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    I

    O s

    QQQQQuatro

    V a l e s

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    II

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    III

    OsQQQQQuatroV a l e s

    Bahullh

    As condies dos peregrinos

    em direo a Deus

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    IV

    Ttulo Original da Traduo Inglesa:The Four Valleys

    Copyright 2002

    Todos os direitos reservados eprotegidos pela Lei 5988 de 14/12/73.

    proibida a reproduo total ouparcial e, por quaisquer meios,

    sem autorizao prvia, por escrito, da editora.

    Editora Bah do BrasilC.P. 198

    13800-970 - Mogi Mirim - SPwww.bahai.org.br/editora

    ISBN: 85-320-0065-7

    1. EDIO: 2002

    Traduo : Luis Henrique Beustem consulta com Sr. Qodratullh Soltani

    Capa: Gustavo Pallone de Figueiredo

    Impresso: R. Vieira Grfica e Editora Ltda

    Campinas

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    V

    Sumrio

    Apresentao VII

    Os Quatro Vales 1

    OPRIMEIROVALE

    Se os peregrinos so daqueles que buscam5

    OSEGUNDOVALE

    Caso os peregrinos sejam dos que habitam 9

    OTERCEIROVALESe os amantes forem daqueles devotos

    enclausurados 13

    OQUARTOVALE

    Se os dotados de conhecimento mstico 17

    Referncias 27

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    VII

    Apresentao

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    VIII

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    IX

    Pequeno, porm de uma grande sabedoriamstica, este Escrito de Bahullh foi revelado em

    Bagd, algum tempo depois de Seu retorno doCurdisto, em 1856. endereado ao Xeique Abdur-Rahmn Tlabn de Kirkk, lder dos sufs curdistanesesde Qdir, com os quais Bahullh esteve em contatono Sulimanieh.

    Nele esto descritas as quatro estaes daobteno mstica e poderosa em relao a Deus, cada

    uma correspondendo a um particular aspecto do divino:

    Daqueles que buscam: onde o Eu fonte desatisfao e no deve ser evitado.;

    Daqueles que habitam: onde a Razo (menteuniversal divina) o Pilar Supremo;

    Daqueles devotos enclausurados: onde nadapode ocupar esse Trono Real a no ser osemblante do amor.;

    Daqueles dotados de conhecimento mstico:onde o semblante do Bem-Amado o segredodo amadurecimento.

    Bahullh continua descrevendo o reino noqual o peregrino que se dirige a Deus, seja qual for suaestao, alcanar - o do pleno conhecimento e da

    Autoridade Absoluta.Ele finaliza esta magnfica Obra de forma potica

    e singular minhas doces palavras fazem as moscas

    me incomodar.

    Editora Bah do Brasil

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    XI

    O s

    QQQQQuatro

    V a l e s

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    XII

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    1

    Ele o Forte, o Bem-Amado! tu, Luz da verdade, Hism-i-Dn,

    o Generoso,Jamais teve o mundoprncipe como Tu

    Dadivoso!1

    Pergunto-Me por que o lao do amorfoi to abruptamente cortado e o firmeconvnio da amizade rompido. Acaso algumavez Deus o proba! teria Minha devoodiminudo, ou Minha profunda afeiominguado, para que dessa maneira Me

    esquecesses e Me apagasses de teuspensamentos?

    Que falta Minha te fez cessar teus favores?Ser por eu ser um servo e tu

    de alta Estirpe?2

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    Ou ser que uma nica flecha teafastou da batalha?3 Acaso no fosteinformado de que a constncia um deverpara aqueles que seguem o caminho mstico,que ela o verdadeiro guia Sua SantaPresena? Quanto aos que dizem NossoSenhor Deus e avanam diretamente paraEle, os anjos ho de descer sobre eles...4

    Da mesma forma, diz Ele: Segue semhesitao, pois, assim como te foi

    ordenado.5 Portanto, essa conduta odever daqueles que habitam na presena deDeus.

    Fao o que me foi mandado

    e trago a mensagem,Quer te traga ela conselhos ou ofensa.6

    Apesar de no ter recebido respostaalguma s Minhas cartas e ainda que renovar

    Minhas manifestaes de estima seja contrrioao costume dos sbios, no entanto, este novoamor rompeu com todas as regras e hbitosantigos.

