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QUÍMICA PARA SURDOS

Elismery Ferreira Macarios 1

Orientadora: Sônia Zanello2

Resumo

A Química é uma Ciência viva e precisa-se mostrar e indicar meios para que os alunos incorporem novos conhecimentos, e nós, professores temos o dever de torná-los acessíveis e inserí-los no dia-a-dia da escola. Organiza-se um material a partir do desenvolvimento de um caderno pedagógico de química para surdos do Ensino Médio, no qual se utiliza novas práticas pedagógicas, trabalhos visuais, informatizados, dramatização, mapa conceitual, material didático para fixação de conteúdos, seja no laboratório, em sala de aula ou no computador; todo o aluno tem o direito de tomar conhecimento das transformações que estão se processando e por isso devem ser usados meios e multimeios para tornar o aprendizado atraente, atualizado e mais vivo, tornando com isso um sujeito mais participativo e cidadão. Escolhe-se duas atividades deste caderno, cujo objetivo é levar o aluno a acreditar nele mesmo, a solucionar problemas e descobrir que a Química e as novas tecnologias podem beneficiar a sociedade; que ele reconheça que os problemas químicos atuais podem ser amenizados com mudanças de atitudes possibilitando assim o exercício da cidadania. É imprescindível que todos os professores sejam mediadores da construção do conhecimento e não apenas transmissores do conhecimento. Visando uma mudança de postura na prática pedagógica, procura-se aproveitar o conhecimento de uso comum aperfeiçoando seu respectivo conhecimento teórico, considera-se essas atividades favoráveis proporcionando novos ambientes de aprendizagem tornando-a mais significativa.

Palavras-chave: Aprendizagem; Material Didático; Ensino para Surdos; Multimeios.

1Licenciatura e Bacharelado em Química – UFPr; Pós-Graduação em Magistério 1° e 2° Graus Faculdades Integradas “Espírita”; Pós-Graduação em Psicopedagogia Faculdades Integradas Curitiba; Pós Graduanda “Lato Sensu em Libras, Educação Bilíngue para Surdos; Profª da SEED-PR – Ensino Fundamental e Médio – Ensino Regular para Surdos; e-mail: [email protected] 2 Professora MSc. Titular da UTFPR.

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Abstract

Chemistry is a science alive and we need to show and display means for students to incorporate new knowledge, and we as teachers have a duty to open them and insert them in the day to day school. Organize a material from the development of detailed chemistry teaching high school for the deaf, which uses new teaching practices, visual works, computer, drama, concept map, fixing materials for content, either in the laboratory, classroom or computer, every student has the right to be informed of changes that are taking place and therefore should be used and multimedia resources to make learning attractive, refreshed and more alive, thereby making a subject more participatory and citizen. We choose two activities of this contract, whose goal is to get students to believe in himself, solve problems and find that chemistry and new technologies can benefit society, that he recognizes that the current chemical problems can be mitigated by changes attitudes thus enabling the exercise of citizenship. It is essential that all teachers are facilitators of knowledge construction and not just transmitters of knowledge. Seeking a change of attitude in pedagogical practice seeks to harness the knowledge of their common use perfecting their theoretical knowledge. These activities were considered favorable because it provides new learning environments making it more meaningful.

Keywords: Learning; Teaching Materials; School for the Deaf; Multimedia.

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Santos, “Os educadores consideraram fundamental o aluno compreender

adequadamente os conceitos químicos que são básicos para o cidadão, em vez de ter um

estudo amplo de vários conceitos sem a sua devida compreensão” (SANTOS;

SCHNETZLER, 2003, p.108)".

Ao longo dos anos a educação brasileira passou por vários momentos importantes,

marcados por ideologias e pensamentos que levaram a construir o quadro educacional

que hoje nos deparamos. No Brasil, o ensino de química passou por muitas adequações

até os dias atuais, porém ainda precisamos de mudanças que possam estar relacionadas

à realidade do nosso aluno; enquanto esperamos as transformações, o ideal seria

selecionarmos os conteúdos mais relevantes, nos preocupando com aqueles conteúdos

que são pré requisitos para outros e contextualizar sempre que necessário. O importante

é ter nossa consciência tranqüila, sabendo que fizemos o máximo, dentro dos nossos

limites.

Atualmente os valores sociais e a explosão tecnológica, afetam diretamente na

educação escolar. Temos duzentos dias letivos, bem mais do que quando estudamos e é

visível a diferença na aprendizagem, muitas mudanças ocorreram e sabe-se que o

aprendizado dos alunos não foi beneficiado com isso.

Concordando com Santos, pensa-se que uma das alternativas, seria reunir os

professores da área e selecionar os conteúdos mais significativos, não que os outros não

sejam, mas a pretensão é que os alunos não saiam do E.M. formados em química e sim

que tenham um conhecimento mínimo para o entendimento do papel da Química, da

Tecnologia e suas inter-relações sociais para o desenvolvimento de atitudes e valores.

