura ambiente durante 10 minutos. A seguir,
200µL do reagente de Folin-Ciocateau foram adicionados em cada tubo e
imediatamente, agitado e incubado durante 30 minutos ao abrigo da luz. Decorrido o
tempo de incubação a absorbância das amostras foram lidas no comprimento de onda de
750nm. A curva padrão foi construída utilizando uma solução de soro albumina bovina
1mg/mL.
27
3.2.5 Eletroforese em Gel de Poliacrilamida Contendo Dodecil Sulfato de Sódio
(SDS-PAGE)
A eletroforese em gel de poliacrilamida 12,5% contendo dodecil sulfato de sódio
(SDS) foi realizada com a finalidade de caracterizar o grau de pureza das amostras
obtidas em cada etapa de purificação. O gel foi submetido a uma corrente constante de
30mA à temperatura ambiente. O padrão de massa molar utilizado foi o low marker (GE
Healthcare) com padrões de massa molar 97– 66 – 45 – 30 – 20,1 e 14,4kDa. A
metodologia utilizada para a eletroforese de gel poliacrilamida contendo dodecil sulfato
de sódio foi a de Laemmli (1970), a coloração dos géis utilizou a técnica da coloração
com “coomassie blue” (MERRIL, 1990).
3.2.6 Imunoensaio do tipo “Western Blot”
A transferência eletroforética de proteínas imobilizadas separadamente no gel de
SDS-PAGE para a superfície de membranas torna essas proteínas acessíveis a vários
reagentes e sondas e assim aptos para futuras caracterizações. Com a finalidade de
caracterizar a identidade da proteína purificada foi realizada a análise imunoenzimática
do tipo western blot.
Após a corrida eletroforética o gel foi incubado por 20 minutos com tampão de
transferência Towbin (TOWBINet al., 1979). E a membrana de PVDF foi incubada por
5 segundos em metanol, 5 minutos em água ultrapurificada e 10 minutos no mesmo
tampão de transferência.
As proteínas foram transferidas para membranas de PVDF em uma cuba (Loccus
Biotecnologia LWB 10x10) à corrente constante de 300mA, 120V, por 4 horas. Após a
transferência, a membrana teve seus sítios inespecíficos bloqueados, overnight a 4ºC
com solução PBS / albumina 5% (v/v). Após este período, a membrana foi lavada 3
vezes, 10 minutos cada com solução PBS / Tween 20 0,05% (v/v) (PBS/T). Na
sequência, a membrana foi incubada com o anticorpo primário (anticorpo policlonal anti
lactoferrina humana produzido em coelho, Sigma L3262) em diluições pré-
determinadas (1:5000), por 4 horas a temperatura ambiente, sob agitação. Decorrido
esse tempo a membrana foi lavada, como descrito acima. Em seguida, a membrana foi
incubada com anticorpo anti-IgG de coelho produzido em cabra conjugado com
peroxidase (Sigma A0545) por duas horas a temperatura ambiente. Após a incubação, a
28
membrana foi novamente lavada conforme descrito acima e a reação imunoenzimática
foi visualizada com solução de DAB 1 mg/mL, H2O2 0,11% (v/v) em PBS pH 7,4.
3.2.7 Atividade Enzimática da Lactoperoxidase
Devido à pequena diferença de massa molar e ponto isoelétrico da lactoferrina
(78kDa e pI 8-9) e lactoperoxidase (89kDa e pI 9,5), o ensaio enzimático foi utilizado
para confirmar a presença ou ausência da lactoperoxidase nos picos eluídos da
cromatografia de troca-iônica.
A atividade foi determinada utilizando o método descrito por Kumar e Bhatia
(1999), com algumas modificações. Seguindo o princípio da reação (equação 3):
⇒ (3)
Um ml da solução 1mmol/L de ABTS (2,2’- azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-
ácido sulfônico) em tampão fosfato de sódio 0,1mo/L pH 6,0 e 33µl de amostra foram
adicionados a uma cubeta e agitada por inversão. A seguir foram adicionados 33µl da
solução de peróxido de hidrogênio (3,2mmol/L) e a absorbância foi medida a 412nm
durante 1,5 minutos, com intervalos de leitura a cada 5 segundos. Uma unidade de
atividade (U) foi definida como a quantidade de enzima que catalizou a oxidação de
1µmol de ABTS/min a temperatura ambiente, em tampão fosfato 0,1mol/L pH 6,0. A
concentração de ABTS utilizada foi de 1mmol/L e de H2O2 0,1mmol/L na mistura da
reação. A unidade de atividade enzimática foi calculada como descrito nas equações 4 e
5.
⁄ (4)
⁄
⁄⁄ (5)
Δ412 = variação da absorbância a 412 nm
1,066 = volume total da reação enzimática
32,4 = coeficiente molar do ABTS a 1 mmol/L a 412 nm
0,033 = volume de amostra
1,5 = tempo da reação
2 = coeficiente estequiométrico (1mol de H2O2 para 2 mols de ABTS)
29
3.2.8 Avaliação da Estabilidade da Formulação Semi-sólida
Lactoferrina comercial adquirida da Smart Pharmaceuticals foi incorporada a
Allubase™ (creme não iônico) na concentração de 10% (m/m). A formulação final foi
distribuída em frascos brancos, protegidos da luz contendo, aproximadamente, 5 gramas
de creme.
Os frascos contendo a formulação foram mantidos em estufa com controle de
temperatura (40 ± 2°C). As amostras foram analisadas no tempo 0, 30 e 90 dias. Em
cada análise foram retirados três frascos para os testes de estabilidade.
O pH da solução aquosa da formulação na concentração de 0,1g/mL foi medido.
A degradação da lactoferrina incorporada à formulação foi avaliada utilizando a
eletroforese em gel de poliacrilamida SDS-PAGE 12,5%, conforme descrito no item
3.2.5. Todas as análises foram realizadas em triplicata.
30
4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A membrana de 30NMWC foi escolhida com o objetivo de concentrar a
lactoferrina bovina (tabela 7), permitindo trabalhar com um volume menor de amostra
nas próximas etapas do processo de purificação.
Tabela 7 – Concentração de proteína total do concentrado e filtrado de 30NMWC. A filtração foi
realizada a 230 rpm, pressão de alimentação (Pfeed) 8 psi, pressão de saída (Pret) 5 psi.
