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QUINTO LIVRO DAS SECAS Vingt-un Rosado (Seleção e Organização) Edição especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria

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QUINTO LIVRO DAS SECAS – Vingt-un Rosado –

(Seleção e Organização)

Edição especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria

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A Glauco Olinger e Afonso Villela Bonillo.

A Francisco Alves de Andrade e Castro, que

me conseguiu cópia do Trabalho de Fonseca

Rodrigues.

A José Bonifácio Câmara, Raimundo Nonato,

Raimundo Nunes e Arnóbio Cabral, que trou-

xeram o Barão de Capanema para o Quinto

Livro das Secas.

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SUMÁRIO

1 – Os Mecanismos da Desintegração das Paisagens Tropicais

no Pleistoceno – Aziz Nacib Ab’ Saber – Inter-Facies, n.º 4

– 1979, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas,

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –

São José do Rio Preto. ...............................................

2 – Nordeste Seco: Uma Bibliografia Seletiva – A. N. Ab’Sáber

– Biblio – Geo n.º 3 – São Paulo 1979 – Instituto de Geogra-

fia e Universidade de São Paulo.

3 – Limitações dos Informes Paleoecológicos das Linhas de Pe-

dra, no Brasil – Aziz Nacib Ab’Sáber – Inter-Facies n.º 1 –

1979 – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas –

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –

São José do Rio Preto. ...............................................

4 – Espaços ocupados pela Expansão dos Climas Secos na Amé-

rica do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários.

Aziz Nacib Ab’Sáber – Cratun e Intercratun n.° 8, 1980 –

Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – Univer-

sidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – São Jo-

sé do Rio Preto. .........................................................

5 – Razões da Retomada Parcial de Semi-aridez Holocênica, por

ocasião do Otimum Climaticum – Aziz Nacib Ab’Sáber –

Inter-Facies n.° 8, 1980 – Instituto de Biociências, Letras e

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Ciências Exatas – Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho” – São José do Rio Preto. .................

6 – A Região dos Cariris Velhos no Domínio das Caatingas –

Maria Angélica Figueiredo Gomes – Vegetália n.º 12, 1980

– Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

– São José do Rio Preto. ............................................

7 – Os Cariris Velhos: Condicionantes Climáticos. Maria Angé-

lica Figueiredo Gomes – Vegetália, n.° 13, 1980 – Universi-

dade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” – São José do Rio

Preto. ..........................................................................

8 – A Vegetação dos Cariris Velhos no Estado da Paraíba – Ma-

ria Angélica Figueiredo Gomes – Vegetália, n.° 14, 1980 –

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –

São José do Rio Preto. ...............................................

9 – Retorno do Investimento em Pesquisa feita pela EMBRAPA:

Contribuição ao Controle dos efeitos da Seca no Nordeste –

Francisco Tarcisio Goes de Oliveira e João Batista da Silva

– Documentos DDT n.° 4 – maio de 1981 – EMBRAPA –

Brasília. ......................................................................

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INTER-FACIES

Escritos e Documentos

N.º 4 – UNESP – 1979

OS MECANISMOS DA DESINTEGRAÇÃO DAS

PAISAGENS TROPICAIS NO PLEISTOCENO

Efeitos paleoclimáticos do período

Würm-Wisconsin no Brasil

Aziz Nacib Ab’Sáber

Muitas são as evidências de que, anteriormente à época

de expansão dos climas secos pela América do Sul Oriental,

teria existido um quadro de domínios naturais, aproximadamen-

te similar àquele hoje prevalecente (Hüeck, 1966; Ab’Sáber,

1967, 1971, 1977). Em outra palavras, pelo menos no que diz

respeito à fachada oriental da América do Sul, é quase certo que,

antes da expansão dos climas secos do Pleistoceno Superior,

teria havido condições grosso-modo similares às atuais. Sendo

que o quadro de referências, tomado para o que chamamos de

“atual” seria o conjunto das paisagens naturais colonizadores

europeus, ao inicio do século XVI.

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Tudo indica que os “stocks” vegetais da América do

Sul no Quaternário tenham flutuado no espaço ao sabor das flu-

tuações paleoclimáticas. Entretanto, em termos de patrimônios

florísticos, os grandes tipos de cobertura vegetal teriam sido

praticamente os mesmos de hoje. Entrementes, o patrimônio

biológico, constituído pelas faunas quaternárias, com toda a cer-

teza esteve sujeito a quadros de distribuição muito complexos,

em função das variações climáticas e ecológicas quaternárias.

A acentuação da glaciação pleistocênica, na época

Würm-Wisconsin Superior (num momento em que o paleo-

espaço geográfico sul-americano já era igual ou similar ao de

hoje), deslanchou uma série de processos vinculados, suficientes

para desintegrar o caráter tropical dos climas até então pré-

dominantes (fase pré-Würm). Nesse sentido, a última grande

época glacial equivaleu para a América do Sul ao advento de um

outro Geossistema Global, marcado pela regressão das florestas

e ampliação das formações abertas inter e subtropicais. Tudo

isso, em função da expansão compartimentada dos climas secos,

sasonários, determinada pela expansão das correntes frias, até

latitudes bem mais baixas do que as de suas extremidades atuais.

Efetivamente, os mecanismos dessa desintegração que

perdurou por alguns milhares de anos – com acentuação entre

13.000 e 20.000 anos – devem ser compreendidos em suas rela-

ções fisiográficas estruturais, cruzando-se fatos paleoclimáticos

com fatos oceanológicos e fatos relacionados à macro-

compartimentação topográfica da América do Sul Centro-

Oriental. Trata-se de uma verdadeira cadeia de fatos paleogeo-

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gráficos e paleoecológicos, para cujo entendimento, somente nos

últimos anos, temos algumas idéias básicas e cientificamente

coerentes.

Nesse sentido, atrevemo-nos a fixar alguns pontos, en-

tre os que podem ser estabelecidos como os menos duvidosos:

1. o conceito de uma faixa tropical estreitada, em fun-

ção da diminuição global das temperaturas no período glacial

Würm-Wisconsin Superior;

2. a julgar pelas “plotagens”, bem conduzidas, do pro-

jeto Climaps, teria havido rebaixamentos generalizados de tem-

peraturas no interior do próprio cinturão estreitado das terras

intertropicais, a esse tempo variando de sub-úmidas e semi-

áridas, com predominância de condições ecológicas de cerrados,

caatingas e savanas;

3. a diminuição generalizada e direta das temperaturas

– a nível planetário – por ocasião do período glacial Würm-

Wisconsin Superior, rebaixou as médias térmicas de 4 a 6°, no

mínimo, tanto nas áreas equatoriais estreitadas, quanto nas áreas

tropicais zonais ou azonais, identicamente retraídas para latitu-

des mais baixas;

4. a atuação das correntes frias ao longo do Atlântico

Sul ocidental, certamente foi muito mais ativa e através de uma

faixa de águas em movimento, muito mais larga do que as de

hoje. As correntes frias que hoje tem sua terminação entre o

Uruguai e o Rio Grande do Sul, provavelmente estendiam-se até

pouco acima da latitude do Espírito Santo, ainda que com deriva

mais rápida para o Atlântico Sul;

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5. em função da extensão para o norte da corrente Fal-

klands-Malvinas, houve condições para uma filtragem complexa

da umidade procedente do Atlântico, criando uma faixa semi-

árida, a nível topograficamente baixo, desde o Uruguai e Rio

Grande do Sul, até aproximadamente o Sul ou o Centro da Ba-

hia. Esse braço costeiro de semi-aridez, por sua vez, atuou sobre

uma faixa costeira rebaixada, em função de movimentos glacio-

eustáticos negativos;

6 . à medida que os climas secos litorâneos do sul do

Brasil ganharam parte do Brasil de Sudeste, ultrapassando bas-

tante a latitude de Cabo Frio, as florestas atlânticas da Serra do

Mar perderam sua continuidade, no sentido base-topo, reduzin-

do-se a refúgios na testada superior das escarpas e em alguns

altos esporões e maciços costeiros, mais bem servidos por umi-

dade e pela eventual ação de chuvas orográficas. Assim se criou

a área refúgio “Serra do Mar”;

7. os climas das terras baixas amazônicas, situados em

faixas equatoriais teriam sido termicamente similares aos que

hoje predominam nos planaltos interiores de São Paulo e Sul de

Mato Grosso. E, se não houve maior refrigério no conjunto das

terras baixas amazônicas, no Pleistoceno Superior, tal fato se

deve à simples razão de que se tratava de um espaço amazônico

predominantemente sujeito a climas sasonários muito rústicos,

com estreitamento da faixa úmida (sub-úmida) e quente (sub-

quente) central, equatorial. Em seu conjunto, as condições cli-

máticas comportavam amplitudes térmicas muito maiores do

que as atuais, incluindo um inverno seco mais luminoso, fato

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que, a nosso ver, compensava a diminuição forçada dos índices

térmicos, vinculados à ação global do período glaciário;

8. dessa condição de predominância de climas tropicais

sub-quentes (de sub-úmidos a semi-áridos), atuantes por grandes

espaços à margem da faixa equatorial estreitada, resultou a pos-

sibilidade de preservação de áreas-refúgios, por retração de mas-

sas florestais, em diversos setores periféricos do espaço total das

terras baixas amazônicas. A mudança na direção dos fluxos de

ar úmido – circulando em níveis altos relativos – fez com que

setores sul-ocidentais da Amazônia e do arco amazônico dos

Andes fossem beneficiados pela umidade e precipitações pro-

vindas do NE (região cisandina da Amazônia);

9. no conjunto das terras amazônicas, as áreas-refúgios

eram predominantes periféricas e melhor distribuídas pelos qua-

drantes sul-orientais da região. Uma faixa descontinua de áreas-

refúgios possuía, entretanto, uma posição equatorial, envolvendo

um mosaico complexo de matas orográficas (bordas de tabulei-

ros e cuestas), e, grandes matas galerias, à montante da faill zo-

ne sulamazônica. O Amazonas e o baixo vale de seus afluentes

estavam muito encaixados devido à brusca mudança de nível de

base, provocada por movimentos glácio-eustáticos, razão pela

qual certamente possuiam poucas matas galerias;

10. quando o nível do mar esteve dezenas de metros

mais baixo, e as linhas de costa a quilômetros e dezenas de qui-

lômetros, recuadas plataforma a dentro, os climas secos então

predominantes foram capazes de expor saliências cristalinas

dotadas de rochas decompostas, e, criar fontes de areias para

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restingas e dunas nas baixas paleo-planícies costeiras regionais.

Essas massas de sedimentos arenosos, assim como os mantos de

decomposição destituídos de sua vegetação tropical original,

teriam sido os principais fornecedores de areias para a ulterior

formação de restingas, formadas a partir da transgressão flandri-

ana na costa Sul e Sudeste do Brasil (segundo interpretação bas-

tante coerente de Jean Tricart);

11. apesar dos numerosos casos de “linhas de pedras”,

existentes nos mais diversos compartimentos de planaltos do

Brasil, os climas regionais – predominantemente secos – com

toda a certeza foram muito diferentes entre si, desde o Rio

Grande do Sul até à Amazônia, e, desde o litoral até os altipla-

nos do Brasil Sul e do Brasil de Sudeste. Todos os agrupamen-

tos de “stone lines” documentam predominância de condições

secas ou semi-áridas, porém não têm força para indicar plena-

mente as condições paleoclimáticas efetivas de cada área ou

região em estudo. No Brasil extra-amazônico, de sul para norte,

os climas variaram de seco e muito frios até subtropicais e tropi-

cais mesotérmicos, de seco a sub-úmido. Na Amazônia, do ba-

lanço entre precipitações escassas e condições térmicas modera-

das, resultaram climas predominantemente quentes ou sub-

quentes, variando de quentes a sub-úmidos sasonários, até cli-

mas localmente quentes úmidos ou sub-úmidos, de pequena ex-

pressão espacial (nas áreas refúgios);

12. o papel desempenhado pelos pequenos refúgios re-

lacionados à presença local de solos naturalmente férteis, assim

como, o complexo papel das florestas galerias – que resistiram e

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sobreviveram às flutuações climáticas quaternárias da Amazônia

– não pode ser menosprezado, em qualquer estudo das condi-

ções paleoecológicas regionais. Pelo contrário, tais ecossistemas

de maior permanência no espaço regional, foram patrimônio

biológicos essenciais para a ulterior re-expansão de faunas e

floras;

13. para se compreender os diferentes tipos de padrões

de paisagens da Amazônia, no Pleistoceno Superior, é importan-

te levar em conta alguns esquemas de convivência local ou regi-

onal de floras pertencentes a diferentes formações abertas, como

são, por exemplo: 1. o caso da dúplice cobertura de caatingas

(vertentes) e cerrados (interflúvios) da região de Ribeira do

Pombal (Bahia, Brasil); 2. a convivência de ecossistemas de

matas, cerrados e caatingas, a curto espaço uma da outra, no

Estado de Sergipe; e, 3. a presença de numeroso caso de “bre-

jos” florestados, na forma de legítimos refúgios no interior do

espaço ecológico das caatingas (brejos de cimeira, brejos de

encostas ou vertentes úmidas, brejos de pé-de-serra ou de pie-

monte, e, brejos de vales voltados para ventos úmidos);

14. a idéia de que as matas possam conviver tão so-

mente com áreas de cerrados, sob a forma de “capões”, é total-

mente errônea, quando projetada para a compreensão da organi-

zação natural das paisagens do Pleistoceno Superior. É quase

certo que a convivência entre caatingas – ou vegetações simila-

res – com refúgios florestais, relacionados a chuvas orográficas

(à modo dos atuais “brejos” nordestinos” possa ter sido a com-

binação regional predominante de paisagens do último período

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seco do Quaternário Inferior, desde a latitude da Bahia e do cen-

tro-norte de Goiás (e depressões interplanálticas do Brasil Cen-

tral), até às Guianas e à Venezuela, pelo menos. Temos evidên-

cias de que enclaves de caatingas, ou de vegetação similar, ocor-

riam com freqüência em determinados tecidos ecológicos pleis-

tocênios do Estado de São Paulo e do Norte do Paraná, por oca-

sião do último período seco do Pleistoceno (Serra de São Fran-

cisco, campos de matações das serranias de Jundiaí-São Roque,

pedregais de São José no Rio Pardo, trechos de depressão pau-

lista, entre outros);

15. no Holoceno a re-expansão das florestas, de norte

para sul ao longo da fachada atlântica e do Alto e Médio Paraná,

assim como, da periferia para o centro da Amazônia, equivaleu a

um gigantesco processo de re-tropicalização dos tecidos ecoló-

gicos, através de amplo processo de coalescência e homogeniza-

ção relativa, com retomada da decomposição química de rochas

cristalinas e formação de diferentes tipos de oxis-solos recentes,

perenização das drenagens e multiplicação de nervura dentrítica

nas cabeceiras de bacias e sub-bacias hidrográficas.

Quem pense que a Amazônia é apenas uma grande e

homogênea planície rasa e topograficamente amorfa, não tem

condições para entender a importância dos fatores orográficos

na diferenciação dos climas regionais, à altura do Pleistoceno

Superior. De qualquer forma, a presença de compartimentos

deprimidos, de grande extensão, alternados por faces úmidas ou

faces mais secas, de relevos cuestiformas (o conjunto restando

envolvido pelos rebordos interiores de maciços antigos e ladei-

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ras de cordilheiras), teve grande importância para a diferencia-

ção dos climas regionais das terras baixas amazônicas e das ser-

ranias envolventes. Foi, essa compartimentação rasa que, ao par

com outros fatores topo-climáticos, criou mosaicos diferenciais

de condições ecológicas, ora para condições associadas de calor

e umidade (a exceção), ora para condições quentes ou subquen-

tes secas, capazes de favorecer a expansão de caatingas e ou

cerrados degradados (predominantes).

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45

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Municípios Brasileiros”. IBGE, Rio de Janeiro.

______________________

NOTA ESPECIAL: Em termos de bibliografias referentes à

Geografia Humana, Sociologia e Economia do domínio das caa-

tingas recomenda-se a seleção bibliográfica feita por Mário La-

cerda de Melo em seu livro “Regionalização Agrária do Nordes-

te” (Sudene – Ser. Estudos Regionais, 1978); e 2. o “Índice bi-

bliográfico comentado sobre recursos naturais do Estado da Ba-

hia”, elaborado pela CEPLAB (Secr. do Plan., Ciência e Tecnol.

Governo do Estado da Bahia), publicado em 1978.

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INTER-FACIES

Escritos e Documentos

N.º 1 – UNESP – IBILCE – 1979

LIMITAÇÕES DOS INFORMES PALEOECOLÓGICOS

DAS LINHAS DE PEDRA, NO BRASIL

Aziz Nacib Ab’Sáber

A velha idéia de que em todo o cinturão intertropical

da Terra teria ocorrido – por ocasião dos períodos glaciais e in-

terglaciais quaternários – uma sucessão de períodos pluviais e

interpluviais, prejudicou sensivelmente a compreensão do siste-

ma de flutuações paleoclimáticas e paleoecológicas da América

do Sul, durante o Quaternário. A extensão, pura e simples, dos

conceitos desenvolvidos por pesquisadores europeus, revelou-se

particularmente inconsistente, quando aplicado à metade oriental

das terras sul-americanas. Resíduos de tais generalizações per-

manecem, até nossos dias, a despeito do progresso recente das

pesquisas realizadas no Brasil e alhures.

Com efeito, observações geomorfológicas bem condu-

zidas sobre documentos paleoclimáticos do Quaternário no Bra-

sil, iniciadas na década de 50 (Cailleux e Tricart, 1957; Tricart,

1956, 1958), ampliadas e consolidadas no inicio da década sub-

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seqüente (Bigarella, Marques Filho e AB’Sáber, 1961; Andrade

e Bigarella, 1963), permitiram, de uma vez por todas, correlaci-

onar os períodos glaciais com as fases predominantemente se-

cas, e, os períodos interglaciais com fases quentes e úmidas,

mais ou menos similares às que predominam atualmente. Pouco

mais tarde, através do estudo sedimentológico das amostras do

setor norte da plataforma continental brasileira, sugiram os tra-

balhos de Damuth e Fairbridge (1970), que através de outro tipo

de documentação comprovaram o novo sistema de correlações

proposto e desenvolvido a partir das pesquisas de Bigarella e

Ab’Sáber (1961).

Paralelamente, estudos desenvolvidos por Haffer

(1969), Vanzolini (1970) e Vanzolini e Willams (1970), tiveram

o caráter de uma abertura e um total re-orientação para a com-

preensão da biogeografia sul-americana, em termos de modelos

de distribuição das espécies que compõem a complexa biota-

neotrópica. Até 1969-70 falaram os geomorfologistas, através de

numerosas contribuições regionais. A partir daí surgiram os tra-

balhos biológicos, e, mais recentemente os estudos dos prehisto-

riadores, numa reação em cadeia, devido o fértil cruzamento das

informações geocientíficas com as interpretações e constatações

biogeográficas. Alguns desses trabalhos são particularmente

importantes, por terem perseguido as explicações sobre o papel

e a marcha aparente dos centros de endemismos e da especiação

recente, a partir dos grandes refúgios florestais, e ao longo do

espaço ecológico total do Brasil intertropical, durante o Quater-

nário (Haffer, Keith Brown, Prance, entre muitos outros). Uma

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visão integrada das condições paleoclimáticas e oceanográficas

– em escala universal – surgiu em 1976, através do importante

estudo de modelização de Gates (Projeto Climaps).

Com ênfase particular na Amazônia Brasileira sucede-

ram-se contribuições fragmentárias, suficientes para aproxima-

ções sucessivas: descoberta do valor paleoclimático dos depósi-

tos pleistocênicos dos Alto Rio Branco (Barbosa, 1958 e, Barbo-

sa e outros, 1966), estudos sobre pedimentação quaternária por

Pimienta (1956), Yvonne Beigbeder (1959), e contribuição de

Takao Sakamoto sobre o caráter embutido dos plainos de erosão

amazônicos, com especulações sobre a delicada questão das

retomadas de erosão fluvial e a colmatagem flúvio-aluvial de-

correntes glácio-eustáticas quaternárias (1958), e, finalmente a

descoberta de diversas ocorrências de “linhas de pedra” no nor-

deste do Pará e no Amapá por Ab’Sáber (in Vanzolini, 1970), a

compatibilização de dados sobre aplainamentos modernos e de-

pósitos correlativos amazônicos (Ab’Sáber, 1967), a ampliação

dos conhecimentos sobre aplainamentos modernos pelos estudos

e mapeamentos do Projeto RADAM, descoberta de numerosas

ocorrências de “linhas de pedra” por André Journaux, na Ama-

zônia Centro-ocidental (1975) e, sucessivas contribuições geo-

morfológicas sobre as flutuações paleoclimáticas amazônicas no

Quaternário, da lavra do veterano pesquisador Jean Tricart

(1974, 1975, 1977). Finalmente, em 1977, publicou-se em cará-

ter de primeira aproximação um mapa dos domínios naturais da

América do Sul (há 13.000 – 18.000 anos), onde foram associa-

dos conhecimentos paleoclimáticos e paleoecológicos, assim

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como feitas indicações do roteiro aparente da expansão dos cli-

mas secos ao longo do espaço ecológico total (Ab’Sáber, 1977).

Ensinamento úteis, emanados de tais conhecimentos

científicos, foram tentativamente postos à disposição das autori-

dades governamentais brasileiras, para a seleção de áreas e sítios

para preservação obrigatória de áreas geneticamente significati-

vas, de ecossistemas e reservas de Biosfera, na Amazônia Brasi-

leira. Dentro de algumas máquinas administrativas houve sensi-

bilização para a incorporação de tais conhecimentos na política

geral de conservação de recursos naturais básicos e dos bancos

genéticos da natureza neotrópica, num momento de agressiva

atuação e expansão da tecnocracia dita desenvolvimentista.

O objetivo da presente comunicação, entrementes, é o

de rever e mostrar os caminhos metodológicos, através dos quais

os geomorfologistas descobriram documentos validos sobre o

mosaico altamente diferenciado de paisagens naturais que à altu-

ra do Quaternário Antigo (Pleistoceno Terminal), caracterizou a

América Tropical. Para chegar a uma visualização, cientifica-

mente válida, das paleo-paisagens, tivemos que cruzar dados

sobre a compartimentação geomorfológica, com as infromações

insuperáveis resguardadas na estrutura superficial das paisagens.

Não possuindo dados concretos sobre o esquema - certamente

perdido – das antigas massas de ar que foram os processos mo-

tores das condicionantes ecológicas, tivemos que inferir os fatos

a partir do estudo da posição e distribuição dos documentos pre-

servados no chão das paisagens atuais, ao longo do espaço total

do território brasileiro, que vimos estudando desde 1946.

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50

No campo dos documentos mais concretos encontrados

na estrutura superficial das paisagens, coube aos geomorfologis-

tas tratar de alguns fatos e grupos de ocorrências, suficientemen-

te relevantes para indicar episódios e testemunhos do passado

recente da região amazônica. A saber:

1. Ocorrência de “linhas de pedra”, em diferentes áreas

da Amazônia.

2. Presença de manchas de areias brancas em interflú-

vios, paleo-canais fluviais, terraços fluviais, leitos abandonados

de rios, e, em afloramentos rochosos específicos (quartzitos,

arenitos, alaskitos alterados).

3. Formas de dissecação de vertentes, em cuja origem

torna-se necessário pressupor flutuações climáticas contrastadas.

4. Presença de níveis de pedimentação e terraços pas-

sando a pedimentos (quaternários), em posições significativas,

nos tabuleiros e baixos platões regionais.

5. Presença de níveis altos de cascalheiras fluviais e

depósitos de terraços cascalhentos, em nível topográfico mais

baixos.