Prioriza-se a qualidade e não a quantidade. Sabe-se que os professores de Química do

E.M. trabalham os conteúdos previstos no currículo básico, mas não se pode deixar que a

pressa por terminar os conteúdos, deixe de lado o verdadeiro aprendizado, este sim será

levado para a vida do aluno podendo ajudá-lo como cidadão na resolução de problemas e

tomadas de decisões.

Os maiores estudiosos da educação ainda não descobriram um jeito de ensinar o

surdo. Faz-se por tentativas, por isso é tão importante esta troca de experiências que

acontece no GTR (Grupos de Trabalho em Rede). Ensinar Química para para surdos

requer muita paciência, criatividade e principalmente persistência. Tem-se o agravante da

língua, pois é necessário alfabetizar o tempo todo, também tem a questão do jovem que

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não demonstra interesse nem vontade de estudar; dificuldade associada à falta de acesso

a língua (LIBRAS) e a autoestima rebaixada que vem de um longo processo de exclusão.

Tudo isso é um desafio a vencer. Acredita-se na força e na dedicação dos professores de

Química e de outras áreas, uma vez que se tenta trabalhar a interdisciplinaridade.

Desenvolvem-se práticas pedagógicas no ensino da Química, para jovens que

apresentam dificuldades nesta disciplina, para que se possam socializar conhecimentos

com a intenção de considerar em sua ação um jovem mais participativo e cidadão.

O objetivo deste é levar ao conhecimento dos educadores que através de novas

práticas pedagógicas, trabalhos visuais, informatizados, dramatização entre outros,

efetiva-se a aprendizagem no ensino da Química para alunos surdos; porém, há

necessidade de respeitar vários fatores dentre os quais o emocional, pois este é o grande

responsável pela educação de qualquer ser humano, mais especificamente do surdo, pois

este necessita de atenção individual.

Nas diferenças individuais existentes em uma sala de aula, além da surdez, alguns

alunos apresentam também necessidades especiais nas áreas da visão, cognição ou

motora, associada ou não à necessidade de maior tempo para a aprendizagem.

Diante das dificuldades de aprendizagens na escola para surdos, e na tentativa de

abrir novos horizontes para o saber bem como de contribuir com o crescimento cognitivo

do aluno, fez-se um caderno pedagógico com sugestões de práticas pedagógicas

envolvendo aula de laboratório, apresentação na TV pendrive e atividades em sala de

aula; todas as atividades foram testadas e aprovadas; escolhe-se apenas duas atividades,

cujo objetivo é levar o aluno a acreditar nele mesmo, a solucionar problemas e descobrir

que a Química e as novas tecnologias podem beneficiar a sociedade; que ele reconheça

que os problemas químicos atuais podem ser amenizados com mudanças de atitudes

possibilitando assim o exercício da cidadania.

Utiliza-se de parâmetros alunos ouvintes e percebe-se que os alunos surdos

apresentam uma defasagem em relação à idade-série nas competências que envolvem a

Língua Portuguesa escrita, o que se atribui ao fato desta ser a segunda Língua para os

surdos e porque o aprendizado dos surdos ocorre sem um dos órgãos dos sentidos que é

a audição, pois para os surdos há necessidade da parte visual e a linguagem de sinais,

importante canal para a comunicação. Afetando com isso a sua aprendizagem na

disciplina de Química, visto que não tem sinais para muitas coisas por se tratar de

conteúdos específicos, há de se combinar com os surdos antes de apresentá-los.

É necessário que o surdo perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua

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vida. Ele precisa ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo

conhecimento ou habilidade. Uma aprendizagem mecânica, não têm significado para o

aluno.

Aquilo que é aprendido precisa ser significativo para ele, na medida do possível.

Para isso, a aprendizagem precisa envolver: análise, imaginação e o relacionamento

entre idéias, coisas e acontecimentos.

Para a questão da avaliação da aprendizagem avançar, há necessidade de

reformular o sistema de ensino, suas concepções e seus valores assim como a

mentalidade de toda a comunidade escolar. A aprendizagem não é uma simples

acumulação de dados, mas sim, uma construção crítica e criadora.

A aprendizagem pode ser vista de diferentes formas, conforme as diversas teorias

que foram sendo formuladas ao longo dos anos. Assim, a aprendizagem na visão de

alguns autores:

“A aprendizagem é um processo de atividade pessoal, reflexiva e sistemática

dependente do acionamento de todas as potencialidades do educando, sob a orientação

do educador (CAMPOS, 1987:104)”.

Visca acredita que a aprendizagem acontece nas situações mais diferentes de uma

pessoa... E (lhe) abre o caminho da vida, do mundo, das possibilidades até de ser feliz...