    No nos contes, de Layl, a histria,Nem do sofrido Majnn a dor

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    Teu amor fez que o mundo esquecesseQue houve antanho qualquer outro amor.Assim que teu nome veio aos lbios,

    Os amantes logo o perceberam.E os que o ouviram e os que o falaram

    Por causa dele, alegres, danaram.7

    E, a respeito de sabedoria divina e deconselho celestial [Rm diz]:

    Todos os meses, meu bem-amado,

    Por trs dias fico tresloucado.O primeiro desses dias j veio,

    Por isso me vs de alegrias cheio.8

    Ouvimos dizer que viajaste a Tabrz e

    Tiflis a fim de disseminar conhecimento, ouque algum outro elevado motivo te levou aSanandaj.910

    Meu ilustre amigo! So de quatro

    tipos aqueles que avanam na jornadamstica. Descrev-los-ei de forma breve, paraque os graus e as qualidades de cada um sepossam tornar claros a ti.11

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    OPPPPPrimeiroV a l e

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    SE OS PEREGRINOS SO DAQUELES QUEBUSCAM (TALIBN) a Caaba do Ser Almejado(maqsd), essa condio pertence ao Eu mas quele Eu que O Eu de Deus quepermeia todas as Suas leis.1213

    Nesse plano, o Eu no rejeitado, masamado; fonte de satisfao e no deve serevitado. Ainda que, no princpio, esse planoseja regio de conflito, ao seu fim ele d

    acesso ao trono de esplendor. Assim comofoi dito: Amigo; Abrao do dia atual!Mata essas quatro aves de rapina do mal14,para que, aps a morte, o enigma da vidapossa ser decifrado.

    Esse o plano da alma que aceitapor Deus15. Assim como diz o versculo:

    Entra para junto de Meus servos,E ingressa em Meu paraso.16

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    Esta condio possui muitos sinais,incontveis provas. Da ter sido dito: Ns,seguramente, mostrar-lhes-emos os Nossossinais no mundo e dentro de si prprios,at que se lhes torne manifesto ser Ele averdade17 e que no h outro Deus salvoEle.

    necessrio, pois, que cada um leia olivro de seu prprio Eu 18, e no tratados degramtica. Eis o motivo pelo qual Ele

    afirmou: L teu livro: no necessrio maisque tu prprio para te condenar neste dia.19

    Conta-se uma histria a respeito deum sbio mstico que partiu em viagem na

    companhia de um erudito gramtico.Chegaram eles praia do Mar da Grandeza.O sbio, invocando a Deus, prontamentejogou-se s ondas, mas o gramtico ficouperdido em seus raciocnios, os quais eram

    como palavras escritas ngua. O sbiochamou por ele: Por que no seguesadiante? Ao que o gramtico respondeu: irmo, no ouso avanar mais. necessrio que eu retorne! Ento o sbiobradou: Esquece o que leste nos livros deSbavayh e Qawlavayh, de Ibn-i-Hjib e Ibn-i-Mlik20, e atravessa as guas!

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    A morte do ego aqui necessria,No a tal arte da composio:

    Esfora-te, pois, por seres nadaE caminha sobre o mar ento.21

    Da mesma forma, est escrito: E nosejais dos que esqueceram a Deus, aos quaisEle, por isso, fez que esquecessem de simesmos22.Eles so dos inquos.23 24

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    OSSSSSegundoV a l e

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    CASO OS PEREGRINOS SEJAM DOS QUEHABITAM (SKINN) o vestbulo (hujrih)dAquele que ocupa uma augusta posio(Mahmd)25, essa a condio da Razo26,que conhecida como o Profeta e o Pilar

    Supremo27. Aqui, razo significa a menteuniversal divina, cuja soberania educa todasas coisas criadas e no a mente imperfeita28,pois assim como o sbio San escreveu:

    Como pode o frgil raciocnioabarcar o Alcoro,Ou a aranha prender uma fnix

    nos fios que so seus?Queres que a mente no te arme cilada

    ou cause iluso?Conduze-a celestial escolado compassivo Deus.29

    Nesse plano, o peregrino depara comagitaes mil e inquietudes incalculveis.Num momento ele elevado ao cu, no