6. Presença de assembléias de feições geomórficas, as-

sociadas com depósitos correlativos e crostas duras (de limonita

ou laterita), de significação tanto do ponto de vista sincrônico

como discrônico (escarpas, montes testemunhos, e antigos insel-

bergs, depósitos correlativos e crostas duras; terraços fluviais de

diferentes idades, tipos de depósitos e posições topográficas).

No presente trabalho, sondaremos sobretudo o signifi-

cado paleoclimático e paleoecológico das linhas de pedras pre-

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parando-nos para um ulterior Tratamento das ocorrências de

areias brancas.

Um dos documentos básicos para a interprestação da

possível existência de formações abertas, vinculadas e climas

mais secos do que os atuais, nos diferentes compartimentos das

terras firmes amazônicas (baixos platôs, depressões periféricas,

pediplanos remodelados), no Pleistoceno Superior, tem sido

atribuído à presença freqüente de “linhas de pedra”, Ab'`Saber

(in Vazolini, 1970), e Journax (1975), utilizaram tais documen-

tos da estrutura superficial da paisagem como testemunhos irre-

futáveis da atuação de climas secos, contemporâneos aos perío-

dos glaciais para a região amazônica. No entanto, tem havido

excesso de generalização sobre o significado paleoclimático das

“linhas de pedra”. Há que estabelecer, por outro lado, as limita-

ções dos informes paleogeográficos e paleoecolólgicos relacio-

nados às stone lines.

Muito embora todos os pesquisadores que têm voltado

sua atenção para a estrutura superficial das paisagens intertropi-

cais brasileiras tenham uma idéia empírica dos limites das pos-

sibilidades de sugestão paleoecológica das “stone lines”, raros

foram os trabalhos que discutiram, com propriedade, a questão,

na bibliografia corrente. Daí, porque, nossa preocupação de ex-

por aos colegas de outras áreas do conhecimento, alguma coisa

de concreto sobre os limites de informações relacionadas à pre-

sença de “stone lines”, no espaço fisiográfico e ecológico do

Brasil intertropical, incluindo um tratamento especial para o

caso da Amazônia.

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De inicio, alguns pontos básicos a respeito das “stones

lines” necessitam ser fixados:

- as linhas de pedras, na maior parte, dos numerosos

casos que ocorrem no Brasil, são documentos irrefutáveis de

antigos chão pedregosos (Cailleux-Tricart, 1957, Tricart, 1959 e

Ab’Sáber, 1962, 1969, 1971);

- a fonte dos materiais clásticos, que alimentou os pa-

leo-chão pedregosos, é sempre local e muito próxima dos depó-

sitos por ela emitidos, revelando apenas transporte por gravidade

e lençóis difusos de enxurradas( transporte avaliável de metros a

centenas de metros, via de regra, exceção feita para casos de

seixos retrabalhados);

- nas áreas de litologias heterogêneas pode ocorrer toda

uma tipologia de linhas de pedra, representadas por casos de

fragmentos de diques de quartzo, fragmentos de rochas duras do

substratum, calhaus de crostas duras (de paleossolos), e diferen-

tes matérias retrabalhados (antigos depósitos de terraços fluvi-

ais, materiais detríticos de antigos pedimentos); nas áreas de

litologias homogêneas ou muito pouco variáveis, onde predomi-

nam apenas arenitos, siltitos ou argilitos, as linhas de pedra so-

mente se formaram a partir de materiais de antigas cornijas re-

sistentes (arenitos silicificados, calcareos silicificados) ou a par-

tir de crostas duras de limonita ou laterita ou de outras forma-

ções secundárias epigênicas resistentes;

- em casos de platôs basálticos ou riolítico-basálticos,

as linhas de pedra somente podem se formar a partir de mem-

bros rochosos resistentes, fragmentos de geodos, com ágatas ou

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calcenônias, e, eventualmente à custa de materiais silicosos que

preencham fendas meteóricas;

- em todos os casos os materiais constituintes das li-

nhas de pedras comportam-se como clásticos não decompostos

no momento da decomposição e arrastados por gravidade e en-

xurradas a partir de certos setores de interflúvios, na direção das

antigas vertentes, então dotados de solos decapitados;

- certamente parte dos materiais clásticos ultrapassou a

base de algumas vertentes, atingindo talvegues de rios, a partir

de onde passaram a ser transportados e afeiçoados sob a forma

de seixos rolados, através de quilômetros ou dezenas de quilô-

metros;

- a paisagem antiga que comportou chão pedregosos

era fortemente influenciada por intemperismo físico, sendo que

ocorriam mini-irregularidades na superfície dos terrenos, ainda

hoje observáveis na base dos depósitos constituídos pelas “stone

lines”, na grande maioria dos casos conhecidos no Brasil; even-

tualmente, ocorriam paleo-ravinas, de alta significação em ter-

mos da constituição paleogeográfica, devido seu testemunho, a

um tempo detrítico e paleo-hidrológico;

- a despeito de algumas observações, aparentemente

em contrário, a grande maior parte das ocorrências de “Stones

lines” brasileiras documentam um só mesmo período de climas

secos, de grande amplitude espacial em que as condições, em

termos pluviais, deviam situar-se entre sub-úmido rústico a sub-

árido;

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- se é que as “stone lines” documentam sempre climas

mais secos do que os atualmente vigentes, elas certamente esti-

veram associadas a diferentes ambientes térmicos, não sendo

capazes de sugerir diretamente as condições ecológicas especifi-

cas das áreas de suas ocorrências, nem tão pouco o patrimônio

vegetal exato que teria existido nos setores onde elas ocorreram.

Nesse sentido as “stone lines” podem ser trans-zonais em rela-

ção ao território brasileiro, algumas delas tendo sido geradas em

condições quentes e secas (Amazônia, periferia do Nordeste

Seco, Centro-norte de Goiás e Sul do Pará), outras refletindo

climas subtropicais secos da época (Quadrilátero Central Ferrí-

fero, São Paulo), e, outras, ainda, possivelmente tendo sido ge-

radas em condições estépicas ou sub-estépicas de altitude (altos

da Mantiqueira, altiplano de São Joaquim e alguns setores dos

altiplanos basálticos do Sul do Brasil, diferentes níveis de coxi-

lhas do Rio Grande do Sul e Uruguai);

- em termos genéticos, as linhas de pedra, hoje inclusas

na estrutura superficial das paisagens – abaixo dos depósitos de

cobertura argilo-arenosos dos solos atuais – constituem depósi-

tos clássicos ligados a fases acentuadas de resistasia natural,

comportando sempre uma adiantada derruição de paisagens e

solos anteriormente existentes, e, uma realimentação coluvial

detrítica a partir de fontes alimentadoras re-expostas e ativas;

cabeços de diques de quartzo ou permatitos; lentes de cascalho

intraformacionais; componentes de pedregais superficiais em

áreas de exposição local de pequenos “boulders”; crostas duras

de laterita, limonita, bauxita, minérios de ferro ou de manganês;

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blocos tombados por fenômenos de “rock fall”, a partir de anti-

gas cornijas de arenito ou bancadas de limonita ou laterita, fra-

gmentos de arenitos ou calcareos silicificados, e ou quartzitos;

fragmentos de ágatas ou núcleos liberados de calcedônia, sob a

forma de pseudo seixos, entre muitos outros tipos mixtos de

clásticos, incluindo materiais retrabalhados;

lato sensu, as linhas de pedra são formações sub-

superficiais, preferentemente formadas por fragmentos de rochas

ou de crostas duras, e, com tal, constituindo fatos quase total-

mente abióticos; sobretudo, pelas condições de sua geração não

incluem documentos palionológicos válidos; entretanto, podem

apresentar, de permeio com os fragmentos, alguns restos de os-

sadas de animais pleistocênicos, jamais tendo sido encontrado,

até hoje, abaixo das “stone lines” qualquer documento pré-

histórico comprovado, no Brasil (incluindo-se no caso, os frag-

mentos de rochas penecontemporâneos das linhas de pedras,

existentes no interior de grutas calcáreas);

- todas as evidências falam em favor de uma idade

Würm-Wisconsin Superior para a época principal da formação

dos chão pedregosos, representados pelas “linhas de pedra”.

Somente um jogo de ações climáticas, suficiente para atingir

todo o espaço fisiográfico de um território das dimensões do

Brasil, poderia ter deslanchado processos de intemperismo físi-

co, mais ou menos generalizados e afetando diferentes zonas

térmicas, como tudo indica haver ocorrido no período de forma-

ção das “stone lines”; somente o último período glacial (Pleisto-

ceno terminal) teria tido forças motoras para reduzir os diferen-

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tes níveis de temperatura, estender correntes frias pelo lado ori-

ental da América do Sul, e, provocar ambientes secos, por gran-

des setores no meio dos planaltos compartimentados do Brasil;

- não existem depósitos correlativos definidos das

“stone lines” nos aparelhos sedimentários do litoral brasileiro

(restingas, lagunas e depósitos de estuários), porque no momen-

to da formação das linhas de pedra o nível do mar estava a deze-

nas de metros abaixo de seu nível atual (regressão pré-

flandriana);

- as retomadas de fases secas, pós-pleistocêcnicas, do-

cumentadas localmente por areias basais de planícies de inunda-

ção, horizontes de depósitos de cobertura, bancos de areias no

meio de canais flúvio-marinhos, dunas embrionárias do topo de

restingas, revelam efeitos de flutuações climáticas holocênicas,

vinculadas ao desequilíbrio entre taxa de calor e quantum de

precipitações locais ou regionais, na fase do “otimum climati-

cum” (com ou sem repiquetes no interior do próprio Holoceno),

para cujo detalhamento paleoclimático e paleoecológico pode-

mos contar com dados palinológicos, mais concretos, segundo

tudo indica, incluindo-se, evidentemente, no caso, a região ama-

zônica (recentes estudos de Van der Hammen e Absy); madeiras

fósseis encontradas na base de certos depósitos aluviais recentes

ou de permeio com camadas de areias fluviais, são bons teste-

munhos dessas flutuações menores e menos contínuas dos cli-

mas holocênicos, no Brasil; identicamente, alguns raros depósi-

tos de seixos marinhos, subatuais, encontrados em diferentes

pontos da costa brasileira, traduzem o teor das variações climá-

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CRATON & INTRACRATON Escritos e documentos

Nº 8 – UNESP – IBILCE – 1980

ESPAÇOS OCUPADOS PELA EXPANSÃO DOS CLIMAS

SECOS NA AMÉRICA DO SUL, POR OCASIÃO DOS

PERÍODOS GLACIAIS QUATERNÁRIOS

Aziz Nacib Ab’Sáber

No momento em que são produzidos novos esboços

das regiões fitogeográficas e dos domínios morfoclimáticos da

América do Sul, e se tentando a sondar o passado recente, em

busca dos quadros paleogeográficos e paleoecológicos que se

sucederam no espaço global do continente sul-americano, no

decorrer do Quaternário.

Não existindo maiores problemas de paleo-espaços, a

não ser, talvez, para com as áreas da plataforma continental sul-

argentina e as fachadas litorâneas sujeiras a movimentos eustáti-

cos, pode-se tomar o arcaboço topográfico atual do continente

como sendo aproximadamente o mesmo, sobretudo na escala de

mapas. As interferências da neo-tectônica, da epirogênese e das

flexuras continentais, ainda que muito importantes para o estudo

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de áreas mais especificas, não serão motivo de consideração

especial nesta primeira aproximação. O objetivo desta súmula

centra-se na identificação, em grosso, dos paleo-espaços ocupa-

dos pelos climas secos no continente sul-americano, por ocasião

do último, ou quando muito dos dois últimos períodos glaciais e

glácio-eustáticos quaternários. Em outros termos, visamos com-

preender os caminhos de penetração dos climas secos associados

a rebaixamentos térmicos generalizados, e vinculados aos efei-

tos da glaciação, aos movimentos glácio-eustáticos, e à atuação

climática das correntes frias, que levaram a aridez mais para o

norte, ao longo das costas argentinas, uruguaias e sul-orientais

do Brasil. Nesse sentido, a existência de pequenas fases secas

posteriores, relacionadas ao otimum climaticum, onde localmen-

te ocorreram manchas de climas secos, (relacionados entre ou-

tras causas à associação entre o aumento global das condições

térmicas a fatos da compartimentação topográfica regional), não

serão discutidas na presente oportunidade.

Pesquisas geomorfológicas, sedimentológicas e fitoge-

ográficas, realizadas nos últimos 20 anos, possibilitaram estabe-

lecer que, do Plioceno Superior para o Pleistoceno após a fase

principal de soerguimento dos Andes – alternaram-se quadros de

distribuição de solos e floras, a períodos relativamente curtos de

tempo geológico, baseados nas bruscas mudanças dos mosaicos

climáticos e ecológicos. Desta forma, no mesmo espaço global

do continente americano do Sul, e através da atuação dinâmica

dos mesmos “stocks” globais de vegetação, sucederam-se cli-

chês complexos de distribuição de coberturas vegetais, direta-

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mente associadas a condições ambientais úmidas e quentes nas

fases interglaciais, e, mais secas e relativamente frias, nas fases

glaciais. Sobre o mecanismo complexo de retrações e re-

expansões dos complexos vegetais, sobre o espaço fundamental

temos apenas informações fragmentadas e interferências indire-

tas.

Certamente, por ocasião do inicio das variações climá-

ticas quaternárias típicas, ocorreram mudanças agressivas de

processos morfogenéticos, suficientemente amplos e radicais,

em algumas áreas, para derruir as paisagens estabelecidas no

Terciário Superior e favorecer a expansão das novas coberturas

vegetais e dos novos tecidos fisiográficos e ecológicos. Aos pe-

ríodos de biostasia, sucederam-se sempre durante o Quaternário

períodos de resistasia, alternando-se portanto, sistemas morfo-

climáticos de longa duração com sistemas de degradação rápida,

por meio de períodos transicionais, morfogeneticamente muito

ativos, ainda que de curta duração. Entretanto, honestamente

falando, muito pouco sabemos sobre estas mudanças de marcha

dos processos erosivos, a não ser, que elas efetivamente prepara-

ram as condições para mudanças ecológicas regionais, mais am-

plas e generalizadas.

Os critérios que nos permitiram chegar a esta primeira

aproximação sintética, sobre o mosaico morfoclimático e fitoge-

ográfico do último período seco, ocorrido entre 12.000 e 18.000

anos (Würm – Wisconsin), pertencem ao campo das observa-

ções múltiplas e correlatas. Nossa súmula apoiou-se na área de

superposição dos fatos geomorfológicos, sedimentológicos e

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ecológicos. Utilizamos conhecimentos acumulados na bibliogra-

fia disponível, ligados às feições geomórficas (pedimentos, ter-

raços flluviais, bolsones residuais), aos depósitos correlativos

(formações detriticas, depósitos de terraços, depósitos de pie-

monte, linhas de pedra, paleo-solos), crostas ferruginosas e mi-

ni-enclaves significativos (documentos de aridez rochosa, cam-

pos locais de cactáceas, refúgios de flora e fauna), entre outros.

A maior parte da documentação relacionada ao último período

seco quaternário (12.000 – 18.000 anos) foi obtida de informes

da estrutura superficial das paisagens, revendo inclusive obser-

vações próprias, acumuladas em muitos anos de pesquisas.

Demos especial atenção aos mini-enclaves de vegeta-

ção xerófila, que em caráter redisual resistiram localmente às

mudanças para climas generalizadamente mais úmidos, ocorri-

dos nos últimos 12.000 anos. Até certo ponto, os agrupamentos

de mini-enclaves de vegetação xerofita, parecem indicar os prin-

cipais eixos dos grandes caminhos de penetração da semi-aridez

quaternária, no espaço geográfico atualmente pertencente à

América Tropical.

As primeiras descobertas significativas para o conhe-

cimento paleoclimático recente da América do Sul oriental se

devem a Cailleux e Tricart (1957) e Jean Tricart (1958). Entre-

mentes a associação direta entre as condições glaciais níveis de

mares baixos e ampliação da semi-aridez, devem-se aos estudos

conjuntos do J. J. Bigarella e A. N. Ab’Sáber (1961), em um

quadro de correlações, hoje muito pouco conhecido. Para tanto

foram fundamentais as observações de campo, sobre feições

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geomórficas e depósitos correlativos encontrados ao longo das

terras baixas costeiras sul-brasileiras e piemonte da Serra do

Mar, a partir de 1959-60, por Bigarella, Pedro Marques Filho,

Riad Salamunt e Ab’Sáber. Os pedimentos e depósitos correlati-

vos dos sopés da Serra do Iqueririm, em Garuva, no Estado de

Santa Catarina, puderam comprovar em definitivo a atuação de

processos morfoclimáticos semi-áridos quaternários, vinculados

a períodos de mar baixos, correspondentes a épocas glaciais.

Em função das primeiras descobertas e outras que lhe

sucederam, alguns de nós, na época (1963-64), julgávamos que

a única explicação plausível para a compreensão da expansão

costeira do sistema seco pleistocênico, deveria se relacionar com

uma forte atividade e avanço sul-norte da corrente fria sul-

atlântica, ao longo da América do Sul Oriental, até níveis de

latitude atualmente situadas em posições tropicais. A essa hipó-

tese servia de apoio o conjunto de condições imperante na área

de Cabo Frio, onde a uma ressurgência local de águas frias cor-

respondia uma conjuntura climática sub-úmida e mini-enclave

de vegetação xerofítica nos maciços insulares adjacentes. Não se

tratava, entretanto, mais do que meras hipóteses, de difícil com-

provação.

Em 1970, em uma pesquisa muito bem encaminhada

sobre amostras de arcósios da plataforma brasileira, à altura da

faixa continental brasileira. Damuth e Fairbridge publicaram um

trabalho por todos os títulos fundamental sobre a ocorrência de

depósitos de climas secos quaternários da fachada atlântica bra-

sileira. Um dos autores, Rhodes Fairbridge, antes da elaboração

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definitiva do aludido texto, veio ao Sul do Brasil (onde foi as-

sessorado pelo professor João José Bigarella), procurando veri-

ficar in situ a validade das observações acumuladas em nossa

bibliografia geomorfológica, para cotejo entre a informação bra-

sileira e as novas descobertas de depósitos de valor paleoclimá-

tico ao longo da plataforma equatorial atlântica no país. No tra-

balho de Damuth e Fairbridge existe uma interpretação paleo-

climática integrada, muito oportuna e bem elaborada, que a nos-

so ver é a primeira tentativa de explicação global dos sistemas

motores da aridez pene-contemporânea aos períodos glaciais e

níveis de mar baixo quaternários, para a América do Sul, vista

como um todo. Mais do que isso os autores tiveram a iniciativa

de esquematizar em dois pequenos mapas, as situações prová-

veis das correntes frias por ocasião dos períodos glaciários e dos

períodos interglaciários, na América do Sul. Ficaram assim de-

finidos os dois esquemas de predominância de condições climá-

ticas mais secas e frias nos períodos glaciais, mais quentes e

úmidas nos períodos inter-glaciais – válidos para uma grande

parte do espaço geográfico sul-americano – em franca oposição

aparente, com tudo aquilo que se conhecia sobre períodos pluvi-

ais e períodos interpluviais, alusivos ao continente africano.

A descoberta da dinâmica genérica e das correlações

básicas entre as glaciações e a expansão da semi-aridez por gru-

pos nacionais e estrangeiros no Brasil não esgota evidentemente

a questão dos paleoclimas quaternários no Brasil e na América

Tropical. Muita coisa restou para ser detalhado, ao longo do

tempo e sobretudo do espaço, com vistas a uma compreensão

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mais substancial, em termos paleoclimáticos e paleoecológicos.

Os estudos interdisciplinares, feitos por geomorfologistas, botâ-

nicos e zoólogos, estão a exigir esse detalhamento, a despeito da

relatividade da empreitada.

No conjunto da América do Sul, por ocasião dos perío-

dos glaciários e de correntes frias orientais estendidas – provo-

cadoras da expansão e ampliação geral das condições secas pre-

dominavam formações abertas de diferentes tipos, sobre as

grandes massas florestais atualmente conhecidas (matas amazô-

nico-guianenses, matas atlânticas, matas subtropicais). Entretan-

to, em qualquer hipótese é necessário evitar uma idéia visual de

uma predominância extensiva e homogênea de climas secos

indiferenciados. Pelo contrário, tudo conduz a se pensar em um

complexo mapa climático, muito amarrado às condições da

compartimentação topográfica dos planaltos brasileiros e das

depressões centrais da América do Sul, assim como, aos nume-

rosos pequenos centros glaciais e áreas periglaciais de altitude

das montanhas andinas.

As caatingas tiveram maior extensão do que até há

pouco se presumia (Tricart, 1958), penetrando por numerosos

compartimentos inteiros dos atuais planaltos inter-tropicais bra-

sileiros, em áreas hoje dotadas de matas ou cerrados. Cerrados e

cerradões, assim como, tipos de vegetação a eles associados,

tiveram amplas penetrações pela Amazônia Oriental e Central,

talvez se conectando com áreas similares, hoje reduzidas, da

área de Roraima. Guianas e dos Ilanos do Orenoco. No espaço

das terras baixas amazônicas apenas restaram refúgios nas anti-

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gas “ilhas de umidade” de algumas encostas mais expostas de

serrinhas e morros semi-mamelonizados, e, talvez no arco oeste

sudoeste das encostas andinas, e fachada setentrional das Guia-

nas. O estudo desses refúgios, hoje afogados pela expansão e

coalescência geral das matas amazônico guianenses, tem ganho

uma sólida contribuição através da colaboração multidisciplinar

entre geógrafos, zoólogos e botânicos (Haffer, Vanzolini, Willi-

am, Jornaux, Plance, Keith Brown, Paul Müller, entre outros).

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Somente o domínio dos cerrados, nos altiplanos cen-

trais resistiu parcialmente à expansão dos climas secos, cedendo

espaço às caatingas, nas depressões periféricas e interplanálticas

(depressão entre os chapadões do Uruguai e o planalto centro de

Goiás, áreas deprimidas ao norte de Brasília e Anápolis, pedi-

plano cuiabano, pediplano do Alto Araguaia, depressões mono-

clinais intrachapadões). Com isso, uma faixa intermediária de

caatingas restou intercalada entre os remanescentes principais

dos cerrados da área nuclear e a faixa sul e sul-oriental da Ama-

zônia. Do Brasil Central para a Amazônia Central, deve ter exis-

tido portanto, um esquema de faixas, que se iniciava pela pre-

dominância de cerrados, passava a caatingas e recorriam para

cerrados, de diferentes tipos, por grandes espaços. Talvez as

áreas de formações abertas não xerofíticas da Amazônia, na

época, teriam conecções e coalescências com as áreas dos atuais

macroenclaves de cerrados da faixa Roraima-Guianas e Oreno-

co, do que com o núcleo remanescente do Brasil Central. Não

está fora de cogitação a possível existência de enclaves de caa-

tingas em diversos setores sub-rochosos, de laterais expostas,

em alguns momentos do Pleistoceno Superior, no interior de

uma Amazônia tomada por cerradões e cerrados e sublinhada

por alongadas florestas galerias. Nesse sentido, ainda que com

um grau de certeza muito menor, a área mais plausível para a

existência de enclaves secos poderia ser a depressão dos campos

de Rio Branco e as baixas encostas meridionais das serranias

fronteiriças.

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Tudo indica, até ao atual estágio de estudos, que por

ocasião dos períodos glaciais quaternários, a área nuclear dos

cerrados brasileiros, tal como a reconhecemos hoje, foi muito

menor, por retração do domínio morfoclimático e ecológico. Isto

porque, parte dela deveria ser ocupada por caatingas, na metade

norte do Planalto Brasileiro, enquanto que sua borda sul, era

pro-parte dominada por estepes, pradarias mixtas e um núcleo

menos denso de araucárias (Sul de Mato Grosso e Planalto Me-

ridional). O pediplano cuiabano e as depressões interplanálticas

e intermontanas de Mato Grosso, Goiás, Bahia e Minas Gerais,

tenderam sempre para climas muito mais secos do que os atuais.