(“VISCA, 1991:16)”.

“A escolaridade só tem sentido se o essencial do que nela se aprende puder ser

investido fora dela, paralelamente ou mais tarde (PERRENOUD, 2000: 58)”. Concorda-se

com ele, pois a maior satisfação de um profissional é saber que seu aluno fez uso do que

lhe foi transmitido durante sua vida escolar.

2 PROCESSO EDUCACIONAL DO SURDO

O texto a seguir foi compilado e adaptado dos autores: Goldfeld (1997), Veloso e Maia

(2009) e Fundamentos da Educação Especial (FAPI).

Até a Idade Média os surdos não eram considerados seres humanos competentes.

Acreditava-se que sem a fala o pensamento não se desenvolveria e o surdo não poderia

ser educado. Os surdos que não falavam não tinham direitos legais e eram confundidos

com retardados. Muitos eram condenados à morte, viviam como escravos, abandonados.

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Eram rejeitados!

Na Idade Moderna, Bartollo Della Marca D΄Ancora faz referência à primeira

possibilidade do surdo poder aprender através da língua de sinais ou língua oral. O

Médico italiano Girolano Cardamo, declara que os surdos podiam e deviam receber uma

instrução. O monge beneditino Ponce De Leon foi considerado o primeiro professor de

surdo, educava filhos de nobres, pois se não falassem não receberiam o título e a

herança.

Em 1620, Juan Pablo Bonet, publica “Reducción de Las Letras y Arte para Enseñar

à Hablar los Mudos”; desenvolveu uma metodologia que incluía datilologia (representação

manual das letras do alfabeto), escrita e oralização e criou uma escola de professores

surdos.

Na sequência houve vários defensores do oralismo que faziam uso dos sinais e do

alfabeto para atingir a fala.

Em 1750 Charles Michel de L΄Epée, teve muito sucesso na educação de surdos, e

de 1771 a 1781 sua escola atendia 75 alunos. L΄Epée e seu seguidor Sicard, acreditavam

que todos os surdos, independente de nível social, deveriam ter acesso à educação, e

esta deveria ser pública e gratuita.

Em 1814 Jean-Marc Itard foi influenciado por Philipe Pinel e pelo filósofo Condillac;

e o que era considerado como diferença passou a ser reconhecido como doença, passível

de tratamento para sua erradicação e a supressão do “mal”. Assim para descobrir as

causas visíveis da surdez, Itard: dissecou cadáveres de surdos; aplicou cargas elétricas

nos ouvidos dos surdos; usou sanguessugas para provocar sangramentos, chegando até

a furar o tímpano de alunos, levando um aluno à morte. Fez várias experiências e

publicou vários artigos sobre uma técnica especial para colocar cateter no ouvido de

pessoas com problemas auditivos, tornando-se famoso e dando nome à Sonda Itard. O

surdo começava a ser visto como portador de doença e por isso todas as tentativas de

erradicá-la eram válidas: o sofrimento ou até mesmo a morte. Após dezesseis anos de

tentativas e experiências frustradas de oralização e remediação da surdez, sem conseguir

atingir os objetivos, se rendeu ao fato de que o surdo só pode realmente ser educado

através da Língua de Sinais.

Thomas Gallaudet, em 1817, criou um Escola Pública para surdos nos EUA, seu instrutor

foi Laurent Clerc, surdo; os professores aprenderam a Língua de Sinais Francesa. A

Língua de Sinais Francesa foi gradualmente modificada pelos alunos, começando a se

formar a Língua de Sinais Americana, e a partir de 1821 todas as escolas públicas

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americanas passaram a mover-se em direção a ASL (American Sign Language).

Em 1864 foi fundada a primeira Universidade Nacional para Surdos, atualmente

Gallaudet University.

Em 26 de setembro de 1857 é fundado, no Rio de Janeiro, a primeira escola para

surdos no Brasil, atualmente Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), que

utiliza LIBRAS (Língua Brasileira se Sinais).

O Oralismo dominou em todo o mundo, até a década de setenta, ano em que

William Stokoe publica artigo demonstrando que a ASL é uma língua com todas as

características das línguas orais.

Em 1968 Roy Holcom, deu origem à filosofia Comunicação Total, onde utiliza todas

as formas de comunicação possíveis na educação dos surdos, acreditando que a

comunicação e não a língua deve ser privilegiada. A Universidade Gallaudet, adotou a

Comunicação Total e tornou-se o maior centro de pesquisa dessa filosofia.

A partir da década de setenta, em alguns países como Suécia e Inglaterra,

percebeu-se que em algumas situações, o surdo não deve utilizar a língua de sinais junto

com a língua oral; surgindo então a filosofia Bilíngue, que a partir das décadas oitenta e

noventa ganha força em todos os países do mundo.

