qualidade de vida en estudiantes universitarios

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 Disponível em: http://www.redalyc.org/ articulo.oa?id=33760309 Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Sistema de Información Científica Soares de Matos, Ana Paula; de Sousa-Albuquerque, Carlos Manuel Estilo de vida, percepção de saúde e estado de saúde em estudantes universitários portugueses: influência da área de formação International Journal of Clinical and Health Psychology, vol. 6, núm. 3, septiembre, 2006, pp. 647-663 Asociación Española de Psicología Conductual Granada, España Como citar este artigo Número completo Mais informações do artigo Site da revista International Journal of Clinical and Health Psychology, ISSN (Versão impressa): 1697-2600  [email protected] Asociación Española de Psicología Conductual España  www.redalyc.org Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

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estudi da qualidade de vida en estudantes universitarios portugueses

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  • Disponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=33760309

    Red de Revistas Cientficas de Amrica Latina, el Caribe, Espaa y PortugalSistema de Informacin Cientfica

    Soares de Matos, Ana Paula; de Sousa-Albuquerque, Carlos ManuelEstilo de vida, percepo de sade e estado de sade em estudantes universitrios portugueses: influncia da

    rea de formaoInternational Journal of Clinical and Health Psychology, vol. 6, nm. 3, septiembre, 2006, pp. 647-663

    Asociacin Espaola de Psicologa ConductualGranada, Espaa

    Como citar este artigo Nmero completo Mais informaes do artigo Site da revista

    International Journal of Clinical and HealthPsychology,ISSN (Verso impressa): [email protected] Espaola de Psicologa ConductualEspaa

    www.redalyc.orgProjeto acadmico no lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

  • International Journal of Clinical and Health Psychology ISSN 1697-26002006, Vol. 6, N 3, pp. 647-663

    Estilo de vida, percepo de sade e estado desade em estudantes universitrios portugueses:

    influncia da rea de formaoAna Paula Soares de Matos (Universidade de Coimbra, Portugal) e

    Carlos Manuel de Sousa-Albuquerque1 (Instituto Politcnico de Viseu, Portugal)

    (Recibido 28 de diciembre 2004/ Received December 28, 2004)(Aceptado 2 de febrero 2006 / Accepted February 2, 2006)

    RESUMO. Na presente investigao avalia-se a influncia da rea de formao aca-dmica numa srie de variveis de sade (estilo de vida, estado de sade e percepogeral de sade) atravs de um estudo ex post facto retrospectivo. Os participantes so948 estudantes universitrios portugueses (76.37% mulheres). A amostra compostapor dois grupos de estudantes: um grupo de estudantes que frequenta o curso deEnfermagem e um grupo de estudantes que frequenta outros cursos universitrios norelacionados com a sade (Portugus/Ingls, Administrao, Gesto). Os resultadosobtidos permitem concluir que os estudantes do curso de Enfermagem apresentam, nasua generalidade, valores mais elevados nos ndices das variveis estudadas e que oprincipal contributo para a discriminao dos dois grupos de estudantes dado pelasdimenses da varivel estilo de vida. O nosso estudo salienta a necessidade de serviose intervenes de promoo da sade e de estilos de vida saudveis, destinados aosjovens que frequentam o ensino superior.

    PALAVRAS CHAVE. rea de formao acadmica. Sade. Estilo de vida. Estudantes.Estudo ex post facto.

    ABSTRACT. In the present research we evaluate the influence of the academic areain a set of health variables (life style, health state and general perception of health)

    1 Correspondencia: Escola Superior de Sade de Viseu. Instituto Politcnico de Viseu. Rua Dom JooCrisstomo Gomes de Almeida, n. 102, 3500-843. Viseu (Portugal). E-Mail: [email protected]

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    using a retrospective ex post facto design. Participants were 948 Portuguese universitystudents (76.37% women). The sample was composed by two groups of students: agroup of students from Nursing Schools and a group of students from other universitycourses not related to health (Portuguese/English, Administration and Management).The results obtained allow us to conclude that students from the Nursing Course present,in general, higher values in the variables studied and the main contribution for thediscrimination between the two groups was given by the dimensions of the life stylevariable. Our study emphasises the need for services and interventions that promotehealth and healthy life styles aimed to the youth at university level.

    KEYWORDS. Academic graduation area. Health. Life style. Students. Ex post factostudy.