Disso resultou que nessas áreas deprimidas ou rebaixadas dos

altiplanos centrais predominavam caatingas sobre cerrados. Por

oposição, no interior dos planaltos de São Paulo – à exceção das

depressões interplanálticas e inter-montanas, - deve ter predo-

minado cerrados sobre matas. Tudo leva a crer que, nas aludidas

depressões ocorriam caatingas.

Em síntese, a imagem espacial que se pode fazer em

relação à área dos cerrados retraídos – válida sobretudo para o

último período seco quaternário é a de um macro-enclave de

cerrados, em pleno núcleo alto dos chapadões do Brasil Cental.

Este macro-enclave de cimeira, permanece ilhado em Goiás e

Mato Grosso, tendo por entorno uma complexa rede de paisa-

gens, representada por caatingas (norte, leste, oeste) e estepes e

prados (sul e sudeste), no entremeio das quais eram raríssimos

os refúgios florestais de tipo orográfico.

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Entretanto, é de se notar que um segundo grande “co-

re” de cerrados teve grande presença nos tabuleiros e baixos

chapadões amazônicos, convivendo com grandes matas galerias

múltiplos enclaves de vegetação subxerófila (caatingas?). Não

está fora de cogitação que essa rede amazônica de cerrados

pleistocênicos ter ocupado uma área superior àquela do núcleo

central de cerrados de cimeira. As depressões de formações

abertas do Rio Branco eram muito mais secas do que hoje, en-

quanto que a rede de cerrados se estendia pelo noroeste amazô-

nico até os Ilanos do Orenoco.

É quase certo que não houve depressão interior denu-

dacionais, tipo depressões periféricas ou depressões monocli-

nais, ou tectônicas, tipo depressão do médio Vale do Paraíba que

não tenha sofrido a penetração dos climas secos, não homogê-

neos, provenientes de uma das duas áreas de expansão principais

da semi-aridez pleistocênico sul-americana, acoplada com o

sistema glacial: a nordestina ampliada, e a costeira estendida.

Na porção centro-oriental do continente, apenas o ar-

caico domínio dos cerrados, nos altiplanos do Brasil Central,

resistiu parcialmente à expansão dos climas secos e à retração

generalizada das principais áreas de grandes florestas tropicais

(florestas amazônicas e atlânticas). Acreditamos que em muitas

áreas, sobretudo na face norte-oriental do domínio dos cerrados,

cerrados e caatingas podem ter restado no mesmo espaço do

Brasil Central, sob um modelo de distribuição espacial, similar a

um pequeno padrão de organização natural, hoje reduzido a uma

área muito pequena de centro-norte da Bahia, na região da Ri-

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beira do Pombal, ou, talvez, em esquemas similares àqueles

existentes nos altos da chapada do Araripe, ou, também, daque-

les ocorrentes no centro-sul da chapada do Ibiapaba.

O importante a assinalar é que, no momento em que as

formações abertas relacionadas a climas secos ou tropicais sub-

úmidos as duas estações tiveram o máximo de sua expansão nos

planaltos brasileiros (por ocasião dos períodos glaciais quaterná-

rios) inverteram-se os quadros anteriormente dominantes de

áreas nucleares envolvidas por faixas heterogêneas de contacto

e transição. Dominaram, com toda certeza, clichês de castas

áreas transicionais complexas sobre o esquema das áreas nucle-

ares. As matas se reduziram a agrupamento de refúgios acanto-

nadas em sítios topográficos preferenciais. Em termos de capta-

ção de umidade: eram fundamentalmente matas orográficas e

“brejos” de diferentes tipos, para usar da expressiva linguagem

nordestina, em relação a “ilhas de umidade e paisagens-enclaves

(Birot, 1957, Ab’Sáber). Nesse sentido, os refúgios da Serra do

Mar, entre São Paulo e Espírito Santo devem ter permanecido

em faixas um tanto descontinuas, na testada superior das escar-

pas mais expostas à umidade, enquanto as terras baixas costei-

ras, estendidas para setores da plataforma continental eram rela-

tivamente muito secas.

Algumas áreas de planaltos subtropicais e mesmo tro-

picais da metade centro sul do Planalto Brasileiro certamente

foram mais secos e ligeiramente mais frios. Tais combinações

de aridez com índices térmicos mais baixos teriam facilitado a

extensão das araucárias para o norte, sob a forma de pontes,

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acompanhando as terras altas do Brasil Oriental e as encostas

orientais da média montanha andina. Formas de vegetação xeró-

filas, sub xerófilas e subtropicais do norte e noroeste argentino

puderam avançar muito mais para o interior das depressões cen-

trais sul-americanas e certos setores do Brasil Centro ocidental.

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De sul para norte, os fatos se passaram através de mo-

dificações progressivas mais radicais e complexas. Por ocasião

dos níveis de mares mais baixos e por certo recuados, a extensão

das regiões secas do Cone Sul, então menos afunilado, devia ser

muito maior. Os glaciários do sul do Chile estendiam-se até on-

de estão os finger lakes da Argentina Meridional. Climas glaci-

ais e grandes faixas de desertos frios e áreas periglaciais, estimu-

laram a morfogêneses mecânica nas terras altas e médias, possi-

bilitando a elaboração de grandes massas de calhaus e seixos.

Onde hoje existem estepes semi-desérticas ou quase desérticas

devem ter existido tundras e desertos frios. Parte dos fjords esta-

vam recheados pelas geleiras que foram o próprio motivo de sua

escavação, ao longo de períodos glaciais sincopados.

As correntes frias, muito mais largas, um tanto afasta-

das do seu eixo atual, e, climaticamente ativas, atingiam em

cheio a costa Sul do Brasil e uma parte apreciável do Brasil de

Sudeste e Oriental. Apenas a Serra Geral, no seu trecho leste-

oeste, no Rio Grande do Sul, formava uma barreira suficiente-

mente alta, para provocar condensação e chuvas orográficas em

seus trechos médios e superior (6). Enquanto que a área das

pampas úmidas argentinas e uruguaias foram mais áridas, secas

e estépicas em diversos momentos do Quaternário, na maior

parte das coxilhas gaúchas do Uruguay e Rio Grande do Sul,

estiveram sob a ação de climas secos e parcialmente invadidos

por formações xerófilas, com cactáceas. A esse tempo, na área

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atual das pradarias mixtas do Rio Grande do Sul, não existiam

florestas galerias subtropicais.

De qualquer forma, pode se adiantar que as fases mais

frias e secas do Quaternário, propiciaram uma predominância

das paisagens “monte” argentino, com cactáceas, e, das estepes

de tipo norte patagônico, em detrimentos das paisagens de pra-

darias úmidas. Paisagens do monte estiveram no Rio Grande do

Sul, enquanto as estepes patagônicas invadiram fundo as áreas

pampeanas úmidas, hoje conhecidas. Ao invés de uma área nu-

clear da pampa úmida houve uma série de refúgios e de agrupa-

mentos de refúgios de prados nas ladeiras úmidas e sub-úmidas

das áreas pampeanas, topograficamente mais salientes, da Ar-

gentina, Uruguai e Rio Grande do Sul (Sierras de Tandil e Ven-

tana, Sierras de Cordoba, elevações do núcleo uruguaio-sul-rio-

grandense do Escudo Brasileiro). Com base no conhecimento da

estrutura superficial da paisagem dos planaltos de Lajes e Vaca-

ria, temos razões para pensar que o domínio da Araucária sul-

brasileiro era bem menos compacto e contínuo, entremeado de

setores sub-rochosos, estépicos secos, e um tanto deslocado para

o norte, através de faixas alongadas que seguiam os espigões e

serranias, dotados de climeiras sub-úmidas e úmidas (Paranapia-

caba, Campos do Jordão e Bocaina, Centro Sul de Minas, Espi-

nhaço Meridional). A retração das correntes frias, para sua posi-

ção atual, iniciada entre 8.000 e 10.000 anos aproximadamente,

teria sido acompanhada de uma modificação extensiva, com

adensamento das matas de araucárias, expansão de prados de

altitude em sítios de antigas estepes, e tropicalização dos planal-

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tos interiores, de São Paulo e Norte do Paraná, com perda das

ligações anteriores entre o núcleo sul-brasileiro de araucárias em

relação aos atuais refúgios de pinhais das terras altas do Brasil

de Sudeste. Os remanescentes de araucárias da Paranapiacaba,

região de São Paulo e arredores de Bragança, inseridos no en-

tremeio de florestas tropicais de planaltos, seriam os documen-

tos residuais derradeiros da expansão e coalescência das flores-

tas tropicais paulistas, sobre uma paisagem anterior similar

àquela ainda hoje observável na vegetação da área de fronteira

entre o Paraná e São Paulo (planalto de Paranaguá, bacia para-

naense do alto Ribeira).

Muitas questões abertas restam sobre os quadros pale-

oclimáticos e paleoecológicos da macro-região andina da Amé-

rica do Sul. É possível que toda a área equatorial dos Andes te-

nha sido afetada por rebaixamento térmico, altitudinalmente

progressivo, e que suas terras baixas ocidentais tenham sido

menos úmidas. Quanto às vertentes amazônicas dos Andes, exis-

tem condições para se pensar em refúgios florestais descontí-

nuos, com predominância de um esquema espacial ainda hoje

observável na zona de contacto entre as encostas florestadas e as

“savanas” do Orenoco, na Colômbia e Venezuela.

A despeito dessa ilações preliminares, é cedo, entretan-

to, para tentar reconstituir os mosaicos de paisagem e floras qua-

ternárias do Brasil, em termos de um documento cartográfico de

referência. Sabemos do grande interesse que um mapa suficien-

temente visualizador poderia representar para a complementação

dos estudos biogeográficos. Devemos esta contribuição aos nos-

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sos colegas naturalistas. No entanto, o máximo que se pode fa-

zer, de um modo rápido e sem grandes riscos de distorsões é um

esboço grosseiro do quadro das áreas preferenciais de penetra-

ção das formações abertas de climas secos sobre as áreas atual-

mente transformadas em grandes domínios florestais. Em outras

palavras, somente se pode adiantar o mapa das áreas habitual-

mente visitadas pelos sistemas predominantemente secos, porém

jamais homogêneos – que por diversas vezes, no decorrer do

Quaternário, invadiram o espaço hoje dominado por sistemas

tropicais. É quase certo que tais faixas secas compartimentadas,

e de mosaico complexo, tenham substituído, na maior parte das

fases glaciais e glacio-eustáticas, os sistemas predominante

úmidos, similares aos que vigoram hoje no continente sul-

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INTER-FACIES

Escritos e Documentos

N.º 8 – IBILCE – 1980

RAZÕES DA RETOMADA PARCIAL DE SEMI-ARIDEZ

HOLOCÊNICA, POR OCASIÃO DO “OTIMUM

CLIMATICUM”

Primeiras Idéias

Aziz Nacib Ab’Sáber

Inúmeras têm sido as evidências de um ou mais peque-

nos períodos secos, intra-holocênicos, a nível local ou regional,

na América do Sul tropical. No entanto raras, senão totalmente

inexistentes, têm sido as sondagens sobre as razões da retomada

da semi-aridez no Quaternário Superior (Recente), para o espaço

inter e subtropical brasileiro. Estudos de sítios de sambaquis,

informes palinológicos, estratigrafia dos depósitos de cobertura

que encimam as linhas de pedras dos fins do Pleistoceno, são

alguns dos documentos que permitem definir períodos secos,

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localizados a poucos milhares de anos atrás (2.000 – 3.000 ;

6.000 – 8.000?). Trata-se de um problema novo, já que não se

pode confundir a área de extensão e o próprio modo de atuação

das duas séries de períodos secos: o do Plesitoceno Superior e o

do otimum climaticum. A fase seca terminal do Quaternário

Inferior esteve ligada a um nível do mar dezenas de metros infe-

rior em relação ao atual, e, pressupõe sempre uma diminuição

generalizada das temperaturas (Climaps, 1976); enquanto que a

semi-aridez descontinua do otimum climaticum esteve ligada a

um nível do mar ligeiramente mais alto do que o atual (2,70 a

3,00 m).

A dificuldade maior para a interpretação dessa fase de

atuação descontinua de climas secos, reside na falta de coerência

aparente em relação ao sistema climático global. Para o caso do

período glacial Würm-Wisconsin Superior, podemos afiançar,

hoje, que existe uma correlação firme entre períodos glaciários e

a expansão de climas secos, em áreas de baixas latitudes. Em

outros casos, não se podendo jogar com as glaciações para ex-

plicar diminuição de temperatura e aumento da semi-aridez,

temos que recorrer a outros campos de interpretação. Temos

transformado esse problema em um desafio, e, aqui, expomos,

pela primeira vez, o que pensamos sobre o assunto.

Quando o aumento da taxa geral de calor global, ao

término do último período glacial, houve uma rápida ascensão

geral dos níveis dos mares. Em determinado momento – exata-

mente a altura do período que vem sendo designada por otimum

climaticum – o nível geral dos mares esteve alguns metros aci-

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ma do que está atualmente. Para se explicar tal ascensão do ní-

vel geral dos oceanos somos obrigados a imaginar uma taxa de

calor mais elevada do que a atual, em termos do sistma climáti-

co global. O importante a assinalar, porém, é que esse aumento

da taxa térmica – a nível planetário – não se fez acompanhar

pela intensificação da atuação das massas de ar frias. Pelo con-

trário, por razões óbvias, coincidiu com um período de retração

e menor potência de atividade das massas de ar polares. Daí,

porque, os efeitos mecânicos do conflito de massas de ar não

mais puderam se efetuar, temporariamente, à altura das regiões

tropicais (Tipo Brasil Tropical Atlântico).

Tais fatos criaram uma situação relativamente parado-

xal: o nível do mar mais alto esteve ligado a um aumento sensí-

vel de calor global, porém houve diminuição efetiva das precipi-

tações em alguns compartimentos de relevo, na área dos planal-

tos intertropicais. Este déficit de precipitações em relação ao

aumento regional ou subregional do calor, fez-se sentir, sobretu-

do, nas depressões interplanálticas do Brasil tropical e do Brasil

subtropical. Dessa forma, por motivos diferentes, as depressões

intermontanas e interplanálticas do Brasil, ofereceram condições

orográficas especiais para a diminuição geral da umidade e das

precipitações, ao tempo em que todo o conjunto era um pouco

mais quente e menos sujeito às perturbações ocasionadas pelo

avanço das massas de ar frio, provenientes dos pólos. Em outras

palavras, no otimum climaticum (ou em situações similares) não

houve grandes interferências nas condições climáticas dos pla-

naltos, serras e altiplanos. Entrementes, desde o Uruguai e o Rio

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Grande do Sul, até a Amazônia ocidental e central, todos os

compartimentos deprimidos – depressões periféricas, depressões

interplanálticas, áreas de eversão – tiveram precipitações dimi-

nuídas e calor mais acentuado do que o de hoje. Ainda que não

tenha havido grandes modificações nos altiplanos e cimeiras de

planaltos – bem regados por chuvas orográficas – certamente

ocorreram atenuações sensíveis de umidade e precipitações nas

áreas topograficamente deprimidas, com importantes repercus-

sões regionais na flora e fauna.

No caso, ainda uma vez, chamamos a atenção para a

extraordinária importância da compartimentação topográfica e

geomorfológica, dos planaltos intertropicais brasileiros, em rela-

ção aos fenômenos de atenuação de precipitações por motivos

orográficos, e ou, por mudança na direção dos fluxos causadores

de precipitações orográficas assimétricas. Tanto no período seco

generalizado dos fins do Pleistoceno Superior, quanto no outro,

do interior do Holoceno, a atuação da compartimentação topo-

gráfica foi uma das variáveis mais importantes, para o déficit

regional ou subregional de precipitações.

Por razoes diferentes, portanto, os compartimentos re-

baixados de planaltos inter e subtropicais foram mais secos tanto

no Pleistoceno Superior, como também, em caráter esporádico e

descontinuo, à altura do máximo da transgressão flandriana, no

otimum climaticum (6.000 – 8.000 anos?). Trata-se de uma in-

terpretação nova, que dirigimos sobretudo à consideração dos

ativos palinogistas interessados nas investigações das condições

florísticas e ecológicas subatuaus da América do Sul tropical. E,

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em termos multidisciplinares, recomendamos a distinção dessas

duas épocas secas – relacionadas a mecanismos paleoclimáticos

inteiramente diversos – já que nem sempre é fácil separar os

níveis de atuação paleocológicos dessas duas séries de fases

secas dos fins do Quaternário, em relação à América Tropical.

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108

A REGIÃO DOS CARIRIS VELHOS NO

DOMÍNIO DAS CAATINGAS

Maria Angélica Figueiredo Gomes

A diversidade de tipos de vegetação, no domínio das

caatingas, tem sido apontada por diversos autores. MARTIUS

(1840), em sua classificação de vegetação do Brasil, referiu-se

às caatingas como se fossem florestas áridas, privadas de folhas

na estação secas, ou como uma vegetação formada por moitas

entre as quais se destacam árvores esparsas. Martius ainda indi-

cou um terceiro tipo de caatinga, descrevendo-o como uma área

de solo desnudo onde se divisam, aqui e ali, pequenas coroas de

grama ou de hastes desarticuladas. JOFFILY (1977), no século

passado, dividiu a flora do Estado da Paraíba em Litoral, Caa-

tingas, Brejos e Sertão, e mostrou que “A caatinga é zona seca,

em diversas partes tanto como o sertão e com vegetação idênti-

ca. Os brejos podem-se comparar a um oásis cercado de todos os

lados pelo sertão e a caatinga”. LOEFGREN (1910) referiu-se à

caatinga como constituída de gradações fisionômicas de vegeta-

ção. LUETZELBURG (1922-23) reconheceu a existência de

tipos de caatinga, concluindo que “o único meio para a classifi-

cação exata das regiões florestais do Nordeste é o estudo das

plantas mores denominadas pelo povo das diversas zonas”. EN-

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GLER (1936), em sua classificação fitogeográfica para o Brasil,

referiu-se à vegetação do Nordeste como “Zona da Caatingas”.

ENGLER (1951) ao estudar a caatinga no Estado de Pernambu-

co, afirmou que há na vegetação sempre um aspecto novo, seja

de um local para outro, seja da mesma região, em estações dife-

rentes. ANDRADE-LIMA (1954, 1960, 1966) indicou a exis-

tência de vários tipos de caatinga e usou, para identificá-los,

denominações baseadas em aspectos fisiográficos, fisionômicos

e nomes das localidades onde os encontrou. RIZZINI (1963)

indicou a existência de vários tipos de caatinga, classificando-os

como Floresta xerófilas decídua, Scrub lenhoso espinhoso,

Scrub em moitas e Scrub suculento. HUECK (1972), depois de

apresentar algumas classificações de caatinga, salienta a falta de

uma divisão detalhada dos tipos de caatinga. ROMARIZ (1974)

face à heterogeneidade da caatinga, descreveu dois tipos fisio-

nômicos extremos – a forma florestal, e a forma arbustiva, com

indivíduos raros e espaçados, alternando-se com cactáceas e

bromeliáceas. Muitos outros tipos, naturalmente, intercalam-se

entre esses extremos, afirma aquela autora.

A diversidade de tipos de caatinga pode ser analisada à

luz de uma combinação das teorias de JENNY (1941, 1948) e

MAJOR (1951), teorias que se relacionam com os processos de

gêneses do solo e sucessão ecológica, respectivamente. A com-

binação destas teorias é mostrada na função:

S, s ou V, v = f (cl, p, r, o, t) (1)

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em que:

S,s – representam o solo como um todo (S) ou qualquer de

suas propriedades (s).

V,v – representa a vegetação como um todo (V) ou qual-

quer de suas propriedades (v).

cl – é o clima regional (entendendo-se por clima regional o

clima do espaço considerado).

p – é o estado do solo no tempo inicial ou tempo zero.

r – refere-se às características do relevo e do lençol freáti-

co.

o – representa a fauna e a flora que alcançam a área e,

também, a influência do homem.

t – tempo decorrido para os processos de gêneses do solo e

sucessão ecológica.

Na equação (1), as variáveis cl, p, r e o são fatores do

ambiente, que atuam ao longo do tempo (t), para determinar a

natureza e intensidade dos processos de gêneses do solo e suces-

são vegetal. Cl, p, r, o e t são variáveis independentes e S, s, V,

v, são variáveis dependentes. As variáveis dependentes se rela-

cionam, mutuamente, ao longo dos processos de gêneses do solo

e sucessão vegetal, ao fim dos quais, solo e vegetação se encon-

tram no mesmo estágio de desenvolvimento e estabilidade rela-

tivos. Uma análise das variações do clima (cl), solo (p), relevo

(r) e organismos (o), ao longo do tempo (t), justifica a existência

dos variados padrões de caatinga dos dias atuais.

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111

Evolução do Ambiente

Os fatores do ambiente atuam conjuntamente sobre a

vegetação. A efetividade desta atuação, porém, varia de intensi-

dade no espaço e no tempo.

No Nordeste brasileiro, como em outras áreas da zona

subárida, a intensidade e o ritmo das precipitações, assim como

as altas temperaturas, comandam a evolução da paisagem.

Tais elementos climáticos são de importância básica

para a distribuição dos seres vivos no globo terrestre. “Essa dis-

tribuição condiciona ambientes ecológicos específicos, em que

se distinguem uma associação de paisagens animais e vegetação,

tipos de solos e de processos de Erosão” (PENTEADO, 1974).

Analisando a importância do fator clima sobre os vege-

tais, devem ser levados em considerações tanto os climas atuais

como os climas passados, em função de sua atuação na evolução

das paisagens.

Paleoclimas

A atual cobertura vegetal do Nordeste brasileiro resulta

tanto dos climas atuais como das flutuações paleoclimáticas e

está representada pelas espécies que puderam atingir a Região e,

aqui, sobreviver, e por aquelas autóctones, que conseguiram

resistir à ação seletiva dos fatores ambientais.

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As oscilações climáticas têm varias formas e cada re-

gime climático tem seus ritmos peculiares de temperatura e

umidade e seus efeitos, bem definidos para cada caso, sobre o

solo e sobre os organismos. “Todo afastamento dos valores ide-

ais de qualquer elemento meteorológico induz a uma resposta

climática característica” (DANSEREAU, 1957).

A participação dos paleoclimas na seleção da flora do

Nordeste é sugerida pelos estudos dos ambientes antigos de se-

dimentação e da evolução do relevo. Por outro lado, há alguns

elementos comprobatórios de tal participação que se traduzem

em modificações da aludida flora.

Ambientes antigos de sedimentação

Trabalhos a esse respeito são restritos a áreas especifi-

cas. Face à inexistência de tais estudos para os Cariris Velhos,

são apresentados exemplos regionais que poderão ajudar a inter-

pretar a evolução daquele ambiente, sabendo-se que cada tipo de

rocha sedimentar, é uma resposta a certa condição ambiental.

BEURLEN (1970), analisando as condições ecológicas

e faciológicas da formação Santana, na seqüência sedimentar do

Araripe, Ceará, ressalta o seu ambiente de deposição. Existia,

inicialmente, uma lagoa de água doce. Com posteriores ingres-

sões marinhas, sob um clima quente-árido e intensa evaporação,

foi possível a precipitação da gipsita durante o Cretáceo. Afirma

o mesmo autor que posteriores camadas argilosas e sílticas, de-

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positadas sob condições úmidas, completaram o pacote sedi-

mentar da fase lacustre.

Ainda tendo como suporte estudos sedimentológicos,

MABESOONE (1975) enfoca a seqüência dos paleoclimas do

Nordeste brasileiro. “No Cretáceo Inferior, a presença de calcá-

rios lacustres e, posteriormente, de evaporitos, indicam um cli-

ma bem seco. Já no Cretáceo Superior, houve uma fase de esta-

bilidade no interior, a qual perdurou durante o Paleogeno. O

solo que se formou neste período era de caráter caulinítico, indi-

cando um clima tropical e bastante úmido, apenas com curta

estação seca”.

