Qualificação

28
Raízes e perfis do homem e da modernidade na América Latina Uma história dos Conceitos e Métodos propostos nos clássicos livros de Sergio Buarque de Holanda e Samuel Ramos

Transcript of Qualificação

Page 1: Qualificação

Raízes e perfis do homem e da modernidade na América Latina

Uma história dos Conceitos e Métodos propostos nos clássicos livros de Sergio Buarque de Holanda e Samuel Ramos

Page 2: Qualificação

Hipótese central:

• Junto ao lado de importantes referenciais locais, o pensamento centro-europeu teve primordial importância nas interpretações de RdB e OphcM sobre a modernidade latino-americana como uma modernidade autêntica.

Page 3: Qualificação

►Eles recorreram a um aparato teórico plural: a) tanto no que diz respeito ao contexto no qual são

formulados (América Latina e Europa Central); b) quanto no que diz respeito à categoria na qual se insere

tal aparato (ensaísmo, Literatura, Psicanálise, Sociologia)...

► Para dar conta de uma realidade plural.

DEMANDAS PLURAISESPAÇO DE EXPERIÊNCIA MARCADO PELA PLURALIDADE

HORIZONTE DE EXPECTATIVA MARCADO PELA PLURALIDADE

Page 4: Qualificação

I. Estruturação do texto da Qualificaçãoa) Conceitos, abordagens, teorizaçõesb) Justificativas – importância atual:

► integração/identificação (cultural) » integração institucional/econômica

► revisão dos modos de se escrever Históriac) Objetos centrais de análise

d) Objetos tangentes (embora fundamentais): biografia dos autores, universo acadêmico que os envolveu, questões político institucionais em vigor na época... Enfim: o que denomino “demandas”.

Page 5: Qualificação

a) Conceitos, abordagens e teorizações

a.1. conceitos: Raízes e perfis # passado e presente # construção e vivência # identidade e

atualidade # processo e modus operandi. Homem e modernidade # identidade e modernidade # latinoamericanidade

e latino-americanidade em novos tempos # continuidades e descontinuidades # arcaísmos e avanços # homem médio e projetos de desenvolvimento.

Conceitos e Métodos # elaborações e procedimentos = textos X “contextos” # construção e vivência # o que está dado e algumas movimentações interpretativas # o que se pode ler a algumas correlações.

Mais adiante, de maneira mais clara e evidente, também: subjetividade e objetividade # individual e coletivo # espiritual e material # psicogênese e sociogênese # subjetividade no homem latinoamericano, do homem moderno e também dos intelectuais que analisam.

Page 6: Qualificação

► Conceito fundamental: “Modernidade”:» Para Koseleck: “dimensão histórica e antropológica inerente a toda

conceituidade”; porque todo conceito é criado e cria realidade.

“tempo histórico” como conceito.“modernidade” como conceito: referente à Alemanha, entre

outros países, e referente ao século XIX (Romantismo).“modernidade” como conceito: presente constrói o passado

e elabora futuro.

» Para Berman:“modernidade” 1: referente à Alemanha, entre outros

países, e referente ao século XIX – otimismo crítico.“modernidade” 2: referente à Alemanha, entre outros

países, e referente ao pós 1960 – ceticismo.

Page 7: Qualificação

» Para Sergio e Ramos:“modernidade”: América Latina, início do século

XX.“modernidade”: construção do passado e projeção

do futuro. mas um passado ainda muito presente; e um

futuro que se teme e se deseja ansiosamente.

noção de identidade latino-americanaX

noção de tempo histórico koselleckiana=

noção de modernidadeS(dentre as quais, a latino-americana).

