Questões objetivas enem (2)

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Questões objetivas - ENEM

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Questões objetivas - ENEM

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Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.[…]Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.

LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1988 (fragmento).

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A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador

a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.

b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.

c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.

d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.

e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

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• Resposta da questão 1:[C]

Em A hora da estrela, Clarice Lispector cria um personagem, autor-narrador, que fala de sua própria obra e busca nela e, com ela, conhecer-se. O uso da função metalinguística e a linguagem intimista reveladora de conflitos existenciais ( “Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo”) revelam a busca de uma resposta que parece inatingível. Assim, é correta a opção [C].

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Questão 2

. Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo pelas ruas.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Caderno do professor: educação física. São Paulo, 2008.

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Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por

a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando o atrito (não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida.

b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos socialmente.

c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento.

d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcionamento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais.

e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes(carboidratos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.

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Resposta da questão 2:[E]

É aceitável apenas o que se afirma em [E], pois as demais opções apresentam conceitos que extrapolam o texto. Embora não seja explícito, pode depreender-se que houve aumento de procura por dietas que restringem ou estimulam a ingestão de macronutrientes, assim como a prática de exercícios.

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Questão 3

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As diferentes esferas sociais de uso da língua obrigam o falante a adaptá-la as variadas situações de comunicação.

Uma das marcas linguísticas que configuram a linguagem oral informal usada entre avô e neto neste texto é

a) a opção pelo emprego da forma verbal “era” em lugar de “foi”.

b) a ausência de artigo antes da palavra “árvore”.

c) o emprego da redução “tá” em lugar da forma verbal “está”.

d) o uso da contração “desse” em lugar da expressão “de esse”.

e) a utilização do pronome “que” em início de frase exclamativa.

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Resposta da questão 3:[C]

Na opção a), o pretérito imperfeito reproduz um passado ainda presente no momento da enunciação, em b), o substantivo está sendo usado de uma forma genérica, o que torna pertinente a ausência do artigo. Em d), acontece a aglutinação da preposição com o pronome demonstrativo e em e), o pronome enfatiza a emoção do enunciador. Assim, a única opção que apresenta linguagem oral informal é c), pois é comum a redução das palavras no cotidiano do falar brasileiro, usando “tá” em vez de “está”.

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Questão 4

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Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado

a) se dirige aos líderes comunitários para tomarem a iniciativa de combater a dengue.

b) conclama toda a população a participar das estratégias de combate ao mosquito da dengue.

c) se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organizarem iniciativas de combate à dengue.

d) tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos necessários para o combate ao mosquito da dengue.

e) apela ao governo federal, para que dê apoio aos governos estaduais e municipais no combate ao mosquito da dengue.

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Resposta da questão 4:[C]

O público-alvo referente ao anúncio são as autoridades políticas municipais, principalmente os prefeitos. O que pode ser justificado pelo vocativo inicial “Sr. Prefeito (...)”.

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Questão 5

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O texto exemplifica um gênero textual híbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu conteúdo, é possível perceber aspectos relacionados a gêneros digitais. Considerando-se a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação presentes no texto, infere-se que

a) a utilização do termo download indica restrição de leitura de informações a respeito de formas de combate à dengue.

b) a diversidade dos sistemas de comunicação empregados e mencionados reduz a possibilidade de acesso às informações a respeito do combate à dengue.

c) a utilização do material disponibilizado para download no site www.combatadengue.com.br restringe-se ao receptor da publicidade.

d) a necessidade de atingir públicos distintos se revela por meio da estratégia de disponibilização de informações empregada pelo emissor.

e) a utilização desse gênero textual compreende, no próprio texto, o detalhamento de informações a respeito de formas de combate à dengue.

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Resposta da questão 5:[D]

O texto em questão trata-se de uma publicidade oficial divulgada pelo governo federal que tem como objetivo conclamar autoridades políticas, como prefeitos e governadores, a aderirem a campanha no combate à dengue. Há como estratégia a disponibilização das informações em meio eletrônico, a fim de atingir diferentes públicos.

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Questão 6São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas.

O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

- Quantos são aqui?

Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:

- Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.

E outro:

- Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)

E outro:

- Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

Rubem Braga. Para gostar de ler, v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).

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O fragmento anterior, em que há referência a um fato sócio-histórico - o recenseamento -, apresenta característica marcante do gênero crônica ao

a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.

b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.

c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.

d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano para manter as pessoas informadas.

e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto, que recebe tratamento estético.

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Resposta da questão 6:[E]

A crônica apresenta como característica principal o aproveitamento do cotidiano para discorrer sobre o tema, neste caso, o recenseamento eleitoral. O uso da função poética, utilização de recursos estilísticos, com finalidade estética, está presente nos relatos fictícios dos entrevistados. Assim, é correta a opção E.

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Questão 7

Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela

E preguntou pro guarani da mata virgem

- Sois cristão?

- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Teterê tetê Quizá QuizáQuecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

- Sim pela graça de Deus

- Canhem Babá CanhemBabá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval

(Oswald de Andrade)

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7. A polifonia, ou seja, a variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do

a) poeta e do colonizador apenas.

b) colonizador e do negro apenas.

c) negro e do índio apenas.

d) colonizador, do poeta e do negro apenas.

e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.

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Resposta da questão 7:[E]

O poema traduz, através do narrador, a visão irreverente de Oswald de Andrade sobre a formação do povo brasileiro. À sua voz, somam-se as dos participantes da história e estes falam em discurso direto: o colonizador (“Sois cristão?”), o índio (“Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte/ Teterê tetê Quizá Quizá Quecê índio!”) e o negro (“Sim pela graça de Deus negro”).

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Questão 8

Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela

E preguntou pro guarani da mata virgem

- Sois cristão?

- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Teterê tetê Quizá QuizáQuecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

- Sim pela graça de Deus

- Canhem Babá CanhemBabá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval

(Oswald de Andrade)

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Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é

a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.

b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras - portugueses, negros e índios - pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.

c) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.

d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.

e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.

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Resposta da questão 8:[A]

O poema narrativo de Oswald de Andrade retrata de forma bem-humorada o processo de formação do Brasil. A sucessão de falas (colonizador, índio e negro) sugere o hibridismo cultural brasileiro, aparentemente anárquico, mas positivo, já que tudo acaba numa festa: “E fizeram o Carnaval”.