    RESUMEN. En esta investigacin se evala la influencia del rea de formacin aca-dmica sobre una serie de variables de la salud (estilo de vida, estado de salud ypercepcin general de salud) por medio de un estudio ex post facto retrospectivo. Losparticipantes son 948 estudiantes universitarios portugueses (76,37% mujeres). La muestraestaba formada por dos grupos de estudiantes: estudiantes de Enfermera y estudiantesde otros cursos universitarios no relacionados son salud (Portugus/Ingls, Administra-cin y Gestin). Los resultados obtenidos permiten concluir que los estudiantes deEnfermera presentan, en su mayora, valores ms elevados en los ndices de las varia-bles estudiadas y que la principal contribucin para la discriminacin de los dos gruposde estudiantes viene dada por las dimensiones de la variable estilo de vida. Este estudioresalta la necesidad de servicios e intervenciones de promocin de la salud y de estilode vida saludables dirigidos a los jvenes que cursan Enseanza Superior.

    PALABRAS CLAVE. rea de formacin acadmica. Salud. Estilo de vida. Estudian-tes. Estudio ex post facto.

    IntroduoPodemos dizer que a sade um estado, uma qualidade de vida e que influenciada

    por mltiplos factores (fsicos, mentais, sociais, ambientais, etc.). O estudo da sade um desafio: a sade um conceito dinmico, difcil de definir e medir; e diversasprofisses e disciplinas acadmicas participam neste campo de investigao e pretendemconseguir a promoo da sade dos indivduos e populaes (Bennett e Murphy, 1999;Bowling, 1997; Furer, Konig-Zahn e Tax, 2001). O estilo de vida tem sido consensualmentepercepcionado como relevante para a sade e tem-se salientado a importncia de fo-mentar padres de comportamento individual mais favorveis para prevenir doenas epromover a sade (Pais e Cabral, 2003; Ribeiro, 2005). Os factores de estilo de vida(como dieta alimentar, exerccio fsico, fumar, consumir lcool e drogas, acidentes,comportamento sexual, etc.) so um todo integrado e afectam a probabilidade de sesofrer duma doena e tambm de sobreviver uma vez doente (Bennett e Murphy, 1999;Matos, Simes, Carvalhosa, Reis e Canha, 2000; McIntyre, Soares e Silva, 1997; Snele Twisk, 2001). Contudo, todos ns, enquanto pessoas individuais e profissionais de

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    sade, temos a percepo de que difcil iniciar e manter bons hbitos de sade.Devemos ento tentar compreender melhor os determinantes (internos e externos) docomportamento de sade, baseando-nos em teorias e investigaes credveis.

    Actualmente existem vrios modelos conceptuais, oriundos de diversas tradiestericas, que nos podem ajudar nessa tarefa (Bandura, 1997; Gibbons e Gerrard, 1995;Gibbons, Gerrard, Blanton e Russell, 2003; Norman, Bennett, Smith e Murphy, 1998;Prochaska, DiClemente e Norcross, 1992; Rothman, 2000; Weinstein, 2003). Numaperspectiva psicolgica, existem diversos modelos de mudana do comportamento, comoos modelos comportamentalistas (salientando a importncia de estmulos, respostas,contingncias, reforos, condicionamento, contratos comportamentais, etc.), cognitivistas(com o seu enfoque nas atitudes, valores e crenas, etc.) e da aprendizagem social(realando o determinismo recproco, a auto-eficcia, a aprendizagem por observao,o modelamento, a auto-regulao, os processos motivacionais, o auto-reforo, etc.) quese tm revelado bastante prometedores, dando origem a intervenes eclticas, flexveise versteis, que combinam diversos componentes destas abordagens tericas (Bennette Murphy, 1999; White, 2001). Existem tambm diversos modelos de comportamentosde sade que consideram as dimenses cognitiva, afectiva e comportamental e que sebaseiam essencialmente nos significados que o indivduo d sade (salientando aimportncia de aspectos como conhecimentos, atitudes, valores, aptides, crenas, etc.)(Belar e Park, 2001; Bennett e Murphy, 1999; Gerrard, Gibbons, Benthin e Hessling,1996).