Amostra Volume
(mL)
Concentração de proteína
(mg/mL)
Concentração de
proteína total (g)
Recuperação
(%)
Soro de leite 1000 19,69 19,69 100
Concentrado de 30
kDa
225 86,35 19,43 98,68
Filtrado 30 kDa 775 0,2815 0,218 1,11
O concentrado de 30NMWC foi utilizado como amostra inicial para purificar a
lactoferrina bovina.
O concentrado de 30NMWC foi aplicado na coluna empacotada com resina SP-
Sepharose Fast Flow e as proteínas adsorvidas eluídas com tampão fosfato de sódio
50mM pH6,5 acrescido de 1,5M de NaCl. O perfil de eluição das proteínas adsorvidas
na coluna de troca-catiônica apresentou três picos (dados não mostrados). Nas
condições cromatográficas utilizadas nesse trabalho (resina de troca-catiônica e tampão
de equilíbrio pH 6,5) a eluição da lactoferrina ocorreu entre 1,0 a 1,5M de NaCl. A
lactoperoxidase foi eluída com uma concentração menor de sal 0,5 a 0,8M. Estes
valores são coerentes com os da literatura (ANDERSSON; MATTIASSON, 2006).
Dessa forma, a lactoperoxidase foi eluída no segundo pico e a lactoferrina no terceiro
pico. O perfil eletroforético das frações eluídas foi caracterizado utilizando o gel de
SDS-PAGE (figura 2).
31
Figura 2- SDS-PAGE 12,5%sob condições redutoras. Análise eletroforética das frações eluídas da coluna
SP Sepharose Fast Flow. O concentrado de 30NMWC foi aplicado na coluna SP-sepharose, a seguir a
coluna foi lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (Tampão A). Os picos foram eluídos com o
tampão A acrescido com NaCl 1,5M, utilizando o gradiente linear. As amostras contendo 20g de
proteína total foram aplicadas no gel sob condições redutoras. Poço1 albumina. Poço 2 padrão de massa
molar. Poço 3 amostra inicial. Poço 4 não retido. Poço5 lavado. Poço 6 pico 1. Poço 7 pico 2. Poço 8
pico 3. Poço 9 lactoferrina sigma (5g). Poço 10 albumina (5g).
O pico 3 apresentou uma banda protéica com migração eletroforética semelhante
a lactoferrina bovina comercial (figura 2, poços 8 e 9, respectivamente). O pico 2
apresentou bandas majoritárias de massa molar ao redor de 80, 50, e 30kDa (figura 2,
poço 7). Como mencionado acima, a lactoperoxidase é eluída em uma concentração
menor de NaCl, portanto a banda de 80kDa no pico 2 indica a presença dessa proteína e
não da lactoferrina.
O western blot foi realizado utilizando o terceiro e segundo pico de cada corrida
cromatográfica, para confirmar a presença de lactoferrina. Entretanto, o anticorpo
policlonal comercial anti-lactoferrina humana não reconheceu nem a lactoferrina bovina
comercial nem as bandas protéicas presentes no 2º e 3º pico.
A recuperação da lactoferrina foi estimada, utilizando a informação: para cada
5,07g de proteína total, 0,1g é lactoferrina (tabela 1, item 1.1) a equação 6 foi utilizada
para calcular o rendimento (tabela 8).
32
Tabela 8 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica SP-Sepharose (10mL). A
coluna foi carregada com diferentes volumes de amostra, equilibrada e lavada com tampão fosfato de
sódio 50mM pH 6,5 (tampão A). As proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente linear
utilizando o tampão A e o tampão B (tampão A acrescido de 1,5M de NaCl)
Corrida
cromatográfica
Amostra inicial
proteína total (mg)
Proteína total do
lactoferrina (pico 3) (mg)
Concentração de
NaCl (M)
Recuperação
Lactoferina* (%)
1ª 1240 7,80 1,11 - 1,35 31
2ª 1598 13,7 1,00 - 1,37 43
3ª 2416 21,80 1,04 - 1,40 45
4ª 1495 12,65 1,05 - 1,44 42
5ª 3801 21,88 1,44 - 1,50 29
6ª 5204 44,46 1,39 - 1,50 43
*A recuperação da lactoferrina foi calculada como descrito na equação 6.
(
) * (6)
*Considerando 2% de lactoferrina bovina por litro de soro
De acordo com Anderson e Mattiasson (2006) o tampão de equilíbrio utilizado
para purificar a lactoferrina é fosfato de sódio 50mM pH6,5, entretanto, o preconizado
pela literatura para cromatografia de troca catiônica é o uso do tampão de equilíbrio
equivalente ao pI da proteína menos uma unidade de pH. Uma hipótese para explicar o
rendimento das corridas cromatográficas pode ser devido à forte adsorção da
lactoferrina à resina, dificultando a sua eluição durante o gradiente, provocada pela
diferença de aproximadamente 3 unidades entre o pI da proteína e o pH do tampão de
adsorção.
Para averiguar a influência do pH do tampão de adsorção na recuperação da
lactoferrina, três cromatografias de troca catiônica utilizando a coluna HiTrap SP
Sepharose Fast Flow foram feitas. A primeira e a segunda cromatografia utilizaram o
mesmo tampão de equilíbrio (50mM de fosfato pH 6,5), diferentes volumes e
concentração de proteína. A terceira condição utilizou o tampão 50mM de fosfato pH
7,0 acrescido de NaCl 100mM nas etapas de equilíbrio e lavagem. Os resultados obtidos
estão apresentados (figuras 3 e 4; tabelas 9 a 12).
33
Figura 3- Cromatogramas obtidos a partir da cromatografia de troca catiônica (coluna Hitrap SP-
Sepharose Fast Flow). A coluna foi carregada com diferentes volumes de amostra, equilibrada e lavada
com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (cromatogramas A e B) e tampão fosfato de sódio 50mM,
pH7,0, acrescido de 100mM NaCl (cromatograma C). As proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas
com gradiente linear utilizando o tampão de equilíbrio e lavagem com 1,5M de NaCl. Fluxo 0,5ml/min,
gradiente linear 5 volumes de coluna. P1, P2 e P3 são referentes ao primeiro, segundo e terceiro pico,
respectivamente.