“Durante o Neogeno, conforme os ambientes de depo-

sição e o material depositado, o clima era quente e bastante

úmido” (MABESOONE, CAMPOS E SILVA (e) BEURLEN,

1972).

Apenas no Recente começam a aparecer indícios mais

evidentes de clima semi-árido quente (BShw) no interior da re-

gião. Mesmo no Pleistoceno Superior (Siciliano) a fauna ainda

demonstrava grande umidade, começando a semi-aridez acentu-

ada somente a partir da penúltima glaciação (Riss) (MABESO-

ONE, 1975).

A Seleção ocorrida na fauna de então e a variação na

textura dos sedimentos nos três membros da Formação Santana,

demonstram as oscilações climáticas no Cretáceo (BEURLEN,

1970).

Registros de tafoflórulas no Nordeste são extremamen-

te raros. Nos sedimentos da Formação Missão Velha, situada na

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base da Formação Santana (Aptiano), são encontrados inúmeros

troncos petrificados. “Embora ainda não devidamente estudados,

esses troncos são referidos a Dadoxylon” (DUARTE, 1974).

Segundo o mesmo autor, os representantes deste gênero, como

os demais da ordem Cordaitales, eram de grande altura com

troncos retos que se ramificavam no ápice.

LIMA (1978) afirma que, segundo dados palinológi-

cos, uma vegetação essencialmente arbórea cercava a área no

inicio da deposição da Formação Santana, no final do Cretáceo

Inferior (Albiano).

Conhecimentos sobre a evolução do relevo

No que se refere à evolução do relevo, o balanço mor-

fogenético registrado na paisagem, indica que ele evoluiu atra-

vés de ciclos de climas mais úmidos e mais secos. Neste aspecto

têm importância básica as superfícies aplainadas evidenciadas

por CRANDALL (1910).

DRESCH (1957) estudando os problemas morfológi-

cos no Nordeste brasileiro, refere-se a fases úmidas e secas que

se sucederam no Quaternário, responsáveis por sistemas de ero-

são diferentes e que introduziram, no sertão, as variações de

caatinga.

MABESOONE (e) CASTRO (1975) analisando os tra-

balhos de pesquisadores sobre o assunto e reunindo resultados

de estudos dos depósitos correlativos, apontam quatro fases de

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aplainamento no desenvolvimento geomorfológico do Nordeste

brasileiro. Nessas considerações, os autores apresentam a se-

gunda fase, chamada de Superfície Sul-americana e desenvolvi-

da entre o Albiano e o Oligoceno, subdividida em dois níveis:

Cariris Velhos, o inferior e Borborema o superior. Circunscritos

ao nível superior, os Cariris Velhos constituem áreas deprimidas

que rebaixaram de 200 a 300m o nível do planalto paraibano,

criando uma verdadeira subunidade no conjunto do relevo da

Borborema (AB’SÁBER, 1953). Isto contribuiu para mostrar

que, “ao invés de um polígono das secas no Nordeste, temos

uma rede de semi-aridez, em grande parte coincidindo com as

depressões semi-áridas” (AB’SÁBER, 1956).

No entanto, os conjuntos dos compartimentos desnu-

dacionais do Nordeste Oriental são, certamente, os mais notá-

veis, por sua extensão, permitindo o aparecimento de amplas

áreas, que SOUZA (1975) reconheceu como superfície sertaneja

antiga e superfície sertaneja recente. Estas áreas, horizontaliza-

das pela pediplanação dos fins do Terciário e inicio do Quater-

nário apresentam, por vezes, recobrimento a partir do pé dos

relevos residuais, por seleção progressiva de blocos, areias e

limos, em direção ao mar ou à calha dos rios, nas grandes exten-

sões da superfície sertaneja (SOUZA, 1975).

As alternâncias climáticas, cujas marcas se evidenciam

na paisagem, proporcionaram maior saldo, ora de intensa de-

composição química, resultando em perfis de solo bem desen-

volvidos, ora de desagregação mecânica, acelerando os proces-

sos erosivos de que resultam solos rasos. Segundo SOUZA

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(1975) “a superfície sertaneja apresenta solos cujas associações

são dominadas pelos solos com B textural dos pedimentos, solos

com horizonte nátrico, vertisolos e latosolos”. Aponta, ainda,

esse autor, que “A Vegetação é mais densa e tem maior variação

de espécies, nos solos com horizonte B textural dos pedimentos”

e que “nos solonéticos e vertisolos, árvores e arbustos apresen-

tam-se mais esparsos ao lado de um extensivo estrato herbáceo”.

Modificação da flora, no tempo e no espaço

No que diz respeito à modificação da flora, ainda são

poucas as constatações paleobotânicas capazes de permitir a

reconstituição de floras anteriores. Além dos exemplos citados

por DUARTE (1974) e LIMA (1978), a coleção de madeira fós-

sil do Piauí e Maranhão feita por A. Lisboa testemunha a exis-

tência das coníferas Ulmannia e Voltzia, referidas para o Permi-

ano Superior (OLIVEIRA, 1937).

BEURLEN (1963) atesta a ocorrência de Podocarpus

fossilizado nos depósitos Cretáceos de Araripina, Pernambuco.

Não somente as tafoflórulas, mas também os refúgios

ecológicos são de grande valor como evidência de flutuações

paleoclimáticas. Como exemplo, tem-se o gênero Podocarpus,

registrando, até 1962, apenas para as regiões Sul, Leste, e Cen-

tro-Oeste do Brasil. Tal gênero teve sua ocorrência assinalada

por ANDRADE-LIMA (1966) para a serra de Itabaiana, Sergipe

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e para Brejo dos Cavalos, Pernambuco (ANDRADE-LIMA,

1971).

Conforme DUARTE (1974) o estudo das plantas do

Cenozóico tem confirmado que, nessa Era, se deu a definição

dos climas, tal como se apresentam na época atual e a vegetação

tropical foi se estabelecendo e se fixando nas imediações da

linha do Equador. No nordeste do Brasil, foi registrada a presen-

ça de fruto de Nipa na formação Maria Farinha (Terciário, Pale-

oceno), no Estado de Pernambuco, de acordo com DOLIANITI

apud DUARTE (1974).

No pleistoceno, destaca-se no município de Russas,

Ceará, em área hoje coberta por caatinga, Styrax rosadoi DU-

ARTE, o que indica uma flórula muita semelhante à que hoje

habita a região Nordeste (DUARTE, 1974) em sua porção úmi-

da recoberta por florestas ou cerrados.

Todas essas apreciações evidenciam flutuações paleo-

climáticas que, por sua vez, determinaram diferentes sistemas de

erosão e formações superficiais diversas, advindas de processos,

ora físicos, ora químicos, de intemperismo. Estes aspectos favo-

recem a compreensão da paulatina seleção na flora anterior, cujo

saldo floristico se encontra, atualmente, nos variados tipos de

caatinga.

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Classificação do Clima Atual

Atualmente, o clima regional do domínio das caatingas

é quente e seco, do típico semi-árido, Bshw, e de acordo com a

classificação de Gaussen e Bagnouls, o clima é 4 ath, tropical

quente de seca acentuada (GALVÃO, 1967). Exceção se faz às

áreas elevadas, favorecidas por chuvas orográficas e temperatu-

ras amenas. Tais áreas recebem a denominação de serras úmidas

no Nordeste Ocidental, e brejos no Nordeste Oriental.

A semi-aridez varia de intensidade em locais diversos

na região. Conforme a classificação de Gaussen e Bagnouls,

aplicada para o Brasil por GALVÃO (1967), são constatados

dois polos xéricos no Nordeste: Cariris Velhos, na Paraíba e

Raso da Catarina, na Bahia.

MATERIAL E MÉTODO

Área de estudo

No Estado da Paraíba, a zona fisiográfica da Borbore-

ma Central (FUNDAÇÃO IBGE, 1960), foi dividida por ISS-

LER (1965) em Cariris do Paraiba, Cariris de Princesa, e Curi-

mataú. Atualmente a antiga região dos Cariris do Paraíba e parte

dos Cariris de Princesa vieram a constituir a micro-região dos

Cariris Velhos (FUNDAÇÃO IBGE, 1968).

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A micro-região dos Cariris Velhos foi selecionada co-

mo área da estudo, por apresentar um gradiente de tipos de ve-

getação, ajustados a ambientes que variam de um dos pólos xé-

ricos do Nordeste (Cabaceiras – São João do Cariri) àquele da

Serra dos Cariris Velhos, beneficiado por pluviosidade mais

elevada, condição esta apropriada para o estabelecimento de

variados padrões de caatinga.

Localização

A área dos Cariris Velhos está situada sobre o planalto

da Borborema, na Paraíba, no médio vale do rio Paraíba do Nor-

te. É limitada aproximadamente pelas coordenadas de 7° e 8°30’

de latitude Sul e 36° e 37°30’ de longitude Oeste (Figuras 1 e 2).

Como centro da área, pode ser tomada a vila de Sucuru, que

dista 225 km de João Pessoa, 215 km do Recife, 90km de Patos

e 110 Km de Campina Grande.

Aspectos Físicos

O planalto da Borborema constitui a mais notável fei-

ção geomorfológica do Nordeste Oriental. Compreende um vas-

to conjunto estrutural submetido à tectônica ruptural cuja super-

fície de cimeira, testemunha mais antigo nível de aplainamento

regional.

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CRANDALL (1910) afirma ao referir-se à Borborema,

“O alto da região serrana é tão achatado que, salvo na subida e

descida, o viajante parece estar numa planície granítica soleva-

da, em dissecação”. É sabido também que camadas resistentes,

em geral arenitos, coroam freqüentemente as serras ai situadas

(ALMEIDA, 1951), especialmente aquelas limítrofes com o Rio

Grande do Norte.

Considerando a estrutura do planalto da Borborema,

FREITAS (1951) sugere que a segunda etapa da epirogênese

positiva, ocorrida a partir do fim do Mesozóico, proporcionou o

falhamento do Escudo brasileiro em blocos escalonados, mura-

lhas e fossas, dando origem ao aparecimento de varias “serras”,

entre elas, a Borborema.

A reativação cretácea, responsável por grande número

de estruturas novas, especialmente falhamentos, proporcionou,

também, o rejuvenescimento de antigas fraturas que atingiram o

embasamento (CAMPOS, 1972).

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NEVES (1975), estudando a regionalização geotônica

do Nordeste brasileiro, demonstra a complexidade nas estruturas

do conjunto Borborema. Considera a região dobrada, subdividi-

da por uma série de zonas lineares de fraqueza. Estes lineamen-

tos foram ativos de forma variada, do Precambriano do Meso-

zóico e influenciaram incisivamente no modelo regional. Estru-

turas menores – falhas – subordinadas aos lineamentos, são en-

contradas dentro de cada faixa de dobramento. Os Cariris Ve-

lhos, situados dentro da faixa de dobramento Pajeú-Paraíba

(NEVES, 1975), apresentam anticlinórios onde se expõe o em-

basamento.

Sendo a Borborema esculpida em rochas metamórficas

e eruptivas, principalmente granitos, favorece o aparecimento de

serras, resultantes, muitas vezes, de batólitos graníticos desnu-

dados e áreas quartzíticas (AB’SÁBER, 1953).

Quanto à evolução do relevo da Borborema, afirma

AB’SÁBER (1956) que “com o soerguimento epirogenético

pós-cretáceo um longo período erosivo sob um clima úmido

elaborou o retalhamento da região. Após o estabelecimento da

rede principal de drenagem, elaborada sob condições provavel-

mente exorréicas, houve a instalação de climas mais secos –

aproximadamente a partir do plioceno – os quais culminaram

com a formação de verdadeiros desertos ou semi-desertos inter-

montanos no pleistoceno”.

Os Cariris Velhos (Figura 3) encontram-se numa alti-

tude média de 500 m. A referida região é irregularmente contor-

nada por cristas elevadas ou superfícies aplainadas, como as

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serras do Sul e Sudeste, na divisa com o Estado de Pernambuco,

onde o relevo alcança mais de 1.000 m de altitude. Os terrenos

elevados, ao Norte, são constituídos pelo divisor d’água entre as

bacias do Paraíba, Curimataú e Piranhas, com altitudes chegan-

do a mais de 700 m, enquanto a Leste e Oeste são encontradas

altitudes de 700 a 800 m (figura 3). Abaciada por estas eleva-

ções, a superfície dos Cariris Velhos é constituída pelos pedi-

planos intermontanos modernos (AB’SABER, 1969).

Toda a drenagem da região dos Cariris Velhos, que es-

tá contida na alta bacia do Rio Paraíba, transpõe as serras de

Leste (Falcão, Monte e Carnoió) através de um boqueirão for-

mado a jusante da cidade de Cabaceiras. Estas elevações dificul-

tam a penetração de massas úmidas da região, contribuindo para

diminuir os totais de precipitação, principalmente nas terras bai-

xas da área de estudo, localizadas imediatamente à retaguarda

daquelas serras, como pode ser visto nas figuras 3 e 4).

A erosão diferencial, atuando principalmente sobre os

gnaisses e micaxistos, fez realçar, na região, intrusões graníticas

e quartzíticas sob a forma de inselbergs facilmente identificáveis

na área entre Santa Luzia, Sumé e Congo (MORAES et alii,

1963).

As informações relativas aos solos da região dos Cari-

ris Velhos aqui apresentadas tiveram como base o trabalho de

JACOMINE et alii (1972) sendo mantida a convenção por eles

empregada para indicar suas unidades de mapeamento. Estas

informações foram completadas por ocasião da amostragem de

vegetação, quando igualmente realizou-se amostragem de solo.

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Nos níveis mais elevados da região, que correspondem

ao limite entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, tem-se,

segundo aqueles autores, uma associação complexa de Solos

Litólicos Eutróficos com A fraco, textura arenosa ou média e

Afloramentos de Rocha (Re 18).

A primeira unidade, Solos Litólicos Futroficos com A

fraco textura arenosa ou media, é constituída por solos pouco

desenvolvidos, rasos ou muito rasos, com seqüência de horizon-

te A, R ou A, C, R com transições abrutas ou claras e planas ou

onduladas. Pode ocorrer um horizonte B em inicio de formação.

Estes solos encontram-se nas demais associações que serão co-

mentadas para os Cariris Velhos.

A segunda unidade, Afloramentos de Rocha, é tipo de

terreno e não propriamente solo. Os afloramentos de gnaisses e

granitos são os mais comuns na área, ocorrendo em forma de

grande lajeiro, como pode ser visto na Prancha 4-C, ou blocos

desagregados.

JACOMINE et alii (19720 indicam que entre Monteiro

e Prata aparece uma associação de Podzólico Vermelho Ama-

relo Equivalente Eutrófico textura média cascalhenta, Solos Li-

tólicos Eutróficos com A fraco textura arenosa e/ou média e

Afloramentos de Rocha (PE 6).

O Podzólico é uma unidade com solos de perfil moderadamente

diferenciado, profundos, acentuadamente ou bem drenados, com

grande percentagem de cascalho. Em geral, a textura, ao longo

dos perfis, não ultrapassa a classe franco arenosa. No que diz

respeito a cor, tem-se para essa unidade matizes mais amarela-

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das, enquanto no Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente

Eutrófico textura argilosa cascalhenta, que ocorre nas superfí-

cies pediplanadas sertanejas, em níveis que 250 a 300 m, domi-

nam matizes mais vermelhas. O horizonte A tem espessura em

torno de 20 cm. É no horizonte Bt, cuja profundidade supera 1

metro, que surgem algumas características morfológicas bem

marcantes desta unidade, tais como a cor, antes referida, e a tex-

tura onde, raras vezes, observam-se percentagens de argila supe-

riores a 20%, podendo-se representar a textura desde horizonte

pela classe franco arenosa.

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A maior parte da região dos Cariris Velhos em cotas

geralmente abaixo de 700m, é dominada pelos solos Bruno Não

Cálcicos (JACOMINE et alii, 1972).

Abrangendo o Oeste da região, na maior parte dos mu-

nicípios de Monteiro, Prata, Ouro Velho e Sumé, encontra-se a

associação de Bruno Não Cálcico e Solos Litólicos Eutróficos

(NC 1) (JACOMINE et alii, 1972).

O Bruno Não Cálcico compreende solos com horizon-

tes B textural, não hidromórfico, com argila de atividade alta.

Possuem altas somas de bases e saturação de bases. Destaca-se

um horizonte A, duro ou muito duro quando seco, de estrutura

maciça ou em blocos fracamente desenvolvidos e de coloração

clara, contrastando com o horizonte Bt, avermelhado, que apre-

senta estrutura em blocos subangulares ou angulares, sendo,

muitas vezes, prismática.

É característica a presença de pavimentos desérticos

(Pranchas 3-A e 2-D), constituído por calhaus quartzo arestado

ou desarestado, geralmente envernizados, que ficaram na super-

fície (ou às vezes, na subsuperfície) dos solos das regiões semi-

áridas, após o arrastamento dos materiais de pequeno diâmetro,

pelo escoamento superficial da água das chuvas que têm regime

torrencial, ou ação eólica.

Observa-se, ainda, na superfície destes solos, a presen-

ça de uma crosta maciça e laminar (crosta de solos desérticos),

muito delgada, resultante da ação mecânica do impacto das chu-

vas na superfície do terreno, precariamente protegido pela vege-

tação.

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A Sudeste abrangendo os municípios de São Sebastião

do Umbuzeiro e Barra de São Miguel, entre os 500m e 800m,

ocorre a associação de Bruno Não Cálcico vértico e Solos Litó-

licos Eutróficos (NC 7) (JACOMINE et alii, 1972).

O Bruno Não Cálcico vértico compreende solos consi-

derados intermediários entre Vertisol e Bruno Não Cálcico. A

característica diferencial é a atividade da argila, ou valor T no

horizonte Bt, para 100 g de argila, após correção para o carbono,

de 55 a 90 mE para o Bruno Não Cálcico vértico, e de 20 a 50

mE na Paraíba, para o Bruno Não Cálcico. A distribuição entre o

Vertisol e o Bruno Não Cálcico vértico deve-se, principalmente,

à seqüência de horizontes A-C e maior atividade de argila, para

o Vertisol, e A1 Bt (ou II Bt) e C(ou IIC) para o Bruno Não Cál-

cico vértico (JACOMINE et alii, 1972).

Estes solos são, em geral, severamente erodidos em

sulcos rasos, repetidos com freqüência ou ocasionalmente, e

pequenas voçorocas localizadas nas partes baixas das encostas.

Ao Norte e Nordeste da região, de Serra Branca a São

João do Cariri e a Oeste de Cabaceiras ocorre a associação de

Bruno Não Cálcico vértico, Vertisol e Solos Litólicos Eutróficos

(JACOMINE et alli, 1972).

O Vertisol, além das características antes referidas,

apresenta dilatação e contração da massa do solo, em decorrên-

cia da elevada atividade de argila (montmorilonita), resultando,

geralmente, na presença de micro-relevo, constituído por “gil-

gai”. Decorrente ainda do tipo de argila (2:1), apresentam-se, no

período seco, fendas longitudinais que se manifestaram na su-

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perfície (Prancha 4-B). Em decorrência de movimentos do solo,

pela alta presença de argila do grupo da montmorilonita, apare-

cem, inclinadas em relação ao prumo dos perfis, superfícies de

fricção ou “slickensides”.

A Leste de Cabaceiras, chegando até Boqueirão, há

uma maior representatividade do Vertisol. Nesta associação, ele

é o predominante, seguido de Bruno Não Cálcico vértico e Solos

Litólicos Eutróficos (JACOMINE et alii, 1972).

Além destas unidades mapeáveis, constatou-se a pre-

sença de uma unidade não indicada nas associações, face à pe-

quena significação da mancha no conjunto. Tal unidade encon-

tra-se referida para os Cariris Velhos por JACOMINE et alii

(1972) e denominada Planosol Solódico.

Planosol Solódico são solos imperfeitamente drenados,

rasos que apresentam B textural com estrutura prismática e fen-

dilhamento, que se manifestaram, também, no horizonte C, na

ocasião da amostragem (período seco).

Há na região dos Cariris Velhos, de um modo geral,

uma seqüência de solos com maior espessura do horizonte A e

maior percentual de matéria orgânica, de Sul a Sudoeste para

Norte e Nordeste ou seja, dos terrenos elevados da alta bacia do

Rio Paraíba para o médio curso deste rio onde termina a área de

estudo.

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Comunidades floristicas regionais

A vegetação da área de estudo apresenta uma gradação

de padrões que, num dos extremos, é representada por floresta

caducifólia espinhos e, no outro, por uma comunidade aberta

subarbustiva estepária.

Na floresta caducifólia espinhosa observam-se indiví-

duos arbóreos com 10 a 12 m (alguns atingem 15 a 17 m), com

caules retilíneos, copas que se tocam, epífitas e lianas e um es-

trato imediatamente abaixo, de diferentes espécies, com indiví-

duos de 6 a 8 m. Cactáceas arbóreas, como facheiro (Pilosoce-

reus sp.) e principalmente, mandacaru (Cereus jamacaru, P.

DC.) estão presentes nos dois estratos. No estrato inferior (ter-

ceiro estrato) são encontrados subarbustos, diversas ervas, além

de plântulas dos estratos superiores.

Nas comunidades abertas subarbustivas estepárias, en-

contram-se indivíduos baixos, isolados, de tronco retorcido,

apresentando copas de forma irregular em que ressaltam os

comprimentos dos ramos pendentes e, também, retorcidos, co-

mumente mais longos que o próprio tronco da planta. Entre estes

indivíduos, encontram-se espaços de solo descobertos, que, só

no curto período chuvoso, são revestidos por vegetação herbá-

cea. As Cactáceas presentes são, principalmente, quipá (Opuntia

inamoena K.Sch.) (Prancha 4D), palmatória (Opuntia palmado-

ra Britton et Rose) e elastrado (Pilosocereus gounellei (Weber)

Bul. et Rowl).

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Entre estes dois extremos acima descritos, existe uma

gradação de fisionomias, causadas por diferenças na composição

florística, adensamento e porte das plantas, bem como na forma

de seus componentes.

MÉTODOS

O estudo do clima e sua metodologia

A análise do clima foi feita com base nos dados de

precipitação pluviométrica (SUDENE, s.d) e de temperatura

(VAREJÃO-SILVA, no prelo) disponíveis, para a área de estu-

do. Estes dados foram analisados seguindo gradientes de pluvio-

sidade e temperatura.

Na ocasião em que se realizou a amostragem da vege-

tação, em cada local, foram feitos registros de umidade relativa

e temperatura do ar, no ciclo de 24 horas.

Da compartimentação da área de estudo

A compartimentação da área foi conduzida de modo a

permitir que a amostragem da vegetação fosse realizada em su-

báreas de fisionomia uniforme. O estudo de imagens de radar,

na escala de 1:250.000, de mosaicos aerofotogramétricos na

escala de 1:70.000 e de fotografias aéreas na escala de 1:40.000,

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bem como as observações preliminares de campo, indicaram

uma variação de fisionomias da vegetação de acordo com as

altitudes. Assim sendo, uma amostragem foi realizada em 10

localidades com um desnível aproximado entre si, de 50 m, a

partir da cota de 350m à de 800m.

Da amostragem do solo e da vegetação

Cada um das 10 localidades da área de estudo foi

amostrada com 5 repetições. Cada repetição era constituída por

um retângulo, medindo 10X20 m, localizado, ao acaso, em áreas

onde se evidenciou m mínimo de perturbação do recobrimento

vegetal primitivo. Em cada repetição, a vegetação foi amostrada

para densidade e altura de espécies arbustivas e arbóreas, consi-

derando-se, apenas, os indivíduos com diâmetro igual ou superi-

or a 5 cm. Para as Bromeliaceae e Cactaceae foi apenas indicada

a presença das espécies.

