Queda - A grande tragédia | Aula 02 - Classe de Velho Testamento EBD

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Igreja Presbiteriana do Bairro Amambaí Escola Bíblica Dominical 2014 Classe: Velho Testamento

Aula02

A grande tragédia - Gênesis 3

"Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serãovivificados em Cristo" 1 Coríntios 15.22

1. Introduçãoa. A importância de uma história que realmente aconteceu: Assim

como falamos na aula passada, a modernidade e o liberalismo teológico tem considerado que a bíblia não é literal em alguns pontos e que deve ser vista como alegoria ou mito para ser compreendida, com destaque para o livro de Gênesis até a história do Adão. Nós reafirmamos que essa não é a posição ortodoxa, e que sim, Adão estava lá e realmente existiu. Não se trata de uma caricatura ou de uma expressão geral da humanidade, embora ele represente essa humanidade;

b. A própria Bíblia atesta a importância do entendimento da história de Adão. No livro de Romanos, capítulo 5, versículos 12-21, Paulo fala da morte em Adão e da vida em Cristo. "Portanto, assim como por uma só transgressão veio o julgamento sobre todos os homens para a condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação que produz vida" v.18;

c. A modernidade e a doutrina do pecado: A doutrina do pecado não é muito atraente para a nossa sociedade moderna. A pós modernidade traz em seu cerne a relativização de tudo o que está fundamentado. Zygmunt Bauman, filósofo polônes, diz que "Vivemos tempos líquidos em que nada é feito para durar". A própria afirmação moderna que diz que não existem mais absolutos pretende ser um absoluto, que nos coloca em um terreno muito instável e desprovido de verdadeiro sentido. Dizer o que está errado no homem não soa muito bem e não é muito aceitável para o homem. O Dr. Martyn Lloyd-Jones, em seu livro "Sincero, mas errado" considera sobre o problema fundamental do homem e diz que apesar de todos os esforços do homem moderno em resolver sues problemas, ele não consegue resolver os piores males da humanidade. Ou o pior, que é o pecado. Vivemos tempos parecidos

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com o do profeta Jeremias, que em Jr 6.14 diz "Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz". Nós precisamos ter consciência da profundidade do que está errado, em um correto diagnóstico, para assim compreendermos a maravilhosa cura que foi realizada para nos tratar. Sem um diagnóstico preciso, o tratamento fica comprometido. Compreender bem a doutrina bíblica do pecado trará uma grande contribuição para sabermos o nosso lugar e viver melhor no mundo, entendendo nossas limitações e descansando em Deus, para termos paz verdadeira e salvação da nossa alma.

2. O relato da queda (Gn 3.1-24): O capítulo 3 de Gênesis é considerado o mais sintomático da Bíblia, uma vez que revela a condição caída do homem na sua queda e a misericórdia de Deus no anúncio da sua obra de redenção.

a. Tentação e desobediência (v.1-7)i. A serpente é o próprio Satanás (adversário) (Ap 12.9; 20.2):

A serpente foi o agente que levou o ser humano ao pecado. A inferência "É assim que Deus disse..." traz um tom de incredulidade a palavra de Deus;

ii. A mulher aumenta o rigor de Deus, mudando sua palavra: Deus havia dito anteriormente que eles não poderiam comer do fruto da árvore do 'meio do jardim'. A mulher já diz que eles não poderiam nem tocar. A consequência que na afirmação de Deus era certa "..certamente morrerais", agora é tida como uma possibilidade "... para que não morrais";

iii. A contradição apresentada pelo inimigo: "É certo que não morrereis" traz a negação do juízo. Quantos em nossos dias relativizam o juízo de Deus, como se o mal não fosse tão grave assim e obstinados desafiam as palavras de Deus. O pecado inicia-se confrontando o juízo de Deus;

iv. O ser como Deus, conhecedores do bem e do mal: Assim com vimos na aula passada, o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus e traz em sua natureza aspectos da imagem divina, como sua criação. Satanás, sendo o pai da mentira (Jo 8.44), sugere essa afirmação mentirosa que move a ambição do homem ao intento que lhe aflige até hoje.