A recuperação da lactoferrina foi 30,73, 71,23 e 47,36% para a 1ª, 2ª e 3ª
corridas cromatográficas, respectivamente. A diferença entre a 1ª e a 2ª cromatografia
foi a quantidade de amostra inicial aplicada à coluna (175,7mg de proteína total na 1ª
cromatografia e 762,28mg de proteína total na segunda cromatografia) (tabelas 9 a 12).
A concentração de proteína total da amostra inicial utilizada na 2ª e 3ª
cromatografia foi semelhante. Contudo a recuperação da lactoferrina eluída no 3º pico
da segunda cromatografia foi 1,5 vezes maior que a recuperação da lactoferrina da 3ª
cromatografia (tabelas 9 a 11). As condições de equilíbrio da 3ª cromatografia (tampão
fosfato de sódio 50mM pH7,0 acrescido de 100mM de NaCl) alterou o perfil de eluição
da lactoperoxidase (pico 2) e da lactoferrina (pico 3) (figura 3B e 3C). Traços de
atividade da lactoperoxidase foram detectados nos picos 3 das três corridas (tabela 9 a
11).
34
Tabela 9 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica HiTrap SP – Sepharose Fast
Flow (5 mL). A coluna foi equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (tampão A).
As proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente linear utilizando o tampão A e o tampão B
(tampão A acrescido de 1,5M de NaCl).
Amostra Volume (ml) Concentração
(mg/ml)
Proteína Total
(mg)
Recuperação
lactoferrina
*(%)
Atividade
lactoperoxidase
(U/mg)
Amostra
Inicial
12,5 14,06 175,75 100 Nd
Flow Through 14,5 13,67 198,21 --- Nd
Lavado 22,0 2,18 47,96 --- Nd
Pico 1 11,5 1,25 14,37 --- 0,011
Pico 3 1,5 0,72 1,08 30,73 0,0009
*A recuperação da lactoferrina foi calculada como descrito na equação 5. nd = não detectado
Tabela 10 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica HiTrap SP - Sepharose
Fast Flow (5 mL). A coluna foi equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (tampão
A). As proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente linear utilizando o tampão A e o
tampão B (tampão A acrescido de 1,5M de NaCl).
Amostra Volume (ml) Concentração
(mg/ml)
Proteína Total
(mg)
Recuperação
lactoferrina *
(%)
Atividade
lactoperoxidase
(U/mg)
Amostra
Inicial
10 76,23 762,30 100 Nd
Flow Through 26 23,29 605,54 --- Nd
Lavado 24 2,57 61,68 --- Nd
Pico 1 8,5 2,51 21,33 --- Nd
Pico 2 9,5 1,25 11,87 --- 0,724
Pico 3 6,0 1,81 10,86 71,23 0,002
*A recuperação da lactoferrina foi calculada como descrito na equação 5. nd = não detectado
Tabela 11 – Purificação da lactoferrina utilizando a coluna de troca-catiônica HiTrap SP – Sepharose
Fast Flow (5 mL). A coluna foi equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH7,0,
acrescido de 100mM de NaCl (tampão A). As proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente
linear utilizando o tampão A e o tampão B (tampão fosfato de sódio 50mM, pH7,0 acrescido de 1,5M de
NaCl).
Amostra Volume (ml) Concentração
(mg/ml)
Proteína Total
(mg)
Recuperação
lactoferrina
total* (%)
Atividade
lactoperoxidase
(U/mg)
Amostra
Inicial
10 77,91 779,10 100 0,0012
Flow Through 21 23,98 503,58 --- 0,0006
Lavado 36 4,25 153 --- 0,0003
Pico 1 4,4 0,47 2,07 --- 1,90
Pico 2 5,8 0,44 2,55 --- 2,25
Pico 3 8,2 0,90 7,38 47,36 0,011
*A recuperação da lactoferrina foi calculada como descrito na equação 5
35
Tabela 12 – Perfil de eluição da lactoferrina das três corridas cromatográficas da segunda condição. Na
primeira e segunda corrida, a coluna foi equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 e
as proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente linear utilizando o tampão A e o tampão B
(tampão A acrescido de 1,5M de NaCl). Na terceira corrida, a coluna foi equilibrada e lavada com tampão
fosfato de sódio 50mM pH7,0, acrescido de 100mM de NaCl (tampão A). As proteínas adsorvidas à
coluna foram eluídas com gradiente linear utilizando o tampão A e o tampão B (tampão fosfato de sódio
50mM pH7,0 acrescido de 1,5M de NaCl).
Corridas
Picos
Concentraçãode
NaCl (M)
Proteína Total (mg) Recuperação de
Lactoferrina (%)*
1a
Pico 1
Pico 2
Pico 3
0,18 - 0,72
0,84 - 1,08
1,17 - 1,23
14,37
nc
1,08
---
---
30,73
2a
Pico 1 0,17 - 0,59 21,33 ---
Pico 2 0,60 - 1,05 11,87 ---
Pico 3 1,12 - 1,36 10,86 71,23
3a
Pico 1 0,58 - 0,72 2,068 ---
Pico 2 0,72 - 0,88 2,55 ---
Pico 3 0,88 - 1,14 7,38 47,36
*A recuperação da lactoferrina foi calculada como descrito na equação 5. nc = não coletado
O perfil eletroforético do pico 3 das três corridas cromatográficas foi semelhante
ao da lactoferrina bovina comercial. Apresentando uma banda de 80kDa e pequenos
traços de impureza que podem ser produtos de degradação da lactoferrina, pois alguns
destes traços foram visualizados na lactoferrina comercial (figura 4 A, poços 3 a 5).
A B
Figura 4 – SDS-PAGE 12,5% sob condições redutoras. Análise eletroforética das cromatografias de troca
catiônica (HiTrap SP Sepharose Fast Flow). A- Poço 1 albumina. Poço 2 padrão de massa molar. Poço 3
pico 3 (corrida 1). Poço 4 pico 3 (corrida 2). Poço 5 pico 3 (corrida 3). Poço 6pico 2 (corrida 3). Poço 7
pico 2 (corrida 2). Poço 8 pico 1 (corrida 1). Poço 9 pico 1 (corrida 2). Poço 10 pico 1 (corrida 3). B-
Poço 1 albumina. Poço 2 padrão de massa molar. Poço 3 amostra inicial (corrida 1). Poço 4 amostra
inicial (corrida 2). Poço 5 amostra inicial (corrida 3). Poço 6 flow through (corrida 1). Poço 7 flow trough
(corrida 2). Poço 8 flow through (corrida 3). Em todos os poços foram aplicados 20g de proteína total
exceto para albumina (5g) e padrão de massa molar. Na primeira e segunda corrida, a coluna foi
equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 e as proteínas adsorvidas à coluna foram
eluídas com gradiente linear utilizando o tampão A e o tampão B (tampão A acrescido de 1,5M de NaCl).