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    seguinte, atirado s profundezas. Assimcomo foi dito: Num instante, ao pice daglria Tu me elevas; no seguinte, ao maisprofundo abismo me atiras. O mistrioentesourado no seguinte versculo sagradode30 A CAVERNA31 est revelado nesteplano quando dito:

    E poderias ter visto o sol, ao nascer,passando direita de sua caverna, e,quando se punha, deixando-os pelo

    lado esquerdo, enquantoencontravam-se naquela espaosacavidade. Este um dos sinais deDeus. Guiado, em verdade, aquelea quem Deus guia; mas, para aquele a

    quem Ele desorienta, de forma algumaencontrars um protetor.

    Se um homem viesse a conhecer o quejaz oculto neste nico versculo, isso lhe seria

    suficiente. Por essa razo, em louvor quelesque o conseguiram, assim disse Ele:Homens aos quais nem mercadoria nemcomrcio distraem da recordao deDeus...32

    Esse grau o padro e o fim das

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    provaes. Neste domnio, a busca doconhecimento despropositada, pois afirmouEle quanto guia oferecida aos viajantesdesse plano: Temei a Deus e Deus instruir-vos-.33 E ainda: O conhecimento umaluz que Deus faz irradiar no corao dequem quer que Ele deseje.34

    Portanto, todo homem deveriapreparar o corao, a fim de torn-lo dignoda descida da graa celestial e para que o

    generoso Portador da Taa lhe possaoferecer o vinho da ddiva do receptculomisericordioso. Que trabalhem por isso osque almejam alcanar a bem-aventurana.35

    E agora, afirmo: Verdadeiramente,viemos de Deus e a Ele haveremos deretornar.36 37

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    OTTTTTerceiroV a l e

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    SE OS AMANTES FOREM DAQUELESDEVOTOS ENCLAUSURADOS (akifan) na casa(bayt) dAquele que atrai (Majdhb)38, nadapode ocupar esse Trono Real a no ser osemblante do amor. Esse domnio no pode

    ser descrito em palavras.

    O amor rejeita este mundoe tambm aquele;

    Setenta e duas loucuras existem nele.

    O menestrel do amor repete esta balada:A escravido prendee a realeza no nada.39

    Esse plano exige puro afeto e o

    cristalino riacho da amizade. Descrevendoesses companheiros Ele diz: No falam antesque Ele tenha falado e executam Sua Ordem.40

    Nem a soberania da mente, nem aautoridade do prprio Eu41 so suficientesnesse plano, Assim que um dos Profetasde Deus perguntou: meu Senhor, como

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    haveremos de Te alcanar? E foi dada a reposta:Abandona a ti mesmo e ento vem a Mim.

    Esses so seres para os quais o lugarmais pobre idntico ao trono da glria.Para eles, o retiro da beleza no difere docampo de uma batalha travada pela causa doBem-Amado.

    Os enclausurados nesta casa tudoesquecem e galopam suas montarias.

    Contemplam apenas a ntima realidade doBem-Amado. Para eles, todas as palavras desentido no tm nenhum significado, e aspalavras sem significado so plenas desentido. No conseguem distinguir um

    membro do corpo de qualquer outro;nenhuma parte distinguem de outra. Paraeles, a miragem o rio verdadeiro; o ir retornar. Por essa razo foi dito:

    Oh! A fama de Tua belezaChegou cova do eremita;Louco, ele buscou a torpeza

    Do vinho que a loucura imita.O amor por ti arrasou a torre

    Fortificada da pacincia.A dor por ti cerrou a porta

    Da esperana com truculncia.42

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    Nesse reino, ensinar inti l eaprender vo.