Com a Declaração de Salamanca (1994), ocorre nesta década, no Brasil a

Educação inclusiva, onde considera a necessidade de todos os alunos e estrutura-se em

função destas necessidades. Porém observa-se, historicamente que tem havido fracasso

na Educação de Surdos. “A educação é um direito de todos e dever do Estado”

(Constituição Federal, artigo 205). Percebe-se que poucos surdos tem acesso à

Universidade, devido às dificuldades no acompanhamento. Espera-se que a educação

inclusiva reconheça os direitos de seus educandos e respeite a diversidade. Ainda há

muito que repensar referente à inclusão, é importante refletir sobre alguns aspectos da

educação de surdos ao longo da história, tentando compreender sua influência sobre a

educação atual.

3 A QUÍMICA NA SALA DE AULA

A Química pode parecer difícil, mas ela está dentro de nós, nas reações que

acontecem todo o dia, mesmo que não se faça nada para que isso ocorra, ela está

transformando as substâncias a cada momento dentro do corpo do homem e através

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dessas transformações pode-se tornar as pessoas melhores.

A Química está ao nosso redor, em qualquer material que se toca, no ar que se

respira, na chuva que molha as plantações e até no rio que corre tranquilo.

Aos olhos dos outros, a Química é a vilã, mas ela sempre existiu agora com a

tecnologia avançada ela está se expandindo e só cabe ao homem saber usá-la para o

bem da humanidade. Mas por que ensinar Química se é uma ciência tão complexa? Ora

tudo nesta vida está relacionado à sobrevivência do ser humano, e a Química fazendo

parte do cotidiano do homem é uma chave muito importante para o conhecimento e o

progresso. Conhecer os fatos da vida ajuda o aluno a crescer como verdadeiro cidadão.

Acredita-se que só através da verdade, da sinceridade, de conhecer fatos da vida como

ela é, pode-se manifestar a integridade nos alunos. Através de práticas educativas como

teatro, ensaios de laboratório, mesa redonda, debates, pesquisas, dentre outros, espera-

se despertar os alunos para a verdade.

As aulas da autora são uma seqüência de apresentação no Microsoft Power Point

(“ppt”) ou na TV pendrive, para que o aluno se inteire do assunto de forma ampla,

explanação do conteúdo, exercícios teóricos de diferentes formas, aula prática em

laboratório, se possível aula de informática sobre o mesmo assunto. Às vezes faz-se a

apresentação no “ppt” no final, como se fosse um resumo, para fixação.

Para o aluno surdo, é muito importante ter uma visão do todo de forma visual,

elucidando as dúvidas; o aluno também tem que trabalhar copiar do quadro o conteúdo,

seguido de exercícios, depois aula no laboratório treinando a sua observação relacionada

ao assunto, respondendo questionamentos de forma simples do tipo: desenhos, complete,

enumere as colunas e pequena pesquisa.

Sempre que possível é importante fazer uma apresentação para que eles possam

manifestar o seu aprendizado; para fazer com que o surdo tome a iniciativa e manifeste a

sua opinião precisa-se começar de forma monitorada para que resgate a sua

autoconfiança saiba que é capaz. No final, quando mostra o seu trabalho para seus pais,

amigos e professores sentem-se recompensados.

Acredita-se que abranger todo o conteúdo não é o mais importante, mas

selecionar os mais relevantes é a melhor opção.

A Química é uma Ciência viva e precisa-se mostrar e indicar meios para que os

alunos incorporem novos conhecimentos, e nós, professores temos o dever de torná-los

acessíveis e incorporá-los no dia-a-dia da escola, proporcionando assim diferentes

ambientes de aprendizagem.

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Sente-se muita dificuldade ao transmitir um conteúdo, um dos motivos é que é

difícil encontrar sinais para tudo, não tem. Então se tem que combinar com os alunos...;

outro motivo é o vocabulário deles que é muito pequeno, não conhecem o significado da

maioria das coisas, então se questiona: como eles ficaram tanto tempo na escola e não

aprenderam o significado dessa palavra, que para a maioria das pessoas é tão fácil? De

quem é a culpa? Não adianta procurar culpados, precisa-se ir à luta, tentar ensinar com

as estratégias de que se dispõe. Se o aluno não conseguiu aprender determinado

conteúdo, a sua autoestima fica rebaixada e ele não assume que não aprendeu, devendo

o professor usar outras estratégias para a verificação da aprendizagem, procurando

meios e multimeios para a efetivação da aprendizagem.