Na terceira corrida, a coluna foi equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH7,0 acrescido
de 100mM de NaCl (tampão A). As proteínas adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente linear
utilizando o tampão A e o tampão B (tampão fosfato de sódio 50mM pH7,0 acrescido de 1,5M de NaCl).
36
Diversos fatores do processo cromatográfico como: composição da fase
estacionária (densidade e tipo de grupos ligantes, tamanho dos poros), fase móvel (força
iônica, pH) interferem nos resultados da cromatografia. Além desses fatores os
procedimentos cromatográficos podem interferir na cromatografia aumentando ou
diminuindo a recuperação da molécula alvo, o tempo de retenção, a forma e largura do
pico e o grau de pureza da proteína de interesse. Fatores cromatográficos como fluxo,
inclinação do gradiente e quantidade de amostra aplicada na coluna podem interferir na
cromatografia de troca-iônica.
Para investigar a influência desses fatores na purificação da lactoferrina bovina a
partir da cromatografia de troca-iônica foi utilizado o planejamento experimental
Delineamento Composto Central Rotacional utilizando três variáveis e cinco níveis
conforme apresentado na Tabela 6 (item 3.2.3.1). Dezessete corridas cromatográficas
utilizando a coluna HiTrap Fast Flow SP-Sepharose foram realizadas. A concentração
de proteína total foi determinada para os picos 1, 2 e 3, a atividade de lactoperoxidase e
o perfil eletroforético dos picos 2 e 3 foram analisados (anexo A).
A concentração de amostra inicial, o fluxo e o tamanho do gradiente foram
selecionados e estudados através de um DCCR para as respostas: recuperação de
lactoferrina (mg) e área do pico da lactoferrina. O valor original de cada nível utilizado
e os valores das respostas de recuperação de lactoferrina (mg) e área do pico da
lactoferrina estão apresentados na Tabela 13.
A maior recuperação de lactoferrina (mg) foi apresentada pelo ensaio 6 e 4,
respectivamente. O ensaio 6 utilizou o fluxo e tamanho de gradiente no nível 1 (0,619
mL.min-1
e 12,89 VC, respectivamente) e concentração de amostra inicial no nível -
1(425,7mg). O ensaio 4, por outro lado, utilizou fluxo no nível -1 (0,381mL.min-1
),
concentração de amostra inicial e gradiente no nível 1(854,3 mg e 12,98VC) (tabela 13).
37
Tabela 13 – Valores codificados e variáveis independentes e resposta da recuperação de lactoferrina (mg)
e área do pico correspondente a eluição da lactoferrina (abs.mL
-1).
Ensaios Fluxo
(mL/min)
Amostra inicial
(mg)
Gradiente
(VC)
LA
Experimental
(mg)
Área pico lactoferrina
Experimental
(Abs.mL
-1)
1 -1 (0,381) -1 (425,7) -1(7,02) 1,6 501,50
2 -1 (0,381) -1(425,7) 1 (12,98) 1,39 655,70
3 -1 (0,381) 1 (854,3) -1 (7,02) 3,25 1897,80
4 -1 (0,381) 1 (854,3) 1 (12,98) 6,39 2403,90
5 1 (0,619) -1 (425,7) -1 (7,02) 0,66 637,50
6 1 (0,619) -1 (425,7) 1 (12,98) 7,56 1706,80
7 1 (0,619) 1(854,3) -1 (7,02) 3,12 2195,70
8 1 (0,619) 1(854,3) 1 (12,98) 4,09 408,30
9 -1,68 (0,3) 0 (640) 0 (10) 1,71 1218,80
10 1,68 (0,7) 0 (640) 0(10) 2,49 1237,20
11 0 (0,5) -1,68 (280) 0 (10) 1,02 348,50
12 0 (0,5) 1,68 (1000) 0 (10) 3,86 1944,30
13 0 (0,5) 0 (640) -1,68 (5) 2,67 1526,50
14 0 (0,5) 0 (640) 1,68 (15) 2,65 1365,80
15 0(0,5) 0 (640) 0 (10) 2,74 1319,20
16 0 (0,5) 0 (640) 0 (10) 2,4 1147,60
17 0 (0,5) 0 (640) 0 (10) 2,8 1311,60
Os dados obtidos de recuperação da lactoferrina (mg) de cada ensaio foram
tratados estatisticamente utilizando o programa Statistica 8.0. A Tabela 14 apresenta os
coeficientes de regressão, a distribuição de Student (t) e p valores para a recuperação de
lactoferrina (mg).
38
Tabela 14 – Coeficientes de regressão para a recuperação da lactoferrina (mg).
Variável Coeficiente Erro Padrão T P
Média 2,57107 0,999021 2,57359 0,036815
Fluxo (mL.min-1
) (L) 0,301182 0,469366 0,64168 0,541516
Fluxo (mL.min-1
) (Q) 0,056693 0,516763 0,10971 0,915720
Amostra inicial (mg) (L) 0,763035 0,469457 1,62536 0,148114
Amostra inicial (mg) (Q) 0,177436 0,517169 0,34309 0,741604
Gradiente (VC) (L) 0,789886 0,469692 1,68171 0,136508
Gradiente (VC) (Q) 0,256559 0,518227 0,49507 0,635710
Fluxo (mL.min-1
) x
Amostra inicial (mg) -0,957500 0,613087 -1,56177 0,162313
Fluxo (mL.min-1
) x
Gradiente (VC) 0,617500 0,613087 1,00720 0,347380
Amostra inicial (mg)x
Gradiente (VC) -0,322500 0,613087 -0,52603 0,615118
Analisando a Tabela 14, as variáveis utilizadas: fluxo, tamanho do gradiente e
concentração de amostra inicial não apresentaram grau de significância na correlação
dos coeficientes com P< 0,05 ou P<0,1. Apesar desse resultado a equação quadrática do
modelo foi construída, utilizando o coeficiente das variáveis descrito na Tabela 14
(equação 7).