v. Uma rebeldia sem causa: O homem poderia desfrutar abundantemente de tudo o que lhe era oferecido. Não haviam motivos 'justos' para o homem cair, mas ele caiu. A única restrição de Deus era não comer daquela árvore específica,

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Deus concedeu toda o domínio (administração) de sua criação ao homem que deveria obedecê-lo nesta única restrição. O Rev. Leandro Lima diz que "parece próprio da natureza humana não ver as bençãos de Deus quando há algum problema ou restrição".

vi. O pecado da humanidade: A mulher dá ouvidos a uma criatura, ao invés do Criador e a partir disso segue suas impressões pessoais contra aquilo que Deus já tinha lhe falado, bem como intenta suas metas para a autorrealização. A expressão "Vendo a mulher que.. " diz respeito ao testemunho ocular e a possibilidade em que o proibido exerça sua atração. Na expressão "....tomou-lhe do fruto e comeu" vemos que apesar do ato simples, ele já estava todo planejado e desejado no coração. É interessante comparar que se antes vemos estes 'tomar' e 'comer' como finalidades da morte, em Cristo, vemos o 'tomar' e 'beber' como verbos de salvação, partes daqueles que agora são participantes do seu corpo e sangue. A expressão "... e ele comeu" diz respeito ao homem sendo conduzido, ao invés de conduzir. O homem falha em sua autoridade que lhe foi confiada e se vende a ideia do mal como se estivesse além do bem, como uma necessidade que eles precisassem.

vii. A nossa justiça própria: O homem percebe o seu pecado, realmente, os seus olhos se abrem, como a serpente diz, só que ao invés de iluminação, o homem projeta seu mal sobre a inocência da criação e reage com vergonha e fuga. As folhas de figueira representam nossa justiça própria em relação ao pecado. Aos nossos toscos intentos em "consertar" o erro. Enquanto acharmos que as folhas da nossa justiça própria são suficientes, jamais seremos salvos (Leandro Lima).

b. Confrontação (v. 8-13)i. A fuga do homem: O filme mais repetido da história da

humanidade. O pecado corta o relacionamento pessoal do ser humano com Deus. O homem agora tem medo de se encontrar com Deus e foge. O que antes representava íntima comunhão e deleite na criação de Deus agora é medo, vergonha e profundo abismo. O pecado destruiu o mais importante dos nossos relacionamentos, o com Deus. E como vimos na aula passada, os relacionamentos dependentes a este, seriam também afetados, que são os sociais (familiares) e culturais (trabalho).

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ii. Deus vai ao encontro do homem: O homem já está caído e envergonhado no seu pecado, Deus vai ao seu encontro e quer atraí-lo para ajudá-lo. Deus pergunta e o medroso homem nu responde. O conhecimento da nudez pelo homem representa sua não inocência, uma afronta que era o não contentamento com a criação, de querer ser mais do que aquilo que Deus tinha criado o homem para ser.

iii. A fuga da responsabilidade: Se antes o homem fugiu por vergonha e medo do seu pecado, agora o homem foge da sua responsabilidade com a culpa do seu pecado. Isso é presente até nos nossos dias, e aqui vemos os relacionamentos sociais sendo afetados. O homem tenta culpar a mulher, e nessa até culpar até a criação de Deus em "...a mulher que me deste por esposa". A mulher por sua vez coloca a culpa na serpente. E o pecado fica nesse jogo de culpas. Mas a verdade é que todos eram culpados. Enquanto quisermos culpar os outros pelos nossos erros nunca iremos enxergar o diagnóstico da nossa doença. Vivemos culpando o governo, a igreja, trabalho… Enquanto a culpa é toda nossa.