Ensinar Química para surdo requer um pouco de trabalho, pois como sua

aprendizagem é mais visual, precisa-se organizar com antecedência, separar figuras ou

imagens para servir de apoio durante as aulas. Seleciona-se os conteúdos e dentro

destes pesquisa-se sua utilização no dia-a-dia, para que o aluno sinta que é importante

conhecer um pouco da química. Expor um determinado assunto, exemplificando de forma

visual e ilustrada, o faz despertar, questionar e participar da conversa em Libras de forma

satisfatória, então como fazer com que escrevam, estudem e estejam aptos para

responder os questionamentos por escrito. Se por acaso não conseguirem escrever as

palavras corretamente, o professor deve interferir para mostrar a forma correta. Os alunos

precisam aprender a ter hábitos de estudo, pois assim serão beneficiados e a

aprendizagem fluirá de forma tranquila e satisfatória. Muitos alunos são aprovados para a série seguinte, mas continuam apresentando

dificuldades na leitura e escrita, o que compromete o ensino de Química. Para superar

essas dificuldades, são feitos muitos trabalhos práticos, caça-palavras, enumere a 2ª

coluna de acordo com a 1ª, trabalha-se muito com a TV pendrive, faz-se exercícios de

complete onde é dado antecipadamente as palavras corretas para completar, mas de

forma salteada e eles tem de escolher a palavra correta, pede-se que leiam, explica-se os

novos vocabulários e questiona-se de forma a direcionar para a resposta.

Precisa-se fixar estas palavras, havendo necessidade de outros exercícios

diferentes com as mesmas palavras para auxiliar na fixação das mesmas. O professor

cria novas estratégias e exercícios, mas é imprescindível que o aluno se esforce e estude

o novo vocabulário.

Tudo isso, nunca se esquecendo do apoio visual, para facilitar a aprendizagem.

Espera-se que o aluno possa transcrever para o papel aquilo que fez em libras, porém se

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isso não acontecer com perfeição, o professor precisa interferir para ensinar a forma

correta. Para ensinar Química é necessário entrar um pouco na sua história, para que o

aluno perceba que a Química influencia os hábitos pessoais de consumo e pode mudar a

economia de um país. É muito importante que o aluno descubra que a Química junto com

as novas tecnologias pode beneficiar a sociedade e que se conscientize de que os

problemas químicos que se enfrenta no dia-a-dia podem ser amenizados com mudanças

de atitudes que possibilitem o exercício da cidadania.

A escola precisa de espaços, espaços para perceber, observar e avaliar a grande

diversidade deste mundo moderno, às vezes fica-se muito dentro da sala de aula e o

aluno não tem acesso a outros ambientes de aprendizagem. Não se pode perder nem se

esquecer do que já passou, precisa-se de ações, de novas descobertas dentro da

educação, principalmente dentro da educação de surdos.

O surdo tem direito ao conhecimento químico e nós professores temos o dever de

proporcionar a ele esse conhecimento que, não precisa ser profundo, mas esclarecedor.

Trabalha-se muito com mapa conceitual, pois o aluno tem uma idéia geral sobre o

assunto. Por exemplo, álcool, partindo daí esgotar todas as possibilidades sobre o

assunto: na alimentação, como combustível (o processo de produção), tipos de bebidas

alcoólicas, seu uso e conseqüências, sua fórmula, grupo funcional, enfim descobrir a

aplicação do álcool nas diferentes áreas do conhecimento; assim o aluno passa a opinar e

a exercer o papel de cidadão consciente.

A questão da avaliação é um problema para surdos e ouvintes; pensa-se que é

muito importante colocar aqui algumas vantagens e desvantagens de alguns tipos de

questões. Por exemplo: nas questões subjetivas as vantagens é que são mais fáceis de

elaborar, avalia-se a capacidade de organizar, interpretar, avaliar e criticar do aluno, e

considera-se inadequadas ao surdo, pois valoriza mais a redação, a correção é difícil, se

gasta muito tempo e energia do aluno e do professor, devido a sua dificuldade com o

português. Por outro lado, é importante inserir esse tipo de questão, em menor número,

para que o aluno sinta que é necessário aprender o Português, produza textos e se

esforce mais.

Já nas questões objetivas, as respostas são muito curtas ou mecânicas e as

vantagens está numa seleção mais adequada de questões; questões curtas e em maior

número aumenta a fidedignidade do instrumento de avaliação, sendo que os preconceitos

e opiniões do professor não interfere no resultado. Precisa-se trabalhar com os alunos a

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importância das avaliações, pois os surdos tem mais facilidade de passar “cola” através

de sinais, por isso é necessário cuidar em não inserir muitas questões desse tipo; é

importante ressaltar que uma prova deve ser equilibrada em diferentes tipos de questões,

abrangendo assim o maior número de alunos.

É interessante ressaltar os aspectos mais importantes, e evitar assuntos triviais.

Deve-se facilitar a leitura dos itens e agrupar os itens do mesmo tipo, de modo que a

disposição mental do aluno, não seja a todo o instante modificada, ao passar de um item

para o outro.

As instruções devem ser completas e os itens claros. Os instrumentos de avaliação

do aluno surdo deve ser bem diversificado assim como os tipos de questões.