    O verdadeiro mestre dos que amam a beleza suprema do Amado;

    Sua face a lio sem par que estudam,

    seu nico livro estimado.No assombro e no amor ardente aprendem

    Deveres, tarefas e lies:Temas eruditos no os prendem

    Nem despertam mais suas emoes.So Seus cabelos almiscarados

    Os grilhes e cadeias que os prendem;O Plano Cclico43, e seus estados,

    a escada por onde a Ele ascendem.44

    Segue aqui uma splica a Deus, o

    Excelso, o Glorificado: Meu Senhor! Tu que por Tua bno

    Cumpres tudo aquilo que Te pedido;Quem Te dedica amor no coraoDe todos os seres tem esquecido.

    Permite que o conhecimento em mimSe santifique do baixo p. Sim!

    Que a gota de entendimento a secarSe una feliz ao poderoso mar.45

    Por conseguinte, digo: No h poderou fora a no ser em Deus, o Protetor, oque subsiste por Si Prprio.4647

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    OQQQQQuartoV a l e

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    SE OS DOTADOS DE CONHECIMENTOMSTICO (RIFN) forem daqueles quealcanaram unio (vsiln) com o semblante(talat) do Bem-Amado (Mahbb), essacondio o trono do corao e o segredo

    do amadurecimento. Este o imo domistrio: Ele faz o que deseja, ordena oque Lhe apraz.48

    Fossem todos os habitantes da Terra

    e do Cu destrinar esse honorvel sigilo,esse enigma sutil, at o Dia do soar daTrombeta49, ainda assim no conseguiriamcompreender dele uma letra sequer, pois essa a condio do destino (qadar) e dopreordenado mistrio. Por essa razo,quando buscadores inquiriram sobre isso,Ele respondeu: Isto um mar insondvel,no qual ningum jamais penetrar.50 Ditoisto, voltaram a perguntar e Ele deu aresposta: Isto a mais negra das noites, na

    qual ningum consegue encontrar ocaminho.

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    Quem quer que conhea este segredoir, seguramente, ocult-lo, e, se apenasviesse a revelar seu mais leve sinal, seriacrucificado. Porm, pelo Deus vivente!Existisse algum que verdadeiramentebuscasse, Eu lho revelaria; pois j foi dito:O amor uma luz que no habita em umcorao dominado pelo medo.

    Verdadeiramente, o peregrino que sedirige a Deus, ao Pilar Carmesim, nocaminho reto do sacrifcio, jamais alcanar

    sua meta a menos que abandone tudo o queos homens possuem: E se ele no temer aDeus, Deus o far temer todas as coisas;enquanto que todas as coisas temem aqueleque teme a Deus.51

    Fala em persa,embora em rabe queiras falar;

    O amor tem muitas lnguasque pode dominar.52

    Quo doce este dstico sobre esseassunto:

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    Quando Ele faz chovergraas como prolas,nossos coraes abrem-se como conchas,

    E nossas vidas so alvos preparados,quando Ele arremessa,da agonia, as flechas.

    E, se no fosse contrrio Lei doLivro, Eu, verdadeiramente, legaria parte deMinhas posses ao meu assassino, e nome-lo-ia Meu herdeiro. Sim! Conceder-lhe-ia

    um quinho, agradecer-lhe-ia, e procurariarefrescar Meus olhos no toque de sua mo.Mas que posso fazer? Nem possesses nempoder possuo, e isso o que foi por Deusdecretado.53

    Parece-me sentir, nesse momento, oalmscar das vestes do Jos de Bah54;verdadeiramente Ele parece estar ao alcanceda mo, ainda que os homens pensem estar

    Ele muito longe.55

    Minhalma realmentesente o perfume que vem do Bem-Amado.Minha percepo inebria-se com a fragrnciade Meu querido companheiro.56

    Obedece ao dever doslongos anos de amor

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    E dos felizes dias idos relata o ardor,Para que cu e terra se alegrem de emoo,E isso possa alegrar olhos,

    mente e corao.57

    Esse o reino do plenoconhecimento, da total obliterao de siprprio. Mesmo o amor no serve de sendapara esta regio, e o anelo no consegue aquihabitar. Por isso foi dito: O amor umvu entre o amante e o bem-amado.58 Aqui

    o amor se torna um impedimento e umabarreira, e tudo o mais, a no ser Ele, tosomente uma cortina. O sbio Sanescreveu:

    Jamais ir o corao cobiosoChegar ao Bem Amado, com certeza.Jamais poder a alma amortalhada

    Reunir-se com a rosa da beleza.