    Estas perspectivas tericas tm implicaes gerais importantes. Estudar a temticada sade e de alguns factores que se relacionam com a mesma, em estudantes de cursosna rea da sade, revela-se importante para percebermos melhor se esta formaoacadmica influencia a sade e como (por exemplo, atravs de variveis como o estilode vida e a percepo de sade). Estaremos ns com a formao que damos(conhecimentos, capacidades, atitudes e crenas que eventualmente transmitimos emodelamos, duma forma mais ou menos persuasiva e eficaz) a contribuir para melhorescomportamentos de sade? Conseguiremos transmitir porque so benficos determina-dos factores de estilo de vida, por exemplo, e tambm como implement-los na prtica?Converter-se-o estes aspectos em aces efectivas que resultem numa melhor sadenestes estudantes, mais tarde profissionais de sade que tentaro contribuir para melhorara sade de outros? Ser que a escola , ela prpria, promotora de comportamentossaudveis? neste contexto que se insere o presente estudo.

    Conhecer os determinantes dos comportamentos e estilos de vida dos jovens, in-tegrados nos sistemas educativos, em nosso entender, condio necessria para poderintervir adequadamente em estratgias preventivas. A este propsito, ser de salientarque nas duas ltimas dcadas se adquiriu uma vasta gama de conhecimentos sobrepromoo da sade e estratgias preventivas que importante que continuem a seraprofundados (DiClemente, Hansen e Ponton, 1996). A implementao de programasde promoo da sade tem de ser informada por dados resultantes de investigaesactuais e sensveis no s s variaes nas prticas de sade ao longo do ciclo vital,mas tambm a factores socioeconmicos, regionais, culturais e de contexto formativo(Matos et al., 2000; McIntyre et al., 1997; Ribeiro, 2005; Steptoe e Wardle, 2001;

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    Sussman, Unger e Dent, 2004). Assim, no sentido de se poderem desenvolver esforosconcertados e cientificamente validados de promoo de sade, a investigao de fac-tores relacionados com comportamentos de sade e estilos de vida, efectuada em diver-sos pases, torna-se essencial.

    precisamente neste contexto que se insere o objectivo do presente estudo, o deprocurar analisar a relao entre a rea de formao acadmica e determinadas variveisde sade (estilo de vida, percepo geral de sade e estado de sade), numa amostrade estudantes universitrios portugueses. De acordo com o exposto, conceptualizmosum estudo transversal de comparao de grupos e procedemos a uma pesquisa queobedece a um desenho caracterstico de um estudo no experimental (Pedhazur eSchmelkin, 1991), tambm designado por estudo ex post facto (Montero e Len, 2005),estudo de observao passiva (Cook e Campbell, 1979) ou estudo correlacional e deobservao (Gil, 1995), dado que no estudo no h manipulao de variveis independentese com ele se pretende efectuar a descrio das caractersticas da amostra em estudo,bem como o estabelecimento de relaes entre variveis. Este estudo aqui apresentadosegundo a estrutura proposta por Ramos-Alvarez e Catena (2004).

    MtodoAmostra

    A amostra constituda por dois grupos de estudantes universitrios, que frequentamquatro licenciaturas do ensino universitrio portugus, a saber: grupo de estudantes docurso de enfermagem - GECE (com formao na rea da sade) e grupo de estudantesde outros cursos - GEOC (cursos no relacionados com a rea da sade: Portugus/Ingls, Administrao e Gesto). Participaram neste estudo 948 sujeitos, dos quais 621(65.51%) frequentam o curso de enfermagem e 327 (34.49%) os cursos sem formaoem sade, como se pode constatar na Tabela 1. No conjunto dos dois grupos existe umpredomnio claro do sexo feminino (76.37%) sobre o sexo masculino (23.63%), veri-ficando-se tambm que esta amostra essencialmente constituda por estudantes solteiros(97.78%), residentes em meio rural (53.48%), na faixa etria dos 18 aos 20 anos(41.77%) e que frequentam o 1 ano lectivo dos respectivos cursos superiores (57.60%).A mdia de idades de 19.95 (DP = 2.18). No que se refere classe social, a maioriados indivduos, segundo a classificao de Sedas Nunes (1970)2 pertence Camada IV-Inferior-Baixa- e apenas 4.85% da amostra se encontra na Camada I -Superior-. Aanlise comparativa entre grupos permite constatar a sua equivalncia nas variveisdemogrficas consideradas, com a excepo do sexo (2 1 = 4.530; p = 0.043). Assim,o GECE e GEOC so equivalentes nas variveis: idade (t = -0.812; p = 0.416), estadocivil (2 1 = 0.340, p = 0.559), ano lectivo (2 1 = 0.331, p = 0.564), rea de residncia(2 1 = 0.666, p = 0.414) e camada social (2 3 = 1.057, p = 0.787).