Em cada localidade, o perfil do solo de uma das repeti-

ções foi descrito em termos de horizonação e espessura dos ho-

rizontes. Dos perfis descritos foi coletada amostra para análise

mecânica.

Com base na descrição de campo e da análise mecâni-

ca do solo, foram computadas, para estudo de correlação do

mesmo com a vegetação, as seguintes variáveis, de acordo com

ANDERSON (1969);

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Índice de permeabilidade – indicado por valores en-

tre 1 (para os solos mais permeáveis) e 10 (para os solos menos

permeáveis) como uma relação entre as texturas das camadas

superficial e subsuperficial e a profundidade da camada superfi-

cial;

Profundidade da camada superficial (cm) – corres-

pondendo à espessura do horizonte A, quando a textura se torna

mais pesada no segundo horizonte (B ou C) e a 50 cm para os

solos em que a textura é uniforme em toda a profundidade estu-

dada. A espessura de 50 cm foi escolhida por ser usada para

caracterização da secção de controle da identificação de famílias

de solos (SOIL SURVEY STAFF, 1975).

Textura das camadas superficial e subsuperficial –

indicada pela soma dos percentuais de argila e silte, obtidos na

análise mecânica das amostras de solo.

Da análise dos resultados

A técnica de ordenação polar (BRAY e CURTIS,

1957; POLLE, 1974) foi usada para determinar o grau de seme-

lhança entre as comunidades vegetais amostradas.

A semelhança entre as comunidades foi avaliada pelo

índice de Semelhança de SORENSEN apud OLIVEIRA (1979),

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expresso abaixo, quando se comparam duas comunidades A e B,

com base na densidade de suas espécies

S = _____2c______ X 100

a + b

onde:

S – Índice de semelhança

a = Somatório das densidades de todas as espécies

encontradas na amostra A.

b = Somatório das densidades de todas as espécies

encontradas na amostra B.

c = Somatório das frações da densidade, comuns às

amostras A e B, para as espécies encontradas em

ambas as amostras.

A interpretação da ordenação polar foi feita através de

estudos de correlação linear entre a posição de cada comunidade

nos eixos da ordenação, os valores das densidades e alturas das

espécies dominantes, as características do solo, e a precipitação

média anual.

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- Zoneamento agroclimático do Estado da Paraíba.

Universidade Federal da Paraíba/Secretaria da Agri-

cultura e Abastecimento. (No prelo).

_______________________________

MARIA ANGÉLICA FIGUEIREDO GOMES – Professora Doutora do Depar-

tamento de Botânica da Universidade Federal do Ceará – Fortaleza.

Transcrição do capitulo de introdução da Tese de Mestrado “Padrões de Caa-

tinga nos Cariris Velhos, Paraíba”, apresentada à Universidade Federal de

Pernambuco (Recife, 1979).

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144

OS CARIRIS VELHOS:

Condicionamentos Climáticos

Maria Angélica Figueiredo Gomes

A análise do clima atual da Micro-Região dos Cariris

Velhos foi baseada em registros pluviométricos, relativos ao

período de 1911 a 1967 (SUDENE, s.d.), em dados de tempera-

tura média, obtidos por regressão múltipla (VAREJÃO-SILVA,

no prelo) e em registros de umidade relativa e temperatura do ar

que foram feitos no campo, durante visitas periódicas à área. As

figuras 5 e 6 mostram, respectivamente, a distribuição da preci-

pitação e temperaturas médias anuais para a área de estudo, se-

gundo VAREJÃO-SILVA (no prelo). A complexidade climática

do Nordeste não se traduz em grandes diferenças térmicas mas

resulta de uma extraordinária variedade de pluviosidade, sem

igual em outras regiões brasileiras (NIMER, 1977). A forma de

precipitação pluvial é, no Brasil, a de que mais freqüentemente

se faz registro. Orvalho e nevoeiro, que muitas vezes permitem

o estabelecimento de certas espécies vegetais, não têm sido me-

didos na maioria das regiões brasileiras, inclusive no Nordeste,

de modo que a ocorrência de um e outro só pode ser inferida

pela presença de espécies já conhecidas, em outras áreas, como

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sendo influencidas por estas precipitações ocultas. Incluem-se

neste caso, espécies de Tillandsia (T. usneoides L., T. loliacea

Mart. ex Schult e T. streptocarpa Baker).

A figura 4 mostra os totais pluviométricos anuAis para

seis localidades na área dos Cariris Velhos e está baseada em

dados contidos em SUDENE (s. d.). Na organização da Figura

4, as localidades foram colocadas em ordem crescente de longi-

tude, que, ao mesmo tempo, correspondem a um sucessivo afas-

tamento dos maciços que ficam a Leste da área de estudo. Estes

maciços são representados pelas serras do Carnoió, do Monte,

do Falcão e pelo conjunto de serras que servem de limite com

Pernambuco, e o maciço de Taquaritinga (Figura 3).

A análise das figuras 4 e 5 mostra que a precipitação

varia espacialmente na área de estudo, aumentando os totais

anuais à medida que se distancia dos maciços a Leste.

Na análise do regime pluviométrico da área de estudo,

além dos totais anuais indicados na figura 4, deve ser levada em

consideração a variação na médias anuais e mensais de precipi-

tação, representada pelos seus coeficientes de variação (Tabela

1).

ADAZ apud MONTEIRO (1974), fazendo uma avalia-

ção parcial do regime de chuvas no Brasil, refere-se a anomalias

nos totais anuais de precipitação e mostra que estas anomalias

determinaram tanto os anos extremamente secos de 1915, 1919,

1928 e 1951, como os anos muito chuvosos de 1917, 1924, 1931

e 1947 por ele estudados. Esta análise de ALDAZ está confir-

mada, para a área do Cariris Velhos, pelos altos valores dos coe-

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ficientes de variação das médias anuais de precipitação (Tabela

1). Os altos valores dos coeficientes de variação das médias

mensais de precipitação (Tabela 1) indicam, por outro lado, ex-

trema variação na distribuição anual da precipitação.

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As chuvas nos Cariris Velhos podem ser explicadas com

base na dinâmica da circulação atmosférica que vem sendo estu-

dada, no Brasil, por SERRA (1953), NIMER (1966), MONTEI-

RO (1969), ANDRADE & LINS (1970) e REIS (1965). No

Nordeste, as chuvas são resultantes de quatro sistemas de cor-

rentes atmosféricas distintos: Sistema de Circulação Perturbada

de Sul, representado por invasões da Frente Polar Atlântica

(FPA); Sistema de Circulação Perturbada de Norte, representado

pelo deslocamento da Convergência Intertropical (CIT); Sistema

de Circulação Perturbada de Leste, representado pelas ondas de

Este (OE), fenômenos dinâmicos que provocam o desapareci-

mento da inversão térmica, nos alíseos subtropicais; Sistemas de

Circulação Perturbada de Oeste, decorrente da linha de instabili-

dades tropicais (IT) (NIMER, 1972). A análise dos pluviogra-

mas, na figura 7, indica maiores valores de precipitação nas

épocas de prevalência da CIT e da FPA, o que indica serem es-

tes sistemas os responsáveis pelo regime de chuvas dos Cariris

Velhos.

A FPA, em seus avanços, atinge o litoral do Nordeste até a

latitude de Natal (MONTEIRO, 1969), provocando o choque

entre massas de ar polar e a massa de ar Tropical Atlântica (TA).

A CIT é de grande importância por contribuir, durante o ano,

com a maior parte das chuvas na área de estudo. Apresenta ori-

entação aproximada L-O e deslocamento na direção NO-SE,

com máximas em março e/ou abril, conforme indicado pelos

valores de precipitação mensal nesses meses (Figura 7).

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A massa de ar Tropical Atlântica, de temperatura elevada e

alta unidade específica, é transportada pelos alíseos, atingindo a

faixa oriental do Nordeste. A inversão térmica que separa esta

massa de ar em duas camadas, impedindo a sua mistura, se des-

faz gradualmente em contacto com os ventos da plataforma lito-

rânea, permitindo a ascensão da camada superficial dos aliseos

e, conseqüentemente, a condensação e a precipitação (REIS,

1967). Entretanto, as chuvas provenientes da Massa Tropical

Atlântica verificam-se em sua maior parte, na vertente oriental

da Borborema, atingindo, de forma muito reduzida, os Velhos.

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150

De acordo com os pluviogramas das localidades na

área de estudo (Figura 7), as chuvas de verão-outono oriundas

do deslocamento da CIT, diminuem de Monteiro para Cabacei-

ras, ou seja de Oeste para Leste.

Observando-se o pluviograma de Cabaceiras, que ocu-

pa a posição mais oriental da área de estudo, pode-se constatar a

influência das chuvas da Massa Tropical Atlântica durante os

meses de junho/julho, determinadas pelo aumento da pressão

atmosférica (SERRA, 1953) e resfriamento dos sistemas inter-

tropicais (MONTEIRO, 1969), ambos os fatos propiciados pela

expansão da Frente Polar Atlântica. Esta (FPA), atinge seu má-

ximo em junho/julho como afirma SERRA (1953): “Somente no

inverno, as altas frias conseguem avançar até as baixas latitu-

des”.

Enquanto as chuvas, devido à CIT, diminuem de Mon-

teiro para Cabaceiras, situação inversa pode ser observada na

Figura 7 onde está indicado que as chuvas provenientes da FPA

diminuem de Cabaceiras para as localidades a Oeste.

Os ventos úmidos, advindos da FPA, têm direção SE-

NO. Considerando a disposição geral da Borborema e seu siste-

ma de drenagem radial, do Rio Grande do Norte e Alagoas, con-

clui-se que os vales escavados na direção de SE são verdadeiros

caminhos à canalização dos ventos úmidos da FPA, favorecendo

a interiorização das chuvas resultantes desta frente.

No que se refere aos níveis escalonados e dissecados

da Borborema, que recebem denominações locais de serras,

mais uma vez, a compartimentação do relevo comanda a distri-

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buição pluvial. Os primeiros contrafortes, isto é, as serras pró-

ximas do litoral com orientação NE-SO, recebem maiores totais

pluviométricos. Enquanto a umidade dos níveis atmosféricos

inferiores se detém nos primeiros contrafortes que encontram,

quando se deslocam de Sudeste para Noroeste, os níveis atmos-

féricos superiores conseguem interiorizar-se, precipitando-se

nos maciços mais altos localizados, ainda, fora da área de estu-

do, tais como as serras de Boqueirão, Oratório, Boa Vista, Ca-

chimira e Umburanas, na divisa Paraíba-Pernambuco. A pene-

tração de ventos úmidos de SE, ao longo dos vales, de orienta-

ção SE-NO, beneficia vertentes a barlavento, enquanto as ver-

tentes opostas permanecem secas, como foi indicado por AN-

DRADE-LIMA (1972) ao analisar a vegetação do Agreste de

Pernambuco.

A interceptação da chuva da FPA, pelas serras situadas

a Leste da área de estudo, pode ser constatada quando se compa-

ram os pluviogramas dos postos de Cabaceiras e de Carnoió

(Figura 7, Tabela 1).

Cabaceiras está localizada imediatamente a sotavento

da serra do Carnoió (900 m de altitude), e por esta razão recebe

menos chuvas de Inverno determinadas pela FPA do que o posto

de Boqueirão (Carnoió) que se encontra apenas a 30 km leste de

Cabaceiras, mas a barlavento da serra da Carnoió.

De um modo geral, a distribuição pluviométrica, indi-

cada na Figura 7, mostra a ocorrência de um período chuvoso e

outro seco. As localidades estudadas podem ser divididas em

dois grupos: aquelas em que as precipitações mensais ultrapas-

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152

sam 100mm nos meses mais chuvosos (Monteiro, Sumé e São

João do Tigre) e aquelas onde as precipitações não atingem es-

ses valores (São João do Cariri, Caraúbas e Cabacerias). O pri-

meiro grupo (Monteiro, Sumé e São João do Tigre) situa-se em

posição mais ocidental, apresentando máximas de precipitação

em março-abril, período de atuação da CIT. O segundo grupo

(São João do Cariri, Caraúbas e Cabaceiras) localiza-se em po-

sição mais oriental e as máximas ocorrem, também, no mesmo

período e as chuvas têm a mesma origem, porém, com valores

mais baixos, assim como menores totais anuais de precipitação .

Um outro elemento na análise do clima da área de es-

tudo foi a temperatura. Os dados empregados constam da Tabela

2 e foram obtidos por VAREJÃO-SILVA (no prelo), usando a

técnica de regressão múltipla.

As temperaturas médias anuais variam entre 23° C e

24° C. As mínimas foram encontradas em Santa Maria e São

João do Tigre com 19,5° C e 20,5° C, enquanto as máximas es-

tão no núcleo térmico de São João do Cariri-Cabaceiras com 26°

C e 25,8° C.

As amplitudes conservam-se em torno de 3° C a 5° C,

o que também se observa para outras áreas de sertão com tempe-

raturas mais elevadas.

Uma análise das condições meteorológicas da área de

estudo, por ocasião da amostragem da vegetação, pode ser feita,

com base nos registros diários de umidade relativa e temperatura

do ar, na Figura 8. As localidades representadas (Figura 8) são

Jureminha, no município de Ouro Velho, e Ligeiro, no municí-

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pio de Serra Branca, nos dias 19 e 22/3/1977. Foram encontra-

das diferenças nos dados meteorológicos, aqui analisados, entre

as duas localidades estudadas. Jureminha apresentou uma tem-

peratura mínima de 21° C, das 4 às 6 horas, enquanto a tempera-

tura mínima registrada em Ligeiro foi apenas de 24° C, com um

período de duração maior que o da área anterior, 0 às 7 horas.

As máximas em Jureminha foram 32° C, às 13 horas, e, em Li-

geiro 34° C, às 15 horas.

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A umidade relativa, em Jureminha, oscilou entre 40%,

das 14 às 16 horas, e 78% das 2 às 6 horas, declinando, rapida-

mente, durante o dia. Na localidade de Ligeiro, a umidade

relativa desceu a 30% entre 14 horas e 30 minutos e 17 horas,

atingindo a 68% entre 4 e 7 horas. Admita-se que o período de

maior secura é aquele em que a linha da umidade relativa passa

abaixo da linha da temperatura. Nesse caso, considerando-se o

intervalo entre os pontos de interseção das linhas, observa-se

para Ligeiro, maior duração e intensidade do período seco, na-

quele dia, sendo a intensidade entendida pelo afastamento verti-

cal entre as linhas na porção superposta.

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159

VEGETAÇÃO DOS CARIRIS VELHOS,

NO ESTADO DA PARAÍBA

Maria Angélica Figueiredo Gomes

Os resultados da análise da vegetação das dez comuni-

dades amostradas, com as cinco repetições para cada uma delas,

foram colocados em tabelas especiais, reproduzidas no presente

trabalho. Enquanto uma delas contém os dados de densidade, a

outra encerra os dados de altura.

As áreas amostradas, no estudo da vegetação, foram

devidamente codificadas. Os nomes vulgares e científicos das

espécies encontradas na área foram devidamente relacionados.

Os dados médios de densidade e altura para as comunidades

amostradas têm importância básica para a caracterização do tipo

regional das caatingas. Tais estudos poderão servir, mais tarde,

de parâmetro para estudos similares em outras áreas do Nordeste

Seco.

Os dados de densidade foram empregados para compu-

tar o grau de relacionamento entre as comunidades amostradas,

com base no Índice de Semelhança de SORENSEN apud OLI-

VEIRA (1979) e os resultados correspondentes foram represen-

tados, em particular.

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A técnica de ordenação polar (BRAY (e) CURTIS,

1957; POOLE, 1974) foi usada para ordenar as comunidades

amostradas, a partir do grau de semelhança entre elas (Tabela 6).

O resultado da ordenação polar pode ser visto na figura

9. Ao longo do eixo dos x, a ordenação foi feita tomando como

limites as comunidades de menor semelhança, isto é, as comuni-

dades entre os extremos representados por A1 (Ouro Velho, Faz.

Pau D’Arco, lugar Aroeira) e A10 (Cabaceiras, Faz. Cancela).

Ao longo do eixo dos y, a ordenação foi feita entre o par de co-

munidades de menor semelhança situada na região mediana do

eixo dos x, isto é, A2 (Ouro Velho, Faz. Pau d’Arco, lugar Aro-

eira) e A3 (Ouro Velho, Faz. Jureminha).

A avaliação do agrupamento de comunidades para

identificação dos padrões de vegetação através da ordenação

polar foi feita por tentativas. Inicialmente foram escolhidos,

independentemente uns dos outros, vários níveis de semelhança

entre as comunidades, formando-se em cada nível, agrupamen-

tos diferentes. A seguir, a fidelidade dos agrupamentos, forma-

dos para cada nível de semelhança escolhido, foi analisada em

termos de estudo dos dados de análise da vegetação (no caso,

densidade, altura e composição) assim como da realidade obser-

vada no terreno.

O estudo simultâneo da tabela 6 e da figura 9, com ba-

se para análise da formação de agrupamentos entre as comuni-

dades amostradas, permitiu indicar que:

1° - Na ordenação ao longo do eixo dos x, a vegetação

revelou variação continua, formando um gradiente entre as co-

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munidades de A1 e A10, como pode ser visto através da análise

dos índices de semelhança constantes da tabela 6.

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2° - Escolhido um índice de semelhança entre as co-

munidades, com valores superiores a 80%, identificaram-se 10

agrupamentos diferentes, o que corresponde exatamente às 10

áreas amostradas.

3º - As comunidades semelhantes ente si, conside-

rando um índice de semelhança maior do que 70%, corresponde-

ram aos 8 agrupamentos: A1, A2, A3, A4, A9, (A6 + A8), (A5 +

A7) e A10, devendo (A5 + A7) ser considerado tipo transicional

entre (A6 + A8) e A10 (Figura 9 e Tabela 6).

4º - Com um nível de 50% de semelhança entre as co-

munidades, ficaram definidos 5 agrupamentos: A1, A3, (A2 +

A4), (A6 + A7 + A8 + A9) e (A5 + A10), reconhecendo-se (A6 +

A7 + A8 + A9) como tipo transicional entre (A2 + A4) e (A5 +

A10).

A realidade de campo mostrou, entretanto, que o nível

de semelhança de 70% identificou os padrões de vegetação com

maior fidelidade. Por outro lado, uma análise combinada dos

dados nas tabelas 4 e 5 e na figura 10 indica a existência de dife-

renças ente os padrões da caatinga identificados ao nível de 70%

de semelhança. Para esta análise são consideradas como domi-

nantes as espécies de mais alta densidade média no padrão. En-

tretanto, o marmeleiro reconhecido como planta invasora nas

comunidades abertas, não foi incluído entre estas espécies do-

minantes, embora tenha sido utilizada para o estabelecimento da

nomenclatura dos padrões de caatinga.

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166

A análise dos dados nas tabelas 4 e 5 e na figura 10

mostrou que:

A1 tem aroeira (Astronium urundeuva Engl.) como

dominante (Tabela 4).

A3 apresenta dominância de catingueira (Caesalpinia

pyramidalis Tul.) e aroeira.

A2 as dominantes são mororó (Bauhinia cheilanta

Steud) e catingueira.

As dominantes de A4 são catingueira e Jurema de em-

bira (Mimosa sp.), com densidades relativamente altas de Bro-

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167

meliaceae e Cactaceae, representadas por macambira (Bromélia

laciniosa Mart.), a palmatória (Opuntia palmadora Britton et

Rose) e quipá (Opuntia inamoena K. Sch.).

As comunidades amostradas em A1, A2, A3 e A4 apre-

sentam, além das diferenças encontradas nas tabelas 4 e 5, alta

densidade de aroeira de grande porte (12 a 15 m) em A1, assim

como a presença de braúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), tam-

bém de porte arbóreo (16 m) visto na Prancha 2-A, assegurando

ao padrão o aspecto florestal. Por outro lado, a fisionomia pró-

pria de florestas em A2, é caracterizada pela presença de aroeira

e complementada, principalmente, por angico monjolo (Pipta-

denia zehntneri Harms), que atinge 15 m de altura.

Ambas as localidades – A1 e A2 – situam-se, aproxi-

madamente, a 800m de altitude, em terrenos de relevo ondulado,

com afloramentos de rocha em forma de matacões.

A3 situa-se em amplas chapadas arenosas, a 700m de

altitude. O seu aspecto florestal, embora não tão característico

como em A1 e A2, é assegurado principalmente pela ocorrência

de catingueira e aroeira. Burra leiteira (Sapium sp.), embiratanha

(Pseudobombax sp.) e pereiro (Aspidosperma purifolium Mart.),

mesmo com densidades baixas, contribuem com porte seme-

lhante ao da catingueira e ao da aroeira, para a identificação de

uma fisionomia do tipo florestal, com predominância de indiví-

duos em torno de 7m.

A umburana vermelha (Bursera leptophloeos Engl.)

destaca-se nas três localidades – A1, A2 e A3 – sendo ausente em

A4, e se faz notar, principalmente, pela espessura de seu caules

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tortuosos, além da esfoliação característica do seu ritidoma

(Prancha 1-A). É freqüente a ocorrência de umburana vermelha

nas amostras de A1, A2 e A3. Menor é a freqüência de umburana

de cheiro ou cumaru (Amburana cearensis (Fr. A11) A.C.

Smith), e menor ainda, a da barriguda (Bobaceae) (Prancha 2-

B). Esta planta ocorre em locais onde dá ou houve caatinga ar-

bórea.

A localidade A4, situa-se sobre um serrote, no municí-

pio de Sumé, a 500 m de altitude e tem uma vegetação seme-

lhante à de A2, do ponto de vista das densidades dos indivíduos

arbóreos. São dominantes arbóreos nessa localidade, catingueira

e angico brabo (Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan) e

em A2, catingueira e angico monjolo.

Em todas as localidades com padrões florestais (A1,

A2, A3 e A4), o estrato subarbustivo é constituído por plantas

jovens das espécies presentes nos estratos superiores, além de

palmatória, quipá (Prancha 4-B e 2-B) e jericó (Selaginella con-

voluta Spring) (Prancha 1-C e 1-D).

A9 é uma localidade que apresenta padrão de baixa

densidade e baixo porte, dominado por pereiro e catingueira, o

qual foi encontrado em Barra de São Miguel, nos níveis aplaina-

dos, erodidos por cursos d’água temporários. Em trechos com o

solo quase desnudo, com pouca ou nenhuma retenção de matéria

orgânica, aparecem, aqui e acolá, populações de xiquexique (Pi-

losocereus gounellei (webwe) Byl et Rowl) conhecido, na região

por alastrado. Entre as Cactáceas são encontrados, também, com

muita freqüência, o facheiro (Pilosocereus sp.) (Prancha 1-B),

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169

principalmente nas pequenas elevações – serrotes – assim como

o mandacaru (Cereus jamacuru P. DC.). Este último ocorre ra-

ramente e com menor porte do que os exemplares encontrados

em A3. As duas foram referidas por ANDRADE-LIMA (1972)

como espécies xerófilas com diferentes níveis de requerimento

hídrico, não sendo comum sua convivência. Nas proximidades

de A9 encontrou-se esta convivência (Prancha 2-C), numa área

de tensão vegetacional correspondente ao encontro das serras do

limite Paraíba-Pernambuco, com a área seca do Cariris Velhos.