    Pois esse o reino da AutoridadeAbsoluta e est isento de todos os atributosda terra.

    Os augustos habitantes dessa mansoatuam na corte do xtase, com ilimitadojbilo e alegria, como Deus e Senhor. Nas

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    altas cortes da justia, eles emitem seusmandados e concedem ddivas de acordocom o mrito de cada homem. Aqueles quesorvem dessa taa residem nos elevadoscaramanches do esplendor, junto ao Tronodo Ancio dos Dias, e sentam-se noFirmamento do Poder, dentro do PavilhoSublime: Jamais sero importunados pelosol ou pelo frio penetrante.59

    Aqui, os altos cus no se encontram

    em conflito com a terra que est embaixonem buscam super-la, pois esta a regioda misericrdia, e no o reino da distino.Apesar dessas almas ocuparem, a cadainstante, um novo posto, ainda assim a

    condio de todas elas sempre permaneceigual. Da ter sido escrito a respeito dessereino: Nenhum trabalho O detm deoutro.60 E, em relao a outra condio, dito: Em verdade, os mtodos dEle diferem

    a cada dia.61

    Este o alimento cujo saborno muda, cuja cor no se altera. Se delecomeres, verdadeiramente entoars esteversculo: Volvo a face quele que criouos Cus e a Terra... Sigo a verdadeira f eno sou daqueles que somam outros deusesa Deus.62 E assim mostramos a Abrao o

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    Reino dos Cus e da Terra, para que Elefosse firmado no conhecimento.63

    Portanto, coloca tua mo em teu peito eento a estende com poder, e contempla!Tu a vers como uma luz para todo omundo.64

    Quo cristalina essa refrescante guaque o Portador da Taa oferece! Quoluminoso esse puro vinho nas mos do Bem-Amado! Quo saborosa essa poro do Clice

    Celestial! Possa ela fazer bem a qualquer umque dela sorva, e experimente sua doura, eatinja seu conhecimento.

    No correto que algo mais

    eu te venha a relatar,Pois o leito do regatono pode conter o mar.65

    Pois o mistrio desse dito est oculto

    na mina da Infabilidade e depositado nostesouros do poder. Est santificado acima dasjias da elucidao; transcende o que a maisrefinada das lnguas pode relatar.

    O assombro aqui altamenteestimado e, completa pobreza, essencial. Da

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    ter s ido dito: A pobreza o meuorgulho.66 E tambm: Deus possui umpovo, sob o domo da glria, o qual Eleoculta nas vestes de gloriosa pobreza.67

    Esses so os que vem com os olhos de Deuse ouvem com Seus ouvidos, conforme estescrito na bem conhecida tradio.

    A respeito desse reino, existem muitasevidncias e sinais no mundo e nos homens,mas duas delas bastaro para servir de luz

    aos homens que buscam este conhecimentoe para conceder alegria aos que anelam.

    A primeira esta Sua declarao: Meu Servo! Obedece-Me e Eu te farei igual

    a Mim. Eu digo S e assim . E tu dirsS e assim ser.68

    E a segunda : Filho de Ado! Nobusques a companhia de ningum at que

    Me tenhas encontrado. E sempre que anelarespor Mim, encontrar-Me-s perto de ti.69

    Quaisquer que sejam as poderosasprovas e maravilhosas aluses aqui relatadas,elas referem-se a uma nica Letra, a um nicoPonto. Este tem sido o mtodo de Deus...

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    e nenhuma mudana podes observar nomtodo de Deus.70

    Iniciei esta epstola h algum tempoatrs, em lembrana de ti, e, como tua cartano Me havia chegado ainda naquela ocasio,comecei o texto com algumas palavras dereprimenda. Agora, tua nova missiva dissipouaquele sentimento e faz-Me voltar a escrever. desnecessrio falar do Meu amor porVossa. Eminncia: Deus suficiente

    testemunha!71 Quanto a sua Eminncia,Shaykh Muhammad que Deus, o Excelso,o abenoe! , restringir-Me-ei aos doisseguintes versos, que peo sejam-lheentregues:

    Procuro tua proximidade,Que mais douras que o Cu brinda;

    Contemplo tua formosa face,Mais que os jardins do Reino, linda.72

    Quando entreguei esta mensagem deamor Minha pena, ela recusou o fardo edesfaleceu. Ento, voltando a si, assim seexpressou: Glria a Ti! A Ti Me volvo empenitncia e sou o primeiro daqueles quecrem.73 Louvado seja Deus, o Senhor dosMundos!74

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    Deixemos para outro dia relatarA dor dessa despedida, e este pesar.Ou escrevamos ainda de outro jeito

    Sobre segredos do amor melhor proveito.