    2 Tendo por indicadores o grau de instruo e a profisso do chefe de famlia, Sedas Nunes classifica osindivduos em quatro camadas sociais: Camada I - Superior; Camada II - Mdia; Camada III - Inferior-Alta; Camada IV - Inferior-Baixa (Sedas Nunes, 1970).

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    A opo de se utilizar o GEOC (grupo de controlo), com as reas de formaodescritas, deve-se tentativa de controlar a interferncia da varivel sexo enquantovarivel demogrfica. Assim, atendendo a que o Curso de Licenciatura em Enfermagem maioritariamente frequentado por estudantes do sexo feminino (75 a 80%), entoseria pertinente que tambm o grupo de controlo assim o fosse. Depois de um prviocontacto com algumas instituies escolares, foi-nos transmitida a informao que talsituao ocorria fundamentalmente nos cursos superiores de Gesto, Administrao eLetras, da a sua escolha. Julgamos ser importante salientar tambm o facto de ambosos grupos de estudantes frequentarem estabelecimentos de ensino localizados na mesmaregio geogrfica.

    ProcedimentosOs instrumentos de colheita de dados foram administrados nos tempos lectivos dos

    estudantes a quem propusemos participar no estudo; o tempo necessrio ao seu

    TABELA 1. Caractersticas gerais da amostra.

    Grupo TotalGECEn = 621

    GEOCn = 327

    N = 948

    Sexo Homens Mulheres

    n %

    133 21.42488 78.58

    n %

    91 27.83236 72.17

    n %

    224 23.63724 76.37

    Estado Civil Solteiro Casado

    609 98.04 12 1.93

    318 97.25 9 2.75

    927 97.78 21 2.22

    Ano Lectivo 1 Ano 3 Ano

    353 56.84268 43.16

    193 59.02134 40.98

    546 57.60402 42.40

    Residncia Rural Urbana

    325 52.33296 47.67

    182 55.66145 44.34

    507 53.48441 46.52

    Camada Social I II III IV

    33 5.32157 25.28205 33.01226 36.39

    13 3.98 83 25.38114 34.86117 35.78

    46 4.85240 25.32319 33.65343 36.18

    Grupo etrio 16-18 18-20 20-22 22-24 24-26 26-28 28-30 30-32

    29 4.67258 41.55241 38.81 48 7.73 25 4.03 14 2.25 5 0.80 1 0.16

    14 4.28138 42.20114 34.86 33 10.09 17 5.20 10 3.06 1 0.31 0 0.00

    43 4.54 396 41.77

    355 37.45 81 8.54 42 4.43 24 2.53 6 0.63 1 0.11

    M DP Int19.91 2.18 17-30

    M DP Int20.03 2.16 16-28

    M DP Int19.95 2.18 16-30

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    preenchimento foi cerca de 40 minutos. Antes da administrao dos instrumentos foiexplicitado o objectivo do estudo e o carcter voluntrio e annimo da participao,podendo os sujeitos preencher ou no os questionrios, no devendo contudo escrevero nome em nenhuma das partes dos mesmos. Foi solicitado aos estudantes que colocassemos questionrios num envelope que se encontrava numa mesa sada da sala de aula,independentemente do facto de terem ou no respondido s questes colocadas. Apenas3.1% dos sujeitos deixou o instrumento de colheita de dados em branco ou recusou-sea participar. Aos restantes foi-lhes garantida a confidencialidade das respostas dadas.