As comunidades amostradas em A5, A6, A7 e A8, de

Serra Branca e São João do Cariri, são tipos de vegetação que

foram admitidos, no campo, como semelhantes entre si. Toda-

via, as altas densidades, em ordem crescente de catingueira, ju-

rema de embira e pinhões (Jatropha sp.) determinaram que A5 e

A7 fossem consideradas como componentes de um só padrão

(A5 + A7), distinto de (A6 + A8). Por outro lado, A6 e A8 revela-

ram alta semelhança entre si, aquilatada pelo baixo porte e do-

minância da catingueira, o que permite considerar tais amostras

como pertencentes a um só padrão (A6 + A8). A presença de

trechos de solos sem vegetação, cobertos, muitas vezes, com

pavimento detritico constituído por calhaus de quartzo arestados

e envernizados, é uma constante nas quatro amostras acima refe-

ridas (Prancha 2-D). Tal pavimento é resultante de erosão dife-

rencial da superfície, restando apenas os minerais mais resisten-

tes, sob o clima semi-árido, como já assinalava TRICART

(1959). Juntam-se à paisagem, ora descrita, manchas compactas

de Cactaceae e Bromeliaceae, com maior freqüência de xiquexi-

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que alto (Prancha 4-D). As paisagens com solos em grande parte

descobertos, como essas ora descritas (A5, A6, A7 e A8), princi-

palmente onde se nota presença de xiquexique e macambira,

recebem na região o nome de Cariris. Mesmo nas áreas mais

elevadas de caatinga arbórea sobre solo podzólico (Ouro Velho,

Faz. Pau d’Arco), são notadas, vez por outra, pequenas manchas

de areias brancas, geralmente junto a lajeiros ou matacões, onde

se instalam xiquexique e macambira. Tais áreas são referidas

como manchas de Cariris em meio à caatinga arbórea.

Em São João do Cariri e Serra Branca, nas localidades

A5, A6, A7 e A8, a vegetação, de um modo geral, apresenta baixo

porte, freqüentemente com indivíduos anões em solos bastante

erodidos, os quais, em outras áreas de solos mais profundos, se

apresentam como árvores. Este fato pode ser constatado em re-

lação ao pereiro (Prancha 3-B) é à caraibeira (Tabebuia caraiba

Bur.) (Prancha 2-D) que convivem na mesma comunidade

(Prancha 3-A).

A10, localidade do município de Cabaceiras, se caracte-

riza, em geral, pela presença de plantas de baixo porte e de uma

densidade mais alta, quando comparada com as das outras co-

munidades. É dominada por pereiro e com altas densidades de

catingueira, jurema de embira e pinhão. Pereiro apresenta uma

característica particular em sua morfologia externa, observada

na área de estudo apenas nos locais mais secos, resultando para

a planta um habito diferente daquele que lhe é próprio em outros

meios. Seu porte atinge cerca de 2 m, tendo o caule, em sua ba-

se, ramificações paralelas ao nível do solo, e um eixo vertical

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com ramificações na parte superior que configuram uma copa

(Prancha 5) (ANDRADE-LIMA, no prelo).

Observou-se, nas áreas mais secas dos Cariris Velhos,

que os ramos e folhas caídos são “mumificados” em conseqüên-

cia das altas temperaturas e falta de umidade no solo. De um

modo geral, este material mumificado é transportado pelo vento

para níveis inferiores do terreno, no período seco, ou pelo esco-

amento em lençol por ocasião das chuvas torrenciais. Assim, as

ramificações inferiores do pereiro favorecem o aprisionamento

das folhas caídas, facilitando sua incorporação ao solo, pelo me-

nos junto à planta (ANDRADE-LIMA, no prelo).

Em A10, a seca edáfica contrasta com a umidade at-

mosférica indicada pela ocorrência das Tillandsia. Tal gênero de

plantas é representado nos Cariris Velhos na condição de epífita

por T. streptocarpa Baker, T. loliacea Mart. ex Schult e T. re-

curvata L. Estas espécies convivem, em geral, nos Cariris Ve-

lhos, mas em Cabaceiras foram observadas com maior abundân-

cia (Prancha 3-C), inclusive sobre as linhas de tensão, de onde

são retiradas periodicamente.

A comunidade amostrada em A10, contém alguns ele-

mentos da flora de todas as outras estudadas. Estes elementos,

entretanto, quando presentes em A10, têm quase sempre um me-

nor porte do que nas amostras de A1, A2, A3 e A4. A redução no

porte das plantas permite que a área de A10, seja ocupada por um

maior número de indivíduos do que a área das comunidades

florestais, o que justifica maior densidade em A10 do que em A1,

A2, A3 e A4, para os indivíduos commais de 5,0 cm de diâmetro.

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Comparando-se os padrões A10 e (A5 + A7), observa-se

que eles têm muitos aspectos em comum. Eles são semelhantes

em porte e densidade de catingueira, assim como nas altas den-

sidades de jurema de embira e pinhão, já discutidos anterior-

mente. No entanto, os critérios que se seguem levam à distinção

entre os dois padrões.

O padrão de (A5 + A7) apresenta uma densidade global

mais baixa e menor número de espécies em relação a A10.

Ao nível de 70% de semelhança, (A5 + A7) tem ele-

mentos que constituem um elo entre (A6 + A8) e A10, podendo

por isto ser considerado transicional entre os dois outros.

Os padrões de vegetação identificados na área de estu-

do, ao nível de 70% de semelhança, constam na Tabela 7.

A interpretação da ordenação polar (Figura 9) foi feita

por meio de um estudo de correlação linear entre as coordenadas

das comunidades nos eixos da ordenação, as características do

solo, e precipitação (Tabela 8).

Foi feito também um estudo de correlação linear entre

as características das espécies dominantes e as coordenadas das

comunidades nos eixos da ordenação, características do solo, e

precipitação. Os resultados do estudo entre as coordenadas das

comunidades nos eixos da ordenação, precipitação e caracterís-

tica do solo, podem ser vistos na Tabela 9, enquanto a Tabela 10

mostra as correlações com as espécies dominantes. Os dados da

Tabela 8 mostram que a ordenação das comunidades ao longo

do eixo dos x está significantemente correlacionada com preci-

pitação, e ao longo do eixo dos y, com textura do solo. As den-

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sidades e alturas médias das espécies dominantes (Tabela 10) se

correlacionam significantemente apenas com a ordenação ao

longo do eixo dos x e com precipitação. Têm mais baixa densi-

dade e mais alto porte as comunidades nas áreas de maior preci-

pitação, onde a vegetação é arbórea, em contrate com a vegeta-

ção arbustiva das áreas de menor precipitação.

Estes fatos indicam que a precipitação é o fator mais

importante na determinação do gradiente da vegetação. Entende-

se por que a textura do solo, responsável pelo armazenamento da

água a ser utilizada pelas plantas, não determina um gradiente na

vegetação, quando se atenta para os baixos níveis de precipita-

ção na área de estudo. Embora a capacidade de água disponível

do solo varie com a textura, esta capacidade é apenas uma po-

tencialidade e não será exercida se a precipitação não for sufici-

ente para suprir a água a ser armazenada no solo. Assim, dife-

renças de textura dos solos da área de estudo não são significan-

tes para determinar um gradiente na vegetação.

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Os resultados do estudo de correlação para a ordenação

polar confirmam ANDRADE-LIMA (1966) que diz ser “a caa-

tinga arbórea pouco densa” e que a caatinga arbustiva “é, ora

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densa, ora esparsa, dependendo muito das condições de solo,

sem no entanto fugir às variações climáticas”.

Conclusões

Como resultado do estudo da vegetação e de alguns de

seus fatores condicionantes na região dos Cariris Velhos (Paraí-

ba), depreende-se que:

1. A micro-região dos Cariris Velhos, constitui uma

área elevada ligeiramente embutida nos níveis mais altos do

Planalto da Borborema, apresentando no centro, terrenos entre

400m e 600m de altitude, circundados por elevações que atin-

gem em média 900 m. As maiores elevações dispõem-se na di-

visa entre os Estados da Paraíba e Pernambuco, chegando a pou-

co mais de 1.100m.

2. A precipitação média anual, mesmo nos locais onde

atinge maiores totais, não chega a 600mm, alcançado, em Caba-

cerias, somente 246mm. As características das espécies encon-

tradas na área de estudo, bem como os tipos de comunidade, se

correlacionam significantemente com os valores da precipitação

média anual. As temperaturas médias anuais giram em torno de

23°C a 25°C. A amplitude térmica diária (11°C), assim como as

diferenças nos valores extremos diários da umidade relativa

(38%), são elevadas, tanto para as áreas com maior precipitação

como para as áreas mais secas.

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3. De um modo geral, o mosaico de solos assim se dis-

põe: Solos Litólicos Eutróficos, predominantemente, nos terre-

nos elevados ao Sul e a Oeste; Bruno Não Cálcico nos Terrenos

menos elevados que atingem o centro da área; Vertisol no ex-

tremo Leste e Nordeste dos Cariris Velhos. Os mesmos solos

foram assinalados sob diversos padrões de caatinga.

Os solos pelas suas características consideradas (per-

meabilidade, espessura de camada superficial e textura), não se

correlacionam com os tipos de comunidade, nem com as carac-

terísticas das espécies encontradas.

4. A área estudada apresenta apenas vegetação de Caa-

tinga. Considerou-se como pertencentes a um mesmo padrão as

comunidades que, pelo Índice de SORENSEN apud OLIVEIRA

(1979), apresentam 70% ou mais de semelhança. Foram identi-

ficados oito padrões desta vegetação.

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE-LIMA, Dárdano de

- Crescimento anômalo de Aspidosperma pyrifolium.

(No Prelo).

1966 – Vegetação. In: IBGE. CONSELHO NACIONAL

DE GEOGRAFIA . Atlas nacional do Brasil. Rio de

Janeiro. II. 11.

1972 – Um pouco de ecologia para o Nordeste. Recife,

UFPE, Centro de Ciências do Nordeste, 76 p.

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Southern Wisconsin. Ecological Monographs,

Durham, 27 (4): 325-49.

OLIVEIRA, José Gerardo Beserra de

1979 – Characterization of range sites. Tucson. USA. 105

p. PH. D. Dissertation, School of Renewable Natural

Resources, Universidade of Arizona.

POOLE, Robet W.

1974 – An introduction to quantitative ecology. New York,

Mc Graw Hill, 535 p.

TRICART, Jean

1959 – Informações para a interpretação paleogeográfica dos

cascalheiros, Notícia Geomorfológica, Campinas, 4: 1-11

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EMBRAPA

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA

AGROPECUÁRIA

Vinculada ao Ministério da Agricultura

RETORNO DO INVESTIMENTO EM PESQUISA FEITA

PELA EMBRAPA:

CONTRIBUIÇÃO AO CONTROLE DOS EFEITOS DA

SECAS NO NORDESTE

Francisco Tarcizio Goes de Oliveira

João Batista da Silva

(Técnicos do Departamento de Difusão de Tecnologia – DDT)

Departamento de Informação e Documentação

Brasília, DF

1981

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1. O PROBLEMA DA ÁGUA NO NORDESTE

O Nordeste brasileiro, de acordo com a SUDENE,

abrange uma área de 164 milhões de hectares, formada pelos

Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio

Grande do Norte, Ceará, parte do Maranhão e norte de Minas

Gerais.

Com uma população em torno de 40 milhões de habi-

tantes, essa região é considerada como a maior concentração de

pobreza do Brasil e da América Latina. Cerca de 41% da popu-

lação e 52% da terra estão localizadas na chamada zona semi-

árida, no Sertão, onde a irregularidade nas precipitações pluvi-

ométricas tem se constituído, ao longo dos anos, no maior entra-

ve ao desenvolvimento.

Os problemas de seca que ocorrem comumente no

Nordeste são decorrentes muito mais de irregularidades na dis-

tribuição das chuvas do que, propriamente, da sua escassez.

Embora o volume de chuvas caídas anualmente na região seja

elevado (cerca de 700 bilhões de m³), as chuvas concentram-se

num período muito curto, e sofrem variações cíclicas aleatórias.

Em função destes aspectos, a atividade agrícola nessa região

apresenta nível de risco mais elevado que nas demais regiões do

País.

Colaboraram, na elaboração deste trabalho, os pesquisadores Aderaldo de

Souza Silva e Everaldo Rocha Porto, ambos do Centro de Pesquisa Agrope-

cuária do Trópico Semi-Árido. EMBRAPA – CPATSA.

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191

A análise de longas séries de dados pluviométricos

identificou a tendência do efeito cíclico das secas no Trópico

Semi-Árido Nordestino, o qual corresponde a aproximadamente

treze anos, sendo os sete primeiros anos com tendência à preci-

pitação anual esperada crescente e os últimos 6 anos descrescen-

te.

Além da irregularidade com que as chuvas ocorrem, o

volume d’água caído anualmente na região é subaproveitado. Do

total da precipitação pluviométrica anual, 700 bilhões de m³,

642,6 bilhões de m³ são consumidos pelo fenômeno da evapo-

transpiração e cerca de 36 bilhões de m³ são desperdiçados, em

virtude do escoamento superficial das águas para os rios e destes

para o mar.

Freqüentemente o Governo cria programas de emer-

gência e faz grandes transferências de recursos de outros setores

para atender os problemas da seca no Nordeste. Importâncias

vultuosas têm sido gastas, ano após ano, para amenizar os pro-

blemas sociais e econômicos que surgem por ocasião das gran-

des estiagens que se verificam na região.

Só em 1980, o Governo investiu, a fundo perdido, na

região semi-árida do Nordeste, cerca de 9 bilhões de cruzeiros,

sem contar os recursos que foram destinados aos Programas

Especiais de Desenvolvimento Regional e a vários outros pro-

gramas emergenciais.

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192

2. AS POLÍTICAS ADOTADAS PELO GOVERNO PARA

SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DA SECA NO NORDESTE

A tentativa de solução do problema de água no Nor-

deste já é histórico e tornou-se uma constante nos programas

governamentais. Durante muito tempo todos os esforços do Go-

verno se concentraram na tentativa de armazenar o maior volu-

me de água possível na região, através da construção de açudes.

Hoje existem no Nordeste cerca de 70.000 açudes, entre públi-

cos e privados, que acumulam aproximadamente 20 bilhões de

m³ de água. Desse total, 257 são públicos e armazenam um vo-

lume de 11,5 bilhões de m³, excluindo o lago de Sobradinho.

Todo esse esforço, no entanto, não foi suficiente para

resolver o problema da falta d’água na região, principalmente

porque: a) na construção desses açudes não se levou em conta a

distribuição espacial dos mesmos; b) não se pensou na utilização

racional e adequada desse imenso volume de água armazenado;

c) a pesquisa não dispunha ainda de tecnologias capazes de via-

bilizar o uso desse potencial hídrico, independente de sua locali-

zação, nas propriedades agrícolas.

Atualmente, a estratégia de ação que vem sendo adota-

da pelo Governo para a solução dos problemas do Nordeste, tem

por objetivos a) promover o aproveitamento racional dos recur-

sos de solo e água da Região, proporcionando ao pequeno pro-

dutor rural o acesso à terra, e, concedendo-lhe, ao mesmo tem-

po, o apoio técnico, financeiro e administrativo, necessário ao

desenvolvimento da sua produção e elevação dos níveis de pro-

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193

dutividade; b) desenvolver a agroindústria nordestina, com ênfa-

se em mecanismos de apoio ao pequeno produtor rural, mor-

mente no que se refere ao crédito especializado e apoio tecnoló-

gico, com prioridade para projetos com utilização intensiva de

mão-de-obra e uso de matéria prima agropecuária produzida na

região.

As ações do governo na Região estão sendo desenvol-

vidas através dos Programas Especiais de Desenvolvimento Re-

gional: POLONORDESTE; Projeto Sertanejo; Programa de Irri-

gação; Programa de Desenvolvimento da Agroindústria do Nor-

deste; Programa de Aproveitamento de Recursos Hídricos do

Nordeste; Programa de Apoio às populações Pobres das Zonas

Canavieiras do Nordeste, executados por órgãos de atuação re-

gional, como: SUDENE; DNOCS; BNB; CODEVASF; DNOS,

além do Sistema de Pesquisa e de Extensão Rural, coordenados

pela EMBRAPA e EMBRATER. Apenas para a execução dos

Programas Especiais de Desenvolvimento Regional estão pre-

vistos, para o exercício de 1981, recursos da ordem de Cr$ 23,1

bilhões. Ressalta-se que, além da execução dos programas espe-

ciais, estes órgãos possuem programações próprias.

Um dos mais importantes instrumentos de política

econômica aprovado pelo Governo Federal, para a região, em

1979, é o Programa de Aproveitamento de Recursos Hídricos do

Nordeste. Envolvendo recursos para o período de 1979/1981, da

ordem de Cr$ 9,9 bilhões, esse programa tem como objetivo

básico o aproveitamento da infra-estrutura existente, como ins-

trumento complementar às ações que vêm sendo desenvolvidas

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194

nos diversos programas especiais da área, como o POLO-

NORDESTE, Projeto Sertanejo e o Programa de Irrigação. Para

o ano de 1981, o Governo prevê, para o Nordeste, uma aplicação

de recursos da ordem de 101,9 bilhões.

3. OS TRABALHOS DE PESQUISA DESENVOLVIDOS

PELA EMBRAPA

Visando à solução dos problemas que ocorrem fre-

qüentemente no Nordeste, a EMBRAPA vem desenvolvendo

nos últimos 5 anos um intenso programa de pesquisa, no sentido

de gerar e/ou adaptar tecnologias compatíveis com as limitações

e potencialidades da região, e que possam evitar ou minimizar

os efeitos das secas e permitir um maior desenvolvimento da

agricultura.

Esse programa de pesquisa vem sendo desenvolvido

pelo Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido

(CPATSA), localizado em Petrolina, Pernambuco, e tem como

objetivos:

a) identificar problemas que constituem obstáculos ao de-

senvolvimento agropecuário regional, buscando solu-

ções mediante o emprego de tecnologia compatível com

o ambiente semi-árido;

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b) desenvolver trabalhos de pesquisa na região, visando à

modernização e expansão do setor agropecuário nas

condições de pluviometria natural e sob irrigação, em

consonância com a política e a orientação dos progra-

mas governamentais;

c) estudar e desenvolver melhores condições dos recursos

disponíveis de modo a proporcionar maiores retornos à

mão-de-obra e ao capital ocupados no setor agropecuá-

rio;

d) identificar e melhorar espécies vegetais nativas com po-

tencial econômico, considerando a possibilidade de in-

trodução de novas espécies; e

e) desenvolver sistemas de produção compatíveis com as

condições físicas, biológicas e econômico-sociais da

zona seca.

O programa desenvolvido pelo CPATSA está consubs-

tanciado nos seguintes projetos: Avaliação Técnico-Econômica

de Modelos de Exploração Agrícola; Inventário de Recursos

Naturais e Sócio-econômicos; Desenvolvimento de Sistemas de

Produção para Áreas Irrigadas; Desenvolvimento de Sistemas de

Produção para Áreas de Sequeiro e Manejo de Caatinga.

Resultados excelentes têm sido alcançados a parir dos

trabalhos que estão sendo desenvolvidos. Sistemas de produção

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desenvolvidos para áreas irrigadas permitiram aumentos de pro-

dutividade de ordem de 150% no cultivo de cebolas. A produti-

vidade média do melão irrigado por meio de sulcos aumentou

200% quando cultivado sob irrigação por aspersão e 430%

quando se utilizou a irrigação por gotejamento. Em condições de

irrigação adequada, a produtividade de cana-de-açúcar atingiu

180 t/ha.

O manejo da Caatinga, visando ao seu aproveitamento

agrícola, trouxe uma grande contribuição em termos de suple-

mentação alimentar para os rebanhos no período seco, destacan-

do-se, nesse particular, o capim Buffel, que mostrou-se plena-

mente adaptado à região e, em forma de feno, foi capaz de for-

necer os melhores índices de ganho de peso aos rebanhos de

caprinos e ovinos. Outras espécies de forrageiras exóticas foram

introduzidas na Caatinga e algumas dessas espécies produzem

mais de 10 toneladas de matéria seca por hectare.

Em virtude da insuficiência de equipamentos agrícolas

motorizados e da baixa produtividade da mão-de-obra em pro-

priedades totalmente dependentes de equipamentos manuais ou

à tração animal, de baixo rendimento, implementou-se a cons-

trução e/ou adaptação de equipamentos agrícolas capazes de

aumentar a produção da mão-de-obra rural.

O multicultor, por exemplo, é um equipamento para

mecanização agrícola, à tração animal, adaptada pelo CPATSA,

que se presta às operações de campo à semelhança de um trator,

e que responde perfeitamente às necessidades da região, por ser

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um implemento extremamente versátil, de baixo custo, podendo

ser construído nas oficinas locais. (1)

Muitos outros resultados de pesquisa que já estão sen-

do colocados à disposição dos agricultores, permitem melhorar

consideravelmente os níveis de produtividade, contribuindo ao

mesmo tempo para a modernização da agricultura na região.

No entanto, dentre as diversas atividades de pesquisa

que estão sendo desenvolvidas pelo CPATSA, destacam-se

aquelas que visam à otimização do uso dos recursos edáficos e

hídricos, os quais determinam os dois enfoques básicos de qual-

quer Programa de Desenvolvimento Agrícola para a região, que

são: redução das perdas de água de chuva por escoamento super-

ficial, evitando que se perca parte dos 36 bilhões de m³, anual-

mente; e manejo adequado das águas armazenadas em reservató-

rios superficiais ou subterrâneos através de técnicas conservaci-

onistas adequadas às condições semi-áridas do Nordeste.

Neste trabalho relatam-se, com base em resultados de

pesquisa já comprovados, os benefícios que poderiam ser conse-

guidos com a utilização das tecnologias geradas pela EMBRA-

PA, que permitem a irrigação a baixo custo em pequenas áreas,

e que já estão sendo difundidas entre os agricultores da região,

em trabalho conjunto com a Extensão Rural. A utilização dessas

tecnologias permite estabilizar a produção agrícola em pequenas

áreas, e/ou aumentar a área explorada através dos chamados

(1) Os benefícios obtidos com o resultado dessa pesquisa serão analisados em

outro trabalho desta série.

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métodos não convencionais de irrigação, e de sistemas de apro-

veitamento racional de água, dotando as propriedades agrícolas

de uma infra-estrutura capaz de torná-las resistentes aos efeitos

das estiagens prolongadas.

Essas tecnologias já estão sendo utilizadas a nível de

produtor rural em dez núcleos do Projeto Sertanejo, localizados

em Irecê-BA, Poço Redondo-SE, Valença-PI, Jaicós-PI, Iguatu-

CE, Caicó-RN, Picuí-PB, Santa Luzia-PB, Ouricuri-PE e Serra

Talhada-PE.

4. TECNOLOGIA RECOMENDADA PELA EMBRAPA –

UMA ALTERNATIVA PARA CONTROLE DOS EFEITOS

DA SECA NO NORDESTE

Antes de entrarmos na descrição das alternativas tecno-

lógicas, julgamos necessário esclarecer alguns conceitos básicos

que serão utilizados ao longo deste trabalho, tais como: pequena

irrigação; irrigação convencional; irrigação não-convencional;

irrigação de salvação e métodos não-convencionais de irrigação.

Pequena Irrigação – Irrigação conduzida a nível de

propriedade agrícola, através de qualquer método de aplicação

de água em áreas ao redor de 5ha, utilizando-se infra-estrutura

simples e manejo criterioso da água.

Irrigação Convencional – Irrigação conduzida em

áreas pequenas ou grandes, através dos métodos tradicionais de

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199

aplicação de água, onde a disponibilidade de recursos hídricos

permite uma aplicação mais freqüente e controlada de água, para

atender completamente, se necessário, aos requerimentos de uso

consecutivo das culturas. Neste caso o objetivo da irrigação se-

ria garantir e aumentar a produtividade agrícola, adotando-se um

manejo condizente com o método empregado e o nível de tecno-

logia utilizado.

Irrigação não-Convencional – Irrigação conduzida a

nível de propriedade agrícola, através de qualquer método de

aplicação de água, em áreas geralmente inferiores a 2ha, com

recursos hídricos escassos, visando a estabelecer e/ou incremen-

tar, principalmente, as produções dos sistemas de cultivo co-

mumente explorados no Nordeste do Brasil, com um manejo

racional adequado aos fatores limitantes com que convive o pe-

queno agricultor.