    Abandona o sangue, o rudoe tudo o mais,

    E de Shams-i-Tabrz75 no fales jamais.76

    Que a paz esteja contigo, e comaqueles que te cercam e alcanam teu

    encontro.77

    O que Eu havia escrito at aqui foisorvido pelas moscas, to doce era a tinta.Apesar de Sad dizer de outra maneira:

    Abster-me-ei de escrever algo alm,pois minhas doces palavras

    fazem as moscas me incomodar.78

    E, agora, a mo j no consegueescrever, e alega ser isto suficiente. Por estarazo, digo: Longe esteja a glria de teuSenhor, o Senhor de toda grandeza, daquiloque sobre Ele afirmam. 79

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    Referncias

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    1 Rm (Jallud-Dn-i-Rm), em O Mathnav.N.T.I. Geralmente chamado de Mawln

    (Nosso Mestre), Rm (1207-1273) foi omaior de todos os poetas msticos persas.Mathnav uma forma de poesia mstica,pica ou didtica, composta em rimasconsoantes e emparelhadas (aa, bb, cc, etc.).O Mathnav, por excelncia, refere-sesempre obra de Rm composta, durantecerca de quarenta anos, conforme essaestrutura potica. Neste versos, como nosdemais ao longo do texto, procuramosconseguir rima e mtrica, como no original,

    em vez de uma traduo literal. Isso exigiu,em alguns casos, alguma liberdade potica,ainda que o sentido original tenha semprepermanecido intocado. Nessas tradues,como em tantos outros momentos, foi vital a

    colaborao do Sr. Qodratullh Soltani, quenos dava o significado literal dos textos empersa e rabe, e com que pudemos consultardurante horas preciosas. A ele nossa eternagratido. N.T.

    2 Sad, Muslihud-Dn de Shirz (c.1184-

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    1291), famoso autor de Gulistn (Roseiral)e outras obras poticas. N.T.I.

    3 Provrbio persa que descreve um homem quedesiste facilmente. Uma conotao de seuemprego aqui que o Shaykh poderia terconsiderado sua posio de lder msticoameaada pelo fato de estar aprendendo a novaverdade de Bahullh. N.T.I.

    4 Alcoro 41:30. N.T.I. Todas as citaes do

    Alcoro encontram-se em rabe no textooriginal, escrito por Bahullh na lngua persa excetuando-se alguns pargrafos e frasestambm revelados por Ele em rabe. N.T.

    5

    Alcoro 11:112; 15:14. N.T.I.

    6 Sad. N.T.I.

    7 Idem. N.T.I. Os versos mantm o sentido do

    original, mas procuramos conseguir rima emtrica, como no original, em vez de umatraduo literal. N.T.

    8 Rm. O Mathnav. Vide nota no. 1. N.T.I.Os versos mantm o sentido do original, mas

    procuramos conseguir rima e mtrica, comono original, em vez de uma traduo literal. N.T.

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    Sanandaj, capital do Curdisto persa. N.T.I.10 Este prembulo aos Quatro Vales est

    redigido no mais refinado estilo epistolarpersa. As regras para a redao clssica decartas em persa exigem citaes de obrasliterrias e declaraes de amor perdurvelpelo destinatrio, que aqui repreendido porhaver desconsiderado o Remetente. N.T.I.

    11 Na traduo em ingls, aps este pargrafo

    se inseriu um ttulo que l-se O PrimeiroVale, inexistente no original persa. Tivemosque manter tais acrscimos, de acordo comorientao da Casa Universal de Justia, pormBahullh no est falando de vales, mas sim

    da diferentes condies entre aqueles quebuscam a Deus. N.T.