Na cabeça do aluno a Química é muito difícil, inatingível, sua visão de mundo é

limitada, não consegue ler e entender um pequeno texto, não tem diálogo com os pais,

pois estes não dominam a sua língua, então... Como ensinar Química? Intui-se que se

precisa estimular e aguçar a curiosidade do aluno para que este sinta vontade de

aprender algo, então se precisa mostrar muitas figuras, fazer muitos questionamentos

com histórias curiosas, aulas de laboratório, para que o aluno não resista e comece a ter

vontade de aprender.

Na experiência da autora, seu caderno pedagógico consta de três unidades

temáticas, a qual trata de assuntos distintos.

A Unidade I trata-se de algumas atividades desenvolvidas em sala de aula, dentre

as quais o professor coloca-se como mediador, fazendo com que os alunos construam

seu conhecimento de forma participativa. Escolhe-se: caça símbolo dos elementos

químicos, fórmula com modelos atômicos (drogas, entre outros), mapa conceitual (álcool,

entre outros), reações químicas, e sudoku. O ensino de química deve fazer com que mais

pessoas tenham acesso ao conhecimento químico o que tornará possível a sua

participação nas decisões que afetam o meio social e natural, bem como a qualidade de

vida.

A Unidade II trata de atividades com a TV pendrive: separação de misturas,

estados físicos da matéria, fenômenos físicos e químicos, e materiais de laboratório. São

atividades visuais, onde o professor poderá explorar as imagens, interagindo com os

alunos, e explorando o conhecimento do grupo. Partindo daí os alunos farão exercícios

baseados nesta apresentação.

A Unidade III trata de atividades em laboratório: Cromatografia em Papel;

Identificação do Carbono; Funções Inorgânicas; Identificação de Substâncias Puras e

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Misturas; Normas de Segurança; PE, PF e Mudanças de Estados Físicos; Preparando

Sabão; Separação de Misturas; Teste de Chama; Aparelhagem de Laboratório, Pesagem

e Técnicas de Volumetria. O aluno é estimulado a pensar, a aguçar a curiosidade

científica; envolvem atenção, percepção, questionamentos e pesquisa como complemento

da atividade. O aluno também terá que planejar executar, observar, solucionar problemas,

relacionar teoria e prática e manter uma atitude de segurança no trabalho todo o tempo.

São sugestões de atividades, onde o aluno aprenderá de forma mais significativa, passará

a gostar mais da Química, e por meio desta Ciência, conhecer melhor a natureza.

4 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO

Alunos surdos do 1º e 3° Ano do Ensino Medio (Ensino Regular)

5 ATIVIDADES PROPOSTAS

De todas as atividades dadas, seleciona-se para ser apresentada neste artigo:

1ª ATIVIDADE: FÓRMULAS COM MODELOS ATÔMICOS: DROGAS

Deve-se estimular o aluno a ser analítico, crítico e observador. Devendo pois,

compreender que o uso de substâncias psicoativas levam a padrões de comportamento

mal adaptados e a consequências biopsicossociais. Tomando como exemplo a substância

álcool, provenientes de plantas como: cana-de-açúcar, beterraba, uva, etc; que, de acordo

com seu modo abusivo, pode trazer benefícios ou malefícios.

Droga, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, é qualquer

substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou

mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento.

Existem substâncias que são usadas com a finalidade de produzir efeitos

benéficos, como o tratamento de doenças, e são consideradas medicamentos. Mas

também existem substâncias que provocam malefícios à saúde, os venenos ou tóxicos. É

interessante saber que a mesma substância pode funcionar como medicamento em

algumas situações e como tóxico em outras.

As principais drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando

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modificações no estado mental, no psiquismo; são chamadas drogas psicotrópicas

também conhecidas como substâncias psicoativas, mas nem todas tem a capacidade de

provocar dependência. No entanto, há substâncias aparentemente inofensivas e

presentes em muitos produtos de uso doméstico que tem esse poder.

A questão do envolvimento de pessoas com álcool e outras drogas, vai além da

simples busca dos efeitos dessas substâncias. Podem ser consideradas diversas causas

para o uso de drogas: a disponibilidade dessas substâncias, a imagem ou as ideias que

as pessoas fazem a respeito das drogas, as características de personalidade, o uso de

substâncias por familiares ou amigos entre outras. São questões que abrangem toda a

sociedade.

MATERIAL UTILIZADO: Modelo molecular; Livros, revistas, internet, jornais, etc (para

pesquisa).

OBJETIVO:

• Montar as fórmulas espaciais de alguns compostos orgânicos.

• Observar a relação entre as fórmulas estrutural, espacial e molecular.

• Observar o número de ligações que dado elemento deve fazer para adquirir

estabilidade.

• Reconhecer e superar situações difíceis sem substâncias psicoativas.