Irrigação de Salvação – Irrigação suplementar efetuada

através da aplicação de pequenas lâminas d’água, normalmente

inferiores a 30mm, para atender o requerimento mínimo de água

das culturas, após as mesmas terem sofrido consideráveis défi-

cits hídricos. Essa suplementação de água visa a garantir uma

produção mínima necessária para suprir as necessidades alimen-

tares dos produtos rurais da região semi-árida.

Métodos não-Convencionais de Irrigação – Métodos

simples de aplicação de água, que utilizam material e mão-de-

obra regionais, de fácil manejo e alta eficiência de uso de água

capazes de estabilizar e/ou incrementar, principalmente, a pro-

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dução de culturas alimentares (milho e feijão) em pequenas

áreas, de até cerca de 1ha, com recursos hídricos escassos.

A tecnologia recomendada pela EMBRAPA, para mi-

nimizar os efeitos das estiagens prolongadas no Nordeste, fun-

damenta-se no aproveitamento de água de chuva proveniente do

escoamento superficial e na utilização de métodos não conven-

cionais de irrigação que requerem menores quantidades de água.

Com base nos resultados de pesquisas realizadas pelo

CPATSA, a EMBRAPA coloca à disposição dos agricultores

tecnologias capazes de atenuar os problemas de seca na região

semi-árida do Nordeste, através da utilização das seguintes téc-

nicas: a) sistema de aproveitamento de água do escoamento su-

perficial-SAES; b) sistema de sulcos e camalhões para explora-

ção de vazantes; c) sistema de irrigação que utiliza cápsulas po-

rosas; e d) sistema de irrigação que utiliza potes de barro.

4.1 Sistema de Aproveitamento de Água do Escoamento Super-

ficial-SAES

Tendo-se em conta que aproximadamente 36 bilhões

de m³ de água, provenientes das precipitações pluviométricas, se

perdem anualmente no Nordeste, por escoamento superficial

para os rios e destes para o mar, as pesquisas desenvolvidas pela

EMBRAPA, sugerem, como alternativa para compensar os efei-

tos da intermitência das chuvas na região, o aproveitamento des-

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201

te recurso escasso, através da técnica de captação, armazena-

mento e distribuição da água de chuva.

Essa técnica consiste em captar a água de chuva que

escoa superficialmente, armazenando-a em barreiros, para ser

utilizada de forma complementar em “irrigações de salvação”,

evitando assim a frustração de safras em pequenas áreas, por

ocasião das estiagens prolongadas que ocorrem freqüentemente.

O sistema é extremamente simples e destina-se princi-

palmente aos pequenos e médios produtores. Permite dotar as

propriedades de uma infra-estrutura capaz de minimizar os efei-

tos de secas prolongadas e representa, efetivamente, entre as

alternativas já existentes, uma nova fonte de suprimento de

água.

Para utilização dessa técnica, o agricultor necessita de

três elementos que devem ser construídos de acordo com reco-

mendações técnicas: 1) área de captação; 2) tanque de armaze-

namento ou barreiro; e 3) área de plantio.

A área de captação é uma área localizada acima do bar-

reiro, com declividade variável e limitada por um dique natural

ou artificial de terra que funciona como divisor de água e é des-

tinada a captar água de chuva. De preferência utilizam-se as

áreas de encosta, com solos rasos e pedregosos, que apresentam

declividade superior a 2%.

A área deve ser desmatada e pode ser utilizada para

plantar espécies tolerantes à seca, como capim Buffel, palma

forrageira sombreada com algaroba, algodão, sorgo forrageiro e

mamona, entre outras.

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O tanque de armazenamento ou barreiro é uma área

construída abaixo da área de captação, formada por uma peque-

na barragem, que se destina a armazenar a água de chuva escoa-

da da área de captação.

A área de plantio é uma área localizada abaixo do bar-

reiro e se destina à exploração de culturas, preferencialmente

alimentares. Essa área deve ser formada por solos adequados à

agricultura, devendo ser preparada conforme o sistema de sulcos

e camalhões com superfície de 1,2m de largura, limitados late-

ralmente por sulcos de 0,2m de profundidade e 0,30m de largu-

ra. O espaçamento entre sulcos deverá ser de 1,5m, com declivi-

dade variando de 0,4 a 0,8% possibilitando a aplicação de água

nos cultivos durante as irrigações de salvação. O terreno da área

de plantio deverá ter uma declividade entre 0,5 a 5%.

A área de captação é calculada em função do tamanho

da área de plantio que se quer irrigar, da necessidade de água

requerida pelas culturas a serem exploradas, do coeficiente de

escoamento do solo da área de captação e da precipitação pluvi-

ométrica média anual.

Um barreiro com capacidade média 3.000m³ é sufici-

ente, de acordo com os estudos desenvolvidos pelo CPATSA,

para complementar a necessidade de água numa área equivalen-

te a 2 hectares, plantada com culturas alimentares e ocupa uma

área que varia de 0,2 a 0,4ha. A área de captação necessária para

alimentar um barreiro com capacidade de 3.000m³ de água é em

média de 3 hectares. Estes dados estão baseados em experimen-

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tos feitos em uma região com precipitação média de 500mm e

coeficiente de escoamento igual a 0,2.

O funcionamento do sistema é extremamente simples.

A água da chuva que escorre da área de captação é acumulada

naturalmente no barreiro. Um tubo condutor, instalado no bar-

reiro, permite a retirada da quantidade de água necessária para

cada irrigação, sem a necessidade da utilização de motobomba,

visto que, a maneira pela qual o barreiro é construído, permite

utilizar a água para irrigação por gravidade.

A água que passa pelo tubo condutor chega à área de

plantio (que está localizada à juzante do barreiro), através de um

canal de terra simples, e daí percorre a área a ser irrigada, atra-

vés dos sulcos construídos de acordo com a declividade reco-

mendada.

Para o cálculo do custo de implantação do SAES, o

CPATSA apresenta quatro alternativas, em função das diferen-

tes condições da área a ser aproveitada e do processo utilizado

para construção:

Alternativa A – A área de captação, o tanque de ar-

mazenamento e a área de plantio são instalados em áreas já cul-

tivadas anteriormente. Este sistema apresenta um custo médio de

implantação, para irrigação de uma área de 2 hectares, de Cr$

128.872,00.

Alternativa B – A área de captação é desmatada ma-

nualmente, sem operação de destocamento. O tanque de arma-

zenamento é construído em área com vegetação de caatinga e

utiliza-se área de plantio já cultivada anteriormente. O custo

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médio de implantação deste sistema para irrigar uma área de 2

hectares é de Cr$ 142.204,00.

Alternativa C – A área de captação é desmatada e des-

tocada à máquina. O tanque de armazenamento é construído em

área com vegetação de caatinga e também utiliza-se área de

plantio já cultivada. O custo médio de implantação deste siste-

ma, para irrigar uma área de 2 hectares, é de Cr$ 166.352,00.

Alternativa D – As áreas de captação e de plantio são

desmatadas e destocadas à máquina e o tanque de armazenamen-

to é construído em área com vegetação de caatinga. O custo mé-

dio de implantação deste sistema, para irrigar uma área de 2

hectare, é de Cr$ 178.972,00.

Em todas as quatro alternativas, os custos das opera-

ções envolvendo mecanização agrícola foram baseados nos pre-

ços cobrados pelas patrulhas mecanizadas estaduais.

4.2 Sistema de Sulcos e Camalhões para Exploração de Vazan-

tes

Considerando-se a existência no Nordeste de uma área

potencial de vazantes superior a 150.000 hectares, proveniente

dos açudes, sem considerar os rios e lagos, o CPATSA desen-

volveu uma tecnologia inédita que permite explorar de maneira

mais racional esta áreas.

As vazantes têm sido exploradas de maneiras inade-

quadas, sendo o plantio das culturas feito em covas abertas dire-

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tamente no solo, quando o teor de umidade está próximo da sa-

turação.

O sistema desenvolvido consiste na utilização dos ter-

renos potencialmente agricultáveis de açudes, rios e lagos, que

são cobertos pelas águas durante a época chuvosa e que vão

sendo lentamente descobertos à medida que se desenvolve o

período seco.

A recomendação para o aproveitamento dessas áreas

baseia-se na construção de sulcos e camalhões, em curva de ní-

vel, para a execução de “Irrigações de Salvação” através de mo-

tobomba.

A construção dos sulcos e camalhões consiste em mar-

car a linha d’água, que limita a área seca com a bacia hidráulica,

com piquetes espaçados de 10m. Visto que o nível das águas

paradas é perfeito, a linha d’água demarcada estará em curva de

nível. Este primeiro sulco serve de linha básica para o traçado

dos demais.

Os sulcos e camalhões são abertos seguindo a linha

demarcada pelos piquetes, com o uso de enxada ou da tração

animal. A construção de novos sulcos somente deverá ocorrer

quando a lâmina d’água armazenada baixar o suficiente para que

sejam traçados cinco novos sulcos. A determinação do número

ideal de sulcos e camalhões é feita no ano subseqüente à implan-

tação do sistema.

Este sistema proporciona maior aeração e disponibili-

dade mais uniforme de umidade no solo, possibilitando melhor

desenvolvimento do sistema radicular das plantas e melhor

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aproveitamento da fertilidade natural do terreno, além de possi-

bilitar a aplicação de “Irrigações de Salvação” quando necessá-

rias. O custo para se implantar esse sistema está em torno de Cr$

90.000,00/ha, incluindo a compra da motobomba e fertilizantes

químicos. As produtividades médias obtidas com esta tecnologia

para as culturas de milho e feijão de corda plantadas isolada-

mente são de 4.000kg/ha e 1.500kg/ha, enquantonestas mesmas

áreas, através da exploração tradicional, as produtividades têm

sido de 1.500kg/ha e 400kg/ha, respectivamente, segundo in-

formações do CPATSA.

4.3 Sistema de Irrigação que Utiliza Cápsulas Porosas

Este é um método não-convencional de irrigação que

utiliza como unidade porosa cápsulas confeccionadas com uma

mistura de argila. A cápsula porosa é uma peça oca, de forma

cônica, com paredes de 0,6 cm de espessura, tem capacidade

para 700cc de água, resistência mecânica à compressão de 5

kg/cm² , possui uma porosidade de 20 a 22% e tem dois bicos

conectores na parte superior. Exige um controle absoluto da

temperatura de queima (1.120°C), razão pela qual só pode ser

fabricada em indústrias cerâmicas.

O sistema consta de uma fonte abastecedora central,

que pode ser uma caixa de cimento amianto, um tonel comum

(com capacidade de 200 litros), um poço, um barreiro, um tan-

que de cimento etc. A fonte abastecedora alimenta um pequeno

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reservatório colocado a 0,5m acima do nível do solo, que pode

ser um pote de barro caseiro com capacidade de 10 a 12 litros.

As cápsulas interconectadas e ligadas ao reservatório

de abastecimento (pote) por meio de tubos de polietileno de 1”

de diâmetro são enterradas no solo. Um sistema de bóia instala-

do no reservatório de abastecimento mantém constante o nível

da água no seu interior e controla o abastecimento das cápsulas.

A passagem da água das cápsulas para o solo processa-

se pela diferença de potencial de água existente entre o solo e a

cápsula. A distribuição da água no solo é feita de forma conti-

nua, sendo diretamente proporcional à diferença de potencial

existente entre a água no interior da cápsula e o solo e inversa-

mente proporcional à resistência da cápsula. Além disso, a carga

hidrostática formada pela diferença de altura entre o sistema

instalado e a fonte abastecedora (colocada a 0,5m acima do ní-

vel, do solo), ajuda a liberar a quantidade d’água necessária para

manter o sistema em equilíbrio. A irrigação por este sistema

permite grande economia de água quando comparado aos méto-

dos convencionais de irrigação, uma vez que praticamente não

ocorrem perdas por percolação nem por evaporação.

A água liberada continuamente do interior das cápsulas

para o solos permite a manutenção constante de uma região

úmida, que se forma em torno de cada cápsula, com 60 a 80 cm

de diâmetro, que é chamada de “bulbo molhado”, onde são cul-

tivadas as plantas. As cápsulas são instaladas num espaçamento

de 2,0m x 2,0m. Para irrigar um hectare são necessárias 2.500

cápsulas.

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O sistema de irrigação por cápsulas porosas destina-se

principalmente a garantir a produção de culturas alimentares em

pequenas áreas na região semi-árida do Nordeste.

De manejo muito simples e custo de implantação bai-

xo, desde que haja disponibilidade de água para mantê-lo abas-

tecido durante o ano inteiro, ele permite não só a estabilização

do primeiro cultivo nos anos irregulares de chuva, como tam-

bém a realização de cultivos sucessivos durante todo ano, garan-

tindo, portanto, a subsistência nas pequenas e médias proprieda-

des e gerando ainda excedentes comercializáveis.

O custo de implantação de um sistema de irrigação, por

cápsulas porosas para 1 hectare, é de Cr$ 158.500,00, sem inclu-

ir a fonte fornecedora de água. Resultados obtidos pelo CPAT-

SA com a utilização deste método permitiram a obtenção das

seguintes produções por hectare: 47,5 toneladas de melancia,

2,25 toneladas de milho e 1,87 toneladas de feijão, com um con-

sumo de água de apenas 900m³/ha, 1.000m³/ha e 800m³/ha, res-

pectivamente.

Em trabalho conjunto, a EMBRATER e a EMBRAPA

deverão instalar, em propriedades rurais, nas diversas regiões

áridas e semi-áridas no Nordeste, em 1918, 400 unidades de

demonstração deste método não-convencional de irrigação, vi-

sando à difusão e conseqüente adoção dessa tecnologia pelo

maior número possível de produtores rurais.

Esta técnica, apesar de muito importante, apresenta

ainda um inconveniente. Se o sistema sofrer uma parada no seu

abastecimento entre um cultivo e outro, ocorre uma redução na

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quantidade de água liberada pelas cápsulas. Portanto é necessá-

rio que o abastecimento d’água seja continuo. Para solucionar

esse problema, o CPATSA está desenvolvendo várias pesquisas

em campo e em laboratórios, cujos resultados deverão, a curto

prazo, sanar esta falha no sistema proposto.

4.4 Sistema de Irrigação que Utiliza Potes de Barro

Este método não-convencional de irrigação obedece o

mesmo principio utilizado no sistema de irrigação por cápsulas,

utilizando como unidades porosas potes de barro cozidos seme-

lhantes aos que os agricultores usam em casa como reservatórios

d’água para beber.

Os potes podem ser fabricados diretamente na comuni-

dade rural pelos artesões locais e não estão sujeitos a controle de

porosidade, a exemplo do que acontece com as cápsulas. No

entanto, é necessário que o pote seja bastante poroso, o que se

pode conseguir adicionando um pouco de serragem ou de esteco

animal (especialmente de eqüinos e muares) à argila, por ocasi-

ão da sua fabricação. Os potes comumente encontrados nas fei-

ras apresentam um baixo índice de porosidade, por receberem

um alisamento interno e externo no final da sua confecção, que

os tornam mais atrativos comercialmente e, portanto, não devem

ser utilizados.

Os potes com capacidade média de 12 a 15 litros

d’água são enterrados no chão, ficando com o gargalo acima do

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solo e podem ser utilizados de forma individual, ou conectados

através de tubos de polietileno, como no sistema de cápsulas.

Quando se utilizam potes de maneira isolada, o abastecimento

de água é feito individualmente, em cada pote. No caso de se

utilizarem potes conectados entre si, há necessidade de se ter

uma fonte abastecedora central que deverá ser colocada a 0,5m

acima do nível do solo, e que pode ser uma caixa de cimento

amianto, um tonel comum (com capacidade de 200 litros), um

poço, um barreiro etc.

Entre a fonte abastecedora e cada linha de potes inter-

conectados, existe um pote dotado de um sistema de bóia, que

mantém constante o nível da água no seu interior, controlando

assim o abastecimento e a manutenção do nível d’água nos de-

mais potes. É necessário que a linha de potes esteja em curva de

nível.

A distribuição de água para irrigação se processa de

forma continua e automática, porque a planta, ao retirar água do

solo, provoca uma diferença de potencial de água entre o solo e

o pote e gera uma força de sucção, fazendo com que a água flua

naturalmente do interior do pote para o solo.

Do mesmo modo como ocorre no sistema de irrigação

por cápsulas, a água liberada do interior dos potes para o solo

permite a manutenção de uma região, úmida (bulho molhado) ao

redor de cada pote, com 60 a 80 cm de diâmetro, onde são plan-

tadas as culturas. Os potes são instalados num espaçamento

aproximado de 4,0 x 3,0m. Para irrigar um hectare são necessá-

rios 833 potes.

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Este sistema de irrigação é de baixo custo, seu manejo

é extremamente simples, e é recomendado principalmente para

pequenas propriedades. Ele estabiliza a produção de alimentos

em pequenas áreas, possibilitando a realização de cultivos su-

cessivos durante todo o ano, garantindo a subsistência do agri-

cultor e de sua família, gerando ainda excedentes comercializá-

veis.

O custo de implantação de um sistema de irrigação que

utiliza potes de barro interconectados, para 1 hectare, é de Cr$

65.000,00, sem incluir a fonte fornecedora de água. Utilizando a

irrigação pelo sistema de potes, técnicos do CPATSA obtiveram

as seguintes produtividades médias por hectare: 24.990 kg de

melancia; 666 kg de milho e 583 kg de feijão e o consumo de

água foi apenas de 191m³, 176m³ e 149m³ por hectare, respecti-

vamente.

5. METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho consiste, numa

primeira fase, em descrever detalhadamente cada tecnologia

alternativa gerada visando a identificar o seu potencial e estabe-

lecer os seus coeficientes técnicos, que servirão de parâmetros

para as projeções e comparações que serão feitas.

Na parte seguinte, utilizando-se das informações ante-

riormente descritas, faz-se um exercício de projeções mostran-

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212

do-se os custos e os benefícios que poderiam ser obtidos com

utilização destas tecnologias.

Na última parte do trabalho propõe-se um conjunto de

medidas que são consideradas necessárias para que se posam

obter os benefícios projetados no exercício de cálculo anterior.

Os dados de custos e produtividades dos sistemas al-

ternativos propostos foram fornecidos pelo CPATSA e são, a

seguir, discriminados.

Sistema de Aproveitamento de Água de Escoamento Super-

ficial-SAES

O custo de implantação considerado para um SAES

com área de captação de 3 hectares, barreiro com área de 0,2

hectares e capacidade para armazenar 3.000m³ de água, suficien-

tes para fazer irrigação de salvação em 2 hectares, foi de Cr$

154.100,00 (centro e cinqüenta e quatro mil e cem cruzeiros),

correspondente à média aritmética simples dos custos das quatro

alternativas existentes. Convém esclarecer, no entanto, que nas

projeções feitas, em termos de produção para este sistema, não

se levou em consideração a possibilidade de utilização da área

de captação, por não se dispor ainda de dados concretos de pro-

dutividade dessa área.

Foram consideradas duas hipóteses em relação à explo-

ração deste sistema. A primeira em que é possível apenas um

cultivo do consórcio milho x feijão, nos anos em que a precipi-

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213

tação pluviométrica é típica do nordeste semi-árido, e a segunda

com a utilização de um cultivo sucessivo de feijão em cultura

isolada, nos anos em que a precipitação pluviométrica é conside-

rada boa para a atividade agrícola.

As produtividades utilizadas para o consórcio milho x

feijão, neste sistema, foram de 1.000kg de milho por hectare e

500 quilos de feijão por hectare. No cultivo isolado de feijão a

produtividade considerada foi de 800kg por hectare.

Sistemas de Sulcos e Camalhões para Exploração de Vazan-

tes

O custo considerado para a implantação desse sistema,

para irrigar 1 hectare, incluindo despesas com fertilizantes quí-

micos, foi de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros). Para cál-

culo das projeções considerou-se uma área média de 2 hectares e

a aquisição de uma motobomba, no valor de Cr$ 40.000,00

(quarenta mil cruzeiros), que seria utilizada nos 2 hectares. Por-

tanto, o custo de implantação do sistema para 2 hectares, foi de

Cr$ 140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros).

As produtividades consideradas foram de 4.000 quilos

de milho por hectare e 1500kg de feijão por hectare, em plantios

isolados.

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214

Sistema de Irrigação que Utiliza Cápsulas Porosas

O custo considerado para implantação deste sistema

em 1 hectare foi de Cr$ 158.500,00 (centro e cinqüenta e oito

mil e quinhentos cruzeiros), considerando-se o preço de Cr$

20,00 por cápsula porosa.

O consumo de água considerado durante o ciclo com-

pleto das culturas de 1.000m³ por hectare para o milho e 800m³

por hectare para o feijão.

Os dados de produtividade utilizados foram 2.250 kg

por hectare para o milho e 1.870 kg por hectare para o feijão,

plantados em culturas isoladas, que foi a única considerada para

o cálculo das projeções feitas para este sistema. As projeções

foram feitas considerando-se um cultivo anual de milho e dois

cultivos anuais de feijão em culturas isoladas, numa área de um

hectare.

Sistema de Irrigação que Utiliza Potes de Barro

O custo considerado para a implantação deste sistema

foi de Cr$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil cruzeiros) por hecta-

re, considerando-se um de Cr$ 30,00 (trinta cruzeiros) por pote

de barro comprado ao artesão. O consumo de água considerado

foi de 176 m³ por hectare para o milho e 149 m³ por hectare para

o feijão.

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215

Os dados de produtividade utilizados foram: 666kg por

hectare para o milho e 583kg por hectare para o feijão, plantados

em culturas isoladas, que foi a opção considerada para cálculo

das projeções feitas para este sistema. As projeções foram feitas,

considerando-se em cultivo anual de milho e dois cultivos anu-

ais de feijão, em culturas isoladas, numa área de 1 hectare.

Considerou-se somente o sistema de potes interconec-

tados, uma vez que não se dispunha de dados de custos e mão-

de-obra necessários ao funcionamento do sistema com potes

isolados.

Para estabelecer comparações considerou-se o custo de

implantação de 1 hectare irrigado pelo sistema convencional

igual a US$ 12.000,00, de acordo com informações da Diretoria

de Irrigação do Ministério do Interior, e a faixa de câmbio utili-

zada foi a vigente em 14/3/81, Cr$ 74,70 por dólar.

O consumo de água considerado no sistema convenci-

onal de irrigação foi de 5.000 m³ por hectare para o milho e

3.500 m³ por hectare para o feijão, considerando-se estas cultu-

ras em plantios isolados, de acordo com informações do CPAT-

SA.

Os dados de produtividades considerados para o siste-

ma usual do produtor, baseados em informações do Censo

Agropecuário do IBGE, 1975, foram os seguintes:

milho plantado em cultura isolada 650 kg p/ha

feijão plantado em cultura isolada 384 kg p/ha

consórcio milho x feijão milho 490 kg p/ha

feijão 300 kg p/ha

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216

Os dados de produtividade de milho e feijão conside-

rados no sistema comumente utilizado pelo produtor na explora-

ção de vazantes, em cultivos isolados, foram, de acordo com

informações do CPATSA, de 1.500 kg por hectare para o milho

e 400 kg por hectare para o feijão.

Os dados de preços de milho e feijão utilizados para o

cálculo do valor bruto da produção foram tomados a partir da

média mensal regional de preços desses produtos recebidos pe-

los produtores em janeiro de 1981, segundo dados da Fundação

Getúlio Vargas, ou seja: feijão, Cr$ 18,00 por kg e milho, Cr$

98,00 por quilo.

Nas projeções feitas com relação ao número de pessoas

beneficiadas na região com a utilização das tecnologias aqui

descritas, considerou-se de 6 pessoas a composição média da

família no Nordeste.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As tecnologias recomendadas pela EMBRAPA, com

base em métodos não-convencionais de irrigação e pequena irri-

gação, permitem estabilizar, diversificar e/ou aumentar a produ-

ção em pequenas áreas na região semi-árida do Nordeste, crian-

do, a curto prazo, uma estrutura de resistência aos efeitos da

seca.