c. O sentença (v. 14-19)i. A sentença de Satanás: Não é possível saber como realmente

seria a aparência da serpente, se ela teria pernas ou braços e agora ela rasteja sobre o chão. O que se pode entender é que aqui já temos um anúncio da maldição que acompanha Satanás pelo restante da história. Comendo pó todos os dias e sendo maldita entre todos os animais.

ii. O protoevangelho: Deus já anuncia a obra de redenção da humanidade que se consumaria na vitória de Cristo sobre o pecado na cruz (1 Co 15.55-57). Quando se fala "porei inimizade entre ti e a mulher…", Deus é o sujeito quem ordena e já apresenta a sua ação em cortar o relacionamento entre humanidade e pecado. Quando se fala "...este (descendente) te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" entende-se que Deus já está falando de Cristo, que a serpente lhe fere o calcanhar, na cruz, porém este pisa na cabeça da serpente vencendo a morte. Deus está intervindo na história para redimir a humanidade do seu pecado pelo seu filho e descendente do homem, Jesus Cristo. No v.20, vemos Deus dando um nome a mulher, e ela agora se chama Eva. Eva significa vivente, vivida, a que tem vida. Isso remente a

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descendência que viria de Eva, como primeira mãe daquele que nasceria em Belém. Existe um pensamento comum em que Deus já anuncia a expiação no v.21 quando ele veste Adão e Eva com peles, o que entendemos não é que Deus estava satisfazendo a necessidade última de expiação ao homem e sim satisfazendo necessidades imediatas do homem, sendo estas precursoras do bem-estar moral e físico que o pecado trouxe ao homem. A ideia mais evidente é que é Deus quem cobre o homem do seu pecado, ao invés das tentativas de justiça própria do homem no v. 7.

iii. A consequência do pecado: O que antes era natural e bom agora é doloroso. O pecado corrompeu a criação de Deus e afetou a ordem natural das coisas. A relação sexual criada por Deus para o homem é afetada tanto na mulher ao dar à luz aos seus filhos como ela sendo agora controlada pelas relações instintivas. O desejo agora é tido em uma relação de posse do marido. O evangelho alivia um pouco toda essa situação, porém ainda vemos as consequências disso também nos nossos dias. Ao homem, vemos a maldição sobre aquilo que o homem antes dominava. Toda a criação se tornou corrupta por causa do homem. Tudo o que antes pertencia ao homem agora se perdeu, por causa do seu pecado. O pecado é tanto a causa quanto o resultado da miséria humana.

d. O paraíso perdido (v. 22-24)i. O homem é lançado fora do jardim do Éden: Se a vida eterna

é a comunhão com Deus, e o homem a repudiou perdendo-a com o pecado, sua consequência é ser expulso desta comunhão.

ii. O caminho para o jardim é selado: Deus fecha o caminho a árvore da vida (a qual não temos muitas inferências). Os querubins que guardam o jardim do Éden são vistos em outros lugares como guardiões simbólicos do Santo dos Santos. Na morte de Cristo, o véu que impedia o acesso ao Santo dos Santos é rasgado em duas partes e o caminho para Deus foi aberto, em Cristo que é o próprio caminho, a verdade e a vida. "Ninguém vem ao pai senão por mim" Jo 14.6

3. A origem do pecadoa. O Gênesis não diz sobre quem é o autor do pecado, mas trata do fato

que o pecado entrou no mundo. O mal surge com Satanás em sua

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queda, que pode ser melhor estudada em outra aula, e este intenta no ser humano despertando sua cobiça. Deus precisa ser excluído de tudo isso, pois como vemos na história, tudo aconteceu entre o relacionamento de Satanás e o ser humano. O mal se originou em Satanás e no ser humano. Tiago, em sua carta (Tg 1.13-17), a respeito da tentação deixa bem claro que a origem do pecado está dentro do próprio homem, e não em Deus.

