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Quincas Borba Machado de Assis

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Quincas Borba Machado de Assis

Local: Barbacena

Rio de Janeiro

Época: 1867 – 1871

Lei do Ventre Livre (dos Ingênuos)

Guerra do Paraguai

Partido Republicano

Perda de prestígio político de D. Pedro II

Queda de Napoleão III

Comuna de Paris

Guerra de secessão (Norte industrializado)

Narrativa em 3ª pessoa, com interferências do narrador

Prof. Roger

Seqüência das ações

A história inicia com Rubião já no Rio de

Janeiro, contemplando o mar e lembrando o

passado.

Capítulo I

Rubião fitava a enseada, - eram oito horas da manhã.

Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do

chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo,

cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água

quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em

outra cousa. Cotejava o passado com o presente. Que

era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista.

Prof. Roger

"Vejam como Deus escreve direito por

linhas tortas", pensa ele. Se mana Piedade tem

casado com Quincas Borba, apenas me daria

uma esperança colateral. Não casou; ambos

morreram, e aqui está tudo comigo; de modo

que o que parecia uma desgraça...

Num longo flashback, (IV – XXVII) ficamos

sabendo como Rubião conheceu Quincas

Borba (o filósofo) em Barbacena (MG) e como

tornou-se seu herdeiro universal, em troca de

cuidar de Quincas Borba (o cachorro).

Prof. Roger

Capítulo IV

Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência, que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia.

“Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância;

Quincas Borba e o Humanitismo

Prof. Roger

mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”

Prof. Roger

Na viagem para o Rio, Rubião conhece o casal Cristiano Palha e Sofia, aos quais fala de sua nova condição financeira.

Capítulo XXXIX

“Rubião lembrou-se de uma comparação velha, mui velha, apanhada em não sei que décima de 1850 (...) Chamou aos olhos de Sofia as estrelas da terra, e às estrelas os olhos do céu. (...)

- Com uma diferença, continuou Rubião. As estrelas são ainda menos lindas que os seus olhos, e afinal nem sei mesmo o que elas sejam; Deus, que as pôs tão alto, é porque não poderão ser vistas de perto, sem perder muito da formosura... Mas os seus olhos, não: estão aqui, ao pé de mim, grandes, luminosos, mais luminosos que o céu...”

Prof. Roger

Capítulo L – Conversa de Palha e

Sofia após a reunião

Capítulo LII – Carlos Maria

Capítulo LIV – Camacho

Capítulo LX – Rubião salva a criança

Capítulo LXI – Rubião sócio de Camacho

Capítulo LXIX – “Palha e Cia”

Capítulo C – Rubião candidato

Capítulo CVIII – Palha adverte Rubião sobre

gastos excessivos...

Capítulo CXVIII – Comissão de Alagoas

(D. Fernanda entra na história)

Prof. Roger

Capítulo CXXII – Carlos Maria e Maria Benedita

Capítulo CXXVIII – Palha desfaz a sociedade

Capítulo CXXX – O casal Palha não quer mais

amigos pobres ...

Capítulo CXLV – Rubião = Napoleão III

Capítulo CXLVII – Começa a loucura

Capítulo CLXV – Palha aluga uma casinha para Rubião

Capítulo CLXXXIII – Rubião é perseguido por crianças

Capítulo CLXXXV – Rubião no hospício

Capítulo CXCIII – Rubião foge para Barbacena

Capítulo CC – Rubião morre

Prof. Roger

O Final CAPÍTULO CCI

Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que

adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado

em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias

depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo

especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu

defunto homônimo é que dá o título ao livro, e por que

antes um que outro, - questão prenhe de questões, que

nos levariam longe... Eia! chora os dous recentes

mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso ri-te! É a

mesma cousa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis

fitar como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não

discernir os risos e as lágrimas dos homens.

Prof. Roger

Cap. 65: Galanteio de Carlos Maria

Cap. 85: Conversa com o cocheiro (casal de amantes

na Rua da Harmonia – Costureira)

Cap. 94: Costureiras na casa de Sofia (Dondon)

Cap. 99: Menino de recados, carta para Carlos Maria

Cap. 103: Cena de ciúme, Rubião mostra a carta

Cap. 106:…

Quebra do pacto narrativo (Luís A. Fischer) Prof. Roger

Capítulo CVI

...ou,capítulo em que o leitor, desorientado, não

pode combinar as tristezas de Sofia com a anedota do

cocheiro. E pergunta confuso - Então a entrevista da Rua

da Harmonia, Sofia, Carlos Maria, esse chocalho de

rimas sonoras e delinqüentes é tudo calúnia? Calúnia do

leitor e do Rubião, não do pobre cocheiro que não

proferiu nomes, não chegou sequer a contar uma

anedota verdadeira. É o que terias visto, se lesses com

pausa. Sim, desgraçado, adverte bem que era

inverossímil que um homem, indo a uma aventura

daquelas, fizesse parar o tílburi diante da casa pactuada.

Seria pôr uma testemunha ao crime. Há entre o céu e a

terra muitas mais ruas do que sonha a tua filosofia, - ruas

transversais, onde o tílburi podia ficar esperando.

Prof. Roger

A loucura de Rubião

Napoleão III (loucura)

Pedro Rubião de Alvarenga

D. Pedro II (sátira)

“No fim, pobre e louco, ele morre abandonado; mas, em compensação, como queria a filosofia do Humanitismo, Palha e Sofia estão ricos e considerados, dentro da mais perfeita normalidade social. Os fracos e os puros foram sutilmente manipulados como coisas e em seguida são postos de lado pelo próprio mecanismo da narrativa, que os cospe de certo modo e se concentra nos triunfadores...” (Antonio Candido)

Prof. Roger

Rubião

Palha: sedução financeira

Sofia: sedução amorosa

Camacho: sedução política

Herda a fortuna, o

cachorro e a loucura

Sua ruína é econômica, moral e física

É destruído por querer ser

tão importante socialmente

quanto era economicamente,

mas sua riqueza advém do

acaso, não de seus méritos.

Professor x Capitalista

Vencedor x Vencido

Ingênuo x Esperto

Prof. Roger

O cão Quincas Borba

Tendo o mesmo nome do filósofo, é

como se Quincas tivesse deixado a

herança para si mesmo...

Representa uma espécie de

consciência de Rubião.

Representa os valores que os

humanos perderam (ou não têm mesmo):

constância e fidelidade.

Prof. Roger

Carlos Maria (aristocracia decadente)

Sofia Cristiano Palha (capitalista ascendente)

Pedro Rubião (homem livre – “ingênuo”)

Palha e Sofia: emergentes Prof. Roger

Temas presentes na obra:

Loucura, adultério, parasitismo social, política

desonesta, sensualidade/sexualidade recalcada,

indiferença ante a dor alheia

Romance é a descrição prática do processo

humanitista, não há derrota, nem morte,

somente a supressão de uma vida em prol de

outra.

Duas tribos Palha e Rubião

Selva Sociedade burguesa

Batatas Fortuna

Humanitismo: sátira às teorias da

época, em especial, ao Positivismo.

Prof. Roger