• Identificar como as substâncias psicoativas atuam no cérebro.

PROCEDIMENTO:

• Fazer uma cópia contendo a fórmula estrutural e o nome de cada composto

orgânico, a tabela abaixo pode ser aumentada: Anfetamina, Cocaína, Etanol,

Heroína, Morfina e Nicotina.

• O professor dividirá a classe em 6 grupos.

• Cada grupo receberá um papel contendo a fórmula estrutural e o nome de um

composto orgânico.

• O professor separará o n° de peças do “Modelo Molecular”, próprio para cada

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composto, para evitar que perca-se peças.

• Montar essa fórmula com o "modelo molecular".

• Fazer uma pequena pesquisa com relação a esse composto orgânico, que poderá

ser de diferentes fontes (no mínimo 5 fontes).

• Fazer uma síntese da sua pesquisa e trocar com outros grupos.

• Sugere-se que cada grupo faça sua pesquisa para apresentar para a classe, que

poderá ser na TV pendrive, Multimídia, com cartazes ou como preferir.

• Cada equipe deverá fazer uma propaganda, com um slogan de fácil assimilação

sobre o seu composto orgânico.

NICOTINA MORFINA

HEROÍNA

ETANOL COCAÍNA ANFETAMINA

Pesquise e responda:

a) Escreva a fórmula molecular (FM) para os compostos: Anfetamina, Cocaína,Etanol,

Heroína, Morfina e Nicotina.

b) A fórmula estrutural reproduz a configuração espacial da molécula?

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c) Faça uma síntese com as características principais de cada composto orgânico.

d) Cite uma semelhança e uma diferença entre as diversas bebidas alcoólicas.

e) O que quer dizer álcool desnaturado? Qual a razão desta desnaturação?

f) O que você pode fazer para prevenir o uso de drogas?

g) O que pode ser feito para se trabalhar a prevenção?

h) Como posso me comprometer?

RESULTADOS

Montar fórmulas é fácil, mas dentre estas escolhidas tem algumas complicadas.

Os alunos gostaram de montar, porém em determinados momentos solicitaram ajuda.

Para a pesquisa, leva-se para a sala: livros, revistas e jornais para pesquisa. Neste

momento tem-se que fazer muitas intervenções, pois não pode-se copiar tudo e sim

selecionar os tópicos mais importantes. O grupo resolveu fazer uma apresentação na

Multimídia, então foram para o computador; ensina-se a fazer a apresentação de slides,

desde a seleção de fotos. Depois precisa-se dar assistência individual para cada grupo,

posteriormente eles treinaram apresentar com ajuda da professora. Fizeram também uma

pequena representação teatral com três cenas: uma com um aluno fumando na escola e

influenciando outros colegas; outra com um pai de família chegando bêbado em casa e a

última com um aluno vindo para a aula drogado. Fizeram apresentação na multimídia para

outras turmas do Ensino Médio Houve muitos questionamentos por parte de outros

alunos, acontecendo muitas reflexões, considerando assim uma atividade reflexiva,

dinâmica e satisfatória.

2ª ATIVIDADE: IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PURAS E MISTURAS (LABORATÓRIO)

A maioria dos materiais que nos cercam são misturas. Ex: Aço, vinagre, álcool,

ouro, leite, água mineral, etc.

Sistema é o objeto da nossa observação (estudo). Cada porção do sistema que

apresenta um aspecto uniforme recebe o nome de fase.

Na mistura Homogênea é impossível distinguir as partes diferentes, só há uma fase

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(monofásica = solução).

Na mistura Heterogênea pode-se distinguir as fases: 2 fases (bifásica), 3 fases

(trifásica) e mais de 3 fases (polifásica).

Mistura é formada por duas ou mais substâncias puras, onde cada uma dessas

substâncias é denominada componente.

As Substâncias Puras apresentam a mesma composição em toda a sua extensão e

são caracterizadas por suas propriedades físicas e químicas. Podem ser classificadas em:

• Substâncias simples: formadas por um único elemento químico. Ex: H2, O2, O3, etc

• Substâncias compostas: formadas por mais de um elemento químico. Ex: HCl,

H2SO4, o ar que respiramos, a água do mar, etc

MATERIAL: Tubos de ensaio; Suporte para tubos de ensaio; Álcool, areia, sal, açúcar,

óleo, serragem, pedrinha; Espátula

OBJETIVO:

• Distinguir sistemas homogêneos de heterogêneos.

• Verificar o n° de fases de uma mistura.

• Reconhecer substâncias simples e compostas.

PROCEDIMENTO:

a) Misture as substâncias citadas no quadro abaixo e complete o quadro com o n° de

fases e o seu respectivo nome; verifique se a mistura é homogênea ou heterogênea e

assinale com um X .