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Os valores previstos pelo modelo apresentaram variabilidade significativa dos
valores obtidos experimentalmente. Dessa forma o modelo não é adequado para estimar
a concentração de lactoferrina eluída da cromatografia de troca iônica utilizando o
DCCR descrito nesse trabalho (figura 5).
(7)
39
Figura 5 – Gráfico dos valores preditos utilizando o modelo descrito na equação (7) x valores observados
experimentalmente para concentração de lactoferrina eluída da cromatografia de troca catônica (tabela
13).
A análise de variância (ANOVA) (tabela 15) apresenta importantes dados do
experimento, como os valores de Probabilidade de Fisher, que indica a significância
estatística dos fatores avaliados, as suas interações, erros e a falta de ajuste do
experimento (RODRIGUES; IEMMA, 2005). De acordo com a análise de variância
(tabela 14) as variáveis: fluxo (mL.min-1
), concentração de amostra inicial (mg) e
tamanho do gradiente (VC) não apresentaram efeito significativo na recuperação da
lactoferrina (mg).
Tabela 15 – Análise de variância (ANOVA) da lactoferrina (mg) obtida a partir do planejamento
experimental DCCR 23, utilizando como variáveis o fluxo (mL.min
-1), amostra inicial (mg) e tamanho do
gradiente (VC).
Soma quadrados Grau de liberdade Quadrado médio F*
Regressão 29,79138 9 3,310153 1,101
Resíduos 21,04904 7 3,007005
Total 50,84042 16
F*= Probabilidade de Fisher Calculado F calculado (1,101) < F tabelado (9;7;0,1) = 2,27
As Figuras 6 a 8 apresentam os gráficos superfícies de respostas e curvas de
contorno para a recuperação da lactoferrina (mg) em função do fluxo (mL.min-1
),
concentração de amostra inicial (mg) e tamanho do gradiente (VC).
40
Figura 6 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a recuperação de lactoferrina (mg) em
função da amostra inicial (mg) e do fluxo (mL.min-1
).
De acordo com a Figura 6, as melhores condições para recuperação da
lactoferrina (mg) são: fluxo baixo e concentração de amostra inicial elevada ou fluxo
elevado e concentração de amostra inicial baixa.
Figura 7 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a recuperação de lactoferrina (mg) em
função da amostra inicial (mg) e do tamanho do gradiente (VC).
O aumento do tamanho do gradiente e o aumento da concentração de proteína da
amostra inicial resultaram na melhor recuperação da lactoferrina (mg) (figura 7).
41
Figura 8 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a recuperação de lactoferrina (mg) em
função tamanho do gradiente (VC) e fluxo (mL.min-1
).
De acordo com a Figura 8 o aumento do fluxo (mL.min-1
) e do gradiente (VC)
favoreceram a melhor recuperação da lactoferrina (mg).
A melhor combinação das variáveis seria gradiente alto (12VC), alta
concentração de amostra (1000mg) e fluxo baixo (0,30mL.min
-1) ou baixa concentração
de amostra (280mg) e fluxo alto (0,70mL.min
-1) (figuras 6 a 8), mas o procedimento não
foi considerado estatisticamente significativo. A variável de saída, recuperação de
lactoferrina (mg), não permitiu determinar a melhor condição do processo
cromatográfico utilizando as três variáveis (fluxo, concentração de amostra inicial e
tamanho do gradiente).
Não foi encontrado na literatura trabalhos que utilizaram o planejamento
experimental para processos cromatográficos cuja amostra inicial é complexa (contendo
uma mistura de proteínas e outras biomoléculas como, por exemplo, o soro de leite)
(NOVOTNÁ et al., 2005; ISHIHARA et al., 2007).
A partir dos resultados surgiram duas hipóteses: 1ª o planejamento experimental
DCCR não é adequado para processos cromatográficos com amostras complexas; 2ª a
concentração de lactoferrina não seria a melhor variável para a construção de um
modelo matemático e a análise das variáveis de entrada, fluxo (ml.min-1
), amostra
inicial (mg) e tamanho do gradiente (VC).
Outra análise estatística foi realizada utilizando a área do pico 3 (pico
correspondente a eluição da lactoferrina). As áreas dos picos 3 das dezessete corridas
cromatográficas foram calculadas utilizando o software UNICORN 5.0 (Ge Life
Scienses) (anexo B e tabela 13).
42
O ensaio 4 com fluxo no nível -1 e concentração da amostra inicial e gradiente
no nível 1 e o ensaio 7 com fluxo e concentração de amostra inicial no nível 1 e
gradiente no nível -1 apresentaram as maiores áreas do pico 3 (tabela 13).
A Tabela 16 apresenta os efeitos das três variáveis estudadas e seus respectivos
erros, obtidos a partir de análise estatística, considerando a área do pico 3 eluído dos
dezessete ensaios.
Tabela 16 – Coeficientes de regressão para área do pico 3 (abs.min).
Variável Coeficiente Erro Padrão T P
Média 1257,694 251,8146 4,99453 0,001575
Fluxo (mL.min-1
) (L) -35,143 118,3089 -0,29704 0,775055
Fluxo (mL.min-1
) (Q) -5,273 130,2558 -0,04048 0,968888
Amostra inicial (mg)
(L)
445,979 118,3318 3,76889 0,006993
Amostra inicial (mg)
(Q)
-34,189 130,3583 -0,26227 0,800666
Gradiente (VC) (L) -24,022 118,3911 -0,20290 0,844981
Gradiente (VC) (Q) 72,217 130,6248 0,55286 0,597564
Fluxo (mL.min-1
) x
Amostra inicial (mg)
-360,600 154,5354 -2,33345 0,052348
Fluxo (mL.min-1
) x
Gradiente (VC)
-172,300 154,5354 -1,11495 0,301680
Amostra inicial (mg)x
Gradiente (VC)
-313.100 154,5354 -2.02607 0,082389
Os valores em vermelho são os correspondentes as variáveis que apresentaram significância estatística p< 0,1.
