Que tri, Maluco Beleza!

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E ! ESPORTE 150 vezes Leandro Damião O centroavante Leandro Damião completou ontem 150 jogos com a camisa colorada. Após chegar para o time B, ele foi promovido ao time principal em 2010. Em seu primeiro ano como profissional ele marcou 13 gols, em 2011 fez 40 gols, no ano passado fez 24 gols e nesta temporada tem até aqui outros oito gols. No total, ele já marcou 85 gols com a camisa colorada. O centroavante deixou o jogo com lesão muscular e será reavaliado amanhã pelos médicos. Segunda-feira, 6.5.2013 / ESPORTE Que tri, Maluco Beleza! DUNGA É O CARA DA TAÇA A festa foi vermelha ontem em Caxias do Sul. O Centenário finalmente virou o Beira-Rio. Em toda Caxias do Sul, nos restaurantes, postos e ruas, o vermelho tomava conta, e foi o que se viu nas arquibancadas. A festa foi bonita dos dois lados, mas no final foram os colorados que comemoraram. E não faltou nem mesmo o churrasco antes da bola rolar. CRISTOFER DE MATTOS Controlando sua sadia maluquez, misturada com uma inegável lucidez para armar um time, lá vai Dunga... o Maluco Beleza colorado conquistar o primeiro título como técnico de clube. Enquanto ele parece se esforçar para ser um sujeito normal, seu time faz tu- do quase sempre igual: tem padrão tá- tico, humildade, compactação, solida- riedade e determinação. Ele tem uma velha opinião formada sobre tudo: em especial sobre futebol. Dunga foi campeão ontem, mas seu trabalho nasceu há dez mil anos atrás. Bode expiatório da geração fracassada na Copa de 90, ele deu a volta por ci- ma em 94, mas parece nunca ter esque- cido seus críticos, e nem erguer a taça Fifa lhe lavou a alma. Isso moldou sua personalidade: a vitória é uma necessi- dade para si, assim como o oxigênio é para nós. Ele prefere não ser uma metamorfo- se ambulante, e tem uma opinião for- mada e pronto. Mesmo amargo, por vezes, se torna doce para seus torcedo- res, afinal, resultado é com ele. Ele de- veria estar contente por ser um típico treinador e cidadão respeitável, ganha mais que dez mil cruzeiros por mês e pode comprar mais que um corcel de 73, mas ele não se ilude com o ouro de tolo. Dunga quer mais. Nada acabou, por isso, para ele, é tente outra vez, e outra e outra... O treinador aceitou o desafio de arru- mar a casa vermelha após um desastroso segundo semestre de 2012. Ele foi o cara certo, afinal, ele nunca disse que a vitória esteve perdida, pois sabe que é de bata- lhas que se vive a vida. Às vezes, os colorados perguntam por que é que ele é tão calado, não fa- la de amor quase nada, nem fica sorrin- do ao seu lado, mesmo agora com o títu- lo. Eles o têm todo dia, e ainda não sabe se isso é bom ou ruim, mas ontem ele foi lhes mostrar... Dunga é o início, o fim e o meio do tricampeonato gaúcho. Ao contrário do que cantou Raul Sei- xas, ele nunca foi a estrela, por isso não se apagou. Se no passado alguém lhe odiou, amanhã lhe terá amor, porque, chegar num objetivo num instante, é com ele mesmo. A cada entrevista coletiva, garantias de alfinetadas e doses homeopáticas de teorias da conspiração. É um ranzinza simpático, quase um personagem. Este é Dunga, o maluco beleza colorado, que vai ficar com certeza. É um treinador com um baita futuro pela frente. E para aquele que provar que eu estou mentin- do, eu tiro o meu chapéu. Dunga é o início, o fim e o meio do tricampeonato gaúcho. TACHO/GES FOTOS RODRIGO RODRIGUES/GES ALEXANDRE LOPS/INTER 3

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Crônica publicada nas edições de 06/05/2013 dos jornais do Grupo Sinos e Jornal Lance! O perfil do técnico Dunga é apresentado através de letras de músicas de Raul Seixas.