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217

Os métodos de irrigação por cápsulas porosas, potes de

barro e SAES aqui descritos, apresentam inclusive algumas van-

tagens em relação aos métodos convencionais de irrigação, por-

que são de baixo custo, permitem maior economia e eficiência

no uso da água e dispensam o uso de força motriz, o que implica

em economia de combustível.

A utilização destas tecnologias, nos moldes em que

vêm sendo propostas pela EMBRAPA, poderia trazer inúmeros

benefícios econômicos e sociais para o agricultor, para a região

e para o País. Com base nos resultados de pesquisa obtidos pelo

CPATSA, analisaremos os benefícios que poderão ser obtidos

com a utilização de cada uma das tecnologias aqui descritas.

6.1 Benefícios que Poderão ser Obtidos com o Sistema de Apro-

veitamento de Água do Escoamento Superficial – SAES

Esta tecnologia, pelas suas características, tem um

grande alcance social, uma vez que pode ser utilizada pratica-

mente em todas as propriedades do Nordeste, não havendo, por-

tanto, limitações a nível de produtor, propriedade ou região. O

SAES pode ser implantado em pequenas, médias e grandes pro-

priedades, não exige alto grau de conhecimentos do produtor e

não implica em investimento elevado de capital, independendo,

a nível regional, de infra-estrutura de armazenamento de água

(açudes, rios, lagos etc.).

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218

A principal vantagem desta tecnologia é permitir a es-

tabilização da produção numa área predeterminada, evitando a

total frustração de safra. Permite aumentar a produtividade, e,

nos anos de precipitação normal, possibilidade de se utilizar

para o cultivo a própria área de captação. Apresenta ainda as

seguintes vantagens:

a) permite o estabelecimento de projetos formados por

pequenos sistemas administrados pelo próprio produ-

tor, ao invés de grandes projetos administrados dire-

tamente pelo Estado, dispensando, portanto, as ope-

rações que implicam em desapropriação de terras, as-

sentamentos de famílias etc.;

b) contribui para aumentar a capacidade gerencial e o

nível de conhecimentos do agricultor, na medida em

que ele passa a utilizar uma prática que envolve téc-

nicas relativas ao manejo do solo e da água;

c) não utiliza força motriz, dispensando, portanto,

qualquer despesa com energia, combustível e lubrifi-

cantes; e

d) permite maior emprego da mão-de-obra regional,

nas operações de preparo da área de captação e cons-

trução de barreiras, além da mão-de-obra requerida

nas operações de transporte e comercialização da

produção excedente.

Para termos uma idéia dos reais benefícios que poderi-

am ser obtidos com a utilização desta tecnologia, façamos as

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219

seguintes projeções. Tomando-se por base os oito Estados que

compõem basicamente o Nordeste (Bahia, Sergipe, Alagoas

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), va-

mos considerar a possibilidade de implantação de 3.000 SAES

em cada Estado, para irrigar uma área média de 2 hectares por

sistema. Esse programa envolveria recursos da ordem de Cr$ 3,7

bilhões e poderia trazer os seguintes benefícios:

Estabilização da produção uma área de 48.000 hecta-

res. Considerando-se apenas as possibilidades de cultivo de mi-

lho e feijão plantados em consórcio, teríamos uma produção

total de 48.000 toneladas de milho e 24.000 toneladas de feijão.

Sem a utilização desta tecnologia, tomando-se por base

a produtividade média para feijão e milho em consórcio, nor-

malmente obtida no Nordeste (490kg/ha de milho e 300kg/ha de

feijão) (1), a produção obtida nessa área seria apenas de 23.520

toneladas de milho e 14.400 toneladas de feijão. Portanto, a im-

plantação desse programa permitira um incremento da produção

da ordem de 24.480 toneladas de milho e 9.600 toneladas de

feijão. Levando-se em conta os preços médios recebidos pelos

agricultores da região em janeiro de 1981 (milho, Cr$ 18,00 por

kg e feijão, Cr$ 98,00 por kg) (2), isso representaria um exce-

dente anual do valor bruto da produção da ordem de Cr$

1.381.440.000,00 (Um bilhão, trezentos e oitenta e um milhões,

quatrocentos e quarenta mil cruzeiros).

(1) Dados do Censo Agropecuária, 1975, FIBGE

(2) Dados FGV, IBRE/CEA

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220

Se considerarmos agora a possibilidade de mais um

cultivo de feijão em cultura isolada nos anos em que a precipita-

ção pluviométrica é normal, o excedente de valor bruto da pro-

dução seria de 24.840 toneladas de milho e 48.000 toneladas de

feijão, o que corresponderia a um valor de Cr$ 5.144.640.000,00

(cinco bilhões, cento e quarenta e quatro milhões, seiscentos e

quarenta mil cruzeiros), que poderiam ser revertidos diretamente

aos produtores.

Fazendo-se uma análise individual, considerando-se

que os produtores que se beneficiarão com esse sistema explo-

ram atualmente uma área média de 2 hectares com o consórcio

milho x feijão, observa-se que a implantação desse programa

permitira um incremento substancial na renda bruta do produtor,

conforme se verifica na Tabela 1.

Pela análise da Tabela 1 verifica-se que seria possível

aumentar a renda do produtor de até 3,8 vezes, nos anos em que

ocorressem melhores precipitações pluviométricas (hipótese II)

e de 1,75 vezes nos anos normais (hipótese I), constituindo-se

ainda numa garantia de produção nos anos mais secos, situação

em que a produção do agricultor, via de regra, seria mínima ou

nula no atual sistema utilizado.

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221

O incremento de renda que poderá ser obtido pelo pro-

dutor representa 37,4% (hipótese I) do valor total das inversões

necessárias para a implantação do SAES na sua propriedade. No

caso da hipótese II o incremento de renda é 39% superior ao

investimento, o que evidencia a excelente viabilidade econômica

do sistema.

Finalmente, esse programa beneficiaria diretamente

24.000 famílias, ou seja, 144.000 pessoas, que deixariam de

engrossar as correntes migratórias que afluem anualmente para

outras regiões.

Convém lembrar que nas projeções feitas não se levou

em consideração a exploração da área de captação que, confor-

me se evidenciou, tem amplas possibilidades de ser também

utilizada para o cultivo e conseqüentemente aumentaria conside-

ravelmente a rentabilidade do sistema.

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222

6.2 Benefícios que poderão ser Obtidos com o Sistema de Sulcos

e Camalhões para a Exploração de Vazantes

As principais vantagens desta tecnologia são:

a) elevação dos níveis de produtividade em função de

um melhor manejo do sistema solo, água e planta; e

b) o sistema é administrado diretamente pelo produtor.

Necessita porém da infra-estrutura primária de irri-

gação, ou seja, a água armazenada em açudes, rios ou

lagos, que é de uso comum a todos os produtores be-

neficiários.

Os benefícios que poderão ser obtidos com esta tecno-

logia podem ser analisados a partir das seguintes projeções.

Considerando-se a existência no Nordeste de uma área potencial

para exploração de vazantes de 150.000 hectares, segundo o

CPATSA, correspondente apenas aos açudes, sem considerar

portanto os rios, lagoas etc., analisaremos os ganhos adicionais

de produção e valor bruto da produção, que poderiam ser obti-

dos com a utilização desse potencial.

Tomando-se por base uma área média de 2 hectares

por família, explorada com as culturas de milho e feijão em

plantios isolados, sendo 1 hectare para cada cultura, vamos con-

siderar a possibilidade de cultivo dos 150.000 hectares poten-

ciais, utilizando-se esta tecnologia. A implantação desse pro-

grama, incluindo-se as despesas com aquisição de motobombas

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223

e fertilizantes, implicaria em recursos da ordem de Cr$ 10,5

bilhões, com um custo por hectare de Cr$ 140.000,00 (cento e

quarenta mil cruzeiros) e poderia trazer os seguintes benefícios:

A produção total que se obteria seria da ordem de

300.000 toneladas de milho e 112.500 toneladas de feijão. Sem a

utilização dessa tecnologia, ou seja da maneira tradicional como

são exploradas as vazantes, com produtividades médias de milho

e feijão em culturas isoladas da ordem de 1.500kg/há e

4.000kg/ha respectivamente, a produção total obtida nessa mes-

ma área seria apenas de 112.500 toneladas de milho e 30.000

toneladas de feijão, considerando-se também que cada cultura

seria plantada em 50% da área.

Portanto, a implantação desse programa permitiria a

obtenção de incrementos na produção da ordem de 187.500 to-

neladas de milho e 92.500 toneladas de feijão. Tomando-se por

base os preços médios recebidos pelos agricultores da região em

janeiro de 1981 (milho, Cr$ 18,00 p/quilo e feijão, Cr$ 98,00

por quilo) (1), teríamos um incremento no valor bruto da produ-

ção anual da ordem de Cr$ 12.440.000.000,00 (doze bilhões,

quatrocentos e quarenta milhões de cruzeiros).

Os produtores beneficiários deste programa teriam

possibilidade de obter substanciais incrementos na renda, con-

forme se verifica na Tabela 2.

(1) Dados FGV – IBRE/CEA

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224

A Tabela 2 mostra que a utilização desta tecnologia

permitiria aumentar a renda bruta do produtor de 3,3 vezes, e

que o incremento no valor bruto de sua produção seria maior

que o custo de implantação do sistema que, conforme já foi des-

crito, seria de Cr$ 140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros)

para 2 hectares, incluindo a aquisição de uma motobomba.

A implantação desse programa beneficiaria diretamen-

te 75.000 famílias, ou seja, 450.000 pessoas.

6.3 Benefícios que Poderão ser Obtidos com o Sistema de Irri-

gação que Utiliza Cápsulas Porosas

Esta tecnologia é a que resulta na maior rentabilidade

para o produtor, entre as demais aqui descritas. No entanto apre-

senta uma limitação. Como sistema precisa estar constantemente

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225

abastecido, para evitar que a porosidade das cápsulas diminua, a

sua instalação depende da existência no local de fonte abastece-

dora de água, capaz de permitir o abastecimento continuo do

sistema. Essa fonte poderá ser constituído por açudes ou poços

tubulares, principalmente.

As principais vantagens dessa tecnologia são:

a) permite estabilizar a produção numa área prede-

terminada, possibilita a realização de cultivos suces-

sivos durante todo o ano e aumenta os níveis de pro-

dutividade em relação aos comumente obtidos. Por-

tanto, permite a obtenção de maior produção, nível

de emprego e renda regionais; e

b) a operação desse sistema dispensa a utilização de

força motriz e permite que ele seja administrado pelo

próprio produtor, sendo necessário apenas que a fon-

te primária de água seja de uso comum a todos os

beneficiários. Essa fonte primária de água deverá ser

de propriedade do Governo, ao qual caberá a sua

manutenção e operação, mediante o pagamento de

uma taxa que deverá ser cobrada dos beneficiários do

sistema.

Os benefícios que poderão ser obtidos com a utilização

desta tecnologia serão analisados, tomando-se por base, para

exercício de cálculo, a instalação de 3.000 sistemas em cada

Estado do Nordeste, considerando-se uma área de 1 hectare para

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226

cada sistema, e prevendo-se 1 cultivo anual de milho e 2 culti-

vos anuais de feijão, plantados em culturas isoladas. A implan-

tação desse programa implicara em recursos da ordem de Cr$ 38

bilhões e poderia resultar nos seguintes benefícios:

Estabilização da produção numa área correspondente a

72.000ha, uma vez que se prevê a realização de três plantios

anuais (um de milho e dois de feijão) na área relativa a cada

sistema.

Obtenção de uma produção anual, total de 54.000 tone-

ladas de milho e 89,760 toneladas de feijão. Tomando-se por

base os preços médios recebidos pelos produtores na região em

janeiro de 1981 (Cr$ 18,00 p/quilo de milho e Cr$ 98,00 p/quilo

de feijão) (1), o valor bruto da produção seria de ordem de Cr$

9.768.480.000,00 (nove bilhões, seiscentos e sessenta e oito mi-

lhões, quatrocentos e oitenta mil cruzeiros).

Considerando-se os níveis de produtividade obtidos no

Nordeste para essas duas culturas e estabelecendo-se compara-

ção com um agricultor que planta 1 hectare de milho e 1 hectare

de feijão, em cultura solteira, teríamos incrementos substanciais

na produção e na renda dos produtores, conforme se verifica na

Tabela 3.

(1) Dados da FGV, IBRE/CEA

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227

A Tabela 3 mostra que com a implantação desse pro-

grama seria possível aumentar de 5,8 vezes a produção do pro-

dutor e de aproximadamente 8,3 vezes o valor bruto da sua pro-

dução total.

Esse programa beneficiaria diretamente 24.000 famí-

lias, que obteriam uma renda bruta anual de Cr$ 407.020,00

trabalhando somente 1 hectare de terra e atingiria um total de

144.000 pessoas.

O incremento no valor bruto anual da produção, obtida

pelo produtor, seria 2,3 vezes maior do que o seu investimento a

nível de propriedade.

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228

6.4 Benefícios que Poderão ser Obtidos com o Sistema de Irri-

gação que Utiliza Potes de Barro

Esta tecnologia tem a mesma limitação já apontada pa-

ra o sistema de irrigação por cápsula porosas, ou seja, o sistema

precisa estar constantemente abastecido, para evitar que a poro-

sidade dos potes diminua. Isso requer, evidentemente, a existên-

cia de uma fonte abastecedora de água, capaz de permitir o abas-

tecimento continuo do sistema.

Ela apresenta todas as vantagens do sistema de irriga-

ção por cápsulas porosas, mas, quando analisada em relação

àquele sistema, apresenta menor produtividade em quilograma

por hectare. No entanto, requer um consumo de água 80% me-

nor e permite que praticamente toda instalação seja feita pelo

produtor, uma vez que os potes de barro podem ser construídos

na propriedade. Apresenta ainda um menor custo de implantação

e de manutenção por hectare. O custo de implantação do sistema

de potes é 60% menor que o do sistema de cápsulas porosas,

podendo esse custo ser ainda menor, se o agricultor construir os

potes na propriedade.

A implantação de 3.000 sistema de irrigação por potes

de barro em cada Estado do Nordeste, considerando-se uma área

de 1 hectare para cada sistema e prevendo-se um cultivo anual

de milho e 2 cultivos anuais de feijão, em culturas isoladas, en-

volveria recursos da ordem de Cr$ 1,5 bilhões e poderia trazer

os seguintes benefícios:

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229

Estabilização da produção numa área de 72.000 hecta-

res. Isso possibilitaria a obtenção de uma produção total anual

de 15.984 toneladas de milho e 27.984 toneladas de feijão, o que

representaria, com base nos preços médios recebidos pelos agri-

cultores na região, em janeiro de 1981 (milho, Cr$ 18,00 por

quilo e feijão, Cr$ 98,00 por quilo) (1), um valor bruto da produ-

ção da ordem de Cr$ 3.030.144.000,00 (três bilhões, trinta mi-

lhões, cento e quarenta e quatro mil cruzeiros).

Quando comparado ao nível individual de propriedades

rurais, a implantação desse sistema permitiria ao produtor ga-

nhos substanciais em termos de produção e valor bruto da pro-

dução. Para essa comparação, tomou-se como parâmetro um

produtor da região que explora 2 hectares, sendo um com milho

e outro com feijão, em cultivos isolados, conforme pode ser ve-

rificado na Tabela 4.

(1) Dados da FGV, IBRE/CEA.

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230

De acordo com os dados da Tabela 4 verifica-se que

seria possível, com a utilização dessa tecnologia, aumentar em

77% a produção total e em 2,6 vezes o valor bruto da produção

de cada produtor.

Esse programa beneficiaria diretamente 24.000 famí-

lias, que teriam uma renda bruta anual de Cr$ 126.256,00, traba-

lhando somente 1 hectare de terra e atingindo um total de

144.000 pessoas.

O incremento no valor bruto anual da produção, obtido

pelo produtor, representaria 18% a mais que o seu investimento

a nível de propriedade.

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231

7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Essas tecnologias alternativas apresentadas pela EM-

BRAPA para minimizar os efeitos da seca no Nordeste são per-

feitamente adaptáveis às condições regionais e compatíveis com

a política que vem sendo desenvolvida pelo Governo na região,

principalmente no que se refere aos seguintes aspectos:

a) o requerimento de capital em relação aos projetos

convencionais de irrigação é significativamente me-

nor, permitindo portanto um maior alcance social. De

acordo com informações do Ministério do Interior, o

custo de um hectare irrigado no Nordeste, através de

métodos convencionais, está em torno de US$

12.000,00, ou seja, Cr$ 896.400,00 (ao cambio de

24/3/81). Ressalta-se que deste custos, apenas 40%

destinam-se à irrigação propriamente dita, sendo o

restante destinado a despesas de gerenciamento do

projeto, assentamento de famílias e criação de infra-

estrutura sócio-econômica;

b) no sistema convencional de irrigação, a quantidade

de água requerida durante todo o ciclo vegetativo pe-

las culturas aqui consideradas é de 5.000 m³ por hec-

tare para o milho e 3.500 m³ por hectare para o fei-

jão.(1)

(1) Informações do CPATSA

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Comparando-se o consumo de água entre os métodos

aqui descritos e o sistema convencional de irrigação, ve-

rifica-se que a quantidade de água gasta para irrigar 1

hectare de milho ou feijão, pelo sistema convencional,

seria suficiente para irrigar 5 hectares de milho e 4,4 hec-

tares de feijão através dos sistemas de cápsulas porosas,

ou 28,4 hectares de milho e 23,5 hectare de feijão, pelo

sistema que utiliza potes de barro.

Nessa comparação não se levou em conta o SAES,

por ser um sistema que dispensa água adicional, uma vez

que aproveita a água que normalmente se perderia por

escoamento superficial, e nem o sistema de sulcos se

camalhões para utilização de vazantes, que aproveita a

umidade natural do solo, à medida que as fontes primá-

rias de água (rio, açudes etc.) vão secando.

Além da economia de água em relação ao sistema

convencional, os sistemas de irrigação por cápsulas po-

rosas e potes de barro apresentam ainda a vantagem de

não provocarem a salinização do solo, problema muito

comum nas áreas irrigadas do nordeste, com a perspecti-

va de poderem aproveitar também essas áreas saliniza-

das, dependendo de resultados de pesquisas que estão

sendo desenvolvidos pelo CPATSA; e

c) com exceção do sistema de sulcos e camalhões para

exploração de vazantes, que requer a utilização de

motobomba, os demais sistemas aqui descritos dis-

pensam a utilização de força motriz, evitando, por-

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tanto, qualquer despesa com energia, combustíveis e

lubrificantes.

Além desses aspectos, as tecnologias aqui descritas

atendem aos objetivos governamentais propostos

para o Nordeste, na medida em que atuam sobre os

fluxos migratórios, fixando a população rural, via

aumento de renda e geração de emprego,

contribuindo para a desconcentração da renda no

plano intersetorial e interregional, diminuindo

portanto a tensão social na região.

Constituem-se ainda em alternativas complementares a

atuação governamental na região, através dos programas especi-

ais. O programa de aproveitamento de recursos hídricos do Nor-

deste prevê, para 1981 e 1982, a aplicação de 3,3 bilhões de cru-

zeiros em crédito rural para a construção de açudes e perfuração

e instalação de poços, tanto a nível de comunidade quanto de

particulares. Prevê ainda a alocação de recursos aos Estados

para perenização de rios e aquisição de perfuratrizes, visando ao

atendimento das necessidades de provisão de água às omunida-

des e propriedades rurais. Pode-se deduzir que a implementação

de tais programas aumentará consideravelmente a área potencial

para utilização do Sistema de Sulcos e Camalhões para a Explo-

ração de Vazantes e dos sistemas que utilizaram cápsulas poro-

sas e potes de barro.

Verifica-se, pelas projeções feitas, que a utilização

dessas tecnologias, com inversões totais de Cr$ 19,5 bilhões,

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viabilizaria uma produção total anual da ordem de 417.984 tone-

ladas de milho e 254.244 toneladas de feijão, equivalentes a um

valor bruto de Cr$ 32,44 bilhões. Em relação aos sistemas usu-

ais dos produtores, isso representaria um aumento da produção

regional anual da ordem de 250.764 toneladas de milho e

201.952 toneladas de feijão, correspondentes a Cr$ 24,3 bilhões,

beneficiando diretamente 882.000 pessoas, que passariam a ter

um nível de renda superior à média regional.

A utilização dessas tecnologias permite a obtenção de

excedentes de produção, fortalecendo a economia regional, dis-

pensando a importação de qualquer tipo de máquina e equipa-

mento, utilizando matéria prima e mão-de-obra regionais.

O conjunto de tecnologias abordadas neste trabalho e

recomendado para a área geográfica de atuação do CPATSA,

que envolve as regiões classificadas como “Muito Árida”

(451.179 km²), “Árida” (402.524 km²) e “Semi-Árida” (291.107

km²) (1), totalizando 1.245.026 km², que representa 76% da área

de atuação da SUDENE e do BNB.

Convém salientar que as comparações feitas, embora

evidenciem vantagem comparativa da tecnologia recomendada

pela EMBRAPA em relação aos métodos convencionais de irri-

gação, não tem intenção de questionar a viabilidade destes, mas

sim de mostrar que a irrigação em pequenas áreas, através de

métodos não-convencionais, é mais uma alternativa que deve ser

(1) Classificação Baseada no zoneamento do Nordeste, feito por Hargraves.

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somada às ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo

para a solução dos problemas da seca no Nordeste.

Finalmente, para que as tecnologias aqui descritas pos-

sam beneficiar efetivamente o Nordeste, de acordo com as pro-

jeções feitas neste trabalho, é preciso que sejam adotadas algu-

mas medidas de caráter político e/ou econômico, consubstancia-

das num plano global, dentre as quais destacam-se as seguintes:

a) em trabalho conjunto entre a pesquisa, a extensão

rural e os órgãos de desenvolvimento regional, deve-

rá ser feito um zoneamento, com base no qual serão

definidos e quantificados os tipos de sistemas de irri-

gação a serem implantados em microregiões homo-

gêneas, levando-se em consideração, entre outros fa-

tores, nível de precipitação, topografia e relevo, pro-

priedades físicas e químicas do solo, disponibilidade

de fontes primárias de água e infra-estrutura gover-

namental de apoio;

b) treinamento e capacitação de técnicos da rede de ex-

tensão rural, que deverão ser treinados pelos pesqui-

sadores do CPATSA e/ou de outras unidades de pes-

quisa;

c) fortalecer as companhias de mecanização agrícola,

tanto particulares como da área governamental, para

que possam atender à demanda de serviços necessá-

rios às operações de construção de áreas de captação,

barreiros e fontes primárias de água;

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d) providências por parte dos órgãos regionais junto às

indústrias locais de cerâmica, no sentido de garantir o

suprimento necessário de cápsulas porosas;

e) após o zoneamento, quantificação das metas e defi-

nição das obras de infra-estrutura necessárias à im-

plantação de alguns sistemas como, por exemplo,

construção de fontes primárias de água (açudes e po-

ços), para os sistemas de cápsulas porosas e potes de

barro, deverão ser abertas e/ou reforçadas linhas es-

peciais de crédito para as operações de investimento

e custeio desses sistemas, levando-se em considera-

ção a capacidade de pagamento de cada beneficiário

do sistema (Circular n.º 553, do Banco Central);

f) treinamento dos produtores beneficiários do progra-

ma na implantação, operacionalização e manutenção

dos sistemas; e

g) treinamento dos produtores e/ou artesões locais, pa-

ra a confecção de potes de barro, de acordo com as

especificações exigidas pelo sistema.

Essas medidas deverão estar consubstanciadas num

programa global do qual deverão participar todos os órgãos ou

instituições que atuam na Região, envolvendo ações que vão

desde a chegada dos insumos básicos à mão dos produtores, até

a comercialização da produção.