    12 Hadth. N.T.I. Hadth chama-se a tradioislmica das aes e ditos do Profeta Maom

    e dos santos Imames. Todas as citaes daHadth esto em rabe no texto original deBahullh. N.T.

    13 this station appertaineth to theself but thatself which is The Selfof God standing within

    Him with laws. Palavra muitas vezes decomplexa traduo, self refere-se quelas

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    qualidades mais ntimas do ser, tanto do serhumano, quanto do Ser Divino. Optamos, aqui,por variar entre as opesser, alma e Eu, paraexpressar esse eu mais profundo. N.T.

    14 O Mathnav. Aqui Rm relata a histria dequatro pssaros que representam quatro falhasde carter, os quais, tendo sido mortos, dolugar a quatro virtudes.. A alegoria se refereao ato de dominarmos as ms qualidades e assubstituirmos por atributos bons. Essas aves

    so: o pavo, o galo, o ganso e o corvo -simbolizando, respectivamente: o orgulho, aluxria, a ganncia e o egosmo.N.T.

    15 This is the plane of the self that is well-

    pleasing unto God. N.T.

    16 Alcoro 89:27-30, onde se l: alma queests em paz, retorna ao teu Senhor, satisfeitae satisfazendo- Entra para junto de Meus

    servos, e ingressa em Meu paraso. Atraduo em ingls havia acrescentado ao textoa parte inicial do versculo, o que no ocorreno original. N.T.

    17 Alcoro 41:53. N.T.I.18 One must, then, read the book of his own

    self. N.T.

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    Alcoro 17:14. N.T.I.20 Famosos escritores de obras de gramtica e

    composio literria. N.T.I.

    21 Rm. O Mathnav. N.T.I. Os versos mantmo sentido do original, mas procuramosconseguir rima e mtrica, como no original,em vez de uma traduo literal. N.T.

    22 ...whom He has therefore caused to forget

    their own selves. Vide nota no. 12. N.T.

    23 Alcoro 59:19. N.T.I.

    24 Aps este pargrafo a traduo inglesa

    introduzia o Segundo Vale. Vide nota 11. N.T.

    25 Um atributo de Deus e um dos ttulos deMaom. N.T.I.

    26

    A traduo inglesa dizia primal reason, maso original diz apenas razo. N.T.

    27 Maqm-i-Mahmud- Condio digna delouvor o grau dos Profetas dotados deconstncia. N.T.I. (Como Moiss, Jesus,

    Maom e Bahullh). N.T.

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    28

    ... nor doth it refer to every feeble brain,diz respeito condio humana. N.T.

    29 Os versos mantm o sentido do original, masprocuramos conseguir rima e mtrica, comono original, em vez de uma traduo literal. N.T.

    30 Uma das 114 Suras (captulos) em que estdividido o Alcoro. N.T.

    31 Sura do Alcoro: 18:16. Trata-se de uma

    referncia ao grau de f absoluta. Oscompanheiros na Caverna so identificadoscom os primeiros santos cristos. N.T.I.

    32 Alcoro 24:37. N.T.I.

    33 Alcoro 2:282. N.T.I.

    34 Hadith. N.T.I. Vide nota no. 11. N.T.

    35

    Alcoro 37:59. N.T.I. Em algumas tradues,37:61. N.T. Tambm Alcoro 83:25-26.

    36 Alcoro 2:151. N.T.I.

    37 Aqui a traduo inglesa introduzia um

    Terceiro Vale. N.T.

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    Atributo de Deus que atrai para Ele todas ascoisas criadas. N.T.I.

    39 Rm. O Mathnav. N.T.I. Os versos mantmo sentido do original, mas procuramosconseguir rima e mtrica, como no original,em vez de uma traduo literal. N.T.