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E!ESPORTE

150 vezes Leandro DamiãoO centroavante Leandro Damião completou ontem 150 jogos com a camisa colorada. Após chegar para o time B, ele foi promovido ao time principal em 2010. Em seu primeiro ano como profissional ele marcou 13 gols, em 2011 fez 40 gols, no ano passado fez 24 gols e nesta temporada tem até aqui outros oito gols. No total, ele já marcou 85 gols com a camisa colorada. O centroavante deixou o jogo com lesão muscular e será reavaliado amanhã pelos médicos.

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Que tri, Maluco Beleza!DUNGA É O CARA DA TAÇA

A festa foi vermelha ontem em Caxias do Sul. O Centenário finalmente virou o Beira-Rio. Em toda Caxias do Sul, nos restaurantes, postos e ruas, o vermelho tomava conta, e foi o que se viu nas arquibancadas. A festa foi bonita dos dois lados, mas no final foram os colorados que comemoraram. E não faltou nem mesmo o churrasco antes da bola rolar.

CRISTOFERDE MATTOS

Controlando sua sadia maluquez, misturada com uma inegável lucidez para armar um time, lá vai Dunga... o Maluco Beleza colorado conquistar o primeiro título como técnico de clube. Enquanto ele parece se esforçar para ser um sujeito normal, seu time faz tu-do quase sempre igual: tem padrão tá-tico, humildade, compactação, solida-riedade e determinação. Ele tem uma velha opinião formada sobre tudo: em especial sobre futebol.

Dunga foi campeão ontem, mas seu trabalho nasceu há dez mil anos atrás. Bode expiatório da geração fracassada na Copa de 90, ele deu a volta por ci-ma em 94, mas parece nunca ter esque-cido seus críticos, e nem erguer a taça Fifa lhe lavou a alma. Isso moldou sua personalidade: a vitória é uma necessi-dade para si, assim como o oxigênio é para nós.

Ele prefere não ser uma metamorfo-se ambulante, e tem uma opinião for-mada e pronto. Mesmo amargo, por

vezes, se torna doce para seus torcedo-res, afinal, resultado é com ele. Ele de-veria estar contente por ser um típico treinador e cidadão respeitável, ganha mais que dez mil cruzeiros por mês e pode comprar mais que um corcel de 73, mas ele não se ilude com o ouro de tolo. Dunga quer mais. Nada acabou, por isso, para ele, é tente outra vez, e outra e outra...

O treinador aceitou o desafio de arru-mar a casa vermelha após um desastroso segundo semestre de 2012. Ele foi o cara certo, afinal, ele nunca disse que a vitória esteve perdida, pois sabe que é de bata-lhas que se vive a vida.

Às vezes, os colorados perguntam por que é que ele é tão calado, não fa-la de amor quase nada, nem fica sorrin-do ao seu lado, mesmo agora com o títu-lo. Eles o têm todo dia, e ainda não sabe se isso é bom ou ruim, mas ontem ele foi lhes mostrar... Dunga é o início, o fim e o meio do tricampeonato gaúcho.

Ao contrário do que cantou Raul Sei-xas, ele nunca foi a estrela, por isso não se apagou. Se no passado alguém lhe odiou, amanhã lhe terá amor, porque, chegar num objetivo num instante, é com ele mesmo.

A cada entrevista coletiva, garantias de alfinetadas e doses homeopáticas de teorias da conspiração. É um ranzinza simpático, quase um personagem. Este é Dunga, o maluco beleza colorado, que vai ficar com certeza. É um treinador com um baita futuro pela frente. E para aquele que provar que eu estou mentin-do, eu tiro o meu chapéu.

Dungaé o início, o fim e o meio do tricampeonato gaúcho.

TACHO/GES

FOTOS RODRIGO RODRIGUES/GES

ALEXANDRE LOPS/INTER

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