Page 8: Qualificação

Me pergunto se nós, latino-americanos, não teríamos, afinal, em nossa própria cultura política e literária, essas bases (...) Me pergunto se a história de nosso pensamento latino-americano não seria largamente caracterizada por visões de ação, modos de encontro, conflito e diálogos tensos mas de qualquer maneira encontrados, e, por fim, concepções de enfrentamento da ordem estabelecida. Me pergunto, enfim, se nossa intelectualidade, desde o início do século XX, já não trabalhava com uma visão crítica da civilização ocidental. Sim, aqui se trabalhava sob o signo de uma identidade/modernidade periféricas; porém, o trauma da irresolução em meados da década de 1930 passou a inspirar avaliações acerca do passado num viés não derrotista, mas crítico e marcado por uma suave esperança em relação ao futuro...

Page 9: Qualificação

a.2. abordagens:» Para Berman e Koselleck: foco nos

clássicos europeus e norte-americanos.» Para Silviano Santiago: Toma dois textos produzidos em conjunturas

diversas, impedindo maiores especulações sobre a dimensão temporal que envolve a produção de cada um.

» Para Claudia Wasserman: conjuntura (dada) X texto (construção voluntária), separadamente.

Nada sobre conceitos. Nada sobre métodos.

Page 10: Qualificação

Concordo que considerar a conjuntura na qual clássicos são elaborados é fundamental, tanto para que tomemos dimensão das demandas econômicas, políticas e sociais que os envolvem e viabilizam; quanto para que compreendamos com maior radicalidade os conceitos, vocábulos e leituras compartilhados.

MasNão se deve obliterar aquilo que os autores apresentam

acerca da vida, da sociedade e da intelectualidade que experimentaram quando da elaboração de suas obras; não podemos deixar de conceder foco intenso às leituras que eles próprios fizeram do mundo.

Page 11: Qualificação

“CON/TEXTOS” = DIÁLOGOS ENTRE TEXTOS► Tipos de “textos”, na visão de LaCapra:a) Obras clássicas;b) Biografias de autores;c) Estudos e registros sobre o universo acadêmica na qual esses autores

estavam inseridos;d) Estudos e registros sobre a conjuntura histórico-social na qual estavam

inseridos.e) Textos produzidos hoje sobre os conceitos e métodos propostos nas

obras clássicas.f) Etc...► Tudo isso, por fim, aborda demandas; quer dizer: o ponto entre “espaço de

experiência” e “horizonte de expectativa”.

» Para Dominick LaCapra (Creio que o ocultei erroneamente).

Page 12: Qualificação

• “Estudos”: bibliografia mais recente.• ”Registros”: cartas, ...artigos de jornal, ...os próprios textos de RdB e OphcM, ...e textos de intelectuais com os quais eles

conviveram, e se referem em suas obras tanto ao universo acadêmico, quanto a questões relativas ao momento histórico no qual estavam inseridos.

Page 13: Qualificação

Nesta Tese, são os textos que inspiram uma dada possibilidade de análise dos contextos, e

não o contrário.

Page 14: Qualificação

II. Estruturação do texto da Tese

• Partindo da produção daqueles dois jovens ensaístas... Para os textos com os quais possivelmente dialogaram...

Page 15: Qualificação

• Parte 1: Os objetos que privilegio, e sobre os quais pretendo, sobretudo, apresentar entendimentos.

• Parte 2: Estabelecendo pontes entre os textos de RdB e OphcM e textos brasileiros e mexicanos que Sergio e Ramos possivelmente leram. ENSAÍSTAS E POETAS.

• Parte 3: Terceiro movimento saltando para fora das fronteiras nacionais, em direção à Europa Central. PSICANALISTAS E SOCIÓLOGOS.

Page 16: Qualificação

Pretensão fundamental 1:

• Com esse movimento, de fora para dentro, busco demonstrar que, sim, beberam de referenciais estrangeiros (uma necessidade legítima).

• Busco demonstrar que esse movimento se iniciou dentro. E que houve uma autêntica busca local por inspiração e parâmetros. De forma ativa, e não passiva.

• Caso contrário (se começasse pela Europa Central), poderia deixar a impressão de que um dado desenvolvimento ocorreu fora, era estrangeiro, e invadiu a lógica de produção local.