A variável concentração de amostra (mg) apresentou efeito estatisticamente
significativo para a área do pico 3, p < 0,05. A combinação da concentração de amostra
(mg) x tamanho do gradiente (VC) e a combinação da concentração da amostra (mg) x
fluxo (mL.min-1
) foram estatisticamente significativo se considerarmos p<0,1(tabela 16;
anexo C).
A partir dos dados da Tabela 16, o modelo matemático foi desenvolvido e
apresentado na equação 8.
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
A Tabela 17 foi construída a partir dos dados do planejamento experimental e do
modelo matemático descrito nas equações 7 e 8. O erro relativo para a variável área do
pico 3 foi menor que o erro relativo para a variável concentração de lactoferrina. As
maiores áreas do pico 3 apresentaram erros relativos baixos. Esse resultado é
confirmado pela Figura 9, onde os dados previstos pelo modelo para área do pico 3
(8)
43
correspondente a lactoferrina apresentam pouca variabilidade em relação aos dados
experimentais.
Tabela 17 – Resultados do DCCR no estudo do fluxo (ml.min-1
), concentração de proteína total na
amostra incial (mg) e do tamanho do gradiente (VC) nas respostas de recuperação de lactoferrina (mg) e
área do pico correspondente a eluição da lactoferrina (abs.mL).
Ensaio Fluxo
(mL/mi
n)
Amostra
inicial
(mg)
Gradient
e (VC)
LA Ex
(mg)
LA
Pre
(mg )
Erro
relativo
(%) *
Área Ex
(abs. mL)
Área Pre
(abs.
mL)
Erro
relativo
(%) *
1
-1
(0,381)
-1
(425,7)
-1
(7,02) 1,6 0,55 65,63
501,50 741,88 -47,93
2
-1
(0,381)
-1
(425,7)
1
(12,98) 1,39 4,68 -236,69
655,70 693,84 -5,82
3
-1
(0,381)
1
(854,3)
-1
(7,02) 3,25 1,48 54,46
1897,80 1.978,44 -4,25
4
-1
(0,381)
1
(854,3)
1
(12,98) 6,39 4,33 32,24
2403,90 1.930,40 19,70
5
1
(0,619)
-1
(425,7)
-1
(7,02) 0,66 1,83 -177,27
637,50 1.016,20 -59,40
6
1
(0,619)
-1
(425,7)
1
(12,98) 7,56 2,14 71,69
1706,80 968,15 43,28
7
1
(0,619)
1
(854,3)
-1
(7,02) 3,12 5,23 -67,63
2195,70 1.563,55 28,79
8
1
(0,619)
1
(854,3)
1
(12,98) 4,09 4,25 -3,91
408,30 1.515,51 -271,17
9
-1,68
(0,3)
0
(640)
0
(10) 1,71 2,23 -30,41
1218,80 1.331,62 -9,26
10
1,68
(0,7)
0
(640)
0
(10) 2,49 3,24 -30,12
1237,20 1.213,54 1,91
11 0 (0,5)
-1,68
(280)
0
(10) 1,02 1,79 -75,49
348,50 411,95 -18,21
12 0 (0,5)
1,68
(1000)
0
(10) 3,86 4,35 -12,69
1944,30 1.910,44 1,74
13 0 (0,5)
0
(640)
-1,68
(5) 2,67 1,97 26,22
1526,50 1.501,88 1,61
14 0 (0,5)
0
(640)
1,68
(15) 2,65 4,62 -74,34
1365,80 1.421,16 -4,05
15 0(0,5)
0
(640)
0
(10) 2,74 2,57 6,20
1319,20 1.257,69 4,66
16 0 (0,5)
0
(640)
0
(10) 2,4
2,57 -7,08
1147,60
1.257,69 -9,59
17 0 (0,5)
0
(640)
0
(10) 2,8
2,57 8,21
1311,60
1.257,69 4,11
Ex= experimental Pre= previsto pelo modelo
* ( ) (
)
44
Figura 9 – Gráfico dos valores preditos utilizando o modelo descrito na equação (7) x valores observados
experimentalmente para área do pico 3.
De acordo com análise de variância (tabela 18) o modelo quadrático apresentou
um ajuste adequado aos resultados experimentais, considerando um limite de confiança
de 90%, o F calculado foi maior que o F tabelado.
Tabela 18 – Análise de variância (ANOVA) da área do pico 3 (abs.mL obtida a partir do planejamento
experimental DCCR 23, utilizando como variáveis o fluxo (mL.min
-1), amostra inicial (mg) e tamanho do
gradiente (VC).
Soma quadrados Grau de liberdade Quadrado médio F*
Regressão 4899117 9 544346,33 2,85
Resíduos 1337347 7 191049,5714
Total 6236464 16
F*= Probabilidade de Fisher Calculado /Fcalculado (2,85) > F tabelado (9;7;0,1) = 2,27
A superfície de resposta e curva de contorno para a área (abs.mL) do pico 3 em
função da concentração da amostra inicial (mg) e fluxo (mL.min-1
) (figura 10),
apresenta uma interação negativa entre o fluxo e a concentração da amostra, pois o
ponto ótimo (maior área do pico 3) é atingido com maiores concentrações de amostra e
fluxo baixo. A Figura 11 mostra a interação negativa entre o tamanho do gradiente (VC)
e da concentração da amostra inicial (mg), uma vez que maior área do pico 3 está
localizada na região de maior concentração de amostra e tamanho do gradiente em torno
de 5VC. A concentração de amostra inicial (mg) e a relação: amostra inicial e fluxo;
amostra inicial e gradiente tem significância estatística para p= 0,1 (tabela 16 e anexo
C), sendo que a melhor condição cromatográfica seria a utilização de alta concentração
45
de amostra inicial (mg), baixo fluxo e gradiente (1000mg de proteína total, 0,3mL.min-1
e 5VC, respectivamente).
A relação entre fluxo e gradiente não apresentou significado estatístico. A
relação entre fluxo e gradiente é inversa: maiores áreas são obtidas com a combinação
fluxo alto e gradiente baixo ou fluxo baixo e gradiente alto (figura 12).
Figura 10 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para área do pico 3 (abs.mL) em função
da amostra inicial (mg) e do fluxo (mL.min-1
).