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SISTEMAS N° DE FASES

NOME HOMOGÊNEA HETEROGÊNA

1 Água (½ tubo) +

sal (a pontinha da

espátula)2 Água (½ tubo) +

óleo +

1 pedrinha3 Água (½ tubo)

+ serragem 4 Água (½ tubo) +

açúcar

(a pontinha da

espátula)

+ granito + gelo5 Água (½ tubo) +

álcool (1 dedo)+

areia

b) Desenhe nos tubos abaixo os sistemas do quadro acima, e coloque o nome e o n° de

substâncias (componentes) de cada um:

1 2 3 4 5… substâncias … substâncias … substâncias … substâncias … substâncias

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Pesquise e responda:

a) Quais os componentes do soro hospitalar? Quantas fases apresenta? ….............

….................................................................................................................................

b) A bancada do laboratório está uma bagunça, organize separando as substâncias

simples das substâncias compostas.

SUBSTÂNCIAS SIMPLES SUBSTÂNCIAS COMPOSTAS

RESULTADOS

Participaram da aula; em primeiro lugar convida-se um aluno para fazer a

demonstração, no laboratório, pede-se para o aluno ler o n° 1, completar a tabela e fazer

o desenho no quadro. Assim outros alunos fizeram outros itens. Conseguiram também

fazer a atividade pesquise e responda (b); a atividade pesquise e responda (a) ficou para

fazer em casa, a qual não fizeram, por este motivo leva-se, para sala de aula, material de

pesquisa para eles responderem a esse questionamento. A maior dificuldade é a Língua

Portuguesa, mas eles tem direito a ter o conteúdo, então temos que fazer o máximo para

às vezes eles assimilarem o mínimo.

Para esta atividade precisa-se atenção, observação, relacionar teoria e prática

uma vez que a parte teórica já foi dada em sala de aula. O aluno também tem que manter

uma atitude de segurança no trabalho, pois tem que manusear corretamente as

O2H2O4

Cl2H2

O3água

HClálcool

CO2

Fósforovermelho

CH4

grafite

Fósforo branco

NaCl

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substâncias e vidrarias.

Considera-se esta atividade satisfatória, pois consegue-se o objetivo, além do que

proporciona-se aos alunos outro ambiente de aprendizagem.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredita-se que pode-se aperfeiçoar o trabalho do professor de Química, mas para

isso há necessidade de praticar, experimentar novas idéias e estratégias. Dessa forma o

aluno irá aprender e efetivar a aprendizagem. Não pode-se afirmar a forma correta de

ensinar Química para surdos, seus métodos e estratégias.

O professor precisa ter muita criatividade e dentro de um mesmo conteúdo, fazer

atividades com diferentes estratégias para favorecer o maior número de alunos surdos.

A demora ao acesso a língua de sinais, e a falta de profissionais que dominem

essa língua faz com que muitos surdos apresente dificuldades na aprendizagem, pois

pularam etapas importantes para o desenvolvimento cognitivo interferindo de forma global

na aprendizagem destes alunos.

Dificuldade de aprendizagem implicaria em qualquer dificuldade observável

vivenciada pelo aluno para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas da

mesma idade, independentemente do fator determinante da defasagem. (Martin e

Marchesi apud BORUCHOVITCH, 2001, p.40).

A aprendizagem não pode ser vista como mera acumulação de conhecimentos ou

aquisições, mas como uma construção ativa e uma transformação das idéias, uma

modificabilidade cognitiva estrutural, um processamento de informação mais

diversificado, transcendente e plástico, consubstanciando a função de facilitação e

de mediatização intencional do professor. (Fonseca e Santos, apud FONSECA,

1995, p. 82).

Se o aluno não consegue aprender, a sua autoestima fica rebaixada o que poderá

levar ao fracasso escolar e este poderá induzir o aluno a condutas inapropriadas para a

sua inserção na sociedade.

Considerando que os alunos aprendem de forma diferente, acredita-se que as

atividades selecionadas foram satisfatórias, pois atingiu o maior número de alunos surdos,

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fazendo com que participassem das atividades e se interessassem pela disciplina

adquirindo novos conhecimentos.

Os alunos se identificaram com as atividades que envolvem materiais pedagógicos

tridimensionais conseguindo se concentrar na aula, no laboratório também houve

concentração, observação e questionamentos, o que abriu uma janela para a efetivação

da aprendizagem.

O mais importante é que puderam ter uma noção geral sobre o conteúdo dado, que

tiveram acesso a ambientes diferentes de aprendizagem, puderam refletir e questionar a

aplicação da química na sociedade, colocando-se como cidadãos ativos participando de

todas as atividades.

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FONSECA, Martha Reis Marques da. Química: Química Orgânica. São Paulo: FTD, 1992

GOWDAK, Demétrio; MARTINS, Eduardo. Natureza e Vida - Ciências 8ª série. Editora FTD. São Paulo.

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