    40 Alcoro 24:37. N.T.I.

    41 ...the authority of self... N.T

    42 Sad. N.T.I.

    43 A Teoria Cclica de Abu-Al Sn (Avicena,980-1037 D.C.), apresentada por ele na quadra

    que segue:Todo semblante e toda forma que agoraperece,Guardado no relicrio do Tempo permanece.Quando o mundo gira de volta ao seu antigo

    posto,Do invisvel Ele faz sair a mesma forma erosto.Ver tambm a explicao dada por Abdul-Bah em O Esplendor da Verdade, captulo41, sobre os ciclos universais. N.T.I.

    44 Rm O Mathnav. N.T.I.

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    45

    Estes versos foram revelados em rabe notexto original de Bahullh. N.T.

    46 Este pargrafo foi revelado em rabe no textooriginal de Bahullh. N.T.

    47 Aps este pargrafo a traduo inglesaintroduzia o Quarto Vale. Vide nota 11. N.T.

    48 Alcoro 2:254 5:1; etc. N.T.I

    49 O Dia do Juzo Final. N.T.

    50 Frase atribuda a Al. N.T.I. Al foi o genrodo Profeta Maom, por Ele apontado comoSeu sucessor o primeiro Imame, dos doze

    que sucessivamente lideraram o Islamismoaps a morte de Maom. N.T.

    51 Esta citao est em rabe no original. N.T.I.

    52

    Rm. O Mathnav. N.T.I.53 Os Quatros Vales foram revelados antes da

    Declarao de Bahullh. As linhas que seseguem referem-se iminncia de SuaManifestao. N.T.I.

    54 Esta uma aluso histria de Jos, como

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    est no Alcoro e na Bblia. N.T.I. Vide notano. 15 em Os Sete Vales. N.T.

    55 Isto se refere queles que no esperavam oiminente advento de Aquele A Quem DeusTornar Manifesto. N.T.I.

    56 Todo este pargrafo est em rabe no textooriginal de Bahullh. N.T.

    57 Rm. O Mathnav. N.T.I.

    58 A citao foi revelada em rabe no textooriginal de Bahullh. N.T.

    59 Alcoro 76:13. N.T.I.

    60 Esta citao extrada de um doscomentadores do Alcoro 55:29, conforme odicionrio Lisnul-Arab. N.T.I.

    61 Alcoro 55:29. N.T.I.

    62 Alcoro 6:79. N.T.I.

    63 Alcoro 6:75. N.T.I.

    64 Conforme o Alcoro 7:103 e seguintes, e a

    Hadth (Tradio). N.T.I. A histria narradaaqui relata um dos prodgios de Moiss perante

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    o Fara do Egito, em que Ele, depois decolocar a mo dentro da tnica, a retirabrilhando em branco fulgor. N.T.

    65 Rm. O Mathnav. N.T.I.

    66 Dito de Maom. N.T.I. A citao est emrabe no original. N.T.

    67 Hadth. N.T.I. Vide nota no. 11. N.T.

    68 Hadth. Vide nota no. 11. N.T.

    69 Idem. N.T.

    70 Alcoro 33:62; 48:23. N.T.I.

    71 Alcoro 4:164. N.T.I.

    72 Sad. N.T.I.

    73

    Alcoro 7:140. N.T.I.74 Este pargrafo foi revelado em rabe no texto

    original de Bahullh. N.T.

    75 Shams-i-Tabrz, o sufi que exerceu poderosa

    influncia sobre Jallud-Dn Rm, desviandosua ateno da cincia para o misticismo.

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    Grande parte dos trabalhos de Rm so a elededicados. N.T.I.

    76 Rm. O Mathnav. N.T.I.

    77 Este pargrafo foi revelado em rabe no textooriginal de Bahullh. N.T.

    78 Bahullh faz aqui um jogo entre Suaspalavras, que afirmam ser doce a tinta com queescreve, e as de Rm, que dizem ser doce no

    a tinta, mas suas prprias palavras. Nacomposio das tintas usadas para escrevernaquele tempo usava-se o acar comoelemento de pega. Bahullh, ao dizer queas moscas so atradas pela doura da tinta,

    no das palavras, quer evidenciar umahumildade que o prprio poeta no teve. N.T.

    79 Alcoro 37:180. N.T.I. Este mesmo verso foirecitado pelo Bb quando de Seu interrogatrio

    em Tabriz, ao abandonar a sala e os que otentavam humilhar. N.T.

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