Figura 11 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para área do pico 3 (abs.mL) em função
do gradiente (VC) e da amostra inicial (mg).
46
Figura 12 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para área do pico 3 (abs.mL) em função
do gradiente (VC) e do fluxo (mL.min-1
).
O emprego do DCCR teve como objetivo principal determinar o melhor fluxo,
tamanho do gradiente e concentração de amostra inicial adequada a máxima
recuperação de lactoferrina, com maior grau de pureza. Aparentemente, o pico 3 dos
dezessete ensaios apresentaram grau de pureza semelhante (anexo D).
A área do pico indica à concentração de proteína do respectivo pico. Os ensaios
5 e 8 apresentaram uma grande diferença entre a concentração de proteína total e a área
do pico calculada pelo UNICORN (tabela 17). A natureza complexa da amostra inicial
(soro de leite) torna o modelo matemático e análise dos dados obtidos trabalhoso, como
já era esperado.
No desenho do planejamento experimental é de suma importância a escolha das
variáveis independentes ou fatores e das variáveis dependentes. A escolha da
recuperação de lactoferrina (mg) como variável dependente não foi adequada, já a
escolha da área do pico 3 (que contém a lactoferrina) foi adequado e estatisticamente
significativo. O fluxo de 0,35 mL.min-1
, concentração de amostra inicial de 1000mg e
tamanho de gradiente de 5VC foi a melhor condição cromatográfica utilizando a coluna
SP-Sepharose Fast Flow.
4.1 Estabilidade da formulação
As propriedades antibacteriana, antioxidante e de re-epitelização da lactoferina
tornam essa proteína um ativo promissor para o desenvolvimento de formulações
farmacêuticas e cosméticas (TANG et al., 2010; GARCIA-MONTOYA et al., 2012). A
47
estabilidade da formulação semi-sólida contendo 10% (m/m) de lactoferrina foi avaliada
durante três meses a 40oC e 65% de umidade.
Durante os três meses de análise, não houve alteração de pH (tabela 19).
Entretanto, as amostras apresentaram diferentes concentrações de proteína total no
decorrer do estudo de estabilidade. No 1o e no 3º, o método de dosagem de proteína
detectou uma maior quantidade de proteína total, sendo que no terceiro mês houve um
aumento de 48,6% (tabela 19). O aumento na concentração de proteína total está
relacionado à degradação da lactoferrina (figura 13).
Tabela 19 – Concentração de proteína total e pH da formulação contendo 10% (m/m) de lactoferrina
durante três meses. A concentração de proteína total foi obtida pelo método de Lowry e o pH medido a
partir de uma solução 0,1mg/mL da formulação. Para cada ensaio foram utilizadas três amostras.
Tempo (meses) Ph Proteína total (mg/mL)
0 6,66 ± 0,023 11,28 ± 0,68
1 6,50 ± 0,015 12,09 ± 0,47
3 6,57 ± 0,04 14,86 ± 1,44
O principal mecanismo de degradação da lactoferrina a 40oC e 65% umidade foi
a hidrólise (figura 13). Reações de oxidação e deamidação e hidrólise são rotas químicas
mais frequentes de degradação de proteínas. Alguns fatores como temperatura e pH
podem contribuir para uma menor velocidade de degradação por exemplo: pH neutro
diminui a deamidação de proteínas ( CAPELLE et al, 2007). A estabilidade térmica da
lactoferrina depende da sua saturação com íons Fe+3
, holo-lactoferrina é mais estável
termicamente que a apo-lactoferrina (BOKKHIM et al, 2014). A lactoferrina comercial
utilizada no preparo da formulação apresentava uma coloração rosa indicativa da
presença de holo-lactoferrina.
48
A B C
Figura 13 – SDS-PAGE 12,5% sob condições redutoras. Análise eletroforética das formulações contendo
lactoferrina 10% (m/m) durante o estudo de estabilidade. A (tempo 0) – Poço1 padrão de massa molar.
Poço 2 e Poço 3 amostra A. Poço 4 e Poço 5 amostra B. Poço 6 e Poço 7 amostra C. Poço 8 Albumina. B
(1º mês) – Poço 1Ø. Poço 2 padrão de massa molar. Poço 3 Ø. Poço 4 albumina. Poço 5 Ø. Poço 6
amostra A. Poço 7 Ø. Poço 8 amostra B. Poço 9 Ø. Poço 10 amostra C. C (3º mês) – Poço 1 padrão de
massa molar. Poço 2 Ø. Poço 3 albumina. Poço 4Ø. Poço 5 amostra A. Poço 6 amostra B. Poço 7
amostra C. Poço 8 Ø. Poço 9 lactoferrina comercial. Ø Amostra não foi aplicada.
A formulação desenvolvida pela simples incorporação da lactoferrina à base não
foi estável nas condições estudadas. Portanto, se faz necessário o desenvolvimento de
uma formulação contendo substâncias que desacelerem a degradação da lactoferrina.
49
5 CONCLUSÃO
A lactoferrina bovina foi purificada a partir do soro de leite utilizando a coluna
SP-Sepharose Fast Flow (5mL).
Através do planejamento experimental DCCR, utilizando como variável
dependente á área do pico correspondente a eluição da lactoferrina, a melhor condição
cromatográfica de troca catiônica com a resina SP Sepharose, com efeito
significativamente estatístico foi: 0,3mL.min-1
, concentração de soro de leite 1000mg e
tamanho do gradiente 5VC. A utilização da variável independente recuperação de
lactoferrina não foi uma boa escolha, pois não teve o resultado estatisticamente
significativo.
A formulação semi-sólida contendo a lactoferrina bovina não foi estável. Uma
formulação com agentes estabilizantes deve ser avaliada.
A partir de trabalhos futuros espera-se que a lactoferrina seja purificada com um
grau de recuperação maior e que a mesma seja estável em uma formulação semi-sólida
para uso dermatológico.
50
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56
ANEXO A
Perfil de eluição da lactoferrina de corridas cromatográficas em diferentes condições. Em todas as
corridas a coluna foi equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH 6,5 e as proteínas
adsorvidas à coluna foram eluídas com gradiente linear utilizando o tampão A e o tampão B (tampão A
acrescido de 1,5M de NaCl). O que variou foi o fluxo, a concentração de proteína total aplicada e o
número de volumes de coluna na eluição.