Page 17: Qualificação

Pretensão fundamental 2

• Começo pela produção ensaística e poética... e depois parto para autores estrangeiros que trabalham com estruturas mais “fechadas”.

• Quero dizer, assim, que o ensaísmo e a Literatura foram definitivas para RdB e OphcM se configurassem como obras autênticas.

• Ensaísmo e Literatura brasileiros e mexicanos focavam o subjetivo e a pluralidade. Diferentemente de muito dos referenciais tidos como “científicos.

• Ensaísmo e Literatura brasileiros e mexicanos, focando o subjetivo e o plural, levam Sergio e Ramos a escolher referenciais “científicos” que justamente estavam preocupados com o subjetivo e o plural.

Page 18: Qualificação

III. RdB e OphcM

• Temas e definições: homem cordial e pelado.

• Forma: o repetitivo e a fluidez.Contradição: tradição e avanço.

• Um novo olhar: enviesado, mestiço, tensionado.

Contradição: Abertura? Criatividade? Formas fixas? (pag. 38)

Page 19: Qualificação

Definições:o homem latino-americano

Ferramentas de interpretação que dariam

conta de sua dimensãohistóricapoética

psicológicasocial

Buscando: “o que está por trás da máscara”.

Page 20: Qualificação

Sergio Ramos

Homem cordial Pelado

Diversos estratos sociais

Diversos estrados sociais

Cordial Violento

Vulnerável e mascarado

Vulnerável e mascarado

Passional Passional

Imediatista Imediatista

Individualista Individualista

Page 21: Qualificação

Forma:

RdB OphcM

Um tipo principal contemporâneo.

Vários tipos contemporâneos, desdobrados do principal.

Outros tipos históricos, que se desdobram no tipo presente.

Não “categorização” dos tipos históricos.

Tipo como conceito interpretativo de determinada conjuntura; realidade como mutável.

Tipos como conceitos: ferramentas de interpretação das respostas mais comuns, e não respostas.

Tipos como conceitos: descrição de um “homem” (um indivíduo”) para melhor entendimento de toda uma cultura (plural).

Page 22: Qualificação

Um novo olhar:a modernidade mestiça

o brasileiro mestiço de RdB O mexicano mestiço de OphcM

Negro: mão-de-obra; passividade.Índio: ociosidade e astúcia.

Índio: “matiz de color”; passividade.

Português: base civilizacional; aberto à miscigenação e flexível em relação à hierarquia (cultura da personalidade); imprevidente (semeador).

Espanhol: previdente (ladrilhador).

Espanhol: base civilizacional; aberto à miscigenação; passional.

Francês: base filosófica/conceitual.

Estados Unidos: ética protestantes (tipo trabalhador).

Estados Unidos: paradigma materialista, pragmático.

Page 23: Qualificação

IV. Pensando os universos políticos/ acadêmicos 1

Antecipando algumas questões:

a) Sobre semelhanças a despeito da improbabilidade do acesso direto.

b) Sobre demandas comuns: pessoais, intelectuais, políticas (no âmbito institucional e simbólico).

Page 24: Qualificação

V. Pensando os universos políticos/ acadêmicos II

Artistas, ensaístas, poetas, psicanalistas, sociólogos e instituições

Page 25: Qualificação

América Latinae seus intelectuais/ ensaístasDiretrizes Intelectual como carreira Alguns nomes importantes do

ensaísmo

transição do século XIX para o século XX

Referenciais estrangeiros: romantismo e cientificismo.

Como tradição recorrente, sob um índice um tanto mais original: os ensaios.

Parca especialização, parca profissionalização; dependência do Estado, mercado consumidor limitado; elitismo.

O argentino Juan Bautista Alberdi, o chinelo André Bello, o venezuelano Simon Bolivar, o nicaraguense Ruben Darío, o cubano José Martí, uruguaio José Henrique Rodó.

Pós-guerra Maior liberdade de atuação tanto política quanto intelectual (no que diz respeito à influência externa dos EUA e da Europa).