    Instrumentos

    Life-Style Assessment Questionnaire (LAQ) (Hettler, 1982; verso adaptada paraa populao portuguesa por Ribeiro, 1993). Com a designao portuguesa de OMeu Estilo de Vida (OMEV), o inventrio permite avaliar comportamentos desade e de risco. composto por 27 itens (numa escala de Likert com 5 categoriasde resposta) que se agrupam em dez factores, com razes latentes superiores a1, que explicam 64,20% da varincia: o primeiro, caracteriza o cuidado com aalimentao - Nutrio (5 itens - e.g., Tenho cuidado com o que como de modoa reduzir a ingesto de sal); o segundo, a preocupao com o ambiente poludoPoluio (3 itens - e.g., Evito estar em ambientes saturados de fumo de taba-co); o terceiro, com o exerccio - Exerccio (3 itens - e.g., Ando a p ou debicicleta diariamente), o quarto, o cuidado com as relaes sexuais - Sexual (3itens - e.g., Evito ter relaes sexuais com pessoas que conheo mal); oquinto, com a preveno das doenas - Preveno (3 itens - e.g., Vou anual-mente ao mdico fazer um checkup); o sexto, o cuidado com as drogas semi-legais - Drogas (2 itens - e.g., Evito utilizar estimulantes mesmo em pocas deexames); o stimo, a preocupao com as bebidas alcolicas - lcool (2 itens- e.g., No bebo mais de uma bebida alcolica por dia); o oitavo, a preocupaocom o tabaco e medicamentos - Risco (2 itens - e.g., Evito tomar medicamen-tos sem serem receitados pelo mdico); o nono, os cuidados com o transporteautomvel - Auto (2 itens - e.g., Quando guio, ou quando viajo nalgum veculo,gosto de me manter dentro dos limites de velocidade); e o dcimo, a protecoda sade - Proteco (2 itens - e.g., Durmo o nmero de horas suficientes parame sentir repousado). A anlise de consistncia interna para a verso portugue-sa, revelou, para todos os factores, valores de alpha de Cronbach acima dos0.60; e um coeficiente de Spearman-Brown de 0.74.

    Escala de Estado de Sade (EES) (Albuquerque, 1999). Constituda por 19 itens(num formato tipo Likert com 5 categorias de resposta) permite avaliar dimensesde sade fsica e psicolgica. Numa amostra de 948 indivduos portugueses, queserviu para a sua construo, o autor obteve elevados valores de consistnciainterna nos trs factores que a integram, a saber: Sade fsica - alpha = 0.78 (7itens - e.g., Por razes fsicas no consigo fazer algumas coisas que desejariafazer); Sade psicolgica - alpha = 0.86 (6 itens - e.g., Nas ltimas quatrosemanas senti-me to deprimido que nada me animava); e Desempenho do

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    Int J Clin Health Psychol, Vol. 6, N 3

    papel, que avalia a interferncia da sade nas actividades dirias (escolares eno escolares) do sujeito, alpha = 0.85 (6 itens - e.g., Nas ltimas quatrosemanas diminui o tempo gasto a estudar ou noutras actividades). O valor docoeficiente de Spearman-Brown, para o total da escala, foi de 0.83.

    General Health Perception Battery (GHPB) (Brook et al., 1980; versoreconstruda e adaptada para a populao portuguesa por Ribeiro, 1993). AGHPB permite avaliar a percepo geral de sade. A verso portuguesa, com adesignao de A Minha Sade (AMS), constituda por 18 itens (numa escalade Likert com 5 categorias de resposta) que se agrupam em quatro factores:Percepo da sade actual (9 itens - e.g., Sinto-me melhor agora do que emqualquer outro momento da minha vida), Percepo da sade passada (3 itens- e.g., J estive to doente que pensei que ia morrer), Peocupao com asade (4 itens - e.g., Nunca fico preocupado com a minha sade); e Atitudepara com a ida ao mdico (2 itens - e.g., No gosto de ir ao mdico). Nesteestudo a verso da escala revela uma boa consistncia interna, quando se con-sidera a totalidade dos itens (alpha = 0.80), no respeitante aos factores, osvalores da consistncia interna so todavia substancialmente inferiores, salientando-se o factor percepo da sade actual (alpha = 0.71) com valores de alpha deCronbach superiores aos factores Preocupao com a sade (alpha =.69), Percepoda sade passada (alpha = 0.66) e Atitude para com a ida ao mdico (alpha =0.65).

    ResultadosPara o tratamento estatstico utilizou-se o programa STATISTICA 4.1 e foram aplicados

    os seguintes testes: anlise de varincia multivariada (MANOVA), para avaliar o efeitodo gnero e da rea de formao nos ndices totais das variveis de sade em estudo;e anlise da funo discriminante (mtodo stepwise), para efectuar o estudo multivariadodas diferenas entre grupos e para examinar a forma como mltiplas variveisdiscriminadoras ou preditoras se relacionam com a varivel dependente.