Picos
Atividade
Lactoperoxidase (U/mg)
Proteína Total (mg) Area do pico 3
Pico 1 - 7,53 --
Condição (1)
Pico 2 0,058 1,24 --
Pico 3 0,000 1,60 501,5
Pico 1 -- 7,37 --
Condição (2)
Pico 2 0,001 0,49 --
Pico 3 0,000 0,66 655,7
Pico 1 -- 10,15 --
Condição (3)
Pico 2
Pico 3
0,001
0,000
2,72
3,58
--
1897,8
Pico 1 -- 8,55 --
Condição (4) Pico 2 0,072 2,38 --
Pico 3 0,000 3,12 2403,9
Pico 1 -- 9,10 --
Condição (5)
Pico 2 0,001 1,23 --
Pico 3 0,000 1,10 637,5
Pico 1 -- 4,73 --
Condição (6)
Pico 2
Pico 3
0,191
0,000
0,36
7,56
--
1706,8
Condição (7)
Pico 1 -- 17,83 --
Pico 2 0,027 4,62 --
Pico 3 0,000 6,39 2195,7
Pico 1 -- 12,2 --
Condição (8) Pico 2 0,540 1,60 --
Pico 3 0,000 4,09 408,3
Pico 1 -- 14,0 --
Condição (9) Pico 2 0,001 3,85 --
Pico 3 0,000 1,71 1218,8
Pico 1 -- 8,92 --
Condição (10) Pico 2
Pico 3
0,001
0,000
0,70
2,49
--
1237,2
Pico 1 -- 5,42 --
Condição (11) Pico 2
Pico 3
0,003
0,000
0,54
1,02
--
348,5
Pico 1 -- 16,9 --
Condição (12) Pico 2
Pico 3
0,001
0,000
0,71
3,86
--
1944,3
Pico 1 -- 12,7 --
Condição (13) Pico 2 0,001 0,15 --
Pico 3 0,000 2,67 1526,5
Pico 1 -- 9,35 --
Condição (14) Pico 2 0,001 0,32
Pico 3 0,000 2,65 1365,8
Pico 1 -- 6,02 --
Condição (15) Pico 2 0,001 1,06 --
Pico 3 0,000 2,74 1319,2
Pico 1 -- 6,17 --
Condição (16) Pico 2 0,001 0,80 --
Pico 3 0,000 3,25 1147,6
Condição (17)
Pico 1
Pico 2
Pico 3
--
0,001
0,000
0,52
29,04
1,89
--
--
1311,6
57
ANEXO B
Cromatogramas obtidos a partir da cromatografia de troca catiônica (coluna HiTrap SP- Sepharose Fast
Flow). As corridas tiveram alterações em 3 parâmetros: volume coluna, proteína total aplicada e fluxo.
Equilibrada e lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH 6,5. As proteínas adsorvidas à coluna foram
eluídas com gradiente linear utilizando o tampão de equilíbrio e lavagem com 1,5M de NaCl. P1, P2 e P3
são referentes ao primeiro, segundo e terceiro pico, respectivamente.
58
59
60
61
62
ANEXO C
Diagrama de Pareto para o efeito estimado das variáveis sob área do pico 3 (abs.mL),
considerando o intervalo de confiança de 90% (p<0,1). 1 fluxo (mL.min-1); 2
concentração da amostra inicial (mg); 3 tamanho do gradiente (VC).
63
ANEXO D
SDS-PAGE 12,5%sob condições redutoras. Análise eletroforética das frações eluídas da coluna SP
Sepharose Fast Flow. Análise do Pico 2 e Pico3.
Pico 2 das dezessete corridas. O concentrado de 30 NMWC foi aplicado na coluna SP-sepharose, a seguir
a coluna foi lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (tampão A). Os picos foram eluídos com o
tampão A acrescido com NaCl 1,5M, utilizando o gradiente linear. As amostras contendo 20g de
proteína total foram aplicadas no gel sob condições redutoras. A- Poço1- albumina; Poço 2- padrão de
massa molar; Poço 3- Pico 2 (condição 2); Poço 4- Pico 2 (condição 12); Poço5- Pico 2 (condição 11);
Poço 6- Pico 2 (condição 15); Poço 7-Pico 2 (condição 16); Poço 8-Pico 2 (condição 10); Poço 9- Pico 2
(condição 5); Poço 10- Pico 2 (condição 8); Poço 11- Pico 2 (condição 1). B- Poço1- albumina; Poço 2-
padrão de massa molar; Poço 3- Lactoferrina Sigma (5g); Poço 4- Pico 2 (condição 3); Poço5- Pico 2
(condição 13); Poço 6- Pico 2 (condição 6); Poço 7- Pico 2 (condição 2); Poço 8- Pico 2 (condição 17);
Poço 9- Pico 2 (condição 9); Poço 10- Pico 2 (condição 7); Poço 11- Pico 2 (condição 4).
Pico 3 das dezessete corridas. O concentrado de 30 NMWC foi aplicado na coluna SP- sepharose, a seguir
a coluna foi lavada com tampão fosfato de sódio 50mM pH6,5 (tampão A). Os picos foram eluídos com o
tampão A acrescido com NaCl 1,5M, utilizando o gradiente linear. As amostras contendo 20g de
proteína total foram aplicadas no gel sob condições redutoras. A- Poço1- Albumina; Poço 2- padrão de
massa molar; Poço 3- Lactoferrina Sigma (5g); Poço 4- Pico 3 (condição 1); Poço5- Pico 3 (condição
5); Poço 6- Pico 3 (condição 3); Poço 7- Pico 3 (condição 7) ; Poço 8- Pico 3 (condição 2); Poço 9- Pico
3 (condição 6); Poço 10- Pico 3 (condição 4); Poço 11- Pico 3 (condição 8). B- Poço1- Albumina; Poço
2- Padrão de massa molar; Poço 3- Pico 3 (condição 9); Poço 4- Pico 3 (condição 10); Poço5- Pico 3
(condição 11); Poço 6- Pico 3 (condição 12); Poço 7- Pico 3 (condição 13); Poço 8- Pico 3 (condição 14);
Poço 9- Pico 3 (condição 15); Poço 10- Pico 3 (condição 16); Poço 11- Pico 3 (condição 17); Poço 12-
Lactoferrina Sigma (5g).