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QUINTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2013
BRASIL ECONÔMICO
Do blog ECOnsciência
Planta sobrevive 40 anos dentro de garrafa sem água ou ar
MINI JARDIM ENGARRAFADO
É possível uma planta viver lacrada por 40 anos dentro de uma enorme garrafa de vidro, tampada e sem a menor brisa de ar fresco ou um pinguinho d’água que seja?
O jardineiro inglês David Latimer, de 80 anos, diz que engarrafou o vegetal em 1960 e vedou o frasco 12 anos depois. Mas, para sua surpresa, até hoje ela continua firme e forte.
Especialistas dizem que a garrafa pode ser um perfeito ecossistema completamente autossuficiente com a planta e bactérias trabalhando ativamente no solo.
A única coisa externa necessária para manter a planta viva durante tantos anos é a energia vital para promover a produção de glicose, seu alimento que a faz crescer e se manter viva. Evidentemente, a fonte energética vem do Sol.
A água já existia dentro da garrafa quando a planta foi inserida e ela continuou a ser reciclada, enquanto as bactérias da terra quebravam materiais orgânicos em decomposição que caíam da planta, liberando dióxido de carbono, tão necessário para o processo de fotossíntese.
O senhor Latimer disse que quatro espécies foram plantas e quando a garrafa foi lacrada, 3 morreram e apenas 1 sobreviveu todo esse tempo. Ele tem orgulho de sua “obra” e a mantém embaixo de sua escada.
Ele imagina deixar a garrafa para seus filhos quando morrer. Mas, se não quiserem, a Royal Sociedade de Horticultura da Inglaterra já demonstrou grande interesse em adquiri-la.
Os peixes e a preservação •Santuários marinhos são regiões onde é proibido pescar. Geralmente, a implementação dessas reservas é combatida
pelas comunidades de pescadores, que se sentem prejudicadas. Agora, os ecologistas conseguiram um novo
argumento para convencer os pescadores a permitir a criação de reservas: elas exportam peixes fáceis de pescar.
Apesar de a maioria dos ecologistas defender a criação de santuários marinhos como uma arma importante para
preservar a biodiversidade dos mares, a criação e a manutenção de áreas preservadas têm se mostrado difíceis,
quando não impossíveis.
Enquanto a população mundial se identifica com a sobrevivência de um simpático macaquinho ou um filhote de
leopardo e se comove com um elefante assassinado, uma lagosta ou um bacalhau despertam o apetite em vez da
simpatia nos seres humanos.
Visitar uma reserva marinha é bem menos interessante que visitar uma reserva de grandes mamíferos. Observadas da
superfície, as reservas nada mais são do que áreas de oceano, idênticas a quaisquer outras, em que a entrada de
pescadores é proibida. Como na maioria das vezes o ideal é proteger exatamente uma parte da área utilizada por
comunidades que vivem da pesca, sua criação e manutenção é sempre polêmica.
Nas últimas décadas, os ecologistas têm utilizado dois argumentos para convencer os pescadores da utilidade dessas
reservas. O primeiro argumento é o do transbordamento. Os ecologistas demonstraram que, na ausência de
pescadores, os animais que vivem nas reservas crescem mais; além disso, sua densidade populacional aumenta muito
e, após alguns anos, isso provoca o transbordamento desses animais para fora das reservas, onde podem ser pescados,
beneficiando a comunidade.
O segundo argumento é o do subsídio cruzado. Dentro das reservas, os animais, em razão das condições favoráveis,
produzem um número muito maior de ovos e filhotes. Como esses filhotes são carregados facilmente pelas correntes,
grande parte deles é transportada para fora da reserva e auxilia na manutenção das populações que vivem nas regiões
onde a pesca é permitida.
Agora, um grupo de cientistas fez um descoberta simples, mas que acrescenta um terceiro argumento importante.
Foram estudadas três reservas nas Filipinas. Em cada uma, foram analisados três grupos de peixes, os
Chaetodontidea, que não são pescados, e os Acanthuridae e Scaridae, que são ativamente pescados na imediações das
reservas.
O experimento é extremamente simples. Um mergulhador se coloca a 8 ou 10 metros de um exemplar de um desses
peixes e nada lentamente em direção ao peixe, carregando dois instrumentos. Um mede a distância que separa o
mergulhador do peixe; o outro mede o tamanho do peixe.
O nadador vai se aproximando, até que, com medo, o peixe foge ou se esconde. A distância em que o peixe decide
fugir é chamada de Distância de Início da Fuga (FID, na sigla em inglês). Essa medida foi estabelecida para centenas
de peixes de cada grupo em quatro áreas distintas: uma bem dentro da reserva, outra bem fora da reserva e, em duas
faixas, de 200 metros cada uma, na borda externa e interna da reserva.
Os cientistas descobriram que os peixes de dentro das reservas são maiores e têm FID muito menor que os peixes que
vivem bem fora das reservas. Mas nas bordas externas da reserva foi encontrado um grande número de peixes
grandes com FID baixo, típico dos peixes que vivem no interior das reservas. Esse resultado foi obtido somente para
as espécies de peixes que são normalmente pescadas por seres humanos fora da reserva. Na espécie que não é
pescada, não existe diferenciação entre os peixes de dentro e de fora da reserva.
Esse resultado confirma que os peixes de dentro da reserva, protegidos dos pescadores, atingem um tamanho maior
que os que vivem fora da reserva. Também demonstra que peixes grandes, de dentro das reservas, "transbordam" para
fora como se suspeitava. Mas o mais importante é que esses peixes grandes que transbordam não têm medo do ser
humano (FID baixo), permitindo que os mergulhadores se aproximem bastante, facilitando o uso do arpão. Em outras
palavras, são peixes gordos e ainda "inocentes", pois nunca foram perseguidos por pescadores.
A descoberta de que as reservas marinhas produzem uma população de peixes grandes e fáceis de pescar nas suas
imediações foi usada com grande sucesso pelos cientistas para convencer os pescadores da região do valor econômico
das reservas.
Fernando Reinach é biólogo