    Relao entre a rea de formao e os ndices totais das variveis de sadePara o estudo desta relao realizmos uma MANOVA de 2 x 2, sexo e rea de

    formao sobre os trs ndices: Total Estilo de Vida (avaliado pelo inventrio O MeuEstilo de Vida), Total Estado de Sade (avaliado pela Escala de Estado de Sade) eTotal Percepo Geral de Sade (avaliado pelo questionrio A Minha Sade). O sexofoi includo nesta anlise, como varivel independente, j que num estudo prvio,aplicando o teste-t de Student para amostras independentes, chegmos concluso deque os dois sexos no diferiam significativamente quanto percepo geral de sade(t = 1.77; p = 0.076), mas existiam diferenas altamente significativas ao nvel do estilode vida (t = -4.35; p < 0.001) e ao nvel do estado de sade (t = 5.46; p < 0.001).

    Os resultados da MANOVA (Tabela 2) revelam existir um efeito principal muitosignificativo da rea de formao sobre os ndices totais das variveis de sade emestudo (Lambda de Wilks (3, 942) = 0.962; p < 0.001), como tambm um efeito muito

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    significativo da varivel sexo (Lambda de Wilks (3, 942) = 0.937; p < 0.001) e um efeitosignificativo da interaco sexo x rea de formao (Lambda de Wilks (3, 942) = 0.990;p = 0.028).

    A anlise do efeito rea de formao, sobre os ndices globais de estilo de vida,estado de sade e percepo geral de sade revela que os dois grupos de estudantes(com formao e sem formao na rea da sade) apenas se diferenciam, e de formamuito significativa, no estilo de vida, F (1, 944) = 30.625; p < 0.001). Atendendo ao valormdio por ns obtido, para o grupo de estudantes que frequenta o curso superior deEnfermagem (=100.45) e ao valor mdio apresentado pelo grupo de estudantes quefrequenta os cursos superiores sem formao em sade (=95.10), podemos concluirque so os primeiros que evidenciam melhor estilo de vida.

    TABELA 2. MANOVA do sexo e da rea de formao sobre os ndices de totalestilo de vida, total estado de sade e total percepo geral de sade.

    Sumrio de todos o efeitos:1. Sexo; 2. rea de Formao

    Efeito LambdaWilks

    R de Rao G.L. 1 G.L. 2 p

    1 0.937 20.996 3 942 0.000 2 0.962 12.214 3 942 0.000 1 x 2 0.990 3.024 3 942 0.028

    Efeito Principal: Sexo

    Variveis dependentesMdiaQuadrtica

    Erro daMdiaQuadrtica

    F (1, 944)p

    Total estilo de vida 2721.206 150.789 18.046 0.000Total estado de sade 4366.725 124.552 35.059 0.000Total percepo de sade 400.949 78.109 5.133 0.023

    Efeito Principal: rea de Formao

    Variveis dependentesMdiaQuadrtica

    Erro daMdiaQuadrtica

    F (1, 944)p

    Total estilo de vida 4617.940 150.789 30.625 0.000Total estado de sade 7.061 124.552 0.056 0.811Total percepo de sade 205.938 78.109 2.636 0.104

    Efeito de Interaco: Sexo x rea de Formao

    Variveis dependentesMdiaQuadrtica

    Erro daMdiaQuadrtica

    F (1, 944)p

    Total estilo de vida 334.729 150.789 2.219 0.136Total estado de sade 676.388 124.552 5.430 0.019Total percepo de sade 177.478 78.109 2.272 0.132

    A anlise do efeito sexo revela que o grupo feminino de estudantes se diferenciasignificativamente do grupo masculino nos trs ndices estudados (Tabela 2). Aqui, osvalores das mdias por ns encontrados indicam que, no ndice de estilo de vida, so

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    Int J Clin Health Psychol, Vol. 6, N 3

    os homens a apresentar um valor mdio (=95,72) mais baixo ao apresentado pelasmulheres (=99,83), pelo que estas evidenciam um estilo de vida significativamentemelhor. No ndice de estado de sade os homens obtiveram um valor mdio (=74,11)superior ao apresentado pelas mulheres (=68,91), pelo que se pode concluir que soos homens a evidenciar um estado de sade significativamente superior. Situao idntica registada no ndice de percepo geral de sade, no qual o grupo masculino aapresentar um valor mdio (=62.40) superior ao apresentado pelo grupo feminino(= 60,82).