Vida acadêmica paulatinamente mais e mais institucionalizada. Mas expressiva informalidade.

o peruano José Carlos Mariátegui, os argentinos Ezequiel Marínez Estrada e Gabriela Mistral...

Page 26: Qualificação

Sergio e seus contemporâneosPrincípios motores da reflexão sobre o homem nacional

Intelectual como carreira Grupos e autores que se destacam

transição do século XIX para o século XX

interpretações românticas laudatórias e interpretações raciais denegritórias.

Elitização, informalidade, não especialização.

Romancistas românticos e realistas. Parnasianos da ABL. Pesquisadores do IHGB. Silvio Romero, Nina Rodrigues, Oliveira Viana.

início da década de 1920

a problemática da modernização (referência ocidental e universalizante)

Informalidade e desejo de ampliação do cardápio de temas e modelos (democratização). Militância.

Semana da Arte Moderna.

meados de 1920 a problemática do nacional como construção

Informalidade e desejo de ampliação do cardápio de temas e modelos (democratização). Rachas.

poetas modernistas (antropófagos, grupo Verde-amarelo, literatos ligados a Graça Aranha), e ensaístas como Paulo Prado.

década de 1930 discurso romântico de sustentação ao poder institucionalizado, e/ou a crítica das construções operadas

Parca institucionalização da academia: surgem as primeiras universidades. Estado como financiador de políticas culturais de grande alcance.

poetas mais autonômos como Murilo Mendes, Drummond e Manuel Bandeira; ensaístas como Gilberto Freyre, Sergio e Caio Prado.

Page 27: Qualificação

Ramos e seus contemporâneosPrincípios motores da reflexão sobre o homem nacional

Intelectual como carreira Grupos e autores que se destacam

transição do século XIX para o século XX

interpretações românticas laudatórias e interpretações cientificistas e modernizantes (referência ocidental e universalizante).

Informalidade ou ação técnica como assessores do ditador.

Romancistas românticos e realistas. Poetas modernistas. Pesquisadores do IHGB. Técnicos ligados ao ditador, chamados “científicos”.

início da década de 1920

Revolução. Militância. Desejo de institucionalização de novos padrões de comportamento e procedimentos políticos.

Ateneo de la Juventud, Los siete sábios, e os poetas estridentistas.

meados de 1920 a problemática do nacional como construção

Institucionalização e desejo de ampliação do cardápio de temas e modelos (democratização ao menos simbólica). Rachas.

Vasconcelos como ministro; Caso, Ureña e Reyes. Marxistas entre os estridentistas e ao lado de Lombardo Toledano. Poetas e ensaístas ligados à revista Contemporáneos.

década de 1930 discurso romântico de sustentação ao poder institucionalizado, e/ ou crítica das construções operadas

Forte institucionalização; carreira intelectual oficializada.

Os callistas Rafael Sáenz e Lombardo Toledano, e o ensaístas Samuel Ramos (que dava os primeiros passos para a legitimação de uma Filosofia Mexicana).

Page 28: Qualificação

Europa Central e seus intelectuaisQuestões postas Intelectual como carreira Campos e vertentes

transição do século XIX para o século XX

Quem é o homem moderno? Quem é o homem local? Como lidar com a diversidade? Como pensar Estados unificados, ordenados e promissores?

Vida acadêmica institucionalizada. Mas expressiva informalidade, sobretudo, é claro, no caso dos artistas e literatos.

Relativa independência, no que diz respeito aos Estados. A lógica universitária pautada na diferenciação entre professores Privatdozent e Dozent.

Questão política: carisma e relações de amizade.Questão “racial” primordial: anti-semitismo.

Romantismo na Filosofia e na Literatura.

Pós-guerra Quais os fundamentos dos problemas mentais/espirituais e sociais/políticos? Na região e no mundo? Nos indivíduos e na coletividade?

Poetas expressionistas

Psiquiatria e Psicanálise: Freud, Adler, Jung.

História e Sociologia: Simmel, Weber, Sombart.