4. Herdeiros de Adão: Todos estão juntos com Adão e Eva porque herdam deles o veneno do pecado. A escolha de Adão afeta toda a raça. Adão agiu como nosso representante e por essa razão a sua escolha nos atinge. Não temos liberdade de escolha. O "grito de independência" de Adão jogou a todos nós na morte. A humanidade é absolutamente responsável por tudo o que acontece de mau neste mundo, e não Deus. Irônico é que destruímos a criação e depois colocamos a culpa em Deus.

a. Posicionamentos filósoficos e teológicos sobre a natureza humana

i. Tábula Rasa (John Locke): Empirismo. O homem nasce 'em branco' e é preenchido com suas experiências.

ii. Jean Jacques Rousseau: O homem nasce bom e a sociedade o corrompe;

iii. Thomas Hobbes: O homem é o lobo do próprio homem. Para isso o Estado deveria controlar ou frear este homem.

iv. Nicolau Maquiavel: A natureza do homem é essencialmente má e os seres hmanos querem obter os máximos ganhos a partir do menor esforço, fazendo o bem apenas quando forçados a isso.

v. Pelagianismo: Todo homem nasce inocente e é responsável pela sua salvação.

vi. Semipelagianismo: O homem nasce corrompido mas nós podemos "ajudar" a Deus, com a nossa boa vontade no coração, dando os primeirso passos em direção a Deus, e Deus iria completar segundo este nosso primeiro ato a redenção do homem.

b. A nossa posição: Totalmente depravadosi. Não há área em nossa vida que não tenha sido afetada pelo

pecado. De modo algum poderemos dar o que Deus espera de nós.

ii. Somos capazes de fazer todo o tipo de mal imaginável.iii. Deus requer de nós a perfeição com que ele nos criou para ter.

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E nós não podemos ter. Nenhum herdeiro de Adão consegue ter esta perfeição exigida por Deus naturalmente.

iv. A corrupção original: "Desta corrupção original, pela qual ficamos totalmente indispostos, incapazes e adversos a todo bem e interamente inclinados a todo mal, é que procedem todas as transgressões atuais" CFW, Capítulo VI, Artigo IV.

v. O homem não é totalmente livre: Entende-se que no princípio o homem foi dotado de liberdade, porém esta liberdade foi afetada pelo pecado, que o tornou escravo. O homem nasce escravo do pecado e só por uma ação da parte de Deus é que é liberto dessa escravidão. A Confissão Belga, no seu Artigo 14 diz ".... Por isso, rejeitamos todo o ensino contrário, sobre o livre-arbítrio do homem, porque o homem somente é escravo do pecado e "não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada" (Jo 3.27). Pois quem se gloriará de fazer alguma coisa boa pela própria força se Cristo diz: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer" (Jo 6.44)? Quem falará sobre sua própria vontade sabendo que "o pendro da carne é inimizade contra Deus"(Rm 8.7)? Quem ousará vangloriar-se sobre seu próprio conhecimento, reconhecendo que "homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus" (1 Co 2.14)?"

c. Lições que aprendemosi. O pecado é coisa séria: Não dá para brincar ou relativar o

conceito de pecado. Somos culpados. Jogar a culpa do nosso pecado nos outros não resolverá o problema. Ignorar ou minimizar os efeitos do nosso pecado muito menos. Precisamos encarar com seriedade os nossos pecados e nos arrependermos enquanto é tempo. Negar o pecado não fará com que ele desapareça.

ii. Entendemos o que o homem é: Mau, perverso, pecador e extremamente doente, fora do padrão que Deus o criou para ser.

iii. A obra de Cristo: Apesar de vermos essa triste história do pecado e de como nós agimos nessa relação, aprendemos que a obra de Cristo foi feita na cruz para nos trazer a cura sobre o pecado. Sabe aquela doença que a medicina dedica todos os seus esforços para chegar a uma cura? E o achado desta cura se torna maravilha e alegria para os doentes. É o mesmo para nós. Uma vez conhecendo bem o diagnóstico da nossa doença,

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agora nos maravilhamos com a sua cura. "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e móido por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." Isaías 53.4-5.

Para ver arquivos e recursos desta aula, acesse: http://bit.ly/ebdvt

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