    Reportando-nos agora anlise do efeito interaco sexo x rea de formao sobreos ndices em estudo, os seus resultados revelam existirem apenas diferenas signifi-cativas no ndice global de estado de sade, F (1, 944) = 5.430; p = 0.019) (Tabela 2). Arealizao de testes post-hoc permitiu-nos localizar as diferenas neste ndice. Assim,ao compararmos os quatro grupos (mltipla comparao) conclumos que as diferenasso significativas (p < 0.05): entre os homens (= 72.98) e as mulheres (= 69.83)que frequentam o curso de Enfermagem; entre os homens do curso de Enfermagem eas mulheres que frequentam os cursos superiores sem formao na rea da sade (=67.99); entre as mulheres que frequentam o curso de Enfermagem e os homens quefrequentam os cursos superiores sem formao na rea da sade (= 75.24); e aindaentre os homens e as mulheres dos cursos superiores sem formao na rea da sade.

    Em suma, os resultados obtidos, no estudo da relao entre a rea de formaoacadmica e os ndices globais das variveis de sade, sugerem que so os estudantescom formao na rea da sade (estudantes de Enfermagem) a apresentar valoressignificativamente mais elevados de estilo de vida, evidencia esta que no se constataao nvel do estado de sade e percepo geral de sade, onde no se verificam diferenassignificativas. Em relao ao efeito da varivel sexo, os resultados revelam que so asmulheres que apresentam melhor estilo de vida, ao contrrio dos homens que apresentammelhor estado de sade e melhor percepo geral de sade. No contexto da interacosexo x rea de formao, s o ndice global de estado de sade se mostra relacionadocom ela. Concretamente, so os homens que frequentam os cursos superiores semformao na rea da sade que evidenciam o melhor estado de sade, apresentando asmulheres desses mesmos cursos um estado de sade menos favorvel.

    Relao entre a rea de formao e os factores das variveis de sadeA anlise de varincia anteriormente efectuada, ao revelar as relaes existen-

    tes entre os grupos de estudantes, pressupe que estes se podem igualmente diferenciarnos mais diversos factores/dimenses das escalas que avaliam as variveis de sade(estilo de vida, percepo geral de sade e estado de sade). Assim, no sentido dese conhecer o conjunto dos factores que melhor discriminam o grupo de estudantesque frequentam o curso de Enfermagem do grupo de estudantes que frequentamos cursos superiores sem formao na rea da sade, foi utilizada uma anlise dafuno discriminante. Porm, antes de efectuada a anlise dos dados, confrontmo-noscom o problema da multicolinearidade existente entre os factores e os totais das esca-las, notria atravs das elevadas correlaes encontradas entre eles. Para contornar estalimitao optamos por utilizar como variveis independentes, nos modelos discriminan-

  • 656 SOARES DE MATOS e DE SOUSA-ALBUQUERQUE. Estilo de vida e percepo de sade

    Int J Clin Health Psychol, Vol. 6, N 3

    tes, apenas as pontuaes referentes aos factores das escalas que avaliam as variveisde sade.

    Nas tabelas seguintes so apresentados os resultados das duas anlises discrimi-nantes levadas a efeito. Isto , contrariamente ao preconizado aquando do estudo dosndices totais, foram efectuadas anlises separadamente com os estudantes que frequentamos primeiros e terceiros anos dos cursos. Ou seja, efectumos uma primeira anlise comos estudantes do terceiro ano e uma outra com os do primeiro ano lectivo dos respec-tivos cursos. Neste sentido, pretendamos investigar, por um lado, se os estudantes come sem formao na rea da sade se diferenciavam ou no, entre si, quer no ano inicialquer no ano terminal do curso; e, por outro, se os factores das variveis de sade queos diferenciam no primeiro ano so eventualmente os mesmos que os diferenciam noterceiro ano.

    Resultados da anlise da funo discriminante: estudantes do 3 ano do curso deEnfermagem versus estudantes do 3 ano dos cursos superiores sem formao em sade

    Ao analisarmos os resultados da anlise da funo discriminante (Tabela 3) cons-tatamos que esta estatisticamente significativa como um todo, F (4, 397) = 25.08; p